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Por trás das cortinas de um espetáculo
Peça pretende apresentar ao público uma nova visão de obra de Nelson Rodrigues
espetáculo. Solirian também diz que esta função é feita no teatro para criar a ambientação, criar o tom das coisas, para o público entender o contexto. “Isto ajuda a dar corpo para as ações do ator em cena e a potencializar todas as outras interferências da cena”, explica.
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“Sem a pré, a pós-produção e o durante, a apresentação perderia sua singularidade e a magia que o teatro passa ao espectador”. É assim que o artista plástico e estudante de Teatro, Salvador Neto explica a importância dos trabalhos desenvolvidos nos bastidores das peças teatrais. Ele diz que essas produções seriam “pobres”, pois os profissionais que atuam por trás das cortinas são essenciais para que toda a equipe consiga apresentar um produto de qualidade para o público. Ele ainda pontua que “se fosse algo mais simples, o teatro nem existiria”.
"A peça de Nelson Rodrigues não é sobre a negritude. É sobre o preto; é uma apresentação do branco em cima do preto”. Esta é a percepção de João Marques, criador do espetáculo “Reticências… Quase um anjo negro”, que está sendo exibido ao longo do mês de junho na cidade de Uberlândia.
A apresentação é um metateatro que propõe a realização de uma releitura da obra “Anjo Negro”, de Nelson Rodrigues. A obra conta a história de Isaías, um médico preto, que se deita com Virgínia, uma mulher branca. No decorrer da história, ela engravida várias vezes de filhos pretos, porém todos morrem. Isaías, ao confrontá-la, descobre então a verdade por trás da morte de seus filhos. Na encenação feita por João, ele incorpora Isaías e narra toda a peça a partir da visão do personagem preto.
As exibições vão acontecer ao longo deste mês, às 19h, nos locais indicados na imagem de divulgação da peça.
O ator e graduando em Teatro, João Marques, reescreveu a dramaturgia a fim de atingir dois públicos ao mesmo tempo, as pessoas brancas e pretas, porém de formas diferentes. Ele conta que tal ideia surgiu a partir da sua vontade de falar da negritude e gritar “eu, João, sou ator, sou preto.”, a fim de denunciar a dificuldade que os atores pretos enfrentam para subir aos palcos. Além de Marques, a peça foi desenvolvida por outros estudantes e profissionais do curso de Teatro da UFU; como os discentes Pedro Solirian e Camila Tiago, que atuaram, respectivamente, como sonoplasta e diretora de iluminação, e o docente Narciso Telles, co-criador da peça.
A Atua O Da Equipe T Cnica
Uma cenografia não é concebida somente pelos atores: há pessoas por trás dos palcos, como figurinistas, maquiadores, roteiristas, diretores e produtores que trabalham para que as apresentações aconteçam. Esses técnicos fazem com que as exibições se tornem únicas para seus espectadores. Camila Tiago descreve seu trabalho como “a edição da cena, com a possibilidade de fechá-la e focá-la, guiando o que será visto pelo espectador”.
Além disso, ao retratar a iluminação como um ator imperceptível aos olhos do público, ela declara que “a luz possibilita ao público ver o espetáculo; só se enxerga porque tem luz. Além disso, a iluminação tem um papel fundamental na questão da estética do espetáculo e de como ele vai ser visto”.
A sonoplastia é outro fator essencial para as produções teatrais: ela trata da comunicação pelo som, com isso nos transmite as emoções das cenas. Pedro Solirian pontua que, nesta apresentação, o som é extremamente significativo. Ele conta que a construção desta exibição foi feita com colagens dos teatros moderno e contemporâneo, com músicas de tempos atuais e mais antigos para criar essa sonoridade para o
Os bastidores dos espetáculos dão vida às histórias, pois são seus profissionais que transformam as ideias em realidade. É a partir desse trabalho conjunto que os atores podem iniciar sua performance para o público: “você nunca sabe se vai funcionar até subir no palco”, diz o ator e professor do curso de Teatro, Narciso Telles. Ele enfatiza a necessidade dos trabalhos cênicos serem desenvolvidos como um todo, não de forma individual.