Jornal Fatos & Notícias Ed. 268

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fatos & notícias

Distribuição Gratuita FOTO: ROBERT ADAMSON/DIVULGAÇÃO

Ano VIII - Nº 268 08 a 15 de outubro/2018 Serra/ES

FOTO: REPRODUÇÃO/INTERNET/PxHERE

www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br

Conheça os finalistas do prêmio de fotos mais hilárias da vida selvagem Pág. 3

Brasil terá centro de síntese em biodiversidade até o fim do ano Pág. 12 Destroços de navio que fazia rota para as Índias é descoberto no rio Tejo Pág. 10 FOTO: ANDRÉ NERY/MEC

Metade das mulheres corre risco de ter demência, Parkinson ou derrame Pág. 8 JORGE PACHECO

Teremos um presidente eleito no 1º turno? Pág. 5

ANA LUCIA BERNARDO CORDEIRO

Os encantos e as delícias do diferente Pág. 10

HAROLDO CORDEIRO FILHO

Sem salvador da Pátria. Seu voto, nosso futuro Pág. 11

Vencedores do prêmio Educador nota 10 receberão medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo Pág. 4

Como a bateria do seu celular ameaça os flamingos dos Andes Pág. 7 Outubro

Rosa

Seja uma amiga do peito!


2fatosMEIO AMBIENTE & notícias

Rondônia acaba com mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas

FOTO: ©WWF-BRASIL/ADRIANO GAMBARINI

conservar rios e nascentes

©

Produtores de MT recebem apoio para

FOTO: WWF-BRASIL

08 a 15 de outubro de 2018

Sem nenhuma manifestação contrária, deputados da Assembleia Legislativa de Rondônia fizeram desaparecer, em menos de uma hora de discussão, mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas na Amazônia. De uma só vez, os parlamentares riscaram do mapa onze unidades de conservação no estado. A tramitação se deu em tempo recorde: o projeto foi protocolado na Assembleia no meio da manhã (10h30) e, à tarde, já estava aprovado. Encarregado de apresentar em plenário parecer sobre a proposta, em nome das comissões da casa, o deputado Léo Moraes (PTB) gastou apenas dois minutos para concluir que as áreas deveriam ser extintas, sem qualquer debate com a sociedade e sem qualquer estudo técnico. “Por ter o clamor de toda sociedade e o apelo dos deputados estaduais, somos favoráveis ao projeto e à emenda para que possamos extinguir as reservas e trazer o desenvolvimento sustentável e responsável ao Estado”, disse. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia, Hamilton Santiago Pereira, a extinção das UCs foi exigência dos deputados para aprovarem uma série de complementações orçamentárias de que o governo precisava para honrar pagamentos, inclusive de salários de servidores. O combinado, porém, segundo ele, era extinguir apenas uma das unidades de conservação criadas pelo governo do estado, a maior delas: a Estação Ecológica

Soldado da Borracha, de 178.948 hectares, entre os municípios de Porto Velho e Cujubim. Isso era o que propunha o projeto de lei complementar 242/2018, enviado à Assembleia pelo governo – e protocolado às 10h30 da manhã. Ao entrar em discussão no plenário, no entanto, o PLC recebeu uma emenda coletiva propondo a extinção não só dessa unidade de conservação, mas de todas as onze unidades criadas pelo governo do estado em março deste ano e, assim, foi aprovado. Os deputados já haviam tentado extinguir as áreas em março, mas a tentativa foi barrada pela Justiça. Depois da aprovação do projeto e da emenda, nessa terça, o deputado Lebrão (MDB) discursou esclarecendo quais são os compromissos dos deputados. Ele disse que a Assembleia Legislativa é composta por “deputados ruralistas que têm compromissos com a sociedade de uma maneira geral do estado de Rondônia, mas, principalmente, com o agronegócio”. E fez uma advertência: “Que (a extinção das UCs) sirva de exemplo para os próximos governantes deste estado: que não passem mais por cima da Assembleia Legislativa”. O deputado Maurão de Carvalho (MDB) disse que em Rondônia “não cabe mais reserva. Tem reserva demais”. No entendimento do parlamentar, os produtores rurais não podem ser controlados pela estrutura do estado: “Precisamos deixar o produtor rural trabalhar com

liberdade, sem perseguição do Ibama, sem perseguição de alguns policiais da Polícia Ambiental”, disse. De acordo com o secretário Hamilton Pereira, o governador deve vetar as extinções impostas pela emenda coletiva, mantendo, porém, a extinção da Estação Ecológica Soldado da Borracha. "Essa decisão não foi debatida com a sociedade", afirma o diretor-executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic. “É fundamental mantermos essas unidades de conservação. Se a floresta vai embora, vão com ela todos os serviços ambientais de que a humanidade depende: água, equilíbrio climático, alimentos, cultura, medicamentos, abrigo. O que estamos colocando em risco é o nosso futuro, num momento de eleições em que estamos decidindo o modelo de desenvolvimento que queremos ter”. Das onze unidades de conservação criadas pelo governo do estado em março, quatro eram de proteção integral: as estações ecológicas Umirizal e Soldado da Borracha e os parques estaduais Ilha das Flores e Abaitará. As demais unidades são de uso sustentável, que permitem a exploração sustentável dos recursos naturais. O programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) investiu R$ 657 mil na criação das unidades de conservação, por meio de cooperação entre a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o Ministério do Meio Ambiente.

Floresta nativa da Mata Atlântica Rio Juruena, Parque Nacional do Juruena, Mato Grosso O projeto 'Renascendo as Águas de Mirassol D'Oeste' é uma iniciativa da Prefeitura municipal de Mirassol D'Oeste e o Consórcio Intermunicipal Nascentes do Pantanal, com o apoio do WWF-Brasil. Por intermédio dele, a Prefeitura de Mirassol D`Oeste recebeu cerca de R$ 680 mil da Agencia Nacional de Águas (ANA), para a realização de benfeitorias em prol da recuperação dos recursos hídricos da região. A próxima etapa será o lançamento de um Edital pela prefeitura, para a contratação das empresas que executarão as obras. Com estes recursos, serão feitas ações de recuperação de 11 nascentes degradadas, localizadas em 07 propriedades, por meio de cercamento, plantio de mudas de espécies nativas e a recomposição de oito hectares de Áreas de Preservação Ambiental (APPs). Segundo a engenheira

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agrônoma Elizene Vargas B o rg e s , d o C o n s ó r c i o Nascentes do Pantanal, “esse projeto é de suma importância para Mirassol D'Oeste, pois essas nascentes são as formadoras dos córregos Carnaíba e Caeté, que são os responsáveis pelo abastecimento de água potável do município”. A adequação ambiental destas áreas permitirá que os proprietários dos terrenos recebam o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). De acordo com Breno Melo, analista de conservação do WWF-Brasil, “o início do PSA em Mirassol D'Oeste é um avanço na conservação dos recursos hídricos do planalto pantaneiro. Ainda que pequenas, essas ações irão melhorar a conservação do solo local e incrementar a produção de água para os rios da região, como o Rio Jauru”.

Saiba mais sobre o

PSA O PSA paga ao produtor um valor proporcional aos benefícios que ele gera. Os pagamentos são feitos após a implantação do projeto e são baseados em custos de referência préestabelecidos com base em duas metodologias: custo de oportunidade (qual o valor do arrendamento da área objeto de recuperação de mata nativa) e avaliação de performance (baseada no monitoramento da diminuição de áreas com erosão). Uma equipe técnica avalia a situação e a melhoria das condições ambientais da propriedade e libera o pagamento. Ainda não existe no Brasil uma lei federal que regule o PSA, a formalização dos contratos com os produtores selecionados para participar do Programa é realizada por meio de critérios estabelecidos em editais públicos e adesão voluntária dos produtores.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18

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CULTURA 3

FOTO: PAULO NAYLAN CHAVES FREITAS

08 a 15 de outubro de 2018

FOTO: REPRODUÇÃO

Como é fabricada a gelatina?

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As fotos mais engraçadas do reino animal O Comedy Wildlife Photography Awards premia registros de momentos hilários da vida selvagem. A lista de vencedores sai no dia 15 de novembro FOTO: ANUP DEODHAR/BARNEY KOSZALKA/JAKOB STRECKER/DIVULGAÇÃO

A gelatina é fabricada graças a um procedimento sofisticado que possui várias fases. O material de correspondência é composto pelo tecido conjuntivo de porcos, bois, pássaros ou peixes. A proteína de colágeno que contém pele e ossos de porcos e bois se torna gelatina. Para isso, as matériasprimas são, primeiro, desengraxadas e desmineralizadas. Em seguida, dois diferentes métodos de pré-tratamento são usados, dependendo da matéria-prima utilizada e da finalidade a qual queremos alocar a gelatina, pelo método alcalino ou ácido. O método alcalino trata o tecido conjuntivo altamente reticulado de bois em um

processo que dura várias semanas. Uma vez que o tecido conjuntivo é lavado, o colágeno da casca da carne de porco não é tão altamente reticulado. Para esta primeira questão, utiliza-se o tratamento ácido de um dia, seguido de neutralização e lavagem intensa para remover os sais antes de separar a gelatina em água quente. Uma vez que este tratamento prévio é passado, os primeiros materiais são misturados com água quente e extraídos em várias fases. Das soluções que são extraídas, os restos de gorduras e fibras finas são separados em separadores de alta potência. A gelatina passa por um filtro que remove até as menores impurezas. Na

última fase de limpeza, são liberados pedaços de cálcio, sódio, resíduos ácidos e outros sais. Em seguida, a solução de gelatina é concentrada em evaporadores a vácuo e espera-se que ela forme uma massa de consistência semelhante à do mel. No processo de formação dos típicos “macarrões de gelatina”, após a moagem, forma um granulado. Os grandes controles de qualidade aplicados neste processo de fabricação resultam em um produto geralmente de grande pureza. Se houver dúvidas, estamos diante de um produto que, partindo de outros, tira proveito suficiente e é muito apreciado por muitas pessoas. (Site de Curiosidades)

Nada melhor do que procrastinar suas obrigações vendo imagens engraçadas de cachorros, gatos, lontras, ursos e o que mais aparecer, certo? O Comedy Wildlife P h o t o g r a p h y Aw a r d s premia justamente as melhores fotos do gênero – e anunciou na última semana os finalistas para a edição de 2018. A premiação foi criada há quatro anos por dois fotógrafos, Tom Sullam e Paul Joynson-Hicks, e usa o humor para chamar a atenção para a conservação dos bichos. O C o m e d y Wi l d l i f e trabalha em parceria com a Born Free Foundation, uma organização britânica de preservação e direito dos animais. Os 41 finalistas foram escolhidos entre milhares de fotografias. A decisão ficará por conta de um júri de especialistas, composto, além dos fundadores, por apoiadores, fotógrafos e

jornalistas experts em vida selvagem. Algumas categorias do Comedy Wildlife, como “In the Air” (para fotos do céu) e “Under the Sea” (para animais marinhos), são patrocinadas por empresas que apoiam a causa. Na edição deste ano, a organização criou uma nova categoria em parceria com o software Affinity Photo, que vai premiar a imagem mais votada pelo público. Quem participar da votação para o Affinity Photo People's Choice

FOTO: SERGEY SAVVI/DIVULGAÇÃO

Award tem a chance de concorrer a um iPad. Já o fotógrafo que ganhar o prêmio de foto do ano vai poder desfrutar de um safári com todas as despesas pagas. O anúncio dos vencedores será feito no dia 15 de novembro. Em outubro, os organizadores vão lançar o segundo volume do livro do Comedy Wildlife, que reúne em versão impressa as fotos mais inusitadas (algumas delas, inéditas para o público) que já foram enviadas para o prêmio.


4 EDUCAÇÃO fatos & notícias

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EDUCADOR NOTA 10

Vencedores do prêmio receberão medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo Os dez finalistas do Educador Nota 10, o maior e mais importante prêmio da educação básica brasileira, serão condecorados, ainda este ano, com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo, honraria que existe desde 1955 e tem por finalidade agraciar personalidades, nacionais ou estrangeiras, que tenham contribuído de maneira excepcional para o desenvolvimento da educação. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Rossieli Soares, na segunda-feira (1º), durante a cerimônia de divulgação dos vencedores do prêmio. “Estamos cada vez mais precisando de bons exemplos, e fazer isso, utilizando a Ordem Nacional do Mérito, a medalha mais importante da educação no Brasil, é olhar para a sala de aula, para os professores que estão

FOTO: ANDRÉ NERY/MEC

fazendo a diferença lá dentro”, ressaltou o ministro. Rossieli aproveitou para destacar a importância do Prêmio Educador Nota 10. “Você pode valorizar o professor em várias dimensões – na formação, no salário e nas condições de trabalho –, mas também colocar luz nos grandes

trabalhos presentes no Educador Nota 10, que desempenha muito bem essa tarefa e traz esperança para o Brasil, mostra que é possível fazer educação pública de qualidade”, destacou. O grande vencedor do título de Educador do Ano foi o carioca José Marcos Couto Júnior, de 34 anos, autor do projeto “Caravanas,

limites da visibilidade” e professor de história da Escola Municipal Átila Nunes, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. “O prêmio, na verdade, é um símbolo de resistência”, lembrou José Marcos. “Tem gente que aponta o professor ainda como um sacerdote, como aquele cara que faz por amor, mas precisamos

entender que o magistério precisa ser apoiado de maneira institucional e sistemática. Se tivermos isso, teremos muitos outros educadores nota 10 sendo refletidos e replicados pelo Brasil”. Criado em 1998, o Educador Nota 10 é uma iniciativa dos grupos Abril e Globo e uma realização da Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Este ano, foram inscritos 4.186 projetos de educadores de todo o País. O concurso é aberto a professores com mais de 18 anos, que tenham concluído licenciatura em ensino s u p e r i o r e q u e desenvolveram trabalhos como docentes titulares em turmas regulares na rede pública e privada, ou em escolas comunitárias ou filantrópicas de acesso público, urbanas ou rurais. Professores, diretores,

coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais já premiados em edições anteriores também puderam participar desta edição, exceto os vencedores nos dois últimos anos. Os projetos inscritos foram avaliados por uma comissão composta por especialistas em didáticas específicas, pesquisadores das principais universidades do País e orientadores de graduação e pós-graduação, além de formadores de gestores e de professores em suas respectivas disciplinas. Cada um dos vencedores ganhou um vale-presente de R$ 15 mil, além de todas as despesas pagas para participar da cerimônia de premiação. O Educador do Ano recebeu outro valepresente, também no valor de R$ 15 mil. As escolas dos professores vencedores também recebem uma verba para celebração, no valor de R$ 1 mil.

Plataforma apoia o desenvolvimento integral do professor FOTO: IRMA/FOTOLIA.COM

A solidão é um dilema que muitos educadores vivem quando fecham a porta da sala de aula. Como lidar com situações desafiadoras e a quem recorrer na hora que surgem dúvidas ou angústias? Pensando nessas e em outras questões, o Instituto Península lançou, na terça-feira (2), a plataforma Vivescer, que promove a troca de experiências, compartilha boas práticas de ensino e oferece uma jornada formativa para apoiar o desenvolvimento integral do

professor. Com quatro percursos de aprendizagem, a plataforma apoia o desenvolvimento integral do professor em diferentes dimensões: emoções, mente, corpo e propósito. Por meio de vídeos, textos, testes e dicas, a Vivescer oferece conteúdos para os educadores trabalharem competências socioemocionais de forma que consigam aplicá-las no seu dia a dia. “O nosso principal desejo com a

plataforma é fazer o professor se desenvolver não apenas profissionalmente, mas, também, individualmente”, diz Heloísa Morel, diretora do Instituto Península. Em um momento de discussão sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ela afirma que a plataforma ajuda o professor a entender melhor o seu próprio desenvolvimento para poder trabalhar as Competências Gerais com os estudantes. “Você não pode ensinar aquilo que você não sabe”, ressalta. Desenvolvida com a colaboração de professores, a plataforma se baseia em pesquisas e consultas a diversos autores, como o americano Ken Wilber, criador da Teoria Integral, que

recorre à ciência, à religião, à psicologia, ao desenvolvimento humano, e à filosofia para a compreensão do indivíduo e do mundo em que ele vive. A diretora do Instituto Península destaca que a Vivescer tem dois campos principais: formação e comunidade. Na área de formação, os educadores passam por quatro jornadas que trabalham emoções, mente, corpo e propósito, de forma que conseguem entender como suas emoções afetam na sua vida

profissional e na relação com os alunos, por exemplo. Já no espaço de comunidade, a plataforma estimula o compartilhamento de experiências e a troca de boas práticas. “A ideia é que a gente crie uma comunidade de professores, porque às vezes eles não têm uma rede de amparo para fazer determinada transformação na sua escola”. A plataforma é gratuita e está disponível para educadores no endereço www.vivescer.org.br.


POLÍTICA 5

08 a 15 de outubro de 2018

blog do

Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia, introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida

Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista

Pacheco

FOTO: DIVULGAÇÃO

jorgepachecoindio@hotmail.com

O “Mito” vencerá no primeiro turno?

É o que os “Bolsoneiros” – eleitores de Jair Bolsonaro – muito delicadamente, querem porque querem que todos nós afirmemos. Só que eles se esquecem que uma coisa é uma coisa e outra coisa ou que, como dizia a Auxiliadora: “cada qual com o seu cada qual”, é sim, outra coisa. Acredito até que eles devam ter, sim, sua preferência pelo Bolsonaro, desde, claro, que respeitem seu interlocutor nisso, como em qualquer outra situação. Por exemplo, eles apontam as pesquisas afirmando (sic): “As pesquisas estão todas erradas...”, mas, caras pálidas, por favor, me digam baseados em que afirmam essa baboseira? Não há nenhuma base material para ficarem tentando desacreditar. São muitas pesquisas, de diversos institutos. Mas os “bolsonaristas” são teimosos. Pergunto a eles: “Ah, se o Jair ganhar no primeiro turno, i s s o n ã o p ro v a q u e a s pesquisas estavam erradas?”. Claro que não! Pode ser um sinal de que estavam certas, pois parte do eleitorado decidiu fazer voto útil, não é mesmo? Creio que essas pesquisas podem até influenciar, sim, as eleições que, também, podem ser boas ou ruins para os candidatos, não é verdade? Vamos esperar os resultados! Sentimos que a disputa eleitoral deste ano chega nesta sexta-feira com viés de baixa para o Bolsonaro e de alta para Haddad, pois todos os institutos de pesquisa assinalaram essa tendência, variando apenas os números. E aí, qual foi a reação? Pintaram aqueles que estão por aí gritando “#EleNão” e o bolsonarismo percebeu o

risco e reagiu, principalmente nas redes sociais, iniciando intensa campanha em favor do

voto útil. Já o petista, também reagiu, mas um pouco diferente a s s o c i a n d o - s e a comportamentos que os “conservadores” acham impróprios. Partiram para cima dos evangélicos! Seguinte: o PT vinha deixando de lado o Jair Bolsonaro, esperando o segundo turno que considerava “fava contada”. Estavam, Haddad e seus seguidores, muito tranquilos, as pesquisas praticamente garantiam essa expectativa. Mas, entretanto, o Ibope de segunda-feira (1º) já dava o primeiro sinal de que algo havia acontecido no fim de semana contra a candidatura petista. E o Datafolha de terçafeira (2) confirmou! E não era nada bom para o candidato do PT. O que se viu, na realidade, foi que o movimento #EleNão” fora um “tiro no pé” porque teve um efeito próBolsonaro! O bolsonarismo, claro, não ficou parado, entrou em ação imediatamente nas redes sociais. E tome fotos ousadas de pessoas, que foram à manifestação só para “ d e s a fi a r o conservadorismo”, espalhadas de modo frenético!

E sempre com a acintosa mensagem: “Olhem o que o PT quer para o Brasil”. Os quase pelados e as manifestações mais agressivas contra a chamada “família tradicional” são exceção em manifestações gigantes e, absolutamente, não são a síntese do ato. Mas, é verdadeiro que estavam lá e se o objetivo era “cutucar os conservadores”, eles conseguiram. A reação do bolsonarismo não se deu a partir de alguma pauta econômica ou mesmo política. É certo que a sua candidatura só se sustentou e pode efetivamente sagrar-se vitoriosa à base da guerra ideológica nas redes. É o que os mais delicados chamam de “guerra cultural”. Há muito, a esquerda vem abrindo flancos para disputar esses valores. Seguinte: os candidatos que não são de esquerda, mas que também se distanciam da extrema direita, nunca souberam explorar essa situação. De modo sistemático Jair Bolsonaro, há dois anos, não faz outra coisa e aí se explica a escolha de seu nome, como consequência do ódio à política tradicional. Acontece que o fanatismo com que isso se manifesta aponta para algo mais profundo, que não se conhece direito porque ainda não foi devidamente estudado. É quase um desespero na procura de soluções rápidas e duras contra problemas antigos e complexos. Tais soluções certamente virão com o tempo! Mas será que virão, caso ele vença? Não acredito! Quem ainda tem dúvidas tem mais é que torcer para que não venham. Se rápidas demais, certamente poderão ser erradas.

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Vamos mudar um pouco? Vocês assistiram ao debate entre os concorrentes ao governo do Estado realizado terça-feira (2), na TV Gazeta? FOTO: PAULO WHITAKER/REUTERS

dos candidatos, na ordem do sorteio As candidatas Rose de Freitas (Podemos) e Jackeline Rocha (PT) foram os destaques no debate, e, Renato Casagrande foi o mais inquirido por todos os

Sócrates (sic): “Gostaria de agradecer à equipe, candidatos e candidatas, e agradecer a você, que está em casa, pela oportunidade de ouvir algumas das nossas propostas. Nosso programa de governo é muito importante para levar o

FOTO: RICARDO MEDEIROS

Os seis candidatos ao governo do Espírito Santo participam na noite de terçafeira (2) do debate da TV Gazeta. Durante cerca de duas horas, os candidatos apresentaram propostas para áreas como: mobilidade urbana, saúde, segurança pública, educação, construção de estradas, cultura, turismo, drogas, previdência, saúde e feminicídio. Mediado pelo jornalista André Junqueira, o debate foi realizado na sede da Rede Gazeta. Participaram os candidatos André Moreira (PSOL), Jackeline Rocha (PT), Manato (PSL), Professor Aridelmo Teixeira (PTB), Renato Casagrande (PSB) e Rose de Freitas (Podemos). O debate teve quatro blocos. O primeiro e o terceiro com perguntas de tema livre; o segundo com temas determinados por sorteio na hora do debate pelo mediador. No último bloco, os candidatos fizeram as considerações finais. Os candidatos tiveram 30 segundos para formular as perguntas, um minuto e 30 segundos para as respostas, um minuto para réplica e 45 segundos para tréplica.

Considerações finais

candidatos o que provocou veementes protestos dos seguidores do ex-governador. Na despedida do debate Rose de Freitas afirmou (sic): “Primeiro, obrigada a todos os que participaram deste debate. Publicamente, parabéns à Gazeta, a todos que nos ouviram com paciência. A você eleitor, a você cidadão, eu queria levar uma mensagem sobre essa disputa ao governo do Estado. Eu sou senadora, nunca fui cargo executivo, como outros que me precederam, que estão no governo, que passaram e q u e r e m v o l t a r e anteriormente não tinham sido candidatos nem a cargo executivo e não ocuparam essa tarefa. Eu quero dizer que sou uma mulher, uma cidadã, uma política que já tem oito mandatos, que trago recursos e sou considerada uma das melhores políticas do Brasil. Mas eu não quero ser apenas a senadora da república, eu quero ser a governadora do Espírito Santo, para mudar o Espírito Santo, para mudar a educação e a saúde e aplicar, ao invés de carregar a pasta de todos os outros governadores, eu quero aplicar esses recursos em saúde, educação, segurança pública para melhorar o Espírito Santo”. Outro destaque no debate Jackline Rocha (PT) disse

desenvolvimento para o estado do Espírito Santo. Nós queremos olhar pela juventude, pelas mulheres, e de fato dizer “ele não”. Queremos olhar por aqueles e aquelas que se sentem injustiçados e 'invisibilizados' hoje pelo governo. A nossa política, comandada pelo presidente Lula, já foi aprovada por você. Nós criamos o Ministério da Pesca, Ministério das Mulheres, políticas sociais importantes, Ministério do Trabalho, Economia Solidária, tudo isso fez parte do governo do PT. Nós sabemos fazer eleição para o povo. No dia 7 de outubro, preciso do seu voto para estar no segundo turno. Nos vemos nas urnas".

Nota do Pacheco A eleição será realizada no próximo domingo e todos nós temos que meditar muito de hoje até o dia 7 para não cometermos uma violência cívica, votando nesses mesmos políticos que estão mamando nas tetas fartas da Nação brasileira e que desejam a reeleição. Não podemos trair a NAÇÃO B R A S I L E I R A , VA M O S RENOVAR AS CASAS DO CONGRESSO, OS GOVERNOS ESTADUAIS E O GOVERNO FEDERAL. É NOSSO DEVER CÍVICO!


6 TECNOLOGIA 08 a 15 de outubro de 2018 fatos & notícias

Integração entre máquinas e humanos

Satélite da Nasa dispara raios laser em direção à Terra

FOTO: EFE/RICARDO MALDONADO ROZO

Lançado em setembro, ICESat-2 funciona como um radar espacial a laser para medir o relevo da Terra

A robô Sophia em foto de agosto de 2018 Fábricas e ambientes controlados fazem parte do passado da robótica, que passou a focar na interação com os humanos a partir de um novo paradigma na concepção de seus produtos. A chamada "soft robotics" – robótica branda – não contempla apenas a utilização de materiais suaves ou flexíveis, normalmente usados nesse tipo de robôs. Também se refere ao comportamento e à forma de deslocamento desses produtos, projetados a partir da inspiração em animais e em outros elementos da natureza. A nova tecnologia é um dos principais temas da IR-VOS 2018, o maior congresso de robótica do mundo, realizado em Madri. Participam desta edição do evento cerca de 1,2 mil analistas de todo o mundo. Até então, o design dos robôs, especialmente os industriais, era focado na eficiência. Eles precisavam ser mais rápidos, mais resistentes e mais precisos. Os brandos, segundo a professora da Escola Politécnica de Lausanne, Jamie Paik, englobam todos os conceitos anteriores, mas também precisam ser seguros, reconfiguráveis e adaptáveis. "A robótica branda é um novo paradigma para uma s ociedade na qual es s as máquinas se integrarão cada vez mais à vida cotidiana. Por isso, não podemos levar em conta só o rendimento, é preciso pensar em como elas interagem com as pessoas de forma segura", explicou. "Esse é um setor que cresce rapidamente no mundo todo e um campo completamente aberto à imaginação, onde tudo

é possível. Há vários tipos de robôs. Não há um único material ou um único método de design que os definam", disse Paik. Robôs com forma de polvo, que se arrastam pelo chão como serpentes ou capazes de surgir de um material plano com a técnica do origami mostram que uma característica comum é a ausência de articulações rígidas, quase obrigatórias nos tradicionais. A natureza da robótica branda permite que essas máquinas se adaptem melhor ao entorno em que vão atuar, realizem tarefas de forma autônoma e até se reconfigurem para cumprir melhor novas missões, seja dentro de casa, em áreas atingidas por uma catástrofe ou em trabalhos médicos, no caso de robôs de tamanho bastante reduzido, usados em operações pouco invasivas. No entanto, Paik explica que os cientistas ainda precisam realizar mais pesquisas para descobrir materiais capazes de fornecer a flexibilidade desejada na hora de construir os robôs. "Algumas vezes ligamos para uma empresa para comprar um material que nos interessa e eles se surpreendem: “Vocês querem usar isso em um robô?”, revelou a professora. Além de reconfiguráveis, esses novos robôs são pequenos. Paik diz que trabalha em escala de centímetros no seu laboratório, não só por tornar mais fácil a produção de protótipos, mas também porque o objetivo deste novo paradigma de

criação de máquinas é produzir equipamentos que se adaptem à vida cotidiana humana. Paik e sua equipe estão se especializando no que ela batizou de "robôgamis", máquinas que são inspiradas no origami, a arte japonesa de dobrar papéis. Uma das criações da professora se parece com uma pequena placa de metal que, de repente, começa a se transformar em um pequeno robô com forma de uma gravata borboleta. As pequenas máquinas são muito adaptáveis e capazes de realizar várias tarefas exatamente pelo fato de poderem mudar de forma. Alguns são capazes de se comunicar entre eles como formigas e abelhas, trabalhando de forma cooperativa. Projetados com base em camadas, esses robôs podem ser produzidos em série, o que diminui os custos e facilita a produção, explicou a professora. No entanto, ela elenca dois desafios para o futuro. O primeiro é criar uma metodologia de design comum, aberta a todos, de forma que um pesquisador possa encontrar criações já feitas por outros cientistas e não começar sempre do zero. Além disso, segundo Paik, é preciso aprofundar as pesquisas em motores que se adaptem a esse tipo de robótica. "Ter só as peças não garante que você vai conseguir criar um robô que funcione. Elas precisam se integrar. Não é só uma questão de técnica", explicou a professora.

O satélite a laser lançado pela Nasa em 15 de setembro não perdeu tempo em sua missão espacial. Com objetivo de fazer medições constantes das variações das geleiras do planeta, no dia 30 do mesmo mês disparou seus primeiros 300 trilhões de fótons de luz verde em direção à Antártida. Demorou três dias, mas o Ice, Cloud e Earth Elevation Satellite-2 (ICESat-2), que funciona como uma espécie de radar a laser, captou os fótons de volta, com informações sobre o relevo do continente gelado. "Estávamos todos esperando ansiosamente que os lasers ligassem e que os primeiros fótons voltassem", disse Donya DouglasBradshaw, gerente de projeto do único instrumento do ICESat-2, chamado Advanced Topographic Laser Altimeter System, ou AT L A S . " Ve r t u d o funcionando em conjunto é incrivelmente emocionante. Há muitas partes móveis e esta é a demonstração de que tudo está funcionando em conjunto". Para quem estava envolvido no projeto, os dias que separaram o lançamento da ação foi uma eternidade. Os pesquisadores tiveram que esperar até que quaisquer contaminantes ou gases terrestres se dissipassem no espaço. "É muito crítico quando você dispara os lasers que você não tem contaminantes, porque você pode danificar a óptica", disse DouglasBradshaw. "Quatorze dias estão além do tempo necessário para isso, mas queríamos estar seguros". Durante essas duas semanas, a equipe de operações do ICESat-2 ligou e testou os vários sistemas e subsistemas da espaçonave e do instrumento, e disparou

FOTO: NASA

propulsores para começar a colocar o satélite em sua órbita polar final, a aproximadamente 500 quilômetros acima da Terra. Antes que o laser fosse ligado, a equipe aguardava ansiosamente outro marco, disse Douglas-Bradshaw. A porta que protegia o telescópio e os elementos detectores durante o lançamento tinha que ser aberta. Missão delicada, mas concluída com sucesso no dia 29 de setembro. No dia seguinte, foi a vez do laser. A equipe de engenharia estava trabalhando com a equipe de operações que controla o instrumento em órbita, para que os comandos estivessem prontos - primeiro ligar o laser em si, esperar que ele se aquecesse e depois emitir comandos para colocálo no modo de disparo. "Estávamos incrivelmente animados e felizes, todos tiravam fotos das telas mostrando dados", disse D o u g l a s - B r a d s h a w. "Alguém observou: 'Agora temos uma missão, agora temos um instrumento'". Três dias depois, a equipe do ICESat-2 teve o primeiro segmento de dados de altura, quando o satélite sobrevoou a Antártida. Os programadores de computadores ficavam a noite toda analisando a latitude, longitude e elevação representadas por cada fóton que retornava ao instrumento ATLAS - que funciona como

um cronômetro chique que calcula o tempo de ida e volta das partículas de luz. Às 6 da m a n h ã , To m N e u m a n n , cientista assistente do projeto ICESat-2, estava enviando screenshots dos dados de altura para o resto do time. Quando os cientistas analisam os dados preliminares do ICESat-2, eles examinam o que é chamado de "nuvem de fótons" ou um gráfico de cada fóton que o ATLAS detecta. Muitos dos pontos em uma nuvem de fótons são de fótons de fundo – luz solar natural refletida na Terra no mesmo comprimento de onda dos fótons de laser. Mas com a ajuda de programas de computador que analisam os dados, os cientistas podem extrair o sinal do ruído e identificar a altura do solo abaixo. A primeira nuvem de fótons gerada pelo ICESat-2 mostra um trecho de medidas de elevação da Antártida Oriental, passando perto do Pólo Sul a uma latitude de 88 graus sul e continuando entre a Geleira Thwaites e a Geleira Pine Island, na Antártida Ocidental. O próximo passo para o ICESat-2 é um conjunto de procedimentos para otimizar o instrumento, disse Neumann, incluindo testes para garantir que o laser esteja apontando para o ângulo exato e no comprimento de onda correto para permitir que tantos fótons atinjam o detector. "Levará mais algumas semanas", disse ele, "mas cerca de um mês após o lançamento, esperamos começar a recuperar alguns dados de qualidade científica excelente".


CIÊNCIA 7

08 a 15 de outubro de 2018

fatos & notícias

Como a bateria do seu celular pode matar os flamingos dos Andes Vital na fabricação de baterias para celulares e carros elétricos, substância é extraída à custa da destruição de ecossistema no Altiplano Andino. Especialistas pedem métodos menos agressivos de exploração Dizem que o lítio é o petróleo do futuro. É chamado de "ouro branco" ou "maravilha mineral" por suas excelentes qualidades para armazenar energia. No entanto, nem tudo que brilha é lítio: por trás da exploração desse mineral, que não é encontrado livre na natureza, há um contexto que muitas vezes é ignorado, e o meio ambiente sofre as consequências dessa atividade de mineração. O lítio é um metal alcalino branco muito leve, que oxida rapidamente em contato com o ar e que só existe na natureza na forma de compostos químicos. Por essas razões, é usado em indústrias como a do vidro, da cerâmica, de lubrificantes e de drogas. Sem esquecer o setor tecnológico e automotivo, onde se tornou um produto fundamental

para a fabricação de baterias, tanto de celulares quanto de veículos elétricos. Atualmente, a principal técnica de extração de carbonato e do cloreto de lítio é a evaporação de salinas. Esse método consiste em colocar a salmoura, extraída de grandes profundidades, em recipientes grandes e rasos, onde seca ao sol. Depois, vão sendo adicionados vários elementos químicos que desencadeiam reações que precipitam sais, como cloreto de sódio ou de potássio, para, finalmente, ser obtido o carbonato ou cloreto de lítio. Borja Heredia, especialista em biodiversidade e diretor da unidade de aves da Convenção das Espécies Migratórias da ONU (CMS, na sigla em inglês), explica que o Altiplano Andino, a 4

FOTO: MARTÍN ZABALA/XINHUA

mil metros de altitude, é uma á r e a d e g r a n d e biodiversidade. No verão, os flamingos-andinos migram das terras baixas para as lagoas e regiões úmidas do altiplano. O problema é que o "triângulo de lítio" também está localizado nessa área, de modo que as áreas úmidas ficam intercaladas entre as salinas desse mineral. Assim, é criado um conflito entre a conservação dos habitats dessas espécies de flamingos e a mineração

de lítio, que é muito agressiva para os recursos hídricos que utiliza. Além disso, a salmoura se encontra na grande profundidade da terra, cercada por aquíferos de água doce que compõem um sistema hidrogeológico muito complexo e único no mundo. Ao bombear a salmoura dos aquíferos, são gerados espaços vazios na terra, que se enchem de água doce dos aquíferos adjacentes, que por sua vez dão vida às áreas

habitadas pelos flamingos. O resultado é que a extração de lítio traz consigo dois problemas sérios: por um lado, a grande quantidade de água doce consumida e, por outro lado, a grande concentração salina da salmoura já sem lítio (10 vezes maior que a da água do mar), que fica como resíduo. Heredia também ressalta haver uma grande pressão exercida pela indústria na Bolívia, no Chile e na Argentina para permitir a extração de lítio. No momento, ninguém questiona a necessidade desse mineral para abordar a transição energética e conter as mudanças climáticas. O que a CMS das Nações Unidas pede é que sejam realizadas pesquisas para encontrar métodos que usem menos água doce, e que o excedente seja

recuperado no final do processo. "São necessárias investigações exaustivas do sistema de aquíferos da região de Puna, porque eles não são conhecidos", ressalta, acrescentando que até agora as pesquisas realizadas são genéricas, s e m o b s e r v a r a peculiaridade de cada salar. "Isso é algo inútil. Cada salar é único e requer estudos detalhados e específicos. Além disso, modelos matemáticos são necessários para prever a longevidade dos depósitos a longo prazo", avalia o especialista. "O lítio é um material não renovável, portanto, se for extraído indiscriminadamente, em 20 anos poderemos ter acabado com as reservas".

Cientistas descobrem bactérias em local surpreendente ©

FOTO: PNAS

Micrografias fluorescentes mostrando presença de cianobactérias em amostras de rocha extraída de grande profundidade Um grupo internacional de cientistas descobriu bactérias comuns vivendo a grandes profundidades e muito longe da luz solar, o que poderia nos levar a reavaliar a habilidade de

ecossistemas profundos tanto na Terra como fora dela, informou a edição Science Alert. Trata-se de cianobactérias (bactérias fotossintéticas), que habitam debaixo da

t e r r a s e m l u z s o l a r. Anteriormente, cientistas acreditavam que cianobactérias não seriam capazes de viver na biosfera obscura por precisarem de luz.

Os microrganismos foram detectados nas amostras de rocha, extraída de um poço de 613 metros de profundidade, feito no sudoeste da Espanha. Cientistas estavam buscando outros tipos de bactérias, mas acabaram encontrando bactérias fotossintéticas do gênero C a l o t h r i x , Chroococcidiopsis e Microcoleus e notaram que a cavidade, onde foram descobertas, foi associada a diminuições locais na concentração de hidrogênio. Especialistas acreditam que as bactérias conseguiram se adaptar à

falta de luz e de oxigênio, necessários para fotossíntese, e usam hidrogênio para obter energia por transportar elétrons de hidrogênio para vários aceptores de elétrons no ambiente subterrâneo, recebendo pequenas

quantidades de energia no processo. Tal mecanismo já foi detectado antes em outros tipos de cianobactérias, mas especialistas acreditavam que o processo era aplicado para facilitar fotossíntese e não para sobreviver.


8SAÚDE fatos & notícias

08 a 15 de outubro de 2018

Estudo diz que metade das mulheres

corre risco de ter demência, Parkinson ou derrame Quase metade das mulheres e um em cada três homens correm o risco de ter um derrame ou desenvolver doenças neurológicas degenerativas como a demência e o Mal de Parkinson durante a vida, segundo um estudo publicado na segunda-feira (1º). Pesquisadores holandeses consideraram as três condições "para entender quão grande é o problema das doenças cerebrais incuráveis no final da vida", disse o autor sênior do estudo Arfan Ikram. "Nós agrupamos essas doenças não só porque são comuns, mas, também, porque há indícios de que elas frequentemente ocorrem simultaneamente e podem compartilhar a l g u m a s c a u s a s sobrepostas", disse à AFP Ikram, do Erasmus MC University Medical Center Rotterdam, na Holanda. Isso poderia significar que há também formas sobrepostas de atrasar ou evitar essas doenças, e a pesquisa descobriu que algumas estratégias

preventivas podem reduzir o risco entre 20 e 50%. Para o estudo, publicado no Journal of Neurology Neurosurgery and Psychiatry, os pesquisadores acompanharam mais de 12 mil pessoas saudáveis com mais de 45 anos de 1990 a 2016. Ao longo dos 26 anos, 5.291 pessoas morreram. Quase 1.500 foram diagnosticadas com demência – 80% com Alzheimer – enquanto 1.285 tiveram um acidente vascular cerebral e 263 desenvolveram Parkinson. Os resultados indicam que a probabilidade de mulheres com idade igual ou superior a 45 anos desenvolverem essas doenças é de 48%, e a dos homens, de 36%. A divisão de gênero se deve, principalmente, ao fato de que os homens morrem mais cedo que as mulheres, disse Ikram. "Nosso estudo não mostra qualquer tipo de efeito protetor para os homens", disse. "Em vez disso, é apenas devido ao fato de que há menos homens sobrevivendo à velhice".

FOTO: DIVULGAÇÃO

Riscos das três condições também afeta cerca de um terço dos homens acima dos 45 anos

Como as mulheres vivem mais, elas têm um risco maior de desenvolver essas doenças, e o estudo descobriu que as mulheres tinham duas vezes mais chances de desenvolver demência e derrame do que os homens. Embora não haja cura para essas doenças, um estilo de vida saudável como uma boa dieta, não fumar ou não ter

diabetes, pode proteger contra o derrame e ajudar a prevenir o aparecimento de demência, disse Ikram. Há também indicações de que um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de Parkinson, acrescentou. Acredita-se que o custo das três doenças neurológicas seja de mais de 2% da produtividade econômica anual (PIB) do mundo,

disseram os pesquisadores em um comunicado. Os pesquisadores observaram que, como o estudo incluía apenas pessoas de ascendência europeia com uma expectativa de vida relativamente longa, "pode não ser aplicável a outras etnias/populações". Em todo o mundo, cerca de 7% das pessoas com mais de

65 anos sofrem de Alzheimer ou alguma forma de demência, uma percentagem que sobe para 40% acima dos 85 anos. O número de pessoas atingidas deve triplicar até 2050, para 152 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que representa um enorme desafio para os sistemas de saúde.

Uma noite maldormida já é suciente para o corpo estocar gordura Atire o primeiro travesseiro quem não perde pelo menos uma noite de sono na semana porque ficou acordado até tarde. Que erro! Dormir poucas horas (ou nenhuma) em um único dia já é suficiente para provocar alterações no funcionamento do DNA que podem causar problemas de saúde a curto e a longo prazo. O alerta vem de um estudo da U n iv er s id ad e U p p s ala, n a Suécia, publicado em agosto na revista Science Advances. A pesquisa recrutou 15 pessoas

jovens e com peso considerado saudável, que dormiram duas noites sob o olhar dos estudiosos. Na primeira noite, descansaram por oito horas, como mandam os médicos. Na segunda, não puderam pregar os olhos. Tanto no dia anterior quanto no seguinte aos experimentos, os voluntários passaram por exames de sangue e também por biópsias, em que foram retiradas pequenas amostras de tecido adiposo e muscular. Os resultados mostram que, após a noite em claro, o DNA dos

participantes passou por um processo chamado “metilação”. Ele ocorre quando pequenos compostos orgânicos (radicais chamados “metil”) são colados como etiquetas no código genético. Genes com uma alta concentração de metil são desativados. Esse mecanismo é considerado epigenético (“além da genética”), pois influencia a atuação dos genes sem alterá-los. No caso dos voluntários do estudo sueco, a metilação ocorreu em áreas do DNA não apenas ligadas ao relógio

biológico do organismo, mas, também, ao desenvolvimento de distúrbios metabólicos, como obesidade e diabetes tipo 2. Para os autores, isso explica os achados de outros trabalhos científicos já feitos sobre o tema. “Acreditamos que essa é uma nova peça do quebra-cabeça sobre como problemas crônicos de sono aumentam o risco de uma pessoa se tornar obesa, por exemplo”, comenta Jonathan Cedernaes, líder da investigação. Um olhar mais detalhado sobre os achados revelou, ainda, que o

impacto de uma noite maldormida se dá tanto no tecido adiposo quanto no muscular. “Encontramos indícios de que, no dia seguinte a uma noite sem sono, o tecido adiposo tenta aumentar sua capacidade de estocar gordura”, relata Cedernaes. Já os músculos perdem proteína quando você dorme pouco ou nada – o que impacta não só no volume de massa magra, mas também na capacidade do organismo de consumir o açúcar excedente no sangue, processo que se dá,

normalmente, nas células musculares. Isso explicaria também o elo entre a insônia e o diabetes. Segundo Jonathan Cedernaes, o próximo passo é entender se dormir bem depois de não ter pregado os olhos na noite anterior neutralizaria essas alterações. Outros possíveis aliados de quem teve uma noite regada a insônia são alimentação saudável e atividade física – algo que os cientistas suecos também pretendem investigar.


08 a 15 de outubro de 2018

SAÚDE 9 fatos & notícias

O álcool é responsável por uma a cada 20 mortes no mundo. É o que diz a mais recente edição de um relatório quadrienal da Organização Mundial da Saúde (OMS). O jornal inglês The Guardian escreve que o estudo descobriu que cerca de três milhões de óbitos em 2016 podem ser atribuídos ao álcool. Deles, 2,3 milhões são de homens, e 29% foram causados por ferimentos (incluindo tudo, de acidentes a batidas de carros e suicídios) e não por problemas de saúde. Outras causas de morte registradas incluem transtornos digestivos (21%) e doenças cardiovasculares (19%). Há, também, “doenças infecciosas, cânceres e transtornos mentais”, além de outras condições

FOTO: RICK BOWMER/AP

Estudo da OMS descobre que o álcool é responsável por 5% das mortes no mundo

causadas pela ingestão da substância, acrescenta a CNN. De acordo com os dados da OMS, aproximadamente 7,2% das mortes prematuras no planeta estão ligadas ao álcool, assim como 5,3% de todos os óbitos. O especialista da OMS em controle de álcool, Dr. Vladimir Poznyak, diz que os governos não estão fazendo o suficiente para reduzir o consumo de

álcool. Ele diz que o fardo d o á l c o o l é “inaceitavelmente grande”. “Infelizmente, a implementação das opções de políticas mais efetivas está muito atrasada em relação à magnitude dos problemas”, diz. Ele ainda acrescenta que as projeções sugerem que o consumo de álcool no mundo e os danos relativos a ele devem aumentar nos próximos anos.

“Os governos precisam fazer mais para atingir as metas globais e reduzir o dano do álcool na sociedade. Isto está claro, e esta ação está ou ausente ou insuficiente na maioria dos países do mundo”, diz Poznyak. A CNN escreve que a pesquisa estima que 2,3 bilhões de pessoas ao redor do mundo consomem álcool. Destes, 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres têm algum tipo de transtorno com ligação causal ao álcool. O estudo também revelou que os destilados constituem a maior porcentagem do álcool consumido (45%), com a cerveja (34%) e o vinho (12%) logo atrás. Nos quatro anos desde a edição anterior do estudo, entretanto, a proporção de

mortes ligadas ao álcool teve um pequeno decréscimo: antes, o número era de 5,9%. “Na última década, houve uma reversão constante no pensamento, associando o consumo de álcool a doenças, especificamente concentrado em desafiar a noção disseminada de que beber moderadamente tem um efeito benéfico à saúde, e grandes esforços foram feitos para neutralizar a chamada cultura do consumo excessivo de álcool”, declarou Steven Bell, epidemiologista da Universidade de Cambridge, à CNN. Um grande estudo publicado recentemente na Lancet conclui que, apesar da velha crença popular (incluindo aí a comunidade médica) de que o consumo moderado de álcool pode

ser bom para a saúde, os danos superam quaisquer benefícios. O principal autor desse estudo, Max Griswold, disse ao Gizmodo que “Nós descobrimos que não há, na verdade, nenhum benefício de beber para a sua saúde. O nível mais seguro, de uma perspectiva de saúde, é não beber nada”. De acordo com a pesquisa, ingerir duas doses de bebida alcoólica por dia aumenta o risco de morte prematura em 7%. De acordo com o Guardian, Poznyak acredita que o estudo da OMS, na verdade, subestima os malefícios da bebida, pois não inclui os dados de crianças que começam a beber antes dos 15 anos de idade, o que, segundo ele, é comum em “muitos países”.

Nobel de Medicina vai para pesquisa que revoluciona tratamento do câncer Um novo tipo de terapia contra o câncer que "desativa o freio" do sistema imunológico humano e é considerada uma nova esperança para a cura da doença acaba de ser premiada com o Nobel de Medicina. Esse é o objeto de pesquisa dos imunologistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão, que foram anunciados na segunda-feira (1) como os vencedores do Nobel.

A Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, disse que as terapias pela inibição da regulação imune negativa são "um marco" na luta contra o câncer. As descobertas "transcendentais" feitas por ambos os cientistas "estabeleceram um princípio completamente novo" no campo da oncologia e permitem "aproveitar a habilidade do sistema

imunológico para atacar as células cancerígenas", disse a academia em um comunicado. A imunoterapia, que mira mais especificamente nas células cancerígenas, é considerada uma nova fronteira nos tratamentos contra o câncer. No entanto, ela funciona em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes. Os cientistas ainda não sabem exatamente quem vai se beneficiar e o porquê. Ta n t o A l l i s o n q u a n t o Honjo estudaram proteínas que impedem que as principais células de defesa do corpo, as células T, ataquem as células cancerígenas. Quando o sistema

imunológico detecta a presença de ameaças no organismo, como vírus e bactérias, estas células se agarram às substâncias exógenas, o que estimula uma resposta imunológica de larga escala. Diversas proteínas mensageiras também estão envolvidas nesse processo. Algumas potencializam a resposta do sistema imunológico e outras servem como freios, prevenindo uma resposta exagerada. No caso do câncer, o sistema de defesa do corpo nem sempre consegue identificar os tumores e atacá-los. É neste ponto que os trabalhos dos dois pesquisadores provaram ser revolucionários.

Allison, que tem 70 anos e é professor na Universidade do Texas, estudou no início dos anos 1990 a proteína CTLA4, que funciona como uma espécie de freio do linfócito T. Honjo, de 76 anos e professor na Universidade de Kyoto, descobriu, em 1992, outra proteína na superfície dos linfócitos T: a PD-1, que também freia as células imunológicas, mas com outro mecanismo. Desde então, ambos passaram a desenvolver medicamentos que possam inibir a atividade dessas proteínas, estimulando o sistema imunológico a atacar tumores. As terapias baseadas em suas pesquisas foram

"impressionantemente eficientes" e tiveram sucesso no tratamento de pacientes com diferentes tipos de câncer, segundo a Assembleia do Nobel. Desde então, a CTLA-4 foi usada no tratamento do melanoma (câncer de pele) avançado, enquanto a PD-1 tem sido utilizada contra tumores de pulmão, renais, linfoma e melanoma. Novos estudos indicam que se ambas as terapias forem combinadas, o tratamento pode ser, inclusive, mais eficiente. As terapias também produzem efeitos colaterais, como reações autoimunes do corpo. Os pesquisadores agora buscam maneiras de reduzir estes efeitos.


COMPORTAMENTO 10 fatos & notícias 08 a 15 de outubro de 2018

O

Viva a diferença!

Sábado dei um passeio pela orla de Camburi e me vi rodeada por pessoas. Interessante como somos diferentes! Comecei observando os casais. Cada um com suas características: mulheres mais altas que os homens; homens magros com mulheres gordinhas; homens jovens com mulheres mais velhas. Nossa! Tinha muita coisa para observar. Vi beleza nas diferenças. Agradeci a Deus por sermos diferentes. Percebi a beleza daquele conjunto. Brancos, negros, indígenas, asiáticos... uma mistura perfeita. Uma tela colorida pintada pelo Criador. Neste momento, veio em minha mente meu

FOTO: DIVULGAÇÃO INTERNET

lá amigos,

ANA LUCIA BERNARDO CORDEIRO rosto refletido no espelho. Gente! Tenho cara de índia! Minha filha branquela (como europeia), meu filho bem moreno (lindooooo!). Mas o que mais me chamou a atenção foi a diferença de idade. Na verdade, isso não existe. Existe diferença de comportamento, atitudes, ideias. Creio que esta ou estas diferenças, é que fazem c o m q u e o s relacionamentos simplesmente sejam imperfeitos. Não existe perfeição. Somos humanos.

Erramos, acertamos, erramos novamente e seguimos em frente. Ao final da minha c a m i n h a d a contemplativa, lembrei de parentes, amigos, vizinhos, e foi uma explosão de gargalhadas. Eu me dei conta de como é GOSTOSO viver com as diferenças. Que graça teria a vida, se fôssemos todos iguais? Viva a diferença! Até a próxima semana. Ana Lucia Bernardo Cordeiro

Professora

Destroços de navio que fazia rota para as Índias é descoberto no rio Tejo FOTO: EFE/FILIP SINGER

Um grupo de arqueólogos português descobriu na foz do Tejo os destroços de um navio naufragado no final do século XVI ou começo do XVII, que fazia a rota marítima para as Índias, no qual foram encontrados pimenta, porcelana chinesa e outros vestígios da época. A embarcação foi localizada no começo de setembro durante uma expedição da equipe de arqueólogos submarinos da Câmara Municipal de Cascais, cidade que fica perto da foz do Tejo, em uma região

na qual há registros históricos de perto de cem naufrágios. "Sabemos que o estuário do Tejo é dos mais ricos em nível mundial porque ficava perto da capital do império português na época dos descobrimentos. Há registros históricos de aproximadamente cem navios. A probabilidade de encontrar um era muito grande, era questão de tempo", disse, na segundafeira (1), à Agência EFE, o arqueólogo que lidera o projeto, Jorge Freire. Os naufrágios não eram

estranhos na rota portuguesa para as Índias, com navios que tinham que fazer os 20 mil quilômetros que separavam Lisboa de Cochim, e que deviam passar pelo estuário do Tejo em suas viagens de ida e volta para levar ao império português as especiarias indianas. A equipe liderada por Freire está trabalhando intensamente na região patrocinada por um projeto da Câmara Municipal e não descarta que possam encontrar mais navios, também de outras épocas.

Por enquanto, os esforços se centram em trabalhar com os destroços encontrados, entre os quais há vários canhões de bronze com o escudo de Portugal, porcelana chinesa da época Wanli, grãos de pimenta e cauris, conchas que eram usadas como moeda na venda de escravos. Estes destroços, que lhes permitiram calcular que a embarcação afundou entre 1575 e 1625, vão ser agora tratados pela equipe, para o que a prioridade é assegurar o bom estado de conservação de tudo o que foi encontrado. "É uma descoberta de grande importância para o município de Cascais e para Portugal, porque, pela primeira vez, foi feita em um ambiente puramente científico. Até agora, todas as descobertas desta dimensão foram fortuitas", afirmou Freire. Quando as descobertas encontradas são feitas de forma fortuita por "homens do mar", explicou o arqueólogo, a tendência é mexer os destroços e levar "souvenires" para casa, o que não aconteceu neste caso.

A equipe vai retirar os elementos que correm perigo de deteriorar-se, mas a ideia é que o navio permaneça no fundo do rio. "É recomendado pelos especialistas que parte do material seja retirado e, portanto, poderá ficar exposto no Museu do Mar de Cascais, mas outra parte é recomendável que fique no ambiente marinho", disse à EFE o prefeito de Cascais, Carlos Carreiras, que definiu a descoberta como "a maior do século". "Tivemos várias descobertas importantes, mas não da dimensão e do interesse que tem esta. Só se

lembra de um parecido em 1994", acrescentou, em referência à embarcação Nossa Senhora dos Mártires, navio de carga que naufragou em 1606 na foz do Tejo, embora tenha sido achado em pior estado de conservação. A Câmara Municipal de Cascais deve criar uma escola de arqueologia subaquática no local onde fica a embarcação para formar futuros profissionais desse campo, em parceria com entidades como a Universidade Nova de Lisboa, a Marinha Portuguesa e a Direção Geral de Patrimônio Cultural.


POLÍTICA

08 a 15 de outubro de 2018

“Voto não tem preço, tem consequência. A consciência política nos liberta da ignorância, da alienação e, principalmente, da corrupção”

O

que dizer ao cidadão ou cidadã que vive diante das impossibilidades sociais e que agora se veem na obrigação ou dever de eleger, no próximo domingo (07), um representante que defenda seus interesses? Diante do trágico quadro de candidatos apresentado, venho observando o ceticismo do povo com as opções. As caras e as propostas são sempre as mesmas, entra governo e sai governo e nada é feito. Não há interesse por parte dos representantes. Vivem na zona de conforto, são os mais bem pagos do mundo, contam com auxílios paletó, moradia, alimentação, livro, transportes, auxílio nas mensalidades escolares dos filhos, salão de beleza e etc. É uma verdadeira farra com o dinheiro público. Esse é o momento de dizer “NÃO” a quem já teve mandato por uma simples razão: foram eles que deixaram nosso País quebrado, mostraram que o interesse deles sempre foi pelo individual e não pela coletividade, mostraram-se negligentes, desleixados, improvidentes e omissos para com pais, irmãos, filhos e amigos.

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fatos & notícias

HAROLDO CORDEIRO FILHO

Olhar de uma Lente

Vote consciente Fique atento, nosso País é destaque mundial em várias situações: no saneamento básico, temos mais de 100 milhões de brasileiros sem rede de esgoto com valas a céu aberto diante de suas

casas. No abastecimento de água potável, 17% da população, ou seja, mais de 35 milhões, não usufruem desse direito constitucional; a educação, é para “inglês ver”, estudantes mal sabem

produzir textos, somar, subtrair, dividir e m u l t i p l i c a r. M a s a deficiência não está nos profissionais e, sim, no modelo. A saúde está a décadas na UTI, hospitais

com longas filas de espera, falta medicamentos e especialistas em áreas como: oncologia, ginecologia, cardiologia, obstetrícia, etc. A cultura, longe de um país que

preserva sua identidade, basta lembrar do Museu Nacional do Rio de Janeiro que foi incinerado no último dia 2 de setembro, por descaso dos governantes. Na área da ciência e tecnologia, estudiosos migram para outros países por falta de incentivos à pesquisa. No meio ambiente, florestas, rios, lagos, lagoas, manguezais, são invadidos por ocupações ilegais, mineradores, latifundiários, tudo isso com chancela de governos e do poder público. Na mobilidade urbana, os investimentos são para automóveis, nunca para os transportes alternativos (ciclovias) ou transportes coletivos (ônibus e metrôs) e, para finalizar, na economia, mais de 14 milhões de brasileiros s e e n c o n t r a m desempregados. Não se iluda, não existe salvador da pátria, o momento é de reflexão. Os problemas do Brasil não serão resolvidos em um ou dois mandatos, mas os resultados positivos só virão se, a médio e longo prazos, tivermos atitude hoje. É ou não é o momento de renovar? Haroldo Cordeiro Filho Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer


GERAL 12 fatos & notícias

08 a 15 de outubro de 2018

Brasil terá centro de síntese em biodiversidade até o fim do ano Um consórcio de agências de fomento à pesquisa, federais e estaduais, ao lado de outras organizações do Brasil e do exterior, dará início ainda este ano ao Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose). A iniciativa será a primeira na região tropical, a exemplo de outras em operação no Canadá, nos Estados Unidos, na Alemanha, no Reino Unido e na Austrália. O objetivo é integrar dados de pesquisa espalhados por diferentes centros, a fim de avançar o conhecimento científico e procurar resolver problemas da sociedade, por meio de iniciativas junto a comunidades e órgãos governamentais. Algumas definições para o SinBiose foram dadas durante workshop realizado entre os dias 24 e 26 de setembro no Instituto de Estudos Av a n ç a d o s ( I E A ) d a Universidade de São Paulo (USP). Segundo Marcelo Morales, vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL

FOTO: LEONARDO RAMOS/WIKIMEDIA COMMONS

Objetivo é integrar dados de pesquisa espalhados por diferentes centros Tecnológico (CNPq), o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) garantiu alocar R$ 1 milhão para o início das atividades. “Temos que começar e decidimos começar virtualmente. Mas precisamos agora mostrar os resultados. Com isso, tenho certeza de que iremos convencer não apenas o Congresso, mas as agências e os ministérios [a colocar mais recursos na iniciativa]”, disse Morales durante o evento. “A ideia de criar um centro de síntese é a possibilidade de reunir dados já disponíveis em projetos voltados para a solução de problemas, seja de uma bacia hidrográfica ou uma cidade, e utilizar essa s í n t e s e p a r a o aperfeiçoamento e a implementação de políticas”, disse o organizador do evento Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia da

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do programa Biota-Fapesp. Joly explicou que esses dados estão espalhados em grupos de pesquisa no Brasil inteiro, mas não há nenhuma instituição responsável por integrá-los. “Nossa ideia é fazer algo transversal, que integre os melhores pesquisadores em determinado assunto para reunir tudo o que há de informação sobre aquele tópico específico e ver o quanto é possível avançar em relação a soluções e respostas a problemas”, disse à Agência Fapesp. Uma das primeiras ideias para a criação de um centro de

síntese em biodiversidade no Brasil teria vindo, principalmente, após as recomendações do relatório científico de 2015 do programa Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD). “O relatório enfatiza que é realmente importante ter ligações mais fortes com os outros interessados para que haja maior capacidade de preencher as lacunas entre ciência e prática”, disse o palestrante Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da USP e membro da coordenação do programa Biota-Fapesp. Para Metzger, um centro como esse, segundo no hemisfério Sul e primeiro na região tropical, possibilita

uma colaboração mais ampla, com uma nova geração de pesquisadores mais colaborativos compartilhando dados e criando novas ideias, hipóteses e modelos c o m d a d o s existentes. Além disso, promove uma abordagem inter e t r a n s d i s c i p l i n a r, facilitando a sinergia entre ciência e políticas públicas. A estrutura inicial do SinBiose seria composta de um comitê científico, assessorado por um comitê consultivo internacional. Além disso, haveria um corpo administrativo e um time operacional de tecnologia da informação, comunicação e assistência educacional. O modelo inclui ainda um diretor científico, assim como pós-doutores, todos em regime de dedicação exclusiva ao centro. Além deles, pesquisadores experientes dedicados exclusivamente ao centro por um período determinado trabalhariam no SinBiose. Os membros dos grupos de trabalho devem se reunir uma ou duas vezes por ano para verificar o andamento dos trabalhos e definir os próximos passos.

“Nossa ideia é que haja um espaço físico, a princípio em Brasília, onde essa interação possa ocorrer. Será necessária uma alta capacidade de informática, o que não precisa ser nesse lugar, pois hoje isso pode ser feito em nuvem. Além disso, um conjunto de pós-doutores com dois ou três anos de pós-doutorado e pesquisadores espalhados pelo Brasil que poderão convergir a esse centro no momento que quiserem”, disse Joly. “O centro é uma forma ainda de trazer conhecimento da área de humanidades, pois não serão envolvidas apenas a parte biológica e a ecológica, mas será necessário encontrar soluções que englobem pessoas, comunidades e, para isso, serão necessários profissionais dessas diferentes áreas”, disse. Segundo Joly, os resultados se darão na forma de publicações científicas, mas, principalmente, em soluções de problemas práticos que as populações enfrentam. “A produção científica vai ser uma parcela pequena do resultado. Ela é necessária, mas o foco será resolver um problema de uma bacia hidrográfica onde há conflito de uso de água, por exemplo. E fazer a interface com governos e autoridades”, disse.


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