Jornal Fatos & Notícias 450

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Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia ANO XI - Nº 450 25 A 30 DE NOVEMBRO/2021 SERRA/ES

Distribuição Gratuita

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Se você está procurando

Abelhas levam gerações para se recuperar de efeitos Novo mineral é descoberto dos inseticidas dentro de por um prato saudável, o tabule tropical é uma boa opção Pág. 8

JORGE PACHECO

8 Despedida: nos deixou

essa semana o colunista Jorge Pacheco Pág. 5

ANA MARIA IENCARELLI

8 É falado que não se deve

falar lá fora sobre o que se passou na constelação. Será? Pág. 10

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Aumenta punição para

crimes contra crianças e adolescentes Pág. 12

©EMMA/UNSPLASH

diamante africano

Pág. 15

Dieta e exercícios aliviam depressão e ansiedade em Exposição das abelhas a pesticidas pode ter efeitos piores do que adolescentes se imaginava, alertam cientistas 'A Bela e a Cientistas criam Fera In anti-inflamatório Concert', e protetor solar em Vitória usando restos Pág. 8

Pág. 2

Hominídeo ancestral andava como ser humano e escalava como macaco Brasil conquista

Pág. 3

©ELISABETH DAYNES/PHOTOGRAPH: S. ENTRES-SANGLE/WITS UNIVERSITY &AMP/NYU

de pequi

©FRUTOS ATRATIVOS CERRADO/FLICKR

As novidades atendem a uma grande demanda do mercado por medicamentos e cosméticos mais naturais Pág. 16

medalha de ouro em Olimpíada Internacional de Astronomia Acesse o nosso portal: www.jornalfatosenoticias.com.br

Vértebras de uma fêmea da espécie "Australopithecus sediba" descobertas na África do Sul revelam anatomia indicativa de hábitos mistos de primatas

Pág. 7

Pág. 4


2 MEIO AMBIENTE

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Abelhas levam gerações para se recuperar de efeitos nocivos dos inseticidas Exposição das abelhas a pesticidas pode ter efeitos piores do que se imaginava, alertam cientistas ©DENNIS KLICKER/UNSPLASH

Uma pesquisa publicada no Proceeding of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) obs er vou os imp ac tos dos pesticidas nas abelhas. Foi comprovado que um único contato com certos tipos de inseticidas tem a capacidade de reduzir a população de abelhas signi cativamente. Pouco se sabe sobre o impacto dos pesticidas em insetos. A maioria dos estudos focam nas consequências desses químicos no meio ambiente. Coube ao PNAS analisar o que aconteceria com as abelhas. Abelhas nativas da América do Norte foram analisadas por dois anos para a realização da pesquisa. A Osmia lignaria, conhecida nos Estados Unidos como “abelha de pomar azul”, é solitária e um importante

agente polinizador. O inseticida usado na pesquisa

chama-se o imidaclopride, que é t óx i c o p ar a a s ab e l h a s . O

— c aus and o u m e fe ito no comportamento e na sionomia das abelhas. Foram estudados diversos tipos de exposição — no primeiro ano de vida das abelhas, primeiro e segundo anos ou apenas no segundo ano. Foi concluído que aquelas expostas enquanto ainda eram larvas geram 20% menos Camaleão larvas. JáFurcifer aquelas expostas em seu labordi primeiro ano de vida geram 30% menos larvas. Abelhas expostas ao inseticida aos dois anos tiveram 44% menos larvas do que aquelas sem nenhum tipo de contato com o pesticida. O uso do imidaclopride é proibido na União Europeia por conta de seus impactos negativos em insetos polinizadores, porém, s ua confecção não é. Sua imidaclopride afeta diretamente o sistema nervoso desses insetos comercialização é permitida nos Estados Unidos e também no

Brasil. Mesmo se o uso desse pesticida fosse proibido hoje, seus efeitos ainda continuariam. As larvas que foram expostas, quando atingirem a fase adulta, já estarão irreversivelmente afetadas. O impacto do imidaclopride é cumulativo, e pode reduzir a população de abelhas por conta de seus resultados na reprodução do animal. Seu uso contínuo é uma ameaça para os insetos e para a polinização em geral, o que pode vir a ser um problema imensurável para o meio ambiente e inviabilizar a vida humana na Terra, já que as abelhas polinizam pelo menos 70% dos alimentos. Algumas espécies de abelhas já estão e nt r an d o e m e x t i n ç ã o e a proteção desses insetos é urgente.

Quase 50% das espécies Trilhas e aventuras de tartaruga no mundo G estão ameaçadas, Por Haroldo Cordeiro Filho

©HAROLDO FILHO/F&N/TRILHEIROS

Das mais de 350 espécies detalhadas no estudo, 171 sofrem risco de extinção; principais motivos são perda do habitat e captura para consumo e comércio ©EDMUND GARMAN/WIKIMEDIA COMMONS

Lançada no último dia 15 de novembro, a nona edição do atlas Turtles of the World (Tartarugas do Mundo, em tradução livre) traz números preocupantes qu anto à cons er vaç ão d as tar tar ugas: quase 50% das espécies de todo o mundo estão ame aç ad as de ext inç ão. A publicação foi produzida por pesquisadores de Alemanha, Austrália, Estados Unidos e França e contém detalhes sobre as 357 espécies do réptil. "Mas isso não é tudo”, diz Uwe Fritz, do Museu de História Natural S enckenb erg, na Alemanha. “Na nova edição, também lançamos luz sobre o status de risco das tartarugas e c o mp a r a m o s s u a f a i x a d e distribuição original com sua distribuição atual”, acrescenta ele, em comunicado. Assim, os

pesquisadores esperam trazer informações consistentes para estimular legislações e estratégias sólidas de conservação. São ao menos 171 espécies consideradas ameaçadas, além de cinco que já foram extintas. A perda do habitat é apontada como uma das principais causas para o perigo. “Por exemplo, todas as grandes espécies de tartarugas asiáticas que originalmente ocorreram em estuários ou rios estão

ameaçadas de extinção”, pontua o herpetologista. “Seus habitats estão se tornando cada vez mais restritos, seus ovos estão sendo caçados por humanos e, até hoje, os animais de grande porte ainda e s t ã o s e n d o a b at i d o s p o r comida", a rma Fritz. As faixas em que vivem as tartarugas geométricas, na África do Sul, e a tartaruga-detelhado-birmanesa e a tartarugaestrela-birmanesa, em Mianmar, encolheram em pelo menos 90%. Na lista dos vertebrados que mais e s t ã o e m r i s c o c r ít i c o, a s tartarugas só perdem para os primatas. “São números dramáticos que devem levar à proteção integral das tartarugas o mais rápido possível. Caso contrário, esses animais, que testemunharam a ascensão e queda dos dinossauros, serão perdidos para sempre", alerta o pesquisador.

alera, essa aventura que vou contar aconteceu na comp an hi a dos brothers Luciano, Moisés e o guia Marcos Santana (99643-9804), no mês passado, mais precisamente na noite do dia 23 para a madrugada do dia 24, de sábado para domingo, respectivamente. Tudo começou quando nos encontramos na movimentada pracinha do bairro Jardim Tropical, com direito a cheirinho de hambúrguer e todo tipo de guloseimas... naquele momento observei que eram sinais de que a coisa não seria tão fácil. Com o propósito de ver o sol nascer, precisávamos chegar à Torre de Pitanga ainda no escuro, ou seja, não precisávamos correr,

e nc ont r amo s o s t r i l he i ro s Capixaba e Bernardo, para o tradicional cafezinho de trilhas. Descansamos, colocamos o papo em dia e continuamos a subida. Após o descanso, seguimos para a Gruta do Jardineiro, chegamos a o Ap a r t a m e nt o, l o c a l d e pernoites, seguimos para Cabeça de Cavalo, atingimos o pasto de

©HAROLDO FILHO/F&N/TRILHEIROS

mas os passos, precisavam ser constantes, com paradas curtas p ara o des c ans o mais que necessário. Passamos pelo pasto de Furnas, depois o Poção, logo em seguida atingimos Lajinha 1 e, merecidamente, paramos na G r u t a d o s Ma l u c o s , o n d e

Pitanga e, por m, às 3h40, chegamos à tão desejada Torre de Pitanga. Tentamos dormir até o astrorei dar as caras, mas foi impossível. O frio constante e o vento nos açoitando de todos os lados não nos permitia, sequer, cochilar. Foi quando às 4h25, no

longínquo horizonte, onde o céu e o oceano se encontram, o sol triunfou, nos presenteando com belíssimas imagens e exibindo sua imponente beleza. Por m, percebi que, num momento de subserviência, estávamos mais uma vez, com olhares de agradecimento e subordinação à nossa mãe natureza. Para o trilheiro Bernardo, professor de educação física da rede pública de Vitória, os benefícios desse tipo de atividade são diversos. “Essa interação entre o corpo e a mente é muito bené co. Estar num ambiente isolado, natural, onde passamos a fazer parte do ambiente, relembra-nos de que também fazemos parte da natureza e nos faz perceber o quão pequenos somos. Nos faz pensar em superar desa os, valorizar as pequenas coisas como um gole de água. Descansa nossa mente e fortalece nosso senso de coletividade e grupo, já que as pessoas se ajudam mutuamente”. Dicas: Levar sacolinha para voltar com o lixo produzido e evitar fazer barulho e fogueira... Até a próxima “Trilhas e Aventuras”!

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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CULTURA 3

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Como é a piscina 'A Bela e a Fera In de mergulho mais Concert' será exibido em duas sessões com profunda do participação da mundo

Orquestra Filarmônica em Vitória

Contando com uma 'cidade' subaquática, a atração está localizada em Dubai ©DIVULGAÇÃO/DEEP DIVE DUBAI

©REPRODUÇÃO INSTAGRAM

FOTO: REPRODUÇÃO

gigante volume de água — são cerca de 14 milhões de litros de água doce, que seriam capazes de preencher quase seis piscinas olímpicas. Essa magnitude não pode ser vista em nenhum outro local no mundo, até porque o volume de água é cerca de quatro vezes maior do que o de qualquer outro reservatório do mesmo tipo. A piscina é mantida a uma temperatura de água de 30 graus Celsius que, de acordo com os especialistas que mantêm o estabelecimento, é confortável para que os mergulhadores vistam uma roupa de mergulho fina ou ainda maiô. Além da própria piscina, o local conta com outras atraçõ es interessantes para os clientes que quiserem fazer um mergulho diferenciado. Há uma verdadeira cidade subaquática no fundo do local, que pode ser visitada por meio da submersão. Para o diretor do Deep Dive Dubai, Jarrod Jablonski, “há tantas coisas [na atração] que não é justo chamá-la de piscina”. “Existem algumas piscinas de mergulho no mundo que são profundas, mas esta é muito mais interessante. Não é apenas a mais profunda e maior, mas o efeito de cidade submersa a torna a p r ó x i m a o r d e m mu n d i a l”, completou. Se você mergulhar dentro da piscina, poderá visitar a cidade “abandonada” construída pelo

Deep Dive Dubai, em que o mergulhador pode explorar os espaços e, inclusive, jogar bilhar subaquático em um fliperama subaquático. Tudo isso dentro de um reservatório feito em forma de ostra que tem cerca de 1.500 metros — um molde feito em homenagem ao próprio país. Os E m i r a d o s Á r a b e s Un i d o s possuem uma longa tradição de mergulho de pérolas. Embora o local tenha chamado a atenção do público após receber o título do Guinness Book, as visitas ainda podem ser feitas somente com convite, o que deverá mudar ainda neste ano, quando será aberta ao público g e r a l . Um d o s p r i m e i r o s visitantes da atração foi o príncipe herdeiro de Dubai, o xeque Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum, apaixonado por mergulho. O ator Will Smith também foi até Dubai para mergulhar na piscina mais profunda do mundo. Emb ora a lgumas p ess o as possam querer fazer dois passeios famosos de Dubai em um dia só, o diretor do Deep Dive Dubai faz uma recomendação: “Não visite o top o d o ar r an h a - c é u ap ó s mergulhar”, afirmou. “Depois de qualquer mergulho, é recomendável esperar de 18 a 24 horas antes de subir os mais de 300 metros. No entanto, não há risco em mergulhar depois de visitar o prédio mais alto do mundo”. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)

O espetáculo “A Bela e a Fera — In Concert” tomará conta do Espaço Patrick Ribeiro, no próximo dia 28 (domingo), às 14h30 e às 17h. A montagem brasileira já percorreu mais de 50 cidades e reúne 22 atores em um cenário grandioso, com efeitos especiais, 120 figurinos e sensações em 4D. E para deixar a clássica história ainda mais encantadora, o musical será tocado e cantado ao vivo, com a participação da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. A apres ent aç ão, que em princípio seria em sessão única, ganhou uma sessão extra às 14h30. O objetivo do espetáculo é promover uma imersão do público na marcante narrativa de A Bela e A Fera. O espetáculo

musical, com duração de uma hora e vinte minutos, conta com um elenco de atores e bailarinos e o encanto passa pelo cuidado da produção em preser var elementos característicos e que tornam a história da bela camponesa um clássico. A mont age m na c i ona l é idealizada pelo diretor-geral Bruno Souza, direção de cena de M a n u e l a L i t t i é r r y, c o m coreografias de Gabriela Evangelista, direção musical do maestro Ettore Veríssimo, adaptação do texto de Lucas C av a l aro. A pro du ç ã o d o musical ficou a cargo da Palavra & Som Entretenimento. Os preços do musical “A Bela e a Fera — In Concert” serão divididos por setores e podem

ser adquiridos por meio do site w w w. s y mp l a . c o m . b r. Lembrando que os bilhetes para o horário de 17h já estão esgotados. O valor do ingresso referente ao setor de Cadeiras Ouro é R$ 140,00 (inteira) e R$ 70,00(meia). Já os ingressos do setor Prata custam R$ 120 (inteira) e R$ 60,00 (meia). No setor Bronze, os ingressos custam R$ 100 (Inteira) e R$ 60 (meia). Os ingressos estão sujeitos a taxa de conveniência e os valores podem sofrer alterações de acordo com o lote vigente sem aviso prévio. Ao optar pela meia-entrada é obrigatório a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição de beneficiário. LUCIANO DANIEL

Foto Antiga do ES ©PEDRO FONSECA/FACEBOOK/FOTOS ANTIGAS DA CIDADE DE VITÓRIA-ES

D

ubai, nos Emirados Á r a b e s Un i d o s , é conhecida por sua ultramodernidade. A cidade abriga alguns dos recordes em relação à arquitetura urbana — lá está o Burj Khalifa, o maior arranha-céu já construído, com 828 metros de altura e 163 andares. No populoso emirado, também está um dos maiores shoppings do mundo, o Dubai Mall, que ocupa um espaço de mais de 50 campos de futebol com suas aproximadamente 1.200 lojas e outros serviços. Sem se cansar de bater recordes, Dubai inaugurou recentemente outra atração que chamou a atenção do mundo todo. Trata-se da piscina de mergulho mais funda do mundo, que chegou a ser reconhecida pelo Guinness Book. O livro concedeu à piscina, que faz parte do Deep Dive Dubai, o título de “A piscina mais profunda para o mergulho” no último dia 27 de junho, o que deu grande destaque para o estabelecimento, visto que o livro marca as coisas mais superlativas em todo o planeta. Antes da atração de Dubai, quem ocupava o posto era o Deepspot da Polônia, uma piscina que tem uma profundidade de mais de 45 metros. Agora, a piscina mais profunda do mundo tem impressionantes 60 metros. Segundo informa a CNN, a piscina é preenchida por um

Praça Costa Pereira — anos 40


4 EDUCAÇÃO

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Brasil conquista Alunos repetentes tendem medalha de ouro em a sofrer mais bullying, aponta pesquisa Olimpíada Internacional de Astronomia

Meninas que repetem alguma série tendem a sofrer mais episódios de bullying do que meninos

Feito foi alcançado pela primeira vez por um dos dez estudantes da equipe brasileira; os outros nove também levaram para casa medalhas de prata ou bronze

©SHUTTERSTOCK

©DIVULGAÇÃO

Objetivo, estiveram à frente das equipes, que foram colideradas pelos medalhistas da IOAA João Gabriel Stefani Antunes e Bruno Piazza. Eles tiveram o papel de sugerir correções nas questões das provas, traduzi-las, corrigilas e comparar as notas com as da correção o cial. Quem levou a medalha de ouro foi o estudante de Americana, em São Paulo, Otávio Casagrande Ferrari. Ficaram com a prata André Andrade Gonçalves, de Imperatriz (MA); Eduardo C a m a r g o d e To l e d o , d e Campinas (SP); e Bruno Makoto Tanabe e Ian Seo Takose, ambos de São Paulo (SP). Os outros cinco membros da equipe levaram o bronze: Cauan

Hideki, de Jundiaí (SP); Gabriel Hemétrio, de Belo Horizonte (MG); Gabriela Martins dos Santos, de Brusque (SC); Maria Antônia Picanço del Nero, do Rio de Janeiro (RJ); e Ualype de Andrade Uchôa, de Fortaleza (CE). “Os estudantes realizaram uma verdadeira maratona para chegar aonde chegaram, começando pela prova nacional da OBA, seletivas com provas online e meses de treinamento puxado”, conta o professor Eugênio Reis, em nota enviada à imprensa. “Todo esse esforço foi mais do que recompensado com todos ganhando medalhas, além da iné dit a me da l ha de ouro”, comemora.

Brasil participa de estudo internacional de avaliação de leitura

Este é um dos primeiros estudos a examinar uma grande quantidade de dados e ligar índices de repetência escolar e vitimização por bullying. Para chegar a esses resultados, foram analisados dados do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PIA) de 2018. Esta edição do relatório incluía informações de mais de 465 mil alunos, com idades entre 15 e 16 anos, de 74 países. No geral, 12,25% dos alunos incluídos no estudo repetiram alguma série do ciclo básico. Desses, 30,32% relataram ter experimentado bullying pelo menos uma vez por

Repetir uma série na escola não é uma das melhores experiências na vida de uma criança ou adolescente. Receber o rótulo de “repetente”, ter ao seu redor uma turma de pessoas menores que você e, pior de tudo, rever todos os conteúdos que você já viu no ano anterior é bem desagradável. Porém, além da sensação de ter parado no tempo, um novo estudo demonstrou que repetir pode ter efeitos ainda piores no crescimento de uma pessoa. Alunos repetentes tendem a sofrer mais bullying de seus colegas em diversos países ao redor do mundo. acadêmicos e analistas que trabalham para avaliar, entender e melhorar a educação em todo o mundo. O teste avalia habilidades de leitura dos estudantes do 4º ano do ensino fundamental, “com o objetivo de analisar tendências de compreensão leitora, além de coletar informações sobre os contextos de aprendizagem, para caracterizar o processo de leitura dos estudantes avaliados nos países que participam do estudo”. Na avaliação dos organizadores, é nessa etapa da escolarização que se vivencia um importante estágio de transição no desenvolvimento da autonomia nas habilidades da leitura, com os estudantes superando a etapa do “aprender a ler”, passando a utilizar a leitura para aprender. A avaliação contempla dois eixos: a experiência literária e a

©GETTY IMAGES/ISTOCK

Depois de concorrerem com mais de 480 mil estudantes na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica ( O BA ) , d e z j o v e n s f o r a m selecionados para representar o País na 14ª edição da Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês) — e todos tiveram um desempenho de dar orgulho. O Brasil levou dez medalhas, uma para cada integrante da equipe, incluindo a medalha de ouro (até então inédita). Organizada na Colômbia, a competição aconteceu entre os dias 14 e 21 de novembro de forma híbrida e teve a participação de 48 países. Cada nação podia inscrever uma ou duas equip es de até cinco estudantes do ensino médio, o que totalizou 70 equipes competidoras. Todas realizaram cinco exames: uma prova teórica, uma prova de análise de dados, duas provas observacionais e uma competição por equipes, que é a única não contabilizada na pontuação. Os professores Eugênio Reis, do Observatório Nacional, e Júlio César Klae, do Colégio

mês. Essa associação foi observada em estudantes de 46 países, com situações socioeconômicas diferentes, em estudantes de ambos os sexos. Porém, as meninas que repetiram de ano tinham um risco um pouco maior de sofrer bullying em comparação com os meninos. Entre as ofensas relatadas, estão ridicularização pública, ameaças, roubo de pertences e agressões físicas. Porém, apesar da correlação entre ser repetente e sofrer bullying, os autores do estudo pedem para pisar no freio antes de apontar que há uma relação de causalidade. Além disso, os episódios de bullying foram relatados pelos próprios adolescentes, e o estudo se limitou a pessoas que frequentavam a escola quando a pesquisa foi realizada. Contudo, isso não muda o quanto este estudo pode ser preocupante para pais e pro ssionais da educação.

aquisição e uso da informação. Para tanto, considera fatores contextuais que podem in uenciar o desempenho de leitura, mediante a aplicação de questionários aos estudantes, professores, diretores e pais ou responsáveis. A avaliação ocorrerá em uma amostra de escolas (públicas e privadas) distribuídas por todo o território nacional. Os

resultados não serão divulgados de forma individual, uma vez que o objetivo é avaliar a leitura e a compreensão de textos dos estudantes a nível amostral e, a partir disso, possibilitar um diagnóstico, inclusive em termos comparativos, entre os 68 países ou regiões administrativas especiais participantes.

É a primeira vez que estudantes brasileiros são avaliados no teste Começou, na terça-feira (23), a aplicação do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), que avalia a capacidade dos estudantes de ler, de escrever, de compreender e de interpretar o que é lido. É a primeira vez que brasileiros vão participar desse teste que avalia o

nível de leitura em diversas partes do mundo até o dia 3 de dezembro. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 6,3 mil estudantes do 4º ano do ensino fundamental de 193 escolas

(públicas e privadas) de todas as regiões do Brasil responderão a provas e questionários. O estudo é aplicado a cada cinco anos pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA), cooperativa internacional de instituições de pesquisa,

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES


POLÍTICA 5

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Morre o colunista Jorge Pacheco "Vamos sentir saudades e pensar em você todos os dias, e quando a tristeza for insuportável, pensaremos em todas as nossas lindas lembranças" Por Luzimara Fernandes

F

aleceu, na última segunda-feira (22), o colunista do jornal Jorge Pacheco Rodrigues. Pacheco, como era chamado por nós da redação, estava internado há mais de dois meses e não resistiu às várias complicações de saúde. Com vasta experiência no jornalismo, tendo atuado em vários veículos de c o m u n i c a ç ã o , principalmente no Rio de Janeiro, como rádio Tupi. Pacheco chegou ao Fatos & Notícias no começo de nossa caminhada. Sempre muito sincero e com um olhar crítico e atento, foi peça fundamental na engrenagem e nos trouxe imensa alegria. Com o seu jeito paternal foi imediatamente adotado por mim e pelo Haroldo. Era o nosso conselheiro, paizão, sempre disposto a nos ajudar no que fosse possível e necessário. Sua partida deixa uma lacuna que jamais será preenchida. Pacheco foi e é imprescindível na nossa história. Não se furtava de nos puxar a orelha quando achava necessário, fazia-o sem a menor parcimônia. Eu e Haroldo nos divertíamos com as broncas que, vez e sempre, levávamos. Os almoços e encontros, para um rápido cafezinho que fosse, sempre eram g a r a nt i a d e d i v e r s ã o e aprendizado. Suas histórias

com os grandes nomes do jornalismo brasileiro estarão sempre em nossas memórias.

sorriso me vem aos lábios ao lembrar dos momentos compartilhados ao lado dele,

humanos. Fazíamos o p o ss íve l p ar a e st ar m o s sempre presente quando ©REPRODUÇÃO FACEBOOK

AJUFE

Pachecão se foi, mas a sua vida, muito bem vivida, como fazia questão de frisar, cará marcada na nossa memória. Q uantos aprendizados deixou. Apesar da dor da perda e da saudade, um

pois nunca deixamos (eu e Haroldo) de expressarmos a noss a g rat id ão e noss o orgulho de aprender tanto com ele. Sempre dissemos o quanto ele importava para nós, o quanto crescemos como pro ssionais e seres

precisava de nós.

hora, que queria realizar muitas coisas, mas o corpo cansado já não correspondia. Não raro, me ligava ou c h e g av a d e s up e t ã o n a redação porque não conseguiu realizar alguma tarefa. Apaixonado por rádio, trabalhou até o momento em que foi hospitalizado. Mesmo no hospital, não aceitava as limitações do corpo. Na última visita que zemos a ele, estava com planos de voltar pra casa e continuar a sua coluna 'Jorge Pacheco'. Advogado, jornalista e r a d i a l i st a , Pa che c o e r a analista político do Fatos & Notícias. Nunca cou uma edição sem publicar a sua coluna. Fará falta para todos nós da redação, mas, principalmente, ao mundo, que perdeu um ser humano ímpar e com uma gana de fazer o melhor para o País. Pacheco tinha uma consciência política como poucos e sabia o seu papel para contribuir por um mu n d o m e l h or. Pa r a o mundo, uma perda inestimável e, para quem o conhecia, um ser humano da melhor qualidade, um amigo ©REPRODUÇÃO FACEBOOK

©REPRODUÇÃO FACEBOOK

Hoje, a dor aperta o peito, mas o s ent imento é de gratidão por ter conhecido e partilhado a vida com ele. Pacheco chegou de mansinho e conquistou a todos com o seu jeito cativante e cheio de vida. Nos últimos anos, a saúde, já frágil, castigava o senhor que tinha uma cabeça a mil por

para todas as horas. Vai em paz Pacheco, pois o seu legado de bondade, honestidade, trabalho sério e de um pro ssional ilibado cará para sempre em nossas memórias e corações. Você fará muita falta. A sua partida deixou uma lacuna enorme. Mas temos a convicção de que você descansou.


6 TECNOLOGIA

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Alemanha está desenvolvendo avião elétrico híbrido em conjunto com RollsRoyce e Airbus ©DLR/CC

O C e n t r o Ae r o s p a c i a l d a Alemanha (DLR) se juntou a grandes nomes da indústria aeronáutica para trabalhar na construção de um avião comercial com propulsores de sistema híbrido e elétrico. D e s e nv o l v i d o p e l o g r u p o SynergIE, o conceito já recebeu os primeiros testes eletrônicos de voo, e estuda como aplicar combustíveis limpos sem perder a autonomia — o que é um desa o para as fabricantes de aeronaves, já que exige uma testagem extensiva dos novos trens de força sob diversas circunstâncias. Não à toa, a Alemanha está investindo na nova criação para atingir suas metas de zero emissão de carbono, estabelecidas na Convenção de Paris. A aeronave ainda não

possui nome, mas terá capacidade de transporte para 100 passageiros e será adaptada inicialmente para voos regionais, como na maioria dos testes de novas tecnologias. Ao adaptar o avião para um projeto elétrico e híbrido, as mudanças na disposição do trem de força permitiram que a DLR criasse um design mais incomum para os céus da Alemanha. Serão 10 propulsores espalhados na extensão das asas, junto a duas turbinas na fuselagem, e um estabilizador na parte inferior da aeronave. Por falar em asas, o comprimento total delas também foi reduzido. Embora uma extensão maior ajude nos aspectos de decolagem e pouso, a manutenção de seu funcionamento normalmente

exigiria mais consumo energético — algo que não a c ont e c e n a c onve r s ã o. A estimativa é de que essa redução totalize 10% de economia de combustível. Entretanto, o conceito ainda está precisando de ajustes. Nas simulações eletrônicas, por exemplo, os desenvolvedores relataram baixa e ciência em a l g u ns a sp e c to s , c omo n a e ciência de pouso. Ainda não existem especi cações técnicas de nitivas da aeronave da SynergyIE, mas parece que a pressa não é grande: o avião elétrico e híbrido da DLR está previsto para uso comercial na Alemanha em 2040. A demonstração completa de seus componentes está estimada para 2030.

©AP PHOTO/MARK SCHIEFELBEIN

para simular velocidades Mach quatro a oito a temperaturas de 626,85 graus Celsius, é grande e complexo, e sua construção foi desa adora devido à necessidade de ser hipersônico, incluindo a altas temperaturas, pressão e

Ingressos adquiridos para edições adiadas por conta da pandemia ainda serão válidos para edição do ano que vem ©BRUNO CONTRINO/BGS/FLICKR/REPRODUÇÃO

A Brasil Game Show (BGS), maior feira de games e jogos da A m é r i c a L at i n a abr iu , n a segunda-feira (22), a venda de ingressos para a 13ª edição do evento, que acontecerá em 2022, entre os dias 6 e 12 de outubro. Até a próxima segunda-feira (29), os ingressos serão vendidos com 60% de desconto em relação ao preço do lote nal, como promoção de Black Friday. "Depois de quase dois anos longe do público, o time da BGS está muito empenhado em fazer a maior e melhor edição de todos os tempos", a rma Marcelo Tavares, CEO e fundador da Brasil Game Show. Os visitantes que já garantiram

níveis de velocidade. O túnel pode operar por mais de 30 segundos, testando as capacidades de uma aeronave hipersônica, incluindo a separação e implantação de armas da aeronave. Estes túneis são importantes no desenvolvimento das aeronaves, já que são mais precisos e e cientes do que simulações computadorizadas e modelos de teste, a rmou o especialista em aviação militar Fu Qianshao.

pandemia, ainda conseguirão acesso ao evento com as compras feitas anteriormente. Entre as atrações já con rmadas estão dubladores renomados, como Andy Field,

Reservas: (27) 99961-8422

Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br

ingressos para as edições que aconteceriam em 2020 e 2021, mas foram adiadas por conta da

Novo túnel de vento da China está pronto para desenvolver armas hipersônicas O túnel de vento aerodinâmico hipersônico da classe de um metro da China passou recentemente por testes de calibração, demonstrando que está capaz de conduzir testes p a r a p r o j e t o s d e desenvolvimento. Este túnel de vento deve ser utilizado pela estratégia aeroespacial da China e apoiar o desenvolvimento de armas e equipamentos hipersônicos, informou o jornal Global Times, citando a Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC, na sigla em inglês). De acordo com a empresa chinesa, o túnel FL-64, projetado

Com evento presencial em 2022, Brasil Game Show inicia venda de ingressos

de Marvel Avengers Academy, Paladins e da série de terror Five Nights at Freddy's, e D.C.

Douglas, que faz a voz de Albert Wesker, em Resident Evil. Novo s c onv i d a d o s s e r ã o anunciados nos próximos meses e o evento ainda contará com 400 expositores, lançamentos de jogos, campeonatos de eSports, concursos de cosplay e divulgação de jogos de desenvolvedores independentes. Alguns dos ingressos também garantem acesso à área de desenvolvimento de negócios e dias de imprensa do evento. A BGS acontece no Expo Center Norte, em São Paulo. C omo o e vento este ano contará com mais dias, há também diferentes opções de i ng re ss o s , qu e p o d e m s e r adquiridos para os dias úteis, ou para o nal de semana.

Xiaomi lançará seus fones de ouvido com cancelamento de ruído em mais países Lançados no mês de setembro deste ano, os fones de ouvido Xiaomi TWS 3 Pro se destacam por apresentarem recursos e visual parecidos com os AirPods Pro da Apple. Eles só podem ser adquiridos na China no momento, mas de acordo com informações fornecidas pelo conhecido leaker Mukul Sharma, o produto será disponibilizado em breve na Índia, o que pode indicar planos da marca para diversificar a quantidade de mercados em que o acessório será vendido. O Xiaomi TWS 3 Pro tem um formato que traz haste inferior, com design voltado para a boa ergonomia, mesmo durante exercícios físicos ou outras movimentações rápidas. Ele tem suporte para cancelamento ativo

de ruído com três estágios, que pode abafar sons indesejados de até 40 dB — também há um modo transparência para momentos em que é necessário escutar o que acontece em volta, e um algoritmo para melhorar a

que oferecem suporte para o codec LHDC 4.0, que melhora a experiência na reprodução de conteúdos com áudio Hi-Fi. O fone da Xiaomi ainda tem certificação IP55 para resistência contra jatos d'água e algumas partículas ©DIVULGAÇÃO/XIAOMI sólidas. A marca disponibiliza três opções de cores para o X i a o m i T WS 3 P r o : branco, preto e verde. O estojo de carregamento possui uma entrada USBC, mas sua bateria também pode ser recarregada por meio de qualidade da voz em chamadas ou conversas em geral. Assim bases sem fio no padrão Qi. como os fones de ouvido da Segundo dados oficiais, os fones Apple, ele tem áudio espacial que p o s s u e m u m a a u t o n o m i a simula a emissão de músicas e máxima de três horas com o cancelamento ativo de ruído outros conteúdos em 360 graus. acionado, e a capa ainda oferece De acordo com a companhia chinesa, os fones de ouvido são mais 33 horas de uso antes de os primeiros dispositivos TWS precisar de uma fonte de energia.


CIÊNCIA 7

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Hominídeo ancestral Encontrados em andava como ser Marrocos adornos humano e escalava pessoais 'mais como macaco Vértebras de uma fêmea da espécie "Australopithecus sediba" descobertas na África do Sul revelam anatomia indicativa de hábitos mistos de primatas ©ELISABETH DAYNES/PHOTOGRAPH: S. ENTRES-SANGLE/WITS UNIVERSITY &AMP/NYU

Raras vértebras de dois milhões de anos provenientes de uma f ê m e a d a e s p é c i e Australopithecus sediba, um hominídeo ancestral, foram descobertas próximas à caverna Malapa, na África do Sul. O achado foi divulgado na terçafeira (23), no jornal cientí co eLife. Os fósseis, encontrados durante escavações em 2015, indicam que o A. sediba andava de modo parecido com um Homo sapiens, p oré m e s c a l av a c om o u m macaco. Junto a outras ossadas previamente descobertas, a descoberta forma uma das vértebras lombares mais completas nos registros iniciais dos hominídeos.

©ANTIGUIDADES DE PUBLICAÇÕES LTDA./RIMSTAD ET. AL./R. FORTUNA/MUSEU NACIONAL DA DINAMARCA

A.sediba descrito em 2010. Cientistas da Universidade de N o v a Yo r k ( E U A ) , d a Universidade de Witwatersrand (África do Sul) e de 15 outras i n s t i t u i ç õ e s ap e l i d a r a m a h o m i n í d e o d e “ Is s a”, q u e

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068 Os ossos estavam fossilizados em uma rocha chamada de breccia, parecida com cimento. Para que não fossem dani cados, os fóss eis p ass aram p or uma digitalização e só então foram comparados com ossadas de trabalhos anteriores. Assim, notou-se uma correspondência com a coluna vertebral de um

signi ca “protetora” na língua suaíli. Ela já era um dos esqueletos mais completos de ancest ra l humano, mas as vértebras do novo estudo fazem dela um dos primeiros que mantém a parte inferior da coluna, além da dentição. Ao contrário do que se imaginava antes, o estudo diz que

A. sediba tinha lordose, ou seja, uma lombar curvada, atrelada ao bipedismo. “Embora a presença de lordose e outras características da coluna representem adaptações claras para andar sobre duas pernas, há outras características, como os processos transversos grandes, que sugerem uma poderosa musculatura do tronco, talvez para comportamentos arbóreos”, analisa Gabrielle Russo, coautora da pesquisa, em comunicado. Isso signi ca que a primata tinha espinhas transversais voltadas para cima, sinal de músculos do tronco parecidos com os de macacos. “Quando combinado com outras partes da anatomia do tronco, isso indica que o A. sediba reteve adaptações claras para escalar”, explica Shahed Nalla, que também colaborou com o estudo. Pesquisas anteriores já haviam apontado a presença de adaptações em esqueletos de A. sediba ligadas à transição entre o caminhar de um ser humano e a escalada de macaco. Na ocasião, foram estudados a pelve, os membros superiores e inferiores. Porém, os pesquisadores ainda não sabem como essas características podem ter persistido em nossos ancestrais.

Grande extinção em massa foi provocada por 'inverno vulcânico', diz estudo FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

BOB BEHNKEN

Cientistas identi caram uma força adicional que provavelmente contribuiu para um evento de extinção em massa ocorrido há 250 milhões de anos.

antigos do mundo', de mais de 142 mil anos

Por meio da análise de minerais encontrados no sul da China, a equipe descobriu que uma baixa drástica nas temperaturas da Terra foi provocada por violentas

erupções vulcânicas — um evento que se somou a efeitos ambientais resultantes de outros fenômenos da época. De acordo com a pesquisa,

Autoridades marroquinas e paleontólogos anunciaram que no país foram descobertos os adornos pessoais "mais antigos do mundo", datados de entre 142 e 150 mil anos. A descoberta foi re a lizad a p or uma e quip e internacional de pesquisadores em uma caverna p er to do balneário de Essaouira, no sudoeste de Marrocos. Os pesquisadores encontraram cerca de 30 colares e pulseiras feitos com pequenas conchas de cor vermelha-ocre, de acordo com a AFP. "Eles são os adornos mais publicada na revista Science Advances, a extinção em massa do m do período Permiano, evento catastró co mais grave nos últimos 500 milhões de anos, eliminou entre 80% e 90% das espécies aquáticas e terrestres. “Quando olhamos mais de perto o registro geológico no momento da grande extinção, descobrimos que o desastre ambiental global do nal do Permiano pode ter tido várias causas entre as espécies marinhas e não marinhas”, diz um dos responsáveis pelo artigo, Michael Rampino, professor do Departamento de Biologia da Universidade de Nova York. Durante décadas, os cientistas investigaram o que poderia ter causado essa catástrofe ecológica global. Muitos deles apontam para a propagação de vastas inundações de lava no que é conhecido como Armadilhas Siberianas — uma grande região de rocha vulcânica na Sibéria. Essas erupções causaram tensões ambientais, incluindo aquecimento global severo, liberações vulcânicas de dióxido de carbono e redução na oxigenação das águas oceânicas — esta última causando a as xia

antigos do mundo, datados de entre 142.000 e 150.000 anos", disse Abdeljalil Bouzouggar, professor do Instituto Nacional Marroquino de Ciências Arqueológicas e Patrimônio. Por sua vez, o ministro da Cultura do país, Mohamed Mehdi Bensaid, comentou que se trata de uma "grande descoberta para Marrocos e para a humanidade", destacando que estes objetos fornecem informações sobre "as primeiras civilizações". "Esta foi a primeira vez que os humanos usaram o corpo como

suporte, quer para se comunicarem entre si ou com membros de outros grupos, mais ou menos distantes de seu local de origem", conforme Bouzouggar. O professor sugere que as conchas foram coletadas nas praias do território que é hoje Marrocos. Ele acredita que as conchas tenham servido como um instrumento de comunicação. "Existem muitas espécies de conchas, mas eles procuraram a mesma espécie tanto aqui em Marrocos, como na Argélia em um local de 35.000 anos, na África do Sul em um local de 75.000 anos atrás, ou em Israel, em um local de 135.000 anos atrás", observou. Os adornos agora encontrados são ainda mais antigos, testemunhando a vida dos humanos nesses tempos remotos.

©SHUTTERSTOCK

da vida marinha. A equipe de R ampino, composta por mais de vinte pesquisadores da Universidade de Nanjing , d a C hina, do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian e da Universidade E s t a d u a l d e M o n t c l a i r, considerou outros fatores que podem ter contribuído para o m do Período Permiano. Eles encontraram minerais e depósitos relacionados em terra na região do sul da China — notavelmente cobre e mercúrio — cuja idade coincidiu com a extinção em massa do nal do Permiano em localidades não marinhas. Especi camente, esses depósitos foram marcados por anomalias em sua composição provavelmente devido a emissões ricas em

enxofre de erupções vulcânicas próximas — eles foram cobertos por camadas de cinzas vulcânicas. “Aerossóis atmosféricos de ácido sulfúrico produzidos pelas erupções podem ter sido a causa do rápido resfriamento global de vários graus, antes do severo aquecimento visto no intervalo de extinção em massa do nal do Permiano”, explica Rampino. Para a equipe, as erupções das Armadilhas Siberianas não foram a única causa da extinção em massa do m do Permiano. Somam-se a elas efeitos ambientais das erupções no sul da China e em outros lugares, que desempenharam um papel vital no desaparecimento de dezenas de espécies, nesse evento de nido pelos autores como 'inverno vulcânico'.


8 BEM-ESTAR

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Dieta e exercícios aliviam depressão e ansiedade em adolescentes

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Tabule tropical

©SHUTTERSTOCK

Depressão e ansiedade são as doenças do século, principalmente quando se trata de adolescentes e jovens adultos. C om o i s ol ame nto s o c i a l, causado pela pandemia global da covid-19 em 2020 e 2021, os problemas decorrentes desses dois transtornos mentais caram ainda mais evidentes. Porém, estudos sobre depress ão e ansie dade em adolescentes e jovens têm sido feitos desde antes da pandemia. Uma dessas pesquisas reuniu pro ssionais de diversas áreas e pessoas interessadas no assunto, mas sem atuação pro ssional em relação ao tema. Concentrada em “aspectos-

ch ave d a s v i a s c au s ai s d a depressão em jovens”. Entre o que foi invest igado, est ão questões genéticas, epigenéticas e da ora intestinal. Porém, o que deu destaque ao estudo foram as observações sobre o papel da dieta, dos exercícios e do sono. Os resultados de um relatório que teve como base uma série de workshops online realizados entre novembro de 2019 e janeiro de 2020, trouxeram resultados interessantes sobre o papel da dieta e dos exercícios físicos na redução da depressão e da ansiedade em jovens. Segundo Christopher Lowry, professor associado de siologia integrativa da Universidade

Boulder, no Colorado, a dieta e a nutrição são alguns dos principais fatores de in uência na saúde mental. Porém, as pessoas subdimensionam a importância desses fatores. Para Lowry, apesar de as dietas e exercícios serem as formas mais a c e ss íve is d e s e re du z i r a depressão e a ansiedade em adolescentes e jovens, elas também podem ser as mais difíceis. Isso acontece porque exigem mudanças profundas no estilo de vida das pessoas. Além disso, em alguns países, como Estados Unidos e Reino Unido, a alimentação oferecida nas escolas é de baixa qualidade. S e g u n d o L o w r y, h o j e , o s adolescentes só têm acesso a alimentos ricos em sal, açúcar e g o rd u r a n a s c a nt i n a s d o s colégios. Outro ponto de preocupação são as aulas de educação física, que, além de não serem obrigatórias, não abarcam uma gama variada de esportes. Isso faz com que muitas crianças não tenham um primeiro contato com os esportes, o que torna mais difícil “pegar gosto” mais tarde.

Estudo afirma que o metabolismo não desacelera com a idade ©HELENA LOPES/UNSPLASH

Um estudo realizado pela Duke University, na cidade de Durham — Estados Unidos, acaba de quebrar uma das maiores crenças que o ser humano possuía: a de que o metabolismo das pessoas começa a desacelerar com a idade. Encabeçada por Herman Pontzer e uma equipe internacional de cientistas, a

pesquisa analisou a média de calorias queimadas em mais de seis mil pessoas com idades entre uma semana e 95 anos em 29 países. E o resultado é que, se até pouco tempo pensávamos que os jovens e adolescentes tinham a mais alta taxa metabólica, o corpo começa seu declínio inevitável muito mais tarde do

que a ciência imaginava. C om foco na puberdade, menopausa e outras fases da vida, Pontzer a rma ter cado surpreso com o resultado: “O que é estranho é que o tempo das fases metabólicas da vida não parece corresponder aos marcos típicos”, explica. Segundo ele, a maioria dos estudos mediam

©GUIA DA COZINHA

T

abule é uma salada típica libanesa, normalmente feita com trigo e outros ingredientes como o tomate. Nesta deliciosa receita de tabule tropical, selecionada especialmente para você, são introduzidos sabores refrescantes como o da manga. Então, se você está procurando por um prato saudável para uma refeição deliciosa, o tabule tropical é uma boa opção. Além disso, a receita de tabule tropical é fácil de fazer: ca pronta em apenas meia hora! O resto é só deixar de molho. Muito prático. Como serve uma boa porção, é um bom prato para compartilhar com a família e amigos num almoço ou jantar saboroso. Con ra já a receita de tabule tropical! Ingredientes do tabule tropical 1 xícara (chá) de trigo para quibe 2 tomates sem sementes picados 1 pepino japonês picado 1 manga picada

quanta energia o corpo usa para realizar funções vitais básicas, como respirar, digerir, bombear sangue — em outras palavras, as calorias de que você precisa apenas para permanecer vivo. Mas isso equivale a apenas 50% a 70% das calorias que queimamos todos os dias, já que não leva em conta a energia que gastamos fazendo todo o resto: lavando a louça, passeando com o cachorro, suando na academia, até mesmo apenas pensando e trabalhando. Durante os primeiros 12 meses de vida de um bebê, sua energia precisa disparar para cima, de modo que, no primeiro aniversário, uma criança de um ano queima calorias 50% mais rápido para seu tamanho corporal do que um adulto. O metabolismo de um bebê, inclusive, pode explicar em parte por que as crianças que não comem o su ciente durante esse período e ss e n c i a l d e desenvolvimento têm menos probabilidade de crescer e se tornarem adultos saudáveis. Após esse aumento inicial na infância, os dados mostram que o metabolismo desacelera em cerca de 3% a

Suco de 1 limão ½ xícara (chá) de hortelã picada ½ xícara (chá) de cheiro-verde picado 2 xícaras (chá) de alface picada Sal e azeite a gosto Modo de preparo Coloque o trigo em uma tigela, cubra com água morna e deixe de molho por três horas. Escorra e

aperte para sair o líquido. Coloque em uma tigela, adicione o tomate, o pepino, a manga, o suco de limão, a hortelã, o cheiro-verde, a alface, sal e azeite e misture. Trans ra para uma saladeira e sirva. Se desejar, decore com folhas de hortelã. Rendimento: 6 porções Fonte: Terra

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

cada ano até chegarmos aos 20 anos, quando se estabiliza em um novo normal. No entanto, apesar da adolescência ser uma época de su r to s d e c re s c i me nto, o s pesquisadores não viram nenhum aumento nas necessidades calóricas: “Realmente pensamos que a puberdade seria diferente, mas não é”, disse Pontzer. Mas a surpresa maior veio quando os pesquisadores estudaram as pessoas a partir dos 30 anos. O

que a pesquisa mostra é que os gastos com energia durante os 20, 30, 40 e 50 anos eram os mais estáveis. Mesmo durante a g r av i d e z , a s n e c e s s i d a d e s calóricas de uma mulher não eram nem mais nem menos do que o esperado. Resumindo, o que a pesquisa sugere é que o metabolismo realmente não começa a declinar novamente somente depois dos 60 anos, mas esta desaceleração é gradual, apenas 0,7% ao ano. Em contrapartida, uma pessoa na casa dos 90 precisa de 26% menos calorias por dia do que alguém na meia-idade, já que seu metabolismo é ainda mais lento. De acordo com Pontzer, a perda de massa muscular pode ser a grande culpada, uma vez que o músculo queima mais calorias do que gordura. Mas não é tudo. Segundo ele: “Nós controlamos a massa mu s c u l ar, m a s ve m o s nosso metabolismo desacelerar p orque as células estão envelhecendo”. É por isso qu e é t ã o i mp or t ant e adequar o estilo de vida à idade e as nossas necessidades.


SAÚDE 9

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Preconceito contra o exame de toque retal diminuiu entre os brasileiros, aponta pesquisa ©SHUTTERSTOCK

Uma pesquisa inédita encomendada ao Instituto Datafolha p ela plataforma Omens e pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), mostrou que o preconceito em relação ao exame de toque retal para prevenção ao câncer de próstata diminuiu signi cativamente. D e a c o r d o c o m o levantamento, 95% dos brasileiros reconhecem a importância do exame de toque retal para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Além disso, 88% avaliam que fazer o exame não interfere na masculinidade dos homens. Quando falamos sobre homens maiores de 50 anos, 99% reconhecem a importância do exame de toque retal. Esse número é bastante surpreendente, já que essa faixa etária é vista como mais preconceituosa em relação a temas que envolvem sexualidade e masculinidade. Porém, 9% acreditam que o exame interfere na sexualidade masculina e 11% pensam que o toque retal pode deixar o homem sexualmente impotente. Mas,

felizmente, a maioria das pessoas não acredit a que o exame inter ra na masculinidade ou cause impotência sexual. Apesar de o preconceito ter caído bastante, esses dados não se traduzem em adesão ao exame de toque retal. Apenas 19% dos homens entre 18 e 70 anos já zeram o exame pelo menos uma vez. O índice sobe para 56% quando se trata de homens com mais de 50 anos. Além disso, 72% das pessoas ouvidas disseram que nunca zeram o exame, mas fariam caso fosse necessário, número que cai para 40% entre os maiores de 50 anos. Cerca de 5% disseram que não fariam o toque

retal em hip ótese alguma, enquanto 2% não têm uma opinião formada. Os brasileiros também se mostraram bastante con antes em relação à cura do câncer de próstata, oito em cada dez disseram acreditar que esse tipo de tumor tem cura, enquanto apenas 5% disseram acreditar que a doença não tem cura. Entre os homens que já zeram o exame de toque retal, nada menos do que 90% acreditam que o câncer de próstata é curável, índice que desce para 74% entre as pessoas que nunca zeram o exame. Na população geral, 17% não têm uma opinião formada sobre o tema.

Café durante a gravidez reduz risco de doenças para a mãe e para o bebê .A gravidez é um período cheio de incertezas e alimentos que devem ter seu consumo reduzido. O café, entretanto, se tomado nas quantidades certas, pode ajudar a evitar o risco de doenças para a mãe e também para o bebê. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia analisaram 2.529 mulheres grávidas que participaram de um estudo entre

2009 e 2013. Os cientistas reforçam ainda que grávidas nunca devem consumir mais de 200 mg de café por dia, o que equivale a cerca de três cafés expressos. Para realizar o estudo, cada mulher informou a quantidade de cafeína ingerida em sua rotina. Depois, exames de sangue mediram as taxas entre a 10ª e a 13ª semana de gestação. Após

isso, foram analisados problemas de saúde que as participantes tiveram durante a gestação. Os resultados mostram que beber cerca de 100mg por dia, ou uma xícara, pode reduzir em até 47% o risco de diabetes gestacional. Essa é uma condição relativamente comum na gravidez, quando as mães cam com um alto nível de açúcar no sangue. A doença é tratável e

Alzheimer: medicamento para a doença pode ser uma promessa de tratamento ©SHUTTERSTOCK

Uma pesquisa da New Cleveland Clinic descobriu que medicamentos originalmente concebidos para ajudar a tratar a doença de Alzheimer podem ser promissores para o glioblastoma, que é o tipo mais comum e letal de tumor cerebral primário. Uma classe de medicamentos já estiveram entre os mais esperados para o tratamento da doença de Alzheimer. Isso porque agem inibindo a proteína chamada BACE1, que é responsável pela produção de placas no cérebro, uma das principais marcas da doença de Alzheimer. Ap ó s d e m o n s t r a r b a i x a e cácia em ensaios clínicos, no entanto, o campo da neurociência se afastou dos inibidores. O elemento BACE1 também é expresso em uma classe de células imunes, que são chamadas de macrófagos associados a tumor (TAMs), encontradas no microambiente tumoral ou nos componentes de célu las não canceros as de tumores sólidos. Os macrófagos associados a

tumores são particularmente abundantes no glioblastoma, e isso levou a equipe de pesquisa, liderada por Shideng Bao, a se perguntar se os inibidores de BACE1 podem ser e cazes no tratamento ou prevenção da forma altamente agressiva de câncer no cérebro. “A maioria dos TAMs são promotores de tumor e contribuem para a resistência ao tratamento, mas há alguns que suprimem o tumor. Se pudermos desenvolver uma terapêutica que manipule esse equilíbrio — inclinando a balança para que haja mais TAMs supressores de tumor — t alvez p oss amos melhor tratar o glioblastoma”, explicou Dr. Bao, que dirige o Center for Cancer Stem Cell Research.

Os pesquisadores rastrearam uma ampla gama de compostos para identi car os candidatos mais promissores, revelando um inibidor BACE1 chamado MK8931 (verubecestate). Como resultado, os macrófagos mais abundantes ajudaram a destruir as células tumorais. De acordo com o pesquisador, essas mudanças reduziram signi cativamente o crescimento do tumor. Os benefícios foram ainda mais pronunciados quando o medicamento foi administrado em combinação com radiação de baixa dose. “O verubecestat já foi aprovado para uso em humanos por causa de seus testes anteriores para a doença de Alzheimer”, concluiu Dr. Bao.

©SHUTTERSTOCK

costuma desaparecer após o parto. Ap es ar diss o, a di ab etes gestacional aumenta o risco de diabetes tipo 2 e pode causar problemas no período de gestação. Por isso, deve ser evitada e o café pode ser um importante aliado para combater a doença durante a gravidez. “ No s s a s d e s c o b e r t a s podem fornecer alguma garantia para as mulheres que já estão consumindo níveis baixos a moderados de cafeína”, disse a Dra. Stefanie Hinkle, professora

assistente de Epidemiologia da Universidade da Pensilvânia e líder do estudo.

Apesar disso, ela faz um adendo. “Não é aconselhável que mu l h e r e s q u e n ã o b e b e m iniciem o consumo de bebidas com cafeína com o objetivo de reduzir o risco de diabetes gestacional”. Os pesquisadores não encontraram ligação entre o café e outros problemas da gravidez como press ão a lt a. “Sabemos que a cafeína baixa a moderada não está associada a um risco aumentado”, disse Hinkle.


10 Criança hoje, Criança amanhã

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ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Constelaçã o Familiar: Logo, animais sã o estrelas! — Parte III Minimizar o crime, torná-lo um conito de autoria da Mulher porque não acolheu o criminoso, seja o que a espanca, seja o que estupra seu lho ou sua lha, é a consagração da desresponsabilização ©REPRODUÇÃO

F

“Agora, sobre o incesto. Se você se depara com casos de incesto, uma dinâmica muito comum é que a esposa se afasta do marido, ela recusa o relacionamento sexual. Então, como uma espécie de compensação, uma filha toma seu lugar. Isso é um movimento inconsciente, não consciente. Mas veja, no incesto há dois perpetradores, um em segundo plano e outro a céu aberto. Você não pode resolver isso a menos que esse perpetrador oculto seja abordado. Há frases muito estranhas que vêm à tona. A filha pode dizer à mãe: “Eu faço isso por você”. E ela pode dizer ao pai: “Eu faço isso pela minha mãe”, Bert Hellinger. recomenda que seja pedido de joelhos. A nal, a humilhação à Mulher é bem delineada desde as palavras do inventor dessa cção cientí ca, que a rmava que a família deve ser patriarcal, e o homem é o chefe absoluto da família. A incoerência entre o

violações ocorridas. E, mais e s t a r r e c e d o r, q u e e s s e constelador, sem nenhuma formação psicológica, é capaz de, mexendo na posição física dos atores da encenação das dores emocionais das vítimas, “receber” a informação de quem era o causador daquele

via da violência física, seja pela via sexual, advêm sempre da família da mãe atual, aquela que fez uma denúncia. Assim, a alegação fácil de “alienação parental da mãe” é o que mais alimenta o uxo de constelação no judiciário. É reservado também lugar de alta frequência para a violência doméstica, também reduzida a con ito, deixando de ser crime. Mulheres do “olho roxo” sendo “convidadas pelo juiz' que desrespeita a Medida Protetiva, Instituto Jurídico da Lei Maria da Penha, para estar junto com seu agressor e ser obrigada a cumprir o ritual do “perdão” a ele, ao que o constelador

descrédito na voz da Criança e d a Mu l h e r, a c re s c i d o d a exigência de materialidade, sabidamente ausente na grande maioria dos casos, posto que beijo na boca de uma Criança não pode ser provado, sexo oral não deixa marcas, penetração digital anal não deixa vestígios, masturbação não pode ser provada, e tantas outras formas perversas de ter um prazer de Poder Absoluto sobre um ser vulnerável, e a crença no retorno dos mortos, parece ser aberrante. Não se acredita na Criança, nem na Mulher, mas se acredita que uma pessoa, o “constelador”, descobre o verdadeiro culpado das

comportamento violento. Isto é, absolutamente, crível? Entendemos que o ato de julgar é muito difícil e doloroso para o julgador. Se por um lado o julgador experimenta uma sensação de onipotência muito grande, por outro a responsabilidade no julgar lhe deixa, muitas vezes, um saldo de dúvida, que leva à impotência. Desse caminho, pode vir a culpa por um erro. Mas, se esse julgamento é terceirizado, é passado por procuração ao constelador que fala por um morto, toda essa angústia pode ser evaporada no momento, como num passe de mágica. Porque é mágico esse

©REPRODUÇÃO

a l a m o s d o c a v a l o, animal, que foi introduzido na sala onde se passam as constelações familiares. Falamos do “cavalo” na Umbanda, aquele que permite que o espírito se comunique através do corpo/cavalo de alguém. Lembrei, num desses dias, do “Incitatus”, em latim, que quer dizer Impetuoso, o cavalo de Calígula. Trazido da Hispânia, era um belíssimo cavalo de corrida. O 3º Imperador de Roma, que reinou entre 37 – 41 d.C., nutria um amor tão prof undo p or s eu cava lo pre fe r i d o qu e o n om e ou Senador de Roma. A mim me parece que o constelador tem essa função de “c a v a l o” d o e s p í r i t o d o antepassado da linhagem da mulher da família. Os ancestrais predadores, seja pela

pensamento que está contido nessa cção de comunicação direta com os mortos, mexendo nos corpos dos vivos que estão em posições aleatórias, mas vistas como transmissoras dessas falas. É t amb é m , no m í n i mo, c u r i o s o qu e a i ndu ç ã o a sensações catárticas sejam resultantes de frases ditadas pelo constelador que são repetidas pelos atores improvisados para fazer de conta que estão vivendo a dor do outro. Aqui, tocamos na grave violação do Princípio da Con dencialidade. Cláusula Pétrea para os Pro ssionais da Ps i c ol o g i a . Mas , c omo o constelador não precisa de formação nenhuma, claro que isto não é uma questão. É falado que não se deve falar lá fora sobre o que se passou na constelação. Será? Se não é resp eitada uma Medida Protetiva Escrita, como exigir que se siga essa regra falada. As dores emocionais são reservas de propriedade absoluta de quem as sente. Não podemos desconsiderar um ponto a ser re etido: o medo dos mortos. Eles nos assombram quando somos Crianças. Alguns continuam com medo deles. A magia de se aproximar deles, de ver alguém, o c o n s t e l a d o r, r e c e b e r informações deles e car tão solto mexendo em pessoas paradas em lugares por ele determinados, repetindo as frases que ele manda repetir, para ao nal, ter o veredito que tudo foi esclarecido, falta só a Mu l h e r p e d i r p e rd ã o a o homem, é de grande alívio em se tratando de sessão que

invoca mortos desconhecidos. Minimizar o crime, torná-lo um con ito de autoria da Mulher porque não acolheu o criminoso, seja o que a espanca, seja o que estupra seu lho ou sua lha, é a consagração da Desresponsabilização. É mais uma forma de violência contra a Mulher e a Criança. O auge da encenação ctícia, o pedido de p erdão vem envolto em ameaças de vingança daquele ancestral criminos o. A Retaliação já foi iniciada com as violações praticadas, e continuará se o criminoso não for completamente acolhido pela sua vítima. A nal, as Mu l h e r e s s ã o l o u c a s , a s Crianças, mentirosas, e a Verdade está em desuso. Isso

tudo é chamado de Justiça Humanizada. Ju lgamentos têm sido baseados mais no “campo” do que nos autos. Dito por um Operador de Justiça. “Campo” q u e r d i z e r o “t e r r i t ó r i o demarcado pelo constelador para que cheguem as vibrações morfogenéticas dos espíritos de décadas ou séculos passados. Com as constelações familiares a pesada leitura dos enormes processos não se faz mais necessária. No entanto, se é pesada e séria, é também i n d i s p e n s á v e l . Na q u e l e s volumes estão as dores de pessoas, e a esperança de um futuro saudável. Incitatus vive.


COMPORTAMENTO 11

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Por que as crianças mentem? Comportamento pode ser resposta à insegurança ©GETTY IMAGES/ISTOCK

Atire a primeira pedra quem nunca contou uma mentirinha. Seja para se enturmar, escapar de alguma responsabilidade ou até agradar alguém, a mentira é algo presente na vida do ser humano. Com as crianças, não é diferente, mas esse comportamento requer atenção e cuidado. A infância é uma fase de descobertas, na qual os pequenos estão entendendo o mundo, criando percepções e desenvolvendo as primeiras interações sociais. É neste momento que a mentira pode começar a surgir. "Ela aparece entre dois e cinco anos de idade, que é quando começa a inserção no colégio e uma maior socialização", diz Cristina B ors ar i, co ordenadora do departamento de psicologia do Hospital Infantil Sabará. Imagine: um coleguinha volta de férias cheio de novidades, então você, que cou em casa, inventa algumas histórias só para conseguir se encaixar. Isso faz parte do desenvolvimento adaptativo do ser humano. Essas invençõ es tamb ém podem estar ligadas ao ambiente familiar, especialmente quando os lhos não querem decepcionar os pais ou buscam escapar de alguma punição.

"Quando a família tem uma postura autoritária e exagerada, que cria regras difíceis de serem cumpridas, mentir se torna uma ação defensiva", explica Wimer Bottura, médico especialista em psiquiatria infantil pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente do comitê de adolescência da Associação Paulista de Medicina. Mesmo sendo esperada e até considerada natural, essa atitude também é re exo do que os pequenos aprendem em casa. Adultos já estão acostumados a escapar de situações do dia a dia com mentirinhas. Por exemplo, quando aquele colega "chato" liga e você não quer atender, então diz: 'Avisa que eu não estou em casa'. O que pode parecer inofensivo, na verdade, está servindo como exemplo para os lhos, que enxergam os pais como modelos a serem seguidos. "Eles estão atentos aos comportamentos aceitos nesse núcleo familiar para depois externalizar em seu meio social", diz Borsari. "São aspectos que os adultos não percebem e depois acusam as crianças de serem mentirosas. Não estou dizendo que mentir deve ser aprovado, mas os pais

devem olhar para o modelo que oferecem antes de acusarem", ressalta Bottura. Par a e v it ar e ss e t ip o d e situação, é interessante mostrar a importância da honestidade por meio de brincadeiras, leituras infantis e até lmes que promovam uma re exão, como, por exemplo, um personagem principal que mentiu e depois se deu mal. Quase todo pai ou mãe já ouviu o lho falar sobre um amigo imaginário ou inventar personagens lúdicos, muitas vezes os culpando por coisas do cotidiano: "A fadinha pegou o

meu brinquedo" ou "o duende desarrumou a minha cama", entre tantas outras anedotas. Isso tudo é inconsciente. Até os sete anos de idade, a nossa mente ainda vive uma fase imaginária, como um mundo de brincadeira, por isso a di culdade de diferenciar o que é fantasia e o que é real. "É importante esse período existir para que o pequeno desenvolva sua individualidade e subjetividade. A mentira pode representar uma confusão entre realidade e imaginação, é uma resposta a algo que não souberam interpretar", a rma

Borsari. O especialista também faz um alerta: a criança não deve usar tais recursos para fugir das responsabilidades — nesses casos, ela já sabe que está fazendo errado, o que pode se tornar um problema. Como vimos, existem inúmeras razões para que os pequenos escondam a verdade. Por isso, é importante que os pais não revidem com agressões verbais e os rotulem como mentirosos. "É tentar fazê-los entender que aquilo não é uma coisa legal, que eles podem contar a verdade. A repreensão

deve ser feita de uma forma brand a, e v it ando g r itos e castigos pesados", diz João Ilo Coelho Barbosa, especializado em psicologia comportamental e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Promover um ambiente acolhedor também é uma saída para que os lhos passem a con ar nos pais e vê-los como um porto seguro, sentindo que podem falar a verdade sem serem julgados por isso. "O s eg re do dess a relação é a observação: os adultos devem observar mais e intervir menos, escutar mais e falar menos. Com isso, ca mais fácil de compreender o que se passa com a criança", diz Wimer Battura. O especialista ainda recomenda que não coloquem palavras na boca das crianças e substituam as acusações por perguntas, como "Por que você falou isso?", promovendo uma re exão interna a elas quanto à própria atitude. Ressaltamos aqui que a ideia não é ser muito permissivo, mas sim deixar espaço para que os pequenos re itam, entendam a situação e assumam responsabilidade pelos próprios erros. Muitas vezes, uma punição exagerada faz o caminho contrário.

Ambiente de trabalho tóxico pode afetar sua saúde mental Estudo aponta que um ambiente de trabalho tóxico pode aumentar 300% o risco de depressão. O que fazer? ©ELISA VENTUR/UNSPLASH

ambiente de trabalho. Clima de segurança psicossocial (PSC) é o termo usado para descrever as práticas de gestão e os sistemas de comunicação e participação que protegem a saúde mental e a segurança dos trabalhadores. Altos níveis de esgotamento e intimidação no local de trabalho também estão relacionados ao fracasso das empresas em apoiar a saúde mental dos trabalhadores. Um s e g u n d o a r t i g o , d e coautoria do Professor Dollard e publicado no European Journal

Um e s t u d o p o p u l a c i o n a l , conduzido por pesquisadores da Un i ve r s i d a d e d o Su l d a Austrália, revelou que enfrentar um ambiente de trabalho tóxico aumenta o risco de depressão em 300%. Os dados indicam que os colaboradores de organizações que não priorizam a saúde mental de seus funcionários têm um risco três vezes maior de desenvolver depressão do que outros trabalhadores.

A autora principal do estudo, Dra. Amy Zadow, a rmou ao jornal da universidade que a má s aú d e m e nt a l n o l o c a l d e trabalho pode ser atribuída a práticas, prioridades e valores de gestão inadequados, que naturalmente uem para altas demandas de trabalho e poucos recursos. Embora trabalhar muitas horas seja um fator de risco para doenças cardiovasculares ou

derrames, a pesquisa sugere que práticas de gerenciamento inadequadas representam uma ameaça ainda maior quando se fala de saúde mental. O estudo, publicado no periódico c i e nt í c o Br it i s h Me d i c a l Jou r na l, foi l i d e r a d o p el o Obser vatório de Clima de S egurança Psicoss o cia l da UniSA, a primeira plataforma de pesquisa do mundo a explorar saúde e segurança psicológica no

of Work and Organizational Psychology, revela que um baixo índice de PSC é um importante preditor de bullying e exaustão emocional. Os custos globais de intimidação no local de trabalho e esgotamento do trabalhador são signi cativos e se manifestam em faltas constantes, pouco comprometimento com o trabalho, licença por estresse e baixa produtividade. A extensão do problema foi reconhecida em 2019, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) implementou

uma Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho e propôs “uma abordagem centrada no ser humano, colocando as pessoas e o trabalho que fazem no centro da vida econômica, social, política e prática empresarial”. “As implicações práticas desta pesquisa são de longo alcance. Altos níveis de esgotamento do trabalhador são extremamente caros para as organizações, e está evidente que uma mudança organizacional de alto nível é necessária para resolver o problema”, diz o professor Dollard.


12 OLHAR DE UMA LENTE

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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Aumenta punição para crimes contra crianças e adolescentes P

rojeto de lei ap r e s e nt a d o p e l o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) amplia o alcance e agrava a pena de crimes praticados contra cr ianças e adoles centes. Segundo a redação atual do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), submetêlos a vexame ou a constrangimento somente é crime quando o autor exerce sobre eles “autoridade, guarda ou vigilância”. O projeto estende essa responsabilização a qualquer pessoa que submeta criança ou adolescente a vexame ou a constrangimento, com pena de detenção de seis meses a d ois ano s . O obj e t ivo é p e r m it i r qu e t o d o s qu e pratiquem a conduta possam ser adequadamente punidos, não só os que exercem autoridade, guarda ou vigilância. Para Contarato, não há sentido em limitar o

©MADRINA

enquadramento criminal apenas aos responsáveis legais pelos menores, tal como hoje ocorre, já que o artigo 227 da Constituição estatui ser dever da sociedade e do Estado, com absoluta prioridade, colocar crianças e adolescentes a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Além disso, nos termos do artigo 18, do ECA, “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trat amento desumano, v i o l e nt o, at e r r o r i z a nt e , vexatório ou constrangedor”. Recentemente, o lho de sete anos do senador foi exposto com comentários e fotogra a em uma postagem ofensiva em rede social. “A proposta é relevante para resguardar quaisquer crianças e adolescentes de futuros atos d e v i o l ê n c i a e constrangimento, em um

cenário de crescente exposição em massa. É fundamental que a legislação p e na l br as i l e i r a ofe re ç a proteção adequada às crianças e aos adolescentes contra

vexames e constrangimentos ou qu ais qu e r a ç õ e s qu e ofendam a sua dignidade”, frisa Contarato. Caso a proposta seja aprovada, o senador reitera

que não se aplicaria ao caso envolvendo seu lho, visto que a legislação não retroage. O projeto ainda inclui cláusula agravante especí ca, prevista para os Crimes contra

a Honra, determinado aumento de um terço das penas previstas para os crimes de difamação, injúria e calúnia cometidos contra crianças e adolescentes.

Deputado federal José Nelto defende pagamentos de pedágio via PIX ou cartões de débito e crédito TATI BELING

©SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES DE CARGA DE SÃO PAULO E REGIÃO

O deputado federal José Nelto (Po demos/GO) é autor do Projeto de Lei 4112/21, que torna obrigatório o pagamento da tarifa de pedágio, além do dinheiro em espécie, também por meio de PIX, cartão de débito ou crédito, em praça de cobrança. Esta Lei acrescenta dispositivo ao art. 3º da Lei nº 14.157, de 1º de julho de 2021, para estabelecer a obrigatoriedade de instalação de equipamento para recebimento do pagamento da tarifa em outros meios, além do dinheiro. “Uma das principais vantagens dessas ferramentas de pagamento, é a segurança. É

inegável que andar com dinheiro em espécie, em mãos, acaba expondo a pessoa a um risco muito maior”, defende José Nelto. Quando o pagamento é realizado por meio de cartão e/ou PIX, a tecnologia otimiza a operação e facilita o controle e comprovação das despesas. Ao contrário do projeto de lei, as Concessionárias que exploram as rodovias brasileiras, como regra, somente admitem que o pagamento da tarifa seja realizado por meio de papelmoeda. “Nesse sentido, é muito comum ver reclamações de

consumidores, entre as quais se inclui a minha experiência nas rodovias, diante à di culdade de dispor de valores em espécie para o pagamento da tarifa, seja por esquecimento, ou mesmo em que não se teve tempo de “sacar” os valores, ou por quaisquer outros motivos”, comenta o deputado. E completa: “a nal, qual é a justi cativa para que as concessionárias possam aceitar apenas o papel moeda como meio de pagamento?”, questiona o p a r l a m e n t a r. A p ó s s e r aprovada, esta lei entra em vigor após 90 dias de sua publicação.


BRASIL 13

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A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Senado aprova piso salarial da enfermagem, proposta de Contarato

Para Dilma Rousseff, China é a 'luz contra a decadência ocidental'

©www.atini.gov.br

©ALESP

O S enado Fe dera l aprovou, nesta quartafeira (24), o Projeto de Lei 2564/2020, de autor i a d o s e n a d or Fabiano C ontarato (Rede-ES), que institui o piso nacional salarial para enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e parteiras. "A aprovação do nosso projeto é a maior e mais justa homenagem que podemos fazer a esses pro ssionais! É uma dívida do Brasil com esses heróis imprescindíveis na vida da população e na garantia constitucional do direito à saúde. Piso salarial já", a rma Contarato. O senador também agradeceu o apoio da categoria e dos parlamentares à iniciativa. O valor do piso para enfermeiros cou estabelecido em R$ 4,75 mil. Além disso, o piso salarial será atualizado, anualmente, com base no Índice de Preço ao Consumidor (INPC). O texto prevê, ainda, que acordos individuais e coletivos respeitarão o piso estabelecido em Lei. O projeto segue para análise da Câmara dos Deputados. O projeto de Contarato previa piso salarial nacional de R$ 7,3 mil mensais para enfermeiros, de R$ 5,1 mil para técnicos de enfermagem, e de R$ 3,6 mil para auxiliares de enfermagem e parteiras. O relatório nal aprovado foi fruto de um acordo feito entre parlamentares e entidades representantes da categoria. “Sempre defendemos o valor do piso e demais direitos conforme apresentamos no PL 2564. No Parlamento prevalece a vontade da maioria, e as negociações políticas levaram em conta uma série de variáveis e atores envolvidos, resultando num acordo que redimensionou o valor do piso. Seguiremos, sempre, defendendo a categoria e sua nobre missão”, frisa Contarato.

Lei Paulo Gustavo: Senado aprova projeto de coautoria de Rose que destina R$ 3,8 bilhões à cultura ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 73 de 2021, a Lei Paulo Gustavo, de coautoria da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), foi aprovado nesta quarta-feira (24) no Senado Federal. A proposta repassa investimento da União para ações emergenciais de auxílio à cultura nos estados, municípios e no Distrito Federal. O PLP ainda será analisado pela Câmara dos Deputados. Além da coautoria, Rose apresentou emenda, aceita pelo relator do projeto, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), para vedar o recebimento simultâneo dos auxílios da nova lei e de uma anterior, a Lei Aldir Blanc (Lei 14.017 de 2020), que também prestou assistência à cultura na pandemia. Na justi cação da emenda, a senadora argumentou que, “da forma como redigida, a proposição deixa brecha para que os auxílios garantidos pelas leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc possam ser percebidos cumulativamente, o que tende a reduzir o número de bene ciários das duas medidas”. O senador Eduardo Gomes, relator do PLP, apresentou texto substitutivo ao projeto original com a proposta de garantir autonomia dos entes federados na escolha dos recursos que pretendem acessar, inclusive por meio de consórcio. Ele explicou que, “de um lado, isso evita que municípios pouco populosos, mas com relevante realização de lmagens e festivais — caso de Gramado no Rio Grande do Sul — quem fora do rateio dos recursos do audiovisual”. “De outro lado, permite que os municípios com características locais partilhadas com outros municípios vizinhos recebam os recursos e os executem via consórcio, com desejável ganho de escala”, a rmou. Ele também defendeu a manutenção da Plataforma +Brasil para assegurar agilidade e transparência na aquisição dos recursos. “Tal plataforma automaticamente gera uma conta bancária especí ca que poderá ser vinculada ao fundo de cultura ou ao órgão gestor de cultura, além de integrar um painel público de consulta, assegurando transparência e controle social”.

©FOLHAPRESS/PEDRO LADEIRA

E m d e b at e n o lançamento de um livro s obre a C h i na , a e x presidente Dilma Rousseff a rmou nesta segundafeira (22) que o país asiático tem um "modelo admirável". A expresidente expressou sua admiração pelo modelo chinês de sociedade, durante o lançamento do livro "China, o Socialismo do Século 21", escrito por Elias Jabbour e Alberto Gabriele. Segundo ela, a China “Representa uma luz nessa situação de absoluta decadência e escuridão que é atravessada pelas sociedades ocidentais. Disse também que há uma discriminação contra o país chinês. “Há toda uma gama de preconceito e sujeito oculto no caso do desenvolvimento da China”. Fez também elogios à construção um de modelo econômico alternativo ao Consenso de Washington, como cou conhecido o conjunto de medidas de caráter liberal aplicadas a partir dos anos 1990.

Comissão de Educação aprova medidas para evitar abandono e evasão escolar EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

A Comissão de Educação (CE) aprovou em decisão nal nesta quintafeira (25) o Projeto de Lei (PL) 871/2019, que estabelece medidas para evitar o abandono e a evasão escolar. A proposta que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA — Lei 8.069, de 1990) foi apresentada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) e recebeu voto favorável do relator, senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL). Se não houver recurso para votação em Plenário, a matéria segue para a Câmara dos Deputados. O abandono escolar ocorre quando um estudante não conclui o ano letivo. A evasão se dá quando o aluno termina o ano letivo, mas não retorna à escola no ano seguinte. O texto prevê a realização de recenseamento anual de crianças e adolescentes em idade escolar. A proposta também atribui ao poder público a competência de fazer a chamada pública dos estudantes e zelar, junto aos pais e responsáveis, pela frequência à escola. O projeto estabelece ainda estratégias para prevenir a evasão e o abandono escolar, inclusive por meio de visitas domiciliares. “Ainda que o uxo escolar esteja melhorando no Brasil, a ocorrência de crianças sem acesso à escola, com altas taxas de evasão, é um componente explosivo, pois coloca a sociedade diante de um grande contingente de crianças e jovens para os quais as perspectivas de futuro cam fechadas”, justi cou Marcos do Val. Para Rodrigo Cunha, o abandono e a evasão escolar “persistem como uma chaga incurável” que afeta especialmente os mais pobres. “A proposição se mostra meritória e oportuna. Trata em uma perspectiva sistêmica e duradoura da preocupação de que o Estado brasileiro atue, de maneira consistente, com vistas a assegurar o processo de escolarização de todas as crianças e adolescentes, de modo a não permitir que nenhum deles seja relegado ao abandono”, disse. O relator sugeriu das emendas ao texto. A primeira prevê apoio técnico e nanceiro da União para a realização de recenseamento anual com crianças e adolescentes em idade escolar, de chamada pública desses estudantes e de busca ativa, junto a pais ou responsáveis, pela manutenção da frequência à escola. A segunda estabelece a obrigação do poder público adotar estratégias para prevenir e combater não só a evasão, mas também o abandono escolar. “Lembramos que o abandono ocorre aos poucos, con gurando uma forma de absenteísmo, motivada pelas mais diversas razões, ao passo que a evasão se a gura como o rompimento de laços com a escola”, observou.

Debate alerta para garimpo ilegal, desnutrição e doenças que atingem ianomâmis A deputada Joenia Wapichana e o vice-presidente da CDH, senador Fabiano Contarato, ouvem o procurador federal, representante Funai, Álvaro Simeão, em p r o n u n c i a m e n t o v i a v i d e o c o n f e r ê n c i a Na maior reserva indígena do Brasil, os ianomâmis vivem um cenário de guerra contra fome, desnutrição de crianças, doenças como a malária, precariedade no socorro médico e invasão do garimpo ilegal. Esse colapso, em 350 comunidades

que somam cerca de 30 mil pessoas, preocupa o Senado, que nesta quinta-feira (25) promoveu audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa para debater a situação e encontrar mecanismos que ajudem a resguardar os direitos desses povos. Ao presidir a audiência pública, o senador Fabiano Contarato (RedeES) destacou o descumprimento por parte do governo federal de preceitos fundamentais dos povos indígenas. Ele relatou visita feita aos povos guarani-kaiowá, no Mato Grosso do Sul, onde também observou situação dramática. “Contra fatos não há argumentos, os indígenas estão sendo dizimados”. A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse que tão grave quanto a degradação do meio ambiente é a insistência do governo em contestar imagens, como as de crianças desnutridas. “Como médica, digo que isso é muito grave, o governo quer dar a entender que estamos vendo o que não existe”. A deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) destacou audiência na Câmara nessa quarta-feira (24) sobre a morte de duas crianças indígenas que teriam sido sugadas por maquinários em garimpos ilegais. “O garimpo ilegal aumentou seriamente nesses dois últimos anos. Se antes era um crime dos que buscavam o pão, hoje passou a ser domínio de grandes empresas. A própria Polícia Federal aprendeu 60 aeronaves. O garimpo não só impacta socialmente e culturalmente os povos indígenas, como o meio ambiente e agora causa a morte de crianças”. O médico e pesquisador em saúde pública da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) Paulo César Basta destacou que há 20 anos levantamento do IBGE já apontava que a taxa de mortalidade infantil para os povos indígenas era quase duas vezes maior que a média nacional. Mais recentemente, outro levantamento feito pela imprensa, no período de 2000 a 2012, mostrou que nas aldeias indígenas houve uma perda 240% maior de vida de crianças — com os ianomâmis no topo da lista — na comparação com as médias brasileiras de outras regiões do País. “Isso é re exo da desigualdade, do preconceito, da discriminação, do racismo estrutural que é historicamente construído no nosso País”. Dados da própria Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), disse Basta, informam que no período de 2010 a 2016 a média brasileira é de 13 mortes para cada mil nascidos vivos, número que salta a quase 30 entre os indígenas. Estudo de 2008/2009, em 130 aldeias nas cinco macrorregiões do país, apontou também na Região Norte que a prevalência de baixo peso por idade era de 11,14% e de 40,8% para a baixa estatura. Entre os ianomâmis, esses índices batiam 60% e 80%, respectivamente. “Em área con agrada por garimpo mantém-se elevado o dé cit de estatura e peso para a idade. Isso está associado a baixa estatura das mulheres, mostrando um traço intergeracional, que signi ca que a desigualdade, a penúria, a escassez é tão grande que é transferida de uma geração para a outra”. O pesquisador informou que recentemente a Funai vetou pesquisa sobre contaminação por mercúrio entre os ianomâmis e fez um pedido público para que haja a revisão dessa decisão. O secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai), Robson Santos da Silva, contestou as informações divulgadas pela reportagem do Fantástico ao declarar que 36 milhões de atendimentos foram feitos pelo governo federal a todo os povos indígenas. O Distrito Sanitário Especial Indígena Ianomâmi (DSEI), que tem 37 polos base, com 77 unidades básicas de saúde indígena para os 9,6 milhões de hectares de abrangência ianomâmi, deve receber neste ano R$ 103 milhões, maior valor destinado a uma etnia, segundo o secretário. Ele informou que 52% dos 14,6 mil pro ssionais da saúde direcionados a esses atendimentos são indígenas. “Foram distribuídos suplementos, vitaminas. Estamos fazendo treinamentos, instalação de sistema de abastecimento de água potável, distribuição de ltros de água — a rmou o secretário”. Silva apontou o desenvolvimento de ações como a criação de grupo de trabalho temporário para apoiar o distrito; elaboração em conjunto com plano de intensi cação das ações de malária, tungiase, desnutrição infantil; contratação de mais 20 pro ssionais para iniciar as atividades ainda em dezembro em regiões de nidas como prioritárias. “É um local que sempre teve e sempre vai ter esses problemas, porque aquela população só vive em guerra. A saúde bem chega, mas [o pro ssional] tem muito receio de ser morto no meio do caminho”, a rmou Goes, ao reconhecer que as crianças sofrem "fome de carne, de peixe, de frutas da roça, porque os pais não cultivam como antes porque têm medo de serem mortos onde estão caçando ou roçando", por serem perseguidos.


14 GERAL

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Empregado pode Microrrobôs em formato de peixe prometem “demitir” o patrão? revolucionar o combate Entenda os termos ao câncer da rescisão indireta Cientistas testam o uso de microrrobôs no transporte de medicamentos quimioterápicos a células cancerígenas ©ANIL KUMAR/UNSPLASH

Atraso de pagamento e não recolhimento do FGTS estão entre as situações que podem justicar o encerramento de contrato por parte do trabalhador ©CLOVES LOUZADA

O Brasil conta com mais de 211 mil registros em dívida ativa por conta do não recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho, de acordo com dados d a Pro c u r a d or i a G e r a l d a Fazenda Nacional. No Espírito Santo, há mais de 4.300 empresas devedoras em dívida ativa por essa situação de inadimplência. O advogado e membro da Comissão de Direito do Trabalho da OAB/ES, Leonardo Ribeiro, explica que essa condição pode levar à rescisão indireta do contrato de trabalho por parte do empregado, prevista no Artigo 483 da CLT. “A rescisão indireta é a extinção do vínculo de trabalho por culpa do empregador. O trabalhador que teve seus direitos trabalhistas violados, ele pode rescindir o contrato de trabalho. Nessa hipótese, são resguardos seus direitos das mesmas verbas rescisórias de uma dispensa sem justa causa, em regra, saldo de salário, 13º salário proporcional, férias vencidas e vincendas, liberação do FGTS, multa de 40% e habilitação no seguro desemprego. A única diferença é que no aviso prévio na rescisão indireta é indenizado”, explica Leonardo O jurista destaca que, dentre os motivos para a rescisão indireta, previstos na CLT, estão o atraso de salários; não recolhimento do

Advogado Leonardo Ribeiro

FGTS; não fornecimento de equipamento de segurança individual; ofensas ou agressão física por parte do empregador ou seus prepostos; entre outras causas. “A justa causa é prevista na CLT e pode ser aplicada para ambos: do empregador para o empregado e do empregado para o empregador. Em ambos os casos deve ser a última medida. O que deve car claro é que não é qualquer pleito ou qualquer descumprimento que enseja a aplicação da justa causa, isso p ar a amb o s , e mpre g a d o e empregador. Deve haver sempre a análise do contexto”, orienta. TST mantém decisão à favor de analista de sistemas A 8 ª t u r m a d o Tr i b u n a l S u p e r i o r d o Tr a b a l h o

reconheceu o direito de um consultor de Tecnologia da Informação em uma rescisão indireta motivada por atrasos dos depósitos do FGTS. O colegiado avaliou que a situação c ar a c te r i z a f a lt a g r ave d o empregador e justi ca a rescisão com o pagamento de todas as parcelas devidas no caso de dispensa sem justa causa. “O trabalhador pode conferir se o seu FGTS tem sido recolhido devidamente pelo empregador. É possível acessar o extrato no site da Caixa Econômica Federal. Em caso de ausência dos depósitos, é importante sinalizar ao setor responsável e, em caso de s o lu ç ã o a d e qu a d a , bu s c ar orientação jurídica adequada em s e u s i n d i c a t o”, e s c l a r e c e Leonardo.

Uma nova pesquisa publicada no jornal ACS Nano criou possibilidades para o avanço do combate ao câncer. Microrrobôs em formato de animais — peixes, caranguejos e borboletas — foram feitos para transportar medicamentos quimioterápicos até locais especí cos do corpo humano. O objetivo da quimioterapia é acabar com as células cancerígenas, mas, nesse processo, ela acaba afetando também as células sadias. Os microrrobôs seriam a solução para esse problema, diminuindo

os efeitos colaterais do procedimento. Os robôs são feitos de hidrogel e impressos em uma tecnologia 4D — objetos 3D que mudam de forma em resposta a certos estímulos. Nesse caso especí co, o estímulo é uma mudança no pH de células cancerígenas. A mudança de forma varia com o modelo — peixes abrem as bocas e os caranguejos abrem as pinças. Depois de impressos, os robôs são mergulhados em uma solução de nanopartículas de óxido de ferro que os tornam magnéticos.

A invenção foi testada em vasos sanguíneos arti ciais, onde os “animais” carregam os medicamentos da quimioterapia e são encaminhados até locais especí cos de células cancerígenas dentro de uma p l a c a d e Pe t r i . E nt ã o, o s pesquisadores abaixam o nível do pH dessas células, tornandoas ácidas, o que faz com que os robôs mudem de forma e soltem as drogas, consequentemente matando as células mais próximas de si. Os microrrobôs ainda estão na fase de teste, e para funcionarem em seres humanos precisam receber aprimoramentos. Entre eles, é necessária a diminuição de tamanho — embora “micro”, ainda não conseguem viajar em vasos sanguíneos reais. Também é necessária a criação de um meio para que as invenções possam ser vistas e rastreadas de dentro do corpo.

20% dos professores brasileiros lecionam em mais de uma escola; nos EUA, são 1,7% A transmissão será no canal da Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas

©PEXELS/COTTONBRO

Enquanto nos Estados Unidos ap enas 1,7% dos do centes trabalham em mais de uma escola, no Japão 2,7% e na França 4,7%, no Brasil 20% dos professores estão em mais de uma instituição, sendo que ao considerar todas as etapas nas quais um professor brasileiro do ensino fundamental 2 leciona (EF2), o percentual sobe para 45%. Essa elevação ocorre porque, no Brasil, apenas 39% dos professores do EF2 regular lecionam somente nessa etapa e modalidade: 27% lecionam no EF2 e no ensino médio; 9% no EF1 e no EF2; 7% no EF2 e na Educação de Jovens e Adultos (EJA); e os demais no EF2 e outras combinações de etapas. As a rmações compõem a pesquisa recém-lançada Volume de trabalho dos professores dos anos nais do ensino fundamental, realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) e D a d o s p a r a u m D e b at e Demo crático na Educação

(D3e). Também é apresentado que mais de 80% dos professores lecionam em tempo integral nos Estados Unidos, França e Japão, enquanto no Brasil apenas 27% o fazem, apresentando a menor média de horas de trabalho entre os quatro países: 36 horas s emanais. Porém 73% dos professores brasileiros do EF2 trabalham em tempo parcial em uma escola especí ca: média de 28 horas semanais, podendo acumular mais horas de trabalho, pois podem lecionar à noite em outras escolas.

Sendo assim, o que se evidencia é que no Brasil os professores acumulam horas de trabalho e se responsabilizam por mais salas de aula, o que não corre nos outros países, escancarando a necessidade de uma mudança de paradigma. Segundo os pesquisadores, o professor deve deixar de ser fornecedor de aulas nas redes e se tornar professor de uma única escola, em uma única etapa de ensino, dedicando-se exclusivamente ao cargo.


COTIDIANO 15

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Idosos são retratados de forma estereotipada pela mídia

Novo mineral é descoberto dentro de diamante africano ©AARON CELESTIAN/MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DO CONDADO DE LOS ANGELES

Professora analisa os estereótipos utilizados para retratar a velhice em anúncios, com os quais o público dessa faixa etária pouco se identifica ©TADEUSZ LAKOTA/UNSPLASH

A imagem dos idosos na mídia é comumente estereotipada e não se adequa às verdadeiras necessidades e nuances dessa faixa etária. A professora Sandra Souza, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, fala ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre o estudo que conduziu para analisar a representação da velhice em peças publicitárias, em especial imagens que retratam a relação dos indivíduos com tecnologias de informação e comunicação. Primeiramente, Sandra explica que a aparição de idosos na mídia segue dois possíveis padrões: o idoso é retratado como uma

pessoa fragilizada e dependente – opção pouco explorada na publicidade, por não corresponder ao ideal de vida que a mesma promove -, ou de forma r o m a nt i z a d a . C o n f o r m e a professora, a narrativa midiática “traz uma versão da velhice na qual a pessoa vive eternamente c o m a l g u é m a o s e u l a d o, envelhece e morre com seu parceiro, e não possui limitação alguma. As pessoas que chegam nessa faixa etária não se veem nesses anúncios”. Para Sandra, as falhas na representação da velhice ocorrem porque quem cria tais imagens é o adulto

contemporâneo, que ainda não chegou nessa fase da vida. “Os idosos estão cada vez mais utilizando a tecnologia e, com a ascensão do marketing digital, eles estão perdendo um mercado consumidor em potencial”, conta a professora. Pa r a u m a r e p r e s e n t a ç ã o transparente e precisa da velhice, Sandra recomenda “ouvir essas pessoas, e não presumir que se sabe tudo sobre elas”. Além disso, a entrevistada ressalta a necessidade de retratar tal público de forma menos homogênea, uma vez que idosos de diferentes idades apresentam demandas e limitações distintas.

Foi em Orapa, cidade do interior da Botsuana, país do sul da África, onde se encontrou um pequeno diamante de 81 miligramas. A pedrinha foi levada para os Estados Unidos e vendida para o mineralogista George Rossman. O que não se sabia até então era que ela continha um mineral raro, a davemaoita. Oliver Tschauner, professor da Universidade de Nevada, estuda diamantes do interior profundo do planeta e se interessou pelo exemplar de Rossmann. Analisando com raios-x, os pesquisadores observaram pedacinhos de outro material incrustado. Se tratava de uma grande descoberta. O material em questão era o silicato de cálcio. As moléculas dessa substância podem se organizar de muitas maneiras. Uma delas, chamada perovskita, foi a estrutura encontrada pelo grupo de Rossmann. O mineral foi batizado em homenagem a HoKwang 'Dave' Mao, cientista que fez importantes des cob er tas nas áreas de geoquímica e geofísica. O estudo foi publicado no dia 11 de novembro na revista

cientí ca Science, uma das principais do mundo. As características únicas da davemaoita forneceram pistas da sua procedência. No interior da Terra, muito abaixo dos oceanos e dos continentes, em uma região inalcançável, está localizado o manto terrestre. Constituído de um mar de rocha em estado líquido, chamada de magma, essa região chega a altíssimas temp eraturas e press õ es. Nessas condições são formadas muitas rochas, inclusive os diamantes. Porém, a lgumas del as existem exclusivamente nas altas pressões do interior do manto. É o caso da perovskita de silicato de cálcio, que forma a davemaoita. Esse mineral se degrada na viagem de subida até a superfície e não chega até n ó s . Pe l o m e n o s , a s s i m pensavam os cientistas. "Quando nós abrimos o diamante, a davemaoita se manteve estável por cerca de um segundo, e então nós a vimos expandir e inchar no microscópio e, basicamente, se transformar em vidro", disse Tschauner para o site da revista britânica New Scientist. Foi de carona no diamante,

um dos materiais mais duros conhecidos, que esse mineral conseguiu resistir às mudanças de pressão no caminho percorrido até ser encontrado na mina de Orapa. A davemaoita é um dos três principais componentes do manto inferior da Terra e o único que carrega urânio e t ór i o n o s e u i nt e r i or. O decaimento desses elementos radioativos produz energia e gera calor nas camadas mais internas do planeta. Na profundidade da Terra, o calor se movimenta e promove a circulação do magma. As grandes correntes de rocha líquida resfriam ao atingirem a camada mais super cial, dando origem à crosta terrestre e ao fenômeno do tectonismo, o deslocamento dos continentes. Agora, cientistas querem bus c ar out ro s d i amante s c ont e n d o d ave m a oit a . O exemplar encontrado tem átomos de potássio e pesquisadores pretendem usar essa pista na caçada por mais material para estudo. Existe interesse porque minerais raros como esse muitas vezes contêm a solução de grandes mistérios da ciência.


16 GERAL

25 A 30 DE NOVEMBRO/2021

Cientistas criam anti-inamatório e protetor solar usando restos de pequi As novidades atendem a uma grande demanda do mercado por medicamentos e cosméticos mais naturais ©LUCINÉIA DOS SANTOS/UNESP

soluções. As novidades, já patenteadas pela Agência Unesp de Inovação (AUIN), atendem a uma grande d e m an d a d o m e rc a d o p or medicamentos e cosméticos mais naturais, como forma de substituir as substâncias sintéticas encontradas nas formulações dos produtos atuais, que podem gerar algum efeito n o c i v o . “A i n d ú s t r i a farmacêutica não para de buscar novas medicações e soluções estéticas que sejam e cazes, seguras, de baixo custo e que não causem consequências negativas para o organismo. Nós temos esses produtos. Além disso, nossas inovações contribuem para o bem-estar ambiental, econômico e social, agregando valor a um resíduo que normalmente é descartado”, celebra a professora. S egundo a do cente, para produzir uma bisnaga de 60 gramas do novo creme antiin amatório, por exemplo, o custo aproximado seria de R$ 8,10, considerando desde etapas de coleta, transporte e materiais até o preparo do extrato e do creme no laboratório.

Atualmente, a mesma quantidade de um creme antiin amatório comercial, também feito com ativos naturais, chega a ser vendida por R$ 65,00. A ideia inicial da pesquisa surgiu a partir de um outro estudo desenvolvido por uma colega de departamento de Lucineia, que trabalhava para aumentar o rendimento da extração de óleo do pequi, cuja produtividade é muito baixa — a quantidade de óleo extraído é inferior a 10% da massa de polpa. “Essa docente estava criando uma prensa para otimizar essa retirada. Nós dividimos a mesma sala e eu obser vei que ela prensava o pequi, tirava o óleo e desprezava o resto. Eu pensei que naquele resíduo poderiam ter substâncias importantes que dariam para ser aproveitadas. Quando analisamos esse material, o que imaginei se c o mp r o v o u . E n c o nt r a m o s importantes compostos t o q u í m i c o s q u e , provavelmente, estão respondendo pelas atividades anti-in amatória, antioxidante e fotoprotetora”, descreve. Para avaliar a ação do creme

contra in amações, os cientistas injetaram na pata de camundongos uma substância irritante chamada Carragenina, que gerou um processo in amatório na região, causando inchaço, vermelhidão e aumentando a temperatura do local, fatores que favoreceram o aparecimento de um edema. Após a aplicação do creme desenvolvido na Unesp, os ©FRUTOS ATRATIVOS CERRADO/FLICKR

Conhecido por suas aplicações na indústria farmacêutica, de cosméticos e na culinária, o óleo de pequi é extraído a partir da polpa e da amêndoa do fruto originário do Cerrado. No entanto, o que sobra do pequi após esse processo (cerca de 90% de toda sua massa) geralmente é descartado, gerando um enorme desperdício que pode chegar a centenas de toneladas por ano. Foi esse cenário que motivou p es quis adores d a Unesp a encontrarem uma forma criativa, sustentável e barata de aproveitar os restos do fruto. Em Assis, no i nt e r i o r d e S ã o Pau l o, o s cientistas desenvolveram dois novos produtos a partir dos resíduos da fruta: um creme com atividade anti-in amatória e um protetor solar com propriedades a nt i ox i d a nt e s , c ap a z e s d e retardar o envelhecimento da pele. Com as inovações, o pequi poderá ser melhor aproveitado economicamente, aumentando o nível de vida das pessoas que dependem dele para sobreviver, além de colaborar com o meio ambiente. Os produtos desenvolvidos com o resíduo do fruto apresentaram resultados promissores em testes farmacológicos. “Tivemos a mesma resposta que produtos que já estão consolidados no mercado utilizando uma matéria-prima genuinamente brasileira que iria para o lixo”, c om e m or a a f ar m a c ê ut i c a bioquímica Lucinéia dos Santos, professora da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp e coordenadora dos estudos que resu lt aram na cr i aç ão d as

Já a análise das propriedades do protetor solar foi feita por meio de um teste com o mesmo aparelho utilizado por grandes f a b r i c a n t e s d o s e t o r. O equipamento emite um feixe de luz intenso e uniforme que ilumina as amostras do material e, a partir da interpretação dos dados que são gerados, ele mede o fator de proteção do produto. A tecnologia segue as exigências de regulação da FDA (Food and D r u g Ad m i n i st r at i on ) , d a Agência Federal de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos e da Associação Europeia de Cosméticos. A docente, que já trabalhou com diferentes tipos de resíduos ao longo da carreira, explica que, c om o aprov e it a m e nt o d a enorme quantidade de pequi que é desprezada, é possível agregar valor à biodiversidade. “Os frutos são coletados intensamente para consumo nos centros urbanos,

Alexia Debacker Espinoso

p e s q u i s a d ore s m e d i r a m o volume da lesão e monitoraram o quanto ela regrediu nos roedores com o passar do tempo. Em apenas duas horas, já foi possível notar a diferença. Em três dias, a área estava completamente recuperada.

mas ninguém planta o pequizeiro de forma ordenada. A produção acontece de forma predatória. Na maioria das vezes, são famílias que trabalham nessa cultura sem nenhum tipo de orientação técnica”, relata. Os estudos foram realizados

em parceria com uma cooperativa de Minas Gerais, que ajudou os pesquisadores a entenderem a dinâmica da produção do pequi no país. No Estado, cerca de 12 mil famílias, de 170 municípios, dependem economicamente da fruta. Encontrado no Cerrado, em regiões de boa luminosidade e de menor fertilidade natural do solo, o pequi corre o risco de ser extinto pela própria agricultura predatória e pela pecuária desordenada. “A conservação do Cerrado requer a valorização de seus recursos naturais. A partir do momento em que as pessoas entenderem a importância de preservar o pequizeiro com uma cultura sustentável, vamos conseguir evitar a extinção. Além disso, com esses novos produtos podemos melhorar a condição econômica e social das famílias que dependem desse fruto para a su a sub s istê nc i a”, d e fe nd e Lucinéia. Financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os estudos que resultaram nas patentes contaram com a participação de alunos de graduação e mestrado da Unesp. Agora, os pesquisadores têm trabalhado para otimizar as substâncias e buscado parceiros para dar continuidade nos trabalhos. “Precisamos atender as necessidades da população usando toda a riqueza que temos na biodiversidade e, para isso, procuramos parceiros na indústria para iniciar os testes em humanos dos produtos desenvolvidos com o resíduo do pequi”, conclui a docente.

Senado aprova título de patrimônio históricocultural afro-brasileiro ao Cais do Valongo O Cais do Valongo foi o principal porto de entrada de africanos escravizados na América Latina ©GETTY IMAGES

Em votação simbólica, o Plenário do Senado aprovou, na última quinta-feira (18), o reconhecimento do sítio arqueológico Cais do Valongo, na região portuária do Rio de Janeiro, como Patrimônio da História e Cultura AfroBrasileira e essencial à formação da identidade nacional. O PL 2.000/2021, do senador Paulo Pa i m ( P T- R S ) , e s t a b e l e c e diret r izes p ara a prote ç ão especial do Cais do Valongo, em decorrência do título de Patrimônio Mundial da Humanidade concedido pela Unesco, e prioriza ações de

preservação da memória e de promoção da igualdade racial como meio de reparação à

população afrodescendente. O projeto segue para análise da Câmara dos Deputados.

O Cais do Valongo foi o principal porto de entrada de africanos escravizados na América Latina e se tornou ponto de encontro da comunidade negra no Rio de Janeiro, então capital do país. Segundo Paim, que apresentou o projeto em atendimento a demanda da Defensoria Pública da União, preservar esse lugar histórico “não é apenas uma forma de ressaltar o sofrimento e o s e nt i me nto d e i njust i ç a trazidos pela nossa história, é investir na resistência e nas lutas que se constroem por meio do conhecimento”. De acordo com a proposta, o

órgão de proteção do patrimônio histórico-cultural da União deverá realizar consultas públicas às entidades da sociedade civil de defesa dos direitos da população negra para execução de projetos no Cais do Va l o n g o e s e u e n t o r n o , observadas as normas e diretrizes de proteção e preservação do patrimônio material e imaterial. Além disso, de nirá fontes de recursos para sua manutenção e seu custeio e tratará da execução de projetos que valorizem a contribuição dos africanos na constituição da nação brasileira. O re l at or, s e n a d or C a r l o s

Portinho (PL-RJ), entendeu que a preservação do Cais do Valongo constitui “obrigação do Estado brasileiro para com a história do regime escravagista, da diáspora africana e da contribuição das pessoas escravizadas para a formação e o desenvolvimento cultural de nossa sociedade” para estimular a lembrança desse capítulo da história da humanidade. Na leitura do relatório, que acrescenta seis emendas de redação, Portinho s audou a imp or t ânci a dos servidores públicos do Rio de Janeiro que contribuíram para a preservação do Cais do Valongo.


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