2 minute read

Pesquisador identifica exemplar único de espada do império no Museu Dom Diogo de Souza

Um dos maiores especialistas em sabres do tempo do Império Brasileiro, Alfonso Menegassi, esteve no Museu Dom Diogo de Souza, mantido pela Fundação Attila Taborda (FAT/Urcamp), nesta semana, para confirmar a existência de um exemplar de espada que, segundo ele, é único no mundo, pertencente ao acervo da instituição. O pesquisador é autor do Livro Espadas do Império Brasileiro, que demorou 10 anos e 10 meses para ser lançado.

Advertisement

A vinda do especialista para Bagé se deu através do servidor público federal, colecionador e fotógrafo, Ricardo Móglia Pedra, que fez uma visita ao museu Dom Diogo de Souza e descobriu uma espada que não estava no livro. Após conferir as fotos encaminhadas pelo amigo, Menegassi percebeu que Bagé tem a única espada, vista e conhecida, cuja a guarda (proteção da mão), possui dois símbolos ao mesmo tempo: o Brasão do Império e o monograma de Dom Pedro II. “Normalmente, ou tem um ou outro. Este sabre é uma raridade e um exemplar ímpar, que merece ser investigado”, comenta.

Conforme o especialista, que se diz amante das espadas do Império Brasileiro, sua pesquisa iniciou depois de aposentado, como cirurgião dentista. Nascido no Rio de Janeiro, viveu em Porto Alegre por vários anos e, hoje, reside no Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Menegassi conta que seu livro levou 10 anos e 10 meses para ser lançado, e, nesse período, foi realizado um trabalho de arqueologia, busca e caça de informações. “Nunca ninguém escreveu no mundo nada sobre espadas do Império Brasileiro. Essa é a primeira obra a título mundial, referendando nossas espadas, desde origem, fabricantes, importadores, modelos, variantes, insignias, decretos que oficializaram as armas, espadas regulamentadas e irregulares”, comenta.

Na chegada ao Museu, Menegassi ressalta que buscou a história no livro do tombo, que registra a chegada da peça no local e que consta a origem e o que tem de história. “Às vezes, vem de um ascendente, descendente, proprietário. Com isso, é realizada a comparação”, disse. No caso, a espada referida foi doada ao Museu no dia 25 de agosto de 1965, por Yara Botelho. O sabre pertenceu ao Marechal Luis Manoel de Lima e Silva, tio do Duque de Caxias, e foi presenteada ao general e político João Nunes da Silva Tavares, também conhecido por Joca Tavares, primeiro e único Barão de Itaqui. Tavares foi presidente do Estado do Rio Grande do Sul, de 17 de junho a 4 de julho de 1892, e responsável por iniciar uma guerra civil que se transformou, posteriormente, na Revolução Federalista (1893-1895).

O pesquisador permaneceu três dias em Bagé. Ele iniciou seu trajeto por Santana do Livramento, para catalogar o acervo de um colecionador. Em Bagé, buscou conhecer a estrutura física do Museu, ressaltando o prédio e o acervo. “O Museu conta com armas históricas, como garruchas, pederneiras, cintos usados no Império com medalhões, estribos do Império Brasileiro, fivelas e botões. Não existe nenhum livro que fale sobre esses objetos, então porque não catalo- gar, documentar, fotografar e pesquisar, para que outros possam dar seguimento”, sustenta. O especialista ressalta que não é historiador, nem museólogo. Em Bagé, somente nesses dias, teve contato com 14 sabres. Além do sabre de dois símbolos, ele encontrou duas espadas também consideradas únicas, que não estão catalogadas em seu primeiro livro, e também são raras. “Uma foi feita na Scholberg, de Pelotas, e outra confeccionada de forma artesanal, customizada, por algum ferreiro ou laminador local. Um dos sabres foi confeccionado com aço damasco, material muito raro em espadas do Império, que tem uma impressão única na lâmina, e outro com dobradiça”, destaca.

Menegassi informa que já esteve em museus do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Brasília, e nunca viu exemplares como os do acervo do Museu Dom Diogo de Souza. “São três espadas raras e únicas”, afirma.

Para uma das curadoras do Museu Dom Diogo, Maria Luíza Pêgas, a visita de um especialista e pesquisador enriquece muito o trabalho realizado. Ela destaca que Menegassi está auxiliando na identificação de algumas peças, passando informações de manutenção e manuseio. “Isso reforça o compromisso de guardar esse acervo da região de Bagé”, enfatiza.

This article is from: