Jornal Fatos & Notícias 446

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Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia ANO XI - Nº 445 28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021 SERRA/ES

Distribuição Gratuita

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

Com jogos e violência, Round 6 atrai atenção de crianças e jovens. Professora de Como a escola lida Parintins (AM) cria projeto com isso? multimídia 8

Para a semana, a dica é

uma deliciosa receita de escondidinho de inhame com carne moída Pág. 8

JORGE PACHECO

8 Doria nega fraude nas

prévias do PSDB e reclama de 'tapetão' Pág. 5

ANA MARIA IENCARELLI

8 A absoluta impotência

diante de uma injustiça que se perpetua e se expande, leva a desistência da vida Pág. 10

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Projeto do deputado

Majeski que desconta salário dos deputados faltosos é arquivado na Ales Pág. 12

©NETFLIX/REPRODUÇÃO

para abordar bullying na escola Pág. 4

Doença de Haff: entenda a infecção que deixa a urina preta Pág. 9

Pesquisadores da USP planejam 1° transplante de rim de porco para humano no Brasil ©MAKIC SLOBODAN/SHUTTERSTOCK

Após o sucesso do transplante de rim de um porco para um ser humano nos Estados Unidos, a Universidade de São Paulo (USP) estuda alinhar o feito à uma pesquisa comandada por Silvano Raia, pioneiro do transplante de fígado na América Latina Pág. 15

©WIKIMEDIA COMMONS

Especialistas alertam que esse conteúdo pode promover a banalização da violência, além de aumentar a ansiedade e irritabilidade entre os estudantes Pág. 16

Espécie de coruja é vista em Gana pela 1ª vez em 150 anos Considerada um "santo graal" para os observadores de pássaros, a ave ameaçada de extinção "Bubo shelleyi" ficou praticamente fora dos registros desde a década de 1870 Pág. 2

Halloween: a curiosa origem do Dia das Bruxas Pág. 3

Chega ao mercado ainda este ano seda vegana e biodegra dável que substitui plástico descartável

Pág. 6

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2 MEIO AMBIENTE

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Ação humana está fazendo elefantes pararem de desenvolver presas, revela estudo Em Moçambique, pesquisadores tentam entender a genética dos elefantes que nascem sem presas — e as consequências dessa característica para a espécie ©ELEPHANTVOICES

Entre as décadas de 1970 e 1990, a ação humana predatória fez com que elefantes africanos parassem de desenvolver suas presas, segundo um novo estudo publicado no jornal cientí co Science. Conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Shane Campbell-Staton, biólogo da Universidade de Princeton, junto de especialistas na vida selvagem africana, o estudo analisou o período entre 1977 a 1992 — auge de guerras civis em Moçambique e do aumento no volume de caça destes animais — bem como o re exo destas ações nos dias atuais. Durante o período referido, ambos os lados dos con itos ar mados p ass aram a caçar elefantes de forma desenfreada, a m de extraírem suas presas de mar m e vendê-las como mar m no mercado paralelo. O dinheiro obtido era usado para comprar mais armamento e contratar mercenários para as guerras. Segundo os dados coletados, cerca de 90% dos elefantes que viviam no que hoje corresponde

ao Parque Nacional de Gorongosa morreram nas mãos de caçadores. As fêmeas que sobreviveram, conta Campbell-Staton, eram as que não tinham presas. Como isso as “protegia” dos caçadores, essa característica genética “bené ca” à espécie foi passada de geração para geração. Antes dos con itos, o cientista estima, menos de um quinto dos

elefantes não tinha presas. A adaptação genética foi tanta, inclusive, que não apenas as mães passavam essa característica para seus lhotes, mas também a maior parte desses lhotes — mais ou menos 50% — eram fêmeas, a m de que elas, quando atingissem a maturidade, continuassem “não criando” presas e preservando a espécie. “Os anos de incerteza armada

mudaram a trajetória da evolução daquela população”, disse o biólogo. As presas de elefantes lhes são bastante úteis em vários aspectos: com elas, os animais conseguem escavar o chão em busca de água, raspar a casca das árvores em busca de comida e até mesmo lutar contra outros elefantes. Entretanto, elas são feitas de mar m, um material

extremamente valioso. A m de entender a in uência da ação humana na criação de elefantes sem presas, Campbell-Staton contou com a ajuda de Dominique Gonçalves e Joyce Poole, duas biólogas locais que trabalham no parque nacional, observando os aproximadamente 800 elefantes que vivem na área de conservação. Mediante essas observações, o Camaleão Furcifer time percebeu que os elefantes labordi sem presas eram, na maioria, fêmeas. Assim como nós, humanos, os gêneros de elefantes também podem ser diferenciados pelos seus cromossomos — em outras palavras, elefantes com cromossomos “XX” são fêmeas, enquanto “XY” são machos. Isso deu à equipe um ponto de partida. O fato das fêmeas passarem ess a c arac ter íst ic a adi ante também fez com que eles suspeitassem que um gene dominante fosse o responsável pela ordem biológica de não desenvolver presas. Em épocas de acasalamento, quando esse gene

dominante era passado para embriões masculinos, “isso provavelmente acabava gerando abortos naturais”, disse Brian Arnold, outro biólogo de Princeton e coautor do estudo. A evolução natural, por si só, é um processo relativamente lento, que precisa de milhares — talvez até milhões — de anos para adaptar espécies a condições alteradas de vida. Entretanto, o fator humano pode acelerar isso: “o f ato é qu e e ss a s el e ç ã o dramática pela ação humana foi exercida em um período de 15 ano s — é u m a d e s c ob e r t a impressionante”, disse Samuel Wasser, biólogo da Universidade de Washington, que não está envolvido no estudo. A pesquisa agora continuará, com a avaliação do impacto que a ausência de presas traz na rotina dos elefantes: segundo o time, a l g u m a s mu d a n ç a s j á s ã o notadas, como por exemplo a dieta. Fêmeas sem presas estão deixando de comer cascas de árvores e mudando o “cardápio” para vegetação rasteira nas savanas africanas.

Espécie de coruja é vista em "Adote um ninho": floresta de Gana pela 1ª vez Conheça a campanha em 150 anos para a preservação dos retratava a espécie em questão. Fora isso, houve apenas alguns relatos isolados de pessoas que dizem ter escutado ou visto rapidamente a coruja em algumas

©DR. ROBERT WILLIAMS

Desde a década de 1870, corujas da espécie Bubo shelleyi nunca mais foram vistas nas orestas tropicais de Gana, protagonizando somente algumas

raras aparições em cativeiro em outros países. Após mais de 150 anos, as aves foram nalmente redescobertas no país da África Ocidental, segundo divulgaram cientistas britânicos na última quinta-feira (21). Descritas originalmente em 1872 por Richard Bowdler Sharpe, curador da coleção de pássaros do Museu de História Natural de Londres, as corujas B. shelleyi foram poucas vezes registradas na natureza. As únicas fotos dessa espécie foram tiradas em 1975 de um exemplar que vivia em um zoológico na Bélgica. Além dessas imagens, uma controversa foto pixelada foi feita no Congo em 2005, mas possivelmente não

regiões da África Ocidental e C ent ra l. Ent ão, qu ando o pesquisador Joseph Tobias, da Imperial C ollege London, nalmente avistou a ave no último dia 16 de outubro, ele sabia que estava diante de uma descoberta importante — um “santo graal” para os observadores de pássaros. A ave foi avistada pelo grupo de cientistas liderado por Tobias durante o dia, na oresta de Atewa, em Gana. “Era tão grande que, a princípio, pensamos que fosse uma águia”, recorda o líder da pesquisa de campo, em comunicado. “Felizmente, ela se empoleirou em um galho baixo e, quando erguemos nossos binóculos, nosso queixo caiu. Não

há nenhuma outra coruja nas orestas tropicais da África tão grande”. O avistamento foi rápido, de 10 a 15 segundos, mas esse curto espaço de tempo foi su ciente p ar a foto g r af ar o an i ma l e con rmar a espécie. A identi cação considerou as características típicas da ave: bico amarelo, olhos pretos e, claro, seu grande comprimento, que varia de 53 a 61 centímetros. A coruja está classi cada como vu lnerável à ext inção, com somente alguns milhares de espécimes criados em cativeiro ao redor do mundo. A B. shelleyi vive em um local ameaçado pela extração ilegal de madeira e mineração da rocha bauxita. Grupos ambientalistas, como o Am i go s d e Ate w a , e st ã o atualmente trabalhando em um lobby para conservar o habitat desses animais como um parque nacional. A expectativa é que a redescoberta da coruja ajude a mantê-la na natureza. “Esperamos que este avistamento chame a atenção para a o r e s t a d e At e w a e s u a importância para a conservação da biodiversidade local. Esperançosamente, a descoberta de uma coruja tão rara e magní ca impulsionará esses esforços para salvar uma das últimas orestas selvagens em Gana”, a rma Robert Wi l l i ams , e c ol o g ist a qu e participou do estudo de campo.

papagaios brasileiros

O mês de outubro foi marcado pelo início da campanha Adote um Nin ho, lançada p elo Programa Papagaio Brasil, que ocorrerá até março de 2022. Trata-se de uma ação que incentiva pessoas físicas e jurídicas a contribuir com a instalação, manutenção e o monitoramento de ninhos arti ciais para papagaios das seguintes espécies brasileiras: p ap ag ai o - d e - c ar a roxa, papagaio-depeito-roxo, papagaioverdadeiro e papagaio-charão. E lenis e Sipinsk i, responsável técnica do Programa e membro d a R e d e d e Especialistas em Conservação da Natureza, explica que por conta do desmatamento e, consequentemente, a redução de áreas orestais onde seria possível a existência de ninhos naturais, essas espécies estão com di culdade em encontrar

os ninhos arti ciais para suprir a falta de cavidades naturais”, conta Sipinski. A importância desse recurso é tamanha que, em determinadas regiões, se os papagaios não puderem contar com o arti cial, eles precisam se deslocar em áreas muito distantes, podendo perder o período reprodutivo da espécie, acabar ocupando uma cavidade natural não adequada, perdendo os lhotes, ©PROJETO PAPAGAIO-VERDADEIRO/DIONE SALES ou até morrer procurando um espaço adequado. Apoiada pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a campanha, que acontece durante o período reprodutivo principais razões para a ausência dessas aves (agosto a fevereiro), de ocos adequados para a b u s c a r e f o r ç a r e s t a a ç ã o, reprodução dos papagaios. Com possibilitando que pessoas do isso, incentivamos a criação de mundo inteiro possam Unidades de Conservação nas contribuir com a preservação áre a s d e d i s t r i bu i ç ã o d o s das espécies. papagaios e também instalamos locais adequados para a sua reprodução. A partir disso, foi sentida a necessidade da criação de ninhos arti ciais para que a continuidade dessas espécies não seja ameaçada. “As espécies são monitoradas por especialistas há mais de duas décadas. Com muita pesquisa e conhecimento local, obs er vamos que o desmatamento era uma das

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

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CULTURA 3

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

Até 1940, a maioridade Halloween: a curiosa origem do Dia das Bruxas penal já foi de sete anos no Brasil Normalmente associado aos Estados Unidos, festival pagão começou séculos atrás no Reino Unido e, hoje, é o principal feriado não cristão em diversos países, inclusive no Brasil ©DIVULGAÇÃO

Com a possibilidade de ser condenado a pena de morte, o Código Penal previa o julgamento de crianças ©GETTY IMAGES

FOTO: REPRODUÇÃO

A

o longo do tempo, a maioridade penal mudou diversas vezes no Brasil. O primeiro Código Penal, de 1830, por exemplo, estabelecia a idade de 14 anos para que alguém fosse julgado. Já o menor de 14 anos podia ser recolhido à “casa de correção”, uma espécie de Febem da época. Depois, o código de 1890 chegou a reduzir a maioridade para nove anos. O último, elaborado em 1940 e em vigor até hoje, passou para os 18 anos. Nada se compara, entretanto, à

época do Brasil colônia, quando estavam em vigência as Ordenações Filipinas, as mesmas de Portugal — as Ordenações eram o conjunto de leis em que as penas para diversos crimes estavam estabelecidas. A maioridade se dava aos sete anos. A partir daí, crianças e jovens eram severamente punidos, sem muita diferença em relação aos adultos — isso quer dizer que podiam ser até condenados à morte. Outras penas, consideradas leves, eram dadas publicamente, como parte do i n t e r r o g a t ó r i o. C a s o, p o r

e x e m p l o, d a a p l i c a ç ã o d e chicotadas, que faziam o sangue escorrer no primeiro golpe. Até o século 18, as crianças brasileiras eram educadas para obedecer ao pai. Não havia legislação que as protegesse dos maus-tratos, mas isso não havia em lugar nenhum do mundo. Elas rapidamente se portavam e se vestiam como adultos, pulando a adolescência. "Tanto foi assim que, no Brasil colonial, os filhos de fazendeiros e grandes comerciantes eram chamados de sinhozinhos", afirma Jean Marcel França, historiador da Universidade Estadual Paulista. A constatação de que crianças e adolescentes precisavam de leis especiais se deu apenas no século 20, em 1924, através da Declaração de Genebra, na Suíça. Três anos depois, o Brasil instaurava o Código de Menores. (MEGA CURIOSO)

Você sabe como surgiu o Dia das Bruxas, também conhecido mundialmente como "Halloween"? É celebrado no dia 31 de outubro, principalmente nos Estados Unidos, mas, hoje em dia, comemorado em diversos outros países, inclusive no Brasil. Hábitos como o de crianças se fantasiarem para sair de porta em porta atrás de doces, ou de espalhar pela casa enfeites e adereços "assustadores" como abóboras esculpidas e iluminadas, ou de participar de festas à fantasia, são cada vez mais populares. No entanto, sua origem pouco tem a ver com o significado moderno que essa festa adquiriu. O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve". "Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. Mas uma coisa é a etimologia de seu nome, outra completamente diferente é a origem do Halloween moderno. Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da

origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão"). O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas a fogueira e celebrava a abundância de comida após a época de colheita. O problema com essa teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano e m qu e o s fe st iv ai s e r am realizados. A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam

realizado no País de Gales e o Samhain, celebração predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também. Em meados do século 8, o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio — a data do festival romano dos mortos — para 1º de novembro, a dat a do Samhain. Não se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain. Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para esse dia fez com que a celebração

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conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf ". Há pontos em comum entre esse festival

cristã dos santos e a do Samhain fossem unidas. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.

Sinfônica do ES ganha programa Foto Antiga do ES semanal na TV Educativa ©ASCOM SECULT

A Secretaria da Cultura (Secult) e a Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses), em parceria com a TV Educativa (TVE), apresentam o 'Oses na TV', um programa semanal que mostra toda a versatilidade dos músicos que compõem a Orquestra. A exibição começa em novembro, todas as segundasfeiras, às 20h, com reprises às quintas-feiras, às 20h30 e no Canal da Secult, no YouTube. O repertório vai do popular à m ú s i c a d e c o n c e r t o, c o m formações instrumentais variadas e algumas curiosidades d o u n ive rs o d a mú s i c a . A proposta do programa é valorizar as formações dos grupos de câmara e proporcionar aos músicos a experiência de protagonistas com seus instrumentos. Segundo o maestro Helder Trefzger, o programa 'Oses na TV' veio para ajudar a realizar o

sonho de levar a música aos capixabas. “Através da TV aberta conseguimos quebrar barreiras, democratizar o acesso à essa arte e alcançar mais pessoas, de maneira cada vez mais efetiva. Realizando ações como essa, a Oses, ao mesmo tempo em que compartilha o talento de seus músicos, nas mais diversas formações, se consolida de forma positiva na vida das pessoas e das comunidades”, afirma Trefzger. Tornar a Orquestra Sinfônica acessível ao público geral sempre foi uma preocupação, de forma

que os programas retratam a diversidade e a pluralidade da música. Os próprios músicos vão assumir a apresentação do programa, que contará com os t rompi s t a s Ur i e l B or g e s e William Sampaio, a violinista Jaqueline Costa, e o trompetista Renan Andrade. Com isso, o Oses na TV busca ser uma alternativa cultural em tempos pandêmicos, utilizando os recursos digitais para tentar proporcionar uma experiência significativa ao público.

©EDIVALDO MACHADO LIMA/FOTOS ANTIGAS DE CIDADES CAPIXABAS ESPÍRITO SANTO/FACEBOK

FOGO NO ARMAZÉM MOREIRA — BARRA DE SÃO FRANCISCO — JUNHO DE 1966


4 EDUCAÇÃO

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Professora de Parintins Professor tem de se tornar (AM) cria projeto um mediador de conflitos multimídia para abordar de interesses bullying na escola ©MARY SÔNIA DUTRA DE ALENCAR

Dialogar com as crianças e proporcionar uma re exão sobre a diversidade no ambiente escolar tem sido uma questão pertinente e de grande valor em noss a s o cie dade. A es cola desempenha um papel fundamental ao contribuir na construção de cidadãos que respeitem as diferenças entre as pessoas e que construam um bom convívio com todos. Muitas vezes, as crianças reproduzem atos de preconceito em relação aos seus próprios colegas e demais funcionários da escola, gerando um clima de instabilidade emocional e afetiva — e atrapalhando até mesmo seu processo de aprendizagem. Nos dias de hoje, não é novidade que as crianças venham sofrendo com a prática do bullying e, como consequência, acontecem a evasão, a agressividade, a baixa estima e outras ações depreciativas. Diante dessa problemática, o ensino fundamental 1 da Escola Estadual Ministro Waldemar Pedrosa (localizada em Parintins, no Amazonas) precisou inserir hábitos saudáveis em um ambiente de convívio mútuo, incentivando a autoestima das crianças a partir da representatividade, promovendo a integração e o desenvolvimento de valores. Para tanto, foi criado o projeto “Soltando a voz: eu tô melhor agora”. O objetivo era permitir e conhecer situações de boa convivência nas relações entre as crianças e as demais pessoas no ambiente escolar, sensibilizando-as para a formação de bons hábitos, atitudes e práticas sobre o cuidar e o respeitar o outro nas mais diversas características sóciohistórico-cultural-políticas e

©RAWPIXEL/FREEPIK.COM

religiosas, bem como estimulálas a uma convivência “sem medo”. Com isso, todas as pessoas podem se sentir valorizadas em sua singularidade ao mesmo tempo em que a diversidade é valorizada na sua relação com o outro por meio da empatia e alteridade. Tudo come çou com uma pesquisa qualitativa no ano de 2019, envolvendo todas as crianças do 5º ano A e B do ensino fundamental 1 do turno matutino. A mesma foi aplicada a partir de uma sequência didática conforme a Proposta Pedagógica Estadual para o ensino fundamental 1 e as metodologias pertinentes à educação básica. Na primeira etapa do projeto, foi feita uma assembleia sobre a convivência na escola, seguida de levantamento de situações de desafetos, agressões, violências que tenham ocorridas no cotidiano escolar (“Essas atitudes são comuns em nossa escola?”, “Alguém já presenciou alguma cena como essa, seja na sala de aula, no pátio, ou no r e c r e i o ? ”, “ C o m o i s s o aconteceu?”). A partir desse momento, apresentou-se o termo bullying. Para explicar o conceito pelas crianças, criou-se uma tabela no quadro, evidenciando todas as palavras que representam esse

comportamento e suas consequências na convivência e re sp e ito a o out ro. Houve, também, demonstração do processo de sensibilização dos sentimentos por meio de desenhos, falas individuais e coletivas. Na segunda etapa, foi apresentada a Lei 13.185/15, de Combate à Intimidação Sistemática. Os estudantes realizaram uma primeira leitura individual sobre o documento e discutiu-se as palavras ou expressões que desconheciam, o signi cado contextual da lei na realidade do município de Parintins como uma garantia de segurança contra o bullying nas escolas ou na vida deles na própria comunidade em que vivem. Depois, leram em voz alta o parágrafo 1º, do Art. 1º da lei, que considera: “[…] intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

MEC viabiliza o repasse de R$ 4,7 milhões para 22 municípios O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), autorizou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a repassar recursos para a manutenção de novas m at r í c u l a s e m t u r m a s d e educação infantil nos estabelecimentos educacionais públicos e nas instituições

Para especialista, educador não deve lançar mão de “fogos de artifício”, estratégias didáticas muito chamativas que explodem e logo se apagam

comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos conveniadas ao poder público. No total, o FNDE transferirá R$ 4.704.523,83 milhões a 22 municípios de quatro regiões brasileiras. A Portaria que autoriza os repasses foi publicada na última quarta-feira (20), no Diário

Oficial da União (DOU). São 1.143 novas matrículas na educação infantil que serão beneficiadas pelo repasse de R$ 4,7 milhões, uma vez que ainda não foram computadas para o recebimento dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Com o aumento da adoção de metodologias que colocam o aluno no centro do processo de ensino-aprendizado, existe um ponto de tensão em sala de aula, sobretudo a partir do segundo ciclo do fundamental, que precisa ser abordado: raros são os alunos naturalmente i nte re ss a d o s no s assu nto s escolares. Portanto, a primeira função do professor passa a ser cultivar os interesses, defende Nilson Machado, professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “Eu nunca tive um aluno desinteressado. Os alunos se interessam por muitas coisas, mas não as relacionadas aos conteúdos. Esse interesse natural na escola existe aqui e ali; não é a regra. Isso põe outra tarefa para o professor, a de criar o interesse”, disse ele durante o 1º Congresso Brasileiro de Metodologias At i v a s n a E d u c a ç ã o, u m a iniciativa do Núcleo de Pesquisas em Novas Arquiteturas Pedagógicas da Universidade de São Pau lo (NAP/USP), da Association of Problem-Based Learning and Active Learning Methodologies (PANPBL), e do Instituto iungo. Em nome de despertar esse interesse, contudo, Machado diz que os professores não devem lançar mão de “fogos de artifício”, estratégias didáticas muito chamativas, que “explodem”, mas logo se apagam, criando um interesse apenas passageiro. Assim, ele aponta que trabalhar c om proj e t o s , pro b l e m a s , narrativas, gami cação, ou outras metodologias ativas traz a responsabilidade de não cair no fácil, em algo que dispense o esforço, enquanto mantém aceso um interesse constante nos alunos. Machado ressalta que o papel do professor vai além de ser um mediador em sala de aula, ele

de ve s er um me di ador de con itos. “O professor precisa ser mediador de con itos de interesses, porque o interesse dos alunos é divergente dos da escola. Sem mediar esse con ito, não há boa metodologia. Não adianta propor a resolução de um problema que seja um problema do professor, e não um problema do aluno”, a rmou. Ao se propor a ser mediador de con itos, o docente deve abrir mão do uso da autoridade, porque a mediação deve se dar pelo convencimento, não pela imposição, explica Machado. “Não dá para impingir atividade a alguém, porque fazer ativo é fazer com consciência”. Claro que o professor, por ter mais experiência e conhecimentos especí cos, tem, sim, orientações para dar aos alunos, como um “cartógrafo de relevâncias”. Como no mundo hoje as coisas se misturam muito, há links e informações por todos os lados. Nesse contexto, o docente deve indicar o que é mais importante, o que não importa, o que deve ser cultivado, o que precisa ser combatido. Portanto, não usa autoridade na mediação dos con itos, mas de certa forma a mantém na constr ução de conhecimento na sala de aula. Machado garante que o conhecimento fundamental não é mu i t a c o i s a . O q u e f o r fundamental deve ser trazido para a escola para compor um e l e n c o, e n ã o a p e n a s u m conjunto, sem articulação. “Tem que ser como um time de futebol, uma novela. Não se pode ter duas pessoas no mesmo papel”, disse. Sem lançar “fogos de artifício”, ne m i mp or o qu e d e ve r i a interessar aos alunos, a saída do docente deve ser ter foco e buscar prender a atenção do aluno apenas ao que é de fato fundamental. “Não existe a possibilidade de ensinar tudo a

Prof issionais da Educação (Fundeb). A distribuição de recursos do Fundeb deste ano tem como base o Censo Escolar de 2020. Quando municípios e o Distrito Federal têm matrículas em novas turmas que não estão incluídas no censo escolar do ano

anterior, devem, então, informar ao MEC sobre esses novos

todos — e nem é necessário. Não é possível nem necessário eu ler todos os livros que são publicados por ano. Tenho que ter um projeto e ter o discernimento de ir atrás do que for pertinente para esse projeto. É uma tarefa crítica discernir”, a rmou Machado. Essa tarefa de fazer uma curadoria crítica não é nada trivial, porque lida com um volume imenso de con he cimento ac umu lado, como lembrou Luís Carlos de Menezes, também professor da USP. “Você tem alguns anos para e x p l i c ar c i n c o s é c u l o s d e ciências e cultura. O que é uma apre n d i z a g e m at i v a n e s s e contexto, fazer de novo ou informar sobre ela? Esse é um belíssimo desa o”, disse durante o evento. Para ele, não basta só ação, nem só exposição; as estratégias precisam se somar. Com muitos anos de experiência em formação de docentes na área de ciências, Menezes garante que não se trata de desenvolver novamente tudo o que já foi criado. Um caminho melhor é fazer os estudantes se apropriarem das grandes ideias, como a teoria da relatividade de Einstein ou a da evolução de Darwin, para resolver desa os. “Costumo apresentar desa os a grupos de estudantes. Primeiro, eles têm de ser validados: os alunos têm de querer. Ao nal, cada grupo apresenta suas propostas ao plenário da classe”, contou. Para evitar que os conceitos cientí cos virem uma mera “decoreba”, tem que se fazer uso do conhecimento para enfrentar um problema. Assim, é possível aprender a teoria na prática. “A fórmula do Einstein serve até para vender pasta de dente. Mas o que ele me resolve? Numa aprendizagem ativa, eu pergunto: por que o sol pode brilhar tanto sem precisar trocar de bateria? Como sai tanta energia dessa estrela? Então dou uma dica: deem uma olhada na [fórmula] e=mc². O alunos está sendo desa ado, não ensinado. É função do formador achar qual é o essencial e o problema que vai dar”, resumiu.

estudantes, para ficarem aptos a receberem recursos de apoio à manutenção das ©FÁBIO ARANTES/SECOM-SP turmas extras de educação infantil. Foi o que ocorreu com esses 22 municípios, que computaram, no total, 1.143 novos estudantes e m c re c h e s e pré escolas.


POLÍTICA 5

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

Jorge

Analista Político Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista

Pacheco

jorgepachecoindio@hotmail.com

Interina Luzimara Fernandes

“O grande livro que sempre me valeu e que aconselho aos jovens, um dicionário. Ele é o pai, é tio, é avô, é amigo e é um mestre. Ensina, ajuda, corrige, melhora, protege. Dá origem da gramática e o antigo das palavras. A pronúncia correta, a vulgar e a gíria”, Cora Coralina prefeitos, vices, liados, governadores e parlamentares. "Nunca contestei prévias ou z acusações contra os candidatos que disputaram prévias comigo. Prévia é assim, é disputar o voto, não é tapetão, não é fake news ou informações que depois são desmentidas por diretórios." No momento em que o PSDB vive um acirramento nas prévias presidenciais do partido, o presidente nacional da sigla, Br u n o A r aúj o, cl a s s i c ou c om o "sensíveis" as denúncias feitas por aliados Leite, "Não tenho como me posicionar, já que estou numa posição de julgador. Mas o assunto é sensível e merece um grau de atenção relevante", disse o dirigente. Araújo viajou a Dubai na comitiva da InvestSP, o braço de investimento do governo paulista. Segundo Doria, porém, os dois não falaram sobre o assunto.

manifestou nesta quarta-feira, 27, pela primeira vez, sobre as acusações de aliados do governador Eduardo Leite (RS) de fraude na liação de 92 prefeitos e vices em São Paulo. Doria negou que tenha havido irregularidades e defendeu a manutenção dos correligionários como eleitores. "Eleição não se ganha no grito,

Com discurso de candidato, Rodrigo Pacheco se filia ao PSD "Já passou da hora de voltarmos ao diálogo", afirma presidente do Senado, apontado como presidenciável em 2022 ©REUTERS/ADRIANO MACHADO

Doria nega fraude nas prévias do PSDB e reclama de 'tapetão' Comissão interna do partido deve decidir amanhã se aceita inscrição de 92 prefeitos e vices registrados pelo diretório paulista Em c amp an ha nas pré v i as que de nirão o candidato do PSDB à Presidência, o governador João Doria se

AJUFE

Podemos prepara filiação do ex-juiz e ingresso na sigla deve ocorrer em 10 de novembro O Podemos já prepara uma cerimônia para marcar a liação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao partido. O ex-juiz da Operação Lava Jato deve sacramentar ©DIVULGAÇÃO

mas no voto. Eu aprendi a respeitar a democracia. Por que ter medo do voto? Não há razão para ter medo do voto", a rmou o governador. O governador está em Dubai, onde participa da semana São Paulo na Expo 2020. Bruno Araújo, presidente nacional do partido, faz parte da comitiva do chefe do Executivo paulista. Araújo anunciou que o assunto será decidido pela comissão das prévias nesta quinta-feira, 28. A acusação de fraude nas liações, que teriam sido feitas depois do prazo nal de 31 de março para a habilitação de eleitores nas prévias, foi feita pelos presidentes dos diretórios de Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia, todos aliados de Leite, principal rival do paulista nas prévias que têm ainda o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, como candidato. "A eleição das prévias tem de ser decidida democraticamente, como feito em São Paulo em 2016 e 2018", disse Doria aos jornalistas brasileiros em Dubai, numa crítica indireta a Leite. Segundo ele, não houve falha no processo de liação e registro. "Não se pode ter medo do voto. Não se pode culpar aquilo que não há falha e principalmente querer criar uma mancha em um processo democrático tão bem conduzido pelo presidente do presidente do PSDB, Bruno Araújo". A votação nas prévias, em 21 de novembro, será indireta, com um colégio eleitoral que dá pesos diferentes a ©GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

Em clima de lançamento de candidatura ao Palácio do Planalto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), assinou nesta quarta, 27, sua cha de liação do PSD. Pacheco a rmou que a de nição de um projeto de candidatura somente será feito em 2022, mas já fez um discurso em tom de campanha, defendendo a união nacional e o m da intolerância para que o País possa retomar seu desenvolvimento. "Nós hoje vivemos um momento de enorme preocupação quanto ao futuro da nossa nação e da nossa gente", a rmou. "Não há dúvida que estamos atravessando um dos momentos mais difíceis da nossa história. Esse último biênio nacional foi marcante. Foi tristemente marcante. Nós temos desa os enormes pela frente que precisam ser enfrentados e solucionados. O desa o da pandemia e sua cura, o desa o social e do mercado de trabalho, os desa os na área ambiental, os desa os da saúde e de uma educação de qualidade, o desa o na produção de energia e agora também o desa o da fome, um agelo inaceitável que tem castigado tantos e tantos brasileiros", defendeu o senador. "Hoje, estamos todos cansados e descrentes. Estamos cansados de viver em meio a tanta incerteza, a tanta incompreensão e intolerância. Uma sociedade dividida, em que cada um não admite o contrário e não aceita a existência do outro, nunca irá chegar a lugar algum", ponderou. "Já passou da hora de voltarmos ao diálogo, de retomarmos o diálogo, o desenvolvimento e a paz", acrescentou.

Com entrada de Moro e Pacheco, 3ª via já tem 11 nomes

para quebrar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem. No caso de Moro, o assunto é tratado com reserva, já que ele ainda é consultor da Alvarez & Marsal e mora nos Estados Unidos. O contrato, porém, termina no m deste mês e, a partir daí, a entrada do ex-ministro na política partidária poderá ser o cializada. Pacheco, por sua vez, já anunciou a saída do DEM e vai se liar ao PSD do exministro Gilberto Kassab na próxima q u a r t a - f e i r a . Ne m Moro n e m o presidente do Senado bateram o martelo sobre a candidatura ao Planalto, mas todas as conversas se desenrolam nesse sentido, inclusive com a procura de vices para possíveis chapas. O ex-juiz da Lava Jato tem ainda no radar uma vaga no Senado - ele poderia concorrer por São Paulo ou pelo Paraná. No cenário atual, não apenas uma ala da política como representantes do mercado nanceiro estão à procura de um nome que possa se contrapor à polarização entre Bolsonaro e Lula. "É muito importante que haja uma união do centro para que isso possa ocorrer, para que haja um único candidato mais forte", disse em entrevista ao Estadão o banqueiro Roberto Setubal, copresidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco. Em pesquisa do Ipec divulgada em setembro, em um cenário com dez nomes, Moro aparece com 5%. Lula

o ingresso na sigla em 10 de novembro. A decisão de Moro de estrear na política partidária e o anúncio da liação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao PSD, ampliaram o cenário de potenciais pré-candidatos à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, em 2022, na chamada terceira via. No campo expandido do centro político já há 11 nomes que postulam ou são indicados como possíveis candidatos

lidera to dos os le vantamentos e Bolsonaro, acuado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid - que recomendou seu indiciamento em nove condut as criminosas -, vem perdendo cada vez mais popularidade diante de uma sucessão de crises, que vão da política à economia. Além da liação de Moro, outra de nição importante ocorrerá em novembro. Trata-se do resultado das prévias do PSDB que vão escolher o précandidato do partido à Presidência. Os concorrentes são os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o exprefeito de Manaus Arthur Virgílio. O PSDB integra o grupo de nove partidos de espectro político de centro que têm se r e u n i d o n a t e nt at i v a d e construir uma chapa única ao Planalto. De todas as legendas que se movimentam para construir uma alternativa a Bolsonaro e a Lula, porém, a única que não admite mudança de candidato é o PDT. O partido vai lançar Ciro

Gomes (PDT) e está em busca de um vice. Nesta sexta-feira, 22, o PDT projetou em prédios de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Belém e Porto Alegre a nova marca da campanha, intitulada "Pre ro Ciro". A l ist a d o s 1 1 p ote nc i ais pré candidatos da terceira via à eleição presidencial de 2022 inclui, ainda, o exministro da Saúde Luiz Henrique Ma n d e t t a ( D E M ) , o s s e n a d o re s Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), o jornalista e apresentador de TV José Luiz Datena (PSL) e o cientista político Luiz Felipe d'Ávila (Novo).

Juiz cassa mandatos de vereadores em ColatinaES Foi publicada, no último dia 21, a c a s s a ç ã o d o s m a n d at o s d e d oi s vereadores de Colatina. Os vereadores foram eleitos pelo Partido Patriota. A cassação são dos edis Wagner Neumeg, Marcelo Carvalho Pretti e o suplente Marcelo Rodrigues. Além das cassações o magistrado também de niu pela inelegibilidade de Maria das Graças Flores pelo prazo de oito anos. Eles foram condenados em primeira instância ao serem bene ciados por fraude no tocante à cota de gênero nas eleições municipais de 2020. A cota de gênero visa garantir o mínimo de 30% de candidaturas femininas na disputa por vagas do Legislativo. Na prática, os partidos deveriam buscar candidatas mulheres para o preenchimento das vagas em disputa nas eleições parlamentares. A decisão cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral do Espirito Santo (TRE-ES) e, enquanto a ação não transitar em julgado, os vereadores permanecem no cargo. No mês de julho do presente ano, o Ministério Público Eleitoral da Sexta Zona Eleitoral de Colatina através da Promotora Eleitoral Bruna Legora de Paula Fernandes, de niu que era procedente a ação de investigação judicial eleitoral ajuizado em face do Partido Patriota por seu Diretório Municipal de Colatina, em detrimento de seus candidatos a vereador em Colatina; Wagner Neumeg, Marcelo Carvalho Pretti, Marcelo Rodrigues, Maria das Graças Flores e Elisangela Romanha Ramos, em desfavor do cidadão Olimar Geraldo Dadalto visando cassar seus registros de candidatura e diploma declarar nulos os votos e obter reconhecimento de inelegibilidade a teor dos pedidos formulados na petição inicial (41691830). ©FOLHA DO ES

'SERESTA DE TODOS OS TEMPOS' — COM JORGE PACHECO E SEUS CONVIDADOS ESPECIAIS SEXTAS-FEIRAS, ÀS 20 HORAS — WEBRADIOCENTENARIOFC – SERRA–ES


6 TECNOLOGIA

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

Chega ao mercado ainda Adeus, baliza! Hyundai este ano seda vegana e apresenta carro que anda de lado biodegradável que substitui plástico descartável ©HYUNDAI/REPRODUÇÃO

©REPRODUÇÃO/UNIVERSIDADE DE CAMBRIGDE

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, uma das mais prestigiadas i nst itu i ç õ e s d e e ns i n o d a Inglaterra, criou um tipo de “s e d a d e a r a n h a v e g a n a” biodegradável capaz de substituir o plástico de uso único (descartável) em milhares de produtos. “Há um enorme problema de poluição de plástico no mundo e estamos na sorte de poder fazer algo a respeito”, disse um portavoz da universidade. A seda biodegradável é, na verdade, derivada de uma planta e tenta imitar a estrutura molecular da seda da aranha, um dos materiais mais fortes e duráveis e n c ont r a d o s n a n atu re z a . Segundo os cientistas, o material foi descoberto enquanto eles pesquisavam as interações funcionais de proteínas na doença de Alzheimer. “Normalmente investigamos como as interações funcionais de proteínas nos permitem permanecer saudáveis e como as interações irregulares estão i mp l i c a d a s n a d o e n ç a d e Alzheimer”, disse o Dr. Tuomas Knowles, do Departamento de Química Yusuf Hamied de C ambridge, que liderou a pesquisa. “Foi uma surpresa descobrir que nossa pesquisa também poderia abordar um grande problema de

sustentabilidade: o da poluição por plásticos”. No estudo, divulgado pela revista Nature, o Dr. Knowles conta que por anos examinou a estrutura molecular de diversas proteínas para determinar por que algumas são mais fortes do que outras, e descobriu o que há na seda da aranha que lhe confere uma força imensa. “Descobrimos que uma das principais características que dá força à seda da aranha é que as ligações de hidrogênio são arranjadas regularmente no espaço e em uma densidade muito alta”, disse. Com esse aprendizado, a equipe criou uma proteína vegetal derivada da soja com a força de tração natural da seda da aranha. “Como todas as proteínas são feitas de cadeias polipeptídicas, sob as condições certas, podemos fazer com que as proteínas vegetais se automontem como a seda da aranha”, explicou o Dr. Knowles. Por m, ele acrescentou que os aracnídeos também usam um processo de ação com e ciênci a energét ic a p ara montar a proteína da seda que permanece dissolvida em uma solução aquosa, em suas glândulas, para formar bras extremamente fortes. Para comprovar essa teoria, os cientistas simularam o

mecanismo colocando as proteínas vegetais em uma mistura de ácido acético e água, de modo a torná-las mais solúveis, e usaram ultrassom e altas temperaturas para formar ligações moleculares mais fortes. Para o Dr. Marc Rodriguez Garcia, coautor do estudo e chefe de pesquisa e desenvolvimento da Xampla, a equipe conseguiu a descoberta controlando o mecanismo de automontagem das ligações moleculares, o que os ajudou a criar uma alternativa de seda de aranha de alto desempenho. E e mb or a out ro s pesquisadores tenham trabalhado diretamente com a s e d a d a ar an ha c omo u m possível substituto para o plástico, sua equipe é a primeira a fazer isso sem o envolvimento de uma aranha. “De certa forma, criamos uma 'seda de aranha vegana' — criamos o mesmo material sem a aranha”, disse ele. Um benefício da seda é que, por ser feita com ingredientes sustentáveis, pode ser facilmente compostada em casa, sem a necessidade de tratamentos industriais ou químicos. De acordo com a Universidade de Cambridge, a Xampla — empresa pertencente à instituição – comercializará o novo material ainda este ano, por meio de sachês e cápsulas substitutivas do plástico usado em pastilhas para lava-louças e cápsulas de detergente para a roupa. No ano que vem, a empresa vai disponibilizar a seda à base de plantas em embalagens de alimentos, como recipientes de sanduíches e caixas de salada.

A Hyundai Mobis, divisão de peças da montadora sul-coreana, desenvolveu um recurso que acaba com a necessidade da baliza — a notória manobra em marcha à ré que aterroriza jovens n o s t e s t e s d e au t o e s c o l a . Chamado de e-corner, o módulo da Hyundai combina sistemas de direção, frenagem e suspensão e possibilita novos movimentos de esterço como girar as rodas em 90º para fazer o carro andar de forma lateral e, assim, estacionar com facilidade. O conceito do e-corner integra tecnologias de motor, controle eletrônico de amortecedor, brake by wire e steer by wire. O s i s t e m a f oi re v e l a d o p e l a primeira vez em 2018 durante a CES, em Las Vegas, e elimina a ne c e ss i d a d e d e u m chass i tradicional com motor central, conferindo aos veículos elétricos recursos de tração 4×4. Desde lá, o módulo e-corner da Hyundai foi redesenhado e aperfeiçoado para aplicações práticas. A fabricante coreana t amb é m d e s e nvolve u u ma centralina (ECU, na sigla em inglês) para controlar s ep arad amente as ro d as e concluiu os testes funcionais do novo sistema.

Um dos aspectos que chamam a at e n ç ã o n o c on c e it o d a Hyundai é que ele não exige conexão mecânica entre as peças. Isso pode mudar drasticamente a maneira como um veículo pode ser projetado, uma vez que fornece maior exibilidade para modi car a plataforma ou alterar o design da porta e o tamanho do carro. Também facilita a aplicação em veículos para serviços especí cos, como ambulâncias. Vale ressaltar que a Hyundai não é a única montadora a experimentar com sistemas de esterçamento alternativos. O novo Hummer, da General Motors, possui um sistema de direção nas quatro rodas que permite ao veículo se mover de

forma diagonal em linha reta. Elon Musk também con rmou que o Cybertruck terá direção traseira, diz o bilionário, “para que possa fazer curvas fechadas e manobrar com alta agilidade”. Até 2023, a Hyundai Mobis planeja construir uma base para s k at e qu e i n c lu i r á qu at ro mó dulos e-corner. Ap ós a conclusão da plataforma, a empresa irá combiná-la com a tecnologia de direção autônoma com o objetivo de fornecer uma solução de mobilidade para veículos PBV (Purpose-Built Vehicles, na sigla em inglês) em 2025. PBVs são carros autônomos que permitirão ao passageiro se locomover sem a necessidade de um motorista.

Carro voador anunciado para 2024 por empresa chinesa é realmente um carro que voa ©DIVULGAÇÃO/XPENG

A chinesa Xpeng revelou em seu evento Xpeng 1024 Tech Day 2021 seu projeto de carro elétrico voador. Desenvolvido pela sua filial HT Aero, voltada para Mobi l i d a d e Aé re a Ur b ana (UAM), o veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) terá seu design realmente parecido com o de um carro. Não apenas a aparência será de um automóvel, como o veículo voador poderá ser dirigido no solo, como um carro comum. A montadora chinesa não revelou muitos detalhes sobre eVTOL, além de características como o fato de que o carro será leve e equipado com um mecanismo dobrável de rotores que permite a conversão “fly-drive”. Po d e n d o s e t o r n a r u m a aeronave ou um carro

totalmente integrado, o veículo poderá realizar voos de baixa altitude com a mesma facilidade com a qual roda em estradas. Esta nova geração de eVTOL da Xpeng vai estender o seu volante para ser conduzido no solo e vai mudar para a alavanca no modo de voo. O carro voador tem capacidade para duas pessoas e foi desenhado para circular em ambientes urbanos, voando baixo e em curta duração. Segundo as informações, sua autonomia de voo é de apenas 35 minutos. Decolagem e pouso serão realizados automaticamente, além do planejamento de rota de voo ser feito de forma autônoma. A empresa afirma que os pousos serão facilmente realizáveis no topo de construções

residenciais. De acordo com a Xpeng, um sistema de percepção ambiental avançado será capaz de avaliar totalmente o ambiente ao redor do veículo e as condições meteorológicas, para conduzir avaliações de segurança antes das decolagens. Durante os voos, uma percepção avançada e um algoritmo de controle serão usados para evitar obstáculos. O novo eVTOL terá um peso 50% menor que o do sedan Xpeng P7, o que pode significar algo por volta de um tonelada. O automóvel movido a bateria lançado pela montadora no ano passado pesa, dependendo da tração e de outros fatores, de 1865 kg a 2060 kg. Um vídeo apresentado durante o evento da empresa mostrou a renderização do carro voador rodando por uma estrada, se transformando para levantar voo e voando por um vale até pousar no alto de uma montanha. O veículo é a sexta geração de carros elétricos da Xpeng (o Voyager X1 é a quarta geração dos elétricos voadores da montadora e o Voyager X2 é a quinta geração).


CIÊNCIA 7

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Cachorro foi domesticado no Leste Asiático, indica DNA de lobo japonês

Descoberto em Israel raro selo de ametista entalhado com planta mencionada na Bíblia ©REPRODUÇÃO TWITTER

©REPRODUÇÃO

Um grupo de cientistas de diversas universidades do Japão identi cou o lobo japonês (Canis lupus hodophilax) como a subespécie de lobo mais próxima do cão doméstico, entre todas estudadas. E isso tem muitas implicações na forma como entendemos a domesticação do cachorro. O cachorro é a espécie animal com maior diversidade de formas que já existiu. Eles vem múltiplas cores, pelagens, e os maiores deles (o mastim britânico, recordista com 155 kg) podem ter mais de 300 vezes o tamanho dos menores (o chihuahua, com 0,5 kg). E todas essas formas tem uma origem só: alguma subespécie de lobo extinta, que não é como as que existem hoje. E agora temos uma idei a mel hor de como el a parecia. O lobo japonês já habitou a maioria das ilhas do arquipélago

e foi caçado até a extinção por proprietários de terra japoneses, desaparecendo em 1905. Era uma subespécie de lobo particularmente parecida com o cachorro, com uma cor creme ou marrom claro como é comum entre esses. Era tão parecido que frequentemente era confundido com cães da raça akita. A pesquisa foi possível através do DNA de lobos japoneses através de ossos guardados em diversos museus do Japão. Comparando o DNA do lobo

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068

japonês com o de outros lobos, cachorros e canídeos distantes como raposas, os pesquisadores descobriram que esses animais ocupavam um ramo separado na evolução dos lobos. Haviam sido isolados geneticamente dos demais entre 20 mil e 40 mil anos atrás. A pesquisa sugere fortemente que o cachorro deve ter sido domesticado no Leste Asiático, e não no Or iente Mé dio ou Europa, como muitos cientistas defendem. Não é que o lobo japonês seja a origem do cachorro, mas a linhagem perdida do ancestral dos cães, acreditam os cientistas, também deu origem ao lobo japonês. São primos: tanto o lobo japonês quanto o cachorro tem os mesmos ancestrais próximos, que não são os mesmos que os dos lobos que existem hoje. Segundo os cientistas, entre os cães atuais, o cão cantor de Nova Guiné (esse é o nome mesmo) e o Dingo aust ra liano (amb os lembrando lobos amarelos) são os mais próximos do lobo japonês. E, com isso, também do ancestral em comum.

Descoberta 1ª evidência de acampamento militar do tempo das Cruzadas no norte de Israel BOB BEHNKEN

FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

Arqueólogos na Galileia, em Israel, encontraram recentemente os restos de um acampamento de cruzados, tornando-se esta a primeira descoberta de um acampamento utilizado pelos

invasores cristãos na Terra Santa durante o século XII. O acampamento medieval foi descoberto na Rodovia 79 perto de Séforis, a cerca de 30 quilômetros de Tiberíades, durante os trabalhos de

ampliação dessa estrada, informa o The Times of Israel. Dezenas de artefatos de metal, incluindo moedas, pontas de flechas e pregos de ferradura, foram encontrados no local. Ante t a l d e s c ob e r t a , o s

Marco Antônio, importante político na República Romana, ofereceu a Cleópatra preciosas plantas de bálsamo que anteriormente pertenciam ao rei He r o d e s . S e g u n d o v á r i o s pesquisadores, o selo apresenta um pássaro, provavelmente trata-se de um pombo e um ramo grosso com cinco frutos nele. "Esta é uma descoberta importante porque pode ser a primeira vez no mundo inteiro que um selo é descoberto com um entalhe da planta preciosa s obre a qu a l até agor a s ó podíamos ler em descrições históricas", disse especialista Eli Shukron, da AAI, que realizou a es cavação onde o s elo foi encontrado. Shukron acrescentou que a esta planta eram atribuídas propriedades mágicas e cerimoniais, e era por isso que ela era usada como ingrediente para o incenso do Templo na época em que o selo foi feito.

Durante escavações, arqueólogos israelenses des enter raram, no p arque nacional da Cidade de Davi, em Jerusalém, um raro selo de cerca de 2.000 anos feito de ametista. Acredita-se que a pedra preciosa descoberta perto do Muro Ocidental é adornada com uma imagem da planta de bálsamo mencionada na Bíblia e utilizada como incenso no Segundo Templo, explica o e Times of Israel. Além disso, pesquisadores estimam que o selo entalhado no referido artefato é a

representação mais antiga da planta que, além do mais, era u s a d a p ar a e l ab or a ç ã o d e perfumes para a lendária Cleópatra. De acordo com a Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) a planta de bálsamo bíblica, cujo nome cientí co moderno é Commiphora gileadensis, foi usada na época do Segundo Templo como um ing re diente p ara pro duzir incenso, perfumes e outras fragrâncias, bem como medicamentos. Historiador hebraico do século I d.C. Flávio Josefo escreveu que

pesquisadores acreditam que e s s e s m at e r i a i s p o s s a m pertencer a um assentamento militar temporário no Reino de Jerusalém entre 1099 e 1291. "A maioria dos pregos que encontramos eram usados", contou o arqueólogo Rafi Lewis, explicando que o acampamento de Séforis foi, provavelmente, usado como um ponto de apoio para os soldados substituírem os pregos quebrados das ferraduras de seus cavalos antes de prosseguirem para uma nova batalha. Lewis também comentou qu e for am e n c ont r a d o s "artefatos aristocráticos", tais como ganchos de cabelo de

est i lo europ eu e f ivelas d o u r a d a s q u e , provavelmente, foram utilizadas por cavaleiros e out ras p ess o as de elite. Contudo, os arqueólogos

volta às fortificações permanentes, em meio às batalhas finais, quando as forças muçulmanas retomaram Jerusalém. Segundo os pesquisadores, o

acreditam que se houvesse algo mais precioso, teria já sido guardado e levado de

campo em estudo deveria ter sido abandonado em julho de 1187.


8 BEM-ESTAR

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Chás para tratar a insônia: cinco receitas práticas Conheça as ervas que podem melhorar a qualidade do sono e permitir um descanso mais efetivo ©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE

4) Lavanda "Poucas pessoas sabem que podem beber um chá de lavanda para uma rotina noturna mais re l a x ante. C om u m e fe ito bené co ainda na insônia e depressão, você pode usar a lavanda como óleo essencial t a m b é m , e m u m d i f u s o r, massagens ou no travesseiro", indica Stavro. Tomar chás para tratar a insônia não é novidade na cultura brasileira. A nal, quem nunca recebeu essa dica de um familiar mais experiente? E engana-se quem pensa que esses conselhos eram infundados e ine cazes. Ok, a razão para essa prática ter se tornado tão comum e difundida, talvez, tenha sido empírica. Baseada em fatos observacionais ou não, é fato que algumas ervas naturais têm propriedades bené cas para a qualidade do sono. Vale lembrar que o sono é um dos pilares fundamentais para um estilo de vida saudável. Pouco adianta realizar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação balanceada e não conseguir descansar direito. É durante a noite que o organismo processa todos os estímulos recebidos e evolui dentro do objetivo proposto. Apostar em chás para tratar a insônia pode ser uma boa alternativa para quem tem di culdades para dormir. D e a c o r d o c o m a neuropsicóloga e doutora em medicina do sono, Ksdy Sousa, a insônia também pode gerar ansiedade e outros distúrbios mentais, "visto que aumenta o nível de alerta, bem como a p r e s e n ç a d e p e n s a m e nt o s acelerados e as preocupações na

hora de dormir", explica. Pensando nisso, com a ajuda da nutricionista Adriana Stavro, separamos alguns chás para tratar a insônia e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Con ra: 1) Erva-cidreira A especialista aponta que a erva-cidreira é constantemente usada para ns medicinais, principalmente para o tratamento de distúrbios psicológicos e insônia. Segundo Stavro, as formas mais comuns de uso da erva são o chá e o óleo essencial. 2) Valeriana De acordo com a nutricionista, sub st ânc i as c omo o á c i d o valerênico, ácido isovalérico e os antioxidantes hesperidina e linarina, presentes na raiz da valeriana, possuem propriedades sedativas. Dessa maneira, a erva pode ser usada como um tratamento natural para melhorar a qualidade do sono. 3) Camomila "É uma erva suave, que tem sido amplamente utilizada para tratar problemas como insônia, depressão, estresse e ansiedade. Ela é rica em apigenina, um composto químico com efeito tranquilizante", conta Stavro.

Modo de preparo Esquente 250ml de água até formar pequenas bolhas (o ideal é não ferver). Coloque uma colher de sopa da erva escolhida, feche e aguarde 10 minutos. Coe ou retire o saquinho da água. Beba em seguida. Para obter os resultados desejados, uma xícara do chá 30 minutos antes de se deitar já é o necessário. Importante — Vale ressaltar que, em casos mais sérios de insônia, onde o paciente não consegue ter resultados satisfatórios com mudanças de hábitos, o ideal é procurar orientação médica especializada. Problemas de saúde precisam de tratamento correto e pro ssional.

Agora vai? Estudo revela qual o melhor horário para treinar; confira ©SHUTTERSTOCK

biológico e ele regula muitos pro cessos no cor p o e esses processos têm um ritmo”, disse o autor do estudo, Patrick Schrauwen, professor de Aspectos metabólicos do diabetes tipo 2 na Universidade de Maastricht, na Holanda. “Alguns deles são bem conhecidos, como sua temperatura corporal e sua pressão arterial”, disse Schrauwen. “Nossos relógios biológicos

Nutricionista - CRN:14100665

Escondidinho de inhame com carne moída ©GUIA DA COZINHA

5) Passiflora De acordo com a nutricionista, a passi ora é um sedativo à base de plantas usado para tratar ansiedade e distúrbios do sono. O seu chá pode aumentar os níveis de gama-aminobutírico, também conhecido como GABA, no cérebro. Ess a substância é um aminoácido que reduz a atividade no sistema nervoso central e promove o relaxamento do corpo. Fatores que contribuem para a melhora do humor e do sono. Sem falar da diminuição dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse.

Qual o melhor horário para treinar? Estudo revela E a ciência vem para ajudar o 'projeto verão' daqueles que buscam um melhor resultado na academia. De acordo com um estudo publicado no Physiological Reports, que analisou homens que estão em risco ou com diagnóstico de diabetes tipo 2, o melhor horário para os treinos diários é na parte da tarde, resultando em um melhor desempenho metabólico e perda de gordura quando comparados aos que treinam pela manhã. Os pesquisadores não souberam explic ar exat amente qu a l a combinação de fatores que faz com que o treino à tarde seja mais vantajoso, sendo necessário maiores estudos. Contudo, a equipe pôde especular com base no que se sabe sobre a siologia humana e o tempo biológico o que pode ocorrer para esse melhor funcionamento neste período especí co. “Nosso corpo tem um relógio

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

também afetam nosso metabolismo e se nossos corpos queimam gordura ou carboidratos em determinados momentos”, acrescentou. A ingestão de alimentos também interfere no processo, além de temperaturas corporais mais altas no período da tarde, que pode ajudar no desempenho muscular quase como um aquecimento diário embutido.

O

inhame é um tubérculo de formato parecido com a b at at a - d o c e e q u e p o s s u i carboidratos complexos e bras solúveis. Entre os principais benefícios à saúde estão o au me nto d a i mu n i d a d e, a melhora da visão e o controle do colesterol. O inhame tamb ém é um ingrediente importante para quem quer apostar em uma dieta balanceada, já que ajuda a manter o organismo saciado por mais tempo. Por isso, que tal incluir o inhame no cardápio e, além de desfrutar de seus benefícios, preparar receitas saborosas? Ingredientes 300g de inhame descascado em cubos 700g de carne moída 1 cebola roxa picada 2 dentes de alho amassados ⅓ pimentão-amarelo picado ⅓ pimentão-vermelho picado 1 tomate sem sementes picado 1 colher (sopa) de manjericão fresco picado Sal e noz moscada a gosto 1 colher (café) de açafrão em pó 4 colheres (sopa) de azeite 1 colher (sobremesa) de orégano 3 folhas de repolho roxo em tiras 1 colher (chá) de gengibre picado “Q u a n d o v o c ê c o m e ç a a perceber o quão forte esse relógio biológico pode ser, e então se você faz coisas como ingerir alimentos na hora errada do dia, ou car inativo na hora errada do dia, ou car inativo nas horas que você deve ser ativo, isso pode ter um grande impacto “, explicou Schrauwen. “A boa notícia é que você também pode usá-lo em seu benefício”. O professor observou ainda que não comer lanches à tarde e evitar refeições noturnas pode ter um grande impacto no peso e na saúde geral de uma pessoa. Corroborando com a ideia de S ch r auwe n , out ro s e stu d o s também já demonstraram que

100g de queijo parmesão ralado Modo de preparo Para o purê, coloque o inhame numa panela de vapor e cozinhe até car bem macio. Retire, escorra e amasse com um garfo. Misture com metade do azeite, o açafrão, uma pitada de sal e nozmoscada, até que forme um purê. Caso haja necessidade, adicione um pouco de água até que que cremoso. Reserve. Para o recheio: Em uma panela, coloque duas colheres de azeite com alho e cebola até refogar e dourar. Em seguida, despeje a carne moída e cozinhe até secar toda a água. Coloque

os pimentões, tomate, manjericão, orégano e sal e mexa bem. Para o repolho: Coloque o repolho para cozinhar no vapor por oito minutos e reserve. Para a montagem: Em um refratário, coloque a carne moída no fundo, por cima coloque o repolho e depois cubra com uma camada de purê de inhame. Polvilhe com o queijo e leve ao forno médio, preaquecido, por 10 minutos ou até gratinar. Retire e sirva. Rendimento: 8 porções Fonte: Terra

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

pessoas que comem muito tarde tendem a consumir mais calorias do que aqueles que deixam para se alimentar pela manhã. Para Shawn Arent, professor e chefe do departamento de ciência do exercício da Universidade da Carolina do Sul, a qualidade do exercício supera o tempo dedicado à atividade física. Além disso, manter um horário xo para o treino ajuda o seu organismo a se acostumar com aquela programação, tornando a rotina mais fácil. “Se você treinar de forma consistente em um determinado momento do dia, você começa a se adaptar a isso”, disse Arent, alertando, no entanto, para os

treinos de manhã. O especialista disse ser contra sacri car o sono para treinar cedo, porque a qualidade geral do sono é mais importante do que fazer um treino extra. Com os exercícios físicos os músculos cam cheios de feridas microscópicas que, recentemente, cientistas descobriram como se curam. Segundo a pesquisa, após um treino rigoroso, os centros de controle das células musculares — chamados núcleos — correm em direção a esses pequenos ferimentos para ajudar a curá-los, identi cando, inclusive, um mecanismo de reparo até então desconhecido que entra em ação após uma corrida na esteira.


SAÚDE 9

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

Cientistas desenvolvem vacina experimental contra a artrite reumatoide Imunizante à base de proteína se mostra uma promessa na prevenção da doença, sugerindo benefícios ao longo prazo em estudos com animais ©CHAOWALIT407/GETTY IMAGES/ISTOCK

Pesquisadores da Universidade de Toledo (UToledo), no estado de norte-americano de Ohio, desenvolveram uma vacina e x p e r i m e nt a l q u e v e m s e mostrando uma promessa na prevenção da artrite reumatoide, uma doença autoimune dolorosa que atualmente não tem cura. As descobertas foram detalhadas em agosto, em artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, e representam um grande avanço. Um a d a s e n f e r m i d a d e s autoimunes mais comuns, a ar t r ite re u m atoi d e o c or re quando o sistema imunológico ataca e quebra tecidos saudáveis do próprio corpo, principalmente o revestimento das articulações de mãos, pulsos, tornozelos e joelhos. Estimativas sugerem que ela afeta 1% da população global. “Apesar da prevalência, não há cura e não se sabe inteiramente qual a causa. E isso é verdade para quase todas as doenças autoimunes, o que torna o tratamento ou a prevenção delas tão difícil”, destaca a autora p r i n c i p a l d o a r t i g o, R i t u Chakravarti, professora assistente da Faculdade de Medicina e Ciências da Vida da U To l e d o , e m n o t a . “ S e conseguirmos comprovar clinicamente essa vacina com sucesso, será revolucionário”. A p e s q u i s a d or a e s t u d o u durante anos uma proteína chamada 14-3-3 zeta e seu papel em patologias imunológicas, como aneurismas da aorta, e na interleucina-17, uma citocina associada a distúrbios autoimunes. C om bas e no trabalho anterior de Chakravarti, o grupo de pesquisa

se concentrou na proteína como um gatilho potencial para artrite reumatoide. Mas eles descobriram o oposto. Em vez de prevenir, remover a proteína por meio da técnica de edição genética causou artrite precoce severa nos animaismo delo. Passaram então a trabalhar com essa nova teoria de que a zeta 14-3-3 protege contra a doença. A equipe, en m, desenvolveu uma vacina baseada em proteína usando a zeta 14-3-3 puri cada cultivada em uma célula bacteriana. Os resultados iniciais mostraram uma resposta forte imediata — e duradoura — do sistema imunológico inato do corpo, fornecendo proteção contra a doença. “Para nossa surpresa, a artrite reumatoide desapareceu totalmente nos animais que receberam a vacina”, explica Chakravarti. “Às vezes, não há maneira melhor do que o acaso. Aconteceu de chegarmos a um resultado errado, mas acabou sendo o melhor. Esses tipos de descobertas cientí cas são muito importantes nesse campo”. Além de suprimir o desenvolvimento de artrite, a v a c i n a m e l h o r o u signi cativamente a qualidade óssea — uma descoberta que

sugere haver benefícios a longo pr a z o ap ó s a i mu n i z a ç ã o. Atualmente, a artrite reumatoide é tratada principalmente com corticosteroides, drogas imunossupressoras feitas em l a r g a e s c a l a , ou pro dut o s biológicos mais novos e direcionados que têm como alvo u m pro c e s s o i n am at ór i o especí co. Embora essas drogas terapêuticas possam aliviar a dor e retardar a progressão da doença, também podem tornar os pacientes mais vulneráveis a infecções e, no caso de produtos biológicos, podem ser caros. “Há muitos anos não fazemos grandes descobertas para tratar ou prevenir a artrite reumatoide”, ressalta Chakravarti. “Nossa abordagem é completamente diferente. Essa é uma estratégia baseada em vacina a partir de um novo alvo que esperamos poder tratar ou prevenir a doença. O potencial aqui é enorme”. Os pesquisadores solicitaram uma patente da descoberta e estão procurando parceiros na indústria farmacêutica para apoiar os estudos de segurança e toxicidade na esperança de estabelecer um ensaio préclínico. Ainda tem muito chão pela frente.

Doença de Haff: entenda a infecção que deixa a urina preta A Doença de Haff, popularmente conhecida como doença da urina preta, é um problema antigo, descoberto no início do século passado, por médicos da região de Königsberg Haff — costa do mar Báltico, ao norte da Europa. Apesar disso, sua origem ainda

não é totalmente conhecida pela ciência, o que faz a infecção ser considerada um evento de saúde pública. No entanto, os casos no Brasil são raros. De acordo com a infectologista, Dra. Simone Sena, apenas em 2008, 2016 e 2021, a

Doença de Haff foi registrada por aqui. "Quatro estados brasileiros j á tê m re g ist ro s d e c as o s : Amazonas (61 casos com um óbito con rmado); Bahia (13 casos, cinco ainda em investigação); Ceará (nove casos suspeitos, que aguardam

Câncer de próstata, como identificar a doença antes do estágio avançado ©SHUTTERSTOCK

O câncer de próstata é um tipo de c ân c e r mu it o c omu m n o s homens, ainda mais após os 50 anos de idade. Infelizmente, a doença é tão comum que causou a partida do ator James Michael Ty l e r, c o n h e c i d o p o r t e r interpretado Gunther na famosa série 'Friends'. Ele morreu no último domingo (24), aos 59 anos. O ator lutava contra um câncer de próstata e teve a morte con rmada pela família. De acordo com o site TMZ, ele faleceu em sua casa, localizada em Los Angeles. Fãs, amigos e familiares lamentam a morte de James Michael Tyler, o qual alertou sobre a importância do diagnóstico para evitar o pior da doença. Isso porque o câncer cresce devagar e costuma não produzir sintomas logo na fase inicial. Sendo assim, é muito importante a presença dos exames para con rmar o status de saúde da próstata. Os exames devem ser feitos a partir dos 50 anos ou a partir dos 45 anos, quando já existe histórico na família. Além disso, sintomas como dor ao urinar ou di culdade para manter a ereção é um sinal para consultar um urologista. Até porque os sintomas só aparecem quando o câncer se encontra em

uma fase mais avançada, para poder rastrear, exame de sangue PSA e o toque retal são essenciais. Por mais que o câncer de próstata não demonstre sintomas em estágio inicial, há alguns sinais que indicam a doença e que podem aparecer em estágio avançado: micção frequente; uxo urinário fraco ou interrompido; vontade de urinar frequentemente à noite; sangue na urina ou no sêmen; disfunção erétil; dor no quadril, costas, coxas, ombros ou outros ossos se a doença se disseminou; fraqueza ou dormência nas pernas ou pés. Ademais, é importante manter o médico informado sobre qualquer tipo de sintomas para que a causa seja diagnosticada antes de estar em um estágio muito avançado e já pode iniciar o t r a t a m e n t o. S e g u n d o o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o diagnóstico precoce é

uma boa estratégia para encontrar um tumor numa fase inicial, podendo ser feita por meio de exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos. No Brasil, o câncer de próstata se tornou o segundo mais comum entre os homens, depois do câncer de pele nãomelanoma. Além de que a taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento, sendo que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento nas t axas de incidência no Brasil pode ser justi cado — em parte — pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do País e pelo aumento na expectativa de vida, alertou o Inca.

con rmação laboratorial); e Pará (três casos suspeitos estão sendo investigados)", conta a especialista. O problema costuma causar uma dor muscular intensa nas pessoas infectadas. Os primeiros sintomas se manifestam de 2h a 24h após a ingestão de frutos do mar mal armazenados. Segundo a médica, isso acontece quando o alimento contém uma toxina, ainda não identi cada. Ela pode aparecer em animais de água doce ou salgada, como tambaqui, badejo, arabaiana, lagosta, camarão e outros. "Como ainda é pouco estudada, acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, quando consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas. Contudo, a toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é

guardado e acondicionado de maneira adequada. Sabe-se que o componente é termoestável, pois resiste às temp eraturas de cozimento", diz a Dra. Sena. Uma vez infectado, o paciente tende a apresentar os sintomas após algumas horas. "O quadro, geralmente, se inicia por dor muscular intensa e súbita, fraqueza e formigamentos. É mais comum em membros inferiores, podendo evoluir com destruição muscular maciça, liberando enzimas que podem culminar em insu ciência renal. A manifestação pode ser observada com alteração da cor da urina (coloração marrom escura)", explica a médica. É p or ess e motivo que a infecção também é conhecida como doença da urina preta. No e nt anto, d e a c ord o c om a especialista, di cilmente o problema chega nesse estágio e

perdura por muito tempo. "A grande maioria dos pacientes evolui bem. Os sintomas melhoram a partir de 24h e as dores desaparecem em até 72h. É uma doença autolimitada, com potencial mais raro de insu ciência renal e, excepcionalmente, a morte", esclarece a Dra. Sena. Segundo a Dra. Sena, ainda não existe um tratamento especí co contra a toxina que causa a Doença de Haff. Porém, é de suma importância procurar uma unidade de saúde assim que os primeiros sintomas aparecerem. "Não há tratamento especí co, apenas tratamento de suporte, como hidratação e analgesia. Os casos que evoluem mais gravemente devem ser tratados e m U n i d a d e s d e Te r a p i a Intensiva. Não é indicado o uso de anti-in amatórios e ácido acetilsalicílico", naliza.


10 Criança hoje, Criança amanhã

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Injustiça e Ecolalia, Jeferson, Lú cia, Regina... Pra nã o dizer que nã o falei de lores —Parte IV Lei da Alienação Parental é usada para subjugar mães que denunciam violência doméstica ou abuso sexual ©ANA BRANCO/AGÊNCIA O GLOBO

R

etornando ao tema, interrompido pelos textos sobre o “Dia das Crianças”, e com mais alguns episódios de Injustiça a acrescentar, mais um jovem preso por ser lho de alguém que tem um homônimo de um tra cante já preso, o que rendeu ao garoto de 21 anos, que nunca havia visitado, sequer, o Rio de Janeiro, uma detenção de nove dias em Presídio, sem visita, nem advogado. Ninguém lembrou de olhar a liação desse pai homônimo de um criminoso, o CPF, a carteira de trabalho, o endereço, en m, os dados que compõem a identi cação civil de a lguém. C omo agentes da S e g u r anç a P úbl i c a nã o s e lembram desta veri cação para efetuar uma detenção? Elementar, parece. Mas, não é. Dois meninos, do povo Ianomami, morreram afogados, assassinados pela draga oculta no fundo do Rio para onde

foram aspirados. Garimpo ilegal de ouro em terras de povos originários. Lúcia continua tendo que ir assinar um livro de presença na la de criminosos ap enados e em reg ime d a condicional. Ela teve seu pedido de visita ao lho negado sob alegação fraudulenta de que é louca e perigosa. Não pode ver o lho há quase seis anos por ter denunciado o pai por abuso s e x u a l i nt r af am i l i ar, ap ó s algumas denúncias de violência doméstica com Exame de Corpo de Delito atestando as agressões físicas, ali descritas e

fotografadas pelo Perito Público. E Regina, queremos nos debruçar sobre sua história. Teve sua sentença por ter protegido seu neto de uma busca e prisão para entregar o garoto para o pai abusador. Foi considerada “facilitadora de sequestro de criança”. Esta conotação nova p ar a e st a s itu a ç ã o, te nt ar

imediatamente, o leitor ou ouvinte à identi cação de uma criminosa contra o próprio lho. No entanto, nunca se teve notícia de nenhum pedido de resgate feito pela “sequestradora”. A vida delas e das crianças que precisam fugir das garras da injustiça, se torna um tormento continuado, perdem até a existência para se

proteger uma criança na esperança, vã, que a Justiça tenha um pouco mais de tempo para ler a realidade dos fatos, a ilusão de que os operadores de justiça vão enxergar as provas e se dar conta das a rmações insustentáveis se vistas com algum bom senso. O desaparecimento do termo rapto foi proposital. O seu substituto, “s e q u e s t r o”, t a m b é m f o i escolhido com precisão, como alienação, alienadora, programação, constelação, quântica, implantação. O termo sequestro de incapaz induz,

defender de um abusador sexual contumaz que passa a s er protegido pela Justiça, sob os auspícios da Lei de Alienação Parental. A Desembargadora Maria Berenice Dias já remarcava antes de 2010, em seu livro “Incesto e Alienação Parental, Realidades que a Justiça insiste em não ver”, que o Judiciário legitima o incesto quando a criança “é ouvida por pessoas não capacitadas para esse tipo de escuta”. E completa: “A Justiça acaba sendo conivente com o infrator, culpabilizando a vítima. E, de maneira

surpreendente, a absolvição por falta de provas é o resultado na imensa maioria dos processos” (pág. 176). Se já acontecia em 2010, a multiplicação dessa conivência veio se multiplicando em progressão geométrica. Regina a avó, é idosa, tem graves problemas de saúde por conta de uma cirurgia para retirada de um cisto em local delicado e de risco, o cisto voltou a crescer. Mas sua sentença já saiu e teve o “benefício” de poder pagar seu “crime” em liberdade com “Serviços Voluntários”. Ou seriam Serviços Forçados? E seu benefício ainda lhe concedeu a benesse de escolher entre um hospital no subúrbio e uma creche na ladeira de uma favela. Regina trabalha para sustentar o neto e a lha que cou com sequelas pelos anos do processo judicial e de todas as graves ameaças feitas pelo abusador. Mas, R eg ina é obr igad a a cumprir as 30 horas semanais do

protege o neto como pode. Quando re etimos sobre o romance de Kaa, O Processo, logo pensamos que ele é fruto de alguém que quer retratar a arbitrariedade que habita os Regimes Políticos Autoritários. O exercício da arbitrariedade fornece o prazer do exercício do P o d e r. M a s , o s r e g i m e s autoritários não são exclusividade dos regimes políticos de nações. Ele acontece, igualmente, nas relações interpessoais, de pequenos e médios grupos, muito próximo de todos nós. U m e x e m p l o d e arbitrariedade, para evitar de usar o termo mais justo, foi evidenciado no caso do neto da Regina. A busca e prisão do menino foi evitada pela Prova de áudio feita em avaliação por Psicóloga “consagrada” como de notório saber pelo Conselho Regional de Psicologia e pelo meio pro ssional. Uma Ata Notarial foi feita da gravação da referida pro ssional de notório saber se fez documento aceito pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima e veri cado pelo Centro de Atendimento ao Adoles cente e à Criança (CAAC), Órgão Público Competente. A degravação, autenticada como Documento de Fé Pública pelo Cartório, mostrava a psicóloga retrucando a fala do menino ao descrever detalhes sórdidos dos abusos, ao que ela a rmava que aquilo eram coisas que os homens faziam entre eles, e que era amiga da juíza que ia bater o martelo e mandar ele morar com o pai.

con ança dela que dizia que a Criança queria car com o pai abusador que ela escolheu para justi car o injusti cável. Todos são capazes de enxergar uma grosseira Falta de Ética, de Honestidade Pro ssional, mas como na cção de Kaa, isso não tem a menor importância. Vivemos ao vivo o romance de Kaa. A arbitrariedade sobre Crianças e Mulheres tornadas invisíveis para que a perversidade reine, mutilando e desresponsabilizando. Não d e ve m o s n e g l i ge n c i ar, n o entanto, a também semelhança entre a personagem do livro e o neto da Regina. A absoluta impotência diante de uma injustiça que se perpetua e se expande, leva a desistência da vida. Faz-se necessário considerar que podemos nos deparar com suicídios volumosos. No México, houve um suicídio de toda uma família como resultado de uma sentença que retirava as crianças da mãe para entregá-las ao pai abusador, com justi cação na Lei de Alienação Parental. As Crianças, a mãe e os avós maternos, um suicídio familiar. Só assim, o único país além do Brasil, Revogou a lei. Hoje, somos o único no mundo a insistir com essa tese acientí ca que mata. Essa lei está a serviço de outra coisa. A Proteção Integral da Criança já está plena no ECA, na C onstituição Federal, na Convenção de Belém do Pará, nas Recomendações da Convenção da Mulher (CEDAW, sigla em inglês), na Declaração dos Direitos da Criança da ONU

“benefício” de sua condenação. BENEFÍCIO? Ela, desde sempre,

Nada disso foi aceito pela Juíza. E foi o laudo da Psicóloga da

e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).


COMPORTAMENTO 11

28 DE OUTUBRO A 04 DE NOVEMBRO/2021

Descubra o poder do 'não' para sua saúde mental e relacionamentos ©SIGMUND/UNSPLASH

O quão difícil para você é estabelecer limites? Desde pequenos somos ensinados pelos nossos pais a jamais dizer 'não', a nal, obedecer implica em dizer 'sim' para tudo. O problema é que existe uma linha muito tênue entre disciplina e subordinação — e assim vamos cristalizando a crença de que dizer 'não' é errado, é feio, é coisa de gente egoísta. O tempo passa, nos tornamos adultos com síndrome de super-herói e acreditamos que precisamos dar conta de tudo. O 'não' é mais do que uma palavra, ele é uma frase completa e é essencial para a saúde mental das pessoas. Aprendemos socialmente a

ter colocado na frente de você mesmo?

não estabelecer limites, somos ensinados que não devemos dizer 'não' e que é indelicado ignorar os desejos do outro. É exatamente esse o mecanismo q u e n o s i mp e d e d e d i z e r exatamente o que queremos e de lutar pela vida que merecemos em prol do outro. Muitas vezes abdicamos de nossas próprias vontades e permanecemos em relações e empregos tóxicos, apenas pela di culdade de impor limites e dizer um simples 'não'. Veja o que acontece quando você não se sente capaz de dizer 'não': 1. Não ter limites claros te faz infeliz Precisamos desmisti car essa questão dos limites, uma vez que é perfeitamente possível ser claro com gentileza. Dizer 'não' não signi ca brigar, gritar ou cortar relações, mas apenas mostrar até onde você pode ir e deixar claro quais são as suas necessidades. Dizer 'não' signi ca dizer o que você precisa, em vez de car

bravo quando os outros não conseguem ler sua mente e não se esgotar tentando fazer o “su ciente” para os outros. 2. Quando você se recusa a estabelecer limites, cria raiva e ressentimento em suas relações Pode até parecer contraditório, mas de nir os limites a partir de

um lugar de amor e respeito por si mesmo, em vez de um lugar de medo e controle em relação a outra pessoa — é mais do que necessário pela saúde de seus relacionamentos. De que adianta dizer 'sim' e depois car se martirizando por isso — e pior ainda, começar a sentir raiva do outro, pelo seu próprio erro de

3 . Vo c ê e n s i n a s e u subconsciente que não é merecedor Muita gente tem a crença de não merecimento, sem se dar conta de como ela surge. Saiba que muitas vezes ela nasce da di culdade em estabelecer limites, uma vez que ao fazer isso você está sempre colocando o outro à sua frente e mostrando ao seu próprio subconsciente que você não é merecedor, que o outro sempre vem em primeiro lugar. Tudo que você precisa entender é que, estabelecer limites não diz respeito a tentar mudar o outro, mas sim em atender às suas necessidades, sem necessariamente fazer com que o outro sacri que suas próprias. Dizer 'não' não é falta de resp eito, mas sim uma maneira de valorizar a pessoa mais importante de sua vida: você mesmo — e você pode fazer isso e ser gentil e prestativo ao mesmo tempo.

Bullying feito por irmãos na adolescência afeta saúde mental anos depois Estudo com 17 mil jovens no Reino Unido indica que agressões nesse período da vida prejudicam todos envolvidos — agressores e vítimas ©ALEX LINCH/ISTOCK

investigar nos jovens tantos aspectos positivos de saúde mental, como autoestima e beme s t ar, qu anto n e g at ivo s , a exemplo de sofrimento psíquico. “Embora o bullying entre irmãos tenha sido anteriormente relacionado a resultados ruins de saúde mental, não se sabia se havia uma relação entre a persistência desse bullying e a gravidade da saúde mental a longo prazo”, observa Umar Toseeb, um dos autores da descoberta, em comunicado. Mas a análise aponta que, não só essa relação existe como o problema do bullying é bem recorrente. Quando os adolescentes tinham 11 anos, 48% deles estiveram envolvidos nas agressões, sendo que 15% eram vítimas, 4% agressores e 29% exerciam ambos os papéis. Já aos 14 anos, 34% estiveram envolvidos com esse comportamento — a maioria Ofensas, palavrões e humilhações entre irmãos são algo muito sério. No começo da adoles cênci a, ess e t ip o de bullying pode gerar danos na saúde mental vários anos depois — independentemente se o indivíduo é vítima ou autor das agressões. Essa relação foi

apontada por um estudo publicado no Journal of Youth and Adolescence (Jornal da Juventude e Adolescência, em tradução livre). A pesquisa reúne dados de mais de 17 mil jovens do Reino Unido, voluntários no estudo Millennium C ohor t Study,

realizado no início dos anos 2000. Os participantes responderam a questionários sobre bullying entre irmãos quando tinham 11 e 14 anos. Mais tarde, aos 17 anos, eles voltaram a preencher questões, desta vez sobre saúde mental e bem-estar. Os pais deles também

responderam sobre o estado mental de seus lhos em três idades diferentes: aos 11, 14 e 17 anos. C om i s s o, o s aut ore s d a pesquisa, vinculados à Un i v e r s i d a d e d e Yo r k e à Universidade de Warwick, ambas no Reino Unido, conseguiram

(21%) tanto sofreu quanto praticou; 5% agrediram e 8% foram violentados pelos irmãos. Ao analisarem os resultados, Toseeb e Dieter Wolke, outro autor do estudo, descobriram que, conforme o bullying piorava no início da adoles cência, agravava-se também a saúde mental dos jovens no nal desse período de vida. E aqueles envolvidos na violência — independentemente do papel que tiveram nela — tinham uma trajetória emocional diferente na hora de externalizar seus problemas. Para combater essa grave qu e s t ã o, o s p e s qu i s a d ore s sugerem intervenções clínicas com objetivo de reduzir as di culdades de saúde mental nos j ov e n s , aj u d a n d o t a m b é m aqueles que estão no nal da a d ol e s c ê nc i a a te re m u ma condição emocional mais positiva.


12 OLHAR DE UMA LENTE

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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Projeto do deputado Majeski que desconta salário dos deputados faltosos é arquivado na Assembleia Legislativa Desde o mandato passado o parlamentar propõe o corte de R$ 844,07 por cada falta na remuneração dos deputados que não comparecem às sessões sem as justificativas previstas na lei

M

Justiça. Apelei aos colegas p a r a v o t a r e m favoravelmente à proposta, até como forma de deixar a Casa mais transparente, para que acabemos com essa história de falta justi cada que não tem justi cativa”, destaca Majeski. Atualmente, de acordo com o Regimento da Ales, os deputados podem faltar até três sessões por mês p ar a ate nd i me nto d e atividades parlamentares e x t e r n a s , pre c i s an d o apenas detalhar o motivo da ausência para que não tenha corte no salário. Não necessariamente as faltas precisam ser por mot ivos pre vistos na legislação, como atestado médico e outros a f a s t a m e n t o s considerados nos contratos de trabalho.

permitir ausência dos deputados nas sessões ordinárias ocasiona falta de quórum para deliberação de questões de suma importância para a

©TATI BELING/ALES

ais uma vez a proposta do deputado estadual Sérgio Majeski (PSB) para descontar parte do salário dos parlamentares que faltarem às sessões ordinárias não foi à frente na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Em sessão realizada na última terça-feira (26), apenas o próprio Majeski e mais cinco deputados votaram para que o Projeto de Resolução nº 0 5 / 2 0 1 8 c o nt i nu a s s e tramitando. Para cada falta o desconto de R$ 844,07, considerando a remuneração atual de R$ 2 5 . 3 2 2 , 2 5 d o s parlamentares estaduais. “A Pro c u r a d or i a d a Assembleia considerou n o s s o p r o j e t o constitucional e não dá

©TATI BELING/ALES

para entender onde há a inconstitucionalidade alegada pela Comissão de

Na justi cativa do projeto, Majeski destaca que a facilidade para

sociedade capixaba, muitas vezes em virtude do comparecimento em

presentes nas sessões, estas que já ocorrem apenas às segundas, terças e quartas-feiras”, ressalta Majeski. Se a proposta de “Obviamente os Majeski fosse deputados realizam aprovada, cariam passíveis de faltas atividades externas relevantes à sociedade e para os respectivos sem desconto na remuneração as mandatos, mas de forma alguma l i c e n ç a s p a r a estas podem se sobrepor ao desempenhar missões autorizadas, cumprimento do dever de para tratamento de estarem presentes nas sessões, saúde e para estas que já ocorrem investidura em cargo público, e nas apenas às segundas, terças ausências fora destes e quartas-feiras”, casos, a ressalta Majeski remuneração seria descontada em um trinta avos para cada realizadas pelo Poder mandatos, mas de forma Executivo e durante os alguma estas podem se falta. e v e n t o s c o m o inaugurações e assinaturas de ordem de serviço de obras

deputados realizam atividades externas relevantes à sociedade e para os respectivos

períodos eleitorais. “Obviamente os

sobrepor ao cumprimento d o d e ve r d e e s t are m

TATI BELING

Fonte: Assessoria de Comunicação


BRASIL 13

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A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Às vésperas da COP-26, ambientalistas ouvidos pela Câmara pedem fim do desmatamento na Amazônia ©CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

©CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Durante comissão geral no Plenário sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) nesta terça-feira (26), Marcelo convidados ouvidos pela Ramos C âm ar a d o s D e put a d o s disseram que a contribuição mais importante do Brasil para o controle das mudanças climáticas é o desmatamento zero, principalmente na Amazônia. A 26ª edição do evento será realizada entre 1º e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia. O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PLAM), disse que não dá mais para usar o argumento de que o Brasil conseguiu preservar mais as suas orestas que outros países. “O fato de que nós desmatarmos menos até aqui deve ser reconhecido e saudado, mas não nos dá autorização de desmatar mais e de emitir mais gases de efeito estufa daqui por diante. Portanto, esse é um discurso equivocado que o Brasil tem carregado mundo afora”, argumentou. Ramos é um dos autores do projeto que regula o mercado de carbono no País (PL 528/21). A ideia é que países poluidores possam comprar créditos de carbono dos países que têm orestas preservadas, por exemplo — cada país tem metas de redução de emissão de gases de efeito estufa rmadas no Acordo de Paris em 2015. Um dos autores do requerimento para a audiência, o deputado Sidney Leite (PSD-AM) disse que será necessário garantir a transparência no uso dos recursos que poderão vir com os créditos de carbono. “Senão nós vamos ver acontecer o que aconteceu num passado não tão distante em relação ao Fundo Amazônia: muitos recursos não chegaram a quem realmente precisava e não foi feito nenhum projeto e nenhum planejamento estruturante, que garantisse alteração da qualidade de vida das pessoas”, apontou. Na audiência no Plenário da Câmara, o governo foi bastante criticado pelo aumento do desmatamento nos últimos anos, exibilização de regras ambientais, insegurança dos povos indígenas e redução dos orçamentos de órgãos scalizadores. Segundo André Lima, do Instituto Democracia e Sustentabilidade, 10 mil km² são desmatados por ano. Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), o País chega à COP sem o protagonismo de antes. “Nós temos desmatamento, temos queimadas, temos ampliação de uso de venenos, temos monoculturas; nós temos uma destruição completa do ICMBio, da Funai, do Ibama, dos institutos governamentais que poderiam estar fazendo as políticas públicas”, a rmou. O representante do Movimento Fridays For Future, Ivan Araújo, que vai participar da conferência, pediu que as autor i d a d e s f a ç am a l go imediatamente. “A história será imperdoável com vocês, porque daqui para frente quem vai escrever a história Ivan Araújo somos nós, a juventude. A nossa luta é por oresta em pé, por água limpa, por ar puro e por comida sem veneno. É o nosso futuro que está em jogo”. A diretora-executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, Mônica Sodré, citou pesquisa da rede que mostrou que apenas 29% dos parlamentares consideram o combate ao desmatamento a principal medida ambiental. De acordo com ela, quase todo o desmatamento em 2020 foi ilegal e apenas 2% foram penalizados. Para o deputado Zé Vítor (PL-MG), é preciso que os brasileiros se unam para enfrentar os problemas climáticos. “Nós não podemos ir à conferência do clima ou utilizar a conferência para atacar o governo. Essa não é a intenção. Temos quer ir unidos. Ali não é um time a favor ou contra o Brasil — na verdade, é contra as mudanças climáticas e a favor do Brasil. Em hipótese nenhuma devemos ir lá para sentar no banco dos réus. Nós somos responsáveis por apenas 3% dos gases de efeito estufa no planeta”, rebateu. A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, disse que o governo brasileiro anunciou metas ambientais piores que as de 2015. “O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma, está divulgando o seu Emissions Gap Report, que é um relatório anual de emissões. E, pela primeira vez, ele inseriu uma análise das contribuições dos 20 maiores países, as 20 maiores economias do G-20. E o Brasil é o único que consta com retrocesso em metas apresentadas junto ao Acordo de Paris”. No início do mês, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou que vai apresentar, na COP-26, a meta de zerar o desmatamento ilegal no país antes de 2030 — compromisso

Projeto remaneja R$ 9,4 bilhões do Bolsa Família para o Auxílio Brasil ©DIVULGAÇÃO/MINISTÉRIO DA CIDADANIA

O Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 26/21, do Poder Executivo, abre crédito especial de R$ 9,364 bilhões para pagar o programa social Auxílio Brasil (Medida Provisória 1061/21), que substitui o Bolsa Família. Os recursos serão justamente remanejados das despesas primárias do programa anterior. O programa Bolsa Família será extinto no início de novembro, não podendo ser utilizado para pagamento às famílias bene ciárias a partir de sua extinção. O Auxílio Brasil tem como objetivo promover a cidadania com garantia de renda, visando à superação das vulnerabilidades sociais das famílias, além de estabelecer medidas de incentivo ao empreendedorismo, ao microcrédito e à autonomia das famílias bene ciárias, por meio da inclusão produtiva rural e urbana, com vistas à empregabilidade e à emancipação cidadã. Os recursos serão distribuídos da seguinte forma: R$ 9,268 bilhões vão para transferência de renda com benefícios e auxílios para 14,695 milhões de famílias. R$ 93,4 milhões se destinam ao apoio de municípios por meio do Índice de Gestão Descentralizada do Programa Auxílio Brasil. R$ 2 milhões serão gastos com gestão e disseminação de informações para o público do programa. O PLN 26/21 deve ser analisado pela Comissão Mista de Orçamento, antes de seguir para votação do Plenário do Congresso.

Pesquisa aponta que 30% dos alunos da rede pública não receberam merenda escolar durante a pandemia ©ASCOM TJ-TO

E m au d i ê n c i a p ú b l i c a d a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, a representante no Brasil da Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca), Mariana Santarelli, a rmou que a distribuição de cestas básicas para alunos da rede pública de ensino não foi feita de forma regular. Monitoramento feito pela entidade revelou que mais de 30 % dos alunos não receberam nenhum tipo de ajuda para se alimentarem e 21% a rmaram que só receberam a cesta uma vez em 15 meses de pandemia. Desde o ano passado, a Lei 13987/20 permite que alimentos que seriam servidos nas escolas públicas de todo País fossem distribuídos para os alunos consumirem em suas casas, já que as escolas estavam fechadas por causa da pandemia de covid-19. Autor do projeto que originou a lei, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) ressaltou que o objetivo da medida foi permitir, que mesmo na pandemia, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) continuasse a existir. "Apenas com essa pequena mudança que permitiu a entrega da refeição para essas crianças que muitas vezes é a única do dia”, disse. A representante do Pnae Maria Sineide dos Santos assegurou que o governo acompanha a distribuição da merenda escolar por meio de parcerias com o Ministério Público Federal, organizações da sociedade civil, e universidades federais. "Por ano, a gente atinge mais de 400 municípios para fazer esse acompanhamento contínuo e não apenas num momento de scalização”, a rmou. O Programa Nacional de Alimentação Escolar atende a cerca de 41 milhões de estudantes em todo o País e repassa para estados e municípios recursos nanceiros da ordem de R$ 4 bilhões por ano. A representante da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) Selma Maquiné destacou o esforço dos municípios na entrega dos kits de alimentos para os alunos, apesar da di culdade na logística de entrega e do valor reduzido pago pelo Pnae que varia de R$ 0,35 a R$ 1,07, por aluno, ao dia. Em junho de 2020, a CNM realizou levantamento próprio com cerca de 1.200 municípios e constatou que 85% distribuíram alimentos às famílias dos estudantes durante a suspensão das aulas. "Inclusive com recursos além do Pnae e não vinculados à educação”, ressaltou. No Amapá, a representante do Conselho Estadual de Alimentação Ilma Santos a rmou que a maior di culdade foi na entrega desses alimentos nas áreas indígenas, o que foi parcialmente solucionado com a ajuda da Funai. Já no Rio de Janeiro, a representante do Conselho Estadual de Alimentação Sandra Pedroso destacou como maior di culdade a falta de diálogo com os gestores responsáveis pela organização da entrega dos kits de alimentos e a falta de compromisso de compra desses produtos dos agricultores familiares. Mariana Santarelli pediu aos parlamentares que revejam a lei que regulamenta o Pnae para garantir um reajuste nos recursos pagos para cada aluno capaz de cobrir, pelo menos, a in ação. assumido pelo presidente Jair Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril. Porém, ainda não há informação de como o objetivo será alcançado.

Debatedores defendem financiamento de ações indígenas para preservação das florestas

©GUSTAVO SALES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

A deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) defendeu, em audiência na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara na última sexta-feira (22), que os governos incluam o nanciamento às ações indígenas de preservação orestal em seus planos orçamentários. E citou o apoio aos Planos de Gestão Territorial e Ambiental em terras indígenas, criados em 2012. A ideia é discutir o nanciamento na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, que vai se realizar na Escócia no início de novembro. Na Amazônia brasileira, segundo Joenia Wapichana, cientistas destacam que as comunidades indígenas protegem e manejam 27% das orestas, que armazenam 13 bilhões de toneladas dos estoques de carbono da região. Essa quantidade não considera o carbono armazenado no solo, que possui, em média, um estoque entre 40 e 60 toneladas por hectare. Esta retenção do carbono pelas orestas ajuda a conter o acúmulo de gás carbônico na atmosfera, o que reduz o efeito estufa. Na audiência, vários representantes indígenas pediram atenção ao saber tradicional dos 305 povos indígenas brasileiros em 690 terras indígenas, cerca de 13% do território nacional. ©GUSTAVO SALES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Maurício Rocha, da Associação Hutukura Yanomami, contou que as mudanças climáticas já fazem parte da rotina dos povos indígenas: “Mudou o canto das rãs e das cigarras. Mudou o escorpião no céu. Mudou o caranguejo no céu. Lembro que meu avô falava: 'olha no céu, tem um escorpião lá'. Esse era o sinal que a gente tinha para identi car o tempo que vai ter em um mês. Via a lua e as outras coisas. E hoje a gente não consegue ver essas constelações e nem ouvir o canto dos pássaros e dos animais”. A deputada Joenia Wapichana ressaltou que os povos tradicionais sentem rapidamente como o clima afeta a sua subsistência: “Antigamente, a gente falava que as chuvas começavam em maio, e tínhamos uns seis meses de chuva. Hoje, a gente não sabe quando a chuva começa nem quando termina”. Os representantes indígenas disseram que os povos tradicionais preservam a oresta usando seus recursos. Técnicas indígenas de manejo zeram com que fosse possível o uso de plantas como a castanheira, a pupunha, o cacau, o babaçu, a mandioca e a araucária. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira divulgou na audiência a Carta de Tarumã, de 15 de outubro, que trata da crise climática.


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Experiência de vida molda Lobo-guará é registrado a interação de cães com na região Amazônia e humanos preocupa especialistas ©SIMON HESTHAVEN/UNSPLASH

A cena é trivial. O cachorrinho deseja comer o pão que está em cima da mesa. E o que ele faz? Olha para o alimento, para o seu tutor e mira mais uma vez o pão. At é q u e , p o r m e i o d e s s a “conversa” com o humano, ele obtém o que deseja. Esse tipo de comunicação entre cachorros e seres humanos a partir da troca de olhares é muito comum. E um estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) mostrou que diferentes experiências de vida podem alterar a maneira como os animais direcionam o olhar — e se comunicam — com os humanos. A pesquisa, publicada na revista Behavioural Processes, mostrou que animais de estimação trocaram muito mais olhares para conseguir objetos inalcançáveis. Na comparação entre 60 cachorros de raças e idades variadas, 95,7% dos que viviam dentro de casa usaram alternância de olhar pelo menos uma vez, enquanto os cães que vivem fora de casa se c o mu n i c a r a m c o m m e n o r intensidade (80%). Já cachorros de abrigo, que têm pouco contato com humanos, interagiram ainda menos (58,8%). O estudo teve apoio da Fapesp por meio de um projeto sobre a abordagem etológica da c omu n i c a ç ã o s o c i a l e nt re diversas espécies — entre elas a humana. “Os resultados indicam uma forte in uência da experiência de vida sobre o desenvolvimento e o uso de comportamentos de comunicação em cães. O grupo que passa mais tempo próximo das pessoas se mostrou mais disposto a se comunicar como uma estratégia para obter um objetivo desejado”, a rma Juliana Wallner Werneck Mendes, que realizou o experimento no Laboratório do Cão do Departamento de Psicologia da USP durante seu mestrado.

Trata-se do primeiro estudo a avaliar a diferença entre cães que convivem diariamente com humanos dentro de casa e animais que habitam apenas as áreas externas das residências — tendo uma interação menos intensa com os tutores. “Outro aspecto importante observado é que todos os grupos se comunicam. Há alguns anos, chegou-se a acreditar que cães de abrigo não conseguiriam se comunicar com seres humanos. Na verdade, eles conseguem, mas em menor grau. Isso mostra que as várias experiências de uma vida inteira vão resultar em comportamentos diferentes”, diz Mendes. A pesquisadora ressalta que a baixa interação dos cães de abrigo não deve ser traduzida como uma incapacidade desses animais. “Muito pelo contrário. Mesmo com pouca exposição a seres humanos eles são capazes de se comunicar. Outros estudos j á demonst raram que eles aprendem a usar a troca de

olhares muito rapidamente na hora em que ocorre a interação com humanos”, diz. Isso ocorre porque o animal tem a capacidade de aprender. “O cachorro de abrigo está muito b e m a d ap t a d o p a r a a s u a situação, pois ao longo de seu desenvolvimento não precisou dessas habilidades”, a rma Briseida de Resende, professora da USP e coorientadora da dissertação de Mendes com a p r o f e s s o r a C a r i n e S av a l l i Redigolo. Resende explica que com os resultados do estudo é possível afastar uma antiga dicotomia da área da etologia — a ciência que estuda o comportamento dos animais — relacionada a comportamento herdado e aprendido. “Os cães têm o aspecto herdado [evolutivo] e o aspecto de domesticação nesse sentido de ancestralidade. Porém, isso nunca pode ser descontextualizado do ambiente em que se desenvolveram. Na verdade, há in uência de todos o s c o n t e x t o s d e desenvolvimento: do micro [história de vida] ao macro [história evolutiva da espécie]. Há um debate histórico sobre comportamento inato e aprendido dentro dos estudos com cães desde a origem, mas atualmente estamos caminhando para um entendimento de que ess a separação não faz nenhum sentido”, a rma Resende.

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Um estudo listou 22 registros da espécie nos últimos 25 anos. A hipótese dos pesquisadores é a sua perda de habitat, desmatamento e o processo de savanização da Amazônia ©DIVULGAÇÃO

Conservação da Biodiversidade indivíduo da espécie pode O lobo-guará (Chrysocyon (ICMBio). O Cerrado, sua ocupar uma área de até 115 km². brachyurus) é o maior animal principal morada, perdeu 28,5 Em contexto histórico, o carnívoro da América do Sul, milhões de hectares de bioma amazônico seria o limite geralmente visto em áreas da vegetação nativa entre 1985 e para a ocorrência do lobo-guará, região do Cerrado, Chaco e 2 0 1 9 , s e n d o o bi om a qu e entretanto, a ocupação humana Pampa. Sua distribuição proporcionalmente mais viu a em regiões do Cerrado tem geográ ca é limitada ao norte sua área desaparecer, segundo causado sérias modi cações na pelas orestas do bioma levantamento do MapBiomas. paisagem natural nos últimos 50 Amazônico, e a nordeste pelos Em termos de hectares, a anos. A vegetação de oresta biomas da Caatinga e Mata Amazônia foi o bioma mais úmida nativa foi alterada para Atlântica, além de habitar nos afetado e o Brasil, como um pasto e monocultura de grãos, campos no sul do País. todo, perdeu no mesmo período tornando-se terreno propício No entanto, um estudo recente o equivalente a 10% do território para a propagação de espécies realizado pela Universidade do nacional em áreas de vegetação típicas da savana, como a Estado do Mato Grosso nativa. A perda de habitat l ob e i r a , ou f r uto - d o - l ob o (Unemat) e do Instituto de natural é a ameaça mais (Solanum lycocarpum), uma Pesquisas da Amazônia (Inpa) signi cativa para o maior espécie de tomate selvagem. apontou registros inéditos da canídeo da América do Sul. Curiosamente, esse fruto é um espécie na Amazônia. A Estima-se uma população de 24 dos principais alimentos da dieta pesquisa registrou 22 mil indivíduos no Brasil, com do lobo-guará. ocorrências de guará na A transmissão canal da Sedu nouYouTube, a p e n a s 4(07), % vàsi v14 e nhoras do em C o mDigital as m d a n ç a snesta d o quarta-feira Amazônia, em 25 será anos.noDestas ambientes conservados. ambiente amazônico vindas do 25 aparições, 10 delas são novos A transformação das áreas desmatamento e monoculturas registros, com isso expandindo a naturais de ocorrência do lobode grãos, estão proporcionando distribuição da espécie em 51 guará em áreas urbanas ou um ambiente acessível ao mil km². Os novos registros agropecuárias potencializa animal, que vai em busca da foram obtidos a par tir de ameaças à espécie. A diminuição fruta-do-lobo. pegadas, observação direta e da qualidade dos ambientes, Bom, o lobo-guará não é uma animais atropelados em com menos presas e menos espécie que "se dê muito bem" na rodovias. Os atropelamentos frutos disponíveis, acaba oresta amazônica, por seu foram registrados durante trazendo ao encontro de habitat natural ser lugares como deslocamento em rodovias hu m an o s , au m e nt an d o o s campos e regiões de savana, dentro dos limites do estado de atropelamentos em rodovias, como o caso dos biomas Rondônia, principalmente no a lém de adquir ir do enç as Cerrado e Pampa. A perda da trecho de aproximadamente 200 resultantes da proximidade com região amazônica, e o processo km da BR-364, que liga os animais domésticos e con itos de savanização, está trazendo municípios de Vilhena e Cacoal. com humanos, que podem ser preocupações para os "Nossos dados levantam a vistos como ameaça p elas pesquisadores. O Cerrado está hipótese de que o lobo-guará pessoas. Além disso, os lobos"invadindo" o bioma Amazônia, vem passando por um processo guará são considerados de acordo com estudos, o de expansão da distribuição, predadores de galinhas e outras processo da savanização da haja vista que registros da aves de criação. região pode ser irreversível. O espécie nessas novas áreas têm A fragmentação da vegetação avanço do desmatamento no sido muito recentes", a rma nativa impede o acesso a áreas bioma amazônico brasileiro Almério Câmara Gusmão, da adjacentes, atrapalhando a devido à pecuária e a expansão Unemat, um dos autores do conectividade e fazendo com da agricultura, indicam uma estudo. que certas populações quem perda de 40 % de cobertura O animal pode chegar a 90 isoladas. Sujeitas à reprodução orestal nos próximos 30 anos. centímetros de altura e com peso consanguínea, essas populações Além disso, o lobo-guará é entre 20 a 33kg. Apesar de ser correm o risco de perder a considerado quase ameaçado considerado uma espécie diversidade genética e até de pela União Internacional para a onívora, o lobo-guará é um sumir. C ons e r v a ç ã o d a Natu re z a importante dispersor de (IUCN) e "vulnerável" pelo semente e alta capacidade de Instituto Chico Mendes de d e s l o c a m e n t o. Um ú n i c o


COTIDIANO 15

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Pás de turbinas eólicas Pesquisadores da viram bicicletários na USP planejam 1° Europa transplante de rim de porco para humano no Brasil O projeto Re-Wind explora o potencial de reutilização das pás de turbinas eólicas em estruturas arquitetônicas e de engenharia ©CHRIS YELLAND/TWITTER

Enquanto alguns países estão apenas começando a aproveitar seu potencial eólico, outros já estão substituindo turbinas antigas por modelos mais novos e e cientes. Com isso, surgiu a questão: o que fazer com as pás das turbinas, um imenso material de difícil reciclagem? A tecnologia de energia eólica cresceu rapidamente nos últimos 15 anos. Dada a vida útil de 20 anos — das atuais pás de turbinas eólicas — elas precisarão ser des car t adas em um f uturo p róx i m o. Pe n s a n d o n i s s o, empresas do setor criaram o programa Re-Wind, que apoia

pesquisadores de várias partes do mundo a buscarem alternativas para reuso dos materiais das

©SHUTTERSTOCK

turbinas. O projeto explora o potencial de reutilização das lâminas das pás em estruturas arquitetônicas e de engenharia. Uma das s oluçõ es foi desenvolvida na Dinamarca pelo

engenheiro civil Brian Rasmussen, que transformou o material em um abrigo para

bicicletas. O Re-Wind também tem utilizado a Irlanda como campo de testes e já instalou por lá um bicicletário a exemplo da Dinamarca. A equipe também projetou outras estruturas de reúso, como passarelas de pedestres, pontes e barreiras sonoras, reutilizando o material. “Se encontrarmos um método de reutilização e reciclagem socialmente aceitável para os materiais não biodegradáveis das pás das turbinas eólicas, poderemos dar uma contribuição signi cativa para o seu desenvolvimento. Sabemos que a energia eólica fornece uma fonte sustentável de eletricidade, o que este projeto visa fazer é tornar as próprias turbinas mais sustentáveis”, a rma Paul Leahy, professor de engenharia de energia eólica na University College Cork, que participa do Re-Wind.

Após o sucesso do transplante de rim de um porco para um ser humano nos Estados Unidos, a Universidade de São Paulo (USP) estuda alinhar o feito à uma pesquisa comandada por Silvano R aia, pioneiro do t r a n s p l a nt e d e f í g a d o n a América Latina. De acordo com informações do jornal Estadão, caso o estudo c on s i g a o s i nv e s t i m e nt o s necessários para construir um criadouro biosseguro (pig facility), o cirurgião pretende iniciar os testes em humanos nos próximos dois anos. “Por mais que os dados de laboratório indicassem que estávamos no caminho certo, existiam os céticos”, disse o cirurgião. “É importante no sentido de mostrar: 'Olha, já está sendo feito nos EUA'”, acrescentou a g e n e t i c i s t a May a n a Z at z , também envolvida na pesquisa, argumentando que o sucesso da equipe nos EUA facilita a aprovação do experimento por comitês de ética brasileiros. Assim como no experimento americano, a pesquisa brasileira

segue uma linha que consiste na modi cação dos genes dos porcos para que o órgão possa ser aceito pelo organismo humano — e não seja rejeitado. Raia adianta que os primeiros lhotes serão gerados em um biotério comum da USP e, a partir daí, os testes pré-clínicos serão tocados em perfusão isolada — sistema que permite manter a preservação de órgãos desde a coleta do doador até o transplante. Neste método, geralmente é aplicado o chamado líquido de preservação (perfusato), no entanto, sangue humano será usado. “S e a p erfusão do rim geneticamente modi cado com sangue humano, durante 12 horas, não demonstrar rejeição tanto nas biópsias do órgão quanto do perfusato, cará demonstrado que nosso produto é adequado para ser transplantado em pacientes”, e x p l i c o u o m é d i c o. Z a t z acrescenta que, no futuro, a pretensão também é tornar possível transplantar o coração, a pele e a córnea do porco ao ser

humano. Apesar de o assunto estar em alta agora — após o experimento nos EUA — o estudo brasileiro existe há quatro anos e está sendo realizado no Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células Tronco da USP — laboratório de xenotransplante que também pesquisa transplantes entre espécies diferentes. A iniciativa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fap esp) e da farmacêutica EMS. Por que os porcos? Na última década, a comunidade cienti ca tem focado no que se chama “órgãos adicionais”, que não advêm de cadáveres ou volunt ár ios, devido a tendência de envelhecimento da população e as preocupações relacionadas a transplantes e las de espera. Ainda de acordo com Raia, os suínos foram escolhidos por três m o t i v o s : “e l e s t ê m u m a siologia digestiva e circulatória muito parecida com a nossa, têm um tempo de gestação mais curto e são prolíferos”. O transplante em um porco comum — sem genes modi cados — no entanto, resulta em rejeição imediata, que ocorre minutos após o enxerto, causando trombose e necrose.

Peso da mãe na gestação influencia no Prensas de vinho desenvolvimento milenares são cerebral dos bebês ©GETTY IMAGES/ISTOCK

As experiências pré-natais podem in uenciar o desenvolvimento do cérebro fetal. Estudo publicado no JAMA Network Open procurou examinar as associações do índice de massa corporal (IMC)

p r é - n at a l m at e r n o c o m a cognição e o comportamento de lhos nascidos a termo. Neste estudo de coorte de 11.276 crianças bielorrussas, o í n d i c e d e m a s s a c or p or a l materno mais alto após 35

semanas de gestação foi associado a um quociente de inteligência infantil ligeiramente mais baixo aos 6,5 anos e escores cognitivos mais baixos em vários domínios aos 16 anos. As associações não foram mediadas pelo peso da criança e foram robustas ao ajuste para c a r a c t e r í s t i c a s sociodemográ cas, complicações na gravidez e peso paterno. Essas descobertas sugerem que o índice de massa corporal materno mais alto durante a g r av i d e z p o d e i n u e nc i ar a d v e r s a m e n t e o desenvolvimento do cérebro da prole.

encontradas no Iraque

Uma equipe de arqueólogos italianos e curdos anunciou, no último domingo (24), a descoberta de prensas de vinho datadas de 2.700 anos, em uma região próxima ao sítio arqueológico Khini, no Iraque. Além disso, foram encont rados baixos-relevos, também da época dos reis assírios. De acordo com os pro ssionais, a região abrigava uma antiga "o cina de vinho de tamanho industrial" e que teria sido construída no século 7 a.C.

Conforme a agência de notícias, no sítio arqueológico de Faida, ao norte, os especialistas ainda encontraram um canal de irrigação com nove quilômetros de extensão. Na s p a r e d e s d o l o c a l estavam "doze baixosrelevos monumentais" com cinco metros de largura e dois de altura e os quais datariam do nal do século VIII a. C. Segundo a equipe, ©DIVULGAÇÃO/FACEBOOK/LITHOS SLR as obras, que representam o rei assírio orando diante Morandi Bonacossi, codiretor dos deuses, foram feitas a da equipe, à AFP. De acordo pedido de Sargão II ou de seu com ele, se trata da primeira lho Senaqueribe. descoberta do tipo no Iraque. "Encontramos 14 prensas de vinho usadas para espremer uvas e extrair seu líquido e depois transformá-lo em v i n h o " , d e c l arou D an i e l e


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Com jogos e violência, Round 6 atrai atenção de crianças e jovens. Como a escola lida com isso? Especialistas alertam que esse conteúdo pode promover a banalização da violência, além de aumentar a ansiedade e irritabilidade entre os estudantes

Risco da identificação Para Gust avo E st anislau, especialista em psiquiatria da infância e da adolescência e coordenador do projeto Cuca L ega l, iniciat iva ligada ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a diferença entre a série Round 6 e lmes como Jogos Vorazes e Divergente, que também retratam mortes violentas, é o potencial de identi cação. “Na série sul-coreana, vemos

p ers onagens com os quais conseguimos nos identi car. Essa proximidade com a nossa realidade faz com que o impacto possa ser maior do que lmes c o m o J o g o s Vo r a z e s e Divergente, que se passam em cenários mais distópicos, assim como os contos infantis, que também acontecem em realidades muito diferentes. Isso permite um julgamento um

“No início da série, as pessoas tendem a car mais chocadas com os tiros, e, com o passar dos episódios, vamos nos adaptando e isso vai causando um impacto menor, se transformando em um evento mais banal. Pessoas adultas conseguem entender a c r ít i c a d o p e r s on a g e m n a situação de poder se divertindo com pessoas em uma posição enfraquecida e fragilizada. Mas

consumam conteúdos da cultura asiática. O que significa a classificação indicativa Apesar dos grandes impactos que a série sul-coreana tem causado, Gustavo reforça que não é novidade o fato de que crianças e jovens estão consumindo conteúdos inadequados para sua idade. Ele exempli ca que a

©NETFLIX/REPRODUÇÃO

Com milhões de espectadores desde sua estreia, em setembro, na Net ix, a série sul-coreana Round 6 também despertou a curiosidade de crianças e jovens. Contrariando a classi cação indicativa de 16 anos, muitos estudantes começaram a acompanhar a série e levaram essa discussão para a escola, o que colocou em alerta educadores, famílias e até mesmo o próprio diretor da série, Hwang Dong-hyuk. De acordo com informações do jornal Le Parisien reproduzidas pelo UOL, cinco crianças foram recentemente atendidas em um hospital na França, após serem esmagadas por colegas mais velhos que tentaram reproduzir uma das brincadeiras retratadas na série, que está em primeiro lugar entre os conteúdos mais vistos na plataforma de streaming. Espantado com um público tão jovem, o próprio criador da série reforça que não se trata de um conteúdo indicado para crianças. “Espero que os pais e os professores ao redor do mundo sejam prudentes para que elas não sejam expostas a esse tipo de conteúdo. Mas, se já viram, espero que os adultos as ajudem a entender o signi cado do que está por trás da tela. Torço para que haja boas conversas”, a rmou Hwang Dong-hyuk, diretor da série. Antes de falar sobre possíveis efeitos negativos desse tipo de conteúdo para crianças, adolescentes e, em alguns casos, até mesmo adultos que se aventuram pelos nove episódios da produção, um breve resumo para quem ainda não acompanhou: ela retrata uma competição entre 456 pessoas endividadas que decidem entrar em jogo de sobrevivência por um prêmio bilionário. É apenas no local dos 'jogos' que os participantes descobrem que não evoluir de fase signi ca morrer. Muitos dos níveis são representados por brincadeiras infantis, como bolinha de gude e cabo de guerra. Na primeira etapa, uma boneca gigante, de costas, canta 'Batatinha frita 1, 2, 3', e os competidores devem correr e car 'estátua' quando a boneca virar de frente. Quem se mexer, morre.

Alexia Debacker Espinoso

pouco mais afastado e parcial do que está sendo assistido”. A capacidade de filtrar informações Apesar de Round 6 ser uma alegoria que propõe re exões e c r ít i c as s obre a s o c i e d a d e moderna, muitas dessas nuances

podem não ser devidamente assimiladas por crianças e adolescentes, o que torna o consumo desse conteúdo ainda mais preocupante para o público dessa faixa etária que, ao longo dos episódios, é exposto a cenas de violência, suicídio, sexo e trá co de órgãos. Um dos grandes problemas dessa exposição está no fato de que, quanto menos idade, menor a capacidade desenvolvida para ltrar as informações. Um adolescente, por exemplo, tem mais repertório e, portanto, mais capacidade de discernir o que é realidade e o que é cção, o que nem sempre acontece com os menores. Dessa forma, um dos riscos é a banalização da violência, que, na própria série, é encarada como entretenimento e diversão para a gura do 'líder'.

uma criança menor tende a ler essa situação sem tanto senso crítico, identi cando como algo divertido e que pode ser repetido no dia a dia”, a rma Gustavo. Nesse sentido, os estímulos retratados no seriado têm o potencial de provocar alguns e fe it o s pr i n c ip a l m e nt e n o sistema de alerta das pessoas. “São diversas as cenas chocantes e impactantes, o que causa um aumento no estado de alerta da pessoa — seja criança, adolescente ou adulto. Isso pode exacerbar estados de ansiedade e de irritabilidade, trazer à t o n a m e d o s e preocupações excessivas e atrapalhar o sono e a concentração”. Atrativos: brincadeiras e a cultura coreana Alguns fatores contribuem para explicar porque uma série que trata de assassinatos, suicídio e trá co de órgãos está fazendo sucesso entre o público mais jovem. Uma delas é a simbologia de brincadeiras infantis, já que cada fase da competição representa jogos e brincadeiras, com bonecos e cenários coloridos. No início da série, depois de ouvir a explicação, um dos personagens chega a questionar 'aquele jogo da nossa infância?'. Esse contexto contribui para aproximar a série do universo das crianças. Outra questão que deve ser observada é o potencial de atração que a cultura coreana exerce atualmente. A música pop e desenhos animados fazem com que cada vez mais pessoas

g r a n d e m a i or i a d o s j o g o s eletrônicos mais populares atualmente são inadequados para boa parte da população que está j o g a n d o . Tu d o i s s o e s t á diretamente ligado ao tema da classi cação indicativa. Para muita gente trata-se apenas de um número que aparece na descrição dos conteúdos, o que é considerado uma concepção equivocada. Beth Carmona, diretora de conteúdo da comKids, explica que ainda falta uma conscientização do porquê existe classi cação indicativa e de que esse instrumento deve ser levado a sério. “Talvez, o tema da classi cação indicativa deva ser mais debatido na sociedade, nas famílias, na própria mídia e nas escolas. Além disso, a própria classi cação nem sempre informa se o conteúdo tem cenas de violência, brutalidade ou sexo explícito. Muitas vezes são utilizados a p e n a s s í m b o l o s v i s u a i s”, comenta Beth, apontando a importância de uma re exão e até mesmo de um possível aprimoramento da ferramenta.

O que famílias podem fazer Para Beth, se por um lado as p l at a f o r m a s d e s t r e a m i n g ampliaram as opções e deram maior liberdade de escolha aos espectadores, por outro se depararam com o consumo de conteúdos inadequados por certas faixas etárias. “Há formas de bloquear esse consumo, como o controle dos pais, mas nem sempre existe a conscientização deles para isso. Por isso que a literacia midiática, ou a educação para o mundo audiovisual e interativo, está se tornando um elemento importante dentro das escolas e das famílias. O mundo de hoje pede isso de maneira urgente”, explica a diretora. Ness e s ent ido, Gust avo comenta que os adultos precisam discutir a questão de forma mais séria e ampla. A ideia é não ter apenas a série Round 6 como pano de fundo, com o objetivo de tornar essa conversa sobre os conteúdos mais geral. Não adotar uma postura julgadora diante de pais e responsáveis que têm um per l mais liberal, mas sim oferecer às pessoas informações embasadas em evidências a respeito dos possíveis impactos que esse tipo de conteúdo pode ocasionar a curto e médio prazo. É preciso ter uma compreensão mais aprofundada sobre a série, sobre as potenciais cons e quências de cr ianças assistirem e, principalmente, o que está motivando o consumo desse conteúdo. Isso pode ajudar as famílias na hora de decidirem qual é o melhor caminho a seguir, e nem sempre é uma simples proibição ou restrição possibilitada pelas plataformas. Quando crianças decidem assistir à série por curiosidade, Gustavo defende que apostaria no diálogo franco e cuidadoso entre pais e lhos, para que, se for o caso, a criança entenda que ainda não está pronta para consumir aquele conteúdo. “Se esse diálogo não for bemsucedido e a criança discordar veementemente, a chance de valorizar ainda mais a série e buscá-la de formas que os pais não possam descobrir acaba au m e nt a n d o, g e r a n d o u m impacto muito ruim. Então o diálogo é o caminho. No caso de famílias que consideram que a

s ér ie é ade qu ad a p ara um a d ol e s c e nte, p or e xe mpl o, podem assistir junto e conversar sobre, para que possam detectar algum tipo de problema que surja a partir disso”. “Considerando que a série Round 6 já ultrapassou os desenhos infantis mais famosos da atualidade, vejo o quanto a cultura do FOMO [do inglês, “fear of missing out”, ou seja, um medo ou receio de car de fora de algo que todos estão comentando ou c onsu m i nd o ] c a mais presente, pois as pessoas têm a necessidade de pertencer a um grupo e isto leva ao medo de perder uma informação, série ou ser excluído do que está a c o n t e c e n d o”, e x p l i c a a consultora e pedagoga Lígia Monteiro, CEO d a Tr init à Educativa, esp ecialista em tecnologias educacionais e mestre em comunicação educacional e mídias digitais. Debate na escola Enquanto também professora, esp ecialist a em tecnologia educacional e mídias na educação, Lígia teve contato com a lgumas es colas que est ão buscando amenizar os efeitos ocasionados pela série e criar ações pedagógicas. Dessa forma, ela reforça que há possibilidades de estratégias a serem desenvolvidas em diferentes frentes: entre a equipe pedagógica, entre a escola e as famílias, e diretamente com os alunos. Em primeiro lugar, Lígia pontua a importância da conscientização de todos os envolvidos no contexto escolar, com um bate papo que encaminhe para re exões sobre as entrelinhas da série e os perigos que o consumo desse conteúdo pode trazer para crianças e adolescentes. Para as famílias, uma opção é a realização de um comunicado ou e-book interativo, abrindo espaço para que pais, mães e responsáveis possam colocar suas opiniões e, ao mesmo tempo, re etir sobre o assunto. “Ouvir os pais e responsáveis é um caminho para novas estratégias traçadas pelos dois lados, sendo possível o trabalho mútuo e com resultados. Uma parceria bem construída pode ter resultados incríveis para todos envolvidos”.


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