Jornal Fatos & Notícias Ed. 291

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ANO IX - Nº 291 24 a 31 DE MARÇO/2019 SERRA/ES

Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Distribuição Gratuita

Na semana da água, evento analisa a situação da gestão hídrica no Brasil Encontro aconteceu em Brasília para chamar a atenção da sociedade para o Dia da Água, celebrado mundialmente em 22 de março Pág. 2 REUTERS

Trajetória de anciãs indígenas é tema de livro escrito por indígenas Pág. 3

Aliar artes e música ao conteúdo ajuda a aprender melhor FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC

Pág. 4

SHUTTERSTOCK

Pág. 9

Fiocruz discute impacto das fake news na saúde das pessoas Chegam à Unicamp os primeiros alunos selecionados por seu bom desempenho em olimpíadas científicas, sem passar pelo vestibular Pág. 4

Físico brasileiro recebe Prêmio Templeton O peso das emoções sobre Pág. 6

Astrônomo foi o primeiro cientista latino-americano a levar premiação de 1,4 milhão de dólares por diálogo entre ciência e espiritualidade Pág. 7

ANA LUCIA 8 Pandora, assustada, fechou imediatamente a caixa e a última coisa que restou foi a ESPERANÇA Pág. 10

JORGE PACHECO

RAFAELA RANGEL

8 A prisão de Temer e do seu

8 Devido à sua capacidade calmante e tranquilizante, o mulungu é muito utilizado para tratar a insônia Pág. 9

ex-ministro Moreira Franco pela Operação Lava Jato Pág. 5

HAROLDO CORDEIRO FILHO 8 Por que, então, aqueles que julgam e sentenciam não querem ou não podem ser julgados? Pág. 11

o coração

Pág. 8

KARIN ALESSANDRA PEREIRA Nossos lhos nos veem, mas não nos alcançam, não 8 nos encontram, não conseguem se conectar conosco. Estamos sempre muito ocupados, e com facilidade os dispensamos Pág. 13


2 MEIO AMBIENTE

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Na semana da água, evento analisa a situação da gestão hídrica no Brasil

Por que o Brasil deveria se preocupar com a morte de abelhas

REPRODUÇÃO/INTERNET

País enfrenta mortandade de colmeias em vários estados. Diminuição das espécies tem impactos na agricultura, no meio ambiente e na economia. Mas tema ainda é negligenciado

A Fre nt e Par l am e nt ar Ambientalista realizou na quarta-feira (20), em Brasília, evento para chamar a atenção da sociedade para o Dia da Água, celebrado mundialmente em 22 de março. Na ocasião, parlamentares, autoridades e representantes de organizações da sociedade civil zeram um balanço da gestão dos recursos hídricos nos primeiros meses dos governos federal e estaduais. Entre os temas abordados est ão as mud anç as na estrutura administrativa do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) – que concebe

e implementa a Política Nacional das Águas –, como a saída da Agência Nacional de Águas (ANA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para o M i n i s t é r i o d o Desenvolvimento Regional, movimentação que ainda gera incertezas sobre qual tipo de impacto pode gerar na vida da população. O evento contou com a pres ença do deput ado federal Alessandro Molon, coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista; de Malu Ribeiro e Mário M a n t o v a n i , respectivamente, especialista em Água e diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica.

A Frente Parlamentar Ambientalista tem como objetivo garantir o compromisso de parlamentares na busca por políticas públicas pelo desenvolvimento sustentável e pelo fortalecimento dos órgãos ambientais brasileiros, que resguardam os serviços ambientais oferecidos pela natureza e que bene ciam toda a população do País. A iniciativa é a única a contar com a participação da sociedade civil, especialmente do movimento ambientalista. At é o m om e nt o, 2 1 0 deputados e cinco senadores já aderiram à bancada verde para esta legislatura (2019-2022). ANDRÉ FELIPE/GETTY IMAGES

A morte de abelhas não é um fenômeno recente: é observada por pesquisadores ao menos desde a d é c a d a passada. No ent anto, nos últimos meses, a mortandade alcançou números alarmantes no Brasil. "A morte de abelhas não é só um risco para o Brasil, mas para o mundo todo. Quando se pensa em abelhas, se pensa em mel. O principal produto delas, porém, é a polinização", a r ma Fábi a Pe re i r a , pesquisadora da Empresa Brasi leira de Pes quis a Agropecuária (Embrapa) na área de Apicultura. Apenas nos últimos três meses, 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores no País, segundo um levantamento feito pela ONG Repórter Brasil em parceria com a Agência Pública. A grande maioria dos casos foi registrada no Rio Grande Sul, seguido por Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Além da morte em massa de colmeias em apiários, cinco espécies nativas de abelhas estão ameaçadas de extinção – três delas habitam a Mata Atlântica, uma o Cerrado e outra o Pampa gaúcho. Não há dados, porém, sobre a mor t and ade em comunidades selvagens. As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das plantas cultivadas para a l i m e n t a ç ã o , principalmente frutas e

verduras. Sua morte coloca em risco a agricultura e, consequentemente, a própria segurança alimentar. Sem elas, o ser humano enfrentaria uma mudança drástica na sua dieta, que caria restrita apenas a culturas autopolinizáveis, como feijão, arroz, soja, milho, batata e espécies de cereais. Além da agricultura, as abelhas são ainda agentes fundamentais para a polinização de orestas nativas. S eu desaparecimento poderia desencadear a morte de ecossistemas inteiros. "Se o homem parasse de fazer qualquer outra intervenção ambiental, e as abelhas apenas sumissem, haveria um desaparecimento da mata correspondente a entre 30% e 90% do que temos hoje, provocando um processo de extinção em cadeia até chegar em nós que estamos no topo", ressalta Pereira. Essa mortandade tem ainda potencial para impactar a economia brasileira. O País é o oitavo produtor mundial de mel e, em 2017, as exportações totalizaram 121 milhões de dólares. A diminuição na produção diante da redução do número de colmeias resultaria numa queda nas vendas. Além disso, em caso de mortes causadas por

agrotóxicos, resíduos destas substâncias possivelmente poderiam ser encontrados n o m e l, o qu e l e v ar i a compradores estrangeiros a rejeitarem o produto brasileiro. "A exportação para a Europa é muito exigente, e qualquer resíduo é detectado. O mel que foi produzido nos últimos meses está contaminado. No exterior, ninguém vai querê-lo, e não há um mercado interno su ciente para a quantidade produzida. Isso vai desestimular a apicultura", a rma o engenheiro agrônomo Aroni Sattler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A morte de abelhas começou a chamar a atenção mundial a partir da identi cação do Distúrbio do Colapso das Colônias (CCD), em 2006 nos Estados Unidos, quando um forte surto dizimou milhares de colmeias. Na Europa, fenômenos semelhantes estão sendo observados desde o m da década de 1990. Pesquisadores descobriram que, além das doenças e da redução do habitat das espécies, os agrotóxicos são um dos fatores que desencadeiam essa mortandade.

Floresta nativa da Mata Atlântica

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18 Filiado ao Sindijores

"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

Circulação: Grande Vitória, interior e Brasília

Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores


CULTURA 3

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

O Mistério sobre Trajetória de anciãs o Incidente do Passo indígenas é tema Dyatlov de livro escrito por indígenas SITE DE CURIOSIDADES

Perfil de 11 guerreiras é apresentado em ''Mulheres Indígenas da Tradição', disponível de forma gratuita na internet ELIZABETH LEAL

Mulheres Indígenas da Tradição, é um livro que apresenta a história de anciãs de 11 povos indígenas localizados em Pernambuco. Lançado em 8 de março e disponível em PDF na internet, a proposta é dar visibilidade à trajetória de vida dessas mulheres regadas de sabedoria da vida. A obra, escrita por indígenas do sexo feminino, é uma parceria do Centro de Cultura Luiz Freire (CCFL), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste e Movimento de Mulheres Indígenas de Pernambuco. Entre as 15 autoras indígenas estão, Alcione Alves Laurentino, do povo P i p i p ã ; E l i s a Ur b a n o Ramos, do povo Pankararu Entre Serras; Nayara Tayná Leite Silva, da etnia Atikum e Sandra da Silva Pajeú Santos, do grupo Tuxá. Va l e r e s s a l t a r q u e Pernambuco é o quarto estado com maior número de indígenas, 53.284 indivíduos, divididos entre 12 povos, segundo o IBGE. Ao ler os perfis das anciãs dos 11 povos presentes no livro: Atikum Dona Ana; Pankararu Entre Serras D ona Hi ld a; Kambiwá Dona Valdira; Kapinawá Dona Helena; Pankaiwká

FOTO: REPRODUÇÃO

de 2 de fevereiro, quando os nove exploradores estavam acampados no lado leste de Cholatčachl' (ou Cholat Sjachyl). Um nome que na língua mansi significa "montanha dos mortos", e que as populações locais a c r e d i t a m s e r amaldiçoada. Os diários e as câmeras encontradas em torno de seu último acampamento, permitiram reconstruir a rota da expedição até o dia anterior ao acidente. Parece que eles tinham planejado acampamento em outro local, mas por causa da piora das condições meteorológicas a visibilidade caiu muito, perderam o seu caminho, e se desviaram para o topo da Cholatčachl. Quando entenderam o erro c om e t i d o, d e c i d i r am parar e acampar onde estavam, na encosta da montanha, talvez esperando por uma melhora nas condições climáticas. Somente vinte e quatro dias depois do misterioso acidente, que a primeira

equipe de resgate foi organizada. E o que e n c o nt r a r a m f o i t ã o a s s u s t a d o r, q u a n t o inexplicável. Nos corpos, haviam características semelhantes às de um atropelamento de carro. Dada a brutalidade dos impactos e lesões. Estranhas coincidências como, por exemplo, a observação das misteriosas "esferas alaranjadas brilhantes" que teriam cruzado o céu naquela mesma noite, e que outro grupo de esquiadores, a 50 km de distância, afirmou ter visto. Na verdade, naquela época e naquelas áreas, vários avistamentos semelhantes foram registrados e relatados por várias testemunhas distintas, incluindo o serviço meteorológico e membros do exército. Além do mais, nas roupas de alguns rapazes, foi registrado um nível extraordinário de radioatividade.

Dona Maria Antônia; Pan k ar á D ona E m í l i a ; Pankararu Dona Maria; Pipipã Dona Lindalva; Truká Dona Marina; Tuxá Dona Lourdinha e Xucuru Dona Judite, é nítida a importância da mulher na preservação dos saberes tradicionais de cada etnia. Dona Valdira, do povo Kapinawá, é artesã, agricultora e figura importante no ritual de sua aldeia. Teve 14 filhos e tem s eu p erf il es crito p ela parente da mesma etnia, Edivanha Bezerra da Silva. “Dona Valdira me contou qu e o n om e Ka mbi w á significa “volta à Serra Negra”, que é o local de origem do nosso povo. Muitos dos nossos antepassados saíram de lá expulsos, sob pressão e sofrendo humilhações, perseguidos por fazendeiros e grileiros que tinham interesse na Serra. Ap e s a r d a i n c a n s á v e l

resistência, a violência do colonizador foi grande e se deu a expulsão dos índios da Serra Negra. A estratégia de permanecer no entorno do nosso lugar de origem foi construir moradia na localidade Baixa da Alexandra, nossa primeira aldeia fora da Serra Negra e depois deu-se a formação das demais aldeias constituindo nosso território no século XX até os dias atuais”, relata em um dos trechos do livro. A obra e os resultados da pesquisa estarão disponíveis para conteúdo curricular de escolas indígenas e poderão auxiliar em temáticas como, por exemplo, igualdade de gênero e valorização do sexo feminino na história de seu povo.

Foto Antiga do ES FOTOS ANTIGAS DO ES

Na noite de 2 de fevereiro d e 1 9 5 9 , a l g o mu i t o estranho aconteceu nas montanhas dos Urais, Rússia. Algo que custou a vida de nove jovens esquiadores, que desde então está envolto em mistério, medo e as mais estranhas teorias. Entre aqueles bosques cobertos de neve, a 30 graus centígrados negativos, "uma força misteriosa desconhecida", assim declarou a investigação, teria causado a morte dos nove jovens aventureiros. S ete garotos e duas g arot as . S e us c or p o s foram encontrados seminus, descalços e com traumas aparentemente inexplicáveis: fraturas cranianas e ferimentos no tórax. E um corpo, de uma menina, com uma língua cortada e sem olhos. A expedição, que deixou Ivdel em 25 de janeiro, teria durado vários dias e os esquiadores estavam bem equipados e já tinham uma boa experiência. O trágico evento aconteceu na noite

Dona Valdira Kambiwá

Site de Curiosidades

POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL COMEMORAÇÃO NA CATEDRAL DO 4º CENTENÁRIO DA CIDADE DE VITÓRIA – 1951


4 EDUCAÇÃO

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Aliar artes e música ao conteúdo ajuda a aprender melhor Quem é que nunca teve di culdade para gravar um conteúdo da escola e apelou para músicas e esquemas? Pois cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos E st ados Unidos, descobriram que isso re a lmente f unciona e o porquê, especialmente para alunos que têm di culdade de aprendizado. A equipe comprovou que incorporar artes – fazer rap, dançar e desenhar – em aulas de ciências pode ajudar os alunos com baixo desempenho a reter mais conhecimento e também ajuda estudantes de todos os níveis de habilidade a serem mais criativos. O estudo foi

SHUTTERSTOCK

publicado em fevereiro, no Jor na l Trends in Neuroscience and Education. Durante o ano letivo de 2013, 350 estudantes em 16 salas de aula da 5ª série, em 6

escolas de Baltimore, Maryland, participaram do estudo. Os alunos foram distribuídos aleatoriamente em um dos dois pares de sala de aula: astronomia e ciências

da vida, ou ciências ambientais e química. O experimento consistiu em duas sessões de aproximadamente um mês, nas quais os alunos primeiro

zeram uma aula integrada de artes ou uma aula convencional. Na segunda sessão, os alunos receberam o tipo oposto de classe. A e qu ip e d e p e s qu i s a analisou a retenção de conteúdo dos alunos por meio de testes pré, pós e após. Dez semanas após o término do estudo, descobriu-se que os alunos em um nível básico de leitura retinham uma média de 105% do conteúdo a longo prazo. De acordo com a pesquisa, os jovens se lembravam mais do conteúdo que estava ligado a músicas e atividades artísticas, da mesma forma que se lembram de músicas pop, por exemplo. Quando o assunto é

aprendizagem, é preciso discutir memória. As crianças esquecem muito do que aprendem e os professores muitas vezes acabam tendo qu e e ns i n ar n ov am e nt e conteúdo do ano anterior. "Nosso estudo fornece mais evidências de que as artes são absolutamente necessárias nas escolas. Espero que as descobertas possam acalmar as preocupações de que as lições baseadas nas artes não serão tão e cazes no ensino de habilidades essenciais", diz Mariale Hardiman, vicereitora de assuntos acadêmicos da Escola de Educação da Universidade Johns Hopkins e primeira autora do estudo.

Exposição comemora 80 Grandes nomes da anos de livro de Gilberto educação participarão Freyre do EducaNor A exposição homenageia a obra e resgata a sociologia do açúcar, item que faz parte de nossa história Ao completar 70 anos, a Fundação Joaquim Nabuco, com sede em Recife, iniciou, no último dia (15), uma série de comemorações. A instituição celebra 40 anos do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), 119 anos do criador Gilberto Freyre e 80 anos de seu livro Assucar. A primeira festividade foi a Exposição Assucar, cuja abertura, aconteceu na data de nascimento do autor (15/03/1900), considerado um dos mais importantes sociólogos do século 20. A exposição homenageia a obra e resgata a sociologia do açúcar, item que faz parte de n o s s a h i s tór i a . “C om o teríamos sido sem o açúcar? Nunca vamos saber. Mas sabemos como foi com ele”, destaca a antropóloga do Mu h n e , C i e m a M e l l o, responsável pela curadoria da exposição. Segundo Ciema, o homem do Nordeste foi formado pelo açúcar e, desde o cafezinho com bolo no m da tarde, até um majestoso bolo de casamento, existe uma função social na iguaria. E para uma maior experiência dos prestigiadores do evento,

haverá, logo após a abertura, uma mesa no quintal do casarão com comidas tradicionais, cujas receitas estão no livro. No cardápio, desde doces de Chica, lha de Lia de Itamaracá e assídua na Fundação Joaquim Nabuco, até tapioca feita na hora. Os doces são de batata, banana em rodelas, de leite, de jaca e passa de caju. Terá também mungunzá e o clássico queijo-do-reino. Já o chefe Tito Fernandes vai trazer o cachorro-quente caipira, feito com linguicinha, molho de vinho tinto e mel de engenho. O açucarado universo do livro de Gilberto Freyre foi recriado na exposição para m at e r i a l i z a r a c u l t u r a açucareira do século passado. Pelo menos 150 peças do Museu do Homem do Nordeste foram reunidas, como pinças de açúcar,

açucareiros, enfeites de papel crepom simulando suspiros, jogos de louça, prataria e toalhas de cetim. “A exposição se esforça para reproduzir o tom da obra, que é um tom de convivialidade do açúcar. É um ritual cotidiano brasileiro”, a rma Ciema. A grande estrela, o livro de Gilberto, ganha destaque no centro da mesa com um exemplar da primeira edição. Ciema explica que, há 80 anos, não existia uma antropologia da alimentação. Freyre foi precursor tanto na predição da especialidade quanto na divulgação de receitas. “Algumas delas, na época, eram mantidas em segredo, como o famoso Souza Leão. Ele divulgou três receitas que membros da família revelaram em primeira mão”. DIVULGAÇÃO/FUNDAJ

Voltado para educadores, diretores, coordenadores pedagógicos, mantenedores e secretários de educação, evento será promovido em 30 de março, em Recife DIVULGAÇÃO

O EducaNor reunirá em 30 de março, no Núcleo Avançado em Educação (NAVE) em Recife, grandes nomes da educação brasileira para discutirem o novo papel do professor e do gestor pedagógico no cenário contemporâneo e o novo desenho desses pro ssionais no século 21. O evento tem como público-alvo educadores, mantenedores, diretores, coordenadores e secretários de educação. Realizado pela revista Educação, o EducaNor tem como objetivo apresentar alguns dos novos desa os – os já postos e os vindouros – para que os professores continuem a o cupar o lugar-chave que têm no desenvolvimento da educação e dos estudantes. O EducaNor acontecerá

das 8h às 18h e conta com os s e g u i nte s p a l e st r ante s con rmados: o secretário de Educação de Pernambuco, Frederico da Costa Amâncio; o Ph.D. em e du c a ç ã o m at e m át i c a , Luciano Meira; a jornalista, escritora e pesquisadora na área de midiaeducação e p r e s i d e n t e d o planetapontocom, Silvana Gontijo; o professor titular do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Artur G ome s d e Mor a e s e o j o r n a l i s t a e e d i t o r, especializado em educação e cultura, Rubem Barros. O ingresso já está no segundo lote e custa R$ 500. Vendas até 28 de março. Todos os participantes receberão de presente a coleção completa História da Pedagogia (Ed.

Segmento), com seis livros de educadores renomados. O seminário conta com o apoio do programa NAVE, parceria desenvolvida pelo Oi Futuro e a Secretaria de Estado de Educação de Pernambuco, no âmbito da formação continuada de professores da rede pública e na disseminação de novas metodologias e tecnologias aplicadas à educação. Em função dessa parceria, a organização do evento disponibilizará vagas gratuitas para a participação de educadores da rede pública indicados pela Secretaria de Educação. Outro apoio importante é o da instituição Pl anet ap onto com, que desenvolve soluções inovadoras para a educação por meio de cursos, biblioteca digital, livros e outras ferramentas e é ainda p arc e i r a d o pro g r am a NAVE desde a sua criação, em Recife. Site o cial para mais informações e compras: www.educanor.com.br


POLÍTICA 5

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

Jorge Pacheco

Analista Político

Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com

“Se perco o controle da imprensa não aguentarei no poder nem por três meses. Um governo nada vale se não for mantido pela opinião. Nela se funda o poder”, Napoleão Bonaparte imperador francês

FOTO: DIVULGAÇÃO

decorrente do inquérito dos Portos – acusado de supostamente pegar propinas de empresas do setor portuário em troca de um decreto

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Ex-presidente Michel Temer é preso pela Operação Lava Jato

demonstrando todo seu poderio em bene ciá-la em razão do cargo que ocupava (ato de ofício em potencial) e, de outro vértice, aceitava promessa d e v ant a ge m i n d e v i d a , c om o decorrência natural de uma perene relação criminosa”, sustenta a Procuradoria Geral da República”. C onfor me a denúnci a, foram movimentados no suposto esquema R$ 32,6 milhões. O Ministério dos Transportes sempre negou qualquer irregularidade no processo que

Ex-ministro Moreira Franco também é preso Moreira Franco (MDB), ex-ministro chefe da

Secretaria Geral da Presidência, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer também foi preso nesta quinta-feira (21) pela Lava Jato do Rio de Janeiro. Ele estava no e s t a d o. O s m a n d a d o s f o r a m expedidos pelo juiz Marcelo Bretas. Deputados próximos ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), suspeitam de que, na DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso nesta quinta-feira (21) pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Ele estava em São Paulo e foi levado pela Polícia Federal para o Aeroporto de Congonhas, de onde seguiu para o estado uminense. Os policiais federais cumpriram mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz federal Marcelo Bretas da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio. Advogados de Temer consideram prisão preventiva abusiva e injusti cada. “Estão analisando recursos a instâncias superiores, inclusive STF". Em sua determinação, o juiz foi t a x at ivo : “ Te m e r é l í d e r d e organização criminosa”, veja o mandado de prisão.

Barbaridade, disse Temer ao ser preso Temer é alvo de três acusações formais da Procuradoria-Geral

da República e de mais cinco inquéritos em curso na Polícia Federal. Ainda não se sabe de qual processo surgiu o seu pedido de prisão. Um dos processos mais delicados que o emedebista enfrenta é o

editado em maio do ano passado. Desde que Temer virou alvo do cerco da procuradoria e da PF, inclusive no episódio da delação do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, após a emblemática reunião no palácio Jaburu, ocorre um grande empenho na defesa do presidente. Além de Temer, foram denunciados os empresários Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, sócios da Rodrimar; Carlos Alberto Costa e João Batista Filho, além do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures. "De um lado, Michel Temer recebia os representantes da empresa via Rodrigo Rocha Loures, ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

culminou no Decreto dos Portos, que foi feito com participação dos representantes do mercado e de setores da sociedade civil.

verdade, a de agração de uma operação da PF contra o grupo do expresidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ), que seja uma retaliação do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A prisão do ex-presidente da República Michel Temer e os mandados de buscas contra seus ex-ministros Moreira Fr anc o e E l i s e u Pa d i l h a tiveram como base a delação premiada de Lúcio Funaro, operador nanceiro do MDB ligado a Eduardo Cunha (RJ). As prisões ocorrem um dia dep ois de R o dr igo Mai a desancar o ministro da Justiça, por ter tentado apressar a votação do pacote de segurança que enviou ao Congresso.

Jorge Pacheco


6 TECNOLOGIA

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

Medalha que vale Boeing apresenta maior

vaga na universidade avião da história Chegam à Unicamp os primeiros alunos selecionados por seu bom desempenho em olimpíadas científicas, sem passar pelo vestibular

A fabricante americana de aviões Boeing apresentou o maior avião de passageiros do mundo para um círculo limitado de pessoas BOEING DIVULGAÇÃO

IMPA

Nos últimos três anos, a estudante paulista Mariana Bagni, de 17 anos, passou boa parte de seu tempo livre debruçada sobre circuitos elétricos e estruturas que ajudam a dar forma a robôs. A princípio, o objetivo da adolescente, que sempre gostou de matemática e tecnologia, era participar da Olimpíada Latinoamericana de Robótica, na categoria voltada a estudantes do ensino médio. O esforço rendeu frutos: ela ganhou o primeiro lugar na prova em 2017. Aluna do Colégio Objetivo, em São Paulo, desenvolveu com colegas da escola robôs que tocam piano, lutam contra feixes de luz e dançam. No ano passado, os protótipos foram premiados com a medalha de prata na Olimpíada Internacional de Robótica, realizada no Canadá. Com esse histórico, não precisou prestar vestibular. Mariana Bagni ingressou este ano na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em engenharia elétrica, por meio de uma iniciativa que oferece vagas para medalhistas de olimpíadas de ciências. “A universidade é uma referência em diversas áreas e por isso não pensei duas vezes em p a r t i c ip a r d e s s e n ov o processo de seleção”, afirma a estudante. A proposta da Unicamp, inédita no País, integra um cardápio de alternativas de ingresso ao ensino superior que vem sendo colocado em prática na instituição. A nova modalidade, d e n o m i n a d a Va g a s Olímpicas, disponibilizou este ano, pela primeira vez, 90 vagas para estudantes que s e dest acaram em competições de ciências do ensino médio, como as olimpíadas de matemática, robótica e química, entre outras. A maioria das vagas está vinculada a cursos de ciências exatas e engenharias. Foram inscritos 285 candidatos que ganharam medalhas em 15 olimpíadas do conhecimento – os prêmios mais frequentes vieram da

Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Um sistema de p ontuação, baseado no desempenho d o s a l u n o s n a s competições, definiu a lista de aprovados. Nessa primeira experiência, nem todas as vagas oferecidas foram preenchidas – ao final, 66 alunos foram convocados. “Como tudo o que é novo, há desafios e aprendizados ao longo do processo”, analisa José Alves de Freitas Neto, coordenador do vestibular na Unicamp. Para a universidade, atrair os medalhistas ajuda a enriquecer e diversificar o ambiente acadêmico. São, em geral, alunos de alto desempenho, habituados a longas jornadas de estudo e a enf rent ar des af ios – algumas dessas olimpíadas se baseiam na execução de p r o j e t o s . To d o s t ê m potencial para se tornar futuros pesquisadores. A expectativa é de que a estratégia também seja útil para conter a taxa de evasão na universidade, que entre 2004 e 2011 chegou a 20% dos estudantes nos três primeiros anos de curso. “Os talentos que estamos c o n q u i s t a n d o provavelmente serão mais propensos a concluir a graduação e poderão contribuir com a pesquisa científica, no futuro”, diz Freitas Neto. Quatro em cada 10 vieram de escolas públicas. “Um dos principais objetivos dessa alternativa ao vestibular é justamente promover a diversidade, estimulando a participação de estudantes de várias regiões do País e de re a l i d a d e s d i fe re nte s”, afirma o coordenador do vestibular. A maioria dos aprovados

na nova modalidade vem de outros estados – apenas 25% são paulistas. Jovens de Roraima, Piauí, Ceará e Bahia se matricularam na Unicamp por meio do novo sistema em cursos como engenharia, matemática e informática. “Há estudantes talentosos em todas as partes do País”, comenta F r e i t a s Ne t o. “Normalmente, um estudante do interior do Norte ou do Nordeste não pensaria em vir morar tão longe, daí a importância de programas dessa natureza”. Há vários tipos de ações afirmativas surgindo. Na própria Unicamp, outra novidade entrou em vigor este ano: pela primeira vez, houve um exame específico para indígenas, como parte da estratégia de promover inclusão. Realizado em dezembro do ano passado, contou com a participação de 354 candidatos. As provas foram realizadas em Campinas, Dourados (MS), Manaus (AM), Recife (PE) e São Gabriel da Cachoeira (AM), cidade onde vivem índios de 23 etnias diferentes. Foram aprovados 68 alunos – a maioria é do Amazonas, de grupos étnicos como Baré, Tu k ano e B an iw a . E m fevereiro, eles começaram a frequentar a universidade com os aprovados pelo programa de pontuação em olimpíadas, os alunos que prestaram vestibular e aqueles que conquistaram boas notas no Enem. Também deverá haver mais diversidade racial. Este ano, passou a vigorar um sistema de cotas étnicas que prevê o preenchimento de 25% das vagas disponíveis para candidatos autodeclarados negros ou pardos, com base nos resultados obtidos no vestibular e no Enem.

O Boeing 777X de fuselagem larga foi apres ent ado em 13 de março em um evento que não contou com a presença de representantes da mídia. Segundo CNN, a apresentação aconteceu em uma fábrica na cidade de Everett, Washington. O c ompr i m e nto d a n ov a aeronave é de 77 m, e a envergadura é de 72 m. O diâmetro da turbina do m o t o r é d e aproximadamente 3,5 m. Ao desenvolver a aeronave pela primeira vez na aviação civil, os engenheiros aplicaram a tecnologia de asa dobrável,

que anteriormente era usada apenas em aeronaves militares. Espera-se que a principal modi cação seja a do B o e i ng 7 7 7 - 9 X e qu e , dependendo do projeto, possa ter uma capacidade entre 400 e 425 passageiros. A distância máxima do voo transatlântico será superior a 14.000 km. A versão reduzida do 7778X com um comprimento de 70 m será capaz de transportar até 375 passageiros, e seu alcance de voo será de mais de 16.000 km. A apresentação ocorreu após o desastre do Boeing

737 MAX que ocorreu em 10 de março na Etiópia, no qual morreram 157 pessoas. Em outubro de 2018, um av i ã o c o m a s m e s m a s características da empresa indonésia Lion Air caiu e 189 pessoas morreram. Após a última catástrofe, voos deste tipo de aeronave foram proibidos em muitos países do mundo. Atualmente, existem 387 aeronaves Boeing 737 MAX na frota de 59 companhias aéreas do mundo. O fabricante apoiou a proibição de voos, mas continua insistindo na segurança da aeronave.

As máquinas que tudo veem Cresce o uso de sistemas de processamento de imagem em aplicações industriais, no auxílio a pessoas com dificuldade de locomoção e no diagnóstico de doenças As máquinas já conseguem enxergar, processando e interpretando a realidade à sua volta. Isso, graças a sistemas que simulam a cognição humana e obtêm informações a partir de imagens. A chamada visão computacional é uma das tecnologias a sustentar a engenharia avançada, atuando, sobretudo, no monitoramento e na análise de diversos processos e atividades. Cientistas de vários países, inclusive o Brasil, investem no aprimoramento dessa tecnologia, visando ampliar s eu us o. O obj et ivo é incorporá-la a sistemas que auxiliem o diagnóstico de doenças, a dispositivos que ajudem pessoas com problemas de fa la a s e comunic ar ou a c ar ros autônomos, entre outras aplicações. “A visão computacional usa sistemas associados a tecnologias de captura de imagens e suporte de tomada de decisão baseados em algoritmos de análise ou de

inteligência arti cial”, diz o engenheiro mecânico Paulo Gardel Kurka, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (FEM-Unicamp), importante centro de pesquisa nessa área no País. Estudos envolvendo sistemas de processamento de imagem ganharam relevância nos anos 1970, com o aumento da c a p a c i d a d e d e processamento dos computadores e a criação de sensores eletrônicos capazes d e c aptu r ar i m a g e n s e digitalizá-las. Nas décadas s eguintes, o avanço de e s tu d o s c om m at e r i ai s semicondutores e da miniaturização da eletrônica impulsionou a criação de sistemas mais so sticados, capazes de obter, processar e analisar com mais e ciência as informações dessas imagens. O me rc a d o g l ob a l d e sistemas de processamento de imagem movimentou US$ 11,9 bilhões em 2018, e p o d e at i n g i r U S $ 1 7 , 3

bilhões em 2023, segundo a consultoria norte-americana Markets and Markets. Sete das 20 empresas que mais investem nessa tecnologia estão nos Estados Unidos. A Google é uma delas. A gigante do Vale do Silício fo c a a ap l i c a ç ã o d e s s a tecnologia em carros autônomos. A ideia é equipá-los com câmeras e sensores capazes de p r o d u z i r, p r o c e s s a r e analisar imagens, diferenciando pessoas de objetos e auxiliando em seu deslocamento. Tudo em tempo real. No Brasil, uma das aplicações mais frequentes da visão computacional é o monitoramento de processos industriais, um dos pilares da indústria 4.0. É o caso da Autaza, startup de São José dos Campos (SP), que criou um sistema de inspeção industrial em que câmeras fotografam peças em uma linha de produção e usam recursos de inteligência arti cial para detectar possíveis defeitos.


CIÊNCIA 7

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

Físico brasileiro recebe Prêmio Templeton Astrônomo foi o primeiro cientista latino-americano a levar premiação de 1,4 milhão de dólares por diálogo entre ciência e espiritualidade REUTERS

O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser recebeu o Prêmio Templeton de 2019, no valor de 1,4 milhão de dólares, por seu trabalho, que mistura ciência e espiritualidade. Gleiser, de 60 anos, é o primeiro latino-americano a ser agraciado com o prêmio, qu e h om e n a g e i a “u m a pessoa viva que fez uma contribuição excepcional para a a rmação da dimensão espiritual da vida”, disse a Fundação John Templeton, sediada nos Estados Unidos, em um comunicado na terça-feira (19). Professor do Dartmouth

College, em New Hampshire, nos Estados Unidos, Gleiser escreveu livros de grande vendagem e participou de vários programas de televisão e rádio debatendo a ciência como uma busca espiritual para entender as origens do universo e a vida na Terra. Entre os vencedores do prêmio, criado em 1972 pelo falecido investidor global Sir John Templeton, estão o Dalai Lama e a Madre Teresa de Calcutá. Em 2018 ele foi concedido ao Rei Abdullah 2º, da Jordânia. “Trabalharei mais duro que nunca para divulgar minha mensagem de unidade global e de

conscientização planetária p ar a u m pú b l i c o m ai s amplo”, disse Gleiser em um comunicado sobre o prêmio divulgado por Dartmouth. Gleiser estuda a intersecção entre o que chama de “física do muito grande” e a “física do muito pequeno” para reconstruir o início do universo, informou Dartmouth. Além de pesquisar as origens da vida na Terra, ele também analisa a possibilidade da vida fora do planeta, de acordo com a faculdade norte-americana. Gleiser nasceu em uma família da comunidade judaica do Rio de Janeiro e

estudou no Brasil e no Reino Unido, disse a fundação, que incentiva o diálogo e a

pesquisa de temas que vão da evolução ao perdão. Ele entrou no departamento de

f ísica e ast ronomia de Dartmouth em 1991.

Cientistas descobrem o que provocou as eras glaciais na Terra Segundo a revista Science, a responsável pela glaciação foi a formação de uma enorme sutura ao nível do mar nas zonas de fricção das placas tectônicas ©

PIXABAY

c h e g o u a o p o n t o m á x i m o, aconteceu um evento de glaciação", resumiu o autor principal da investigação, Oliver Jagoutz. Uma sutura é uma zona de falha ao longo da qual a placa oceânica e a continental chocam. Depois da colisão, geralmente aparece uma cadeia montanhosa de rocha recém-exposta. Várias cadeias, por exemplo os Himalaias, ainda contêm alguns troços dessas formações, que ao longo de milênios mudaram a sua posição

Nos últimos 540 milhões de anos houve três ocasiões em que essas "pregas" se formaram, mas apenas em três casos alcançaram o comprimento de mais de 10 mil quilômetros e a formação teve lugar nas regiões tropicais do nosso planeta. A primeira dessas três eras do gelo coincidiu com a colisão de dois paleocontinentes no Ordoviciano Superior (há cerca de 450 milhões de anos) e a segunda

aconteceu nas mesmas circunstâncias entre o Permiano e Carbonífero (aproximadamente 300 milhões de anos atrás). Entre essas duas eras do gelo e até o início da terceira (há cerca de 35 milhões de anos) não houve glaciações, também não apareceram novas zonas de sutura nos trópicos. A última glaciação, que está chegando ao seu m, segundo essa hipótese, se deve a uma sutura

geológica ainda ativa na Indonésia, medindo aproximadamente 10 mil quilômetros de comprimento. Esta região é atualmente uma das zonas mais e cazes do planeta em absorver e eliminar o dióxido de carbono da atmosfera devido à alta presença de o olitas, rochas formadas pelo manto superior da crosta oceânica. "Descobrimos que, cada vez que a zona de sutura dos trópicos

des de os p ontos de colis ão originais. Os investigadores a rmam que conhecem várias zonas que, por seu comprimento, poderiam provocar alterações climáticas signi cativas, mas não causaram porque não se encontram nos t rópicos. A lém diss o, ess es fenômenos são responsáveis não apenas por iniciar a glaciação, mas também por lhes pôr m, depois da erosão das rochas chegar a um certo ponto.


8 SAÚDE

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

Fiocruz discute impacto das fake news na saúde das pessoas Para diretora da Fiocruz Brasília, é preciso refletir sobre a divulgação instantânea de informações nas redes sociais ARQUIVO/VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) discutiu nesta semana como as chamadas fake news – informações falsas veiculadas, sobretudo, em redes sociais – afetam a saúde das pessoas. O II Seminário Internacional Relações da Saúde Pública com a Imprensa: Fake News e Saúde, que aconteceu de terça-feira (19) a quintafeira (21) em Brasília, contou com mesasredondas e rodas de conversa entre jornalistas, pesquisadores, pro ssionais de saúde, estudantes e interessados no tema. Na cerimônia de abertura, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, lembrou da necessidade de

Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília se criar espaços cada vez mais abertos em torno de debates sobre fake news e destacou o desa o de comunicar algo tão

importante e complexo como os temas envolvendo a saúde pública. “No momento em que organizamos um evento

como este, é exatamente reforçando a comunicação como um espaço estratégico”. “Precisamos re etir sobre

o que está acontecendo hoje no Brasil em termos de proliferação e divulgação instantânea de informações por meio de dispositivos e redes sociais”, disse, ao citar especi camente um áudio que circulou nas redes sociais no ano passado e que pedia às pessoas que não se imunizassem contra a febre amarela. “Precisamos abordar a questão de forma ética, crítica e vigilante”. Para a coordenadora de Comunicação Social da Fiocruz Rio de Janeiro, Elisa Andries, a comunicação, no âmbito da saúde pública, deve ser vista como uma questão prioritária e f u n d am e nt a l p ar a qu e instituições como a própria

Fiocruz sejam tidas como uma espécie de agente de checagem de informação. Ela citou áudios veiculados em redes sociais, em 2015, com informações falsas sobre infecções pelo vírus Zika no Brasil. “As fake news na saúde são muito associadas ao medo. Elas se disseminam muito por conta do medo que as pessoas sentem em relação a doenças e patógenos”, disse. “A imprensa livre e forte também é importante para lutarmos contra as fake news. Vejo o jornalismo como um apoio importante para trabalharmos juntos contra a disseminação de notícias falsas”, concluiu Elisa.

O peso das emoções sobre o coração Estudo com 15 mil pessoas no Brasil aponta associação entre problemas psiquiátricos e doenças cardiovasculares LÉO RAMOS CHAVES

Depois de avaliarem os hábitos de vida e a saúde de 15 mil moradores de seis capitais brasileiras durante 10 anos, entre 2008 e 2018, equipes do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) construíram um retrato do surgimento e da evolução de algumas doenças crônicas no Brasil e das possíveis interações entre elas. Com base em entrevistas e exames dos participantes do estudo, médicos e p e s q u i s a d o r e s identi caram, nessa am o s t r a d a p opu l a ç ã o brasileira, uma associação conhecida há pelo menos 10 anos em outros países: a de

dois tipos de distúrbios psiquiátricos, a depressão e a ansiedade, com o maior risco de doenças cardiovasculares, infarto e acidente vascular cerebral. “Precisamos dar mais atenção aos distúrbios mentais, que estão sendo pouco tratados e podem interferir em outras doenças”, ressalta o médico e pi d e m i o l o g i s t a Pau l o Lotufo, coordenador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) e do Elsa-Brasil. O s d i s t ú r b i o s psiquiátricos podem se manifestar em quem tem

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apenas os sinais mais leves de eventuais problemas cardíacos, de acordo com um artigo de janeiro de 2019 na International Journal of C a r d i o l o g y. A m é d i c a Claudia Szlejf, pesquisadora do HU-USP, examinou os dados sobre 13.743 participantes do Elsa-Brasil com idade média de 51,9 anos, sem doença cardíaca diagnosticada, avaliados por meio do índice de massa corporal, hipertensão arterial, diabetes, nível de c o l e s t e r o l , t a b a g i s m o, atividade física e dieta. Metade dos participantes (54,1%) enquadrou-se na categoria de saúde cardiovascular ruim, 38,1% em intermediária e 7,8% em boa. Um em cada quatro participantes tinha algum tipo de distúrbio psiquiátrico, mais comum

em mulheres (33,6%) do que em homens (18,4%). Após serem eliminados os efeitos d e i d a d e, s e xo, r a ç a e consumo de álcool, a depressão foi duas vezes mais frequente em quem tinha saúde cardiovascular intermediária e duas vezes e meia em quem tinha saúde cardiovascular ruim, em comparação com quem tinha saúde ótima. Já com o

transtorno da ansiedade, a frequência foi 20% maior nas pessoas com saúde intermediária e 50% maior nas com saúde ruim. “Os hábitos de vida, como o sedentarismo e a alimentação inadequada, parecem ser uma das chaves dos transtornos psiquiátricos e das doenças cardiovasculares, que acabam se alimentando

re c ipro c ame nte”, d i z a médica Isabela Benseñor, pesquisadora do HU-USP, vice-coordenadora do ElsaBrasil e coautora desse estudo. Em alguns casos, como ressaltam os pesquisadores, é difícil estabelecer o que aparece primeiro, se o distúrbio psiquiátrico ou os problemas do coração.


BEM-ESTAR 9

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

RAFAELA RANGEL www.rafaelarangel.com

Instituto Vivenciar Unidade Laranjeiras - (27) 3024-0241/Unidade Jardim Camburi - (27) 3376-4255

Chá de mulungu J

á ouviram falar em chá de mulungu? Talvez você já tenha escutado algo sobre essa planta. A nal, o mulungu tem se popularizado nos últimos tempos. Se nunca ouviu vem comigo que irei te contar. O mulungu é uma planta nativa daqui da região Sudeste também conhecida como canivete, bico-depapagaio e corticeira, é uma planta medicinal muito e caz no tratamento de problemas psicológicos relacionados com o estresse, devido à sua ação calmante, tranquilizante e sedativa.

REPRODUÇÃO INTERNET

A árvore mulungu ou “ or de coral”, como também é conhecida por suas ores cor de laranja, cresce em toda a oresta tropical da América do Sul nos pântanos e ao longo das margens dos rios. A casca e as raízes desta árvore são usadas para ns medicinais, pois o mulungu é uma das plantas naturais mais poderosas. Ela possui diversas propriedades, mas a mais usada é no tratamento de estados emocionais como ansiedade, agitação, depressão. Devido à sua

Para preparar o chá de mulungu Ingredientes 4g de casca de mulungu; 1 xícara de água fervente.

Modo de preparo

cap acidade ca lmante e tranquilizante, o mulungu é muito utilizado para tratar a insônia. A p a r t e ut i l i z a d a d o

mulungu é a sua casca, que pode ser encontrada na sua forma natural ou em pó. Ah, só para lembrar, as sementes dessa planta não devem ser

usadas, uma vez que possuem substâncias tóxicas que podem causar sérios danos ao organismo.

Colocar a casca de mulungu na água e deixar ferver por 15 minutos e tomar o chá ainda morno, de preferência três vezes ao dia. Evitar tomar por mais de três dias seguidos. O chá pode ter efeitos colaterais, por isso procure orientação antes de utilizálo.

Rubber Band: o elástico que fortalece os músculos O acessório é leve, fácil de transportar e ainda dá um up nos exercícios funcionais JACOBLUND/THINKSTOCK/GETTY IMAGES

Na academia ou em casa, apostar nas faixas elásticas (mais conhecidas como rubber bands ou mini bands) pode fazer a diferença nos seus treinos funcionais. Além de trazer um quê de novidade para as séries de todos os dias, o elástico ainda faz o papel da carga nos exercícios, trabalha o corpo todo e

substitui os tradicionais halteres, t balls, kettlebells… Ou seja, não ocupa espaço, é fácil de guardar e ainda sai mais barato! Funciona assim: ao ser esticado, ele oferece uma certa resistência, exigindo do músculo mais força para realizar o movimento. Analogamente, é parecido

com levantar um pesinho, sem grandes riscos de lesões. Sem contar que a ta aciona a região tanto na fase concêntrica (quando o músculo se contrai) quanto na excêntrica (quando ele relaxa) do exercício. “O elástico é considerado multifuncional porque pode ser associado com séries para o corpo todo: na

exão de cotovelo, exão de qu a d r i l , e s t abi l i z a ç ã o central, exão de joelhos… E por aí vai”, explica a educadora física Priscila Kameda, professora da rede de academias Smart t, de São Paulo. As diferentes cores do e qu ip am e nto i n d i c am diferentes tensões, mas também há outras questões que podem deixar um agachamento difícil de ser realizado. “Quanto mais avançado o preparo físico do aluno, é p ossível

acrescentar mais repetições, ou até mesmo variar a distância em que pegamos na faixa”, a rma Pr is ci la. Q uanto mais apertada, melhor! O Rubber Band é para ser usado individualmente — cada um com o seu. Contudo, existe a possibilidade de você dar de cara com ele em alguma aula coletiva (nos circuitos da vida, em que as estações comportam uma pessoa por vez, ou até nas práticas com música). E é uma boa

para quem treina em casa, pois basta prender no pé do sofá e pronto, um aparelho novinho em folha só para você. Na internet, um conjunto com três rubber bands custa, em média, 50 reais. Se formos levar em conta a imensa possibilidade de treinos que podemos fazer com eles, a conclusão é de que vale muito a pena investir nos elásticos — a nal cabem na gaveta e até na bolsa, caso você queira levar em uma viagem. (Boa Forma)


10 COMPORTAMENTO

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

ANA LUCIA Ana Lucia Bernardo Cordeiro

Professora

A caixa de Pandora REPRODUÇÃO INTERNET

pouco melhor, com mais calma, concluí que, se Pandora tivesse obedecido a ordem de Zeus, esse mundo seria muito sem graça e toda mulher que se preza sempre tem algo de bom para deixar de presente a alguém.

Olá pessoal!

A

credito que todos já ouviram falar em 'caixa de pandora'. Mas, alguém sabe o signi cado deste termo? Pois bem, vou dizer-lhes. Conta a lenda que Zeus, quando criou a mulher, deu-lhe o nome de Pandora. Assim, entregou-lhe uma caixa e pediu-lhe que nunca a abrisse. Mas curiosa, como to da mulher, Pandora não aguentou e abriu-a.

Pronto! Que bichinho teimoso e curioso é o sexo feminino. Da caixa surgiu tudo de ruim que há no mundo: doenças, p e s t e s , d e s t r u i ç ã o, discórdia, desrespeito, morte e tantas outras

desgraças. Mas... sei lá por que, Pandora, assustada, fechou imediatamente a caixa e a última coisa que restou foi a ESPERANÇA. Confesso que, quando

Obrigada Pandora, por ter dado a todas nós a esperança, pois nunca devemos deixar de têla. Ela faz parte do trio mais importante de nossas vidas, pois está sempre acompanhada pela FÉ e o AMOR.

li o texto, me senti horrível. A nal, sou mulher. Isso me faz pensar que fui criada por Zeus (deus grego) para infernizar os homens. Depois, pensando um

Na semana da água, evento analisa a situação da gestão hídrica no Brasil ANDRÉ FELIPE/GETTY IMAGES

A Frente Parlamentar Ambientalista realizou na quarta-feira (20), em Brasília, evento para chamar a atenção da sociedade para o Dia da Água, celebrado mundialmente em 22 de m a r ç o. Na o c a s i ã o, parlamentares, autoridades e representantes de organizações da sociedade civil zeram um balanço da gestão dos recursos hídricos nos primeiros meses dos

governos federal e estaduais. Entre os temas abordados estão as mudanças na estrutura administrativa do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) – que concebe e implementa a Política Nacional das Águas –, como a saída da Agência Nacional de Águas (ANA) do Mi n i s t é r i o d o Me i o Ambiente (MMA) para o

Ministério do Desenvolvimento Regional, movimentação que ainda gera incertezas sobre qual tipo de impacto pode gerar na vida da população. O evento contou com a presença do deputado federal Alessandro Molon, coordenador da F r e n t e Pa r l a m e n t a r Ambientalista; de Malu Ribeiro e Mário M a n t o v a n i , respectivamente, especialista em Água e

d i re t or d e Po l ít i c a s Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica. A Frente Parlamentar Ambientalista tem como objetivo garantir o compromisso de parlamentares na busca por políticas públicas pelo desenvolvimento sustentável e pelo

fortalecimento dos órgãos ambientais brasileiros, que resguardam os serviços ambientais oferecidos p el a nature za e que bene ciam toda a população do País. A iniciativa é a única a c o n t a r c o m a participação da

sociedade civil, especialmente do m o v i m e n t o ambientalista. Até o momento, 210 deputados e cinco senadores já aderiram à bancada verde para esta legislatura (2019-2022).


OLHAR DE UMA LENTE 11

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

A blindagem da Suprema Corte Por que, então, aqueles que julgam e sentenciam não querem ou não podem ser julgados? REPRODUÇÃO INTERNET

Senador Alessandro Vieira

Por que não investigar judiciário e tribunais superiores? Estariam eles acima da lei? Qual a diferença entre os poderes? Não somos todos iguais, segundo a Constituição? Por que, então, aqueles que julgam e sentenciam não querem ou não podem ser julgados? É a pergunta que a população, hoje, muito mais informada, faz e quer respostas. Um d o s it e n s d o p a c o t e anticorrupção que ainda não avançou no Congresso, apresentada pelo ministro Sérgio Moro, estabelece o regime fechado para início de cumprimento de pena para os condenados por t e r e m p r at i c a d o c r i m e s d e corrupção passiva, ativa e peculato contra a administração pública. Por esse e tantos outros motivos é que a sociedade vem se manifestando em favor à instauração da CPI da Lava Toga, por entender que, numa república democrática, ninguém pode estar acima da lei. Mas essa opinião não é compartilhada por todos. O senador Davi Alcolumbre (DEMAP), presidente do Senado, não vê com bons olhos a abertura de uma C omissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do judiciário e dos tribunais superiores. Em entrevista à TV Cultura, Davi

Alcolumbre, disse que a medida não faria bem para o Brasil. “Seria um con ito que nós criaríamos

brasileiro tenha o direito a uma justiça transparente e igualitária para todos e que está existindo um

con ito entre instituições (Senado x STF), o que não é verdade. Para ele, o que existe é uma conduta potencialmente inadequada por partes de indivíduos identi cados e o Senado da República. O Brasil não vai parar, as urnas pediram mudanças, as das ruas e as urnas daqui do Senado. Nós temos uma oportunidade ímpar de fazer essa mudança verdadeira, efetiva e eu tenho certeza que vamos conseguir fazer isso com todo equilíbrio e o respeito que todas as instituições e nosso povo merecem”. Vejo que muitos representantes ainda se encontram tolhidos e presos às velhas políticas, do toma lá dá cá... do corporativismo. Não entenderam que o Brasil de hoje tem uma cara diferente, mesmo

se graduando, se instruindo, se informando mais e, consequentemente claro, aguçando seu senso crítico, o que nos torna mais exigente e clamar, conscientemente, por transparência e justiça. Senadores que assinaram o requerimento para a CPI da Lava Toga: Alessandro Vieira (PPS/SE), Jorge Kajuru (PSB/GO), Selam Arruda (PSL/MT), Eduardo Girão (Pode/CE), Leila Barros (PSB/DF), Fabiano Contarato (Rede/ES), Rodrigo Cunha (PSDB/AL), Marcos do Val (PPS/ES), Randolfe Rodrigues (Rede/AP), Plínio Va lér io (PSDB/AM), L asier Martins (Pode/RS), Styvenson Valentim (Pode/RN), Álvaro Dias (Po de/PR), Reguffe (S em Partido/DF), Oriovisto Guimarães REPRODUÇÃO INTERNET

contra o regimento interno do Senado num momento decisivo da história do Brasil”. Muito bem argumentado, a proposta diz não ter crise de instituições. Para o autor do requerimento de abertura da CPI da Lava Toga, senador Alessandro Vieira (PPS/SE), que protocolou a petição na terça-feira (19), em discurso esta semana no Senado, a rmou que: “O requerimento tem a representatividade de 53 milhões de eleitores, de 19 Estados e 11 partidos diferentes, todos unidos no sentido de garantir que o

falso argumento de que há um

que timidamente, a população está

(Pode/PR), Cid Gomes (PDT/CE), Eliziane Gama (PPS/MA), Major Olímpio (PSL/SP), Izalci Lucas (PSDB/DF), Carlos Viana (PSD/MG), Luiz C ar l o s He i n z e ( P P / R S ) , Esperidião Amin (PP/SC), Jorginho Mello (PR/SC), Telmário Mota (Pros/RR), Soraya ronicke (PSL/MG), Elmano Ferrer (Pode/PI), Roberto Rocha (PSDB/MA), Mara Gabrilli (PSDB/SP) e Flávio Arns (Rede/PR).

REPRODUÇÃO INTERNET

Senadores Fabiano Contarato e Marcos do Val


12 BRASIL

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

Rose de Freitas (Pode/ES) A senadora Rose de Freitas (Pode/ES) apresentou um projeto esta semana que tipi ca perseguição obsessiva, na internet ou presencial, como crime, e se a vítima for mulher, poderão ser aplicadas medidas protetivas prevista na Lei Maria da Penha. O projeto, denominado PLS Stalker, altera a Lei de Contravenções Penais para tipi car como crime a perseguição ou assédio a alguém de maneira continuada. O autor desse tipo de perseguição obsessiva é popularmente conhecido como Stalker.

Felipe Rigoni (PSB/ES) No lançamento da Frente Parlamentar Mista Ética Conta a Corrupção (FECC) realizado em Brasília, em discurso, o parlamentar Felipe Rigoni (PSB/ES) foi cirúrgico em dizer: “A corrupção distorce a natureza das políticas públicas, perpetua desigualdades e prejudica milhões de vidas”. Com esta a rmação, o deputado, que ocupará a diretoria da Frente, presidida pela deputada federal Adriana Ventura (Novo/SP), juntamente com mais de 220 parlamentares, entre deputados e senadores, de 24 partidos, defendem o m do foro privilegiado ainda neste trimestre.

FOTOS: ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO

A semana em Brasília Fabiano Contarato (Rede/ES) O senador Fabiano Contarato ( R e d e - E S ) apresentou nessa semana um novo Projeto de Lei (1322/2019), prevendo meiaentrada nos eventos culturais para todos os doadores regulares no Brasil.

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C omo relator do Projeto de Lei 1.256/2019, de autoria do senador Ângelo Coronel (PSD/BA), que quer acabar com a cota das mulheres nos partidos, o senador Fabiano Contarato, manda seu recado: “Sou contra, já é muito pequena! Precisa crescer! A população tem 52% de mulheres, essa proposta tem que ser arquivada”.

Norma Ayub (DEM/ES) Na tarde da última quarta-feira (20) a deputada federal Norma Ayub e o deputado Estadual eodorico Ferraço, estiveram no Ministério da Saúde, onde foram recebidos pelo ministro Luiz Henrique Mandetta. Acompanhada pelo presidente do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, Eliseu Vargas, o médico dr. Bruno Rezende e o diretor administrativo da Instituição Jahir Moreira. A audiência marcou o início dos procedimentos necessários objetivando o cadastramento da Emenda da Bancada impositiva capixaba, indicada pela deputada Norma Ayub, no valor de R$ 25 milhões, referentes à construção do Hospital do Câncer.

Marcos do Val (PPS/ES) O senador capixaba M a r c o s d o Va l , apresentou na terçafeira (19), Projeto de Lei que obriga o poder público a trabalhar ativamente na diminuição da evasão escolar. O PL estabelece o recenseamento anual das crianças e adolescentes em idade escolar, por meio da chamada pública e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência escolar. Prevê também a adoção de estratégias para prevenir a evasão e o abandono da escola, inclusive por meio de visitas domiciliares.

Amaro Neto (PRB/ES) Nesta semana o deputado federal Amaro Neto (PRB/ES), recebeu os prefeitos de Guaçuí, Vera Costa; de Anchieta, Fabrício Petri; de Ibiraçu, Duda, e de Vila Velha, Max Filho. Também passaram pelo gabinete de Amaro, o reitor do Ifes, Jadir Pela e o diretor de patrimônio d a F e d e r a ç ã o Na c i o n a i s d o s p o l i c i a i s Rodoviários, Itler de Oliveira. Como membro efetivo da Comissão de Turismo, o deputado solicitou a inclusão do tema agroturismo nas reuniões. Vários municípios do Estado, incluindo a Serra, desenvolvem atividades turísticas no meio rural, gerando emprego e renda.

Deputado Sérgio Vidigal (PDT/ES) A Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC), aprovou, na quarta-feira (20), o Projeto de Lei 3.248/2015, de autoria do deputado federal Sérgio Vidigal, que estabelece a assistência à prevenção e ao combate ao suicídio. “Nas últimas décadas, observou-se o crescimento ininterrupto dos casos de suicídio, logo, noti car aos órgãos públicos competentes as ocorrências de caso de tentativa de suicídio e os casos consumados é primordial para acompanhar as estatísticas e controlá-las”.

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PSICOLOGIA 13

24 a 31 DE MARÇO DE 2019

KARIN ALESSANDRA PEREIRA Psicóloga formada pela PUC/SP Especialista em Avaliação Psicológica - IPOG CRP 16/1164 Mãe de Maria Beatriz

Ausência presente Parece-me que quanto mais tempo conseguimos para estar fisicamente presentes na vida de nossos filhos, mais tempo estamos ausentes Nos ú lt imos di as ten ho pensado na ausência e suas consequências, me re ro não a ausência física e tátil, mas a nossa ausência presente de cada dia. Não sei bem se consigo ser clara, mas pareceme que quanto mais tempo c ons e g u i mo s p ar a e st ar sicamente presentes na vida de nossos lhos, mais tempo estamos ausentes. É um paradoxo interessante, a nal, como podemos estar mais tempo presentes e ao mesmo tempo mais ausentes? Penso que devam existir muitas repostas para essa pergunta, mas a que vem em minha mente é bastante simples e gostaria de compartilhar com vocês. Ap a re nt e m e nt e , o qu e ocorre é que, ao conquistarmos mais tempo para estar presentes sicamente em nossos lares, abrandamos, de certa forma, a culpa que antes tínhamos por nossa ausência física e, isso, acaba por ser su ciente para justi car nossa total ausência mental e emocional na vida cotidiana. Sim, nós estamos lá de corpo, mas não de alma. Nossos lhos nos veem, mas não nos alcançam, não nos encontram, não conseguem se conectar conosco. Estamos sempre muito ocupados, conversando com adultos ou fazendo coisas de adultos e com facilidade os dispensamos: 'Vai brincar com seus brinquedos! Vai assistir desenho! Vai brincar

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DAVID VINTINER/CORBIS

no computador!'. E assim perpetuamos a nossa presença ausente de cada dia. Eu realmente não consigo responder o que é mais danoso, se a ausência real ou a ausência presente, mas posso imaginar a confusão que deve ser para uma criança ter e não ter nossa presença ao mesmo tempo. Eles até tentam se conectar, mas a cada investida que fazem, nós damos uma desculpa e nos afastamos, temos obrigações a fazer, problemas para resolver, uma vida e uma casa para cuidar. E a nal, o que mais eles querem? Nós estamos ali, ora bolas! Nada está lhes faltando! Crianças precisam de limites, não é? Estão mimadas demais! Precisam nos compreender! Saber o seu lugar! Mas não, estão fazendo birras e malcriações para chamar atenção. L ogo

conosco, que nos desdobramos para estar ali e fazemos tudo por eles! Chego à conclusão que, muitas vezes, exigimos de nossos lhos a empatia que não conseguimos ter por eles. E então, me pergunto: A nal, quem irá os compreender? Quem se colocará no lugar deles? Quem perceberá suas necessidades? Se não nós? Onde eles encontrarão abrigo, proteção e companhia? Com quem irão brincar, conversar e se divertir? Compartilhar suas descobertas e seus feitos? Seus sentimentos? Eu vou lhes dizer algo que eu não gostaria, mas a verdade é, que depois de muito tentar se conectar conosco, no ápice de seu sentimento de frustração, mágoa, tristeza ou raiva. Eles desistem, e aí somos nós que não atendemos porque eles só querem car longe, no computador ou na televisão e,

acreditem, neste momento, se já não encontraram eles encontrarão alguém ou algum lugar que os acolherá. Ocorre que esse lugar ou pessoa pode ser bom ou mau. Pode ser alguém que abrande sua dor, e pode ser alguém que alimente seu ódio ou seu sentimento de menos valia. Nesse sentido, é urgente re etirmos sobre que tipo de presença estamos dando para nossos lhos. Estamos ali para valer ou só como espantalhos? De fato, estamos dedicando parte de nosso tempo para eles, ou para nós basta que e s t e j a m o s a l i pre s e nt e s s i c a m e nt e , i s s o j á é o su ciente? Pensemos em nós, é s u c i e nt e q u e n o s s o s maridos ou esposas estejam ali, ou esperamos mais? Queremos que nos deem atenção, carinho, que conversem, que nos ajude nos afazeres? E quando eles não

atendem essas necessidades, nos comportamos bem e docilmente ou acabamos reagindo, cobrando, exigindo e até brigando? Crianças são indivíduos como nós, acreditem! E tendem a sentir e reagir como nós, ap enas com menos traquejo, pois ainda estão adquirindo repertório social. As pessoas em geral, acreditam que “maus c omp or t am e nto s” s ã o responsabilidade exclusiva dos lhos e que os mesmos precisam ser corrigidos. Nós psicólogos, acreditamos que “maus comportamentos”, ou como preferimos nomear, “c omp or t am e nt o s inadequados”, são sintomas de que algo que não vai bem e quando ocorrem sinalizam falta de repertório e arranjos inadequados no contexto familiar ou social e, portanto, não são apenas as crianças que devem ser corrigidas, mas também os arranjos que geram, de alguma forma, aquele comportamento, e isso envolve todas as pessoas que fazem parte deste arranjo. Se isso tudo faz sentido para você e de alguma forma você percebe que tem sido uma presença ausente, lembre-se que sempre há tempo de mudar! Os resultados positivos certamente virão! Não deixe de procurar um pro ssiona l, c as o ten ha di culdades para promover as mudanças que almeja. Sejamos presença!


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