Jornal Fatos & Notícias 463

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ANO XII - Nº 463 03 A 10 DE MARÇO/2022 SERRA/ES

Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Distribuição Gratuita

Línguas indígenas faladas no Pará são ©ANA CARLA BRUNO

mapeadas em primeira etapa de pesquisa

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Quer preparar uma sobremesa prática e deliciosa? Con ra a receita de cheesecake de manga Pág. 8 HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 A importância de incluir

trabalhadores informais e de jovens no mercado de trabalho Pág. 12

ANA MARIA IENCARELLI 8 Estamos com di culdade de

admitir o racismo estrutural que habita em todos nós. O que aconteceu com a humanidade? Pág. 10

MÁRCIO GREIK 8 Defender o voto impresso auditável é crime? Neste caso "cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém" Pág. 14

Pólio: caso na África indica necessidade de maior cobertura vacinal Pág. 9

Já foram registradas 34 línguas indígenas no Estado, sem contar as línguas dos 13 povos isolados que vivem dentro das fronteiras paraenses Pág. 14

Sapo da Amazônia que tem "nariz de anta" e cor de chocolate é descrito pela primeira vez por cientistas

©GERMÁN CHÁVEZ/DIVULGAÇÃO

Encontrado na oresta amazônica, o animal é um velho conhecido de comunidades peruanas, mas só agora pesquisadores conseguiram descrever a espécie ocialmente Pág. 16

Formigas saúvas surgiram há 8,5 milhões de anos, indica estudo

Após dois anos on-line, alunos voltam a escolas sem saber ler e escrever Pág. 4

A polêmica de Monteiro Lobato em Sítio do Picapau Amarelo: Homem de seu tempo ou racismo explícito? Pág. 3 ©DIVULGAÇÃO

©REPRODUÇÃO/WIKI COMMONS

Cães sentem saudade de parceiros falecidos, diz pesquisa Acesse o nosso portal: www.jornalfatosenoticias.com.br

Estudo aponta que a origem das saúvas foi em algum ponto da chamada Mesoamérica, região que atualmente abrange do sul do México ao noroeste da Colômbia, na Amazônia Internacional Pág. 16

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2 MEIO AMBIENTE

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Pesquisador descobre quatro novas espécies de plantas brasileiras Duas das quatro espécies catalogadas são endêmicas do Tocantins e pertencem ao gênero Symphyllophyton ©DIVULGAÇÃO/UNITINS

O pesquisador e coordenador do He r b ár i o d a Un ive rs i d a d e Estadual do Tocantins (Huto), profe s s or m e s t re E du ard o Ribeiro, participou de um estudo que contribuiu com a descoberta de quatro novas espécies de plantas nativas da ora do Brasil pertencentes ao gênero Symphyllophyton, sendo que duas dessas, a Symphyllophyton gradatum e Symphyllophyton strictifolium são consideradas endêmicas no Tocantins e estão depositadas no Huto. Sy mp hy l l op hy t on é u m gênero botânico pertencente à família Gentianaceae, sendo caracterizado por ervas autotró cas, com ores tetrâmeras, estames didínamosos, lamentos presos à porção distal do tubo da corola e folhas connate-perfoliadas ou livres. O resultado do trabalho foi publicado no artigo "Synopsis of the Brazilian genus S y m p h y l l o p h y t o n (Gentianaceae) with four new species", publicado no Phytotaxa, um jornal de taxonomia botânica. Também participaram do estudo a pesquisadora Elsie Franklin Guimarães, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico (RJ), e os pesquisadores Ruy José Válka Alves e Nílber Gonçalves

da Silva, ambos do Museu Nacional (UFRJ). O pesquisador da Unitins destacou que: "esse trabalho é graças a uma parceria da Unitins, p or me i o d o Huto, c om p es quis adores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que foram as pessoas que zeram a descrição dessas espécies, que nos acompanharam em campo, em coletas no Tocantins e em outros estados. Essa parceria foi fundamental, pois eles são especialistas e zeram a descrição de todas essas espécies. Q u e ro t amb é m d e st a c ar a importância do nosso herbário, o Huto, pois temos procurado ampliar nossos esforços de coleta e isso tem resultado na descoberta de novas espécies". "Uma curiosidade sobre uma dessas espécies novas, que é endêmica do Tocantins, é que foi coletada numa localidade bem próxima ao Centro de Palmas, e isso demonstra o quanto precisamos ampliar esses esforços de coleta, ter olhares mais atentos à nossa ora. Eu nem imaginava, ao estar coletando essa planta, que pudesse ser uma espécie nova. Em pequenas expedições que temos feito, temos encontrado novidades taxonômicas, ou seja,

temos encontrado plantas que ainda não eram conhecidas pela ciência. Precisamos ter um olhar diferenciado, ampliar esses esforços de amostragem, de coleta e catalogação dessas plantas no herbário", destacou Eduardo Ribeiro. O pesquisador do Museu

Nacional (UFRJ), professor doutor Nílber Gonçalves da Silva, a rma que não é surpresa, mas vale notar que a quantidade de lugares que permanecem inexplorados do ponto de vista cientí co no Brasil é ainda relevante. "Quando se fala do estado do Tocantins e seus

vizinhos, se torna mais notório. Isso ressalta a importância acadêmica, educacional e principalmente ecológica visando a conser vação, das instituições de ensino e pesquisa enraizadas ness es est ados. AcervosFurcifer cientí cos recentes e por Camaleão consequência ainda pequenos, labordi como o Huto, s ão j oi as modernas. Estas coleções reúnem amostras únicas e raras de coletores que conhecem seus próprios estados como ninguém. Entre esses conhecedores estão os membros da família Lira, do Rio Sono, que nos levaram a descobrir e localizar diversas populações de plantas raras", disse. O coordenador do Huto, Eduardo Ribeiro, alerta que, "ao mesmo tempo em que celebramos a alegria de encontrar novas espécies e apresentá-las para a comunidade cientí ca, nós destacamos a preocupação que todas essas espécies identi cadas e descritas neste momento estão ameaçadas de extinção, sendo que as endêmicas do estado do Tocantins são classi cadas como criticamente em perigo de extinção". "Quais os fatores tornam essa espécie ameaçada de extinção?", questiona Ribeiro. "Primeiro, são

plantas que ocorrem com baixa densidade populacional. Por o u t ro l a d o, e l a s o c o r re m , principalmente, dentro do bioma Cerrado, e sabemos que o bioma Cerrado apresenta áreas altamente favoráveis ao desenvolvimento da agricultura e, com isso, extensas áreas tem sua vegetação suprimida, com muitas dessas espécies se tornam ameaçadas. E isso pode contribuir para que muitas espécies que ainda nem foram conhecidas pela ciência possam ser extintas", explica. O pesquisador Nílber Gonçalves da Silva também expressou sua preocupação com a degradação do Cerrado. "Há algo alarmante nesta história: grande parte destas áreas estão rapidamente sendo devastadas e engolidas principalmente por monoculturas. Os acervos locais podem já estar se tornando o testemunho daquilo que resiste. Ainda há muito o que descobrir, e tais descobertas invariavelmente enriquecem o conhecimento acerca do nosso patrimônio natural, único, e inestimável, em prol da conservação de nossa biodiversidade. Para descobrir ainda mais, resta 'corajosamente ir aonde nenhum homem jamais esteve', antes que seja tarde".

Plástico corresponde a 48,5% dos itens encontrados no mar do Brasil ©MARTINE PERRET/ONU MEIO AMBIENTE

Um diagnóstico feito p elo programa Lixo Fora D'Água, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostrou que os resíduos plásticos correspondem a 48,5% dos materiais que vazam para o mar. Segundo o levantamento, os 15 itens mais encontrados nas análises representam 80,3% dos resíduos que vão parar na costa brasileira. Depois do plástico, a guimba (ou bituca) de cigarro e o isopor aparecem em segundo e terceiro lugares entre os itens mais encontrados. Os outros 19,7% abrangem artigos como roupas e apetrechos de pesca, entre outros. Todos fazem parte de uma amostra que soma 16.733 itens retirados da areia, da praia e de manguezais. O levantamento faz parte de um trabalho feito pela Abrelpe

desde 2018 em 11 cidades da costa onde vivem 14 milhões de habitantes. O programa iniciou as ações de monitoramento, prevenção e combate ao lixo no mar e nos demais corpos hídricos na cidade de Santos (SP) e atualmente abrange os municípios de Balneário Camboriú (SC), Bertioga (SP), Fortaleza (CE), Ipojuca (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Manaus (AM), Serra (ES) e

municípios da Baía da Ilha Grande, no Rio de Janeiro. A metodologia desenvolvida no âmbito do projeto Lixo Fora D'Água também está presente no Caribe, sendo aplicada em cidades da Costa Rica, Colômbia e República Dominicana. “Cerca de 22 milhões de toneladas de plásticos vazam para o meio ambiente a cada ano em todo o mundo, e em torno de cinco a 12 milhões de toneladas de resíduos

plásticos têm os oceanos como destino. Cerca de 80% desse total são oriundos de atividades humanas desenvolvidas no continente, seja no litoral ou em regiões onde correm rios que desaguam em ambientes marinhos, sendo resultado de falhas que ocorrem nos sistemas de limpeza urbana e gestão de resíduos nas áreas urbanas das c i d a d e s”, d i s s e o d i r e t o rpresidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho. Segundo as estimativas da entidade, mais de dois milhões de toneladas de resíduos sólidos

urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos no Brasil. “Ressalta-se, porém, que esse total pode ser ainda maior já que as 30 milhões de toneladas de lixo que seguem para destinação inadequada, ou seja, lixões e aterros controlados, que ainda existem em todo o país, podem acarretar um acréscimo de três milhões de toneladas de lixo no mar a cada ano”, a rmou a Abrelpe. Acrescentou que o programa também visa identi car as principais fontes de origem dos resíduos e estudar como as

cidades podem aprimorar a gestão de resíduos sólidos em terra para prevenir a poluição marinha. Segundo um dos relatórios, as três principais fontes de vazamento de lixo no mar são as comunidades nas áre as de ocupação irregular, próximas aos cursos d'água, os canais de drenagem que atravessam a malha urbana e a própria orla da praia em sua faixa de areia. “Os resultados do programa Lixo Fora D'água permitem a rmar que a melhor solução para o problema do lixo no mar reside justamente no aperfeiçoamento dos sistemas e infraestrutura de limpeza urbana nas cidades, que deve acontecer junto a programas permanentes de educação ambiental implementados em todas as camadas da população”, explicou o presidente da Abrelpe.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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CULTURA 3

03 A 10 DE MARÇO/2022

Origem da expressão Disney, Warner e Sony fazer 'ouvidos de mercador' suspendem exibição ©REPRODUÇÃO

de filmes na Rússia ©MONTAGEM/CANALTECH

A

expressão "fazer ouvidos de mercador" significa não ouvir por decisão própria de ignorar o que outra pessoa está dizendo. Significa fingir que não ouve ou ouviu; fazer-se de desentendido; não prestar atenção; não dar importância. A versão mais popular da origem da expressão afirma que o

m e r c a d o r, p e s s o a q u e s e deslocava entre diferentes locais para vender mercadorias, gritava tanto para anunciar e publicitar seus produtos que acabava ficando totalmente indiferente a quem com ele falava, pois não os conseguia ouvir. Uma segunda versão indica que a palavra correta seria marcador e não mercador. O marcador era o

senhor que, na época da escravidão, marcava os negros escravos com ferro quente, como se costuma fazer com o gado. Apesar dos gritos de dor proferidos pelos escravos, o marcador não podia se sensibilizar. Ele fingia não estar ouvindo nada e prosseguia, assim, com seu trabalho. FOTO: REPRODUÇÃO

(TODA MATÉRIA)

A polêmica de Monteiro Lobato em Sítio do Picapau Amarelo: Homem de seu tempo ou racismo explícito? Em sua obra infantil, o escritor taubateano utilizou inúmeras expressões controversas para caracterizar, principalmente, a personagem Tia Nastácia, cozinheira negra do sítio ©DIVULGAÇÃO

"Na casa ainda existem duas pessoas — Tia Nastácia, negra de estimação que carregou Lúcia pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de cor p o", es cre veu Monteiro Lobato em “Reinações de Narizinho”, livro infantil de 1931. O trecho é um bom exemplo do que é possível ler nas obras do famoso escritor. Em várias outras obras, como em “Caçadas de Pedrinho”, de 1933, também podemos observar o uso de expressões de cunho racista e preconceituosas. No livro citado, os termos “macaca de carvão” e “carne preta” são utilizados para caracterizar Tia Nastácia, a cozinheira da casa no Sítio do Picapau Amarelo. “Tia Nastácia era sempre a 'bola da vez': ingênua, simplória, medrosa, serviçal e alvo de racismo e discriminações explícitas. Tudo em perfeita consonância com a hierarquia racial: na base da pirâmide, a m u l h e r n e g r a”, e x p l i c a a historiadora e professora do Departamento de História da Unicamp, Lucilene Reginaldo em artigo. Reginaldo ainda aponta que Tia Nastácia era “adjetivada como negra, preta, o tempo todo. Só ela tinha cor, apenas nela a cor se colava como uma marca

O con ito entre a Rússia e a Ucrânia também está impactando a indústria do entretenimento, com estúdios interrompendo a exibição de suas produções no cinema. Até então, a Disney, Warner e Sony suspenderam temporariamente a reprodução de novos lmes na Rússia, devido aos ataques feitos na Ucrânia ao longo dos últimos dias. De acordo com um comunicado o cial emitido na última segunda-feira (28), a Disney anunciou que nenhum lme do Walt Disney Studios, Animation, Lucas lm, Pixar e Marvel serão exibidos na Rússia, por tempo indeterminado. Na nota, o estúdio citou a nova animação Red: Crescer é uma Fera, que chega aos cinemas no dia 11 de março, e aproveitou para revelar que vem auxiliando ONGs para ajuda e assistência humanitária de refugiados. Pouco após a declaração da Disney, foi a vez da Warner Bros. se pronunciar sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia e como isso afeta a divulgação dos lmes no estúdio, começando pelo mais novo Batman. "Em relação à crise humanitária na Ucrânia, a Warner Media está pausando o l anç ame nto d o s e u l me, Batman, na Rússia", diz a nota.

"Continuaremos monitorando a situação à medida em que ela evolui. Esperamos uma solução rápida e pací ca para esta tragédia", completa o estúdio. Na sequência, foi a vez da Sony se manifestar, começando pelo cancelamento da exibição do lme Morbius, da Marvel, que tem estreia mundial programada para abril. "Com base na ação militar em andamento na Ucrânia, os resultados incertos e a crise humanitária que se desdobra na região, estamos pausando nossos lançamentos do cinema na Rússia, incluindo a próxima estreia de Morbius. Nossos pensamentos e orações estão com todos aqueles que foram impactados, e esperamos que essa crise seja resolvida r api d am e nte " , d e cl arou o estúdio no comunicado.

Além dos estúdios se manifestarem contra as ações da Rússia impedindo a exibição de seus lmes por lá, a Net ix também vem batendo de frente com o presidente r uss o, Vladimir Putin. A autoridade russa exigiu que a plataforma de st re aming exibiss e c anais estatais em seu catálogo, o que foi recusado pela empresa. Um porta-voz da Net ix revelou à imprensa norte-americana que não há qualquer intenção de cumprir a ordem. A plataforma de streaming chegou há pouco tempo no país, há menos de um ano, e as estimativas sugerem que menos de um milhão de russos tenham uma assinatura, o que pode re su lt ar e m u ma p o ss ível retirada dos ser viços da companhia na Rússia, caso novas ordens sejam feitas. LUCIANO DANIEL

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Foto Antiga do ES indelével, mesmo que fosse 'a boa negra'. No trecho, ainda de “Reinações de Narizinho”, é possível perceber a questão levantada pela historiadora: “Dona Carochinha botou-lhe a língua — uma língua muito magra e seca — e retirou-se furiosa da vida, a resmungar que nem uma negra beiçuda", narra Lobato. As obras de Monteiro Lobato passaram a ser de domínio público, após 70 anos estarem sob os direitos autorais de seus descendentes. Este fato permite que as editoras publiquem os títulos adaptados ou na íntegra. Pe d r o B a n d e i r a é u m d o s escritores responsáveis por readaptar algumas histórias de Monteiro Lobato, e também falou sobre as mudanças necessárias para que as obras estivessem de acordo com novas concepções

sociais. O autor alterou trechos considerados racistas e cortou da narrativa o personagem Pedrinho. Por exemplo, no trecho "Dona Carochinha botou-lhe a língua — uma língua muito magra e seca — e retirou-se furiosa da vida, a resmungar que nem uma negra b e i ç u d a " , Pe d r o B a n d e i r a readapta para "Dona Carochinha botou-lhe a língua — uma língua muito magra e seca — e retirou-se danada da vida, a resmungar". “Su a obr a n ã o p e rd e r á a qualidade se tirarmos, aqui e ali, xingamentos acachapantes”, a rma o autor. “Lobato era um homem do seu tempo. Usando uma expressão que já virou lugarcomum, surfava na onda das teorias cientí cas e do pensamento social dominantes na primeira metade do século 20”, relembra Reginaldo.

©EMANUEL NUNES/FOTOS ANTIGAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO/FACEBOOK

Foliões animados pro carnaval de 1955 — Av. Getúlio Vargas — Colatina


4 EDUCAÇÃO

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Após dois anos on-line, Mais de 70% dos alunos voltam a escolas professores defendem sem saber ler e escrever educação financeira nas Escolas da rede estadual mineira e municipal de Belo Horizonte começaram o ano letivo com o desa o de fazer seus alunos aprenderem funções elementares na caminhada escolar: leitura e escrita. Nas duas redes, a aposta no reforço escolar busca compensar os efeitos do fechamento prolongado de estabelecimentos de ensino em 2020 e 2021. Na retomada das au l a s n o a n o p a s s a d o, o s primeiros diagnósticos comprovaram as marcas da pandemia: crianças que zeram os primeiros anos do fundamental longe das salas de aula não dominam letras e números. As desigualdades foram ampliadas não apenas em território mineiro: em todo o País, a crise sanitária in ou em um milhão o número de crianças de seis e sete anos que não sabem ler nem escrever. Entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças dessa faixa etária que, segundo seus pais ou responsáveis, não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão, em 2019, para 2,4 milhões no ano passado. Os dados, do movimento Todos pela Educação, estão na nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, produzida com base na Pesquisa Na c i on a l p or A m o s t r a d e Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021. O documento compara os números correspondentes ao terceiro trimestre de cada ano e con rma os efeitos colaterais da pandemia de covid-19 sobre a educação pública brasileira. Os números são ainda mais impressionantes quando analisados sob outros pontos de vista, como o reforço da diferença entre crianças brancas e as negras e pardas. Os percentuais de crianças negras e pardas de seis e sete anos que não sabiam ler nem escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019, respectivamente, para 47,4% e 44,5%, em 2021. Entre as crianças brancas da mesma faixa, o aumento foi de 20,3% para 35,1% no período. No que se refere à classe social, o abismo também é gritante. Entre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6%

para 51% entre 2019 e 2021. Entre as crianças mais ricas, o aumento foi de 11,4% para 16,6%. A nota técnica lembra que, s e g u n d o a B a s e Na c i o n a l Comum Curricular (BNCC), o foco da ação pedagógica nos dois pr i me i ro s ano s d o e ns i no fundamental deve ser a alfabetização, “de maneira que as crianças se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversi cadas de l e t r a m e n t o s ”. “ A n ã o alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos imensos para suas aprendizagens futuras, o que também eleva os riscos de uma trajetória escolar marc a d a p or re prov a ç õ e s , abandono e/ou evasão escolar”, ressalta a publicação. É o que pensa também a pedagoga Lílian Nunes Oliveira, de Belo Horizonte. Depois de perder o emprego durante a pandemia, ela montou em casa um espaço multimídia para aulas particulares, tendo como um dos focos a alfabetização. Ela conta que chegou a ter 11 crianças da educação infantil e do fundamental 1 durante o tempo em que as escolas caram fechadas. “Posso dizer que 90%

delas foram prejudicadas por não estar frequentando a escola. Tinha aluno que não identi cava vogais. Números, parecia que nu n c a t i n h a m n e m v i s t o. Trabalhei de forma lúdica para e n s i n a r, c o n s i d e r a n d o a s particularidades de cada criança, em aulas individuais”, relata. Mas a pedagoga lamenta que nem todas as famílias tenham tido possibilidade de recorrer a alternativas como as aulas p a r t i c u l a r e s . “A f a s e d e alfabetização é muito delicada, principalmente se considerarmos que muitos pais não sabem ler nem escrever ou não têm jeito para ensinar os lhos”, destaca. Dos seus alunos, de um bairro da periferia de BH, muitos só estudavam no período em que estavam com ela. “Esses quase dois anos fora do ambiente escolar representaram um dé cit muito grande. Precisei encaminhar para neuropediatra criança que foi diagnosticada com TDH. Se estivesse na escola, o problema teria sido identi cado mais cedo. Foi um prejuízo enorme de ensino e de vida, porque isso vai se re etir no f uturo. Já vivíamos ess a desigualdade em relação aos alunos de escolas particulares, e a tendência será aumentar”.

escolas ©SHELYNA LONG/GETTY IMAGES

Um estudo do Instituto XP em parceria com a Nova Escola revelou que 70% dos professores da rede pública acreditam que educação nanceira é um tema transversal que pode ser ensinado nas escolas. Quase todos os entrevistados (95%) a rmam que as crianças devem aprender mais sobre esses temas para que possam se organizar nanceiramente desde cedo. Para quase 30% dos educadores, introduzir o assunto desde o ensino fundamental (dos seis aos 14 anos) pode contribuir para minimizar o ciclo de pobreza do País. Incluir educação nanceira no currículo escolar, no entanto, não parece ser uma questão tão simples. O levantamento também revela que 34% dos educadores não se sentem preparados para abordar o assunto, e que apenas 23% tiveram algum contato prévio com temas de nanças. Pouco mais da metade já inseriu educação nanceira em momentos pontuais na aula, de

maneira intuitiva. Porém um terço nunca abordou o tema, pois sente falta de ferramentas e conteúdos estruturados. A partir do estudo, o Instituto XP e a Nova Escola, plataforma de impacto social da área educativa, lançaram o Projeto Educação F i n an c e i r a p ar a o E ns i n o Fundamental, uma trilha de educação nanceira gratuita para professores da rede pública. A meta é realizar a formação de 350 mil professores nos próximos três anos. “Além de bene ciar as famílias dos alunos que entram em contato com o

tema, a educação nanceira tem um papel fundamental de mudar a consciência e a saúde nanceira dessas famílias no futuro”, a rma Danielle Brandão, coordenadora pedagógica da Nova Escola, em comunicado. A pesquisa foi realizada com 1.067 professores da rede pública d e e n s i n o, c om f or m a ç ã o m í n i m a d e m a g i s t é r i o ou superior incompleto. A maioria tem 40 anos ou mais e 61% são professores polivalentes, responsáveis por várias disciplinas. A coleta de dados foi feita de 9 de novembro a 15 de dezembro de 2021, com público alvo de homens e mulheres maiores de 18 anos. A Nova Escola conduziu o processo em parceria com o Instituto Biomma. O índice de con ança é de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para baixo ou para cima.

Professor viaja de burro todos os dias para garantir acesso à leitura de crianças do campo na Colômbia ©REPRODUÇÃO/INSTAGRAM:@EDICOESOLHODEVIDRO

©TODOS PELA EDUCAÇÃO

Há mais de 20 anos, o professor

de espanhol Luís Soriano acorda

bem cedo nos ns de semana para viajar com seus burros Alfa e Beto. O objetivo? Espalhar a leitura em comunidades rurais da Colômbia. Ele adaptou as selas dos animais e criou a Biblioburro. Trata-se de uma biblioteca itinerante que leva os livros a muitas crianças que não teriam acesso aos materiais de leitura de outra forma. “Se eles não têm biblioteca, temos que inventar uma”, disse Luís. É sempre uma alegria descobrir iniciativas admiráveis como essa. O que acharam da Biblioburro?


INOVAÇÃO 5

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Ufopa obtém patente para batom produzido com pigmento da casca do jambo ©DIVULGAÇÃO

Fruto do jambeiro-vermelho e do produto desenvolvido no laborató rio A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) conseguiu aprovação junto ao Instituto Na c i o n a l d a P r o p r i e d a d e Industrial (Inpi) da carta-patente de invenção intitulada "Produto cosmético para colorir os lábios baseado em pigmento extraído das cascas do fruto do jambeirovermelho (Syzygium malaccense)", que tem como inventores a professora Kariane Mendes Nunes (Instituto de Saúde Coletiva — Isco/Ufopa), Leopoldo Clemente Baratto (Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ), Br una Carvalho Cantal de Souza (aluna da Ufopa) e Walberson da Silva Reatgui (ex-aluno da Ufopa, atualmente cursando mestrando na Universidade de Brasília — UnB). "Esse trabalho surge num momento em que nós começamos, dentro da universidade, juntamente com o professor Leopoldo Baratto (UFRJ), com os discentes Bruna Cantal e Walberson, que estão no mercado, formados e agora têm a possibilidade de ter em seus currículos uma patente de um pro duto te c nol ó g i c o, u ma patente de invenção. O que nós desejamos, além de estarmos muito felizes com essa notícia, é colocar esse produto no mercado, movimentar a bioeconomia da nossa região. Acho que isso é muito importante, tanto como resultado para a Universidade

Federal do Oeste do Pará, quanto também para o nosso crescimento e, claro, do nosso portfólio enquanto pesquisadores da região da Amazônia com bioprodutos da nossa biodiversidade", a rmou a professora Kariane Nunes. O professor Leopoldo Baratto, que também está envolvido na pesquisa, responde ao questionamento: "Quais seriam as vantagens de se utilizar esse pigmento na formulação de um batom? Primeiro seria a substituição de pigmentos sintéticos, que muitas vezes contêm metais pesados, os quais podem ser nocivos à saúde, por um pigmento de origem natural, fazendo uso de uma substância f a c i l m e nt e e n c ont r a d a n a natureza; e, segundo, essa substância também tem propriedades antioxidantes, o que ajudaria a preservar ainda mais esse produto. A grande di culdade que nós encontramos na realização desse batom foi justamente a sua alta capacidade de oxidação, pois o pigmento muda de coloração com o passar do tempo; devido à oxidação da molécula, ela vai escurecendo e perde a cor original", explica. A decisão foi publicada na Revista de Propriedade Industrial (RPI) nº 2664, no dia 25 de janeiro de 2022. O processo de pedido de patente, sob nº BR102017001576-9, foi iniciado p el a Agê nc i a d e Inov a ç ã o AJUFE

Tecnológica (AIT) da Ufopa há cinco anos, em 25 de janeiro de 2017. "A concessão da carta-patente é a etapa nal do processo de proteção da invenção e signi ca o atendimento de todos os prérequisitos de patenteabilidade, c omo nov i d a d e, at iv i d a d e i nve nt iv a , ato i nve nt ivo e aplicação industrial", informou o diretor em exercício da AIT, Diógenes Moraes da Costa. Ele explica o que é uma cartapatente: "Carta-patente é o documento que o cializa o pedido de registro, que a última etapa do pedido. O Inpi deferiu o p e dido, j á foi ana lis ado e detectado que nosso pedido preenche todos os pré-requisitos, falta agora apenas a expedição dessa carta. Para isso temos que efetuar o pagamento da taxa (retribuição), mas nosso pedido está foi aprovado", nalizou. De acordo com a AIT, a agência já iniciou o processo para pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) referente à retribuição 212, requisito necessário para expedição de carta-patente ou certi cado de adição de invenção, no prazo ordinário, o que ocorre cerca de 20 dias após a liquidação do documento. "Estar e nvolv i d o n o pro c e ss o d e obtenção desta patente foi um marco importante e com um enorme diferencial na minha vida acadêmica e pro ssional, tendo em vista que pude obter conhecimento teórico e prático na produção de cosméticos naturais, área pela qual me apaixonei e ainda prossigo trabalhando com o des envolvimento do meu doutorado, atuando também como pesquisadorempreendedor na produção de nanocosméticos, ação que foi inspirada a partir dos trabalhos d a c on fe c ç ã o d a p ate nte " , comemorou Walberson da Silva Reatgui.

Sérvia ganha outdoor que absorve CO e libera oxigênio Apesar de nã o substituir á rvores, produto contribui para melhorar o ar da cidade Um fotobiorreator capaz de capturar partículas de CO₂

(dióxido de carbono) na atmosfera foi instalado nas ruas

da Sérvia. Parece um outdoor, mas, ao invés de propaganda, o

Estudo amazonense aponta que casca do ingá-cipó pode gerar álcool em gel O projeto visa substituir o Carbopol, componente importado cuja intensa demanda atual levou a escassez e a falta do produto no comércio ©DIVULGAÇÃO

A casca do ingá-cipó tem sido estudada como uma possível fonte de produção de álcool em gel, substância que tem sido massivamente consumida após a p a n d e m i a d a c ov i d - 1 9 . A pesquisa 'Obtenção de micro e nanocelulose utilizando como matéria-prima a casca do ingácipó via tratamento químico e avaliação na preparação de álcool gel' visa substituir o Carbopol, componente importado cuja intensa demanda atual levou a escassez e a falta do produto no comércio. A coordenadora da pesquisa e doutora em Química da Un i v e r s i d a d e F e d e r a l d o Amazonas (Ufam), Margarida Carmo de Souza, observou que, atualmente, na busca pela sustentabilidade, várias pesquisas estão sendo realizadas para garantir a preservação ambiental e proporcionar um melhor aproveitamento de resíduos, bem como contribuir para a economia, sociedade e ambiente. " Ne s s e s e nt i d o, e s t a m o s estudando o uso da casca do ingá-cipó para ns tecnológicos. Essa espécie é amplamente distribuída e cultivada na Amazônia e na América Central e a casca é o componente majoritário do fruto, cerca de 53% de sua massa. Essas cascas são grande fonte de biomassa lignocelulósica e acabam sendo desperdiçadas, gerando acúmulo de lixo orgânico. Portanto, a importância é usar o descarte do fruto e agregar valor

ao que atualmente é lixo", explicou Margarida Souza. De acordo com a pesquisadora, o estudo está sendo realizado nos laboratórios do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), com a coleta da matériaprima de áreas da cidade de It a c o a t i a r a ( d i s t a n t e 1 7 6 quilômetros de Manaus) e comunidades adjacentes. "A pesquisa se encontra na fase de caracterização, físico-química e morfológica do material obtido, que é feita através de amostras de infravermelho, difração de raios X, microscopias eletrônicas de v ar re du r a e t r ans m iss ã o " , acrescentou. Conforme o cronograma, após essa fase, o estudo segue para a preparação do álcool gel de micro ou nanocelulose. As amostras de álcool gel obtidas nas diferentes proporções de micro e nanocelulose serão avaliadas quanto às propriedades reológicas (viscosidade, taxa de

cisalhamento, etc.) e propriedades microbiológicas, por parceiros de pesquisa em l ab or atór i o s d e C i ê n c i a e Engenharia de Materiais da Ufam, Campus Manaus. "Após obtenção e caracterização do material, fazendo uso de metodologia descrita no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, substituiremos o componente geli cante pelo material obtido na pesquisa", completou a pesquisadora. O estudo, em andamento, é ap oi a d o p el o G ove r no d o Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), amparado pelo 'Programa Mulheres na Ciência', Edital 001/2021, uma i n i c i at i v a d o G ov e r n o d o Amazonas, que visa estimular a participação de mulheres na coordenação de propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do estado.

maquinário proporciona ar puro para a cidade. Criado e projetado pelo Instituto de Pesquisa Multidisciplinar da Universidade de B elgrado, capital da Sérvia, o produto foi batizado de LIQUID3. O fotobiorreator usa microalgas e luz solar para absorver CO₂, realizar fotossíntese e produzir

verde. É o que a rma Ivan Spasojevic, um dos autores do projeto. Ainda que uma árvore desempenhe serviços ecossistêmicos inestimáveis, o LIQUID3 é bené co ao contribuir para reduzir o CO₂, que é um dos principais gases de efeito estufa.

O₂ (oxigênio). As algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Florest as. O fotobiorreator replica esta função com o LIQUID3. Equipado com 600 litros de água, cada outdoor opera como uma ár vore de 10 anos ou “equivale” a 200 m² de área

Esta “ajuda” é especialmente bem vinda em Belgrado, que é a quarta cidade mais poluída da Sérvia, sobretudo porque em seus arredores há duas grandes usinas de carvão. A situação do país como um todo não é boa. Em 2019, a Sérvia foi classi cada como o quinto país mais poluído da Europa. No mesmo ano, cientistas a rmaram que o país

tinha o pior recorde per capita da Europa para mortes relacionadas à poluição, sendo de 175 por 100 mil pessoas. O LIQUID3 foi premiado com o Green Concept Award em 2022, que destaca produtos e serviços sustentáveis que ainda não estão no mercado. Apesar de não substituir árvores, o LIQUID3 contribui para melhorar o ar da cidade. Sendo assim, pode integrar positivamente a infraestrutura de áreas urbanas — a exemplo dos já conhecidos pontos de ônibus com telhado verde. A bancada, integrada ao LIQUID3, serve de abrigo e paradinha para descanso — elemento que geralmente falta no espaço urbano. Quando a noite cai, o espaço se transforma em uma luz verde neon que ilumina a rua. Cada ponto ainda pode ser equipado com tomadas para a população carregar seus dispositivos. Ou seja, ao invés de simples abrigos e bancos feitos de metal e/ou concreto, pode-se criar estruturas que abarquem mais funções, atuando proativamente na construção de cidades mais sustentáveis.

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6 TECNOLOGIA

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Empresa lança óculos Telescópio solar para turbinar mais poderoso do melatonina e induzir mundo inicia suas sono Mais de 70 milhões de brasileiros sofrem com insônia ©OCUSLEEP/REPRODUÇÃO

operações científicas

©EKREM CANLI/CREATIVE COMMONS

Você sente di culdade para pegar no sono? Se esse for seu caso, saiba que não está sozinho: 73 milhões de brasileiros sofrem com o problema, s egundo pesquisa da Associação Brasileira do Sono (ABS). Nesse cenário, cada vez mais pessoas têm buscado produtos à base de melatonina, p opular mente chamada de "hormônio do sono". Recentemente, ela foi liberada para uso como suplemento alimentar. Agora, as cápsulas tem um concorrente: os óculos que prometem induzir o sono. S egundo o fabricante do Oc usleep, s eus ó c ulos são desenvolvidos por oalmologistas e projetados para promover a produção natural de

melatonina pelo corpo, desde que o usuário coloque-os duas horas antes de dormir. "Como médico e como pai, senti que tínhamos que fazer algo para fornecer uma maneira segura de ajudar nossas crianças em aprendizagem remota a adormecer”, a rmou o CEO da Ocusleep, Marc Weinstein, em um comunicado à imprensa. Segundo ele, seus óculos ajudam pessoas de todas as idades a suprimir os efeitos do tempo de tela e das luzes domésticas, aumentando a capacidade de adormecer de forma natural e segura. Os óculos com lentes de cor laranja são capazes de bloquear os comprimentos de onda azul e verde de luz provenientes das

telas digitais às quais estamos frequentemente expostos – como smartphones, TVs, iPads e até mesmo as luzes da casa. Segundo o fabricante, como as fontes de luz interrompem a capacidade do corpo de liberar melatonina e, por consequência, in uenciam na capacidade de adormecer, ao eliminar esse problema, os óculos ajudam na liberação natural de melatonina pelo corpo. O hormônio, então, começa a sinalizar ao cérebro para iniciar o processo de indução do sono. Os óculos Ocusleep estão disponíveis para compra pela internet e podem ser adquiridos sem receita. Mais informações podem ser obtidas no Instagram da marca.

Tecnologia inédita: inteligência artificial revela turbulência oculta no Sol lançamentos de massa coronal se originam. Os especialistas explicam que

©PIXABAY/JETTE55

Um time de cientistas japoneses desenvolveu uma rede neural, uma espécie de sistema

computacional baseado em aspectos do nosso cérebro, para determinar a velocidade vertical em escalas espaciais. A fotosfera solar é a região da atmosfera do Sol que é conhecida como sua superfície. É a camada mais baixa da atmosfera solar e a região na qual as atividades como manchas solares, erupções solares e

ao analisar de perto, a fotosfera não é uniforme, mas sim coberta de partes amontoadas, mais claras no meio e mais escuras nas bordas. Com isso, magma em altíssimas temperaturas sobe p elo meio e es cor re p el as beiradas, conforme vai esfriando. Muit as te or i as bus c am

entender a razão destes fenômenos, e para avançar com os estudos, a equipe liderada pelo astrônomo do Observatório Nacional do Japão, Ryohtaroh Ishikawa, desenvolveu simulações em três diferentes modelos, para treinar a inteligência artificial. "Quando observamos essas células, podemos medir sua temperatura, bem como seu movimento através do efeito Doppler, mas o movimento horizontal não pode ser detectado diretamente. No entanto, fluxos de menor escala nessas células podem interagir com campos magnéticos solares para desencadear outros fenômenos solares. Além disso, acredita-se que a turbulência também desempenha um papel no aquecimento da coroa solar", explicaram os cientistas.

Finalmente entrando em fase de comissionamento, que deve durar aproximadamente um ano, o Telescópio Solar Daniel K. Inouye (DKIST) deu início ao seu primeiro trabalho cientí co operacional para estudar nosso Sol. DKIST é um observatório cientí co de quase US$300 milhões localizado no topo do Monte Haleakalā, em Maui, no estado norte-americano do Havaí. Uma das principais funções do novo telescópio será estudar a coroa solar, a atmosfera exterior incrivelmente quente da nossa estrela, que é milhões de graus mais quente que a superfície. O pr i me i ro e x p e r i me nto v ai estudar a “reconexão magnética”, que acontece quando campos magnéticos solares se recon guram repentinamente e criam jatos de gás superaquecido (ou plasma) que ejetam da atmosfera solar. Liderado por Tetsu Anan, principal pesquisador do Observatório Solar Nacional, o

trabalho foi anunciado o cialmente na última quintafeira (24). “Esse processo foi teorizado há muito tempo, mas ainda não foi comprovado”, disse uma nota emitida pela Fundação Nacional de Ciência (NSF), que administra o obser vatório. “Observações do conjunto único de instrumentos do Telescópio Solar Inouye estão permitindo que os cientistas observem esse fenômeno esquivo, mas vital, pela primeira vez”. Características únicas do o b s e r v at ó r i o i n c l u e m u m espelho primário de quatro metros com óptica adaptativa avançada para corrigir os efeitos atmosféricos. O telescópio também tem resfriamento ativo para se proteger contra o calor solar. Nas últimas décadas, nosso “astro-rei” está sob análise de diversos telescópios e naves e s p a c i a i s , i n c lu i n d o du a s missões recentes — a Sonda S ol ar Orbiter, d a Agênci a espacial Europeia (ESA), e a

Sonda Solar Parker, da Nasa — que estão conduzindo órbitas ousadas próximas do Sol para estudar a estrutura solar em alta de nição. De acordo com a NSF, o DKIST se juntará a essa “força-tarefa” para “fazer imagens de alta re s olu ç ã o e me d i ç õ e s d o s campos magnéticos de fenômenos como manchas solares, erupções solares e ejeções de massa coronal”. Ejeções de massa coronal são explosões de partículas car regadas do S ol que, s e apontadas para a Terra, podem interromper linhas de energia e comunicações por satélite, entre outras consequências. Durante cerca de um ano o novo telescópio terrestre de observação do Sol vai operar trazendo sistemas-chave online, permitindo que os cientistas realizem pesquisas com “risco compartilhado” de problemas técnicos que podem precisar ser resolvidos ao longo do caminho, segundo a nota da NSF.

PRECISÃO

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CIÊNCIA 7

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Nova teoria sugere que Curiosity fotografa pequena “flor” na superfície de Marte Planeta Terra é um ser inteligente ©DIVULGAÇÃO NASA

No artigo os pesquisadores discutem o que chamam de "inteligê ncia planetá ria" ©NASA/CC 4.0

Um planeta pode ser inteligente? Essa parece ser a questão central de uma nova teoria proposta por astrobiólogos, de que os planetas também são entidades inteligentes. Este experimento mental se baseia na noção de que a atividade coletiva da vida, na forma de micróbios ou plantas, mudou planetas como a Terra e permite que eles tenham vida própria. No ar tigo publicado no International Journal of Astrobiology, os pesquisadores discutem o que chamam de “inteligência planetária” — a ideia de atividade cognitiva operando em escala planetária — para levantar novas ideias sobre as maneiras pelas quais os humanos podem lidar com questõ es g lob ais, como as mu d a n ç a s c l i m át i c a s , p o r exemplo. Se a atividade coletiva da vida — conhecida como biosfera — p o de mudar o mundo, a atividade coletiva da cognição e a ação baseada nessa cognição também podem mudar um planeta? Uma vez que a biosfera evoluiu, a Terra ganhou vida própria. Se um planeta com vida

tem vida própria, ele também pode ter mente própria? Conhecemos a inteligência como um conceito que descreve indivíduos, grupos coletivos, até mesmo os comportamentos curiosos de vírus ou fungos. As redes subterrâneas de fungos, por exemplo, formam um sistema de vida que reconhece as mudanças nas condições climáticas e responde ativamente a elas. Essas coisas alteram profundamente a condição de todo o planeta. “O que importa é quando a inteligência coletiva é colocada para trabalhar em direção ao propósito coletivo mais essencial da vida: a sobrevivência. Tal como a concebemos, a inteligência planetária é medida pela capacidade da vida em um planeta de se sustentar em perpetuidade”, observaram os pesquisadores. “Ainda não temos a capacidade de responder comunitariamente pelos melhores interesses do planeta”, disse Adam Frank, professor de física da Universidade de Rochester e co autor do ar t igo, em um comunicado à imprensa. A noção de um planeta

ganhando vida própria foi observada pela primeira vez através da percepção da “biosfera” na ciência. “A biosfera nos diz que uma vez que a vida aparece em um mundo, esse mundo pode ganhar vida p r ó p r i a”, e s c r e v e r a m o s pesquisadores. Curiosamente, a teoria observa que a Terra pode estar cheia de vida inteligente — mas “não parece muito inteligente”. “Ainda não temos a capacidade de responder comunitariamente pelos melhores interesses do planeta”, diz o astrofísico Adam Frank, da Universidade de Rochester. “Há inteligência na Terra, mas não há inteligência planetária”. A Terra parece estar presa em um estágio chamado de “tecnosfera imatura”. Este é um cenário em que a atividade tecnológica está plenamente desenvolvida e enraizada — mas ainda não está integrada harmoniosamente com outros sistemas, como o ambiente físico. É importante integrar essas duas esferas, pois somente quando os processos biológicos e tecnológicos estiverem em sincronia podemos garantir a produtividade e o futuro do ser humano neste planeta. “A biosfera descobriu como hospedar a vida por si mesma bilhões de anos atrás, criando sistemas p ara mov iment ar nitrogênio e transportar carbono”, diz Frank. “Agora temos que descobrir como ter o mesmo tipo de características de automanutenção com a tecnosfera”.

Arqueólogos encontram santuário milenar no Deserto da Jordânia

FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

Uma equipe de pesquisadores revelou ter encontrado um santuário de aproximadamente nove mil anos em um remoto sítio arqueológico no lado oriental do Deserto da Jordânia. Os restos do templo foram descobertos em um acampamento neolítico perto de grandes estruturas conhecidas c o m o “p i p a s d o d e s e r t o”, armadilhas que se acredita terem sido usadas para cercar gazelas selvagens para abate. Tais armadilhas consistem em duas ou mais longas paredes de pedra convergindo em direção a um recinto e são encontradas espalhadas pelos desertos do

Oriente Médio. “O local é único, primeiro por causa de seu estado d e p r e s e r v a ç ã o”, d i s s e o arqueólogo jordaniano Wael Abu-Azziza, colíder do projeto. “Tem nove mil anos e tudo estava quase intacto”. Segundo Abu-Azziza, dentro do BOB BEHNKEN santuário havia duas pedras esculpidas com guras antropomór cas, acompanhadas de um desenho da “pipa do deserto”, bem como um altar, uma lareira, conchas marinhas e um modelo em miniatura da armadilha para gazelas. De acordo com a equipe, que inclui arqueólogos da Universidade Al Hussein Bin

Talal, da Jordânia, e do Instituto Francês do Oriente Próximo (Ifpo), o santuário “lança toda uma nova luz sobre o simb olismo, a express ão artística, bem como a cultura espiritual dessas populações neolíticas até então desconhecidas”. Escavado em 2021, o local onde o santuário foi encontrado tem uma proximidade com as pipas do deserto que sugere que os frequentadores eram caçadores especializados e que as armadilhas eram “o centro de sua vida cultural, econômica e até simbólica nesta zona marginal”, diz o comunicado.

Mais um surpreendente conjunto de imagens do solo de Marte foi captado pela missão Curiosity. Divulgadas na última sexta-feira (25), as fotos são de um objeto que parece uma p equena “ or” nas cida na superfície do planeta vermelho. A equipe do rover relatou que a des cob er ta tem estr uturas delicadas, tendo se formado por minerais precipitados de água. Não é a primeira vez que o robô da Nasa, que explora o planeta há quase uma década, vê esse tipo d e for ma ç ã o, chama d a d e “a g l o m e r a d o d e c r i s t a i s diagenéticos”. Diagenética signi ca a recombinação ou rearranjo de minerais, e essas características consistem em aglomerados tridimensionais

cristalizados, provavelmente feitos de uma combinação de minerais. A cientista da Nasa Abigail Fraeman, vice-diretora da missão Curiosity, disse no Twitter que as formações vistas anteriormente eram de sulfatos — sais inorgânicos derivados do ácido sulfúrico. Análises de características anteriores como esta encontradas em Marte d e m o n s t r a m q u e , originalmente, a estrutura foi criada dentro de uma rocha, que foi corroída ao longo do tempo. Esses aglomerados minerais, no entanto, parecem ser resistentes à erosão. Outro nome para essas características é “concreção”. Em 2004 o rover Opportunity, da

Nasa, descobriu concreções minerais no solo marciano que foram carinhosamente apelidadas de “mirtilos”, já que eram pequenas e redondas. Já a nova concreção descoberta foi batizada de “Blackthorn Salt” (algo como Sal de Espinheiro Negro, em tradução livre). Eles usaram o instrumento Mars Hand Lens Imager (MAHLI) do rove r p ar a c aptu r ar e s s a s imagens de enquadramento fechado. Em 2013, o Curiosity já havia encontrado outra cristalização mineral em forma de or. Antes, em 2008, o rover Spir it dete c tou for maçõ es semelhantes, que foram apelidadas de “couve- or” devido às suas protuberâncias.

Astrônomos revelam mistério de intrigantes flashes cósmicos no céu ©CÉSAR MANSO/AFP

©DANIËLE FUTSELAAR/ASTRON

Esses tipos de ashes cósmicos são muito difíceis de serem localizados porque são muito imprevisíveis e duram apenas uma fração de segundo, os astrônomos estão desde 2007 tentando entender de onde vêm ess as rajadas. "Q uer íamos procurar pistas sobre as origens das explosões. Usando muitos radiotelescópios juntos, s abí amos que p o der í amos identi car a localização da fonte no céu com extrema precisão. Isto cria a oportunidade de ver como é a vizinhança de um local com este tipo de explosão de rádio", diz Franz Kirsten, um dos autores do estudo. Para conseguir realizar as medições, os cientistas utilizaram 12 telescópios espalhados ao redor do planeta na Suécia, Letônia, Países Baixos, Rússia, Alemanha, Polônia, Itália e China. O estudo foi publicado na revista acadêmica Nature Astronomy. Para surpresa dos cientistas, os ashes foram encontrados na galáxia M 81, que está relativamente próxima da Terra, a cerca de 12 milhões de anosluz. Mas o que mais chamou a atenção dos astrônomos foi o

fato de esta galáxia conter uma grande concentração de estrelas mais velhas, um fenômeno chamado de aglomerado globular. "É incrível encontrar rajadas rápidas de rádio vindas de um aglomerado globular. Este é um lugar no espaço onde você só encontra estrelas velhas. Mais longe no Universo, rajadas rápidas de rádio foram encontradas em lugares onde as estrelas são muito mais jovens", diz Kenzie Nimmo, uma coautora do projeto. A partir desta descoberta, os astrônomos criaram a teoria de que essas rajadas poderiam estar relacionadas com magnetars, que são os resíduos ultradensos deixados por grandes estrelas após explodirem. O magnetar é o

mais poderoso ímã já encontrado no Universo. Para criar explosões su cientemente grandes e gerar ashes de luz no céu, os pesquisadores acreditam que a origem seja um magnetar formado após uma anã branca se tornar massiva o su ciente para colapsar por conta de seu próprio peso. "Se uma das anãs brancas conseguir pegar massa extra su ciente de sua companheira, ela pode se transformar em uma e s t re l a ai n d a m ai s d e ns a , conhecida como estrela de nêutrons. Essa é uma ocorrência rara, mas em um aglomerado de estrelas antigas é a maneira mais simples de fazer rajadas rápidas de rádio", explicou um dos pesquisadores envolvidos no projeto, Mohit Bhardwaj.


8 BEM-ESTAR

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Passear com cachorro reduz riscos de problemas físicos e cognitivos, afirma estudo ©ISTOCK

Os idosos que vivem na companhia de um cachorro têm menos risco de apresentar um problema de saúde, físico ou cognitivo, no futuro. A a rmação é de um estudo publicado no periódico Plos One. Segundo os autores, o motivo seria a caminhada que os donos dos cães costumam fazer mais de uma vez por semana. Quem tem um gato, p or exemplo, não sente o mesmo benefício. "O passeio com cães é uma atividade física de intensidade moderada que parece ter um efeito protetor na redução do r i s c o d o ap are c i m e nto d e limitações [físicas e mentais]", explicou um dos autores do e s t u d o Yu Ta n i g u c h i , d o Instituto Nacional de Estudos Ambientais em Tsukuba, Japão, ao site NewScientist. Os pesquisadores coletaram dados de 11.233 adultos, com idades entre 65 e 84 anos, do Japão. Eles perguntaram se eles tinham um gato ou cachorro. Ao longo de três anos e meio, entre 2016 e 2020, os cientistas acompanharam a qualidade de vida dos participantes, se eles apresentavam algum declínio cognitivo e/ou físico. Para comparação, o estudo selecionou participantes que nunca tiveram um gato ou cachorro em casa. Durante o período do estudo, 17,1% dos participantes desenvolveram algum problema

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Cheesecake de manga ©GUIA DA COZINHA

relacionado à incapacidade física ou cognitiva, e 5,2% morreram. Donos de cães que se exercitavam mais de uma vez por semana tinham cerca de metade da probabilidade de desenvolver uma de ciência em comparação com pessoas que nunca tiveram um cão — mesmo quando controlados por idade, sexo, renda e fatores de saúde, como tabagismo, dieta e doença cardiovascular. Os donos de cães, por terem que levar seus companheiros caninos para passear, são quatro vezes mais propensos a cumprir as diretrizes de atividade física recomendadas do que as pessoas sem pets. A equipe também descobriu que os participantes que possuíam cães anteriormente tinham cerca de 10% menos risco de um problema físico ou cognitivo, em comparação com aqueles que nunca tiveram um cão. No entanto, os cientistas descobriram que possuir um cachorro não teve efeito sobre a

probabilidade de as pessoas morrerem no período do estudo — e nem ter um gato. Além disso, o nível de interação social entre os donos de cães e seus vizinhos n ã o ap r e s e nt o u e f e i t o n o resultado. Segundo os autores, o artigo mostrou que a posse de um cão pode diminuir os riscos de problemas de saúde durante a velhice. A companhia do animal, assim como exercícios físicos regulares, desempenham um papel importante no envelhecimento. Portanto, essa descoberta pode ser a chave para uma população idosa mais saudável, evitando o desenvolvimento de diversos tipos de doenças. Agora, a equipe quer investigar os mecanismos físicos e psicológicos por trás do benefício da companhia dos cachorros. Eles também gostariam de examinar a relação entre a posse de cães em outros países, para estabelecer se essa é uma característica comum ou mais exclusiva do Japão.

Q

uer preparar uma sobremesa prática e deliciosa? Con ra a receita de cheesecake de manga, que tem preparo fácil e ótimo rendimento. Faça hoje mesmo e convide os amigos para provar! Ingredientes 1 pacote de biscoito tipo maisena triturado (200g) 3 colheres (sopa) de manteiga 1 clara

até homogeneizar. Passe por uma peneira, reserve ½ xícara (chá) para decorar e trans ra o re s t a nt e p a r a u m a t i g e l a . Adicione o cream cheese, o açúcar, o leite condensado, os ovos, as gemas e misture. Reserve. Em uma tigela, misture o biscoito com a manteiga e a clara até formar uma farofa úmida. Forre o fundo de uma fôrma de aro removível de 24cm de

diâmetro, apertando com os dedos. Espalhe o creme de manga por cima e leve ao forno baixo, preaquecido, por 40 minutos ou até rmar. Deixe esfriar. Espalhe a polpa de manga re s e r v a d a e, p or c i ma , o s ing re dientes d a cob er tura misturados, fazendo os. Leve à geladeira por quatro horas. Desenforme e sirva em seguida. Rendimento: 8 porções Fonte: Terra

Recheio 3 mangas em cubos ½ xícara (chá) de água 400g de cream cheese 1 xícara (chá) de açúcar ½ lata de leite condensado 3 ovos 2 gemas Cobertura ½ lata de leite condensado Suco de 2 limões

Água com limão emagrece mesmo? Cinco mitos da alimentação saudável ©SHUTTERSTOCK

Acreditar que água com limão faz milagres, demonizar todos os tipos de gordura, sonhar com a

existência de alimentos que não engordam. Todas essas crenças pertencem à uma espécie de

imaginário popular que busca soluções mágicas para atingir um objetivo que, muitas vezes, não é tão simples assim. Sabemos que para conseguir emagrecer é necessário entrar em dé cit calórico, ou seja, consumir menos energia do que se gasta. A partir desse princípio, o ideal é realizar uma alimentação saudável, com alimentos que proporcionam saciedade e poucas calorias. Além disso, a prática regular de atividades físicas vai intensi car o gasto de energia e acelerar o

Modo de preparo Pa r a o r e c h e i o, b at a n o liquidi cador a manga e a água processo de perda de gordura corporal. Apostar em técnicas "milagrosas" de alimentação para emagrecer, geralmente, não costuma dar certo. Por isso, é necessário ter cuidado ao criar expectativas com os resultados que, por exemplo, um copo de água com limão pode proporcionar. Para evitar que isso aconteça, a nutricionista Monik Cabral separou cinco mitos da alimentação saudável. Con ra: 1 — Água com limão emagrece mesmo? "O limão estimula a secreção biliar e pancreática, que contém a g e nt e s d e s ap o n i c a ç ã o, responsáveis pela digestão das gorduras, por isso contribui para uma digestão mais e caz. No entanto, isso não signi ca que vai emagrecer tomando apenas água com limão", alerta a especialista. 2 — Azeite aquecido é tão prejudicial quanto

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

óleo comum? " A t e mp e r at u r a n a q u a l utilizamos o azeite no refogado ou assado não é su ciente para produzir substâncias malé cas. Poré m , qu a n d o a qu e c i d o, algumas propriedades antioxidantes são perdidas. Logo, para este m, você pode utilizar o azeite extravirgem nas saladas ou para nalizar preparações. Para aquecer opte pelo azeite de oliva convencional e para uso à frio opte pelo extravirgem", recomenda a nutricionista. 3 — Óleo de coco faz mal? Segundo Monik, o óleo de coco tem efeitos bené cos e terapêuticos sobre funções do organismo como a saúde cardiovascular e imune. Além de aj u d a r a pre v e n i r c â n c e r, diabetes, doenças hepáticas, renais e digestivas. 4 — Tapioca não engorda? "Por ter alto índice glicêmico, o

consumo da tapioca eleva mais rapidamente a glicose sanguínea, assim como o pão de forma branco. Logo, ela é uma boa opção para horários em que seja necessário um fornecimento de energia mais rápido, como café da manhã, pré-treino e póstreino. Caso você queira reduzir este índice, além de adicionar bras na massa, você pode caprichar no recheio com fontes proteicas", diz a especialista. 5 — Tomar líquidos durante as refeições engorda? De acordo com Monik, esse hábito não é responsável por fazer um indivíduo engordar. Mas, pode causar problemas digestivos. "Ao ingerirmos líquidos em excesso nas refeições o suco gástrico ca diluído e dessa forma a digestão ca comprometida podendo ocasionar problemas como indigestão, gases, atulências e de ciência na absorção de nutrientes".


SAÚDE 9

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Tomate roxo? Empresa cria Problemas renais podem fruta geneticamente ser silenciosos modificada com supernutrientes Saiba identicar e prevenir um possível problema renal ©SHUTTERSTOCK

problemas renais passa por uma série de sintomas e mudanças. Entre elas: fadiga; ressecamento na pele; mudança na urina; náuseas; vômitos; perda de apetite; alterações repentinas na pressão arterial; inchaço nas pernas, olhos, pernas e pés; de ciência de vit amina D (causando osteoporose); arritmias p or aumento do potássio no sangue.

©NATURE BIOTECHNOLOGY

Já imaginou um tomate roxo? Nos Estados Unidos, existe uma empresa que está buscando aprovação para comercializar um novo tipo de tomate: roxo e geneticamente modi cado. De acordo com os responsáveis, o produto é considerado um superalimento e com benefícios para a saúde humana. Com testes com animais, a equipe conseguiu identi car um aumento da longevidade. A coloração roxa torna o tomate especi camente rico em antioxidantes e contém cerca de 10 vezes mais a nt o c i a n i n a s , atu a c ont r a radicais livres no corpo humano. Depois de enviar a documentação para aprovação, sendo algo inédito no mercado, a empresa Norfolk Plant Sciences está esperando a reposta e isso

deve proporcionar adaptações curiosas no futuro, como um ketchup roxo. “Estamos otimistas de que obteremos as aprovações de que precisamos”, disse Eric Ward, um porta-voz da organização, para a NewScientist. O tomate roxo foi desenvolvido pela cientista Cathie Martin, do John Innes Centre, no Reino Unido. Depois de anos de pesquisa sobre os possíveis benefícios, em 2008, Martin e s u a e qu ip e d iv u l g ar am a s conclusões resultantes de um teste pré-clínico, publicado na revista cientí ca Nature Biotechnology. O estudo obser vou que camundongos com a dieta suplementada com pó de tomate roxo viveram quase 30% mais do

que aqueles em uma dieta padrão. “O consumo alimentar de antocianinas, uma classe de pigmentos produzidos por plantas superiores, tem sido associado à proteção contra uma ampla gama de doenças humanas. No entanto, os níveis de antocianina nas frutas e ve ge t ais mais c onsu m i d o s podem ser inadequados para conferir benefícios ideais”, a rmaram os autores do estudo. Para ter a cor roxa, a cientista Martin adicionou dois genes da planta Flor Crânio de Dragão, do gênero Antirrhinum. O alimento também teve a inserção de um gene da Arabidopsis thaliana, em que são ativos apenas nos frutos e não alteram características da planta em si. “A e x p r e s s ã o d o s d o i s transgenes aumentou em três vezes a capacidade antioxidante hidrofílica dos frutos de tomate e resultou em frutos com coloração roxa intensa tanto na casca quanto na polpa”, disseram os autores do estudo sobre o fato do tomate ser roxo.

Os problemas renais, ao contrário do que alguns imaginam, não acontecem apenas com pessoas idosas ou portadoras de doenças graves. É possível sim que um indivíduo jovem e, aparentemente, saudável, desenvolva algum tipo de disfunção nos rins. O grande problema, no entanto, é que a condição pode ser silenciosa e se manifestar apenas quando estiver em um estágio avançado. “A maioria dos problemas renais são, no início, silenciosos. Não se trata apenas de uma doença de idoso, não. Podemos tratar a insu ciência renal com medicamentos e controle da dieta, mas nos casos graves, apenas a realização de diálise ou

transplante renal”, explica o Dr. Carlos Machado, nefrologista e médico de família, especialista em medicina preventiva. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a estimativa é de que aproximadamente 10 milhões de pessoas possuem algum tipo de disfunção renal no Brasil. Sendo que 90 a 100 mil pacientes precisam passar por diálise — procedimento que promove a remoção das substâncias tóxicas que cam retidas quando os rins deixam de funcionar — frequentemente. Principais sintomas de problemas renais O especialista ressalta que o organismo de uma pessoa com

Tratamento e prevenção Se você possui um ou mais desses sintomas, é importante consultar um médico para realizar exames e investigar possíveis problemas renais e outras complicações de saúde. De acordo com o Dr. Machado, se não for crônica, a condição é totalmente reversível quando diagnosticada logo no início. Entre as principais maneiras de prevenir e tratar a disfunção renal estão: controle da glicemia no sangue; manter o peso adequado; realizar exercícios físicos regularmente; alimentação balanceada; hidratação; evitar o tabagismo; não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas; fugir do abuso de anti-in amatórios.

Consumo de maconha na Pólio: caso na África indica adolescência pode causar necessidade de maior infertilidade na fase adulta cobertura vacinal ©REPRODUÇÃO

©FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

O primeiro caso de poliomielite selvagem no continente africano em mais de cinco anos deve servir de alerta para países com baixas coberturas vacinais contra a doença, como o Brasil. A avaliação é do presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, que pede mais campanhas que reforcem a con ança nos imunizantes e lembrem as famílias de cumprir o calendário de vacinação das crianças. "O recado que ca é de alerta pelo risco que a gente está correndo em decorrência das baixas coberturas vacinais", a rma Cunha. "Os números expõem essa vulnerabilidade. De cada dez crianças, três não estão vacinadas. É risco de uma situação totalmente evitável". A circulação da poliomielite selvagem no mundo foi limitada pelo sucesso da vacinação contra a doença, que hoje só é endêmica

no Paquistão e no Afeganistão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cinco casos foram registrados em todo o mundo em 2021. No último dia 17, porém, autoridades sanitárias do Malawi noti caram o primeiro caso selvagem de pólio na África em mais de cinco anos e declararam surto do poliovírus tipo 1. Para o diretor regional da OMS na África, Matshidiso Moeti, "enquanto a poliomielite existir em qualquer

lugar do mundo, todos os países continuam em risco de importar o vírus". A poliomielite foi declarada erradicada do Brasil em 1994, também pelo sucesso da campanha de vacinação. Apesar disso, desde 2015, o país não tem conseguido mais atingir a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida.

Há 40 anos observa-se uma diminuição progressiva da qualidade do sêmen da p opu l a ç ã o m a s c u l i n a , u m quadro com origens multifatoriais que pode ser agravado pelo uso da maconha. As toxinas presentes na droga, uma das mais consumidas no Brasil e no mundo, são tema de um estudo desenvolvido na USP que investiga as principais causas do desequilíbrio hormonal que afeta a fertilidade do homem. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Jorge Hallak, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e do Grupo de Estudo em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP; e Thiago Afonso Teixeira, doutor em Urologia pela FMUSP e membro do mesmo grupo de estudos; enfatizam os efeitos tóxicos da maconha na saúde reprodutiva masculina e divulgam outros fatores de risco complementares à situação. Hallak conta que há uma “sopa

de ingredientes que tem feito os homens tornarem-se menos férteis”, entre eles, o meio ambiente, a poluição atmosférica, o estilo de vida, o uso de medicamentos e, em um nível crescente na última década, o uso da maconha. O estudo realizado pela FMUSP avaliou, de forma retrospectiva, os múltiplos hábitos de 153 homens que poderiam influenciar em seu perfil fértil. “Dentre os avaliados, todos eram inférteis, ou seja, depois de um ano de tentativa com sua parceira não conseguiram obter de forma satisfatória a gravidez”, indica Thiago Teixeira, autor da tese. Os resultados auxiliaram o urologista a concluir que o

consumo de álcool, cigarros de tabaco e o nível de sedentarismo também influenciam na saúde testicular, embora a maconha seja o fator de maior impacto negativo. “Homens que fumavam maconha de forma crônica, ao menos um cigarro por semana durante um período de um ano, apresentaram uma queda dos níveis de estradiol, hormônio feminino que t a m b é m e x i s t e d e nt r o d o organismo mas c ulino; um aumento da prolactina, hormônio que regula o desejo sexual e a parte reprodutora; e o aumento de uma proteína que transporta esses hormônios, chamada SHBG”, completa.


10 Criança hoje, Criança amanhã

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ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Precisamos falar sobre Moıs̈e e Henry — Parte IV Estamos com dificuldade de admitir o racismo estrutural que habita em todos nós. Onde estamos? O que aconteceu com a humanidade? ©ABRAMINJ.ORG.BR

Racismo Estrutural Misógino, quando não importa a cor da pele, foi abatida também a Juíza que estava, por intimidação da ameaça de ser acusada de “alienadora”, entregando suas três lhas, fora do que tinha sido combinado, mas obedecendo o ex-marido. Ele a matou com 16 facadas, na frente das três lhas de menos de nove anos. Ela era togada, mas ele era homem. Foi assassinado o Henry, frágil nos seus quatro anos, o que lhe conferia ainda maior vulnerabilidade, em decorrência de 23 lesões que apontavam para a violência, e que foram “explicadas” por ter

da cidade, ou, no Rio de Janeiro, ir conhecer o Pão de Açúcar ou

familiares com o vício, são os encontros sexuais com

o C o r c o v a d o ? Vi aj a n d o sozinhos, sem a família, que, raramente, conseguem ter, pela di culdade de convivência de

novinhas e novinhos que podem, eventualmente, acontecer, de preferência dentro das mesmas instalações. Por

caído da cama. 23 lesões. Onde estamos? O que aconteceu com a humanidade? Já havia escrito essa primeira parte, e a avalanche desceu, atropelando tudo. E veio da Câmara Federal o nascedouro de mais uma fábrica de lama. Foi aprovado o texto base da legalização das casas de jogos. Com a rmações distorcidas, aumento de arrecadação que seria investida em saúde, educação, e segurança pública, incremento do tur ismo, aumento de empregos. Sabemos todos, ou quase todos, que os cassinos servem para lavagem de dinheiro, para a prostituição, para trá co de pessoas. Verba para educação, saúde e segurança? Não há reg ist ro de jogadores/apostadores que viajam para jogar e fazer turismo. Qual o jogador que vai sair da mesa de pôquer ou da roleta para conhecer as praias

©FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

©TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL

O

s con itos são s au d áv e i s e acrescentam maturidade pela sua vivência e escolha entre duas opções que se apresentam. Muitas vezes, o con ito se desenha por um antagonismo de duas opções de escolha. Outras vezes, por uma diferença entre uma opção boa e uma opção melhor. Ou, entre uma opção ruim e a outra pior. A dúvida no escolher diz re sp e ito à c ap a c i d a d e d e observação, de avaliação e ao amadurecimento. Mas falo do conceito correto de con ito, e não da deturpação que foi atribuída ao termo dentro do contexto jurídico. Encontramos em pro cess os de Vara de Família a “de nição” de con ito para um crime denunciado. A redução no Mérito da questão abre as portas para a m i n i m i z a ç ã o e a desquali cação das vozes da Criança e da Mulher/Mãe, deixando o caminho para o estereótipo da “histeria”. O termo técnico que se refere à patologia classi cada pelo C ó d i g o Int e r n a c i o n a l d e Doenças (CID), desde sempre, e i n s c r it a n o s Tr at a d o s d e Psiquiatria, foi vulgarizado para adjetivar a Mulher que está desesperada por algum motivo real. A patologia existe e, mesmo que sua nomenclatura tenha vindo da derivação do latim “uterus”, da raiz grega “hystera”, a doença, o distúrbio, ou os traços de histeria, existem em homens também. Não é um distúrbio feminino, como fazem força para que seja, porque nos primórdios assim e r a p e n s a d o, q u e s e r i a m instabilidades emocionais das mulheres, portadoras de útero. A Ciência avançou. Mas, a manipulação na nomenclatura tem produzido So smas aberrantes. Mentiras intelectuais que causam grandes estragos às Crianças, principalmente, por serem ataques às suas mães. Estamos com di culdade de admitir o racismo estrutural que habita em todos nós. A cor da pele dele foi o veredicto que fez um sargento, seu vizinho, dar um tiro de longe e, depois, dois de perto. Foi abatido. Foi abatido Moïse, como se fosse um saco de farinha. Pelo mesmo

e s s e m o t i v o, o s c a s s i n o s modernos são localizados em hotéis de muitas estrelas. Não é considerada a degradação da dependência. Os jogos de azar s ã o d i ag no st i c a d o s c omo adicção, ao lado do alcoolismo, da dependência por cocaína, e por drogas sintéticas. Logo virá a diminuição da maioridade com a manipulação que é uma necessidade pelos índices de criminalidade dos adolescentes de 16, 17 anos. Ocorre que essa faixa etária é responsável por cerca de 5% do total da criminalidade. Essa cortina de fumaça vem para ser vir à diminuição da maioridade para o trabalho em cassinos, e a facilitação para a exploração sexual de novinhas e novinhos de 16 e 17 anos. E da facilitação para o intercâmbio internacional desses explorados.

Essa é uma Barbárie Vicária. Tr a n s p a r e n t e . D e d i f í c i l detecção. O discurso é redondinho. A linguagem parece ter se transformado numa verdadeira arma. Degradada, permeada por uma violência trazida por todos os demônios internos que foram, totalmente, liberados. A tão falada liberdade de expressão é a licença para a violência verbal. Se alguém pisa o pé do outro, antes de terminar o pedido de desculpas, pode ser chamado de canalha. Por que não? Paradoxalmente, vivemos uma ladainha de positividade tóxica. Tudo tem que ser perdoado, tudo vai dar certo. Um estímulo permanente ao narcisismo sem consistência, um “eu me amo”, e, se quero eu p o s s o , e v o u c o n s e g u i r. Qualquer emoção compatível com a situação real que não estiver dentro desse repertório de p ositividade, de ve s er b an i d a . A s au d ável r aiv a coerente, foi abolida. Mas, uma outra avalanche desceu atropelando. A guerra. Crianças chorando. Crianças morrendo. Crianças que se tornaram órfãs. Violação de Direitos Fundamentais dos vulneráveis. A barbárie da guerra. Mas aqui também vivemos uma guerra. São duas guerras, a de lá, e a de cá. As duas causam mortes e agelos humanitários. Falaremos na próxima semana.


COMPORTAMENTO 11

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Como identificar quando o 'beber socialmente' vira dependência em álcool? O consumo de bebidas alcoólicas está presente em encontros com amigos, festas e reuniões familiares, mas pode virar um problema quando a quantidade de doses ingeridas e a frequência do uso saem do controle. A transição entre o "beber socialmente" e a ingesta abusiva nem sempre é percebida, mas alguns sinais servem de alerta, segundo especialistas. Se o consumo de álcool começa a atrapalhar relações e tarefas, se a tentativa de evitar a substância gera ssura ou síndrome de abstinência e se a pessoa começa a aumentar o volume de bebida ingerida para atingir o mesmo prazer, pode ser um caso de dependência ou uso abusivo de álcool. De acordo com Zila Sanchez, professora do departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os critérios para o diagnóstico se baseiam nos problemas sociais, biológicos e psicológicos causados pelo consumo de álcool, e se dividem em três diferentes graus: leve, moderado ou grave. "Se a pessoa apresenta ssura, que é aquela vontade muito grande de consumir álcool; se ela bebe e precisa de mais doses para ter o mesmo prazer que tinha antes, criando-se uma tolerância, esses são alguns dos sintomas.

Outro critério, por exemplo, é a síndrome de abstinência, que é quando a pessoa ca sem o álcool e começa a passar mal, ou quando começa a ter problemas no emprego e na família porque está

álcool", explica Sanchez. Embora as pessoas com o transtorno possam ter di culdades em reconhecer os próprios sintomas e em aceitar ajuda, alguns questionamentos

o consumo de álcool está sendo um problema, vale conversar com familiares e amigos próximos, além de buscar ajuda pro ssional, como uma consulta médica, e realizar ©ISTOCK/GETTY IMAGES

bebendo demais", exempli ca a especialista. O problema está descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM5), e 11 questões com respostas " s i m " ou " nã o " aju d am na identi cação. "O número de 'sims' que a pessoa tiver, ou seja, os sintomas que realmente acontecem com ela, vão pontuar para descrever se ela tem grau leve, moderado ou grave — se a p e s s o a n ã o t i v e r n e n hu m daqueles sintomas, é porque não tem problema nenhum com o

feitos a si mesmo auxiliam no entendimento. De acordo com Arthur Guerra, psiquiatra e presidente-executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), quem estiver em dúvida pode se perguntar: Você já tentou parar de beber e não conseguiu? Sente-se incomodado com críticas sobre o quanto ingere de bebida alcoólica? Acha que bebe mais do que gostaria? Tem que beber logo que acorda para diminuir o malestar? "Caso a pessoa identi que que

acompanhamento psicológico", explica Guerra. Familiares e amigos são, em geral, os primeiros a notarem os prejuízos relacionados ao uso abusivo de álcool. "Primeiro porque, muitas vezes, a pessoa está mais violenta, mais agressiva; segundo porque ela ca bebendo o dia inteiro e acaba não fazendo as outras coisas da casa - a pessoa precisa ir para o trabalho e não foi, acorda de ressaca e precisa tomar uma cerveja para car bem, esquece os compromissos dela", exempli ca

Sanchez. De acordo com a especialista, os familiares desempenham um importante papel na motivação e no incentivo para que a pessoa busque auxílio de um pro ssional de saúde, como psicólogo ou psiquiatra. "Essa família vai tentar conversar com a pessoa, mas, na maior parte das vezes, vai demorar até ela topar buscar ajuda. Por isso, esse pro cess o tem que ter uma insistência, mas sempre de uma forma acolhedora", explica. Para os especialistas, a melhor maneira de evitar os transtornos causados pelo consumo de bebidas alcoólicas na sociedade é por meio de políticas públicas de proteção social relacionadas à obtenção de álcool na sociedade. Zila Sanchez explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) lista diferentes práticas para que um país reduza o número de pessoas dependentes de álcool.

"A primeira delas é o aumento de preço. Quando você aumenta o preço da bebida, as pessoas têm mais di culdade de comprar e, ao invés de beberem 10 latas, vão beber cinco. A outra questão é reduzir a disponibilidade. Hoje, por exemplo, o acesso ao álcool é muito fácil no Brasil. Você pede no aplicativo e, em meia hora, está na sua casa, a qualquer hora do dia, mesmo de madrugada ou sete horas da manhã". Já o psiquiatra Arthur Guerra d e s t a c a q u e é i mp o r t a nt e conscientizar a população sobre o impacto do uso nocivo do álcool na sociedade com dados e informaçõ es de qualidade, endossadas cienti camente. "A m e u v e r, o e n v o l v i m e n t o conjunto do poder público, iniciativa privada e organizações da sociedade civil traz maior efetividade na prevenção de prejuízos e no tratamento dos danos causados pelo uso nocivo de álcool".

Como a literatura infantil auxilia crianças a lidar com emoções ©ISTOCK

Abordar assuntos delicados como morte, divórcio e doenças com as crianças não é tarefa fácil. Até para quem é adulto, lidar com estas questões exige equilíbrio emocional. Mas, com as crianças, abordar de forma lúdica, por meio de livros, pode ser o caminho para iniciar o assunto de forma mais compreensível e humanizada. Os livros podem ajudar famílias e educadores a lidar com momentos de transição importantes para as crianças como a hora de deixar as fraldas, de dizer adeus para a chupeta, ou ainda de lidar com a morte de um parente ou de um animal de estimação. Fernando Vernilo trabalhou durante dez anos como Relações Públicas e, quando se tornou mãe, sentiu falta de livros que abordassem temas como desmame e o desfralde, por exemplo. Assim nasceu o projeto da coleção de livros Conto com Você. "Saí do meu trabalho para um [ano] sabático improvisado, depois do nascimento do meu primeiro lho, e estava procurando uma oportunidade de empreender. A ideia do livro surgiu quando comecei a estudar sobre como fazer nosso desmame e descobri que o lúdico

da história ajudaria demais na comunicação. Livros assim não existiam no Brasil e, como sou for mada em comunicação, acredito demais na importância da clareza do que é dito para o sucesso do processo. Assim nasceram o Mamar quando o Sol Raiar e Tchau, Tetê, os primeiros livros para apoio na condução de desmame do Brasil". Os livros da coleção também abordam sentimentos como o ciúme de uma irmã que nasceu ou a tristeza com a separação dos pais. Fernanda conta que, além de ajudar a passar por estes desa os com leveza, os livros da coleção colocam as crianças como protagonistas do processo com autonomia e respeito. "O objetivo da Coleção é publicar livros sobre diversas temáticas da infância para ajudar no diálogo entre gerações, com muito acolhimento, verdade e respeito". Mamar quando o Sol Raiar e Tchau, Tetê foram os dois primeiros títulos da editora, escritos por Fernanda. De 2018 até hoje, a editora já publicou mais de 25 outros títulos de diferentes autoras, todos seguindo a mesma proposta narrativa, como Dino Davissauro, para controle de

r a i v a , e Po d e Pa r a r, p a r a prevenção de abuso sexual. Diante do cenário que o mundo assiste de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, no Leste Europeu, um livro pode esclarecer para as crianças a importância da paz e da união entre os países, mas principalmente entre as pessoas. O livro Paz de Laboratório levou dois anos de pesquisa com crianças e adultos, que relataram o que sabem sobre a paz e o que gostariam de ter aprendido na infância. A obra trabalha valores como respeito, amor, amizade, empatia, liberdade e união. A autora Izabel Stresser Araújo relata que o projeto do livro iniciou quando o pai dela

morreu. "Quando meu pai faleceu, eu tive um momento muito difícil, e m qu e e u n ã o c on s e g u i a encontrar a paz e isso me levou a re etir que pouco sabemos sobre ela, do que ela é feita, o que podemos fazer para nos sentir em paz. Mergulhei em um proj eto d e d ois anos p ara escrever o livro. Pensei muito na minha lha, sobre re exões e conversas que gostaria de ter com ela". Po r é m , c o n t a R e n a t a , a inspiração para o enredo veio anos antes da morte do pai. "O engraçado é que cinco anos antes eu sonhei com a história de um livro em que crianças ouviram que a paz estava desaparecendo e

resolveram fabricá-la em laboratório para ajudar o mundo todo. Para isso, elas precisavam descobrir do que a paz é feita. "Resolvi colocar esse sonho em prática e perguntei a mais de 200 pessoas o que elas gostariam de ter aprendido sobre a paz na i n f ânc i a . D aí, s aí r am s e te

ingredientes: amor, empatia, liberdade, coragem, respeito, am i z a d e e u n i ã o, qu e s ã o abordados de uma forma lúdica, como se fosse uma aventura na busca dos ingredientes". O que ela aprendeu ao escrever Paz de Laboratório, é o que espera que as crianças absorvam com a leitura. "Aprendi que somos ensinados a camu ar nossos sentimentos e achamos que a paz é a ausência de con ito. Na paz, aprendemos a lidar com con itos, que sempre irão existir. Por acharmos que paz é não discordar, abrimos mão de nós mesmos e dos nossos sentimentos em troca de uma falsa paz. Precisamos, urgentemente, educar sobre a paz, mais do que educamos para a competição", defende a autora.

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES


12 OLHAR DE UMA LENTE

03 A 10 DE MARÇO/2022

HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Bônus de Inclusão Produtiva, o momento é agora Acredito estarmos no caminho certo. Como já disse, o que falta, é menos política e mais responsabilidade social ©ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL

B

ônus para Inclusão Produtiva (BIP) e Inc e nt ivo à Quali cação Pro ssional (IQP), trata-se de um programa de incentivo para trabalhadores informais e a inclusão de jovens no mercado de trabalho. O projeto é do governo e foi anunciado no início do ano passado para atender os trabalhadores informais que sofreram um forte impacto com a pandemia do coronavírus e, claro, nossos jovens também, que não só com a pandemia, mas por anos enfrentam di culdades por falta de investimentos em quali cação para sua inserção na força de trabalho. Segundo o ministro Paulo Guedes, o programa foi aprovado pela Câmara, mas cou emperrado no Senado, acreditem, por conta da vergonhosa Comissão Parlamentar de Inquérito da

50% do governo, como ajuda de custo, e a outra metade caberia a responsabilidade à empresa que aderisse ao programa. Importante dizer q u e a c o t a d e responsabilidade do governo, depois de alguns meses, passaria para o Sistema S (Senai, Sesc e Sesi), obstantemente, não gostaram muito, já que teriam que abrir

Covid-19. Visando dar mais visibilidade aos trabalhadores

mão de uma grande parte dos seus orçamentos ao programa. Mas, por conta de

PAULO GUEDES

TATI BELING

©SHUTTERSTOCK

pagamento de meio salário

Trabalhadores informais chegam a 41% informais e incentivar a contratação de jovens entre 18 e 28 anos, o programa tem, na sua estrutura, apoio de

questões políticas, a coisa não vingou, por enquanto. Com regras próprias e sem o invólucro da Consolidação

(STF), torna legal a proposta. Em entrevista a um canal de TV, no YouTube, o ministro

justi cou o ministro acrescentando que “a Câmara aprovou, mas o S enado emperrou, naturalmente por essas batalhas políticas que não têm m naquela Casa”. Não seria o momento de o Congresso dar andamento nesse programa, com menos p o l ít i c a e m a i s responsabilidade social? A nal, estamos falando de mais de 40 milhões de pessoas que almejam e querem trabalhar. O ensinamento bíblico diz que: “Deus ensina o homem que o trabalho deve fazer parte da sua vida, como fator de concreção pessoal. Ensina, en m, que trabalhar

©DREAMSTIME

das Leis Trabalhistas (CLT), os contratos de meia-jornada (quatro horas), com

trabalho nessas últimas décadas, obra dos governos passados (PT, PSDB, MDB), em campanha, o presidente já se mostrava preocupado. Dizia que havia muitos regimes trabalhistas com muitos direitos, mas que não tinha emprego”. Pegamos como exemplo os Estados Unidos, lá há um regime que só diz qual é o salário mínimo/hora, você t r ab a l ha no s áb a d o, no domingo, faz hora extra, tem duas pro ssões ao mesmo tempo, é você quem determina seu ritmo de trabalho, e esse era o nosso sonho, criar o Sistema Verde-

mínimo, cerca de R$ 600,00, respeitando a hora do salário mínimo, reconhecida pelo Supremo Tribunal Superior

Guedes falou que esse projeto trata-se de um experimento p ar a a l go mu ito mai or, chamado de Carteira VerdeAmarela. “A Carteira VerdeAmarela, tem o propósito de atingir 40 milhões de brasileiros que foram expulsos do mercado de

Amarelo, para dar a dignidade do trabalho a essas pessoas que eram invisíveis. Fizemos um experimento para dois milhões de jovens entre 18 e 28 anos, criando dois milhões de empregos entre seis e 10 meses, mas foi a b o r t a d o n o s e n a d o”,

integra de forma expressiva um quadro mais amplo, tendente a produzir e felicidade ao viver humano”. Ac r e d i t o e s t a r m o s n o caminho certo. Como já disse, o que falta, é menos p o l ít i c a e m a i s responsabilidade social.


BRASIL 13

03 A 10 DE MARÇO/2022

A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Projeto cria programa musical voltado a jovem em vulnerabilidade social

Atividades de inteligência

Legalização de jogos de azar chega ao Senado com manifestações contrárias

©CONCURSO PÚBLICO

©REILA MARIA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

©TAXREBATE.ORG.UK

Parques nacionais Ao mesmo tempo, existirão os cassinos turísticos, que poderão operar em localidades que detenham o título de patrimônio natural da humanidade. Atualmente são sete: Fernando de Noronha, Parque Nacional do Iguaçu, Pantanal, Parque Nacional de Anavilhanas, Costa do Descobrimento e áreas protegidas do Cerrado e da Mata Atlântica. O projeto também prevê o funcionamento de cassinos em navios de cruzeiro, de casas de bingo em estádios, sempre com limites para o número de licenças concedidas. Também trata da autorização para estabelecimentos de jogo do bicho, com capital social mínimo, credenciamento por 25 anos e obrigação de identi cação dos ganhadores para prêmios em dinheiro acima do limite de isenção do imposto de renda.

Os senadores deverão analisar ainda o projeto de lei (PL) 2.719/2019, que estabelece o marco regulatório da Atividade de Inteligência Brasileira. O texto disciplina o exercício permanente e sistemático da produção, difusão e salvaguarda de conhecimentos sensíveis destinados à proteção da sociedade e do Estado, com vistas ao assessoramento de autoridades. Prevê ainda a cooperação técnica, estrutura, garantias, forma de atuação e controle dos órgãos de inteligência das polícias, departamentos penitenciários, Forças Armadas, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ministérios das Relações Exteriores, da Integração Nacional e da Ciência e Tecnologia, ministérios públicos estaduais e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O projeto foi apresentado pelo senador Major Olímpio, morto em razão da covid-19 em março de 2021. O texto é relatado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que ainda não apresentou relatório, a ser apreciada em caráter terminativo na CCJ.

CRE analisa projeto que prioriza adolescente em medida socioeducativa no serviço militar ©PH FREITAS/EXÉRCITO BRASILEIRO

O Senado receberá na próxima semana o projeto de lei que legaliza a operação de jogos de azar no Brasil (PL 442/1991 na C âmara dos D eput ados). A me dida inclui cassinos, bingos, jogo do bicho e jogos online, entre outras modalidades. Diversos senadores já se manifestaram contra a iniciativa, a rmando que a permissão para apostas por meio de entes privados levará a prejuízos sociais. O vice-líder do governo, senador Carlos Viana (MDB-MG), foi um deles. “A experiência internacional mostra que os grandes cassinos são usados para lavagem de dinheiro, trá co de drogas e prostituição. A scalização desse setor é muito difícil. Além disso, o vício em jogos e apostas integra o Código Internacional de Doenças”, explicou o senador Carlos Viana através das redes sociais. Viana também reconheceu que a legalização dos jogos tem o potencial de trazer receita para o País, através da tributação das atividades e estabelecimentos, mas ponderou que essa receita não compensaria o aumento de gastos com saúde pública e combate ao crime organizado. Já o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), antecipou durante a votação que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pretende vetar o projeto caso o Senado também o aprove. O senador Luiz do Carmo (MDB-GO) manifestou a mesma opinião, e pediu aos colegas que “re itam sobre as consequências” da legalização. “[O projeto] é um incentivo à degradação moral dos brasileiros. Os ganhos econômicos que a liberação dos jogos teoricamente traria provocariam como reação mais gastos na recuperação das famílias que sofrerão com as desgraças proporcionadas pelo vício nos jogos. Acredito piamente que legalizar os jogos de azar irá aumentar o endividamento e abalar as famílias”, disse. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) classi cou como “açodada” a decisão da Câmara dos Deputados e a rmou que o Senado precisa revertê-la. Já o senador Jorge Kajuru (PodemosGO) opinou que o tema é “polêmico” e requer “ampla discussão”. Por outro lado, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) apresentou uma defesa da legalização dos jogos de azar, citando, além do ganho de arrecadação, a geração de empregos e as oportunidades para promoção do desenvolvimento regional e do turismo. Para Coronel, as críticas à legalização são baseadas em “moralismo”. “O blefe que não aceito é o de quem quer ignorar que os jogos já estão presentes no cotidiano do brasileiro. Loteria federal, turfe, apostas esportivas online, e tantas outras formas de jogos, inclusive ilegais ou clandestinos, que a sociedade conhece, sabe onde acontecem e aceita. Argumentos ultrapassados nos colocam ao lado de apenas dois países do G20 que ainda proíbem os jogos por razões religiosas e bem distantes da maioria dos países, inclusive dos nossos irmãos do Mercosul, que já entenderam que os jogos são importante atividade econômica e não podem ser proibidos por razões apenas de costumes”, argumentou o senador em artigo publicado na imprensa. Ângelo Coronel é o relator de uma proposta do Senado para a liberação dos jogos de azar (PL 2.648/2019). O texto autoriza a operação de cassinos dentro de resorts. O senador também a rma que o volume nanceiro mobilizado por jogos de azar hoje proibidos é superior ao dinheiro arrecadado pela Caixa Econômica Federal com as loterias. Segundo ele, a legalização dessas atividades pode chegar a quase 2% do PIB. Ao mesmo tempo, é preciso dar atenção às preocupações dos demais senadores com criminalidade e impactos sociais. “É importante mitigar os riscos de lavagem de dinheiro, usando as estruturas que já atuam nesse controle — como o Coaf, Receita Federal e o próprio Banco Central — lançando mão de sistemas interligados às empresas que exploram jogos. Em outra dimensão, é preciso indicar mecanismos de atendimento aos viciados em jogos, que hoje já existem e, na medida da clandestinidade dos jogos, vivem na marginalidade, sem políticas públicas que efetivamente os amparem. São algumas preocupações legítimas que compartilho e creio ser possível dirimir”, a rmou. A Câmara aprovou o PL 442/1991 na última quinta-feira (24). De acordo com o texto a ser enviado ao Senado, a operação de jogos de azar em várias modalidades será dependente de licenças, que poderão ser concedidas em caráter permanente ou por prazo determinado. Cassinos poderão ser instalados em resorts de grande porte, com limite de estabelecimentos por estado e proibição de que um mesmo grupo econômico controle múltiplos estabelecimentos no mesmo estado.

Jovens de baixa renda e adolescentes que estiverem cumprindo medida socioeducativa terão prioridade no processo de s ele ç ão p ara o s er v iço militar obrigatório. É o que determina um dos quatro projetos de lei a serem apreciados pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) na quarta-feira (10), em reunião com início às 10h. O projeto de lei do Senado (PLS) 101/2017 acresce o artigo 13-A à Lei 4.375, de 1964, segundo o qual “na seleção, quer da classe a ser convocada, quer dos voluntários, deverá ser dada prioridade a brasileiros de 16 a 18 anos pertencentes a famílias de renda mensal de até dois salários mínimos”. Autor da iniciativa, o ex-senador ieres Pinto considera que a aprovação do projeto pode ajudar jovens mais pobres a adquirir uma pro ssão e a desenvolver valores que serão importantes para toda a vida. O mesmo vale para os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de menor potencial ofensivo, os quais passarão a ter uma oportunidade de reabilitação, a rma o autor do projeto. O texto é relatado na CRE pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), que ainda não apresentou relatório da proposição. Caberá à Comissão de Constituição e Justiça a decisão nal sobre o projeto.

Linhares será sede do maior Festival do Chocolate e do cacau da América Latina ©SECOM/FELIPE REIS

Linhares é hoje o terceiro maior produtor de cacau do Brasil, o maior produtor do fruto no Espírito Santo, possui Indicação Geográ ca que o eleva no mercado internacional e é premiado no Salão de Chocolate de Paris. Tantos atributos conectam gestores públicos e empresários que apostam na produção do chocolate para alavancar a economia do Espírito Santo e do Brasil. Alinhada à estratégias do Plano Agro da Prefeitura de Linhares e para agregar valor ao cacau capixaba, é que o prefeito de Linhares Guerino Zanon

O Projeto de Lei 4383/21 cria o Programa Nacional Deputado Nivaldo Jovem Aprendiz Musical, Albuquerque com o objetivo de promover a igualdade social e de oportunidades para jovens e m s i t u a ç ã o d e vulnerabilidade ou de exclusão social por meio de aprendizagem na área de música. A proposta, do deputado Nivaldo Albuquerque (PTB-AL), está em análise na Câmara dos Deputados. “A reversão do cenário social, com investimento na juventude, é semeadura para a concretização de futuro com justiça social, cristalizando a noção de que os adolescentes são sujeitos de direitos que toda a sociedade deve prover”, a rma o autor. Conforme o texto, as atividades do programa serão realizadas no horário contrário ao de estudo dos jovens. O programa será voltado a adolescentes com idade entre 10 e 17 anos, de preferência matriculados no ensino básico, admitidos por meio de contratos de aprendizagem pro ssional. Os participantes receberão bolsa de estudo, a ser concedida pelo poder público, para custear as despesas necessárias para seu desenvolvimento pro ssional. O projeto também assegura direitos trabalhistas e previdenciários. Ainda segundo o projeto, o Poder Executivo regulamentará e coordenará a execução e o planejamento do programa previsto. A proposta tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. anunciou a edição do Chocolat Festival — Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que é, hoje, o principal evento do setor de Chocolate, Cacau e derivados da América Latina. O evento será realizado entre os dias 20 e 23 de agosto deste ano em local que ainda está sendo estudado. O Chocolat Festival fomenta a pro ssionalização desse mercado relativamente novo no Brasil e é considerado o maior evento pro ssional dessa área na América Latina, reunindo consumidores, especialistas e produtores. É também uma plataforma de oportunidades para discutir a industrialização, a verticalização da produção e, consequentemente, a melhoria da qualidade das amêndoas de cacau selecionado e do produto nal elaborado, que é o chocolate. Além disto, além da venda de chocolates e outros derivados do cacau selecionado, o evento promove experiências sensoriais, exposições, cursos de capacitação, workshops, debates sobre temas do setor e palestras ministradas por especialistas, e a realização do Fórum do Cacau e de uma Cozinha Show, que receberá os maiores nomes da confeitaria nacional e internacional. Para o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, a retomada da cacauicultura e o fortalecimento da produção do chocolate são fatores que cooperam com o momento atual de reposicionamento e valorização do fruto em Linhares e no Espírito Santo. “Estamos somando todos os esforços, buscando todas as parcerias para Linhares se consolidar nos cenários nacional e internacional, e conectando essa nova realidade a produção do chocolate como mais uma forma de alavancar a economia da região, agregando valores ambientais, culturais e turísticos”, destacou o prefeito. Um dos criadores do Festival de Chocolat, Marco Lessa, que será um dos coordenadores do evento, apresentou dados que rati cam a importância do produção do chocolate para alavancar a economia estadual e como fortalecimento da cacauicultura, conectando também inovação e tecnologia à cadeia produtiva do fruto. “O cacau, o chocolate e a indústria do turismo, são matrizes econômicas dessa região que precisam se posicionar e se fortalecer, e o festival será uma grande oportunidade neste sentido. Por outro lado, precisamos conectar e aproximar a ciência e a tecnologia à cadeia produtiva do cacau, trazendo a inovação para processos produtivos, para entregas à sociedade e o produto chocolate é muito adaptável.”, explicou Lessa. Segundo o secretário de Agricultura de Linhares, Franco Fiorot, em Linhares é produzido o cacau cabruca na Mata Atlântica e a ideia é dar unidade à produção, no que diz respeito à qualidade do cacau. “O nosso chocolate não ca atrás de nenhum chocolate gourmet do mundo. Além da qualidade, Linhares também se destaca como maior produtor de cacau do Estado, com 8 mil toneladas somente em 2021. Estes números são resultados do trabalho dos produtores às políticas de governo que visam fomentar cada vez mais a cadeia produtiva do cacau, a exemplo do total apoio dado que será dado ao Festival do Chocolate, espaço que vai fortalecer todas as marcas produzidas no Estado”, a rma. Para o presidente da Acal, Eduardo Zucolotto, o festival representa uma oportunidade de apresentação da marca, geração de negócios e consolidação de Linhares como um importante produtor do fruto no Brasil e um futuro polo produtor de chocolates, que já conquistou avanços importantes. “Esse evento é uma esperança para um futuro melhor com o cacau, nos dá mais segurança para investir no produto e vai permitir nos estabelecer, num futuro próximo, como referência na produção do chocolate”, destacou.


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MÁRCIO GREIK

34 línguas indígenas faladas no Pará são Defender o voto mapeadas em primeira impresso auditável é etapa de pesquisa Delegado Federal do Espírito Santo

crime? S

e tomarmos por base as narrativas trazidas à baila pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com propagandas veiculadas no rádio e na televisão, podemos ser levados a pensar que defender a implantação do voto impresso auditável é crime. Ao tomar posse como presidente do TSE o ministro, Edson Fachin, deu continuidade ao processo incansável de defesa da urna eletrônica orquestrado pelo ministro Luiz Roberto Barroso, fazendo a população acreditar que quem traz o assunto para a mesa de discussão está violando o sistema legislativo brasileiro. Em divulgação feita pelo próprio TSE em sua página na internet com o título: https://www.tse.jus.br/imprensa /noticias-tse/2021/Agosto/fatoou-boato-e-falsa-a-informacaode-que-o-voto-impresso-e-lei o Tribunal informa que a Lei n° 10.408, de 2002 — que instituiu o voto impresso para o pleito daquele ano — não está em vigor. Ela foi revogada em 2003, justamente porque a ideia não deu certo. Diz o texto: "Talvez você não saiba, mas, nas Eleições 2002, o voto impresso foi testado. Na ocasião, mais de sete milhões de eleitores de 150 municípios e em todo o Distrito Federal participaram da votação com comprovante impresso e que era g u a rd a d o e m d i s p o s i t i v o específico. Contudo, de acordo com o relatório do pleito de 2002, e l a b o r a d o p e l o Tr i b u n a l Superior Eleitoral (TSE), o resultado não foi positivo: a experiência revelou que a impressão do voto não trouxe maior segurança ou transparência ao processo de votação. Pelo contrário, o voto impresso criou transtornos diversos, como o aumento de filas, atrasos na votação (algumas seções eleitorais terminaram a votação já de madrugada), falhas nas impressoras e maior percentual de urnas eletrônicas com defeito. Por essa razão, o Colégio de Presidentes e de Corregedores da Justiça Eleitoral sugeriu, na época, a eliminação do voto impresso nas futuras eleições. Já no ano seguinte, a Lei nº 10.408 foi revogada". A meu ver o grande erro daqueles que defendem a implantação do voto impresso auditável consiste no fato de que o fundamento de sua argumentação está na ainda

©MAURÍCIO NEVES CORRÊA/GEDAI AMAZÔNIA/REPRODUÇÃO

©DIVULGAÇÃO/REVISTA OESTE

improvável fraude nas urnas elet rônic as. Os cont rár ios argument am que as ur nas eletrônicas não podem ser fraudadas porque não estão interligadas na internet, e somente os resultados das votações são transmitidos via rede mundial de computadores. Outro erro grosseiro do grupo político que tentava aprovar a medida foi propor, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Emenda Constitucional — PEC 135/2019, para implementação do voto impresso auditável. Em votação, obtiveram apenas 229 votos dos 308 votos que eram necessários para aprovação. É que uma Emenda à C ons t itu i ç ã o n e c e s s it a d a aprovação em dois turnos, nas duas casas do Congresso Nacional, de 3/5 dos votos dos deputados ou dos senadores, o que equivale a 60% dos votos. O quórum de aprovação de uma Lei Ordinária é de presença mínima de maioria absoluta, ou seja, precisam estar presentes na sessão de votação 257 deputados e 41 senadores, para obter desses a metade mais um voto. P a r a r e s u m i r, u m a L e i Ordinária pode ser aprovada com a votação mínima de 129 Deputados Federais e de 21 senadores, ao passo que uma Emenda Constitucional necessita dos votos de 308 Deputados Federais e de 49 senadores. O assunto deveria ter sido tratado em Lei Ordinária, como foi pela Lei n.º 10.408, de 2002, pois se naquela ocasião foi possível fazer a experiência do voto impresso por Lei Ordinária, nada mudou de lá para cá e poderíamos aprovar a alteração c om o me s mo d isp o s it ivo legislativo. Apelar para a aprovação de uma Emenda Constitucional foi um erro crasso. Cuido-me para não cair na tentação de dizer que se o site do Ministério da Saúde nos últimos dias foi invadido por criminosos, se hackers invadiram a rede de informática do Pentágono, se o site do Tribunal Regional do Trabalho no Espírito Santo encontra-se fora do ar do dia 20/02/2022 ao dia 24/02/2022, seria leviano a rmar que somente o sistema de informática do nosso Tribunal Superior Eleitoral é inviolável, infalível e acima de qualquer

suspeita. Não quero cair na tentação de deixar que meus argumentos em favor do voto impresso auditável sejam levados para o viés da fraude, da corrupção, da violação ao sistema eletrônico de dados. Como defensor da medida uso como argumentação a necessidade de mais segurança com relação às eleições. Como diz o ditado popular: "cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém". E é isso mesmo. O Brasil deve aprovar o voto impresso auditável para ter um elemento a mais de segurança para o sistema eleitoral. As eleições de um país precisam car acima de qualquer suspeita, por isso, o voto impresso para recontagem, é a solução para dar mais segurança ao escrutínio. Admito que a questão se tornou uma briga política e há desonestidade na argumentação das duas teses. Aqueles que defendem o voto impresso auditável alegam que pode ter havido fraude nas eleições, o que não foi indelevelmente provado. Do outro lado persiste a divulgação de informações e qu i vo c a d a s d i z e n d o, p or exemplo, que o Brasil tem poucas estradas e a urna eletrônica é o caminho para a democracia. Há enorme falsidade nessa argumentação, p orque a proposta é que no sistema do voto impresso a cédula de votação s eja guardada em dispositivo específico, que é um c omp a r t i m e nt o f e c h a d o e inviolável, que acompanha as urnas eletrônicas, chegando junto com ela nas sessões de votação. Portanto, com estradas ou não, as urnas depositárias dos votos impressos seguiriam as urnas eletrônicas, de modo que onde uma estiver, ali estará também a outra. Cabe concluir que somos a favor da implantação do voto impress o re cont ável como medida necessária para dar mais segurança ao sistema eleitoral, garantindo que os eleitores podem ter a certeza de que no caso de fundadas suspeitas de erro ou fraude nos computadores, os resultados da votação estarão seguros e jamais haverá prejuízo para a segurança e con ança no resultado das eleições.

Na primeira etapa do projeto 'As línguas indígenas no Pará em 2021: f raturas do contemporâneo', 34 línguas indígenas foram registradas no Estado. O projeto é realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Grupo de Estudos Mediações, Discursos e Sociedades Amazônicas (Gedai), com a participação da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Na Universidade Federal do na primeira fase da pesquisa Aprovado pela Secretaria de Oeste do Pará, as atividades do foram registradas 34 línguas Cultura do Estado do Pará projeto foram desenvolvidas indígenas no Estado, sem contar (Secult-Pará), no âmbito da Lei com a participação da professora as línguas dos 13 povos isolados Aldir Blanc — Edital de Cultura Marília Leite, coordenadora que vivem dentro das fronteiras Imaterial, o projeto foi local; do professor Florêncio Vaz paraenses. São 18 línguas Tupi, desenvolvido com o objetivo de (ICS); e dos alunos Adenilson quatro línguas Macro-Jê, nove produzir um inventário sobre as Pai go Mu ndu r u ku línguas da família Karib, uma l í ng u a s i n d í ge n a s f a l a d a s (Agronomia/Ibef ), Iolandino língua da família Karajá, uma a t u a l m e n t e n o E s t a d o. A Xayukuma Wai Wai (Ciência da língua da família Aruak e uma proposta visava a construir um C o mp u t a ç ã o / I E G ) , Pe d r o língua Warao, além dos 13 povos mapa interativo e um Cohco Wai Wai (Interdisciplinar isolados. documentário com a localização em Saúde/Isco), Rena Janice "Para chegar a estes resultados, dos falantes em terras indígenas, T i r i y ó K a x u y a n a realizamos uma pesquisa que o nú m e ro aprox i m a d o d e ( Pe d ago g i a / Ic e d ) , Su z an contou sobretudo com a falantes, o tronco linguístico a participação de alunos indígenas Michelle Nogueira dos Anjos que suas línguas pertencem e as (Letras/Iced), Dayana Mara de das universidades públicas do inde nições quanto à origem Sousa Costa (Letras/Iced) e e s t a d o d o Pa r á . E m s u a s genética de algumas línguas. Clodoaldo Correa da Silva pesquisas, eles produziram, com O projeto é coordenado pela (Informática Educacional/Iced). seus próprios aparelhos de professora Ivânia Neves (UFPA), telefones celulares, uma série de A transmissão t amb é m c o ord eserá na dno or acanal d o da Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas Mapa interativo v íde os com o obj et ivo de Gedai, e teve sua primeira etapa O projeto resultou na mostrar os usos sociais de suas de desenvolvimento entre os construção de um mapa línguas na atualidade. A meses de março e setembro de interativo que apresenta as comunicação com alguns deles, 2021. Dados da Federação dos línguas indígenas no Pará. em função das di culdades com Povos Indígenas do Pará, em Acessando o mapa e clicando o acesso à Internet, aconteceu 2020, apontam que, atualmente, nos nomes das línguas principalmente por grupos de pelo menos 65 povos indígenas, indígenas, pode-se encontrar as WhatsApp. Para orientar as entre isolados e contatados, terras e territórios indígenas e pesquisas, produzimos uma vivem no território paraense. conhecer um pouco sobre as 34 série de tutoriais em formato De acordo com o relatório, línguas indígenas faladas. escrito e em audiovisual", assinado pela professora Ivânia, explicou Ivânia Neves

Dia Internacional do Urso Polar, o ameaçado "Rei do Ártico" 2 7 d e f e v e r e i r o é o D i a União Internacional para a Internacional do Urso Polar, data C ons e r v a ç ã o d a Natu re z a comemorativa criada em 2011 (IUCN), que estima que existam p e l a O N G P o l a r B e a r s entre 20 mil e 25 mil ursos em International para chamar a cinco países, EUA (Alasca), atenção para as muitas ameaças que a espécie ©HANS-JURGEN MAGER/UNSPLASH icônica enfrenta. A escolha do mês não é por acaso: fevereiro é o período do ano em que as fêmeas dos ursos polares constroem seus ninhos para acolher os lhotes recémnascidos no Ártico, um esforço, p or ve zes, Canadá, Rússia, Groenlândia e excruciante para as mães. Noruega. O urso polar é rotulado como Extremamente adaptados ao vulnerável pela lista vermelha da

ambiente gelado — das suas patas peludas e antiderrapantes até as pontas de suas pequenas orelhas que conservam calor — esses animais impressionantes vagam por vastas áreas para encontrar comida e companheiros. Proteger os lhotes, bem como os futuros papais, é crucial para garantir a preservação da espécie, que já está ameaçada pelo aquecimento global e pela perda de habitat. O degelo marinho pressiona o território de caça e de to cas dos urs os em r it mo preocupante.


COTIDIANO 15

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Cientistas no Amazonas Cérebro permanece buscam célula solar de 'aado' até os 60 anos, indica estudo terceira geração ©ELLEN RAPHAEL/ARQUIVO PESSOAL

Um projeto desenvolvido com o apoio do Governo do Estado do Amazonas está estudando a possibilidade da criação de uma fonte de energia à base de luz solar economicamente viável, renovável e de baixo custo, capaz de levar eletricidade a lugares remotos, uma vez que não requer cabeamentos. Intitulada “Desenvolvimento de células solares de terceira geração a partir de diferentes materiais nanoestruturados”, a pesquisa é ap oiada p ela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) via Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência. O objetivo da pesquisa é obter d i s p o s it i v o s f o t ov o lt a i c o s (pequenas células solares em escala laboratorial), capazes de transformar energia incidente da luz do sol em energia elétrica, além de preparar e caracterizar diferentes nanomateriais que são utilizados na confecção desses dispositivos. Aí se incluem, por exemplo, pontos quânticos, pontos de carbono, óxidos semicondutores nanocristalinos (óxido de titânio ou óxido de zinco) e grafeno.

©GETTY IMAGES/BBC NEWS

“Seriam células de terceira geração, ainda não disponíveis no mercado, mas que poderiam futuramente substituir as células solares, hoje disponíveis comercialmente, com custo menor e possivelmente com maior e ciência”, explica Ellen R aphael, co ordenadora do projeto, doutora em FísicoQuímica e professora do curso de Engenharia Química na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A pesquisadora acrescenta que a iniciativa se justi ca na capacidade de gerar tecnologia nacional para produção de células solares, além da formação de recursos humanos entre alunos que desenvolvem o estudo, p ossibi lidade de patentes, entre outros.

O projeto está sendo desenvolvido na Escola Superior d e Te c n o l o g i a d a U E A (EST/UEA), no laboratório Ilum, do Hub de Tecnologia, e é re a l i z a d o e m p ar te c om a colaboração do Departamento de Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A coordenadora destaca que o apoio do Governo do Estado, por meio da Fapeam, via Programa Amazônidas, é fundamental para o avanço dos resultados, principalmente pelo apoio a proj e t o s c o ord e n a d o s p or mulheres. “É um grande passo para proporcionar diversos tipos de materiais inovadores, além de contribuir na formação dos alunos envolvidos na pesquisa”, completou Ellen.

Estudantes imitam recife de coral usando impressã o 3D ©GREEN PRODUCT AWARD

Estrutura é pensada para revitalizar rios urbanos Alunos da Universidade de Tu n g h a i , e m Ta i w a n ,

Pesquisa contradiz as suposições populares de que a velocidade de processamento mental diminui após os 20 anos

projetaram uma espécie de recife de coral arti cial. A

proposta é que a estrutura seja feita com cerâmica ecológica e impressa em 3D que pode ajudar a revitalizar rios urbanos. Os corais são essenciais para garantir a saúde e a vida nos oceanos, portanto são insubstituíveis. E nt r e t a nt o, a e s t r u t u r a impressa tem como missão cumprir uma função especí ca: servir de abrigo para organismos aquáticos. Isso por si só já pode

O cérebro permanece a ado até a meia-idade, diferentemente das suposições populares de que a velocidade de processamento mental diminui a partir dos 20 e 30 anos. É o que sugere uma pesquisa publicada na revista Nature Human Behaviour. O estudo com 1,2 milhão de pessoas, com idades entre 10 e 80 anos, revelou que a velocidade mental permaneceu relativamente estável entre 30 e 60 anos — mas a cautela na tomada de decisão tende a aumentar com a idade. Os pesquisadores da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, usaram uma tarefa online para estimar o tempo de tomada de decisão das pessoas. Eles mostraram aos participantes uma série de imagens online e pediram a eles que as colocassem em duas categorias — boa ou ruim — apertando botões diferentes para isso. Eles sugerem que a tarefa envolve processos distintos, incluindo velocidade mental (de nida a grosso modo como a taxa na qual processamos informações para tomar uma decisão), cautela na decisão (que analisa o tempo necessário para

considerar as informações antes de tomar uma decisão) e, em seguida, o tempo envolvido em de fato apertar o botão. Por meio de modelos matemáticos, os pesquisadores conseguiram estimar a velocidade com que os participantes concluíram cada par te do pro cess o. Eles descobriram que, embora o tempo médio para concluir a tarefa como um todo tenha piorado após os 20 anos, a velocidade mental de processamento de informações

contribuir para a manutenção de várias espécies. Batizada de “C-ecology”, a

ideia é que a estrutura seja implantada com um sistema wetland, isto é, uma espécie de ltro coberto com plantas

não começou a diminuir até os 60 anos. O estudo constatou que: Pessoas com menos de 18 anos eram menos cautelosas e mais d i sp o st a s a abr i r m ã o d a precisão em prol da velocidade; A cautela nas decisões aumentou entre 18 e 65 anos; As pessoas também demoravam mais para apertar o respectivo botão quanto maior a idade. Os cientistas admitem que prov ave l m e nte h á mu ito s processos diferentes envolvidos nas tomadas de decisão e dizem que é possível que outros fatores, como opiniões previamente formadas, também afetem a ve l o c i d a d e d e t om a d a d e decisão. "Para grande parte da vida humana e carreiras de trabalho típicas, nossos resultados desa am a noção generalizada de uma desaceleração da velocidade mental relacionada à idade", conclui o estudo.

ltrantes. Cada módulo é colocado na superfície na água, sendo que as plantas cam boiando na parte superior enquanto o coral ar t i c i a l c a n a p ar t e inferior, à disposição das espécies marinhas. Segundo os idealizadores, a estrutura possibilita o surgimento e manutenção de organismos. Ter esses s e re s v ivo s au m e nt a a circulação da água, o que por sua vez melhora a qualidade do rio urbano. O sistema ainda é modular e portanto pode se adaptar a diversos rios — indep endentemente do tamanho e profundidade.


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Sapo da Amazônia que tem "nariz de anta" e cor de chocolate é descrito pela primeira vez por cientistas Encontrado na floresta amazônica, o animal é um velho conhecido de comunidades peruanas, mas só agora pesquisadores conseguiram descrever a espécie oficialmente ©GERMÁN CHÁVEZ/DIVULGAÇÃO

Sua pele lisa e acastanhada lhe c on fe re u m a ap arê nc i a d e chocolate e seu nariz lembra os traços faciais da anta amazônica, uma das últimas remanescentes da megafauna da Amazônia. No entanto, seu tamanho e comportamento evasivo tornaram este animal um desconhecido para a Ciência. Não mais. Pela primeira vez, pesquisadores descreveram o cialmente a espécie Synapturanus danta, o sapo-anta. Para isso, eles contaram com ajuda de guias da Comunidad Nativa Tres Esquinas do Per, que há muito tempo conhecem o pequeno sapo com o focinho comprido que tem a habilidade de escavar buracos para se abrigar no subsolo, o que sempre di cultou a busca dos biólogos que se aventuravam em encontrá-lo. “Esses sapos são realmente

difíceis de encontrar, e isso os leva a serem pouco estudados”, diz Michelle ompson, pesquisadora do Keller Science Action Center no Field Museum de Chicago (EUA) e uma das autoras do estudo que descreve o sapo na revista Evolutionary Systematics. “É um exemplo da diversidade oculta da Amazônia, e é importante documentá-la para entender a importância do ecossistema”. Durante a expedição para preencher a lacuna de conhecimento sobre a diversidade da "herpetofauna" (anfíbios e répteis), os pesquisadores foram levados a turfeiras (áreas alagadiças), onde pesquisaram durante a noite, quando os sapos cam mais ativos. Embora eles fossem difíceis de ver porque vivem no subsolo, e mesmo sob a luz da lanterna sua cor se confunde com

a terra, os pesquisadores puderam ouvir o barulho que estavam fazendo. “Ouvimos um bip-bip-bip vindo do subsolo e suspeitamos

que poderia ser uma nova espécie de sapo escavador, porque recentemente outras espécies de seu gênero foram descritas”, diz ompson. Foram mais de três

n o i t e s d e b u s c a s , at é q u e nalmente um espécime saltou de sua pequena toca e todos gritaram "alguém pegue!'”. Tudo na vida desta espécie

acontece debaixo da terra. Eles se abrigam lá, comem e põe seus ovos no subterrâneo e, nesse processo, contribuem para a ciclagem de nutrientes do solo, importante para manter a saúde do ecossistema. O estudo faz parte de um inventário liderado por cientistas do Field Museum, um programa no qual biólogos e cientistas sociais passam algumas semanas na Amazônia para aprender quais espécies vivem lá, como a comunidade local administra a terra, e como podem ajudar a preservar a área. "Existe uma grande oportunidade de conservação nas bacias hidrográ cas e áreas adjacentes. Este sapo anta é outra evidência de por que os cientistas e a população local precisam trabalhar juntos para proteger esta região”, diz a cientista.

Formigas saúvas surgiram Cães sentem saudade de há 8,5 milhões de anos, parceiros falecidos, diz indica estudo pesquisa Alexia Debacker Espinoso

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Um estudo publicado na revista S y s t e m a t i c Entomolog y,conduzido por pesquisadores do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, indica que a origem das formigas saúvas se deu cerca de 8,5 milhões de anos atrás em algum ponto da chamada Mesoamérica, região que atualmente abrange do sul do México ao noroeste da Colômbia, na Amazônia Internacional. Na sequência, esses insetos teriam se espalhado pela América do Sul, principalmente a partir do C errado. Ainda segundo o estudo, uma explosão de novas espécies pode ter ocorrido entre um e três milhões de anos atrás, justamente quando o Cerrado se e x p and i a . " A e x p ans ã o d o Cerrado brasileiro aparentemente favoreceu as saúvas, pois propiciou maior d ive rs i d a d e d e a l i me nto e ambientes mais abertos, aos quais elas se adaptaram muito bem. As saúvas foram se especializando nesses diferentes hábitats e gerando novas espécies", explica Corina Barrera, primeira autora do estudo, realizado durante seu doutorado no Inst ituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), em Rio Claro (SP). Para realizar o trabalho, os pesquisadores coletaram amostras de 865 colônias de

saúvas, em 19 países e em 25 dos 26 Estados brasileiros. Foram selecionados 224 espécimes para extração de DNA, de onde foram recuperados 2.340 dos chamados "elementos ultraconservados", regiões do código genético idênticas em mais de um organismo. A comparação desses elementos é uma ferramenta c on he c i d a p or d e te r m i n ar relações evolutivas com bastante precisão. As saúvas são consideradas pelo ponto de vista humano como as pragas agrícolas, esses insetos têm praticado a agricultura desde antes do surgimento do homem na Terra. Enquanto a maioria das formigas é caçadora-coletora, matando pre s a s ou c om e n d o o q u e encontram pelo caminho, as saúvas fazem parte de uma subtribo, chamada Attina, que entre 50 milhões e 60 milhões de anos atrás passou a produzir o próprio alimento. "Os inventores da agricultura são as formigas e alguns grupos de cupins e besouros. São insetos que começaram a se alimentar de fungos e evoluíram para cultiválos dentro dos seus ninhos, em cima de algum substrato. No caso das formigas-cortadeiras, folhas e outros restos de plantas. Com isso, possuem uma fonte de alimento que dura todas as

estações do ano e conseguem uma certa segurança alimentar", de ne Maurício Bacci Júnior, professor ligado ao Centro de Estudos de Insetos Sociais (Ceis) do IB-Unesp. Segundo o coordenador do estudo, em um cenário de m do bioma Cerrado, as saúvas podem passar por um novo processo de retração. "Se o Cerrado acabar, talvez elas passem por uma nova retração em termos de biodiversidade, como outras que ocorreram no passado. Pode ser que isso já e s t e j a a c ont e c e n d o c om a i nt ro du ç ã o d a a g r i c u ltu r a extensiva na reg i ão. Não medimos ainda a magnitude desse fenômeno. Sabemos que existe uma grande explosão populacional de saúvas, porém com baixa diversidade biológica, c au s a d a p e l a e x p a n s ã o d a agricultura. As poucas espécies que se bene ciam de culturas como soja e cana-de-açúcar, por exemplo, se tornam pragas. Por sua vez, espécies orestais, que não se adaptam às lavouras, p o d e m s of re r u m a g r and e extinção", explica Bacci Júnior. O pesquisador atualmente realiza um mapeamento dos genes presentes nas saúvas, com o objetivo de encontrar características (assinaturas genéticas) que possam tê-las tornado bem-sucedidas ou em v i as de ext inç ão. A lém de entender melhor a s eleção natural ocorrida no grupo, o trabalho pode abrir caminho para o desenvolvimento de formicidas mais direcionados, que atinjam apenas os genes dessas espécies danosas e em expansão, e não os de outras formigas inofensivas, além de peixes, aves e mamíferos.

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Perder um cachorro é muito triste, mas nós humanos não somos os únicos a sentir a falta do companheiro el. Uma pesquisa mostrou que os outros cães também sentem saudades dos amigos caninos. “Essas descobertas indicam que um cão pode mostrar padrões comportamentais e emocionais relacionados ao luto quando um co esp ecí co próximo morre, com aspectos deste último possivelmente relacionados ao estado emocional do dono”, relatam os cientistas responsáveis pelo estudo. A pesquisa avaliou 426 donos de diversos cães na Itália para entender como funciona este processo de luto canino. Apesar de donos de cachorros já saberem que seus animais de estimação sentiam falta dos companheiros, para o mundo cientí co essas reações emocionais são muito novas. Os voluntários da pesquisa responderam um questionário

sobre o luto dos seus cães. Cerca de 67% dos tutores relataram que seus cachorros começaram a buscar mais atenção, enquanto outros 57% diminuíram o número de brincadeiras, e outros 46% notaram um declínio em todas as atividades do cão sobrevivente. Além disso, cerca de 35% dos cães passaram mais tempo dormindo, 32% perderam o apetite e outros 30% passaram a chorar e latir mais do que o comum. Ainda foi possível notar que o tempo de c onv ivê nc i a c om o s c ã e s perdidos não afetou os sintomas dos cachorros que

sobreviveram. Os p es quisadores ainda apontaram que a saudade dos cães sobreviventes é muito in uenciada pelo comportamento do tutor. Conforme os donos dos c a chor ro s s e nt i r am mais tristeza, o cão também se demonstrou mais triste. “Não su r pre e nd e nte me nte, u m contágio emocional também pode ser considerado, uma vez que o estresse parece contagioso entre cães e donos. Nossos resultados podem sugerir que os cães estão respondendo à 'perda' de um a liado, mais do que à 'morte' em si”, diz o estudo.


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