Fatos & Notícias Ed. 246

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Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VIII - Nº 246

16 a 23 de abril/2018 Serra/ES

Distribuição Gratuita

fatos & notícias www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br

FOTO: UFCSPA

Pág.4

China recruta pesquisadores brasileiros

Com um orçamento de US$ 280 bilhões para investir em projetos científicos e tecnológicos, a China está recrutando profissionais para trabalhar em instituições de ponta no país Pág. 7

Estudo identifica genes Política de educação que determinam a cor do especial deverá passar por atualização Pág. 4 cabelo Pág. 11

Descobertos metais que podem baratear o custo de baterias Pág. 6


2fatosMEIO AMBIENTE & notícias

16 a 23 de abril de 2018

Primeiro censo mundial de plantas revela que mais de 20% estão em perigo

Inseto raro é identificado

O censo catalogou a existência de quase 391 mil espécies de plantas em todo o mundo

pela 1ª vez no Pará

FOTO: ISTOCK

A novidade é o registro de fases iniciais do inseto nas águas do parque O registro de um inseto raro foi realizado nas águas do Parque Estadual Serra dos Martírios-Andorinhas (Pesam), localizado no sudeste do Pará. O animal é uma espécie de Plecóptera, uma ordem de insetos aquáticos que, até então, só tinha registros na região Central e Sudeste do Brasil. A presença do inseto no Pesam é um indicador dos bons níveis de qualidade das águas dos igarapés que compõem a Unidade de Conservação, gerida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflorbio). O inseto foi registrado pelo entomólogo e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Moacir Ribeiro, que realiza pesquisas sobre estas espécies que vivem no Pesam. Segundo o pesquisador, a fase adulta da espécie já havia sido descrita por pesquisadores da Universidade de São Paulo. Uma novidade é o registro de fases iniciais do inseto nas águas do parque. “O imaturo ou ninfa, que é um primeiro estágio de desenvolvimento do inseto, ainda era desconhecido. Em uma das minhas viagens à Serra das Andorinhas, coletei um imaturo diferente de outros já identificados na área e fiz um processo de criação da ninfa até a fase adulta. Quando identifiquei

o adulto, para minha surpresa era justamente a espécie Anacroneuria singularis”, conta o pesquisador. Ainda segundo o entomólogo, esses insetos aquáticos são pouco

Ideflor-bio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Universidade do Estado do Pará (Uepa) no Pesam, direcionadas à coleta e identificação dos plecópteros, o que será de extrema importância para o plano de manejo e ações políticas relativas à conservação da unidade”, afirma o entomólogo Moacir Ribeiro. As pesquisas, que culminaram na identificação da nova espécie de inseto aquático registrada no Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas, foram feitas em parceria do MPEG com a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e o Ideflor-bio. Um artigo científico sobre a identificação da espécie foi publicado por Moacir Ribeiro, com pesquisadores da Unesp, na revista Zootaxa, especializada em taxonomia animal. O Parque Estadual Serra dos Martírios-Andorinhas é uma Unidade de Conservação estadual localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense. A área, de quase 250 mil km², guarda uma rica biodiversidade, com várias espécies de fauna e flora, além de uma b e l e z a s i n g u l a r, c o m cachoeiras, praias e imponentes formações rochosas.

Floresta nativa da Mata Atlântica De acordo com o primeiro censo global da flora elaborado pelo centro botânico Kew Gardens de Londres, 21% das plantas de todo o mundo estão em perigo de extinção. "Já havíamos elaborado relatórios sobre a situação global das aves, tartarugas marinhas e até mesmo de pais de família. Mas, apesar de sua grande importância, esperávamos ainda um censo sobre as plantas. Ele já está feito", disse a professora Kathy Willis, diretora científica dos jardins botânicos reais de Kew, oeste de Londres. "Dada a importância fundamental das plantas para o bem-estar humano, para a alimentação, combustível e regulação do clima, é importante sabermos o que acontece", acrescentou Willis sobre o primeiro relatório, que terá uma periodicidade anual. Mais de 391 mil espécies de plantas vasculares – que possuem raiz, caule e folhas, e um sistema vascular que permite a circulação de água e elementos nutritivos – foram pesquisadas para o relatório "Estado das

plantas no mundo", um número que poderia crescer nas próximas edições, porque a cada ano duas mil novas plantas são descobertas, principalmente no Brasil, Austrália e China. Cerca de um décimo dessas plantas servem para alimentar ou curar. Estudos anteriores haviam apresentado conclusões muito díspares sobre o número de plantas ameaçadas de extinção, de 10% a 62%. Para os botânicos do Kew Gardens, trata-se de 21% das espécies. O interesse de publicar anualmente o estudo "é ode observar as tendências", disse Steve Bachman, coordenador do relatório. Sensibilizar o público sobre a ameaça a uma planta é muito mais difícil do que no caso dos elefantes africanos, dos tigres-deBengala ou florestas tropicais. Mas, no entanto, "as florestas cobrem apenas uma pequena parte do mundo vegetal", afirmou a diretora científica do Kew Gardens. "Acho extraordinário que nos preocupemos com o estado global das aves, mas

não das plantas", disse Willis. De acordo com o relatório, a principal ameaça para as plantas vem da agricultura, por causa da lavoura excessiva. A construção, doenças e pesticidas são outros fatores prejudiciais. Em contrapartida, as alterações climáticas têm tido, até agora, um papel marginal. "No entanto, não devemos esquecer que às vezes levam trinta anos para a próxima geração de plantas produzirem flores e pólen. Portanto, não podemos medir o impacto real das mudanças climáticas até 2030", disse Willis, que pediu "vigilância". O documento tem 80 páginas e uma versão na web que reúne informações de outros estudos para criar um banco de dados. "Foi um trabalho enorme que envolveu mais de 80 cientistas. A ideia era recolher, condensar e tornar legível o conhecimento disperso para atingir o maior número possível de pessoas", explicou Steve Bachman.

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UÇÃO

PROD

: RE FOTO

conhecidos da sociedade e possuem duas fases de desenvolvimento, a ninfa e a fase adulta. A presença da espécie registrada é um indicador ambiental da qualidade da água, por conta da sua sensibilidade às perturbações externas, principalmente à ação dos seres humanos no habitat do inseto. Além da novidade no registro da espécie no Pará, Moacir Ribeiro destaca, também, a importância da produção de pesquisas e dados sobre esses insetos aquáticos no sul e sudeste paraense, dada a ausência de bases de identificação da espécie, principalmente em sua fase inicial. “É necessário realizar ainda muitos estudos sobre o grupo Plecóptera na região Norte do País. A proposta é continuar desenvolvendo pesquisas em parceria com o

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CULTURA 3

16 a 23 de abril de 2018

fatos & notícias

Burarama, o novo cenário audiovisual capixaba O envelhecimento Filmagens e mostras de cinema geram receita local, incrementam o mercado audiovisual e potencializam a cultura do pequeno distrito de Cachoeiro de Itapemirim (ES)

da voz

FOTO: REPRODUÇÃO/SECULT-ES

FOTO: REPRODUÇÃO

A voz humana ocorre quando o ar que sai dos pulmões passa pelas cordas vocais. Como principal forma de comunicação e relação entre pessoas, a voz também passa pelo p r o c e s s o d e envelhecimento. Esse processo se inicia com o primeiro choro ao nascer e continua a ocorrer ao longo do período de vida, sendo que se manifesta principalmente na adolescência, no período da puberdade.

O envelhecimento da voz é um processo natural que sofre influência hormonal e emocional e ainda outras que com o passar do tempo vão p r o v o c a n d o o relaxamento das cordas vocais, alteração dos movimentos das articulações, atrofia da musculatura da laringe e outras. Existem algumas maneiras de retardar esse processo natural. As principais dicas para o retardamento é não fumar,

não gritar ou cochichar, não pigarrear (fazer ruídos com a garganta), evitar alimentos ácidos que podem provocar irritação, evitar o consumo de bebidas destiladas, reduzir a ingestão de cafeína, evitar arcondicionado (esse resseca a garganta) e procurar manter uma boa postura, já que esta também influencia a voz.

Gabriela Cabral Mundo Educação UOL

Cresce o interesse pela produção audiovisual em Burarama. Além da vocação turística ambiental, o distrito tem sido palco de diversas produções audiovisuais do Espírito Santo, despertando a atenção de curiosos interessados em descobrir o lugarejo, valorizando as memórias de seu povo, seus atrativos naturais e sua paisagem bucólica. Conhecida pela Pedra da Ema, ícone paisagístico e natural local, o distrito foi cenário do longa-metragem de ficção “Teobaldo Morto, Romeu Exilado”, do diretor Rodrigo de Oliveira e do documentário “O que bererico vai pensar”, do diretor cachoeirense Diego Scarparo. Burarama receberá, agora, outras duas p r o d u ç õ e s cinematográficas com as filmagens do curtametragem de ficção “Abelha Rainha” e do filme de longa-metragem de ficção “Marraia”, recémaprovado no Edital do governo do Espírito Santo. Além do cenário para o audiovisual, o distrito de Burarama também é palco do Cine.Ema, o festival de cinema ambiental e

sustentável realizado desde 2015, difundindo e fomentando práticas audiovisuais e de educação ambiental com os moradores. O projeto tem apoio da BRK Ambiental, da Secretaria de Cultura do governo do Estado do Espírito Santo e da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Com filmagens previstas para o mês de maio, Abelha Rainha é um projeto de curta-metragem dirigido por Thayla Fernandes com produção executiva completa da Caju Produções e patrocínio do Ministério da Cultura. O filme revela ambientes emocionais sensíveis em uma história de amor singelo e ingênuo, num lugar feminino que favorece a construção de uma narrativa livre entre mulheres. O filme mostra a relação de afeto e interesse da jovem Isabel por Iraí, uma vendedora de mel no interior. O roteiro, escrito por Léo Alves (um dos únicos homens da equipe), com adaptações da diretora, trabalha com elementos bucólicos sob o ponto de vista de Isabel, que é uma jovem sonhadora, apaixonada, mas

repressiva. Marraia é uma Produção da Global Village Creative, num projeto assinado por Lourenço Campodell'orto Diniz e por Diego Scarparo com roteiro de Jovany Salles Rey adaptado do livro de Marcelo Grillo. O livro conta um episódio da infância do autor, um torneio de bolinhas de gude acontecido em Burarama, sua terra natal, valorizando a vila de colonização italiana, encravada nas montanhas do Sul do Espírito Santo. Além de valorizar os ícones de Burarama, o audiovisual gera receita local e estimula a prática cultural no distrito, fomentando o mercado cinematográfico capixaba. A quarta edição do Cine.Ema está anunciada para os dias 08 e 09 de junho de 2018, já o filme de ficção Abelha Rainha será rodado na primeira quinzena de maio. Entre longas, curtas e mostras audiovisuais, a comunidade de Burarama se beneficia, pois, é envolvida na mão de obra realizadora, além do aquecimento da oferta e dos serviços de hospedagem e alimentação.


4 EDUCAÇÃO fatos & notícias

16 a 23 de abril de 2018

Política de educação especial deverá passar por atualização FOTO: NA LATA

A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) realizou, nesta segunda-feira, 16, uma ampla reunião com as principais entidades nacionais envolvidas na educação especial na área pública para discutir a proposta de atualização da Política Nacional de Educação Especial, que já tem dez anos. Na semana passada, o encontro reuniu secretarias e órgãos vinculados ao Ministério da Educação (MEC) e representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE). No encontro de hoje, estiveram presentes a presidente interina do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Maria Cecília Amendolla, a dirigente da União Nacional dos

Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Terezinha Assman, o diretor geral do Instituto Benjamin Constant (IBC), João Ricardo Figueiredo, o diretor substituto do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Paulo Roberto Nascimento, o dirigente do Conselho Nacional de Pessoas com Deficiência (Conade), conselheiro

Francisco Djalma, o presidente do Conselho de Organizações das Pessoas com Deficiência (Corde), Ester Alves Pacheco, o dirigente da Federação das Associações das Pessoas com Síndrome de Down (Febasd), Ana Cláudia Figueiredo, o presidente do Conselho Brasileiro para Superdotação (Combrasd), Graziela Cristina dos Santos, além de

representantes da Federação Nacional das Apaes, Federação Nacional de Pestalozzi e Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), entre outros. No encontro, realizado na sala de reunião da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE) e coordenado pela secretária Ivana de Siqueira, houve uma exposição da diretora de Educação Especial, Patrícia Raposo, que falou sobre a realidade da educação especial no Brasil. Ela delineou os conceitos e diretrizes que deverão nortear a política de educação especial, envolvendo a inclusão efetiva e não apenas a matrícula, a acessibilidade plena a todos os recursos que viabilizem o c r e s c i m e n t o e aprendizagem dos alunos, e não apenas eliminação de

barreiras físicas, e a participação efetiva dos alunos e suas famílias em todo o processo decisório que envolva a vida escolar do aluno. “Apresentamos as linhas gerais da proposta e ouvimos os colaboradores do MEC e de órgãos vinculados à pasta, no sentido de avançar nas políticas de educação e aprendizagem que garantam os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais”, afirmou Patrícia Raposo. “Dessa forma, vamos chegar a patamares sociais, culturais e educacionais mais elevados”, explicou Patrícia Raposo. A proposta de atualização teve uma boa receptividade dos participantes e, de acordo com a diretora, constam itens importantes, como as prioridades à

formação de professores, funcionamento do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e integração efetiva da educação regular com a modalidade da educação especial, em todas as dimensões. Patrícia Raposo explicou que a versão da proposta deve ser analisada em consulta púbica, ainda sem data marcada, de forma que toda a sociedade e os sistemas de ensino possam debater o tema, visando melhorias nas políticas de educação especial. “A intenção é que esta proposta seja analisada e efetivada nos mesmos moldes da BNCC, ou seja, com a participação da sociedade, sistemas e organizações de ensino, de forma t r a n s p a r e n t e e democrática”, completou.

EBC lança livro 'Um Olhar sobre o Brasil' FOTO: MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lançou hoje (20) o livro Um olhar sobre o Brasil. A obra reúne 125 imagens colhidas do cotidiano brasileiro e capturadas pela lente de fotógrafos da Agência Brasil. Esta é a primeira publicação da empresa que

Rodrigues Pozzebom, Fernando Frazão, Hermínio Oliveira, Marcelo Camargo, Marcello Casal Jr., Roosewelt Pinheiro, Rovena Rosa, Tânia Rego, To m á s S i l v a , Va l t e r Campanato e Wilson Dias. O projeto é uma iniciativa da Gerência Executiva de Comunicação. “É um pessoal do qual tenho muito orgulho”, disse, emocionado, o coordenador de Imagem da Agência Brasil, Marcello Casal Jr. “Às vezes, tiro folga e sinto muita falta

exibe trabalhos selecionados na área de fotografia da agência de notícias. “Aqui passei os melhores anos da minha vida”, resumiu a fotógrafa Elza Fiúza, homenageada durante a cerimônia de lançamento da publicação.

“É uma homenagem a todos os colegas de trabalho que acreditaram. E também aos que não acreditaram”, brincou o colega e também fotógrafo José Cruz. Além deles, o livro é assinado pelos fotógrafos Ana Nascimento, Antônio Cruz, Bianca Paiva, Fábio

deles. São excepcionais. Se não fosse por eles, esse livro não seria possível. Hoje, não sou só coordenador. Sou membro da equipe”, afirmou. Para o presidente da EBC, Laerte Rimoli, a publicação demonstra o papel primordial da imagem na história do jornalismo. “A relação de um fotógrafo e de um repórter é a coisa mais bonita do mundo”, disse. “As pessoas costumam imputar ao servidor público uma indolência e uma falta de

criatividade. Esse livro, para mim, é a prova de que nada disso acontece aqui na EBC”, acrescentou. A diretora-geral da empresa, Christiane Samarco, elogiou a edição da obra e citou, em particular, a narrativa do livro que traz, segundo ela, a cor e os contrastes do Brasil e, sobretudo, o talento da empresa. “Ninguém poderá dizer que não somos relevantes e não somos competentes”, disse. “É uma casa que eu aprendi a respeitar e a amar".


POLÍTICA 5

16 a 23 de abril de 2018 Tribunal Regional 2ª Instância rejeita recurso de embargos de Lula, no caso do tríplex de Guarujá Gente, outra derrota de causar desânimo a gregos e troianos. A Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu, na quartafeira (18), por 3 votos a 0, rejeitar o embargo de declaração do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. O julgamento foi rápido, como tem sido em todos os julgamentos do expresidente Lula. Não houve sustentação oral de defesa ou acusação, apenas breves votos dos desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4; Leandro Paulsen e Victor Laus. A defesa pretendia reverter a condenação, mesmo que o embargo de declaração não preveja m u d a n ç a d e u m julgamento, mas apenas esclarecimentos sobre seu resultado. A rejeição do embargo será, de imediato, comunicada ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância e que condenou Lula, em junho do ano passado, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Recordo que, na sentença do colegiado, na qual foi confirmada a condenação de Lula e aumentou sua pena de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês de prisão, a Oitava Turma do TRF4 determinou, também, que, após o julgamento do embargo, Moro fosse notificado para que pudesse ordenar a execução provisória de pena pelo expresidente, lembram? A determinação citou entendimento estabelecido em 2016 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, em três ocasiões naquele ano, assentou que condenados em segunda instância podem começar de imediato a cumprirem

suas penas. E o plenário do STF, entretanto, emitiu um salvo-conduto que garantiu a liberdade de Lula ao

fatos & notícias

jorgepachecoindio@hotmail.com

BLOG DO PACHECO Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista

Só para esclarecer

menos até o último dia 4 de abril, quando ocorreu o julgamento de um habeas corpus preventivo com o qual Lula pretendia não ser preso enquanto recorre a instâncias superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Não deu certo! Mas nem tudo está perdido. Segundo amigos do ex-presidente, a luta ainda não terminou.

“Este meu blog não pertence a nenhum partido político, apenas procuramos divulgar notícias sobre os políticos, seus partidos e sobre as eleições 2018. Não fazemos pesquisa eleitoral, entretanto, divulgamos informações sobre os futuros candidatos nas próximas eleições. Se ocorrerem comentários, serão sempre de responsabilidade dos autores citados. O meu blog preza pela Eleição democracia plena”, Jorge Rodrigues Pacheco A confirmação

Aécio Neves cai na malha do STF e vira réu Estava demorando! Mas ele recebeu a notícia sorrindo muito, não sei se para disfarçar, em pleno plenário do Senado Federal. Por unanimidade o STF aceitou denúncia e o

Marco Aurélio, relator do caso. Para o ministro, o fato de o senador ter sido gravado por Joesley e citar que tentaria influir na nomeação de delegados da Polícia Federal mostra indício dos

FOTOS: REPRODUÇÃO INTERNET

sorridente Aécio Neves virou réu. Por 5 a 0, a Primeira Turma d o S u p r e m o Tr i b u n a l Federal (STF) decidiu pelo recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelos crimes de corrupção e obstrução de Justiça. As acusações fazem parte de um dos inquéritos resultantes da delação do empresário Joesley Batista, d o g r u p o J & F. C o m a decisão, o senador se torna réu no processo. A decisão foi tomada com base no voto do ministro

crimes que teriam sido praticados por ele. São alvos da mesma denúncia e também se tornarão réus a irmã do senador Andréa Neves, o primo Frederico Pacheco e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), flagrado com dinheiro vivo. Todos são acusados de corrupção passiva. Segundo a denúncia, apresentada há mais de 10 meses, Aécio pediu a Joesley Batista, em conversa gravada pela Polícia Federal (PF), R$ 2 milhões em

propina, em troca de sua atuação política. O senador foi acusado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A obstrução ocorreu de “diversas formas”, segundo a PGR, como por meio de pressões sobre o governo e a Polícia Federal para escolher os delegados que conduziriam os inquéritos da Lava Jato e também de ações vinculadas à atividade parlamentar, a exemplo de interferência para a aprovação do Projeto de Lei de Abuso de Autoridade (PLS 85/2017) e da anistia para crime de caixa dois. O advogado Alberto Toron, que representa o senador Aécio Neves afirmou que o valor era fruto de um empréstimo e que o simples fato de ele possuir mandato no Senado não o impede de pedir dinheiro a empresários. Ah! Então tá! Quanto cinismo!

final da condenação de Lula pela segunda instância da Justiça pode ainda impedir que ele se candidate à Presidência nas eleições deste ano. Em pesquisas recentes, o expresidente, que já anunciou sua vontade de concorrer, surpreendentemente, aparece como líder de intenções de voto, em todas publicadas recentemente. Acontece que, pela Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio Lula em 2010, aquele que for condenado por órgão colegiado, como é o caso do TRF4, por determinados crimes, entre eles, o de lavagem de dinheiro, fica sujeito à inelegibilidade por oito anos, a contar da data da publicação do acórdão. Fica a cargo do TSE decidir a respeito da aplicação da lei no momento em que for solicitado o registro de candidatura. No PT, a animação é pelo registro da candidatura de Lula e eu acredito que é o que acontecerá, e o resultado, ao que tudo indica, será o mesmo

porque faz parte do jogo sujo que atualmente se joga na justiça brasileira. A defesa de Lula ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF, que são interpostos no TRF4. A partir da publicação do acórdão dos embargos de declaração, a parte deve interpor o recurso dirigido à vicepresidência no prazo de 15 dias corridos. Depois desses 15 dias, a parte contrária pode apresentar contrarrazões em 15 dias. Finalizados os prazos, os autos são conclusos à vicepresidente do tribunal. Os recursos, especial (STJ) e extraordinário (STF), são submetidos à vice-presidência, que realiza o juízo de admissibilidade, v e r i f i c a n d o o preenchimento dos requisitos necessários ao recebimento e remessa aos tribunais superiores. Na prática, isso funciona como um filtro de acesso às instâncias superiores. E o que acontece, nos casos de interposição conjunta de recurso especial e extraordinário, após o juízo de admissibilidade, os autos serão remetidos ao STJ que, concluindo o julgamento do recurso especial e o recurso extraordinário ao STF, caso este não esteja prejudicado. Bom, agora vamos aguardar. Enquanto isso o tempo está rolando e chegando até o prazo limite para o registro dos candidatos à presidência da república. Será que o Lula vai conseguir?


6 TECNOLOGIA 16 a 23 de abril de 2018 fatos & notícias

Descobertos metais Nasceu o primeiro "bebê" que podem baratear da inteligência artificial o preço de baterias

FOTO: GETTY IMAGES

Pesquisadores descobriram uma fonte de minerais raros na costa do Japão. Com 16 toneladas de metais, será capaz de abastecer a indústria de bateria de celulares e veículos elétricos por séculos. Isso porque a extração destes minerais é difícil e costuma ser cara. A novidade foi publicada pela revista "Nature". Atualmente, a maioria da produção global destes

materiais tem como origem a China, que detém o controle dos preços dos minérios, necessários para indústria de diversos países – dentre eles o próprio Japão. Produtores de eletrônicos, os japoneses poderão explorar os depósitos de minérios localizados próximos à Ilha de Minamitori, que fica a quase 2 mil quilômetros ao sudeste do arquipélago

japonês. Os depósitos de minerais contêm um ou mais dos 17 metais de terras raras da tabela periódica, que incluem os 15 lantanídeos, mais o escândio e o ítrio. No reservatório de minerais, há ítrio suficiente para 780 anos, disprósio para 730 anos, európio para 620 anos e térbio para 420 anos, de acordo com a demanda global atual dos metais.

Uma inteligência artificial desenvolvida por pesquisadores do Google teve seu primeiro "bebê" no final do ano passado. Esquisito? A gente t e n t a e x p l i c a r. A AutoML, como foi chamada, foi criada para gerar outras inteligências artificiais, para simplificar o trabalho dos pesquisadores do Google Brain, o braço da empresa focado em pesquisas do tipo. Para programar, eles eram obrigados a fazer manualmente as redes de aprendizado das máquinas, um trabalho complexo que demandava um tempo considerável de engenheiros e cientistas especializados no assunto. Ou seja, humanos sempre deveriam ajudar a máquina a aprender suas tarefas. A solução foi criar um tipo de inteligência artificial capaz de propor modelos para novas inteligências artificiais. Os "bebês" então são treinados e avaliados pela "mãe" para suas próximas tarefas, sem a ajuda de humanos. Após milhares de testes iniciais, o AutoML já havia desenvolvido modelos de reconhecimento de imagem com uma qualidade equivalente à dos frutos do trabalho dos especialistas. Até que, em novembro,

FOTO: ISTOCK

nasceu a NASNet, o primogênito. Ele surgiu com capacidades superiores a programas desenvolvidos e programado por humanos. E a NASNet tinha o comportamento parecido com o de uma criança: ficava testando soluções para seus problemas e era corrigido e guiado pela mãe AutoML. Assim, o "bebê" é capaz de identificar imagens com um aproveitamento melhor do que o apresentado pelos modelos criados por humanos - com acerto de 82,7% em sua forma completa. Outra vantagem de ter uma inteligência artificial criada por outra máquina é que ela pode ser ajustada para plataformas móveis e continuar produzindo resultados 3% melhores do que os modelos mais modernos já criados por humanos. Ainda assim, a AutoML não foi uma mãe

c o m p l e t a m e n t e independente, e precisou de uma ajudinha dos pesquisadores. Ela passou por alguns ajustes em suas configurações de pesquisas e contou com uma busca manual em bancos de imagens. Desta forma, os pesquisadores adaptaram a AutoML para lidar com grandes bases de dados, algo que ela não estava preparada originalmente. Após apresentar os resultados do projeto, o Google disponibilizou publicamente a NASNet a outros pesquisadores que trabalham com aprendizado de máquinas. "Esperamos que a comunidade de aprendizado de máquinas seja capaz de trabalhar com base nesses modelos para lidar com um grande número de problemas de visão computacional que podemos não ter imaginado", publicou a empresa em seu blog.


CIÊNCIA 7

16 a 23 de abril de 2018

fatos & notícias

China está de olho nos pesquisadores brasileiros FOTO: JOHANNES EISELE/AFP

De olho na capacidade profissional de pesquisadores brasileiros e latino-americanos, e com um orçamento de US$ 280 bilhões para investir em projetos científicos e tecnológicos, a China está recrutando profissionais para trabalhar em instituições de ponta no país por um prazo de seis meses a um ano, renováveis. As inscrições estão abertas para diversas áreas, e o candidato deve ter, no máximo, 45 anos, experiência de cinco anos em pesquisa ou ter o doutorado concluído. Para ser contratado, os interessados devem contatar universidades e instituições públicas chinesas e apresentar suas qualificações. Vale notar que, desde 2016, a China lidera a pesquisa tecnológica mundial, deixando o país no primeiro lugar do ranking em pedidos e autorizações de patentes (1,2 milhão de projetos) e novas concepções tecnológicas (322 mil). Falando à Sputnik Brasil, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, confirma não só o crescente interesse chinês como também de outros países na atração de pesquisadores brasileiros, lamenta a situação e se mostra preocupado com o futuro do desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil. "A China já há alguns anos está dando uma importância e x t r e m a a o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Basta ver

que em plena época de crise, em 2012, eles aumentaram o financiamento de pesquisa básica em 26% em relação ao ano anterior, estão contratando pesquisadores em várias partes do mundo, pagando salários bastante competitivos, investindo não só na pesquisa que tem aplicação a mais curto prazo, mas também na básica, a que promove a revolução em nosso cotidiano, a que dá origem ao que chamamos de inovação disruptiva", diz Davidovich. O presidente da ABC lembra que os chineses estão na dianteira tecnológica há tempos. Em 2016, por exemplo, lançaram um satélite artificial de comunicação quântica que permite experimentos na fronteira do conhecimento, passando os Estados Unidos. Segundo Davidovich, eles estão com recorde de patentes em várias áreas e criando diversas instituições. Mesmo nos EUA, diz, há um esforço nesse sentido. O próprio Congresso americano vetou os cortes determinados pelo presidente Donald Trump em ciência e tecnologia e ainda promoveu um aumento de 8% no orçamento da Nasa, de 5% nos institutos nacionais de saúde e de 4% no Conselho Nacional de Pesquisas, além de um acréscimo de US$ 20 bilhões sobre o orçamento de 2017. "Há um movimento internacional que reconhece que o investimento em ciência e inovação tecnológica é a melhor

maneira de combater a crise. A União Europeia chegou a um acordo pelo qual vai atingir, em 2020, 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimento em p e s q u i s a e desenvolvimento, enquanto no Brasil estamos estacionados em torno de 1%. São jovens pesquisadores que saem atraídos pela China e por outros países. Se pegarmos o orçamento que foi aprovado pelo Congresso para esse ano para o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação para a área de custeio e capital (recursos que vão para pesquisa), foi pouco mais de R$ 4 bilhões, isso representa 40% do que tínhamos em 2010", desabafa o presidente da ABC. Davidovich diz não saber de uma estratégia política que vise a diminuir o

protagonismo internacional do Brasil, mas assegura que as políticas que estão sendo adotadas acarretam exatamente isso, e em prejuízo também da população que deixa de usufruir de descobertas da ciência que podem ser usadas para melhorar a saúde, a segurança alimentar, a utilização da energia e impactar várias áreas do desenvolvimento. Segundo ele, o orçamento para ciência e tecnologia foi aumentando até 2010 e a partir de então começou a ter flutuações. Em 2013 atingiu o pico e começou a diminuir, com os maiores cortes ocorrendo nos últimos dois anos. "Se olharmos para a área de agricultura, que tem sido considerado o grande esteio da economia brasileira, é bom lembrar que alcançamos esse nível graças à ciência brasileira, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Queria lembrar que uma heroína brasileira é a professora Johanna Dobereiner, vice-presidente da ABC. Fazendo pesquisas em um laboratório da Embrapa aqui no Estado do Rio e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ela desenvolveu um método de absorver nitrogênio para plantas usando bactérias. Graças a e s s e m é t o d o , a

produtividade da soja no Brasil foi aumentada quatro vezes na média e, em algumas regiões, de sete a oito", afirma Davidovich. Para o presidente da ABC, esse método liberou o Brasil da importação de adubo nitrogenado, o que rendeu uma economia ao País de US$ 13 bilhões só no ano passado. Segundo ele, a tecnologia que o País

“A China já há alguns anos está dando uma importância extrema ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, enquanto no Brasil vemos o inverso. Há um movimento internacional que reconhece que o investimento em ciência e inovação tecnológica é a melhor maneira de combater a crise. A União Europeia chegou a um acordo pelo qual vai atingir, em 2020, 3% do PIB em investimento em pesquisa e desenvolvimento, enquanto no Brasil estamos estacionados em torno de 1%”, Luiz Davidovich

desenvolveu na agricultura também tende a ficar obsoleta, daí a importância da continuidade das pesquisas. Davidovich diz que o próprio agronegócio também está sendo prejudicado pelos cortes orçamentários. "A China está comprando terras e soja na África, que será muito mais barata do que a brasileira, porque o frete é mais barato. Temos que olhar o que está acontecendo no mundo e alavancar a ciência e a tecnologia no Brasil para que possamos sempre ser competitivos. Esse valor foi construído durante décadas. Lá no final do século 19, início do 20, tivemos a inauguração do Instituto Agronômico de Campinas e da Escola Superior Luiz de Queiróz (SP), que começaram a formar os profissionais que seriam fundamentais para uma Embrapa. Essas vitórias em certames internacionais são d e v i d a s a o desenvolvimento de instituições como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ao Conselho N a c i o n a l d e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951, de uma Capes. Construir isso leva décadas. Destruir você consegue fazer em dois anos", conclui Davidovich.


8 SAÚDE

fatos & notícias

16 a 23 de abril de 2018

Estudo identifica genes que determinam a cor do cabelo A descoberta pode ser o caminho para a cura de doenças vinculadas à pigmentação FOTO: REPRODUÇÃO/INSTRAGRAN/LARA_MARA_SHEILA

Uma equipe de cientistas identificou 124 genes que contribuem para determinar a cor do cabelo, uma descoberta que

ajuda a entender doenças vinculadas à pigmentação, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (16) pela

revista "Nature". A descoberta, feita por especialistas do King's College de Londres e do Centro Médico

Erasmus de Roterdã, amplia o conhecimento sobre doenças de pele, sobre alguns tipos de câncer, como os de ovário e próstata, e é relevante também para a medicina legal. Estudos anteriores determinaram que uma alta porcentagem da variação da cor do cabelo consiste em fatores hereditários e, além disso, foi identificada uma dúzia de genes. No entanto, o novo estudo vai além por ter conseguido localizar genes desconhecidos até então, após analisar o DNA de quase 300 mil pessoas de descendência europeia, junto com a informação fornecida por elas mesmas sobre a cor do cabelo. Ao comparar as contribuições recebidas com a informação genética, a equipe identificou 124 genes envolvidos no

desenvolvimento da cor, dos quais mais de cem tinham desconhecida a influência na pigmentação. "Este trabalho terá um impacto em vários campos da biologia e da medicina. Como o maior estudo genético já realizado, melhorará o nosso entendimento de doenças como o melanoma, uma forma agressiva de câncer de pele", afirmou o Tim Spector, líder do grupo de especialistas, do King's College de Londres. Os genes que afetam a cor do cabelo também se manifestam em outros tipos de câncer, segundo constataram os pesquisadores. Segundo Spector, o trabalho ajuda a entender a diversidade humana "ao mostrar como os genes implicados na pigmentação sutilmente se adaptam ao ambiente externo e, inclusive, às interações sociais durante a nossa evolução".

Médicos criticam exame pré-nupcial que SUS quer oferecer Um exame genético que aponta, antes de um casal decidir ter filhos, a probabilidade de a criança ter certas doenças raras. É esse o "exame pré-nupcial" que o Ministério da Saúde estuda incluir no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta tem recebido duras críticas de geneticistas, que consideram que a sugestão causará "um enorme custo à saúde pública sem um planejamento adequado". Feito a partir da coleta de sangue ou de qualquer outro material que contenha DNA (saliva, mucosa oral ou

pedaço de pele), o teste de compatibilidade de casal é capaz de detectar a existência de genes ligados a algumas doenças genéticas hereditárias, bem como identificar a probabilidade de os futuros filhos serem ou não afetados por eles. Na rede privada, o exame custa cerca de R$ 12 mil. O Ministério da Saúde afirma que a inclusão no sistema público seria para reduzir gastos com doenças raras. Os geneticistas afirmam que o exame não é capaz de detectar toda a gama de

doenças raras, e dizem que o investimento nesse tipo de exame não é prioritário. De acordo com a Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), hoje, uma pessoa com doença rara demora mais de sete anos para chegar a um diagnóstico adequado. "Não é um teste oferecido de maneira isolada sem a construção de uma rede de cuidados que solucionará esses problemas, muito menos com uma ideia de eugenia por trás do teste, como se ao fazê-lo os casais não teriam filhos, o que fere os princípios éticos do aconselhamento genético", indica a sociedade médica em uma carta. A proposta ainda está em estudo e, como aponta o ministério, as ideias estão em debate junto ao

Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec). "Não havendo, por hora, previsão para implantação do programa". O tema será discutido também na sessão plenária deste mês do Conselho Nacional de Saúde. Os tipos de doenças identificados pelo teste variam de acordo com o exame, segundo a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e células-tronco. "São muitas variáveis que devem ser levadas em consideração ao traçar a probabilidades de um casal ter um filho com doenças raras", aponta a geneticista, que alerta que nenhum teste é capaz de rastrear todas as

FOTO: ISTOCK

doenças raras existentes, até porque os genes de muitas delas ainda são desconhecidos. De acordo com a SBGM, há sete mil doenças raras. "O nosso teste, por exemplo, rastreia 6.800 genes que já foram associados a doenças genéticas. Assim conseguimos identificar possíveis mutações e os riscos de repetição dessas mutações", explica Zatz. Isso porque, segundo ela, a existência de uma mutação n ã o s i g n i f i c a necessariamente que ela será replicada no filho. A

hemofilia, doença hereditária incurável caracterizada por sangramentos espontâneos, é transmitida pelas mulheres apenas a filhos do sexo masculino, por exemplo. Para Zatz, a oferta desse tipo de exame no SUS sinifica "colocar a carroça na frente dos bois". "O governo deveria começar pela cobertura dos testes genéticos para as crianças que já sofrem de doenças raras, que, sem o diagnóstico exato, não recebem o tratamento adequado e só geram mais gastos aos cofres públicos por ficarem rodando de médico em médico sem necessidade", alerta a geneticista. "Nem o básico é feito ainda pelo sistema público", acrescenta.


MILAGRES DA NATUREZA 9 16 a 23 de abril de 2018

fatos & notícias

Cientistas descobrem alga marinha brilhante Estudo levanta a possibilidade de o próprio organismo controlar a quantidade de luz que reflete FOTO: SCIENCE ADVANCES

Olhando a imagem acima,

pode até parecer que alguém

Novas espécies de animais marinhos são descobertas na Indonésia A ilha de Java, na Indonésia, é repleta de espécies incríveis de animais. Uma expedição realizada pela Universidade Nacional de Singapura com o Instituto de Ciências da Indonésia coletou milhares de espécimes fascinantes, entre eles, onze espécies marinhas até então desconhecidas. Ao longo de duas semanas, os cientistas passaram por 63 locais da costa sul da ilha. "Essa é uma parte do Oceano Índico que nunca foi explorada dessa forma em busca de animais marinhos, então não sabíamos o que iríamos encontrar", disse Peter Ng, do Museu de História Natural da UNS, em

entrevista à AFP. "As descobertas nos surpreenderam muito". Ao todo, a expedição coletou 12 mil espécimes de 800 espécies diferentes que incluem esponjas, águas-vivas, moluscos, estrelas-do-mar e peixes. Já as novas espécies são compostas por aranhas, caranguejos, lagostas, camarões e outros tipos de estrelas-do-mar. Os cientistas ainda precisam analisar e catalogar os animais, mas esperam identificar mais espécies entre as coletadas. Esse processo deve demorar cerca de dois anos e, então, os resultados serão divulgados no periódico científico do museu, o The Raffles Bulletin of Zoology.

derrubou todo o glitter que

comprou para usar no Carnaval em cima das pobres algas. Acontece que a característica, na verdade, é do próprio conjunto de organismos. A confirmação veio de um grupo de cientistas britânicos que compartilharam suas conclusões em estudo publicado no periódico Science Advances. Na pesquisa, eles explicam que a Cystoseira tamariscifolia tem um brilho próprio, parecido com o de uma opala. Ao analisá-la no microscópio, os cientistas descobriram

que a alga possui cristais que refletem a luz dentro de suas células, e que eles colaboram no processo de fotossíntese das plantas. “Temos joias vivas no meio ambiente”, disse a pesquisadora Heather Whitney, da Universidade de Bristol, em entrevista ao Gizmodo. Ela explica que a alga marinha geralmente é marrom e pode ser encontrada na Europa e no Mediterrâneo. Dentro das células do organismo, há bolsões de células dentro das quais se encontram estruturas parecidas com o dióxido de silicone das opalas. É a partir delas, a

alga ganha uma propriedade iridescente. O mais curioso é que, de a c o r d o c o m o s pesquisadores, é possível que a alga possa organizar essas estruturas de diferentes formas, praticamente escolhendo como refletir ou não a luz. Isso faz com que ela possa ter tipos diferentes de brilhos, um mais fascinante que o outro. S e g u n d o W h i t n e y, a descoberta é “só a ponta do iceberg” e que ainda há muito que não sabemos sobre a vida marinha.


10 COMPORTAMENTO fatos & notícias

16 a 23 de abril de 2018

Vencedor do Jabuti, quadrinista Seydou Keïta, o fotógrafo que tem obra censurada em exposição registrou a modernidade nascente no Pará

no oeste da África

Capa da HQ 'Castanha do Pará', retirada de exposição no Pará após reclamação de policial

FOTOS: CONTEMPORARY AFRICAN COLLECTION/THE PIGOZZI COLLECTION

FOTO: GIDALTI MOURA JR/REPRODUÇÃO

Bamako (Mali), entre 1948 e 1963; foto de Seydou Keïta

Na última segunda-feira (16), a capa do quadrinho Castanha do Pará – primeiro vencedor do gênero dentro do Prêmio Jabuti, em 2017 – foi removida de uma exposição no Parque Shopping Belém, no Pará. A ilustração do quadrinista Gidalti Moura Jr., que mostra um menino de rua sendo perseguido por um policial com um cassetete na mão no Mercado Ver-o-Peso (um dos mercados públicos mais antigos do País), recebeu críticas de um policial militar no Facebook. “Fiquei sabendo [da censura] de surpresa, quando pessoas que conheço foram visitar a exposição e me mandaram fotos do lugar onde estaria minha obra – havia um grande nada, um grande vazio, em vez do

desenho”, diz Gidalti, que denunciou a retirada da obra em suas redes sociais. S e g u n d o o au t o r, a curadoria da exposição teria removido sua ilustração após reclamações de um policial militar que, no Facebook, se identifica apenas como Cabo Mauro. “Eu, como policial que trabalha junto com os feirantes do Ver-oPeso, me senti ofendido. Se ninguém do Comando da PM, associações, ou qualquer representante político não processar, eu vou processar”, escreveu na sua página do Facebook no dia 16 de abril. Depois da reclamação, a obra de Gidalti foi substituída, sem consulta ao autor, por uma página interna do quadrinho. Em nota, o shopping e a

organização da exposição afirmaram que “a mudança ocorreu diante de manifestações de frequentadores do shopping que se sentiram incomodados com a cena de violência, no espaço que é frequentado por crianças”. “Acho [a explicação] impertinente. Se você entrar em qualquer livraria, vai encontrar um material muito mais violento. Qualquer um que olhe a capa não vai conseguir classificar como inadequada a crianças; é uma desculpa totalmente aleatória. A retirada [da obra], na verdade, responde a uma demanda de grupos que têm afetividade com correntes extremistas da polícia militar”, afirma o quadrinista.

A partir de 1948, um pequeno estúdio de fotografia começou a funcionar ao lado da estação ferroviária de Bamako, hoje capital e maior cidade do Mali. Por ali passavam, todos os dias, políticos, donos de lojas, funcionários do governo, trabalhadores e pessoas recém-chegadas à cidade. To d a s q u e r i a m s e r fotografadas por Seydou Keïta (1921-2001). Aos 27 anos, o malinês cobrava 300 francos por um retrato com luz natural, em clique único. Nos quase 15 anos que se seguiram, fez mais de 30 mil retratos da população local, além de nigerianos, marfinenses e burquinenses que transitavam por ali. Parte dessa imensa produção está em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, até 29 de julho. São 136 fotografias de famílias inteiras, pais e filhos, casais, irmãs, homens e mulheres que representavam uma sociedade em transição, na fronteira entre tradição e modernidade. “Keïta fotografa às vésperas da independência do Mali. São novos tempos e ele entende como as

pessoas querem ser vistas”, afirma o coordenador executivo cultural do IMS e curador da mostra Samuel Titan Jr. “Compreende que o momento é outro e introduz variação, movimento, desenho e composição nas imagens, tornando-se um diretor de cena”. Vem daí muito do sucesso do retratista. Em seu estúdio, além de orientar os clientes sobre as melhores poses e expressões, Keïta deixava à disposição dos fregueses um arsenal de objetos e peças como colares, sapatos, ternos e gravatas-borboleta – e até mesmo aparelhos de rádio, carros, bicicletas e ciclomotores. “Muitas pessoas gostavam de ser fotografadas com esse tipo de coisa”, disse o artista em uma entrevista de 1995. São elementos que remetem à modernidade e até ao próprio mundo colonizador, mas que, longe de representarem sinais de submissão, são parte de um processo de “afirmação de si”, afirma Samuel Titan Jr. “A fotografia chegou à África junto com a colonização. Foi praticada, sobretudo, por homens brancos e esteve muito ligada à imposição do poder colonial. A geração de Keïta vira o jogo não ao recusar o mundo branco, mas ao convertê-lo em instrumento de suas

próprias narrativas”, diz o curador. Alguns clientes mais velhos que chegavam ao estúdio sentiam medo da câmera, pois acreditavam que podiam ter suas almas roubadas pelo aparelho, ou que o fotógrafo veria seus corpos nus através da lente. “No interior do país, era só pegar minha câmera que todo mundo corria de mim ou me dava as costas”. Segundo o filósofo e crítico e Jacques Leenhardt, que também assina a curadoria da exposição, os retratos de Keita compõem um dos testemunhos mais importantes da história da fotografia africana. O artista fechou seu estúdio em 1962 após pressões para se tornar fotógrafo oficial do governo socialista do Mali, e n t ã o u m p a í s independente. Aposentouse em 1977 e apenas em 1995 teve a sua primeira mostra individual, em Paris, na Fundação Cartier. A partir daí seu trabalho ganhou museus, galerias e coleções internacionais. Hoje, influências da sua fotografia aparecem em obras de jovens fotógrafos africanos como Omar Victor Diop, Ibrahima Thiam e Oumou Diarra. Na mostra no Instituto Moreira Salles, há 48 fotos em tiragens vintage, em formato 18×13 – o mesmo que Keita entregava aos seus clientes após dez minutos em seu estúdio.


VIOLÊNCIA NO CAMPO 11 16 a 23 de abril de 2018 fatos & notícias

Mortes em conflitos no campo atingem maior número desde 2003 De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, que divulga anualmente um relatório sobre o tema, 70 pessoas foram assassinadas em 2017 FOTO: MARCELO CURIA/ED. GLOBO

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou na segunda-feira (16) os dados do seu relatório anual sobre os assassinatos em conflitos no campo no Brasil em 2017. O número é o maior desde o ano de 2003: 70 mortes. Em relação a 2016, ano em que a CPT registrou 61 mortes, o aumento foi de 15%. O Pará foi o Estado com mais mortes: 21 pessoas foram assassinadas, dez delas no Massacre de Pau D'Arco. Em seguida vem Rondônia, com 17, e Bahia, com 10 assassinatos. A Pastoral indica que as vítimas são principalmente trabalhadores rurais semterra, indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores e assentados. Dentre as mortes, a Pastoral destaca quatro massacres que ocorreram nos Estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia. A CPT também lembra, ainda, da suspeita de ter ocorrido um massacre de indígenas isolados no Amazonas, entre julho e agosto de 2017. Segundo denúncias recebidas pela Pastoral, seriam cerca de 10 vítimas dos “índios flecheiros”, como são conhecidos, do Vale do Javari. O Ministério Público Federal no Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai), contudo, não chegaram a um consenso sobre o episódio, e, diante das poucas informações que a CPT teve acesso, o caso não foi incluído nos números do relatório atual. As mortes ocorridas em massacres, aliás,

Rondônia, com 147 pessoas assassinadas em 102 casos. O relatório completo ainda será disponibilizado pela Pastoral. Segundo a entidade, seu lançamento foi atrasado este ano por causa de uma série de ataques de hackers ao Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno, responsável pela catalogação e compilação dos dados de conflitos no campo. Geralmente, a CPT divulga o relatório na semana do dia 17 de abril, o Dia Internacional de Luta Camponesa, em memória aos trabalhadores rurais sem-terra assassinados na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, Pará, em 1996.

correspondem a 40% do total. Foram 28. Desde 1985, início do registro de mortes em conflitos no campo pela Pastoral, foram registrados 46 massacres no país, com 220 vítimas. A CPT destaca que, durante este período de 32 anos de pesquisas, registrou 1.438 casos de conflitos no campo em que ocorreram assassinatos, com 1.904 vítimas. Apenas 113 casos foram julgados — 8% do total — com 31 mandantes dos assassinatos e 94 executores condenados. Desde 1985, a região Norte contabiliza 658 casos com 970 vítimas. O Pará é o Estado com mais casos no país. Foram 466 conflitos, com 702 vítimas. Maranhão vem em segundo lugar com 168 vítimas em 157 casos. Em terceiro, o Estado de

POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL


12 ECONOMIA fatos & notícias

16 a 23 de abril de 2018

Emprego formal cresce 0,15% em março, informa ministério O emprego formal no Brasil cresceu em março. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta sexta-feira (20), pelo Ministério do Trabalho houve acréscimo de 56.151 postos de trabalho, com aumento de 0,15% em relação ao saldo de fevereiro. Esse foi o terceiro mês seguido de saldo positivo, mas em ritmo menor na comparação com janeiro (77.822) e fevereiro (61.188). Esse resultado de março decorreu de 1,340 milhão de admissões e de 1,284 milhão de desligamentos.

Os dados também

mostram que o resultado de

março foi o melhor para o mês desde 2013, quando foi registrado saldo positivo de 112.450 postos. No acumulado do ano, houve crescimento de 204.064 empregos, representando expansão de 0,54%, nos dados com ajustes. Nos últimos 12 meses, o acréscimo chegou a 223.367 postos de trabalho, correspondente ao 0,59% de crescimento. De acordo com o Caged, o emprego cresceu em seis dos oito setores econômicos. Os dados registram expansão no nível de emprego nos setores de

serviços (57.384 postos), indústria de transformação (10.450 postos), construção civil (7.728 postos), administração pública (3.660 postos), extrativa mineral (360 postos) e serviços industriais de utilidade pública (274 postos). Os saldos negativos vieram da agropecuária (17.827 postos) e do comércio (5.878 postos). Entre as regiões do País, houve saldo positivo no Sudeste (46.635 postos), no Sul (21.091) e no CentroOeste (2.264). No Norte e Nordeste, o saldo ficou negativo em 231 e 13.608

postos, respectivamente. O salário médio de admissão em março chegou a R$1.496,58 e o salário médio de desligamento foi R$1.650,88. Houve crescimento real, descontada a inflação, 1,07% no salário de admissão e de 0,27%) no salário de desligamento, em comparação a fevereiro deste ano. Em relação a março de 2017, houve 2,26% para o salário médio de admissão e perda de 1,04% para o salário de desligamento.

Reforma trabalhista Entre as mudanças que a Reforma Trabalhista (em vigor desde 11 de novembro de 2017) trouxe foi o desligamento mediante acordo entre e m p r e g a d o r e empregado. Segundo dados do Caged, em março de 2018, houve 13.522 desligamentos mediante acordo entre

e m p r e g a d o r e empregado, envolvendo 9.775 estabelecimentos. Os dados do ministério mostram que o trabalho intermitente, também criado com a reforma, teve 4.002 admissões e 803 desligamentos, com saldo de 3.199 empregos, em março. O setor que gerou maior saldo foi

serviços (1.506 postos), seguido por indústria de transformação (617), construção civil (538), comércio (310), agropecuária (221) e serviços industriais de utilidade pública (7). As dez principais ocupações foram servente de obras (202 postos), trabalhador

volante da agricultura (167), alimentação de linha de produção (154), faxineiro (141), armazenista (133), soldador (105), montador de máquinas (89), garçom (79), operador de caixa (77) e mecânico de manutenção de máquinas (65). Por essa modalidade de

trabalho intermitente, o trabalhador recebe por período trabalhado - em horas ou diária. Tem direito a férias, FGTS, previdência e décimo terceiro salário proporcionais. No contrato, deverá estar definido o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao salário

mínimo por hora ou à remuneração dos demais empregados que exerçam a mesma função. O empregado deverá ser convocado com, no mínimo, três dias corridos de antecedência. No período de inatividade, pode prestar serviços a outros contratantes.


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