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BAGÉ: 205 ANOS DE HISTÓRIA Tradicional, eclética e miscigenada Bagé foi construída por uma mistura de culturas e raças, que até hoje influenciam de diferentes formas no cotidiano.

Uma Rainha com muito potencial

Dupla Ba-Gua alimenta sentimentos incondicionais, capazes de mobilizar torcedores de todas as idades.

Revelando predisposição para inovar, cidade representa o centro de um agrupamento regional de municípios.

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Rivais movidos pela mesma paixão

Polícia prende três jovens por manter menina em cárcere privado

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jornalminuano.com.br BAGÉ, sábado, 16 e domingo, 17 de julho de 2016 - ANO XXII Nº 5 392 | R$ 3,00 JEFERSON VAINER/ASCOM URCAMP

Falta de repasses paralisa obra

A construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Vila Operária, em Candiota, deveria ter sido concluída em setembro de 2015. Pág. 3

Aposta na exploração de fosfato

Testes realizados no projeto Três Estradas, entre Bagé e Lavras do Sul, comprovaram o potencial para a produção Pág. 7 de calcita. Pág. 3

Prestação de contas da FAT é aprovada por unanimidade

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Opinião

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Editorial

redacao@jornalminuano.com.br www.jornalminuano.com.br

Campanha do agasalho precisa de reforço

É

importante reforçar e incentivar as pessoas para que contribuam com donativos à campanha do agasalho. Os dias e noites gelados podem ser aconhegantes para alguns, mas muitas famílias não desfrutam de conforto para enfrentar as baixas temperaturas. Elas não têm condições financeiras para se abrigar contra o clima gelado. Essas famílias necessitam do gesto generoso de quem tem como contribuir para amenizar o frio. A campanha também tem como objetivo despertar para importância de ações solidárias. Em Bagé, até agora, a campanha ainda

não atingiu o objetivo. A informação é de que as doações estão abaixo do esperado. A meta neste ano é ultrapassar 2015 quando foram arrecadas 37 mil peças. No entanto, até agora foram doadas pouco mais de seis mil agasalhos. A maior necessidade e com grande procura são roupas masculinas, calçados e vestuário infantil. Portanto é o momento dos bajeenses se mobilizarem mais em torno dessa campanha, visto que a região está enfrentando um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos. O simples gesto de doar uma peça de roupa ou calçado vai fazer a diferença em algum lar bajeense. Laboratório FACOS/Urcamp

FAT - Jornal Minuano | CNPJ: 87415725/0012-81 Endereço: Rua Brigadeiro Mércio, 72 - CEP 96400.720 - Bagé/RS Telefones: Redação (53) 3242 7693 - Assinaturas 3241-6377 www.jornalminuano.com.br | redacaominuano@gmail.com | facebook.com/jornalminuanobage

DIRETOR EXECUTIVO Glauber Pereira GERENTE COMERCIAL Vinícius Azevedo de Oliveira

EDITORA GERAL Márcia Sousa

Editor assistente - Sidimar Rostan • Reportagem - Viviane Becker - Cláudio Falcão - Dora Beledo - Melissa Louçan - Rochele Barbosa - Jaqueline Muza - Daiane Lima - Rosane Coutinho - Estefânia Borges (estagiária) • Chargista - Cláudio Falcão • Repórter fotográfico - Antônio Rocha - Tiago Rolim de Moura • Diagramação Sandro Leal - Luís Mário Pereira - Daniel Cuerda Ferreira • Revisão - Helena Pereira • Assistente comercial - Angelina Britto • Vendedores - Dulce Dias - Fabrício Becker • Auxiliar administrativo - Fábio Silveira • Distribuição - Marcos Goulart • Assinaturas - Adriana Robaina • Colaboradores - José Carlos Teixeira Giorgis - Marcelo Teixeira - Raquel Barreto Garcia - José Artur M. Maruri dos Santos Norberto Dutra - Airton Gusmão - Dilce Helena dos Santos - Lafayette Augé - João L. Roschildt • Impressão - Gráfica do Jornal do Povo - Cachoeira do Sul

Os artigos assinados não refletem, necessáriamente, a posição do jornal. Por isso, a editoria não se responsbiliza pelas opiniões emitidas.

Marcelo Teixeira

@marcelodct marceloct@ymail.com

Ser ou não ser? Eis a questão!

O

contexto do texto que intitula estas mal vezes, nós mesmos é que propomos. Colocar a culpa nos outros traçadas linhas, diz respeito a um dile- – esporte predileto de muita gente – na maioria das vezes, serve ma dramático vivido pelo personagem apenas para justificar a nossa inércia diante de um problema que shakespeareano, Hamlet. Todavia, retirada pode perfeitamente ser solucionado por nossa própria e simples do contexto, como usualmente se faz, ela atitude. O problema todo é que no mundo contemporâneo ganha dimensões filosóficas diversas, inspirando reflexões e interpretações talvez nunca imaginadas pelo idealizador do gran- – bem diferente do mundo de Hamlet – o dilema se estendeu, também, para outras questões, parecendo dar a opção para as de dilema de ser humano, ou, como queiram, do ser humano. Em meu sentir a frase diz respeito ao mesmo assunto pessoas decidirem sobre coisas que, em princípio e tradiciotratado de forma poética por Almir Sater e Renato Teixeira no nalmente, não lhes caberiam decidir. Debatendo recentemente sobre a possibilidade hino “Tocando em Frente” quando dizem que “Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser ca- de alteração do nome do pai no registro civil, destaquei que tanto o nome quanto o poder familiar (relacionado à paz e ser feliz”. paternidade e maternidade) são direitos indisponí Na mesma linha, um suposto provérbio veis e só poderiam ser alterados em situações indígena ensina: “Dentro de mim, existem dois excepcionalíssimas e muito bem justificadas. lobos: o lobo do ódio e o lobo do amor. Ambos Acredito Todavia, a moderna prevadisputam o poder sobre mim. E quando me piamente que lência da paternidade sócio-afetiva sobre perguntam: Qual lobo é vencedor? Respona biológica e a questão da “troca de sexo” do: O que eu alimento”. muito do que com a consequente adoção do “nome so Acredito piamente que muito do somos decorre cial” ou a troca oficial do nome civil no que somos decorre das opções que fizemos. das opções que registro, relativizaram este dogma jurídico A decisão de ser ou não ser, então, cabe a fizemos da imutabilidade do registro civil, ultravinnós mesmos e ninguém mais. O dom de ser culado a questões naturais, genéticas inalterácapaz e de ser feliz, todos temos e, assim, basta veis, em princípio, pelo mero interesse, desejo decidir. O lobo que alimentarmos é aquele que ou capricho de alguém, muitas vezes precipitado, terá poder sobre nós. E assim como tem o lobo do imaturo, emocional, ocasional, ou sem um fundamento de ódio e do amor, tem o lobo da ignorância e o da sabedoria, o maior relevo. da alegria e o da tristeza, o do otimismo e o do pessimismo etc. O registro de casos de arrependimento posterior por É claro que não é tão simples assim. Exige muita motivação, determinação e controle mental, mas quase sempre as parte de pais que assumiram a paternidade de filhos alheios, soluções para os nossos dilemas estão dentro de nós mesmos, ou de filhos que resolvem se vingar de pais relapsos, ausentes ainda que na maioria das vezes a gente atribua tanto a solução ou maldosos, alterando seu sobrenome com a supressão ou quanto a causa do problema, aos outros ou a um destino ou mal- substituição dos apelidos paternos, demonstra que tem gente que está brincando com coisa séria como o nome e a paternidição inevitável e incontrolável. Resumindo e misturando tudo agora, Shakespeare, dade. Ser ou não ser, pode dizer respeito a questões anímicas, via Hamlet, talvez tenha dito que “ser ou não ser” é uma opção disponíveis, mas não necessariamente àquilo que a gente efetinossa mesmo. Teríamos o controle sobre aquilo que somos, mas vamente é e não pode mudar, seja pela natureza, seja pela lei. também sobre o que não somos. Depende de nós esta decisão. Advogado e professor universitário Depende de nós dar uma resposta a esta questão que, muitas

Cláudio Falcão Florêncio e o Transporte Animal

Charge falcaobage58@gmail.com


Cidade

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016 ARQUIVO/JM

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Falta de repasses paralisa obra de ETA da Vila Operária

divulgação

Empresa já solicitou direitos de mineração ao Conselho de Defesa Nacional

Exploração de subprodutos pode alavancar projeto de fosfato Testes metalúrgicos realizados no empreendimento de fosfato Três Estradas, entre Bagé e Lavras do Sul, comprovaram o potencial da região para a produção de calcita de alta qualidade. O material, apropriado para calcário agrícola, pode ser obtido através de rejeitos. Para o diretor técnico da Águia, mineradora que estuda a proposta de exploração, Fernando Tallarico, os resultados dos ensaios técnicos oferecem desdobramentos importantes, principalmente do ponto de vista econômico. “Constitui uma receita secundária, que deve ajudar a alavancar o projeto”, define. Os estudos foram realizados pela empresa Eriez Flotation Division, dos Estados Unidos,

contratada para desenvolver uma sequência de processamento visando a produção de concentrado de calcita. “O material de Três Estradas foi britado, moído e alimentado num circuito de flotação que produziu um concentrado de rocha fosfática de qualidade comercial. O rejeito do processamento do fosfato, por sua vez, passou por uma sequência de operações que culminaram na produção de calcita de alta qualidade. Portanto, um subproduto”, explica. Em comunicado enviado ao mercado, a mineradora australiana destaca que a calcita deve servir como uma segunda fonte de receita para o depósito de Três Estradas. A direção da Aguia entende que o Brasil possui um mercado em cresci-

mento. “Se trata de um produto de alta reatividade, que pode ser usado como corretivo agrícola, que é amplamente disseminado no Rio Grande do Sul. Este subproduto pode ser usado como matéria-prima para a indústria de cimento e, possivelmente, na neutralização de enxofre em plantas termoelétricas”, enumera. Existe, ainda, uma dimensão ecológica, pois a produção de calcita, conforme Tallarico, também tende a ‘diminuir significativamente o volume de rejeito, o que tem implicações ambientais muito positivas e também econômicas, já que reduzem o volume de material a ser manejado’. Os direitos de mineração já foram solicitados ao Conselho de Defesa Nacional.

Ainda falta o pagamento de R$ 920 mil para a conclusão da obra Com 82% da obra concluída, a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Vila Operária, em Candiota, está paralisada por falta de repasses para continuidade do serviço. A construção iniciou no final de 2014, com investimento de R$ 1,9 milhão, e deveria ter sido entregue até setembro de 2015. Contudo, devido à falta de recursos desde janeiro, a obra ainda não foi concluída. O secretário municipal de Planejamento, Alexandre Vedooto, explica que o recurso é proveniente de um convênio da prefeitura com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa). O montante em atraso é de cerca de R$ 920 mil, que deveriam ter sido depositados em duas parcelas. “Se for depositado a

parcela de R$ 577 mil, será o suficiente para a empresa concluir a obra. A contrapartida da prefeitura já está depositada desde maio”, diz. O prefeito Luiz Carlos Folador conta que os municípios estão todos estrangulados devido aos 85 mil empenhos que o Governo Federal ainda não liquidou, com soma total de R$ 43 bilhões. Uma das obras afetadas é a própria ETA. O projeto possui um sistema moderno, com laboratório e leito de secagem de resíduo, que contribui para a redução do volume de lodo da estação. A ETA, que tem capacidade de 530 mil litros, irá abastecer, além da Vila Operária, São Simão, João Emílio e Seival, beneficiando cerca de 1.100 famílias.


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Campo & Negócios

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Angus lança julgamento individualizado de rústicos na Expointer Com o objetivo de viabilizar a participação de mais criadores nas exposições oficiais, a Associação Brasileira de Angus apresenta uma novidade na Expointer 2016. De maneira experimental, a entidade vai realizar um Julgamento de Rústicos Individual, que prevê a avaliação de animais de forma única sem a necessidade de formação de trios como era feito até então. Ao lado do tradicional julgamento de trios, a nova disputa integra a agenda da 10º edição da Exposição Nacional de Rústicos, marcada para o dia 29 de agosto, no Parque de Exposições Assis Brasil. Na nova modalidade, poderão participar animais PO, PC ou LA, com exceção de AD. Todos deverão estar enquadrados nas categorias e outras exigências previstas no regulamento já vigente para os trios.Podem se inscrever animais de forma isolada ou exemplares reserva anteriormente cadastrados em conjunto com trios mas que não entraram em pista. “Animais que compõem trios durante uma exposição não poderão participar na categoria individual”, explica o técnico de Fomento da Angus, Mateus Pivato. A escolha dos supremos campeões rústicos da exposição (macho e fêmea) será

Divulgação/ABA

É necessário o número mínimo de oito animais concorrentes, entre machos e fêmeas PO ou PC feita em uma disputa direta entre o melhor exemplar escolhido entre todos os trios e o melhor rústico individual. As inscrições para o julgamento de animais rústicos já estão abertas e devem ser realizadas diretamente na Associação Brasileira de Angus. No caso dos trios, o cadastramento é realizado via internet, no site da Angus com o login e senha do criador. Para rústicos individuais, a inscrição deve ser feita por meio do e-mail:fomento@angus. org.br, informando o HBB e tatuagem. Para o leilão, a

participação fica restrita a um trio de machos PO ou PC e um trio de fêmeas PO ou PC por propriedade. Para que ocorra o Julgamento de Rústico Individual, será necessário o número mínimo de oito animais concorrentes, entre machos e fêmeas PO ou PC. Neste ano, esta modalidade não contará pontos para o Ranking de Expositores de Rústicos. A Associação Brasileira de Angus sugere que os criadores solicitem orientação de um técnico credenciado a respeito do nível

Sindicato realiza reunião no Assentamento Conquista do Futuro O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé realiza neste sábado, às 14h, uma reunião no sede do Centro Multiuso do Assentamento Conquista do Futuro, em Hulha Negra. Conforme o presidente do sindicato, Nelson Wild, vários temas vão ser tratados durante o encontro como as ameaças e possíveis mudanças da Previdência Social para os trabalhadores rurais, temas ligados à agricultura e pecuária familiar. Também vão ser feitos atendimentos individualizados aos presentes. “Estas atividades visam facilitar e aproximar os trabalhadores

divulgação

Wild chama atenção para a importância do encontro do sindicato e leva a informação correta à categoria rural”, frisa Wild.

Embrapa promove remate hoje Neste sábado, a partir das 15h, acontece o Remate Embrapa, na Associação e Sindicato Rural de Bagé. Estarão em pista 500 bovinos das raças Angus e Brangus (gado adulto), além de 150 ovinos. Os lotes serão de vacas e novilhos com boas condições para negociação. Também farão parte do remate carneiros e ovelhas. O leilão está a cargo da AT Remates.

O jornal que Bagé gosta de ler jornalminuano.com.br


Fogo Cruzado

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Rede Sustentabilidade define indicativo de apoio ao PTB A posição do partido para o pleito municipal foi anunciada, no final da tarde de sexta-feira, durante coletiva de imprensa, pelo deputado federal João Derly, uma das principais lideranças da Rede Sustentabilidade no Rio Grande do Sul. Além de confirmar o indicativo de apoio ao PTB, representado no ato pelo presidente do Legislativo bajeense, vereador Divaldo Lara, o parlamentar adiantou que, durante o pleito, ‘Bagé vai ter uma atenção especial’, no sentido de sua presença de maneira efetiva. Derly acredita que as lideranças locais da legenda sintetizam as bandeiras defendidas pela executiva nacional. “São pessoas que dialogam com as causas do esporte e da defesa dos direitos dos animais”, disse, em referência a Paulo Adriano Rodrigues e Beatriz Souza. A Rede tem um formato diferente de organização partidária; não tem presidente e abre perspectiva para candidaturas independentes. A direção trabalha 10 temas principais, mas não de forma fechada, para que

ANTÔNIO ROCHA

Anúncio foi feito durante coletiva com o deputado João Derly as lideranças locais, a exemplo de Henrique Portela, possam participar das decisões. “A ideia é sempre buscar a sustentabilidade, sobre todos os ângulos”, define o deputado. A Rede, neste sentido, deve apresentar uma pauta de compromissos. “Este modelo nos ajuda a acompanhar a evolução de todo o processo”, explica. A defesa dos investimentos públicos no esporte é uma das metas. O deputado já defende, inclusive, uma causa lo-

cal, de maneira direta. Durante a coletiva, aliás, ele confirmou a apresentação de uma emenda parlamentar, que deve ser formalizada em novembro, em nome do projeto do complexo esportivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSul) campus Bagé. Ao agradecer, em nome do PTB, Divaldo não poupou elogios à Rede e à atuação de Derly, na Câmara dos Deputados. “O partido tem símbolos muito fortes e bandeiras bem definidas”, diz.

PR terá semana decisiva em Bagé O presidente do PR, Antonio Luiz Arla da Silva (Bixo), garante que a legenda permanece no governo até o dia 31 de dezembro. “Esta é uma definição”, pontua, ao destacar que a sigla, entretanto, discute os rumos para o próximo pleito. Os republicanos não descartam possibilidades, inclusive a formação de uma chapa de ‘terceira via’.

O PR integrou o segundo governo de Luiz Fernando Mainardi e as gestões de Dudu Colombo, do PT. Arla confirma diálogo com outros partidos, a exemplo do PDT. A pauta, de maneira geral, inclui legendas da situação e da oposição. “Queremos construir uma alternativa de consenso”, resume. O partido, que tem dois

vereadores, trabalha para realizar convenção municipal no dia 27 de julho. A data, previamente definida, pode ser confirmada até o final da semana, quando a agenda republicana, no sentido da discussão com outras siglas, deve ser intensificada. “Acredito que já teremos uma definição”, projeta Arla.

PCdoB não terá candidato a prefeito O diretório bajeense do PCdoB vai apoiar o PT no pleito de outubro. O presidente da legenda, Tairone Reis Martins, adianta que a sigla concorda com a pré-candidatura do vereador Caio Ferreira à prefeitura de Bagé, já formalizada pelos petistas. A posição de apoio será anunciada, oficialmente, em evento previsto para a próxi-

ma semana. O PCdoB também definiu a data da convenção municipal, para escolha dos candidatos, que ocorre no dia 28. Uma das metas da legenda é eleger o primeiro vereador em Bagé. O PCdoB compôs a chapa majoritária que venceu o pleito municipal de 2012, elegendo o vice-prefeito de Dudu Colombo, Carlo Alberto Fico. Na

discussão sobre a participação comunista na próxima eleição, ainda não se fala em termos de composições.

Região

Em Candiota, o partido também apoia o PT. De acordo com o coordenador regional, ainda não existe definição sobre composição ou apoio em Hulha Negra.

@sidimarrostan sidimar_frostan@hotmail.com

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Sidimar Rostan

Processos eleitorais terão prioridade em todas as instâncias A partir do dia 20 deste mês, os processos eleitorais terão prioridade de tramitação e julgamento para a participação do Ministério Público e dos juízes de todas as justiças e instâncias. São exceção apenas os processos de habeas corpus e mandado de segurança. A determinação é da Lei das Eleições, em vigor desde 1997. A legislação estabelece, ainda, que essas autoridades, a partir dessa data, não podem deixar de cumprir a determinação em razão do exercício das suas funções regulares. O descumprimento constitui crime de responsabilidade e será objeto de anotação funcional para efeito de promoção na carreira. Para a apuração dos delitos eleitorais, a Justiça Eleitoral contará com o auxílio das polí-

cias judiciárias, dos órgãos da receita federal, estadual e municipal e dos demais tribunais e órgãos de contas. Os órgãos da administração pública poderão ser solicitados a fornecer informações na área de sua competência e ceder funcionários no período de três meses antes a três meses depois de cada eleição. Os advogados dos candidatos, partidos e coligações serão notificados sobre os processos pela Justiça Eleitoral com antecedência mínima de 24 horas. Nos tribunais eleitorais, os advogados serão intimados para os processos que não tratem sobre a cassação do registro ou do diploma por meio da publicação de edital eletrônico publicado na página do respectivo tribunal na internet.


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Empreendedor

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Rosane Coutinho

divulgação

rosane.coutinho@gmail.com

Senac O Senac Bagé está com matrículas abertas para o curso Técnico em Administração, que contempla atividades diversificadas para o desenvolvimento de competências e conhecimentos específicas. As aulas, que iniciam no dia 15 de agosto, serão realizadas nas segundas e sextas-feiras, das 19h às 22h. Informações na avenida Marechal Floriano, nº1456, pelos telefones (53)32427233 ou pelo site:www.senacrs.com.br/bage e Facebook: Senac Bagé.

Dallé Hotel O Dallé Hotel conta com 17 novas suítes climatizadas, proporcionando ainda mais conforto aos hóspedes. A família Dalé, no ano de 2014, estreou no ramo hoteleiro. Em janeiro de 2016 iníciou à construção de novas instalações. O hotel fica na avenida Santa Tecla, nº451.

Imobiliária vai ficar aberta hoje e amanhã

Wild Imóveis realiza plantão neste final de semana

Hoje e amanhã a Wild Imóveis atenderá quem tiver interesse em obter informações sobre o empreendimento imobiliário em destaque no momento: Residencial Paso De Los Toros, da empresa Dallé Construtora. O corretor e sócio Nílson Wild, conta que, em apenas 40 dias do lançamento, mais de 80 apartamentos foram comercializados. “O Fernando Dalé tinha a intenção de mexer com o mercado imobiliário. Pois existiam muitas pessoas com receio do futuro e com dinheiro parado. Então a ideia do Dalé era a de motivar o bajeense a comprar. E ele foi muito feliz neste projeto”, avalia. Para Wild, os apartamentos estão de um modo geral, com valores interessantes, mesmo quando avaliado o de maior valor. E destaca outros motivos do sucesso em vendas como localização e

estrutura que conta com elevadores e além, é claro, de ser um prédio novo, o que atrai a atenção do público. O sócio proprietário Matheus Wild informa que os lotes estão à venda a partir de R$750 mensais. “São financiados diretamente com a construtora e em até 96 meses”, diz. A Wild ainda oferece o Loteamento Caminho do Sobrado, Cidade Jardim entre outros empreendimentos. Wild Imóveis completou, no mês de maio, 22 anos de atuação. O corretor, que é também advogado e contador, conta que aos poucos a empresa foi agregando a esposa, Adriana, depois

o filho, Matheus, e mais recentemente o genro Rafael Sarasol. Wild destaca que, apesar de ser uma empresa familiar, conta ainda com outras pessoas. A equipe é composta, hoje, por nove profissionais, sendo que destes, três já têm o registro no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), três estagiários em fase de formação e o mesmo número de colaboradores. “Aqui, cada um faz a sua função, mas ao mesmo tempo todos fazem um pouco de tudo”, enfatiza. Atendimento: sábado, das 8h30min às 16h (sem fechar ao meio-dia) e no domingo o horário será das 14h às 16h.

Onde: avenida General Osório, nº 1089. Telefone: 3242 6191

Supermercados Nicolini No Supermercados Nicolini da Avenida Santa Tecla se comprar em um mesmo lugar em atacado e varejo, denominado atacarejo, é possível obter três preços, onde o que define é a escolha de tipo de compras, que é preciso fazer de acordo com a quantidade: a varejo, rancho ou atacado. O pagamento pode ser efetuado com os cartões Gostosão Card, Visa, Credicard e Banricompras. Avenida Santa Tecla, nº 3080. Telefone: 32427917.

Vidraçaria Nova Esperança A Vidraçaria Nova Esperança desenvolve projetos especiais para enriquecer as obras. Oferece soluções modernas, preços competitivos, beleza e qualidade em todos os produtos disponíveis como vidros comum, fumê, temperado, laminado, refletivo e espelhos. Com aberturas 100% alumínio. Box de vidro ou acrílico e aberturas com vidros temperados, jateados e sacadas e inúmeras molduras. Endereço: avenida Tupy Silveira, nº2760. Telefone 3241 1719.

Aniversariantes 16 de julho

Ademar Pereira Araceli Rocha Clarisse Rodrigues Alves Cláudia Fontes dos Santos Elizabeth Echevarria Leite Fábio Medeiros Richi Gustavo Gonçalves Ribas de Sá Ivan Sérgio Bulcão Luíse Lence Quintana

17 de julho

Aline Bassualdo Cabreira Aline Bidder Álvaro Serafim Oliveira da Rosa André Fernandes Lopes Antônio Rudinei de Souza Bernardo Barcellos Flores Domingos Salton Élbio Munhoz Gelny Barbosa de Godoy Gislaine Vaz Lacerda Hari Rau Helen Rose Leite de Moura Joseane Caneda da Silva Marcos Belchor

Márcia de Lima Gaffrée Maria do Carmo Rossal Neto Maria Eva Barcellos de Barcellos Rita Silveira Dias Valda Goulart Ungaretti Valmir Rodrigues Vera Lúcia Fortes Etchepare Vergílio Barcellos de Barcellos Virginia Soares Marlon Vaz Ribeiro Berny Olga Cristina Meires Paulo Azevedo Rodrigo Mendes Nocchi Sâmela Collares Machado Simone Andrade Sônia Aparecida Antunes da Silva Tarick Sallim Ali Thirzá Centeno Pereira Valkíria Bueno da Rosa Moreira Viviane Paiva Wilson Silva Cimirro Zaira Afonso Moreira


Cidade

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Professores aprovam por unanimidade a prestação de contas e apresentação do balanço anual da FAT

Conforme rege o estatuto da Fundação Attila Taborda, os números do ano de 2015 foram expostos para um público formado por professores dos cinco Campi da Instituição. Eles aprovaram por unanimidade o relatório que apresentou o balanço da FAT-URCAMP no ano de 2015. A Fundação Attila Taborda (FAT) realizou, na noite de ontem, a já habitual prestação de contas da Universidade da Região da Campanha (Urcamp). O balanço de 2015 foi apresentado pelo grupo que atua na gestão da universidade, no auditório do complexo cultural do Museu Dom Diogo de Souza. O encontro contou com duas assembleias – a primeira tratou do balanço da FAT-Urcamp e do Hospital Universitário, referentes ao ano de 2015, e logo houve a exposição do relatório de avaliação institucional da Comissão Própria de Avaliação (CPA), onde foram abordados aspectos referentes à avaliação interna conduzida pela universidade em 2015. A CPA é formada por uma representação de professores, funcionários e alunos e é uma determinação do Ministério da Educação para todas as instituições de Ensino Superior. Esta comissão avalia as ações da universidade e coordena o processo de auto-avaliação interna, além de cumprir com a legislação imposta pelo MEC. O relatório apre-

sentado apontou potencialidades, fragilidades e metas para serem realizadas em curto e médio prazo no ano de 2016. “O objetivo de estarmos presentes aqui é dar ciência a nossa comunidade interna sobre as ações que viemos desenvolvendo pela comissão durante o ano de 2015. A ideia é dar visibilidade, é muito importante que nossos colegas conheçam esse trabalho e estejam realizando”, relata a presidente interina da Comissão de Própria de Autoavaliação Institucional, professora Mônica Palomino. Na segunda assembleia, foi apreciada a nova proposta estatutária da Fundação Attila Taborda, que encaminha atualizações nos aspectos de composição e funcionamento da FAT. A apresentação foi feita pelo presidente da Fundação, professor Derly João Siqueira da Silva. “O estatuto da fundação precisa se modernizar para colocar a fundação dentro do contexto econômico e social que o Brasil vive atualmente. E também permitir que haja um funcionamento mais eficiente da própria fundação. Um exemplo disso

JEFERSON VAINER/ASCOM URCAMP

Prestação de conta foi realizada na noite de sexta-feira está no excesso de conselheiros que o estatuto antigo abrigava, na ordem de 42 pessoas, o que, muitas vezes, dificultava, inclusive, o quorum para iniciar as reuniões”, explica. Entre os números apresentados, um dos dados que impressionou os professores foi a capacidade de pagamento da universidade com seus fornecedores, folhas e dívidas que evo-

luiu em 407% de 2009 a 2015. A reitora Lia Quintana diz que a clareza dos números é o que mantém a confiança da comunidade interna na atual gestão. “Essa assembleia anual é onde a gestão, escolhida pelos professores presta contas. Primeiramente, na questão formal do estatuto e, depois, temos a evolução financeira da instituição. Estamos fazendo aqui o que

fizemos desde o início, mostrar a todos, com total transparência, as contas da universidade e projetarmos, a partir disso, as questões que envolvem a nossa instituição para o futuro”, justifica. O balanço completo, com os números devidamente aprovados pelos professores, será publicado na íntegra no Jornal MINUANO, nos próximos dias.


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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Eventos visam arrecadar verbas para ajudar menino que necessita de transplante ARQUIVO/JM

Eventos serão realizados para novas fases do tratamento do menino

A campanha de arrecadação de recursos para o menino João Guilherme, de quatro anos, que necessita de um transplante de rim vai ter continuidade. Num primeiro momento os pais dele conseguiram recursos para realização de exame em São Paulo. O MINUANO publicou reportagens sobre o assunto nas edições do dia 20 de junho e 6 de julho. João Guilherme, diagnosticado aos seis meses com insuficiência renal crônica, ou seja, perda do funcionamento de um dos rins, necessita de tratamento constante e consultas mensais em Porto Alegre e irá entrar na fila de trans-

plante. Conforme o pai do menino, Samuel Dullius Machado, vários grupos estão auxiliando na arrecadação. Hoje, acontece um bingo, às 18h30min, no salão da comunidade São Cristóvão no bairro Aeroporto Comandante Kraemer e, no domingo, será realizado um encontro de carros, promovido pela Associação Bajeense Automotiva de Sons e Baixos (Abasb) no Kartodromo de Bagé, com entrada de R$ 5. Além disso, no dia 22 de julho será realizado um pedágio no centro da cidade. “O grupo seguirá realizando eventos e pretende auxiliar outras crianças que tenham problemas de saúde”, diz Machado.

Em debate a Bagé de ontem, hoje e do amanhã

Em comemoração aos 205 anos da Rainha da Fronteira, a Associação dos Jovens Empreendedores (Aje) reuniu sócios e convidados em um encontro para discutir o tema “Bagé, de ontem, de hoje e do amanhã”. O evento aconteceu na Casa da Sete, nesta quinta-feira, à noite, teve como debatedores a integrante do Ecoarte Elvira do Nascimento (Mercinha), a arquiteta e urbanista Eulália Anselmo, o turismólogo Juliano Munhoz e como mediador Gladimir Aguzzi. No início das explanações, a primeira imagem projetada em um painel foi do antigo Mercado Público de Bagé. Ao fazer uma contextualização sobre o assunto, Eulália conclamou os presentes a serem vanguarda com o pé na história. Munhoz começou a explanação em torno do que foi o Forte de Santa Tecla para a história de Bagé e do Rio Grande do Sul. Segundo ele, a história foi construída naquele espaço. Para Munhoz, o local é o atrativo turístico mais lembrado e que foi um dos primeiros espaços arquitetônicos. Mercinha iniciou a fala frisando a chegada de Eulália a Bagé e os projetos que a arquiteta desenvolve em benefício da cidade, como ações pela recuperação do Arroio Bagé. “Ela (Eulália) abraçou o Arroio Bagé que sempre foi a nossa paixão”, elogiou Mercinha. Depois falou sobre as rique-

ROSANE COUTINHO/ESPECIAL JM

Evento reuniu empresários e convidados zas da Rainha da Fronteira e não deixou de mencionar que os próprios bajeenses desconhecem os tesouros da terra. “Os visitantes se encantam com as esquinas históricas da cidade”, afirmou. Sobre a visão de progresso, Eulália frisou que o passado sempre traz conhecimento. “A história não engessa, ela é nosso potencial”, argumentou e acrescentou que o passado tem que ser respeitado. Ao abordar as potencialidades do turismo, Munhoz falou que esse setor é uma atividade econômica que tem que ser explorada. Sobre a história de Bagé, o turismólogo acentuou a importância do Museu Dom Diogo de Souza nesse contexto. “Quem conhece o museu começa a ter outra

visão de Bage”, salientou. No encerramento do evento, Eulália afirmou que o sectarismo tem que ser combatido e que é preciso a sociedade bajeense conhecer e se apropriar da história. Sobre o Arroio Bagé, a arquiteta instigou os integrantes da AJE a realizar uma caminhada para conhecer melhor o manancial e a partir daí desenvolver algumas ações. Munhoz afirmou que a forma mais rápida de desenvolver o turismo é por meio de eventos e lançou um desafio aos jovens empresários para que sejam os capitaneadores dessa ideia. Mercinha encerrou fazendo uma explanação de cunho filosófico sobre a história do município e com a declamação de um poema.

João L. Roschildt

joaoroschildt.jornalminuano@outlook.com

De boas intenções o inferno está cheio

A

Câmara de Vereadores de Bagé, no final do mês de junho, aprovou mediante proposta da vereadora Janise Collares (PT), moção de apoio ao Projeto de Lei Complementar nº 10/2015, de autoria de Jandira Feghali (PCdoB), que busca criar a contribuição social sobre grandes fortunas (CSGF) para que se gere justiça tributária no Brasil. Mas por qual razão se deveria “taxar” (usando uma linguagem comum) grandes fortunas? Quais são os argumentos esgrimidos na moção e no projeto? Antes de tudo, deve-se salientar que há uma previsão na Constituição que embasa tal ideia, expressada pelo art. 153, VII. Mas o fato de estar na Constituição não significa que algo é correto, moralmente justificável e que produza os melhores resultados. Vamos aos argumentos. A moção de apoio centra sua pólvora na ideia de que o sistema tributário brasileiro é injusto e que “na forma proposta, a iniciativa incidiria sobre menos de 50 mil pessoas, porém geraria bilhões em impostos a serem aplicados na saúde dos brasileiros”. Pois bem, basicamente é a mesma argumentação do projeto de Lei Complementar. Saliento que não tenho procuração para defender o interesse dos mais ricos do País, nem faço parte dessa parcela populacional. Mas a moção e o projeto erram por não compreenderem algumas noções básicas acerca de fatos econômicos e teorias morais. O primeiro deles diz respeito a fuga de capitais. As experiências históricas mostram que um aumento na “carga tributária” para com aqueles que mais lucram, estimula a busca de locais mais aprazíveis para depositar as finanças, gerando investimentos nestes

novos locais. Investimentos que geram empregos; empregos que geram melhorias na qualidade de vida dos... mais pobres! O segundo diz respeito a ideia de que para gerar bens e serviços mais baratos há a necessidade de capital de investimento. Se o Estado retira tal capital daqueles que podem investir, há uma redução na capacidade de empreendimento, impedindo, por exemplo, a geração de empregos: os mais afetados, mais uma vez, são os mais pobres. O terceiro ponto crítico diz respeito a defesa (na moção e no projeto) de que para melhorar a saúde dos brasileiros pode-se instrumentalizar (economicamente falando) 50 mil pessoas. É possível instrumentalizar os bens e posses de alguém em nome da sociedade? É esta justiça “Robin Hood” que embasa a política no Brasil? Qual o limite de tal política em nome da causa “progressista”? O quarto ponto é que a economia não funciona como um “jogo de soma zero”, em que para o enriquecimento de alguém, há o necessário empobrecimento de outrem. A defesa da “soma zero” justificaria certa dívida dos mais ricos para com a sociedade brasileira, pois os mesmos explorariam os trabalhadores, legitimando a criação do CSGF (como uma “compensação”). Ao contrário: o fato é que a riqueza pode ser gerada do zero e as trocas econômicas podem ser positivas para todas as partes envolvidas, conforme atesta qualquer economista sério. Se as ideias têm consequências, é sempre importante lembrar que as intenções também. E neste ponto, fico tão perplexo quanto o economista Thomas Sowell: “Eu nunca entendi porque é ganância querer manter o dinheiro que você ganhou, mas não é ganância querer tomar o dinheiro dos outros”. Professor universitário


09 Movimento Estudantil deixa a reitoria da Unipampa Cidade

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Campus de Bagé foi o último a ser desocupado

Após 53 dias de ocupação, o Movimento Estudantil da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) deixou as dependências da reitoria, em Bagé, no final da manhã de ontem. A ocupação teve início no dia 24 de maio e foi a última, dos sete campi, a terminar. O protesto foi desencadeado após outras unidades da universidade darem início ao movimento. A pauta foi, basicamente, a mesma: maior investimento na educação para garantir o ensino de qualidade e infraestrutura adequada e em proteção aos terceirizados que foram demitidos em uma medida de contenção de despesas da instituição. Durante os quase dois meses de ocupação, a reitoria permaneceu aberta, com a realização de diversas atividades culturais abertas à comunidade. Assim, conseguiram fazer a atividade também servir aos anseios da comunidade, por atividades culturais, além de chamar a atenção para o arrocho das verbas destinadas à universidade.

A desocupação aconteceu no final da manhã de ontem, após os estudantes se reunirem com o reitor da instituição, Marco Antônio Fontoura Hansen. De forma conjunta, redigiram o ‘Manifesto de Desocupação’, em que se comprometeram em se retirar do prédio, mas com a garantia de alguns pontos, entre eles, a não perseguição dos membros por parte da reitoria; tentativa de manutenção, por parte da gestão, de todas as bolsas estudantis, buscando possível ampliação; e buscar, junto ao governo federal, recursos para a retomada e finalização das obras paralisadas do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). Os estudantes ressaltaram, porém, a insatisfação com a falta de incentivo a ambientes de lutas sociais, como reconhecimento do aluno como ser atuante na comunidade acadêmica. Também pontuaram a insuficiência do apoio na luta dos secundaristas e terceirizados, no debate nacional sobre precarização da educação e direitos trabalhistas.

Ao Jornal MINUANO, o reitor garantiu que a desocupação foi realizada de forma pacífica e ordeira. Ele garante que sempre houve diálogo com os estudantes, especialmente através de uma comissão formada, especialmente, para acompanhar a ocupação realizada pelo Movimento Estudantil. Hansen reforça que fez o que foi necessário para garantir que a universidade seguiria funcionando até o final do ano. Entre a Lei Orçamentária Anual (LOA), de 2015, para a LOA de 2016, houve um decréscimo de R$ 29 milhões, quando o orçamento previsto para investimentos na universidade baixou de R$ 84 milhões para R$ 55 milhões. Após o contingenciamento econômico do governo federal, a verba, que já era muito menor que o necessário, caiu ainda mais, perdendo cerca de R$ 20 milhões. Com apenas R$ 35 milhões, a nova gestão, que assumiu a universidade, há menos de um ano, elencou as prioridades de investimento

e um brusco corte de gastos. Entre os cortes realizados, cerca de 25% dos funcionários terceirizados, responsáveis pela segurança e limpeza das unidades. “Se não produzisse esses cortes, o dinheiro que tínhamos disponível não chegaria ao final do ano. Com algumas ações, garantimos que vamos chegar até o encerramento desse ano letivo, mas muito apertados”, explica. Hansen afirma, ainda, que irá tentar recuperar o orçamento perdido na LOA de 2017 para dar continuidade às obras paradas e também resgatar os postos de trabalho perdido, ou seja, garantir verbas para recontratar os 25% dos funcionários terceirizados demitidos nesse ano. Ele ressaltou, ainda, que, atualmente, a Unipampa possui uma estrutura equivalente a 43% do que é necessário para atender os 64 cursos da instituição. Com 10 anos desde a fundação, Hansen ressaltou que a universidade ainda é jovem e tem uma longa caminhada e que necessita de um grande vulto de recursos para

ANTÔNIO ROCHA

Hansen afirma que irá buscar recuperar os postos perdidos na LOA de 2017 atingir a estrutura ideal. “A gestão repudia todos os cortes na Educação, estamos absolutamente contra isso. Batalhamos recursos para não prejudicar a qualidade de ensino, gratuito e inclusivo, que oferecemos”, diz. A reportagem não conseguiu retorno com o Movimento Estudantil sobre a desocupação do prédio.


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Cidade

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CEREALISTA CORADINI

ITAIMBÉ


FOTOS ARQUIVO/JM

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MINUANO CONVIDA

Venha percorrer uma gra nde reportagem especial que busca esclarecer a forma ç étnica que gerou a Rainh ão a da Fronteira

Especial BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

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Bagé 205 anos

Entenda o espírito dessa gente que transita entre a tradição e os desafios da modernidade. Venha descobrir também, que o perfil médio do bajeense é, na verdade, uma mulher. Pois é, já temos nossa Rainha.


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Especial

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Com muito fôlego para crescer

Bagé tem cheiros, cores e sons. A Rainha da Fronteira também tem pele; se declara branca, é urbana, trabalha no comércio e sustenta a família com pouco mais de um salário mínimo. O perfil médio, traçado a partir da radiografia elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na faixa etária da população adulta que concentra a maior densidade demográfica, revela crenças, expectativas e hábitos que surpreenderiam dom Diogo de Souza. Há exatos 205 anos, quando o primeiro comandante da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, durante a primeira Campanha da Cisplatina, resolveu atravessar o rio Jaguarão, em direção a Cerro Largo, deixando por estes cerros parte do efetivo, ninguém poderia imaginar que o futuro reservaria ao cenário de acampamento militar uma supremacia feminina. Se a maior cidade da Campanha gaúcha fosse uma pessoa, seria, muito provavelmente, uma mulher. Com base nos levantamentos oficiais ainda é possível supor que moraria em imóvel próprio; numa pequena casa de dois dormitórios, com um banheiro, sala, cozinha e acesso a rede de água e esgoto. Bagé teria cerca de 30 anos, em idade biológica, e a responsabilidade de sustentar a família com uma coroa nova, que repousa sobre sua testa desde 2001, por força de lei municipal. Foi por meio de legislação, inclusive, que adotou algumas personalidades ilustres, a exemplo de Leonel de Moura Brizola, João Goulart (Jango) e Edson Arantes do Nascimento (Pelé), expoentes da política e do esporte para quem dedicou títulos de cidadania. Bagé é católica, mas reconhece a diversidade religiosa. A manifestação do pensamento desta nobre fronteiriça passa, inevitavelmente, pelo plenário da Câmara, onde defendeu a valorização do samba de roda, da

cultura tradicionalista, do bem estar animal e da consciência negra. Foi por meio do Legislativo que assumiu o compromisso de dedicar, pelo menos, um dia de cada ano à reflexão sobre o combate à violência, à homofobia e ao capim annoni. Preserva memórias atreladas a edifícios, pontes, ruas, igrejas, torres, festivais, estádios, palmeiras, arroios e rios. É favorável às cotas para negros no serviço público e contra o bullying. Aposta na defesa dos direitos da pessoa com deficiência e no potencial tecnológico. A Rainha é afeita à tecnologia. Assimilou muito cedo o uso da energia elétrica. Demorou a aderir ao telefone, é verdade,

mas tomou gosto pela inovação. Através da internet, consome rádio e jornal. A televisão ainda representa seu principal eletrodoméstico. Utiliza o automóvel para transporte, trabalho e lazer. É cosmopolita, miscigenada, solidária e diplomática: uma referência para os vizinhos. Pacificada, surpreendente e emancipada em todos os níveis. Uma Rainha de mentalidade complexa, em constante transformação, que pode ser compreendida a partir da perspectiva da antroposofia, criada pelo filósofo Rudolf Steiner, que estabelece uma espécie de ‘pedagogia do viver’. A doutrina filosófica pressupõe uma forma cíclica de vida. Com base na denomi-

nada ‘teoria dos setênios’ é possível intuir que, se Bagé fosse, de fato, uma mulher de, aproximadamente, 30 anos, estaria em uma fase decisiva, pontuada pela superação das experiências básicas e diante de escolhas cruciais, traçando sua própria história. Elaborada a partir da observação dos ritmos da natureza, esta visão de mundo também pode ser entendida como uma metáfora, onde os setênios não seriam exatamente o período de sete anos no tempo cronológico, mas a delimitação de contextos históricos distintos. Nas duas perspectivas, porém, se aplica muito bem à cidade que é, antes de tudo, o resultado da força de sua gente.


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Especial BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Uma cidade de Joões, Marias e Sebastiões

As Marias estão em maioria. Levantamento nou filosofia, ciências e letras em instituições de eninédito, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geo- sino da rede estadual. Exerceu diferentes funções grafia e Estatística (IBGE), com base no Censo De- em distintas esferas do poder público, até se aposenmográfico de 2010, revela que o nome identifica tar e retomar os estudos, na Escola doutor Antenor 4.146 mulheres, em Bagé. João é o mais popular Gonçalves Pereira (Geteco), se valendo do potenentre os homens. São pelo menos 1.873 registros. A cial bajeense para o desenvolvimento da educação. pesquisa revelou, entretanto, que o padroeiro da ci- “Concluí o curso técnico em Transações Imobiliádade inspirou, no mínimo, 23 famílias bajeenses rias e abri minha própria empresa”, destaca. Sebastião Molina foi militar, a exemplo do desde a década de 1920. Com origem no grego Sebastianós, derivado da santo, e alimenta uma teoria própria sobre a devopalavra sebastós, que exprime a ideia de veneração, o ção local ao padroeiro. “A presença do Exército, na nome Sebastião, embora não esteja entre os mais po- cidade, sempre foi muito marcante. Quem observa a pulares da cidade, habita as primeiras páginas da his- trajetória de Bagé, logo nota que praticamente todas tória bajeense e, justamente, por conta da devoção ao as batalhas travadas nesta fronteira tiveram como santo soldado. A imagem do Tiago Rolim de Moura mártir nascido na França, condenado à morte pelo imperador romano Diocleciano, em função da conduta branda para com os prisioneiros cristãos, ajudou a consolidar o povoado que nascia a partir de um acampamento militar, na fronteira de dois mundos, ao Sul das Américas. E o tempo comprovaria que referências em documentos oficiais poderiam esconder coincidências surpreendentes. O nome do santo foi muito popular na Europa, durante a Idade Média, inspirando outras formas, a exemplo de Sebastian, Sebastião Molina chegou a deixar a cidade, Bastian e Bastien, comuns na França e na Espanha durante mas hoje não pensa em outro destino aquele período. Esta tradição de batismo, no entanto, atravessaria as barreiras crono- palco a Catedral. Creio que os resultados favoráveis lógicas e físicas da Península Ibérica, para gerar fizeram aumentar a fé no santo”, avalia o neto do novos ciclos em solo gaúcho. Quando assentou raí- imigrante espanhol. Sua relação com a Rainha da Fronteira extrazes na costa do rio Jaguarão, em terreno bajeense, vindo da Argentina, o imigrante espanhol Sebastião pola a dinâmica de avaliações, vendas e permutas de Molina não poderia supor que estava construindo imóveis, imposta pela profissão mais recente, exercida desde 2012. O novo Sebastião da família Moliuma nova espécie de legado. O núcleo contemporâneo da família Molina na, que chegou a deixar Bagé na infância, quando conta com uma nova referência de Sebastião. “Se morou em Lavras do Sul, hoje não pensa em outro trata, na verdade, de uma homenagem ao meu avô”, destino. “Criei raízes neste chão. Foi onde casei pontua o versátil corretor imobiliário, que, ao longo (com Dalila) e vi minhas filhas (Fabíola e Fernanda) de seus 70 anos incompletos, cursou Direito, lecio- crescerem. É a cidade que me deu tudo”, define.

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Especial

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Migração de povos auxiliou na formação da identidade cultural e econômica de Bagé

A história de Bagé foi construída por uma mistura de culturas e raças, que até hoje influenciam no cotidiano do município. Comércio, agricultura, pecuária, gastronomia, arquitetura e várias outras áreas foram fomentadas, desde o início do século 19, por imigrantes que escolheram estes rincões. Portugueses, espanhóis, italianos, libaneses, sírios, palestinos, ingleses, suecos, judeus, afro-descendentes, japoneses, uruguaios e índios ajudaram a formar a economia da cidade.

Até o século 16, toda a região do Pampa gaúcho, era ocupada, predominantemente, pelos índios Charruas. A colonização europeia da região iniciou no final do século 17, com portugueses e espanhóis. Algumas dessas etnias formaram sociedades e mantém até hoje o espírito da terra natal. Pelo menos cinco representações oficiais preservam tradições e registros da presença dos imigrantes na história bicentenária de Bagé.

arquivo jm

De além mar A Sociedade Portuguesa de Beneficência de Bagé foi fundada em 1870, no suntuoso prédio que hoje abriga o Museu Dom Diogo de Souza. Teve como primeiro presidente Joaquim da Costa Guimarães. A estrutura serviu como hospital até ser ocupada pelo Exército na Revolução de 1893. Representa, hoje, um dos principais símbolos da arquitetura bajeense. Os primeiros imigrantes portugueses chegaram pelo Porto de Rio Grande de navio. Conforme o presidente da Sociedade Portugue-

sa, Jorge de Quadros Malafaia, alguns ficaram em Pelotas e Rio Grande e outros se espalharam pela região da fronteira. Os portugueses investiram em terras e estâncias, a exemplo do visconde de Ribeiro Magalhães. “A arquitetura é um dos legados da cultura portuguesa. A maioria dos prédios tombados no centro da cidade, foram construídos pelos colonizadores”, disse. Atualmente, a sociedade tem 90 associados e cerca de 200 descendentes. Antônio Rocha

Sociedade espanhola é a mais antiga do Brasil

Sangue espanhol

Malafaia afirma que uma das contribuições é a arquitetura

A Sociedade Espanhola, idealizada em 1868, pelo alfaiate José Loza, teve como primeiro presidente Ramón Galibern. A sede social e o teatro situam-se na rua Costábile Hipólito, obra do arquiteto malageño Henrique Tobal. Foi inaugurada em 1934. O sonho dos fundadores tornou-se realidade em 1905, com o Solar da Sociedade Espanhola, que hoje abriga o Instituto Municipal de Belas Artes (Imba). Conforme a presidente da Sociedade Espanhola de Bagé, Guillermina Morales González, o primeiro

registro de espanhóis na cidade foi datado de 1810, do cidadão Domingo Curbelo, natural de Canárias, e 412 espanhóis, vindos das mais diferentes regiões daquele país. A Sociedade é a mais antiga do Brasil. Guillermina informa que, entre os espanhóis, as profissões eram variadas, pois existiam arquitetos, artesões, médicos, pianistas, maestros, escultores, pintores, desenhistas, violinistas, violoncelistas, cantores, contrabaixistas, poetas, escritores, agricultores, comerciantes, fotógrafos, en-

fermeiros, jornalistas, ferroviários, professores, guarda-livros, relojoeiros, joalheiros e construtores. A presidente conta que Emílio Guilayn foi um dos sócios fundadores. Ele foi o responsável pela instalação do primeiro banco, da luz elétrica e também trouxe o primeiro carro para Bagé. Galibern, que tinha um comércio no município, fez a doação dos sinos e do relógio para a Catedral de São Sebastião. Hoje, a Sociedade Espanhola conta com 12 sócios natos da Espanha e mais de 100 descendentes.


Especial

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Pioneirismo italiano A Sociedade Italiana de Beneficência Anita Garibaldi foi fundada em 1871. Teve Giuseppe Bina como primeiro presidente. É anterior ao marco inicial da imigração italiana no Rio Grande do Sul, que remonta 1875. A primeira sede, inaugurada em 1887, foi demolida em 1950, para a construção da atual, com dois pavimentos. Conforme o tesoureiro da sociedade, Luciano Vaciloto, até hoje houve três períodos de migração para Bagé. “Os primeiros vieram da Argentina, encontraram uma cidade progressista e aqui ficaram e fundaram a sociedade”, destaca. O segundo grupo veio em 1947, após a Segunda Guerra, e, por último, uma migração interna,

dentro do país, em 1970, de imigrantes da região de Santa Maria, que vieram em busca de nova fronteira agrícola. Entre os pioneiros, o tesoureiro cita Felice Fenocchi, que tinha uma fábrica de biscoitos no início do século 20, os irmãos Guisolfi e Pattarelli, que fundaram uma caieira, e os Vacilloto, que fabricaram o primeiro sabão em pó do Rio Grande do Sul e possuíam uma fabrica de móveis. “Os italianos estão presentes na área industrial, na agricultura e em influências gastronômicas”, pontua, ao destacar que a padaria Moderna também foi fundada por italianos. A sociedade conta, hoje, com 92 sócios titulares e 360 descendentes.

Fronteira celeste

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Tiago Rolim de Moura

Por ser um município fronteiriço, a cultura gaúcha se mistura com a do país vizinho. O presidente da Sociedade Uruguaia de Socorros Mútuos, Daniel Guasque, destaca que Bagé chegou a integrar o território espanhol, que deu origem ao Uruguai. Guasque destaca que as gineteadas, a milonga e culinária são semelhantes. “É difícil separar e relatar as contribuições por serem culturas muito parecidas”, argumenta. De acordo com o presidente, a sociedade foi fundada em 1929, com o intuito de preservar a tradição e dar auxílio para os conterrâneos. Para ele, existe uma comunhão entre os povos e os uruguaios são muito bem tratados em Bagé. “É uma fronteira aberta”, constata. A representação também possui cerca de 90 sócios. No último levantamento realizado pela Polícia Federal, em 2010, foram listados cerca de cinco mil uruguaios vivendo em Bagé.

Tiago Rolim de Moura

Aposta no comércio

Leilah conta que seu povo encontrou liberdade de trabalho

A migração palestina acontece desde o descobrimento do Brasil. Os primeiros imigrantes vieram para a América Latina no final do século 18. A partir de 1954, vários ambulantes começaram a chegar ao rio Grande do Sul. Conforme o representante da comunidade palestina Jumah Leilah, houve três períodos de migração: o primeiro no final do século 18, o segundo após a Segunda Guerra Mundial e o terceiro com a destruição de países árabes. Leilah menciona que até 1913, todas as nações árabes eram dominadas pela Turquia e

os passaportes dos cidadãos que ingressavam para o Brasil eram turcos. “Não importava o país de origem”, esclarece. O palestino menciona que toda a migração dos povos árabes se deu pela repressão violenta. Atualmente, a comunidade em Bagé conta com cerca de 300 pessoas. O povo palestino atua, principalmente, no comércio. Leilah afirma que encontrou no município a liberdade para o trabalho e o respeito entre os povos. “Hoje, temos descendentes atuando em todas as áreas”, acrescenta.

Miscigenação Pesquisa realizada pelo historiador Cláudio Antunes Boucinha identificou nove origens étnicas em Bagé. Além da luso-brasileira, espanhola e italiana, o estudo destaca a contribuição francesa, alemã, árabe, judaica, polonesa e, em destaque, a afro-descendente, com importantes contribuições na cultura, no esporte e

na culinária. Em relação à colonização japonesa no País, um estudo apontou Bagé como referência para a imigração, especialmente por causa do tipo de solo favorável ao trigo. Há registros de libaneses no final do século 18. A entrada desses primeiros imigrantes no Rio Grande do Sul se deu pelo porto de

Rio Grande, a partir do Porto de Santos e também por vias terrestres, a partir da Argentina e do Uruguai. Ainda segundo a pesquisa, as charqueadas do português Visconde de Ribeiro Magalhães contaram com ‘investimento inglês’. Este processo também trouxe irlandeses para a cidade.

Cultura gaúcha é um dos legados do país vizinho


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Especial

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divulgação

Durante visita ao Museu, crianças receberam máscara para celebrar o aniversário de Tarcísio Taborda

Os guardiões da memória de Bagé

Há 205 anos, o vento Minuano já soprava há muito por essas paradas, assobiando por entre as frestas e rachando a pele dos que se aventuravam a morar em terras tão aguerridas e povoadas por histórias de batalhas. E ele, provavelmente, soprava frio quando Dom Diogo de Souza, comandando o Exército Pacificador da Banda Oriental, tomou a decisão de deixar por essas paragens, mais tarde conhecida como Bagé, parte do séquito que partia com ele em direção à Cerro Largo, nos idos de julho de 1811.

Mas não apenas o vento é testemunha da história. Objetos, livros, relatos, e a própria arte, podem ser a narração materializada da trajetória de um povo. Se esses objetos podem representar a narrativa de Bagé, locais como o Museu Dom Diogo de Souza e Museu da Gravura Brasileira, Arquivo Público Municipal, Centro Histórico Vila de Santa Thereza e o Instituto Municipal de Belas Artes (Imba) são as redomas onde a arte não perde a cor, os relatos não perdem as letras e os objetos não perdem o sentido.

Palácio de sonhos

Quase sexagenário, o Museu Dom Diogo ocupa o imponente prédio da Sociedade Portuguesa de Beneficência desde março de 1975. A instituição dedicada a manter viva a história de Bagé ocupa um dos mais belos prédios do município, fundado no final do século 19, que também serviu como Hospital Militar para a Guarnição de Bagé. Já a história do acervo teve início em maio de 1955, durante uma exposição em celebração aos 200 anos de nascimento do fundador da cidade, com material fruto de pesquisa de Tarcísio Taborda. Primeiramente, funcionou em um espaço cedido pelo Lar Vila Vicentina, deixando o local apenas para se instalar no atual prédio. Por meio do vasto patrimônio, é possível conhecer um pouco da história da cidade, das batalhas e revoluções travadas nestas cercanias e relembrar figuras ilustres, como o próprio Taborda, através da caminhada pelas salas. Além disso, é possível realizar visitas ao passado nas páginas de dezenas de jornais na Hemeroteca Isidoro Paulo de Oliveira, que resguarda da ação do tempo volumes completos, como do primeiro impresso da cidade, ‘Aurora de Bagé’, que passou a circular a partir de 1861, Correio do Sul e O Bajeense. A Fototeca Túlio Lopes abriga uma coleção de mais de 100 mil fotografias, doadas por fotógrafos, famílias e imprensa da cidade. Além disso, todo o acervo do Museu Pa-

trício Corrêa da Câmara também está disponível no local, pois foi transferido para lá após um incêndio afetar a estrutura original, no Forte de Santa Tecla. Atualmente, o museu é gerenciado pelas artistas Maria Luíza Pêgas (Lala), que atua no local desde a década de 80, e Carmen Barros (Lula), com auxílio de funcionários. A Fundação Áttila Taborda é a mantenedora do espaço. Com olhar sensível às necessidades do espaço, ambas trabalham em conjunto para mantê-lo sempre com a fagulha da memória acesa. Ambas não gostam de serem tratadas como coordenadoras, e sim integrantes da comissão gestora, porque “o museu é da comunidade, é das pessoas que o procuram, é de quem sabe que através de uma foto, uma parte de sua própria história vai ser guardada aqui”, como comenta Lula. Artistas plásticas por formação destacam que o museu é uma célula viva, em constante mutação, já que a história não é somente o passado, mas sim também o presente que está ocorrendo no instante. Assim, acreditam que a história se expande, assim como a reminiscência, não apenas através do acervo, mas também pelas narrativas da própria comunidade a partir de suas experiências. “Todos somos guardiões. Todos temos nossas participações e responsabilidades de seguir mantendo viva a memória”, define Lala.

Tiago Rolim de Moura

Bisneta do Visconde Ribeiro de Magalhães, Marilu luta com a associação para preservar a história de Santa Thereza


Especial

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Tiago Rolim de Moura

Pupilo de Taborda Neste local, a história não é medida em tempo, em número de páginas ou livros, e sim em metragem. Então, os 205 anos de Bagé poderiam ter a extensão de seu território. A narrativa palpável, disponibilizada através de papel, cabe toda dentro do espaço destinado ao Arquivo Público, atualmente com a administração do advogado e pesquisador, Cláudio de Leão Lemieszek. Pupilo e admirador confesso de Tarcísio Taborda, foi dele que o portoalegrense herdou o fascínio pela história da Rainha da Fronteira. Chegado a Bagé aos 20 anos, em sua primeira audiência após a formatura, conheceu Taborda, o juiz encarregado. “Este pedaço encantado de Brasil foi o berço de grandes ho-

Lemieszek define a si mesmo e ao Arquivo como “meros repositórios da história feita, cultivada e guardada pelos bajeenses”.

Todos temos nossas participações e responsabilidades de seguir mantendo viva a memória.

Herança compartilhada A história de vida de Maria Luíza Teixeira da Luz, inevitavelmente, se une à do Centro Histórico erguido sobre o leito da estrada de ferro que liga Bagé a Rio Grande. Atualmente, presidindo a Associação Pró-Vila de Santa Thereza, ela é a bisneta do visionário responsável pela construção do império do charque, erguido pelo Visconde Antônio Nunes Ribeiro de Magalhães, na virada do século 19. Ela destaca que a grande responsável pela transformação das ruínas em um dos principais pontos de cultura e lazer da cidade, entretanto, foi Ierecê Belmonte Moglia, Cecê, como era chamada, falecida em 2011. A pianista recebeu pedidos da comunidade do entorno das antigas construções, pedidos de socorro para salvar a capela de Santa Thereza.

Como participantes do Cenarte, ela, Marilu e outros integrantes do grupo, como a artista Lala Pêgas, deram início ao movimento em 1999. Em 2003, receberam apoio da Coopesul/Brasken para transformar o local em um complexo histórico. Marilu ainda relembra o receio de Cecê quando recebeu a notícia. “Ela ficou muito ansiosa, porque imaginava que era um projeto muito grande e tinha medo de não conseguir dar conta. Levamos adiante e, é claro que ela conseguiu fazer tudo magistralmente, mas não chegou a ver o resultado de seu esforço”, lamenta. Dona Cecê, adoeceu e entrou em coma antes da inauguração do complexo, que conta com a capela restaurada, Theatro Santo Antônio pronto e parte da estrutura do memorial, em 2008.

mens, heróis, pensadores. Tarcísio foi um deles e eu tive a honra de ser um de seus discípulos diretos”, conta. Assim, deu início, também, às pesquisas sobre os feitos dos antepassados desta terra, segundo ele, “local de guerreiros, aventureiros, que enfrentaram todos os desafios em defesa de seu rincão”. A paixão foi tamanha que começou a reunir material suficiente para publicação em formato de livros. Com o conhecimento adquirido em seus mais de 40 anos de pesquisa, adquiriu credibilidade e respeito, que lhe renderam o convite para desenvolver as atividades à frente do Arquivo, há cerca de cinco anos. Atualmente, é o guardião de importantes documentos, como alforrias de es-

Atualmente, apenas a primeira fase do projeto foi executada. A associação trabalha de forma voluntária para garantir a permanência de eventos já consolidados, como o Carnaval no tempo das marchinhas e o Festival Internacional de Cinema da Fronteira. É da venda de produtos nestas festas e com apoio do poder público que mantém o local. Os recursos disponíveis ainda não são o suficiente para garantir o término do prédio do memorial, que contará não apenas a história de todo o complexo, mas também da própria luta travada por Cecê para garantir a permanência do espaço histórico. “Estamos trabalhando devagar, da forma que é possível, mas vamos conseguir finalizar o memorial, que vai ter um cantinho especial para a ela”, garante.

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cravos, correspondências assinadas pelo Duque de Caxias e, até mesmo, uma carta de sesmaria assinada a próprio punho pelo imperador Dom Pedro. “Uma grande quantidade deste material”, ele ressalta, “foi doado pela família do historiador Eurico Salis, que mantinha guardado, e intocado, há mais de 50 anos”. Fundado em 1997, o Arquivo é uma das fontes mais completas e fidedignas, junto ao museu, da história de Bagé, com um grande acervo de periódicos, registros pessoais de personalidades, como o Visconde Ribeiro de Magalhães. Aos 65 anos, ele destaca que não vê a si mesmo e ao local como guardiões, e sim “meros repositórios da história feita, cultivada e guardada pelos bajeenses”.

Templo de sons eternos

Uma das mais respeitadas professoras que passaram pelo Instituto Municipal de Belas Artes (Imba), Neiva Petri Martinez, ingressou com 14 anos no então chamado de Conservatório de Música. Foi ali que aperfeiçoou seus dons musicais, especialmente na flauta doce, e em pouco tempo já frequentava o espaço com outro status, dessa vez como professora. O conservatório havia sido fundado em 1921 e funcionava no prédio que o abriga, atualmente, desde 1937. O local teve sua construção iniciada em 1902 e ficou pronto somente em 1929. A estrutura ainda pertence à Sociedade Espanhola, que o aluga para o poder público. De sangue e forte influência espanhola, Neiva logo se sentiu em casa. E à vontade, logo começou a mostrar a que veio. Foi a responsável pela implantação de uma grande quantidade de cursos que, ainda hoje, são muito reconhecidos por toda a classe artística. Ao longo de mais de 40 anos dedicados à música e ao Imba, trabalhou com grandes nomes que passaram pela direção do local, como Rita Jobim Vasconcellos, que hoje empresta seu nome à instituição. Neiva relembra com graça dos desfiles com a banda de fanfarra, atual banda marcial, criada por ela. “Era na época da minissaia e eu queria que as meninas usassem, mas os professores e a direção achavam ousado demais. Então, nós nos mostrávamos com a saia do tamanho normal, na altura do joelho, e quando estávamos descendo para nos preparar para o desfile, subíamos o cós das saias abaixo do sutiã e prendíamos com elásticos para encurtar o tamanho”, recorda, rindo. Para ela, que fundou o primeiro curso de flauta doce oficializado no Rio Grande do Sul, na década de 1970, o local foi sua casa e os alunos, sua família. “O Imba é eterno. Enquanto existir um aluno, jamais morrerá”, garante.


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Especial

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fotos Tiago Rolim de Moura

Amor e cuidado que mantêm os clubes

Um clube de futebol não é uma empresa, mas envolve gestão. É preciso gerenciar dinheiro recebido em patrocínio, direitos dos atletas e renda de jogos. É preciso realizar contratações, demissões e trabalhar com publicidade para atrair o público – seja para ganhar sócios ou convidar os torcedores para o estádio. Mais importante do que tudo isso, porém, é a paixão. O que mantém um time vivo não é o lucro dos negócios, mas o amor dos torcedores. Para continuar uma tradição bajeense, dividida em nações de duas cores, que completa 95 anos de disputas em campo no dia 31, mais do que o trabalho das direções, é preciso também o esforço de quem transita pelos bastidores de cada estádio.

Tiago Rolim de Moura

Cozinheira começou a trabalhar no Estrela D’Alva neste ano

Coração de Índio Bagé tem dois clubes profissionais, unidos pela rivalidade desde 1921, quando empataram em 2 a 2, no primeiro clássico disputado na cidade. A ausência de estatísticas oficiais torna impossível mensurar qual deles tem a maior torcida. Para Cátia Cilene Aguirre, 37 anos, porém, não resta dúvida de que o Guarany briga, e com força, por este título. Cátia é responsável pela alimentação dos jogadores do alvirrubro. O serviço é feito diariamente. Ela trabalha das 17h às 20h. A cozinheira, que prepara os jantares dos atletas, reside em Bagé há quatro anos. Sua rotina, desde março, pouco tempo após trocar Itaqui pela Rainha da Fronteira, é dividida ente as paredes do Estrela D´Alva e um restau-

rante da cidade. “Aqui tudo é novidade para mim”, comenta. Em geral, o trabalho é feito à tarde. Nos dias de disputa, porém, é responsável, também, pelo café da manhã e o almoço. O trabalho merece atenção especial nos dias que antecedem as partidas oficiais. “Véspera de jogo é diferenciado. Preciso ter cuidado com os temperos e para não fazer nada muito pesado”, explica. Os cuidados são específicos para quem tem um objetivo diferente, como quem precisa perder peso, por exemplo. Sobre o convívio com os jogadores, ela conta que consegue manter um relacionamento bom com o grupo. “Chegam a falar, às vezes, que pareço com a mãe deles”, brinca.

À flor da pele

A dedicação de Cátia pode refletir no desempenho do time no campo, onde é possível ver e sentir o jogo, por meio das reações da torcida. Nenhuma percepção é tão peculiar, entretanto, quanto a de Róger Domeneck, 28 anos. Presença marcante em, praticamente, todos os jogos do alvirrubro no Estrela D’Alva, ele só entra no estádio para apoiar o time que não vê. Domeneck perdeu a visão ainda na adolescência, mas isso não o impede de vibrar com toda a torcida. Da arquibancada, com o ouvido colado no rádio, ele acompanha todos os passos dos jogadores. A paixão é antiga. Nasceu aos cinco anos, quando um amigo da família, Assunção Pereira Barcelos, o levou até o ‘templo’ da avenida Padre Abílio Sponchiado, para um clássico inesquecível. Questionado sobre o que sente quando vai aos jogos, Domeneck conta que ‘gosta de ficar na bagunça’. “Adoro ficar perto da charanga, torcendo”, confessa. O alvirrubro diz que, além de vestir a camiseta e torcer, chora quando o time faz gol e passa as partidas roendo as unhas. Sobre uma das coisas que deixou de fazer, para ver o Guarany, quem lembra é sua mãe, Cleonisse Domeneck. “No Dia das Mães, ele não veio almoçar comigo, foi ver o jogo”, conta. Uma das maiores alegrias com o clube, segundo ele, foi a vitória do Campeonato Gaúcho de 2006, quando o time venceu o rival, na sua casa, no penúltimo jogo do certame. O que move o torcedor, para ele, é justamente a expectativa de ver o time evoluir. “A gente vai e fica na torcida, temos esperança de que um dia ele suba”, pondera.


Especial

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Conde tem 94 anos e não deixa de apoiar o clube

Tradição familiar

O amor pela camisa que conquistou o principal título do campeonato do Rio Grande do Sul duas vezes move Nilceu Machado Conde, 94 anos, desde a infância. Ele conta que aprendeu a torcer com a família. Quando questionado sobre do que já abriu mão para acompanhar o alvirrubro, responde que “deixa tudo para ver o Guarany”. Conde conseguiu influenciar também a maior parte de sua nova geração. Dos oito netos, seis torcem para o Índio, e dos quatro filhos, todos se tornaram alvirrubros. O patriarca participou de um dos momentos mais marcantes do clube, em 1938, quando o Guarany conquistou a segunda taça do campeonato gaúcho da primeira divisão. No final de semana em que concedeu entrevista ao Jornal MINUANO, Conde estava com a neta, Viviane Conde Fernandes, e o namorado dela, Luís Diego Soares. Hoje, ele sempre vai até o Estrela D’Alva acompanhado. “Venho sendo carregado, mas venho”, brinca.

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Espírito cooperativo Entre os muros amarelos da rua Líbio Vinhas, no bairro Menino Deus, a dedicação também é uma tônica. Alexandre da Silva, 35 anos, que trabalha na manutenção do clube, ilustra muito bem a realidade jalde-negra. O roupeiro do Bagé começa seu trabalho por volta das 7h30 e só termina próximo das 3h. Há seis anos Silva realiza a atividade, ajudando na manutenção. O local também serve como casa para o funcionário. Ele conta que foi indicado pelo treinador Badico. Antes do Bagé, Silva trabalhava na escolinha do Genoma Colorado. “Eu arrumo os materiais, recolho e lavo. Lido com os equipamentos dos treinos, dos jogos, até as chuteiras”, enumera. Quando a temporada acaba, o funcionário passa a trabalhar no bar do Bagé, ajudando, também, na manutenção do estádio. “Já seguimos o preparo para a temporada seguinte”, relata. Ele conta que começou a torcer quando iniciou o trabalho no time. O roupeiro acompanha o grupo em todas as viagens. Hoje, fez amizade com diferentes profissionais que passam pelo clube. “É como uma grande família. Pretendo continuar trabalhando. A gente torce e, acima de tudo, veste a camiseta jalde-negra”, declara. Tiago Rolim de Moura

Tiago Rolim de Moura

Torcedor pretente tatuar a camiseta do time no corpo

Estampa no peito

“Da última vez que contei, eram 36 camisetas”, adianta Gregory Borba Ricardo, 23 anos, enquanto carrega sua coleção de uniformes do Grêmio Esportivo Bagé. Para manter a coleção que é capaz de dar inveja a qualquer jalde-negro, o estudante de biolo-

Sem fronteiras

Silva mora no clube há seis anos

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gia recorda que já chegou a trocar um aparelho DVD automotivo por uma camisa do time. “Custava R$ 800. A minha mãe quase me matou”, brinca. Ricardo recorda de quando comprou a camiseta de um catador. “Vi que ele estava usando e troquei pela minha e mais R$ 10”, diz. Ele também guarda uma faixa que ganhou da torcedora Marlene Soares Britto, que faleceu após um acidente, em junho do ano passado. “Tem valor sentimental, porque ela era torcedora, mas também era minha amiga fora do estádio”, confessa. Além dos símbolos que guarda no quarto, Ricardo também carrega o brasão do Bagé no peito. “Fiz depois de uma derrota para mostrar que sou torcedor de verdade”, comenta. O amor pelo time é influência do pai. “Minha primeira lembrança com ele é em um estádio”, conta. A importância do clube em sua vida é tamanha, a ponto de tirá-lo de um vestibular. “Eu tinha estudado todo o ano para entrar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no dia da prova tinha o Ba-Gua do bicentenário. Preferi ficar em Bagé”, lembra. “Não existe divisão. Pode ser a quinta ou sexta, eu vou continuar acompanhando”, garante.

A dificuldade de locomoção não é empecilho para Stalin Rivero, 62 anos. A paixão pelo time jalde-negro iniciou na infância, quando Rivero era levado ao estádio por seu tio. “Ele tinha um açougue em frente ao Pedra Moura e me trazia. Meu pai era Guarany”, destaca. Um dos torcedores mais fiéis, ele acompanha o Bagé não somente nos jogos em casa, mas também nas viagens. Esse ano foi até Rio Grande, Pelotas e Igrejinha. “No ano passado, eu não faltei aos jogos”, recorda com orgulho. O torcedor sofreu um acidente há cinco anos. Ele trafegava de motocicleta na avenida São Judas e teve a perna arrancada na colisão com um automóvel. Após o fato, ficou três meses no Rivero carrega a foto de quando hospital e oito meses em recuperação em entrou em campo, aos sete anos, e casa. Assim que conseguiu se adaptar à cadeira de rodas, voltou a ver o time de perto. uma bandeira jalde-negra Para o estádio, o torcedor leva consigo uma fotografia produzida em 1963, quando era criança. ‘Isso aqui’, conta apontado para a imagem, ‘foi quando entrei junto no gramado; tinha sete anos quando aconteceu’, explica. Em sua mochila, também carrega a camiseta usada naquele dia, há 55 anos, e uma bandeira do time, que deixa pendurada no parapeito, no Pedra Moura.


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Especial

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Educação, comércio e pesquisa: potencial não falta a Bagé A Rainha da Fronteira perdeu território, mas não a condição de referência. Bagé representa o centro de um dos 294 agrupamentos de municípios do Brasil com forte integração entre suas populações. O arranjo local envolve três cidades que brotaram de seu próprio solo: Aceguá, Candiota e Hulha Negra. Os arranjos populacionais identificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) se formam, em alguns casos, por conta de ligações históricas. O modelo local se desenvolve por motivos econômicos, atrelados, essencialmente, às perspectivas do mercado de trabalho e da educação. As universidades, que mobilizam cerca de oito mil estudantes, respondem pela maior fatia do fluxo de deslocamento diário, que atrai 3920 pessoas de outras cidades às

largas avenidas do município. Para integrar este universo, Paola Manke Lopes, 21 anos, percorre 300 quilômetros toda semana. A jovem natural de Canguçu, que mora em Hulha Negra, se desloca todos os dias a Bagé, para cursar o quarto semestre de Jornalismo na Universidade da Região da Campanha (Urcamp). “O trajeto demora, em média, uma hora de ônibus. É a cidade mais próxima que oferece o curso”, pontua.

FOTOS ARQUIVO JM

Universitária viaja duas horas por dia para estudar


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Força econômica O comércio representa uma das principais potencialidades de Bagé. Suas lojas respondem por parcela significativa do fluxo flutuante de pessoas identificado pelo IBGE. A relevância comercial, porém, vai além da fronteiras municipais. A pauta é diversificada, incluindo itens tradicionais, a exemplo da carne bovina, do couro, da lã e do arroz. O comportamento da balança é dinâmico. Hong Kong, que liderava a relação de destinos da produção bajeense, concentrando 27% das exportações, em 2015, perdeu o posto para a China no primeiro semestre deste ano. Alemanha e Uruguai mantêm posições. A qualidade da terra, combinada à proximidade do porto de Rio Grande, é o que alimenta os sonhos de quem produz nestes pagos. O orizicultor Ricardo Zuliani teme a instabilidade climática e as limitações impostas pela infraestrutura. Mas o cenário encontrado por ele, de maneira geral, se revela favorável. “Temos fornecedores de insumos e representantes de implementos, além de acesso às tecnologias e informações técnicas através de eventos realizados por empresas do setor ou por entidades de classe, como o Sindicato Rural”, exemplifica. O setor, além de exportar, ainda movimenta a roda da economia abrindo postos de trabalho. O empresário, Antônio Coradini, que destaca o papel da tecnologia, acredita, inclusive, que a maior das vantagens de produzir na Rainha da Fronteira está na geração de emprego, ‘com maior arrecadação de impostos e divisas circulando pelo município, que são incentivadores de negócios no comércio da cidade’.

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Horizonte promissor

Zuliani aponta terra de boa qualidade

Para Coradini a região está bem representada em questão de assessorias e empresas do ramo

A predisposição para inovar representa um elemento importante do contexto que torna Bagé uma referência. Em sua tese de doutorado, o geógrafo e pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Ivan Tartaruga, aponta a cidade como um dos poucos destaques positivos da Metade Sul. E o diferencial está, justamente, no potencial das pessoas. Após analisar dados oficiais, vinculados ao IBGE e ao Ministério do Trabalho, o pesquisador conseguiu mensurar o volume de pessoas envolvidas em pesquisa, além da existência de serviços avançados e de apoio a pesquisadores, bem como empresas que tornam a inovação comercial. A lista inclui empreendimentos variados, a exemplo de agências de comunicação. E os números surpreendem. Das 22.089 pessoas ocupadas, em 2012, 170 eram pesquisadores e 19 exerciam funções técnicas, atreladas à pesquisa. A agenda do desenvolvimento envolve, pelo menos, 189 agentes diretos em 15 estabelecimentos de serviços avançados. Das 2.593 empresas que movem a economia do município, seis dedicam atenções à inovação. No mapa da tecnologia, Bagé, portanto, completa 205 anos na condição de um polo em evolução.


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Carne com qualidade diferenciada

Origem do projeto

O coordenador do projeto na unidade de pesquisa em Bagé, Fernando Cardoso, explica que foi desenvolvido um conjunto de projetos pela Embrapa em diferentes biomas do País. A Embrapa Pecuária Sul ficou responsável pelo Bioma Pampa. Conforme Cardoso, a pecuária é uma atividade de ciclo longo e os pesquisadores se propuseram a avaliar o ciclo completo, ou seja, todas as etapas e com diversas características. “Produzimos animais a partir das raças Angus e Hereford como as britânicas mais criadas na região para produção de carne de qualidade. São animais que se destacam pela qualidade da carne em termos de sabor, suculência e maciez”, explica o pesquisador. Cardoso acrescenta que também foram incluídas no projeto outras duas raças que conferem adaptação e rusticidade, a Nelore

DIVULGAÇÃO/ABA

Um projeto que começou em 2006, com duração de 12 anos, está realizando a avaliação completa do ciclo da pecuária. O estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sul utiliza raças com diferentes características para ver quais são os animais mais adaptados e também a possibilidade de usar cruzamentos no sentido de aumentar a produção de carne de qualidade na região sul. Para avaliar todo o ciclo, os pesquisadores durante quatros anos (2006 a 2010) se ativeram a produção dos animais. De 2008 até 2011, foram feitos os abates dos novilhos para verificar a questão das carcaças e a qualidade da carne. No projeto, estão sendo utilizados em torno de 800 animais de diferentes criatórios. Todas as avaliações acontecem na Embrapa Pecuária Sul e os abates em frigorífico comercial.

DIVULGAÇÃO/ABHB

Hereford se adapta bem ao sistema Raça Angus se destaca na região (a mais criada no Brasil) que produz carne menos macia, mas que, por outro lado, é um animal extremamente rústico adaptado, pega menos ectoparasita e tem boa fertilidade. Também foi incluída a Caracu, que está adaptada aos trópicos, mas é de origem taurina. Conforme Cardoso, esses são os animais que vieram com os colonizadores e ficaram meio soltos por um determinado período e se adaptaram às condições tropicais. “Então, usamos assim, tinha Angus e Hereford como raças puras e tinha o Nelore puro também e fez cruzamento entre essas raças para ver a complementaridade”, diz. Conforme o pesquisador, quando se trabalha com diferentes raças e faz o cruzamento, tem a oportunidade de usar duas ferramentas principais que é o vigor híbrido ou atenose (que é quando cruza os animais a média dos filhos supera a média dos pais), então eles combinam as características dos pais e tem um extra que é o vigor híbrido. E a outra questão é pode pegar o zebuino que tem adaptação, rusticidade e adaptação a parasitas e cruzar com as raças britânicas que tem alto crescimento, precocidade sexual, as fêmeas emprenham mais cedo e o fundamental: tem a carne de qualidade. ANTÔNIO ROCHA

Ciclo completo

Quando os animais estavam crescendo, os pesquisadores observaram a resistência aos parasitas e o desempenho. Depois seguiram avaliando o desempenho reprodutivo – como eram os terneiros produzidos por essas vacas puras e cruzadas, qual é a produção de leite, quanto se traduziam em quilos de terneiros, se elas produziam a cada ano e qual era a longevidade. “Agora a gente está concluindo com o abate dessas vacas – porque elas são as matrizes porque produz o terneiro que é o produto principal da pecuária – ela também no final da vida vira pro-

duto em si porque vão para o abate”, detalha Cardoso. Conforme o coordenador do projeto, agora os pesquisadores estão vendo como é a qualidade da carne dessas vacas quando chegam ao final da vida útil. “A partir disso, vamos fazer uma modelagem bio econômica para dizer com diferentes sistemas de cruzamentos, diferentes modelos de sistemas de produção e de raça utilizada que tipo de carne vai ser produzida, qual é o resultado econômico que se espera do produtor e o quanto ele vai produzir de carne, esse é o final de todo esse trabalho”.

Análise do produto

Ao ser perguntada, se a carne da região é a melhor do sul, a pesquisadora Elen Nalério responde que o assunto é bem polêmico, de acordo com a profissional, o qualidade é um tema bem subjetivo. “Quando se fala em qualidade depende para quem se fala. Se o americano chegar aqui e provar a nossa carne, provavelmente, não vai gostar, porque o paladar dele está adaptado a uma carne de um animal confinado. Nós temos uma qualidade diferenciada”, explica a pesquisadora.

Para atingir essa qualidade, Elen enumera a alta genética atrelado ao campo da região. Segundo ela, a pastagem que animal come no Bioma Pampa faz com que composição da carne seja distinta, assim como o tipo de gordura. “O que dá gosto na carne é a gordura. O animal é aquilo que ele come e isso vai definir o tipo de carne que ele vai nos prover”, acrescenta. De acordo com a pesquisadora, a Embrapa Pecuária Sul tem um laboratório de análises sensoriais, onde 16 pessoas são treina-

Influência da pastagem Os pesquisadores usaram um sistema de criação baseado principalmente em campo nativo da região. Também utilizaram pastagem na terminação e compararam antes dos dois anos a terminação em confinamento. “Fizemos todo o ciclo de cria e recria baseado em pastagem nativa e a terminação ou em pastagem cultivada em confinamento”, acrescenta Cardoso. Segundo ele, são fundamentais nesse processo, as raças como um componente importante, a idade do animal e o tipo de alimento que come. “A qualidade das pastagens que a gente tem aqui permite com que a gente chegue como animal jovem terminado a pasto. Isso é uma exclusividade nossa Um animal britânico jovem terminado a pasto só pode ser feita nesta região e em alguns núcleos que tem pastagem de melhor qualidade – mas isso é bem particular dessa região”, acentua o pesquisador.

das, há quase seis anos, para fazer degustação de carnes bovina e ovina. “Isso tudo é importante para a gente definir pontos ou estratégias de como atuar”, enfatiza. Elen é responsável pela parte de avaliação da carcaça, o estado de engorduramento, peso e PH de carcaça, avaliação da qualidade da carne (textura, maciez, gordura intramuscular, teor, cor da carne, cor da gordura). Tudo isso é feito no laboratório. “O nosso objetivo é dizer quais são quais são as qualidades da nossa carne”, conta.

Aposta em genética de ponta e alta produção

Laboratório de carnes na Embrapa

O presidente da Associação dos Arrozeiros da Região de Bagé, Ricardo Zago, investe na raça Angus. Ele trabalha todo o ciclo do animal desde o entouramento até a venda do boi gordo. “Faço todo o processo”, afirma. Zago diz que investe na raça Angus pela qualidade do animal, pois produz uma carne macia e de qualidade. Outro fator, que levou o produ-

tor a apostar na raça é em função da adaptação do animal e o fato do Angus ser exportado para Europa. O presidente da Comissão Fundiária da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e segundo vice-presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé, Paulo Ricardo Dias, investe na raça Hereford em uma de suas propriedades. Ao justificar a esco-

lha, o dirigente justifica que é uma raça com boa adaptação aos sistema de produção (campo) e ao meio ambiente. Sobre o mercado, Dias conta que os frigoríficos pagam bem pela carne e, segundo ele, tem valor agregado maior. O produtor rural acrescenta que a região central do País compra bastantes novilhos pela característica e qualidade diferenciada.


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Especial BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

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VIVIANE

Becker

viviminuano@hotmail.com

SOCIAL

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Encontro da diretoria do NPHTT

nova diretoria do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda - Bagé, eleita para o biênio 2016/2018, fez sua segunda reunião nesta terça-feira, no CTG Prenda Minha.

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Feijoada do Bem Agora sim, faltam poucas horas para encher seu prato de amor ao próximo. A sexta edição da Feijoada do Bem acontece neste domingo, às 12h, no Santuário de Nossa Senhora Conquistadora. A promoção é do Rotary Club de Bagé. Maiores informações com os rotarianos pelo fone 99658833 e 99494432

Lançamento Integrando as comemorações do aniversário de Bagé, no dia 23 de julho, das 10h às 12h, na Casa de Cultura Pedro Wayne acontece o lançamento do livro “Vibrar” de Manoel Ianzer e Daniella Ianzer.

Transmissão de cargos Os integrantes do Interact Club de Bagé Integração e do Rotaract Club de Bagé Campanha realizam no dia 29 de julho, o jantar de transmissão de cargos do ano 2016/2017. O evento será no Restaurante Betemps, a partir das 20h30min.

Ruchele Freitas, Dorcelina Brito, Everton Lucas, Diones Franchi, Hamilton Vaz, Edgard Lucas, Cássio Lopes, Aline Chaves, Guilhermina Lopes, Aristeu Trassante, Fábio Tomm e Cid Marinho

Solenidade na Casa da Amizade

FOTOS: VIVIANE BECKER

Baile do Rubi No dia 5 de agosto acontece, no Clube Comercial, o Jantar Baile do Dia do Advogado, o Baile do Rubi. Na ocasião, será entregue o Troféu Dr. Arnaldo Faria aos advogados que completam 30 anos de inscrição na OAB.

Multifeira Espírita Solidária A 5ª edição da Multifeira Espírita Solidária será realizada no dia 31 de julho, das 10h às 18h, no Instituto Caminho da Luz. A palestra de abertura será com Ana Úrsula Abascal, que abordará o tema ‘Da Misericórdia ao Perdão’. Haverá também brechó de roupas e acessórios, almoço, praça de alimentação, além da comercialização de livros espíritas, artesanato e bazar, entre outras inúmeras atrações. O evento é uma iniciativa da União Municipal Espírita, com a participação de Bagé, Aceguá e Hulha Negra.

Caminhos do Pampa Um tour pela nossa tradição, com passeios incríveis, visitação a vinícolas, degustação de vinhos, almoço e a oportunidade para conhecer parte da história do Rio Grande do Sul. Essa é a proposta do Hotel Fenícia e da Boutique do Pampa. O próximo passeio já tem data marcada, será dia 30/07, às 8h, com saída em frente do Hotel. Boa proposta!

A união que faz a força: parabéns para a nova diretoria

Maria da Graça Duarte passou o cargo à Saionara Prates em tarde de festa


Posse da nova Diretoria do Interact Club de Bagé

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s jovens estão apreendendo desde cedo a importância de se unir em prol dos menos favorecidos. Parabéns a esses empreendedores solidários que, certamente, serão adultos do bem! É com prazer que mencionamos que o Interact Club de Bagé realizou a cerimônia de transmissão de cargos do ano rotário 2016/2017, no Restaurante Casario. O pastpresident Estêvão Yamin passou a presidência à Victória Dachery, que empossou sua diretoria. Duas jovens passaram a fazer parte do time como sócias honorárias: Bruna Barbachan e Isadora Giorgis. Estiveram presentes no evento o casal governador do Distrito 4.780, Ary e Eneide Ferreira; o presidente do Rotary Club de Bagé, Nelson Harm; e o Representante Distrital de Interact Clubs (RDI) do Distrito 4.780, Ângelo Thomazi. Confiram as imagens: Festa dos interactianos

Isadora Giorgis, Estêvão Yamnin, Victória Dachery e Bruna Barbachan

Estêvão Yamin com o casal governador, Ary e Eneide Ferreira, e Victória Dachery

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Bagé, 16 e 17 de julho de 2016


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Religião

Airton Gusmão

A hospitalidade que revela a presença de Deus

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Documento de Aparecida traz uma frase que nos ajuda na reflexão deste final de semana: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (nº 12). A verdadeira hospitalidade está em acolher o dom que é a pessoa e não tanto em preocupação com as coisas exteriores para conseguir simpatia ou receber elogios. Hospedar e cuidar é bom; mais fundamental, porém, é “receber” o dom que o hóspede com tudo o que tem de mais importante. Deus passou pela tenda de Abraão. Jesus passou pela casa de Marta e Maria, sendo acolhido como hóspede. Essa inesperada visita de Deus a Abraão e de Jesus as duas irmãs serve de questionamento para nós: estamos acolhendo Deus, que de forma inesperada e surpreendente nos visita por meio de pessoas e de acontecimentos? Ele nos visita nas coisas mais comuns do dia a dia, e quando O acolhemos como Ele deve ser acolhido, nossa rotina se transforma completamente. Jesus no Evangelho deste final de semana (Lc 10,3842) diz a Marta: “Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas! Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. O ativismo é um mal que acompanha a humanidade desde sempre e, a superação deste consiste em ver o mistério de Deus nas pessoas, assim como Maria o enxergou em Jesus, o porta-voz de Deus, o portador das “palavras de vida eterna” (Jo 6,68). Mais importante do que viver a experiência de alguma coisa, porém, é encontrar alguém. A “melhor parte” escolhida por Maria era a “pouca coisa necessária” - um encontro pessoal. Por mais que Jesus precisasse de alimento para sustentar o homem físico, sua necessidade mais profunda era certamente de um ouvinte sensível a quem pudesse partilhar com confiança as aflições mais íntimas de seu coração. Naturalmente, Maria fez mais do que escutar. Ela fez suas as preocupações de Jesus; entrou no mundo dele, com ele. Ela encontrou sentido para a própria vida ao envolver-se com as preocupações do outro. Jesus admoesta Marta não porque ela está errada ao realizar os afazeres domésticos, mas porque a sua preocupação primeira não era como a de Maria. Esta deu prioridade ao que é mais importante: os relacionamentos pessoais. Para ela, encontros são mais importantes do que realizações; pessoas valem mais do que coisas. A advertência a Marta é oportuna, não porque seu serviço como anfitriã tem pouca importância, mas porque pode ser uma barreira a relacionamentos em nível mais profundo. Certamente, as tarefas de rotina precisam ser feitas, a vida familiar do dia a dia precisa prosseguir; o perigo está quando elas se tornam fins em si mesmas. A capacidade de hospedar proporciona um estar com o outro. Na experiência de Abraão e de Marta e Maria, o hóspede revela Deus. A hospitalidade está na dimensão da gratuidade. Ela torna-se um desafio num mundo como o nosso, onde predominam o medo, o isolamento, a privacidade, a correria, o excesso de trabalho, de ocupações. Deus passa em nossa vida e revela-se a nós como um necessitado, um viajante. É preciso estar pronto para fazê-lo entrar, acolhendo-O com gratuidade. Sem sua presença nossa vida fica vazia, sem sentido. Lembramos que na próxima semana teremos a Festa do Motorista, de São Cristóvão. Domingo dia 24 vamos realizar a Procissão com a imagem do padroeiro, saindo às 14h30 de frente da Catedral São Sebastião em direção a comunidade, no aeroporto; onde lá chegando haverá a Bênção dos veículos, motoristas e passageiros, seguido de Missa. Divulguemos e participemos. Sejamos alegres na esperança, fortes na tribulação e perseverantes na oração. Um bom final de semana a todos e até uma próxima oportunidade. Pároco da Catedral

José Artur Maruri

josearturmaruri@hotmail.com bagespirita.blogspot.com.br

Condutas e penas futuras

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omumente trabalha-se a ideia de reprovabilidade de uma conduta ou outra se dando por encerrada tal análise no momento em que o envoltório carnal desfalece. Da mesma forma, não são raras as vezes em que nos deparamos com um irmão enfrentando uma dificuldade extrema na sua presente encarnação e pensamos: - Como ele pode passar por isso? Se Deus existe, por que permite que isso ocorra? Muitas pessoas, inclusive, duvidam da existência do Grande Criador do Universo em situações periclitantes que vivenciamos diariamente aqui na Terra. Ocorre que nossa visão, nosso campo de análise, é deveras limitado à medida que nascemos através da concepção de um embrião e com a morte tudo se acaba, pelo menos para a ciência. O Espiritismo aumenta o nosso leque de análise, pois através da comunicação com os seres desencarnados obtemos notícias de como estes se encontram, se nesta ou naquela situação. Assim, conseguimos compreender um pouco mais até onde pode ir a Justiça Divina. E o que é importante que se diga é que não se trata da relação de um único Espírito que só poderia dar conta do seu ponto de vista, dominado pelos preconceitos terrestres. Também, não se trata de apenas um visionário que poderia ter se deixado enganar pelas aparências. A Ciência Espírita trata de inumeráveis exemplos fornecidos por todas as categorias de Espíritos que comunicam-se com os seres encarnados desde sempre. É nisto que está fundamentada e amparada a Doutrina Espírita no que diz respeito às penas futuras. Sabendo disso, o espírito Camilo Cândido Botelho pela médium Ivonne Pereira, nos dá conta de uma história, entre muitas outras narradas na obra Memórias de um Suicida, acerca de duas irmãs que “se furtaram com o suicídio consciente e perfeitamente responsável e só poderão animar envoltório carnal enfermiço, meio deturpado, onde se sentirão tolhidas e insatisfeitas através da existência toda! Assim, de posse de tal envoltório - com o qual se afinaram pelas ações que praticaram -, cumprirão o tempo que lhe restava de permanência na Terra, interrompida, antes do tempo justo, pelo suicídio. Dessa forma, aliviarão dos embaraços vibratórios que se criaram e obterão capacidade e serenidade para repetir a experiência em que fracassaram, mas isto implicará uma segunda etapa terrena, ou seja, nova reencarnação”. Mas o Espírito sofrerá eternamente? Com a maestria de sempre, Kardec nos responde através dos ensinamentos extraídos das comunicações com os Espíritos e publicados na obra O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, vejamos: “A alma ou Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições das quais não se despojou, durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou infeliz, é inerente ao grau de sua depuração ou de suas imperfeições”. Atentando para questões como esta, levantamos um alerta de que o suicídio não é a solução dos problemas quando nossa visão alcança o além-túmulo. Da mesma forma, conseguimos depreender um pouco mais acerca da Justiça Divina. Será que Deus, infinitamente justo e bom, gostaria de ver um filho seu encarnar sem os membros ou com uma doença degenerativa que lhe tiraria a vida antes dos cinco anos, por exemplo? Com a expansão do nosso campo de análise acerca das condutas e penas futuras, pelas quais todos nós passamos invariavelmente, podemos dizer que esta não é a vontade do Criador, porém se tornam necessárias em função de nossas escolhas e de nossos atos. O estudo sério da Doutrina Espírita nos oferece o caminho para que busquemos as opções corretas e auxiliemos os nossos irmãos para que possamos alcançar a evolução contínua e em conjunto. É certo que uma hora ou outra teremos condutas inadequadas. É certo, também, que uma hora ou outra teremos que enfrentar as penas que nós mesmos buscamos através de nossos atos. Agora, não podemos esquecer que o caminho reto nos é traçado por Jesus e é para buscar nosso Pai que estamos nessa caminhada. Por fim, citamos algumas palavras de Jesus, o Mestre Nazareno, que estão insculpidas em Mateus (5: 25-26) à título de reflexão: “Digo-vos, em verdade, que dali não saireis, enquanto não hoverdes pago o último ceitil”. E podemos completar tal assertiva com outra do próprio Jesus: - “A cada um segundo suas obras”. Colaborador da União Espírita Bajeense

Norberto Dutra

A Porta para entrar na Igreja (parte 2)

N

os artigos anteriores vimos que no “Tabernáculo” na entrada principal tinha uma porta colorida, chamada de “O Caminho”. Foi exatamente o que Jesus disse em João 14:6. A segunda porta se encontrava no lugar “Santo” e o seu nome era: “A Verdade” no mesmo texto de João 14: 6 Jesus diz que ele é a “Verdade”. Agora, nos deteremos no lugar chamado “Santo dos Santos”. Tratava-se de um lugar muito especial, pois simbolizava o lugar da “Morada de Deus” ou dito de outra forma, tratava-se de estar cara a cara na presença de Deus. No tempo em que Israel andava como peregrino no deserto, Deus entregou as Leis de como deveriam se conduzir na vida, e como deveriam se relacionar com ELE, lhes entregou normas e princípios, seja na vida cotidiana, como no relacionamento com o Deus verdadeiro, portanto, a partir deste período, até a vinda de Jesus Cristo na terra, este espaço de tempo se chamou “Tempo da Lei”. Neste tempo da Lei Deus através da Liturgia lhes ensinou com símbolos como seria em definitivo o plano para salvar “O que se tinha perdido”. Apenas o Sumo Sacerdote, uma vez ao ano, entrava no “Lugar Santíssimo” com sangue de animal, oferecendo este sacrifício para, desta forma, postergar o juízo de Deus ao pecado do povo. O Lugar Santíssimo era separado do Lugar Santo por uma porta chamada A Vida. O material em que a porta foi construída era de um véu. No lugar Santíssimo estavam a Arca com os 10 mandamentos, a vara de Arão que floresceu e o maná, o pão que desceu dos céus. A porta chamada de A Vida construída por um véu era um símbolo da obra redentora de Cristo Jesus. É simplesmente fantástico observar, que o dia em que Cristo morreu no calvário um milagre aconteceu, vejamos: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo” Mateus 27: 5051. Glória a Deus o que impedia ao homem entrar livremente na presença de Deus por causa do pecado Jesus quebrou, nos dando livre acesso a presença do Criador. Jesus Cristo se tornou o Sumo Sacerdote. Jesus Cristo é a Porta para entrar no organismo vivo chamado de Igreja. As portas do tabernáculo chamadas de O Caminho, A Verdade, A Vida, estão representadas em Cristo. “Respondeulhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim’’ João 14-6. Desta forma Cristo Jesus se tornou Sacerdote para sempre.” “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre” Hebreus 7: 21. Desta forma o seu sacrifício na Cruz se tornou mediador entre Deus e os homens. “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” 1ª Timóteo 2: 5. Portanto afirmamos que a “Porta para entrar na Igreja” se chama Jesus Cristo. Estimados amigos, Cristo oferece a salvação a todos os que podem crer nele. É tempo de aceitá-lo. Até a próxima semana e que Deus abençoe a todos, no amor de Cristo Jesus. Amém! Pastor e presidente da Igreja Assembleia de Deus de Bagé Doutor em Divindade


Cidade

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Um ano de pouca adesão à lei do transporte de animais Proposta pela vereadora Márcia Torres (PT) e sancionada em 2015, a lei que permite o transporte de animais não é muito utilizada pelos bajeenses. A legislação entrou em vigor em agosto do ano passado. O texto prevê que podem ser transportados animais que tenham, no máximo 10 quilos, somente em horário de menor movimento, com fluxo permitido das 10h às 12h, das 15h às 18h e após às 20h. Os donos devem apresentar carteira de imunização atualizada, com as vacinas antirrábica e polivalente em dia. Além disso, o animal deve estar limpo e acomodado em caixa apropriada. Nem o motorista e o cobrador têm tido dificuldades em manter o limite de transporte de, no máximo, dois animais por veículo. Isso porque a procura é muito baixa e são raros os dias em que apenas um é transportado. O gerente da filial da Stadtbus em Bagé, Alexandre Solari, conta que a procura é pequena, uma média de dois por semana. Mas sempre que há utilização, o transporte é feito da maneira ade-

Tiago Rolim de Moura

Dificuldades em se adequar às exigências pode ser agravante para baixa procura quada. “As pessoas entenderam como funciona. Nunca tivemos problema com isso, todos chegam com os animais nas caixinhas e com a carteira de vacinação em dia”, diz. A empresária Maria da Graça Anversa, disse que a procura é tão ínfima que quase não há registros de transportes. O fiscal da empresa, Giovani Ritta, acredita que as exigências de apresentação de carteira de vacinação e da cai-

xa podem ser agravantes para a baixa procura. “Às vezes, as pessoas não têm acesso a uma caixa para o transporte ou o animal não tem a carteira de vacinação, aí não podem fazer o transporte”, observa. Maria da Graça acrescenta que o grande número de veterinárias que oferecem o serviço de transporte de animais pode ser um dos fatores responsáveis pela baixa procura.

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Haja Coração - GLOBO - 19h30min Afonso decide tratar seu alcoolismo. Bruna visita Camila com a intenção de saber se ela está com Giovanni. Francesca e Lucrécia deixam a cadeia. Os restos mortais de Teodora são enterrados no jardim da mansão Abdala. Camila incentiva Aparício a recuperar o tempo perdido e ir atrás de Rebeca. Camila conta a Giovanni que Bruna foi a sua casa sondar sobre os dois. Penélope repreende Rebeca por ela vender a aliança de noivado que Pedro lhe deu. Penélope termina seu relacionamento com Henrique, deixando o rapaz arrasado. Felipe fica surpreso ao ver Shirlei trabalhando como doméstica em sua casa. Leozinho fica receoso ao descobrir que Aparício pediu uma investigação sobre a explosão do helicóptero.

Horóscopo

Velho Chico - GLOBO - 21h Afrânio exige que Raimundo não ceda à pressão de Bento. Santo desconfia de que Tereza esteja envolvida no plano de Afrânio para prejudicar a cooperativa. Carlos ataca Tereza e Cícero ameaça o deputado. Cícero alerta Afrânio sobre a atitude de Carlos com Tereza, e Encarnação apoia o jagunço. Padre Benício aconselha Martim a se afastar de Beatriz. Tereza afirma que seu casamento com Carlos acabou. Luzia confronta Santo sobre Tereza. Miguel conversa com Isabel sobre Sophie. Martim procura Bento.

ÁRIES Tendência a arrancar pela raiz as coisas que lhe incomodam, expulsando-as de sua vida. Em alguns casos pode ser perfeito fazer isso, em outros o alívio pode ser muito pequeno.

TOURO

Sua mente capta percepções e sentimentos que não podem ser bem expressos, mas que precisam ser colocados - mesmo que rompendo as barreiras da convenção social.

GÊMEOS Apartar-se do meio social e das pessoas queridas não resolve nada. Mesmo que sinta seus valores incompreendidos, não adianta negar-se a estar próximo às pessoas.

CÂNCER O trabalho se impõe sobre sua liberdade pessoal. O atrito leva você a querer se livrar do trabalho. Transforme construtivamente seu ambiente profissional.

LIBRA

Você se sente desafiado pela força dos outros e tende a reagir com rebeldia e anseio por ruptura. Forte indisposição com as pessoas que representam autoridade.

ESCORPIÃO É preciso um grande esforço para conciliar a prática com os conceitos de vida. Os afazeres imediatos afastam você da melhor organização nos afazeres de rotina.

SAGITÁRIO Os sentimentos amorosos tendem a transbordar por sobre as convenções das relações estabelecidas. Você não pode se sentir preso, ou precisará quebrar com muitas coisas.

CAPRICÓRNIO Aprenda a partilhar o comando no ambiente familiar e no casamento. Aceite que os outros também têm suas vontades e que precisam ter seu espaço junto a você.

LEÃO Ideias utópicas levam você a se desviar do melhor caminho, podendo ir para becos sem saída. Outras vezes, você se sente oprimido e imagina acabar com tudo.

VIRGEM Há coisas que lhe incomodam profundamente nas relações pessoais, e você precisa fazer algo com elas. Não jogue tudo fora, mas também não deixe tudo mal-arranjado.

Palavras Cruzadas

Eta Mundo Bom - GLOBO - 18h30min Braz humilha Diana, que pede abrigo a Paulina. Candinho se preocupa com o futuro de seu filho com Filomena. Braz propõe se unir a Ilde. Maria explica a situação de Severo para Celso, que promete lhe ajudar a cuidar do pai. Gerusa sofre por não perceber melhora em seu estado de saúde. Ernani se despede de Candinho e Anastácia, e Pancrácio tem uma crise de ciúmes. Maria e Celso instalam Severo em seu novo apartamento. Celso salva Maria de um acidente de carro, e acaba atingido.

AQUÁRIO Esteja preparado para possíveis desencontros em sua rotina, com imprevistos e situações inconvenientes. Cuidado com palavras mordazes ou irônicas.

PEIXES Você não aceita os vínculos da relação amorosa, mas ao mesmo tempo deseja intensificá-las. Os ânimos estão exaltados no amor e nos sentimentos.

Loterias

Novelaas

Edibar

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Lazer

FEDERAL

LOTOFÁCIL

LOTOMANIA

Sorteio: 05092

Sorteio: 1388

Sorteio: 1675

1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio -

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DUPLA-SENA

MEGA-SENA

QUINA

Sorteio: 1517

Sorteio: 1837

Sorteio: 4132

1º- 16 24 27 35 48 50 41 44 48 50 54 57 2º- 09 11 17 21 30 35

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Cidade

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

Bagé recebe representantes estadual e nacional da maçonaria O grão mestre do Grande Oriente do Brasil, Marcos José da Silva, e o grão mestre estadual do Rio Grande do Sul, Jorge Pedron, participaram de um coffee break, na tarde de ontem, no Obino Hotel. O evento reuniu maçons em comemoração aos 175 anos da Loja Maçônica Estrela do Sul, uma das mais antigas da cidade O venerável mestre Telmo Carvalho conta que loja em Bagé surgiu em 1841. “Foi em meio à Revolução Farroupilha. Havia irmãos maçons dos dois lados e a entidade veio para mediar o conflito”, conta. Segundo Silva, a maçonaria participou, também, de diferentes episódios históricos. “Desde a abolição da escravatura, independência, proclamação da república”, enumera. Pedron lembra, também, que a entidade continua trabalhando ainda hoje. “Nós colaboramos para a coleta de

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ANTÔNIO ROCHA

Dom Diogo de Souza Bagé - RS - Brasil Coluna produzida em homenagem aos 60 anos do Museu Dom Diogo de Souza, onde há o acervo de muitos jornais antigos e que contam a história da nossa cidade. Pesquisadores: Cristiane Ramires, Jéssica Velleda e Miquéli Machado alunas do primeiro semestre do curso de jornalismo da Urcamp.

Terceira semana de julho de 1956

Rotary Clube de Bagé Silva e Pedron participaram das comemorações da Loja Estrela do Sul assinaturas para o documento com as 10 medidas contra a corrupção”, conta. Silva enfatiza que o grupo se preocupa em realizar ações filantrópicas. “Hoje, por exemplo, um grande hospital oftalmológico é coordenado por um maçom”, afirma. Ele

explica que a maçonaria não é uma religião. “Mesmo assim, para participar, tem que ter alguma religiosidade. Sempre perguntamos para os irmãos, antes de entrar, se eles acreditam em Deus. E antes das reuniões lemos um trecho da Bíblia”, relata.

Sob a presidência do senhor Víctor Brusius, o Rotary Clube local realizou a sua habitual reunião-almoço, que contou com a presença de elevado número de rotarianos. Como conferencista, falou o senhor Antônio Mata, que em comemoração ao Dia do Comerciante, teceu diversos comentários sobre a influência desta classe no progresso e desenvolvimento do País. Referiu-se a Emílio Guilayn e ao Visconde Ribeiro de Magalhães, dois grandes propulsores do progresso de Bagé. Agradecendo o comparecimento dos presentes, o presidente da entidade encerrou a reunião “com a habitual saudação à Bandeira Nacional”.

A mulher e a aviação Um artigo assinado por A. J. A. Fuchs contava que, na semana anterior, a Rainha da Fronteira tivera a oportunidade de receber a visita da aviadora Patrícia Ada Rogato, cujo nome não se projetava somente no Brasil, mas também por toda a América. O texto afirmava: “Não exageramos ao dizer toda a América, pois admirados ficamos ao constatar em seu avião, o grande número de inscrições nele pintadas, contendo mensagens de fraternidade de diversas organizações civis e militares de todos os países americanos”. Ao final do artigo, um chamamento: “Vemos nessa moça, um exemplo a ser seguido por aquelas jovens senhoras que se sentem atraídas por esse nobre esporte, que Ada Rogato demonstrou, como representante do sexo frágil, não ser a aviação um privilégio do sexo forte. Jovem conterrânea, a oportunidade aí está. A nova turma do Aero Clube de Bagé está prestes a iniciar sua instrução e seria a ocasião própria para aquelas que aspiram voar, procurando pela inscrição de um grupo, a formação de uma ala feminina no Curso de Pilotagem”.


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Segurança

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Casal foragido de Porto Alegre é preso em Bagé Na manhã de ontem, a equipe de investigações da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) foi acionada para prestar apoio a “Operação Illuminati”, da Polícia Civil de Porto Alegre, pois estariam, em Bagé, dois foragidos acusados de clonagem de veículos, com mandado de prisão expedido pela comarca da capital gaúcha. A equipe de investigações se deslocou até o bairro Malafaia, onde os acusados Robson Farias de Oliveira, 25 anos, natural de Porto Alegre e Karem Freire Oleques, 24 anos (bajeense), estavam residindo desde quinta-feira. Na casa, policiais civis encontraram 300 gramas de crack e cocaína, uma balança de

divulgação

Suspeitos foram encaminhados ao Presídio Regional de Bagé precisão e dinheiro. O casal foi encaminhado para a Delegacia de Polícia de ProntoAtendimento (DPPA) e após ao Presídio Regional de Bagé.

Três jovens são presos acusados de manter menor em cárcere privado

Micael Ibanhe, 26 anos e os gêmeos Igor Ibanhe Vaz e Iago Ibanhe Vaz, de 23 anos, foram presos em flagrante pela Brigada Militar na madrugada de ontem, acusados de manter sob cárcere privado e ameaça uma menor de 17 anos em uma casa na rua Deputado Rui Ramos, no bairro São Judas Tadeu. Os policiais militares contaram que por volta das 5h10min, de ontem, receberam uma denúncia

que uma adolescente estaria detida em uma casa naquele bairro. Ao chegar no local indicado, os brigadianos ouviram uma voz feminina que pedia socorro e chorava. Em função disso, arrombaram a porta da frente da residência. Ao entrarem na casa, prenderam os três acusados. A vítima relatou que haviam mais dois homens que fugiram pelos fundos da residência. Ela também contou que sofreu ameaças de morte e que

eles portavam uma arma de fogo. Segundo o delegado Luis Eduardo Benites, que autuou em flagrante, os três jovens, a vítima e o seu namorado foram levados até o local onde ela foi detida. “Os acusados queriam, na verdade, que o companheiro da menor entregasse drogas e ficaram com ela sob cárcere privado durante a madrugada, sob ameaça até que ele fizesse o que queriam”, completou Benites. FOTOS divulgação

BM prende mulher por furto no centro Iasmin Cilene Santos Menezes, 20 anos foi presa, na tarde de quinta-feira, após ter furtado uma bolsa de uma idosa de 80 anos, na rua Barão do Amazonas. Os policiais militares relataram no registro que a acusada teria passado pela vítima e puxado a bolsa de seu braço e levado o objeto. De posse das características repassadas pela idosa, Iasmin foi encontrada no bairro Castro Alves. A bolsa da vítima não foi encontrada, mas a idosa reconheceu a acusada como sendo a autora do furto. Diante dos fatos a jovem foi

divulgação

Gêmeos Iago e Igor Ibanhe Vaz, 23 anos Iasmin Cilene Santos Menezes, 20 anos presa em flagrante e encaminhada para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e após, ao Presídio Regional da Bagé.

Apenados recebem kits de higiene e livros Na sexta-feira, 80 apenados do Presídio Regional de Bagé receberam kits de higiene e livros sobre uma história de superação, além de testemunhos de ex-detentos. Nos kits havia sabonete, creme dental,

papel higiênico, escovas dentárias e um aparelho de barba para os homens. Segundo o diretor do PRB, José Carlos Nobre, foram entregues 20 conjuntos femininos e 60 masculinos.

Óbitos ÁLVARO JOSÉ DOS SANTOS FARINHA, 86 anos, administrador rural, solteiro. Residia na rua Gomes Carneiro. GLECY BORGES, 62 anos, secretária aposentada, solteira. Residia na rua Elton Gomes Teixeira. ALICE VÍCTOR ALVES, 42 anos, serviços gerais, solteira. Residia na rua 58, Loteamento do Parque. Deixa os filhos Wesley, Uliane, Unirley, Nataniel, Júlio Cezar, Samira, Ana Sabrina, Samara, Ana Caroline, Paulo Roberto e Samuel Michel.

Micael Ibanhe, 26 anos

Operação Anjos da Lei prende acusado de tráfico de drogas A Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) em conjunto com o Setor de Inteligência da Brigada Militar, na Operação Anjos da Lei, prenderam, na noite de quinta-feira, por volta das 21h, Igor Trindade Fagundes, 21 anos acusado de estar comercializando drogas nas proximidades da Escola Antenor Gonçalves Pereira (Geteco). O acusado, segundo os investigadores, já estava sendo monitorado pelos agentes de inteligência há alguns dias e culminou no momento em que um

divulgação

usuário efetuava a compra de um entorpecente, Fagundes foi abordado. Ao revistar a residência do suspeito, na rua José Otávio foi encontrado no interior da casa, oito pedrinhas de crack pronta para venda, mais 20 gramas da mesma droga que renderia, aproximadamente, 200 pedras pequenas, no valor de R$ 10 cada, rendendo R$ 2 mil de lucro. Também na casa haviam R$ 2,2 mil em dinheiro, além de objetos que seriam utilizados como pagamento para as drogas, desta- Entorpecentes apreendidos e caram os policiais. acusado foram levados para a DPPA


Esporte

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BAGÉ, 16 e 17 DE JULHO DE 2016

ANTÔNIO ROCHA

@daianelimaalves daiane.lima.bg@gmail.com

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Daiane Lima

Disputa na Copa ABF de Futsal Adulto é encaminhada para semifinais Mesmo com a derrota de 5 a 2 contra o Moranguinho, o Palácio das Chaves continua na liderança da 6ª Copa ABF de Futsal Adulto - com 19 pontos. As equipes disputaram a 11ª rodada na noite de quinta-feira, no Ginásio Presidente Médici (Militão). O Audax soma, agora, 17 pontos. O time venceu o Independente

de 4 a 3. O LHG Empréstimos jogou contra o Prado Velho e ganhou de 2 a 1. A última rodada da segunda fase será disputada no dia 21 de julho. Palácio enfrenta Prado Velho, Independente joga com LHG Empréstimos e Moranguinho disputa com Audax. Os quatro primeiros colocados são classificados para a semifiinal.

Colocação: Time precisa reverter placar no Estádio Estrela D’Alva

Guarany busca vaga na final A decisão será em casa. O Guarany entra em campo, neste domingo, com uma tarefa difícil, mas nada impossível. O alvirrubro precisa vencer o Nova Prata por 2 a 0 ou por três gols de diferença. O resultado vale uma vaga na final da Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho e a possibilidade de voltar à Divisão de Acesso em 2017. O jogo de ida nas semifinais foi disputado na quarta-feira, no Estádio Dr. Mário Cini. O Índio retornou para casa com uma derrota de 3 a 1. No outro grupo, Igrejinha e Gaúcho entraram juntos em campo, em Igrejinha, e empataram em 0 a 0. Se o resultado se repetir, o finalista será decidido nos pênaltis. Em um empate com gols, Igrejinha

terá vantagem por jogar fora de casa. O treinador Geverton Duarte afirmou acreditar em um resultado positivo. “Sabemos que poderia ser menos difícil, mas também que é possível”, declara. O técnico relata que conversou individualmente com os jogadores na quinta-feira. “Fizemos uma boa partida, mas claro, ficamos chateados por não ganhar”, diz. O Guarany ainda não havia enfrentado o Nova Prata. Sobre o time, Duarte afirmou que é uma equipe semelhante às outras. “Tem um atacante veloz pela direita, que se destacou. Eles têm uma boa bola parada também, mas fora isso são parecidos com

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as outras equipes”, diz. Elias, que já entrou em campo em Nova Prata, deve jogar novamente. Matheus Damasceno continua em recuperação e não entra. Raul também está fora por lesão e Ângelo deve jogar. O goleiro Fernando não disputa também, em função do número permitido de jogadores com mais de 23 anos. “Já conversamos com o atleta e ele entendeu. Isto, para ter em campo o Crístian, o Welder e o Castilho”, explica. Os ingressos estão sendo vendidos hoje na Praça do Coreto. O valor para os antecipados é de R$ 20. Para estudantes, idosos e mulheres custa R$ 10. Na hora, o preço poderá sofrer alteração.

Palácio das Chaves - 19 pontos Audax - 17 pontos LHG Empréstimos - 16 Moranguinho - 15 Prado Velho -0 12 Independente - 9

Equipe participa de torneio regional de futsal O time infantil de futsal Ajax, do bairro Santa Cármen, vai disputar, este domingo, o Torneio Regional de Futsal na série Prata, em Pelotas. A primeira fase do campeonato aconteceu em maio. Neste final de semana, as equipes disputam a semifinal no turno da manhã e, à tarde, será conhecido o vencedor.

Além do time bajeense; o Nacional e Craque do Futuro, ambos de Pelotas; Piratini, que leva o nome da cidade, e Unidos de Santa Vitória do Palmar também participam. Esta é a primeira vez que a equipe participa de um torneio fora de Bagé. A competição acontece todos os anos e inclui municípios da região sul. divulgação

O jornalque Bagé gosta de ler Bajeenses jogam em Pelotas


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Contracapa

BAGÉ, 16 E 17 DE JULHO DE 2016

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Doações para a Campanha do Agasalho estão abaixo do esperado Tiago Rolim de Moura

Lançada há dois meses, as arrecadações da Campanha do Agasalho, em Bagé, estão bem abaixo do esperado. A expectativa é de ultrapassar o número do ano passado, de 37 mil peças, De acordo com Tanani Leite, que atua no Prociba, entidade responsável pela campanha, até o momento, foram arrecadadas 26.149 peças. A maioria das doações são de roupas femininas para adulto. Mas a maior necessidade, no momento, que apresenta grande procura e número menor de doações, são as roupas masculinas, calçados e vestuário infantil. Diariamente, cerca de 30 pessoas passam pelo Prociba para receber os agasalhos. Em dias de maior frio, esse número costuma aumentar para, aproximadamente, 40 pessoas. Nos últimos dois meses, 480 famílias já receberam os agasalhos da campanha, totalizando mais de 2,4 mil pessoas atendidas. Nem mesmo a movimentação do Dia D de Doações, em 17 de junho, quando diversos pontos de coleta foram instalados na cidade, foi suficiente para superar os números de 2015. “As doações estão abaixo do esperado, mas acredito que vamos conseguir alcançar a meta. Ainda estamos recebendo auxílio das empresas. Hoje, por exemplo, vamos receber da Stadtbus, que fez campanha de arrecadação”, conta Tanani.


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