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Distribuição Gratuita FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Ano VIII - Nº 267 01 a 07 de outubro/2018 Serra/ES
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Como nasceu o primeiro sistema de transporte coletivo do mundo Pág. 12
FOTO: BRASIL.GOV.BR
DESERTIFICAÇÃO
Escritor indígena é reconhecido em prêmio de literatura Pág. 3
FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET
Seca prolongada no Nordeste do País pode tornar esse cenário cada vez mais comum no futuro, se não for contido o aquecimento global, alertam cientistas Pág. 2
Após construção de hidrelétricas oferta de peixes cai no Rio Madeira Pág. 11
BNDES capta US$ 100 milhões para energia renovável Pág. 2
Só 3,3% dos jovens brasileiros querem ser professores Pág. 4 Benefícios do FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET
RAFAELA RANGEL
A hora do lanche da criançada Pág. 9
HAROLDO CORDEIRO FILHO
Por que há tantos desempregados no Brasil? Pág. 11
ANA LUCIA BERNARDO CORDEIRO
As surpresas e os desafios de amar Pág. 10
café comprovados pela ciência Pág. 7
2fatosMEIO AMBIENTE & notícias
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BNDES capta US$ 100 Aquecimento eleva risco de deserticação milhões para energia no Nordeste renovável FOTO: REPRODUÇÃO/iSTOCK.COM
FOTO: PAULO DE ARAÚJO/MMA
Comunidade recupera nascente no alto sertão de Sergipe. Lama foi retirada e agora minam 145 litros de água/hora
Os sete anos consecutivos de seca no Nordeste do País são um recorde desde que o volume de chuvas na região começou a ser medido, em 1850. Cerca de 1.100 municípios foram afetados, atingindo mais de 20 milhões de pessoas. Inédito nos registros históricos, esse cenário pode se tornar cada vez mais comum no futuro se não for possível conter o aquecimento global. O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores brasileiros liderado por José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que estimou os impactos das mudanças climáticas no Nordeste até o final do século. Num pior cenário, em que o mundo não consiga cumprir o Acordo de Paris – que estabelece esforços de todos os países para conter o aumento da temperatura a menos de 2°C até o final do século – e o aquecimento passe de 4°C, pode ocorrer uma tendência acentuada de aridização da região. Com o clima mais quente, a área em condições de seca extrema pode alcançar metade da região. “No pior ano de seca do período recente, em 2012, a área que ficou em condição de seca extrema foi de cerca de 2%. Até o final do século, em um cenário de 4°C,
51% poderiam ser afetados por essas secas extremas”, disse ao Estado o climatologista Carlos Nobre, um dos autores do estudo. Nesse processo, regiões hoje cobertas por vegetação típica do Cerrado, como se observa em parte do Maranhão, do Piauí e da Bahia, podem se tornar Caatinga. E até mesmo áreas de Mata Atlântica poderiam se transformar em semiáridas. De acordo com os autores, secas hoje consideradas intensas seriam a norma já na segunda metade do século. “Se não tivermos sucesso com o Acordo de Paris, podemos ver uma expansão da região semiárida, com alguns locais sujeitos a secas muito intensas”, complementa Nobre. A pesquisa avalia ainda os impactos sobre o processo de desertificação, que já ocorre na região independentemente das mudanças climáticas, e tem a ver com a retirada da vegetação nativa – a Caatinga. Sem ela, o solo fica exposto e sujeito a erosões quando vem a chuva. “Isso tira a camada superior e resta somente um solo rico em metais. E aí pode chover o quanto for, que a vegetação não volta. Com as mudanças climáticas, essas condições para a desertificação podem aumentar”, diz o pesquisador. Para o combate do processo de desertificação, o ministério
deu início, no começo do ano, a u m p r o j e t o d e implementação das chamadas Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas (Urads). “Antes das mudanças climáticas, vamos acabar expulsos daqui por causa da degradação do solo. Os efeitos da desertificação já são deletérios”, comenta Valdemar Rodrigues, diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável e de Combate à Desertificação do MMA. Pensando nisso, ele elaborou um plano, executado em parceria com ONGs locais, de recuperar a vegetação e nascentes, criar mecanismos de adaptação e oferecer uma alternativa econômica para as comunidades que vivem em áreas em vias de desertificação. Segundo Rodrigues, hoje há 12 Urads em andamento em seis Estados (MA, PI, CE, PE, BA e SE). Cada uma envolve 30 famílias. Até o momento foram investidos R$ 4,5 milhões. O projeto inicial foi feito no Sergipe. No assentamento Florestan Fernandes, em Canindé de São Francisco, no alto sertão do Estado, por exemplo, os moradores conseguiram recuperar uma nascente. Toda a lama que passou a entupir a nascente ao longo dos anos de erosão foi retirada e hoje minam do local 145 litros de água por hora. “Estamos rompendo a dependência de carro-pipa”, diz Rodrigues. Para evitar que o assoreamento ocorra novamente, os moradores constroem barragens e cordões de pedra ao redor das nascentes. Assim, impedem que o barro e outros detritos sejam carregados com a chuva.
Floresta nativa da Mata Atlântica O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os bancos Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Mizuho Bank, Ltd e The Bank of Saga Ltd. firmaram no último dia 19, no Rio de Janeiro, contrato de financiamento no valor de US$ 100 milhões. A operação foi realizada no âmbito da linha Global Action for Reconciling
Economic Growth and E n v i r o n m e n t a l Preservation (Green), que apoia projetos voltados à preservação do meio ambiente global, promovendo a redução da emissão de gases do efeito estufa e a geração de energia a partir de fontes renováveis. Os recursos deverão ser aplicados em projetos da carteira do BNDES de e n e rg i a e ó l i c a , s e n d o
Parceria Desde os anos 50 do século passado, o BNDES opera em parceria com organismos multilaterais e agências governamentais para diversificar e ampliar sua fonte de recursos para financiamentos. O relacionamento entre o BNDES e o JBIC começou em 1962 e, desde então, outros 17 contratos entre as duas instituições já haviam sido assinados. O JBIC foi criado em 1999, a partir da fusão do The Export-Import Bank of
Japan (J-Exim) e do The Overseas Economic Cooperation Fund (OECF), como uma instituição financeira integralmente controlada pelo Estado japonês. Além de contribuir para o desenvolvimento do Japão, tem o mandato de
elegíveis também investimentos em geração de energia renovável a partir de outras fontes, como biomassa e solar, por exemplo. O contrato de captação é o quinto firmado entre o BNDES e o JBIC, o banco de desenvolvimento japonês, no âmbito da linha Green. Os quatro primeiros foram assinados em 2011, 2014, março de 2015 e dezembro de 2015.
contribuir também para o desenvolvimento sustentável dos países estrangeiros, fortalecendo, assim, as relações econômicas entre o Japão e a c o m u n i d a d e internacional.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 3080-0159 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18
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"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"
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CULTURA 3
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Quem inventou Escritor indígena ganha
RE P
RO D
UÇ ÃO
que as letras fossem aumentadas. O que mais tarde seria chamado de lupa, na época foi chamado de “pedra de leitura”. Eles estavam se baseando nas teorias do matemático árabe Alhazen. Entretanto, o filósofo grego Aristófanes, que viveu entre 448 antes de Cristo a 380 antes de Cristo, sabia que o vidro poderia ser utilizado como lupa.
FO TO :
As primeiras lentes corretivas para a visão surgiram no século I d.C. Essas lentes eram feitas com pedras semipreciosas. Agora, os óculos mais parecidos com os que conhecemos hoje, só s u rg i r a m e m 1 2 7 0 , n a Alemanha. Os óculos, com aros de ferro e unidos por rebites, ainda não possuíam hastes fixas. No século XVII, foram inventados os óculos com suportes nas orelhas. Robert Grosseteste e Roger Bacon criaram os primeiros óculos modernos, mas foi Benjamin Franklin, em 1785, que inventou os primeiros óculos bifocais para enxergar de longe e de perto. A produção de óculos modernos começou em 1850. Em 1864 Donders, um oftalmologista holandês, estabeleceu o tratamento dos defeitos da visão com óculos de grau. O uso das lentes para correção da visão foi possível graças às leis da refração de Snellius, formuladas entre 1600 e 1620. No Brasil, os óculos surgiram no século XVI, trazidos pelos portugueses. A história diz que Sêneca, que viveu entre 4 a.C. e 65 d.C., leu todos os livros de Roma olhando através de um globo de vidro de água. Cerca de mil anos depois, os monges presbiópicos usavam segmentos de esferas de vidro que podiam ser colocadas contra o material de leitura, a fim de
Ptolomeu descobriu as regras básicas da difração de l u z e e s c r e v e u demasiadamente sobre o assunto, isso em 150 depois de Cristo. Os sopradores de vidros venezianos, que aprenderam como produzir vidro para a leitura de pedras, logo depois construíram lentes que podiam ser mantidas em uma estrutura na frente do olho, ao invés de serem colocados diretamente no lugar que se queria ler. Foi feita para ser utilizada num só olho. Já a ideia de utilizar os dois vidros na mesma hora, numa mesma armação, só surgiu no século XIII. No ano de 1268, Roger Bacon fez o primeiro
comentário científico sobre as lentes para correção da vista. Salvino D'Amate, de Pisa e Alessandro Spina, de F l o r e n ç a , s ã o FOTO: s e REPRODUÇÃO mpre lembrados como inventores dos espetáculos por volta de 1284, mesmo que não haja evidência para concluir isso. A primeira citação real sobre os óculos se deu em 1289, quando um membro da família Popozo escreveu: “Estou tão debilitado pela idade que sem o objeto conhecido como óculos, eu não seria mais capaz de ler ou escrever”. Em 1306, um monge de Pisa mencionou em um dos seus sermões: “Ainda não são 20 anos desde que a arte de fazer óculos, umas das artes mais úteis da Terra, foi descoberta”. Mas ninguém mencionou quem o inventou. Na Idade Média, quem utilizava óculos era caracterizado como quem tinha conhecimento e aprendizado. Os pintores da época frequentemente incluíam espetáculos ao retratar pessoas famosas, mesmo quando essas pessoas tinham vivido antes do suposto instrumento inventado. A lente mais antiga conhecida foi encontrada nas ruínas da antiga Nínive e era feita de cristal de rocha polida. Em 1718, Edward Scarlett, um oftalmologista de Londres, colocou os braços em uns óculos para que pudessem segurá-los nas orelhas. (Site de Curiosidades)
prêmio de literatura infantojuvenil Autor de mais de 50 livros, Daniel Munduruku escreve para crianças e jovens como forma de orientá-los sobre a cultura de seu povo e dos demais O Brasil ainda possui grandes barreiras em relação à valorização e reconhecimento de suas raízes indígenas. A História contada é voltada para o olhar europeu e no dia a dia não faltam estereótipos sobre os povos indígenas. É costume um professor, antropólogo e jornalista, por exemplo, falarem sobre determinada etnia, e raramente, o indígena tem a oportunidade de espalhar a visão dele, a visão de seu povo sobre eles mesmos. O indígena Daniel Munduruku – o segundo nome é a designação de seu povo étnico – nasceu em Belém, Pará, e vem se destacando por trazer esse outro olhar por meio de livros e em palestras em universidades no Brasil e no mundo. O Prêmio Fundação Bunge desse ano, na área de letras, com o tema literatura infantojuvenil foi para Daniel. Essa premiação existe desde 1955 e tem como objetivo reconhecer cidadãos que atuem em ações de desenvolvimento da cultura e ciências no País. Entre os já selecionados estão Jorge Amado e Hilda Hilst. O escritor é autor de mais de 50 livros voltados à cultura e às lutas indígenas. Formado em Filosofia, licenciatura em História e Psicologia, Daniel é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em E d u c a ç ã o p e l a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Entre os prêmios já recebidos estão o Jabuti e o Tolerância, esse último reconhecido pela Unesco. “Luto para que a cultura indígena não seja considerada simplesmente parte do folclore nacional, mas que esteja viva no currículo escolar”, defende.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
os óculos?
Cerca de 12 milhões de seus livros circulam em escolas públicas e privadas do País e fazem parte de material didático para a educação básica. Aplicar as leis 10.639, de 2003 e 11.645, de 2008, que exigem que as escolas incluam no currículo “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena” ainda é desafio nas escolas. “Embora haja muito avanço a partir da sanção da lei, os professores ainda não têm muita informação e quase sempre repetem o que aprenderam quando eram estudantes, pois são vítimas de um sistema que sempre excluiu os povos indígenas. Nosso objetivo é que a cultura indígena saia do aspecto comemorativo e tenha um viés mais pedagógico e a literatura indígena é uma ferramenta importante neste processo de construção da identidade brasileira”, afirma o premiado. Os candidatos não se inscrevem, são indicados p e l a s principais universidades e entidades científicas e culturais brasileiras. A seleção final é feita por
especialistas da área. Vida e Obra é a categoria da área de Letras: Literatura Infantojuvenil a qual Munduruku venceu. A ganhadora na categoria Juventude, foi Nina Krivochein, de 14 anos, autora de quatro livros. Na categoria Vida e Obra na área de Ciências Agrárias: serviços ambientais para o agronegócio, o físico Sílvio Crestana foi o selecionado. O engenheiro agrônomo Pedro Henrique Brancalion, professor na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, foi o escolhido na categoria Ciências Agrárias Juventude. Os selecionados pelo Vida e Obra vão receber, cada um, medalha de ouro e R$ 150 mil. Na categoria “Juventude”, o prêmio é de R$ 60 mil e medalha de prata. A cerimônia de entrega será em 13 de novembro, em São Paulo.
4 EDUCAÇÃO fatos & notícias
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Só 3,3% dos jovens brasileiros querem ser professores
Biblioteca Municipal recebe o evento Circuito de Autores FOTO: ANDRÉ SOBRAL
Vontade de seguir carreira docente é maior em alunos de escola pública Além de testar os alunos nas áreas de matemática, leitura e ciências, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) também aplica um questionário para conhecer melhor os estudantes de cada país. “Qual profissão você espera ter aos 30 anos de idade?”, foi uma das perguntas presentes no questionário de 2015 e cujas respostas foram analisadas para levantar o perfil dos jovens que desejam ser professores no Brasil. R e a l i z a d o p e l o Interdisciplinaridade e
Evidências no Debate Educacional (Iede), o estudo partiu de uma amostra de 23.141 alunos de 15 a 16 anos espalhados por todos os estados. Desse total, apenas 3,3% (755 alunos, calculados com peso amostral) apontaram a intenção de lecionar. Uma minoria (24 jovens) vem de escola particular. O restante ou é de escola pública ou deixou o campo de respostas em branco. Além de confirmar o baixo interesse pela carreira, o
estudo mostra que a profissão também atrai alunos com desempenho inferior à média nacional no Pisa, que já é considerada problemática – o País aparece entre os últimos colocados em todas as áreas analisadas. Do total de 755 alunos, 634 estão abaixo do nível 2 em matemática, 494 abaixo do nível 2 em leitura e 546 abaixo do nível 2 em ciências. Este é o nível mais básico de proficiência na classificação da entidade que realiza o exame, a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já nos países mais bem avaliados em 2015, os futuros professores se destacam com resultados acima da média. São casos como Japão, Estônia, Taiwan, Finlândia e China (Macau). Com exceção da Estônia e de Taiwan, os p a í s e s t ê m , proporcionalmente, mais jovens com vontade de dar aulas que o Brasil. No Japão, por exemplo, o índice é de 7,1%, na Finlândia, de 5% e, em Macau, de 9,4%. Os percentuais mais altos, contudo, foram registrados na Argélia (21,7%), em Kosovo (18,3%), na Turquia (15,9%), no Vietnã (14%), na Coreia do Sul (13,8%) e na Irlanda (12,6%). Destes citados, quase todos sofrem com o mesmo problema brasileiro, ou seja, notas abaixo da média entre os que querem virar professores (ainda que a variação não seja tão grande como aqui). A exceção fica com a Coreia do Sul. De maneira geral, os resultados do estudo do Iede refletem a desvalorização da carreira, prejudicada pelo baixo salário e pela precariedade das condições de trabalho. Há anos nessa condição, a imagem da profissão foi afetada negativamente, bem como seu prestígio, tornando-a atrativa quase que exclusivamente aos jovens com baixas perspectivas em relação ao futuro profissional. Como a entrada na profissão não é considerada difícil, ela seria um meio de ascensão mais fácil, como relataram outras pesquisas do gênero.
A Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim recebe, na terça-feira (2 de outubro), parte do evento "Circuito de Autores", às 16 horas, no Casarão Cerqueira Lima, localizado no Centro Histórico. Haverá uma mesaredonda, com mediação do capixaba Wilbert Salgueiro e participação da escritora B r u n a B e b e r, c a r i o c a radicada em São Paulo, e do escritor Nicolas Behr, do Distrito Federal. A partir das 19 horas, o trio se reúne novamente na Sala da Palavra, do Sesc Glória, para um novo debate. O evento é uma parceria da Biblioteca Municipal com o projeto "Arte da Palavra", realizado pelo Centro Cultural Sesc Glória. Bruna Beber é poeta e tradutora. Estreou na poesia com "Fila sem fim dos demônios descontentes" (7Letras, 2006), sendo autora também de "Balés" (Língua Geral, 2009), "Rapapés & apupos" (7Letras, 2012), "Rua da
Padaria" (Record, 2013) e "Ladainha" (Record, 2017). Também é autora do infantil "Zebrosinha" (Galerinha, Record, 2013). Seus poemas já foram publicados em antologias e sites na Alemanha, na Argentina, na Espanha, na Itália, no México e em Portugal. Nicolas Behr mora em Brasília desde 1974. Três anos depois, lançou seu livrinho mimeografado, "Iogurte com Farinha". A partir de 1980, passa a trabalhar como redator em agências de publicidade e se engaja no movimento ecológico. Em 1986, começa a trabalhar na Fundação Pró-Natureza, onde fica até 1990, d e d i c a n d o - s e profissionalmente desde então ao seu antigo hobby: produção de espécies nativas do Cerrado, através da Pau-Brasília viveiro eco.loja, ainda hoje em atividade. Em 2015, o Instituto de Letras da Universidade de Brasília instituiu o “Prêmio Nicolas
Behr de Literatura”. Wilbert Salgueiro é mestre e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Realizou, em 2013-2014, o pós-doutorado na USP sobre as formas da violência na poesia brasileira do século XXI. É professor de literatura brasileira na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde leciona desde 1993, e bolsista do CNPq com pesquisa em torno de poesia, humor e testemunho. Publicou os ensaios "Forças & formas: aspectos da poesia brasileira contemporânea" (dos anos 70 aos 90) [2002], "Lira à brasileira: erótica, poética, política" [2007] e "Prosa sobre prosa: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Reinaldo Santos Neves e outras ficções" [2013], os livros de poemas "Personecontos" [2004] e "Digitais" [1990], e uma narrativa infantojuvenil – "O que é que tinha no sótão?" [2013].
POLÍTICA 5
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fatos & notícias
O que é o imposto único Lewandowski autoriza Lula defendido pelos presidenciáveis? a conceder entrevista para jornal Especialistas preveem que a adoção da taxa no formato internacional impulsionaria o crescimento do País em até 10% nos próximos anos FOTO: DIVULGAÇÃO
Karison Pimentel Entre as reformas tributárias defendidas pelos candidatos à presidência, uma é presença comum nos discursos daqueles que lideram as pesquisas: o imposto único. Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Fernando Haddad, Henrique Meirelles e João Amoedo já se manifestaram a favor da proposta, sendo Jair Bolsonaro o único que não menciona a fusão de impostos em seu programa. A ideia é defendida há mais de dez anos pelo economista paulista Bernard Appy e pode, finalmente, tornar-se realidade. Por isso, vale entender melhor do que se trata. Na proposta, cinco impostos atuais iriam desaparecer: ICMS, PIS, Cofins, ISS e IPI. Ao longo de dez anos, eles seriam substituídos por uma única cobrança chamada Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O padrão seguiria o mesmo modelo adotado na Europa e em outros países, onde é conhecido como
Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Karison Pimentel, especialista em Direito Tr i b u t á r i o d o e s c r i t ó r i o Pimentel Bassul Advogados, explica que a ideia ajudaria a simplificar a sistemática do Sistema Tributário Brasileiro (STB). “Muitas vezes, a apuração do montante a ser pago, o gasto de tempo e o trabalho da empresa para poder determinar o valor correto do imposto é muito mais prejudicial economicamente do que o pagamento do imposto em si”, relata o advogado. O que mudaria A implantação de um imposto único torna a apuração muito mais ágil, eficiente e prática, incidindo em um só imposto todas as taxas cobradas. Um estudo feito pelo Banco Mundial, em 2017, calculou que as empresas brasileiras são as que mais gastam tempo no mundo para pagar seus tributos,
dedicando, em média, 1.958 horas anualmente – o que se traduz em quase três meses – à tarefa. Com a mudança, o dinheiro e o tempo das empresas, que hoje são desperdiçados com a burocracia do Sistema Tributário Brasileiro, poderiam ser investidos no avanço dos negócios. A previsão do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), criado por Appy, é de que o País cresceria até 10% a mais nos próximos 10 a 20 anos, com a adoção do imposto único. Outra diferença do IVA é que o consumidor passa a pagar o valor do imposto diretamente, como parte do preço da mercadoria. Hoje, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é pago pelas empresas e cobrado pelos governos dos Estados. “Países que possuem a legislação tributária condizente com a realidade atual, caso que não se aplica ao Brasil, fazem a tributação só no final do ciclo produtivo que, no caso, é quando o produto ou serviço chega ao consumidor”, ressalta Pimentel. Bernard Appy vendeu a ideia, que foi comprada por candidatos de partidos distintos, e há chances de que o IBS vire lei no próximo governo. Para o especialista, caso isso aconteça, o país só tem a ganhar. “A complexidade de leis que temos atualmente é muito injusta: ela afeta tanto o grande quanto o pequeno empresário e, além disso, abre margem para muitas interpretações. Um imposto único seria muito simples e, neste contexto, a simplificação consegue ser mais eficiente”, conclui.
Assessoria do ministro do STF confirmou decisão à Reuters nesta sexta-feira FOTO: PAULO WHITAKER/REUTERS
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conceder uma entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", informou a assessoria do magistrado à Reuters na sexta-feira (28).
Essa é a primeira decisão favorável ao petista em conceder entrevista, desde que ele foi preso em abril para cumprir pena pela condenação no processo do tríplex do Guarujá (SP). O ex-presidente também teve rejeitado, durante a campanha eleitoral, até ter sua candidatura ao Palácio do Planalto barrada pela Lei da Ficha Limpa, todos pedidos anteriores para falar com a imprensa. Inicialmente, a Folha teve o pedido negado pela 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba, que alegou não haver "previsão constitucional ou legal que embase direito do preso à
concessão de entrevistas ou similares". Ao recorrer ao STF, o veículo argumentou que a decisão "impôs censura à atividade jornalística e mitigou a liberdade de expressão, em afronta a decisão anterior do Supremo" O ex-presidente, que teve a candidatura negada pelo TSE e foi substituído por Haddad como candidato do PT à Presidência, foi condenado em segunda instância na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Essa foi a primeira vez que Lula teve uma decisão favorável sobre pedidos de entrevista na prisão.
6 TECNOLOGIA 01 a 07 de outubro de 2018 fatos & notícias
Primeiro carro voador Brasil está no 51º lugar em
começará a ser vendido qualidade de streaming de vídeo no celular em outubro nos EUA Período será de pré-venda; expecta va é que os veículos cheguem ao mercado em 2019
FOTO: REPRODUÇÃO TERRAFUGIA/ESTADÃO CONTEÚDO
O período de pré-venda do primeiro carro voador do mundo, desenvolvido pela e m p r e s a Te r r a f u g i a , começará em outubro. A expectativa é que os veículos cheguem ao mercado em 2019, informou, na quarta-feira (26), a agência oficial de notícias chinesa "Xinhua". O veículo, chamado Transition, tem capacidade para dois passageiros, necessita de pista para decolagem e aterrissagem como os aviões convencionais, embora
possa ser usado também como um automóvel terrestre normal. Em sua fase inicial, o Transition será oferecido apenas ao mercado americano e seu valor ainda não foi revelado pela Terrafugia, empresa com sede no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. Espera-se, contudo, que o preço inicial destes veículos seja alto demais para pensar em uma rápida popularização no mercado, por isso, em princípio, o objetivo é
competir com o uso de aviões por parte de empresas, governos e empresas de transporte, destacaram responsáveis p e l a c h i n e s a G e e l y, detentora da Terrafugia. O CEO da Terrafugia, Chris Jaran, também revelou que em outubro será apresentado o próximo projeto da empresa, o veículo TF-2, que, ao contrário do Transition, será capaz de realizar decolagens e aterrissagens verticais.
Vem aí o primeiro smartphone com memória de 10 GB Dispositivo Android da empresa chinesa Oppo pode ganhar uma variante com mais memória RAM do que qualquer rival A fabricante chinesa Oppo pode ser a primeira a trazer ao mercado global um smartphone com mais memória RAM do que a média não só dos seus aparelhos concorrentes, mas, também, mais até do que a de notebooks. O dispositivo Find X pode ganhar uma versão com 10
GB de memória RAM. Mesmo os smartphones mais sofisticados, como o Galaxy Note9, têm, no máximo, 8 GB de RAM. O iPhone Xs Max, da Apple, tem 4 GB. A informação foi divulgada pelo site GizChina e foi encontrada em documentação da agência regulatória chinesa TENAA, que tem uma função parecida com a da Anatel no Brasil. A memória RAM, diferentemente da m e m ó r i a d e armazenamento, é volátil e é usada para gerenciamento de aplicativos. Ela é responsável, junto ao
processador, pela velocidade e fluidez dos aplicativos que você usa no dia a dia, bem como por toda a experiência, em nível de hardware, oferecida pelo sistema Android. Ainda não há data para o lançamento de um dispositivo com 10 GB no mercado chinês e nem no Brasil, especialmente porque nenhuma dessas companhias vende oficialmente seus produtos no mercado brasileiro. Por ora, o Note9 é o aparelho com a maior capacidade de memória RAM disponível no mercado atual. Seu preço sugerido é de 6.499 reais.
República Checa é o país com melhor streaming no 3G/4G, segundo estudo da OpenSignal. Latência e consistência afetam a qualidade FOTO: REPRODUÇÃO TECNOBLOG
A OpenSignal divulgou mais um estudo que envolve medições de redes, desta vez relacionado à experiência de streaming de vídeo através do 3G e 4G. A medição ocorreu em 69 países, e o Brasil se encontra no 51º lugar no ranking. Isso não depende apenas da velocidade de internet, envolvendo também a latência e a consistência. O país que apresentou a melhor experiência de streaming foi a República Checa, que atingiu 68,52 pontos, seguido da Hungria, com 67,89. O Brasil aparece com 49,84 e se posicionou melhor que países como Chile (47,28) e Estados Unidos (46,84). O país com a pior colocação no ranking foi Filipinas, com 34,98. A pontuação tem os seguintes critérios: de 0 a 40 pontos, a experiência é considerada ruim; de 40 a 55, é mediana; de 55 a 65, é boa; de 65 a 75, muito boa; e de 75 a 100 pontos, é considerada excelente. No entanto, nenhum país atingiu pontuação suficiente para se enquadrar no melhor nível. O que significam essas notas? A OpenSignal adaptou uma metodologia criada pela União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês). Ela leva em
conta três critérios principais: o tempo de carregamento antes de o vídeo começar a tocar; a quantidade de engasgos e interrupções durante a reprodução; e o nível de resolução da imagem. Cada teste baixa vídeos em múltiplas resoluções, acessados de diferentes provedores de conteúdo. Os dados foram obtidos a partir de oito milhões de dispositivos entre 14 de maio e 11 de agosto, para um total de 87 bilhões de medições. O estudo também mostra uma comparação de velocidade geral de download entre os países — esses números valem para qualquer conteúdo, não apenas para vídeo, no 3G e 4G. Quem ocupou o 1º lugar no pódio foi a Coreia do Sul, com velocidade média de 45,58 Mb/s, seguido da Noruega, com 40,25 Mb/s. O Brasil aparece no 45º
lugar, com 12 Mb/s. Você pode se perguntar: mas como um país que tem a melhor velocidade não apresenta a melhor experiência no ranking? A OpenSignal explica que velocidades a partir de 15 Mb/s já começam a nivelar a qualidade do streaming. Fatores como latência e consistência impactam na hora de determinar a qualidade. A República Checa, que aparece no 1º lugar em experiência é a maior prova disso, já que o país não aparece nem no top 10 de velocidade. A companhia também justifica a pontuação baixa dos Estados Unidos: por mais que o país apresente uma velocidade média de 16,53 Mb/s, diversas operadoras limitam a velocidade de download para serviços de streaming, reduzindo a resolução do vídeo de HD para SD.
CIÊNCIA 7
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fatos & notícias
O café é uma das bebidas mais populares do mundo. Graças aos seus altos níveis de antioxidantes e nutrientes benéficos, também parece ser bastante saudável. Estudos mostram que os bebedores de café têm um risco muito menor de várias doenças graves. A cafeína b l o q u e i a u m neurotransmissor inibitório em seu cérebro, o que causa um efeito estimulante. Isso melhora os níveis de energia, humor e vários aspectos da função cerebral. Vários estudos mostram que a cafeína pode aumentar a queima de gordura e aumentar sua taxa metabólica. No entanto, é possível que esses efeitos d i m i n u a m n o s consumidores de café em
FOTO: iSTOCK
Benefícios do café comprovados pela ciência
longo prazo. A cafeína pode aumentar os níveis de adrenalina e liberar os ácidos graxos do tecido adiposo. Isso também leva a
melhorias significativas no desempenho físico. O café contém vários nutrientes importantes, incluindo riboflavina, ácido
pantotênico, manganês, potássio, magnésio e niacina. Vários estudos observacionais mostram que os bebedores de café têm um
risco muito menor de diabetes tipo 2, uma condição séria que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Bebedores de café têm um risco muito menor de contrair a doença de Alzheimer, que é uma das principais causas de demência em todo o mundo. Os bebedores de café têm um risco até 60% menor de contrair a doença de Parkinson, o segundo distúrbio neurodegenerativo mais comum. Os amantes de café têm um risco muito menor de cirrose, que pode ser causada por várias doenças que afetam o fígado. O café parece diminuir o risco de desenvolver depressão e pode reduzir drasticamente o risco de
suicídio. O câncer de fígado e colorretal são a terceira e quarta principais causas de morte por câncer em todo o mundo e que toma café tem um risco menor de ambos. O café pode causar ligeiros aumentos na pressão sanguínea, que geralmente diminuem com o tempo. Quem gosta de tomar café não tem risco aumentado de doença cardíaca e tem um risco ligeiramente menor de acidente vascular cerebral. Vários estudos mostram que os bebedores de café vivem mais e têm menor risco de morte prematura. O café é rico em antioxidantes poderosos, e muitas pessoas obtêm mais antioxidantes do café do que de frutas e legumes combinados.
Cientistas identificam 'avô' do tiranossauro Na quinta-feira (27), foi publicado no site da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburgo, que o animal era classificado como herbívoro e foi considerado o maior de seu tempo. Segundo o professor Jonah Choiniere da referida universidade, o representante do Jurássico Inferior (cerca de 200
milhões de anos atrás) era um adulto quando morreu. Determinou-se que o animal tinha 14 anos de idade com a ajuda de análises da microestrutura do tecido ósseo, capaz de evidenciar a dinâmica de seu crescimento. Além disso, o tamanho do dinossauro poderia ser o dobro de um elefante africano adulto. Choiniere relatou em vídeo que, durante muitos anos d e escavação, especificam ente, entre 2 0 1 2 e 2017, os ossos do jurássico f o r a m desenterrad
os, e a partir destes a equipe determinou que o animal tivesse quatro metros de altura e pesasse 60 toneladas. Paleontólogos acreditam que o animal tenha sido o maior da Terra na sua época, n o m e a n d o - o d e Ledumahadi mafube, o que significa "trovão gigante do amanhecer" na língua aborígene sul-africana. O fóssil da África do Sul é relacionado com os restos do dinossauro Ingentia prima, que foi encontrado recentemente na Argentina. E l e s v i v e r a m aproximadamente no mesmo tempo, crê a equipe. Essa hipótese colabora ainda mais com a ideia que tivemos o supercontinente Pangeia. O estudo demonstra "a
FOTO: REPRODUÇÃO
Fragmentos de um gigantesco esqueleto de dinossauro nunca antes vistos foram encontrados na África do Sul, perto da cidade de Clareans, por um grupo internacional de paleontólogos
facilidade que era para os dinossauros caminharem de Johanesburgo a Buenos Aires naquele tempo", ironizou o professor. Determinaram que o Ledumahadi era capaz de
usar as quatros patas para c a m i n h a r, a s s i m c o m o apenas usando as patas traseiras, mais ou menos como os elefantes fazem. O dinossauro herbívoro de Clarens foi o maior entre os
famosos tiranossauros que habitavam a atual América do Norte, e pelo menos 10 milhões de anos mais velho do que os animais mencionados.
8SAÚDE fatos & notícias
01 a 07 de outubro de 2018
Câncer deve se tornar a maior causa de morte de brasileiros Doença cresce nas estatísticas de mortes devido ao envelhecimento da população “O Brasil vive uma importante transição demográfica, que acarreta também uma transição epidemiológica. Com o envelhecimento da população, o câncer tornouse a segunda causa de morte de brasileiros. E, logo, será a primeira”. Com essa consideração, Roger Chammas, professor titular de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), iniciou a edição de setembro do Ciclo de Palestras ILP-Fapesp, que enfocou o tema “A ciência contra o câncer”. Resultado de parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o ciclo é realizado mensalmente na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com o objetivo de promover eventos de divulgação científica voltados à sociedade, legisladores, gestores públicos e outros interessados. Além de Chammas, o evento, ocorrido em 24 de setembro, teve a participação de Maria Ignez Saito (professora da FMUSP), de Emmanuel Dias Neto (pesquisador do Centro Internacional de Pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center) e de Daniela
FOTO: CIPHOTOS/THINKSTOCK
Baumann Cornélio, fundadora da Ziel Biosciences, empresa que conta com apoio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). A coordenação foi de Carlos Américo Pacheco, diretorpresidente da Fapesp. Em sua apresentação, Chammas desenhou um cenário da pesquisa sobre câncer no Estado de São
Paulo, destacando os programas de vacinação contra o HPV; os avanços no diagnóstico por meio de biomarcadores moleculares; a utilização de novos fármacos e de cirurgias minimamente invasivas; e o desenvolvimento de terapias alvo-dirigidas. “O Estado de São Paulo tem três grandes centros de pesquisa em câncer e grupos paulistas participam de mais
de 53% dos trabalhos publicados na área. O grande desafio é aumentar a integração entre as áreas científicas e as áreas assistenciais, entre o sistema de ciência, tecnologia e inovação e o sistema único de saúde”, disse Chammas, que também é presidente do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e membro da Coordenação
de Área de Saúde da Fapesp. Segundo os participantes do evento, essa integração é crítica para que os resultados das pesquisas de vanguarda desenvolvidas nas universidades e institutos cheguem efetivamente à população. E, quanto a isso, a mídia tem também um importante papel a desempenhar, veiculando informações criteriosas, como enfatizou Ignez Saito.
Ela falou dos sucessos e insucessos do programa de vacinação contra o HPV (vírus do papiloma humano), associado a vários tipos de câncer (colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus, boca e pescoço). “O HPV é um vírus extremamente disseminado entre a população. E o risco de contágio por contato, durante as relações sexuais, é de 50%, principalmente em adolescentes. A vacina quadrivalente recombinante é altamente eficaz e segura no combate ao HPV. No entanto, a má informação tem prejudicado o programa de vacinação. Notícias sensacionalistas, sem qualquer fundamento científico, provocaram uma retração da população no comparecimento aos serviços de saúde para a administração da segunda dose”, disse Saito. Os cânceres provocados por HPV estão em terceiro lugar na ordem de prevalência. A peculiaridade é que podem ser efetivamente evitados por meio da vacinação. Mas isso requer a adoção de programas de educação e de conscientização. “Não apenas para adolescentes, mas também para familiares, profissionais de saúde e população como um todo”, disse.
Justiça concede liminar e quebra patente de remédio contra hepatite C A Justiça Federal concedeu liminar que anula a concessão de patente de remédio contra a hepatite à farmacêutica norte-americana Gilead Sciences, informou na segunda-feira (24) a assessoria da candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede), autora do pedido feito à Justiça com seu candidato a vice, Eduardo Jorge (PV).
A liminar foi expedida pelo j u i z R o l a n d o Va l c i r S p a n h o l o , d a 2 1 ª Va r a Federal, suspendendo a patente do remédio Sofosbuvir. A exclusividade havia sido concedida na semana passada ao laboratório norte-americano pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Essa quebra de patente é
um ato em legítima defesa da vida daqueles que estão na fila à espera de um tratamento caríssimo, cujo genérico agora será produzido como ocorreu com os remédios para a Aids”, disse Marina, em evento de campanha em Maceió. Ainda segundo a assessoria da candidata, estava em curso um convênio entre a Farmanguinhos-Fiocruz,
Blanver e Microbiológica Química e Farmacêutica, já com registro emitido pela Agência Nacional de Vi g i l â n c i a S a n i t á r i a (Anvisa), para a fabricação do medicamento genérico. A Justiça Federal foi procurada, mas ainda não tinha uma resposta imediata. Para Eduardo Jorge, médico de formação, a decisão beneficia os doentes
de hepatite, mas também possibilitará um remanejo de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) – segundo ele,
POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL
mais de 1 bilhão de reais – para o atendimento de outras necessidades da população.
01 a 07 de outubro de 2018 E aí papais, quem têm problemas e passa stress quando o assunto é a alimentação da criançada? Esses meninos só querem saber de Mc Lanche Feliz, batata frita, todinho e refrigerantes não é mesmo? E qual a conduta de vocês diante desse cenário? Acabam cedendo ao chororô por ser, muitas vezes, a única coisa que eles comem, não é? Realmente, na infância, a alimentação adequada pode ser mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionada a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança dos problemas causados por uma alimentação desequilibrada. Mas não podemos deixar de lado o hábito saudável e oferecer apenas o que eles querem comer. Atualmente, a obesidade infantil é muito comum isso devido ao maior interesse que as crianças têm nesses alimentos muito calóricos (como salgadinhos, fast-food, refrigerantes, doces, etc.) e além disso a brincadeira de criança com atividade física é substituída pelo uso do computador, do videogame e da televisão. Esses hábitos podem trazer graves carências
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A hora do lanche das crianças nutricionais e consequências para o crescimento do seu filho. Por isso, trago aqui algumas dicas de lanches saudáveis ricos em vitaminas e minerais para oferecer à criança. A desafie a comer e sempre explique a importância da alimentação adequada, com certeza conseguirá alcançar sua meta que é dar saúde ao seu filho.
SAÚDE 9 fatos & notícias
Coxinha de batata doce ou inglesa Ingredientes: 500 g de batata-doce ou inglesa cozida, espremida e fria 1 gema ½ xícara (chá) de parmesão ralado 1 colher (sopa) de salsa picadinha Sal e pimenta-do-reino a gosto 2 colheres (sopa) de amido de milho 350 g de frango cozido com temperos e desfiado 1 clara + 1 ovo para empanar Farinha de mandioca para empanar
Modo de preparo Misture a batata com a gema, o parmesão e a salsa e tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto. Adicione o amido e misture rapidamente. Abra pequenas porções da massa na palma da mão, recheie com um pouco do frango desfiado e modele no formato de coxinha. Empane: passe as coxinhas na mistura de clara e ovo e, em seguida, em farinha de mandioca. Após asse até dourar. "Nutrição e Saúde Sempre!" Rafaela Rangel Nutricionista: CRN-ES 08100271 @nutrirafarangel facebook.com/nutrirafarangel
Pesquisadores divulgam doença genética pouco conhecida Mais de 2 mil pessoas que se iden ficam como pacientes fazem parte do grupo brasileiro Um grupo de estudiosos da hemocromatose hereditária não se restringiu apenas aos trabalhos em laboratório e foi a locais estratégicos para orientar sobre a condição, caracterizada pelo excesso de ferro no sangue. O trabalho de divulgação na internet, em bancos de sangue e nas ruas foi apresentado durante a 33ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada em Campos do Jordão de 2 a 6 de setembro, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O grupo brasileiro de
hemocromatose hereditária, criado em 2013, faz parte da Haemochromatosis International (HI), idealizada pelo hepatologista e pesquisador francês Pierre Brissot. O criador da rede brasileira é também o atual presidente da HI, Paulo Caleb Santos, professor da Escola Paulista d e M e d i c i n a d a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Atualmente, mais de 2 mil pessoas que se identificam como pacientes fazem parte do grupo brasileiro, composto ainda de familiares e pesquisadores. “A hemocromatose hereditária tem sintomas
muito diversos, como fadiga, dor abdominal, artrite, que podem ser confundidos com outras doenças. Quando não é tratada, pode gerar problemas mais graves, como cirrose hepática, impotência, diabetes e cardiopatias”, disse Santos à Agência Fapesp. O tratamento mais seguro e eficaz é a flebotomia terapêutica (“sangria”), que é a retirada de sangue regularmente. A prática é feita em hospitais e bancos de sangue. Não por acaso, esses locais são alguns dos focos do grupo brasileiro durante a Semana Mundial da Hemocromatose, que em 2018 ocorreu de 4 a 10 de junho, e que contou com uma ação no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. “A ideia é orientar profissionais da saúde, inclusive dos bancos de
FOTO: PIXABAY/REPRODUÇÃO
sangue, sobre a doença, para que eles repassem aos pacientes que ela não causa grandes incômodos se o tratamento for feito corretamente”, disse Santos. A hemocromatose
hereditária está associada principalmente ao gene HFE, mas também pode estar ligada a mutações em outros genes. O teste genético pode ser feito sob indicação de um médico. O
grupo tem apoio institucional do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
COMPORTAMENTO 10 fatos & notícias 01 a 07 de outubro de 2018
A vida nos reserva grandes surpresas. Quando crianças, vivemos sob a proteção de nossos pais e tudo é maravilhoso e muito intenso. Fazemos amigos, brincamos, brigamos, fazemos as pazes... como isso é bom! Na adolescência, nos deparamos com sentimentos que acreditamos ser reais. Apaixonamo-nos várias vezes pelo professor, pelo menino da rua, pelo coleguinha mais bonito da escola (que às vezes era o mais feinho). Temos pais que nos amam, que querem nos proteger, mas... pensamos que querem nos privar e nos tolher das coisas ¨boas da vida¨. Quanta ingenuidade! Crescemos, nos tornamos adultos, estudamos, nos profissionalizamos... tornamo-nos cidadãos. Voltamos a nos apaixonar. O mundo passa a ser cor de rosa! Mas esquecemos de algo muito importante: “Como nos habituarmos com alguém que já vem prontinho de fábrica? Caráter, manias, vícios...” De repente... boom...
Vida que segue... IMAGEM: REPRODUÇÃO INTERNET
ANA LUCIA BERNARDO CORDEIRO estamos juntos. Percebemos então, que esse alguém se apaixonou por você, do jeitinho que você era, calmo, estressado, palhaço, sério, falador, maluquinho... E então, do nada, esse jeito que era apaixonante passa a ser um incômodo. Como assim? Apaixonouse por você justamente por ser o que era! Para que mudar? As pessoas são o que são. Têm sua própria essência. Na maioria das vezes, nos podam. Tiram da gente o que temos de melhor. Passam a desconfiar de nossa moral, de nossa verdade. Esquecem que, às vezes, passaram anos fazendo aquela pessoa sofrer humilhações com traições e menosprezo. Então, passam a imaginar que a pessoa que você escolheu te maltrata porque
está te dando o troco por ter feito algo ruim. Não! Ela está com você porque te ama, porque te perdoou. Mas quem ama maltrata? Humilha? Menospreza? ... Dinheiro, viagens, presentes... isso tudo é bobagem. O que importa é a confiança, o estar junto, o respeito, a amizade que se construiu com o tempo. Tempo esse que não voltará. Não deixem que suas vidas sejam apenas lembranças do passado. Reverta a situação. Estar com alguém é escolha. Defeitos, virtudes... todos temos. Somos humanos! O que nos falta é aprendermos a conviver com as diferenças e ser feliz! Ana Lucia Bernardo Cordeiro
Profesora
Mestre do traço e do verbo ganha exposição 'Millôr: obra gráca', pode ser vista até dezembro, no Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Desenhista cou conhecido por suas obras em revistas do País Durante mais de sete décadas, o traço e a verve do carioca Millôr Fernandes (1923-2012) divertiram milhões de leitores de diversas publicações — entre elas, o Jornal do Brasil, O pasquim e Veja — com tiradas sobre a vida brasileira, incluindo sacadas antológicas sobre os descaminhos do País sob o regime civil-militar de 1964 e, depois, sobre as agruras do período de redemocratização. Sempre com o humor muito peculiar de quem foi também, entre outras
atividades, tradutor de Shakespeare para o português. Parte significativa do seu trabalho vem a público graças a uma exposição que o Instituto Moreira Salles (IMS) abriu, na sua sede de São Paulo. Millôr: obra gráfica reúne desenhos, feitos principalmente para serem publicados na imprensa, que “revelam a força e a complexidade de uma obra fundamental para a arte brasileira”, de acordo com o texto de apresentação dos curadores Cássio Loredano, Júlia Kovensky e Paulo Roberto Pires. O material foi organizado em cinco grandes conjuntos, “dos autorretratos à crítica implacável da vida brasileira, passando pelas relações humanas, o prazer de desenhar e a imensa e importante produção do Pif-Paf, seção que manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963”. A exposição é acompanhada por um livro,
FOTO: ACERVO IMS
publicado em 2016, que reúne cerca de 500 dos desenhos de Millôr, além de trazer ensaios críticos e uma cronologia de sua
vida e obra. Em cartaz até 31 de dezembro, Millôr: obra gráfica pode também ser vista, parcialmente, pelo site do
IMS, instituição que mantém o acervo deixado por ele, com mais de 6 mil desenhos e um arquivo pessoal: https://ims.com.br/.
Olhar de uma Lente 11 fatos & notícias 01 a 07 de outubro de 2018
H
á mais de dez anos, recebo currículos de jovens e chefes de família numa instituição filantrópica da qual sou coordenador-geral e um dos mantenedores. Localizada em uma das comunidades periféricas do município da Serra/ES, vejo que nada mudou nesse período para a dura realidade vivida por esses cidadãos que se esforçam ao máximo para se adequarem às exigências do desleal mercado de trabalho. O Estado não cumpre com os seus deveres e, consequentemente, o desemprego vem só aumentando. Cadê o Fundo de Amparo ao Trabalhador ( FAT) ? Q u e tem co mo
objetivo criar mecanismos que permitam a melhoria das condições de trabalho com ações nas áreas de qualificação e geração de emprego e o Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (Planfor), que visa assegurar a integração do trabalhador ao mercado de trabalho, promovendo a u m e n t o d e s u a empregabilidade, produtividade e renda? São planos tímidos da união. Olhem a fala do nosso presidente Michel Temer, quando disse que: “O alto índice de desemprego registrado é fruto do aumento de trabalhadores à procura de empregos nos postos de trabalho”.
Idiotas à parte, afinal, qual foi o papel dos governantes nos últimos 50 anos, que tiveram a proeza de deixar nossa Pátria Amada nessa calamitosa situação? Seria Incompetência? Acredito mais em conspiração de uma minoria de larápios contra a maioria da população. O cidadão vem fazendo a sua parte, “pagando” para se capacitar e até voltando aos colégios para concluir os estudos, que no passado nem chegou a ingressar no sistema público de ensino por falta de ofertas. Mas, e as vagas de emprego? Passamos dos 14 milhões de desempregados e o que fazer diante desta catástrofe? Não seria o caso de abrir f i n a n c i a m e n t o desburocratizado ao microempreendedor individual (MEI) e aos micros e pequenos empresários? Afinal, não são eles os responsáveis por mais de 50% dos trabalhadores empregados no Brasil? Seria, mas estão à deriva, trabalham para pagar a alta carga tributária que lhes é imposta. Associo nossa realidade à estória do carroceiro que maltrata seu animal, o burrinho, que
HAROLDO CORDEIRO FILHO
Mercado sem trabalho trabalha puxando a carroça para dar-lhe o sustento. É assim que funciona... o sistema é exploratório... a máquina pública é inchada, é pesada e cheia de mordomias... O povo não suporta mais tanta pressão, tanta injustiça... E pior, não temos nomes confiáveis que possam nos representar de fato na próxima gestão, portanto, não vejo sinal de mudança... O que é preocupante!
Haroldo Cordeiro Filho Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
Após construção de hidrelétricas, oferta de peixes cai no Rio Madeira FOTO: BEETHOVEN DELANO/ARQUIVO PESSOAL
Segundo pesquisadores da UFMG a produção de pescado no Madeira caiu quase 40% após construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau
A comunidade pesqueira do Rio Madeira, que integra a bacia Amazônica teve participação decisiva em pesquisa que comprova queda de 39% da produção média anual de pescado, após a construção das hidrelétricas
de Santo Antônio e Jirau. As usinas, que desde 2012 compõem o Sistema Interligado Nacional, alteraram o ciclo hidrológico natural, uma das potenciais causas do sumiço dos peixes no maior rio do mundo em ictiofauna.
A pesquisa, desenvolvida pelo doutorando Rangel Eduardo dos Santos, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), teve seus resultados publicados em artigo na revista americana Fisheries Management and Ecology, com participação de pesquisadores das universidades federais do Amazonas, de São João del-Rei e do Sul da Bahia. A redução da pesca, já prevista pelos próprios pescadores e medida antes e depois do represamento do rio, acarreta prejuízos anuais estimados em mais de R$ 1,3 milhão. A colônia Dr. Renato Pereira Gonçalves, ou Z-31, localizada à jusante das usinas, no município de Humaitá, Amazonas, é dividida em 17 pontos de pesca. Rangel Santos, que imergiu na vida da colônia, afirma que foi
surpreendido pela riqueza das informações fornecidas pelos pescadores. “Pude constatar que, de domingo a domingo, o produto da pesca é desembarcado em um flutuante ancorado no Rio Madeira, onde um funcionário anota, à mão, a data, o nome popular das espécies e o volume (em quilogramas) dos peixes capturados”, conta. Segundo ele, cobrase uma taxa por peso da carga, que segue para comercialização n o M e r c a d o Municipal de Humaitá, onde a catalogação é refeita. “Esse processo garante um banco de dados pesqueiro, de mais de 20 anos, na
região”, relata. O estudo é embasado pelos inúmeros cadernos preenchidos pelos colonos, somados aos dados anteriores à construção das usinas, fornecidos pelos demais pesquisadores que assinam o artigo.
GERAL 12 fatos & notícias
01 a 07 de outubro de 2018
Como nasceu o primeiro sistema de transporte coletivo do mundo Considerado um dos grandes pensadores da humanidade, o francês Blaise Pascal (1623-1662) estava longe de atuar apenas no campo das ideias. Conhecido por seus teoremas matemáticos e tratados filosóficos estudados até hoje, poucas pessoas sabem que, no século 17, o matemático, que inventou a primeira máquina de calcular da história, criou algo que também mudaria para sempre a vida das pessoas nas grandes cidades: o transporte coletivo. Graças ao espírito inquieto de Pascal, o transporte urbano mundial tem até data de nascimento: 1662. Naquela época, Paris já era uma grande cidade com cerca de meio milhão de habitantes, mas as pessoas que não tinham meios próprios se deslocavam de um lugar para outro, na maior parte das vezes, a pé. Para facilitar a vida dos cidadãos, Pascal desenvolveu um sistema de transporte urbano de carruagens com itinerários fixos, tarifa e horários regulares. O filósofo sugeriu ao duque de Roaunez pedir permissão ao rei Luís 14 para explorar o serviço, no que foi atendido. A passagem do sistema pioneiro custava cinco "sols", oriunda de "sou",
FOTO: REPRODUÇÃO DO LIVRO CONDUZINDO O PROGRESSO
Pascal desenvolveu um sistema de transporte urbano de carruagens com itinerários fixos, tarifa e horários regulares moeda que circulava na França na época de Luís 14. Eram três linhas iniciais. A primeira servia entre a ponte Saint-Antoine e o Luxembourg e começou a operar em 18 de março de 1662. Em 11 de abril foi inaugurada a segunda linha, que ia da Rue de SaintAntoine até a Rue Saint Honoré. A terceira e última rota foi aberta em maio daquele ano e ligava o bairro de Montmartre a Luxembourg. A novidade foi um sucesso entre a população parisiense,
conforme depoimento da própria irmã de Pascal, Gilberte Pérrier, presente ao evento de inauguração: "O 'estabelecimento' iniciou sábado às sete horas da manhã, mas com um brilho e pompa maravilhosos. Distribuíram-se as sete carruagens que ocuparam esta primeira rota", registrou Gilberte. Mas na viagem inaugural já começaram os conhecidos problemas de mobilidade urbana e transporte enfrentados pela população até hoje. "A coisa obteve tanto
sucesso que, desde a primeira manhã, havia uma quantidade de carruagens cheias; mas, depois do almoço, havia uma multidão tão grande que não se podia se aproximar delas, e os outros dias foram iguais. De modo que o maior inconveniente delas é aquele temido: a multidão nas ruas esperando uma carruagem, mas quando ela chega está cheia". " H a v i a a l g u n s (passageiros) que diziam que ele foi perfeitamente bem inventado, mas que era uma grande falha só ter sete
carruagens na rota, e que elas não davam nem para a metade das pessoas que dela necessitavam", completou a irmã de Pascal. Ele, por causa da saúde precária, morreu no mesmo ano em que o seu invento foi para as ruas. O sistema funcionou por mais alguns anos, mas devido a problemas como a administração, foi encerrado e só surgiria novamente na Europa muito tempo depois. A invenção de Pascal surpreende de forma positiva até os estudiosos em Ciências Humanas.
"Imaginamos que os grandes filósofos estão sempre no mundo das ideias e longe do cotidiano das pessoas, o que não é verdade", explica o filósofo Luis César Oliva, professor do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP). "Quando estudamos a vida deles a fundo, descobrimos o quanto eles eram humanos e tinham um cotidiano como nós, o que é incrível", completa Oliva, que fez o seu mestrado e doutorado sobre a obra de Blaise Pascal. "O ensino formal geralmente fica muito em cima das grandes obras filosóficas e esquece que os pensadores também inventaram coisas muito bacanas e essenciais para o nosso dia a dia", completa o professor da USP, lembrando que Pascal também inventou uma máquina aritmética de cálculo mecânico, considerada a avó das calculadoras modernas. "Pascal era um grande pensador. Ele conseguiu enxergar, já naquela época, que para uma cidade progredir era necessário resolver o problema de mobilidade urbana", diz o pesquisador em história do transporte público, Eurico Galhardi, autor do livro Conduzindo o Progresso – A História do Transporte.