Jornal Fatos & Notícias 483

Page 1

Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia ANO XII - Nº 483 28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022 SERRA/ES

Cientista capixaba participa de descoberta de mangue na Amazônia ©COREY ROBINSON/NATIONAL GEOGRAPHIC

Distribuição Gratuita

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Você pode escolher essa opção para o almoço da semana bolinho de couve- or ao forno Pág. 8

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 O grupo de ciclismo Aero Race comemorou um ano de atividades Pág. 12

ANA MARIA IENCARELLI

8 O desenvolvimento

cognitivo é de extrema riqueza na vida da Criança Pág. 10

ADRIANA VASCONCELLOS PEREIRA

8Nesta edição continuaremos a falar dos direitos sociais dos pacientes com câncer Pág. 14

JOSÉ NIVALDO CAMPOS VIEIRA

8 Para lidar com a questão da violência e da criminalidade, a solução é desenvolver ações efetivas que impeçam novas “desconexões” Pág. 16

Energia solar vira terceira maior fonte energética do Brasil Pág. 15

Pesquisa brasileira com células modificadas para tratamento do câncer é aprovada Os manguezais são ecossistemas importantes para os serviços ecossistêmicos, como sequestro pela Anvisa de carbono, proteção contra a erosão e habitats para espécies Cientistas defendem T. Rex como espécie Projeto educacional única de de música recebe tiranossauro menção honrosa em premiação nacional poderoso Pág. 9

Pág. 2

Idosos que têm amigos vivem mais e melhor

Projeto "Turma da Ilha", de Vitória, recebe menção honrosa em premiação nacional Pág. 4

As relações de amizade para os idosos podem prevenir doenças cognitivas, como o Alzheimer Pág. 8

©JULIA VIVICHARIK/UNSPLASH

©LUÍS OLIVEIRA

Pág. 7

Pastilhas dentais podem substituir pasta de dente Pág. 5

Acesse o nosso portal: www.jornalfatosenoticias.com.br


2 MEIO AMBIENTE

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Espécies em risco de extinção estão mais ameaçadas do que se pensava Autores da pesquisa ressaltam que, no ritmo atual, quadro tende a piorar nas próximas décadas ©ERIC KILBY

Um novo estudo publicado no periódico Frontiers in Ecology and the Environment, na última segunda-feira (18), aponta que a perda da biodiversidade está atingindo mais espécies do que se imaginava previamente. O estudo, realizado por um time internacional de pesquisadores, reuniu diversos dados geográ cos e demográ cos. O grupo coletou opiniões de milhares de especialistas, incluindo de grupos sub-representados na ciência da biodiversidade. O objetivo foi identi car lacunas de conhecimento e diferenças de opiniões sobre o tema. A partir dos dados, observouse um consenso de que a perda de biodiversidade global provavelmente limita o funcionamento da natureza e as contribuições que ela pode oferecer. A perspectiva de cada

especialista também contribuiu para uma avaliação abrangente sobre a extinção e os fatores mais in uentes que afetam os ecossistemas do mundo. Segundo o estudo, esses fatores estão ligados às mudanças

climáticas, à poluição e às mudanças e exploração do uso da terra e do mar. A pesquisa sugere que mais espécies podem estar ameaçadas do que se pensava anteriormente: desde 1500, 30% das espécies

foram ameaçadas de extinção ou l e v a d a s à e x t i n ç ã o. S e a s tendências atuais continuarem, isso pode aumentar para 37% até 2100. Mas, se esforços de conservação forem tomados de

forma rápida e extensa, essa quantidade pode ser reduzida para 25%. “O problema da mudança climática pode ser corrigido pela interrupção da emissão de mais dióxido de carbono na atmosfera. Se você perde uma espécie, ela desaparece para sempre”, diz em nota o profess or Johannes K n o p Furcifer s, pesquisador da Camaleão Universidade Xi'an Jiaotonglabordi Liverpool e autor do estudo. Para além das consequências da perda de biodiversidade, os autores notaram uma diferença entre pensamentos. De acordo com a pesquisa, os homens brancos europeus pautavam o uso de terras por meio de localização geográ ca e demográ ca, que traz prejuízos para o ecossistema. Enquanto isso, a solução mais viável era explicada por uma minoria que não tem muita voz

no meio acadêmico: mulheres, chineses, pessoas que habitam a América do Sul e África deram m a i o r ê n f a s e a o compartilhamento de terras. “A e s t r a t é g i a d e compartilhamento de terras se concentra em pensar em como a agricultura e as cidades podem coexistir com a biodiversidade, enquanto a estratégia de economia de terras expande o tamanho das áreas protegidas para aumentar a biodiversidade, mantendo práticas agrícolas intensivas em outros lugares”, comenta em nota Knops. Os pesquisadores esperam encorajar mais acadêmicos a usarem o estudo para entender a perspectiva global sobre a perda de biodiversidade e incluir mais pontos de vistas em estudos futuros.

Maior onívoro do mundo Manguezal de água doce é descoberto na é o maior de todos os Amazônia peixes: o tubarão-baleia ©ABE KHAO LAK/CREATIVE COMMONS

Os tubarões-baleia (Rhincodon typus) são os maiores peixes vivos do mundo e podem crescer até 18 metros, chegando a pesar 34 toneladas. Encontrados nos oceanos tropicais, esses gigantes marinhos bateram outro recorde, segundo um novo estudo: o de maior onívoro do Planeta. Cientistas marinhos descobriram que, para além de seu alimento preferido, o krill (pequenos cr ust áce os s emel hantes ao camarão), os tubarões-baleia também comem plantas em quantidades consideráveis e relevantes para sua dieta. Com a descoberta, descrita na revista Ecology, eles destronam o cialmente o urso-de-Kodiak, encontrado no Alasca, até então considerado o maior onívoro do mundo. Os onívoros são animais que se alimentam tanto de carne quanto de vegetais. Em novos estudos feitos no recife de Ningaloo, a oeste da Austrália, os pesquisadores

analisaram amostras de biópsia de tubarões-baleia e descobriram que os animais estavam comendo muito material vegetal. "A visão que temos de tubarões-baleia vindo para Ningaloo apenas para se deliciar com os pequenos krills é apenas metade da história. Eles estão realmente comendo uma boa quantidade de algas também", disse Mark Meekan, biólogo do Instituto Australiano de Ciências Marinhas. Todos os anos, de abril a julho, tubarões-baleia se reúnem no recife de Ningaloo e nadam perto da costa, alimentando-se em águas com menos de 80 metros de profundidade. A proximidade faz desses gigantes dóceis uma at r a ç ã o p a r a o s tu r i s t a s e mergulhadores. Eles se alimentam por meio do método de sucção e ltração: nadando com a boca aberta, sugam suas presas através do bombeamento das brânquias, que funcionam como órgãos

ltradores; depois, o tubarãobaleia fecha a boca e retém o plâncton, expelindo o excesso de água através das brânquias. Em todo o mundo, o número de tubarões-baleia está diminuindo e, em 2016, a União Internacional para a Conservação da Natureza elevou o status de conservação do animal de "ameaçado" para "em perigo. Eles enfrentam problemas com poluição, aumento da temperatura dos oceanos e acidi cação, que afetam a rede de alimentos disponíveis. Além disso, esses gigantes também são vítimas da pesca predatória e, como muitas vezes nadam perto da superfície, podem ser mortos acidentalmente pelas hélices dos navios.

Uma descoberta cientí ca, divulgada no último dia 20, revela a existência de manguezais de água doce na costa brasileira. O achado inédito é da expedição da National Geographic e da Rolex Pe r p e tu a l P l an e t A m a z on Expedition, da qual faz parte Ângelo Bernardino, pesquisador e professor do Departamento de Oceanogra a da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A E x p e d i ç ã o Pe r p e t u a l Planet Amazon vai passar dois anos percorrendo a bacia do rio Amazonas, dos Andes ao Atlântico. A exploração que descobriu os manguezais de água doce foi a primeira da série e aconteceu de 10 a 27 de abril último. Os pesquisadores Ângelo Bernardino e iago Silva, da National Geographic, exploraram 11 orestas de mangue ao longo do delta do Amazonas. Foram analisados dados da água, do s olo, salinidade, comp osição, densidade e volume das árvores usando varredura a laser 3D do solo e de drones. Os resultados da pesquisa mostram uma expansão dos manguezais mapeados existentes no delta do Amazonas de quase 20%, com mais 180

quilômetros quadrados. Esses manguezais são ecossistemas importantes para os chamados serviços ecossistêmicos, como sequestro de grandes quantidades de carbono orgânico, proteção contra a erosão e habitats para muitas espécies terrestres e aquáticas, como macacos, pássaros, caranguejos e peixes.

lugares no Brasil. Talvez 99% dos manguezais do Brasil se desenvolvam em solos com alta salinidade, em estuários e áreas marinhas. No delta a gente tem o maior rio do mundo criando essas condições especiais [para o manguezal doce]. É muito especial ver isso, um ecossistema adaptado como provavelmente não existe em nenhum outro ©COREY ROBINSON/NATIONAL GEOGRAPHIC lugar do mundo”, a rmou Bernardino. S egundo divulgado p e l a Nat i on a l Geographic, o estudo, publicado na ú lt ima quinta-feira (21) em artigo na Current Biology, mostra que a pluma do rio Amazonas e as altas condições pluviométricas permitem O professor B ernardino destacou o valor da exploração a coexistência de um conjunto do meio ambiente em busca de único de manguezais. Essas novas descobertas cientí cas. “A estruturas de mangue, que gente t in ha a hip ótes e d a produzem pouca ou nenhuma existência de manguezais de s a l i n i d a d e , n u n c a f o r a m água doce em solos hipossalinos documentadas em deltas ou no delta do Amazonas, pois a m a n g u e z a i s c o s t e i r o s e m vazão alta de água do Rio nenhum lugar do mundo. O professor Bernardino segue Amazonas poderia dar suporte a na Amazônia. A segunda fase da manguezais com grandes pesquisa está atualmente em diferenças de estr uturas e funções ecológicas. Depois dessa andamento no Pará, onde ele e a expedição, nos surpreendemos, exploradora Margaret Owuor porque esses manguezais têm estudam o valor econômico e estruturas bem diferentes do que social que as orestas de mangue e s t a m o s a c o s t u m a d o s n o proporcionam às comunidades Espírito Santo e em outros amazônicas.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

Filiado ao Sindijores

CNPJ: 18.129.008/0001-18

"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

Circulação: Grande Vitória, interior e Brasília

Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores


CULTURA 3

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

'A Face da Guerra', uma das obras mais simbólicas e comoventes de Salvador Dalí ©STOCK/ALAMY

Aventuras de um super-herói cego viram quadrinhos Produção é feita pelo Instituto Benjamin Constant ©IBC/DIVULGAÇÃO

'A Face da Guerra', obra de Dalí, foi pintada entre o pós-Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial

R

odeada de vibrantes, longas e esganiçadas serpentes, uma cabeça moribunda sem corpo flutua na aridez de um deserto, compondo 'A Face da Guerra', uma das obras mais simbólicas e comoventes do surrealista espanhol Salvador Domingo Dalí Domènech (19041989), conhecido por Salvador Dalí. “A cabeça parecendo uma caveira tem todos os orifícios repletos de esqueletos; cada um contém esqueletos e esqueletosdentro-de-esqueletos, de forma que ela está recheada de morte infinita, um símbolo potente da

era dos campos de concentração e a s s a s s i n at o s e m m a s s a”, descreve Nathaniel Harris em Vida e Obra de Dalí. Aversão Produzida em 1940, após o fim da Guerra Civil Espanhola e em plena Segunda Guerra Mundial, Dalí demonstra nesta tela uma forte repulsa e aversão aos episódios históricos de extermínio. Nesta época, ele partiu de Paris, na Europa (que amava), para se refugiar na Califórnia, nos Estados Unidos, acompanhado de sua esposa, Gala Éluard Dalí (1894-1982),

onde permaneceram por oito anos (e onde ele chegou ao auge de sua fama). No entanto, nem a distância física da guerra fez o artista mudar o foco do terror tão trabalhado em uma série de suas artes surreais. Nesta, além da destruição contínua representada pelo funil de crânios em sofrimento e horror dentro dos olhos e bocas, há uma sombra no canto inferior direito que destaca o rastro de uma mão sobre uma pedra. Na falta de assinatura, há quem diga que esta é a ideia da marca do artista. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)

As aventuras de um super-herói cego foram parar nos quadr inhos em Braille. A história conta a trajetória de Luís, um pré-adolescente que descobre que tem o poder de transformar textos de escrita comum em sistema braile e que, por isso, tem uma identidade secreta chamada SuperBraille. A professora Hylea Vale, uma das autoras da história em quadrinhos, explica os desa os de produzir as aventuras do herói. "O desa o maior do SuperBraille é a questão de ser uma história em quadrinhos que a gente precisa trazer para o braille as descrições dos desenhos", a rma. A produção dos quadrinhos é feita pelo Instituto Benjamin Constant, que é vinculado ao Ministério da Educação. O instituto já realiza a produção de materiais no sistema braille há pelo menos 63 anos, como a r e v i s t a Po n t i n h o s . N e l a ,

começou a ser contada a história de Luís. Hy le a a r ma que, nos quadrinhos, o poder de Luís vem de uma bengala que ele ganhou do avô. "Um menino que é vidente — como a gente chama na área da de ciência

visual — é o menino que enxerga. E ele encontrou uma bengala mágica. Quando ele mudava de mão, ele cava cego e conseguia passar a mão nos textos e enxergar, ou seja, passava a transformar aquilo que estava em tinta em braille", explica. A publicação vai ter distribuição gratuita e trimestral Pessoas físicas e instituições de ensino públicas podem solicitar gratuitamente tanto as histórias em quadrinhos do SuperBraille quanto a revista Pontinhos. Para isso, é só preencher o formulário no site do Instituto Benjamin Constant. LUCIANO DANIEL

“Um cisne selvagem e Foto Antiga do ES outras histórias" conta o lado sombrio dos contos de fadas

©INSTAGRAM HISTORIA.CAPIXABA

©REPRODUÇÃO/BERTRAND BRASIL

Todos crescem ouvindo os clássicos contos infantis que nos levam para um universo fantástico e aconchegante. Mas o que acontece quando todas as nossas memórias de infância se tornam obscuras com o tempo? É isso que o livro "Um cisne selvagem e outras histórias" traz para os adultos. Michael Cunningham — que é conhecido por "As Horas", obra vencedora do Prêmio Pulitzer — retorna para mais um romance que transforma os contos de fa d as qu e c on he c e mo s em histórias sombrias, mostrando o lado que esqueceram de nos contar enquanto crescíamos. O

autor deixa os clássicos mais realistas para o público adulto, mostrando a sua reimaginação de um modo ousado. Além de transformas as guras míticas de nossa infância em algo novo, a obra também conta com

ilustrações de Yuko Shimizy, cujo estilo lembra Aubrey Beardsley, ilustrador que in uenciou o desenvolvimento da art nouveau, e do autor e ilustrador de "Onde Vivem Os Monstros" Maurice Sendak.

Pedra o Frade e a Freira vista da BR-101, postal Paranacart da década de 70. O monumento está localizado entre os municípios de Itapemirim, Vargem Alta, Cachoeiro de Itapemirim e Rio Novo do Sul


4 EDUCAÇÃO

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Game quer ajudar a Projeto educacional de ensinar educação música recebe menção financeira para crianças honrosa em premiação ©DIVULGAÇÃO/ESTADÃO

Com foco em ensinar princípios da educação nanceira para crianças, o jogo Bolodim traz uma proposta que promete aliar diversão e conhecimento. A plataforma, que tem como foco os pequenos entre cinco e 11 anos, permite que os usuários poupem moedas durante o jogo para fazer com que seu bolo virtual cresça até o nal do ano letivo. Durante o percurso, os jogadores são confrontados com dilemas que envolvem conceitos da economia, como oferta e demanda, concorrência, empreendedorismo e tomadas de decisão. O modelo de negócios da B25, produtora do game, é baseado tanto nas vendas de assinaturas individuais, que custam R$ 9,80 por mês, quanto em parcerias com instituições de ensino público e privadas. O jogo está disponível para dispositivos iOS, Android e computador. "Temos convers as com s e cret ar i as grandes, tanto de estados, quanto de prefeituras e todas com f e e d b a c k p o s i t i v o " , c o nt a Eduardo Curralo, fundador da produtora e idealizador do jogo. Segundo ele, novas parcerias

nacional Projeto "Turma da Ilha" recebe menção honrosa em premiação nacional

devem ser anunciadas em breve. A produção do Bolodim levou cerca de 1 ano e meio, desde os estudos para criação do game até o desenvolvimento nal e testes com diferentes crianças. O processo contou com ajuda de especialistas na área de educação e programadores com experiência em games voltados para o público infantil. Curralo atuou no mercado nanceiro durante 16 anos antes se aventurar no mundo dos jogos e m 2 0 1 9 . E l e c ont a qu e a motivação para a criação do Bolodim partiu da percepção de que o assunto não era tratado desde cedo com as crianças. "As pessoas me diziam: Edu, se eu tivesse aprendido isso desde

criança eu seria outra pessoa", relembra. Um novo negócio fechado pela empresa prevê que o número de usuários do game salte de 1,3 mil para 16 mil. "Fechamos uma parceria com uma multinacional do varejo norte-americana, que vai oferecer o acesso ao Bolodim para seus 14 mil colaboradores", explica Curralo. A ideia da B25 é escalar o alcance do jogo da maneira mais rápida possível, sem perder a qualidade do produto. Uma nova versão do jogo, adaptada para estudantes no Ensino Fundamental II e Ensino Médio, já está sendo desenvolvida e deve estrear no mercado no início de 2023.

Novo livro da Turma da Mônica traz clássico da literatura em Libras “ Tu r m a d a Môn i c a C onto Clássico em LIBRAS — O Lobo e os Sete Cabritinhos”, livro da On L i n e E d it or a , p a rc e i r a d a Mauricio de Sousa Produções (MSP), conta um clássico da literatura na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A novidade foi apresentada ao público na 26ª Bienal Internacional do Livro, que aconteceu no início do mês, no Expo Center Norte, em São Paulo. A h istór i a , c ont a d a p el a primeira vez pela personagem surda da Turma da Mônica, a Sueli, tem como objetivo contribuir para o papel da família e responsáveis diante da inclusão escolar e social da criança surda e leitora, bem como oportunizar recursos aos e duc adores, no intuito de favorecer o desenvolvimento dessa criança na sua primeira língua. Com cenas da turminha mais divertida do Bairro do Limoeiro,

mundo lhe seja apresentado em seu idioma, o que estimula uma real compreensão em uma interação com qualidade, ©DIVULGAÇÃO signi cado e respeito”, explica a escritora e intérprete Izildinha Houch Micheski, quem adaptou a história de Wilhelm e Jacob Grimm. Segundo a especialista, tratase de uma iniciativa que surgiu a partir da re exão sobre a escassez desse gênero literário adequado no mercado. “As experiências educacionais vivenciadas e desenvolvidas ao longo de uma trajetória, uma vez que são multiplicadas, podem se transformar em um acer vo signi cativo na movimentos de cada sinal, para c o n t r i b u i ç ã o p a r a o que o educador e a criança enriquecimento da prática de possam entendê-los e executá- muitos educadores em favor do los. “Assim como a criança desenvolvimento e letramento o u v i n t e , a c r i a n ç a s u r d a do educando surdo, o que ainda igualmente se bene cia com a permite que as famílias possam magia dos contos clássicos, no d e s e n v o l v e r a l e i t u r a entanto, esta necessita que o compartilhada em seus lares”. também apresenta a história com imagens que re velam com clareza a execução dos

O projeto "Turma da Ilha", desenvolvido pela professora Dalila Evangelista com 130 e s t u d a nt e s d a E s c o l a Mu n i c ip a l d e E n s i n o Fu n d a m e nt a l ( E m e f ) Castelo Branco, que ca na Ilha do Príncipe, recebeu uma menção honrosa do "23º Prêmio Arte na Escola Cidadã", o maior prêmio de arte-educação do Brasil. Estimular nos estudantes mai or v a l or i z a ç ã o d a cultura, patrimônio e produção artística local, além de conhecimento histórico e social, com aprox i m a ç ã o e reconhecimento do território capixaba, foram os objetivos do projeto desenvolvido no ano de 2021 pela professora de Música e Arte, que contou t amb é m c om o ap oi o d a s professoras Maria Meneguelli e Poliana Conceição. Atu a lmente lot ad a na S e cret ar i a Municip a l de Educação (Seme), na Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação (GFDE), a professora Dalila Evangelista fala com orgulho dos resultados alcançados com o projeto. "Esse prêmio é o maior do Brasil na área de arte-educação. Receber essa menção honrosa de um prêmio tão importante me

impulsiona a continuar ensinando com excelência por meio da arte, tendo a música

projeto foi desenvolvido em meio à pandemia, e a participação e envolvimento dos familiares nas etapas do ©LUÍS OLIVEIRA projeto foram incríveis, o que evidenciou ainda mais o empenho dos estudantes e o potencial das propostas d e s e nv o l v i d a s . Possibi lit amos a eles conhecer e se aproximar mais ainda da comunidade em que vivem, fortalecendo a identidade capixaba", contou a professora. O nome do projeto surgiu a partir da canção 'Turma da Ilha', de Milton Karam, que acabou dando nome ao projeto e inspirando uma sequência de atividades sobre o bairro Ilha do Príncipe. Localizar a escola no mapa, pesquisar aspectos da ilha de Vitória, resgate de como eixo principal", disse. Tudo começou a partir da ideia histórias, patrimônios, cultura e de gravar um coral virtual com f o l c l o r e , c o n f e c ç ã o d e os estudantes para, de certa instrumentos com materiais forma, retomar a prática musical reutilizáveis e conversas com coletiva com eles em meio ao artistas locais foram algumas das distanciamento na pandemia. "O atividades trabalhadas com os resultado foi muito além. O estudantes dentro do projeto.

Educação para o Século XXI é tema de encontro na sede da OEI Nos dias 18 a 19 de julho, ocorreu, na sede da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), em Madrid, o seminário internacional "Educação para o Século XXI na América Latina e Caribe", com a participação de ministros e especialistas em educação da I b e r o - A m é r i c a . O e v e nt o promovido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) teve como objetivo proporcionar um espaço de discussão e partilha de um roteiro para o pleno desenvolvimento de modelos híbridos de educação na região, tendo em conta que, após a abertura parcial de escolas e universidades em 2021, tornouse evidente o grande fosso digital

entre os países iberoamericanos. Na abertura do seminário, representante da OEI destacou a necessidade de uma proposta de educação híbrida que melhore a produtividade e que prepare os países ibero-americanos caso haja novos cenários de pandemia. Durante a pandemia provocada pela covid-19, 180 milhões de estudantes foram afetados na América Latina, a região do mundo mais atingida. As perdas de aprendizagem durante o primeiro ano da pandemia foram de 90% nas escolas primárias e de 72% nas escolas secundárias da região. De acordo com os números do BID, pelo menos 77 milhões de pessoas não têm acesso à internet de qualidade nas zonas rurais da

A m é r i c a L at i n a e C ar i b e , enquanto a probabilidade de abandono escolar entre os jovens dos 12 aos 17 anos de idade aumentou em 13%. Durante o e ve nto, re pre s e nt ante s d o Ministério da Educação do Brasil compartilharam experiências no âmbito da temática, especi camente sobre o uso da tecnologia no aperfeiçoamento da educação. Foi apresentada também a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica, instituída pelo Decreto nº 11.079/2022 cujo objetivo é realizar melhorias no processo ensino aprendizagem pós-pandemia, utilizando a Plataforma de Ava li açõ es Di ag nóst ic as e Formativas.


INOVAÇÃO 5

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Pesquisa transforma Pastilhas dentais podem bagaço de malte e substituir pasta de dente caroço de pequi em biocombustível Lançadas no Brasil, pastilhas são opção sem água e sem embalagens de plástico para uma higiene bucal completa ©SIMPLE ORGANIC

O uso de shampoos e condicionadores sólidos já é bastante conhecido. Os produtos economizam água na sua produção, não vem em embalagens de plástico e são superpráticos na hora de usar e transportar. A novidade que chegou ao mercado brasileiro são pastilhas dentais, uma versão sólida da pasta de dentes, produto que usa muita água na sua produção e normalmente vem em embalagens plásticas. A pastilha dental Taste é um lançamento da marca de cosméticos orgânicos Simple O rg an i c . A p a s t i l h a p o d e substituir os itens comuns no cuidado da saúde bucal como as pastas e antissépticos. A Taste é livre de sulfatos, triclosan, parabenos e aromas e adoçantes sintéticos, comumente utilizados nas opções convencionais do mercado, e nocivos à saúde e ao planeta. Como alternativas, a marca apostou no Xilitol, adoçante natural de origem botânica, e na

Na Universidade de Brasília, cientistas estudam como aproveitar resíduos orgânicos na produção de energia! ©FRUTOS ATRATIVOS CERRADO/FLICKR

a r a s p a p ar a i n dú s t r i a d e alimento, mas sobra o caroço. Então já temos a pesquisa sobre o caroço do pequi vinculado à produção de biocombustível sólido ou a parte de t r ans e ste r i c a ç ã o d o ól e o extraído do pequi para fazer biodiesel ou mesmo a gasei cação desse resíduo”, explica. Uma parte dos testes foi realizada em Portugal, em parceria com o Instituto Superior Técnico de Lisboa. Bagaços de m a lt e e c a ro ç o s d e p e q u i passaram por um processo de gasei cação e demonstraram ter alto poder calorí co como explica a professora Grace Ghesti do Departamento de Química da

quanto em sua embalagem, quanto para os usuários. Outra vant agem é que o líquido pode ser o ambiente perfeito para a proliferação de micro-organismos e, por isso, muitas vezes, é necessário adicionar uma porção de químicos para estabilizar a fórmula que usa água em sua c omp o s i ç ã o. Na s p a s t i l h a dentais, o uso destes produtos químicos pode ser dispensado. A embalagem das pastilhas dentais não tem plástico e é feita papel 100% reciclável. A fórmula concentrada e o formato em p a l l e t s s ã o p e r fe ito s p ar a carregar na bolsa. O modo de usar também é muito prático: basta mastigar a pastilha, molhar a escova de dentes e começar a escovação. Já para a substituição do enxaguante bucal, a recomendação é mastigar a pastilha e fazer um bochecho de 30 segundos com um pouquinho de água.

formas de transporte diariamente em Estocolmo. As balsas elétricas da Candela usam hidrofólios, mecanismos que saem da embarcação e entram na água, funcionando como asas, levantando a balsa no ar e aju d an d o - a a g an h ar velocidade, assim como um avião durante a decolagem. A P12 pode atingir 48 km/h. Barcos com hidrofólios não são novidade, mas a inovação da startup está em usar energia elétrica e controles automatizados para fazê-los navegar. Com 12 metros de comprimento e 4,5 metros de largura, a balsa comporta 30 passageiros sentados. As baterias duram por três horas. Em entrevista ao Wired, o CEO garantiu que as balsas não

causam enjoos nos passageiros. Os sensores na P-12 ajustam a altura, o rolamento e a inclinação da embarcação até 100 vezes por segundo para assegurar que a viagem seja tranquila, independentemente do clima. “O sistema de controle corta qualquer movimento vertical do b a rc o, q u e c au s a e nj o o s”, declarou. Quando estiver em pleno uso, a P-12 vai usar menos energia por passageiro do que um ônibus híbrido, deslocar-se mais rápido que um carro e diminuir os c ustos com combust ível e manutenção em 40%, sendo menos disruptivo ao meio ambiente acima e embaixo da água.

AJUFE

Startup inventa balsa ' voadora' sustentá vel mais rá pida que transportes tradicionais A Suécia está investindo em opções mais limpas e ecologicamente sustentáveis para o transporte de passageiros na capital, Estocolmo, para aposentar as balsas movidas a diesel utilizadas atualmente. Entre as alternativas sendo estudadas está a Candela P-12, uma balsa voadora, que navega a cerca de um metro acima da água. O projeto é criação da startup Candela. A balsa usará hidrofólios para navegar sem fazer barulho e sem

Mentha Piperita e Arvensis, dupla poderosa que traz a sensação de refrescância e hálito fresco. Segundo a fabricante, enquanto cremes dentais e enxaguantes utilizam 30% e 90% de água em suas composições, a pastilha Taste é formulada sem a adição desse ingrediente. A marca reforça que os produtos waterless, sem água, são ótimas op çõ es t anto p ara o meio ambiente, já que diminuem consideravelmente a utilização de água tanto no produto nal

emissões de carbono. A startup já está trabalhando na produção do barco e, segundo o CEO Gustav Hasselskog a rmou ao Wired, o lançamento está previsto para novembro de 2022, com período de testes est imado p ara o próximo ano. O objetivo da startup é incluir a balsa "voadora" na malha de transporte público de Estocolmo. Atualmente, a capital sueca conta com uma frota de 60 balsas que emitem 40 mil toneladas de dióxido de carbono anualmente,

cerca de 8% de todas as emissões de transportes do país — e a poluição é levada para o ar das cidades, o que preocupa os especialistas em saúde pública. Estocolmo está comprometida a utilizar balsas com emissão neutra até 2025. Mas a startup quer ir além de apenas zerar a emissão de carbono das balsas: ela quer criar um meio de transporte tão rápido que convença as pessoas a parar de usar carros. Para chegar no centro de Estocolmo de uma

©DIVULGAÇÃO

Sobras de alimentos, poda de ár vore s e out ro s re s í du o s orgânicos são reaproveitados, geralmente, na compostagem. Mas dá pra fazer mais do que isso. Pesquisadores da Universidade de Brasília estão transformando o que ia para o lixo em energia. O professor Edgar Amaral Silveira, do Departamento de Engenharia Mecânica, conta que a equipe está fazendo um levantamento do potencial de diferentes resíduos de atividades agroextrativistas do Cerrado. “A gente já 'tá pensando no reaproveitamento de alguns resíduos vinculados à cadeia alimentícia. Por exemplo, o pequi tem toda a parte que se faz

UnB. “O processo de gasei cação em si gera gás de síntese, que são gases que tem um poder c a l o r í c o m a i s a l t o . Um gasei cador em um sistema combinado de um motor ou de uma turbina, a gente consegue gerar energia muitas vezes com e ciência bem maior do que um sistema de biogás ou de um gerador simples a diesel”, a rma. A pesquisadora destaca que a expectativa é que a energia gerada com os resíduos atenda justamente quem faz o descarte. “[A ideia é que] Comunidades isoladas, extrativistas ou até mesmo indústria cervejeira e agroindústria [possam] ter seu próprio sistema de geração de energia a partir de seu resíduo”, completa. A quantidade de lixo é grande mas o reaproveitamento ainda é muito pequeno. De acordo com dados da Associação Brasileira d as E mpre s as d e L i mp e z a Pública e Resíduos Especiais, de quase 37 milhões de lixo orgânico produzido no Brasil por ano, apenas 1% é reaproveitado.

região no subúrbio da cidade, uma pessoa demora 50 minutos de carro, durante a hora do rush. Caso ela embarque na balsa P-12, ela percorrerá a mesma distância em 25 minutos, segundo o CEO. O s d a d o s d a Waxholmsbolaget, agência que controla os barcos de transporte público no arquip élago, mostram que as balsas transportam 1,2 milhão de passageiros anualmente na c i d a d e, e nqu anto 7 8 0 m i l viagens são feitas por outras


6 TECNOLOGIA

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Anatel autoriza o 5G em Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa

Soluções prometem deixar bicicletas convencionais mais potentes

©CNI/JOSÉ PAULO LACERDA/DIREITOS RESERVADOS

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) con rmou, hoje (27), que as operadoras poderão ativar suas redes de internet móvel 5G em Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa a partir desta sextafeira (29). A data foi de nida pelo Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (Gaispi) na faixa de 3.625 a 3.700 MHz, em reunião esta manhã. O grupo é composto por representantes da Anatel, do Ministério das Comunicações e de empresas, incluindo as de radiodifusão afetadas pelo projeto. As três capitais se somam a Brasília, onde o 5G foi ativado em 6 de julho. Desde então, segundo os conselheiros da Anatel, na capital federal a cobertura vem sendo expandida rapidamente, com a otimização da rede seguindo o cronograma que estabelece os prazos

Engenheiro francês e designer irlandês criam equipamentos que otimizam as pedaladas sem uso de eletricidade ©JONNY KENNAUGH/UNSPLASH

máximos para que as empresas instalem novas estações. Assim como em Brasília, a área atendida nas outras três localidades já autorizadas será ampliada pouco a pouco. “ Também é importante o usuário contatar sua operadora para saber se seu aparelho está apto a receber o sinal ou se será necessário trocar o chip ou fazer a l g u m a o u t r a m u d a n ç a”, recomendou o presidente do Gaispi, Moisés Moreira. Para contor nar p ossíveis interferências causadas a parte dos cidadãos que utilizam

antenas parabólicas da chamada Banda C, a Entidade Administradora da Faixa (EAF) da Anatel criou um programa para distribuir, gratuitamente, às famílias carentes das capitais brasileiras e que estão registradas n o C a d a s t ro Ún i c o p a r a Programas Sociais do governo federal, kits contendo novas antenas digitais, conversores e cabos. O pedido do kit e de instalação dos aparelhos pode ser feito por meio do site do Programa de Distribuição de Kits, criado pela EFA.

Aranhas mortas são transformadas em “necrobots” ©ERNIE COOPER/SHUTTERSTOCK (ESQ.)/UNIVERSIDADE RICE (DIR.)

Um a r t i g o p u b l i c a d o n a segunda-feira (25) na revista científica Advanced Science descreve um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Rice, renomada instituição de pesquisa localizada em Houston, no estado norte-americano do Te x a s , q u e p o d e s e r considerado “macabro” por alguns. Eles transformaram aranhas mortas em “ n e c r o b o t s ”, p e g a d o r e s mecânicos parecidos com aquelas famosas gruas existentes em máquinas de capturar pelúcias.

A i d e i a d e t r ans for mar aranhas mortas em guindastes robóticos veio da observação das patas desses animais, que, de acordo com os autores do artigo, podem segurar objetos grandes, delicados e irregulares de forma firme e suave sem quebrá-los. Em colaboração com o engenheiro mecânico Daniel Preston, a estudante de engenharia mecânica Faye Yap e seus colegas descobriram uma maneira de fazer as pernas de uma aranha-lobo morta se desenrolarem e se agarrarem aos objetos. Embora não tenham

músculos para extensão, as aranhas movem as pernas por pressão hidráulica. Elas têm uma câmara de prosoma — ou cefalotórax — que, ao contrair, envia fluido interno do corpo para suas pernas, fazendo-as estender. Então, a equipe inseriu uma agulha no cefalotórax do cadáver da aranha e criou um lacre ao redor da ponta da agulha com supercola. Um leve sopro de ar através da seringa foi suficiente para ativar as pernas do animal, alcançando uma gama completa de movimento em menos de um segundo.

um designer irlandês. A 'Sup er w he el', nome que o equipamento recebeu, usa o peso do ciclista para impulsionar a bicicleta. O movimento do ciclista é convertido em energia o que torna a tecnologia uma alternativa às e-bikes para bicicletas convencionais — Basta trocar as rodas e pronto. Segundo Simon, converter o peso do ciclista em propulsão aumenta a e ciência da pedalada em mais de 30% em relação a uma roda de bicicleta convencional. O mecanismo consiste em três partes principais, uma mola, uma alavanca e o acionamento interno, com oito combinações de mola e alavanca. Em termos simples, as alavancas na parte superior da roda comprimem as m o l a s e n q u a nt o a s m o l a s inferiores descomprimem, o que faz com que a roda se mova para frente. A propulsão é criada com a energia desse movimento. A roda é leve, fácil de carregar e pode ser usada por qualquer bicicleta sem a necessidade de conversão. O designer explica que os ajustes na pressão dos pneus e nas molas podem aumentar ainda mais a potência

Pedalar é realmente uma boa opção de transporte. As bicicletas não poluem e ajudam quem pedala a ter uma rotina mais ativa e saudável. Para quem escolheu a bike como meio de transporte, uma opção elétrica pode ajudar em percursos mais longos ou com ladeiras. Mas o preço de uma bicicleta elétrica nem sempre é acessível. Pensando em facilitar a vida dos ciclistas, algumas soluções têm sido desenvolvidas para otimizar as pedalas, aumentando e ciência com design e engenharia, s em o us o de baterias. Um engenheiro francês criou um novo sistema para a engrenagem nos pedais que promete aumentar em 10% a potência das pedaladas e um designer irlandês desenvolveu uma “super-roda” que usa o peso do ciclista para impulsionar a bike. Jacques Cerdan, um engenheiro aposentado da região de Loiret, na França, e Ludovic Boulet, um empresário de Marselha, patentearam um novo sistema de engrenagem para as bicicletas que promete otimizar as pedaladas. Jacques trabalhou a vida toda na indústria automobilística e, d e p oi s q u e s e ap o s e nt ou , começou a se dedicar ao ciclismo, sua grande paixão. O projeto da nova engrenagem começou de forma caseira, com

as peças que ele tinha à disposição. Amigos ajudavam nos testes e, depois de 15 anos, Ludovic decidiu industrializar o sistema Cerdan, que é uma reviravolta nos pedais clássicos. “Na pedalada, há uma zona morta, ou seja, quando você está com um pé para baixo e o outro para cima, você não consegue distribuir a força, não gira. Com o novo sistema, o pedal superior já estará inclinado, pronto para receber potência. Isso aumenta a e ciência e o conforto”, explica Ludovic. A solução foi testada e aprovada pela campeã mundial de Sprint, Barbara Buatois. “Percebe-se que você pode ter uma cadência melhor e, portanto, um ganho importante

de potência com a pedalada”. Outra solução para aumentar a potência das pedaladas sem o uso de baterias é uma super-roda desenvolvida por Simon Chan,

gerada. O sistema de molas funciona também como uma espécie de suspensão, mas é m e n o s e c i e nt e e m p i s o s irregulares.

“Pegamos a aranha e colocamos a agulha nela sem saber o que ia acontecer”, diz Yap em um vídeo divulgado pela Rice. “Tínhamos uma estimativa de onde queríamos colocar a agulha. E quando o fizemos, funcionou da primeira vez, logo de cara. Eu nem sei como descrever aquele momento”. A equipe foi capaz de fazer a aranha morta agarrar uma pequena bola e usou esse experimento para determinar uma força de aderência máxima de 0,35 mililitros. Eles então demonstraram o uso desse necrobot para pegar objetos delicados e eletrônicos, incluindo um pequeno componente de uma torradeira el é t r i c a e u m p e d a ç o d e

espuma de poliuretano. Em seguida, os cientistas demonstraram que a aranha morta também poderia suportar o peso de outra aranha do mesmo tamanho. “O c o n c e i t o d e n e c ro b ó t i c a proposto neste trabalho aproveita desenhos únicos criados pela natureza que podem ser complicados ou até impossíveis de replicar artificialmente”, diz o artigo. Outro ponto favorável é que as aranhas são biodegradáveis, então seu uso reduziria a quantidade de resíduos em robótica. No ent anto, confor me destaca o site Science Alert, o dispositivo apresenta também desvantagens. Uma delas é que ele começa a experimentar

algum desgaste após dois dias ou depois de mil ciclos abertos e fechados. “Isso pode estar relacionado a questões com desidratação das articulações. Achamos que podemos superar isso ap l i c a n d o re v e s t i m e nt o s poliméricos”, explica Preston. Os pesquisadores experimentaram um revestimento de cera de abelha nas aranhas-lobo e descobriram que sua diminuição de massa foi 17 vezes menor do que a aranha não revestida ao longo de 10 dias, o que significava que ela estava retendo mais água e seu sistema hidráulico poderia funcionar por mais tempo.

Reservas: (27) 99961-8422

Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br


CIÊNCIA 7

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Terra poderia ter tido o mesmo destino de Marte se não fosse por um detalhe

Cientistas detectam buraco negro adormecido fora da Via Láctea

©DOTTED YETI/SHUTTERSTOCK

Apesar de ser o planeta do sistema solar com características mais próximas da Terra, Marte ainda está bem longe de ser como nosso planeta e isso ca claro pela completa ausência de vida (pelo menos na superfície) por lá. Mas como a Terra escapou de se tornar um planeta deserto como os nossos vizinhos? Um artigo indica algumas possíveis respostas para isso. A p u b l i c a ç ã o d a Nat u r e Communications indica como a Terra se tornou um planeta capaz de abrigar vida, tal qual conhecemos, e como ocorreu o desenvolvimento de outros planetas do Sistema Solar. A resposta para não sermos como Marte parece estar no campo magnético. Alguns pesquisadores defendem que Marte já teve um campo magnético, mas, com o p ass ar dos anos, o camp o desapareceu e deixou o planeta vulnerável às intempéries do espaço, como vento solar, às consequências super ciais, como a ausência de oceanos. Um dos principais motivos de a Terra ser como é, está no centro do planeta. Isso porque o núcleo da Terra e o campo magnético do

planeta estão intimamente correlacionados. O camp o magnético da terra é gerado através do núcleo externo, onde há ferro em estado líquido gerando corrente elétrica e favorecendo um fenômeno chamado de geodínamo que efetivamente produz o campo. Lembre-se de que a Terra é composta por camadas: a crosta, onde há vida; o manto, a camada mais espessa do planeta; o núcleo externo fundido; e o núcleo

magnético tem implicações importantes, não apenas para desvendar o passado da Terra e prever seu futuro, mas também entender como os outros planet as p o der iam for mar escudos magnéticos e gerar as condições necessárias para abrigar vida. Ainda é cedo para determinar se o diferencial da Terra é o campo magnético. Ainda não está claro se a falta de um campo magnético na Terra teria efeito tão devastador como ocorreu em Marte. O pesquisador de R o c h e s t e r, Jo h n Ta rdu n o, suspeita que o planeta seria muito diferente do que é, “a Terra certamente teria perdido muito mais água se o campo magnético d a Te r r a n ã o t ive s s e s i d o regenerado. O planeta seria muito mais seco e muito diferente do que é atualmente”. A pesquisa realizada enfatiza a importância da existência de um campo magnético capaz de

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068 interno sólido. Compreender a dinâmica e o crescimento do núcleo interno e do campo

proteger as características super ciais do planeta e, quem sabe, abrigar vida.

Fenômeno foi constatado na galáxia Grande Nuvem de Magalhães ©DIVULGAÇÃO/SYNCHRON

Uma estrela localizada em outra galáxia, na Grande Nuvem de Magalhães, transformou-se em um buraco negro “adormecido”, estado que torna este tipo de corpo celeste difícil de ser detectado. O fenômeno, um dos mais extraordinários da astronomia, foi constatado recentemente por especialistas de diferentes entidades internacionais. Tendo por base informações de uma equipe que, por seis anos, fez observações com o Very L arge Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), o Observatório Nacional explica que este é o “primeiro buraco negro de massa estelar adormecido a ser detectado fora de nossa galáxia”. Diz-se que um buraco negro está “adormecido” quanto não emite altos níveis de raios X, que é justamente como esses eventos

são detectados. O fato de que este buraco negro não está recebendo matéria de uma estrela companheira torna a pesquisa ainda mais especial, e o fenômeno mais difícil de ser medido. Esses dois objetos — o buraco negro e a estrela — formam um s i s t e m a b i n á r i o. C a s o s e aproximem su cientemente um do outro, pode ser que essa estrela comece a transferir matéria para o buraco negro que, então, sairia do estado adormecido em que se encontra. Apesar de não serem visíveis, uma vez que, devido à gravidade colossal, atraem (ou distorcem) até mesmo a luz, os buracos negros podem ser percebidos matematicamente, pela in uência que exercem em outros corpos celestes. De acordo com o Observatório Nacional, o buraco negro em

Cientistas defendem T. Rex como espécie única de tiranossauro poderoso FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

O T. Rex ainda reina como rei dos dinossauros, de acordo com cientistas que argumentaram, na segunda-feira (25), contra uma hipótese controversa deste ano de que o poderoso carnívoro tiranossauro deveria ser reconhecido como três espécies, e não apenas uma. Sete paleontólogos disseram, em pesquisa publicada na última

segunda, que um estudo de março oferece evidências insu cientes para mostrar que existem três espécies de tiranossauros baseadas em fósseis do dinossauro mais famoso do mundo, citando métodos estatísticos impróprios, amostras comparativas limitadas e medições incorretas. O T. Rex é a única espécie do BOB BEHNKEN

gênero tiranossauro reconhecida desde que o dinossauro foi descrito pela primeira vez em 1905. Um gênero é um agrupamento mais amplo de organismos relacionados do que uma espécie. Três outros pesquisadores disseram no estudo anterior publicado na mesma revista que três espécies deveriam ser

questão tem aproximadamente dez vezes a massa do Sol e a estrela que o acompanha tem 25 vezes a massa solar. “Há mais de dois anos que andamos à procura destes sistemas binários com buracos negros”, diz a coautora do trabalho Julia Bodensteiner, p e s q u i s a d o r a d o E S O, n a Alemanha. Outro coautor do estudo, Pablo Marchant, da KU Leuven, diz ser surpreendente o tão pouco que se sabe a respeito de buracos negros adormecidos, “d a d o o q u ã o c o m u n s o s astrônomos acreditam que eles sejam”. Para realizar o estudo, a equipe observou quase mil estrelas massivas na região da Nebulosa da Tarântula, localizada na Grande Nuvem de Magalhães, na busca por alguma que tivesse um buraco negro como companheiro. ©ESO/L. CALÇADA

reconhecidas com base na variação de espessura do fêmur e na forma dos dentes inferiores da frente entre cerca de três dezenas de espécimes de tiranossauro. "As evidências precisam ser convincentes, e dividir de

repente um animal tão icônico como o T. rex, conhecido há mais de 100 anos, em diferentes espécies requer uma alta carga de prov as . É ve rd a d e qu e há variação no tamanho e forma dos ossos do T. Rex, mas em

nosso novo estudo mostramos que essa variação é mínima", disse o paleontólogo da Universidade de Edimburgo Steve Brusatte, coautor do novo estudo publicado na revista Evolutionary Biology.


8 BEM-ESTAR

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Idosos que têm amigos vivem mais e melhor As relações de amizade para os idosos podem prevenir doenças cognitivas, como o Alzheimer ©DIVULGAÇÃO

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Bolinho de couveflor ao forno ©GUIA DA COZINHA

A amizade é uma relação afetiva entre pessoas, que representa um dos vínculos sociais que a maioria dos seres humanos têm ao longo da sua vida. Segundo estudos, a origem da palavra amigo vem do grego e signi ca, “ s e m o m e u e u ”. O relacionamento amigável é uma das interações interpessoais de mais profundidade e conexão. É possível enumerar várias pessoas que possuem amizades que duram anos, que pode, inclusive, iniciar na infância e permeia até a terceira idade. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard sobre o segredo da felicidade, as pessoas que criam laços afetivos vivem mais e melhor. Com isso, é possível a rmar que a amizade traz diversos benefícios para a saúde física e mental principalmente para a pessoa idosa. Márcia Sena, especialista em qualidade de vida na terceira idade e envelhecimento ativo, explica a importância da amizade e interação social para a vida de

um idoso. O idoso que possui relações de amizade tem redução nos níveis de ansiedade e estresse, na qual é possível considerar a prevenção contra os sinais de depressão. Outro benefício que a interação com amigos gera, é no combate de sintomas e doenças cognitivas, como Alzheimer, pois estimulam especialmente a linguagem e memória, que são de suma importância para manter a mente e intelecto ativos. Novas amizades, são ferramentas valiosas para manter o sistema social, mas também cognitivo e a memória em boas condições. Isso acontece devido às funções neurológicas, que c ont i nu a m f u n c i on a n d o e promovendo conexões fundamentais para a saúde mental. Além diss o, estimula a comunicação e a interação com novas pessoas. Pois ao longo da vida o idoso tem algumas perdas no seu círculo de amizade, como quando saí do convívio dos colegas de trabalho, ou a morte de um amigo de longa data. Isso

pode ocasionar um sentimento de solidão, por conta dessas quebras de relacionamentos. Portanto, é fundamental os familiares incentivarem os idosos a construírem novos ciclos de amizades. Como o idoso pode conhecer pessoas novas e manter uma vida ativa socialmente? É preciso que o idoso mude a rotina com atividades que gerem bem-estar, prazer e interação social. Como por exemplo, iniciar um novo curso, praticar atividades físicas em grupo, pescar, participar de aulas de dança ou de artesanato. Claro, com a era digital, as redes sociais podem ser um bom lugar para se criarem novas amizades virtuais. Márcia Sena naliza, que “na terceira idade, uma vida social ativa traz benefícios não apenas para o idoso mas, também, para aqueles que estão ao redor. Quanto mais saudável, feliz e disposto o idoso se sente, mais ele consegue viver momentos de qualidade com as pessoas que ama”.

V

ou te ensinar uma receitinha que é tão queridinha e simples, que você vai levar para a vida toda: bolinho de couve- or ao forno. Você pode escolher essa o p ç ã o c o m o u m acompanhamento bem diferente para o almoço durante a semana. Se quiser incrementar com uma deliciosa salada com alface e frutas ou servir com um ketchup caseiro, ca perfeito de qualquer forma. Se liga nessa dica e arrase na receita. Você vai amar! Ingredientes 1 xícara (chá) de farinha de trigo 1 colher (chá) de fermento em pó 1 xícara (chá) de couve- or cozida picada 1 ovo ½ xícara (chá) de leite 2 colheres (sopa) de margarina derretida 1 colher (chá) de sal

Óleo para fritar Modo de preparo Em uma tigela, peneire a farinha, o fermento e misture. Adicione a couve- or e mexa bem. Em outra tigela, bata o ovo com o leite e acrescente a

margarina e o sal. Despeje aos poucos na mistura de farinha, mexendo bem. Frite colheradas da massa em óleo quente até dourar. Escorra em papel-toalha e sirva. Rendimento: 20 porções Fonte: Guia da Cozinha

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

©SHUTTERSTOCK

Dor crônica está relacionada a gênero, idade e condições socioeconômicas De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), quase 40% da população brasileira convive com a dor de forma crônica, com grande impacto em sua funcionalidade e

qualidade de vida. Segundo o Dr. Cláudio Fernandes Corrêa, neurocirurgião e doutor pela Unifes, na verdade, os números revelam ainda mais contexto dentro do tema, já que indicam a

prevalência de características marcantes de gênero, idade e condições socioeconômicas. “Esta personi cação da dor crônica se apoia em diversos fatores, como o fato de as

mulheres serem estatisticamente mais acometidas pela grande maioria de doenças sistêmicas que geram dor crônica, por estas d o e n ç a s t e r e m s e u p o nt o principal de partida a partir dos 45 anos e pelo fato de a grande maioria desta população chegarem às condições por má qualidade de vida e falta de recursos para os devidos tratamentos, seja da doença de base, seja da dor que a comete”, explicou o médico, que também é especialista em Dor pela AMB. Devido a intensa transformação a par tir da menopausa, muitas mulheres se tornam mais sus cetíveis à mialgias, osteoporose, artrites e

artroses, sem contar as doenças ginecológicas, como endometriose e outras. Para o médico, as condições socioeconômicas se relacionam a isso devido à baixa escolaridade, falta de acesso à informação e aos serviços de saúde, o que faz com que esta população não busque o diagnóstico em tempo hábil e nem o tratamento adequado ao longo da vida. Entre os outros pontos que pioram ainda mais o quadro de r is co p ara ess as mu l heres também está a rotina de hábitos entre casa e trabalho, as quais são mais desgastante sicamente, com alimentação e atividade

física inadequada, o que por vezes resulta em desnutrição ou obesidade. “São pessoas que não conseguem cumprir os protocolos básicos de tratamento de doenças agudas, o que dirá das necessidades de acompanhamento contínuo e multipro ssional, com uso de medicações especiais, médicos de diferentes especialidades, sioterapia, psicologia e procedimentos operatórios, que no Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam las de meses ou anos para os agendamentos”, apontou o médico”.


SAÚDE 9

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Pesquisa brasileira com Empresa lança menor células modificadas para marca-passo do mundo tratamento do câncer é aprovada pela Anvisa ©DIVULGAÇÃO

O marca-passos é um dispositivo de aplicação médica que tem o objetivo de regular os batimentos cardíacos. O aparelho, utilizado por cerca de 300 mil brasileiros, segundo dados do Censo Mundial de Marca-passos e Des briladores, é composto geralmente por t it â n i o e o s c on dut ore s , re sp ons áve i s p or l e v ar o s impulsos elétricos ao coração. Contudo, o visual e a e ciência da tecnologia podem mudar graças a uma adaptação re a l i z a d a p el a Me dt ron i c , empresa de tecnologia médica dos EUA. A companhia lançou o primeiro dispositivo sem os característicos cabos eletrodos. O novo design também impressiona pelo tamanho — são apenas 20mm de comprimento, similar a uma cápsula de vitamina, pesando menos de 2g. Com essas medidas, o chamado Micra se classi ca como o menor marcapasso do mundo! Com o tamanho minúsculo, o implante se torna minimamente invasivo, não sendo necessário cortes e nem anestesia geral. Ele é colocado pela veia femoral, localizada na perna do paciente e direcionado até o coração. Os marc a-p ass os t radicionais deixam uma elevação visível na p ele, no caso do Micra, a discrição é preservada, dando liberdade aos pacientes que não cam com traumas estéticos. Além disso, a inexistência de eletrodos reduz o risco de infeção grave causada pelo contato dos cabos com a corrente

©CRYSTAL LIGHT/SHUTTERSTOCK

Ministério da Saúde). A tecnologia é utilizada em pacientes com linfomas de células B, em casos de reaparecimento da doença ou de re s i s t ê n c i a a o t r at a m e nt o padrão. Em sua nota, a Anvisa informa que poucos pacientes deverão participar do estudo neste primeiro momento. Todo o ensaio clínico, que se encontra em fase inicial de desenvolvimento, deverá passar p or u m r i goro s o c ont rol e voltado para avaliação dos riscos e também dos benefícios.

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES

Ministro diz que Brasil se preparou para surto de varíola dos macacos

sanguínea e elimina também as infecções da pele do tórax no local do implante. O maior benefício, no entanto, está na performance do equipamento, e de como ele preserva o sistema venoso — área responsável por transportar o sangue desoxigenado para o coração. De modo geral, isso quer dizer que, além de eliminar o risco de infecção, a área venosa ca conservada para a necessidade de tratamentos futuros, como hemodiálise ou quimioterapia. Outro destaque é a durabilidade da bateria, de até 12 anos. A maioria dos dispositivos convencionais têm durabilidade de seis a oito anos em média. A necessidade de implantação de marca-passos tem aumentado c om o e nvel he c i me nto d a população. No Brasil, o uso do dispositivo é cogitado como opção terapêutica apenas em último caso, o que para o Dr. Carlos Eduardo Duarte, cardiologista especializado em estimulação cardíaca da Bene cência Portuguesa de São Paulo, é um conceito errôneo. “É importante ressaltar três

pontos para conscientizar a população. Primeiro, a maioria das mortes causadas por d i m i nu i ç ã o d a f re qu ê nc i a cardíaca poderiam ser evitadas. Segundo, houve uma evolução no processo de implantação de marca-passos, hoje em dia, já não precisa abrir a caixa torácica e agora dispensará os caboseletrodos. Terceiro, o marcapasso não é um vilão, muito pelo contrário, depois de implantado há uma melhora signi cativa na disposição e qualidade de vida, além de prevenir fatalidades”, explicou o médico, que é um dos pioneiros no implante do Micra no Brasil. O procedimento com o Micra já foi realizado em outros países e tem se mostrado muito seguro e com baixas taxas de complicações. Considerado o mais revolucionário do mercado, há poucos especialistas aptos para implantar o equipamento (principalmente no Brasil). Além disso, a inovação ainda não está incorporada no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e nem no Sistema Único de Saúde (SUS).

A varíola dos macacos é causada por um vírus e transmitida pelo contato próx i mo c om u ma p e ss o a infectada e com lesões de pele. O contato pode se dar por meio de abraço, beijo, relações sexuais ou s e cre çõ es respiratór i as. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo infectado. Não há tratamento especí co, mas, de forma geral, os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões. O maior risco de agravamento acontece, em geral, para pessoas

imunossuprimidas com HIV/Aids, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de oito anos de idade.

©DADO RUVIC/REUTERS

Foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o primeiro ensaio clínico para o desenvolvimento nacional de produto de terapia genética à base de células CAR-T (acrônimo em ing lês p ara “receptor de antígeno quimérico”) para o tratamento do câncer. A pesquisa clínica será realizada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, com nanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses trabalhos se baseiam na reprogramação genética de células do sistema de defesa da pessoa (como os linfócitos T), focando no reconhecimento e no combate ao tumor. A expectativa do Einstein é que dez pessoas comecem a receber o tratamento em um ou dois meses. Esse grupo faz parte de um montante de 30 pacientes do SUS, dentro do projeto do Proadi-SUS (uma aliança entre seis hospitais de referência no Brasil e o

Conforme explica a agência brasileira, pesquisas ou ensaios clínicos “são estudos realizados com humanos e têm como objetivo descobrir ou con rmar os efeitos clínicos e terapêuticos”. Além disso, esses trabalhos buscam identi car eventos adversos e analisar as características e os mecanismos de ação, metabolismo e excreção do produto ou medicamento, a m de veri car sua segurança, e cácia e qualidade. As pesquisas possuem diversas fas es de des envolvimento, conforme a quantidade de participantes e os objetivos especí cos de cada etapa. No Brasil, os ensaios clínicos com produtos de terapia avançada devem ser autorizados e monitorados pela Anvisa e seguir as regras da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 506/2021.

País tem estrutura para diagnóstico da doença, diz Marcelo Queiroga O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, na segundafeira (25), que o Brasil “fez o dever de casa” diante do surto de varíola dos macacos desde o início da epidemia. Durante a abertura de um workshop sobre vigilância em saúde promovido pelo ministério, Queiroga disse que o Brasil se preparou para lidar com o vírus, providenciando laboratórios para diagnóstico, identi cação dos casos e isolamento dos pacientes. “Nós aqui no Brasil já vínhamos fazendo nosso dever de casa desde o primeiro rumor,

desde o primeiro caso suspeito. Preparamos nossa estrutura para fazer o diagnóstico. Temos quatro laboratórios hoje no Brasil com capacidade para isso”, disse Queiroga. Os laboratórios prontos para o diagnóstico da doença, segundo o ministro, estão no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais; na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro; e no laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Desde o início começamos a fazer o diagnóstico e o acesso ao

diagnóstico está disponível. Fizemos alertas para as secretarias estaduais de saúde e para as secretarias municipais. Os casos são identi cados, são i s o l a d o s ”, a c r e s c e n t o u o ministro. Queiroga lembrou da decisão do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, que declarou que a varíola dos macacos con gura emergência de saúde pública internacional, e citou a ocorrência maior do vírus em homoss exu ais do s exo masculino. “E essa fala não é para estigmatizar ninguém. Apenas não se pode obscurecer que essa

é uma realidade, mas outros públicos podem também ter essa doença. En m, vamos também aprender juntos como lidar com esse problema sanitário”. O Brasil tem 696 casos con rmados até o momento. Destes, 506 são procedentes do estado de São Paulo, 102 do Rio de Janeiro, 33 de Minas Gerais, 13 do Distrito Federal, 11 do Paraná, 14 do Goiás, três na Bahia, dois do Ceará, três do Rio Grande do Sul, dois do Rio Grande do Norte, dois do Espírito Santo, três de Per nambuco, um de Mato Grosso do Sul e um de Santa Catarina.

Sintomas O paciente pode ter febre, dor no corpo e apresentar manchas, pápulas [pequenas lesões sólidas que aparecem na pele] que evoluem para vesículas [bolha contendo líquido no interior] até formar pústulas [bolinhas com pus] e crostas [formação a partir de líquido seroso, pus ou sangue seco].


10 Criança hoje, Criança amanhã

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com

Como cresce uma Criança? — Parte III O desenvolvimento da linguagem vai se entrelaçando ao vetor da motricidade, com a maturação neurológica que caminha na direção céfalo-caudal ©PINTEREST

©GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO

indicador na telinha de um celular. Por ensaio e erro, a Criança pequena ou mesmo o bebê, descobre que assim, deslizando o dedinho, ela obtém os lminhos. Mas essa atitude não trará maior desenvolvimento para sua inteligência, como fa lam alguns. É um gesto que não requer destreza nem aprimoramento, só a repetição monótona traz um maior número de acertos. A noção de morte, a nitude da vida, foi banalizada pelo “m or re r” d o s j o g u i n h o s , levando ao equívoco que a vida só termina no “game over”, após várias vidas e várias mortes. Essa noção de morte virtual é paralela e pouco ajuda a aquisição da noção de morte necessária ao desenvolvimento cognitivo, e, principalmente, o afetivo. Há uma ilusão que permite apenas um adiamento

da aquisição da noção de irreversibilidade, processo que se inicia por volta dos sete anos, conteúdo constitutivo da ideia da morte humana. A morte é o irreversível por excelência. É preciso entender que a harmonia necessária para o pleno desenvolvimento saudável só tolera ser quebrada quando o quantum de obstáculo é suportável, para que não seja transformado em obstrução, o que aponta para uma situação traumática. Também se faz necessário entender que o mesmo fato traumático tem seus efeitos deletérios de acordo com a i d a d e e a f a s e d e desenvolvimento em que está a Criança. Portanto, a mesma quantidade excessiva de um epis ó dio t raumát ico terá repercussões diferentes em d i f e r e nt e s m o m e nt o s d a infância. Mas, terá sempre

repercussões pelo fator excessivo à capacidade da mente suportar, que acionará sempre o Sistema de Mecanismo de Defesa do Ego.

permanente, de seu desenvolvimento linguístico. Os traumas que têm como alvo o corpo da Criança por violência física ou sexual, não conseguem se alojar na mente da Criança, porque, pela intensidade, essas duas formas de violência são classi cadas como o Impacto de Extremo Estresse, causador de sequelas muito prejudiciais e permanentes. O desenvolvimento da linguagem vai se entrelaçando ao vetor da motricidade, com a maturação neurológica que caminha na direção céfalocaudal. A coordenação da deglutição que vai trazendo a capacidade de mastigação com o aparecimento dos dentes. Respirar e engolir é tarefa complexa para os pequeninos. Assim também a fala que surge quando do amadurecimento

corpo inteiro. O sorriso, que aparece em torno dos dois meses, é a primeira resposta social do bebê. Espelhando o sorriso da mãe, o bebê, com esforço muscular e muita vontade de demonstrar e pedir afeto, copia a expressão facial de satisfação da mãe. À medida que vai adquirindo o controle dos mú s c u l o s i mp l i c a d o s n o s or r is o, o b eb ê p ass a a selecionar, por um critério rudimentar de auto segurança, os rostos que receberão seu sorriso. A articulação dos fonemas, que formam as palavras, vai se aprimorando para, com a ajuda do ambiente afetivo, progredir na capacidade de comunicação oral, num processo gradual de linguagem, a falada em seu ambiente familiar, chamada língua materna. A aquisição da

Há também que ser considerada a área atingida. Se a Criança se arrisca em manobra dif ícil para sua motricidade, e fracassa em sua ousadia, ou ela é empurrada por um adulto que imagina que isso seria uma brincadeira, o seu desenvolvimento motor pode sofrer um desvio ou um recuo de novas aquisições semelhantes àquela em que se machucou. Assim também se a Criança sofre um grande constrangimento, uma humilhação em sua tentativa de melhor se expressar verbalmente, pode haver uma i n i b i ç ã o, t e m p o r á r i a o u

do aparelho fonador, e que vai substituindo o choro, linguagem inicial para c o mu n i c a r a s p r i n c i p a i s emoções sentidas pelo bebê. A primeira comunicação se opera pelo choro. A mãe que sintoniza bem com seu bebê é capaz de distinguir quatro choros diferentes na segunda ou terceira semana de vida dele. Fome, cólica, sono, frio/calor, são identi cados pela mãe cuidadosa. O choro nessa fase inicial garante a vida, mas funda a capacidade de interação com o outro. Pela imaturidade neurológica, o choro é uma manifestação de

linguagem e sua qualidade, são patrocinadas pelo conjunto formado pelo desenvolvimento motor, o cognitivo e o afetivo. Músculos, pensamento e amor. Em torno dos oito/nove mes es, o b eb ê treinará a aquisição da linguagem pronunciando, aleatoriamente, quase todos os fonemas de todas as línguas humanas, selecionando por audição/repetição, em seguida, os fonemas da sua língua materna, passando a aprimorar os sons produzidos para a formação da primeira palavra. Continuamos na próxima semana.

©DEPOSITPHOTOS

O

desenvolvimento cognitivo é de extrema riqueza. E vai acompanhando a evolução d o s c o s tu m e s . S e h oj e a tecnologia tomou conta de uma vasta área na vida da Criança, ela aprende, por exemplo, uma s e quênci a p el as fas es do j o g u i n h o e l e t r ô n i c o. O s números são captados nessa brincadeira, no lugar dos concretos álbuns de gurinhas. Também a noção de tempo e espaço é adquirida, de maneira alternativa e precarizada, pelos joguinhos. Não há mais o relógio, que fazia parte de testes e provas escolares, com as questões que vinham com o desenho do reloginho para medir a aprendizagem das horas. A lateralidade, direita e esquerda, através dos controles de jogos eletrônicos, e o dar o laço no tênis foram abortadas p e l o “p r át i c o” v e l c r o. O desenvolvimento motor que acompanha essas aquisições perdeu espaço, como perdeu a importante aquisição da pinça na da oposição do polegar ao indicador. Essa aquisição é o começo do uso do lápis e caneta para a escrita, do bisturi para as cirurgias, do pincel para a arte da pintura. A Cultura, a Arte, e a Saúde e sua manutenção, devem muito ao simples gesto do segurar um instrumento, lápis, pincel, bisturi e agulhas de sutura, pela preensão do polegar contra o indicador. Esse gesto tem sido esquecido e há um equívoco corrente que tent a sua subst ituição, o arrastar da ponta do dedinho


COMPORTAMENTO 11

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Como controlar pensamentos intrusivos? ©SHUTTERSTOCK

Um novo estudo da Universid ade Hebraic a de Jerusalém obser vou que o controle reativo pode ajudar as pessoas a evitar um pensamento intrusivo. Ou seja, a pessoa reconhece o pensamento e depois volta seu foco para outra coisa. No entanto, o controle proativo total se mostrou mais e caz, impedindo o pensamento de atingir a consciência antes de qualquer coisa — o problema: esse tipo de “poder” é mais difícil de se alcançar. Apesar de, para a maioria das pessoas, os pensamentos indes ej ados s erem ap enas distrações que nos tiram o foco de coisas importantes, eles podem signi car algo um pouco mais grave. Como explica a Dra. Lauren Wadsworth, instrutora clínica sênior em psiquiatria na Universidade de Rochester, Estados Unidos, a persistência desses pensamentos “pode ser um sintoma de muitos transtornos psiquiátricos”. Os pesquisadores da universidade em Jerusalém analisaram 80 voluntários que receberam uma tarefa de associação livre com dicas verbais — e que teriam recompensas nanceiras no d e c or re r d o pro c e s s o. O s participantes viram pistas de 60 palavras na tela do computador, uma de cada vez, e tinham que escrever uma palavra associada

em resposta a cada palavra. Por exemplo, se a palavra fosse “mesa”, eles podiam escrever “cadeira”. Cada uma das 60 palavras-chave foi apresentada uma vez e repetida outras quatro, de forma aleatória. Então, os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos iguais. O grupo controle foi autorizado a escrever de novo a m e s m a p a l av r a a s s o c i a d a qu and o as p a l av r as - chave apareciam repetidas. Já no grupo de teste, as pessoas tinham que pensar em uma nova palavra associada a cada repetição. Só que, se zessem uma associação repetida, não teriam o bônus nanceiro. O tempo que cada participante levou para responder às sugestões foi cronometrado. Houve também instruções e organização levando em

consideração tempo de digitação e nível de “associação” (de 0 a 10, para “mais fortemente associada”) das palavras, de acordo com a percepção dos voluntários. Conforme explica o Dr. Isaac Fradkin, pesquisador de pósdoutorado e principal autor do estudo, associações repetidas, p or exemplo, p ens ar em “cadeira” por uma segunda vez para uma palavra-chave e assim por diante — “são pensamentos indesejados. Eles distraem o participante do objetivo (criar uma nova associação)”. As pessoas do grupo de teste acabaram usando a mesma associação apenas 6% das vezes em comparação com 50,5% das respostas do grupo de controle. Elas também levaram mais tempo para criar uma nova palavra associada na hora em

que um termo era repetido — os pesquisadores relataram que isso era consistente com o controle reativo. O s p e s q u i s a d o r e s e nt ã o excluíram as associações que os participantes julgaram ter a associação mais forte com a sugestão (já que seriam mais difíceis de “esquecer”) e se concentraram nos tempos de re sp o st a p ar a su ge stõ e s e associações que foram mais fracas na primeira vez. Um modelo computacional baseado em tempos de reação e níveis de associação entrou em ação neste momento, para determinar como as pessoas estavam evitando associações repetidas. Então, os pesquisadores descobriram que a força associativa mais fraca aumentou o tempo de reação em comparação com o grupo de

controle, mas deu tempos de reação mais rápidos do que quando a força associativa era forte. E isso mostrou o uso de uma supressão proativa de pensamento. A conclusão dos pesquisadores foi de que o controle do pensamento reativo atrasaria o tempo de reação, pois a pessoa teria que rejeitar a palavra de associação repetida e pensar em outra. Por sua vez, o controle proativo evitaria completamente o pensamento intrusivo (ou seja, a associação repetida), acelerando assim o tempo de reação. Os participantes do grupo de teste de supressão de pensamento tendiam a car mais rápidos depois de rejeitar uma associação repetida uma vez, evitando assim um processo de “looping”. O Dr. Fradkin aponta

que o desa o é “deixar em paz” os pensamentos intrusivos quando eles vierem à mente, sem lutar contra ou prestar muita atenção neles. “Precisamos de mais pesquisas para examinar como as descobertas de nosso estudo podem ser usadas para dar conselhos concretos”. No entanto, o pesquisador defende que seus estudos têm uma implicação importante e otimista. “Nosso cérebro tem a capacidade natural de impedir que pensamentos indesejados entrem em espiral”. Ou seja, só de sabermos que um pensamento em particular é intrusivo diante de um foco no momento, pode ser su ciente para garantir que ele não “cresça na mente” o tanto como poderia.

Cientistas descobrem como a música alivia a dor física Já sabíamos que a música acalma a dor, mas como o processo funciona ainda era desconhecido Cientistas descobriram como a música ajuda a reduzir a dor e as condições para isso acontecer, como volume baixo, p or exemplo. Indo mais a fundo, foi revelada uma conexão entre o córtex auditivo e o centro de processamento da dor, o que nos permite entender ao menos um dos mecanismos em funcionamento no cérebro para que o alívio da dor aconteça. Já s e sabia que a música conseguia diminuir a sensação de d or : pro s s i on a i s c om o o dentista Wallace J. Gardner, nos anos 1960, utilizavam fones de ouvido para acalmar a percepção dos pacientes ao invés de óxido nit ros o e out ros méto dos. Segundo Gardner, mais de 5.000 p r o c e d i m e nt o s u t i l i z a n d o música para efeitos analgésicos foram realizados, sendo que 90% deles não precisaram de anestesias extras. Mas como isso funciona? Desde os anos 1960, cientistas já descobriram as propriedades anestésicas da música: ela pode

aliviar dores agudas, como a de cirurgias e partos, e crônicas,

complicado, já que não sabemos como os animais percebem

desagradável da mesma música e ruído branco. ©ILIAS CHEBBI/UNSPLASH

como as do câncer. Tudo o que faltava era descobrir como, e uma equipe de pesquisadores chineses e estadunidenses testaram essas propriedades em camundongos, já que manipular circuitos neurais humanos é eticamente questionável. Utilizar roedores, no entanto, é

músicas. Primeiramente, foi preciso notar se eles sentiam os mesmos efeitos analgésico. Um adjuvante que causa dores in amatórias foi aplicado nos camundongos, e então eles foram expostos a três sons: uma música sinfônica — a Réjouissance de Bach — uma remixagem

Todos os sons reduziram a sensibilidade à dor — testada ao tocar os membros in amados dos animais até que os movessem —, mas só se eram tocados a 50 decibéis (dB), o volume de uma conversa baixa. Como consultórios odontológicos são b a r u l h e nt o s , o s c i e nt i s t a s

acharam a descoberta curiosa: como Gardner conseguia diminuir a dor dos pacientes? O som ambiente do laboratório estava a 45 dB. Suspeitando que o volume da música fosse menos importante do que a diferença entre seu volume e o do som ambiente, eles aumentaram o som da sala para 57 dB; assim, a sensibilidade dos roedores diminuiu ao tocar música a 62 dB. Com o volume ambiente a 30 dB, a música a 35 dB funcionava. O som, então, só reduz a dor se está levemente mais alto do que o som ambiente. Para investigar mais a fundo, os cientistas injetaram uma tinta traçante no córtex auditivo dos camundongos, que revelou uma rota entre essa parte do cérebro e o t á l am o, u m a e s t a ç ã o d e retransmissão para o processamento de sinais sensoriais, como dor, gosto e som. Todos os órgãos sensoriais têm uma conexão com o tálamo, mas essa conexão em particular era incomum.

Ao ouvir música, imaginava-se que a comunicação neural do córtex auditivo com o tálamo aumentasse — mas, quando a música toca no volume baixo determinado pela pesquisa, a conexão neural em questão parava de transmitir informação. Para con rmar o envolvimento desse caminho no alívio da dor, os pesquisadores bloquearam o circuito neural envolvido. Os roedores passaram a sentir menos dor: bingo! Assim, descobriu-se que ouvir música baixa, um pouco mais alta do que o som ambiente, prejudica a comunicação entre o córtex auditivo e o tálamo, diminuindo o pro cess amento d a dor e servindo de forma analgésica. Embora se espere que as conexões neurais envolvidas no cérebro humano sejam mais complicadas, identi car esse fe n ôm e n o p o d e aju d ar n o desenvolvimento de formas alternativas para tratar a dor no futuro.


12 OLHAR DE UMA LENTE

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Grupo de ciclistas comemora um ano de atividades Q

convers ar e, dali em diante, surgiu um grupo no WhatsApp. Como já e r a d e s e e s p e r a r, o primeiro pedal, marcado com data e horário, não foi qualquer um, virou competição, como não podia ser diferente quando se juntam atletas comprometidos. Não tem escapatória, é sucesso total!”, exalta.

Santense de Ciclismo (FESC), Federação Capixaba de Triathlon (Fecatri), Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), entre outras. É o caso do triatleta Lucas Pinheiro, que já participou de algumas provas este ano. “Fiz algumas provas no ano, como as provas estatuais da Fecatri, IronCruz e,

©WENDELL FAVACHO

uarta-feira (27), foi dia da galera do grupo de ciclismo Aero R ace comemorar os 365 dias de união e de muitas pedaladas. Em uma tenda m ont a d a n a áre a d o aeroporto e com direito a docinhos, sucos e outras guloseimas ( tness, digase), a rapaziada se juntou

©WENDELL FAVACHO

para, além da pedalada, se divertir com as lembranças do primeiro ano de existência do grupo. Júnior Faccini, um dos organizadores e administrador do grupo de ciclistas nas redes sociais, explica que o grupo — formado por c i c l i s t a s e t r i at l e t a s (masculinos e femininos) — foi criado sem muita pretensão, sem a intenção de se tornar algo grande, totalmente contrário ao que vem acontecendo. “Muitos do grupo já treinavam no aeroporto, por ter um bom asfalto, coisa rara na nossa cidade. No começo, nos víamos de longe, acenávamos uns para os outros e, certo dia, resolvemos parar e

Segundo Júnior, alguns membros do grupo treinam para grandes c omp e t i ç õ e s , prov a s internacionais, nacionais

daqui a vinte dias, vou tentar o primeiro lugar no Capixaba de Ferro. Estou treinando a todo vapor, de domingo a domingo, mas ©WENDELL FAVACHO

Seguro, dia 18 de setembro, mas as di culdades são muitas por conta do custo ser muito alto. Entre inscrição, passagens e hospedagem, esse objetivo vem cando cada vez mais distante. Estou buscando apoiadores e patrocinadores para ir atrás desse sonho. Desistir, jamais!”, sonha. E como não podia faltar, o Aero Race conta com um pelotão feminino t a m b é m . Ne m t o d a s

c o mp e t e m , m a s t ê m a qu e l a s qu e t re i n am muito, buscando projeção e vitórias na modalidade. É o caso de Hellen Fante, que participará, no próximo mês, do Capixaba de Ferro, Half Distance, e o tradicional Triathlon do Exército, na distância Sprint. “São provas bem diferentes uma da outra, o que di culta na preparação, exigindo treinos de velocidade e de resistência. Para os

treinos de velocidade no ciclismo, o circuito do Aero Race tem ajudado bastante. Quando junta a galera, então, a animação e o incentivo dos colegas eleva o nível do treino. Muito embora tenhamos muitas mulheres p e d a l a n d o, a s competições de ciclismo feminino ainda precisa de incentivo. Vemos pouca participação aqui no Estado”, chamou atenção a triatleta. Até a próxima! TATI BELING

©WENDELL FAVACHO

e estaduais de ciclismo e triathlon, organizadas pela Federação Espírito-

meu grande foco é fazer o Brasileiro de Long D ist anc e, e m Por to


BRASIL 13

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

Isolamento internacional do Brasil é falsa

Combustível sustentável ©EVOLUÇÃO DO GÁS

adicional mantida separadamente pelo controlador dos dados em ambiente controlado e seguro.

©ALAN SANTOS/PR

Internet nas escolas ©REPRODUÇÃO

Em mais uma demonstração de que a narrativa sobre o isolamento internacional do Brasil é falsa, os EUA anunciaram a total revogação das medidas restritivas contra a importação do aço brasileiro. A revogação é exclusiva para o Brasil e as restrições continuarão para outros países. A decisão foi tomada cerca de um mês após a primeira reunião bilateral com os EUA, quando o assunto foi amplamente discutido. Com a nova regra, os EUA deixarão de cobrar taxas adicionais de até 46% na importação do aço brasileiro. As restrições já haviam sido mitigadas em 2019, com uma cota que permitia ao Brasil exportar 3.5 milhões de toneladas sem taxas adicionais, e agora foram totalmente removidas, possibilitando a expansão da siderurgia nacional, que exporta mais de US$7 bilhões para todo o mundo.

Foi lançada uma chamada pública para incentivar o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis como bioquerosene para aviação, hidrogênio verde, biometano (restos de lixo) e biodiesel. Serão investidos R$ 50 milhões para a inovação no setor nos diferentes modais de transporte. São esperados resultados como o aumento da inovação dentro do Programa Combustível do Futuro, do Governo Federal, a melhoria dos combustíveis no País e a diversi cação das matérias-primas desses produtos.

Isenção de Imposto de Renda para bolsistas e renegociação do Fies estão entre aprovações do semestre ©MARCO SANTOS/AGÊNCIA PARÁ

Roda Bem Caminhoneiro – Santa Catarina

Já o acesso à internet para alunos da rede básica foi tema da Medida Provisória 1077/21, que cria o Programa Internet Brasil. A matéria foi convertida na Lei 14.351/22. O programa promove o acesso gratuito à internet em banda larga móvel aos alunos da educação básica da rede pública de ensino pertencentes a famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). De acordo com o texto aprovado, do deputado Sidney Leite (PSDAM), a iniciativa alcança os alunos do CadÚnico matriculados também nas escolas das comunidades indígenas e quilombolas e nas escolas especiais sem ns lucrativos que atuam exclusivamente nessa modalidade. Esse acesso deverá ser garantido pela distribuição aos alunos de chip, pacote de dados ou dispositivo de acesso, principalmente celulares. O acesso gratuito à internet poderá ser concedido a mais de um aluno por família.

©BLOG DO CAMINHONEIRO

Educação domiciliar ©FELIPE LIMA

Já são três estações Roda Bem Caminhoneiro já ativas no estado. Uma delas Localizada na Cooperativa Grão de Ouro, em Chapecó, a unidade foi inaugurada em 29 de junho e conta com 23 cooperados. O Roda Bem Caminhoneiro é voltado para facilitar a rotina de transportadores de carga autônomos. Prevê assessoramento técnico, cursos de quali cação, organização de informações em um aplicativo e, principalmente, a chance de abastecer e de fazer manutenção dos caminhões com melhores preços. Cada estação recebe um tanque de combustível que já é entregue com 15 mil litros de óleo diesel e um container escritório para a parte administrativa, equipado com notebook, smartphone e arcondicionado. O objetivo é estruturar e fortalecer um sistema cooperativo para transportadores rodoviários autônomos. No País, já há 29 estações ativas. Ao todo, são 100 cooperativas em 17 estados a partir de um investimento federal de R$ 18 milhões.

De autoria do deputado Hugo Leal (PSD-RJ), o texto tenta resolver questionamentos sobre a isenção para bolsas recebidas por instituições privadas em razão do vínculo empregatício com o órgão concedente. Como condição, as bolsas deverão ser caracterizadas como doação, e não podem integrar qualquer forma de salário ou rendimento. O benefício valerá para cursos de graduação, pós-graduação, execução de projetos de pesquisa e de extensão. Também estão incluídas as bolsas concedidas em função de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Aprovado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), o Projeto de Lei 846/11 concede isenção do Imposto de Renda para alunos ou docentes de entidades públicas ou privadas de fomento que recebem bolsa de estudos. A proposta está em análise no Senado.

Censo Escolar ©SUAMI DIAS/GOVERNO DA BAHIA

Em análise no Senado, o Projeto de Lei 3179/12 aprovado pela Câmara regulamenta a prática da educação domiciliar (homeschooling) no Brasil, prevendo a obrigação de o poder público zelar pelo adequado desenvolvimento da aprendizagem do estudante. De autoria do deputado Lincoln Portela (PL-MG), o texto aprovado é um substitutivo da deputada Luísa Canziani (PSDPR), que exige a matrícula anual do estudante em instituição de ensino, a qual deverá acompanhar a evolução do aprendizado. Pelo menos um dos pais ou responsáveis deverá ter escolaridade de nível superior ou em educação pro ssional tecnológica em curso reconhecido. A comprovação dessa formação deve ser apresentada perante a escola no momento da matrícula, quando também ambos os pais ou responsáveis terão de apresentar certidões criminais da Justiça federal e estadual ou distrital.

Obras da Transposição do São Francisco Educação infantil Após concluídas as obras da transposição do São Francisco, iniciativa do Governo Federal decide dar continuidade ao projeto inicial com mais expansões. Foram disponibilizados mais R$ 7,2 milhões para a continuidade das obras do sistema adutor da Vertente Litorânea da Paraíba. O empreendimento conta com mais de 130 km de extensão e, até o momento, tem 75,81% da execução concluída. Ao nal, vai atender mais de 680 mil pessoas em 39 cidades paraibanas.

Outra proposta sobre educação aprovada pela Câmara dos Deputados é o Projeto de Lei 454/22, dos deputados Tiago Mitraud (Novo-MG) e Adriana Ventura (Novo-SP), que autoriza o poder público a compartilhar e a tornar públicos dados e microdados obtidos por meio do Censo Escolar e dos exames de avaliação dos estudantes. A proposta está em análise no Senado. De acordo com o texto do relator, deputado Felipe Rigoni (União-ES), serão compartilhados ainda os dados obtidos por meio de todos os exames aplicados aos alunos e por meio dos sistemas de avaliação. O projeto original citava apenas o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao contrário do projeto original, o compartilhamento e a publicização dos dados e microdados coletados poderá ocorrer mesmo sem anonimização ou pseudonimização até que um regulamento comum da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de na essa exigência. O regulamento deve ser feito em até seis meses da publicação da futura lei. A anonimização impede que o dado seja vinculado ao nome da pessoa. Já a pseudonimização é de nida pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como um tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação

Aprovado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 5592/16, da deputada Erika Kokay (PT-DF), cria a Política Nacional de Atendimento Educacional Especializado a Crianças de zero a três anos. A proposta será enviada ao Senado. O texto garante prioridade para crianças com necessidades educacionais especiais, incluindo crianças com de ciência física, auditiva ou mental; com condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos; e superdotadas ou com altas habilidades. Também há enfoque para bebês em risco, com problemas neurológicos e outras malformações. As crianças nessas condições deverão ter intervenção antecipada, com vistas à prevenção e ao acompanhamento e monitoramento permanentes do desenvolvimento. Já o governo deverá criar programas de capacitação de professores para apoio especializado e garantir o atendimento local, próximo à residência da criança.


14 GERAL

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

ADRIANA VASCONCELLOS PEREIRA Bacharela em Direito pela Faculdade Minas Gerais (Famig-MG) Pós-graduanda na Escola de Magistratura do Espírito Santo — Esmages

Direitos sociais dos pacientes com câncer — Parte 2 ©GETTY IMAGES

7. Saques de fundo de garantia S er acometido com câncer também te dá direito de sacar valores do seu fundo de garantia. Aqui falamos do: 8 Fu nd o d e G ar ant i a d o Tempo de Serviço (FGTS); 8 Programa de Integração Social (PIS); e 8 Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Todas as pessoas que trabalham com carteira assinada possuem uma conta no FGTS, em que são depositados 8% do seu salário bruto todos os meses pelo seu empregador. Esse fundo é de extrema importância para o trabalhador em algumas situações críticas, como, por exemplo, demissão sem justa causa, onde é possível sacar os valores ali depositados. Outra situação crítica também é o diagnóstico de câncer…desse modo, a lei prevê o saque do FGTS quando você for diagnosticado com câncer, bastando fazer um requerimento para a Caixa Econômica Federal. O PIS e o Pasep também são fundos de garantia para os trabalhadores (ser vidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada) que possuíram carteira assinada antes de 1988. No caso da pessoa com câncer, ela também terá direito a sacar os valores que ali estão a título de PIS ou Pasep. 8. Medicamentos fornecidos pelo Governo Um outro benefício oferecido para as pessoas com câncer é o

com alguma de ciência física que te dê direito as isenções. Insta salientar que, para o caso do IPVA, a legislação de cada estado pode prever outros requisitos para que você que isento do pagamento do referido imposto.

fornecimento de medicamentos gratuitos, são garantidos pela própria Constituição Federal o direito social a saúde de todas as pessoas do Brasil. É importante que as pessoas acometidas com ne oplasia ma lig na ten ham direito a tratamentos p elo sistema público de forma gratuita, se assim a pessoa decidir. Va l e r e s s a l t a r q u e o s tratamentos para o câncer são, em sua maioria, bastante custosos. Diante disso, a pessoa pode solicitar para o Sistema Ún i c o d e S aú d e ( SU S ) o s fármacos recomendados pelo

médico para fazer o seu tratamento, vale dizer que o SUS somente fornece os medicamentos disponíveis na Relação Nacional de Me d i c a m e n t o s E s s e n c i a i s (Rename). Caso o remédio não esteja na lista, é possível solicitar o fármaco nas Secretarias de Saúde do seu estado ou município. Caso o SUS ou as Secretarias de Saúde se negarem a fornecer o me dicamento, é p ossível ingressar com uma ação judicial para ter acesso aos remédios. 9. IPI e IPVA

O Imposto sobre Produtos Indu st r i a l i z a d o s ( I PI ) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) também podem ser isentos para as pessoas com câncer. Você deve se perguntar: o IPI e o IPVA não têm muita relação, por que você os colocou juntos aqui? Eles merecem uma atenção especial. No caso do IPI, as pessoas com câncer podem pedir a isenção deste imp osto quando vão adquirir um automóvel novo, o que reduz bastante o preço nal do produto. No caso do IPVA, é p o ss íve l qu e e ste i mp o sto também seja afastado para os

diagnosticados com a neoplasia maligna. Só o fato de você ter câncer, por si só, não te isenta do pagamento destes imp ostos. Para não “precisar” mais pagar o IPI e o IPVA, é necessário que você comprove de ciência física nos membros superiores ou inferiores que o impeça de dirigir veículos comuns. Par a i s s o, a p e s s o a d e ve apresentar exames e laudos médicos para comprovar a situação de de ciência, dependendo do tipo de câncer ou das sequelas causadas pela doença, é possível que você que

10. O dia Mundial do Câncer O Dia Mundial do Câncer, comemorado no dia 4 de fevereiro, é uma iniciativa global organizada p ela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). A data comemorativa foi criada através da Carta de Paris, no ano de 2000, para a conscientização e educação mundial sobre esta doença tão grave. Uma outra intenção com a data foi incentivar os governos e pessoas de todo o mundo para a mobilização do controle do câncer, através de medidas que promovem exames frequentes para a prevenção da doença. Com esse conteúdo você cou sabendo de vários direitos que a pessoa acometida com câncer possui, e não são poucos. Sem dúvida ser diagnosticado com esta doença tão terrível é bastante triste, mas a legislação tenta compensar um pouco, oferecendo algumas saídas que podem te ajudar numa hora tão crítica. Você também tem um papel importante nesta luta diária destas pessoas, pois pode compartilhar este conteúdo e ajudar muita gente a descobrir os seus direitos.

Suecos constroem casa 100% autônoma com estufa ©MARCUS ELIASSON/NATURVILLAN

Um a e mpre s a s u e c a e s t á realizando o sonho que muitas pessoas têm de viver de forma i n d e p e n d e nt e d o s c e nt r o s urbanos e conectada com a natureza e seus ciclos. Usando matérias primas naturais e tecnologia para garantir sua autonomia, a cas a At r i foi construída às margens do Lago Vänern, o maior lago da Suécia e o terceiro maior da Europa. Completamente desconectada

da rede elétrica comercial, a casa tem um sistema fotovoltaico integrado para gerar e armazenar toda a eletricidade de que precisa. A água vem de um poço e, depois de usada, passa por um sistema de tratamento que torna possível reaproveitar águas residuais. A forma triangular da casa é inspirada nas coníferas típicas da região e a cobertura transparente foi pensada para garantir luminosidade e também uma

completa integração visual entre o interior e o exterior. O projeto é da Naturvillan, especialista em construções que usam materiais n atu r ai s d e b ai xo i mp a c to ambi e nt a l e aprove it am as condições naturais, como ventilação e iluminação, para reduzir o consumo de energia e água — carac terísticas são encontradas na casa Atri. Os painéis solares fornecem energia a uma bateria central durante o verão, o que garante eletricidade su ciente para a casa e até para recargar um carro elétrico. No inverno, quando a luz solar é bastante reduzida na região, o aquecimento da casa e da água pode ser feito por um fogão a lenha. Cabe aos moradores controlar a quantidade de energia que está carregada nas baterias e equilibrar o seu uso. Além do fogão a lenha, outras soluções ajudam a manter a casa nos meses mais frios. A água

potável vem de um poço próximo à Atri e, depois que é usada, a água passa por um sistema de tratamento que usa as plantas da estufa para a ltragem, garantindo a rega dos cultivos, reduzindo o desperdício de água e a produção de frutas e hortaliças

para os moradores. A estufa ca dentro da estrutura triangular, coberta, que envolve a casa e permite a produção de alguns alimentos mesmo durante o inverno rigoroso da Suécia. O jardim interno é formado pelos diferentes cultivos da estufa e o

jardim externo da Atri é a exuberante paisagem do terreno de 1,3 mil metros quadrados às margens do lago. Entre estufa e área interna a Atri tem 124 metros quadrados de área construída e foi comercializada por 850 mil euros.


COTIDIANO 15

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

Depósitos de sal do Mar Energia solar vira Vermelho podem revelar terceira maior fonte detalhes do início da vida energética do Brasil na Terra Os depósitos de sal oceânicos — ou “salmouras” — são registros históricos de um período correspondente ao início da vida na Terra: esses ambientes são tão extremos que animais e organismos comuns de hoje não sobrevivem a ele ©PURKIS ET AL./REPRODUÇÃO

Cientistas da Universidade de Miami des cobr iram vár ios depósitos de sal localizados no Mar Vermelho, um amplo corpo de água entre a África e a Ásia — este, porém, posicionado a cerca de 1,25 quilômetros (km) de distância do litoral mais próximo, o que facilitou a condução de um estudo sobre o início da vida na Terra. “O consenso é o de que a vida originou-se na Terra pelo fundo do mar, em um ambiente quase certamente anóxico, ou seja, sem oxigênio”, disse o autor primário do estudo, Sam Purkis, professor de Ciências Marinhas da instituição americana. “Essas 'salmouras', nome dado às piscinas de sal no fundo do oceano, são um ótimo análogo à Terra antiga e, apesar de serem livres de oxigênio, são cheias de uma comunidade de micróbios

extremó los”. “Extremó lo”, como você já deve ter deduzido, é o tipo de organismo que vive em ambientes inóspitos, muito extremos e onde a probabilidade de sobrevivência de animais mais comuns é praticamente nula. Não por menos, qualquer organismo comum que se aproxime desses depósitos de sal é imediatamente nocauteado ou morto, sendo mantido fora da con guração química da área e contribuindo para a alta presença de predadores maiores nas proximidades. U s a n d o u m “ Ve í c u l o Remotamente Operado” (da sigla em inglês, “ROV”), os cientistas conseguiram extrair amostras do que chamaram de “um registro perfeitamente preservado de chuvas do passado na região, datando de mais de mil anos e

incluindo evidências de terremotos e tsunamis”. Tais eventos ocorriam com uma frequência assustadora no último milênio — a cada 25 anos para chuvas torrenciais e terremotos, e uma vez a cada 100 anos para tsunamis. Segundo Purkis, estudar a área de forma extensa pode até m e s m o a j u d a r e m desenvolvimentos recentes: os depósitos de sal estão próximos ao Golfo de Aqaba, a região árabe do Mar Vermelho. Apesar de majoritariamente inabitada, a área vem se urbanizando de forma acelerada, e entender esses registros históricos pode nos ajudar a aferir melhor a previsão d e ss e s a c onte c i me nto s e m tempos modernos. “Queremos trabalhar com os países que fazem fronteira no Golfo de Aqaba para ampliar a capacidade de avaliação dos riscos de tsunamis e terremotos”, d i s s e P u r k i s . “Ma i s a l é m , queremos retornar à região com equipamentos mais so sticados, para ampliar nossa reconstrução histórica para além do último m i l ê n i o, e m a i s l o n g e n a antiguidade”.

Ford testa carregador robótico de veículos elétricos para motoristas com limitações de movimentos um braço robótico se estende até a entrada de energia do EV e se conecta usando uma pequena câmera. O motorista poderá acompanhar o progresso do carregamento em tempo real pelo

©FORD MOTOR COMPANY

Ao passo em que a adoção de veículos elétricos começa a crescer, é preciso encontrar soluções que atendam a todos, o que inclui oferecer mais acessibilidade nas estações de carregamento. Em busca de promover mais inclusão, a Ford e st á te st and o u m novo sistema r o b ó t i c o d e carregamento para PCDs com limitações de movimentos. A estação de carregamento que abriga a tecnologia foi construída sob medida pela Universidade de Dortmund, na Alemanha, onde foram realizados os primeiros testes práticos do sistema. A tecnologia permite que o condutor estacione e ative a estação pelo celular. Em seguida,

aplicativo FordPass. Quando concluído, o braço se retrai automaticamente do veículo. Segundo a empresa, os motoristas com de ciência que exp er iment aram o re c urs o disseram que o processo é mais

fácil do que abastecer o carro em um posto de gasolina convencional. A Ford acrescenta que também está desenvolvendo soluções de carregamento que também funcionam sem usar as mãos. A ideia é que no futuro todo o processo seja automatizado, ou c o m p o u c o envolvimento do motorista. Apesar de ainda estar em testes, é uma boa notícia ver que uma montadora gigante como a Ford está d i s p o s t a a re s o l v e r limitações que podem prejudicar a adoção dos veículos elétricos. Quando as avaliações forem concluídas na Alemanha, a companhia pretende instalar suas primeiras estações robóticas em vagas de estacionamento para PCDs.

A potência instalada operacional da energia solar fotovoltaica acaba de ultrapassar a potência das termelétricas de gás natural e de biomassa, tornando a terceira maior fonte na matriz elétrica nacional, atrás apenas da hídrica e eólica. O levantamento inédito é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). De acordo com mapeamento da entidade, são 16,4 gigawatts (GW) de energia solar em grandes usinas e em pequenos projetos de geração própria, ante os 16,3 GW do gás natural e os 16,3 GW da biomassa. Segundo a associação, desde 2012, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 86,2 bilhões em novos investimentos, R$ 22,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de

479,8 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 23,6 milhões de toneladas de CO₂ na geração de eletricidade. Para o diretor da Absolar, Carlos Dornellas, o avanço da energia solar, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do B r a s i l . “A f o n t e a j u d a a diversi car o suprimento de e n e r g i a e l é t r i c a d o Pa í s , reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população”, comenta. “As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis

emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, acrescenta Dornellas. Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, uma usina fotovoltaica de grande porte ca operacional em menos de 18 meses, desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. “E basta apenas 24 horas para tornar um telhado ou um pequeno terreno em uma fonte de geração de eletricidade a partir do sol. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, conclui Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.

Fonte: Absolar


16 CAFÉ COADO

28 DE JULHO A 04 DE AGOSTO/2022

JOSÉ NIVALDO CAMPOS VIEIRA Advogado, formado em Filosofia,coronel da Reserva da PMES e empresário da área de segurança privada nivaldo@seiinteligencia.com.br

Violência e criminalidade: Perda do “o da meada” — Parte 4 “

Logo que chegaram ao campo, Caim levantou a mão contra o irmão Abel e matou-o” (Genesis 4, 8). Inicio nossa re exão, trazendo-a à luz da fé, predominantemente cristã em nosso País. Nesse caminhado, vamos situar o marcante Papa João Paulo II, hoje São João Paulo II, na sua Carta Encíclica “Evangelium Vitae”, publicada em 25/03/1995. Nela, dirigindo-se à hierarquia da sua Igreja, bem como a “todas as pessoas de boa vontade”, tratou “do valor e a inviolabilidade da vida humana”. No capítulo primeiro, com o título: “A voz do sangue do teu irmão clama da terra até mim”, falou sobre “as atuais ameaças à vida humana”. Ilustra o seu texto doutrinador buscando, no Velho Testamento, o Livro de Genesis 4, 8: “Caim levantou a mão contra o irmão Abel e matou-o”, para identi car, neste ato, a “raiz da violência contra a vida”. Neste sentido, ele menciona: “Este primeiro assassínio é apresentado, com singular eloquência, numa página paradigmática do Livro do Gênesis: página transcrita cada dia, sem cessar e com degradante repetição, no livro da história dos povos”. Voltemos à nossa tentativa de compreensão em relação ao fenômeno violência e criminalidade, em particular no nosso País e, mais em particular ainda, no Estado do Espírito Santo, com triste, mas decisiva convicção: estamos tratando de algo que, concordando com a fala do então Sumo Pontí ce, não é novo. Lamentavelmente acompanha a história da humanidade. Conformemo-nos, então? Não. Se criados com defeito de f a b r i c a ç ã o, p o i s h e r d a m o s geneticamente as “gênesis” da violência, ou ainda, na linha deste pensamento, como lobos de si mesmos, nascemos maus (pensamento absolutista. Hobbes, “O Leviatã”); ou mais, se nascemos bons e, no convívio em sociedade nos corrompemos (pensamento iluminista. John Locke, Montesquieu, Rousseau e outros), não importa. Com os pés no chão, sigamos com nossa re exão. Como já mencionado, os dois fatos históricos citados em textos anteriores — a Revolução Industrial (1º capítulo), e a Segunda Guerra Mundial (2º capítulo), constituíram momentos importantíssimos para a c ompre e n s ã o d o f e n ôm e n o violência e criminalidade na sociedade atual. Impactaram, em maior ou menor grau, dependendo do nível de desenvolvimento, de referenciais éticos, de valores, de cultura, en m, da evolução histórica da sociedade que, ao longo de séculos, de forma isolada, em função das extensas fronteiras marítimas, habitaram os diversos continentes. Neste s ent ido, emb ora na condição de descendentes dos colonizadores do continente americano, e estes, e todos nós, “descendentes” de Caim, lho de Adão e Eva, o primeiro homicida

(fratricida) da história da humanidade, a violência e o subproduto desta, a criminalidade, têm contornos (matizes, re exos, motivações, causas, consequências...) em nosso País, diferentes, por exemplo, dos demais países sul-americanos, ou ainda, em relação à parte central ou a parte norte da América. Voltemos e quemos no Brasil e, de forma mais especi ca, no E st ado do E spír ito Santo.

Tendo recebido de Dom João III, em primeiro de junho de 1534, a carta foral que lhe concedia as terras, o capitão-mor Vasco Fernandes Coutinho, a c omp an ha d o p or c e rc a d e sessenta pessoas (em sua maioria degredados), parte de Lisboa e singra o Atlântico, a bordo da caravela Glória, para se estabelecer em suas terras, chegando nelas quase um ano depois, em 23 de maio de 1535.

Região (antes denominada de Leste, hoje Sudeste), cou à m a r g e m d a f a s e d e industrialização vivenciado no Brasil, iniciada já nas primeiras décadas do século XX. Assim, até a década de 60, a economia capixaba era de base predominantemente agrícola e, mais ainda, continuava sustentada na monocultura do café, que representava cifra da ordem de 70% de sua matriz econômica.

Alexia Debacker Espinoso

Habitante de um País de dimensão continental, a sociedade brasileira possui pontos comuns determinantes para criação de sua identidade nacional: língua única (portuguesa) e base religiosa largamente predominante (cristã), cujos seguidores, afora uma ou outra incompreensão, convivem, sem con ito, integrando os seus diversos segmentos (católicos, protestantes, espíritas...). De Norte a Sul de nosso País, fala-se a mesma língua e, de forma predominante, sem radicalismos, cultua-se o mesmo Deus. Ou seja, não se mata no Brasil em função da impossibilidade de comunicação, n e m e m f u n ç ã o d e desentendimento decorrente de p r i n c í p i o r e l i g i o s o, c au s a s históricas de inúmeras guerras fraticidas, muitas perdurando até hoje. Menos pior. Ent ret anto, p el a extens a dimensão territorial e por in uência de culturas diversas que marcaram nossa bre víssima história (pouco mais de cinco séculos), temos, no nosso País, pontos bem distintos, delineados por suas regiões e, ainda, dentro destas, pelos 26 Estados e Distrito Federal, cada um destes dotados de características sociais, políticas e econômicas próprias. A história da organização geopolítica do Estado brasileiro começou lá no início do século X V I , c o m o Tr a t a d o d e Tordesilhas, e o sistema de administração, em forma de capitanias hereditárias. Com o território das terras além-mar de propriedade da coroa portuguesa dividido em quinze capitanias hereditárias, foi o donatário Vasco Fernandes Coutinho agraciado com a décima-primeira, a Capitania do Espírito Santo.

Não sendo incialmente bemsucedido em sua empreitada, em função das di culdades encontradas, alguns anos depois de sua chegada retorna a Portugal em busca de apoio, ou, quem sabe, de um sócio para seu empreendimento. Não obtendo êxito também neste seu intento, desiste do projeto, não mais retornando a sua capitania. Pelo que se pode ver no registro histórico, não começamos bem. Decorridos 487 anos do início da “colonização do solo espíritosantense”, completados no dia 23 de maio deste ano, nas terras de Vasco Fernandes Coutinho pouca coisa mudou até a segunda metade do século XX. Incrustrado na Região Sudeste, fazendo divisa com dois grandes e importantes Estados dessa Região (no caso do Rio de Janeiro, grande em função de sua projeção política e econômica) e, ainda, com o também importante Estado da Bahia; o Espírito Santo, “adormecido”, “esquecido”, passou praticamente incólume em relação a avanços sociais e econômicos registrados nos períodos do Brasil colonial e império. Assim, só a partir da década de 70, ou seja, passados mais de oito décadas da fase republicana, deixou o Espírito Santo de cumprir o papel a ele destinado pelos colonizadores portugueses: o de atuar como uma “barreira verde” para proteger o ouro, as pedras preciosas, en m, as riquezas naturais existentes nas minas gerais, e ingressou em áurea fase de progresso e desenvolvimento econômico (ressalte-se: não social), assim mesmo, pelo que parece, por “acidente de percurso”, senão vejamos. Embora integrante de próspera

Em função de acentuada queda do preço do produto no mercado internacional, em 1962 o governo brasileiro decide erradicar parte signi cativa da plantação de café capixaba (53,8% da plantação, algo em torno de 300 milhões de plantas). Não entremos no mérito desta decisão, mas ela, de forma direta, clara, visível, deu causa a um gravíssimo problema social e, por consequência, criou um ambiente perfeito no qual foi gestada e, posteriormente, nasceu, cresceu e se fortaleceu a crise que hoje vivenciamos na área da violência e da criminalidade. Com a erradicação, milhares de pessoas que viviam no interior do Estado e dependiam (direta ou indiretamente) da cultura do café, perderam seus postos de trabalho, suas fontes de renda e sustento de suas famílias. E o que zeram? Abandonaram a zona rural. Algumas saíram do Estado, mas parcela signi cativa migrou do campo para áreas metropolitanas, principalmente para Vitória e mu n i c ípi o s d e s e u e ntor n o (inicialmente para Vila Velha e Cariacica, posteriormente Serra). Vejamos alguns números que, de forma clara, evidenciam o problema gerado. Dados do IBGE indicam que, na década de 60, a população capixaba era de 1,417 milhão de habitantes. Destes, 28% (403 mil) ocupavam área urbana, e 78% área rural (1,014 milhão). Pois bem, na década de 70 os dados apontam uma população de 1,617 milhão de habitantes, agora assim distribuídos: 45% em área urbana (703 mil) e 55% em área rural (883 mil). Ou seja, em uma década, enquanto a população capixaba teve crescimento de 14%, a população urbana foi elevada em 82%. Veja, esta mudança ocorreu

de forma abrupta, sem qualquer planejamento, sem infraestrutura, sem escola, sem saneamento básico, sem moradias, sem.…, sem.…, sem nada, nada. Embora na época o fenômeno migratório do campo para a cidade tenha sido registrado, em larga escala, também em relação a outros estados brasileiros da Região Sudeste, no caso do Espírito Santo ele tem contornos sociais dramáticos, perversos, d e su mano s . Pois nã o e st á associado a crescimento (naquele momento), mas, sim, a uma complicada política de mudança brusca de matriz econômica. Desprovidas do seu sustento, literalmente arrancadas, tiradas da terra, milhares de pessoas, famílias inteiras, famílias e mais famílias, se veem, da noite para o dia, ceifadas não só de seu trabalho, de como prover seu sustento, mas, também, (e muito importante) de sua origem, de seu chão, de referência de comunidade, de seu convívio social. Sem que quisessem, sem que pedissem, sem que desejassem, passam a constituir, em nome da balança comercial brasileira, da economia mundial, milhares de capixabas se transformam em “ os da meada” desconectados do grande tear do desenvolvimento nacional. Assim, a década de 60, mais especi camente a partir de julho de 1962, constitui outro marco importantíssimo para que possamos compreender e, compreendendo, quem sabe, buscar a solução para o preocupante aumento do índice de violência e criminalidade registrado no Estado do Espírito Santo. Importante considerar alguns aspectos consideráveis da caminhada que nos trouxe até o momento atual: Caim, lho mais velho de Adão e Eva, representa, para a humanidade, a “gênesis” da violência; a primeira Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mundial constituíram, a seus modos e em seus momentos, forças motrizes para alterações determinantes no mundo (social, política e econômica); a forma como o Brasil foi colonizado nos deixa, enquanto brasileiros, herdeiros de um passivo social muito complexo. Assim, levando-se em consideração que as condicionantes acima podem atuar (colaborar) como premissas maiores de um caminhar lógico na bu s c a d o e nt e n d i m e nt o d o p e r ve rs o d a v i ol ê n c i a e d a criminalidade, fenômeno mundial e que, hoje atinge de forma dramática a sociedade brasileira como um todo. E, mais ainda, nesta linha, se a elas acrescentarmos como premissa menor (menor na condição de particular, especí ca, e não na de menos importante), a já mencionada política de erradicação do café da década de 60, que impactou, de forma decisiva e abrupta, a organização social dos habitantes das terras do Capitão-mor Vasco Fernandes

Coutinho, ou ainda da heroína Maria Ortiz, vamos veri car que o acontecimento desligou milhares de “ os da meada” do pujante “tear” da economia brasileira. Alheio a este fato, o nosso g igante e prep otente “te ar” continuou cada vez mais avançando, velozmente, na busca do TER (esquecendo-se do SER). Nós, sociedade em seu conjunto, como responsáveis pela operação do “tear”, não vimos, ou se vimos, continuamos ignorando que muitos “ os das meadas” estavam desprendidos. Hoje, para lidar de forma objetiva com a questão da violência e da criminalidade, a solução, ÚNICA, é reconectá-los e, mais importante ainda: desenvolver ações (efetivas) que impeçam novas “desconexões”. Em nosso País, em nosso Estado, a criminalidade, a perversidade, o requinte de crueldade com que os crimes são praticados, a presença de pessoas cada vez mais jovem atuando no “mundo do crime” não é “genético”, não é hereditário. É SOCIAL. Como já dito, gestado há mais 50 anos, veio se agravando, dia a dia, ano a ano, década a década, principalmente a partir do meado da década de 80, paradoxalmente na contramão do crescimento econômico veri cado em nosso Estado, e restabelecimento da normalidade democrática no País. Já está mais do que evidente. As ações que estamos adotando para a solução do problema, também já mencionada em artigo anterior, na linha do “MAIS do MESMO” (mais polícia, mais repressão, mais justiça, mais condenação, mais prisão, e mais..., e mais...), atacam os efeitos. Podem até aliviar momentaneamente a “dor de cabeça”, “a dor de barriga”, mas estão longe, muito longe, de lidar com a causa. Não dão, e, por mais que nos esforcemos, jamais darão conta dela. Reconectemos os “ os das meadas” desprendidos do gigante “te ar” s o c i a l. Um a u m , reconectemos cada um deles, que continuam “brotando” a cada dia nas periferias. Vamos desenvolver políticas que, simultaneamente, impeçam novas “desconexões”. A eles, para todos eles, a nós, para todos nós... responsabilidade social. Para todos, direitos e deveres. Saúde, educação. Esporte, cultura e lazer. Saneamento básico, habitação. Praças públicas limpas, iluminadas, descentes, adequadas ao uso da sociedade. Logradouros públicos adequados. Mobilidade urbana. Responsabilidade social ampla. Só assim, TODOS (NÓS e ELES) teremos segurança, paz social. Estado e sociedade. De forma uníssona, interligados em seus diversos elos. Uma corrente forte. Formando uma “unidade” única, não só “de polícia”, mas de todos. Só assim teremos, de forma efetiva, resultado. Nem sempre foi assim. Po demos (e temos) como melhorar. Continuemos nossa re exão no próximo artigo.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.