Fatos & Notícias Ed. 248

Page 1

Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VIII - Nº 248

01 a 07 de maio/2018 Serra/ES

Distribuição Gratuita

fatos & notícias www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br

FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET

Pesquisadores criam Pág.4

dispositivo para eliminar tremores do Parkinson Estudiosos chilenos apresentaram dispositivo capaz de eliminar o tremor das mãos sem necessidade de operações e remédios Pág. 8 Um júri majoritariamente feminino Sedu publica edital para análise definirá o vencedor da Palma de Ouro, na primeira edição do Festival e seleção de 20 obras literárias de autores capixabas Pág. 10 de Cannes Pág. 11

Arqueólogos descobrem evidências de que o reino bíblico de Davi existiu Pág. 7


2fatosMEIO AMBIENTE & notícias

01 a 07 de maio de 2018

Água protegida Desmatamento, poluição e uso inadequado do solo põem em risco a existência de nascentes e mananciais em vários pontos do planeta. Reverter os estragos não é fácil, mas os resultados positivos estão se multiplicando FOTO: iSTOCKPHOTOS

Os perigos da produção e do uso indiscriminado do plástico Novo estudo destaca que esse lixo, presente em terra, mar e ar, “nos perseguirá durante séculos” FOTO: MARIA ANTONIA N. TANCHULING

Plastiglomerado. Este é o nome oficial de um novo mineral que não existia antes na natureza, mas, que, agora se tornou frequente. Foi descoberto em 2014, na praia de Kamilo, da ilha do Havaí, e é formado por sedimentos e detritos plásticos. Na era atual, dominada pela ação dos seres humanos, “os perigos decorrentes da produção e do uso indiscriminado deste material sintético, derivado da indústria petroquímica, nos perseguirão durante séculos”, diz o cientista político holandês Michiel Roscam Abbing, autor do recém-publicado Atlas da Sopa de Plástico do Mundo, cujo primeiro exemplar foi entregue a Karmenu Vella, comissário (ministro) europeu do Meio Ambiente. A obra diz que só um tratado internacional poderá conter um produto, hoje, inseparável do nosso cotidiano. “Os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra, e existe a crença errônea de que só há ilhas de plástico flutuando por aí (…), quando o certo é que ele está por toda parte: em terra, no mar e no ar. Sua acumulação e fragmentação são tamanhas que os danos derivados do plástico superam seus benefícios”, afirma Roscam Abbing. Especialista em meio ambiente e membro da Fundação Sopa de Plástico (Amsterdã), ele cita um exemplo visual para ilustrar uma luta que é de todos – produtores, governos e consumidores. É a famosa imagem do cavalo-marinho com a cauda enroscada em um cotonete, que delata a responsabilidade mal compartilhada. Foi feita pelo fotógrafo Justin Hoffman, morador do Canadá,

acrescenta. enquanto Floresta nativa da mergulhava Mata naAtlântica Uma boa ideia para reduzir Indonésia, e aparece entre as Todo mundo aprende nos primeiros anos de escola como funciona o ciclo da água. A chuva cai, parte escoa superficialmente e parte se infiltra e abastece o lençol freático, que por sua vez alimenta nascentes, rios e mananciais, de onde evapora, dando início a um novo ciclo. Mas hoje não é bem assim que ocorre em muitas regiões do Brasil e do mundo. Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas e das matas ciliares, a poluição e o uso inadequado dos solos têm contribuído para degradar e colocar em risco as nascentes e mananciais, diminuindo a quantidade e a qualidade da água que abastece a população, principalmente nas grandes cidades. Proteger os sistemas produtores e fornecedores do chamado “líquido precioso” ainda intactos e recuperar aqueles já degradados não é tarefa simples e requer a superação de muitos desafios. Mas é possível. A dimensão da degradação pode ser medida em números. Um amplo levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), que resultou no Atlas Brasil de Abastecimento Urbano, mostra que, em 2015, dos 5.565 municípios brasileiros estudados, de um total de 5.570, menos da metade, ou 2.506, tinham abastecimento satisfatório. Os outros pouco mais de 3.000 precisavam de novos investimentos, dos quais 2.551

para ampliação do sistema existente e 472 para o aproveitamento de novos mananciais. Conhecimentos e tecnologias para resolver ou minimizar esses problemas, com a proteção e recuperação de áreas de nascentes e mananciais, já existem. O mestre em ecologia Sérgio Luís de Carvalho, do Departamento de Biologia e Zootecnia da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresenta uma série de medidas concretas para isso, principalmente nas regiões rurais – algumas também se aplicam a zonas urbanas. A primeira delas é a conservação do solo. “Plantio em curva de nível é uma técnica de conservação do solo e da água, excelente para o cultivo em morros e terrenos acidentados”, explica. “Nesse tipo de plantio, cada linha de plantas forma uma barreira, diminuindo a velocidade da enxurrada”. Evitar queimadas é outra medida que protege o solo, pois se ele perder sua cobertura vegetal, poderá ficar endurecido pela ação das gotas da chuva, o que irá reduzir a velocidade e a quantidade de infiltração da água, além de favorecer as enxurradas. “Plantio em consórcio, intercalando faixas com plantas de crescimento denso com outras de vegetação que oferece menor proteção ao solo, também deve ser adotado”, recomenda Carvalho. “As faixas com plantas de

crescimento denso têm a função de amortecer a velocidade das águas da enxurrada, permitindo uma infiltração maior no solo, que irá abastecer os lençóis freáticos”. No caso das nascentes, entre as soluções, que valem tanto para o campo como para as cidades, está a construção de cercas, fechando a área, num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d'água, para evitar a entrada de pessoas e animais e, por consequência, o pisoteio e a compactação do solo. A área em torno do cercado deve ser mantida limpa, para evitar que o fogo a atinja em caso de incêndio. A certa distância do cercado, pode-se manter ou recuperar a vegetação em torno. “Ela funciona como barreira viva na contenção da água proveniente das enxurradas”, explica Carvalho. “Devem-se priorizar espécies nativas da região”. Há alguns exemplos bemsucedidos de recomposição de mata ciliar que seguiram esses princípios. Um deles é de Itaipu, que desenvolve o maior programa de reflorestamento do mundo feito por uma hidrelétrica. Desde 1979, já foram plantadas mais de 44 milhões de mudas nas margens brasileira e paraguaia do reservatório. Além de servir de hábitat para animais e plantas, a mata ciliar reduz a erosão, o assoreamento e a poluição dos cursos d'água e mananciais, pois é uma barreira contra as enxurradas e o vento.

ilustrações do Atlas. “Poderia ter sido evitado”, diz o escritor. “Os cotonetes plásticos vão para a privada e então diretamente para as águas superficiais e as praias. Sendo que o fabricante poderia fazê-los de cartolina ou madeira. Mas são mais caros”. No texto, mostra-se que numa praia qualquer do Reino Unido há em média 24 cotonetes a cada 100 metros. Nos Estados Unidos, são jogadas no lixo 2,5 milhões de garrafas de plástico por hora; a cada minuto, usa-se no mundo um milhão de sacolas desse material. E, o pior de tudo, na sua opinião: as embalagens pequenas, fabricadas com diversos tipos de plástico, e usadas uma só vez. “Nos países em desenvolvimento a publicidade do xampu costuma ser assim, porque as pessoas têm um poder aquisitivo diferente. Acumulam-se em grandes quantidades, e poderia ser incentivado outro tipo de fabricação e um consumo mais responsável, por parte da própria empresa, com embalagens reutilizáveis”. Quanto ao pão, “perdeu-se o costume de levar as tradicionais sacolas de tecido, e são colocados em bolsas de plástico, destinadas ao lixo”,

a fabricação e uso dos plásticos é a tatuagem a laser na casca de frutas e verduras. “É seguro e sustentável, mantém a etiquetagem obrigatória e foi aprovada pela União Europeia. A Espanha é pioneira nessa tecnologia (Laserfood, de Va l ê n c i a ) e e c o n o m i z a pacotes porque a informação essencial é impressa na casca”. Com fotos dessa poluição em lavouras, no fundo dos mares, em redes pluviais e qualquer outro meio ou superfície imaginável, o Atlas recorda que todos os plásticos se degradam. Suas partículas, impossíveis de recolher, são ingeridas por humanos e animais. “Um perigo enorme: entram em organismos vivos e ignoramos seus efeitos”. De qualquer forma, embora a produção responsável, o manejo sustentável de terras e águas e a reciclagem e a cooperação entre o setor público e privado sejam essenciais, a sopa de plástico supera as barreiras nacionais. E há uma lacuna jurídica. “Nada menos que a falta de um tratado internacional no âmbito das Nações Unidas dedicado a conter a própria sopa”, é o conselho que fecha o Atlas.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br Representante Comercial: MÁRCIO DE ALMEIDA comercial@jornalfatosenoticias.com.br fatos & notícias Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 3080-0159 / 99620-6954 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18 Filiado ao Sindijores

Impressão Metro

"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

Circulação: Grande Vitória, interior e Brasília

Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores


01 a 07 de maio de 2018

Por que piscamos?

CULTURA 3 fatos & notícias

Orquestra Sinfônica interpretará trilhas sonoras de clássicos do cinema no Teatro da Ufes FOTO: DIVULGAÇÃO/SECULT-ES

Piscar é essencial para a saúde dos olhos elementos, são impedidos de entrar em contato direto com a córnea. Além dessa, a outra função do mecanismo

Quando piscamos, esse líquido é espalhado por todo o olho, permitindo a lubrificação do mesmo, a l é m d e proporcionar uma limpeza natural da córnea. Quando estamos em frente à televisão ou ao computador, a luminosidade desses aparelhos causa a evaporação do líquido lacrimal, ocasionando a tensão dos músculos dos olhos e uma maior dificuldade em realizar o movimento de abrir e fechar os olhos, na chamada Síndrome da Vi s ã o d o U s u á r i o d e Computador ou CVS.

FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET

é a lubrificação da superfície ocular. As lágrimas, produzidas a todo o momento pelas glândulas lacrimais, são extremamente importantes para a lubrificação constante dos olhos.

Série de ficção científica adapta contos de Philip K. Dick FOTO: DIVULGAÇÃO

A boa ficção científica melhora com o tempo. Em alguns casos, de forma até espantosa, são as obras que, escritas há décadas, parecem ter antecipado características sociais, políticas, culturais e comportamentais do nosso tempo, como se os seus autores tivessem acesso a um portal que possibilitasse fazer visitas ao futuro. O prestígio ainda crescente do americano Philip K. Dick está relacionado a esse fenômeno. Ele morreu aos 53 anos, em 1982. Não teve

tempo nem mesmo de assistir à consagração de Blade R u n n e r, o c a ç a d o r d e androides (1982), baseado em seu romance Androides sonham com ovelhas elétricas? (1968), como um clássico do gênero no cinema. Desde então, o cinema e a TV se encarregaram de fisgar novos contingentes de leitores para seus contos e romances, com diversas adaptações bem-sucedidas. A mais recente delas é a série Electric dreams (2017), produzida pela Amazon para exibição

inicial no serviço de streaming Prime. A primeira temporada reúne 10 episódios independentes, com menos de uma hora cada um. Geraldine Chaplin, Bryan Cranston, Steve Buscemi, Greg Kinnear, Vera Farmiga e Timothy Spall estão entre os atores que trabalham nessa coletânea, bem próxima ao espírito de Dick. De um lado, as histórias especulam cenários futuristas com muita imaginação. Mas, de outro, boa parte do que acontece guarda relação estreita com o mundo que já conhecemos. O c o n s u m i s m o desenfreado, por exemplo, está no centro do episódio 8, talvez o melhor da temporada. Um marido abusivo, uma política reacionária que estimula a violência, uma jovem vítima de ansiedade social e viagens por meio de realidade virtual são alguns dos outros temas de histórias que parecem ter sido criadas ontem, mas que foram concebidas nas décadas de 1950 a 1970.

Luz, câmera e emoção. A Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses), sob a regência do maestro Leonardo David, inicia na próxima semana a série “Cinema Especial”, no Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, Vitória. Serão três dias de apresentação – 8, 9 e 10 de maio –, sempre às 20h. Os ingressos serão vendidos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), na bilheteria

do Teatro. No repertório, grandes temas das trilhas sonoras do cinema, desde os filmes clássicos “E.T”. – O Extraterrestre”, “Tubarão”, “Super-Homem”, “O Patriota”, “Jurassic Park” e “Star Wars”, do compositor norte-americano John Williams, “Pearl Harbor”, de Hans Zimmer aos mais contemporâneos como “Piratas do Caribe”, de Klaus Badelt, e a famosa abertura “20th Century

Fox”, de Alfred Neuman. De acordo com o maestro Leonardo David, a execução dos temas está sendo ensaiada nos mínimos detalhes para encantar os fãs. “As apresentações da Oses mostram que podemos ser abrangentes, agradando um público mais jovem que gosta de cinema, assim como um programa para toda a família. Serão três a p r e s e n t a ç õ e s inesquecíveis”, completa.

MinC abrirá concurso público com 411 vagas para cargos efetivos no Iphan O Ministério da Cultura (MinC) vai abrir concurso público com 411 vagas para cargos efetivos para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A autorização da abertura do certame pelo Ministério do P l a n e j a m e n t o , Desenvolvimento e Gestão foi publicada nesta quintafeira (3) no Diário Oficial da União (DOU). Dentro de até seis meses, o edital deverá ser publicado. Desde 2009, não era aberta seleção pública para o órgão. A retomada da abertura do processo

FOTO: ASCOM MINC

Todos nós piscamos de 15 a 20 vezes por minuto. Em algumas ocasiões, o ato de piscar é involuntário, ou seja, nem percebemos que estamos piscando, semelhantemente ao que ocorre no ato de r e s p i r a r. Q u e a respiração é fundamental, pois permite ao corpo absorver o oxigênio que ele precisa, nós já sabemos. Mas, e o ato de piscar, qual a sua importância? Por que piscamos? A primeira explicação para esse mecanismo é que, através dele, agentes externos como poeira ou outros minúsculos

seletivo é resultado de intensa articulação do MinC e de sua vinculada junto ao governo federal pela manutenção da qualidade dos serviços e valorização do órgão responsável pelo patrimônio cultural brasileiro. O concurso vai

permitir a recomposição do quadro de servidores do Iphan, fragilizado pelo número reduzido de técnicos. Das 411 vagas, 104 serão para Analista I, 176 para Técnico I e 131 vagas para Auxiliar Institucional I, distribuídas em todo o País.


4 EDUCAÇÃO fatos & notícias

01 a 07 de maio de 2018

Escolas se abrem para o digital e adotam novas ferramentas e práticas pedagógicas Tecnologia pode influenciar a qualidade da educação. Mas, para isso, é preciso inovar Dentro da biblioteca, adolescentes estudam sozinhos ou em pequenos grupos, acompanhados por livros, cadernos e dispositivos digitais portáteis — entre os quais se destaca o c e l u l a r. A p o u c o s metros dali, na lanchonete, graças ao wi-fi com sinal de qualidade em toda a escola, a cena se repete — a única diferença é que há também alguma comida sobre as mesas. Na sala dos professores, as pessoas são mais velhas e os laptops mais frequentes, mas novamente o digital e o analógico são vistos lado a lado. “O tablet, o smartphone e o notebook convivem com o papel. Nossa realidade é híbrida”, relata Emerson Bento Pereira, diretor de tecnologia do colégio Bandeirantes. Assim como em outras esferas da vida cotidiana, a tecnologia já se instalou definitivamente nas escolas, roubando espaço de outras mídias e formas de convivência, sem necessariamente acabar com elas. Mas a naturalidade com

que hoje as tecnologias digitais e analógicas dividem espaços no

querer usar”, garante. Na escola não faltam exemplos de como as

FOTO: DIVULGAÇÃO/COLÉGIO BANDEIRANTES

Bandeirantes vem sendo conquistada aos poucos, com um esforço coletivo e intencional desde 2014, ano em que a instituição começou a implementar seu plano de se tornar uma escola digital. Para Emerson, um ponto importante da proposta para criar uma mudança de cultura foi nunca impor nenhuma medida de “cima para baixo”, o que só criaria resistências. “A tecnologia tem de servir para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Quando elas percebem isso, elas vão

resistências fazem parte do processo, e de como elas podem ser vencidas com tranquilidade. “Em toda implementação de tecnologia, 20% das pessoas vão gostar de cara e adotar, 20% vão detestar e reclamar. Os que reclamam estão sentindo uma dor, por isso falam mais alto. Nosso papel é acolhê-los. Mas se queremos que dê certo, não podemos deixar de ouvir os que estão na frente, inovando”, explica o diretor. Ele conta que quando o setor de tecnologia da escola passou a oferecer uma

Sombra da desigualdade O poder de processamento de um celular de ponta da atualidade é maior do que o dos computadores da Nasa durante a missão Apolo 11, que levou o homem até a Lua. Eles, contudo, não resolvem a questão do acesso, ainda que sejam onipresentes em quase todas as classes sociais. “Precisamos ter muito

cuidado para não aprofundar ainda mais a distância que já existe”, afirma Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB). Ela defende que as escolas devem oferecer outros equipamentos aos estudantes, para que eles saibam operar diferentes

tipos de dispositivos com f a m i l i a r i d a d e . “ To d o estudante precisa trabalhar com as múltiplas telas. Se você falar que para uma rede é só o celular, mas para outras há tablet, laptop, realidade virtual, você cria uma nova divisão”, diz. E a conexão de qualidade é uma questão imprescindível ainda longe de ser resolvida.

ferramenta de correção digital de provas, poucos professores aderiram. Mas o s p o u c o s q u e experimentaram perceberam rapidamente as vantagens e passaram a ensinar aos demais como usar o sistema. “O tempo de correção foi reduzido em dois terços. A tecnologia passou a fazer uma parte 'chata' do trabalho do professor. Hoje quase todos fazem a correção digital”, diz o diretor. Mesmo os alunos, que são nativos digitais, estranharam a mudança e, no início do processo de receber as provas corrigidas apenas nos dispositivos digitais, muitos queriam voltar a receber a correção em papel. “Pedimos um voto de confiança, que dessem mais tempo para a novidade. Logo se acostumaram e ninguém mais reclama”, conta. Mas, quando se trata de tecnologias, “se acostumar” é uma expressão que deve passar longe. A adesão a uma cultura digital acabou provocando impactos que vão muito além de proporcionar novos suportes para conteúdos didáticos. A tradicional divisão dos alunos por salas de acordo

com suas notas — os “melhores” alunos ficavam na turma A, os “piores” na E — foi eliminada. Na busca por proporcionar um aprendizado colaborativo, o Bandeirantes uniu os laboratórios de física, química e biologia em um só, e colocou grupos para trabalhar em projetos multidisciplinares de um ano de duração. E, assim, até o sistema de avaliação teve de mudar para essa nova d i s c i p l i n a q u e s u rg i u , chamada de Steam (Science, Technology, Engineering, Mathematics and Arts). Os alunos fazem autoavaliação, passam por uma crítica dos pares, além de receberem notas de uma banca que analisa os trabalhos. “Ano passado, o desafio era propor formas de possibilitar a vida em Marte. Os resultados são muito diversos. Teve grupo que trabalhou nas propriedades do solo para poder plantar; outro, que estudou como fazer o posicionamento de satélites”, cita o diretor. O caminho de uma escola tradicional e de elite na capital de São Paulo ilustra o quanto a tecnologia é capaz d e t r a n s f o r m a r profundamente as instituições de ensino,

consideradas mais conservadoras em comparação a outros segmentos da sociedade. No entanto, o retrato brasileiro é muito diverso: nem todos seguem no mesmo ritmo, e só alguns colégios têm condições de adotar modelos mais arrojados. Além da interferência direta nos processos de ensino-aprendizagem dentro das escolas, a tecnologia pode influenciar a qualidade da educação ao otimizar os processos de gestão ou melhorar a qualidade da formação docente. É como pensa Vera Cabral: “Na prática, a tecnologia já está formando os alunos. É hora de investir na formação de professores para o uso da tecnologia — e por meio do uso de tecnologias”. A curadora de conteúdos da Bett Educar (maior feira internacional de educação da América Latina) defende ainda que a incorporação das tecnologias está mudando a própria concepção do papel da escola. “O foco muda do acúmulo de conteúdos para desenvolvimento de competências. É uma mudança profunda de cultura que estamos vivendo”, complementa.


01 a 07 de maio de 2018

Julgamento virtual de recurso de Lula no STF começou na sexta Começou à zero hora da sexta-feira (4) o prazo para que os ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julguem, no “plenário virtual”, o recurso do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva para deixar a prisão. Os ministros terão até às 23h59 do dia 10 para decidir a questão. O resultado poderá ser divulgado antes se todos os ministros anteciparem os votos. Integram o colegiado Edson Fachin (presidente), Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Em geral, o julgamento em plenário virtual é usado para decisões sem grande repercussão e com entendimento pacificado. No entanto, a medida do ministro Edson Fachin, relator do caso, de enviar o recurso de Lula para julgamento não presencial foi entendida dentro do tribunal como uma forma de ganhar tempo. A maioria dos integrantes do colegiado é contra o entendimento que autoriza a prisão após a segunda instância da Justiça. Em março, a turma já havia analisado outro recurso de

Lula por meio eletrônico. O colegiado liberou acesso da defesa à uma parte da delação premiada dos publicitários João Santana e Mônica Moura.

Como funciona No julgamento virtual, os ministros apresentam seus votos pelo sistema eletrônico sem se reunirem presencialmente. A plataforma funciona 24 horas por dia e os ministros podem acessar de qualquer lugar. A votação é aberta quando

POLÍTICA 5 fatos & notícias

JORGE PACHECO Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista

jorgepachecoindio@hotmail.com

Sócrates A propósito do momento político brasileiro voltamos nosso pensamento à filosofia dele: - Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. - Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir. - Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos. - Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.

o relator (Edson Fachin) inserir no sistema o recurso e seu voto, que poderá ser visto pelos demais integrantes, que têm sete dias corridos para inserirem suas manifestações — a previsão é que o resultado seja divulgado no dia seguinte. Se algum ministro não apresentar o voto até o fim do prazo, será considerado como voto com o relator. Um pedido de vista pode ser feito a qualquer momento. Neste caso, a decisão vai para o julgamento presencial.

Dodge prioriza recurso contra decisão do STF em delações sobre Lula A procuradora-geral da República, Raquel Dodge,

Políticos inoperantes

confirmou que pretende recorrer da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tirou do juiz federal, Sérgio

Câmara só aprovou 2,6% dos projetos apresentados desde 2015 Na atual legislatura, iniciada em fevereiro de 2015, os deputados federais brasileiros já colocaram em tramitação milhares de novos projetos – 12.416, para ser específico, segundo números da plataforma InteliGov, de inteligência e m r e l a ç õ e s governamentais. Destes, só 331 – ou 2,6% do total – foram efetivamente aprovados e se tornaram leis. Maior parte das propostas parlamentares são arquivadas; índice salta para 56% quando se trata de medidas provisórias, apresentadas pelo governo. Maior exemplo de iniciativa legislativa do Palácio do Planalto, as medidas provisórias têm um índice de sucesso incrivelmente mais alto: foram aprovadas noventa das 159 (56,60%) das

apresentadas no mesmo período, da atual legislatura. A maior parte dos demais projetos, oriundos de parlamentares, deve ter outro destino: o arquivamento. Desde fevereiro de 2015, 544 propostas já foram arquivadas oficialmente – com a somatória, chega-se a 7% de projetos com alguma resposta definitiva. Entre as demais, todas aquelas que não tiverem, até dezembro, parecer favorável de ao menos uma comissão da Câmara, terão o mesmo destino, uma vez que o regimento da Casa prevê esse processo de renovação da pauta a cada nova leva de deputados que chega à Brasília. A partir de agora, com a aproximação do pleito de outubro, a tendência é que o r i t m o d i m i n u a sucessivamente. Em 2018, a

Câmara aprovou definitivamente apenas uma única norma jurídica: em 19 de fevereiro, foi admitido o decreto legislativo que autorizou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Antes, a última aprovação da Câmara havia sido em dezembro, quando passou a proposta da deputada Leandre (PV-PR), que definiu 2018 como o “Ano de Valorização e Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa” no Brasil. Em novembro, foram os projetos dos deputados Fernando Monteiro (PPPE) e Evandro Gussi (PVSP), que, respectivamente, alteraram as relações entre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a Caixa Econômica, e produziram mudanças na Política Nacional de Biocombustíveis.

Moro, trechos de delações da Odebrecht sobre o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato. A declaração de Dodge foi feita em Paris, onde a chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) cumpre agenda oficial sobre a cooperação com o Ministério Público francês a respeito de corrupção envolvendo os Jogos Olímpicos, entre outros casos. Segundo a procuradora, a PGR estuda como vai recorrer e aguarda a publicação do acórdão da decisão para definir “qual

recurso é cabível” e “qual é o limite da impugnação”. Raquel Dodge reiterou que o tema é “uma de suas prioridades no retorno ao Brasil” e que seu desejo é entrar com o recurso. “O ajuizamento está sendo estudado, assim como as possibilidades de haver recurso sobre o assunto. A minha expectativa é de que caiba um recurso e que nós consigamos apresentar um argumento cabível de ser examinado nessa fase processual e nessa situação”, completou Dodge, antes de reunião com a procuradora-geral francesa da Corte de Apelações, Catherine Champrenault.

Eleições 2018 Onde Marina foi doméstica, empregadas se dividem entre ela e Lula A história da seringueira que virou senadora e hoje almeja a Presidência da República pode ser inspiradora, mas não é garantia de voto. No Bosque — bairro de classe média de Rio Branco (AC), onde Marina Silva trabalhou como empregada doméstica na década de 70 —, as mulheres que hoje atuam no mesmo ofício e compartilham trajetórias de vida semelhantes à da pré-candidata ao Planalto pela Rede se dividem na hora de definir o favorito nas urnas. Nascida num seringal no interior de Rondônia, a empregada doméstica Tânia Tatiana da Costa vê com admiração a história de Marina e a escolheu nas duas últimas eleições presidenciais. No entanto, diz não saber se fará o mesmo em outubro deste ano: “Queria um político que olhasse mais para nós, empregadas domésticas”. Na zona eleitoral onde Tânia trabalha, Marina ficou em primeiro lugar nas eleições de 2014, com 56% dos votos válidos, dois pontos porcentuais a menos do registrado em toda Rio Branco. No Brasil, a candidata ficou com terceiro lugar no primeiro turno, com 21% dos votos, atrás de Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB).


6 TECNOLOGIA 01 a 07 de maio de 2018 fatos & notícias

O grande desafio do avião supersônico silencioso da Nasa Protótipo ficará pronto em 2021, mas a maior dificuldade é que a aeronave seja aceita nos aeroportos Unidos no ano seguinte. “A ideia é que a onda de choque seja muito pequena, graças à aerodinâmica e ao desenho”, afirma Miguel Ángel Barcala, diretor do Departamento de Aeronaves e Veículos Espaciais da Escola Aeronáutica da Universidade Politécnica de Madri (UPM). Ele afirma que o problema

Sob a fachada antiestética das siglas QueSST, esconde-se um projeto que pretende mudar os rumos da aviação civil. Pelo menos essa é a ambição da Nasa, que trabalha há tempos na Quiet S u p e r s o n i c Te c h n o l o g y (tecnologia supersônica silenciosa). O ruído limitava o voo do Concorde sobre as áreas povoadas. Se isso for corrigido, poderíamos fazer trajetos em avião na metade do tempo que são feitos agora. Para realizar essa meta, a Nasa se propôs a construir um protótipo que reduza a explosão sônica produzida quando um objeto ultrapassa a velocidade do som. A agência espacial norteamericana encomendou o projeto à empresa aeroespacial Lockheed Martin, que receberá 247,5 milhões de dólares (866 milhões de reais). O objetivo é construir um avião que, ao voar a 1.500 km/h, transmita apenas o ruído que escutamos ao fechar a porta de um carro. O X-Plane, como foi batizado pela Nasa, fica pronto em 2021 e começa a fase de testes sobre as cidades dos Estados

explosões sônicas perdem seu caráter trovejante. “Se o avião voa na estratosfera em velocidade supersônica, não percebemos. A onda de choque que ele pode levar, associada ao voo supersônico, não chega até ao solo porque é desfeita pela viscosidade da atmosfera”, explica Barcala. O maior problema estaria na

FOTO: DIVULGAÇÃO

do ruído não estará no voo supersônico. A Nasa prevê que o futuro protótipo voe a uma altitude de 16.700 metros, em plena estratosfera. A essa velocidade, as

decolagem e no pouso, quando o avião voará mais baixo e mais perto das áreas povoadas. As aeronaves supersônicas voam mal abaixo da velocidade do som, pois são projetadas para voar em altas

velocidades. Na decolagem e no pouso, portanto, não têm outra opção a não ser partir ou chegar à velocidade zero. “O problema desses aviões é que precisam de muita potência”, diz Barcala. “O avião supersônico se sustenta fundamentalmente por velocidade, pois suas asas costumam ser pequenas e oferecem pouca sustentação. “Assim, nas imediações dos aeroportos, onde o avião não tem velocidade supersônica, o ruído é enorme”. Por isso é que os caças aterrissam com o nariz muito levantado. O Concorde inclusive tinha um nariz que se inclinava para facilitar a visão do piloto durante o pouso. A potência dos motores garante a sustentação, que nos aviões convencionais é obtida planando com as grandes asas. Estas, no entanto, têm muito pouca superfície nos desenhos supersônicos, mais consagrados à velocidade. Em baixas velocidades, o avião da Nasa precisará que esse ruído seja inferior ao limite permitido por lei. Deve-se lembrar que as normas sobre poluição sonora nas zonas

aeroportuárias são cada vez mais exigentes. As regiões próximas dos aeroportos estão agora mais povoadas do que há algumas décadas. Já os aviões têm diminuído o barulho que produzem. Barcala resume o dilema técnico da aviação supersônica com uma chuva de conceitos entrecruzados: “Voar em velocidade supersônica é relativamente fácil; voar em subsônica, também. Mas um avião subsônico não pode voar em modo supersônico. E um avião supersônico pode voar em velocidade subsônica, mas com dificuldades”. De todo jeito, e embora o grande desafio esteja no voo subsônico, a Nasa tem pela frente um projeto que pretende exercer um grande impacto na indústria aeronáutica. Barcala acredita que esse tipo de iniciativa promove um salto tecnológico em geral. “Aparecem novos materiais, novos tipos de aviônica (eletrônica aplicada à aviação), motores e combustíveis. De alguma forma, nesses projetos o que se busca é que o setor aproveite esses avanços no futuro”, afirma.

Impressão 3D não é apenas um brinquedo crescido entre 30% e 40% ao ano. Na realidade, o termo impressão 3D é enganoso. Na produção aditiva – este é o termo técnico – não se trata de um processo de imprensa como nos tempos de Johannes Gutenberg e, sim, de modelagem, camada por camada. Em primeiro lugar, a peça desejada é FOTO: REPRODUÇÃO

O empresário Andreas Roser está diante de uma impressora 3D de última geração, num galpão de 800 metros quadrados, numa antiga área industrial em Lörrach, no estado de BadenWürttemberg. Para o alemão de 31 anos, diretor executivo da firma FabbIt, a técnica representa uma verdadeira revolução: "Muita gente acha que a impressão tridimensional é um brinquedo. Mas essa tecnologia consegue trabalhar com uma precisão de centésimos de milímetro". No momento, o construtor de ferramentas está imprimindo uma peça de plástico, de quatro por quatro centímetros. Ele apresenta um padrão reticulado, em filigrana e várias camadas, cuja produção só a técnica 3D permite. Embutida em fones de ouvido de alta qualidade, a peça impede que o barulho externo penetre. S e g u n d o R o s e r, é a l t a m e n t e interessante para a indústria fabricar peças de metal leves e ultraestáveis pelo processo tridimensional; em vez de, à maneira clássica, talhá-las a partir de blocos de metal ou fundi-las. A produção por esse método tem

projetada no computador, como modelo tridimensional. O software decompõe o modelo em camadas nanométricas e sucessivamente envia os dados de construção para a impressora. Raios laser, feixes de elétrons ou luz infravermelha derretem o pó de metal ou matéria plástica, transformando-o em material sólido. Quando uma camada está pronta, é aplicado mais pó, e a próxima camada é derretida. As máquinas de alto desempenho da

Fabb-It, por exemplo, são capazes de modelar tridimensionalmente quase 90 materiais, incluindo titânio e madeira. Sempre que se trata de modelos complexos, a técnica de impressão tridimensional é especialmente bemvinda, sobretudo na construção de máquinas, automóveis e aviões, arquitetura e design. Da impressora 3D saem tanto joelhos artificiais quanto suportes para os batentes das portas do Airbus A350 – tão estáveis quanto os exemplares de metal fundido, porém 60% mais leves, resultando em economia de combustível na aviação. O setor de impressão 3D está prestes a entrar para o mercado de massa: para 2018, a consultoria empresarial americana Wohlers Associates calcula um faturamento global de cerca de 12 bilhões de euros, e em 2021, 17 bilhões de euros. Hoje, vítimas de acidentes e de doenças já se beneficiam de próteses impressas de alta precisão, para substituir, por exemplo, ossos do crânio ou cartilagem da orelha. Recentemente, especialistas em materiais da Universidade de Chicago

conseguiram produzir na impressora 3D um substituto ósseo artificial, a partir de minerais dos ossos e plástico biocompatível. Vários clientes de

Roser vêm da área da tecnologia médica. Entre outros artigos, a Fabb-It produz órteses sob medida para a coluna vertebral. "Quem já teve que ficar engessado,

sabe: debaixo de uma superfície fechada, sempre coça, é desagradável. Por isso fabricamos uma órtese orgânica, biônica".


01 a 07 de maio de 2018

CIÊNCIA 7 fatos & notícias

Evidências de que Encontrado o cemitério o reino bíblico de do maior sacrifício de crianças da história Davi existiu De acordo com pesquisadores, mais de 140 esqueletos infantis estão enterrados no sítio arqueológico de Huanchaquito-Las Llamas, localizado em Trujilo, no Peru

FOTO: GABRIEL PRIETO/NATIONAL GEOGRAPHIC

FOTO: SKY VIEW AND GRIFFIN AERIAL IMAGING/ TEL 'ETON ARCHAEOLOGICAL EXPEDITION

Todo mundo que tem um pouco de familiaridade com a Bíblia já deve ter escutado falar da famosa disputa entre Davi e Golias. Um jovem pastor de Belém que derrotou o gigante filisteu para conquistar a confiança do rei hebreu Saul, se tornando imperador entre os séculos 11 e 10 a.C, unindo o povo de Israel. Nas últimas décadas, porém, cada vez mais pesquisadores começaram a questionar a real existência do Reino de Davi. Afinal, não haviam evidências de construções reais no local onde o reino deveria ter sido erguido. Assim, concluíram que os governadores locais, naquele tempo, controlavam apenas a região de Jerusalém e as redondezas. Nada parecido com um grande e unido reino. O mais parecido com isso

POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL

era a “Residência do Governador”, uma construção que foi destruída no século VIII diante da invasão Assíria. As ruínas, porém, resguardam características da arquitetura típica dos povos de Israel, sem influência dos Filisteus, por exemplo, o que indica que só foi construída muitos séculos depois do Reino de Davi. Um estudo recémpublicado pelos arqueólogos prof. Avraham Faust e dr. Ya i r S a p i r, n o j o r n a l Radiocabon, dá sobrevida à ideia da existência do reino. “Surpreendentemente, as datas de radiocarbono da fundação que foi colocado abaixo do piso indicam que o edifício já havia sido erguido no século 10 a.C., entre o final do século 11 e o terceiro quarto do século 10 a.C.”, afirma Faust.

S e g u n d o o s pesquisadores, o engano foi causado pelo que conhecemos como “efeito casa velha”, no qual uma construção antiga existe por muitos séculos, porém guardam registros somente de sua última fase. “As fases anteriores são dificilmente representadas nas pesquisas, pouco estudadas e raramente publicadas”, diz o estudo. Apesar do achado, ainda é pouco para garantir a existência real de um Reino de Davi, mas serve como um alerta para os arqueólogos de todo o mundo. “Nós sugerimos que o efeito casa velha influencia i n t e r p r e t a ç õ e s arqueológicas em todo o mundo, e é também responsável pelas recentes tentativas de rebaixar a complexidade social na Judá”, conclui a publicação.

Surpreendente e bizarro são duas palavras que servem para descrever uma nova descoberta no Peru, mais precisamente na cidade de Trujillo. Ali, no sítio arqueológico de Huanchaquito-Las Llamas, foram encontrados mais de 140 esqueletos de crianças e de 200 lhamas jovens, mortos e enterrados em um improvisado cemitério. Os ossos começaram a aparecer nas dunas da região em 2011 e, a partir de então, alguns arqueólogos da Universidade Nacional de Tr u j i l l o ( P e r u ) e d a Universidade de Tulane (Estados Unidos) começaram a escavar para descobrir o que havia ali. Foi somente em 2016 que o time concluiu a análise de campo. De acordo com os autores do estudo, os corpos foram mortos e enterrados entre os anos

1400 a 1450. A grande quantidade de esqueletos (e a presença de lhamas) os levam a crer que a situação tenha se tratado de um sacrifício de crianças – o maior de toda a história. O sítio arqueológico de Huanchaquito-Las Llamas está próximo ao que antes foi a capital do Império Chimú, liderança que governou o território de 965 quilômetros de extensão ao longo da costa do Pacífico entre os séculos X e XV, intervalo de tempo em que está inserido a data de morte das crianças e lhamas. Segundo os arqueólogos, as crianças enterradas tinham idades entre 5 a 14 anos e foram marcadas com um pigmento vermelho à base de cinábrio (nome popular para sulfeto de mercúrio) em seus rostos durante a cerimônia de sacrifício. Todas elas e

também as lhamas traziam o tórax aberto, possivelmente para a remoção de seus corações. Os restos de uma mulher e um homem adultos também foram encontrados pelas proximidades. Ao que as análises indicam, ambos com marcas de traumas na cabeça, o que pode ser uma pista de que participaram da cerimônia antes de serem “despachados”. Algumas marcas de derrapagem no solo também foram achadas próximo às lhamas – talvez um indício de que elas tivessem tentado fugir. Apesar de tantos sacrificados, os pesquisadores acreditam que tudo fez parte de um único ritual, de forma que o acontecimento ganhou o posto de maior sacrifício de crianças feito em toda a história do mundo.


8SAÚDE

fatos & notícias

01 a 07 de maio de 2018

Pesquisadores criam dispositivo para eliminar tremores do Parkinson Estudiosos chilenos apresentaram dispositivo capaz de eliminar o tremor das mãos sem necessidade de operações e remédios FOTO: OCSKAYMARK/THINKSTOCK

Um jovem grupo de pesquisadores chilenos, liderado pelo engenheiro Felipe Nagel, apresentou seu último trabalho, “Grace”. Um dispositivo capaz de eliminar o tremor das mãos associados ao mal de Parkinson e ao tremor essencial sem necessidade de operações nem fármacos. O projeto, apresentado pela Fundação Imagem do Chile, se encontra em sua fase final, na qual a equipe procura aperfeiçoar o seu funcionamento, reduzir seu tamanho e aumentar sua autonomia antes de lançá-lo no mercado americano, onde já têm a patente registrada. Em entrevista à Agência Efe, Nagel explicou que a motivação para iniciar esta pesquisa nasceu das conversas que teve com seu pai, um ex-cirurgião, que teve que deixar as salas de c i r u rg i a a o s e r diagnosticado com tremor essencial. Esta doença costuma ser mal diagnosticada como Parkinson, já que têm efeitos similares, apesar de ser oito vezes mais comum. Os afetados sofrem de movimentos e tremores

involuntários que fazem com que ações diárias como comer, beber ou abotoar uma camisa se transformem em tarefas muito complicadas, que no caso do Parkinson se somam a uma forte sensação de rigidez muscular. No Chile, não existem estudos atualizados e específicos sobre a extensão destas doenças, indicou Nagel, embora segundo seus números 0,4% da população sofra da doença, o que representa cerca de 400 mil pessoas. É o caso de Daniela Torrejón, que apesar de ser jovem – acaba de completar 25 anos – convive há mais de dez anos com esta desconhecida patologia, algo que, segundo confessa, mudou totalmente sua forma de pensar e de se relacionar com o mundo. “Aos 13 anos, tive que aprender a escrever e comer de novo. Tentei muitos tratamentos e fármacos, mas todos tinham graves efeitos colaterais e deixei de consumi-los. Foi então quando conheci Felipe e comecei a colaborar com a equipe”, disse Daniela à Efe.

“Grace”, detalhou Nagel, consiste em um pequeno dispositivo parecido com um celular do qual saem vários eletrodos que são colocados sobre os músculos, principalmente do antebraço, que enviam sinais que ajudam o usuário a controlar os movimentos involuntários. O primeiro período de testes obteve resultados “promissores”, nas palavras dos pesquisadores, já que conseguiu reduzir entre 80% a 100% a amplitude

dos tremores em um grupo de 30 pessoas que sofrem tanto de tremor essencial quanto de Parkinson, além de reduzir a rigidez muscular nestes últimos. No entanto, o engenheiro admitiu que ainda é preciso continuar aperfeiçoando o modelo, razão pela qual iniciaram os trâmites para colaborar diretamente com o Centro de Transtorno do Movimento do Chile (Cetram). Com o apoio clínico desta instituição, a equipe poderá

trabalhar diretamente com os pacientes do centro e obter mais dados que os ajudem a testar a efetividade do dispositivo e a melhorar tanto o seu desenho quanto a autonomia. Neste sentido, Daniela destacou a necessidade de “Grace” ser “cômodo e harmonioso”, para que não seja visto como “algo estranho” que faça com que as pessoas olhem e pensem: “pobrezinha, está doente”. Nagel seguiu tais indicações de perto e grupo

de pesquisadores passou a se concentrar em desenvolver um dispositivo efetivo, mas também portátil, fácil de usar e não invasivo. Uma meta que parece cada vez mais próxima, já que, segundo explicou Nagel, o primeiro protótipo comercializável estará disponível possivelmente em meados de 2019 e terá um custo aproximado de US$ 1.000, um preço muito inferior ao das cirurgias associadas a estas doenças. “É muito emocionante ver como os pacientes encontram no “Grace” algo que não existe no mercado e que lhes permite recuperar sua vida diária. Muitos deles admitem que perderam a capacidade de aproveitar momentos tão singelos como sair para comer ou tomar algo”, disse o jovem engenheiro. Daniela concluiu, visivelmente emocionada que, para ela, utilizar o dispositivo foi “uma experiência única”, que lhe permitiu controlar o tremor e escrever “uma linha reta”, algo que não conseguia fazer havia mais de dez anos.

Atendimento com hora marcada reduz tempo de espera na Farmácia Cidadã de Vitória Para os usuários da Farmácia Cidadã de Vitória, o primeiro semestre de 2018 trouxe mudanças no atendimento no local. É que os usuários da unidade passaram a ser atendidos com dia e hora marcados, o que reduziu o tempo de espera que era de aproximadamente uma hora e meia para 45 minutos. Até dezembro de 2017, o atendimento na unidade era feito apenas com a marcação do dia. Agora, com o agendamento, o paciente é informado sobre o dia em que seu atendimento será realizado e o intervalo de horário em que poderá chegar ao local.

Eles também são orientados a chegar à Farmácia com 10 minutos de antecedência para evitar transtornos. Já os usuários que chegam fora do intervalo de tempo estabelecido, caso queiram aguardar, são atendidos ao final do dia mediante horário disponível. Com a mudança, de janeiro até o dia 25 de abril, foram realizados 29.560 atendimentos dentro do horário agendado na unidade. De acordo com gerente Estadual de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Gabrieli Fernandes Freitas, nos primeiros meses de

atendimento nesse novo sistema, a unidade tem recebido elogios. “É um sistema que ajuda a organizar o atendimento e oferece mais conforto tanto para os pacientes quanto para os farmacêuticos que trabalham no local. Nesse novo modelo são atendidas, em média, 300 pessoas por dia na unidade”, disse Gabrieli. Ela explicou ainda que o sistema começou a ser implantado em outubro do ano passado e o funcionamento iniciado em janeiro. Esse prazo de três meses, segundo Gabrielli, foi necessário para organizar os agendamentos já que há pacientes que vão ao local

mensalmente e outros apenas a cada três meses. “A ideia é expandir esse modelo de atendimento para Farmácia Cidadã Estadual da Serra e depois nas demais unidades. Não queremos que nossos pacientes fiquem em filas, e buscamos oferecer cada vez mais qualidade no atendimento”, disse Gabrieli. Em relação às faltas, a coordenadora das Farmácias Cidadãs Estaduais, Laís Frigini Postay, explicou que o percentual representa uma média de 15% dos agendamentos. “As pessoas são agendadas e não comparecem no dia do

atendimento, e ligam somente depois da data pedindo para remarcar. Isso é ruim, pois outros pacientes deixam de ser atendidos”, destacou. Laís ressaltou que para o sistema funcionar em sua plenitude é necessário que o paciente que não puder comparecer desmarque o atendimento para que novas vagas sejam abertas. A Central de Atendimento telefônico da Farmácia Cidadã Estadual atende pelos telefones (27) 3636-8417 ou (27) 3636-8418.


01 a 07 de maio de 2018

SAÚDE 9 fatos & notícias

Cientistas descobrem que algumas bactérias se alimentam de penicilina Entender este processo ajudará a combater, mediante o desenvolvimento de novos fármacos, a propagação das bactérias resistentes aos antibióticos FOTO: THINKSTOCK

Um grupo de cientistas dos Estados Unidos descobriu que certos tipos de bactérias não só são resistentes à penicilina, mas a utilizam para se alimentar, segundo um estudo publicado pela revista “Nature Chemical Biology”. A equipe dirigida por Gautam Dantas, da Universidade de Washington na Escola de Medicina de Saint Louis (Missouri), examinou como estes micróbios são capazes de decompor a penicilina a fim de usar algumas de suas partes como sustento. Entender este processo a j u d a r á a c o m b a t e r, m e d i a n t e o desenvolvimento de novos fármacos, a propagação das

bactérias resistentes aos

antibióticos, que põem em

perigo a saúde dos animais e

das pessoas. Os autores explicaram que existem micróbios que sobrevivem na presença de antibióticos, por exemplo os que habitam em solo contaminado, e são capazes de se propagar com facilidade. Outros micróbios levam também esta habilidade “além”, ao utilizar estes antibióticos como alimento. A equipe americana identificou as enzimas e os genes que permitem a estas bactérias, que vivem em lodaçais, decompor a penicilina em partes que podem utilizar para se nutrir. O s c i e n t i s t a s comprovaram que, primeiramente, as bactérias

inativam a penicilina através da enzima Blactamatose, uma estratégia comum entre os micróbios. No entanto, estas bactérias “ c o m e d o r a s d e antibióticos” contam, além disso, com enzimas especiais que as ajudam a decompor ainda mais a penicilina, a fim de aproveitar certas partes como “combustível”. Os autores concluíram que as enzimas e os genes identificados neste estudo poderiam ser usados para sintetizar novos antibióticos, limpar terrenos e áreas contaminadas e detectar de forma antecipada a propagação da resistência a antibióticos.

Campanha de vacinação quer imunizar 115 mil índios em todo o País FOTO: DIVULGAÇÃO

A ação faz parte da Semana Mundial de Vacinação, promovida pela OMS, e abrange 1.012 comunidades e 138 etnias indígenas

O Ministério da Saúde quer imunizar cerca de 115 mil índios

que vivem aldeados em regiões de todo o País – sobretudo em áreas

de difícil acesso e c o m b a i x a s coberturas vacinais. Até 20 de maio, serão oferecidas todas as doses previstas no Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas. A campanha de multivacinação faz parte da Semana M u n d i a l d e Va c i n a ç ã o , promovida pela Organização Mundial da Saúde, e abrange 1.012 comunidades e 138 etnias indígenas. Participam da ação mais de dois mil profissionais que c o m p õ e m e q u i p e s

multidisciplinares de saúde indígena, inclusive agentes indígenas de saúde e de saneamento. De acordo com o ministério, em março, profissionais dos 34 distritos sanitários especiais indígenas se reuniram em Brasília para avaliar as ações realizadas em 2017. Também foi feito um planejamento de atividades para a edição 2018, com o objetivo de aprimorar as ações de imunização

e a vigilância epidemiológica em áreas indígenas. “É uma ação complexa por diversos fatores: como a diversidade cultural, dispersão geográfica, rotatividade dos recursos humanos contratados, dificuldade na coleta, registro e análise dos dados e a necessidade de acondicionamento, conservação e transporte dos imunobiológicos em condições especiais”, informou o ministério.


10 GERAL fatos & notícias

01 a 07 de maio de 2018

Abertas inscrições Maior estufa do mundo

para seleção de livros voltará a abrir as portas de autores capixabas em Londres FOTO: REPRODUÇÃO

Com mais 10 mil plantas de 1,5 mil espécies, a maior estufa do mundo é reaberta em Londres, após restauração de cinco anos FOTO: CHRIS J RATCLIFFE/GETTY IMAGES

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) publicou o edital para análise e seleção de 20 obras literárias de autores capixabas, que serão destinadas às escolas de Educação Infantil e de anos iniciais do Ensino Fundamental das redes estadual e municipais de ensino participantes do Pacto Pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes). Serão 2.885 exemplares – por título – a serem distribuídos para as unidades escolares. As inscrições começaram na última sexta-feira (27) e seguem até o dia 28 de maio, e deverão ser diretamente protocoladas na Unidade Central da Sedu, das 8h às 18h, ou por meio dos Correios, desde q u e e n v i a d a s , exclusivamente, com Aviso de Recebimento (AR). Para este procedimento serão consideradas a data e a hora da postagem. Somente serão aceitas inscrições de obras cuja

última publicação tenha sido feita a partir do ano 2000, podendo apenas uma obra por autor. No ato da inscrição, os autores deverão entregar três exemplares da obra inscrita, devidamente embalados e i d e n t i f i c a d o s , externamente, com título, editora e categoria a que pertence. Além disso, também será necessário entregar a ficha de inscrição preenchida com a categoria da obra e nível de ensino a que se destina, incluindo dados pessoais e demais informações técnicas sobre o livro.

Seleção Serão selecionadas obras literárias em verso, tais como poema, cantiga, trava-língua e outros; em prosa, como pequenas narrativas, textos de tradição popular, fábulas, lendas e mitos; e livros ilustrados, de imagens e histórias em quadrinhos, a d e q u a d o s a o

desenvolvimento da leitura dos estudantes da Educação Infantil e aos anos finais do Ensino Fundamental. As obras serão avaliadas e selecionadas pela Comissão de Análise de Livros Literários da Sedu, seguindo os seguintes critérios: qualidade do texto, avaliação pedagógica da obra e projeto gráfico. Os títulos das obras selecionadas e os nomes de seus autores serão divulgados no site www.educacao.es.gov.br. Após o resultado, o candidato que desejar interpor recursos contra a decisão final da avaliação de sua obra terá dois dias para fazer a ação, contados a partir da publicação do resultado do processo de seleção no Diário Oficial do Espírito Santo (DIO). O autor deverá ser claro, consistente e objetivo, caso contrário o pedido será indeferido.

A maior estufa do mundo voltará a abrir suas portas no Jardim Botânico de Kew, em Londres, no próximo sábado (5), após uma restauração integral que durou cinco anos, segundo um comunicado. O Kew Temperate House é uma estufa vitoriana de vidro que fechou para ser submetida a uma modernização na qual foram usados mais de 5.280 litros de tinta, quantidade suficiente para cobrir quatro campos de futebol, e onde foram substituídos 15 mil painéis de vidro. O recinto abriga mais de 10 mil plantas, ordenadas geograficamente, provenientes de climas temperados de todo o mundo, com amostras extraordinárias de espécies ameaçadas que poderão sobreviver no jardim da capital britânica.

Entre as 1,5 mil espécies de plantas, poderá ser encontrada uma Encephalartos woodii sulafricana, quase desaparecida no mundo selvagem, que recebeu o apelido da “planta mais solitária do mundo”, já que só sobrevive um exemplar macho clonado do original, que chegou ao Reino Unido no século XIX. Scott Taylor, horticultor chefe da coleção, indicou que ainda estão buscando fêmeas da planta para que possa se reproduzir e afirmou que o fundamental é manter todas estas espécies com vida e assegurar que as plantas em perigo não desapareçam. “ Te m o s u m a t a r e f a importante em manter todas estas espécies”, disse Taylor à BBC. A reforma custou 41 milhões de libras (US$ 55,8

milhões) e também supôs a reparação, limpeza e supressão de 69 mil elementos individuais da estrutura, segundo a informação do Jardim Botânico. O naturalista David Attenborough, que recentemente dirigiu um documentário com a rainha Elizabeth II nos jardins do Palácio de Buckingham, afirmou à BBC que “costumava vir aqui aos finais de semana e tomar ar” cada vez que o trabalho no escritório lhe deprimia, ao mesmo tempo que acrescentou que “havia um cheiro de trópico”. “As espécies de plantas podem se extinguir da mesma forma que os animais (…), portanto esta instituição é muito importante”, concluiu.


COMPORTAMENTO 11

01 a 07 de maio de 2018

fatos & notícias

Mulheres dominam o júri do Festival de Cannes FOTO: AFP/ARQUIVOS

O júri do Festival de Cannes 2018 (da esquerda para direita, de cima para baixo): Cate Blanchett (presidente), Khadja Nin, Chang Chen, Ava DuVernay, Denis Villeneuve, Andrei Zvyagintsev, Léa Seydoux, Robert Guediguian e Kristen Stewart Um júri majoritariamente feminino, presidido pela atriz australiana Cate Blanchett e com as presenças das atrizes Kristen Stewart e Léa Seydoux, definirá o vencedor da F Palma de Ouro, na primeira edição do Festival de Cannes, desde as revelações de assédio sexual no mundo do cinema e do escândalo Weinstein. “Diante de uma competição com um perfil renovado, que apresenta cineastas que comparecem pela primeira vez, o júri da próxima edição do Festival de Cannes

convida cinco mulheres, quatro homens, de sete nacionalidades de cinco continentes”, anunciou o festival em um comunicado. No júri, a atriz americana Kristen Stewart (“Crepúsculo”) e a francesa Léa Seydoux (“Azul é a Cor Mais Quente”) estarão ao lado do diretor c a n a d e n s e D e n i s Vi l l e n e u v e (“Blade Runner 2049”), do francês Robert Guédiguian (“A Cidade Está Tranquila”) e da diretora americana Ava DuVernay (“Selma”), além do ator taiwanês Chang Chen, da cantora Khadja Nin (Burundi) e do

diretor russo Andrei Zviaguintsev, vencedor do Prêmio do Júri no ano passado por “Sem Amor”. Cate Blanchett, que sucede como presidente do júri o cineasta O espanhol Pedro Almodóvar, será a 12ª mulher a comandar o júri em 71 edições do festival e a primeira desde Jane Campion, em 2014. A atriz de 48 anos, vencedora do Oscar, foi uma das primeiras celebridades a tomar posição contra o produtor Harvey Weinstein, acusado desde outubro do ano passado por agressão e estupro por

várias mulheres, sobretudo atrizes. “Após o escândalo Weinstein, o mundo não será o mesmo, o Festival de Cannes não será o mesmo”, afirmou na semana passada o diretor geral do evento, Thierry Frémaux, ao anunciar a seleção oficial de filmes. Ele prometeu ainda a presença de organizações de apoio às mulheres. A competição oficial terá três diretoras (contra 15 homens): a francesa Eva Husson, a italiana Alice Rohrwacher e a libanesa Nadine Labaki, um número menor

que o registrado em 2011, por exemplo, quando quatro mulheres disputaram a Palma de Ouro. Após o anúncio dos filmes que disputarão a Palma de Ouro na semana passada, das produções da Semana da Crítica na segunda-feira e da Quinzena do Realizadores na terça-feira, a revelação dos integrantes do júri era o último passo para o festival, que começará em 8 de maio. O filme de abertura do festival será “Todos lo saben”, do iraniano Asghar Farhadi, rodado em espanhol e protagonizado por Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín. A mostra oficial ainda pode receber mais filmes, como “The House that Jack Built”, de Lars von Trier, com Uma Thurman e Matt Dillon, afirmou Thierry Frémaux. O presidente do Festival, Pierre Lescure, “trabalhou nos últimos dias para retirar o status de persona non grata” do cineasta dinamarquês, que em 2011 causou polêmica em Cannes ao afirmar “entender Hitler”. Depois o diretor pediu desculpas. A imprensa especializada também cita a possibilidade de “High Life”, da francesa Claire Denis, com Robert Pattinson, Patricia Arquette e Juliette Binoche, ser incluído na disputa pela Palma de Ouro. O Festival de Cannes também tenta atrair a Netflix, que se recusa a participar do evento porque seus filmes não podem participar das mostras competitivas. O anúncio dos vencedores do festival está previsto para 19 de maio.


ECONOMIA 12 fatos & notícias

01 a 07 de maio de 2018

Programa Rota 2030 está '99% pronto', dizem fontes do governo

O Rota 2030, novo programa de estímulo ao setor automobilístico, está “99% pronto”, informaram, na quinta-feira (03), fontes do governo. A expectativa é que o texto final com a nova regulamentação seja fechado nesta sexta-feira (04) e o programa possa ser oficialmente anunciado na próxima semana. Na quinta-feira, as arestas que ainda restavam entre os Ministérios da Fazenda e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) foram aparadas numa reunião com o presidente Michel Temer. Ele entrou nas discussões no mês passado, depois que as divergências entre as duas pastas chegaram ao ponto de travar a elaboração do Rota 2030. O principal ponto de disputa era o incentivo fiscal a ser oferecido às montadoras que fizerem investimentos e m p e s q u i s a e desenvolvimento (P&D). Uma primeira minuta da

regulamentação do novo programa foi apresentada na quinta-feira a Temer. Segundo fontes, ainda há pontos em aberto. Por exemplo, os compromissos que as montadoras precisam honrar para ter acesso ao incentivo fiscal. O MDIC vinha defendendo que a exigência de gasto mínimo de 1,2% da receita operacional bruta em P&D fosse reduzido. Esse investimento em pesquisa define o tamanho do incentivo. Na quinta, discutiu-se a produção de modelos híbridos como uma possível contrapartida ao benefício. Fontes que estão participando das discussões nas últimas semanas disseram que haverá incentivo anual de cerca de R$ 1,5 bilhão, mas neste ano o valor deverá ser menor.

Tributos Outro ponto que ainda

dividia as duas pastas era a forma como o incentivo será usado. A ideia é converter os gastos em P&D, “turbinados” por um multiplicador, num crédito tributário, que poderia ser utilizado para pagar Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O problema é que esses tributos só são pagos quando a empresa tem lucro e as montadoras alegam que sua lucratividade caiu. A solução seria permitir o aproveitamento dos créditos por alguns anos à frente. Havia divergência quanto a esse prazo. Mas, após a reunião com M i c h e l Te m e r, f o n t e s informaram que o texto está praticamente concluído. A reunião desta sexta, que será coordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tratará apenas de detalhes da nova regulamentação. A linha geral já está definida, segundo fontes.

Safra brasileira de cana em 2018/2019 deve atingir mais de 600 milhões de toneladas A produção total de cana-de-açúcar na safra 2018/19, iniciada oficialmente em 1º de abril passado, está estimada em 625,96 milhões de toneladas, o que corresponde a uma redução de 1,2% em relação à safra 2017/18 (633,26 milhões de t). Os dados fazem parte do 1º Levantamento da Safra 2018/2019 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na quinta-feira (3). Conforme a Conab, a área colhida está estimada em 8,61 milhões de hectares, com queda de 1,3%. "A menor área derivou do desempenho da Região Centro-Sul (-1,5%), particularmente de São Paulo. O maior produtor nacional deverá ter uma redução na área de 118,6 mil hectares, resultante, em grande parte, da devolução de inúmeras propriedades arrendadas ou pela rescisão de contrato com fornecedores, sobretudo, aqueles com áreas mais distantes da unidade de produção e/ou com baixos rendimentos", informa a estatal, no boletim. Em Goiás, segundo produtor nacional, as áreas de expansão para a cultura estão a cada safra se tornando mais escassas, principalmente aquelas próximas às usinas de esmagamento. No entanto, nas áreas onde se observa a

FOTO: EDITORA GLOBO

renovação, essa prática está sendo realizada com a utilização de novas variedades mais produtivas, informa a Conab. A área colhida deve ser semelhante à safra passada, estimada em 909,8 mil hectares. "Se confirmada, será a segunda queda consecutiva na área a ser colhida", diz a Conab sobre o plantio de cana em 2018/2019. As Regiões Norte, Sul e Sudeste devem ter redução na área, enquanto a Região Centro-Oeste e a Sudeste devem manter a área total a ser colhida. A produtividade média estimada para a temporada 2018/2019 é de 72.671 kg/ha, bem próxima da alcançada nas duas últimas safras, que foi de 72.623 kg/ha na safra 2016/2017 e 72.543 kg/ha na safra 2017/2018. "O envelhecimento das lavouras, a baixa taxa de renovação, a falta de investimento em algumas regiões e a redução do pacote tecnológico têm mantido as médias brasileiras inferiores a 80.000 kg/ha", explicam os técnicos da Conab. A pesquisa mostra, ainda, que a melhoria na qualidade

da cana-de-açúcar motivou o aumento de 1,4% na produção total de etanol, que deverá atingir 28,16 bilhões de litros. Entre outros motivos, a opção pelo combustível seria por causa da queda dos preços do açúcar no mercado internacional. No caso do etanol anidro, usado na mistura com a gasolina, o aumento é de 7% na p r o d u ç ã o , p a r a 11 , 8 6 bilhões de litros, "com elevação justificada pelo maior consumo de gasolina que vem persistindo nos últimos anos". Já a produção de etanol hidratado, que é o próprio álcool biocombustível nas bombas dos postos, deverá ser de 16,3 bilhões de litros, com uma queda de 2,3% (menos 380,38 milhões de litros). Como consequência do aumento do etanol, a produção de açúcar deverá ficar em 35,48 milhões de t, ou seja, uma retração de 6,3%, em comparação com a safra 2017/18 (37,87 milhões de t), como reflexo da maior produção mundial do alimento, segundo a Conab.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.