Edição 118 Outubro/Novembro 2020

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OUTUBRO / NOVEMBRO 2020 - ANO 19 - Nº 118

Outubro Rosa

Câncer de mama, números ainda surpreendem

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utubro é apenas uma data no calendário anual. E, o “Outubro Rosa” foi criado para lembrar que o câncer de mama está ai, e afeta a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. É tão expressiva essa incidência que, em tempos de “Covid 19” não pode ser Bruno Aragão, negligenciada. Sirio Libanês (pag. 6) Segundo a última pesquisa realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) sobre o câncer no mundo, o câncer de mama é um dos três tipos de maior incidência, junto com o de pulmão e o colorretal. Mas, é o que mais acomete as mulheres em 154 países dos 185 analisados. As estatísticas nem sempre Selma Bauab, são precisas. Estimativas mostram MamaImagem (pag. 7) índices que nos surpreendem com números assustadores, e apontam mais 2,1 milhões de novos diagnósticos de câncer de mama, contribuindo com cerca de 11,6% do total de casos de câncer no mundo, no ano passado. Impossível ignorar estas cifras, que constituem um alerta para as autoridades e instituições. A pesquisa também aponta que uma a cada quatro mulheres

não melanoma). Em 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. A única região do país em que o câncer de mama não é o mais comum entre as mulheres é a Norte, onde o de colo de útero ocupa a primeira posição. É uma triste realidade, mesmo considerando que Felipe Kitamura, Eduardo Fleury, Flora Finguerman, alguns avanços ocorreram, que Dasa (pag. 4) Santa Casa (pag. 8) Dasa (pag. 4) a informação massificada, o esclarecimento e o trabalho de instituições trazendo apenas esperança, o Outubro Rosa deve ser o ano inteiro, mas, há um longo caminho a percorrer. Presente e colaborando com todas as instituições que se propõem a diagnosticar, prevenir e tratar do câncer de mama, o ID abre sua edição do Outubro Radiá dos Santos, Linei Urban, Renata Berni, Rosa, focado no médico que Mamorad (Application) DAPI Curitiba (Application) Mamorad (Application) diagnostica, no imaginologista mamário, dedicando um espaço expressivo para temas de interesse, avanços na chegada que têm um caso de câncer diagnosticado têm câncer de da Inteligência Artificial, um grande webinar, impresso e mama, representando 24,2% do total. digital, onde também as empresas mostram avanços e novos No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), produtos tecnológicos que enriquecem o nosso conteúdo. o câncer de mama também é o tipo de câncer que mais Confiram! acomete as mulheres no país (excluídos os tumores de pele

CBR elege sua nova diretoria, e mulheres médicas ganham expressiva participação

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Espaço para inovação no InRad já é uma realiddade

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estinado a parceiros, startups e desenvolvedores de tecnologias, o In.Lab é um novo espaço de inovação e inteligência artificial (IA) voltado para contribuir com o sistema de saúde e a jornada do paciente no Brasil. Criado a partir de um projeto colaborativo entre o Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e o Núcleo de Inovação Tecnológica (InovaHC) e a Siemens Healthineers,, o In.Lab aposta na expertise de diversos players do mercado para promover soluções em diversas frentes da saúde, como prevenção, diagnóstico, tratamento e gestão otimizada e eficaz. “Esse projeto colaborativo entre InRad, InovaHC e Siemens Healthineers é um passo concreto para a introdução de novas tecnologias relacionadas à Inteligência Artificial que possam impactar na qualidade da assistência oferecida à população brasileira.”, destacou o presidente do Conselho Diretor do InRad e presidente da Comissão de Inovação (InovaHC) do HCFMUSP, Giovanni Guido Cerri, no ato de lançamento. (Pág. 12)

nquanto o mundo virtual toma conta dos principais eventos no País, como aconteceu com a Jornada Paulista de Radiologia, Congresso da SBUS, Curso Feres Secaf, e o Congresso Brasileiro de Radiologia neste mês de outubro, o mundo palpável do movimento associativo tem novidades. Acaba de se encerrar o processo eleitoral no Colégio Brasileiro de Radiologia, com a inscrição de chapa única e, portanto, aprovada por aclamação. A posse será em primeiro de janeiro, mas, vale a divulgação desses nomes, pois a reunião de um grupo com esta qualidade é extremamente positiva, em sua maioria com grande atuação científica, credibilidade e com presença ativa na formação das novas gerações de médicos da imagem. A par da qualidade de seus membros, há uma presença regional e feminina sem precedentes na história da instituição, que valoriza ainda mais seu caráter nacional. A partir do presidente eleito, o dr. Valdair Muglia, de Ribeirão Preto, sua primeira vice-presidente, dra. Cibele de Carvalho, de Minas Gerais, tem grande atuação em defesa profissional e o segundo vice, Dante Escuissato, do Paraná, grande contribuição na área de conteúdo científico. Os demais componentes, Bernardo Tessaroll, Gustavo Andrade, Rubens Chojniak, Gustavo Balthazar, Juliana Tapajós, Mayra Veloso, Giuseppe D´Ippolito, Luciana Costa, Hilton Muniz Leão Filho e Luiz Ronan de Souza complementam a equipe.

Empresas mostram novidades e agitam o mercado

Tomografia com contraste na mamografia

Atentas às expectativas do mercado, e as necessidades de vencer este momento de pandemia do “Covid 19”, empresas estão criando planos especiais para atender a seus parceiros e se mobilizando em novos lançamentos, na movimentação do quadro de funcionários e analisando a possível volta ao trabalho presencial. Confiram!

Em um ponto de vista da dra.Celina Achcar, diretora médica para a América Latina, da Guerbet, fala sobre o uso de contraste na mamografia enfatizando a importância da técnica no diagnóstico, mas, principalmente na detecção precoce do câncer de mama. Faz uma breve análise dos demais métodos na conduta médica.


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Outubro Rosa Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

ocsir ed setneicap arap ohnimac mu ,ecocerp megairT

Triagem precoce, um caminho para pacientes de risco

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criação de um modelo de risco que inclui características mamográficas, fatores como estilo de vida e pontuações de predição de risco com base na genética pode ajudar a identificar quais mulheres com alto risco de câncer de mama tem maior probabilidade de desenvolver a doença dentro de dois anos, depois de um rastreamento negativo. A afirmação não é nossa, mas, de pesquisadores internacionais, a partir de um projeto do Karolinska Mammography Institute, da Suécia, que triaram 10.350 mulheres inscritas no programa Predição de Risco de Câncer de Mama. É mais um elo na grande corrente que se desenvolve em todo o mundo, com o objetivo de prevenir, evitar e tratar pacientes com câncer de mama. A seriedade com que o problema é tratado por estes pesquisadores traz grandes esperanças para a complexa situação dessas pacientes, é um grande alento para pesquisadores, somado aos avanços tecnológicos já disponíveis, como a mamografia convencional ou digital, a ressonância magnética e a ultrassonografia na área da imagem. A criação desse modelo de risco tem merecido a atenção dos principais órgãos científicos e de ensino, em todo o mundo, e poderá ajudar a identificar quais as mulheres com alto risco devem ser encaminhadas para o rastreamento complementar necessário. Afirmam esses pesquisadores que 25 por cento Dr. Mikael Eriksson de todos os cânceres são de intervalo - aqueles detectados entre exames regulares - e ter este tipo de ferramenta pode melhorar os resultados dos pacientes, enfatiza a equipe liderada pelo prof. Mikael Eriksson do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística do Karolinska Institutet na Suécia. Eles publicaram os detalhes de seu modelo, bem como sua eficácia, em 8 de setembro na Radiology. Com este programa os pesquisadores pretendem criar um protocolo que tem o potencial de orientar os radiologistas na identificação de mulheres com um resultado de triagem negativo que são potenciais candidatas para triagem suplementar, triagem mais frequente ou medicação para redução de risco. E, a partir desse conhecimento, a equipe aumentou os modelos de risco existentes para outros indicadores, como a densidade da mama, massas e microcalcificações, diferenças entre os seios direito e esquerdo e idade. Incorporaram, também, o estado da menopausa, histórico familiar de câncer de mama, índice de massa corporal, histórico de terapia de reposição hormonal e consumo de tabaco

e álcool. Eles também expandiram os componentes genéticos do modelo, incluindo 313 polimorfismos de nucleotídeo único. Junto com essas informações, obtiveram informações sobre as características do tumor, marcadores imunohistoquímicos e variáveis patológicas clínicas do Registro Nacional de câncer de mama da Suécia. Para testar a eficácia de seu modelo de risco, a equipe examinou os registros de triagem de 10.350 mulheres com idade média de 54 anos que estavam inscritas no Projeto de Mamografia Karolinska (KARMA) para Predição de Risco de Câncer de Mama. Essas mulheres foram examinadas em intervalos de 18 a 24 meses. Do grupo, 974 tinham diagnóstico de câncer de mama e 9.376 eram saudáveis. O tempo médio de acompanhamento foi de 4,9 anos, e eles tiveram uma média de 1,2 anos desde o rastreamento do câncer de mama mais recente. “Mostramos que os fatores de estilo de vida e as pontuações de risco poligênico agregam-se a um modelo de risco de curto prazo construído com base na análise aprofundada de três características mamográficas e suas diferenças”, afirmaram. A partir de seus resultados, eles determinaram que as mulheres em alto risco - que representam 8 por cento de todas as mulheres - experimentaram um risco relativo oito vezes maior de serem diagnosticadas com câncer de mama. Isso corresponde a um gradiente de 30 vezes quando comparado com mulheres de risco médio. “É recomendado que as mulheres nesta categoria de risco passem por maior vigilância e intervenções de redução de risco”, aconselharam os pesquisadores, em matéria publicada no RSNA News, de autoria de Whitney Palmer. “Isso sugere que um modelo de risco clínico eficaz usado para triagem individualizada deve ser um modelo de curto prazo”, disse a equipe do prof. Eriksson. Eles reconhecem que o modelo atual identifica as mulheres num estágio mais avançado da doença, diagnosticadas com um câncer que não foi detectado ou que está crescendo rapidamente.” A equipe concluiu que seu modelo de risco pode desempenhar um papel na melhoria do atendimento clínico e melhores resultados para os pacientes. O modelo tem o potencial de apoiar a decisão sobre quais mulheres devem ser reconvocadas para triagem suplementar ou devem passar por triagem mais frequente.” (fonte RSNA News e colaboradores).

Ponto de Vista Por Antonio Sergio Marcelino (x)

O novo “normal” e a retomada das atividades de ensino

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os dias de hoje, em tempos de pandemia, é frequente ouvirmos e lermos a respeito do novo normal, em diversas áreas inclusive na educação básica, no ensino universitário, nas Pós Graduações, nas Residências Médicas, e nas atividades ligadas à nossa especialidade, a Radiologia e o Diagnóstico por Imagem (RDI). Sabido é, que o impacto financeiro em todas as Instituições foi severo. Acredito que nenhuma tenha voltado aos “níveis” econômicos pré pandemia. Ao longo dos últimos 30 anos, começo da década de 1990, com o avanço tecnológico, o advento e diversificação dos métodos de imagem foi construído um patrimônio intelectual de excelência, nas diversas áreas de atuação. Grandes profissionais se formaram, foram os “desbravadores”. Estes, por sua vez, formaram inúmeros outros profissionais, de extrema competência, por assim dizer, fizeram Escola. Mas em tempos de crise, nem tudo anda bem, ou, quase tudo anda mal para muitos ou quase todos profissionais, e, sobretudo para aqueles muito dedicados à educação, à formação de outros profissionais.

Referências

A chamada retomada, chega repleta de ansiedade, e por parte de muitos, é apresentada como sendo uma busca por resultados, a meu ver inalcançáveis no modelo prévio, mas isto o tempo dirá. No retorno das atividades assistenciais da RDI, acredito que em breve tudo estará em ordem, salvo as perdas intelectuais, e os clientes pacientes que perderam o emprego / convênio. Não cabe aqui os sentimentos amargos e pessimistas, políticas equivocadas, as crises ou as diferenças de pensamento na gestão. São ações que consomem energia, sem resultados positivos. Talvez seja sim, um momento ímpar de adversidade para provocar, um momento de inovar. Identificar os caminhos criativos e pragmáticos e, portanto, identificar aqueles talentos que desejam investir de forma assertiva, ou mesmo, aproveitar estes que possuem um know how, ímpar no ensino, principalmente num momento tão difícil como este. Reparar situações adversas e criar oportunidades, construir deve ser o princípio básico. Estas observações valem, para nossa especialidade, para a assistência e para o ensino da nossa especialidade, onde observamos várias inciativas de manter acessível toda a máquina de conhecimento disponível na Radiologia Nacional, que com a pandemia, acelerou-se a implantação.

Definido o propósito do ensino, importante é a atenção para as diversidades e disparidades. Além disso, a eficiência no método ganha espaço neste novo horizonte de integração. Deste modo, garantir e apoiar os mais vulneráveis, é essencial. Muitos apresentaram, talvez, perda do aprendizado, prejuízo na sua formação com o fechamento das Instituições, dos estágios e as necessidades socioemocionais de cada um, hoje, são diferentes. Neste sentido, de acordo com muitas entidades, cabe abrir oportunidades para um treinamento focado no individuo, identificar suas habilidades sociais, as essenciais, o pensamento crítico, a capacidade do networking e ainda mais, a capacidade de improvisação de cada um. Mas para isto, cabe uma reforma neste grande pacote da educação atual. A Inteligência artificial, as metodologias de ensino a distância e os sistemas digitais, podem em muito acelerar e compensar a entrega de conhecimento e construir de maneira integrada metodologias mais eficazes e menos susceptíveis a estas intempéries da história da humanidade. É preciso, trabalhar todos os dias, olhar para frente, sermos otimistas, disseminar e preparar todos para atuar de maneira proativa e melhorarmos ainda mais o que foi realizado, dia após dia, sem que estejamos com uma data marcada para a tal retomada ou para possíveis recaídas. (x) Medico radiologista – Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sirio Libanês, SP

https://en.unesco.org/news/learning-covid-19-era https://www.weforum.org/agenda/2020/04/coronavirus-education-global-covid19-online-digital-learning/ https://www.weforum.org/agenda/2020/08/how-edtech-will-transform-learning-in-the-covid-19-era/ OUT / NOV 2020 nº 118

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Outubro Rosa Por Angela Miguel (SP)

Câncer de mama: rastreamento une tecnologia de ponta e acolhimento de pacientes Em mais um Outubro Rosa, médicos do Grupo Dasa destacam a importância do encontro entre a aplicação de algoritmos que facilitam a detecção de lesões, a acolhida e o atendimento cuidadoso das mulheres.

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iente de seu papel para acelerar tem identificado microcalcificações difíceis de a identificação precoce de leserem identificadas, por exemplo. sões que caracterizam o câncer “Outro tipo de aplicação de IA que nos de mama, a Dasa tem investido auxilia é para a densidade mamográfica que, na adoção de tecnologias como por si só, é um fator de risco para o câncer. algoritmos de inteligência artificial (IA) na Geralmente precisamos fazer um rastreamento mamografia. complementar nesses casos e temos trabalhado, De acordo com a dra. Flora Finguerman, principalmente no Alta, com mamógrafos que médica radiologista e coordenadora da área de já fornecem o padrão de densidade, essenciais Diagnóstico de Mama da Dasa de São Paulo, para que o radiologista programe seu fluxo e encontrar mamografias alteradas é como achar solicite que a máquina realize imagens complementares, o que nos ajuda a estabelecer agulha em palheiros. Contudo, se a proporção condutas mais assertivas”, completa ela. indica que há cinco casos de câncer em mil, um que deixa de ser identificado coloca em Inovação em foco xeque todo o programa de rastreamento, um esforço que exige pessoal, tempo, conhecimento No entanto, a adoção de tecnologias como e dinheiro. algoritmos de IA não bastam para que o rastrea“Implantar um programa de rastreamento mento seja ideal. Segundo o Dr. Felipe Campos é complexo, mas em seguida há o esforço diário Kitamura, Head de Inteligência Artificial da que todo radiologista tem de não permitir que Dasa, algoritmos de rastreio surgiram nas déum só câncer passe sem ser identificado. Para cadas de 1980 e 1990, mas só se transformaram isso, na Dasa, temos ferrano que são hoje após três famentas tecnológicas que nos tores: avanços nos algoritmos auxiliam nesse trabalho, são (rede neural convolucional e a algoritmos específicos para técnica de back propagation), mama que nos ajudam em banco de dados digitalizados todas as fases e todas as moe o poder de processamento dalidades do rastreamento”, computacional. Só em 2012 explica. que o primeiro algoritmo com Uma das aplicações da rede neural convolucional foi IA está em um algoritmo que implementado com sucesso realiza a segunda leitura dos em um banco de dados de exames, o que pode levar a grande escala. achados que passaram des“Para a área de mamopercebidos a priori. Segundo grafia, a Dasa optou por rea Dra. Flora, o radiologista alizar parcerias com outras Dra. Flora Finguerman recebe a leitura do algoritmo empresas desenvolvedoras e checa os apontamentos, comparando com de algoritmos que já possuíam conhecimento outros exames e destacando possíveis lesões. e uma base de dados robusta e qualificada em Essa triagem tem auxiliado na mudança do BItermos de mama, o que ainda é um desafio no -RADS de algumas pacientes, pois o algoritmo Brasil, pois as mulheres costumam fazer seus

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gias. Acima de tudo, em um momento em que exames em diversos médicos, laboratórios e instituições durante a vida, e os algoritmos necesachávamos que perderíamos oportunidades de sitam receber inputs de exames com ao menos 2 trabalho, estamos ganhando, dobrando nosso anos de cada paciente. Além disso, o algoritmo volume de trabalho e abrindo chances para sozinho não é suficiente, por isso contamos profissionais especializados”. com o apoio e a confiança de radiologistas de Acolhimento é essencial amplo conhecimento para fazer anotações e nos auxiliar com as validações”, afirma. Ainda que as aplicações de inovações A implementação de algoritmos de IA no tecnológicas levem a radiologia a novos patadiagnóstico de mama é mais um dentre uma mares, a atenção ao paciente segue indispensérie de iniciativas do Grupo sável para a atuação de todo Dasa em inovação, como profissional da medicina. lembra o Dr. Kitamura: “a Principalmente no contexto Dasa tem realizado invesda Covid-19, a dra. Flora timentos significativos em Finguerman destaca que as inovação nos últimos anos, pacientes estão ainda mais pensando sempre em seu potemerosas com o momento tencial para o paciente. Outro da mamografia e seu resulexemplo disso é a Lumiax, tado posterior. Segundo ela, nossa marca B2B de imagem por depender da presença lançada recentemente, que física da paciente para a vem para se tornar uma parexecução do exame, muitas ceira estratégica do mercado, adiaram suas avaliações, o trazendo eficiência, melhoria que é preocupante. nos processos, redução de “Gosto de falar sobre Dr. Felipe Kitamura desperdícios e soluções perinovação, mas acho imporsonalizadas para cada negócio”. tante mostrar que certas coisas não mudaram, Embora a discussão sobre aplicações de IA com o contato, o face a face, o acolhimento. Os e outras tecnologias na radiologia seja constantécnicos mamográficos da Dasa seguiram uma te, a preocupação com uma suposta substituisérie de protocolos rígidos para paramentação, ção ou precariedade do emprego parece cada o que também adicionou uma dose de tensão vez mais distante na Dasa, segundo a Dra. Floa todo aquele momento que já é carregado de ra: “posso falar pelo time da mama, recebemos medo, sensibilidade e fragilidade. É quase um muito bem essas novidades, pois entendemos paradoxo, pois estamos em um momento de que essas tecnologias vem para ajudar na evolução em termos de pesquisa e tecnolonossa rotina e para melhorar o diagnóstico do gia, mas o lado humano continua o mesmo, paciente. É muito bom, também porque vemos a mulher segue com muito medo, a mama é uma nova geração de médicos que já fizeram símbolo do feminino, há temor em relação à dor medicina em uma realidade mais digital e que do exame, então todos esses fatores precisam se interessam por esse encontro entre a parte entrar na equação e o atendimento cuidadoso assistencial e o desenvolvimento das tecnolofaz toda a diferença”, conclui.


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Outubro Rosa Por Luiz Carlos de Almeida e Valeria Souzal (SP)

Rastreamento do câncer de mama: ferramentas para incentivar o diagnóstico precoce Com o objetivo encontrar soluções através de ciências de dados para o diagnóstico precoce do câncer de mama o médico radiologista Bruno Aragão apresentou trabalho e foi premiado no evento Datacare: Maratona contra o câncer.

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competição, no formato de “hackathon” de ao exame preventivo. Propomos este modelo de ação de de um grande banco de dados chamado VIGITEL, que é dados teve a participação de profissionais de engajamento em duas vertentes de negócios: uma pesquisa anual muito detalhada feita pelo Ministério ● criação de campanhas no setor público: uma prefeitura que áreas diversas, foi realizado pelo Hospital Alda Saúde para mapeamento de fatores de risco para doenças bert Einstein, com apoio de várias instituições. consiga fazer uma campanha de engajamento digital otimicrônicas. Neste banco de dados, cruzamos as diversas variáveis que nos pudessem dar insights para traçar um perfil zando os gastos de recursos para as mulheres que realmente O radiologista Bruno Aragão, do Hospital de alto risco de mulheres que não vão fazer sua mamograprecisam ser alertadas; Sírio Libanês, tem intensa atuação na área digital, e fez uma fia de rastreamento. Encontramos algumas associações de ● criação de uma ferramenta de inteligência de dados para análise do evento, para o ID Interação Diagnóstica onde pode hábitos de vida e dados socioeconômicos interessantes e operadoras de saúde ou grandes empresas de saúde contar sobre a experiência de participar e ter a sua proposta decidimos usar esse conhecimento gerado pela ciência de corporativa, para que estas consigam aumentar a taxa classificada em terceiro lugar. de adesão ao rastreamento do câncer ID – Como resume a sua participação neste formato de evento? de mama dentro da população que elas Bruno Aragão – Foi uma experiacompanham. ência muito interessante, principalmente, ID – Como foi estruturado o pela oportunidade de se juntar a um evento? grupo multidisciplinar de médicos, bióBruno Aragão – O Datacare, teve logos, cientistas de dados e engenheiros mais de 330 inscritos que se dividiram em de software num formato intenso de resogrupos de até oito pessoas. O câncer de lução de problemas - tudo em um fim de mama é a neoplasia mais diagnosticada semana, e poder se aprofundar num tema entre as mulheres e o crescente aumento na tão importante. Enxergar o diagnóstico incidência e na mortalidade por câncer de precoce do câncer de mama sob o ponto mama e na carga de demanda por serviços de vista de outros perfis profissionais de saúde, pretende gerar benefícios como: trouxe um enorme aprendizado. aplicar as soluções encontradas na gestão ID – Explique um pouco sobre a dos serviços de saúde; promover a interação multiprofissional para aplicação de abordagem que vocês propuseram. Big Data Analytics na atenção oncológica e Bruno Aragão – Dentro da problemática do diagnóstico tardio do câncer promover o uso das ferramentas analíticas. de mama, decidimos nos debruçar sobre Os projetos foram avaliados por uma a baixa adesão das mulheres ao rastreaequipe de 14 jurados, e os oito finalistas se mento mamográfico. Notamos em dados O evento, realizado no Hospital Albert Einstein, mobilizou especialistas na busca de soluções através da ciência de apresentaram durante o congresso “Todos dados para minimizar o problema das pacientes de alto risco de pesquisas do IBGE que só na região juntos contra o câncer”. Os três primeiros dados na criação de campanhas de impulsionamento pago sudeste no ano de 2013, cerca de 2.4 milhões de mulheres colocados foram anunciados no encerramento do congresso no de marketing digital como Facebook Ads e Google Ads, por entre 50-69 anos não fizeram rastreamento mamográfico nos dia 25 de setembro. Organizado pelo Hospital Albert Einstein, exemplo, focadas em incentivar a realização da mamografia últimos dois anos. ABRALE, o evento contou com o apoio de parceiros como Insnesse grupo de mulheres com maior chance de não adesão tituto Avon, AmigoH, Semantix e Observatório de Oncologia. Pensando nessa realidade, decidimos trabalhar em cima

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Outubro Rosa Por Luiz Carlos de Almeida e Valeria Souza (SP)

Com braços no Brasil, Portugal e Estados Unidos, clínica de Rio Preto entra na era da inteligência artificial A Mama Imagem entra na era da Inteligência Artificial. A clínica comemora 20 anos de sua fundação com expansão, sede própria e instalação de uma plataforma que usa inteligência artificial na avaliação das imagens de mamografia.

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Com intensa atuação na qualidade, a dra. Selma Bauab, investe em projeto de inteligência artificial, no momento em que sua MamaImagem comemora 20 anos.

ioneira no uso da imagem digital em mamografia, primando sempre pelo foco na qualidade, a MamaImagem, clínica que tem a frente a dra. Selma di Pace Bauab, em São José do Rio Preto, faz sua entrada no universo da inteligência artificial ao participar de um projeto com braços no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos, voltado para a mama - primeira área em que será implementado, desde a elaboração da plataforma na avaliação das imagens e, agora, já em fase de instalação. “A Inteligência Artificial é uma ferramenta importante, que visa auxiliar o radiologista e não a competir com ele”, enfatiza a fundadora da clínica, dra. Selma Bauab, ao se referir à crescente onda de inovação e de novas tecnologias no segmento da radiologia e diagnóstico por imagem. Neste ano em que comemora os seus 20 anos de fundação, a MamaImagem vive uma nova etapa na sua história. Devido a pandemia, a data foi comemorada através das redes sociais com a mesma alegria e entusiasmo dos eventos presenciais, pois nesse aniversário a clínica contabiliza várias conquistas importantes. Uma delas é a sua consolidação como sinônimo de qualidade, tanto na realização dos exames e entrega de diagnóstico, como no atendimento aos pacientes. Outro destaque que marca sua trajetória de sucesso é a expansão dos seus serviços, agora, nas áreas de Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética.

O projeto de IA chegou a clínica pelas mãos do dr. Aron Belfer, e visa fazer a leitura da mamografia através da plataforma de inteligência artificial, ajudando o radiologista a separar exames mamográficos normais dos exames suspeitos de malignidade. De acordo com a radiologista “os sistemas de inteligência artificial proporcionam ao computador a capacidade de aprender, sem regras explícitas pré-definidas. Quanto mais imagens analisa, mais eficiente se torna, podendo, com o passar do tempo, ajudar em um diagnóstico mais preciso. Funciona como um aparelho inteligente, que “aprendeu” a ler as imagens e pode apontar potenciais lesões, ajudando na interpretação. A leitura é rápida e a decisão final é do radiologista”, explica. Nesse momento, ainda de muitas incertezas, muitos ainda discutem se a IA é uma ameaça ao futuro do médico radiologista, mas a MamaImagem, mesmo sem saber qual a dimensão da contribuição de um projeto como este, espera que em pouco tempo terá essa resposta, pois acredita que o radiologista que entender como trabalhar com a Inteligência Artificial terá um aliado importante, contribuindo para o seu crescimento como profissional. “O que não compreender, poderá ficar fora do mercado. É semelhante ao que ocorreu com a entrada do uso de computadores em todas as áreas. Quem não conseguiu se adaptar ao novo modelo, perdeu mercado de trabalho”, aponta Bauab.

A MamaImagem é uma clínica multidisciplinar, com todos os métodos de imagem e um dos seus diferenciais sempre foi a qualidade, acolhimento e olhar atento ao paciente, e os investimentos em tecnologia de ponta, que sempre foram muito expressivos, e a expectativa é que a IA possa trazer ainda mais qualidade e uma maior eficiência nos seus serviços, pois a projeção é que ela seja integrada em toda a estrutura. “Estamos confiantes e ansiosos para avaliar os resultados na mama e poder expandir para as outras áreas”, prevê sua fundadora. A dra. Selma também revela que “neste momento de tantas incertezas, conseguimos vislumbrar um futuro diferente, que chegou mais depressa do que pudemos imaginar. Algumas coisas vieram para ficar, como a tecnologia auxiliando em todas as áreas, diminuindo distâncias, proporcionando encontros científicos antes difíceis de ocorrer. Embora sejam todos virtuais, a solidariedade e a generosidade de muitos ao redor do mundo, trouxe conhecimento e calor humano, ainda que por uma tela de computador. O que não sabemos se vai perdurar, é a compreensão de que não precisamos de tanta pressa em nosso dia-a-dia e não precisamos das coisas superficiais que nos pareciam tão importantes. O tempo vai dizer. O importante é ver o melhor lado sempre”, considera a radiologista para o comportamento em um novo tempo pós-pandemia.

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Outubro Rosa Por Angela Miguel (SP)

Uso da radiômica e da IA auxiliam na classificação confiável de massas mamárias Artigo publicado no European Journal of Radiology pelos drs. Eduardo de Faria Castro Fleury e Karen Marcomini aponta que os radiologistas podem passar de identificadores de nódulos para organizadores de dados, em busca de uma identificação mais assertiva e rápida do câncer de mama.

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ipo mais comum da doença entre mulheres no mundo, o câncer de mama levou mais de 17.500 vidas em 2018, mostram o Atlas de Mortalidade por Câncer. Segundo o INCA, a estimativa é que mais de 66 mil novos casos de câncer de mama sejam identificados no país ainda em 2020. Esses dados alarmantes incentivam que radiologistas em todo o planeta sigam buscando novas maneiras mais rápidas e eficazes para a descoberta precoce de nódulos nas mulheres, especialmente no contexto da adoção de tecnologias como a inteligência artificial no diagnóstico por imagem. Nesse sentido, em artigo publicado no European Journal of Radiology, em julho, o radiologista Eduardo de Faria Castro Fleury, do Serviço de Diagnóstico e Intervenção Mamária da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e professor do Centro Universitário São Camilo, e Karem Marcomini, cientista de dados pela USP e professora da UNIP, discutiram o impacto do uso da radiômica na prática clínica da ultrassonografia mamária, a partir de análises consecutivas de 207 massas encontradas em ultrasssons de janeiro de 2018 a abril de 2019, encaminhadas posteriormente para biópsia. Embora a radiologia mamária ainda seja o exame mais usado para identificação de nódulos benignos e malignos nestes órgãos, a aplicação de tecnologias como a inteligência artificial (IA) tem auxiliado no rastreamento e determinação mais rápida das lesões. Contudo, o uso desses softwares ainda é limitado, pois depende do operador e da avaliação final dos radiologistas, uma vez que muitos dos resultados podem ser subjetivos. Para assegurar uma maior clareza dos dados, as massas seguem uma classificação estabelecida pelo léxico da 5ª edição do BI-RADS, em que fatores como morfologia, margem, efeito acústico, ecogenicidade e achados associados são avaliados. São sete categorias propostas, sendo que as entendidas como 4 e 5 indicam malignidade. Como todo esse processo é demorado e segue dependente da interpretação do radiologista, a introdução da radiômica tem sido uma saída para acelerar essas etapas, já

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que este campo da ciência é aplicado para a extração de dados mensuráveis de imagens e tem como objetivo classificar as massas de forma automática ou semiautomática com um software especializado, muitas vezes baseado em machine learning ou deep learning. Com a radiômica, portanto, esses softwares são capazes de delimitar, extrair e classificar as lesões de acordo com os critérios propostos, independentemente do BI-RADS e sem interferência humana, ainda que os resultados sejam avaliados e validados pelos radiologistas.

além da comparação entre a análise do radiologista e da IA usando o índice Kappa. Do total de 207 massas que passaram por biópsia e por todo o percurso metodológico, 143 foram classificadas como benignas e 64, malignas. O índice de Youden foi de 0,53, com um critério associado para malignida-

Processo metodológico Como metodologia proposta, três radiologistas realizaram a ultrassonografia e a biópsia percutânea da mama, seguindo a 5ª edição do léxico BI-RADS, e selecionaram as lesões classificadas nas categorias 3, 4 e 5. Para o estudo, quatro equipamentos foram utilizados: Canon Nemio 30, Canon Aplio 400, Siemens VFX 13-5 e Siemens FV 10-5. Após o ultrassom, as lesões foram documentadas e enviadas para o PACS. No caso da biópsia, foi utilizada a agulha 14G e o material seguiu para estudo patológico no mesmo hospital e avaliado pelo mesmo patologista. Para classificação das massas, a equipe utilizou um software de IA que avaliou número de picos no vetor de distância, orientação, tamanho da lesão, entropia e diferença de área com uma elipse equivalente, nesta ordem. O processo se inicia quando o radiologista classifica as massas no PACS de acordo com o BI-RADS, conforme descrito no artigo: “com a imagem no display, o radiologista ativa a função de leitura usando o software que identifica automaticamente a massa. Após delineamento em massa, o radiologista aprova a segmentação do computador e ativa o automático modo de classificação. O software classifica a massa em um 0-100 escala, onde 100 tem uma alta probabilidade de malignidade”. Todo o processo leva menos de cinco segundos para ser concluído. Para a análise estatística, houve uso do índice de Youden para classificação das lesões como malignas ou benignas. Foram comparadas as análises do radiologista, do software de IA e da combinação de ambos,

Dr. Eduardo Fleury uma visão inovadora do papel do radiologista

de de 51,53. Já quanto ao desempenho dos radiologistas, da IA e da IA combinada ao radiologista, o acordo entre máquina e ser humano foi considerado bom (0,62).

Perspectivas positivas Considerando que o léxico BI-RADS está em constante evolução, a aplicação de inteligência artificial para a padronização, simplificação e classificação automatizada dos achados é interessante, segundo os autores, especialmente porque a tecnologia não passa por estresse, cansaço ou outras sensações humanas que podem influenciar a percepção do radiologista. Em paralelo, o uso da IA também se faz importante, pois exige uma segunda leitura, processo que melhora a precisão do diagnóstico por imagem. De acordo com o artigo, a segunda leitura em mamografia faz com que a especificidade melhore em cerca de 30%. Já que o processo normal de uma segunda leitura de laudos é uma opção

cara e clinicamente inviável, o software de IA encontra o seu lugar, principalmente no contexto de grande escala. Os drs. Fleury e Marcomini apontam ainda que os sistemas classificados automáticos podem melhorar o desempenho dos radiologistas iniciantes ou menos experientes; porém, ainda há presença de resultados falso-negativos e falso-positivos. “O software teve uma sensibilidade de 87,50% e um especificidade de 65,73%. A precisão do software é como a relatada pelos radiologistas de 0,823. Nossos resultados não demonstram diferença de significância estatística entre a classificação realizada pelo software com o radiologista”, observam. Ao mesmo tempo, nos casos de discordância, o radiologista fez a reclassificação fácil e rapidamente. Quanto às massas, os autores relatam que houve 15,9% de classificação indeterminada, com semelhanças entre morfologias benignas e malignas. A massa indeterminada mais comum foi a fibroadenoma. Assim, para saber quais lesões têm o maior potencial de serem indeterminadas pela radiômica, os autores incluíram massas que estavam no índice de Youden com uma faixa de variação de ± 10%. “Embora a AI tenha menos desempenho de diagnóstico em massas indeterminadas do que o leitor sozinho, a diferença não foi estatisticamente significativa. Nessas lesões, observamos que a sensibilidade melhorou para 100% quando combinamos a IA com a classificação do radiologista”, afirmam. Os autores concordam que, embora o nome inteligência artificial remeta a “inteligência”, a tecnologia é apenas um classificador baseado em um algoritmo que facilita o laudo final. Dessa forma, machine learning, mineração de dados ou qualquer outra tecnologia facilita o trabalho do radiologista, mas jamais substituirá a tomada de decisão humana na medicina. Com a IA realizando a pré-classificação de massas mamárias em uma primeira leitura, o radiologista poderá dedicar mais tempo para a pesquisa de dados que podem auxiliar na classificação e no laudo final mais assertivo. Ou então, a IA pode assumir o papel de segundo leitor virtual, mas que ainda dependerá da validação do radiologista.


OUTUBRO / NOVEMBRO 2020 - ANO 19 - Nº 118

Diagnóstico diferencial dos principais achados na ressonância magnética das mamas

A

ressonância magnética (RM) tem sido cada vez mais utilizada na avaliação das patologias mamárias. A base fisiopatológica é a neoangiogênese produzida pelas primeiras células tumorais. Os vasos neoformados apresentam características diferentes, que causam extravazamento precoce do contraste em comparação ao parênquima. Dessa forma, a RM apresenta alta sensibilidade (95%-100%) e moderada especificidade (85%-90%). Os falso-positivos, observados em 10 a 20%, ocorrem frequentemente no período estrogênico do ciclo menstrual ou na menopausa em uso de reposição hormonal. Já os falso-negativos são raros, devido à neoangeogenese diferentes em alguns tumores, como no carcinoma lobular e nos tumores bem diferenciados. Dessa forma, para melhorar os valores preditivos é fundamental estar familiarizado com as diferentes aparências das patologias benignas e malignas na RM. Este artigo tem como objetivo fornecer uma visão geral dos principais achados e seus diagnósticos diferenciais, além da recomendação de conduta frente a eles.

1. Nódulo sem realce Definição: são nódulos que não apresentam impregnação pelo contraste, mesmo nas sequências tardias. Diagnóstico diferencial (fig. 1):

2. Nódulo com conteúdo gorduroso Definição: são nódulos contendo áreas com sinal semelhante a gordura em todas as sequências no interior. Diagnóstico diferencial (fig. 2): • Esse achado é um indicador de benignidade. Os lipomas são os mais típicos, de fácil diagnóstico. Entretanto, em alguns casos é possível observar apenas uma fina cápsula, o que reafirma a importância do marcador para a correlação dos nódulos palpáveis. Os fibroadenolipomas são nódulos que contém áreas de parênquima e outras de gordura, circundados pela cápsula. A maioria realça de forma semelhante ao parênquima, enquanto que alguns tem realce intenso e precoce. Nesses casos, a benignidade é confirmada pela Fig. 2. Nódulos com conteúdo gorduroso. A,B: lipoma (seta); C,D: hamartoma gordura no interior da lesão. Ne(seta); E,F: necrose crose gordurosa tem uma ampla gordurosa (seta). G,H: galactocele (seta) (A,B: T1; B,F,D,H: T1 pós-Gd; C,G: STIR). variedade de apresentações, desde cistos oleosos até nódulos irregulares, porém com áreas de gordura no interior. Galactoceles também tem várias apresentações, dependendo da quantidade de gordura na lesão.

• Cuidado especial deve ser recomendado com o carcinoma lobular, que devido a sua forma de disseminação pode englobar áreas de gordura ou de parênquima no interior da lesão. Nesse caso, a presença de achados relacionados ao carcinoma permite a suspeição de malignidade. Algoritmo de investigação: Nódulos com gordura são benignos, tendo em consideração o alto VPN (98% a 100% de benignidade). A principal utilidade da ressonância é identificar o componente gorduroso. Por outro lado, se não for possível caracterizar com certeza esse componente, torna-se imperioso prosseguir a investigação com biópsia.

3. Nódulo com forma redonda: Definição: nódulo com forma esférica, que pode ser observado nas sequências prévias ou após o contraste. Diagnóstico diferencial (fig. 3): •

Fig. 1. Nódulos sem realce. A,B,C: nódulo regular sem realce, compatível com fibroadenoma (seta); D,E,F: nódulo irregular sem realce, palpável, com diagnostico de fibrose estromal (seta);. G,H,I: carcinoma invasor de baixo grau com realce apenas da reação desmoplásica (seta) (A,D,G: US; B,E,H: T2; C,F,I: Subtração).

• Esse achado é considerado forte indicador de benignidade. Dentre as lesões, o fibroadenoma esclerótico é o mais frequente. Podem ser facilmente identificados quando circundados por gordura, porém passam despercebidos quanto envoltos pelo parênquima, o que faz com que alguns nódulos descritos na ultrassonografia (US) não tenham tradução à RM. A fibrose estromal é outra patologia pode se manifestar desta forma, como um nódulo irregular, hipointenso em T2, porém sem realce. •

Em casos excepcionais, esse sinal pode estar presente em condições malignas, como por exemplo, nos tumores esquirrosos. Nesses casos, a forma irregular e as margens espiculadas sugerem o diagnóstico de malignidade, assim como é possível observar um mínimo realce nas sequências tardias. Deve-se atentar para situações que podem simular que um nódulo não apresente realce, porém representam falha técnica, tais como: parâmetros técnicos inadequados, extravazamento ou dose inadequada de contraste.

Algoritmo de investigação: Esse achado é considerado forte indicador de benignidade, com valor preditivo negativo (VPN) de 98 a 100%. Ou seja, quando um nódulo não apresentar impregnação é possível inferir benignidade, se excluídas as possibilidades de tumor esquiroso e falha técnica.

São frequentemente benignos. Os cistos espessos são os representantes mais típicos, facilmente identificados pelo alto sinal em T1. Já os fibroadenomas e as lesões proliferativas benignas também se manifestam assim, porém devem apresentar os demais critérios de benignidade para serem caracterizados como benignos ou provavelmente benignos.

• Em até 20% dos casos podem estar relacionados lesões malignas. É importante lembrar que os carcinomas mucinosos podem mimetizar lesões benignas, tanto na forma (redonda ou oval), como no realce (discreto e progressivo) e no sinal em T2 (alto sinal em T2). Já os tumores triplos negativos podem ter essa forma, porém são de fácil diagnóstico devido os vários outros critérios de malignidade. Metástases e linfomas primários podem ter essa apresentação, porém são raros.

Fig. 3. Nódulos redondos. A,B,C: Cisto espesso (seta). D,E,F: Carcinoma mucinoso (seta). G,H,I: Carcinoma ductal invasor triplo (seta) (A,D,G: T2; B: T1; E,H: T1 pós-Gd; C,F,I: Subtração).

Algoritmo de investigação: ao avaliar esse achado é necessário estar atento às demais características do nódulo. Se não apresentar realce, é benigno. Se apresentar realce, deve-se avaliar as margens (se circunscritas) e o padrão de realce (se homogêneo e progressivo) para classificá-lo como provavelmente benigno. Se apresentar qualquer critério suspeito deve ser submetida à biópsia. Isso porque a forma redonda não é específica de lesões benignas ou malignas, devendo-se considerar o conjunto dos achados para a definição de conduta. CONTINUA


Diagnóstico diferencial dos principais achados na ressonância magnética das mamas

CONTINUAÇÃO

4. Nódulo com forma irregular

6. nódulo com realce periférico

Definição: nódulo que não pode ser caracterizado como redondo ou oval.

Definição: nódulo que apresenta realce mais pronunciado na periferia.

Diagnóstico diferencial (fig. 4):

Diagnóstico diferencial (fig. 6):

• A forma irregular implica em um achado suspeito. Na grande maioria representa tumores invasivos, como os carcinomas ductais, lobulares, tubulares, entre outros.

• Entretanto, algumas lesões benignas podem apresentar essa morfologia. As fibroses caracteristicamente apresentam forma e margem irregulares, porém baixo sinal em T2 e ausência de realce. Raramente os fibroadenomas, papilomas e adenoses também podem se apresentar dessa forma.

• Algumas alterações cirúrgicas podem ter essa forma e simular maligFig. 4. Nódulos irregulares. A,B,C: Carcinoma ductal invasor (seta). D,E,F: Lesão nidade. Granulomas esclerosante complexa (seta). G,H,I: Complicação após esclerose com álcool (seta) após marcação com (A,B,G: T2; B,E,H: T1 pós-GD; C: MIP; F,I: Subtração). carvão podem ocorrer quando o marcador não é completamente excisado. Como apresentam forma e margens irregulares, com realce heterogêneo, não é possível distingui-los de uma lesão maligna. Alguns casos de granuloma devido ao fio cirúrgico ou complicação após esclerose com álcool também foram relatados. Algoritmo de investigação: esse achado geralmente está relacionado a lesão suspeita (VPP de 95%, quanto associado a margem irregular), sendo necessário prosseguir a investigação com biópsia para a definição de conduta.

5. Nódulo com septações internas escuras Definição: nódulos que apresentam linhas bem delimitadas e que não realçam durante o estudo dinâmico. Diagnóstico diferencial (fig. 5): •

Esse achado era considerado no passado um sinal característico de benignidade. Atualmente sabe-se que ele é sugestivo, porém não patognomônico, de benignidade.

• Os fibroadenomas são as lesões que classicamente apresentam essa morfologia, podendo ser observado em até 25% deles. Representam as bandas fibróticas que não realçam no interior do fibroadenoma.

Fig. 5. Nódulos com septações internas escuras. A,B,C: Fibroadenoma juvenil (seta). • Raramente alguns D,E,F: Recidiva com múltiplos tumores filoides malignos (seta) (A,D: T2; B,E: STIR; C,F: tumores podem MIP). apresentar um realce heterogêneo que mimetiza “septos internos escuros”, causando falso diagnóstico de benignidade. O tumor filoides pode ter essa apresentaçã em até 30% dos casos, assim como o carcinoma papilar intracístico.

Algoritmo de investigação: na presença deste padrão de realce , a principal hipótese é benignidade, se as demais características morfológicas e cinéticas forem concordantes. A história deve ser valorizada, assim como a comparação com exames anteriores. Pois quando apresentarem crescimento significativo, mudança da morfologia, aparecimento recente ou se associarem a algum achado suspeito, deve-se prosseguir com a biópsia percutânea.

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Fig. 6. Nódulos com realce periférico. A,B,C: Carcinoma ductal invasor (seta). D,E,F: Cisto com realce (seta). G,H,I: Abscesso (seta). J,L,M: Mastite granulomatosa idiopática (seta). N,O,P: Necrose gordurosa (seta). Q,R,S: Lipoenxertia (seta) (A,D,G,J,N,Q: T2; B,E,H,O,R: T1 pós-GD; C,F,F: Subtração; I,M,P: MIP).

• Esse achado indica suspeita de malignidade, com um VPP de 90%. Ocorre habitualmente nos carcinomas invasores pouco diferenciados (triplo negativos ou basalóides), devido necrose central. •

Poucas lesões benignas se manifestam dessa forma, entre elas os cistos com processo inflamatório, abscessos, mastite granulomatosa idiopática ou esteatonecrose. Nesses casos, os demais achados de processo inflamatório, infeccioso ou cirúrgico auxiliam na diferenciação.

• A lipoenxertia tem sido bastante utilizada nos procedimentos de oncoplastia. Quando avaliada pouco tempo após o procedimento, pode apresentar realce periférico, muitas vezes simulando lesão maligna. A presença de gordura no interior da lesão auxilia o diagnóstico. Algoritmo de investigação: a presença de realce periférico indica achado suspeito, sendo recomendado continuar a investigação com biópsia na maioria dos casos. A correlação com os dados da história é importante para identificar casos de manipulação cirúrgica, lipoenxertia ou sinais inflamatórios, que podem auxiliar a interpretação. CONTINUA


Diagnóstico diferencial dos principais achados na ressonância magnética das mamas 7. Realce focal

8. Realce segmentar:

Definição: realce que não pode ser caracterizado como nódulo, com áreas de gordura ou parênquima entremeado. Diagnóstico diferencia (fig. 7):

CONTINUAÇÃO

Definição: realce que apresenta formato triangular com o vértice apontando para a papila. Diagnóstico diferencial (fig. 8): •

É um achado que sugere malignidade, com VPP de 60%, independente do padrão de curva. Dentre as lesões malignas, o CDIS é a mais frequente. A suspeita aumenta quando associada a sintomas clínicos ou quando for bem delimitado em relação às áreas não afetadas. Outros tumores, como os carcinomas ductais e lobulares, podem se apresentar dessa forma, porém menos frequentemente.

Fig. 8. Realce segmentar. A,B,C: Carcinoma ductal in situ (seta). D,E,F: Mastite aguda (seta). (A,B: T2; B,E: T1 pós-GD; C,F: MIP).

• Algumas lesões benignas também podem presentar essa distriuição, como as mastites. Nesses casos, a delimitação com o tecido adjacente não é tão nítida e podem ser observadas cavidades no interior. Outras lesões, como as lesões papilares e alteração funcional, já foram relatadas porém raramente. Algoritmo de investigação: realce segmentar é um achado suspeito, sendo necessário prosseguir com biópsia na maioria dos casos. Após a identificação do realce, verificar se existe tradução nos exames prévios de MG e US, a fim de definir o melhor método de biópsia. Se não apresentar tradução, deve-se realizar US dirigida ou incidências mamográficas ampliadas da região, que perminte identificar a lesão em até 80% dos casos, para prosseguir com a biópsia. Nos casos em que não houver tradução e a dúvida persistir, necessário prosseguir com a biópsia guiada por RM.

9. Realce unilateral difuso: Definição: realce uniforme e difuso em apenas uma das mamas e ausente na contralateral.

Fig. 7. Realce focal. A,B,C: Realce focal com curva I (seta), sem tradução à MG e US. D,E,F: Controle após 4 meses, demonstra regressão e confirma benignidade (alteração funcional). G,H,I: Nódulo benigno (seta) e realce focal com curva III (seta dupla). Biópsia do realce confirma carcinoma. L,M,N: Controle pós quimioterapia demonstra resposta completa (A,D,G,L: T2; B,E: Subtração; H,M: T1 pós-GD; C,F,I,N: MIP).

Diagnóstico diferencial (fig. 9):

Na maioria dos casos corresponde a lesões benignas, princialmente relacionadas a alterações funcionais benignas, PASH ou processos inflamatórios. Ocorre frequentemente em mulheres durante o menacme ou na menopausa com reposição hormonal, podendo desaparecer no controle evolutivo.

• Entretanto, pode corresponder a lesões malignas, especialmente o CDIS. É a segunda forma mais frequente de apresentação do CDIS, devendo ser sempre correlacionado com a mamografia. Carcinomas invasores também podem se apresentar dessa forma, geralmente em uma fase inicial ou de alto grau.

Algoritmo de investigação: esse achado tem um baixo VPP para a malignidade, devendo ser valorizado dentro de um contexto clínico e radiológico. Se corresponder a um achado clínico (área palpável) ou radiológico (MG ou US) suspeito, deve ser investigado com biópsia. Se for observado apenas na RM, é necessária avaliação adicional para definição de conduta. Se tiver curva tipo I em paciente com estímulo hormonal, pode ser classificado como provavelmente benigno e recomendado controle a curto prazo (na segunda semana do ciclo menstrual ou após a interrupção de 30/60 dias da reposição hormonal). Mas se for achado novo em paciente sem estímulo hormonal (menopausa ou em uso de bloqueador hormonal) ou apresentar curvas tipo II ou III, deve prosseguir com biópsia. Fig. 9. Realce unilateral difuso. A,B,C: Hiperplasia estromal pseudoangiomatosa (PASH) em paciente com mastalgia à direita (seta). D,E,F: Amamentação exclusiva (seta) com a mama esquerda. G,H,I: Carcinoma ductal invasor de alto grau (seta) em paciente com 26 anos (A,D,G: T2; B,E,H: T1 pós-GD; C,F,G: MIP).

• • •

Esse achado pode refletir anormalidades estruturais relacionadas a maior quantidade de parênquima ou anomalias vasculares raras (atrofia ou malformação unilateral da cadeia mamária interna, obstrução vascular unilateral decorrente de radioterapia). Algumas alterações benignas também são causas de realce unilateral, como mastites, PASH ou estímulo por amamentação exclusiva com uma mama.

Raramente carcinomas também podem se manifestar dessa forma, especialmente o carcinoma inflamatório, CDIS, assim como o carcinoma lobular e ductal avançado.

Algoritmo de investigação: O achado de realce unilateral da mama deve ser analisado caso a caso, com uma boa correlação entre os achados clínicos e radiológicos, a fim de definir a conduta final.

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Diagnóstico diferencial dos principais achados na ressonância magnética das mamas 10. Retração papilar

Definição: a papila é retraída para o interior da região retroareolar. Diagnóstico diferencial (fig. 10):

• •

CONCLUSÃO X

Habitualmente as papilas realçam com a mesma intensidade. Entretanto, existem variantes da normalidade relacionadas ao tamanho e a morfologia, que devem ser consideradas antes de afirmar que existe patologia. Lesões benignas, como processos inflamatórios ou eczemas, são pouco frequentes. Outra causa rara é lesão papilar na papila, identificada pela dilatação do ducto principal com lesão captante no interior da papila.

Dentre as lesões malignas, a doença de Paget é a mais comum. Clinicamente se manifesta como um espessamento e mudança na coloração da papila, enquanto que na RM, como um edema com realce.

Algoritmo de investigação: na presença de um realce assimétrico da papila, deve-se fazer uma boa correlação com os achados clínicos e da história para distinguir entre uma alteração benigna (eczema ou processo inflamatório) e uma lesão suspeita para doença de Paget. Em muitos casos, principalmente quando não respondem ao tratamento clínico, somente a biópsia da pele pode realizar esse diagnóstico diferencial.

12. Lesões relacionadas a parede torácica Definição: nódulo localizado no terço posterior da mama, junto à parede torácica. Diagnóstico diferencial (Fig. 12):

Fig. 10. Retração papilar. A,B,C: Inversão papilar (seta), variante anatômica. D,E: Retração papilar por carcinoma invasor (seta). F,G: Retração papilar secundária à cirurgia (seta) (A,B,C: T1 pós-Gd; D,E: T2; E,G: T1 pós-GD).

• É um achado classicamente suspeito. Dentre as lesões malignas, o carcinoma invasor na região retroareolar é a causa mais frequente, devido a dificuldade de avaliação dessa região. •

Raramente pode ser um achado benigno, decorrente de processo inflamatório ou infeccioso antigo, irradiação ou cicatriz cirúrgica. Esses diagnósticos podem ser considerados quando não há realce associado.

• Cuidado especial para não confundir inversão papilar com a retração papilar. A inversão papilar é um achado frequentemente bilateral e progressivo. Na ausência de outros achados suspeitos e se estável, não representa sinal de malignidade. Mas se for achado novo, a suspeita aumenta.

Algoritmo de investigação: a presença de retração com realce deve ser considerada suspeita e ser investigada com biópsia. Se não houver realce, a história clínica e exame físico devem ser valorizados para excluir causas benignas, como sequelas cirúrgicas ou de processos inflamatórios e/ou infecciosos.

11. Realce papilar assimétrico Definição: realce maior de uma papila (mais precoce ou mais duradouro) que o da papila contralateral (avaliar no mesmo período de tempo após a injeção do contraste, sem compressão das mamas). Diagnóstico diferencial (Fig. 11):

Fig. 12. Lesões relacionadas a parede. A,B,C: Tumor desmoide (seta) em paciente com mamoplastia. D,E,F: Faceite nodular (seta), com seta pontilhada indicando o contato com a fascia. G,H,I: Recidiva em parede torácica (seta) em paciente com câncer de mama há 10 anos (A,D,G: T2; B,E,H: T1 pós-GD; C,I: Subtração; F: MIP).

• •

Várias patologias podem se manifestar como lesões na parede torácica. De acordo com a estrutura da parede que a lesão apresenta maior contato ou relação, pode ser sugerido ou estabelecido sua origem. Dessa forma, a lesão pode ter o epicentro na gordura retromamária (carcinoma mamário com invasão secundária da parece torácica), na fáscia do músculo peitoral (faceite nodular ou tumor desmóide), nas estruturas nervosas (neurinoma) ou nos arcos costais (metástases ou sarcomas). Recidivas na parede torácica também são achados frequentes no acompanhamento após o tratamento do câncer de mama, podendo acometer e envolver todas as estruturas da parede torácica.

Algoritmo de investigação: a RM tem um papel fundamental nesses casos, pois permite estabelecer a relação da lesão com as estruturas ao redor e avaliar melhor suas características, auxiliando a definição de conduta.

Autora Fig. 11. Realce papilar assimétrico. A,B: Lesão intrapapilar (seta) em paciente com descarga sanguinolenta. C,D: Doença de Paget (seta) em paciente com descamação da papila (A,C: T2; B,D: T1 pós-GD).

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Linei Urban Médica da Clínica de Diagnóstico Avançado por Imagem, DAPI, Curitiba, Brasil. Mestre pela Universidade Federal do Paraná, UFPR. Coordenadora da Comissão de MG do Colégio Brasileiro de Radiologia, CBR.


Infecções Fúngicas no Sistema Musculoesquelético Introdução

Em pacientes imunocomprometidos, há uma maior incidência de infecções fúngicas oportunistas, o que contribui com maior morbimortalidade, particularmente naqueles em tratamento de doenças hematológicas, como portadores de leucemia aguda. No sistema músculo esquelético, essas infecções podem acometer ossos, articulações, músculos, ligamentos, tendões e outras estruturas de partes moles superficiais e profunda. A gravidade dessas infecções depende diretamente do estado imunológico do hospedeiro, da presença de eventuais corpos estranhos (p.e., em ferimentos penetrantes) e da agressividade do agente etiológico.

Epidemiologia

Pacientes imunocomprometidos tem maior risco de infecção fúngica, inclusive do tipo invasiva. O acometimento fúngico do sistema musculoesquelético é incomum, mas artrite séptica e osteomielite fúngicas com origem hematogênica são cada vez mais relatadas, especialmente em pacientes com imunodeficiências adquiridas, história de abuso de drogas ou viagens para regiões endêmicas. Os agentes etiológicos mais encontrados são o Aspergillus spp, seguido por Candida spp. Quanto à incidência da candidemia, um estudo sobre a sua epidemiologia na América latina

Os sintomas iniciam com dor localizada, especialmente na osteomielite, por vezes sem sintomas constitucionais. Quando acompanhada de artrite fúngica, há redução da amplitude de movimento, hiperemia e derrame articular, notadamente acompanhados de febre, leucocitose ou leucopenia. O desenvolvimento de abscessos de partes moles costuma se apresentar já numa fase crônica da infecção e a clínica se sobrepõe à osteomielite e artrite fúngica, com dor, inchaço e hiperemia local, associados a prostração e febre. Rotineiramente, a análise do líquido sinovial pode ter achados semelhantes a uma artrite inflamatória não infecciosa, inclusive com cultura negativa, com exceção da artrite por Candida, que pode ter fluido francamente purulento, com glicose reduzida ou normal e predomínio de neutrófilos. Muitas vezes, procedimentos diagnósticos invasivos como biópsia muscular, óssea ou de sinóvia são necessários para fechar o diagnóstico. A hemocultura pode ser negativa em 30-50% dos pacientes com infecção disseminada, além do que a detecção microbiológica e histológica de infecções por fungos pode exigir meios de cultura especializados, muitas vezes não amplamente disponíveis na rotina clínica diária. Uma outra alternativa diagnóstica inclui a utilização de ensaios sorológicos, como a β-(1,3)-D glucana e a galactomanana. A reação em cadeia da polimerase (PCR) pode identificar o agente fúngico específico causador da infecção.

Especificamente para a micose profunda afetando planos musculares, pode-se considerar também outros diferenciais como sarcoidose, miosite viral, mionecrose diabética, miopatia actínica, miopatias induzidas por drogas, dentre outras.

Tratamento:

A abordagem terapêutica depende de alguns fatores tais como o tipo do fungo presente, o estado imunológico do hospedeiro, a presença ou não de corpos estranhos e se a infecção é localizada ou disseminada. O tratamento se baseia em terapias antifúngicas sistêmicas prolongadas e desbridamento cirúrgico de áreas necróticas, o qual se faz imperativo principalmente quando há corpo estranho, pois a terapêutica medicamentosa exclusiva pode não apresentar resultados satisfatórios nestes casos. A recuperação da imunidade destes pacientes também é importante e faz parte do manejo clínico. A profilaxia pode ser indicada para pacientes imunossuprimidos ou com corpo estranho para evitar a recorrência / recidiva.

Conclusão:

É importante que o radiologista esteja familiarizado com os aspectos de imagem de infecções fúngicas para que as considere em seus diagnósticos diferenciais, sobretudo em pacientes imunocomprometidos, posto o aumento de morbimortalidade que este conjunto de patologias impõe e os achados de imagem que se sobrepõe a outras condições.

Fig. 1. Imagem de RM das pernas no plano axial pesada em T2 com saturação de gordura evidencia múltiplas lesões nodulares distribuídas difusamente pela musculatura das pernas, sugestivas de pequenos abcessos.

Fig. 2. Imagem de RM das pernas no plano axial pesada em T1, adquiridas após a injeção endovenosa de gadolínio, evidencia múltiplas lesões nodulares com realce anelar (centro necrótico / liquefeito) distribuídas difusamente pela musculatura das pernas, sugestivas de pequenos abcessos.

demonstrou que cerca de 44,2% dos episódios ocorrem em crianças e 36,2% em adultos entre 19 e 60 anos, sendo o antecedente oncológico o maior fator de risco. As espécies de cândida mais comuns na América Latina são Candida albicans (37.6%), seguida por C. parapsilosis (26.5%) e C. tropicalis (17.6%). Apesar dos avanços nos métodos profiláticos e terapêuticos, a taxa de mortalidade para candidemia na América Latina permanece na faixa de 30-40%.

Patogenia

As infecções fúngicas assemelham-se às bacterianas no que diz respeito a sua fisiopatologia, podendo se apresentar com acometimento local ou como parte de uma infecção sistêmica. Os locais mais acometidos são a corrente sanguínea (fungemia), pulmões, seios da face e sistema nervoso central. A principal via de disseminação é a hematogênica, seguida de inoculação direta e disseminação por contiguidade. No caso de inoculação direta, ocorre principalmente no trauma e em procedimentos cirúrgicos, principalmente para próteses ortopédicas, que é a causa mais frequente de inoculação fúngica em imunocompetentes.

Manifestações Clínicas e Laboratoriais

As manifestações clínicas das infecções fúngicas musculoesqueléticas comumente se apresentam como um quadro subagudo e necessitam de alta suspeição para diagnóstico. Como a forma de disseminação é frequentemente hematogênica, é comum o acometimento ósseo ou articular em localizações não contíguas.

Fig. 3. Imagem de RM das pernas no plano coronal pesada em T1, adquiridas após a injeção endovenosa de gadolínio, evidencia múltiplas lesões nodulares com realce anelar (centro necrótico / liquefeito) distribuídas difusamente pela musculatura das pernas, sugestivas de pequenos abcessos.

Fig. 4. Imagem de RM das pernas no plano coronal pesada em T1, adquiridas após a injeção endovenosa de gadolínio, evidencia múltiplas lesões nodulares com realce anelar (centro necrótico / liquefeito) distribuídas difusamente pela musculatura das pernas, sugestivas de pequenos abcessos.

Diagnóstico por Imagem

Devido à sua raridade e apresentação geralmente subaguda, o aspecto mais importante para o diagnóstico dessas infecções é que o radiologista tenha conhecimento de suas características de imagem para que considere essa possibilidade, principalmente em pacientes imunocomprometidos. A Ressonância Magnética (RM) com contraste é a modalidade de imagem de escolha para avaliar pacientes com suspeita de infecções fúngicas de partes moles, ósseas e articulares, sendo que, o papel desse método de imagem não se limita ao diagnóstico e análise da extensão do acometimento da doença, mas também envolve a avaliação da resposta terapêutica e de possíveis complicações, como a infecção disseminada, entidade não tão incomum nos pacientes imunocomprometidos. No que se trata de imunocomprometidos, por mais que a etiologia bacteriana seja a principal, as fúngicas devem sempre ser lembradas, mesmo que os aspectos por imagem sejam inespecíficos e de difícil diferenciação com infecções por outras etiologias. No caso da micose profunda, pode-se observar aumento volumétrico, edema e realce intersticiais da musculatura envolvida, podendo formar abscessos.

Diagnósticos diferenciais:

Os achados de imagem de osteomielite bacteriana, artrite piogênica e piomiosite (bacteriana) se assemelham às infecções de natureza fúngica, todavia enquanto estas tendem a ter uma evolução subaguda/ indolente, as piogênicas tendem a ter um curso mais rápido. Em geral, o isolamento do patógeno acaba sendo necessário para o diagnóstico diferencial.

Fig. 5. Imagem de PET-CT evidencia múltiplos focos hipercaptantes distribuídos difusamente pela musculatura de todo o corpo, predominando nos membros inferiores, correspondendo aos pequenos abcessos observados à RM, além de esplenomegalia

Referências Bibliográficas CORR, Peter D. Musculoskeletal fungal infections. Seminars in Musculoskeletal Radiology, v. 15, n. 5, p. 506–510, 2011. NUCCI, Marcio; QUEIROZ-TELLES, Flavio; ALVARADO-MATUTE, Tito; et al. Epidemiology of Candidemia in Latin America: A Laboratory-Based Survey. PLoS ONE, v. 8, n. 3, 2013. PAGANO, Livio; CAIRA, Morena; CANDONI, Anna; et al. The epidemiology of fungal infections in patients with hematologic malignancies: The SEIFEM-2004 study. Haematologica, v. 91, n. 8, p. 1068–1075, 2006. ORLOWSKI, Hilary L.P.; MCWILLIAMS, Sebastian; MELLNICK, Vincent M.; et al. Imaging spectrum of invasive fungal and fungal-like infections. Radiographics, v. 37, n. 4, p. 1119–1134, 2017. RAKHI K., HADLEY, S. Fungal Arthritis and Osteomyelitis. Infect Dis Clin North Am. 2005; 19(4):831-851. HENRY, MW., MILLER, AO., WALSH, TJ., et al. Fungal Musculoskeletal Infections. Infect Dis Clin North Am. 2017; 31(2):353-368. EULATE, LA. Infections of the musculoskeletal system: Radiologic Findings. European Congress of Radiology. 2012; Poster Number: C-0460.

Autores Virginio Rubin Netto¹ Régis Otaviano França Bezerra¹ Fabiana Ottoni Batista² Rogério Nastri Filho² Flávia da Nóbrega Jannini² ¹Médico radiologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). ²Médico residente de Radiologia Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

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Câncer de Mama perdido: efeito dos vieses do subconsciente e características das lesões Introdução

Entender os processos cognitivos e vieses que fazem o radiologista deixar de diagnosticar câncer de mama e propor estratégias para minimizar esses erros é um dos objetivos dessa revisão. Cerca de 35% dos cânceres de intervalo poderiam já ter sido classificados como câncer em exame anterior. Erro médico é uma das principais causas de morbimortalidade nos EUA. Erro em diagnóstico de câncer de mama é uma das principais causas de processo médico. É classificado como erro um câncer de mama que era detectável em exame anterior, mas foi classificado como BIRADS 1, 2 ou 3. Falta de percepção é a principal causa, mas é difícil determinar retrospectivamente se o radiologista não viu o achado ou se viu e interpretou como benigno. •

Distorção arquitetural só visualizada na manobra de Eklund

Vários grupamentos de calcificações, pleomórficas finas observadas adequadamente em incidência em ampliação

Pontos importantes

Se o radiologista encontrou um Ca primário, tem que seguir pesquisando por outros tumores ou sinais secundários dele (retração cutânea, retração papilar, linfonodos axilares), para evitar o viés de “satisfação da procura” ao encontrar o primeiro achado e subestimar o resto do exame. • O radiologista não deve perder a confiança em fazer essas análises retrospectivas e sim aprender com os erros. • O radiologista deve descrever os achados e sua impressão antes de ler o laudo anterior, para se questionar: “o que eu teria descrito no diagnóstico, se eu não tivesse acesso ao exame anterior?” • Uma avaliação completa deve ser feita antes de assegurar que os achados de um exame são provavelmente benignos. • Uma assimetria que é nova, em desenvolvimento ou com outros achados suspeitos associados (distorção arquitetural, calcificações suspeitas) ou que corresponde a um achado palpável deveria ser melhor investigada.

Causas principais de perda de lesões:

Fatores técnicos (posição, exposição, movimentos, artefatos, habilidade técnica do ecografista), fatores do paciente (tamanho da mama ou densidade), características das lesões (lesões que parecem benignas e estáveis, assimetrias em desenvolvimento, calcificações sutis ou distorções arquiteturais), viés de simetria (bilateralidade) e viés de interpretação.

Caso 2 - Perda da percepção: BILATERALIDADE FALSO NEGATIVO Nesse caso há dois tumores, um no QSL direito e outro no QSL esquerdo, com viés de simetria

Viéses mais comuns nas imagens mamárias

Caso 1 - VIÉS DE PERCEPÇÃO

Como funciona o processo de tomada de decisões humanas? Duplo processo: 1) Heurística, intuitiva, automática, rápida 2) Sistemática, analítica, com mais esforço e mais lenta A tomada de decisão se dá pela mistura dos pensamentos tipo 1 e 2, quanto mais experiente o radiologista, mais se dá pelo processo 1. 6 tipos de viéses mais comuns: 1) Satisfação da procura: redução da vigilância ou atenção após uma imagem suspeita ter sido encontrada. Importante, principalmente nos casos de Ca de mama multifocais ou nos multicêntricos.

2) Cegueira da desatenção: também chamada de visão em túnel, se refere ao fato de que o olho humano não consegue captar tudo à primeira vista. Existem achados que, devido sua orientação, forma ou localização atípica, podem não ser perceptíveis de imediato. Atentar para os pontos cegos e áreas proibidas das mamografias. Prestar atenção nos achados clínicos da história, ao invés de assumir a paciente como assintomática.

Causas de falso negativo: PERCEPÇÃO: CALCIFICAÇÕES. OUTRA ALTERAÇÃO DISCRETA ASSOCIADA: DISTORÇÃO Só visualizada com a tomossíntese

3) Viés retrospectivo: se refere a assumir, depois que um evento aconteceu, que ele seja mais previsível do que realmente era antes de acontecer. Entender a perspectiva do colega que interpretou da primeira vez. Se questionar : “ o que aprendi com esse caso?” , em vez de “como eu não vi isso?”.

4) Ancoragem: é a tendência de se fixar em achados específicos muito cedo no processo diagnóstico. É a falha de ajuste da impressão inicial, mesmo após receber informações adicionais. 5) Fechamento prematuro do caso: esse viés se refere a fechar o caso antes da investigação completa, as vezes por preguiça ou pelo cansaço. Não esquecer os diagnósticos diferenciais. Os nódulos suspeitos devem ser submetidos a biópsia/ correlação histológica. Se discordante, rebiopsiar. Considerar que a amostra obtida pode não ser representativa da lesão. Lesões benignas concordantes devem permanecer em monitoramento. Não encerrar o caso antes de esclarecer totalmente.

6) Satisfação de laudar – registrar: tal viés se refere a tendência a repetir o laudo anterior, se igualar a ele, isso se justifica por uma tendência humana a unificar/ ficar em conformidade com a opinião do “grupo” a que pertence, no caso profissional. O radiologista deve dar o seu laudo e emitir sua impressão antes de olhar o exame anterior, para não ser influenciado. CONTINUA

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Câncer de Mama perdido: efeito dos vieses do subconsciente e características das lesões CONCLUSÃO X

Cânceres mais comumente perdidos:

Caso 5 - Assimetria sutil vista somente em Eklund

1) Quando a imagem anterior sugere estabilidade; 2) Quando a lesão tem aparência benigna;

3) Quando os achados suspeitos de malignidade são muito sutis;

4) Quando a mama é densa; quando é vista em só uma incidência e as assimetrias em desenvolvimento.

Caso 3 - TUMOR DE CRESCIMENTO MUITO LENTO (simulando estabilidade) Caso 4 Lento crescimento : desenvolvimento de câncer durante 10 anos

Assimetria de difícil visualização só identificada na manobra de Ekulund Complementação com ultrassom, mostra nódulo hipoecogênico, irregular, com margens espiculadas, com características de Ca.

Caso 4 - Distorção arquitetural: mamas densas

CONCLUSÕES: soluções potenciais sistemáticas. •

Melhorar o treinamento, fazer cursos de interpretação

Aprender retrospectivamente com canceres que eram visíveis nas mamografias anteriores.

Reduzir os fatores de distração na hora de interpretar o exame.

• Estudar os achados de imagem dessas malignidades não detectadas (aprender com os erros). • •

É fundamental o radiologista realizar auto-auditorias, rechamadas, biópsias e análises de correlação clínico-patológica.

Dupla leitura, reinterpretação. Embora não factível para todos casos, pelo custo envolvido, pelo menos para os casos mais difíceis. Aumenta em 15% a detecção dos canceres. Revisão paritária: o mesmo processo utilizado em artigos, que seria submeter o exame a revisão de outros dois colegas em casos dúbios. Esse critério teria que superar a relutância do radiologista em se engajar com outros colegas.

Finalmente, para evitar os processos de viés cognitivo, o radiologista deve continuamente se questionar, “pensar sobre o pensamento”, se engajar com a metacognição. Entender os processos cognitivos multifatoriais que envolvem os erros/ esquecimentos e tentar minimiza-los.

Nota da Redação Este trabalho é uma revisão do artigo: Missed Breast Cancer: Effects of Subconscious Bias and Lesion - Characteristics (Revisão de artigo e correlação com imagens do Serviço de Mamografia da Clínica Mamorad) Brasil. RadioGraphics - 2020; 40:0000–0000

Autores Radia dos Santos Renata Berni Medicas radiologistas – Clínica Mamorad – Porto Alegre, RS

O ID publica artigos de revisão, de atualização e relatos de casos. Envie para o endereço: www.interacaodiagnóstica.com.br OUT / NOV 2020 nº 118

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OUTUBRO / NOVEMBRO 2020 - ANO 19 - Nº 118

Da Redação

Hologic passa por uma transição mercadológica com parceiros regionais Com o propósito de promover vidas mais saudáveis em todos os lugares, todos os dias, a Hologic abre as portas de sua sede em São Paulo através do Vice Presidente na América Latina, Gustavo Montagnini, para conversar com a Interação Diagnóstica.

E

le nos conta em detalhes as mudanças que estão acontecendo no país, o futuro da companhia e a dedicação ao contínuo cuidado da mama. Interação Diagnóstica – A Hologic tem passado por mudanças mercadológicas este ano. O que acontece com a companhia a partir de agora? Gustavo Montagnini – O Brasil é um país de grande importância para a Hologic, tanto que a sede da empresa na América Latina está situada em São Paulo. Realmente este ano estamos passando por uma transição mercadológica, que é a mudança do canal de distribuição. E dentro deste cenário, entendendo que o Brasil é um país com dimensões continentais, acreditamos que o melhor formato seja a atuação com parceiros regionais. O objetivo é ganhar agilidade logística e promover atendimento mais personalizado. Além disso, queremos estar mais próximos dos nossos clientes. Independe do distribuidor, a compra do cliente é por um equipamento Hologic, e ele precisa ter a segurança do fabricante e a interação direta com a nossa marca. ID – Há quantos anos a Hologic está no Brasil e é possível falar sobre os seus planos para o futuro? Gustavo Montagnini – A marca Hologic está no Brasil desde 2003 mas o escritório da América Latina foi inaugurado em 2017 em São Paulo. Eu estou na companhia desde a inauguração do escritório e tenho muito orgulho dos resultados que temos alcançado na região. Para a linha de Breast & Skeletal

Health Solution, há o desafio de posicionar sentou um crescimento orgânico de receita a empresa além de um fabricante de mamóde 7,7% comparado ao mesmo período de grafos. A Hologic é uma empresa movida 2019*. Um resultado bastante expressivo e pela paixão e pelo propósito, conhecida que mostra nossa consolidação no mercado. mundialmente como uma marca Premium e Quando trazemos para a realidade do Brasil, com grande prestígio em todos os mercados essa visão permanece, e mesmo a economia em que atua. É focada no contínuo cuidado da América Latina como um todo sendo da mama e da mulher e possui tecnologias severamente impactada pelo Covid, acreditamos no potencial e na rápida recuperação inovadoras que vão desde o rastreio do do mercado. câncer mamário até a *(excluindo desinpatologia. Recentemente, a empresa adquiriu vestimentos e aquisição outras companhias, com da SSI - orgânico). isso, em breve traremos ID – A empresa ao Brasil novos protem planos de amdutos para ampliação pliar sua linha de atuação no Brasil? Em deste portfólio. Temos que áreas? grandes planos para o Gustavo Montagpaís e queremos cada nini – Como comentei, a vez mais enfatizar o Hologic tem uma grande nosso trabalho com o preocupação em oferecontínuo cuidado da cer tecnologias de ponta saúde da mulher. focadas no contínuo cuiAlém da linha de dado da mama, e para Breast & Skeletal Health a ampliação deste porSolution, a Hologic possui duas outras divisões tfólio, em breve teremos Gustavo Montagnini, vice presidente da de produtos que é Diag- Hologic para a América Latina. novidades no mercado. nostic Solutions e GYN Ainda gostaria de Surgical Solution, ambas também estão em enfatizar que além desta ampliação de portfólio, temos a preocupação com a qualidade forte expansão no país. do diagnóstico e também na experiência da ID – Como tem sido os resultados paciente, e aqui comento sobre o Genius™ da Hologic no ano de 2020? 3D Mammography™. A Hologic foi a emGustavo Montagnini – Primeiramente faço questão de contar os resultados da presa pioneira na mamografia 3D e temos Hologic a nível mundial. O terceiro quarter a única tecnologia aprovada no FDA (Food da companhia (abril- junho) de 2020 apreand Drug Administration – Agência Federal

Americana) como qualidade superior para mamas densas 1,2 . Além disso, temos a tecnologia SmartCurve™3, que de acordo com uma pesquisa americana, 93% das mulheres pesquisadas apontaram que a mamografia se tornou mais confortável com esse sistema. 3 Também gostaria de reforçar a atenção da Hologic na questão educacional, através de seus webinars de educação médica promovidos por Key Opinion Leaders referências no mercado. ID – Considerações que julgar oportunas. Gustavo Montagnini – Considerando que a transparência e o relacionamento muito próximo com nossos clientes é aspecto crucial para nós, gostaria de colocar à disposição os canais da Hologic Brasil, o celular 55 11 9 7600 4105 e também o email hologic.latam@ hologic.com . E encerro esta entrevista agradecendo a oportunidade de falarmos sobre a Hologic, apresentando nossa solidez e planos ao mercado

Informe-se: 1. FDA submissions P080003, P080003/ S001, P080003/S004, P080003/S005 2. Friedewald SM, Rafferty EA, Rose SL, et al. Breast cancer screening using tomosynthesis in combination with digital mammography. JAMA. 2014 Jun 25;311(24):2499-507. 3. Smith, A. Improving Patient Comfort in Mammography. Hologic WP-00019 Rev 001 (2017).

Registro Por Dra. Cecilia Achcar

Mamografia com contraste – a nova aliada no diagnóstico do câncer de mama

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om o “Outubro rosa” se aproximando, o tema câncer de mama passa a ser amplamente discutido em diferentes eventos científicos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Ele tem 95% de chance de cura quando descoberto precocemente. Além da finalidade de detecção precoce do câncer de mama, o rastreamento é capaz de reduzir o número de cirurgias desnecessárias. O autoexame das mamas surgiu como estratégia para diminuir o diagnóstico de tumores de mama em fase avançada, mas não reduz a mortalidade pelo câncer de mama. É nesse contexto que diferentes modalidades de exames são consideradas fundamentais e permitem o rastreamento e a detecção precoce do câncer de mama. Dentre esse arsenal de exames temos a ultrassonografia (US) mamária, a mamografia, a ressonância magnética (RM) e, mais recentemente, a mamografia contrastada. A mamografia é o método diagnóstico preconizado para rastreamento da doença e apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade do câncer de mama. A US das mamas possui uma menor sensibilidade de diagnóstico e pode servir como complemento à mamografia, pois ajuda a diferenciar cistos de nódulos. A RM mamária é recomendada no rastreamento em mulheres de alto risco (como história familiar ou predisposição genética ao câncer de mama) e para estadiamento pré-operatório. Na

prática clínica, muitas pessoas recorrem à RM em casos de mamografia de difícil análise, como mama densa por exemplo. No entanto, embora a RM seja um exame com maior sensibilidade, isto é, ela detecta cânceres na mama que a mamografia e a US não conseguem, ela tem baixa especificidade, ou seja, nem todas as lesões suspeitas detectadas por ela são câncer (são os chamados falso-positivo). Além disso, apresenta alto custo e uma limitação do uso em alguns tipos de pacientes, como claustrofóbicos ou em uso de marcapasso. É nesse contexto que a mamografia contrastada está transformando o diagnóstico do câncer de mama. Também chamada de mamografia com contraste, mamografia espectral com contraste, ou ainda angiomamografia, ela é um método inovador, considerada uma alternativa ao uso da RM e sendo complementar à mamografia convencional. Realizada da mesma maneira que a mamografia digital, seu diferencial está no uso de uma dose segura de contraste iodado antes da compressão das mamas. O que muda com o uso do contraste? Além da imagem da mamografia tradicional, existe uma imagem funcional da mama com o contraste. No caso do câncer de mama, ele possui muitos vasos sanguíneos, que vão se espalhando e aumentando em número para alimentar o tumor. Ao injetar o contraste venoso iodado, ele se espalha pelos vasos sanguíneos até chegar no tumor, que terá as lesões aparecendo de maneira mais destacada nas imagens. Para as mulheres com mamas densas e cuja visualização de lesões

à mamografia fica muito difícil, o uso da mamografia contrastada aumenta a acurácia do diagnóstico. Os principais diferenciais da mamografia contrastada são: maior sensibilidade e especificidade no rastreamento, lesões mais facilmente discriminadas, resultados satisfatórios independentemente da densidade das mamas e menos dependente do operador, exame mais barato que a ressonância magnética e menor incidência de falsos positivos. Sabendo da importância crescente deste tipo de exame, a Guerbet, empresa francesa especializada em diagnóstico por imagem e radiologia intervencionista apoiará o congresso BreastMit: 1o Simpósio Internacional de Tratamento Mínimo e Imagem da Mama, organizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, que será realizado nos dias 13, 14 e 21 de novembro de 2020, totalmente virtual, onde o objetivo é promover a discussão de técnicas inovadoras na terapia mínima de lesões mamárias, incluindo as indicações e os resultados da mamografia contrastada. Maiores informações: http://www.breastmit.com.br/breastmit/home/# https://www.guerbet.com/pt-br Diretora Médica América Latina na Guerbet 15 setembro 2020 OUT / NOV 2020 nº 118

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Conteúdo de Marca Da Redação

Tomógrafos Canon guiados por Inteligência Artificial fabricados em Campinas Atenta às necessidades do mercado, neste momento de pandemia, a Canon Medical Systems do Brasil comemora os resultados e expande a sua linha de produção em Campinas, para fabricação dos tomógrafos Aquilion Prime, Aquilion Lightining SP, com tecnologias guiadas por Inteligência Artificial, e os novos equipamentos de ultrassom Aplio, uma das plataformas mais avançadas do segmento.

A

decisão é decorrente, como informa Rodrigo Cesar Rodrigues, diretor da fábrica da Canon Medical Systems do Brasil, do reconhecimento do trabalho desenvolvido em Campinas, e reflete também a confiança da empresa no mercado brasileiro. Destaca o executivo, “reflete uma postura ousada da empresa no país nesse cenário de incertezas devido a pandemia do vírus da Sars-CoV-2 (COVID19), que tem afetado as nações em todo o mundo e causando impacto direto na saúde humana e, principalmente, na economia e nos negócios globais de todos os segmentos de mercado. A empresa valoriza e acredita no processo de fabricação no Brasil de aparelhos de tomografia computadorizada guiados por Inteligência Artificial”. Com essa decisão a multinacional, a Canon Medical Systems Corporation, através da sua subsidiária Canon Medical Systems do Brasil, reafirma o seu compromisso de expansão da marca Canon Medical no mercado Brasileiro ao dar o início a fabricação nacional de novas linhas de Tomografia Computadorizada de última geração na fábrica localizada na cidade de Campinas – SP. Os equipamentos Aquilion Prime SP, Aquilion Lightning SP serão dotados de tecnologia que permite a aquisição de exames completamente Guiados e Integrados a inteligência Artificial em modo Deep Learning, bem como o novo Aplio a, com algumas das mais avançadas aplicações clinicas disponíveis em ultrassonografia. Esclarece o executivo, que “segundo dados emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a recessão global em 2020 deve atingir uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) de -3%, o que inverte completamente as previsões anteriores à crise, quando acreditava-se em um crescimento de 3,3% segundo relatórios do próprio FMI. No Brasil, as estimativas mostraram que a produção industrial deve retrair -3,59% neste ano. No campo dos negócios na área médica, em especial ao setor de saúde suplementar no Brasil, o cancelamento de cirurgias, entre outros procedimentos médicos, deve causar uma diminuição de 30 a 40% na receita dos hospitais, mesmo em um cenário de aumento do número de pacientes em função do acometimento das pessoas pelo Covid-19.”. Apesar dos dados preocupantes, a empresa “acreditou que essa é a hora de se reinventar, se adaptar aos novos padrões de comportamento da sociedade civil, impostos pelo Coronavírus, de modo que possa dar continuidade às suas atividades, mesmo que de maneira mais cautelosa. Outro ponto importante é atender todas as exigências estabelecidas pelos órgãos oficiais e as medidas para enfrentamento dessa emergência,

Rodrigo Rodrigues, diretor da Unidade de Campinas, Fernando Ribeiro, gerente de Produtos para Ultrassonografia e João Paulo Souza, gerente da Divisão de Tomografia Computdorizada,da Canon do Brasil, esquerda para a direita.

como as resoluções, leis, portarias e instruções normativas para reger as adaptações necessárias em todos os processos durante a pandemia, com o objetivo de mitigar o risco de contaminação”. Para João Paulo Souza, Gerente da Divisão de Tomografia Computadorizada & Medicina Nuclear da Canon Medical Systems do Brasil, esse movimento reforça o compromisso da empresa em colaborar com o desenvolvimento da medicina brasileira, e coloca de vez o Brasil em uma posição privilegiada no que tange acesso as tecnologias de última geração, capazes de gerar benefícios a rotina médica e conduta clínica orientada por imagens de Tomografia Computadorizada - fundamental nos diagnósticos das manifestações pulmonares em pacientes com “Covid 19”. O suporte dos recursos de inteligência artificial em um nível mais profundo e a camada Deep Learning, agregam mais precisão, eficiência e rapidez no diagnóstico. Portanto, para nós da Canon Medical Systems do Brasil, não há outra direção que não a do caminhar em direção ao futuro. Estamos muito orgulhosos por conseguir dar esse grande passo ao trazer para o Brasil a produção das mais avançadas tecnologias disponíveis no portfólio de produtos da Canon Medical Systems Corporation. Pioneirismo e Inovação é parte do DNA da nossa companhia e a Inteligência Artificial é sem dúvida um caminho sem volta, precisamos nos adaptar às novas realidades, e exatamente isso que estamos propondo para o Brasil com essa nova linha de soluções médicas guiadas por IA”, afirma o executivo.

Plataforma Aplio também em Campinas A outra grande novidade, como informa Fernando S. Ribeiro, gerente de Produtos para Ultrassonografia, é o início da fabricação dos equipamentos Aplio na unidade de Cam-

Quer divulgar a venda de algum produto, consulte-nos sobre anúncios econômicos Informe-se: comercial@interacaodiagnostica.com.br

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pinas. Os trabalhos já começaram em julho, e as primeiras unidades chegam ao mercado nos próximos meses. Reconhecida pela inovação, a plataforma Aplio é um sistema que traz como mensagem principal o slogan “Avançado, Integrado e Intuitivo”. Essas palavras apontam ao DNA desse equipamento, que migra das tecnologias mais avançadas em ultrassonografia no mundo, por meio de um sistema compacto, com tecnologias premium e extremamente intuitivo em sua operação. Enfatiza, Ribeiro, que “desde o início da produção local em 2013, quando a Canon inaugurou sua fábrica em Campinas,

vários modelos foram produzidos, alguns já descontinuados por conta da renovação do portfólio, mas todos com muita aceitação e cumprindo com eficiência seu papel no diagnóstico médico. E, finalizando informa Rodrigo Rodrigues, que a Unidade Campinas está em plena e intensa mobilização, já que, ao contrário do que se previa, o mercado estava carente, e a pandemia exigiu soluções ágeis para atender a gravidade do momento. Atualmente, estão em linha desde os modelos base (com suas muitas variações), que cobrem todos os seguimentos (low a high), até os equipamentos de ponta, em Tomografia e Ressonância”.


Conteúdo de Marca Da Redação

De mulher para mulher Com um controle remoto de autocompressão projetado por uma equipe exclusivamente feminina, o mamógrafo Senographe Pristina gera resultados precisos e ainda traz conforto e uma sensação de independência para as pacientes.

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rojetado por uma equipe de engenheiras e designers mulheres para mudar toda a experiência da mamografia, o Senographe Pristina, da GE Healthcare, já está em funcionamento em diversos hospitais e clínicas de toda a América Latina. Com design ergonômico, o equipamento conta com o que há de mais moderno em tecnologia de imagem e um diferencial: é o único do mercado com um controle remoto de autocompressão, o Dueta, que permite que a paciente modere a intensidade da compressão ao realizar o exame de mamografia. “Em nossa pesquisa de satisfação dos pacientes realizada pela IPSOS, quatro em cinco mulheres que usam o Dueta disseram que ele tornou o exame mais confortável. Mais de 50% das pacientes também afirmaram que o controle remoto de autocompressão auxiliou na contenção da dor e, principalmente, na redução da ansiedade”, conta Iris Oliveira, Diretora de Produto da GE Healthcare para a América Latina.

Sororidade Com cantos arredondados e delicados no detector de imagens, onde a mulher coloca as mamas no momento do exame, o Pristina é o mais ergonômico dos mamógrafos. “O seu design faz com que pacientes apoiem confortavelmente os braços, ao invés de forçarem os músculos peitorais enquanto seguram as alças, o que permite o seu relaxamento. Isso simplifica o posicionamento e ajuda na aquisição de imagens mais claras para os radiologistas, proporcionando um resultado mais preciso do exame. Além disso, a temperatura do Bucky não adere a temperatura da sala, o que impede aquela sensação

de equipamento gelado e se torna mais agradável para a paciente” completa Iris Oliveira. De acordo com a diretora de produto da GE Healthcare para a América Latina, o controle remoto de autocompressão nas mãos da paciente ajuda a reduzir o estresse e pode fazer com que muitas mulheres, que antes tinham medo do exame, realizem a mamografia. “Isso só foi possível porque o equipamento foi pensado e projetado por mulheres. Temos um produto desenvolvido com base na experiência da paciente, com o intuito de trazer conforto e gerar uma sensação de controle na hora do exame”, explica. Tantas novidades no design e na sua concepção, além da tecnologia avançada, fizeram com que a revista norte-americana Time escolhesse o controle de autocompressão Dueta como uma das 100 melhores invenções do ano passado.

Tecnologia de ponta Além de todo o conforto proporcionado à paciente, o mamógrafo Pristina possui tecnologia de ponta, sendo o único do mercado com algoritmo ASIRDBT, que evidencia microcalcificações e reduz artefatos. Também conta com a tecnologia de mamografia 3D, conhecida como tomossíntese digital da mama, com a menor dose de radiação do mercado e que fornece precisão diagnóstica superior. Uma das novidades do Pristina é o Serena, um sistema de biópsia da mama que fornece resultados claros e concisos. O Serena também não possui limitações de acesso a qualquer tipo de lesão, sendo o único no setor que consegue adquirir imagens pre e pós disparo no modo 3D. Outro avanço do Pristina é o SenoBright HD, mamo-

grafia espectral com contraste que permite uma mamografia de alto nível e que é capaz de fornecer o diagnóstico de câncer de mama em apenas sete minutos, em uma única consulta. Para o ano que vem, o Pristina ainda deve contar com mais uma nova tecnologia: o Serena Bright, que vai disponibilizar a solução de mamografia espectral com contraste durante a biópsia. A novidade, inclusive, está entre as semifinalistas do prêmio da revista AuntMinnie na categoria “Melhor novo dispositivo de radiologia”.

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Da Redação

Agfa reforça equipe com foco na inovação e no digital Áreas de Marketing e Comercial recebem novos líderes para alavancar negócios.

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comenta que “o projeto visou uma maior integração entre os iente de que o investimento em inovação e diagnóstico por imagem. “Poucas empresas são tão longevas e colaboradores e empresa, uma equipe mais satisfeita produz no digital é um caminho sem volta para a raisso só é possível através da grande capacidade de adaptação diologia no Brasil e em todo o mundo, a Agfa melhores resultados, beneficiando a todos”. às mudanças”, afirma Rodrigo Bello. trouxe novos talentos para integrar o time Tecnologia para a Covid-19 Futuro da radiografia brasileiro: Ricardo Ramos Mendonça, diretor comercial para a América Latina, e Rodrigo Bello, responsável A radiografia é uma tecnologia consolidada, barata e ágil Os equipamentos da Agfa produzem no mundo mais de pelo marketing da América Latina. que ganhou espaço em 2020 para o rápido diagnóstico de com2,5 milhões de imagens radiográficas diariamente. Essa quanMendonça possui experiências globais no setor da saúde, prometimento pulmonar na Covid-19. Durante a pandemia, tidade de exames gera muita informação e serve como base biotecnologia e inovação, em especial na radiologia. A Améa Agfa disponibilizou para seus clientes, de forma gratuita, para softwares de inteligência artificial trabalharem auxiliando rica Latina encontra-se em no diagnóstico. processo de digitalização Enquanto muitas eme ainda possui um grande presas estão mais focadas parque de equipamentos em ressonância magnética e analógicos em clínicas e tomografia, a Agfa acredita hospitais. “Por ser o princina renovação e desenvolvipal exame realizado dentro mento de novas soluções de da radiologia, toda evoluradiografia, uma tecnologia ção e melhoria nos exames mais acessível às instituições, de radiografia trazem um apoiando em todas as etapas impacto positivo muito de digitalização de nossos grande à população”, coclientes. menta Ricardo Mendonça. A companhia entende Assim, a Agfa projeta que a digitalização é o futuro um crescimento robusto da radiografia e os softwares de triplicar as vendas de desenvolvidos pela Agfa vem equipamentos de Radiograao encontro de um maior Time brasileiro da Agfa para a America Latina, Rodrigo Bello, Fernanda Pauli e Ricardo Ramos Mendonça, reforçando a equipe com foco na inovação. fia Digital Direta (DR) nos acesso às tecnologias pepróximos cinco anos. Para isso, redesenhou alguns processos las instituições de saúde. A Agfa visa ser parceira de seus o software Chest+, que agiliza os exames de tórax em beira para se tornar mais ágil e eficiente e reforçou seu pós-venda, clientes nesse processo por meio das inúmeras soluções de de leito. O software funciona como uma “grade virtual” do a fim de estreitar o relacionamento com seus clientes. seu portfólio, com soluções de impressão, digitalizadores e bucky, fornecendo um melhor detalhamento das estruturas Já Rodrigo Bello tem seu background em inteligência de radiografia digital direta. Também possui solução de digido tórax. Mais de 200 clientes Agfa solicitaram e obtiveram a mercado e em inovação em renomadas instituições de saúde. talização de mamógrafos através de seu Detector DR, que instalação gratuita do Chest+ na América Latina. O executivo conta que muitas das evoluções dos equipamentos tem como diferencial a estação de trabalho e o software de Ao mesmo tempo, durante a pandemia da Covid-19, a de radiografia não estão somente relacionadas à parte física pós-processamento de imagem MUSICA, no qual elas são Agfa teve que se reinventar e realizar adaptações, fornecendo dos aparelhos, mas principalmente ao software de processaotimizadas automaticamente com um número maior dos um maior suporte aos seus colaboradores. Na quarentena, a mento das imagens que passará a cada vez mais auxiliar no tons de cinza e melhora do contraste. Com ele, a instituição empresa desenvolveu seu projeto de Employer Branding que, diagnóstico e otimizar o fluxo de trabalho por meio de novas ganha em qualidade de imagem, maior produtividade com dentre outras ações, orientou e ajudou seus colaboradores a funções relacionadas à inteligência artificial. exames mais rápidos e menos repetições, possibilitando ainda profissionalizarem seus perfis na Rede Social LinkedIn. FerCom mais de 150 anos, a Agfa é pioneira no mercado de nanda Pauli, diretora de RH da Agfa para a América Latina, a redução de dose ao paciente.

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Inovação Por Angela Migue (SP)

Espaço para inovação no HC é resultado de parceria entre InRad, Centro de Inovação e Siemens Healthineers

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estinado a parceiros, startups e desenvolvedores de tecnologias, o In.Lab é um novo espaço de inovação e inteligência artificial (IA) voltado para contribuir com o sistema de saúde e a jornada do paciente no Brasil. Criado a partir de um projeto colaborativo entre a Siemens Healthineers, o Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e o Núcleo de Inovação Tecnológica (InovaHC), o In.Lab aposta na expertise de diversos players do mercado para promover soluções em diversas frentes da saúde, como prevenção, diagnóstico, tratamento e gestão otimizada e eficaz. “O In.Lab é a concretização local de uma visão que a Siemens Healthineers vem desenvolvendo e que enxerga na Inteligência Artificial e na digitalização uma forma de ampliar o acesso à saúde, além

Autoridades, políticos e investidores prestigiaram - quardadas as restrições – do lançamento do In.Lab no Instituto de Radiologia HCFMUSP

de conectar especialistas do mundo todo e compartilhar conhecimento em toda a cadeia. O Brasil já representa um case de como é possível aplicar soluções que realmente impactarão o sistema de saúde de

forma positiva”, explica o diretor geral da Siemens Healthineers no Brasil, Armando Lopes. Já estão em andamento no espaço projetos focados em gestão de saúde po-

pulacional, melhor experiência do paciente e na medicina de precisão. Como uma das bases para seguir com parte dos processos está o primeiro equipamento de ressonância magnética para corpo inteiro de 7 Tesla da América Latina instalado no HC, que usa soluções de IA e tem pesquisas em curso para criação de um software que auxilie o pesquisador a diferenciar os sinais de ativação cerebral. “O projeto colaborativo entre InRad, InovaHC e Siemens Healthineers é um passo concreto para a introdução de novas tecnologias relacionadas à Inteligência Artificial que possam impactar na qualidade da assistência oferecida à população brasileira. A pandemia nos mostrou como é importante trabalharmos juntos, setor público e privado, na busca de metas ambiciosas na pesquisa e atendimento aos pacientes”, explica o presidente do Conselho Diretor do InRad e presidente da Comissão de Inovação (InovaHC) do HCFMUSP, Giovanni Guido Cerri.

Saúde iD: plataforma visa inovar o acesso a produtos e serviços de saúde

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om o objetivo de democratizar o acesso à saúde no Brasil, a plataforma Saúde iD foi lançada para integrar produtos e serviços de saúde, garantindo qualidade e eficiência a toda a jornada do paciente. A empresa é baseada na ciência de dados e inteligência artificial e conta com o apoio do Grupo Fleury. Segundo Eduardo Oliveira, CEO da Saúde iD, o “propósito é que o indivíduo tenha uma visão única e integrada de sua saúde”. Por meio de um aplicativo, o paciente pode agendar e realizar consultas, teleconsultas, acessar resultados de exames e prontuário eletrônico, além de autogerenciar seu histórico de saúde. No futuro, a ideia é que ele tenha acesso a um marketplace que permitirá até que ele receba medicamentos e kits de alimentação, entre outras iniciativas, para que mantenha hábitos saudáveis.

Lançada a partir da base de dados da SantéCorp, empresa do Grupo Fleury, a Saúde iD almeja contar com operadoras e empresas de diversos setores de saúde (até mesmo concorrentes), de forma a fornecer a melhor gestão de cuidados possível ao paciente. Exemplos dessa estratégia são duas empresas que já oferecem seus serviços na Saúde iD: a Prontmed, provedora de prontuários eletrônicos, e a Sweetch, startup israelense de healtech especializada em prevenção e gerenciamento de doenças crônicas. Criada a partir do mindset de startups, a Saúde iD espera basear seu crescimento em três momentos. No primeiro, já em curso, realiza a gestão de 7 milhões de pacientes da SantéCorp e do Grupo Fleury. Já o segundo e terceiro momentos serão baseados na busca de novos parceiros para estimular a multiplicação de transações entre diferentes participantes, permitindo a escalabilidade do negócio.

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Entrevista Por Valeria de Souza (SP)

O impacto da pandemia de Covid-19 no rastreamento de câncer A pandemia da Covid-19 impactou os sistemas de saúde em todo o mundo. Os procedimentos eletivos, incluindo o rastreamento de câncer, foram suspensos na maioria dos países pela necessidade de priorização das urgências e redução do risco de disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nos serviços de saúde. O INCA expediu duas notas técnicas – uma em março e outra em julho, para orientação das instituições e profissionais de saúde.

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esse momento em que alguns locais do Brasil as restrições começam a diminuir e, consequentemente, os serviços de saúde passam a avaliar se devem voltar a oferecer procedimentos eletivos, tais como o rastreamento de câncer, ainda não é possível, devido a heterogeneidade da situação da pandemia, adotar uma recomendação única a esse respeito. Em regra geral, é recomendável que, ao considerar o retorno das ações de rastreamento, os gestores de saúde levem em conta indicadores locais a respeito de incidência de Covid-19, disponibilidade de testes para confirmação da infecção, mortalidade pela doença, disponibilidade de leitos de terapia intensiva e letalidade dos casos de Covid-19. O reinício do rastreamento de câncer demanda uma análise criteriosa dos riscos e benefícios envolvidos, considerando o cenário epidemiológico no contexto local, a capacidade de resposta da rede de atenção à saúde e o histórico pessoal dos usuários. E também deve-se atender as recomendações que garantam o distanciamento físico, organizado e monitorado por profissionais da unidade de saúde treinados, para evitar aglomerações nas salas de espera e nas áreas de atendimento; limitação para entrada de acompanhantes na unidade de saúde; o ambiente, as superfícies e os equipamentos deverão ser desinfetados e limpos regularmente; usuários e profissionais de saúde devem usar máscara facial e lavar frequentemente as mãos; profissionais de saúde devem utilizar equipamento de proteção individual (EPI) segundo orientação específica, entre outras. O ID Interação Diagnóstica conversou com o dr. Carlos Shimizu, médico radiologista e coordenador do Centro de

Diagnósticos por Imagem da Mama do InRad - Hospital das Carlos Shimizu – Os protocolos de segurança seguidos Clínicas da USP, que contou como a instituição se organizou foram os determinados pelo comitê de crise do HC. Além do para o enfrentamento da pandemia no serviço de mamografia. uso obrigatório dos equipamentos pessoais de segurança, ID – Qual foi o impacto da panreforço nas medidas de higiene pessoal demia e da quarentena no Serviço e na limpeza do ambiente de trabalho, de Mamografia do InRad? foi adotado o espaçamento das pacientes, seja nas salas de espera como na Carlos Shimizu – Houve uma queda do número de exames realizados no circulação dentro do InRad, e também InRad devido à redução de atendimentos da equipe profissional, a fim de se evitar ambulatoriais do Complexo Hospitalar aglomerações. do HC, responsáveis pela maior parte da No InRad foram mantidos todos os demanda das mamografias. exames de diagnóstico para as pacientes ID – Como ficou o funcionacom suspeita de câncer de mama ou mento. Todas as atividades de ensintomas mamários que demandassem sino, pesquisa e assistência foram investigações adicionais. suspensas? ID – Nesse período, na sua Carlos Shimizu – Com as medidas experiência, o que foi mais prejudicial para o serviço e também de restrição de circulação e aglomeração, para os pacientes? foi priorizado dar continuidade às atividades assistenciais diagnósticas realizaCarlos Shimizu – A epidemia da das no setor (mamografia, ultrassonoCovid-19 foi o mais prejudicial para as grafia, ressonância magnética e biópsias) Dr. Carlos Shimizu e dra. Erica Endo, no pacientes, direta e indiretamente. Serviço de Mama do InRad. para as pacientes com suspeita de câncer ID – Nesse momento, as instituições hospitalares estão se preparando para a de mama ou sintomas mamários. Os exames menos urgentes retomada dos atendimentos. Qual a orientação e placomo os de rastreamento para as pacientes assintomáticas nejamento do InRad para voltar a realizar os exames foram postergados. As atividades de pesquisa e ensino foram da unidade, ainda em meio a pandemia? locadas para o formato online sempre que possível. Carlos Shimizu – As vagas disponibilizadas já ID – Se foi mantida alguma atividade, qual foi estão praticamente normalizadas. A circulação no InRad o critério escolhido para o funcionamento e quais e no setor de Mama está sendo feita de modo a evitar foram os protocolos de segurança? Quais foram as aglomerações. prioridades atendidas?

Um novo olhar para a Saúde no mundo

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em abrir mão dos avanços ocorridos, dos primeiros números mais animadores, a ANAHP – Realizará seu tradicional evento, totalmente on line e aberto a população, seu tradicional evento, trazendo na pauta principal uma discussão muito pertinente: “Um novo olhar para a Saúde no Mundo”. Nomes de grande expressão estarão participando, com destaque para profissionais da Organização Mundial da Saúde, que teve um atuação exemplar e corajosa, da ministra da Saúde de Portugal, Maria Temido (foto) e de profissionais do John´s Hopkins, que também se destacaram pela atuação e muitos outros.

EXPEDIENTE

Dra. Maria Temido, Ministra da Saúde Portugal

Reconhece a Comissão Organizadora, que a pandemia do novo coronavírus afetou e continua afentado cada país de um modo diferente, mas mudou o mundo e a humanidade. Os números brasileiros, neste momento, apontam para 150 mil mortes e o índice de afetados já superou os 5 milhoes. Nem os mais otimistas podem ignorar tais índices. Então, com muito oportunismo e seriedade a ANAPH não abre mão dos cuidados e reforça o teor das discussões. Para dividir as suas experiências pessoais e profissionais no enfrentamento da Covid-19, trará Socorro Gross, médica e representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Marta

Temido, ministra da Saúde de Portugal e Marty Makary, professor da Universidade Johns Hopkins, que, ao lado de renomados especialistas brasileiros estarão presentes no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp). Em 2020, com o tema “Lições da pandemia: desafios e perspectivas para o sistema de saúde brasileiro”, o maior congresso de saúde da América Latina contará com cerca de 100 palestrantes (nacionais e internacionais) e será, excepcionalmente, gratuito, totalmente online e aberto para a participação de toda a sociedade. As inscrições para o evento, que acontecerá de 16 a 20 de novembro, podem ser feitas pelo site http://conahp.org.br/.

Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­cialistas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, gineco-obstetrícia.

Fundado em Abril de 2001 Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Alice Brandão, André Scatigno Neto, Augusto Antunes, Bruno Aragão Rocha, Carlos A. Buchpiguel, Carlos Eduardo Rochite, Dolores Bustelo, Hilton Augusto Koch, Lara Alexandre Brandão, Marcio Taveira Garcia, Maria Cristina Chammas, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Regis França Bezerra, Rubens Schwartz, Omar Gemha Taha, Selma de Pace Bauab e Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial.

Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Lizandra M. Almeida (SP), Claudia Casanova (SP), Valeria Souza (SP) e Angela Miguel (SP) Tradução: Fernando Effori de Mello Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos e Evelyn Pereira Imagens da capa: Getty Images

Administração/Comercial: Ivonete Braga Impressão: Formato Editorial Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares impressos e 35 mil via e-mail Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial.

O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br

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