Jornal Fatos & Notícias 474

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ANO XII - Nº 474 26 A 31 DE MAIO/2022 SERRA/ES

Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Distribuição Gratuita

©FOTOMONTAGEM AGÊNCIA BRASIL/USP/JORNAL DA USP

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Veja como preparar uma

sopa cremosa de mandioca com músculo para o pré-inverno Pág. 8

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Muito se questiona sobre a conduta dos ministros do STF. Temos a pior composição da Corte da história? Pág. 12

ANA MARIA IENCARELLI 8 Imaginar que obrigar uma Criança a conviver com quem lhe maltrata fará com que ela passe a amar essa pessoa, é uma insensatez completa Pág. 10

ADRIANA VASCONCELLOS PEREIRA

8 Perturbar o sossego alheio

é contravenção penal. Crime é passível de até três meses de prisão Pág. 14

GRACIMERE GAVIORNO

8Um papo sobre a equidade de

Brasil gasta quase quatro vezes mais com sistema prisional em comparação com educação básica

gênero. Sempre foi um grande desa o para as mulheres estarem nos espaços públicos ou privados Pág. 16

Enxaqueca requer tratamento médico, alerta neurologista

Pág. 9

Fatos que você não conhece sobre as cantigas de roda Pág. 3

Cada preso custa, em média, R$ 1,8 mil por mês aos cofres públicos, Serviço de coleta de lixo eletrônico em enquanto um aluno da educação básica custa R$ 470,00 Pág. 4

Fóssil de crocodilo achado no Peru permite rastrear evolução da espécie ©PIXABAY/CCO/DOMÍNIO PÚBICO

casa é lançado no Brasil

Quase 50% de todas as Professora espécies de aves do mundo ensina português graça a apresentam declínio em devenezuelanos suas Tempo frio e seco pode populações causar Pág. 15

Pág. 4

©RON KNIGHT/SEAFORD/EAST SUSSEX/UNITED KINGDOM/CC BY 2.0/WIKIMEDIA COMMONS

A descoberta é dissecada em artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B Pág. 7

alergias e dores Acesse o nosso portal: www.jornalfatosenoticias.com.br

Segundo estudo, mais de cinco mil espécies estão em risco de extinção Pág. 2

Pág. 8


2 MEIO AMBIENTE

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Quase 50% de todas as espécies de aves do mundo apresentam declínio em suas populações ©RON KNIGHT/SEAFORD/EAST SUSSEX/UNITED KINGDOM/CC BY 2.0/WIKIMEDIA COMMONS

São aproximadamente 11 mil espécies de aves descritas pela ciência. Os pássaros são certamente uma das áreas da fauna mais estudadas e documentadas, o que permite uma análise mais precisa sobre o impacto do ser humano, o período chamado como Antropoceno, sobre a distribuição e status de conservação no espaço e no tempo desses animais. E infelizmente, um novo levantamento traz à tona números muito alarmantes. Segundo o State of the World's Birds, 48% de todas as espécies de aves do planeta apresentam declínio de suas populações, ou

seja, mais de cinco mil espécies estão em risco de extinção. O monitoramento indica ainda que 39% delas parecem estáveis e apenas 6% mostram indicativos positivos, com aumento de seus números.

“A g o r a e s t a m o s testemunhando os primeiros sinais de uma nova onda de extinções de espécies de aves ao longo de todos os continentes. A diversidade aviária atinge o pico global nos trópicos e é lá que

também encontramos o maior número de espécies ameaçadas”, diz o autor principal do estudo, Alexander Lees, professor sênior da Manchester Metropolitan University no Reino Unido e também pesquisador associado do Cornell Lab of Ornithology. Além dos trópicos, os cientistas ressaltam que pássaros de regiões montanhosas e de áreas do Ártico têm sido os mais afetados. A análise feita pelo estudo evidencia que a maioria dos hotspots para espécies de aves ameaçadas está nos Andes, sudeste do Brasil, leste do Himalaia, leste de Madagascar e ilhas do sudeste asiático. Assim como para outras espécies de

animais enfrentando ameaça de extinção, no caso das aves os principais responsáveis pela diminuição em seus números são a degradação de habitats, mas as mudanças climáticas também são citadas. Para os autores do artigo, as estimativas baseadas nas tendências atuais preveem uma taxa de extinção global seis vezes maior do que aquela a total registrada desde 1500. “Como as aves são indicadores altamente visíveis e sensíveis da saúde ambiental, sabemos que sua perda sinaliza uma perda muito maior de bio diversidade e ameaças à saúde e bem-estar humanos”, lamenta o biólogo Ken

Rosenberg do Cornell Lab of Ornithology. Os especialistas a rmam que a única maneira de conter o atual cenário é limitar a extração madeireira, controlar incêndios orestais e áreas de agropecuária e recuperar habitats. “Felizmente, a rede global de organizações de conser vação de aves que participam deste estudo tem as ferramentas para evitar mais perdas de espécies. Da proteção da terra às políticas de apoio ao uso sustentável de recursos, tudo depende da vontade dos governos e da sociedade de viver lado a lado com a natureza em nosso planeta compartilhado”, completa Rosenberg.

Espécie de Zazu, de 'Rei Agrotóxico usado no Leão', corre risco de entrar Brasil ameaça espécies em extinção nativas de abelhas Mudanças climáticas no deserto do Kalahari oferecem risco para espécies ©PIXABAY ©DIVULGAÇÃO/DISNEY/NEL BOTHA NZ/PIXABAY

As mudanças climáticas, de forma geral, impactam grandemente na vida de diversas espécies de animais e p l a nt a s . E s s e s pro b l e m a s ambientais, associados à ação humana no meio ambiente, trazem di culdades para, por exemplo, a reprodução da fauna local, o que pode acarretar na extinção de diversas espécies. Entre as espécies afetadas pelas mudanças climáticas, se encontra o calau-de-bicoamarelo, ave que inspirou a criação do personagem Zazu, de 'O Rei Leão' (1994). A espécie pode ser encontrada principalmente nas savanas africanas. Em estudo publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution, espécimes de calaude-bico-amarelo tiveram seu comportamento analisado de 2008 a 2019, no deserto do Kalahari, no sul da África, como

reportou a revista Galileu. A reprodução se inicia no período de chuvas, e durante a procriação, a fêmea se fecha no ninho, onde ca por cerca de 50 dias, para chocar e cuidar dos lhotes. Até que esse período se passe, o macho é responsável por levar alimento à fêmea e aos lhotes, por uma única fenda no ninho. Este tipo de ninho tem como objetivo garantir a proteção dos predadores, porém faz com que as aves tenham maior dependência de disponibilidade

de recursos, como alimento, na região. Logo, com os aumentos de temperatura registrados na região, notou-se que a taxa de sucesso de reprodução caía conforme a temperatura aumentava. Não foram r e g i s t r a d a s t e nt at i v a s d e acasalamento bem-sucedidas acima dos 35,7ºC. Nicholas Pattinson, primeiro autor do estudo e ecologista na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, explica que "grande parte da percepção pública dos efeitos da crise climática está relacionada a cenários calculados para 2050 e além, no entanto, os efeitos da alteração do tempo são atuais e p o dem s e manifest ar não apenas durante a nossa vida, mas até em uma única década". Segundo o pesquisador, até 2027 o calau-de-bico-amarelo não conseguirá mais se repro duzir no des er to do Kalahari.

Um d o s a g rot óx i c o s m ai s comuns no Brasil, o neonicotinoide imidacloprido, pode estar colocando em risco as abelhas nativas, sugere estudo publicado recentemente na revista Environmental Research. Porém, por não contar com um protocolo de avaliação de risco especí co para essas espécies, os cientistas brasileiros desconhecem as reais dimensões do problema. O alerta vem de resultados preliminares de estudos que estão sendo conduzidos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com o objetivo de entender qual é a sensibilidade especí ca das abelhas nativas sociais (Melipona scutellaris e Scaptotrigona postica) e solitárias (Tetrapedia diversipes e C entris analis) a esses compostos. A investigação conta com apoio da Fapesp por meio de dois projetos (17/21097-3 e 19/27863-5). Nos testes realizados em laboratório, as abelhas são expostas ao agrotóxico, usado em culturas de algodão, batata, cana-de-açúcar, feijão e tomate, e nt r e o u t r a s . D i l u í d o e m concentração relevante a m b i e nt a l m e nt e , o u s e j a , semelhante à que seria encontrada na natureza, o químico é aplicado por via oral

(simulando a coleta de recursos alimentares como pólen, néctar, óleos orais e resinas) e por contato (como acontece em nuvens de pulverização durante a aplicação do produto nas lavouras). Em seguida, são avaliados fatores como o comportamento dos insetos (por exemplo, a capacidade de realizar caminhos habituais, resposta à luz e nível de desorientação), marcadores celulares e mortalidade. No caso das abelhas solitárias, dizem os autores, os estudos são ainda mais incipientes e incluem o desa o extra da falta de conhecimento sobre a biologia do animal. “Ainda sabemos pouco sobre seu ciclo de vida e seus hábitos e, por isso, é necessário primeiro criar as espécies em laboratório para depois propor um protocolo adequado”, explica Osmar Malaspina, professor do Instituto de Biociências da

Unesp em Rio Claro. Resultados preliminares dos estudos com abelhas solitárias vêm indicando que elas podem ser afetadas por agrotóxicos m e s m o e m b a i x a s concentrações. “Já podemos observar efeitos preocupantes de envenenamento, como tremores e incapacidade de voo”, conta Rafaela Tadei, doutoranda em ciências biológicas na Unesp sob a orientação de Malaspina e coautora do artigo. “Se a abelha estivesse na natureza e não no laboratório, seria predada e morreria”. Avaliações feitas no corpo g ordu ro s o d e s s a s a b e l h a s solitárias, parte responsável pela desintoxicação e que também serve como reserva de nutrientes, indicam que essa estrutura está sendo afetada, o que pode comprometer funções siológicas.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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CULTURA 3

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A curiosa origem Fatos que você não conhece sobre as do ditado "quem cantigas de roda cala consente" 'Quem cala consente' é usada quando algué m opta pelo silê ncio, e surgiu em uma situaçã o insó lita

©REPRODUÇÃO MEGA CURIOSO

©FREEPIK

FOTO: REPRODUÇÃO

A

quele que não se manifesta contra uma atitude concorda com ela. Desde o século 13, esse é o significado da máxima popular “quem cala consente”. Presente em várias línguas, como o inglês (silence gives consent) e o espanhol (quien calla otorga), a expressão foi cunhada por Bonifácio VIII, papa entre 1294 e 1303, em uma de suas decretais. As decretais eram as cartas oficiais dos papas medievais em resposta a consultas populares sobre questões jurídicas e morais. “O que o líder do clero decidia acabava virando lei”, afirma Ricardo da Costa, historiador e profess or d a Universid ade Federal do Espírito Santo e da Universidade de Alicante, na Espanha. “Essa era uma das formas de o direito canônico

combater as leis orais, baseadas em tradições e superstições”, explica ele. Por causa de suas bulas e decretais, Bonifácio VIII foi sequestrado na Itália e morto a mando de Filipe IV, o Belo. O rei da França não concordava com as ideias de Bonifácio, que isentou a Igreja de impostos e declarou o poder dos papas superior ao dos reis. Bonifácio VIII, aliás, ficou conhecido como o papa ateu que queria dominar o mundo. Além de declarar o poder absoluto do pontífice sobre todos os outros governantes, Bonifácio, com seu exército, saqueou e queimou a cidade italiana de Palestrina em 1298, matando seis mil pessoas. Foi deposto militarmente pelos franceses. E curiosamente, para quem queria o papa Bonifácio

VIII como imperador do mundo, parece que ele não acreditava em Deus. Segundo o historiador britânico John McCabe, ele teria afirmado diante de bispos, arcebispos e o rei: “Nunca existiu Jesus, e a hóstia é só água e farinha. Maria não era mais virgem que minha própria mãe, e não existe mais problema em adultério que em esfregar uma mão na outra”. Após sua morte na prisão, foi sucedido por Bento IX. E logo, logo, em 1305, assumia um novo papa, Clemente V, que transferiu a sede do papado de Roma para a cidade provençal de Avignon. Com a queda de Bonifácio VIII, a Igreja teve de se calar e consentir a retomada de poder da monarquia.

(AVENTURAS NA HISTÓRIA)

Lançada a Bolsa Funarte de Pesquisa para Reconhecimento do Circo como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil

É imp ossível at ravess ar a infância sem nunca ter cantado uma cantiga de roda. As cantigas s ã o el e me nto s d a c u ltu r a popular brasileira, e têm como característica o fato de serem bem ritmadas, com letras fáceis, onomatopeias e repetição de p a l av ras (o que faci lit a a memorização das crianças). Além disso, elas normalmente são cantadas em grupo, em posição de roda, enquanto dançam. Estas canções são c o n s i d e r a d a s p at r i m ô n i o cultural do país. Sua autoria é desconhecida, mas sabemos que, provavelmente, foram criadas coletivamente - ou seja, alguém em algum lugar começou a cantar uma música; out ras p ess o as ouviram e acrescentaram um verso; outras colocaram uma estrofe, e assim por diante. As cantigas de ro da são importantes durante a infância por várias razões. Uma delas é que estas músicas estimulam o raciocínio, a musicalidade e a memorização nas crianças. E como são cantadas em grupo (a roda se refere à atividade dos pequenos que estão unidos em c í rc u l o ) , e l a s i n c e nt i v a m também que haja o compartilhamento e a convivência. Con ra alguns fatos interessantes sobre estas cantigas. 1. Elas tendem a envolver as crianças pelas histórias Músicas como "Atirei o pau no

gato", "A barata diz que tem" e "Sapo cururu" são focadas em animais, tema que costuma interessar os pequenos. Isto não é por acaso: a aproximação a assu nto s d o u n ive rs o d as crianças faz com que elas quem bastante engajadas com a letra, e não apenas com o ritmo da música. Esta é uma das razões pelas quais elas não costumam esquecer das cantigas. 2. Boa parte destas canções veio da Europa A maior parte das cantigas de rodas que conhecemos vieram por meio de imigrantes espanhóis e portugueses, com a colonização. Com o tempo, claro, elas foram s endo modi cadas e adaptadas para o português do Brasil. Não sabemos exatamente quando as primeiras cantigas infantis foram criadas, mas temos algumas pistas. O primeiro livro que juntou cantigas de roda se chamava Tommy umb's Song Book e foi publicado por Mary Cooper em 1744, na Inglaterra. Acredita-se que estas cirandas foram feitas para ajudar as crianças a dormir. 3. Elas normalmente têm uma fórmula O músico e psicólogo Hamilton Catette observa que as cantigas de roda costumam repetir uma fórmula: a repetição de palavras, o uso de onomatopeias e uma pitada de tragédia. Ou seja, sempre há

algum acontecimento minimamente trágico — como o Cravo que brigou com a Rosa ou o Pai Francisco que foi para a prisão. Isto não é por acaso. Deste modo, as músicas estimulam vários aspectos cognitivos das c r i a n ç a s , c o m o o desenvolvimento emocional, a fala e a percepção do mundo. 4. Algumas referem-se a momentos condenáveis da história Já cantou os versos "Samba Lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada, Samba Lelê precisava é de uma boa palmada"? Pois saiba que ela se refere um escravo que, por desobedecer ao seu senhor, merece apanhar. Obviamente que as crianças e os educadores que repetem a música não estão louvando o horror da escravidão, mas inconscientemente acabam perpetuando essas histórias. 5. Elas ensinam as crianças a lidar com o sofrimento Ha m i lt on C at e t t e a i n d a destaca outro fator fundamental nestas canções antigas: elas auxiliam as crianças no aprendizado sobre o sofrimento, trazendo consciência sobre a dor e segurança em relação a ela. O p s i c ól o go i n for m a qu e músicas como "Atirei o pau no gato" ou "Samba Lelê" fazem com o que os pequenos comecem "a aprender como lidar com o sofrimento. Por isso essas canções perduram tanto, assim como os contos de fadas". LUCIANO DANIEL

Foto Antiga do ES ©EMANUEL NUNES/FOTOS ANTIGAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO/FACEBOOK

As inscrições, gratuitas, estão abertas de 16 de maio a 29 de junho ©RENATO MANGOLIN

A Fundação Nacional de Artes — Funarte — lançou no último dia 13 de maio deste ano, o Edital Bolsa Funarte de Pesquisa para Reconhecimento do Circo como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. As inscrições, gratuitas, estão abertas de 16 de maio a 29 de junho deste ano. Por me i o d o c onc u rs o, a instituição objetiva selecionar dez projetos de pesquisa de campo, “baseada nas famílias circenses, s u a s i n i c i at i v a s , a ç õ e s o u atividades de natureza artística e cultural, troca de saberes entre gerações, produção nas localidades, de caráter xo ou itinerante, em âmbito nacional, que visem à produção de conhecimento no campo das formas de expressão, os modos de

criar, fazer e viver, as criações artísticas, o impacto nas localidades e regiões, as obras, objetos, documentos, edi cações e demais espaços destinados às manifestações circenses”. S erão contemplados dez projetos em todo o território nacional, dois para cada uma das cinco regiões. Cada proposta contemplada receberá R$ 20 mil. Com a iniciativa, a Fundação tem como objetivo contribuir para

ident i c ar, va lor izar e d ar visibilidade à produção artísticocultural do circo, além de ampliar a sua produção, d i f u s ã o e s u s te nt abi l i d a d e econômica e social. As inscrições serão realizadas exclusivamente pela internet, mediante o preenchimento e envio de formulário on-line, e estarão abertas a partir das 9h01 do dia 16/05/2022 até as 17h59 do dia 29/06/2022.

Década de 80 — Reta do Aeroporto — atual Rod. das Paneleiras, em Carapina, Serra


4 EDUCAÇÃO

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MEC lança plano de recuperação de aprendizagem da educação básica ©REPRODUÇÃO/MEC

O Diário O cial da União de terça-feira (24) publicou o Decreto 11.079/22 que cria a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica. A estratégia tem como objetivo implementar pro g r amas e a ç õ e s p ar a a recuperação das aprendizagens e o enfrentamento da evasão e do abandono escolar na educação básica. O projeto foi desenvolvido a partir da escuta ativa realizada nos Encontros de Coordenação Regional, dos estudos e experiências internacionais e nacionais. O decreto foi publicado no mesmo dia em que o ministro da E d u c a ç ã o, Vi c t o r G o d o y, apresentou, em Londres, o plano em um painel no Fórum Mundial da Educação a autoridades da área de vários países. “O decreto traz esperanças para a recuperação daquelas crianças que sofreram tanto com os impactos da pandemia pelas de ciências do nosso sistema e duc aciona l. E ss a p olít ic a consolida o trabalho de mais de dois anos de esforço concentrado das nossas equipes e de uma série de ações especí cas concretas para a recup eração dessas aprendizagens. Esse trabalho será feito em conjunto com estados e municípios e abrangerá toda a educação básica brasileira”, destacou o ministro. A lista de metas da política é

Cada preso custa, em média, R$ 1,8 mil por mês aos cofres públicos, enquanto um aluno da educação básica custa R$ 470,00 ©FOTOMONTAGEM: AGÊNCIA BRASIL/USP/JORNAL DA USP

extensa. Entre as principais, guram elevar a frequência escolar e reduzir índices de evasão e de abandono escolar; desenvolver estratégias de ensino e aprendizagem para o avanço do desempenho e da promoção escolar; diminuir a distorção idade-série por meio do monitoramento da trajetória escolar; promover a coordenação de ações para o enfrentamento do abandono escolar e recuperação das aprendizagens; e aumentar a resiliência dos sistemas de ensino por meio da implementação de ações e programas de ampliação da capacidade técnica e da infraestrutura das redes para responder a situações de crise. Ta m b é m e s t ã o e n t r e o s objetivos principais contribuir para a consecução das metas e das estratégias estabelecidas no Plano Nacional de Educação e nos planos de educação estaduais, municipais e distrital; e fortalecer a formação dos

pro ssionais do magistério no que diz respeito ao diagnóstico de lacunas nos processos de ensino e aprendizagem. A partir da aplicação do plano, o MEC pretende promover intervenções e cazes e temp est ivas no âmbito d a atenção individualizada aos discentes [alunos], além de incentivar a formação para o uso p e d a g ó g i c o d e c o nt e ú d o s digitais. As novas tecnologias também estão entre as preocupações do plano. Nesse sentido, a ideia é instituir o Ecossistema de Inovação e Soluções Educacionais Digitais, sob gestão do Ministério da Educação, como plataforma para captação, divulgação e disseminação de soluções tecnológicas voltadas à recuperação das aprendizagens e ao enfrentamento da evasão e do abandono escolar na educação básica, além da potencialização de novas formas e experiências de ensino.

Professora ensina português de graça a venezuelanos ©FELIPE RAU/ESTADÃO

Q u e m nu n c a ou v iu qu e a educação é capaz de mudar o mundo? No Brasil, a frase mais parece chavão, clichê, especialmente em ano eleitoral, quando as promessas de priorizar o ensino passam a fazer parte dos discursos políticos. Mas não para a professora pública Rosângela Moura, que resolveu colocar a máxima em prática ensinando português de graça a imigrantes venezuelanos.

Brasil gasta quase quatro vezes mais com sistema prisional em comparação com educação básica

Isso em plena pandemia, sem estrutura e de forma on-line. O projeto Esperança Venezuela surgiu bem antes da chegada do novo coronavírus ao Brasil. Coordenadora do Centro de Ensino de Línguas (CEL) de Osasco, do governo do Estado, Rosângela, que é formada em Letras pela USP, passou a debater a crise venezuelana de 2018 com os alunos durante as aulas de espanhol. Já naquele ano, eles

resolveram arrecadar donativos aos refugiados que chegavam a São Paulo. "Os próprios alunos começaram a pensar em como ajudar, apesar de eles próprios serem de famílias carentes. Eu levei o que conseguimos juntar em roupas, bilhetes de metrô e a l i me nto s p ar a a C as a d o Migrante da Missão Paz, em São Paulo, e lá percebi que eles precisavam de muito mais", contou. Depois de alguns anos, em plena pandemia, a professora decidiu ajudar com o que mais sabe fazer: ensinar. "Para quem muda de País o idioma faz toda a diferença. Sem conseguir pronunciar o português ca difícil procurar emprego ou entender como se tirar documentos, por exemplo. É difícil para eles palavras com acento circun exo, como avô, e também com “lh", disse. Determinada, Rosângela montou um currículo e foi atrás

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) coletados em 2022 apontam que um preso custa, em média, R$ 1,8 mil mensais aos cofres brasileiros. Já um aluno da educação básica — segundo infor maçõ es do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro ssionais da Educação (Fundeb) — recebe um investimento mínimo médio anual de R$ 5,6 mil — cerca de R$ 470,00 por mês, valor quatro vezes menor. A atualização mensal do custo do preso no Brasil é recente, e surgiu após um estudo na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP ident i c ar a fa lt a de transparência em relação a informações relacionadas aos presídios brasileiros. Na época, o grupo de pesquisadores, liderados pelo professor Cláudio do Prado Amaral, já buscava de nir o valor gasto com cada encarcerado, entretanto, de todos os Estados brasileiros consultados durante a pesquisa, apenas três responderam às solicitações, e nenhum deles informou se os números seguiam os parâmetros do Ministério da Justiça. Segundo José Rubens Plates, que utilizou a pesquisa, o acesso aos gastos da administração carcerária está previsto na R e s o lu ç ã o 6 d o C ons e l h o Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e era sonegado ao cidadão brasileiro. “O problema foi solucionado

após a conclusão da primeira parte da pesquisa, cujos resultados da falta de transparência foram encaminhados diretamente ao Ministério da Justiça”. De acordo com o professor Amaral, o comparativo dos valores destinados à educação e ao sistema carcerário chama a atenção, mas se torna ainda mais relevante quando associado ao caráter dessocializador do sistema prisional. Pesquisas nacionais e internacionais apontam que, em 90% dos casos, uma pessoa encarcerada sai do sistema prisional com di culdades em exercer atividades cotidianas, classi cadas, pelo professor, como socialização negativa. Frente a essa realidade, o procurador defende que “a sociedade brasileira precisa mudar a ótica com que olha as cadeias”, deixando de lado o despre zo e adot ando uma postura de análise social dos presídios brasileiros. Essa prática, segundo Plates, viabiliza discussões e propostas que contribuem para uma melhora do sistema prisional como um

todo e, consequentemente, uma melhor utilização dos recursos públicos da sociedade. Cláudio explica que o acesso aos dados do sistema penitenciário é essencial para garantir a participação da sociedade na construção de políticas públicas. A população só pode questionar e cobrar mudanças do poder público se tiver acesso aos valores gastos com cada encarcerado, direito fundamental de todo cidadão, diz. Para o professor, “as pesquisas desenvolvidas no ambiente universit ár io e acadêmico possuem potencial de impacto social positivo”. A partir delas, políticas públicas podem ser planejadas e estr uturadas, evidenciando a importância e o papel daquilo que é produzido na Universidade. A pesquisa é do Grupo de Estudos Carcerários Aplicados da USP (Gecap), responsável por desenvolver trabalhos que possam contribuir na melhoria do sistema prisional e da justiça criminal brasileira.

dos alunos por meio de uma página no Facebook. "Entrei nos grupos (de refugiados) e alertei sobre o curso que seria dado pelo Google Meet. Pensei que iria aparecer uns 30 e pronto. Mas vieram 100, 200, 500. De repente, numa única noite, tinham 600 interessados. Fiquei surpresa e preocupada porque não sabia como iria dar aulas para tanta gente", lembrou. A solução foi buscar ajuda e ali mesmo, no CEL. Eva Cristina Esteves e Daniela Cavalcanti, também professoras estaduais, aceitaram o convite e o trio então se dividiu para atender inicialmente quatro turmas, de

cem alunos cada — quantidade máxima permitida pelo sistema on-line. "E foi aí que descobrimos as outras tantas di culdades. Tinha gente com problema de conexão para assistir às aulas, outros com urgência em aprender determinado vocabulário para trabalhar ou ainda em busca de ajuda para traduzir um currículo. Cheguei a ensinar re c e it a d e b ol o p ar a u m a venezuelana com entrevista marcada em uma doceria". O curso foi montado com 15 aulas de uma hora e vinte minutos cada. O foco foi ensinar em grupo o básico de gramática e,

especialmente, de pronúncia. D úv id as indiv idu ais eram atendidas pelo WhatsApp. “Não pudemos avançar muito porque nos faltava recursos e mais gente para assumir esse compromisso”. Ainda assim, Rosângela conseguiu abrir outras três turmas, alcançado 650 alunos no total. "Ao nal do curso, o que nós percebemos é que, com ajuda, eles melhoraram muito rápido a pronúncia e passaram a se sentir mais seguros para conversar e procurar emprego. Já a gente aprendeu muito também, como se colocar no lugar o outro. A educação faz isso".


INOVAÇÃO 5

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Estudantes de Itajubá UFRJ inaugura projeto desenvolvem prótese de geração simultânea biônica em 3D de baixo de eletricidade e água custo Sistema pode transformar água do mar em água potável

©FERNANDA RODRIGUES/G1

A presença de uma universidade em Itajubá (MG) mostrou a força d e e s t u d a n t e s n o desenvolvimento de projetos que melhoram a qualidade de vida das pessoas. Mais do que um ambiente acadêmico, o campus trouxe tecnologias que podem, em um futuro próximo, impactar diretamente a rotina de quem vive por lá. Um dos exemplos mais fortes é a montagem de uma prótese biônica em impressora 3D, que teve início em 2018. Longe de materiais caros e tecnologia inacessível para a população em geral, a prótese desenvolvida por um grupo de alunos da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) parte de princípios básicos. Tudo de baixo custo, impresso em 3D, com acabamentos simples. Na prática, a prótese biônica

capta sinais elétricos de nervos d o p a c i e nt e , q u e l e v a m à movimentação do membro. A ideia surgiu após uma visita do grupo Ex-Machina, de estudantes de vários cursos da Unifei, a uma fábrica de próteses em São José dos Campos (SP). “Era aquilo que a gente queria fazer no nosso projeto. A gente começou a pesquisar a parte de biome dicina, pra ter mais conhecimento de como é a relação do homem e da máquina, e conseguir desenvolver a nossa prótese”, explica a diretora geral do g r up o, Tamires G omes Targino. Ter a possibilidade de aplicar os estudos em produtos para a comunidade foi o gatilho inicial para o grupo. “Existem diversos projetos aqui dentro da universidade e o nosso é um dos

©TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

que se difere principalmente pelo fato de ter o maior contato com a sociedade”, analisa Tamires. “A gente já teve oportunidade de conversar com pessoas que não têm um dos membros e ver qual di culdade encontraram no dia a dia. E a gente percebe que algo simples pra gente, para eles não é tão simples. Poder voltar essa funcionalidade, deixá-los com um dia a dia mais prático, é muito grati cante”. Com o baixo custo, a principal meta vai além de facilitar a vida de quem não tem um dos membros – a ideia é encontrar parcerias e arrecadar fundos para disponibilizar as próteses de forma gratuita a quem precisa. Segundo levantamentos do grupo, a tecnologia avançada de próteses no mercado coloca o produto com preços que chegam a R$ 130 mil. Us a r a t e c n o l o g i a p a r a melhorar a vida das pessoas com de ciênci a tem um ter mo chamado tecnologia assistiva. Ainda pouco debatida no Brasil, foi vista como nicho de trabalho para os membros do ExMachina. “É trazer isso para d e nt r o d a u n i v e r s i d a d e e conseguir desenvolver atividades com um projeto voltado pra isso”.

AJUFE

Indústria brasileira Eletra planeja fabricar ônibus elétricos e híbridos ©ELETRA/DIVULGAÇÃO

A montadora brasileira Eletra Industrial está em uma nova instalação em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, onde irá produzir 1.800 ônibus elétricos e híbridos por ano. Com início dos trabalhos já programados para o segundo semestre de 2022, serão 150 ve í c u l o s d a m arc a s ai n d o mensalmente. Dentre seus objetivos, a Eletra p r e t e n d e s e r “a p r i n c i p a l indústria nacional de veículos elétricos pesados” por aqui. Recentemente, a empresa esteve na parceria que lançou um carroforte elétrico com a empresa de segurança privada Protege e a MIB Blindados. Atuando há mais de 20 anos, suas operações começaram em uma das garagens da Auto Viação ABC, empresa de transporte coletivo fundada em 1956 na cidade paulista. Ao longo do tempo, a Eletra produziu de ônibus elétricos e híbridos a trólebus (aquele ônibus elétrico que tem uma

catenária de dois cabos superiores de onde recebe a energia por duas hastes). Estes veículos da empresa trazem baterias que lhes conferem autonomia sem contato com a rede aérea. Já seus ônibus incluem o e-Bus 100% elétrico e o Dual Bus híbrido elétrico, em diferentes configurações (12 metros, 15 metros, 18 metros e 23 metros, articulados ou não). O primeiro possui sua fonte de energia em um conjunto de 14 baterias, que exigem três horas para uma recarga total e que garantem

autonomia operacional de 200 km. Por sua vez, o Dual Bus é considerado pela Eletra “um novo conceito de ônibus elétrico, desenvolvido pioneiramente no Brasil”. Há u m c o nj u nt o d e 1 9 3 baterias de lítio, ligadas em série, instaladas em quatro compartimentos sobre o teto do ônibus. Em sua versão puramente elétrica, as baterias do veículo articulado com 23 metros permitem uma tração silenciosa.

O Instituto Alber to Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pes quis a em Engen har i a ( C o p p e ) d a Un i v e r s i d a d e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inaugurou, na segunda-feira (23), uma ilha de policogeração sustentável capaz de gerar simultaneamente eletricidade, água destilada e biodiesel. Segundo a professora e c o ord e n a d or a d o proj e t o, C arolina Naveira-C otta, o sistema conjuga o uso de energia solar com a recuperação de calor. “Temos painel solar que gera eletricidade e, ao gerar eletricidade, joga fora muito calor no ambiente. Esse calor é recuperado para a destilação de água. Por isso, permite gerar eletricidade simultaneamente à água destilada. Essa água é potável, pode ser usada para consumo humano ou ter algum uso industrial”, informou, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com a professora, o projeto pioneiro no país pode ser u m i mp o r t a nt e a l i a d o d e prefeituras e comunidades remotas do semiárido n ord e s t i n o qu e n ã o e s t ã o conectadas ao Sistema Interligado Nacional, chamadas de off-grid. Ilhas, áreas em con ito ou de desastres ambientais também seriam atendidas. “Po de s er aplicado em qualquer lugar que esteja remoto ou inóspito. Então, se pode p ens ar em uma i l ha, uma pl at afor ma , u m nav i o, no

semiárido do nordeste, para ate n d e r c omu n i d a d e s qu e dependam de energia e também de água”, revelou, completando com o exemplo de uma ilha também off-grid. “Não tem cabo chegando lá [na ilha], em vez de queimar diesel no gerador, coloca um painel, gera eletricidade e transforma água do mar em águ a p ot ável”, comentou. A professora informou que no semiárido nordestino há cerca de quatro mil comunidades identi cadas com necessidade de água. Atualmente, revelou, o Programa Água Doce (PAD) do governo federal atende 900 comunidades com o sistema

ident i c ad as puderam s er atendidas. “O nosso des cent ra lizador p o de s er complementar ao PAD”. Segundo a Coppe, o protótipo é nanciado pela Petrogal Brasil via Agência Naciona l do Petróleo, Gás Natural e B i o c om b u s t í v e i s ( A N P ) e Embrapii-Coppe, e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí co e Te c n o l ó g i c o ( C N Pq ) e d a Marinha do Brasil. O projeto desenvolvido no

Reservas: (27) 99961-8422

Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br

funcionando, o restante está à espera de ter energia ou água ou os dois simultaneamente. “Certamente, no Nordeste a gente tem uma área de aplicação imediata”, observou, destacando que o PAD faz dessalinização da água, mas necessita de eletricidade e, por isso, nem todas as comunidades

Laboratório de Nano e Micro uidica e Microssistemas (LabMEMS) da UFRJ vai completar em junho dois dos três anos de nidos no contrato. O protótipo foi montado há cerca de um ano. Che ado p ela profe s s or a , c ont ou c om a participação de 15 pesquisadores.

Startup indiana transforma água de coco em tecido flexível Uma startup indiana transforma água de coco num tecido exível, durável, semelhante ao couro, mas totalmente vegano e até comestível. Para obter o tecido inovador, a água dos cocos marrons maduros é combinada com bactérias. Depois de duas semanas de cultura, é formada uma gelatina, que se torna celulose. A empresa, fundada em 2018,

trabalha com os agricultores locais e monta as unidades de processamento. Uma pequena

©MALAI

unidade pode coletar quatro mil litros de água por dia, o

su ciente para cultivar 25 quilos de celulose. O tecido está disponível em nove cores, todas também com base vegetal, como extrato de pétala de índigo ou calêndula. Segundo a startup, um produto feito com ele dura muitos anos. Mas, se for preciso descartá-lo, é só colocar na composteira, o tecido vai se decompor em até 120 dias.


6 TECNOLOGIA

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Pesquisadores desenvolvem novo sistema de energia que permite capturar energia solar e armazená-la por até 18 anos Os pesquisadores por trás de um sistema de energia que permite capturar energia solar, armazená-la por até 18 anos e liberá-la quando e onde for necessário, levaram o sistema um passo adiante ©UNIVERSIDADE DE TECNOLOGIA CHALMERS/DANIEL SPACEK/NEURONCOLLECTIVE.COM

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Tecnologia Sueca Chalmers está trabalhando no desenvolvimento de soluções para o problema de armazenamento de energia solar há cerca de 10 anos. Nesse p e r í o d o, o s p e s q u i s a d ore s conseguiram desenvolver um líquido que, quando é exposto à luz, é capaz de alterar a sua estrutura molecular, fazendo com que o mesmo permaneça nesse estado ao longo de anos. Dessa forma, é viável o armazenamento de energia a qualquer hora, por meio de reações consideradas s i mp l e s , a l g o q u e t o r n a o d e s e nv o l v i m e n t o b a s t a n t e p r o m i s s o r, s e r v i n d o p a r a abastecer uma gama de dispositivos. De acordo com os p e s qu is a d ore s , o u i d o d e armazenamento de energia

armazenar a energia solar sem precisar que seja realizada alguma alteração em sua composição. A estrutura molecular poderá ser armazenada por cerca de 18 anos, apontam as pesquisas. Já para recuperar o líquido, é necessário o uso de um catalisador. A energia solar armazenada que for liberada, sai em forma de calor, alimentando um gerador termoelétrico, gerando energia elétrica. Os pesquisadores elaboraram uma planta piloto, onde é possível conseguir em torno de 1,3 W de energia, através de 1 m³ de líquido. Para uso comercial, infelizmente, esse armazenamento de energia solar ainda não é o su ciente, porém alguns trabalhos futuros poderão ser desenvolvidos conforme a e voluç ão dos pro cess os de acumulação e transformação de

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068 Molecular Solar ermal — ou “MOST” — tem como base um tipo de combinação de carbono, nitrogênio e hidrogênio. Então, quando o líquido é iluminado por alguma fonte de energia, sua composição molecular é logo alterada, se transformando, em seguida, em um isômero. Desse modo, o líquido consegue

energia. De acordo com Emre Gencer, a autora do estudo, a parte de transição energética sustentável, tais como a energia solar e a energia eólica necessita de baterias que tenham durações d i f e r e nt e s , m a s q u e p o s s a funcionar mesmo quando não houver sol ou ventos. E para isso, a

bateria de zinco manganês é uma opção excelente, além de ser barata e de muito boa qualidade para essas fontes, podendo, dessa forma, armazenar energia por um ou mais dias. Já no sistema de uxo, os dois eletrólitos com íons negativos e íons positivos são bombeados em determinados tanques até, ao passar por uma membrana, eles p o s s a m s e e n c o n t r a r. F o i realizada uma comparação para provar que a pesquisa, de fato, é viável, onde usaram outras celular com as baterias de zinco manganês. Todas as análises foram realizadas em períodos de cerca de 8h, um dia e três dias de duração. Com intervalos de mais de um dia, a bateria superou a c ap acid ade de retenç ão de energia, quando comparado as células comuns de íons de lítio ou uxo redox de vanádio. Além disso, a bateria manteve sua e ciência e o baixo custo, mesmo que seja levado em consideração tudo o que foi gasto com o b omb e am e nt o d a p a s t a d e m ang an ê s d o t an qu e on d e armazena a energia. Os pesquisadores da Universidade Sueca seguem avançando em diversas tecnologias de armazenamento de energia. No ano passado, um novo tipo de bateria foi desenvolvida, prometendo ser inovadora para o sistema de armazenamento de energia oriunda de fontes renováveis, tais como a energia solar e a energia eólica. Uma célula de uxo semissólido usa uma mistura, no qual estão agregadas partículas dispersas de dióxido de manganês, juntamente com um aditivo chamado de “negro fumo”, que é capaz de conduzir eletricidade.

Jetson One: eVTOL quer ser um carro voador que todo mundo pode dirigir ©DIVULGAÇÃO/JETSON AERO

Jetson One é um eVTOL que promete levar o poder do voo para cada um — como no desenho sobre o futuro no qual o nome é inspirado. Seu design é inspirado em carros de corrida, mas a forma arredondada das barras de proteção não deixa de lembrar um pouco o carro bolha dos Jetsons. A sueca Jetson Aero trabalha em seu eVTOL desde 2017, até lançar o cialmente o Jetson One em outubro de 2021. Na época, o lançamento foi acompanhado de um vídeo que, hoje, já ultrapassa 15 milhões de visualizações. E r a u m v í d e o e d it a d o e cor t ado, p o dendo t razer algumas dúvidas sobre como foi gravado. Um vídeo lançado hoje mostra o veículo sem cortes, num voo a alguns metros por entre árvores. Terminando com a frase “Todo mundo é um piloto”. O Jetson One traz oito motores elétricos orientados por um soware que limita o eVTOL a uma velocidade máxima de 102 k m / h . O t e mp o d e v o o é limitado, 20 minutos por carga. Conforme traz o site da empresa, um hora em 220 V ou, duas horas em 110 V são o su ciente para um carregamento completo do One. Sua estrutura de 86 kg é

baseada em bra de carbono e alumínio, sendo suas dimensões em 2.480 mm x 1.500mm x 1.030mm. Peter Ternström, um dos fundadores da empresa, diz que não é necessária experiência para assumir a pilotagem do veículo. A pessoa (que deve pesar até 95 kg para poder voar) controla o Jetson One por meio de um joystick de três eixos acompanhado de uma alavanca para o acelerador. “Estamos con antes de que podemos colocar qualquer um no Jetson e podemos ensiná-lo a voar em cinco minutos”. Ao encomendar uma das unidades disponíveis do eVTOL, a pessoa também recebe dois dias de treinamento da Jetson Aero. Toda a produção de 2022 já está esgotada (as remessas das primeiras unidades ainda estão sendo aguardadas). As unidades disponíveis para 2023 também

estão quase acabando, restando apenas algumas vagas para reservar por US$ 22 mil o Jetson One, que custa ao todo US$ 92 mil (um pouco mais de R$ 452 mil em valores convertidos diretamente). Há uma enorme complicação, pelas regras de tráfego aéreo atual, para liberar um veículo assim em uso prático. Não é realmente Jetsons: um veículo de transporte prático e u r b an o. É m ai s c om o u m ultraleve, um veículo de lazer. Em alguns países, como nos E UA , é p o s s í v e l v o a r u m ultraleve sem licença — no caso do Brasil, eVTOLs pessoais provavelmente vão cair num território cinzento no começo, como os scooters elétricos. O mais provável é que a lei acabe entendendo como um caso de licença recreativa, de ultraleve. É mais fácil e barato de tirar que um brevê de piloto comercial.

China diz que usina hidrelétrica totalmente impressa em 3D fica pronta dentro de dois anos ©ISABEL KENDZIOR/SHUTTERSTOCK

Dentro de dois anos, uma usina hidrelétrica totalmente impressa em 3D poderá estar pronta para entrar em operação no planalto tibetano, fornecendo cinco bilhões de quilowatts-hora de energia todos os anos para a China. De acordo com o jornal South China Morning Post, pesquisadores da Universidade de Tsinghua publicaram um estudo que detalha todas as etapas de desenvolvimento do projeto, que faz uso de robótica e algoritmos de Inteligência Artificial (IA), com uso zero de mão de obra humana na construção. Quando (e se) for concluído, o ambicioso projeto, denominado represa de Yangqu, poderá chegar a 220m, se tornando a estrutura mais alta do mundo construída por meio de impressão 3D. O recorde atual é de um prédio de escritórios de dois andares em Dubai, que tem seis metros de altura. Nessa represa, segundo os

cientistas, um sistema central de IA será usado para supervisionar uma enorme linha de montagem automatizada que começa com uma frota de caminhões não tripulados usados para transportar materiais de construção entre pontos do local de trabalho. Uma vez que os materiais cheguem, escavadeiras e betoneiras não tripuladas os transformarão em uma camada da repres a. Ent ão, rolos equipados com sensores ajudarão a pressionar cada camada para que se tornem firmes e duráveis.

De acordo com o estudo, quando uma camada estiver completa, os robôs vão enviar informações sobre o estado da construção de volta ao sistema de IA. Embora a mineração do material de construção ainda tenha que ser feita manua lmente, s egundo os pesquisadores, o sistema de IA e seu exército de robôs ajudarão a eliminar erros humanos, como quando os operadores de rolo não mantêm uma linha reta ou qu ando os c amin honeiros entregam materiais no local errado.


CIÊNCIA 7

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O cão de Muge: essa é a Fóssil de crocodilo achado no Peru permite face de um cachorro de 7.500 anos rastrear evolução da espécie ©CÍCERO MORAES

©PIXABAY/CCO/DOMÍNIO PÚBICO

Pesquisadores da Universidade Peruana Cayetano Heredia, ao lado de colegas americanos e franceses, descobriram um fóssil de crocodilo pré-histórico no Peru. A descoberta é dissecada em artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B. Os crocodilos contemporâneos são predominantemente seres de água doce — só dois tipos habitam os oceanos. Para os

pesquisadores, essa característica é um complicador quando se busca compreender a evolução desses organismos a partir dos crocodilos ancestrais, que viviam principalmente no mar. Na busca de evidências dos primeiros crocodilianos na parte ocidental da América do Sul, os pesquisadores encontraram os restos parciais (crânio e mandíbula) de um crocodilo na

bacia oriental de Pisco (no deserto de Sacaco, sul do Peru), em 2020. Testes mostraram que esse crocodilo, denominado Sacacosuchus cordovai, tinha cerca de sete milhões de anos e, em vida, seu comprimento chegava a quase quatro metros. Os pesquisadores sugerem que o s c ro c o d i l o s ch e g ar am à América do Sul cruzando o Oceano Atlântico. De lá, uma parte poderia ter seguido a costa até o que hoje é o Peru. Os cientistas acrescentaram que esses crocodilos marinhos teriam rostos longos e esbeltos e que havia duas espécies principais: uma se alimentava quase que unicamente de peixes e a outra adotava uma dieta mais variada. O sítio de Sacaco tem despertado o interesse cientí co há algum tempo. Os achados fósseis já realizados lá indicam que toda a área estava submersa há milhões de anos.

Apresentando sinais misteriosos, sonda mais distante da Terra intriga a Nasa A sonda Voyager 1, tem sido alvo É exata funcionalidade da de muitos debates e pesquisas na A AC S , g a r a nt i r o c or re t o Nasa. Isso acontece por ser o posicionamento da antena da objeto mais distante da Terra que Voy a g e r, qu e e s t á s e mpre o homem já conseguiu lançar e apontada para a terra. Como o segundo cientistas, apresenta um sinal da Voyager 1 não diminuiu, problema no seu sistema de os engenheiros acreditam que a orientação espacial, que não está antena ainda está orientada refletindo realmente o que se passa ao seu entorno. Segundo a Nasa, o d i s p o s i t i v o f u n c i o n av a normalmente com o recebimento e execução dos comandos, contudo, os dados de seu Sistema de Controle ©DIVULGAÇÃO/NASA Conjunto e Atitude (AACS) corretamente.Mas, a sonda está apontavam para informações localizada fora do sistema solar, nos computadores da agência no chamado espaço interestelar que pareciam ser "geradas (a 23,3 bilhões de quilômetros) e aleatoriamente" e erradas. "Nesta por isso, os cientistas levam mais fase da missão da Voyager, um de dois dias para enviar uma mistério como de certa forma faz mensagem à Voyager 1 e obter parte de sua trajetória”, falou a uma resposta. gerente do projeto Voyager 1", "A espaçonave tem quase 45 Suzanne Dodd. anos, o que está muito além do FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

BOB BEHNKEN

que os idealizadores da missão anteciparam. Também estamos no espaço interestelar – um ambiente de alta radiação que nenhuma sonda esteve antes. Portanto, temos alguns grandes des af ios p ara a e quip e de engenharia. Mas acho que, se houver uma maneira de resolver esse problema do AACS, nossa equipe vai descobrir", acrescentou a gerente. De imediato, não é descartada a possibilidade de se tratar de algum fator externo que esteja de alguma forma manipulando os dados e a sonda. Em resposta a essa e todas as outras teorias do mistério, a instituição espacial garante que maiores danos às pesquisas serão contidos pela fácil possibilidade de alterar o software do satélite, ou através do uso de seus sistemas redundantes.

Quando o esqueleto quase completo de um cão foi d e s c o b e r t o d e nt ro d e u m cemitério humano extremamente antigo no Vale do Tejo, em Portugal, nos anos 1880, a comunidade cientí ca estava ocupada demais pensando na idade dos restos mortais das pessoas encontradas ali para dar-lhe a devida atenção. Escavado a uma profundidade de quase quatro metros em meio a 110 esqueletos humanos, o fóssil do cachorro acab ou cando esquecido, como grande parte dos restos faunísticos arqueológicos encontrados na ép o ca, quando o fo co das campanhas de escavação era entender a antiguidade do próprio homem — e menos a de seus animais. Foi apenas 120 anos depois que os restos mortais do cão de Muge, como foi chamado pelos cientistas, foi redescoberto dentro de uma gaveta em um armário do Museu Geológico de L isb oa. A par tir diss o, os pesquisadores C. Detry e J.L Cardoso desenvolveram, em 2010, o primeiro e extenso estudo odontométrico e osteométrico sobre o animal. A datação por radiocarbono entre 7.680 e 7.450 anos foi a primeira dentre muitas outras pesquisas sobre o espécime que começaram a surgir, revelando dados importantes sobre um dos esqueletos caninos quase completos mais antigos encontrados em território português, considerado a 16ª maravilha do museu onde foi reidenti cado. Incentivada pelos estudos anteriores, uma equipe de esp ecialist as utilizou uma abordagem multidisciplinar para criar a reconstrução facial do cão de Muge, apresentando uma aproximação de como ele pode ter sido no passado. Os resultados foram publicados na

revista cientí ca de acesso aberto Applied Sciences. Uma combinação de osteometria zooarqueológica, datação direta por radiocarbono, imagens de raios X e tomogra a computadorizada, além de técnicas e arte assistidas por computador, permitiu que o designer 3D Cícero Moraes pudesse dar vida a essas i n for ma ç õ e s mu it as ve z e s enigmáticas, resultando na imagem de um cão que viveu há mais de 7.500 anos. Restos mortais de cães que remontam ao Paleolítico tardio raramente são encontrados, ressaltam os cientistas no estudo. Por isso, um dos destaques do esqueleto do cachorro, um animal mesolítico, está relacionado à sua antiguidade, além do fato de ele estar quase completo e ter um contexto de sepultamento interessante para posteriores análises. “O esqueleto do cão estava muito bem preser vado, provavelmente signi cando que foi enterrado por humanos com cuidado, o que é interpretado como um forte vínculo emocional entre humanos e seus cães”, aponta a pesquisa. O cão de Muge provavelmente era um cachorro adulto de tamanho médio, que morreu entre os dois e seis anos, e tinha uma altura de ombros aproximada entre 48,5 e 51 centímetros. Cientistas liderados por Ana Elisabete Pires, do C entro de Arqueologia da Un i v e r s i d a d e d e L i s b o a (UNIARQ), ainda tentaram extrair e sequenciar o DNA do animal. Foi possível apenas determinar o clado, ou ramo, do qual o cão fazia parte — o clado C, dominante durante o período Mesolítico em outras partes da Europa. No entanto “outras tentativas de extrair e sequenciar o DNA nuclear para determinar

seu sexo biológico ou cor da pelagem continuam sem sucesso”. Para o estudo, o crânio, encontrado há mais de 140 anos no Vale do Tejo, foi submetido a u m a t o m o g r a a computadorizada na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Alguns dos ossos do animal foram deformados devido às condições do sepultamento, o que exigiu o uso de uma tomogra a de um doador virtual para ser usado como referência e fornecer os fragmentos fósseis ausentes no esqueleto. Os cientistas destacam que “a reconstrução deve ser vista apenas como uma aproximação”. Mas, apesar disso, “o retrato do cão de Muge permite um maior reconhecimento deste achado arqueológico verdadeiramente importante”, pois, “até onde sabemos, esta é a primeira tentativa de reconstrução digital do rosto de um cão primitivo que viveu cerca de 7.600 anos atrás”. Para chegar a este resultado, a e q u i p e t e nt o u r e d u z i r a o mínimo o grau de subjetividade que poderia atribuído à aparência do cão, obtida por m e i o d e t é c n i c a s multidisciplinares a partir de seu c r â n i o, “r e s t r i n g i n d o - o à reconstrução da pelagem e a algum grau de pigmentação”. Eles a rmam que conseguiram “rea rmar a importância deste espécime arqueológico e fornecer uma reconstrução facial tridimensional deste cão antigo, sem as implicações potenciais [sociais, legais, religiosas] de identi cação errônea, como pode acontecer c o m h u m a n o s ”, a l é m d e possibilitar um “vínculo mais profundo com o nosso passado”. “A arqueologia e o patrimônio precisam ser mais compreensíveis para o público em geral para serem mais valorizados e ap oiados. A reconstrução de animais de estimação antigos pode auxiliar nesse propósito. Sendo animais e, em particular, animais de e s t i m a ç ã o, i n d u z e m m a i s empatia e, portanto, atraem mais atenção”, apontam.


8 BEM-ESTAR

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Ansiedade: como aliviar os sintomas através da alimentação

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Sopa cremosa de mandioca com músculo para o pré-inverno

©FREEPIK

©GUIA DA COZINHA

Castanha-do-pará A castanha-do-pará é um fruto rico em selênio. "O composto melhora o humor e reduz a in amação, trazendo alívio em pessoas que sofrem com distúrbios de humor elevado", explica a nutricionista. Além disso, o alimento conta com ant i ox i d ante s e v it am i n a s bené cas à saúde. Sementes de abóbora As sementes de abóbora são uma ótima fonte de potássio, e ajudam na regulação dos eletrólitos no corpo, além do gerenci amento d a press ão arterial. Segundo a nutricionista Fernanda Larralde, o fruto também ajuda a diminuir o estresse e a falta de sono, o que colabora para a melhora dos sintomas de ansiedade ao longo do dia. Chocolate "O chocolate é rico em avonoides, um antioxidante que ajuda na produção de serotonina, conhecido como o hormônio do bem-estar. Além disso, o elemento é capaz de

reduzir a neuroin amação, diminuindo a morte celular do cérebro e melhorando a circulação do sangue pelo corpo", explica a especialista. Chá verde Ultimamente o chá verde vem ganhando grande destaque no combate a ansiedade. "Ele possui um composto chamado theanina, conhecido pelo seu potencial de controlar o humor e ter atuação de calmante e sedativo", comenta Fernanda. Além disso, pesquisas apontam que o chá também ajuda a produzir serotonina e dopamina, substâncias que ajudam no desempenho cerebral. Iogurte natural De acordo com a nutricionista, os lactobacillus e as bi dobactérias (as bactérias boas presentes no iogurte), causam efeitos positivos na saúde do cérebro. "Além disso, esses ativos produzem anti-in amatórios que reduzem as chances de uma in amação crônica e de maneira indireta auxilia nos sintomas da ansiedade", naliza.

Tempo frio e seco pode causar alergias e dores O tempo frio e seco costuma ser d e s c on for t áve l p or v ár i o s motivos. A preguiça aumenta, a motivação para cumprir as tarefas diárias diminui e só queremos saber de passar mais tempo em casa sem fazer nada. Mas, di cilmente isso é possível. A maioria das pessoas, querendo ou não, precisa enfrentar esse clima.

Com isso, é natural car mais exposto aos problemas que o tempo frio e seco pode causar para a nossa saúde. Além de infecções como gripes e resfriados, nosso organismo também pode sofrer com dor de garganta, alergias e até mesmo otite. “A garganta é uma região que só trabalha bem quando está

N

ada como uma sopa quentinha e deliciosa para te salvar do frio, né? Nutritivas e práticas, as receitas de sopas são ideais para você que procura opções rápidas, que não exigem muita habilidade na cozinha e, ainda por cima, garantem muito sabor!

úmida. Caso haja ressecamento por falta de hidratação ou alguma doença, podemos ter in amações da mucosa, dores e sensações de inchaço ao engolir”, explica Dr. Gilberto Ulson Pizarro, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, em São Paulo. O tempo frio e seco também pode causar otite, uma espécie de

Ingredientes 4 colheres (sopa) de azeite 2 cebolas picadas 3 dentes de alho picados 2 tomates picados 1 folha de louro 2 cubos de caldo de carne 1kg de músculo em cubos cozido 800g de mandioca em pedaços cozida 1,5 litro da água do cozimento da carne Sal e pimenta-do-reino a gosto C he i ro - ve rd e pi c a d o p ar a polvilhar

Em uma panela, aqueça o azeite e refogue a cebola, o alho por três minutos. Junte os tomates, o louro e o caldo de carne e refogue por quatro minutos. Junte a carne e a mandioca e refogue por cinco minutos. Junte o caldo de cozimento da carne e assim que levantar fervura cozinhe por 20

minutos em fogo baixo, mexendo de vez em quando. Tempere com sal e pimenta, polvilhe com cheiro-verde e sirva. Rendimento: 6 porções Fonte: Terra

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

Modo de preparo

©SHUTTERSTOCK

D e a c ord o a O r g an i z a ç ã o Mundial da Saúde (OMS), cerca de 264 milhões de pessoas em todo o mundo têm algum grau de ansiedade. No Brasil, 9,4% da população vivem com esse transtorno, que é caracterizado pela preocupação excessiva e sensação de que algo negativo irá acontecer. O que poucas pessoas sabem é que, além da terapia e da prática de atividade física, a ansiedade também pode ser atenuada através da alimentação. Isso porque existem alguns alimentos que atuam diretamente no alívio dos sintomas causados pelo transtorno. " A ans i e d a d e é u m a d a s compulsões mais difíceis de controlar, o paciente conta com uma extrema di culdade em relaxar e praticar atividades simples do dia a dia", diz Fernanda Larralde, nutricionista esp e cia lizada em nut r ição esportiva e funcional. A especialista listou cinco alimentos que não podem faltar na dieta de quem sofre de ansiedade. Con ra:

in amação nos ouvidos. Esse tipo de problema costuma ser mais comum em crianças, mas pode acometer pessoas de

qualquer faixa etária. “Durante o frio, é comum o surgimento das a l e rg i as re spi r atór i as . E m decorrência das quedas bruscas

na temperatura, as pessoas tendem a buscar seus casacos e agasalhos que normalmente estão guardados há muito tempo, o que é péssimo para alérgicos, já que fechados em armários juntam muitos ácaros”, e x p l i c a a t a m b é m otorrinolaringologista, Dra. Cristiane Passos Dias Levy. Dessa maneira, com a ajuda dos especialistas, separamos algumas atitudes simples para evitar problemas de saúde relacionados com o tempo frio e seco.


SAÚDE 9

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Essa fruta pode ajudar Enxaqueca requer a melhorar a memória tratamento médico, e reduzir o avanço da alerta neurologista demência, diz estudo ©DEPOSITPHOTOS

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Uma fruta que não é muito comum no Brasil, o cranberry, p o d e t e r u m p ap e l mu it o importante na melhora da memória e da função cerebral, além de diminuir o chamado colesterol ruim, de acordo com uma nova pesquisa da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. O estudo destaca o potencial neuroprotetor da fruta, principalmente entre pessoas com idades entre 50 e 80 anos. De acordo com os pesquisadores, o consumo de uma xícara de cranberry por dia pode trazer benefícios para a saúde n e u r o l ó g i c a e at é m e s m o p r e v e n i r d o e n ç a s neurodegenerativas. De acordo com o autor principal do estudo, David Vauzour, da Escola de Medicina de Norwich, a demência deve afetar cerca de 152 milhões de pessoas no mundo todo até 2050. Como não há cura para esta condição, é importante trabalhar

em métodos para sua prevenção. “Estudos anteriores mostraram que a maior ingestão de avonoides na dieta está associada a taxas mais lentas de declínio cognitivo e demência”, disse Vauzour. “E descobriu-se que alimentos ricos em a n t o c i a n i n a s e proantocianidinas, que dão às bagas sua cor vermelha, azul ou roxa, melhoram a cognição”. O cranberry é uma fruta rica nesses micronutrientes e que é reconhecida por suas propriedades antioxidantes e anti-in amatórias. “Queríamos sab er mais sobre como os cranberries poderiam ajudar a reduzir a neurodegeneração relacionada à idade”, disse o pesquisador. A equipe analisou o impacto do consumo de cranberry por 12 semanas e os potenciais benefícios para a função cerebral e no colesterol entre 60 pessoas cog nit ivamente s aud áveis. Metade consumiu a fruta como

um pó lio lizado, enquanto a outra metade consumiu um placebo. Os resultados mostraram que o consumo da fruta melhorou signi cativamente a memória dos participantes em relação a eventos do cotidiano, funcionamento neural e entrega de sangue ao cérebro. Além disso, o grupo que consumiu cranberry também teve uma diminuição signi cativa no LDL, ou “colesterol ruim”. “As descobertas deste estudo s ã o mu i t o e n c o r aj a d o r a s , especialmente considerando que uma intervenção de cranberry rel at ivamente c ur t a de 12 semanas foi capaz de produzir melhorias signi cativas na memória e na função neural”, declarou Vauzour. Agora, a equipe espera fazer mais estudos sobre a relação da fruta com a saúde neurológica em um futuro próximo.

Um em cada quatro hospitais privados tem falta de medicamentos, aponta pesquisa De acordo com uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do estado de São Paulo (SindHosp), um em cada quatro hospitais privados de São Paulo — o que representa 25,2% — aponta falta de medicamentos ou di culdade para compra como o principal problema do momento. O estudo ouviu 76 hospitais privados no estado paulista. No

total, as instituições agrupam 1.518 leitos de UTI e 5.725 leitos clínicos. Nisso, os medicamentos que mais apresentam di culdade de acesso são: Dipirona (em falta em 25% dos centros de saúde), Dramin B6 (18%) e Neostgmina (17%). Também há alta falta de soro em um volume importante de endereços (9,5% dos hospitais). Segundo o SindHosp, a covid-

19 não é mais o maior motivo de internações, já que do total de hospitais consultados, 32,56% a rmam que as internações predominantes são por complicações relacionadas a doenças crônicas degenerativas como asma, câncer, diabetes e hipertensão. Além diss o, a p es quisa demonstrou que 30% dos hospitais relataram que o maior desa o é o aumento de preços de equipamentos e medicamentos. Apenas 12,35% falaram que “não enfrentam nenhum problema atualmente”.

No mês de conscientização da cefaleia, o neurologista Leandro Calia, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) e do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, alertou que as pessoas que costumam ter dores de cabeça, chamadas cefaleia na linguagem médica, devem procurar auxílio médico e não acreditar que a doença não tem tratamento. “ Tem controle”, assegurou Calia, em entrevista à Agência Brasil. O neurologista esclareceu que é denominada cefaleia crônica a cefaleia (dor) que ocorre mais do que 15 dias por mês, há mais de três meses. “Isso se chama cefaleia crônica diária”. Dos quatro tipos de cefaleia crônica diária, os mais frequentes são a enxaqueca crônica e a cefaleia crônica diária do tipo tensional. “Qualquer uma que durar mais de 15 dias por mês, por mais do que três meses”. Segundo Leandro Calia, a grande diferença entre cefaleias crônicas e cefaleias episódicas é o maior comprometimento na qualidade de vida nas pessoas que têm cefaleias crônicas. Não se deve usar também o termo enxaqueca como sinônimo de cefaleia, alertou o neurologista. “Não é a mesma coisa”. Disse que a cefaleia pode ser secundária, quando é sintoma de alguma doença, como um tumor, meningite, covid-19, por exemplo. Mas pode ser primária, quando é uma doença por si só, isto é, não tem outra doença causando a dor. “Aí, são centenas de tipos de cefaleia”. Cefaleias primárias incluem a enxaqueca e cefaleia do tipo tensional, a cefaleia em salva (crises de episódios frequentes). Calia advertiu que a exemplo de outras doenças, como o diabetes, por exemplo, a enxaqueca primária tem tratamento. “Tem controle”, reiterou. De acordo com o especialista, a primeira causa de perda de um dia de trabalho, de estudo ou de qualidade de vida é a enxaqueca, abaixo dos 50 anos de idade. “Não é uma doencinha qualquer. É uma do ença que limita muito a qualidade (de vida) das pessoas. Na enxaqueca crônica, a dor

perdura durante mais de 15 dias no mês”. Insistiu que a pessoa que tem enxaqueca não deve lidar a doença como se ela fosse algo b a n a l , s i mp l e s , u m a c o i s a qualquer ou uma desculpa para não ir ao trabalho. “As pessoas confundem uma dor de cabeça leve com a enxaqueca crônica, que é um inferno”. Informou que só 30% a 40% das pessoas que têm enxaqueca crônica têm carteira assinada, porque não conseguem manter um trabalho com uma dor que dura mais de 15 dias por mês. A importância da conscientização sobre o assunto pode ser avaliada pelos dados a seguir, indicou Leandro Calia. Somente a enxaqueca acomete 16% das mulheres e entre 4% a 5% dos homens, o que signi ca que 20% da população mundial têm enxaqueca. Considerando a enxaqueca crônica, que dura mais de 15 dias de dor ao mês, por pelo menos três meses ou mais, o número atinge entre 1% a 2% da população mundial. Isso signi ca que a cada 100 pessoas, uma ou duas sofrem dessa doença. Calia a rmou que há uma estigmatização, ou preconceito, em relação à enxaqueca, contra as mulheres, porque a enxaqueca ataca mais a população feminina. Lembrou, ainda, que a primeira causa de incapacitação nas pessoas que deixam de ir trabalhar ou estudar, no mundo, é dor lombar. “Só que dor lombar é u ma c ond i ç ã o qu e ve m d e diversas doenças. Centenas de doenças causam dor lombar em qualquer faixa etária”. A segunda causa é enxaqueca. Mas considerando pessoas abaixo de 50 anos, a enxaqueca passa a ser a primeira causa, com impactos econômicos. “Isso é um problema mundial”. No Brasil, 2% da população têm enxaqueca crônica, enquanto 20% a 25% têm enxaqueca que não chega a durar 15 dias por mês de dor, há mais de três meses. “Se forem 10 a 12 dias, não é chamada crônica”, advertiu Calia. Para tratar a dor no dia em que ela se apresenta, os especialistas fazem um tratamento de resgate, com analgésico. Ele explicou, contudo, que

“tratar é não ter dor. Tratar a enxaqueca é controlar as crises de dor de cabeça para que elas não ocorram”. A isso se denomina tratamento preventivo. “É o único tratamento que mereceria esse nome”. Tem que tratar para a dor não ocorrer. "Hoje existem medicamentos injetáveis, administrados em pontos nas regiões frontal, occipital (posterior da cabeça), temporal e posterior do pescoço, que relaxam a musculatura. Dessa forma, impede que os neurotransmissores levem os sinais de dor até o músculo, reduzindo a percepção pelo sistema central", completou a médica neurologista e neurop e diat ra, ais Vi l la, diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia, e também titular da Academia Brasileira de Neurologia e membro do Conselho Consultivo do Comitê d e C e f a l e i as na In f ânc i a e Adolescência da International Headache Society. Leandro Calia explicou que se a pessoa pode fazer uso de medicamentos injetáveis uma vez por mês para que diminua a frequência de dor. Isso é controle, ou seja, diminuir a frequência de dias com dor, diminuir a duração de cada dor, a intensidade da dor, aumentar o efeito positivo dos remédios analgésicos quando a pessoa está com dor. “Mesmo quando a gente não consegue zerar a dor, tendo um controle como esse, os pacientes são eternamente gratos. Eles saem do inferno. Hoje existem vários tratamentos”. O grande alerta da conscientização é mostrar às pessoas que não devem cair no pressuposto de que não há tratamento para enxaqueca crônica. “Procura o médico e vai se tratar”, recomendou Calia. Ansiedade, estresse, depressão, rotina inadequada de sono são algumas condições que podem disparar crises de enxaqueca, que perduram por até 72 horas. Outras causas importantes são insônia, jejum prolongado, pouca ingestão de água, sedentarismo e o consumo em excesso de cafeína e bebidas alcoólicas.


10 Criança hoje, Criança amanhã

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ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Torturar uma Criança, vulnerabilidade e tolerâ ncia —Parte V Imaginar que obrigar uma Criança a conviver com quem lhe maltrata fará com que ela passe a amar essa pessoa, é uma insensatez completa

A

um Poder que deveria ser a garantia de Proteção e que se t o r n a u m a a r m a c o nt r a a vulnerabilidade da Criança. A falácia da “revinculação” e v i d e n c i a o t o t a l

maternagem. Algumas espécies têm a participação, em algumas tarefas, do pai, na formação das crias. Mas, Bowlby a rma em seu livro “Apego”, que compõe a trilogia Apego, Separação e

por autoridades arbitrárias e cruéis para obtenção de con ssões que não importam a veracidade. Só importa que “o preso confessou”, dizem. Mas existe uma tortura praticada contra a Criança em nome de uma falácia de “revinculação”. Não conseguimos imaginar onde está ancorado esse tipo de pensamento sem fundamento e equivo cado. Baseado em crueldade e ignorância teórica, a Criança é forçada a convívio em visitas monitoradas ou ao convívio por guarda compartilhada sem considerar o Melhor Interesse da Criança. Obrigar uma Criança a “amar” um pai que é seu agressor? É possível obrigar a gostar? Parece que estamos voltando à idade da pedra. Em que se fundamenta uma tese cruel e desumana de que o título de pai estaria acima de qualquer circunstância? Até pais estupradores, condenados por tal, têm, hoje, em sua defesa a obrigatoriedade judicial do convívio com a Criança vítima de seus estupros. Forçar a convivência não resulta em afeto positivo. Pode, no entanto, fomentar rejeição, repúdio, ódio. A exposição c o nt i nu a d a à p e s s o a , q u e independente de qualquer título qu e p o ssu a , o d e p ai, p or exemplo, é um trauma continuado. A Criança não “se acostuma”, ela sucumbe, desiste e sofre as repercussões disso. É descabido e cruel se aproveitar de

desconhecimento do conceito de vínculo afetivo. Segundo Bowlby, o comportamento de apego tem seu lugar na Natureza. Está em várias espécies de animais. O que faz com que os lhotes recémchocados em seus ovos, reconheçam sua mãe desde o primeiro momento de seus primeiros passos? A busca por s obre vivência encontra no

Perda: “na maioria das espécies, os jovens mostram mais de um tipo de comportamento que resulta em proximidade entre eles e a mãe”. É preciso entender que o c omp or t am e nt o d e ap e go, mesmo sendo manifestado pelos pequenos, é uma via de mão dupla, ou seja, a criança se apega e estimula àquele que lhe garante

especi cidade particularizada. Ap e go e c u i d a d o an d am inseparáveis para promover o desenvolvimento dos lhotes da maioria das espécies. O homem está entre elas. Interromper esse processo natural de crescimento é comprometer a saúde mental das Crianças. E imaginar que obrigar uma Criança a conviver com quem lhe maltrata fará com que ela passe a amar essa pessoa, é uma insensatez completa. O vínculo é formado e alimentado por apego e cuidado em reciprocidade entre uma dupla mãe-bebê, especialmente entre

facilmente, constatamos que essa t e s e d a “ r e v i n c u l a ç ã o” é insustentável e maliciosa. L aplanche e Pont a lis, no d i c i on ár i o d e Ps i c an á l i s e , de nem o vínculo como “o ato de eleger uma pessoa ou um tipo de pessoa como objeto de amor”. Para esses autores “trata-se de uma inter-relação, isto é, não é apenas da forma como o sujeito constitui os seus objetos, mas, também, a forma como estes modelam a sua atividade”. E continuam: “o vínculo afetivo está no comportamento do cuidador na relação com a criança”.

mais um argumento i nsuste nt ável, a Ig u a l d a d e Parental, desvia-se o foco das RESPONSABILIDADES PARENTAIS, (excelente título de obra da Juíza Clara Sottomayor), que importam para a formação da Criança, para uma espécie de romance jurídico que pretende dividir a criança ao meio, quase literalmente, como se possível e saudável fosse. “Revincular” à força é torturar. O “Comunicado de Prensa: una justicia cruel, inhumana y degradante” traz uma denúncia internacional contra uma juíza e dois advogados pelos maus-

Forçar uma criança ao convívio com seu agressor/abusador é encobrir, intencionalmente,

tratos aberrantes de uma menina de seis anos que, aos três, relatou abusos sexuais por parte de seu pai, quando esses operadores de justiça insistem em “revincular” essa menina ao pai, submetendoa a tratamento cruel, inumano e degradante. A denúncia criminal é assinada pelo Juiz Carlos Rozanski, argentino, (AEVAS), Bettina Calvi, Dora Barrancos, Liliana Hendel, Diana Maffía, Telma Fardin, Enrique Stola (Médico Psiquiatra), Nora Schulman (CASACIDN), María Müller (Salud Activa), Sonia Vaccaro (Perita Internacional, España), Isabel Quadros (Colômbia). Se já se divulga que os pais não devem forçar a Criança a dar abraço e beijinho naquelas pessoas que ela se recusa, dentro da prevenção e proteção dela, por que a justiça insiste em forçar a Criança a amar quem ela não quer? Alguém da justiça imagina que também aqui pode haver um motivo para a recusa? Até quando Crianças vão ser arrastadas aos prantos e gritos de terror para serem entregues para conviver com seus agressores? Perdemos o bom senso?

©JILL GREENBERG

©FOTO: ADRIANA PIMENTEL/ARTE: FLÁVIA P. GURGEL

tortura institucional contra a Criança tem sido aplicada a céu aberto. Logo que pensamos nesse ponto, nos lembramos das sessões de tortura perpetradas

os mamíferos. A amamentação do início da vida caracteriza a vinculação preferencial. Se

©ARTE: JULIANA PEREIRA/FOTO:MAPODILE/GETTY IMAGES

impulso natural do cuidado o encaixe que abre espaço para a

a continuidade da vida, atribuindo, reciprocamente, uma

conseguimos compreender a de nição do conceito de vínculo,

crimes contra a Criança, é violência institucional. Usando


COMPORTAMENTO 11

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Luto antes da morte: um processo que ajuda a lidar com a perda ©ISTOCK

Uma despedida nunca é fácil. Muito menos quando a partida é para sempre. Mas ela pode se tornar um pouco mais leve se a pessoa puder dar vazão aos sentimentos de perda mesmo antes da morte. Nesse sentido, a tristeza por uma doença prolongada e incurável pode ser uma oportunidade de encontrar a paz que muitas vezes falta a quem enfrentou um m súbito. Encarar esse sofrimento é uma forma de sanar as pendências, de não deixar nada por dizer ou fazer por aquela pessoa que está partindo.

O chamado luto antecipatório,

c omu m e m p a c i e nte s qu e enfrentam doenças terminais e seus familiares, foi observado primeiramente em mulheres de soldados que iam para a guerra e que passavam a se comportar como viúvas. Ainda assim, o conceito não é consenso entre os especialistas e envolve muitas caracterizações, sugere um artigo recém-publicado no periódico cientí co Palliative Me d i c i ne. Na pr át i c a , el e t amb é m nã o é f a c i l me nte reconhecido pelos pro ssionais de saúde. "O luto antecipatório pode ser

encarado como uma preparação

para o processo de luto real e o c or re qu an d o a m or t e é prevista, como numa experiência de doença grave", observa Ana Cláudia Arantes, médica geriatra do Hospital Albert Einstein com formação especializada em cuidados paliativos.

Isso porque, diante da nitude, a pessoa transita por várias etapas que vão se alternando e que envolvem negação, raiva, barganha, depressão, aceitação — na maioria das vezes, sem uma ordem e um tempo determinado para cada etapa. "Poder vivenciar isso antes da

morte facilita cumprir etapas, desenvolver coragem, força, resolver pendências, amar e se sentir amado", continua Ana Cláudia. Assumir a situação também permite que o paciente deixe orientações sobre suas vontades e seu legado, a forma como gostaria de ser lembrado.

Por isso, a melhor forma de ajudar quem está vivendo esse processo é saber escutar. "Não se deve fugir ou negar a situação mas, ao cont rár io, fazer perguntas, estimular que o outro expresse seus sentimentos, medos e angústias", orienta a médica. O objetivo é que ele possa encontrar as respostas que estão dentro de si mesmo. Caso não consiga superar esses sentimentos, vale recomendar um suporte psicológico especializado. Mesmo que a tristeza seja inevitável, o luto pode ser um poderoso recurso de transformação capaz de dar um novo signi cado àquela falta. " Tr a t a - s e d e c o n s e g u i r transformar a presença física que está partindo em uma presença simbólica, estar em paz com o legado afetivo, com a construção do relacionamento", diz Ana. E perceber, depois do adeus, o quanto do amor pela pessoa querida ainda permanece aqui.

Solidão pode aumentar em até 27% o risco de doença cardíaca em mulheres, diz estudo Para mulheres mais velhas, o isolamento social e a solidão são fatores que aumentam o risco de desenvolverem alguma doença cardiovascular, aponta estudo recém-publicado no período cientí co Journal of American Medical Association (JAMA). Durante quase dez anos, os pesquisadores acompanharam cerca de 58 mil mulheres na pós-menopausa, com idade média de 79 anos, e concluíram que o isolamento, por si só, aumentava o risco da doença cardíaca em 8%, e a solidão em 5%. Quando os dois sentimentos eram associados, o risco chegava a até 27%, quando comparado com mulheres da mesma idade sem esses sentimentos. Vale destacar que solidão e o isolamento social não são a mesma coisa: solidão é sentir-se sozinho mesmo estando em contato regular com outras pessoas; isolamento social é estar sicamente longe das pessoas. Assim, uma pessoa s o c i a l m e nt e i s o l a d a n e m sempre é solitária e quem diz sentir solidão não é necessariamente socialmente isolada. Segundo a médica cardiologista Juliana Soares, do Ho s pit a l Is r a e l it a A l b e r t Einstein, que atua na área de cardiologia da mulher, o grau de isolamento social de uma pessoa pode ser aferido por meio de questionários

internacionais especí cos. Já o grau de solidão é muito subjetivo, porque se trata da percepção do indivíduo sobre a própria situação. “Quando os pesquisadores

um número muito alto e é importante sabermos que eles, sozinhos, já podem ser considerados fatores de risco cardiovascular”, diz a médica. É importante destacar que a

programas estatísticos para realmente observarem o efeito da solidão e do isolamento nessas mulheres. De acordo com Soares, alguns comportamentos que não são

podem aumentar os casos de depressão e de ansiedade e provocar situações de estresse crônico, que acabam alterando níveis hormonais nas mulheres. “Esses são hábitos que acabam ©PEXELS

analisaram o grande conjunto de variáveis, eles concluíram que o isolamento social sozinho interfere na saúde cardiovascular da mulher, assim como a solidão sozinha também interfere. E quando a mulher relatava sentir as duas coisas, era um fator de risco maior ainda, independentemente de outros que a mulher possa ter. Esse é

pesquisa foi realizada entre 2011 e 2019, antes da pandemia de covid-19, que provocou o isolamento social forçado de milhões de pessoas, e pode ter aumentado a sensação de solidão ainda mais. Para chegar à conclusão, os autores da pesquisa corrigiram outros fatores de risco cardiovasculares por meio de

bené cos à saúde estão mais associados ao isolamento social e à solidão, entre eles: o aumento do sedentarismo, tabagismo, consumo de bebida alcoólica, dietas menos balanceadas e mais voltadas ao consumo de doces e de produtos industrializados. Ainda s egundo a esp e cia list a, o isolamento e a solidão também

levando a outros fatores de risco cardiovascular. Ademais, tem um substrato biológico envolvido. O estresse crônico, por exemplo, promove um desequilíbrio hormonal favorecendo o estresse oxidativo e, consequentemente, um processo in amatório no organismo. Com os hormônios desbalanceados, com o cortisol

aumentado, o processo de aterosclerose [formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos] ca mais intenso. Esse processo de alterações em cascata aumenta o risco de a mulher sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou de ter um quadro de infarto”, explicou a cardiologista. As doenças cardiovasculares ainda são a principal causa de morte no mundo, e esta não é a primeira vez que um estudo aponta a associação de solidão e i s o l a m e nt o s o c i a l c o m o aumento do risco desse tipo de e vento. Uma p es quis a publicada em 2016 na revista cientí ca Heart já apontava que a s ol i d ã o e o i s ol ame nto estavam associados a um risco acrescido de 29% de ataque cardíaco e de 32% de sofrer um AV C . A e x p l i c a ç ã o e r a justamente os comportamentos associados à solidão: tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e má alimentação. “Essa era uma situação que nós médicos já observávamos e esse estudo, com uma população feminina dessa magnitude, veio corroborar. Esses resultados destacam a necessidade de reforçarmos ações de prevenção de doenças cardiovasculares nas mulheres. O ideal é que elas recebam suporte antes que cheguem nessa situação”, completou Juliana.


12 OLHAR DE UMA LENTE

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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

A imbecilidade e a insensatez do STF e do Congresso Nacional Ao mesmo tempo em que condenam arbitrariamente um deputado federal, concedem prisão domiciliar ao operador do mensalão, Marcos Valério, que movimentou mais de R$ 141 milhões do setor público. Que paradoxo social!

M

impunes governadores e prefeitos que endossaram essa falsa argumentação do ca em casa, a economia a gente vê depois, de cunho meramente eleitoreiro, e pelas irregularidades e desvios que, segundo a Polícia Federal, foram mais

corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa são apenas alguns dos crimes praticados no momento de

engordarem um pouco mais os cofres públicos estatais com a arrecadação sobre os combustíveis. Para se ter uma ideia, somente

ministro da Corte, Luiz R o b e r t o B ar ro s o, qu e concedeu a progressão do regime semiaberto para o aberto a Marcos Valério, ninguém menos que o operador do mensalão que, s e g u n d o o Mi n i s t é r i o Público Federal (MPF), com sua agência de publicidade, movimentou mais de R$ 141 milhões, surrupiados de estatais, entre elas, a Petrobras, que esperamos urgentemente

apedrejado pela falsa mídia, alegando que ele estaria c o n t r a r i a n d o recomendações da falida e incon ável Organização Mundial da Saúde (OMS). Tanto estava certo, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou que o Brasil terá uma geração mais pobre, por consequência do fechamento de escolas na pandemia. Não p o demos deixar

de R$ 2 bilhões. Governadores como Rui Costa (PT/BA), Wilson Witzel (RJ), João Doria (SP) e tantos outros deverão pagar pelo que zeram. Orçamentos fraudados para serviços de montagem e desmontagem de tendas, instalação de caixas d'água, geradores de energia e pisos para hospitais de campanha, fraudes em licitações, falsidade i d e o l ó g i c a , p e c u l a t o,

Estados. D i a n t e d e s s a s intempéries, nos encontramos entre a cruz e a espada e a oportunidade para solucionarmos esse momento displicente que tivemos no passado, teremos nas eleições de outubro a chance de renovar essa péssima safra de políticos que perduram por anos no Congresso Nacional. Por enquanto, é ter que conviver com os parasitas que nos representam como os presidentes Rodrigo Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara) e parlamentares, que i g n o r a m s o l e n e m e nt e qualquer compromisso com os interesses do povo e optam pela submissão na condição de serviçais aos caprichos da pior composição que a Suprema Corte já teve em toda sua história. Sinto uma certa vergonha alheia... TATI BELING

©ALAN SANTOS/PR

uito s e questiona s o b r e a conduta dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Decisões bizarras, sem fundamentação jurídica, desconexas e, na maioria das vezes, carregadas de viés político e ideológico, desrespeitando a todo instante nossa Carta Magna. A imbecilidade e insensatez do STF são tão vastas que, na última sextafeira (20), Alexandre de Mor a e s d e t e r m i n ou o bloqueio de todos os bens do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), indultado com a graça da Presidência da República. Enquanto isso, no luxuoso STF, somos obr i g a d o s a e ngol i r a decisão de mais um

©NELSON JR/AGÊNCIA O GLOBO

pela sua privatização. As canetadas, sem n e n h u m c r i t é r i o, s ã o disparadas a torto e a direito e sempre em direção a parlamentares apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Se é provocação ou somente uma tentativa de medir nível de testosterona, não sabemos, mas nos tranquilizamos quando vimos o presidente e toda sua equipe técnica jogando o “feijão com arroz” dentro das quatro linhas e, nitidamente, com apoio claro da grande maioria da população. Em 2020, o presidente cantou a pedra ao criticar o discurso politiqueiro de prefeitos e governadores do 'fecha tudo que a economia a gente vê depois' e foi duramente criticado e

enfrentamento à pandemia da covid-19 e que não podem ser esquecidas. O governo federal vem fazendo a sua parte, algumas semanas atrás zerou impostos, inclusive do diesel, com o objetivo de amenizar o fardo da população que está sofrendo com a alta de preços provocadas pela guerra da Rússia com a Ucrânia e pelas especulações de uma nova variante na China. E, mais uma vez, governadores a p r o v e i t a m a vulnerabilidade socioeconômica para

sobre o combustível, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadores e S e r v i ç o s ( IC M S ) , n o s primeiros meses do ano, engordou 36%, ou seja, rendeu mais de R$ 41,55 bilhões aos cofres dos


BRASIL 13

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A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Projeto Lessônia: satélites da Força Aérea Brasileira são lançados com sucesso ©NEILA ROCHA/ASCOM/MCTI

Já estão em órbita baixa os dois satélites do projeto Lessônia: Carcará 1 e Carcará 2. O lançamento ocorreu às 15h35 (horário de Brasília) e foi realizado por um foguete Falcon 9 da empresa SpaceX direto do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA). Os dois satélites pertencem ao governo brasileiro e foram adquiridos junto ao governo da Finlândia em 2020 por R$ 175 milhões. O lançamento foi acompanhado remotamente direto do Centro de Operações Espaciais (Cope), unidade subordinada ao Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), em Brasília e contou com a presença de diversas autoridades dentre elas os ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim. “Ao observar o lançamento dos dois satélites brasileiros podemos con rmar que o Brasil avança nas tecnologias e processos rumo a um futuro de segurança e prosperidade”, destacou o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que também destacou a importância dos satélites na vigilância da Amazônia. “A região amazônica será uma das mais bene ciadas com o monitoramento permanente e a maior precisão das informações essenciais para decisões estratégicas”, complementou. Os satélites serão utilizados para diversos ns como vigilância de desmatamentos, queimadas, trá cos de drogas, dentre outros. A tecnologia dos satélites, chamada de “imagens de radar”, permite que sejam feitas imagens de alta resolução em qualquer hora do dia ou da noite e sob qualquer condição meteorológica. Até então o Brasil só tinha acesso a esse tipo de imagens por meio de convênios com empresas nlandesas e espanholas. “Testemunhamos hoje um momento histórico para o nosso País. No ano em que o Brasil comemora o bicentenário de sua independência a Força Aérea Brasileira rea rma o seu compromisso com a sociedade em manter a soberania nacional além de proporcionar um incremento operacional em favor do desenvolvimento do País”, declarou o comandante da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Baptista Júnior.

Graça concedida a parlamentar é constitucional, mas consequências restringem-se a efeitos penais, opina PGR

eximem seus bene ciários de eventual responsabilização nas searas cível, administrativa, eleitoral ou nas demais esferas do direito em que possa repercutir a prática do fato delituoso”, reiterou. Aras lembra que compete à Justiça Eleitoral avaliar, no momento de pedido de registro de candidatura, se os candidatos reúnem as condições de elegibilidade para que possam disputar o pleito. Segundo ele, aceitar os pedidos apresentados pelas legendas — para que o parlamentar tenha os direitos políticos suspensos — seria converter a decisão da ADPF “em um pronunciamento declaratório de efeitos jurídicos que não podem ser reconhecidos no âmbito das ações de controle concentrado de constitucionalidade”. O decreto que bene ciou o parlamentar foi editado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 21 de abril, um dia após a decisão do STF, que condenou o parlamentar a oito anos e nove meses pelos crimes de coação no curso do processo e incitação da prática de tentar impedir ou restringir com emprego de violência ou grave ameaça o exercício dos poderes constitucionais. Quatro partidos políticos — PDT, Rede Sustentabilidade, PSOL e Cidadania apresentaram ADPF com o objetivo de invalidar o ato. Ao analisar os pedidos, o PGR destacou a natureza jurídica do instrumento questionado, lembrando que graça (de caráter individual) e indulto (coletivo) são meios pelos quais “o Estado manifesta renúncia ao ius puniendi, oferecendo perdão ao cometimento de infrações penais”. O resultado de ambos é a extinção da punibilidade. Outro aspecto destacado na manifestação é o histórico do instrumento que, como lembra o PGR, sempre constou dos textos constitucionais brasileiros e cuja competência, na era republicana, é reservada ao chefe do Poder Executivo. De acordo com Aras, o poder de clemência do Estado materializado na concessão do indulto ou da graça tem razões políticas e transcendem o caráter humanitário, podendo abarcar as mais diversas razões institucionais e sociais. “No exercício do poder de graça soberana, o presidente da República desempenha atribuição política que tem, como predicado essencial, a máxima discricionariedade”. O documento rebate ainda a alegação de desvio de poder ou de nalidade no ato que concedeu a graça ao parlamentar. Para o procurador-geral, por tratarse de ato discricionário de natureza política, o ato de clemência soberana não está sujeito a controle jurisdicional. O parecer cita decisão tomada pela Suprema Corte tomada em maio de 2019 quando a maioria dos ministros “afastou a possibilidade de o Judiciário adentrar no mérito do indulto coletivo, isto é, de proceder a uma reavaliação do juízo político de conveniência e oportunidade da concessão do benefício”. A manifestação do PGR é no sentido de que uma das ações, a ADPF 964, não seja conhecida por questão processual, e que as demais sejam conhecidas e no mérito consideradas improcedentes. ©OVOSITE

LEI HENRY BOREL — Presidente da República, Jair Bolsonaro, sanciona lei que aumenta punição para violência contra crianças e adolescentes ©ALAN SANTOS/PR

©ANTÔNIO AUGUSTO/SECOM/MPF

O decreto de graça é ato político da competência privativa do presidente da República, que tem ampla liberdade para de nir os critérios de concessão. A partir desse entendimento o procuradorgeral da República, Augusto Aras, manifestou de forma contrária a quatro Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que questionaram ato que bene ciou o deputado federal pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira (sem partido), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação foi enviada na

noite desta quarta-feira (25) à ministra Rosa Weber, relatora das ações. Na manifestação, Aras pontua que os efeitos do instrumento restringem-se à condenação penal, não atingindo eventual responsabilização em outras esferas, como a eleitoral. Na manifestação, Augusto Aras esclarece que o exercício do poder de graça não interfere na suspensão dos direitos políticos, após o trânsito em julgado da ação. Também não alcança eventuais decisões quanto à perda de mandato político e, como consequência, não interfere em possível inelegibilidade decorrente da condenação. Segundo destacou, esses efeitos são decorrentes de apreciação do caso pela Justiça Eleitoral. “A graça e o indulto não

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou, nesta terça-feira (24), lei que endurece as penas para crimes contra crianças e adolescentes e cria mecanismos de enfrentamento à violência doméstica. A lei cou conhecida como Lei Henry Borel em homenagem ao garoto de quatro anos assassinado em 2021 no Rio de Janeiro. Os acusados do crime são a mãe e o padrasto do menino. A mãe obteve autorização para responder pelo crime em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica. Já o padrasto segue preso. A lei sancionada hoje estabelece medidas protetivas especí cas para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e torna crime hediondo o homicídio contra menor de 14 anos. Além disso, o texto aumenta a pena se o crime for cometido por parente, empregador da vítima, tutor ou curador, ou se a criança for portadora de de ciência ou estiver em situação de vulnerabilidade por alguma doença. A lei prevê, ainda, punição para quem tem conhecimento de práticas de violência e se omite. Nesse caso, a pena será de seis meses a três anos. Após a sanção, o Presidente Jair Bolsonaro a rmou que o projeto foi feito não só com o espírito de aumentar o rigor da punição, mas também de desestimular a violência contra crianças e adolescentes. Segundo ele, a sociedade ganha com a lei e espera que o que ocorreu com Henry Borel não se repita. O Presidente Jair Bolsonaro também agradeceu a atuação da bancada feminina da Câmara dos Deputados pelas iniciativas em defesa dos direitos humanos. Pelo texto sancionado, constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a criança e adolescente, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao

Em Cuiabá, AEB/MCTI realiza evento sobre tecnologias espaciais para o agronegócio ©NEILA ROCHA/ASCOM/MCTI

A Agência E s p a c i a l Brasileira (AEB), a u t a r q u i a vinculada ao Ministério da C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e Inovaçõ es (MCTI), realizou, nesta terça-feira (24), em Cuiabá (MT), o evento “Agro: tecnologias e aplicações espaciais”. Com a participação da academia e instituições públicas e privadas, o evento visa contribuir com o setor do agronegócio, apresentando estudos de casos e soluções inovadoras baseadas no uso de tecnologias espaciais voltadas ao aprimoramento da produção agrícola e ao desenvolvimento do setor de forma sustentável. A ideia é que o conhecimento adquirido inspire soluções inovadoras para os problemas enfrentados no setor e viabilize, a partir da utilização de tecnologias espaciais, um aprimoramento das práticas agrícolas. Também é esperado um melhor gerenciamento das culturas, a modernização dos processos produtivos representando assim uma oportunidade de sustentabilidade econômica, social e ambiental de toda a cadeia produtiva. O ministro do MCTI, Paulo Alvim, participou da cerimônia de abertura e destacou a relevância do encontro no estado. “Fazer esse evento em Mato Grosso, pensando o agro com tecnologias espaciais e de satélites demonstra o quanto precisamos dessas tecnologias”, avaliou. Alvim lembrou que o Brasil, com o uso da tecnologia, deixou de ser importador de alimentos para alimentar quase um bilhão de pessoas no mundo, com o desa o de alimentar metade da população global até 2050. “O desa o vai pela transversalidade das outras tecnologias que vão levar transformação digital, satélites, conectividade, acelerando tremendamente e garantindo aumento de produtividade e sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, a rmou. Sobre sustentabilidade, o ministro ressaltou que o agronegócio brasileiro já tem produção sustentável, e as tecnologias espaciais vão dar segurança e garantir melhores práticas de produção de baixo carbono. O ministro concluiu sua fala tratando sobre o novo momento do programa espacial brasileiro. “Não temos dúvidas de quem vai acelerar o uso de soluções satelitais no País é o agro e o setor privado”, pontuou. “Avançar na tecnologia espacial não é só ir para o espaço, mas também se apropriar das tecnologias espaciais para melhorarmos o planeta”, concluiu. O presidente da AEB/MCTI, Carlos Moura, também participou da mesa de honra e falou sobre as oportunidades oferecidas pelo mercado no setor espacial. “Como os sistemas espaciais podem ajudar? Acreditamos que eles são uma infraestrutura crítica nacional que afeta diversos setores, agro, energia, transportes”, falou. “O Brasil pode e deve fazer muito mais — o mercado espacial hoje gira em torno de US$ 400 bilhões, podendo chegar a US$ 1 trilhão”. Segundo Moura, 80% desse valor está ligado às aplicações espaciais, que não fazem parte da infraestrutura de lançamento de foguetes e artefatos espaciais, mas sim do uso das informações que são geradas. Também participaram da abertura o reitor da Universidade Federal do Mato Grosso, Evandro Soares da Silva, o coordenador do Parque Tecnológico — MT, representando o secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação, Rogério Nunes, o senador da República Wellington Fagundes (PL-MT), o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato); Marcos da Rosa, a chefe de pesquisa e desenvolvimento na Embrapa Territorial, Lucíola Alves, entre outros convidados e autoridades. O evento foi idealizado pela Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI) e instituições do Mato Grosso, em decorrência de diálogos interinstitucionais e identi cação de sinergias entre a AEB/MCTI, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT), a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECITECIMT) e o Instituto Senai de Tecnologia em Mato Grosso (Senai MT), no que diz respeito à aplicação de tecnologias espaciais na agricultura, voltadas ao aprimoramento da produção e ao desenvolvimento do setor de forma sustentável.

agressor, sanções como suspensão de posse ou porte de arma; proibição de aproximação da vítima, familiares e denunciantes; afastamento do lar; vedação de contato com a vítima; restrição ou suspensão de visitas; prestação de alimentos; comparecimento a programas de recuperação e reeducação; e acompanhamento psicossocial. Além das medidas relacionadas ao agressor, o texto traz medidas protetivas de urgência à vítima. Entre elas, a inclusão em programas de assistência social ou proteção e medidas como acolhimento institucional ou em família substituta.


14 GERAL

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ADRIANA VASCONCELLOS PEREIRA Bacharela em Direito pela Faculdade Minas Gerais (Famig-MG) Pós-graduanda na Escola de Magistratura do Espírito Santo — Esmages

Perturbar o sossego alheio é contravenção penal D

e acordo com a LCP, a Lei de Contravenções Penais, no seu artigo

42, diz: Art. 42. Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; I I – e xe rc e n d o pro s s ã o i n c ôm o d a ou r u i d o s a , e m desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provo cando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. A penalidade é de prisão de 15 dias a três meses ou multa, dependendo do caso. No entanto, não existe uma hora determinada para que qualquer pessoa utilize sons mais altos, que perturbem o sossego alheio, incomodando vizinhos. Vale ressaltar que o reclamante não precisa acompanhar a polícia até a delegacia, já que uma pessoa

©FREEPIK

que noti ca acerca de uma infração penal não está cometendo um ato ilícito, está antes exercendo o seu direito, não precisando nem se identi car, uma vez que isso poderá causar dissab ores p ess oais com o infrator. O desrespeito ao sossego é comum nos dias atuais e vem se agravando na nossa sociedade, os abusadores ignoram o direito ao fazer barulho a qualquer hora, barulho que vai além de simples ab or re cimento, t razendo desconforto, causando incômodo e danos incalculáveis de ordem moral e psíquica. O silêncio é um direito f und ament a l do cid ad ão, assegurado na Constituição Federal, nasceu das garantias à intimidade e à privacidade, previstas no seu artigo 5º , inciso X; garantias essas que s ão inv iol áveis, e, qu ando observadas, é devido ao importunado indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Para garantir esse direito, é preciso impor certos limites à

atuação das pessoas. O proprietário ou o possuidor de uma unidade predial tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais ao sossego e à saúde dos que o h a b i t a m , p r ov o c a d a s p e l a utilização de propriedade vizinha (Código Civil, art. 1.277). Desse modo, incluem vários tipos de barulho: obras em geral;

batidas de porta, som alto, sirene, entre outros. Entretanto, a tolerância é importante para boa convivência social, o que não é tolerável é o abuso, por ser prejudicial ao sossego e a saúde. Ao tomar conhecimento da infração penal, qualquer do povo pode comunicar à autoridade policial e, sendo veri cada a

procedência das informações, deverá tomar as providências legais para repelir a contravenção penal e dar início à persecução penal (CPP, art. 5º, §3º e art. 6º), a m de que o Estado possa punir o culpado. Nesse caso, a poluição sonora é aquela provocada pelo elevado nível de ruídos, cujos limites são estabelecidos para cada local de

acordo com as suas circunstâncias. Todo município cria suas normas e a ele cabe scalizá-las. Portanto, o incômodo gerado ao vizinho pode sair bem mais caro para os ofensores do que possam pressupor, não somente a algazarra, buzina ou som alto rompe com o direito de silêncio, mas também outros ruídos, como fogos de artifícios. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) limita que o ruído em áreas residenciais não ultrapasse os limites de barulho estabelecidos — 55 decibéis no período diurno, das 7h às 20 horas, e 50 decibéis no período noturno, das 20h às sete horas. Se o dia seguinte for domingo ou feriado o término do período noturno não deve ser antes das 9h. Podemos dizer agora, que é mito, que só é proibido barulho das 22h às 7h. Não há legislação que assim disponha. É imp or t ante resp eit ar o sossego alheio a qualquer hora.

Aquecimento global tem feito pessoas perderem o sono, diz estudo

©DIVULGAÇÃO/FREEPIK/JCOMP

Um a p e s q u i s a e m e s c a l a p l an e t ár i a av a l i ou qu e o aumento das temperaturas ao redor do globo, que é ainda mais expressiva no período da noite do que durante o dia, está trazendo prejuízos ao nosso sono. Atualmente, o cidadão

comum dorme uma média de 44 horas a menos que o recomendado a cada ano, todavia, existem grupos que sofrem mais com o problema do que outros, como mulheres e idosos. Noites de péssimo sono

também são responsáveis por afetar três vezes mais populações de países de renda baixa e média, de acordo com as conclusões, que foram divulgadas na revista One Earth. Para chegar a esses dados, os especialistas

acompanharam 47 mil pessoas de 68 países diferentes. Os participantes usaram pulseiras de rastre amento do s ono durante mais de sete milhões de noites, e foi determinado que suas horas de sono perdidas não foram recuperadas

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES posteriormente. A pesquisa descobriu que, quando está mais quente que a média, as pessoas demoram para adormecer, o que estaria relacionado com o fato que nossos corpos precisam esfriar antes que peguemos no sono. Essa preocupante conexão entre aumento de temperaturas e sono insu ciente demonstra como a crise climática pode afetar nossa qualidade de vida ao trazer danos à saúde. "Preocupantemente, também encontramos evidências de que as pessoas que já vivem em

climas mais quentes experimentaram maior erosão do sono por grau de aumento de temperatura. Esperávamos que esses indivíduos fossem mais bem adaptados", explicou ainda o líder do estudo, Kelton Minor, segundo apurado pelo e Guardian. O pesquisador ainda alertou que as estimativas trazidas à tona pelo artigo podem inclusive ser apenas "a ponta do iceberg", e a verdadeira extensão do impacto das noites quentes na perda do sono global seria muito maior.


COTIDIANO 15

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Trens com 120 vagões Serviço de coleta de começam a operar no lixo eletrônico em casa é lançado no Brasil Brasil Demanda de Mato Grosso e início das operações na Malha Central contribuem para otimização do fluxo logístico e exportação de grãos do Centro-Oeste do País ©DIVULGAÇÃO

Planejada para aumentar a capacidade e a e ciência das operações no principal corredor do agronegócio brasileiro — que conecta o município de Rondonópolis (MT) até o Porto de Santos, a Rumo completou em março o primeiro ano do projeto com trens de 120 vagões. O modelo representa um aumento de aproximadamente 50% de capacidade em relação aos trens que antes circulavam com 80 vagões. Com 11.500 toneladas úteis a bordo de cada composição, a operação registrou volume mensal histórico em março com mais de 5,5 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil) movimentadas na Operação Norte, volume equivalente a 3,9 milhões de toneladas úteis. Além do começo promissor em 2022, a empresa já havia registrado em 2021 o maior volume da história da Companhia, movimentando 64 bilhões de TKU. O resultado foi impulsionado pelo uxo de Mato Grosso, onde a Rumo cresceu 3,7 pontos percentuais, transportando 20 milhões de toneladas úteis que representaram um market share de 43% do volume de grãos exportados. Somente no ano passado, a empresa contabilizou 1.585

viagens utilizando o modelo com 120 vagões, que representariam proporcionalmente 2.377 viagens de trens com 80 vagões. Ou seja, houve uma redução de 792 viagens a partir da nova operação, medida que além de bene ciar o escoamento do setor produtivo, reduziu a interferência dos trens nos perímetros urbanos dos municípios que atravessa. “É uma operação que já trouxe ganhos operacionais expressivos, e a expectativa é ainda maior para 2022 e para os próximos anos”, diz iago Alvarenga, gerente executivo de planejamento da Rumo. Entre as estimativas, a empresa calcula que em 2022, caso mantivesse as operações com ap e n a s 8 0 v a g õ e s , s e r i a m necessários mais de 40 locomotivas e 1.445 vagões para cumprir o mesmo ciclo de viagens que é feito com os trens de 120 vagões. Projetada inicialmente para ser tracionada por cinco locomotivas, o trem passou por estudos e adaptações ao longo de 2021 que viabilizaram o uso de apenas quatro locomotivas na composição. Esse fator e mais o auxílio das tecnologias embarcadas de condução semiautônoma permitem um

ciclo mais e ciente para atender as principais regiões produtoras do País. Este novo modelo utilizado pela Rumo está sendo impulsionado pela safra plena da soja, cuja estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta para uma colheita de 39,48 milhões de toneladas no Mato Grosso na safra 21/22, o maior volume da série histórica superando em 9,5% do colhido na safra passada (36,05 milhões de toneladas). At u a l m e n t e , a R u m o e s t á embarcando em média 6,5 trens por dia em direção ao Porto de Santos, dos quais cinco saem do principal terminal de grãos da América Latina, em Rondonópolis, volume que repres enta mais de 74 mil toneladas por dia. Em um dos seus dias mais demandados da operação, foram embarcados 11 trens, sendo sete saindo de Rondonópolis, o que corresponde a uma movimentação de 126,5 mil toneladas em apenas um único dia. A Malha Central, cujos primeiros trens de 120 começaram a operar no segundo semestre de 2021 saindo dos terminais de São Simão (GO) e R i o Ve r d e ( G O ) , t a m b é m contribuem para essa perspectiva positiva com operações diárias na região. “A cada 10 mil toneladas transportadas pela ferrovia, no comparativo com as rodovias, é possível evitar a emissão de aproximadamente 1.500 toneladas de CO₂, uma compensação equivalente ao plantio de mais de 10 mil árvores na Mat a At lânt ica”, a r ma Alvarenga.

O "Coleta em Casa" é voltado para quem não possui pontos de coleta de eletrônicos próximo da residência! ©DIVULGAÇÃO

A Green Eletron, gestora sem ns lucrativos da logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas, em parceria com a GM&C, empresa que oferece soluções em logística reversa e reciclagem, acabam de lançar um ser viço de coleta de eletroeletrônicos em domicílio, o “Coleta em Casa”. Por meio do ser viço, os consumidores que moram em qualquer cidade do Brasil poderão descartar seus aparelhos eletroeletrônicos quebrados ou sem utilidade. Para isso, basta acessar o site, realizar o cadastro, selecionar os produtos que serão recolhidos e agendar a data para a coleta. Após esse processo, o sistema calculará o valor a ser pago com base no produto que será descartado e a localidade do consumidor. Todo o serviço que envolve a coleta do produto até a sua destinação nal ambientalmente correta será realizado pela GM&C, mas o consumidor só pagará um valor correspondente ao serviço de transporte/coleta e, segundo a Green Eletron, sem nenhuma margem de lucro. Somente em 2021, a Green Eletron destinou para a

reciclagem mais de 870 toneladas de resíduos eletrônicos. Isso possibilita o reaproveitamento dos materiais sem utilidade, além de contribuir para a preservação do meio ambiente. A ideia é fazer com que esse número continue crescendo e, consequentemente, toda a cadeia da reciclagem seja bene ciada. O Brasil, apesar de ser um dos países que produz lixo eletrônico, ainda recicla pouco. O Brasil foi o quinto país que mais produziu resíduos eletrônicos em 2019. Segundo o relatório e Global E-waste Monitor 2020, o país cou atrás apenas da China, EUA, Índia e Japão. Ao todo, foram geradas m a i s d e d oi s m i l h õ e s d e toneladas em um ano, das quais menos de 3% foram recicladas. Tal situação não só gera a poluição do solo e das águas — com o descarte inadequado em aterros sanitários — como também a perda de oportunidades de gerar emprego e renda. Para se ter uma ideia, um estudo revelou que a América Latina perde US$ 1,7 bilhão por ano devido aos metais preciosos que poderiam

ser recuperados. O “C olet a em C as a” foi pensado para os consumidores que desejam descartar corretamente seus eletroeletrônicos, mas ainda não são atendidos por um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) da Green Eletron. Atualmente, a gestora possui mais de 1.000 desses pontos de coleta distribuídos em 13 estados e no Distrito Federal e mais de 7.800 exclusivamente para o descarte de pilhas, localizados em todo o País. Con ra se há um ponto de coleta próximo de você. Outra vantagem do serviço é para os consumidores que têm em sua residência aparelhos eletroeletrônicos de grande porte como televisões, máquinas de lavar, geladeiras etc. “Além desses produtos não poderem ser recebidos pelos PEVs, muitas pessoas têm di culdade de levá-los para o descarte em alguma campanha de coleta promovida pela gestora. Com o serviço, esses produtos poderão ser recolhidos com toda a segurança e conforto de estar em cas a”, explica Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron.


16 GERAL

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GRACIMERI GAVIORNO Delegada de polícia; mestre e doutora em direitos fundamentais; professora; Instrutora e mentora profissional para lideranças

Café Coado e... um papo sobre a equidade de gênero P

ara enfrentar essa situação, em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) destacou, entre os seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, o de número 5 (ODS-5), destinado a promover a igualdade de gênero. O objetivo é direcionado a pôr m a qualquer forma de discriminação contra mulheres e meninas em todo o mundo até 2030; a garantir direitos iguais aos recursos econômicos, ao acesso universal à saúde sexual e reprodutiva; a fortalecer a legislação e políticas capazes de garantir maior igualdade de gênero. To m a m o s a q u i o t e r m o igualdade de gênero por equidade de gênero. É reconhecendo as diferenças e nos apropriando do senso de justiça que conseguiremos promover reais oportunidades, capazes de nos aproximar do cumprimento do ODS-5. No Brasil e no mundo, às mulheres, foram negados muitos direitos: o direito de estudar, de ser administradora dos próprios bens, o direito de trabalhar e de escolher uma pro ssão, o direito de votar e de ser votada e, em muitos casos, o direito à vida plena e abundante. O registro de casos de violência

doméstica e familiar tem crescido a cada dia. Mas sabemos que os números divulgados não retratam toda a realidade. Há muitos casos de subnoti cação, principalmente em relação à violência sexual. Um

públicas de cuidado, f o r t a l e c i m e n t o e desenvolvimento de autonomia da mulher. É também necessário organizar uma rede de atenção e de proteção à mulher, que seja forte e sustentável. Exatamente

pela primeira vez o comando feminino. Palmas, no Tocantins, se destacou em 2020 por ser a única capital a ter uma Prefeita. A violência contra as mulheres tem sido evidenciada também na política. E, talvez, seja um dos ©FREEPIK

Alexia Debacker Espinoso levantamento encomendado p e l o Fó r u m B r a s i l e i r o d e Segurança Pública ao Instituto de Pesquisa Datafolha, aponta que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual em 2020, isso sem contar a violência no trabalho. É imprescindível o desenvolvimento de políticas

por isso, é muito importante a participação da mulher na política. E essa é uma das metas relacionadas no ODS-5. As mulheres representam 53% do eleitorado, mas comandam apenas 11,8% das prefeituras no País. Dos 5.568 municípios existentes no Brasil, 662 prefeituras são dirigidas por mulheres. Destas, 264 receberam

motivos de desestímulo à sua participação nos pleitos eleitorais. Nas eleições de 2020, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, declarou que houve um aumento nos ataques físicos ou morais a mulheres candidatas. O assunto é sério e mereceu atenção da legislação brasileira.

Em 2021 foi criada a Lei 14.192, que estabeleceu normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher durante as eleições e no exercício de direitos políticos e de funções públicas. Embora representem a maioria nos 150 milhões do eleitorado, as mulheres ainda são minoria em cargos de representação. Nas eleições de 2020, as câmaras municipais receberam 9.277 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%). Essa baixa representatividade leva o Brasil a ocupar a 142ª posição entre 191 nações citadas no mapa global de mulheres na política da Organização das Nações Unidas (ONU) e o 9º lugar entre 11 países da América Latina em estudo da ONU Mulheres. No Espírito Santo, 91 vereadoras foram eleitas das 856 cadeiras nas câmaras municipais. Dos 78 municípios, apenas São Domingos do Norte e B oa Esperança elegeram prefeitas, enquanto que, no mandato anterior, o Estado registrava quatro prefeitas. Há um grande desa o pela frente, no Espírito Santo e no Brasil: o de mobilizar mulheres e organizar uma formação política capaz de diminuir a desigualdade

de gênero também na esfera eleitoral, pois muitas mulheres ainda estão fora dos espaços onde são tomadas as decisões públicas! Nessa jornada, precisamos contar com a dedicação de todos, homens e mulheres, incentivando e promovendo a participação feminina na vida política, nas associações de bairro, na composição dos conselhos consultivos e d e l i b e r at i v o s d e p o l í t i c a s públicas e nas candidaturas de cargos eletivos, nas esferas municipais, estaduais e federal. Não se trata de uma guerra de sexos. Não estamos falando de mulheres ocuparem os lugares dos homens. Estamos falando de representação. As mulheres podem e devem ocupar os espaços que lhes pertencem. Para isso, são necessários o apoio e o empenho de toda a sociedade no sentido de promover a equidade na política brasileira, respeitando a singularidade humana, com ética, integridade e dignidade. Devemos estar conscientes de nossa responsabilidade social e do compromisso com a defesa da vida plena, agindo de forma transparente e impessoal, dentro dos valores que nortearam a nação brasileira!

Insônia na juventude pode ser sinal de problemas neurológicos na maturidade Pesquisadores da Universidade de Helsinki, na Finlândia, investigaram os sintomas da insônia na meia-idade e seus efeitos na memória, capacidade de aprendizado e concentração na maturidade. Para chegar a esses resultados, os voluntários f o r a m a c o mp a n h a d o s p o r períodos entre 15 e 17 anos. De acordo com o estudo, a insônia pode ser um dos primeiros sintomas de problemas no funcionamento cognitivo na maturidade. Além disso, a pesquisa também mostrou que quanto mais prolongada é a di culdade para dormir, mais graves são os efeitos na memória

e capacidade de aprendizado. Pesquisas anteriores já haviam d e m on s t r a d o q u e e x i s t e m diferentes mecanismos que podem explicar como o sono pode afetar o funcionamento cognitivo. Porém, o maior diferencial deste novo estudo é o longo período em que os voluntários foram acompanhados. Um a out r a d e s c ob e r t a interessante do estudo foi que quando os sintomas de insônia diminuíram ao longo do tempo, o funcionamento cognitivo também foi melhorando durante a maturidade. Enquanto isso, em que não teve melhoras

signi cativas, os problemas cognitivos foram persistentes. Para os pesquisadores, insônia de longa duração pode ser considerada um fator de risco para mau funcionamento cognitivo na maturidade. Por conta disso, os pesquisadores sugerem que uma intervenção precoce para melhorar a qualidade do sono seria plenamente justi cável. Existem diversas maneiras de prevenir a insônia, como ir sempre para a cama no mesmo horário, evitar telas na hora de dormir, não consumir alimentos que demoram para serem digeridos à noite e realizar

exercícios físicos durante o dia. Contudo, a líder do estudo, a

medidas contra a insônia na saúde cognitiva de longo prazo.

desenvolvimento de distúrbios de memória”, diz Lallukka. A ©FIZKES/SHUTTERSTOCK

professora Tea Lalluka, acredita que ainda são necessários novos estudos de intervenção para veri car quais são os efeitos das

“Em estudos posteriores, seria interessante esclarecer, por exemplo, se o tratamento da insônia também pode retardar o

pesquisadora ressalta que apenas sintomas de problemas autorrelatados foram levados em consideração no atual estudo.


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