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ANO XII - Nº 466 24 A 31 DE MARÇO/2022 SERRA/ES
Distribuição Gratuita
Cientistas da USP estão mais perto de transformar CO em combustíveis
©CATLAB/LIANE ROSSI
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
8 Quem não gosta de praticidade na correria do dia a dia, não é mesmo? Então se liga nessa receita prática de baião de dois Pág. 8 HAROLDO CORDEIRO FILHO 8 Chega, cansamos! Pagamos até hoje pelas patifariss do PT. Num sol escaldante, qual a árvore que você procura para se proteger, a seca, sem galhos e sem folhas ou a frondosa para se refrescar? Pág. 12
ANA MARIA IENCARELLI 8 Ter leis não é su ciente quando se tem a cobertura do “segredo de justiça” pela própria vulnerabilidade da Criança Pág. 10
MÁRCIO GREIK 8 Por que não acredito que Fabiano Contarato será candidato a governador do Espírito Santo Pág. 14
Novo tratamento pode destruir pedras nos rins com ondas sonoras Pág. 9
©IRINA PETRAKOVA/SHUTTERSTOCK
A boa educação dá frutos imediatos "Estamos cada vez mais próximos de produzir, por meio da catálise, derivados de petróleo, como plásticos e combustíveis”, garante professora do Instituto de Química
Primata em ameaça é registrado no Parque das Neblinas ©DIVULGAÇÃO/PARQUE DAS NEBLINAS
Pré-natal tem metas descumpridas em 65% dos municípios
©ANA NASCIMENTO/MDS/PORTAL BRASIL
Mais da metade dos municípios (52%) também não atingiu a meta de testar suas gestantes para HIV e sífilis Pág. 16
O sagui-da-serra-escuro está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo Pág. 15
Pág. 5
Pág. 4
Apenas 7% dos rios da Mata Atlântica apresentam água de boa qualidade Pág. 2
Que fim levou o “Trem das Onze” de Adoniran Barbosa? Pág. 3
Ocitocina é o hormônio que pode melhorar bem-estar de pessoas com ansiedade Pág. 11
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2 MEIO AMBIENTE
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Apenas 7% dos rios da Mata Atlântica apresentam água de boa qualidade Levantamento da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica revelou que somente 6,8% dos rios da Mata Atlântica do País apresentam á g u a d e b o a qu a l i d a d e. A pesquisa não identi cou corpos d'água com qualidade ótima. Mais de 20% dos pontos de rios analisados apresentam qualidade de água ruim ou péssima, ou seja, sem condições para usos na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano, enquanto em 72,6% dos casos as amostras podem ser consideradas regulares. Os dados constam da nova edição da pesquisa O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográ cas da Mata Atlântica, realizada pelo programa Observando os Rios da SOS Mata Atlântica. A entidade avalia que o Brasil ainda está distante de atingir o ideal de água em quantidade e qualidade para os diversos usos. O levantamento foi divulgado no Dia Mundial da Água, comemorado na terçafeira (22). “Os resultados de 2021 nos mostram que a gente continua
numa situação de alerta em por 106 grupos voluntários de relação à água, aos nossos rios, já monitoramento da qualidade da q u e m e n o s d a m e t a d e d a água. Foram realizadas 615 população brasileira tem acesso ©MÁRIO OLIVEIRA/MTUR ao serviço de esgotamento sanitário. E os rios vão nos contar o que está acontecendo”, disse o coordenador do programa Observando os Rios, Gustavo Veronesi. Ele explicou que o retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica é um alerta para a c on d i ç ã o a mbi e nt a l d a maioria dos rios nos estados do bioma. A inadequação da água para usos múltiplos e essenciais análises em 146 pontos de coleta pode ser, segundo a entidade, de 90 rios e corpos d'água de 65 consequência de fatores como a municípios em 16 estados do poluição, a degradação dos solos bioma Mata Atlântica. Esses e das matas nativas, além das estados são Alagoas, Bahia, p r e c á r i a s c o n d i ç õ e s d e Ceará, Espírito Santo, Mato s a n e a m e n t o . V e r o n e s i Grosso do Sul, Minas Gerais, acrescentou que as populações Paraíba, Paraná, Pernambuco, mais pobres são as mais afetadas Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande pelas de ciências de estrutura de do Norte, Rio Grande do Sul, atendimento ao fundamental, Santa Catarina, São Paulo e que são água, esgotamento Sergipe. De acordo com a SOS Mata sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas de chuva, pilares Atlântica, houve pouca alteração em relação aos resultados do do saneamento básico. p eríodo anterior de Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021 monitoramento, no ano passado, com alguns casos localizados. As
análises comparativas dos anos de 2020 e 2021 consideram os indicadores aferidos em 116
pontos xos de monitoramento. Em 2021, foram nove pontos com qualidade boa (em 2020 eram 12); 84 com qualidade regular (80 em 2020); 22, ruins (21 no ano anterior) e apenas uma péssima, enquanto em 2020 foram três. Sobre o fato de não haver grandes avanços de um ano para outro, Veronesi ressaltou que o processo de recuperação é muito mais lento que a ocorrência da p o l u i ç ã o. “ Um s e r v i ç o d e saneamento é muito demorado para dar resultado, vide o projeto de despoluição do Rio Tietê, são 30 anos para a gente conseguir aferir melhoras em alguns
pontos, em alguns rios das bacias do Alto e Médio Tietê". "Sujar um rio é questão de segundos, é fácil. Agora limpar, d e s p o l u i r, é m u i t o m a i s demorado, porque depende do tempo de a natureza também se autodepurar e a gente parar t amb ém, a noss a natureza humana parar de sujar. O rio não é sujo, quem suja somos nós. Somos os responsáveis pela sujeira e também pela limpeza, então é um esforço de toda a Camaleão Furcifer sociedade e, óbvio, o poder labordi público tem papel central". Como exemplo positivo, a entidade destacou o Lago do Ibirapuera, localizado na capital paulista, onde a água passou de regular para boa, com relatos de aparecimento de peixes em sua foz. Outra evolução ocorreu no Tietê, em Santana do Parnaíba, saída da Grande São Paulo, que sempre recebeu muita carga de esgoto e lixo da região metropolitana e sempre vinha com qualidade péssima ou ruim ao longo do tempo. No entanto, este ano melhorou para qualidade regular, o que signi ca, segundo Veronesi, que as obras
de saneamento estão fazendo efeito. Por outro lado, uma situação q u e c h a m ou a at e n ç ã o d a entidade foi a piora na qualidade dos rios em Mato Grosso do Sul, na região de Bonito. “Quando a gente fala dessa localidade, as pessoas logo pensam nas águas cristalinas que existem lá, principalmente o Rio Bonito. Houve piora em todos os pontos de monitoramento daquele estado. Os quatro pontos em que a gente podia fazer comparação em relação ao período anterior tiveram piora na média da qualidade”. Segundo ele, este resultado mostra que a qualidade da água pode ser relacionada ao desmatamento, “porque também o Atlas da Mata Atlântica vem notando que essa é uma região que sofre bastante com desmatamento ilegal — isso vem acontecendo — e, quando você muda, tira a oresta, que é um ltro para a água e muda o uso do solo, isso causa impacto. O rio nos conta tudo, nos diz o que está acontecendo em uma bacia hidrográ ca”, disse.
Duas espécies de rãs-de-vidro são Gol inhos-nariz-de-garrafa descobertas perto de minas nos Andes produzem sons individuais ©LUCAS BUSTAMANTE/JAIME CULEBRAS
ú nicos em mar aberto Duas novas espécies de rãs-devidro foram descobertas por uma equipe internacional de pesquisadores próximas a áreas de mineração nos Andes. Os anfíbios, que estão ameaçados de extinção, foram descritos em uma pesquisa publicada em 18 de março na revista Peer J. Os a n i m a i s g a n h a r a m n om e s c i e nt í c o s d e Hyalinobatrachium mashpi e Hyalinobatrachium nouns. Ambos têm padrões de cores semelhantes e abdômen transparente, sendo muito semelhantes a outros seres vivos do mesmo gênero. Há também semelhanças comportamentais, envolvendo cuidados parentais das novas espécies com os de sapos Hialinobatrachium. A nova pesquisa é fruto de um trabalho de sete anos de obser vação de anfíbios na América Central e do Sul. Só no Andes, são encontrados mais de mil desses animais, a maioria em estreitas cadeias de montanhas e vales uviais. “Muitos desses locais são incrivelmente remotos, que é uma das razões pelas quais conseguimos des cobr ir novas esp écies”,
explica Becca Brunner, uma das principais autoras do estudo, em comunicado. Pa r a o b i ó l o g o Ju a n M . Guayasamín, coautor da pesquisa, a identi cação das duas rãs-de-vidro é um exemplo da “diversidade enigmática” dos Andes. Mas o trabalho não foi nada fácil: inicialmente, os pesquisadores confundiram H. mashpi com H.valerioi, uma outra rã-de-vidro praticamente indistinguível. Ainda assim, ao compararem amostras de DNA e gravações de sons emitidos por espécies semelhantes na América Central, Colômbia e outras áreas do Equador, os cientistas discerniram com sucesso os sapos. B r u n n e r, q u e e s t u d a vocalizações de anfíbios e bioacústica, identi cou d i fe re n ç a s n a f re qu ê n c i a , duração e no tempo de áudios. “Q u a n d o v o c ê a n a l i s a a s diferentes características de canto de outros sapos de vidro, você pode dizer que os cantos de H. mashpi não se sobrepõem”, detalha a especialista. “Em outras palavras, seu canto é a
característica mais distintiva da espécie”. Apesar dos pesquisadores não terem conseguido gravar os sons das rãs H. nouns devido a uma di culdade de acesso ao habitat delas, o DNA revelou por si só as diferenças genéticas entre esses anfíbios e as H. mashpi. Agora, os cientistas estão preocupados em proteger esses animais, querendo classi cá-los como “em perigo” na lista da União Internacional para a C ons e r v a ç ã o d a Natu re z a (UICN). Além da mineração que ameaça os sapos, eles sofrem com o desmatamento relacionado à agricultura, que afetou, nas últimas décadas, as orestas onde vivem. A capacidade de respirar debaixo d'água dos anfíbios via respiração cutânea também os torna ainda mais vulneráveis à poluição aquática e à destruição de seu habitat. “Se uma empresa de mineração entrou e destruiu os poucos córregos onde sabemos que esses sapos existem, isso provavelmente signi ca a extinção da espécie”, alerta Brunner.
Pa r a c ap t a r o s s on s d o s Uma pesquisa inédita da ONG b r a s i l e i r a O c e a n S o u n d animais, Ribeiro passou uma identi cou pela primeira vez que semana em um navio com os gol nhos-nariz-de-garrafa o u t r o s 1 2 m e r g u l h a d o r e s . emitem sons de identidade Durante a coleta de informações, únicos para cada indivíduo, o hidrofone registrou mais de 63 c h a m a d o s d e a s s o b i o s - horas de gravação e 233 assobios assinatura. A descoberta foi feita de gol nhos. Destes, 98 foram no Arquipélago de Revillagigedo, no México, ©GETTY IMAGES e publicada na revista cientí ca Marine Mammal Science. “Escolhemos estudar os gol nhos nessa região porque é uma área prote g i d a , u m arquipélago de exuberante e rara vida marinha, sem nenhuma pu bl i c a ç ã o c i e nt í c a anterior acerca de sua identi cados como assobiosp o p u l a ç ã o d e g o l n h o s , assinatura, que, segundo Ribeiro, absolutamente desconhecida podem ser comparados aos para a ciência”, explica Raul Rio nomes de pessoas. Além de R i b e i r o , p r o f e s s o r d a identi carem o animal, os Universidade Federal de Juiz de assobios únicos revelam a exata Fora e coordenador da ONG. posição do gol nho e, Os gol nhos-nariz-de-garrafa p o t e n c i a l m e nt e , o e s t a d o caram famosos por conta de um emocional de quem o emite. seriado dos anos 60 e caram “Esses assobios-assinatura são conhecidos como ' ipper'', nome sinais acústicos individualizados do animal que era protagonista que chegam a representar mais d a s ér ie. Vivem em águ as de 50% dos assobios de gol nhos tropicais e temperadas de todo o costeiros e, agora com nossa mundo e são ameaçados de pesquisa podemos a rmar, dos extinção pela captura acidental oceânicos também. O gol nho em redes de pesca, degradação desde jovem cria esse som com do seu habitat, e também pela base em sua perspectiva social e o poluição química e sonora. emite como forma de manifestar
sua identidade, mas não apenas isso. É um sinal acústico com mo dulaçõ es de f requência únicas, o que é fundamental na ecologia de animais sociáveis, gregários, acostumados a desempenhar suas atividades rotineiras de maneira coordenada e c o o p e r a d a”, a r m a Ribeiro. L i l i am Hoff m an n , especialista do departamento de g e n é t i c a d a Universidade Federal do Rio Grande do Sul ( U F R G S ) q u e participou do estudo, explica que o som é muito importante na comunicação dos gol nhos, e faz com que os animais se reconheçam uns aos outros. “A espécie de gol nho nariz-de-garrafa possui uma sociedade extremamente complexa, e os sons que eles emitem fazem par te dessa complexidade. É sabido que essa espécie possui uma extrema exibilidade comportamental e ecológica, e estudos de bio ac úst ic a p are cem est ar revelando que esta capacidade adaptativa ocorre em níveis ainda mais elaborados, re etindo-se diretamente na comunicação acústica da espécie", a rma ela.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES
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CULTURA 3
24 A 31 DE MARÇO/2022
De onde veio a Que fim levou o “Trem das Onze” de Adoniran expressão vá Barbosa? tomar banho? Eternizada no samba, a linha que passava por Jaçanã ajudou a construir a cidade, mas terminou extinta. Entenda por quê
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tualmente, quando dizemos "vá tomar banho!" a alguém, mostramos a essa pessoa que provavelmente estamos irritados por ela estar nos chateando. Entretanto, a origem da expressão está relacionada com o período da monarquia portuguesa no Brasil. Naquela
época, o banho não era um hábito comum. Alguns membros da corte passavam dias e dias com as mesmas roupas, que também não eram lavadas. Os h abit ante s i nd í ge n a s , incomodados com o mau cheiro e já fartos de receberem ordens dos portugueses, costumavam dizer a eles que tomassem banho.
Tomar banho era sinônimo não só de higiene, mas também de purificação. Acreditava-se que um banho limpava também as desonestidades e impurezas da alma, e melhorava o caráter. Assim, também era comum dizer a alguém para ir tomar banho quando considerava-se que essa pessoa era impura. (TODA MATÉRIA)
Conheça a obra de Di Cavalcanti destruída num incêndio 87 anos depois de sua composição Obra simbólica na história da arte brasileira, a tela feita por Di Cavalcanti em 1925 carrega elementos vibrantes da cultura nacional ©DOMÍNIO PÚBLICO/ACERVO ARQUIVO NACIONAL
“Sempre o mais exato pintor das coisas nacionais”, dizia o escritor Mário de Andrade (1893-1945) sobre o amigo Di Cavalcanti (1897-1976), que pintava em suas telas o povo brasileiro e seu cotidiano. “A arte brasileira depende da realidade brasileira e é ao mesmo tempo reveladora dessa realidade. Por isso, nossa expressão é ainda em grande parte lírica”, descreveu o pintor carioca, que também era ilustrador, escritor, cenógrafo, caricaturista e um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, a primeira manifestação coletiva pública na história cultural do País. Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo também foi um militante do chamado Partido Comunista, fato que lhe rendeu uma perseguição política e uma mudança para Paris, onde o carioca teve a oportunidade de conviver com artistas da vanguarda, como Pablo Picasso, Georges Braque e Henri Matisse. De volta ao Brasil, já em 1925, Di Cavalcanti traz suas
in uências — mas não sem deixar de desenvolver sua própria linguagem e de expressar em seus trabalhos a sua arte genuinamente brasileira. Em 'Samba', uma das primeiras obras produzidas após sua estadia na Eu rop a , o ar t i s t a f a z u m a composição dessas referências, como o cubismo em traços delimitados e a profusão de tons, com a música, a sensualidade da mulher brasileira e a exuberância do País tropical. As referências retiradas dos horizontes brasileiros estão presentes desde as cores fortes e em grandes quantidades, até os movimentos e formas simples,
volumosas e atraentes. Cada detalhe da obra de Di Cavalcanti expressa não apenas a cultura brasileira, que a orou em sua época, mas também a crítica à realidade social do lugar onde vivia. A notícia triste é que o fogo destruiu o Samba de Di Cavalcanti. A obra fazia parte do acervo do galerista e colecionador Jean Boghici (19282015), que morava no Rio de Janeiro. Em 2012, um forte incêndio atingiu seu apartamento em Copacabana e dani cou algumas de suas peças, dando m a um patrimônio pessoal — e também nacional.
Em 1964, o sambista Adoniran Barbosa disse que não podia car nem mais um minuto com s u a a m a d a . Tu d o p o r q u e morava em Jaçanã (o que, na verdade, era apenas uma licença poética para a música). Se perdesse o trem das 11, só voltaria para casa na outra manhã — além de provocar uma noite de insônia em sua pobre m ã e . A s s i m , s e m q u e r e r, imortalizou a linha do Tramway, condutora do tal trem. O “t rem das 11” exist iu mesmo, e funcionava desde 1894. Construído apenas para instalar e levar dutos de água da região da serra da Cantareira ao centro de São Paulo, onde a vida urbana já efervescia, ele foi extinto no ano seguinte ao do sucesso musical, em 1965. Ninguém imaginava, na época de sua construção, que aqueles pequenos vagões sobre a bitola de 60 centímetros seriam tão
populares. No início do século 20, a linha passou a ser utilizada pelos paulistanos que queriam fugir da vida urbana para passar aprazíveis tardes na Cantareira. O crescimento da população, no entanto, acabou expandindo bairros até então distantes, como Santana, Jaçanã e Tremembé. E os moradores de lá começaram a usar o trem também para se locomover para o trabalho. A partir de 1940, as bitolas foram expandidas para um
metro, a m de adaptar os trilhos ao número de passageiros — em 1945, eram 20 mil por dia. Ao mesmo tempo, ninguém esquecia que a linha tinha seus dias contados desde sua criação, pois tinha sido feita só para o transporte de dutos de água. As vias para carros e ônibus, já na década de 50, expulsaram-na gradativamente da capital. Os vagões, já ultrapassados no m dos anos 50, custavam caro: com as passagens baratas e grande parte da despesa subsidiada, o carvão mineral que o movia foi substituído por lenha — isso quando os vagões a diesel já existiam. “O t r e m c o m e ç o u a s e r criticado. A fuligem queimava as roupas dos passageiros e eles eram identi cados pelos outros como usuários do trem”, disse Rogério Nunes, produtor do documentário "Nos Trilhos do Trem das Onze".
Reservas: (27) 99961-8422
Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br
LUCIANO DANIEL
Foto Antiga do ES ©GESSIMAR MACHADO/FOTOS ANTIGAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO/FACEBOOK
RIO SANTA JOANA — AFONSO CLÁUDIO/ES. ENTRE 1912/1915
4 EDUCAÇÃO
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A boa educação dá Hora de modernizar o frutos imediatos ensino técnico ©MIGUEL ÂNGELO/AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS ©ISTOCK/ARTE: LUNETAS
É consensual que a educação é a principal alavanca para uma economia mais próspera e uma cidadania mais vibrante. A demanda por mais educação aparece consistentemente como prioridade em todos os setores sociais e sempre se destaca nas prop o st as d e gove r no nas campanhas eleitorais. Apesar disso, há uma lacuna persistente entre esses ideais e a realidade. Uma das razões é que os políticos agitam a bandeira da educação para atrair votos, mas, tão logo são alçados a postos de gestão, preferem investir em áreas nas quais os resultados são mais concretos e instantâneos. A percepção de que os ganhos com a educação são mais difusos e de longo prazo leva muitos a canalizar recursos em obras, sub s í d i o s c or p or at ivo s ou benefícios para o funcionalismo público, hipotecando, por assim dizer, o futuro. C o n t u d o, u m a p e s q u i s a conduzida pelos pesquisadores Naércio Menezes Filho (Insper) e Lu c i ano S a l om ã o ( U SP ) comprova que melhoras nos índices de educação produzem resultados concretos a curto prazo. Inspirados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os pesquisadores elaboraram um novo índice de qualidade do ensino básico a partir de dois componentes: o porcentual de alunos matriculados no ensino fundamental que completam o ensino médio e a nota média desses alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O índice Ideb-Enem mediu o quanto cada município contribuiu para a progressão e o aprendizado de seus jovens do início do ensino fundamental ao término do ensino médio. A partir daí, foi possível mensurar
os impactos para indicadores sociais como criminalidade, ingresso no ensino superior e geração de empregos. Entre 2009 e 2016, houve um aumento na participação no Enem. Em relação às notas médias, houve uma ligeira queda no início desse período, seguida de estabilização – algumas unidades federativas apresentaram crescimento. Combinando os dois fatores, o índice mostra que entre 2009 e 2014 a qualidade da educação básica aumentou em todas as regiões do Brasil, em especial nos Estados do Ceará e Rio de Janeiro. A partir de resultados apurados entre 2014 e 2019, veri cou-se que os municípios que mais melhoraram no indicador de qualidade tiveram maior redução no número de homicídios e maior aumento nas matrículas do ensino superior e na geração de empregos entre os jovens. O índice varia de 0 a 10 pontos. O estudo calcula que um aumento de um ponto está associado a uma diminuição de 25% dos homicídios e a um crescimento de 14% nas matrículas do ensino superior e de 200% na geração de empregos. Como dizem os pesquisadores: “A qualidade da educação é um dos principais fatores determinantes do crescimento
da produtividade de um país. O Brasil conseguiu ampliar bastante o acesso à escola nas últimas décadas, mas a evolução do aprendizado ainda deixa a desejar, especialmente no ensino médio, apesar de haver casos de sucesso”. De fato, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que desde a Constituição de 88 o Brasil construiu um dos melhores sistemas de avaliação entre os países em desenvolvimento, detalhou as competências da União, Estados e municípios, melhorou substancialmente a formação e remuneração dos professores e criou mecanismos mais e cientes de scalização. Mas, apesar dos avanços quantitativos, qualitativamente os resultados de aprendizagem seguem aquém do desejável. “O Brasil se empenhou em organizar e fortalecer o ensino p ú b l i c o ”, r e s u m i r a m o s pesquisadores do Ipea, “e o resultado foi esse: a criança começa aprendendo em níveis razoáveis e termina o ensino médio com uma inaptidão irrazoável”. Sem prejuízo dos esforços por consumar a democratização do ensino, o grande desa o dessa ge r a ç ã o é i nte ns i c ar s u a quali cação. O valor do indicador Ideb-Enem não é tanto mostrar que essa quali cação se re ete em ganhos sociais. Isso é intuitivo. O que ele comprova é que esses ganhos são imediatos. G e s t o r e s e mp e n h a d o s e m aprimorar o ensino básico não precisam esperar a próxima geração para ver comunidades mais seguras e prósperas.
O ensino pro ssional e técnico no Brasil é desprestigiado, defasado e de citário em relação à demanda dos jovens e do mercado de trabalho. A reforma do ensino médio, estabelecida em 2017, e que entra em vigor em 2022, criou possibilidades de revitalizar o ensino pro ssionalizante, reintegrando-o ao ensino médio. Mas, caracteristicamente, ele recebeu menos atenção no debate público e entre os gestores da educação, e ainda pairam muitas incertezas sobre sua implementação. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 9% dos alunos que concluem o ensino médio no Brasil estão em curs os pro ssionalizantes, enquanto nos países que integram a Organização (o “clube dos ricos”) são 38%. Não se trata de falta de interesse dos jovens ou de necessidade das empresas, mas de estímulos e ofertas. Levantamentos promovidos pela Fundação Roberto Marinho e Itaú Educação e Trabalho mostram que, entre os alunos do 9.º ano do ensino fundamental à 1ª série do ensino médio, 62% considerariam essa possibilidade, mas mais da metade não conhece nenhuma escola de educação pro ssional e tecnológica (EPT) e 77% dizem ter baixo ou nenhum conhecimento sobre essa modalidade de ensino. A falta de quali cações técnicas foi apontada por 66% das empresas como a principal di culdade na
contratação de cargos de nível médio. Metade delas declara que poderia contribuir com o ensino técnico, por meio de formação aos jovens, oferecimento de vagas de estágio ou
aprendizagem. O estigma do ensino técnico no Brasil tem raízes culturais profundas. Historicamente, os currículos do ensino médio foram condicionados p elo bacharelismo. Curiosamente, a tendência foi reforçada por correntes marxistas, que acusam a formação técnica de ser um mecanismo burguês para manter a alienação das massas trabalhadoras. Se a dicotomia que associa formação acadêmica a ofícios intelectuais (mais “nobres”) e a formação técnica a trabalhos braçais (menos “nobres”) já é em si duvidosa, na Revolução Industrial 4.0 é francamente enganos a. Ap es ar diss o, a educação de nível superior é persistentemente vista não só como uma via importante de ascensão social, mas a única. Como disse o educador Alexandre Sayad, por décadas a universidade foi “uma miragem para a população mais pobre, um oásis para quem tinha recursos”. Mas 80% dos alunos do ensino médio não têm acesso à u n ive rs i d a d e. As i l h a s d e
excelência, como o Sistema S ou Paula Souza, não conseguem atender a toda a demanda das classes baixas e acabam servindo a uns poucos das classes médias, para os quais, muitas vezes, são
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Como a escola pode abordar a guerra entre Rússia e Ucrânia A guerra entre Rússia e Ucrânia deve ser discutida com as crianças na escola e com a família, defendem alguns
educadores como Lílian Gramorelli, coordenadora do e n s i n o f u n d a m e nt a l 1 d o paulista C olégio Marista
Arquidiocesano. Para a professora, é importante que os responsáveis passem as informações em uma linguagem
que possa ser compreendida pelos pequenos e deixar que eles formem sua própria opinião, levando sempre em conta a inteligência deles. “É uma boa oportunidade de explicar para eles o que são as
guerras e o impacto que elas trazem para a humanidade. O diálogo entre pais e lhos é extremamente fértil para o desenvolvimento de uma cultura de paz”, defende a coordenadora. Na escola, o pap el dos
só um trampolim para cursos universitários longos, onerosos e de baixa qualidade. A reforma de 2017 abriu a possibilidade de reintegrar o ensino técnico ao ensino médio, aproximando o Brasil do mundo desenvolvido. Mas, apesar de algumas boas iniciativas e s t a du a i s , a s d i c u l d a d e s práticas na sua implementação ainda não foram devidamente enfrentadas pelo poder público. A Base Nacional Curricular Comum ainda não de niu com su ciente clareza os itinerários formativos. Ainda não há um sistema nacional de avaliação e certi cação complementar ao Enem. Por m, é preciso investir e m c an ai s qu e v i abi l i z e m interações criativas entre as escolas, as instituiçõ es de formação pro ssional e as empresas. A solução natural seria instituições como o Senai ou o Senac oferecerem o currículo técnico e a escola, o acadêmico. Mas ainda falta uma articulação bem planejada. “Se as instituições de formação pro ssional souberem aliar-se às escolas públicas para oferecer uma ampla gama de cursos, trata-se de uma solução do tipo ' w i n - w i n ' ”, a p o n t a m o s pesquisadores S. Schwartzman, C. Gomes, C. Castro e J. Oliveira, em estudo sobre a Reforma do Ensino Médio. “Ganham as es colas, ao tor narem s eus programas menos áridos. Ganham estas instituições, por expandir seu mercado. Ganha o setor produtivo, ao receber mão de obra com uma gama variada de iniciação pro ssional. Ganham os estudantes, por seguirem cursos que sejam de seu real interesse”.
professores não é muito diferente dos familiares. Lílian ressalta que a instituição deve aproveitar o fato para debater com os alunos, envolvendo várias disciplinas, além de história e geogra a. “Independentemente do ponto de vista ideológico da situação de cada país na guerra, a escola d e s e nv o l v e o c o n c e it o d e “humanidade e solidariedade” e é por esse viés, dialogando com os componentes curriculares, que as situações didáticas podem ser desenvolvidas. O desenvolvimento do senso crítico e o conhecimento do momento histórico podem ser cultivados em um momento delicado como esse”, naliza.
INOVAÇÃO 5
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Cientistas da USP Escudo de invisibilidade? estão mais perto de Startup criou e já está vendendo transformar CO em combustíveis ©DIVULGAÇÃO/SHIELD COMPANY
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Mesmo submetido a alta pressão, um novo catalisador à base de níquel, zinco e carbono conseguiu transformar dióxido de carbono (CO₂), um dos principais gases de efeito estufa (GEE), em monóxido de carbono (CO), um importante intermediário para gerar produtos de valor agregado, como combustíveis. “O resultado da nossa pesquisa mostra que estamos cada vez mais próximos de produzir, por meio da catálise, derivados de petróleo, como plásticos e combustíveis”, comemora Liane Rossi, professora do Instituto de Química (IQ) da USP e coordenadora do estudo realizado no âmbito do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI). Recentemente, a pesquisa mereceu destaque em duas publicações estrangeiras. Uma delas é a revista cientí ca European Journal of Inorganic Chemistry (Eur JIC) que na edição de novembro passado concedeu capa ao artigo ZeoliticImidazolate Framework Derived Int e r m e t a l l i c Ni c ke l Z i n c Carbide Material as a Selective Catalyst for CO₂ to CO Reduction at High Pressure, assinado pela equipe de pesquisadores da USP. Voltado ao público em geral e não apenas a c a d ê m i c o, o s ite C h e m i s t r y Vi e w s t a m b é m repercutiu a notícia. O trabalho publicado é um desdobramento de um estudo anter ior, co ordenado p el a professora. Na oportunidade, os pesquisadores descobriram que um catalisador de níquel teve melhor desempenho após ser submetido a alta temperatura (800 graus Celsius), em atmosfera de CO₂ e hidrogênio (H₂) ou então de metano ou prop ano. “E ss e pro cess o possibilitava um excelente catalisador para a redução de CO₂: ele gerava exclusivamente CO, sem sinal do produto menos desejável, que é o metano ( C H 4 ) ”, a p o n t a L i a n e . O resultado foi publicado no Journal of the American Chemical Society, em março do ano passado. Entretanto, os pesquisadores não obtiveram êxito ao testar esse mesmo catalisador em condições de alta pressão (entre 20 e 100 bar) para tentar adequar
as condições de reação àquelas exigidas para a posterior transformação de CO em produtos líquidos. “Quando forçamos as condições para maiores pressões percebemos que além de CO era também pro duzido muito metano”, comenta Liane. “E isso é um problema porque queríamos obter apenas o CO: por ser mais reativo, ele é capaz de formar líquidos de longas cadeias de carbono e hidrogênio e, desta forma, gerar produtos de valor agregado. O metano, ao contrário, não tem a mesma facilidade de se transformar em produtos líquidos”. A solução surgiu por meio de um catalisador à base de níquel, zinco e carbono desenvolvido por Nágila Maluf, doutoranda no IQ e integrante da equipe de pesquisadores coordenada pela professora Liane. “Essa combinação muda a forma como as moléculas interagem na superfície do catalisador, se comparado ao níquel puro”, observa. Os experimentos aconteceram em dois grupos de pesquisa do IQ: o Laboratório de Nanomate r i ais e C at á l is e, coordenado por Liane, e o Laboratório de Carbono Sustentável, coordenado pelo p r o f e s s o r Pe d r o Vi d i n h a , coautor do trabalho. Da fase de testes também participaram o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e o Paci c Northwest National Laboratory (PNNL), dos Estados Unidos. De acordo com a pesquisadora, os catalisadores têm amplo emprego na indústria, mas também são usados no dia a dia para puri car a exaustão dos automóveis. “Os catalisadores são substâncias que promovem reações químicas entre duas ou mais moléculas. Eles podem ser, p o r e x e mp l o, e n z i m a s o u superfícies metálicas, como é o caso desse estudo. Os catalisadores em geral têm a função de acelerar a reação entre moléculas que não iriam reagir naturalmente, ou que reagiriam apenas muito lentamente”, explica. Além disso, os catalisadores também têm a função de selecionar um caminho de reação, ou seja, direcionar a reação para fornecer o produto desejado. “As moléculas, ao AJUFE
serem submetidas ao catalisador em determinada temperatura, se ligam a ele e sofrem um processo qu e e nv o l v e a qu e br a e a formação de novas ligações químicas, possibilitando que novos compostos sejam formados e assim abandonem o catalisador”, relata Liane. “As reações entre gases também podem ser bene ciadas pelo aumento da pressão, como no e x p e r i m e nt o qu e e s t a m o s fazendo. Iss o p orque os processos já conhecidos para transformar CO em líquidos, como álcoois, hidrocarbonetos ou ole nas, ocorrem em reatores pressurizados”. De acordo com a professora, o êxito na etapa de transformação do CO₂ em CO em alta pressão é importante justamente para fazer a integração com etapas subsequentes, que vão empregar esse produto intermediário (CO) com outros catalisadores para então gerar os produtos líquidos. “Quanto mais semelhantes as condições de operação das duas etapas, melhor para o processo, pois podemos avaliar o uso de dois catalisadores em um mesmo reator. De qualquer forma, para que esse processo seja viável do ponto de vista comercial pre c is amo s ut i l i z ar a a lt a pressão”, aponta Liane. A equipe de pesquisadores se prepara agora para dar prosseguimento ao estudo. “O próximo passo é utilizar no mesmo reator dois catalisadores diferentes. Um deles é esse à base de níquel, zinco e carbono; o outro, à base de ferro ou cobre”, conta a professora. De acordo com Liane, esse s e g u n d o c at a l i s a d o r d e v e favorecer a reação entre as moléculas de CO e H₂ para produzir álcoois ou hidrocarbonetos, que são os produtos de valor agregado. “Isso vai ser possível por meio da s í n t e s e F i s c h e r - Tr o p s c h , processo descoberto na década de 1920 capaz de produzir combustíveis sintéticos, mas que nunca decolou para uso industrial, devido à concorrência com os produtos mais baratos obtidos diretamente do petróleo. Agora, com o aquecimento global e um interesse mundial em processos de mitigação das emissões de CO₂, a história pode ser diferente”.
Um sonho para muitas pessoas — e um risco considerável para quem ainda tem mentalidade de quinta série — parece ter se tornado realidade: a startup br it ânica Shield C omp any a rma ter criado um “escudo de invisibilidade” que esconde qualquer coisa atrás dele em uma imagem desfocada do ambiente. De acordo com as informações técnicas do produto, aparentemente você nem precisa de energia para usá-lo, pois ele conta com “engenharia precisa de conjunto de lentes” que re ete a luz ao redor da pessoa ou objeto por trás dele. Em outras palavras: para quem o vê de frente, o escuto “imita” a paisagem ao redor. O escudo de invisibilidade tem o formato e o peso de uma folha grande de papelão, e basicamente dispersa a luz em caráter horizontal, escondendo o que houver atrás dele. Entretanto, a tecnologia não é perfeita: a imagem “gerada” pelo escudo parece mais um ltro de
embaçamento feito no Photoshop, e não é necessária muita atenção para discernir a paisagem real daquela exibida pelo produto. Ainda assim, é algo a se impressionar: “os escudos têm seu melhor desempenho contra fundos como folhagem, grama, paredes desenhadas, areia, o céu ou asfalto”, diz uma descrição do pro duto na pl at afor ma de nanciamento coletivo Kickstarter. “Planos de fundo com linhas fortes e horizontais funcionam muito bem também e essas podem ser qualquer coisa, como a linha do horizonte, corrimãos ou linhas pintadas”.
O mais interessante é que o escudo de invisibilidade já está até mesmo à venda: a Shield Co. abriu a página de nanciamento coletivo, pedindo por doações que totalizassem US$ 6,5 mil (R$ 31,97 mil). Até a publicação desta nota, eles já haviam angariado US$ 90.668 (R$ 445.923,36). E segundo a descrição na página, o escudo de invisibilidade pode ser adquirido por US$ 400 (R$ 1.967,28). Ele vêm disponível em duas versões: a pequena com 310 mm por 210 mm; e a grande, com 950 mm por 650 mm, com entregas previstas para dezembro de 2022.
Má quina sustentá vel recupera asfalto sem utilizar petró leo Transporte sustentável não se trata apenas de carros e motores. Asfaltar estradas também libera carbono no ar. Por conta disso, a startup norueguesa Carbon Crusher decidiu utilizar material reciclado e sustentável para que as estradas no futuro deixem poucos rastros de carbono. Foi a partir daí que surgiu uma máquina de recuperar asfalto que leva o nome da empresa. Em vez de recapear toda a estrada, a máquina tritura e recicla a camada superior da via que precisa de reparos. Na substituição do revestimento rachado, ela então utiliza lignina, um componente natural das plantas, abrindo mão do betume convencional (tipo de petróleo bruto). “Estamos construindo estradas que são parte da solução para a crise climática, não parte do problema”, diz o cofundador Haakon Brunell, em entrevista a o s it e Fa s t C omp any. “E também é uma maneira mais barata e mais durável de reabilitar estradas”.
De acordo com a Carbon Crusher, o aglutinante à base de lignina também é mais exível que o betume e permite às estradas durarem mais, minimizando potenciais rachaduras. O resultado nal do processo é considerado como
chegou a considerar dezenas de tipos de tecnologia climática. Perceberam, então, as estradas como sendo uma área negligenciada. “Não houve muita inovação nesse sentido desde o Império Romano”, diz Brunell. Segundo a Carbon ©CARBON CRUSHER/DIVULGAÇÃO Crusher, não apenas o processo é bom para o meio ambiente, como mais barato e com resultados mais duradouros. A companhia vem oferecendo também britagem de carbono para proprietários ou empreiteiros de estradas públicas e privadas. zero emissões porque ponderaA empresa ainda pretende se que as árvores que são a fonte tornar este equipamento ainda da lignina absorveram carbono ao longo da vida. Outro detalhe mais sustentável no futuro, interessante é que, embora explorando tecnologias de precise de até seis semanas para c o n d u ç ã o a u t ô n o m a e se instalar, a rua reparada pode combustível de hidrogênio. ser usada desde o primeiro dia. A Além disso, trabalha em um l i g n i n a t a m b é m p o d e s e r soware para rastrear via satélite u t i l i z a d a e m e s t r a d a s d e estradas que precisem de reparos e s t r u t u r a i s . “At u a l m e n t e , cascalho. Além de Brunell, a empresa retiramos cerca de uma tonelada integra ainda Kristoffer Roil e de CO₂ da atmosfera para cada Hans Aar n e F l ato. O t r i o 18 metros de estrada”, explica procurava uma forma de reduzir Brunell. “Queremos aumentar as emissões com alto impacto e isso”.
6 TECNOLOGIA
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Startup cria capacete Canário virtual alerta capaz de ler a mente para qualidade do ar humana interno ©DIVULGAÇÃO/KERNEL
Se alguma vez na vida você desejou ser capaz de enxergar o que se passa na mente de outra pessoa, saiba que isso pode estar muito próximo de se tornar real. A startup americana Kernel acaba de lançar uma tecnologia vestível chamada Kernel Flow, uma espécie de capacete que usa luz infravermelha para escanear o cérebro das pessoas e “ler a mente humana”. O capacete foi projetado para ser ajustável, com 52 módulos presos em quatro placas de cada lado da cabeça. Cada placa tem um las er cercado p or s eis detectores hexagonais. Dois lasers dentro da fonte emitem luzes em diferentes comprimentos de onda e as direcionam para o cérebro, apontando para o couro cabeludo. Os detectores captam a luz re etida, e os tempos de chegada dos fótons são então registrados. De acordo com o artigo que descreve o desenvolvimento do equipamento, o dispositivo usa espectroscopia de infravermelho próximo funcional no domínio do tempo (TD-fNIRS), que tem sido usada há muito tempo em imagens cerebrais, mas vem com uma tonelada de obstáculos, de acordo com o próprio estudo de Ke r n e l . “O T D - f N I R S f o i considerado o padrão-ouro dos
©DIVULGAÇÃO
dispositivos ópticos de imagem cerebral não invasivos”, declarou a equipe. “No entanto, devido ao alto custo, complexidade e grande formato, não foi tão amplamente adotado quanto [outros] sistemas”. Segundo um comunicado da Kernel, a startup está desenvolvendo vários estudos com o sistema Flow, cada um com objetivos diferentes. “Os participantes dos testes podem escolher entre estudos que usam imagens cerebrais para entender emoções, efeitos colaterais da cetamina, atenção e muito mais. Alguns oferecem compensação aos participantes. E sim, o capacete foi testado em sujeitos não humanos antes mesmo de tocar na cabeça de um voluntário humano”. Os resultados iniciais dos estudos de Kernel são promissores, segundo uma
publicação no site Physics World. Não se trata exatamente de um dispositivo para “ler os pensamentos” de alguém, mas tornar a tecnologia de imagem cerebral disponível ao público pode ajudar a entender melhor nosso cérebro e, por consequência, nossa saúde. No entanto, segundo a Kernel, haverá restrições. A textura do cabelo e o tipo de pele podem afetar os resultados, e o capacete ainda não é tão prático quanto um relógio inteligente ou outro vestível. Ainda assim, eles estimam que os sistemas comerciais podem estar disponíveis em 2024, o que pode tornar a imagem cerebral tão comum quanto a tecnologia que rastreia o sono, a frequência cardíaca e o movimento.
Às vezes, tudo que uma casa precisa é manter as janelas abertas e deixar o ar circular. Um dispositivo eletrônico criado por uma startup dinamarquesa lembra os moradores de fazerem exatamente isso. Em forma de “canário”, o produto visa garantir a qualidade do ar interno. O dispositivo, intitulado Canairi, deve ser montado na parede. Quando a qualidade do ar é boa, ele se mantém em pé na posição vertical. Já quando seus sensores detectam níveis elevados de CO₂, ele gira para a posição contrária — como se estivesse morto. É a forma de avisar aos moradores de que é preciso ventilar o ambiente, uma vez que se trata de um gás
vem de uma prática comum entre os trabalhadores que mantinham canários dentro de minas de carvão. Sensível a gases tóxicos, quando o canário morria era sinal de alerta para os mineradores de que estavam na presença de gases perigosos e era preciso sair do local. O excesso de CO₂ (dióxido de carbono) em ambientes fechados é prejudicial à saúde, podendo
PRECISÃO
Contabilidade (27) 3228-4068 inodoro que os seres humanos não conseguem detectar. A inspiração para o produto
causar dores de cabeça, náuseas e tonturas. Desde a década de 90, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) usa o termo Síndrome dos Edifícios Doentes para descrever situações em que as pessoas que trabalham ou vivem em “prédios selados” (ou seja, que não interagem com o ambiente externo) apresentam problemas de saúde ligados à qualidade do ar interno. Além de concentrações de CO₂, outros f at o r e s i n u e n c i a m n e s t e problema, como é o caso dos Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Os COVs podem estar presentes em diversos produtos que estamos em contato o tempo todo, como móveis, eletroeletrônicos, produtos de limpeza, além de materiais de construção e revestimento, como tintas, adesivos, selantes, isolamentos térmicos e acústicos, entre outros. A startup destaca que o Canairi pode ser usado sem aplicativos ou dispositivos digitais. É intencionalmente simpli cado em seu funcionamento, ao contrário de novos aplicativos que exigem tempo de tela, noti cações e sons.
Estudante brasileira cria bioplástico ecológico Conceito Alpine traz feito de buriti um supercarro movido a hidrogênio para um futuro não muito distante ©REPRODUÇÃO/BIOPÓSITO YOUTUBE
Uma jovem estudante de apenas 17 anos desenvolveu um novo tipo de bioplástico biodegradável a partir do buriti, uma espécie de palmeira originária da Amazônia. Enquanto cursava o terceiro ano do ensino médio, Ana Beatriz de Castro Silva criou três materiais usando diferentes partes do buriti, como a casca, a entrecasca e a polpa do fruto. Cada biopolímero obteve uma resistência, transparência e flexibilidade diferentes. O buriti (Mauritia flexuosa) é uma espécie de palmeira originária da Amazônia encontrada em diversas partes do Brasil, particularmente no Cerrado. Seu fruto é rico em v it a m i n a s , c á l c i o, f e r ro e
proteínas. O óleo extraído do fruto é rico em caroteno e tem valor medicinal. Também é utilizado para amaciar, colorir e aromatizar diversos produtos de higiene e beleza. Suas folhas s e r ve m p ar a c on fe c c i onar artigos como esteiras, tapetes e chapéus. Segundo a Empresa Brasileira d e Pe s qu is a Ag rop e c u ár i a (Embrapa), cada palmeira do buriti chega a produzir de cinco a sete cachos por ano e, em cada cacho, nascem de 400 a 500 frutos. A colheita do buriti garante renda para muitas famílias brasileiras. Com a casca do fruto (epicarpo), Ana Beatriz conseguiu produzir um plástico
resistente, propício para aplicação em revestimentos de pisos e paredes. A entrecasca (mesocarpo) deu origem a uma textura especial e transparente, parecida com a do acrílico. Já a polpa do fruto (endocarpo) foi ideal para desenvolver um biofilme: película flexível que pode ser usada na produção de s acol as comp ost áveis, p or exemplo. Depois de produzir os biopolímeros, a estudante fez a caracterização biotecnológica. E l a t e s t ou a op a c i d a d e , a resistência química, as propriedades mecânicas e a capacidade de degradação em solo. Os resultados mostram que a produção do bioplástico a partir do buriti é bastante viável. Sua tecnologia pode ser tanto usada para o desenvolvimento socioambiental como para a cr iação de a lter nat ivas ao plástico para a indústria. Ana Beatriz também testou o período de decomposição do material, que se degradou em apenas 15 dias na água e em até 20 dias no solo. Segundo a estudante, o material ainda ajuda na adubação de plantas, servindo como um fertilizante natural.
©DIVULGAÇÃO/ALPINE
Alunos italianos do programa de Mestrado em Design de Transporte do Istituto Europeo di Design (IED) de Turim trabalharam com a Alpine para criar o conceito de supercarro A4810 movido a hidrogênio. O objetivo do projeto foi criar uma máquina para o ano de 2035 dotado de tecnologias de última geração. Tudo isso mantendo o projeto fiel ao DNA da fabricante francesa de carros esportivos. Embora tenhamos a informação
de se tratar de uma máquina movida a hidrogênio, não há detalhes sobre o trem de força, com o foco sendo dado quase que exclusivamente para o design do conceito. O A4810 é uma máquina rebaixada com muitas curvas orgânicas ao longo de seu corpo. Os faróis são incorporados na ponta do nariz, mas são invisíveis quando não iluminados. Os para-lamas se elevam quase na altura do compartimento de passageiros,
localizado ao centro do veículo. A parte traseira do A4810 surge de uma descida rápida do teto da cabine, tendo sua área central em um desenho agudo, se destacando e ficando em sintonia com as extremidades do visual de trás do conceito. As lanternas nessa área surgem em um delineado vertical em cada uma das três pontas (laterais e do centro) e há ainda saídas de escape duplas bem próximas centralizadas.
CIÊNCIA 7
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Como funciona a memória Imagem de objetos estranhos de rádio no espaço tecem quando o cérebro vê um teorias sobre o que eles são rosto familiar? ©J. ENGLISH (U. MANITOBA)/EMU/MEERKAT/DES(CTIO)
©SHUTTERSTOCK
Como funciona a memória quando o cérebro vê um rosto familiar? Os pesquisadores do Hospital Cedars-Sinai, em Los Angeles, nos Estados Unidos, descobriram a resposta. O estudo foi recém-publicado na revista cientí ca S cience Advances e analisou como a área do cérebro — que é responsável pela memória — é acionada quando olhamos para um rosto. “Você poderia facilmente argumentar que os rostos são um dos objetos mais importantes para os quais olhamos. Tomamos muitas decisões signi cativas com base em olhar para rostos, incluindo se con amos em alguém, se a outra pessoa está feliz ou com raiva ou se já vimos essa pessoa antes”, disse o diretor do Centro de Ciência e Medicina Neural do Cedars-Sinai, e autor p r i n c i p a l d o e s t u d o, Ue l i Rutishauser. Os pesquisadores trabalharam com 13 pacientes que sofriam de epilepsia e tinham implantes de eletrodos no cérebro para ajudar
a identi car o foco das convuls õ es. Foi então que registraram as atividades das ondas eta no cérebro, que são ondas elétricas criadas no hipocampo e ativas no processamento de informações e na formação de memórias. O estudo foi realizado com coleta dos dados durante um período em que diversas imagens eram exibidas para os participantes contendo rostos humanos e outros objetos, ores, carros e formas geométricas, por exemplo. Depois, os pesquisadores mostraram um novo conjunto de imagens, apenas de rostos humanos, com alguns repetidos do experimento anterior. Com isso, eles observaram que cada vez que os olhos dos participantes olhavam para um rosto humano, certas células da amígdala disparavam, o que não acontecia quando as imagens eram de objetos. Quando essas “células faciais” eram liberadas, o padrão das ondas eta no
hipocampo era reiniciado ou rede nido. A amígdala é uma área do cérebro relacionada com o sistema emocional e nesse e s t u d o, o s p e s q u i s a d o r e s descobriram que ao ver um rosto, certas células da amígdala re a g e m e d e s e n c a d e i am a atividade de criação de memória. Além disso, os cientistas perceberam que, quando as células disparavam de forma rápida, signi cava uma maior chance de o participante reconhecer o rosto da pessoa. Assim como, quando essas células eram acionadas de maneira lenta, era provável que o rosto fosse esquecido. O disparo também foi mais lento quando os participantes olhavam para rostos que já tinham visto antes, o que sugere que são pessoas que já estavam ar mazenadas na memór ia, portanto, o hipocampo não precisava ser ativado novamente. Rutishauser comentou que os resultados indicam que pessoas que têm di culdades para se lembrar de rostos podem ter uma disfunção em sua amígdala. “Se as ondas eta no cérebro são d e c i e nt e s , e s s e pro c e s s o desencadeado pela amígdala em resposta aos rostos pode não ocorrer. Então, restaurar as ondas eta pode ser um alvo de tratamento e caz”, explicou Rutishauser, em comunicado.
Desde sua descoberta em 2020, os “ORCs” (sigla em inglês para “objetos estranhos de rádio”) se tornaram o novo mistério a ser res olvido p ela astronomia e…bem, nós ainda não sabemos o que eles são. Entretanto, uma nova imagem capturada pelo Observatório Sul Africano de Ast ron om i a , p or m e i o d o telescópio MeerKAT, ofereceu novos detalhes desses objetos, o que nos permitiu tecer novas — e mais contundentes — teorias quanto às suas naturezas. A primeira e menos intensa das teorias é a de que esses glóbulos não explicados são partículas de jatos ejetados do centro de alguma galáxia, que se aglomeraram, adquirindo esse formato. A segunda é a de que se tratam do resultado de uma explosão espacial que deu origem a uma ou mais estrelas. Já a terceira — e mais impactante — é a de que esses
objetos estranhos de rádio são, na verdade, restos de um evento de grande porte ocorrido no centro de alguma galáxia, como as explosões que aparecem após a fusão de dois buracos negros supermassivos. O mais estranho desses objetos é que eles só podem ser observados por tecnologia capaz de interpretar sinais de rádio. Ao serem observados com tecnologia de raios-x, infravermelha ou telescópios ópt i c o s , o s c i e nt ist as nã o conseguiram identi car nada de relevante. “As pessoas normalmente querem explicar suas observações e mostrar que elas se alinham com o melhor do nosso conhecimento”, disse o Dr. Jo r d a n C o l l i e r, d o I n t e rUniversity Institute for Data Intensive Astronomy e responsável por compilar a nova imagem. “Para mim, é muito
mais empolgante você descobrir algo novo, que desa a a nossa compreensão atual”. Segundo os dados já obtidos dos ORCs, eles são massivos: cerca de um milhão de anos-luz de um lado até o outro (para referência: um único ano-luz é igual a 9,045 trilhões de km). Na prática, isso signi ca que cabem neles cerca de 16 Vias Lácteas, a galáxia onde moramos. Mesmo assim, eles são extremamente difíceis de serem enxergados, com apenas cinco deles sendo descobertos até agora: “nós sabemos que os ORCs são anéis bem fracos de emissões de rádio, cercando uma galáxia que tenha um buraco negro em seu centro, mas não sabemos ainda o que os causam, ou porque são tão raros”, disse o professor Ray Norris, da Western Sydney University e um dos autores do novo artigo. O futuro, contudo, parece promissor: a rede de telescópios SKA (ou Square Kilometer Array) já vem sendo construída, com parte de sua estrutura na África do Sul e outra na Austrália. Mantido por vários países, eles terão os equipamentos mais sensíveis do mundo, e com sorte, permitirão a descoberta e o estudo de vários outros ORCs. ©CÉSAR MANSO/AFP
Cientistas revelam fóssil de 'basilossauro', baleia pré-histórica Arqueólogos descobrem de 36 milhões de anos
cinco túmulos na necrópole de Saqqara, no Egito Túmulos pertencem a oficiais de alto escalão do Império Antigo
©KHALED DESOUKI/AFP
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
Arqueólogos descobriram cinco túmulos antigos adornados com pinturas bem preservadas em um cemitério em Saqqara, nos arredores da capital do Egito, Cairo, informaram autoridades no último sábado (19). Os túmulos p er tencem a o ciais de alto escalão do Império Antigo e Primeiro Período Intermediário, datados de mais de quatro mil anos, infor mou o Ministér io do Turismo e Antiguidades do país. Localizados perto da pirâmide do rei Merenré I, eles também continham grandes caixões de
BOB BEHNKEN
pedra, caixões de madeira e outros artefatos, incluindo pequenas estátuas e cerâmica. Saqqara, que ca ao sul das
Pirâmides de Gizé, tem fornecido rico conjunto de descobertas arqueológicas nos últimos anos.
©UNIVERSIDADE NACIONAL DE SAN MARCOS/REPRODUÇÃO
O paleontólogo Mario Urbina, chefe de uma equipe de especialistas em Pré-história no Peru, revelou o fóssil de um basilossauro — uma espécie antiga de baleia, datada de 36 milhões de anos. O animal foi apelidado de “O Predador de Ocucaje”, em homenagem ao deserto onde seus restos foram encontrados. O deserto que deu nome ao basilossauro, hoje, não é mais que uma paisagem arenosa e recheada de dunas até onde os olhos enxergam. No passado distante, porém, a região era dotada de um mar de baixa profundidade — por essa razão, sob aquelas areias, escondem-se vários fósseis de animais marinhos. “Essa descoberta é muito importante pois não há nenhum espécime similar a este no mundo todo”, disse Urbina, um pesquisador a serviço da Universidade Nacional de San Marcos, à AFP. Segundo seu colega, Rodolfo Salas-Gismondi, o basilossauro provavelmente era um “superpredador” — nome este que é atribuído a animais
carnívoros que estão no topo de suas respectivas cadeias alimentares e não têm inimigos naturais diretos, como o dragãode-komodo, as onças ou as águias. Ele provavelmente se alimentava de atum, alguns tubarões e cardumes de sardinha mas, apesar do su xo em seu nome, ele não era um dinossauro. “Isso é extraordinário devido ao seu excelente estado de c o n s e r v a ç ã o ”, d i s s e o especialista. “Esse animal era um dos maiores predadores de seu tempo. Na época [em que ele era vivo] o mar peruano era mais quente. Graças a esse tipo de fóssil, nós podemos reconstruir a
história do mar que inundava nosso país”. De fato, segundo estimativas, somente o Deserto de Ocucaje t e m ap r ox i m a d a m e nt e 4 2 milhões de anos em fósseis sob suas areias. Segundo estudos anteriores, os primeiros cetáceos (espécies que, hoje, correspondem às orcas e gol nhos) vieram dos animais terrestres, evoluindo deles há 55 milhões de anos. Ao nal do Período Eoceno, todos eles já estavam adaptados à vida sob as águas. As baleias modernas, no entanto, ainda não existiam, o que indica que todos os cetáceos da época eram predadores de grande porte.
8 BEM-ESTAR
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Como dormir melhor? Atividade física pode Baião de dois prático ser a solução GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665
©GUIA DA COZINHA
Estudos revelam indícios de que a prática regular de exercícios consegue melhorar a qualidade do sono ©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE
Como dormir melhor? Essa pergunta parece ser cada vez mais frequente entre as pessoas. Um claro indício de que a falta de sono é um problema recorrente na sociedade. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto do Sono, em São Paulo, a di culdade de dormir tem afetado quase 70% dos brasileiros na pandemia. Mas, segundo um estudo realizado pelo Johns Hopkins Center for Sleep, no Howard County General Hospital, nos Estados Unidos, pessoas que praticaram pelo menos 30 minutos de exercícios moderados notaram diferença na qualidade do sono, no mesmo dia em que praticaram atividade física. Portanto, se você quer saber como dormir melhor, o primeiro passo pode ser abandonar o sedentarismo. "Atividade física é fundamental para a saúde de uma forma geral, como todos sabem, tanto para a mente, quanto para o físico. Como médico, reforço a importância da prática de exercícios físicos regularmente. Além disso, já sabemos da melhora em índices g l i c ê m i c o s , m e t a b o l i s m o, pressão arterial, bom humor diário, entre diversos outros fatores", reforça o Dr. Rodrigo Pedrosa, cardiologista, médico do sono e coordenador do Laboratório do Sono do Procape da Universidade de Pernambuco.
Segundo o especialista, um outro estudo — publicado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos — observou os efeitos do exercício físico na composição corporal de pacientes com apneia do sono e descobriu uma melhora do percentual de gordura, da massa corporal total e da circunferência do pescoço. Algo fundamental para diminuir a severidade da apneia. No entanto, em casos mais graves de apneia do sono não basta saber como dormir melhor e apostar todas as chas apenas na prática de exercícios regulares. É importante que o paciente procure tratamento médico especializado para evitar possíveis complicações. Mas, a nal, como saber se o seu caso merece mais cuidado? Segundo
o Dr. Pedrosa, a recomendação é ter atenção com os seguintes sintomas relacionados à qualidade do sono: ronco; cansaço diurno constante; di culdade de concentração; dores de cabeça matinais; humor depressivo; falta de energia; esquecimento; hábito constante de acordar para ir ao banheiro. Entender como dormir melhor, seja com a prática de exercícios regulares ou através de um tratamento médico mais robusto é fundamental para ter uma boa qualidade de vida. "A nal, ao dormir, as pessoas não estão apenas repousando, o organismo também está metabolicamente ativo e uma série de hormônios importantes p a r a a s aú d e e s t ã o s e n d o produzidos", naliza o Dr. Pedrosa.
Q
uem não gosta de praticidade na correria do dia a dia, não é mesmo? Prepare um delicioso baião de dois prático. Fica pronto em apenas 30 minutos! Ingredientes ½ xícara (chá) de manteiga 1 xícara (chá) de bacon em cubos 1 gomo de linguiça calabresa em cubos 2 dentes de alho amassados 1 cebola picada 3 xícaras (chá) de arroz branco cozido 2 xícaras (chá) de feijão-fradinho cozido com o caldo Sal, pimenta-do-reino e salsa picada a gosto 2 xícaras (chá) de queijo de minas padrão (meia cura) ralado Modo de preparo Em uma panela, em fogo
médio, derreta a manteiga e frite o bacon até dourar. Adicione a calabresa, a cebola, o alho e refogue p or t rês minutos. Acrescente o arroz, o feijão e refogue, mexendo, por dois minutos. Tempere com sal, pimenta e salsa picada. Retire do fogo, misture metade do queijo e
coloque em um refratário. Polvilhe com o queijo restante e leve ao forno médio, preaquecido, por cinco minutos ou até gratinar. Retire e sirva em seguida. Rendimento: 5 porções
Fonte: Terra
(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020
©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE
Coração acelerado durante o exercício: até que ponto é normal? Cardiologista explica os motivos do aumento da frequê ncia cardıáca e faz alerta sobre o suor excessivo Sentir o coração acelerado durante o exercício físico, teoricamente, é normal. Porém, quando o aumento da frequência cardíaca gera um incômodo ou persiste por muito tempo após a realização das atividades, é
melhor car atento. O ideal, para qualquer pessoa, é passar por uma avaliação clínica antes de iniciar qualquer tipo de programa de treinamento físico. Muitas vezes, o problema é silencioso e, quando se
manifesta, pode ser muito tarde. S egundo a Dra. Nicolle Queiroz, cardiologista e professora de medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), as atividades físicas costumam exigir muito da
musculatura que, por sua vez, necessita de mais oxigênio para trabalhar. S ér ies intens as, re p e t i d a s e c ons t ant e s d e exercícios fazem com que o coração acelere o batimento para dar conta da nova demanda. E esse é um dos motivos de carmos ofegantes, por exemplo. "Com o aumento da frequência cardíaca e trocas gasosas que vão ao músculo, aumenta também a frequência respiratória", conta a médica. Para a cardiologista, apesar das individualidades siológicas e mentais de cada pessoa, existe um limite seguro para o aumento dessa frequência cardíaca. "De maneira geral se o corpo não tem nenhuma doença do coração e é saudável, adotamos uma conta básica que pode ser exempli cada com a fórmula: 220 (batimento cardíacos) — idade = X (valor máximo que o coração deve bater). Quando a atividade for moderada, o ideal é que as batidas cheguem a 70% do valor total desse X", explica. No entanto, também existem
sinais que o corpo emite para informar que alguma coisa está errada. "Se, por acaso, ao iniciar a rotina de esporte, notar tonturas, d or n o p e it o, p a lpit a ç õ e s (famosa batedeira), durante o exercício é hora de parar e procurar ajuda médica", recomenda a Dra. Queiroz. A pro ssional ressalta, porém, que a realização adequada de atividades físicas costuma ser um grande aliado para a saúde do coração e de todo o organismo. Promove o fortalecimento muscular, a melhora do condicionamento cardiorrespiratório e ainda previne o desenvolvimento de
doenças. Suar durante o exercício é totalmente normal e, até certo ponto, saudável. Signi ca que o exercício foi efetivo o su ciente para elevar a temperatura do organismo e ativar a homeostase, mecanismo de resfriamento corporal — através da liberação de líquidos - para evitar prejuízos físicos. No entanto, quando existe um excesso de perda de água, há o risco da diminuição de eletrólitos e outros nutrientes, que podem levar à uma arritmia. Nesses casos, o mais indicado é procurar ajuda médica e realizar exames.
SAÚDE 9
24 A 31 DE MARÇO/2022
Fiocruz e Unitaid vão implantar SUS oferece novo no Brasil PrEp injetável contra medicamento para pacientes com hepatite B HIV Tratamento utiliza cabotegravir de ação prolongada
O remédio, chamado TAF, é a terceira opção para tratamento da doença
©MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL ©ISTOCK
O Brasil vai receber nanciamento da Unit aid, agência global ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), para iniciar um tratamento injetável de prevenção ao HIV no País. A pro laxia pré-exposição (PrEp) utiliza o medicamento cabotegravir de ação prolongada e consiste em seis aplicações por ano, o que se mostrou mais e caz do que o tratamento diário por via oral. A implementação se dará em uma parceria da agência com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o projeto será co ordenado p elo Instituto Naciona l de Infe c tolog ia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e pelo Ministério da Saúde. A coordenadora será a chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, Beatriz Grinsztejn, infectologista que re c e nt e m e nt e s e t or n ou a
primeira mulher da América L at i n a a pre s i d i r a m ai or associação de pro ssionais e pesquisadores dedicados ao HIV/Aids, a International AIDS Society. A parceria foi anunciada no seminário conjunto Brasil e Unitaid — parcerias atuais e perspectivas futuras, no au d i t ó r i o d o In s t i t u t o d e Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Participou do seminário a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Segundo a Agência Fiocruz de Notícias, Nísia a rmou que os US$ 10 milhões que serão investidos trarão forte impacto para o Brasil e a África do Sul. O cabotegravir de ação prolongada propicia oito semanas de proteção contínua contra a infecção pelo vírus, por meio de uma única injeção i nt r amu s c u l ar. S e g u n d o a
Fundação Oswaldo Cruz, o projeto terá como público-alvo os grupos mais vulneráveis à infecção pelo HIV: homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, de 18 a 30 anos. Além do Brasil, a Unitaid também selecionou a África do Sul para implantar o projeto, que s e r á d i s p on i bi l i z a d o p a r a adolescentes e jovens mulheres. Segundo a Fiocruz, na África Subsaariana, seis em cada sete novos casos de infecção em a d o l e s c e nt e s o c o r r e m e m garotas, e mulheres jovens têm o dobro do índice de contaminação em relação a homens jovens. Os dois países vão adotar o tratamento de forma integrada a seus programas nacionais de saúde, e os dados gerados devem servir de apoio para a implantação global do programa. A meta das Nações Unidas é fazer com que a prevenção alcance 95% das pessoas com risco de infecção em 2025. A Fiocruz explica que a PrEP injetável, além de facilitar o tratamento, ajuda a mitigar o medo de que os comprimidos s ej am inter pret ados como tratamento do HIV e façam com que o usuário sofra estigma, discriminação ou violência por parceiro íntimo como resultado.
Um n ovo m e d i c am e nt o, disponível na rede pública de saúde, pode bene ciar pacientes com hepatite B que têm contraindicação ao tratamento ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS). Incorporado pelo Ministério da Saúde, o uso do tenofovir alafenamida (TAF), irá promover uma terceira opção de tratamento da doença para pessoas em que o uso de t e n o f o v i r c o nv e n c i o n a l e entecavir não for possível. “A incorporação ocorreu visto que, para alguns pacientes especí cos, o TAF se mostrou mais s eguro em rel aç ão a disfunções ósseas e renais, quando comparado ao fumarato de tenofovir desoproxila (TDF), um medicamento antirretroviral e antiviral usado também para
aids no Brasil. Entretanto, o mesmo não se mostrou tão signi cativo quando comparado aos resultados do entecavir. Por isso, a partir de agora, pacientes que fazem tratamento para hepatite B e apresentam contraindicação no uso dos m e d i c a m e nt o s e x i s t e nt e s ,
(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES
podem fazer uso da nova opção”, informou o Ministério da Saúde, em nota, na terça-feira (22). A previsão é que o Ministério da Saúde distribua, até o nal de abril, mais de um milhão de comprimidos do novo medicamento, de acordo com o quantitativo solicitado por cada secretaria estadual ou distrital de Saúde. O investimento é de mais de R$ 18 milhões na aquisição dos lote. O tenofovir alafenamida (TAF) foi recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável pela incorporação de tratamentos, tecnologias e insumos no SUS.
Novo tratamento pode Pesquisa pode indicar destruir pedras nos rins com ondas sonoras novos tratamentos ©SHUTTERSTOCK
contra Parkinson ©SHUTTERSTOCK
Uma pesquisa identi cou que o Parkinson deixa uma espécie de “a s s i n a t u r a g e n é t i c a” e m algumas células T de memória do corpo. Apesar de não saberem com exatidão o que causa essa doença, a descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce e no desenvolvimento de novos tratamentos. O estudo conduzido p or p es quis adores do L a Jol l a Institute for Immunology, na Califórnia (EUA), indica que as células T possuem um papel crucial na progressão da doença. Anteriormente, já era conhecido que a doença avança na medida em que os produtores de dopamina morrem. A causa dessa morte é desconhecida, mas
algumas pistas podem ajudar nos tratamentos. Os neurônios produtores de d op am i n a m or t o s c ont é m grande quantidade de uma proteína dani cada conhecida como alfa-sinucleína. Esse novo estudo diz que o acúmulo dessa
proteína pode causar a morte dos neurônios e mais do que isso: pacientes com Parkinson possuem células T de memória com alvo nas proteínas alfasinucleína. Basicamente a função dessas células é atuar contra antígenos que o corpo já teve contato anteriormente.
Um estudo publicado no Journal of Urology apontou um novo tratamento não cirúrgico capaz de destruir pedras nos rins com ondas sonoras. A pesquisa apresentou o caso de 19 v o lu nt á r i o s t r at a d o s c om sucesso. Denominada litotripsia, o novo tratamento utiliza ondas de explosão (BWL) e fragmentou os cálculos renais e visa ajudar pessoas que precisam passar por cirurgias para tratar o problema. Apesar de ser comum e atingir mais de 15% da população
durante toda a vida, muitas pessoas não conseguem expelir as pedras e necessitam passar por intervenções cirúrgicas para evitar danos permanentes e agravamento do problema. As ondas sonoras criadas por ondas de choque já foram utilizadas para destruir pedras n o s r i n s , n o e nt ant o, e r a necessário sedar ou anestesiar os pacientes. No novo tratamento, a sedação não é necessária e o procedimento pode ser feito em locais mais informais. O procedimento usa pulsos
cíclicos curtos de energia de ultrassom para partir os cálculos renais em fragmentos iguais ou menores a dois milímetros. “A capacidade de quebrar pedras de forma não invasiva e expelir os f r a g m e nt o s e m p a c i e nt e s acordados na primeira apresentação no pronto-socorro ou clínica tem o potencial de fornecer tratamento just-intime, levando a uma redução da dor geral, custo e sobrecarga de recursos associados a uma pedra evento”, diz a pesquisa. Na apl i c a ç ã o pr át i c a d o tratamento, a pesquisa relatou que as ondas sonoras foram administ rad as durante 10 minutos e cerca de 90% do volume total de cálculos foi quebrado, com cerca de 39% completamente fragmentado e outros 52% fragmentado de maneira parcial.
10 Criança hoje, Criança amanhã
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ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com
Precisamos falar sobre Moıs̈e e Henry — Parte VII Ter leis não é suficiente quando se tem a cobertura do “segredo de justiça” pela própria vulnerabilidade da Criança, tudo sustentado pela Cultura da Desimportância dos pequenos
violência física ou sexual. A Exceção se torna uma negociação política, com ameaças comerciais. E a criança é repatriada, entregue ao pai estrangeiro, enquanto a mãe é banida e proibida de entrar no país onde morava e teve o lho da união com um estrangeiro. A
ter e viver uma ausência da mãe em todas as ocasiões em que as outras Crianças estão com suas mães, causa danos irreversíveis porque a Criança ainda não tem os recursos necessários para fazer frente e suportar o olhar de re c r i m i n a ç ã o, a s p a l av r a s maliciosas, a exclusão praticada
pela imaturidade das outras Crianças do seu entorno. A vergonha que se abate sobre a Criança ao ser exposta pela ausência continuada da mãe, é corrosiva para a mente em crescimento. Essa ausência é sentida pela Criança como sendo uma culpa dela, um defeito seu, uma vivência de menos valia que trará muitos buracos em sua autoestima. Pensar o que as pessoas estão pensando sobre ela e sobre sua mãe é tarefa inglória que acaba por retirá-la da realidade que está acontecendo e j ogando a Cr i anç a p ara o isolamento. Sequenciamos vários temas qu e e s t ã o i mp l i c a d o s n o s episódios de massacre que vitimaram Moïse e Henry, assim como Joanna, Bernardo, João Victor, Isabella, e tantas outras Crianças. Vozes do além são
dor e adoecimento mental. Mais uma armadilha que enganou até mães já calejadas pelos horrores dessa lei. Por que estamos insistindo na exposição de nossas Crianças a horrores? In dúbio, por que não favorece a Criança? Será que ninguém sabe o q u e q u e r d i z e r vulnerabilidade? A quem estamos servindo? No próximo artigo, abordaremos a questão da perversidade de pro ssionais que são pagos pelo dinheiro público para fazer valer a Proteção Integral da Criança, mas vivem a serviço do e s m a g am e nto d a C r i an ç a , usando o conhecimento em desvio de seu propósito ou arremedos de retalhos mal costurados de conhecimento para torturar e aniquilar as Crianças.
©KEVIN DAVID/RAW IMAGE/FOLHAPRESS
desse holocausto disfarçado em invisibilidade. A Convenção de Haia, por exemplo, veio para garantir a permanência e retorno da Criança em seu país de residência habitual. Mas a Convenção de Haia dá espaço para a exceção em seu art.13, atendendo e cuidando das crianças que sofrem maus-tratos, negligência, abuso sexual, e todas as formas de violência, por parte do genitor estrangeiro. Contudo, há mais de duas mil mães que tiveram seus lhos repatriados e são ou serão a c u s a d a s d e “s e q u e s t r o internacional de criança”. O
mais audíveis e críveis que as vozes das Crianças quando relatam abusos sexuais intrafamiliares. As Crianças desrespeitadas na guerra de lama, na guerra dos mísseis, na guer ra dos t iroteios ent re bandidos e policiais ou bandidos e bandidos, ou nas guerras intrafamiliares que usam e exploram seus pequenos corpos sem atrativos de sensualidade, mas alvos do prazer de torturar pelo prazer da sensação secreta de Poder. A inexistência de Políticas Públicas consistentes, consequentes, e continuadas, que fundem uma Cultura do Cuidado. Está pautada para algumas horas a votação no Senado de um PL, o 7352/2017, que continua defendendo a falácia dogmática da alienação parental, alegação usada para encobrir abusos sexuais e violência doméstica, além de negligência, de mentiras, de abandono, e que causa tanta
©GEORGE CAMPOS/USP IMAGENS
Q
uando, no artigo anterior dessa série, elenquei as instituições Internacionais e as Nacionais que já se posicionaram ao lado da Criança e da Mulher, cometi um lapso ao não incluir algumas Instituições e Tratados, aos quais somos signatários. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) em sua R e c om e n d a ç ã o 0 0 3 , a L e i 13.431/2017, assim como o Instituto Maria da Penha e a Secretaria da Mulher na Câmara, incansáveis, são dois lugares que têm dado assistência às Vítimas de Violência, sob todas as suas formas. A agressividade é constitutiva da mente humana que emite ordens de movimento de defesa ou de ataque para o corpo executar. Quando nascemos, é a agressividade que garante o primeiro movimento que inaugura a respiração pulmonar, e choramos de raiva. O volume de de cib éis dess e choro é indicativo da força que estamos fazendo, e da potencial força que teremos ao longo da vida para ser usada quando se zer necessário. A raiva, enquanto expressão de agressividade, é saudável. O ódio, não. No entanto, assistimos hoje à recriminação total da raiva, como se fosse apenas
©ARTE: ANDRÉ MELLO
Assim, uma mãe que manifesta sua raiva, suas raivas, por ser espancada pelo marido, inclusive na frente das crianças, ou ao constatar que o pai vem abusando sexualmente de um lho ou uma lha, é de nida por psicólogos e operadores de justiça como descontrolada, narcisista, portadora de doença mental. E lhe é exigido que se relacione, amigavelmente, com o ex-marido, mesmo que tenha recebido uma Medida Protetiva p e l a L e i Mar i a d a Pe n h a . O br igad a a s e submeter a técnicas de mediação, e de cunho esotérico que desresponsabiliza o autor das agressões físicas e sexuais, a dita “alienadora”, que recebe essa alcunha por ter denunciado um homem com quem formava uma família, é assolada por uma avalanche de processos in ndáveis, por toda a infância de sua Criança. Vale ressaltar que essa avalanche é movida por litigância sequencial, enquanto o processo criminal p e l o s c r i m e s d e v i ol ê n c i a doméstica e abuso sexual, é, precocemente, arquivado. Leis, Convenções Internacionais e Recomendações de Instituições de Proteção à Criança, não têm impedido a avassaladora violação de Direitos
negativa, retirando dessa fonte de energia de vida o seu papel que exerce ao longo da vida.
Fundamentais, violação que cobrará em sequelas em adultos, mutilados sociais, resultantes
crime delas foi voltar para sua pátria, nosso país, para colocar a salvo sua criança, vítima de
criança importa menos que containers de laranjas. Infelizmente. Ter leis não é su ciente quando se tem a cobertura do “segredo de j u s t i ç a” p e l a p r ó p r i a vulnerabilidade da Criança, tudo sustentado pela Cultura da Desimportância dos pequenos. Pare c e nã o have r vont a d e política, ou haver uma vontade política escusa que se alastra com a permissividade da inércia e da omissão de muitos. Quando se tem um agressor e um agredido, car neutro é reforçar o agressor e abandonar o agredido. Que seja por identi cação com o agressor, ou por medo desse agressor. Executar o afastamento judicial da mãe de uma Criança, tão usual hoje que atinge até os bebês em amamentação materna, tem consequências desastrosas. Para uma Criança
COMPORTAMENTO 11
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O que é um bom pedido de desculpas e quais os seus efeitos? Não é recomendado forçar toque físico ou que a pessoa aceite suas desculpas ©ISTOCK
Seja por ter acordado de mau humor, estar com problemas pessoais ou ter tomado alguma decisão impulsiva, não importa o motivo, pessoas erram umas com as outras e, na maioria das vezes, isso é normal, faz parte da n at u r e z a hu m a n a . Po r é m , muitos, por não saberem como pedir desculpas, ou com receio da reação alheia, não se mobilizam e isso pode gerar problemas emocionais para ambas as partes. A falta de um pedido de desculpas pode levar a sentimentos de culpa, raiva, tristeza, além de demissões, fofocas e desentendimentos familiares. A questão é que o problemas, às vezes, nem é a falta das desculpas, e sim um pedido feito da boca para fora. Claro, não existe uma receita pronta, é preciso considerar contextos, personalidades e até eventuais patologias envolvidas, mas não há nada como uma boa retratação para resolver con itos. Um p e d i d o g e nu í n o d e desculpas, inclusive, é um bom sinal para quem o consegue fazer. "Pode-se dizer que o ato de se desculpar sinaliza o desenvolvimento de uma habilidade muito importante: a autorresponsabilidade, ou seja, entender como as próprias atitudes interferem diretamente no próximo", diz Elisa Teixeira, psicóloga líder do Hospital
Português, de Salvador (BA). Segundo ela, quem se desculpa também demonstra inteligência emocional, um sinal de boa saúde mental e emocional. Por outro lado, desculpar-se demais denota algum tipo de problema. Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), aponta algumas recomendações que funcionam bem em uma iniciativa de se redimir: ser breve e ir direto ao assunto (para não parecer que está se inventando desculpas); não apontar os defeitos dos outros ou tentar os responsabilizar pelo ocorrido; não forçar contato físico e contra vontade, como beijos e abraços,
pois podem soar como falsos. "Às vezes, não falar do que ocorreu é uma boa. Mas se o desconforto gerado foi grande, será preciso de uma conversa sincera, o que inclui reconhecer e explicar o erro grave cometido, p a r a h av e r u m p e d i d o d e desculpas completo. Quando acontece uma briga, é melhor ser o primeiro a admitir. Um bom pedido de desculpas tem muito mais a ver com o eu, do que com o outro. Você precisa repensar as ações pelas quais está se justi cando", continua o psiquiatra. Uma vez concluída a retratação, que na sua, quieto. Se a outra parte precisar de um tempo, afastar-se para re etir e perdoar você, esse distanciamento e
silêncio precisam ser respeitados. Mas durante esse processo é importante não demonstrar — sobretudo explicitamente — frieza, impaciência, isenção de remorso e até despreocupação com a atitude que for tomada a seguir, pois empatia tem a ver também com ser humilde e querer amenizar a dor de alguém. Erros sucessivos seguidos pelas mesmas desculpas passam uma impressão que não costuma ser das melhores. Pode sugerir — e de fato ser — que se sabe o que esperar e por isso banaliza o perdão, ou se é imaturo por desconhecer as consequências, e até mesmo um transtorno de personalidade. Já se desculpar por tudo, o tempo inteiro e sem necessidade, pode mostrar que
por trás desse comportamento há uma baixa autoestima, que a pessoa interpreta tudo o que faz como errado. Eduardo Perin, psiquiatra e especialista em terapia cognitivocomp or t ament a l p elo HCFMUSP, aponta outra hipótese para as desculpas excessivas: o sujeito pode estar tentando se modi car de alguma forma. "Ele pode estar em um processo de mudança interna e sabemos que isso não acontece de uma hora para outra, gera alguns deslizes. Há risco de isso se estender até a pessoa evoluir e nalmente conseguir sair dessa situação viciosa", diz. Independentemente disso, não é para s e esp erar ou criar expectativas de que, do outro lado, esses argumentos sejam tolerados e aceitos. Qualquer um que se sinta ofendido, prejudicado e receba pedidos constantes de desculpas — mas que na prática não surtem nenhum resultado positivo — tem o direito de cortar relações. Sabendo disso, siga as recomendaçõ es ap ont adas, observe-se melhor, ouça mais os outros e, com prejuízos, recorra a pro ssionais de saúde mental. O principal bem que se recebe ao se desculpar por livre iniciativa é um mix de alívio, prazer e bem-estar, ainda mais quando o pedido é aceito. Entretanto, por obrigação, pode
causar vergonha, sentimento de humilhação, raiva ou pura indiferença. Por isso, cobrar por uma retratação também não faz sentido, pois não é espontânea, genuína e não promove arrependimento nem demonstra mudança, compreensão e preocupação reais. Há quem ainda se desculpe com o coração, mas continue com o peso da culpa, por falta de praticar o perdão a si mesmo — que, de novo, requer suporte para ser desenvolvido — e se reconhecer como falível. Tem a ver ainda com mecanismos internos de defesa e que podem ser bastante rígidos, parecendo que a desculpa não foi su ciente, e ess a impress ão p o de s er compartilhada, o outro pode se demonstrar irredutível a perdoar por um bloqueio e não enxergar sinceridade. "Parece que, de certa forma, a desculpa é irônica ou falsa. Então, deve-se não insistir, porque não só não resolve, como pode piorar as coisas. Se perceber que não existe possibilidade de resolutividade e receptividade com um pedido de desculpas ou tentativa de sanar o desentendimento, encerre o assunto e só tente novamente quando tiver abertura", naliza Anderson Weiber, professor de pós-graduação em psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas Ipemed-Afya, na Bahia.
Ocitocina é o hormônio que pode melhorar bem-estar de pessoas com ansiedade Nos pacientes que usaram a ocitocina, detectou-se uma melhora no humor, nos relacionamentos pessoais, na qualidade do sono e nos estados de calma, confiança e ânimo ©ISTOCK
Com a pandemia, muitas pessoas t i ve r am s u a s aú d e m e nt a l prejudicada pela falta de contato afetivo, o que ocasionou doenças como depressão e ansiedade. Isso pode estar relacionado à falta de ocitocina, importante para produção do bem-estar físico e emocional, como aponta pesquisa publicada no livro Ocitocina, bem-estar e a regulação do afeto. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a autora do livro
e mestre em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia (IP) da USP, Eliana Nogueira do Vale, explicou que a ocitocina é produzida em diversas situações diferentes, sendo uma delas pelos estímulos sensoriais agradáveis. "Por exemplo, estímulos táteis agradáveis: massagem, abraço, carinho no cabelo. Todas essas coisas fáceis vão trazer bemestar. Estímulos auditivos: música, barulhinho de cachoeira, de mar." Além disso, ela destaca
também que as relações am oro s a s , d e am i z a d e , d e trabalho e o contato com duas ou mais pessoas produzem também ocitocina. Com o home office e muito tempo em frente do computador, ess es estímulos acabam s e tornando mais raros. "Tudo isso que eu falei sobre bem-estar exige que se tenha tempo para fazer isso, que possa se dedicar a essas coisas agradáveis", pondera a especialista. Ela explica também que as "pessoas esgotadas não têm tempo para a vida familiar, para vida amorosa, para descansar, para ter lazer." Ou seja, problemas que vão além da questão pandêmica. Pensando nisso, a pesquisa reuniu 27 participantes do sexo masculino, de 18 a 60 anos, diagnosticados com Transtorno de Ansiedade Generalizada (caracterizado por importantes
distúrbios do sono, irritabilidade, nervosismo, tremores, tensão muscular, palpitações, tonturas e desconforto gástrico) para compreender os efeitos da ocitocina nesse caso. "Está havendo interesse da psiquiatria
por estudos que usem ocitocina, porque ela tem resultado sem efeito colateral", a rma Eliana. Foi trabalhado a administração da ocitocina intranasal no grupo instrumental, comparado com um grupo placebo, que utilizou
soro siológico. Nos pacientes que usaram a ocitocina, detectou-se uma melhora no humor, nos relacionamentos pessoais, na qualidade do sono e nos estados de calma, con ança e ânimo.
12 OLHAR DE UMA LENTE
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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
O desespero da esquerda ©REPROÇÃO/GAZETA DO POVO
notório o desespero da esquerda em todas as instâncias e esferas do poder público. Nós, brasileiros, estamos tendo que conviver com a tirania de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que estão saindo de suas atribuições e servindo de cabos eleitorais. Causa asco em todos nós cidadãos ver um ministro da alta corte decidindo de forma arbitrária e prepotente pelo bloqueio do Telegram sem qualquer crime, ou seja, sem nenhuma sustentação jurídica. Será que já não estamos sob as garras da opressão? A nal, o controle da comunicação e o comprometimento da liberdade de imprensa são dois tópicos que o excondenado e candidato a presidente da República, tem ventilado nas suas redes sociais e essa medida do Alexandre de Moraes retrata muito bem o que o excondenado prega em todas as suas falas. Convenhamos, o desespero da esquerda é a reeleição do presidente Jair Messias Bolsonaro, já que a urna funerária que o PT e todos os outros partidos que o a p o i a m ( P S B , P D T, PCdoB, PCO) repousarão, será concretada, fazendo-os, na vida pós-morte, se é que existe, pensar no mal que zeram a todo brasileiro de bem. Aquele que quando
É
Mendes Júnior, Construcap, OAS, Andrade Gutierrez e Galvão Engenharia, só para car nos casos mais escabrosos). Outro caso é o
do BNDES e da Petrobras que, juntos, na era petista, amargaram de prejuízo o
Presidente Jair Bolsonaro acompanhado das autoridades presentes caminha sobre a Ferrovia de Integração Oeste-Leste precisou de atendimento médico e morreu na la do hospital e das crianças e jovens que tiveram seu
estádios, bene ciando empreiteiras que viraram instrumentos de corrupção (Odebrecht, Engevix,
Chega, cansamos! Acredito que Deus é brasileiro porque nossa realidade atual é outra, o foco do presidente e de sua
obras infraestruturais de rodovias e ferrovias, com apoio do Exército e investimentos privados, estão sendo executadas e
covid não faltaram; Existe linha de crédito em apoio às microempresas e empresas de pequeno porte através do Pronampe, que bene cia mais de 517 empresas com R$ 37,5 bilhões em recursos para gerar negócios e salvar empregos. A lista é grande, por isso, nalizo, informando aos proprietários de veículos automotores, que a transferência digital será realidade em breve com a implementação do DUT DIGITAL. Não estou rasgando ceda para A ou B, apenas colocando na balança o que acho ser o melhor para nós brasileiros. Por m, num sol escaldante, qual a árvore que você procura para se proteger, a seca, sem galhos e sem folhas ou a frondosa para se refrescar? TATI BELING
©ALAN SANTOS/PR
diretos à educação tomados pela corrupção que varreu o País. Pagamos até hoje pelas irresponsabilidades do PT e dos partidos que o apoiaram. Um exemplo é a construção do Porto de Mariel em Cuba (prejuízo de R$ 3,5 bilhões ao Banco N a c i o n a l d e Desenvolvimento Econômico e S ocial — BNDES, e o Brasil recebeu charutos como garantia no contrato) e a realização da Copa de 2014, que exauriu R$ 38 bilhões dos cofres públicos, só R$ 8,384 bilhões foram para a construção dos
montante de R$ 1,4 trilhão, sem falar de outras instituições que tiveram o mesmo m.
equipe é o bem comum, e isso é nítido e notório, basta ver as medidas e as ações que estão sendo tomadas pelo chefe do Executivo. Nossa relação com a comunidade internacional está sólida e c o n á v e l , c o m independência e imparcialidade política; as
concluídas com antecedência; a transposição do Rio São Francisco virou realidade com a água chegando até o nordestino, que viveu refém dos caminhões-pipas, de propriedades de políticos da região (indústria da seca); os recursos para o combate à
BRASIL 13
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A semana em Brasília S e no E
Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes
jornalfatosenoticias.es@gmail.com
Girão pede diligência sobre denúncias de desvio de recursos por estados e municípios
Política anticorrupção
Tratamento odontológico pelo SÚS ©REPRODUÇÃO
©TELEGRAM
©WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO
O senador E duardo Girão ( Po d e m o s - C E ) informou, em pronunciamento na quarta-feira ( 2 3 ) , q u e participou de uma reuni ão com o procurador-geral da República, Augusto Aras, na qual solicitou providências sobre denúncias de desvios de recursos federais por parte de estados e municípios. Girão disse que a reunião aconteceu na terça-feira (22) e contou com a participação do senador Marcos Rogério (DEM-RO) e de deputados estaduais que comandaram a CPI da Covid-19 da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Ele a rmou que esses deputados entregaram a Aras uma documentação “muito robusta”. “Nós entregamos à PGR [Procuradoria-Geral da República], de forma o cial, essa robusta e detalhada documentação de esquemas de corrupção ativa e passiva. Então, ca aqui meu pedido de providências imediatas, que já z ao procurador. Esperamos que o que zemos juntos, ontem [terça-feira], possa ter seu devido prosseguimento de parte de representantes da sociedade, em suas respectivas áreas, admitido que se trata de um anseio legítimo da sociedade. Aproveitei a ocasião e entreguei ao procurador-geral cópia do voto que apresentara em separado à comissão parlamentar de inquérito do Senado, por conta das várias denúncias que envolviam a compra, pelo Consórcio Nordeste, de 300 respiradores, de uma empresa chamada Hempcare, que, infelizmente, não foi investigada pela CPI do Senado”.
Desigualdades educacionais podem crescer no pós-pandemia ©CARLOS MAGNO/GOVERNO DO RIO DE JANEIRO
Uma das consequências da pandemia do coronavírus pode ser o aumento das desigualdades educacionais no País. O alerta está em um estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados sobre o tema. O impacto principal deve se dar sobre os estudantes da parcela mais vulnerável da população, que dependem mais da presença física nas escolas e têm menos condições tecnológicas de acompanhar as aulas remotas. De acordo com o estudo, que enfoca a educação básica, o fechamento dos estabelecimentos de ensino nos últimos meses pode provocar o aumento da desigualdade na aprendizagem, além de piorar a nutrição e a saúde mental dos alunos. A crise econômica decorrente da pandemia, por sua vez, pode ampliar os números da evasão e do trabalho infantil, e diminuir os investimentos em educação tanto por parte dos pais quanto pelo Estado. A publicação da Consultoria Legislativa, dentro da série Fique por Dentro, que procura detalhar temas em discussão no Congresso Nacional, traz referências de estudos nacionais e internacionais sobre o tema. As pesquisas mostram que as variáveis socioeconômicas são as que mais impactam nas desigualdades educacionais, principalmente itens como renda, raça, gênero e a diferença entre área urbana e zona rural. Números O consultor legislativo Jefferson Chaves, autor do estudo, dá o exemplo do acesso ao terceiro ano do Ensino Médio, com dados de 2017: ele é de 97,6% para as alunas brancas das camadas mais ricas da população e de apenas 40% para os alunos negros das parcelas mais pobres. “A gente tem 60% dos jovens do sexo masculino, mais pobres e negros, que não acessaram o último ano da educação básica. Ou seja, eles acessaram a escola, eles entraram no ensino fundamental, mas eles evadiram durante esse período”. Uma boa notícia é que as desigualdades educacionais estavam diminuindo antes da pandemia. Em 2002, 71,2% dos jovens de 19
Fechadas as torneiras da corrupção, estatais saem de prejuízo históricos, geram lucros e diminuem peso do Estado sobre o cidadão. Servir aos brasileiros e não servir-se deles esta é a mentalidade do Governo Federal que cortou mais de 90 mil cargos e acabou com regalias. Fim dos escândalos de corrupção no coração do poder brasileiro. Menos ministérios, menos cargos, menos gastos, combate a fraudes, extinção de conselhos, revogação de leis inúteis… Mais Brasil, menos Brasília! Com a redução de cargos e pastas, o Governo Federal economizou e subtraiu gastos desnecessários com a folha. O governo reduziu drasticamente gastos públicos, incluindo os menores valores com licitações em muitos anos. Adoção de regras mais rígidas, com critérios mais técnicos, para a nomeação de servidores em cargos de con ança — cha limpa, idoneidade e per l compatível. Mais de mil serviços digitalizados para diminuir a burocracia — economia de muito tempo e de muito dinheiro para os brasileiros. Radar Anticorrupção e outras ações de combate à corrupção, investindo contra estruturas viciadas e acabando com atos ilícitos em toda administração pública federal. Combate a fraudes bilionárias no INSS com ações iniciadas em 2019 que permitiram ampliar os programas sociais e socorrer os brasileiros na pandemia com o Auxílio Emergencial. Reconstrução e ampliação da infraestrutura brasileira, com investimentos públicos e concessões em todas as áreas com conclusão de obras inacabadas ou paradas há anos, como a transposição do Rio São Francisco. Com essa obra deu-se m à indústria da seca, pois a transposição do Rio São Francisco e diversas outras ações estão levando independência e autonomia a milhões de famílias brasileiras. Com isso, o Brasil volta aos trilhos do desenvolvimento com o Governo Federal retomando construção da malha ferroviária, gerando empregos e auxiliando no crescimento de todos os setores da economia.
Obras do Governo Federal ©REPRODUÇÃO/YOUTUBE
O Governo do Brasil entregou 74 cisternas construídas em casas de famílias, chamadas de Sistemas Simpli cados de Abastecimento de Água (SSAA), em cerca de 15 municípios cearenses. Também serão inaugurados 973 poços, que bene ciarão 58.800 moradores do Estado. anos chegaram ao último ano do ensino fundamental e apenas 43,4% alcançaram a última etapa do Ensino Médio. Em 2017, os índices cresceram para 88,6% no ensino fundamental e 67,5% no Ensino Médio. O estudo ressalta a importância dos investimentos em programas suplementares de renda e de nutrição para o enfrentamento do pós-pandemia. O consultor Jefferson Chaves também destaca um conjunto de medidas previstas na Constituição, como a vinculação de recursos, que destina de 18% a 25% das receitas de impostos para a educação no combate às desigualdades educacionais. Ele menciona ainda a mobilização que tornou permanente o Fundeb, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro ssionais da Educação. “Com a aprovação da Emenda Constitucional 108, com o Fundeb permanente, a gente veri ca um grande espaço para aprimorar o acesso à educação pela redução das desigualdades. Existem percentuais especí cos no Fundeb que serão destinados às redes que melhorarem o aprendizado com redução de desigualdades.” O estudo da Consultoria Legislativa relaciona 32 proposições em tramitação na Câmara que procuram atenuar as desigualdades educacionais. As propostas tentam facilitar o acesso dos estudantes à internet, além de melhorar a inclusão, no sistema público de ensino, de grupos como os alunos com de ciência e a população carcerária.
Para ampliar o acesso ao tratamento odontológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Governo Federal investirá mais R$ 1,6 bilhão no programa Brasil Sorridente. A iniciativa oferta promoção, prevenção e tratamento bucal para todas as idades na rede pública de saúde. O Brasil Sorridente tem como principal linha de ação a prestação de serviços por meio da Atenção Primária. Equipes formadas por dentistas, auxiliares e técnicos em saúde bucal prestam atendimento, sobretudo, em comunidades rurais, ribeirinhas e para a população em situação de rua. Já na Atenção Especializada, onde estão serviços como cirurgias e próteses, destacam-se a implantação de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e a ampliação dos pontos de apoio à rede de assistência por meio dos Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias. ©CNN BRASIL
Auxílio Brasil, a maior parte das famílias bene ciadas, cerca de 8,5 milhões, encontra-se no Nordeste. O recurso garante dignidade aos que vivem em situação de vulnerabilidade. Vale lembrar que com o “fecha tudo” indiscriminado, o Governo do Brasil agiu e com o auxílio emergencial e alcançou mais de 67 milhões de brasileiros, possibilitando que colocassem comida na mesa da casa de famílias, sendo um dos maiores programas emergenciais do mundo. Em fevereiro de 2022, o Auxílio Brasil chegou a 18 milhões de famílias no País, em investimento de R$ 7 bilhões. O Auxílio Brasil paga mais que o dobro do Bolsa Família, além de incentivar a quali cação pro ssional para inserção no mercado de trabalho. Reforço histórico na vida das pessoas atingidas pelo “ que em casa que a economia a gente vê depois” e re exos de problemas internacionais; períodos de grandes di culdades que o mundo vive afetando diretamente a todos, principalmente os mais necessitados. ©ARTERIS CONTORNO FLORIANÓPOLIS
Contorno Viário de Florianópolis O Contorno Viário de Florianópolis é a maior obra de infraestrutura rodoviária em andamento no Brasil. O empreendimento contará com 50 km de vias duplicadas, quatro túneis duplos e dezenas de obras de arte especiais, como pontes, trevos e passagens em desnível, e conta com trabalhos em andamento por toda sua extensão. O empreendimento teve o primeiro túnel com escavação completa e já conta com duas pistas com a perfuração de ponta a ponta. O Contorno será um corredor expresso que vai dar m ao gargalho histórico da região.
14 NA MINHA OPINIÃO
24 A 31 DE MARÇO/2022
DELEGADO MÁRCIO GREIK Delegado Federal do Espírito Santo
Fabiano Contarato vai ser candidato a governador do Espírito Santo? Bem que eu gostaria de ver se Fabiano Contarato mantém o mesmo apoio dos capixabas que o elegeram para o Senado Federal em 2018 ©DIVULGAÇÃO/RICARDO STUCKERT
N
ão, na minha opinião Fabiano C ontarato não será candidato a governador do Espírito Santo. Para ser taxativo, nesta minha opinião, não conto com nenhuma informação privilegiada, nem conversei com pessoas próximas a ele, mas me b a s e i o t ã o s o m e nt e nu m a observação da política estrutural, o l h an d o c om o f u n c i on a o sistema partidário. Bem que eu gostaria de ver se Fabiano Contarato mantém o mesmo apoio dos capixabas que o elegeram para o Senado Federal em 2018. De cada três capixabas, um votou em Fabiano Contarato nas eleições daquele ano. Conversando com pessoas, observando as manifestações em redes sociais, identi camos muitos capixabas que se arrependeram do voto de c on an ç a qu e d e r am p ar a C o nt a r at o. E s s e g r u p o d e arrependidos se concentra, principalmente, nos eleitores de v i é s c o n s e r v a d o r, n o s evangélicos, nas pessoas que sentiram o desejo de mudar a política capixaba e nacional, vot ando em nomes novos, tirando do poder guras carimbados do senário político local. Muita gente se manifesta arrependida de ter votado em Fabiano Contarato, e acredita que foi enganada. Na verdade, não se pode atribuir ao senador a condição de enganador por ação, porque o que ele fez, em parte, foi apenas esconder a face de um per l esquerdista que, nas
palavras dele próprio, sempre apoiou o ex-presidente Lula. Fabiano Contarato foi eleito pelo Partido Rede Sustentabilidade, cuja gura central é Marina Silva, que deixou o Partido dos Trabalhadores para fundar esse novo partido. Sem perder o viés ideológico de esquerda, manteve-se el a todas as pautas socialistas, e sempre entregou em segundo turno o seu apoio para o PT. O per l de Contarato só foi percebido pela população depois das eleições. Ficou evidente não somente seu apoio incondicional ao Lulopetismo, como, também, o fato de que a ideia de alguém
que combate a corrupção não passou de promessa de campanha, pois é inconcebível que uma pessoa que se mostre contrária a falcatruas, possa ser aliada de um político que foi responsável por manter o maior e s qu e m a d e c or r up ç ã o d o mundo, cujos desvios não podem ser comparado a nenhum outro na história, nem do Brasil. Parafraseando o próprio autor: “nunca na história desse País, vimos um governo tão corrupto'. Até mesmo o trabalho de Fabiano Contarato à frente da Delegacia de Trânsito era uma mentira e ele construiu a sua imagem prendendo motoristas
Presidência do Brasil, sempre prestou reverência ao partido de Lula. Este ano não é diferente, Lula tem intensi cado as tratativas com o PSB em torno da candidatura Dele à presidência, falando até num projeto de união nacional da esquerda. Para isso, o PT está disposto a fazer tratativas e concessões nos Estados, visando à construção de uma base em torno do seu nome. Dentro dessas tratativas o apoio do PT ao governador Renato Casagrande é certo, recebendo em contrapartida o apoio deste à candidatura do ex-presidente Lula. Se não fosse assim, depois da ameaça de candidatura de Fabiano Contarato ao Governo, Renato Casagrande jamais daria declaração na imprensa dizendo que não vê nenhum problema em votar no ex-presidente Lula (isso é assunto para a próxima edição). Portanto, o anúncio da possível pré-candidatura de Fabiano Desse modo, o malfadado dolo Contarato ao Governo do Estado b êb ados e os ac us ando de A transmissão será no canal Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira às de 14estratégia horas ou eventual, não passou assassinato. Aproveitando-se do daindireto pelo PT não(07), passa fato de que a população odeia de uma estratégia rasteira de para ocupar espaço na mídia motoristas bêbados, que colocam C o n t a r a t o p a r a g a n h a r tradicional, com pouca ou em risco a vida de pessoas notoriedade, o que sempre nenhuma viabilidade política, inocentes, e não raras vezes contou com o apoio de parte da d a d o o e n t r o s a m e n t o mat am c ov ard e me nte s e us mídia capixaba. tradicionalmente existente entre Mas, voltando ao nosso foco PT e PSB. concidadãos, Contarato fazia teatro com as prisões e se principal, somos levados a pensar Se bem que eu ia gostar de ver o mostrava impiedoso para com o qu e o l anç ame nto d a pré - quanto está sendo apreciada pela criminoso, imputando-lhe uma c a n d i d a t u r a d e F a b i a n o população a política esquerdista, conduta dolosa, que nunca era Contarato ao governo do Espírito de uma oposição sem qualquer mantida na esfera do sistema Santo pelo PT, não passa de um tipo de proposta construtiva, que jurisdicional pátrio, porque jogo político para provocar o F a b i a n o C o n t a r a t o v e m nossa Lei não equipara a morte a t u a l g o v e r n a d o r R e n a t o praticando durante o exercício do no trânsito, ainda que cometida Casagrande, que será candidato à seu mandato no Senado. Porém, por pessoa embriagada, à morte reeleição pelo PSB. acredito piamente que vou ter de O PSB é um el aliado do PT e, esperar até 2026 para ter essa praticada com dolo direto e como nunca teve candidato à resposta. objetivo.
Califórnia planeja canal gigante de painéis solares Os painé is irã o cobrir a tubulaçã o que leva á gua para o estado, evitando que se evapore com as temperaturas á guas e prevenindo a seca ©DIVULGAÇÃO/SOLAR AQUAGRID
A região oeste dos Estados
Unidos atravessa sua pior seca
em 1.200 anos. As altas
temperaturas, os incêndios orestais e diminuição dos níveis de água estão fazendo com que as pessoas sintam na pele o impacto das mudanças climáticas. Para tentar resolver o problema, a empresa Solar Aquagrid está desenvolvendo um projeto para proteger aos 6.500 quilômetros de canais que carregam água para o estado da Califórnia, como relata o e New Web. A ideia é cobrir os tubos com painéis de energia solar. Dessa maneira, a água não irá se evaporar por conta das altas temperaturas. E os painéis funcionarão ainda como fonte de
energia renovável. Os primeiros protótipos estão sendo desenvolvidos em Central Valley, com a participação de pesquisadores da Universidade da Califórnia. Cientistas avaliam que, dessa maneira, seria possível fazer uma economia de US$ 40.000 por cada 1.600 metros de tubos. O estado da Califórnia atravessa muitas secas, e água é uma preocupação constante. Com as mudanças climáticas, estado tem se tornado cada vez mais quente e menos úmido. As secas severas dos últimos 30 anos afetaram poços, zeram com que
o governo tivesse que impor restrições para o uso de água e causaram imensos incêndios orestais. A grande maioria das chuvas e tempestades de neve caem ao norte de Sacramento durante o inverno, enquanto 80% do uso dessa água acontece na região sul da Califórnia, a maioria durante o verão. Por isso os canais se estendem ao longo do estado - é o maior sistema desse tipo no mundo. Estima-se que de 1% a 2% da água é perdida por conta da evaporação, causada pelo sol quente da Califórnia.
COTIDIANO 15
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Nova brinquedoteca Primata em ameaça encanta crianças em é registrado no Parque das cmei de Vitória ©DIVULGAÇÃO
Neblinas O sagui-da-serra-escuro está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo ©DIVULGAÇÃO/PARQUE DAS NEBLINAS
A semana está sendo repleta de novidades para a comunidade escolar do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Jacy Alves Fraga, que ca em Tabuazeiro. As 229 crianças matriculadas na unidade de ensino agora contam com uma brinquedoteca cheia de novidades, um espaço lúdico e interativo que proporcionará aos pequenos muita diversão e aprendizado, além de permitir novas possibilidades pedagógicas aos professores. A decoração da brinquedoteca tem novos mobiliários, uma pintura que representa e identi ca o prédio escolar e a comunidade em seu entorno e conta com pista de carrinhos, que foi pintada no piso do local. Além de divertir os pequenos a pista será utilizada para atividades educativas sobre o trânsito. O novo espaço já é um dos pre fe r i d o s d a g arot a d a ! A pequena Maria Emanuelly, do grupo 6, já está encantada com o l o c a l . " Ad o r e i t u d o a q u i , principalmente porque podemos
brincar de fazer compras, tem um carrinho de colocar as compras. Também aproveitei para brincar na cozinha e cozinhar doces". Já o Rafael Ribeiro, também do grupo 6, contou que gostou mais da parte da o cina, pois pôde brincar de mecânico e com os carrinhos. De acordo com a diretora da unidade de ensino, Wivianny Silva, o objetivo do novo espaço é tornar os momentos de brincadeira ainda mais prazerosos para as crianças. "O espaço surgiu da necessidade de animar os locais de brincadeira, e está em consonância com nosso projeto institucional, que se chama 'Brincadeira de criança como é bom!'. A ideia é garantir espaços onde, de forma lúdica, as interações aconteçam entre todos o s age nte s e nvolv i d o s no s processos de ensino aprendizagem", a rmou. A diretora explicou também que os espaços estão sendo revitalizados para que as crianças criem vínculo com os ambientes, inclusive os armários das salas e
das áreas especializadas. Ela destaca o armário de arte, no qual foi feita uma adesivagem de uma obra do artista Ivan Cruz, que tem sido estudado pelas turmas do matutino. A construção da brinquedoteca foi realizada por meio dos recursos para pequenos reparos, rep ass ados p ela S e cret ar ia Municipal de Educação (Seme) para os Conselhos de Escola. Além do novo espaço, foram feitos reparos e melhorias para promover mais confor to e s e g u r anç a p ar a c r i anç a s e pro ssionais. Troca de tela para mosquitos, troca de janelas de madeira por janelas de alumínio, cobertura do pátio lateral para maior segurança em dias chuvosos, troca do telhado refeitório, utilizando telhas termoacústicas e troca da caixa d'água, foram alguns dos serviços realizados, com avaliação e aprovação do Conselho de Escola e da comunidade escolar.
A escola pública especializada em ensinar moradores de rua Oferecer uma oportunidade de recomeço a quem hoje está em situação de rua no Distrito Federal é o grande objetivo da Escola Estadual Meninos e Meninas do Parque. Localizado dentro do Parque da Cidade, na Asa Sul, o colégio tem estrutura física e grade de ensino pensada especialmente para atender à realidade e necessidades das pessoas em situação de rua. A escola foi fundada em 1995, com a ajuda do Movimento Nacional Meninas e Meninos de Rua, e já recebeu, inclusive, reconhecimento do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, pelo trabalho que realiza. Apesar de ter nascido com foco
em bene ciar crianças e adolescentes em situação de rua, a escola hoje recebe alunos de todas as idades — que podem se matricular em qualquer momento do ano. Isso porque, apesar de estarem divididos em turmas, os alunos têm acesso a uma metodologia de ensino individualizado, que respeita o ritmo de aprendizagem de cada um. Além das disciplinas regulares — como Matemática, Português e Ciências — na grade curricular há o cinas comportamentais e artísticas, que ensinam, sobretudo, cuidados com o corpo e a mente. O banho e a alimentação, bem como uniforme limpo e material
escolar — doado por voluntários — também são garantidos a todos! Ao nal do curso — que conta com oito etapas de ensino, que vão desde a fase de préalfabetização até o 8º ano do ensino fundamental — os alunos recebem diploma de formados e são encaminhados a outras escolas da rede pública para cursar o ensino médio. Segundo a instituição de ensino, nesses mais de 20 anos de atuação, centenas de alunos já deixaram a escola com o certi cado de conclusão de curso em mãos e vários planos para o futuro na cabeça. Por vezes, só o que falta para alguém sair da situação de rua é uma oportunidade.
A espécie sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) foi registrada no Parque das Neblinas pelo guia de observação de aves do Parque, Ronaldo Cardoso, ao avistar um grupo com três i nd iv í du o s . A e sp é c i e foi con rmada pelo biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabiano Rodrigues de Melo. Classi cado como Em Perigo (EN), as principais ameaças ao sagui-da-serra-escuro são a perda de habitat natural e a hibridação com seus congêneres, fruto da inserção de espécies de Callithrix nativos de outras regiões — como o saguide-tufos-brancos (Callithrix jacchus), nativo da Caatinga, e o mico-estrela (Callithrix penicillata) — consequência do trá co de animais silvestres. Este tipo de cruzamento faz com q u e a e s p é c i e p e rc a s u a s características genéticas e seu fenótipo — ou seja, a “carinha” dele. O sagui-caveirinha, como também é conhecido, está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, segundo a pesquisa “Primates in peril”, publicada pelas organizações IUCN SSC Primate Specialist Group (PSG), International Primatological Society (IPS), Global Wildlife Conservation (GWC) e Bristol Zoological Society (BZS). O mesmo estudo aponta que a população da espécie está em cerca de mil indivíduos. “A descoberta de um grupo de
sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) no Parque das Neblinas reforça a importância dessa oresta conservada para a manutenção de populações dessa espécie. Os saguis-daserra-escuro são uma das espécies mais ameaçadas do Brasil e a existência de áreas como o Parque que, além de protegida, possui mata contínua, é a garantia para a proteção deste animal”, a rma
“A s p e s q u i s a s s ã o u m instrumento fundamental para conhecer, avaliar e proteger as poucas populações existentes, bem como estabelecer estratégias para o manejo e a conservação da espécie. O registro do Callithrix aurita demonstra que a espécie permanece habitando a área e reforça que o ambiente proporciona condições necessárias para o seu abrigo”,
Melo, que também é coordenador do Centro de Conservação dos Saguis-daSerra da Universidade Federal de Viços a e monitora populações de primatas no Parque.
declara Paulo Groke, diretor superintendente do Instituto Ecofuturo, organização sem ns lucrativos fundada e mantida pela Suzano e responsável pela gestão do Parque das Neblinas.
16 GERAL
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Pré-natal tem metas descumpridas em 65% dos municípios Quase dois terços dos municípios brasileiros (65%) não cumpriram a meta de pré-natal adequado no SUS, que, entre outras coisas, prevê que ao menos 60% das gestantes façam seis consultas, sendo a primeira até a 20ª semana de gravidez. Mais da metade das cidades (52%) também não atingiu a meta de testar suas gestantes para HIV e sí lis, e 63% não oferecerem atendimento odontológico para seis em cada 10 grávidas. Além disso, 93% não ofertaram teste citopatológico (Papanicolaou) para 40% das mulheres com idade de 25 a 64 anos, outra meta não alcançada. Os dados foram extraídos do Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) e se referem ao último quadrimestre de 2021 (setembro a dezembro). Ao todo são mais de 3.600 municípios que descumpriram as metas estabelecidas pelo programa Previne Brasil, do Ministério da Saúde. O alerta vem no momento em que o Brasil registra um recorde de mortes maternas, tornando praticamente impossível atingir a meta global da ONU (Organização das Nações Unidas) de reduzir a taxa de mortalidade para 30 casos por 100 mil nascidos vivos até 2030. Dados preliminares mostram que em 2021 a taxa de mortalidade no país foi de 123,4 por 100 mil nascidos vivos — estima-se que 40% destas mortes estejam
relacionadas à pandemia de covid. Segundo análise da Impulso G ov, org an i z a ç ã o s e m ns lucrativos que atua fomentando uso de dados e tecnologia na gestão pública, se as falhas persistirem, além do prejuízo na vida de pacientes, haverá um impacto no orçamento dos municípios. O Previne Brasil foi instituído em 2019, mas o seu início foi adiado de vido à pandemia. A partir de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde passou a calcular uma parte dos repasses federais aos municípios de acordo com o desempenho em sete indicadores, começando no primeiro quadrimestre pelos referentes ao pré-natal e exames de HIV e sí lis em gestantes. Segundo a Impulso, se as regras estivessem valendo em dezembro de 2021, 36% dos municípios não teriam cumprido nenhuma meta. O volume de recursos recebidos teria caído 44% (de R$ 638,9 milhões para R$ 282,1 milhões). "Esses resultados de reduções de cobertura nos cuidados de gestantes e crianças no Brasil são alarmantes e requereriam ações imediatas e intensivas por parte do governo federal", a rma a médica Lígia Giovanella, p es quisadora da Fio cr uz e especialista em atenção primária. Segundo Raphael Câmara, secretário da Atenção Primária do Ministério da Saúde, nenhum município perderá recursos com
o Previne Brasil, em relação ao que recebia em 2019. "Se você recebia X já corrigido pela in ação e você fez um péssimo trabalho, vai continua recebendo X. Agora a gente está premiando quem está performando melhor". Ele a rma que todos municípios t iveram temp o
cumprimento das metas está relacionado à di culdade de buscar informações nos diversos sistemas de s aúde. Muitos municípios desconhecem quantas grávidas estão com o prénatal em dia ou quantos hipertensos e diabéticos estão sem acompanhamento. "O que a
©ANA NASCIMENTO/MDS/PORTAL BRASIL
su ciente para se capacitar nos últimos anos e que receberam apoio do Ministério da Saúde. "Vamos encerrar o mês com 27 o cinas do Previne Brasil nos 27 estados. Quem quer trabalhar bem está trabalhando bem e será recompensado por isso. Não tem desculpa. Eles tiveram tempo até demais para se adaptarem". Ainda segundo Câmara, com as mudanças, a expectativa é que a piora dos indicadores se reverta. "Não dá para a gente continuar pagando recursos de forma plena para quem não está trabalhando bem". Para João Abreu, diretorexecutivo da Impulso, o baixo
gente mais escuta não é que eles precisam de três vezes mais médicos ou enfermeiras para c u mpr i re m a s m e t a s . E l e s precisam de informação", conta. Ele diz que muitas cidades pequenas têm que olhar cha por cha de pacientes para buscar dados para políticas. "Em geral, só cidades mais organizadas conseguem navegar pelos sistemas de informação", explica. O caso de Braúna, município no interior paulista com cerca de Alexia 5.700 habitantes, é um exemplo. Debacker Segundo a enfermeira Márcia Espinoso Oshiro, da Estratégia de Saúde da Família, a cidade já cumpria informalmente as metas do
Previne Brasil, mas o maior obstáculo estava na digitação dos dados no sistema do ministério. "Fazemos há muito tempo bu s c a at i v a d a s ge s t ant e s , acompanhamento do pré-natal e puer p ér io, inclusive com nutricionista. A gente tem muita pro du ç ã o, m a s n ã o e s t av a acertando na parte burocrática. Aparecia zerado no sistema do ministério, não era computado o trabalho", diz Oshiro. A partir das orientações da Impulso, o município atingiu as metas e algumas das suas experiências viraram modelo para outras cidades. Sobre a questão das di culdades de acesso aos sistemas de informação e de digitalização, Câmara diz que o ministério disponibilizou cerca de R$ 500 milhões para informatizar as unidades de saúde. "No nal, sabe quanto foi gasto? Menos de 10%. Por quê? Ou o gestor não quis ou não soube fazer a compra. Claro, fora locais muito especí cos, nos rincões, no meio da oresta, onde não há nem cabeamento de internet". Já para João Abreu o Previne Brasil criou incentivos para a melhoria dos indicadores da ate nç ã o pr i már i a , o qu e é positivo, mas não comunicou de forma efetiva nem criou mecanismos para tirar a política do papel. O instituto criou uma plataforma gratuita para
centralizar dados e análises sobre o Previne Brasil e apresentá-los de maneira simples aos municípios. A iniciativa foi nanciada pela Fundação Behring, Instituto Opy de Saúde, Instituto Dynamo, Sano e Novo Nordisk e teve apoio institucional da Frente Na c i o n a l d e P r e f e i t o s . As organizações Umane, Artemísia e Instituto Votorantim também apoiaram a fase inicial do projeto. Segundo as regras do Previne Brasil, são utilizados três critérios para determinar quanto dinheiro será enviado aos municípios, entre os quais o cumprimento de metas em sete indicadores. A cada quadrimestre o ministério avalia o desempenho e calcula uma nota de zero a dez para a cidade. Se ela não atinge as metas, a nota cai e ela passa a receber repasse proporcional nos meses seguintes até a próxima avaliação. Se melhorar, receberá mais. A mu d anç a d o mo d el o é criticada por especialistas de atenção primária. Para Giovanella, o fato de as t r ans fe rê nc i as d e re c u rs o s estarem atreladas ao número de pessoas cadastradas nas equipes de atenção primária, não mais no número de residentes do município, romp e com o princípio de universalidade do SUS, porque quem não estiver cadastrado não terá acesso aos serviços.
Escaneamento ocular Avião especial da Nasa inicia pode identicar risco missão na América do Sul de ataque cardíaco com precisão de 70% a 80% Cientistas da Universidade de com 70% a 80% de precisão se o L e e d s , n a I n g l a t e r r a , paciente examinado corria o desenvolveram um sistema capaz r is co de s of rer um at aque de detectar problemas cardíacos cardíaco no próximo ano, e pode futuros através de um exame servir como uma importante simples escaneando o olho ©GETTY IMAGES do paciente. Utilizando tecnologias de inteligência arti cial, a novidade se baseia na descoberta de que alterações em pequenos vasos sanguíneos presentes na retina podem ser indícios d e d o e nç a s v a s c u l are s graves, incluindo problemas no coração e mesmo infartos antes deles a c ont e c e re m : s e g u n d o comunicado, o sistema se ferramenta para a prevenção dos v a l e d e u m c o n j u n t o d e problemas no coração e, assim, algoritmos conhecido como efetivamente salvar vidas: as “ D e e p L e a r n i n g ” o u doenças cardiovasculares são a Aprendizagem Profunda, em pr i nc ip a l c aus a d e mor te s tradução livre, capaz de processar prematuras em todo o mundo. um alto nível de dados em “Essa técnica abre a possibilidade camadas diversas, permitindo de revolucionarmos a triagem aos computadores reconhecerem das doenças cardíacas. Exames de padrões complexos com precisão retina são baratos e utilizado e realizar previsões. rot i n e i r am e nt e e m mu it a s A pesquisa publicada na revista práticas oalmológicas, e o c i e nt í c a Natu re Ma c h i n e resultado dessa triagem é que Intelligence foi capaz de detectar pacientes com alto risco de
adoecerem poderão ser encaminhados para especialistas”, a rmou o professor Alex Frangi, especialista em Medicina Computacional da Universidade e um dos autores do estudo. Frangi também lembrou que os exames podem ser usados para “rastrear os primeiros sinais de doenças cardíacas”: a ideia é que, a longo prazo, um sistema de computador possa analisar escaneamentos oculares comuns para identi car o risco de infarto em pacientes. O sistema de inteligência arti cial d e s e nvolv i d o foi c ap a z d e determinar detalhes como o tamanho e a e cácia do bombeamento do ventrículo esquerdo, ligados ao risco de do enças do coração, que atualmente só podem ser avaliados com exames caros e complexos como um ecocardiograma ou uma re s s on â n c i a m a g n é t i c a d o coração.
O Boeing 747SP especialmente modi cado da Nasa está na América do Sul pela primeira vez para obser var objetos celestes que só podem ser vistos das latitudes do Hemisfério Sul. De acordo com a Folha de São Paulo, a aeronave aterrissou no Chile no dia 18 de março e iniciou o primeiro dos oito voos que fará na região na noite do último domingo (20). Dentro da fus elagem do B o e i n g 7 4 7 S P, e s t á o Observatório Estratosférico p a r a A s t r o n o m i a Infravermelha, conhecido como So a, que observará principalmente as Grandes e Pequenas Nuvens de Magalhães. A m b a s e s t ã o gravitacionalmente ligadas à Via Láctea e eventualmente se
fundirão com nossa galáxia em vários bilhões de anos, relata a mídia. Para que esses e outros objetos sejam captados, a aeronave fará trajetórias diferentes em cada voo, especi camente planejadas para permitir que o telescópio seja apontado para os pontos de interesse dos pesquisadores. "A colaboração cientí ca, particularmente em astronomia, tem sido a pedra angular da relação EUA-Chile, que remonta ao estabelecimento do Observatório de Cerro Santa Lucia, em Santiago, há mais de 170 anos. A implantação do So a da Nasa no Chile é o próximo marco empolgante nesse relacionamento, aproximando-nos mais do que nunca das estrelas", a rmou
Richard Glenn, encarregado de relações da Embaixada dos EUA no Chile citado pela mídia. Além das observações da Grande e Pequenas Nuvens de Magalhães, o So a observará remanescentes de supernovas para investigar como podem ter contribuído para a abundância d e p o e i r a no Un ive rs o primitivo. Segundo a mídia, o projeto é uma parceria entre a Nasa e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão). O avião foi fornecido pelos norteamericanos e ca baseado na Califórnia. Os alemães cederam o telescópio e são responsáveis pela manutenção do avião e dos sistemas especiais instalados.