Jornal Fatos & Notícias 460

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Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia ANO XII - Nº 460 10 A 17 DE FEVEREIRO/2022 SERRA/ES

©REUTERS

13 milhões de pessoas passam fome por causa da seca na África

Distribuição Gratuita

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 O cupim é uma ótima opção de carne bovina para o almoço ou jantar. Que tal saboreá-lo com uma incrível farofa de alho? Pág. 8 HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Bolsonaro reajusta piso salarial do professor de educação básica Pág. 12

ANA MARIA IENCARELLI

8 O congolês Moïse Kabagambe

escapou de genocídio em seu país para vir ser massacrado no Brasil Pág. 10

FERNANDO RIBEIRO

8 A impaciência não é a

melhor maneira de harmonizar pensamentos e interpretações distintas Pág. 14

Vitória divulga resultado do Projeto Cultural Rubem Braga Pág. 16

Amputação por câncer de pênis no Brasil cresceu 1.604% nos últimos 14 anos Pág. 9

ONU alerta que cenário pode piorar nos próximos meses Escola leva cisternas à agricultura familiar e amplia renda no sertão do Piauí ©JOSÉ CARLOS BRITO

Escola Beta, em Betânia do Piauí, leva cisternas à agricultura familiar Pág. 15

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Orquídea dada como extinta é redescoberta e reproduzida in vitro ©LEGADO DAS ÁGUAS

Após meio século de ter desaparecido das florestas atlânticas paulistas, espécie voltou para a natureza Pág. 2

Por que há casos em que lhos 'podam' os pais idosos com certa violência? Fafi reabre vagas para audições para Curso Básico em dança Pág. 11

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2 MEIO AMBIENTE

10 A 17 DE FEVEREIRO/2022

Orquídea dada como extinta é redescoberta e reproduzida in vitro Após meio século de ter desaparecido das orestas atlânticas paulistas, espécie voltou para a natureza ©LEGADO DAS ÁGUAS

Após meio século de ter sido declarada extinta no habitat das orestas atlânticas paulistas, a Octomeria estrellensis, voltou para a natureza. O trabalho de reintrodução faz parte de um programa de conservação do Legado das Águas, maior reserva de Mata Atlântica do País, que está reproduzindo espécies raras e ameaçadas de extinção para propagação no bioma. A redescoberta dessa espécie permitiu a reprodução de cerca de mil mudas, podendo, agora, dar a possibilidade de tirar o nome dessa orquídea da lista de espécies extintas e ser propagada para outras áreas de oresta. O estágio avançado de conser vação da oresta no Legado das Águas é uma das c h av e s p a r a o s u c e s s o d o Pro g r ama d e C ons e r v a ç ã o desenvolvido pela Reserva. Na área, já foi registrado um número signi cativo de animais e plantas

raras ou em perigo de extinção. Dentre os projetos bemsucedidos com a ora nativa, está o com as orquídeas, sendo a redescoberta da Octomeria estrellensis um marco para a pesquisa. Atualmente, o Legado das Águas constitui o maior banco genét ico da O c tomer ia no mundo. A pesquisa com essa espécie foi resultado da parceria da reserva com o biólogo Luciano Zandoná — responsável pela estruturação do programa de conservação de orquídeas e autor da redescoberta da Octomeria estrellensis — e com o Orquidário Colibri, responsável pela reprodução in vitro. Em julho de 2021, após mais de três anos de estudo e período de reprodução, as mudas foram reintroduzidas nas trilhas da reserva privada. David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, explica

que, futuramente, as mudas serão d e s t i n a d a s p a r a f o m e nt a r parcerias com parques e Unidades de Conservação para a propagação da O c tomer ia. “Desde a criação do Legado das Águas, em 2012, temos uma meta bem clara: fazer da conversação da Mata Atlântica um negócio, que gere valor para todos, a nós e para sociedade. Resultados como esse nos mostram que estamos no caminho certo. É um trabalho muito signi cativo para o bioma ao atuarmos com a reprodução para reintrodução, pois permite a disseminação da espécie, viabilizando a sua existência a longo prazo. Estudamos também a possibilidade de produção e comercialização de orquídeas da Mata Atlântica, o que gera uma nova cadeia produtiva inclusiva e desestimula a coleta ilegal na oresta”, diz. Para reintrodução, as mudas serão cultivadas por mais cerca

Camaleão Furcifer labordi de 12 a 24 meses em orquidário. O processo é necessário para que as plant as s e for t a le çam e c ons i g am v ive r e m out ro s ambientes. Em quatro anos de parceria no Legado das Águas, de 2015 a 2019, o biólogo Luciano Zandoná, resgatou sete mil orqu í d e a s e re g i s t rou 2 3 2 espécies na oresta da Reserva — 14 constam na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção. Uma delas foi a Octomeria estrellensis, foram 38 exemplares

resgatados em 2017. Do total, 14 foram incluídos no Orquidário do Legado das Águas para serem polinizados manualmente e darem frutos. As sementes geradas no processo foram enviadas para o Orquidário Colibri, onde foram cultivadas in vitro (reproduzidas em vidros com técnicas laboratoriais) e submetidas às demais etapas de reprodução que deram origem a mil mudas da espécie.

“Esse é um importante marco para a ora da Mata Atlântica. Estamos falando de uma enorme possibilidade de ter evitado a total extinção da espécie na natureza”, diz Luciano Zandoná. O biólogo ressalta que a Octomeria estrellensis é uma micro-orquídea endêmica do Brasil, que ocorre somente na Mata Atlântica, o que aumenta a necessidade de ações de conservação da espécie. “Esse resultado mostra, na prática, como o investimento em pesquisa cientí ca retorna como negócios viáveis”, comemora Zandoná. Os outros 24 exemplares da Octomeria foram realocados na trilha do Legado das Águas, e um foi herborizado segundo as técnicas convencionais e depositada no Herbário SP, do Instituto de Botânica de São Paulo.

Flores perdem "pontualidade Austrália vai investir US$ britânica" e aparecem um 35 milhões para proteger mês antes no Reino Unido os coalas Segundo estudo, mudança é um alerta de que a trama de interações que mantêm os ecossistemas funcionando de forma sustentável está em risco ©MAGNUS D'GREAT/PEXELS

Não são apenas os britânicos que têm fama de pontuais. A natureza também possui um relógio interno bem calibrado para diferentes processos ao longo das estações do ano. Mas a crise climática está afetando esse equilíbrio. Um novo estudo mostra que as ores da primavera do Reino Unido estão abrindo quase um mês mais cedo do que antes de meados da década de 1980. O culpado? O aquecimento global. A constatação foi feita com base em 420 mil observações da primeira data de oração de 406 espécies de plantas. Os registros, que datam de 1753 à 2019, foram realizados por jardineiros, naturalistas, além de entidades como a Royal Meteorological

Society do Reino Unido. Os dados foram compilados e analisados em um projeto de ciência cidadã chamado Nature's Calendar (Calendário da Natureza), que estuda os efeitos do clima na vida selvagem. A pesquisa liderada por Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge, descobriu que as plantas estavam abrindo suas ores 26 dias antes, em média, após 1986, coincidindo com o período de intensi cação das temperaturas anuais no globo. “É provável que a in uência das mudanças climáticas seja maior para as plantas com ores na primavera, onde a habitual onda de temperaturas mais quentes que desencadeiam a oração c o m e ç a m a i s c e d o”, d i z à

NewsScientist um porta-voz da Royal Horticultural Society do Reino Unido. Em 2019, a primeira data média de oração foi em 2 de abril, quase um mês inteiro antes do que na década de 1980, um sinal de que a trama de interações que mantêm os ecossistemas funcionando de forma sustentável está em risco. Como na prática nem todas as plantas estão orescendo ao mesmo tempo, os cientistas alertam que a perda de sincronia pode ter consequências desastrosas para o ambiente e os animais que não se adaptam às mudanças, ocasionando um fenômeno de incompatibilidade ecológica. Esse processo pode afetar ins etos, p áss aros e out ros animais selvagens que evoluíram para sincronizar com o orescimento de certas plantas. O aquecimento nos meses de abril e maio, que precipita o boom de ores da primavera no Reino Unido, também parece estar mudando a quantidade de chuva que cai e de neve que derrete, ambos fatores que impactam a oração.

Atingida pela seca, por incêndios orestais gravíssimos e pelo desmatamento, a Austrália perdeu cerca de 30% de seus coalas, uma das espécies mais emblemáticas do mundo, nos últimos três anos, a rma a Australian Koala Foundation. Felizmente, esforços estão em andamento para reverter essa tendência e ajudar o marsupial a se recuperar. Umas dessa iniciativas vem do governo australiano na forma de US$ 50 milhões (US$ 35 milhões) para garantir a proteção e a recuperação dos animais. O dinheiro será destinado a “restaurar o habitat dos coalas, melhorar nossa compreensão das populações de coalas, apoiar o treinamento no tratamento e c uid ados com os co a l as e fortalecer a pesquisa sobre os resultados da saúde dos coalas”, disse o primeiro-ministro Scott Morrison. HSI, WWF Austrália e o Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal argumentam que os efeitos combinados de múltiplas ameaças contínuas –

aquecimento global, doenças e destruição de habitat – signi cam que a espécie está em um caminho acelerado para a extinção. Por i s s o, a s i ns t itu i ç õ e s apresentaram uma indicação ao ©GETTY IMAGES

governo federal pedindo que ava li ass e urgentemente as populações de coalas de Queensland, NSW e do Território da Capital Australiana para que seja atualizada a listagem do animal. Considerado “vulnerável” desde 2012, os coalas agora requerem o status mais sério de “em perigo” devido ao declínio contínuo no número de população e habitat, dizem os ambientalistas.

O grupo também pede ao governo que nalmente desenvolva um plano de recuperação que sucessivos governos australianos ainda não c ons e g u i r am e nt re g ar. “O d i n he i ro s oz i n ho nã o é o problema para salvar o coala. Você precisa de uma estrutura de conservação forte”, disse ao e Guardian Alexia Wellbelove, gerente sênior de campanha da Humane Society International (HSI). A diretora regional do IFAW, Rebecca Keeble, a rma que "“precisamos entender qual é a estratégia para salvar essa espécie e quanto isso vai custar, porque US$ 50 milhões é apenas uma gota no oceano. Sem abordarmos a causa raiz de seu declínio, que é a perda de habitat e as mudanças climáticas, estamos apenas tapando buracos em um navio afundando". Atu a l me nte, o c o a l a é considerado uma espécie “vulnerável” na Lista Vermelha da União Internacional para a C ons e r v a ç ã o d a Natu re z a (IUCN). De acordo com a IUCN, existem entre 100 e 500 mil coalas na natureza, mas a Australian Koala Foundation acredita que o número é bem menor. O grupo independente e sem ns lucrativos estima que a população de coalas seja de apenas 58 mil.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

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Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores


CULTURA 3

10 A 17 DE FEVEREIRO/2022

O imprevisto que Fafi reabre vagas

deu origem à maionese Um dos molhos mais consumidos do mundo tem uma saga bastante curiosa. Entenda! ©DIVULGAÇÃO/PIXABAY/EPICANTUS

para audições para Curso Básico em dança ©DIVULGAÇÃO SEMC

R

eza a lenda que, em 1756, enquanto o duque de Richelieu (16961788) guer re ava cont ra os ingleses na região espanhola de Porto Mahon (atual Ilha de Minorca), seu chef de cozinha criava um banquete para agradar-lhe. O preparo incluía a receita de um molho à base de creme de leite e ovos, no entanto, faltou leite e, para substituí-lo, o chef usou óleo, criando, assim, a mahonnaise — batizada em homenagem à vitória do duque em Mahon. Porém há quem diga que essa história é balela. Segundo Tom Nealon, autor de 'Food Fights & Culture Wars: A

Secret History of Taste', a “salsa mahonesa” surgiu bem antes no Mediterrâneo, com a tradicional combinação de alho e azeite de oliva, conhecida por allioli, alholi ou aioli. “Allioli existe pelo menos desde a Antiga Roma, quando Plínio escreveu sobre o prato ainda no primeiro século”, descreve, sem deixar de lembrar que o preparo da receita sempre foi um problema de vido à dificuldade de emulsionar óleo, alho e sal. De acordo com Shirley O. Corriher, bioquímica que virou cientista da cozinha popular, a tarefa virou um segredo catalão por séculos (provavelmente por

FOTO: REPRODUÇÃO

ser vinculado à magia negra) até que alguém da Renascença adicionou um ovo e um ácido à receita. “A gema do ovo age como um emulsificante que une o óleo e a água do vinagre ou do suco de limão”, explica a autora de ' C o okw is e : T he S e c re t s of Cooking Revealed'. Com isso, tudo mudou para sempre. Já para que a invenção chegasse mesmo às mesas de todos nós, vale ressaltar que, em 1905, um imigrante alemão chamado Richard Hellmann levou a receita para Nova York e passou a servila em sua delicatessen. Foi um sucesso.

(AVENTURAS NA HISTÓRIA)

Lançamento da autora de Extraordinário ressalta importância da bondade em momentos difíceis Algumas memórias precisam ser mantidas vivas para evitar que tempos sombrios retornem. Em Pássaro branco, R. J. Palacio volta a emocionar os leitores, trazendo um novo olhar sobre Julian, o colega de turma que fez de tudo para di cultar a vida de Auggie em Extraordinário. O livro lançado pela Intrínseca marca a estreia da autora nos quadrinhos. Se em Auggie & Eu conseguimos entender um pouco melhor a origem do comportamento de Julian, em Pássaro branco conhecemos a história de Grandmère, a avó do menino. No passado, ela foi separada dos pais à medida que a ocupação nazista avançava pela França, durante a Segunda Guerra Mundial. A jovem Sara encontra abrigo junto à família de Julien Beaumier, seu colega de escola acometido por poliomielite e excluído por todos. A tragédia vivida por Grandmère mostra ao seu neto e aos leitores a

importância de gestos de b ondade em momentos de sofrimento. ©DIVULGAÇÃO/R.J. PALACIO/INSTRÍNSECA

Com suas belas ilustrações, Pássaro branco reconta de forma p o ét ic a e s ens ível u m do s capítulos mais cruéis da história da humanidade, um lembrete de que a única forma de

i nt e r r o mp e r m o s c i c l o s d e violência e ódio é não nos esquecermos das tragédias do passado. “Uma histór ia s obre resistência, bravura e sobrevivência que cou perfeita em quadrinhos.” Booklist “Uma leitura comovente e incrivelmente esperançosa”, diz Kirkus Reviews. R. J. Palacio foi diretora de arte e designer grá ca de uma grande editora por mais de vinte anos antes de estrear na literatura com Extraordinário. Best-seller do New York Times publicado em 50 idiomas, o livro vendeu mais de 12 milhões de exemplares em todo o mundo e foi adaptado para o cinema em um lme de sucesso. Palacio mora em Nova York com o marido, os dois lhos e dois cachorros. Também é autora de 365 dias extraordinários, Auggie & Eu, Diário extraordinário e Somos todos extraordinários.

A Escola Técnica de Teatro, Dança e Música (Fa ) reabriu nesta segunda-feira (7) as vagas de audição para ingresso no Curso Básico em Dança na instituição até a próxima sexta-feira (11). Para se inscrever os candidatos devem acessar a plataforma Vixcursos. Após a inscrição virtual, nos próximos dias 14 e 15 de fevereiro os inscritos deverão comparecer presencialmente à sede da Fa , que ca na Avenida Jerônimo Monteiro, nº 656, no Centro de Vitória, de acordo com a orientação apontada para cada turma, de 09 às 16 horas, para con rmação da inscrição. É imprescindível observar os pré-requisitos para as audições. A co ordenação da Fa orienta que as inscrições são p ar a p ar t i c ip ar d e u m a

audiç ão, de até qu at ro semanas, em que a cada semana há uma fase eliminatória. Con ra as vagas: 1ª Série do Curso Básico (oito anos). Turno matutino (15 vagas); 1ª Série do Curso Básico (oito anos) e vespertino (10 vagas). Os alunos deverão ter oito anos completos até a data de 30 de junho de 2022. Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone (27) 3381-6921 ou Reservas: (27) 99961-8422

por meio do e-mail agendafa @gmail.com. Nas aulas presenciais da Fa são rigorosamente seguidas todas as normas de prevenção e proteção contra a Covid-19, de acordo com as recomendações das autoridades sanitárias. Nas salas de aula, há uma redução no número de alunos, além da disponibilização de álcool em gel. O uso de máscara também é obrigatório na instituição.

LUCIANO DANIEL

Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br

Foto Antiga do ES ©JOSÉ LUIZ PIZZOL/FOTOS ANTIGAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO/FACEBOOK

Vila Velha, 1935. 3º B. C., no Quartel de Piratininga, procissão de São Sebastião


4 EDUCAÇÃO

10 A 17 DE FEVEREIRO/2022

Educador indígena Professora no Pará viraliza na rede ao celebrar alunos atua para expandir aprovados na faculdade o conhecimento e a educação ao povo baniwa A professora ficou emocionada ao ver o nome de seus alunos egressos do ensino público na listagem do vestibular ©ARQUIVO PESSOAL/REPRODUÇÃO

Juvêncio Cardoso potencializou a metodologia de educação indígena para o seu povo, depois de vivenciar o desao de aprender nas escolas tradicionais da cidade ©FUNDAÇÃO TELEFÔNICA VIVO

As experiências educacionais de Juvêncio Cardoso, 36, vivenciadas por ele ainda na primeira infância, proporcionaram aprendizados para além dos conteúdos das apostilas e das disciplinas ensinadas em sala de aula. Juvêncio é indígena da etnia baniwa, natural da aldeia Santa Isabel, localizada no extremo noroeste do Brasil, há 1000 km de Manaus (AM). Ele é mestre em Ciências Ambientais, educador e conhecido por ajudar a transformar a educação das comunidades nas terras indígenas da região do Alto Rio Negro, sendo uma das lideranças mais importantes do povo baniwa. Entretanto, até os nove anos de idade, ele foi alfabetizado na comunidade em que nasceu. “Lembro de ir aprendendo com as tradições dos meus pais e na relação com a natureza. Eu cava 'nas costas' da minha mãe e via as atividades cotidianas. Assim, q u a n d o c o m e c e i a a n d a r, acompanhava meu pai na pesca, na caça e colheita de frutas. E fui aprendendo a me comunicar com nossa língua. A gente tem o nosso modo tradicional de educação”, conta. O primeiro contato com a educação escolarizada ocorreu quando ele tinha 10 anos. Em uma das poucas escolas próx i mas d e su a c as a , el e enfrentou sua primeira barreira para aprender. A nal, percebeu que o único professor não falava a língua baniwa. “Ainda me recordo do medo que tive naquele primeiro dia. Não tinha coragem de chegar no professor e dizer que não entendia nada. Q u e r i a d e s i s t i r. M a s p o r incentivo do meu pai, fui me acostumando com o ambiente escolar e aprendendo um pouco do português. Aos poucos, foram chegando outros professores baniwa”, explica.

De acordo com Juvêncio, a partir daí foi formada a primeira geração de professores baniwa da região. A Escola Intercultural Baniwa e Koripaco Pamáali é resultado da mobilização coletiva. Assim sendo, o espaço foi projetado e construído pela comunidade com a proposta de alfabetização e formação que levasse em consideraç ão a rot ina d as crianças e jovens nas aldeias. Bem como as histórias e tradições passadas de geração em geração. “Foi na Escola Pamáali que entendi o quanto nossa cultura é rica e devemos preservá-la. A nal, mantendo nossas tradições e buscando o conhecimento, a educação pode dialogar com o homem branco e nos proteger com os aprendizados”. A Escola Pamáali foi reconhecida pelo MEC, em 2016, como instituição de referência em inovação e criatividade em Educação Básica no Brasil. Por sua metodologia de ensino, que inclui pesquisa, conhecimento tradicional, conhecimentos cientí cos e acadêmicos, as tradições dos povos baniwa ganharam destaque. Ao mesmo tempo, é uma das 100 instituições educacionais brasileiras que integram o projeto Escola 2030. O programa global busca criar parâmetros para a avaliação da aprendizagem com base na prática da educação integral e

transformadora. Juvêncio conta que é desejo dos indígenas mais antigos que as futuras gerações estejam preparadas e protegidas por meio da educação. “A gente quer que eles usem o conhecimento para defender seu território. Mas não abandonamos os aprendizados da nossa terra. Nosso modo tradicional de educação também é importante para a nossa defesa”, diz. Ele concluiu o ensino médio após os 20 anos de idade, em um curso supletivo feito em Manaus. “Fiz licenciatura sobre a nossa cultura para os professores indígenas e pós-graduação em Educação Escolar Indígena. Esse conhecimento é necessário para a sociedade dar valor ao nosso povo. Assim é ser baniwa. É manter sua tradição e cultura, vivendo o melhor do seu território. Mas também é estar preparado para outro contexto social, seja para viver na cidade, ter carro, viajar de avião e usar a tecnologia a favor dos nossos”, relata. Juvêncio se considera e du c a d or at iv i s t a e bu s c a inspiração no pai, que sempre o incentivou a romper barreiras. “Ele não teve uma vida escolarizada, mas protagonizou minha saída e minha volta da aldeia, regada de muito conhecimento. Eu sempre quis, a partir desse movimento, mostrar que podemos ser sempre mais”, conclui.

O misto de emoção e felicidade da professora de Língua Portuguesa, Flor Pinto, de 37 anos, ao saber da aprovação dos a lu no s em u ma f a c u l d a d e pública ganhou as redes sociais no m de semana. Docente na cidade de Canaã dos Carajás, a 779 quilômetros de Belém, ela foi gravada por uma amiga, que publicou o vídeo na internet. Ela conta que, apesar do "mico" virtual, está feliz ao saber que pode inspirar outros ao redor do País. As imagens gravadas por uma amiga mostram o momento em que Flor vê a listagem do vestibular e se depara com o nome de seus alunos egressos do ensino público de educação. “Meus alunos estão passando e eu estou feliz para p***!”, exclamou, dando pulos de alegria e com os olhos cheios de lágrimas. “É de escola pública, amiga! S ó a gente sabe...”, completou. Pelo menos seis alunos garantiram o ingresso na Universidade Federal do Sul e do Sudoeste do Pará (Unifesspa), em cursos como Engenharia Florestal, Engenharia da Computação, Matemática e Jornalismo. Ao Estadão, Flor Pinto, falou sobre o momento de felicidade e dos desa os diários na sala de

aula. O grupo de novos calouros é da Escola Estadual Irmã Laura Martins de Carvalho. Em Canaã dos Carajás, com cerca de 39 mil habitantes, ela também dá aulas em um curso pré-vestibular e em uma instituição particular. “Eu me emociono com cada comentário. Com as pessoas dizendo que o vídeo deu esperança para elas. Me emociono quando os alunos retornam o vídeo dizendo que me amam, dizendo que vão me dar o diploma deles", conta. "Esses retornos retratam muito essa verdade que eu tenho dos meus alunos". Bem-humorada, Flor ainda completa: “Se esse vídeo serviu para motivar outros professores para ter esperança que 'vai dar certo', e que a gente pode fazer mais, valeu a pena o 'mico'”, gargalhou ela, que atua na docência desde 2004. “São dois

parâmetros bem diferentes nos ensinos privado e público. Na escola pública em que trabalho, temos aproximadamente 1,4 mil alunos nos três turnos. Contamos com um diretor, uma coordenadora e um secretário. Temos a força dos professores, dos que se envolvem no processo", explicou a professora. A pandemia — que trouxe o medo da infecção pelo coronavírus e o isolamento s o c i a l — s ó au m e nt o u a s di culdades. "Na escola pública, temos, ainda, a superação diária dos alunos que moram na zona rural. Com a pandemia, muitos não tinham acesso à internet. Tê m a lu n o s qu e pre c i s am estudar e trabalhar ao mesmo tempo para se manter, então, são esses são alguns de nossos desa os”, diz ela, formada pela Universidade Estadual do Pará (Uepa).

Como as redes sociais podem ser aliadas da educação? Quando o assunto é o uso das redes sociais na educação é preciso reconhecer o potencial delas como plataformas para compartilhar conhecimento. Educadores buscaram alternativas para priorizar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos durante o ensino remoto na pandemia. D e a c o r d o c o m levantamento publicado pela empresa Comsorce sobre educação on-line nas plataformas digitais a partir das mudanças or ig inadas p ela pandemia, mais de 98% das pessoas que consomem a categoria educação acessam o YouTube. Além disso, quase 86% utilizam o Facebook e 83% visitam o Instagram. De fato, o Facebook marcou o início de uma nova era quando foi lançado, em 04 de fevereiro de

2004. Assim como revolucionou a forma como as pessoas se relacionam. Atualmente, é considerado a maior rede social do mundo, com cerca de 2,91

bilhões de usuários ativos mensais. Seu sucesso abriu portas para outras redes com diferentes propostas. A nal, você consegue pensar na sua rotina diária sem o uso do WhatsApp para se comunicar ou do YouTube para assistir vídeos? Algumas das razões para o maior uso das redes sociais na educação são a facilidade de compartilhar conteúdos, o

p o t e n c i a l i n f o r m at i v o, a s possibilidades de exploração do espaço virtual enquanto extensão da sala de aula e o desenvolvimento de competências tecnológicas. Além disso, elas podem ser consideradas exemplos de novas sinergias que podem surgir entre os membros da comunidade educativa. “Todas as plataformas digitais podem ser incluídas nos projetos pedagógicos se houver um preparo para isso. Para que isso se efetive é fundamental investir na formação de professores em educação midiática, informacional e digital. Além de equipar as escolas com os recursos necessários”, a rma Patrícia Blanco, presidenteexecutiva do Instituto Palavra Ab e r t a , r e s p o n s á v e l p e l o EducaMídia.


INOVAÇÃO 5

10 A 17 DE FEVEREIRO/2022

Ação leva iluminação Vitória lança solar para comunidades reconhecimento facial da região Amazônica para combater o crime O projeto impactará mais de 100 famílias em três comunidades na região da Floresta Amazônica

Prefeito Lorenzo Pazolini fez o reconhecimento do sistema de reconhecimento facial para combater crimes na Capital

©KIT REYES/LITRO DE LUZ

A Audi e a ONG Litro de Luz se uniram para levar iluminação solar para comunidades carentes da região da Floresta Amazônica. Mais de 100 famílias serão impactadas com o projeto, que contempla duas ações principais: instalação de postes de energia solar nas áreas comuns de duas comunidades e entrega de lampiões solares para utilização das famílias em suas casas ou para deslocamentos. O processo do Litro de Luz Brasil contempla ainda as fases de visitas às comunidades para engajar os residentes, treinamento de embaixadores na região para representar a organização, mapeamento dos locais para implementação das s oluçõ es de i luminação, treinamento e instalação com os residentes, pesquisa para avaliar

o impacto gerado e suporte para futuras manutenções — até mesmo o processo de logística r e v e r s a d a s b at e r i a s e s t á contemplado. Presente nas cinco regiões brasileiras, o Litro de Luz Brasil leva iluminação solar a comunidades sem acesso à energia ou sem luz nas ruas por meio de postes, lampiões e soluções solares compostas por materiais simples como garrafa PET e canos PVC, além de placa solar, bateria e LED. A organização iniciou as operações no Brasil em 2014 e já impactou mais de 23 mil pessoas d i re t am e nte c om o ap oi o constante de 200 voluntários. Sempre ensinando e montando as soluções em conjunto com os moradores das comunidades mais vulneráveis do País, atua AJUFE

em centros urbanos e áreas rurais, incluindo comunidades tradicionais como ribeirinhas, quilombolas e indígenas. A ação em parceria com a Audi Environmental Foundation, Audi do Brasil e Litro de Luz Brasil prevê a instalação, nas áreas comuns das comunidades, de postes solares, que possuem bateria de lítio carregadas por energia solar, e lampiões solares qu e s e r ã o e nt re g u e s p ar a utilização das famílias atendidas. De acordo com Antônio Calcagnotto, responsável pela área de assuntos institucionais e sustentabilidade da Audi do Brasil, “este projeto alia diversos aspectos que estão no DNA da Audi: inovação, tecnologia, eletri cação e, acima de tudo, desejo de melhorar a vida das pessoas. A todo momento falamos de futuro, mas não podemos esquecer que existem milhões de pessoas que não possuem as necessidades básicas atendidas. Esta iluminação solar, além de neutra na emissão de CO₂, trará melhoria da condição social, de segurança e saúde nestas comunidades”. A instalação e entrega dos equipamentos estão previstas para o segundo trimestre de 2022.

Samsung lança Lava e Seca smart que pode ser controlada por app

©ANDRÉ SOBRAL

Para combater o crime com e cácia e continuar reduzindo os índices de violência, Vitória será a primeira capital do País a implementar uma solução HCI (Hyper‐Converged Infrastructure, que em português signi ca I n f r a e s t r u t u r a Hiperconvergente). O "supercomputador" é capaz de analisar e processar mais de mil imagens de câmeras de videomonitoramento de forma simultânea. O uso da nova tecnologia permitirá que a Prefeitura de Vitória dê uma resposta no que diz respeito ao re c on h e c i m e nt o f a c i a l d e criminosos, de pessoas com mandados de prisão em aberto, de suspeitas de práticas de crimes e de pessoas portando armas e objetos perigosos. "Essa é mais uma ação do Plano de Governo do prefeito Lorenzo Pazolini favorecendo nosso trabalho de combate ao crime, buscando cada vez mais reduzir os índices de violência. Com a identi cação dos criminosos, teremos êxito para efetuar as prisões em agrante. Essa é uma ferramenta que vai colaborar não só com a cidade de Vitória, mas toda a região metropolitana", disse o secretário municipal de S e g u r a n ç a Ur b a n a , Í c a r o Ruginski.

O lançamento do sistema foi realizado na tarde desta quintafeira (03), no auditório da Prefeitura de Vitória, e contou com a presença do prefeito, de vereadores, secretários, l i d e r anç as c omu n it ár i as e representantes de instituições de segurança. A nova tecnologia também vai identi car veículos circulando de forma irregular, possibilitando a redução dos indicadores de acidentes e violência no trânsito com vítimas letais. O equipamento possui 900 processadores, 3,7 terabytes de memória RAM e 2,5 p e t aby te s p ar a ar ma z e nar imagens. O investimento da Prefeitura de Vitória é de, aproximadamente, R$ 15 milhões, contemplando câmeras, licenças de sowares e o HCI. Ele também será utilizado para ampliar o tempo de armazenamento das imagens das 218 câmeras externas de videomonitoramento e das 315 câmeras internas de segurança, bem como suportar as 800 novas câmeras internas que estão sendo instaladas em escolas e unidades de saúde da cidade. "Parabenizo nossa equipe pelo trabalho, que vai bene ciar os capixabas, em mais um investimento na Capital que faz

parte do pacote de R$ 1 bilhão. Com o uso da tecnologia, vamos avançar no combate ao crime", a rmou o secretário da Fazenda, Aridelmo Teixeira. "Momento importante para integrarmos todos que buscam o melhor para a cidade de Vitória. E s t am o s f a z e n d o o m ai or investimento per capita da história do Espírito Santo. Com mais de 360 mil habitantes, Vitória investe mais do que o Estado. Queremos entregar segurança, tecnologia, cidadania, mas, principalmente, uma cidade melhor para se viver, em que haja um plano traçado. Quando olhamos para uma ferramenta como essa, é muito mais do que a identi cação de um criminoso. Ela serve, por exemplo, para identi car um suspeito de agressor de uma mulher, após ofício protocolado por descumprimento de medida protetiva. O sinônimo dessa ferramenta é preservação da vida", dest acou o prefeito Lorenzo Pazolini. O sistema utilizará, no período de testes, banco de dados com as imagens dos criminosos mais procurados nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais, disponibilizadas na internet pelas Secretarias de Segurança Pública respectivas.

e WF18T. As máquinas são equipadas com quatro sensores smart responsáveis por identificar a quantidade de peças no tambor e o nível ideal de água e sabão para a higienização. Segundo a Samsung, os sensores conseguem monitorar o nível de sujeira para otimizar a lavagem — assim, caso as roupas estejam mais sujas, a máquina aumenta o tempo de lavagem e a quantidade de sabão; se estiverem pouco sujas, o tempo de lavagem é

reduzido. Outro destaque dos modelos WD18T e WF18T é que o usuário consegue encher o dispenser de sabão e amaciante apenas uma vez por mês. Com isso, a inteligência artificial é capaz de dosar automaticamente a cada lavagem a quantidade ideal de insumos, o que pode evitar desperdícios por excesso. A secadora de roupas DVG20 é um modelo que possui capacidade para até 20kg de

roupas. A secagem do eletrodoméstico é executada a gás, o que pode economizar e n e rg i a du r ant e o u s o. O dispositivo também conta com as funçõ es inteligentes da Samsung, sendo compatível com o aplicativo Smart Things, em que é possível receber dicas e recomendações sobre a secagem das roupas, além de poder pro g r am ar p ar a o m e l h or momento diretamente pelo celular.

Lançamentos incluem sistema inteligente para otimizar a lavagem das roupas ©DIVULGAÇÃO/SAMSUNG

A Samsung anunciou, na segunda-feira (7), o lançamento de novos modelos de lavadora e secadora com funções smart no Brasil. Os eletrodomésticos contam com o ecossistema Smart Things e recursos para identificar os hábitos de lavagem e recomendar os ciclos de acordo com a preferência do usuário. Um sistema de s ens ores é responsável por identificar a carga de roupas e o nível de sujeira para calcular a quantidade ideal de água e sabão necessários para a limpeza. As novas opções de eletrodomésticos inteligentes da Samsung já estão disponíveis para os consumidores. Os modelos de lava e seca WD17T e WD18T podem ser adquiridos por cifras que partem de R$ 7 . 9 9 9 e R $ 9 . 9 9 8 , respectivamente. Já a lavadora

WF18T pode ser adquirida a partir de R$ 8.598. A secadora inteligente DVG20 é encontrada por R$ 7.598 no site da fabricante. As novas máquinas lava e seca WD17T e WD18T possuem capacidade para lavar 17kg e 18kg de roupas, e secam até 10 kg em um mesmo ciclo. Os modelos ainda incluem recursos de lavagem de roupas que a

Samsung já apresentou em outras linhas do segmento de lavanderia, como a tecnologia AirWash de lavagem a seco, a Ecobubble, que promete misturar a água e o sabão com mais eficiência, e o SpeedShot, com ciclo de até 30 minutos. A lavagem de roupas automatizada com a ajuda da inteligênci a ar t if ici a l est á disponível nos modelos WD18T


6 TECNOLOGIA

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Barco de competição usa Maior inimigo de células de combustível aviões hipersônicos: de hidrogênio da Toyota gotas de chuva ©ETNZ

©CONCEITO DE AERONAVE HIPERSÔNICA/DANIEL ROSATO/UFC

A equipe de vela Emirates Team New Zeeland (ETNZ) está nas fases nais de seu protótipo de b arc o d e c omp e t i ç ã o c om estrutura hidrofólio movido a c élu l as d e c ombust ível d e hidrogênio da Toyota. Medindo 10 metros de comprimento, o veículo deverá ser capaz de cortar as ondas a uma velocidade de 50 nós (92,6 km/h), com um alcance máximo de quase 180 km. S eu tamanho é grande o su ciente para seis tripulantes. A ETNZ está trabalhando para estrear o novo barco na edição deste ano da America's Cup, a competição de regatas mais antiga do mundo (que antecede inclusive os Jogos Olímpicos da era moderna). A America's Cup é considerada uma das plataformas mais

importantes para a apresentação de inovaçõ es na indúst r ia marítima de todos os aspectos. Nesse contexto, a ETNZ vem realizando parcerias importantes para a estreia de seu barco hidrofólio (ou catamarã) movido a hidrogênio, iniciado em agosto de 2021. Uma das principais parcerias da equipe da Nova Zelândia é com a Toyota, responsável por fornecer as duas células de combustível de hidrogênio de pré-produção de 80 kW. O sistema de p ower t rain foi projetado e integrado pela neozelandesa Global Bus Ventures. A suíça Gurit ajudou com os materiais compostos e engenharia, enquanto uma hélice de extremidade inferior da n or t e - a m e r i c a n a Me rc u r y

garante a propulsão do veículo. Por último, mas não menos importante, a ETNZ usou sua tecnologia para o design das lâminas da embarcação. Há quatro tanques de armazenamento de hidrogênio que podem conter até 33 kg de hidrogênio gasoso a 350 bar. O sistema do barco gera um máximo de 557 cv (440 kW) em 400 V DC, sendo alimentado pelas células de combustível de hidrogênio da Toyota. Outra tecnologia importante é o piloto automático que será usado para controlar a altura do passeio, um soware proprietário da ETNZ. O protótipo nal da embarcação está se preparando para ser lançado no início de março, quando iniciará uma série de extensos testes no mar.

Uma única gota de chuva pode criar uma carga igual ao peso de um elefante quando se encontra com uma aeronave hipersônica voando em Mach 8 (oito vezes a velocidade do som). É b asicamente uma b a la em direção ao avião, e potencialmente pode acabar com o voo, o avião e o piloto. A explicação é do doutor em engenharia aeroespacial Michael Kinzel, professor assistente do Departamento de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Universidade da Flórida Central (UFC). Kinzel está trabalhando

em uma pesquisa dedicada ao estudo do impacto das gotas de chuva em aeronaves e foguetes hipersônicos, que pode ser tão prejudicial quanto os inimigos convencionais. A viagem hipersônica é particularmente interessante para a Força Aérea dos EUA, que tem apoiado ativamente vários proj e t o s n e s t e c amp o. O s desenvolvimentos vão desde fo g u e t e s h ip e r s ôn i c o s at é aeronaves de carga que podem transportar suprimentos essenciais em velocidades muito altas, em qualquer lugar do

mundo. O projeto do qual Kinzel é coinvestigador está orçado em US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,2 milhões hoje) sendo nanciado pelo Escritório de Pesquisa Cientí ca da Força Aérea dos E UA e l i d e r a d o p e l a Universidade de Boston. Kinzel e o doutor em engenharia mecânica Subith Vasu, que também é professor do departamento do UFC, trabalharão em conjunto com a equipe da Universidade de Boston.

Drone alemão deve voar pelos Andes Clássico do pré-guerra, peruanos para levar Bugatti Type 51 renasce medicamentos a para correr no gelo comunidades isoladas ©BUGATTI/DIVULGAÇÃO

©REPRODUÇÃO/OLHAR DIGITAL

Um dos últimos carros feitos pela Bugatti para o circuito europeu de GPs — competição da qual descende a Fórmula 1 — nos a n o s 1 9 3 0 , o Ty p e 5 1 f o i ressuscitado pela marca francesa para correr a GP Ice Race, corrida no gelo que homenageia Ferdinand Porsche. Neste ano, devido à explosão da Ômicron na Europa Central, o evento não teve espectadores. Disputada anualmente desde 1960, a GP Ice Race é realizada no lago Zell, um pequeno lago de água doce (e congelado) nos Alpes austríacos. Junto com o Type 51, a Bugatti alinhou o Baby II, concebido pela Little Car Company para ser o carro de segurança do evento e

baseado no Type 35, o modelo competição mais vencedor da história da Bugatti e campeão mundial de GPs em 1926. Pintado no tom azul clássico da França — até os anos 60, os carros de corrida traziam as cores nacionais dos países, como o vermelho (Itália) e o cinza (Alemanha) —, o Baby II teve que ser amplamente modificado

para se adaptar às condições do inverno. Entre as principais mudanças, a instalação de pneus cravejados e luzes de segurança no estilo de safety car e a pintura de corrida inspirada na década de 30 com o emblema da GP Ice Race. A Bugatti também pintou o #35 na carroceria para homenagear o Type 35.

A fabricante alemã de drones Wingcopter planeja se tornar líder no setor, e uma de suas apostas é baseada no envio de suas aeronaves para regiões ermas nos Andes peruanos. Segundo o acordo feito, os drones da Wingcopter serão usados para entregar suprimentos médicos em minutos a comunidades isoladas e carentes. As s i n a n d o p a rc e r i a s e m diversas regiões do mundo, a Wingcopter vem tent ando expandir seus negócios globalmente. Recentemente, anunciou um novo acordo de US$ 16 milhões (algo acima dos R$ 85 milhões) assinado com a provedora de serviços médicos aéreos Spright, cujo objetivo é desenvolver uma rede de drones

que aumente o acesso à saúde em comunidades rurais e carentes nos Estados Unidos. A Wi ngc opte r s e u n iu à e mpre s a p an am e n h a UAV Latam para realizar operações de entrega de drones médicos no Peru. Com mais de 10 anos de experiência em veículos aéreos não tripulados, a empresa está presente em sete países e estará entre as primeiras do sul do continente americano a usar a tecnologia de drones de entrega para aplicações comerciais e humanitárias. A infraestrutura nesse segmento é vista como deficiente, principalmente no setor de saúde, que afeta milhões de vidas. Nesse sentido, Juan Bergelund, CEO da UAV Latam, está confiante de que a

i mp l a nt a ç ã o d o s v e í c u l o s elétricos de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOLs) d a Wi n g c opt e r “s a l v a r á e melhorará muitas vidas”. Assim como no acordo com a Spright, o veículo que deverá ser i mp l e m e nt a d o n o s A n d e s peruanos é o Wingcopter 198. Este drone autônomo possui um sistema de queda tripla que permite que a aeronave faça três entregas separadas para vários locais, com uma única carga. Em um vídeo postado pela empresa no ano passado, é possível ver a atuação do Wingcopter 198. Dependendo da carga útil, seu alcance é diferente: ao carregar até cerca de 5 kg, o drone pode cobrir até 75 km com uma carga; ao carregar menos de 1 kg, esse alcance aumenta para 95 km.


CIÊNCIA 7

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Navio naufragado do Descobertas em Mianmar duas novas espécies de século XIII é flores preservadas em encontrado na Suécia Arqueólogos descobriram em uma baía na Suécia os restos de um raro navio mercante, uma coca, do séc. XIII, descrito como sendo também um dos mais antigos naufrágios da época na Europa ©PIXABAY/JONHRIDENOUR

Foi encontrado no ocidente da Suécia um navio mercante que naufragou no séc. XIII, conforme relatou o jornal Dagens Nyheter. O naufrágio da embarcação, que seria uma coca medieval, mede dez metros de comprimento e cinco metros de largura, apesar de o navio poder ter tido 20 metros de comprimento. As cocas surgiram primeiro no séc. X, mas passaram a ser mais usadas a partir do séc. XII devido às suas capacidades de transportar carga. O n av i o p a re c e t e r s i d o encontrado por acaso por uma e qu ip e d e arqu e ól o go s d a Universidade de Gotemburgo, Suécia, e um grupo de colegas freelancers, no condado de Bohuslan, no fundo lamacento de uma baía rasa chamada Fjallbacka, não muito longe de casas-barcos de veraneio. A equipe teria informação de outro naufrágio, do séc. XVII. Staffan von Arbin, arqueólogo mar in ho, explicou que a presença de carvão queimado indica que o navio deve ter se incendiado antes de naufragar.

Não cou claro s e foi um acidente ou um ataque hostil, sendo um assalto por piratas para roubar os bens a bordo uma possibilidade. Os marinheiros medievais não tinham mapas ou bússolas e con avam inteiramente no seu próprio conhecimento ou pilotos locais. Assim, eles seguiam a costa sempre que possível e evitavam navegar à noite. Quando a escuridão chegava, os marinheiros tomavam refúgio em p or tos lo cais ou baías

abrigadas como a de Fjallbacka. Aoife Daly, dendrocronologista do Instituto Saxo de Copenhague, Dinamarca, analisou a madeira da embarcação, determinando que ela foi construída com carvalhos d o noro e ste d a A l e man ha abatidos entre 1233 e 1240. Isso aponta a uma ligação à Liga Hanseática, que detinha uma grande prop orção do comércio no norte da Europa medieval, pois Bohuslan, então par te da Nor uega, tinha importantes rotas comerciais ao longo de sua costa. Os navios as usavam nos seus percursos entre o mar Báltico e as Ilhas Britânicas e mais para sul na Europa. De acordo com Arbin, até agora apenas foram encontrados 12 naufrágios do séc. XIII na Suécia, sendo este o mais antigo descoberto no condado de Bohuslan e um dos mais antigos em toda a Europa.

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068

Descoberta na China passagem subterrânea milenar que ajuda a desvendar antigas civilizações FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

BOB BEHNKEN

De acordo com informações da agência Xinhua, a passagem subterrânea faz

parte de uma série de descobertas realizadas no sítio arqueológico de

Qingshuihe, na região au t ô n o m a d a Mo n g ó l i a Interior, no norte da China.

âmbar

Em uma descoberta muito rara, os cientistas encontraram ores de 99 milhões de anos perfeitamente preservadas em pedaços de âmbar em Mianmar ©SHI ET AL.

Recente estudo publicado na revista Nature Plants sugere que milhões de anos atrás estas ores cresciam aos pés dos dinossauros e que algumas das plantas que dão ores existentes no que hoje é África do Sul p ermaneceram inalteradas durante todo este tempo. Paleontólogos identi caram dois novos tipos de ores fósseis — uma idêntica à do género existente Phylica e outra que é uma "parente próxima" deste

género — em âmbar do período Cretáceo, compreendido entre 145 e 66 milhões de anos atrás, em duas minas no norte de Mianmar. "Estas ores, frutas, folhas e pólen primorosamente preservadas de há 100 milhões de anos fornecem um quadro de u m t e mp o i mp o r t a nt e n a evolução das plantas com or, mostrando que as primeiras ores não eram primitivas como muitos supõem, mas já estavam

bem adaptadas para sobreviver aos frequentes incêndios orestais que assolavam o quente mundo do Cretáceo", disse o p r o f e s s o r R o b e r t S p i c e r, p e s qu i s a d or d a E s c ol a d e Ciências do Meio Ambiente, Te r r a e E c o s s i s t e m a s d a Universidade Aberta, no Reino Unido. Uma das duas espécies novas, denominada de Phylica piloburmensis, pertence ao género Phy lic a d a famí li a Rhamnaceae. A outra espécie, Eophylica priscastellata, representa um grupo irmão do gênero Phylica. Os fósseis demostram que suas ores, frutas, folhas e pólen não mudaram, apesar de 100 milhões de anos de evolução, durante a qual os dinossauros desapareceram, os mamíferos se diversi caram e o clima passou por mudanças radicais, aponta ©CÉSAR MANSO/AFP portal Sci-News. Su a e st r utu r a e sp e c i a l e capacidade de sobreviver quase i n a lt e r a d a s m o s t r am s u a s adaptações únicas, particularmente aquelas que lhes permitem sobreviver a incêndios.

©PIXABAY

O local é considerado uma cidade de pedra e remonta ao período da cultura Longshan, que surgiu no nal do período Neolítico e acredita-se que durou por cerca de dois mil anos, entre o terceiro e segundo milênios a.C. Já foram encontradas na região mais de 20 ruínas, como a estrutura de prédios antigos, vestígios da cidade e raros artefatos produzidos com

ossos.

Segundo os arqueólogos envolvidos nas escavações, a passagem subterrânea está a cerca de seis metros de profundidade, sua largura varia entre um e três metros e tem cerca de dois metros de altura em formato de arco. O caminho conectava o interior da cidade histórica com a parte exterior e suas duas trincheiras. S e g u nd o a X i n hu a , o s pesquisadores comemoraram a descoberta e disseram que ela traz um grande valor para os estudos pré-históricos e sobre a origem da civilização chinesa na região norte.


8 BEM-ESTAR

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GABRIELA MESSNER ARESI É preciso esvaziar a OLIVEIRA mente para meditar? Cupim assado com Nutricionista - CRN:14100665

Faça amizade com seu pensamento para expandir sua prática de meditação, como ensina Jon Kabat-Zinn ©UNSPLASH/PERSONARE

farofa de alho simples ©GUIA DA COZINHA

Eu preciso esvaziar a mente para meditar? Essa é uma pergunta que muitas pessoas fazem. Ao praticar meditação os pensamentos vão surgir, assim como acontece ao longo do dia. O que acontece é que temos a crença de que meditar é car com a "mente em branco" ou "parar de pensar". Isso pode ocorrer por observar as pessoas meditando com uma "cara de tranquilidade e serenidade". A meditação ajuda a fazer escolhas melhores e mais conscientes. Meditação é uma prática ligada aos pensamentos e sentimentos Meditar é estar ciente sobre o qu e e st á a c onte c e nd o no s pensamentos, nos sentimentos e nas sensações do corpo. Muitas vezes pode ter uma clara conexão entre esses fenômenos e outras não. Po r e x e m p l o, d u r a n t e a meditação você lembra de uma apresentação importante que irá

realizar e as tarefas que faltam p ar a te r m i n ar. S e nte u m a ansiedade e apreensão. Nota os ombro s te ns o s , o c or a ç ã o acelerado, um leve tremor nas mãos e a respiração cou mais curta. Ao est ar ciente que est á pensando na apresentação, você tem um momento de atenção plena — "estou pensando na apresentação novamente!". Nesse instante você tem uma escolha a fazer : seguir no automático, nutrindo o pensamento, ou retornar para o objeto da meditação, que pode ser a respiração, as sensações do corpo, os sons entre outros. Acolha o pensamento ao invés de lutar contra ele Não é necessário brigar com os pensamentos, esvaziar a mente, e nem bater o "chicotinho" e se criticar com frases como "não consigo meditar". A saída é reconhecer que o pensamento surgiu e deixar ele ir. É treinar o

"músculo" da atenção plena. Gosto da analogia com as ondas do mar que o Jonã KabatZinn, professor e diretor fundador da Clínica de Redução do Estresse e do Centro de Atenção Plena em Medicina, na Escola Médica da Universidade de Massachusetts, utiliza. As ondas vêm e vão. Em alguns momentos o mar está mais calmo e as ondas são menores, em outros está uma tempestade e tem ondas grandes. Todas vem e vão. No livro "Atenção Plena para Iniciantes", de sua autoria, Kabat-Zinn ensina que "Como iniciante, é muito importante que vo cê entenda desde o começo que a meditação consiste em fazer amizade com seu pensamento, mantê-lo delicadamente na consciência, n ã o i mp or t a o q u e e s t e j a ocupando a sua mente num dado momento. Não se trata de interromper seus pensamentos nem de mudá-los".

O

cupim é uma ótima opção de carne bovina para o almo ço ou jantar. Há diversas formas de prepará-lo, pode ser assado, feito na panela de pressão e incrementado com um delicioso molho. Agora, que tal saboreá-lo com uma incrível farofa de alho? Tem gostinho de churrasco! Con ra a apetitosa receita de cupim assado com farofa de alho e surpreenda a família com uma refeição diferente, mas cheia de sabor.

Sal e cheiro-verde picado a gosto Modo de preparo Para a farofa, aqueça uma panela com a manteiga, em fogo médio e frite o alho até dourar. Adicione a farinha, sal e cheiroverde, misture e desligue o fogo. Faça furos em toda a carne com uma faca. Tempere com sal e pimenta. Coloque os alhos nos furos da carne. Aqueça uma panela com o óleo em fogo alto. Coloque a carne e deixe dourar

de todos os lados. Acrescente a cebola e doure por mais dois minutos. Adicione o vinho e a água e deixe cozinhar por cinco minutos. Trans ra tudo para uma fôrma, cubra com papelalumínio e leve ao forno médio, preaquecido, por uma hora. Retire e o papel e asse por mais 10 minutos ou até dourar e assar. Retire e sirva com a farofa. Rendimento: 5 porções Fonte: Terra

Ingredientes 1 peça de cupim (1,5kg) Sal e pimenta-do-reino a gosto 4 dentes de alho cortados ao meio 4 colheres (sopa) de óleo 1 cebola em tiras 1 xícara (chá) de vinho branco seco ½ xícara (chá) de água Farofa 4 colheres (sopa) de manteiga 4 dentes de alho picados 2 xícaras (chá) de farinha de mandioca

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

©ANDRÉ FURTADO/PEXELS

Médicos canadenses podem prescrever acesso gratuito aos parques nacionais para pacientes M e l h o r a d o h u m o r, m a i s disp osição f ísica e clareza mental, menos estresse e mais bem-estar geral. A lista de benefícios para a saúde que o

contato com a natureza traz é imensa e, por essa razão, médicos no Canadá agora prescrevem acesso aos parques nacionais do país para seus pacientes. E o

melhor de tudo: o passe para a imersão verde é gratuito. Os passes estão sendo oferecidos pela Parks Canada, a agência do governo do Canadá

que administra os parques nacionais e unidades de conservação. Em parceria com a British Columbia Parks Foundation, a investida permite que pro ssionais de saúde, como médicos e terapeutas, “ p r e s c r e v a m” n a t u r e z a a pacientes que lidam com desa os de saúde física e mental. O projeto Park Prescriptions, ou PaRx, começou em novembro de 2020 na província de British Columbia e expandiu no ano passado para Ontário, Saskatchewan e Manitoba. Por ora, um número limitado de

passes é oferecido aos pro ssionais de saúde em cada prov í n c i a . S e g u n d o o  e Guardian, o passe custa US$ 57 (cerca de R$ 300) por adulto para o acesso anual ilimitado. A expectativa é expandir o projeto para todo o país até o nal de 2022. O ministro do Meio Ambiente do Canadá, Steven Guilbeault, que também é responsável pela Parks Canada, chamou o programa de “inovação na forma como se trata os desa os da saúde mental e física”. Segundo ele, a medida não poderia vir em

um momento melhor, pois todos continuamos a lidar com os impactos da pandemia da covid19. "Há uma grande quantidade de estudos que mostram como o tempo passado na natureza pode melhorar vários tipos de condições físicas e mentais, de diabetes a doenças cardíacas passando por dé cit de atenção e hiperatividade", explicou a Dra. Melissa Lem. Atualmente, o programa já conta com 1000 pro ssionais cadastrados e aptos para prescrever a atividade.


SAÚDE 9

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Amputação por câncer de pênis no Brasil cresceu 1.604% nos últimos 14 anos

Implante de medula espinhal 3D pode devolver o movimento a pessoas paralisadas ©SHUTTERSTOCK

©STARAS/SHUTTERSTOCK

mostram que as regiões Sudeste e Nordeste foram as que registraram o maior número de c a s o s d o t u m o r . Respectivamente, as regiões diagnosticaram 3.162 e 2.574 pacientes. O Sudeste foi responsável por 2.872 casos de amputação, enquanto o Nordeste registrou 2.104, nos últimos 14 anos. Porém, ao comparar o diagnóstico de câncer de pênis a cada 100 mil habitantes, o Nordeste ocupa o primeiro lugar com a incidência de 9,93, enquanto o Centro-Oeste ca logo atrás com uma taxa de 9,42. No ú lt i m o an o, o Br a s i l registrou 1.791 casos de câncer de peniano, segundo Datasus, u m nú m e r o m e n o r q u e o registrado nos últimos quatro anos. A SBU aponta que a baixa nos casos tem relação com a pandemia de covid-19, que fez

Estresse pode resultar em ataque cardíaco ©FLICKR

A isquemia miocárdica induzida por estresse mental é um fenômeno reconhecido em pacientes com doença coronária (D C), mas seu signi cado clínico na era clínica contemporânea não foi investigado. Estudo objetivou comparar a associação de isquemia induzida por estresse mental ou convencional com eventos cardiovasculares adversos em pacientes com DC. Nesta análise agrupada de dois estudos de coorte prospectivos que incluíram 918 participantes, a presença de isquemia com estresse mental, em comparação com nenhuma isquemia com

estresse mental, foi signi cativamente associada a um risco aumentado de morte cardiovascular ou infarto do miocárdio não fatal (razão de risco, 2,5). Assim, a isquemia mio cárdica induzida p or estresse mental foi

signi cativamente associada a u m r i s c o au m e nt a d o d e eventos cardiovasculares em pacientes com doença cardíaca coronária, mas mais pesquisas são necessárias para avaliar se o teste de isquemia por estresse mental tem utilidade na prática clínica.

Pes quis adores de Israel desenvolveram implantes 3D de medula espinhal que podem fazer com que pessoas paralisadas por lesões na coluna voltem a andar. O implante é cr i ado a p ar t ir de célu l as humanas e, segundo o estudo, o teste realizado em ratos paralisados apresentou 80% de chance de sucesso. O processo envolve a retirada de uma amostra de células de gordura do estômago de um paciente, as células são reprogramadas a partir de aplicação de engenharia genética para se tornar células-tronco embrionárias. Os dispositivos personalizados desta maneira evitam a rejeição pelo organismo. “Este é o primeiro caso no mundo em que tecidos humanos de engenharia implantados geraram recuperação em um modelo animal para paralisia crônica de longo prazo — que é o

modelo mais relevante para tratamentos de paralisia em h u m a n o s ”, a r m o u o pesquisador líder, Tal Dvir. O trabalho foi realizado no Centro Sagol de Biotecnologia Regenerativa, da Escola Shmunis de Biomedicina e Pesquisa do Câncer, e no Departamento de E nge n h ar i a Bi om é d i c a d a Universidade de Tel Aviv, em Israel. Os pesquisadores esperam realizar estudos clínicos com testes em humanos e começar a

aplicação dos implantes em pessoas paralisadas em breve. “Existem milhões de pessoas em todo o mundo que estão paralisadas devido a lesões na coluna e ainda não há tratamento e caz para sua condição. Indivíduos feridos em uma idade muito jovem estão destinados a sentar em uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas, arcando com todos os custos sociais, nanceiros e relacionados à saúde da paralisia”, a rmou Dvir.

Sementes magnéticas prometem revolucionar tratamento do câncer Um grupo de cientistas da Universidade de Londres (UCL) desenvolveu uma nova terapia contra o câncer que usa sementes magnéticas para aquecer e matar células cancerígenas. Este n ov o m é t o d o p o d e s e r bastante promissor para o t r at ame nto d e tu more s cerebrais e em outras partes do corpo. A terapia, que foi batizada de ablação guiada por imagem minimamente invasiva (Minima, na sigla em inglês), é composta por uma espécie de semente ferromagnética. Essa semente é navegada para o tumor com auxílio de gradientes de propulsão gerados por um scanner de ressonância magnética. Em seguida, a semente é aquecida remotamente com o o bj e t ivo d e m at ar c é lu l a s c a n c e r í g e n a s qu e e s t e j a m próximas. Segundo os pesquisadores, as descobertas estabelecem uma “prova de conceito” para o tratamento de glioblastoma de difícil acesso e

out ro s c ânc e re s , c omo d e próstata. “O Minima é uma nova terapia guiada por ressonância magnética que tem o potencial

©MARK LYTHGOE

De acordo com informações do Ministério da Saúde coletadas pela Sociedade Brasileira Urologia (SBU), nos últimos 14 anos a amputação de pênis no Brasil cresceu cerca de 1.604%, totalizando uma média de 515 procedimentos realizados a cada ano. O pr incip a l c aus ador d a cirurgia é o câncer de pênis, que ocasionou 7,2 mil amputações nestes últimos 14 anos. “O Brasil é um dos campeões mundiais na incidência de câncer de pênis, o qual é facilmente evitável com a higiene íntima e tratamento da mose. Infelizmente, a desinformação e a di culdade de acesso à saúde fazem com que muitos homens tenham o órgão genital amputado e morram pelo tumor”, a rma o diretor da Escola Superior de Urologia, Ubirajara Barroso Jr. As informações coletadas

diversos homens deixarem de procurar especialistas médicos. “In fel i z me nte, ap e s ar d e sermos um dos países no mundo com maior incidência da doença, a desinformação ainda é muito grande. Muita gente sequer sabe que pênis também pode ter câncer e, mais, que pode ser prevenível com medidas relativamente simples”, lamenta Karin Anzolch, diretora de comunicação da SBU, ao a rmar que a desigualdade social pode aumentar o fator de risco. Especialistas alertam que o tumor está ligado, principalmente, à falta de higienização do órgão genital. Entretanto, mose, tabagismo e contaminação por HPV (papilomavírus humano) também podem in uenciar no surgimento do tumor. Se vacinar contra a HPV, utilizar preservativo durante as relações sexuais, higienizar corretamente o pênis e visitar o médico urologista são atitudes essenciais para prevenção do tumor. O câncer de pênis se apresenta com alguns sinais que devem ser levados à sério, como: feridas que não cicatrizam, nódulos, secreções saindo pelo prepúcio, sangramentos na glande e coceiras. Ao notar qualquer sintoma, é necessário pro c u r ar u m ate nd i me nto médico especializado.

de evitar os efeitos colaterais tradicionais ao tratar com precisão o tumor sem prejudicar os tecidos saudáveis”, escreveu o autor sênior do estudo, Mark Lythgoe. Segundo Lythgoe, como a semente de aquecimento é magnética, os campos magnéticos no scanner de ressonância podem ser usados para orientar a semente através do tecido até o tumor. “Uma vez no tumor, a semente pode ser aquecida, destruindo as células

cancerosas”, disse o médico. As sementes magnéticas são feitas de uma liga metálica, têm formato esférico e cerca de 2mm de comprimento. Elas são i m p l a n t a d a s super cialmente no tecido antes de serem programadas para rastrear, aquecer e matar as células cancerígenas. Hoje, os scanners de ressonância magnética estão amplamente disponíveis em hospitais do mundo inteiro, sendo importantes no diagnóstico de câncer. Porém, o Minima tem o potencial de el e v ar o s s c an ne rs p ar a a categoria de plataforma terapêutica, e não só de diagnóstico. “À medida que a semente é guiada através do tecido, ela pode ser aquecida para destruir o câncer. Isso combina terapia e diagnóstico em um único disp osit ivo, criando uma classe completamente nova de terapia por imagem”, escreveu Lythgoe.


10 Criança hoje, Criança amanhã

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ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Precisamos falar sobre Moıs̈e e Henry — Parte I Precisamos falar sobre xenofobia e xenofilia que caminham juntas na nossa sociedade. Conjugadas, a importação de teses sem fundamento, fazem grandes estragos com os Feminicídios, mais e sp e c i c ame nte, c om o s Maternicídios, quase todos

ocorrer, ela deve ser eliminada. E, assim, adultos, que pertencem a degraus primitivos de uma escala préanimal, alimentados pela Cu ltu r a d a Impu n i d a d e, realizam esses seus impulsos mais do que cruéis. A magistrada, juíza, ameaçada de tomar a conhecida “tarja preta” do Direito de Família, a perene e incontestável alegação de ser “alienadora”. Teve muito medo de cair nesse gueto sem saída e cedeu, cedeu, cedeu, até que no Natal, ao entregar as três lhas para o pai, tomou dele 16 facadas na f rente dess as crianças de menos de nove anos. Nem a toga serve de proteção ou de impedimento para a violação do Direito à Vi d a . A v i s ã o i n f e r n a l , sangrenta, da morte da mãe pelo pai, as repetidas facadas, vai habitar para sempre a

acontecem dentro de casa, diante das crianças do casal ou ex-casal. Já até es quecemos da crueldade que tirou a vida da Daniela Peres. Dissimulação em mistura com uma violência atroz, comungada por duas pessoas que acreditavam terem concebido um crime p er feito com mat izes de obscurantismo, e impulsionado por emoções que costumamos classi car como negativas. Às vezes a crueldade se faz por uma única bala que, durante uma discussão barulhenta, que vizinhos referem como ocorrência frequente, mata mãe e bebê ainda no ventre. A justi cativa vem com “tiro acidental”. Vizinhos também tinham conhecimento das agressões sofridas por Henry. Familiares, idem. Esta cumplicidade com

aguçava o desejo de fazer

mente dessas meninas. É assim

o agressor é respaldada na

alegação do não se meter na vida dos outros. Interessante, ou curioso, é que o julgar o

©NELSON ALMEIDA/AFP

Protesto pede justiça por Moïse, em São Paulo outro é talvez o que mais é feito, com tamanha arrogância que, todos parecemos experts

uma mulher quase de terceira idade, vivia em sistema de escravidão, a de trabalho, a sexual. Ela assume várias for m a s b e m d ive r s a s . O colonialismo parece um ranço que não nos larga. A escravidão de Crianças e Mulheres encontra nessa condição de vulnerabilidade, a possibilidade de se repetir, com troncos equivalentes. Crianças que são entregues a seus pais abusadores, por sentença judicial, são tornadas escravas sexuais. Mulheres que não têm rede de apoio, não vale a do papel, a publicitada em campanhas até emocionantes, para sair do ciclo da opressão, são olhadas como culpadas de suas próprias dores. Nosso País ocupa os primeiros lugares entre os países do mundo todo, em itens que só causam vergonha.

inimaginável. Em plena via pública, com pessoas que viram, com agentes de segurança o ciais que não quiseram ver, um taco de baseball desferiu 32 golpes contra uma pessoa indefesa que falava diferente. Quem era o dono do taco de baseball? Existe alguma quadra ali perto do quiosque da praia onde estava guardado? O tal amante de baseball sabe as regras desse jogo? O grito é por Justiça. Mas a punição pontual, se é que acontecerá, não chega nem a arranhar o que é estrutural e sólido, e habita em proporções variadas, mas habita nossas mentes em seus recôncavos mais profundos. A omissão também é uma violência. Urge que inauguremos uma Cultura do Respeito ao Outro. Pre c i s am o s f a l ar s obre

©REPRODUÇÃO

A

sumi-la. Se a criança não se adequa a uma “inexistência serviçal”, coisa bem difícil de

barbárie alvejando a vulnerabilidade em 32 pauladas ou em 23 lesões num corpo ainda de pequenas dimensões. O fígado lacerado e a in ltração de três lobos cerebrais. Contusões de grande impac to. Joanna, também, só tinha cinco anos de crescimento, e carregou para seu túmulo as inúmeras lesões, marcas de queimaduras de cigarro e equimoses, uma profunda queimadura nos dois lados dos glúteos que intrigavam como teria sido re a lizad a. A hemor rag i a cerebral que foi escrita sob outro nome ao ser dita como causa mortis. Bernardo foi até o Fórum de sua cidade pedir socorro ao Promotor e ao Juiz, que achou melhor chamar o pai, em acare ação, como numa audiência de conciliação, o que está escrito nas Convenções Internacionais, às quais o Brasil é signatário, que não deve ser buscada. O país rati ca uma Recomendação Internacional, que adquire, portanto, status de lei, mas depois descumpre. Bernardo, ap ó s a a c are a ç ã o c om a promessa de promoção de melhor convivência familiar, foi assassinado, em menos de um mês, pelo pai e a madrasta, e enterrado ainda com vida. A crueldade com os vulneráveis não tem limites. Isabella foi espancada e jogada pela janela como se fosse uma guimba de cigarro que se imagina não vá cair em algum chão. É a ilusão de fazer desaparecer uma coisa que não tem mais utilidade. À menina, em sua existência, apenas

Henry Borel de Medeiros tinha quatro anos quando foi morto A violência que viola Direitos, os mais básicos. E evidencia defeitos estruturais que parece não evoluir. O racismo, a x e n of o bi a , m o t i v a r a m a

xenofobia e xeno lia que caminham juntas na nossa sociedade. Conjugadas, a importação de teses sem fundamento, fazem grandes

Chocados, descobrimos que

barbaridade de um ó dio

estragos.

©FOTOMONTAGEM: REPRODUÇÃO/F&N

de tudo. Já se foi o tempo que o brasileiro se achava o melhor técnico dos times de futebol. Hoje, isso vale para todos os campos sociais.


COMPORTAMENTO 11

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Por que há casos em que filhos 'podam' os pais idosos com certa violência? ©ISTOCK

A pandemia do novo coronavírus agravou a situação de muitos idosos dependentes dos lhos, que correspondem em torno de 65% dos suspeitos de violência contra esse grupo etário. As informações são de 2021, com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). Até o primeiro semestre de 2021, o número de denúncias registrado pelo Disque 100 ultrapassou 30 mil. Por trás desse crescente cenário estão fatores como restrição de circulação, maior convivência entre os que residem na mesma moradia, incertezas sobre o futuro, favorecendo assim um acúmulo de tensões, que se

tratos, constrangimentos não permitem os pais idosos se comunicarem, seja com parceiros, amigos, parentes, ou então tomarem decisões próprias (como vestir aquilo que desejam, assistir TV, acordar ou dormir tarde, gastar o próprio dinheiro), principalmente estando eles com a saúde física e mental preservadas, cometem crime pela lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Cláudia Messias, psicóloga do Hospital Geral de Palmas (TO), informa que, se apesar de lúcido, o idoso acabar aceitando esse tipo de violência é devido ao grau de afeto que tem pelo lho, ou porque depende dele

somam a possíveis situações familiares anteriores e culminam nos casos de violência. Mas violência não é só agressão. Ai nd a é a ç ã o ou om iss ã o, praticada em local público ou privado, que cause morte, dano, sofrimento físico ou psicológico no idoso. Nesse sentido, lhos que, sob constantes ameaças, chantagens, humilhações, maus-

nanceiramente ou para tarefas cuja mobilidade o impede. "Mas iss o não s e just i ca. Vo cê trabalha a vida inteira, cria seus lhos com todo cuidado, amor e esforço e, quando eles crescem, querem controlar, determinar tudo e da pior forma? Está errado!". A família, ao perceber, não pode ser conivente nem se

distanciar desse caso. O idoso não é de propriedade exclusiva de ninguém e seus assuntos devem ser compartilhados, com médico e, se possuir, outros lhos, netos, sobrinhos, cuidadores. Alguém tem que intervir. Num primeiro momento, buscar entender o que se passa naquela relação e ouvir os dois lados. Por gentileza, responsabilidade, vínculo, não esp erar a situação s air do controle para se mostrar presente. "O idoso precisa ter outros tipos de relacionamentos, com os quais possa desempenhar outras atividades e se sentir rme e seguro emocionalmente. Ver que ele tem com quem contar, se precisar de algo e querer tomar decisões. Sem essa rede, mais refém e fragilizado ca", explica L i l i ana S e ge r, d outor a e m psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Ela continua

que essa mobilização ainda serve como "recado" para o lho dominador. Para um lho querer determinar, da pior forma, o que o pai ou a mãe, agora envelhecidos, podem, ou não fazer, suspeita-se de que há algo de errado com sua esfera psicoemocional. Não que sendo de fato isso é aceitável o que ele faz. Longe disso. Mas ressentimentos, ciúmes, baixa autoestima, complexo de rejeição e até medo de perder aquela pessoa são fatores a se suspeitar. Indivíduos que são inseguros não con am em si nem nas outras pessoas. "Quando há possessividade e preocupação excessiva, é caso para pro ssionais de saúde mental. É preciso compreender as motivações desse lho. Os familiares podem sondar e convencê-lo a procurar ajuda psicoterápica e, assim, ele

c o m p r e e n d e r s e u funcionamento, seus medos, suas distorções para se colocar no lugar do idoso e mudar seu comportamento, se exibilizar", or ient a Henr ique B ottura, psiquiatra e diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista (SP). Seger e Messias acrescentam que a terapia direcionada a idosos também é muito bem-vinda quando se encontram nessa condição delicada. Às vezes, o que eles não têm coragem para dizer aos familiares, expõem em consultório, como o sofrimento atrelado à internalização do que passam e à possibilidade de gerar implicações negativas contra o lho. O trabalho que os especialistas desenvolvem os ajuda a reconhecer os abusos, ter coragem e se posicionar. A mediação do psicólogo ou psiquiatra em conjunto com o geriatra também contribui para

que o idoso se autoconheça e aprenda a lidar melhor emocionalmente com as mudanças atreladas ao envelhecimento. Quando não é compreendido ou reage mal no dia a dia, corre o risco de ser infantilizado, cita Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves e com experiência pelo Hospital da Cidade, em Salvador: "Invertem-se os papéis e junto termina-se o respeito". Batista complementa que quando o idoso perde o status de chefe da casa, não favorece mais a ninguém, igualmente tende a ser m e n o s a c at a d o. Ag or a , s e continuam ativos, provedores e ainda sujeitos à dominação, leva a supor que seus dependentes, apesar de adultos, acham que eles não têm vida própria, nem necessidades afetivas e servem apenas para supri-los. São realidades bem complexas, a rma Paulo Camiz, geriatra do Hospital das Clínicas de São Paulo. "É preciso conhecê-las a fundo antes de qualquer decisão. Às vezes, julga-se que o lho age mal, mas pode também não ser bem assim. O cerceamento é importante se o idoso estiver incapaz de tomar decisões lúcidas, se autocuidar e encontrase vulnerável, ou se coloca em situações perigosas. Mas se estão autônomos e independentes, podem fazer de tudo, com segurança. Ainda assim são 'podados' e com violência? Então cabe denúncia", naliza Camiz.

Por que nos emocionamos quando ouvimos música? Especialistas dizem que além da subjetividade da emoção e do sentimento, padrões musicais também afetam e inuenciam áreas do cérebro ligadas à memória e à espacialidade, por exemplo ©SPENCER IMBROCK/UNSPLASH

De Nietzsche vem a frase: "A vida sem a música é simplesmente um erro, uma tarefa cansativa, um exílio". E mais. Além de atribuir a essa arte uma importância para a vida e o pensamento humano, em seu livro O Nascimento da Tragédia o lósofo escreveu: "Somente a partir do espírito da música entendemos a alegria diante do aniquilamento do indivíduo". Música é emoção, sentimento. Mas, além dessa subjetividade, há uma questão física. O processamento musical se dá em mú lt ip l a s á re a s c e re br a i s , relacionadas à memória, espacialidade e nas funções atencionais e emocionais. Diante disso, é (quase) impossível sair imune de uma experiência sonora. "Mesmo quando você ouve música com função recreativa, ela será processada no cérebro, que vai transformar as vibrações sonoras, que são resultantes do deslocamento das moléculas de

ar, em estímulos que terão sentido, ressonância e empatia na estrutura cerebral", diz o neurologista e pianista Mauro Mu s z k at , c o o r d e n a d o r d o Nú cl e o d e Ate nd i me nto Neuropsicológ ico Interdisciplinar Infantil (Nani) da Unifesp. Esse encadeamento citado pelo especialista se dá nas áreas não verbais do cérebro. Desde regiões bastante antigas, como o cérebro reptiliano, responsável pelas emoções; o hipocampo,

importante para as memórias familiares; o cerebelo, que faz com que os ritmos respiratório e cardíaco sejam ativados; a amígdala cerebral, estrutura ligada às reações emocionais; até as mais novas, as do neocórtex, que processam sensações. A amígdala cerebral, segundo Muszkat, tem um valor importante no processamento da música. Ela modula, regula, mantém e interrompe emoções e expectativas musicais. E, nela, ainda há um rótulo emocional,

muitas vezes negativo, de medo, por exemplo, ou agressivo, como a raiva. Nesse caso, a música pode equilibrar ou desequilibrar essas emoções. O treinamento musical, ou a exposição prolongada à música, também está ligada à plasticidade cerebral, que proporciona a preservação dos neurônios. A experiência é tão relevante que há diferença entre quem não tem treino musical, que processa as melodias preferencialmente no hemisfério cerebral direito, e os músicos, em que há uma transferência dessa função para o hemisfério cerebral esquerdo. A percepção dessas emoções também guarda relação com a tonotopia — o arranjo espacial de onde sons de diferentes frequências é processado no cérebro. Os tons mais graves trazem certo relaxamento. Os agudos, por sua vez, evocam um sentido maior de vigilância. Para o compositor, doutor em mú s i c a e c o o r d e n a d o r d a

graduação musical da Faculdade Santa Marcelina, Sérgio Molina, a emoção é algo que os compositores e intérpretes podem ou não buscar. "Há uma confusão entre ouvir uma música e car emocionado com ela e achar que isso aconteceu porque o compositor também estava nesse estado quando a fez. Na verdade, há valores culturais que são atribuídos e que determinam com que o ouvinte tenha esse tipo de sensação", diz. Ouça intensamente, com a emoção plugada. Se você ouvir super cialmente, como música

de fundo, você não tirará o máximo dos efeitos que ela causa. Ouvir atentamente contribui para sua plasticidade cerebral", d i z o n e u ro l o g i s t a Mau ro Muszkat. "Busque seu caminho própr io de es c ut a. Não s e contente com o que é oferecido p e l a m í d i a . S e mpre t e n h a curiosidade. Ao variar os estilos, você vai treinar sutilezas na sua audição. Perceb endo ess as diferentes nuances, você irá começar a se emocionar com outros tipos de música", explica o compositor Sérgio Molina.

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES


12 OLHAR DE UMA LENTE

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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Bolsonaro reajusta piso salarial do professor de educação básica N

©REPRODUÇÃO/FACEBOOK

o ú lt i m o d i a 4 , o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, juntamente com o ministro da Educação (MEC), Milton Ribeiro, o cializou o reajuste de 33,23% para professores da rede pública de educação básica, elevando de R$ 2.886,00 para R$ 3.845,00 o piso salarial nacional da categoria. Mas nem bem foi assinada e a benfeitoria já vem criando con itos entre as esferas governamentais, governadores alegam não ter como pagar essa conta. Ligamos para o Sindicato dos(as) Trabalhadores(as) em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) e falamos com o diretor de comunicação, profess or Hildebando Jos é Paranhos. Segundo ele, o grande desa o que se coloca para o magistério é a situação da legislação chamada Lei 11.738,

Pro ssional Nacional do Magistério Público da Educação Básica. “Quando o governo federal anuncia aumento de 33,23, é conforme o Art. 5º do piso que diz que também deve ser utilizado para reajustar o salário dos professores e professoras, por isso, o correto são as prefeituras, os estados e o Distrito Federal aplicarem o reajuste de 33,23% a partir de janeiro em todo Brasil. O Sindiupes, assim como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), vai buscar junto a cada município, trabalhar no sentido de garantir esse reajuste na carreira desses pro ssionais. É natural que cada prefeito e governador, e não é diferente aqui no Estado, que trabalham com números, falam que não têm condições e acaba acontecendo o que aconteceu no ano passado, sobra de verba do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

denominada Piso Salarial ao

da Educação Básica e de

Valorização dos Pro ssionais da Educação (Fundeb)”. O presidente da Confederação N a c i o n a l d o s Mu n i c í p i o s (CNM), criticou e a rmou, dizendo que, a medida “trata-se de disputa eleitoral”. Paulo Z iu l koski dest acou que “o critério de reajuste anual do piso do magistério foi revogado com a Lei 14.113/2020, que regulamentou o novo Fundeb. Pelas nossas contas, o reajuste anunciado terá impacto de R$ 30,46 bilhões nos cofres dos municípios, e isso pode criar di culdade scal e inviabilizar a gestão da educação no Brasil”, criticou. A informação do MEC é que a de nição do valor se deu após e stu d o té c n i c o e ju r í d i c o, permitindo a manutenção do critério previsto na atual Lei 11.738, de 2008. O órgão esclarece, ainda, que os recursos existem e a União pode socorrer municípios que não consigam pagar o reajuste. Sérgio Majeski, deputado que mais atua em defesa da categoria no Estado, disse que o reajuste está vinculado à Lei 11.738, de 2008, que criou o piso. “Esse reajuste não é dado de forma aleatória. A lei prevê que o reajuste anual do piso seja feito de acordo com a var iação ou aumento de investimento por

aluno, dentro da média nacional. Não é o governo de plantão que vai estipular esse aumento”. Majeski explica que, em 2020, foi aprovado o novo Fundeb e, com isso, aumentou o investimento por aluno no País e que, por isso, a variação 2020/2021 foi bastante signi cativa, possibilitando esse percentual anunciado pelo governo Federal. “Pode ser que alguns estados e municípios enfrentem di culdade, mas a lei diz que, caso um ente federado, Estado ou Município, enfrente di culdade de cumprir o piso, o governo Federal complementa, é uma previsão legal. Não é só a questão salarial que melhora a educação, mas ela é fundamental

para você atrair cada vez mais melhores pro ssionais”, a rma. Segundo o prefeito de Fundão, Gilmar Borges, o aumento do piso salarial para o professor, certamente vai impactar as nanç as d o s mu n i c ípi o s e di cultar o pagamento, mas o gestor faz uma ressalva, “ressalto que a União poderia ampliar o repasse de recursos do Fundo de Participação dos Municípios ( F P M ) , a s s i m at e n d e r i a à demanda por melhores salários para a categoria. Lembro que é no município que tudo acontece e é em Brasília que tudo se decide. Nos municípios não se faz moeda e nem se cria tributo. Ainda não tivemos condições de pagar um

salário digno aos nossos professores porque os recursos são insu cientes, mas mesmo com as di culdades, estamos realizando estudo para nos adequar ao novo piso salarial proposto pelo governo Federal”, assegura. * A informação do Ministério da Educação é que a de nição do valor se deu após estudo técnico e jurídico, permitindo a manutenção do critério previsto na atual Lei 11.738, de 2008. O órgão esclarece ainda que os recursos existem e a União pode socorrer Municípios e Estados que não consigam pagar o reajuste. TATI BELING

Eleição para presidente do Conjunto Carapina I J

médio portes será a grande tacada”, acredita. “A atual gestão vem fazendo mu i t a s c o i s a s , ap e s a r d a s di culdades imp ostas p ela pandemia. Sinalizamos a maioria das ruas, com placas, faixas de pedestres, quebra-molas, tudo com muita di culdade e

©HAROLDO FILHO/F&N

ean Carlos Campista Lippaus, ou simplesmente Jean, como é mais conhecido, motorista de pro ssão do Grupo CVC Chevrolet e vice-presidente da atual gestão da comunidade Carapina I, está na disputa à presidência da comunidade para dar continuidade ao trabalho que

vem desenvolvendo desde o início de 2020. Para Jean, a comunidade não necessita de grandes obras, mesmo porque não teria área para isso. “O que precisamos mesmo é trazer cursos pro ssionalizantes, a pandemia parou muita gente, temos um g rande número de desempregados e acredito que as parcerias com a iniciativa privada como a Vale, a ArcelorMittal e outras empresas de pequeno e

persistência. Quando assumimos, em 2020, veio a pandemia e a prefeitura cou praticamente sem atendimento, fechada literalmente. A reforma da pracinha do Mirante foi uma d a s o br a s p ar a l i s a d a s . No entanto, mesmo com tantos i mp re v i s t o s , c o n s e g u i m o s concluir o campo society e o parquinho. Já solicitamos a conclusão de todo o Mirante e a prefeitura já respondeu que as obras de reforma serão

retomadas até março deste ano naquele local”, garante Jean, acrescentando que “o Centro Comunitário está reformado, periodicamente executamos o bota-fora. Não somos um bairro p e r i f é r i c o, é p e q u e n o, o s moradores têm um bom grau de instrução e de classe média razoável, fácil de administrar”. Ainda segundo Jean, a reforma do ginásio (quadra) é essencial, pois a estrutura e as telas estão dani cadas. “O prédio está em boas condições, reformamos tudo e estamos terminando a reforma do salão de festas. São poucas coisas, o que precisa ter mesmo é uma manutenção contínua por parte da prefeitura”, a rma. No que diz respeito à saúde, de acordo com o vice-presidente, a comunidade conta com uma arteterapeuta e uma psicóloga que atendem com custo bem abaixo do mercado, R$ 28,00, todas as terças e quintas-feiras. Para Jean é preciso ampliar esses serviços, trazendo pro ssionais liberais de várias áreas de atuação e cita como exemplo a sala de informática, que está quase c o n c l u í d a e v a i a t e n d e r, gratuitamente, o morador que precisar imprimir um

documento. Jean frisou que, apesar de todos esses esforços é preciso melhorar o atendimento, principalmente na saúde. “Estamos trabalhando bastante com o pessoal do posto d e s aú d e p ar a mel hor ar o atendimento. Não melhorou ainda, a prefeitura é a responsável, mas nós temos que cobrar e correr atrás dos órgãos públicos. Vejo duas coisas como prioridade: trazer os cursos pro ssionalizantes para ajudar as pessoas a se reinserirem no mercado de trabalho e melhorar a nossa unidade de saúde. A saúde das pessoas está muito debilitada e o posto não está

atendendo devidamente”. Jean denuncia que o posto não tem médico e, segundo ele, a prefeitura alega que está em processo de contratação, mas ele contesta, uma vez que o prefeito já está no segundo ano de mandato. “A unidade de saúde precisa ter um ginecologista, um clínico geral e um pediatra, isso é o básico”, ressalta Jean. Entretanto, para trabalhar e exigir os direitos da comunidade com responsabilidade, o Cadastros Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da associação, que está com restrições na Receita Federal, precisa estar em dia e regularizado, pois isso é

uma exigência para rmar parcerias com empresas de grande porte que, além do espaço, exigem também todas as C er t idõ es Negat ivas. “S ou morador há 26 anos da c omu n i d a d e e c on h e ç o a s necessidades do bairro. Hoje, faço parte da atual administração e todos conhecem minha dedicação. Quero aproveitar a oportunidade dada pelo respeitado e con ável veículo de comunicação Fatos & Notícias, para pedir o voto de con ança no próximo dia 20 (domingo), na sede da associação, conto com vocês!”.


BRASIL 13

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A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Lista de prioridades do governo para 2022 traz 45 propostas ©MARINA RAMOS/CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Casa Civil divulgou, nesta quarta-feira (9), a lista das propostas prioritárias do governo de Jair Bolsonaro para votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal em 2022. A lista reúne 45 propostas em áreas como economia, saúde e infraestrutura; 39 delas já estão em tramitação no Legislativo e 6 ainda estão em formulação. Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), são projetos com uma linha clara de ação: “aperfeiçoar o funcionamento do Estado; romper entraves à atividade econômica para modernizar o Brasil e gerar empregos; e facilitar a vida dos cidadãos”. A agenda legislativa (Portaria 667/22) foi publicada na edição desta quarta do Diário O cial da União. Das 45 propostas, 23 estão em análise na Câmara. Na pauta econômica, os destaques que já estão em análise na Câmara são o marco de garantias (PL 4188/21) e a criação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS) (PL 3887/20). A redução do custo Brasil é o assunto de dois projetos prioritários para o governo: o que cria a Identi cação Civil Nacional, simpli cando o uso de documentos pelos cidadãos (PL 3228/21); e o que regulamenta a representação privada de interesses por pessoas naturais ou jurídicas junto a agentes públicos (PL 4391/21). O novo marco legal do setor elétrico, tema do PL 414/21, também receberá atenção prioritária do governo na Câmara. O projeto aprimora o modelo regulatório e comercial do setor elétrico, para expandir o mercado livre. A mineração em terras indígenas é o tema do PL 191/20, que está na lista de prioridades do governo. A proposta estabelece condições especí cas para essa atividade e cria uma indenização pela restrição do usufruto de terras indígenas. Na área social, o governo vai priorizar a MP 1076/21, que estabelece o benefício extra para os bene ciários do Auxílio Brasil. Também entram na lista a proposta relativa ao marco temporal das terras indígenas (PL 490/07); o projeto que amplia a acessibilidade à leitura por pessoas com de ciência (PL 4315/21); e o que estimula e facilita a geração de empregos, por meio do Contrato Verde e Amarelo (PL 6160/19). No setor ambiental, os destaques são o projeto que cria a Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PL 6539/19); o que regulamenta o mercado de carbono no Brasil (PL 528/21); e o que dá mais agilidade e exibilidade às concessões orestais (PL 5518/20). Outras prioridades do governo são o PL 360/21, que acaba com a possibilidade das "saídas temporárias" de presos; e o PL 6438/19, que amplia o porte de armas para diversas categorias de servidores públicos. Também são destaques da pauta o PL 1776/15, que inclui a pedo lia na lista de crimes hediondos; e o PL 3780/20, que estabelece punições mais rigorosas para o abuso sexual cometido por sacerdotes, pro ssionais de saúde ou educação ou qualquer pessoa que use da con ança da vítima menor de idade ou incapaz para cometer esse tipo de crime. O PL 6299/02, também chamado de Lei do Alimento Seguro, regulamenta o uso e a scalização dos defensivos agrícolas e está na agenda legislativa de 2022. Outra prioridade é o PL 1293/21, que estimula o autocontrole na produção de alimentos, revogando dispositivos legais que estabelecem penalidades relativas à defesa agropecuária. O PL 2401/19, que regulamenta o direito à educação domiciliar (home schooling), também é prioritário para o governo de Jair Bolsonaro. Outro é o PL 6/20, que torna ilegal a progressão continuada em todo o Brasil, abolindo a organização por ciclos. As prioridades legislativas para a área de saúde são o PLS 589/21, que aperfeiçoa o controle de qualidade de medicamentos já registrados; o PL 2552/21, que moderniza o rastreamento da produção e do consumo de medicamentos; e o PL 1613/21, que facilita a incorporação de tecnologias ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para Esperidião Amin, missão diplomática à Rússia é importante para o agronegócio ©ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO

Em pronunciamento, nesta quar ta-feira (9), o s enador E s p e r i d i ã o A m i n ( P P- S C ) destacou como importante a viagem que o presidente Jair Bolsonaro fará à Federação Russa do dia 14 a 17 deste mês. Segundo ele, um dos objetivos da visita visa “favorecer o comércio e a relação bilateral” entre as duas nações. O senador classi cou como “importante” a iniciativa do governo brasileiro e dos empresários que farão parte da missão diplomática. Ele argumentou que será uma visita muito signi cativa, principalmente pela dependência do Brasil na importação de fertilizantes daquele país. “Cito como absoluta prioridade essa visita, pelo fato de que o Brasil — Santa Catarina, em particular — ser exportador de carne suína certi cada para a Federação Russa, além de produtos da avicultura. Nós abrimos essa exportação em 2001. Eu z essa viagem, à época como governador do estado, à Rússia, em março de 2001. De lá para cá, até 2017, só vimos crescer essa relação comercial. Infelizmente, houve um baque nesse ano, o de 2017”, ressaltou.

Senado — Relator estima redução de R$ 0,50 na gasolina e R$ 10 no gás As tratativas e negociações em torno de uma solução para diminuir o preço dos combustíveis seguem avançando no Congresso, a rmou o relator de dois projetos sobre o tema, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), nesta terça-feira (8). O parlamentar disse que tem se reunido com representantes do governo federal, de governos estaduais, do setor de petróleo e de consumidores para discutir formas de amenizar o impacto das oscilações do preço do petróleo no mercado doméstico. A ideia, diz o senador, é aprovar um pacote de medidas (que inclui a PEC dos Combustíveis, em tramitação na Câmara dos Deputados) e garantir redução de ao menos R$ 0,50 no custo do diesel e da gasolina nas bombas e de até R$ 10 no gás de cozinha. “Os valores que estamos estimando para o início de saldo da conta de compensação são da ordem R$ 25 bilhões até o nal do ano, para entregar mais ou menos R$ 0,50 a R$ 0,60 de redução no preço do diesel ou da gasolina e R$ 10 no preço do botijão ©BRASILAGRO de 13kg”, estimou. De acordo com Jean Paul, um fundo de compensação funcionaria como uma ferramenta para acumular saldo durante o período de preços em baixa que seria utilizado nos períodos de alta para evitar os excessivos aumentos dos preços dos combustíveis. D iv i d e nd o s d a Un i ã o, royalties e bônus relacionados à exploração do petróleo seriam algumas das fontes para composição desta conta de compensação. “Nós estamos avançando dia a dia em uma solução, em um pacote legislativo que visa diminuir a volatilidade do preços dos combustíveis e o impacto para os consumidores e para toda a economia”, disse. Segundo o senador, não se trata de um subsídio para combustíveis fósseis, mas uma devolução à sociedade das receitas extraordinárias do governo com as altas do dólar e do petróleo. “Esperamos que ao longo dos próximos sete a dez dias, com a votação dos projetos, já na semana que vem nós tenhamos um pacote completo e fechado para essa solução. Não estamos falando de abrir mão de impostos ou de subsidiar combustíveis fósseis. Estamos devolvendo à sociedade lucros e receitas extraordinárias do governo através de uma conta de compensação onde o governo auferiu benefícios a partir da disparada dos preços internacionais do petróleo e do dólar”, apontou.

Dirigentes da Chapecoense vão depor na CPI A CPI da Chapecoense aprovou em reunião na tarde desta quarta-feira (9) a convocação de dois dirigentes do ©REPRODUÇÃO/LANCE clube catarinense para esclarecer a informação de que as famílias das vítimas do acidente aéreo de 2016 não estão recebendo as indenizações a que têm direito. A data mais provável para os depoimentos de Nei Roque Mohr e Plínio David de Nes Filho, respectivamente atual e ex-presidente da Chapecoense, é a quinta-feira (17). O requerimento foi apresentado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), relator da CPI. A CPI apura os fatos relacionados ao acidente

PL prevê prioridade para crianças e idosos nos atendimentos oftalmológicos do SUS ©RODRIGO NUNES/MINISTÉRIO DA SAÚDE

O Senado deve analisar o projeto de lei (PL) 2.521/2019 que dá prioridade às crianças e aos idosos n o s at e n d i m e nt o s o a l m ol ó g i c o s d o S i s t e m a Ún i c o d e Saúde (SUS) e inclui a consulta preventiva de oalmologia como parte da atenção básica. O projeto é de autoria do deputado Gustinho Ribeiro (Solidariedade-SE) e foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados em dezembro de 2021. A proposta, que recebeu parecer favorável do relator, deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), dá prioridade nos agendamentos às crianças de até dez anos de idade e aos idosos e estabelece que o descumprimento da regra é considerado infração à legislação sanitária federal. Além disso, o projeto propõe que no nal de cada ano letivo, os professores devem fazer encaminhamento direcionado aos responsáveis, para que procurem o atendimento oalmológico ao perceber o mínimo de di culdade de aprendizado dos alunos. A proposta prevê, ainda, o fornecimento gratuito pelo SUS de óculos prescritos para idosos, crianças e cidadãos que recebam até dois salários mínimos. Na justi cativa, o deputado Gustinho defende que, se aprovado, o projeto vai favorecer um melhor rendimento escolar, e para os idosos e pessoas de baixa renda, poderá despertar o interesse nos estudos e na leitura.

aéreo com o avião que levava o time catarinense para a decisão da Copa Sul-Americana, em Medellín, na Colômbia, em novembro de 2016. Morreram 71 das 77 pessoas a bordo. A investigação concluiu que a aeronave decolou sem reserva de combustível su ciente para permanecer no ar em caso de atraso na aterrissagem. Em julho de 2020, a Chapecoense rmou um acordo coletivo na Justiça para encerrar 26 ações trabalhistas relativas ao acidente aéreo. A promessa era pagar um total de R$ 250 mil mensais às famílias das vítimas, divididos entre todos os processos. Os valores seriam arrecadados com as contribuições de sócios-torcedores. O acordo foi rmado na gestão de Nes Filho. Em dezembro passado, já sob a presidência de Mohr, o clube deixou de fazer o pagamento a uma das bene ciárias do acordo. No mês seguinte, a Chapecoense suspendeu as transferências de todas as famílias. A diretoria atribuiu a suspensão a problemas nanceiros gerados pela diretoria anterior. Teme-se que, com a transformação do time de futebol em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), aprovada em janeiro pelo conselho do clube, a nova entidade não se responsabilize pelos pagamentos às famílias das vítimas. “Fiquei triste com essa questão da Chapecoense. Aprovamos recentemente o novo sistema de Sociedade Anônima de Futebol e a Chapecoense foi um dos que se associaram a essa nova modalidade”, observou Izalci, dando a entender que poderia haver uma relação entre a criação da SAF e a suspensão dos pagamentos. Sancionada em agosto, a Lei 14.193, de 2022, que permite a transformação de times de futebol em SAFs, é fruto do PL 5.516/2019, aprovado em junho do ano passado pelo Senado. A SAF não tem obrigação, pela lei, de assumir as dívidas passadas do clube de futebol. Durante a reunião, o senador Izalci Lucas anunciou que testou positivo para covid-19 na segunda-feira (7). Ele a rmou estar bem e que participou remotamente porque "não queria correr o risco de passar [o vírus] para os meus colegas". Disse ainda que retornará ao Senado na sexta-feira (11), caso um novo teste indique que já não está mais com o vírus. O senador Esperidião Amin (PP-SC) cobrou a realização de audiência para ouvir o presidente da seguradora Tokio Marine, José Adalberto Ferrara. Marcada inicialmente para 16 de dezembro, a audiência foi adiada, segundo o presidente da CPI, Jorginho Mello (PL-SC), a pedido do depoente, que alegou ter viagem marcada. Jorginho garantiu que a audiência será realizada no próximo dia 24, mesmo dia em que devem depor representantes da Petrobras. O presidente da CPI anunciou ainda que o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, prestará depoimento à CPI no dia 17. A Tokio Marine é acusada de não cumprir suas obrigações contratuais em relação à LaMia, empresa que operava a aeronave acidentada. Corre na Justiça dos Estados Unidos um processo, movido pelas famílias, contra uma série de empresas envolvidas no seguro e resseguro da aeronave, entre elas a Tokio Marine. Como a seguradora tem contratos com a Caixa e Petrobras, a CPI quer que os dirigentes do banco e da petrolífera esclareçam se a Tokio Marine tem quali cações para cumprir eventuais obrigações previstas nesses contratos.


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FERNANDO RIBEIRO

Dificuldade para dormir pode ser apneia do sono

Advogado. Mestre em Direito Processual pela Universidade Federal do Espírito Santo Professor universitário

Crise interpretativa e as múltiplas narrativas

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á mu ito te mp o, a despeito das polêmicas existentes na seara jurídica envolvendo inúmeros institutos do direito, é cediço que texto é diferente de norma. A norma jurídica, então, passou a ser o produto do processo interpretativo, na maioria das vezes, tendo como ponto de partida um texto interpretável. A grande questão, então, gira em torno das possibilidades interpretativas que dão azo às múltiplas narrativas. Percebe-se que, embora partindo do mesmo ponto, a intepretação construída pode levar a variados destinos, muitas vezes irreconciliáveis entre si. Para melhor exempli car o que está sendo proposto, farei uso da expressão “copo meio cheio x copo meio vazio”. Ao olhar para um copo em que seu conteúdo está tomado até a metade, uns a rmam que o copo está “meio cheio” e outros asseveram que ele está “meio vazio”. Percebe-se, entretanto, que o fato observado, o qual se compara a um texto escrito na área do direito, é o mesmo para ambos os observadores, e, mesmo assim, as conclusões podem ser distintas. Isso porque o processo de interpretação sofre diversas variáveis, muitas vezes rel a c i ona d as c om o qu e o observador-intérprete já carrega de informação, conhecimento e sensações. Por exemplo, para quem esteja sedento por água, um copo pela metade pode ser visto como um copo “meio vazio”, dada sua necessidade de hidratação. Por outro lado, se o observador intérprete estiver saciado pela ingestão exagerada de líquido, ao avistar o copo pela metade, pode ter a sensação de que ele esteja “meio cheio”, já que não aguenta mais beber líquido algum. Passando para a seara do direito, temos diversas polêmicas levantadas, fruto, inclusive, de ju l g am e nt o s c on h e c i d o s e famosos, cujo pano de fundo

A qualidade do sono é um dos fatores imprescindíveis para uma boa saúde. Dormir mal pode significar algo mais grave, como apneia

foram as diversas interpretações sobre o texto constitucional. Para exempli car de forma didática e mais fácil, podemos apontar o julgamento da possibilidade ou não de efetivação da prisão em segunda instância, recentemente analisada pelo Supremo Tribunal Federal. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988 e vigente até hoje, estabelece que a prisão só seria viável, em regra, após a cristalização de uma condenação judicial de uma pessoa. Isto é, quando alguém fosse condenado e não houvesse mais a p o s s i b i l i d a d e d e r e c u r s o, tornando-se a decisão imutável, aí sim a pessoa poderia ser presa. A despeito do texto constitucional, outros intérpretes assumiram o comando normativo como sendo possível que a prisão acontecesse após julgamento de segunda instância, sob a argumentação de que a condenação estaria quase perene, com poucas chances de reversão n o s Tr i bu n a i s Sup e r i ore s . Observa-se que essa interpretação jurídica é pouco consistente, pois a imutabilidade não pode ser confundida com improbabilidade. Mas, fato é, que a cr is e inter pret at iva gera narrativas mil. Outros exemplos poderiam ser dados no campo jurídico de aplicação da norma legal, mas prefere-se agora passar para a fase nal deste pequeno enxerto, apontando outros exemplos de narrativas infundadas, embora possivelmente acobertadas pela crise interpretativa, agora na

seara política. Muitos estudos apontam o de crés cimo no número de mortos pela pandemia da covid19 relacionado à ampla vacinação da sociedade em geral. Tornamse cientí cos tais estudos quando há metodologia aplicada e pertinência entre o resultado e o caminho percorrido para se chegar a ele. Os resultados podem (e devem!) ser c o n f r o nt a d o s q u a n d o c a possível a veri cação da incongruência metodológica aplicada. A nal, deve-se colher laranjas de uma laranjeira, e não morangos. Acontece que, politicamente falando, os discursos são fadados às narrativas diversas, não só pela crise interpretativa já consolidada, mas também pelos diferentes pontos de partidas analisados, seja por descuido do analítico intérprete, seja por sua má-fé. No primeiro caso, haveria negligência do intérprete nos casos de confusão de informações não veri cadas. Trazendo o exemplo da queda no número de mortos frente à vacinação, seria o caso de alguém subjugar a vacina por ter medo. Quanto à má-fé, seria o intérprete a rmar que a vacina é ine caz, apenas para que ninguém mais a ela se submeta, somente tendo como veia argumentativa sua crença de que ela de fato não traga resultados ou apenas por não concordar com a vacinação sem fundamento cientí co e plausível nenhum. Opinião deve ser respeitada, mas não pode ser “comprada ou vendida” com status cientí co. A diferenciação, portanto, de uma interpretação plausível e cientí ca de outra narrativa qualquer, pauta-se na coerência da metodologia e resultados ap re s e nt a d o s n o p ro c e s s o interpretativo. Cuidado! A impaciência não é a melhor maneira de harmonizar pensamentos e interpretações distintas, mas sim estar apto a conhecer os fundamentos da a rmação de outrem, mesmo que em primeira análise não esteja em consonância com o que você ache.

i nte ns a d o qu e u m ronc o precoce é fundamental no Problemas para dormir, muitas comum. Ela causa repetidas tratamento. "Pessoas vezes, não são valorizados. Ir paradas respiratórias enquanto o roncadoras, que vivem para a cama e car rolando por indivíduo dorme. sonolentas e têm um sono horas, mexendo no celular, sem Para o Dr. Braz, essas quebras fragmentado e não reparador, conseguir pegar no sono, ou na respiração causam pequenos necessitam da avaliação de um então acordar diversas vezes despertares e deixam o sistema especialista em medicina do d u r a nt e a n o i t e p o d e s e r nervoso em estado de alerta sono", pontua o médico. perigoso. É durante o sono que o durante a noite. O que pode Durante o sono, é comum organismo humano se recupera gerar quadros de hipertensão. "A também que pessoas apresentem dos desgastes físicos e mentais diminuição da oxigenação, outros sintomas, como agitação, d o d i a . Nã o d o r m i r b e m seguida de uma nova pesadelos frequentes e engasgos. prejudica essa reabilitação e oxigenação, é capaz de formar Mas, é possível identi car que acumula o cansaço ao longo do radicais livres que levam a um algo está errado mesmo nos tempo. De início, as estresse oxidativo considerável, períodos em que o paciente está consequências podem ser até que contribui para as doenças acordado. Além da sonolência imperceptíveis, mas passar cardiovasculares". durante o dia, boca seca ao longos períodos sem descansar A recomendação dos médicos acordar, diminuição da libido, adequadamente é certeza de do Hospital Paulista é investigar irritabilidade e di culdades para complicações. A qualidade de vida está e tratar a origem do problema. se concentrar são sinais de que o diretamente ligada ao sono. De Para eles, isso ajudará a traçar a sono não está bom. "O acordo com dados do Ministério melhor estratégia de acordo com diagnóstico é feito de forma A transmissão será no canal da Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas da Saúde, metade dos brasileiros as individualidades de cada simples, mas é necessário que o sofrem com alguma di culdade paciente. A SAOS costuma especialista esteja ciente de todas para dormir. E o mais assustador acometer homens obesos e as queixas do paciente", alerta o é que uma das principais causas acima do peso, mas também D r. Br a z Ni c o d e mo Ne to, dessa falta de sono é uma doença pode se manifestar em também otorrinolaringologista séria, que pode gerar problemas indivíduos magros, mulheres e do Hospital Paulista. cardiovasculares. Trata-se da crianças. A S AO S , ge r a l m e nt e , s e Para os especialistas, um dos Síndrome da Apneia Obstrutiva manifesta ao lado de outras principais tratamentos para do Sono (SAOS), que acomete doenças, como obesidade e acabar com a doença e melhorar 33% da população adulta no hipertensão. E é comum que o Brasil. diagnóstico aconteça de forma a qualidade de sono, é o uso de A doença costuma ser indireta. Às vezes, cardiologistas pressão positiva em via aérea (CPAP). Segundo os médicos, silenciosa para quem a tem, mas são os primeiros pro ssionais a aparelhos bucais de avanço não para as pessoas ao redor. O suspeitarem que a qualidade do mandibular usados durante o ronco alto, por exemplo, é um sono está ruim. "É muito comum sono e confeccionados por dos primeiros sintomas. estes pacientes já estarem em dentistas são outra alternativa. A Conforme explicação do tratamento para hipertensão e terapia fonoaudiológica, e em Ho s p i t a l I s r a e l i t a A l b e r t apresentarem exame de medição alguns casos, também pode ser a Einstein, a doença é "o distúrbio da pressão arterial de 24h no qual o indivíduo sofre breves (Mapa) com aumento dos níveis, resolução do problema. Mas, em casos mais graves é necessário e repetidas interrupções da inclusive durante o sono". recorrer a cirurgia na região da Segundo os especialistas do respiração enquanto dorme". faringe. Hospital Paulista, a SAOS Para o Dr. Nilson André Maeda, implica em uma limitação do ot or r i n o l ar i ngo l o g i s t a d o uxo de ar na garganta e é mais Hospital Paulista, o diagnóstico


COTIDIANO 15

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Camburi recebe primeiro guarda-corpo em braille do ES e novo deque do SOE ©ELIZABETH NADER

A praia de Camburi é um dos mais lindos e visitados cartõespostais do Espírito Santo e agora é o primeiro espaço público do Espírito Santo a ter a descrição em braille da paisagem e com informações sobre a orla, como pontos de ônibus, no guardacorpo do calçadão. A Prefeitura de Vitória instalou um guarda-corpo de 284 metros com inscrições em braille e em fonte adequada às pessoas com baixa visão entre o quiosque "Canto da Orla", próximo ao Atlântica Parque, até o módulo do Serviço de Orientação ao Exercício (SOE) de Jardim Camburi, que também ganhou um novo deque, apropriado à pratica de atividade física. O invest imento p ara as duas intervenções é de R$ 300 mil. "Poder estar aqui nesta manhã representa reconectar essa cidade a sua população. Com um ano e um mês de gestão, estamos mostrando resultado. Assumimos a gestão com o objetivo de reconectar a cidade ao coração das pessoas, reabrindo as portas da prefeitura e de todas as secretarias e se manifestar. Apresentamos a essa cidade o plano de investimentos de R$ 1 bilhão, o maior entre todos os municípios e até do governo do Estado. Esse é o caminho de quem dialoga, de quem ouve e consegue devolver em trabalho e investimento à cidade", destacou o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. O secretário da Central de Serviços, Leonardo Amorim, ressaltou que a instalação com as

inscrições em braille trazem acessibilidade e segurança para pessoas com de ciência. "A simples descrição de paisagens nesse ponto turístico é um dos avanços para termos uma cidade mais acessível e ser um equipamento de referência para as pessoas com de ciência e baixa visão. Vitória é a primeira cidade a ter placas com escrita em braille, com letras para pessoas de b a i x a v i s ã o e p l at a f or m a s indicativas para que essas pessoas saibam que ali tem um local com informações para elas", a rmou Amorim. Para o subsecretário da Central de Serviços, Paulo Vítor Aquino Dal Col, a instalação do guardacorpo oferece mais segurança aos frequentadores da Praia de Camburi e passa a ser uma espécie de guia para pessoas com de ciência visual, que, além de sentirem a emoção daquele local, poderão saber exatamente como ele é por meio da leitura em braille. Manuel Peçanha, presidente do Instituto Luiz Braille do Espírito Santo e presente no evento, agradeceu p ela entrega do guarda-corpo com acessibilidade. "É uma honra poder estar aqui, o prefeito tem olhado com carinho por toda a população de Vitória. Em nome do Instituto Luiz Braille do Espírito Santo, quero agradecer. É preciso saber viver. Hoje esse passo que é dado na inclusão é muito importante e sendo feito não para nós, mas conosco", ressaltou. Iberê Arruda, da Associação

Comunitária de Jardim Camburi, falou em nome da comunidade, que vem recebendo melhorias e atenção da gestão municipal. "Esse momento é de muita gratidão ao ver Jardim Camburi receber mais um avanço. Venho observando o trabalho que vem sendo feito e que aparece no dia a dia da nossa comunidade. Em nome da comunidade de Jardim Camburi, obrigado", disse. O guarda-corpo foi feito com aço inox, material mais bonito e indicado para a beira de praia por questão de resistência e segurança para os frequentadores da orla. Já a reforma do deque do SOE de Jardim Camburi é uma demanda antiga do bairro e principalmente dos praticantes de atividades físicas que usam o local. A reforma visou a melhorar a qualidade do equipamento, bem como reduzir os custos com manutenção, visto que o concreto é mais fácil de ser mantido do que o anterior, que era de madeira paraju. "O novo piso do deque é rígido e de alta resistência, usando concreto fck 30 e com acabamento feito com máquinas polidoras tipo helicóptero. O piso foi pintado com a tinta Novacor She r w i n Wi l l i ams Ult r a Premium de altíssima resistência e própria para ambientes externos e de alto tráfego", comentou o subsecretário de Gestão da Central de Serviços Paulo Vítor Aquino Dal Col. A área total de piso útil é de 232 m². O engenheiro da Central de S e r v i ç o s re s p on s áv e l p e l o acompanhamento das duas obras Fabrício Trevisani acrescentou que, com o serviço, será possível tornar a área abaixo do deque um local para que os usuários guardem os utensílios usados em suas práticas esportivas, como bolas, redes, remos, equipamentos de ginástica e outros. "Entregamos um equipamento diferenciado e de altíssima qualidade, o primeiro d e ste p a d r ã o e nt re g u e e m Vitória", nalizou o secretário Leonardo Amorim.

Escola leva cisternas à agricultura familiar e amplia renda no sertão do Piauí Através da construção ou reforma destas estruturas, projeto Escola Beta quer levar acesso à água e aumentar comercialização de produtos da agricultura familiar ©JOSÉ CARLOS BRITO

Graças à instalação de um aç ude, o pro dutor iago Coelho Rodrigues consegue obter renda pela agricultura orgânica e ainda ter a oportunidade de acessar c ré d it o s d e c ar b on o p e l a produção sustentável da agricultura regenerativa. Tudo isso em Betânia do Piauí, no sertão nordestino, onde a disponibilidade de água é cada vez menor. iago conta que o açude chegou à região por meio da Escola Beta. O projeto quer, at r avé s d a c onst r u ç ã o ou reforma destas estruturas, levar acesso à renda para famílias da agricultura familiar. Como r e s u l t a d o, d e 2 0 1 9 a t é o momento, 210 milhões de litros de água foram retidos anualmente e revertidos em alimento, higiene e renda.

“Ensinamos formas de reter a água no solo, aproveitá-la para o cres cimento de veget ação adequada e converter isso em resultado nanceiro”, diz João Costa Lima, cofundador da Escola Beta, ao dizer que o princípio base, além de levar água às populações, é incentivar o cuidado do solo com a prática da agricultura regenerativa. Segundo João, um açude médio retém anualmente por volta de 15.000.000 de litros de água de chuva. Sem a existência do açude, a água costuma ser levada para a região semiárida por meio de caminhões pipa. "Cada açude construído evita a emissão de 150.000 litros de diesel. Além de possibilitar acesso à água e melhor produção, é possível evitar poluição do ar", reforçou. Do ponto de vista de iago,

outro benefício do projeto é que as opções de comercialização se expandiram. "É uma agricultura que não usa agrotóxicos. As pessoas gostam de saber que é orgânico e isso aumentou nosso mercado. A escola abriu a oportunidade para comercializar na cidade e isso mudou muito a realidades das pessoas", a rmou. Em paralelo aos processos produtivos gerados pela água e a queima de combustível fóssil evitada, todo esse processo gera créditos de carbono. “É a venda desses créditos que nancia todo o nosso trabalho. Nossa meta é chegar até 2023 com um bilhão de litros represados e até 2030 com cinco bilhões de litros, atuando em mais cidades. Existem 1.200 cidades que podem ser transformadas, somente no Brasil”, projeta João.


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Grande Reserva Mata Atlântica vai receber 19 mil mudas Iniciativa visa implementar modelo de produçã o agro lorestal no maior remanescente de Mata Atlâ ntica do Brasil ©FACEBOOK/GRANDE RESERVA MATA ATLÂNTICA

Uma nova iniciativa promete contribuir com a conservação da bi o d ive rs i d a d e d a Gr and e Reserva Mata Atlântica, o último maior remanescente do bioma, localizado entre os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Por meio de uma parceria entre a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a reNature, empresa de consultoria em agricultura regenerativa fundada na Holanda, e a marca de roupas FARM, 19 mil mudas serão plantadas na região da Grande Reserva. Do total de mudas, 2,5 mil são de espécies arbóreas frutíferas e nativas da Mata Atlântica e 16,5 mil são espécies arbustivas e herbáceas com ns de adubação do solo e geração de produtos agrícolas alternativos, possibilitando renda às comunidades locais. A iniciativa faz parte do projeto “Mil árvores por dia, todos os dias”, da FARM.

Parte do trabalho inclui a restauração de diferentes biomas brasileiros com o compromisso de plantio de mil árvores por dia, como o próprio nome do projeto sugere. Estão compreendidas pelo projeto áreas de Mata Atlântica, Floresta Amazônica e também Caatinga e Cerrado. Até o m de 2021, meio milhão de mudas já haviam sido plantadas. A parceria visa desenvolver modelos produtivos agro orestais com frutíferas nat ivas d a Mat a At l ânt ic a associados à criação de abelhas nativas (meliponicultura) e de outras espécies da agricultura convencional utilizada na região. O trabalho prevê a implementação de 2,5 hectares desses sistemas no entorno da Reserva Natural das Águas, área protegida mantida pela SPVS no município de Antonina (PR). Os agricultores da região serão sensibilizados e capacitados para implementar Sistemas

Agro orestais (SAFs) em suas propriedades. Além de promover o manejo sustentável do solo, os SAFs devem agir como motores para a promoção de um novo modelo de desenvolvimento em áreas abertas já existentes, agregando uma economia circular e

restaurativa aliada à vocação regional das áreas inseridas na Grande Reserva Mata Atlântica, que é a conservação da natureza e da cultura local. Os sistemas agro orestais são um potencial substituto aos cultivos convencionais que são extensivos, têm baixo valor

agregado e fundamentados no extrativismo e monocultura. “Levando em consideração que 70% da população brasileira reside em áreas do bioma Mata Atlântica, os sistemas agro orestais tornam-se alternativas viáveis para impulsionar o mercado local e

regional, pautados, principalmente, na riqueza das espécies nativas e no conhecimento tradicional”, explica Clóvis Borges, diretorexecutivo da SPVS. Todo o trabalho foi construído com a participação da reNature, instituição que se utiliza do vasto potencial da agricultura contra os desa os mais emergentes da atualidade, como mudanças climáticas, perda da biodiversidade e insegurança a l i m e n t a r. “A b u s c a p e l a construção de parcerias como a da Farm e a da SPVS é a base de nosso trabalho. Entendemos que é preciso ir além dos tradicionais modelos de sustentabilidade”, relata Felipe Villela, fundador da reNature. “Implementar este trabalho é garantir impacto, geração de renda, conservação e ganho para todas as partes envolvidas, com a perpetuidade de”, garante o fundador da reNature.

Sudeste africano: Vitória divulga resultado do Projeto 13 milhões de Cultural Rubem Braga pessoas passam fome por causa da seca Alexia Debacker Espinoso

©DIVULGAÇÃO SEMC

ONU alerta que cenário pode piorar nos próximos meses ©UNICEF SOMÁLIA

Treze milhões de pessoas estão passando fome na Etiópia, no Quênia e na Somália devido à seca no Sudeste Africano, a pior desde 1981, alertou, na terçafeira (8), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU). "A situação requer inter venção humanitária imediata e apoio contínuo às comunidades a m de construir sua resiliência para o futuro", disse o diretor do PMA para a

região, Michael Dunford. Após três estações chuvosas consecutivas, mas com menos quantidade de chuva que o habitual, as colheitas de milhões de agricultores estão destruídas e muitos animais domésticos morreram, obrigando as famílias a abandonarem suas casas e causando aumento dos con itos intercomunitários. "As colheitas foram destruídas, o gado está morrendo e a fome aumenta à medida que a seca recorrente

atinge o Sudeste Africano", disse Dunford. O PMA alertou que o cenário pode piorar nos próximos meses, pois as previsões são de que continuará a chover abaixo da média. De acordo com o programa da ONU, as taxas de desnutrição são altas e continuarão a crescer se medidas urgentes não forem tomadas no sul e sudeste da Etiópia, sudeste e norte do Quênia e centro e sul da Somália. O PMA teme crise humanitária como a que ocorreu em 2011, quando 250 mil pessoas morreram de fome na Somália, por isso insistiu que "é essencial a assistência imediata" para evitar essa calamidade. O governo queniano identi cou a seca como " e m e rgê n c i a n a c i on a l " e m setembro de 2021, e a Somália declarou "estado de emergência humanitária" um mês depois.

A Secretaria Municipal de Cultura (Semc) divulgou, no Diário O cial de Vitória, da última segunda-feira (07), o resultado nal da etapa de avaliação e seleção da Instrução Normativa 001/2020 do Projeto Cultural Rubem Braga e a 1ª convocação dos proponentes classi cados. Os 15 proponentes c onv o c a d o s d e v e m , at é a próxima segunda-feira (14), por meio do protocolo virtual da PMV, visando abertura de p r o c e s s o a d m i n i s t r a t i v o, apresentar a documentação listada no item 11.3 da Instrução Normativa. C on for m e or i e nt a ç ã o, o proponente convocado obrigase a abrir uma conta corrente bancária em seu nome, que será exclusivamente utilizada para administração dos recursos provenientes do Projeto Cultural Rubem Braga. A não apresentação da documentação conforme o

prazo e especi cações, acarretará a desclassi cação do

proponente convocado. Após validação da documentação, o proponente será convocado para assinatura do Termo de Incentivo Financeiro à Cultura onde estarão estabelecidas as obrigações de ambas as partes na execução do projeto. Os proponentes classi cados no Resultado Final da etapa de Avaliação e Seleção da IN nº 0 0 1 / 2 0 2 0 , qu e n ã o for am convocados neste instrumento, devem aguardar a nova convocação que deverá ocorrer no segundo semestre.


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