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O FOCO De volta à vida:
Ano 6 | Edição 103 24 de junho de 2011 Diretor: Thiago Melo
São João Marcos, em Rio Claro, vira Parque Arqueológico e atração cultural/turística Página 13
[Relações perigosas]
Construtoras e Poder Público: relações entre empresários e políticos envolvem milhões de reais Acidente de helicóptero na Bahia acaba por revelar suspeitas de tráfico de influência da Construtora Delta junto ao governador Sérgio Cabral. Lytorânea, em Itaguaí, já havia despertado as mesmas suspeitas no cenário municipal. Página 9 [transportes]
[poder] Arquivo O FOCO/rapahel melo
Detro apreende 14 ônibus da empresa mais problemática da Costa Verde
Toni é mais Toni Veredor ressurge a partir do “G7” e diversifica seus temas em plenário. Coelho é fundamental na CPI da LLX
Mesmo após acidente, kombis são alternativa ao transporte público em Itaguaí
Jupy Junior
Página 11
Página 5
[oportunidade]
[Educação]
O FOCO pesquisou cursos para você se preparar e conquistar uma das vagas do concurso público para a prefeitura de Itaguaí. Página 6
Alunos e professores apresentam diferentes visões do complexo caminho do ensino. Convivência dentro das salas de aula nem sempre é harmônica. Página 3
Comece já a estudar!
conflitos na escola
Toni é da Ilha da Madeira e vai ajudar nas investigações
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EXPEDIENTE Diretor Geral/Editor-Chefe: Thiago Melo MTB 25806-RJ Editor: Jupy Junior MTB 28085-RJ. Diretora Comercial: Verônica Leal. Colaboradores: Ana Carolina Brandão, Juliana Torres e Raphael Melo Matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal O FOCO e elas são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus respectivos autores.
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O FOCO
cotidiano [EDUCAÇÃO]
O difícil caminho do ensino juliana torres
A relação professor-aluno é difícil. Para professores, apatia na sala de aula. Para alunos, falta compreensão
A.C.S., aluna da rede municipal de Itaguaí
[Juliana Torres] redacao@jornalofoco.com.br
A situação precária do ensino no Brasil apresenta personagens que podem definir o que falta para a excelência na educação. Os professores do Colégio Estadual José Maria de Brito (Itaguaí) afirmam que falta o interesse dos estudantes pelas matérias dadas em sala de aula. Professoras da Escola Mu-
“Os alunos se encontram apáticos, sem perspectivas profissionais” João Vilagelim, professor de matemática
nicipal Coronel Moreira da Silva (Mangaratiba) contam que sofrem agressões verbais quase sempre. Já os alunos do Ciep Maestro Francisco Mignone, em Itaguaí, apontam a impaciência dos professores como motivo para o desinteresse nas aulas. O FOCO apurou a quantas anda a relação entre alunos e professores. O resultado é conflitante: professores insa-
“Os professores não têm paciência de explicar a matéria quando algum aluno não entende o que foi dito”
Ciep Francisco Mignone, em Itaguaí: professores e alunos têm relação conflituosa nas escolas tisfeitos e alunos que se dizem desmotivados e sem incentivo. A equação parece insolúvel. OS PROFESSORES A maioria dos professores possui a mesma opinião quando o assunto é convivência com os alunos: falta diálogo em casa e eles são apáticos. O professor de biologia Anderson Cézar reclama da falta
de preocupação dos pais. Segundo ele, o professor não se sente competente para tentar mudar o pensamento dos alunos. O professor de matemática João Vilagelim concorda com os colegas, e acrescenta: “a falta de perspectivas profissionais causa o desinteresse deles”. Para Suelen Pinto – que leciona português e inglês - uma parte dos alunos vai pa-
ra o colégio “por obrigação”. Ou seja, os estudantes apenas se preocupam em alcançar a média para passar de ano. OS ALUNOS Aulas mais dinâmicas e atenção dos professores: estas são as reclamações dos alunos. As estudantes A.L.S.R. e C.A.V., 13 e 14 anos - do 6º e 5º ano, respectivamente- afir-
Descaso na educação O vereador Toni Coellho (PRP) comentou em plenário, recentemente, sobre um trabalho realizado por aluno de uma escola municipal da região. Apesar deste trabalho ter vários erros ortográficos - “peiche” [peixe], “laranga” [laranja] e “cadapio” [cardápio], por exemplo – o estu-
dante tirou nota máxima. Segundo o vereador, este caso demonstra uma precariedade no ensino, no qual os alunos são aprovados mesmo sem apresentar mínimas respostas de aprendizado. Esta situação se agrava com o salário recebido pelos professores (mínimo) e impossibi-
lidade desses profissionais se alimentarem na escola. Quanto ao transporte, a Câmara aprovou recentemente uma ajuda de custo de 15% do salário, porém as condições ainda são muito ruins e poucos são os professores qualificados que se dispõem a trabalhar no município.
mam que gostam de estudar e que falta carinho dos professores. Segundo elas, sempre tem um aluno que é melhor tratado na turma. Para a aluna A.C.S., 13 anos, os professores tratam os estudantes de maneira ríspida e grosseira. Ela contou que um dia reclamou que estava com fome e a professora disse que ela estava de “gracinha”. Por este motivo, a teria mandado para a direção. A.C.S. também disse que tem problema de memória e dificuldade na leitura de textos. A aluna do 5º ano disse que os professores não têm paciência de explicar a matéria quando algum aluno não entende. O FOCO perguntou a ela sobre suas dificuldades, e ela respondeu com energia: “Queria que os professores procurassem saber mais sobre a vida dos alunos para tentar ajudar, e não piorar o que já está ruim”. As questões da educação, ao que parece, devem também passar pelo tratamento social. Não é mais possível conceber discussões sobre currículos, por exemplo, se a família onde vive o aluno é desestruturada e sem perspectivas. Assim como é inconcebível falar em educação quando o laço entre professor e aluno parece estar cada vez mais frouxo. Fica a cargo dos especialistas e governantes encontrar as melhores soluções a fim de que o futuro seja mais possível a partir da escola.
[RONDA ESCOLAR]
De olho nas escolas Projeto da ronda escolar volta a operar em Itaguaí [Ana Carolina Brandão] redacao@jornalofoco.com.br
O projeto da ronda escolar – que consiste no patrulhamento das escolas de Itaguaí a fim de coibir delitos e tráfico de drogas – estava parado há um ano, mas voltou a operar no começo deste mês (9). De acordo com o capitão
Átila dos Santos - responsável pelo DPO municipal – a atuação policial é muito importante entre os jovens locais, principalmente quanto ao tráfico de entorpecentes: “Nós recebemos muitas reclamações dos moradores insatisfeitos com os alunos se drogando em frente às escolas” – disse o capitão.
A ronda escolar voltou a operar na região, e tem como missão proteger as escolas e coibir o tráfico de drogas
A PM agirá juntamente com o Conselho Tutelar municipal, a fim de recuperar os jovens itaguaienses. Para a operação foi disponibilizada uma viatura, que percorrerá todas as escolas da região. “‘Teoricamente’ a ronda escolar passa todos os dias pelas escolas com um livro a fim de registrar as assinatu-
ras de diretores como prova da atuação dos policiais. Assim esses profissionais se sentem mais protegidos, o que é fundamental” – disse Luís Machado, presidente do Conselho Municipal de Segurança. Dados da PM indicam que os bairros mais preocupantes são Engenho, Brisamar e Carvão.
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O FOCO
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[CSA]
[ILHA DA MADEIRA]
Inea dá explicações à Alerj em terceira audiência pública sobre a CSA
“Lico Tonelada” (Apaim) e Sérgio Hiroshi (Aplim) estão longe de serem unanimidades
Terceiro ato Arquivo O FOCO/jupy junior
Pescadores X Pescadores [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br
Visão da CSA: siderúrgica polêmica [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br
A Comissão Especial da Alerj se reuniu nesta terça (21) pela terceira vez para debater os supostos problemas ambientais da ThyssenKrupp CSA - a Companhia Siderúrgica do Atlântico – que fica em Santa Cruz, capital do Rio de Janeiro. A diferença em relação às duas audiências públicas anteriores foi a presença de Marilene Ramos, presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Segundo
“A empresa só vai ter a licença definitiva quando se adequar a todas as normas ambientais e corrigir os eventuais problemas” Marilene Ramos, presidente do Inea
Ramos, a CSA só obterá a licença definitiva de operação a partir do resultado de duas auditorias encomendadas pelo órgão, sob o qual pesam suspeitas de pouco rigor na concessão da licença prévia. Dia 27 será a vez de Itaguaí sediar mais um evento sobre o mesmo tema. LICENÇA SOB CONDIÇÕES Marilene Ramos procurou demonstrar que o Inea está atento à siderúrgica: “A empresa só vai ter a licença de-
finitiva quando se adequar a todas as normas ambientais e corrigir os eventuais problemas que poderão ser apresentados pela auditoria que está sendo feita na companhia” - informou. A deputada Lucinha (PSDB) avisou que a Comissão vai receber novamente o Inea após analisar toda a documentação recebida nesta terça, que inclui relatórios com pesquisas feitas com moradores sobre a qualidade do ar e documentos em que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) transfere para o Inea a responsabilidade pelo licenciamento ambiental, dentre outros. AUDITORIAS Segundo o Inea, a licença de instalação concedida aponta que o empreendimento está em fase de pré-operação onde possíveis problemas devem ser identificados e corrigidos. “A CSA está operando com a licença de instalação, que tem como prazo final o dia 28 de setembro de 2012. Apenas após serem cumpridas todas as nossas exigências na fase atual é que vamos conceder a licença de operação” - relatou Marilene. Segundo ela, o Inea solicitou a realização de duas auditorias, uma para apontar problemas na CSA e outra para avaliar impactos na saúde de trabalhadores e moradores dos arredores. * com informações da assessoria de imprensa da Alerj
A Baía de Sepetiba já viu dias melhores. Poluída e fruto de intensas disputas, a bucólica e ainda bela Ilha da Madeira revela contornos até então escondidos sob a tranquilidade do local. Esta tranquilidade, porém, é apenas aparente: além das suspeitas de especulação imobiliária e promessas de contrapartidas ambientais que não foram cumpridas, uma guerra surda corre solta entre os pescadores. As lideranças das associações de pescadores são alvos de denúncias, suspeitas e insatisfações.
“HIROSHI TRAÍRA” Durante o protesto contra a LLX na terça (14) nos portões da empresa – manifestantes atravessaram carros a fim de evitar o trânsito de caminhões e máquinas – vários eram pescadores e membros de associações. Alguns deles aproveitaram a reportagem para fazer reclamações de algumas lideranças. Dentre elas, a de Sérgio Hiroshi, presidente da Associação de Pescadores e Lavradores da Ilha da Madeira (Aplim). A associação foi retratada na edição anterior de O FOCO, que apontou a disparidade das sedes da Aplim e da Apaim.
“Antes ele participava do movimento, agora que aluga barcos para a LLX, nem aparece mais por aqui” – disse um manifestante a respeito de Hiroshi. Dois participantes da manifestação combinaram de amarrar bóias na Baía de Sepetiba para impedir que os barcos de Sérgio pudessem passar. “Ele ganha 30 mil por mês alugando barcos para a empresa, por isso não tem interesse em protestar, é um traíra” – disse outro manifestante. “LICO TONELADA” AMEAÇADO Outro líder da região, Carlos Nascimento (conhecido como “Lico To-
nelada”) - da Associação de Pescadores Artesanais da Ilha da Madeira (Apaim) - também é acusado de impedir que os pescadores recebam verbas ou vantagens das contrapartidas ambientais supostamente oferecidas pelas empresas que efetuam empreendimentos no local. “Esse Lico não vale nada, tem que sair da presidência” – disse o pescador Altair Modesto Guimarães. Recentemente, conforme publicado em O FOCO, Pedro Santos, tesoureiro da Apaim, publicou edital em que convocava os demais associados para votarem pela destituição de Lico.
[HIROSHI SE EXPLICA]
[LICO INDIGNADO]
O presidente da Aplim apresenta um discurso confuso quando confrontado com as insatisfações, mas explicou que os pescadores deveriam se profissionalizar para continuarem a obter subsistência da Baía. “Já briguei muito, fui contra o prefeito, mas não tem jeito, a saída é buscar trabalho pela profissonalização” – declarou. Disse ainda que os pescadores rejeitam a ideia para não perderem o “defeso”, verba federal na forma de subsídio cuja intenção é evitar a pesca de camarões e outros frutos do mar em determinadas épocas de reprodução. Hiroshi menciona ainda que a principal insatisfação dos pescadores é em relação aos valores de venda das casas para a LLX, confirmando que a especulação ocorre indiscriminadamente na região.
Lico Tonelada está indignado, e repete que não se venderá à LLX. Ele credita o descontentamento ao fato de que ele “não se dobra aos poderosos”. Quanto ao edital publicado por Pedro Santos, Nascimento se mostra revoltado e lamenta que os pescadores não compreendam sua posição em relação à LLX. Ele publicou outro edital recentemente para revogar o primeiro e continuar sua luta apesar das discordâncias. O peixe continua dividido. Enquanto isso, a Baía morre a cada dia, e as obras na região não param. As investigações sobre possíveis irregularidades ainda estão no início, e há o risco de até o fim das apurações as obras estarem prontas. Quem viver, verá.
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[TRANSPORTE]
A kombi nossa de cada dia
Serviço de transporte alternativo em Itaguaí é bom, com algumas exceções [Ana Carolina Brandão] redacao@jornalofoco.com.br
Devido a um acidente com uma kombi na última segunda-feira (20) – ler box, O FOCO procurou saber como anda a realidade do transporte alternativo em que se utilizam esses veículos. O resultado, mesmo que prévio – novas matérias a respeito serão publicadas – mostra que o serviço até que vai bem, embora uma das fontes tenha revelado que uma cooperativa ainda atue de forma irregular. Os passageiros estão satisfeitos e os
veículos em bom estado, e as kombis podem ajudar a melhorar a precária situação em que se encontra o transporte público na região. COOPERATIVAS As kombis que circulam por Itaguaí são de cooperativas, todas devidamente legalizadas pela prefeitura. Das oito cooperativas existentes, duas circulam para outras regiões – como por exemplo, para a zona oeste do Rio de Janeiro e as demais apenas pelo município. Cada cooperativa tem um nome próprio, e devido à concor-
ana carolina brandão
O acidente em Santa Cândida foi com uma das kombis da Tropical rência algumas percorrem determinadas áreas e outras não. Os nomes de algumas das cooperativas são: Rota do Sol, Cooporto, CTAPA, Coopec, Cooperita, Cooper Vida e Tropical. De acordo com declarações de passageiros, a Cooper Vida é a cooperativa mais organizada. Nela os funcionários são uniformizados e as kombis sempre estão em perfeitas condições. “Todo dia eu pego a Kombi da Cooper Vida, seu estado de conservação é ótimo, elas não demoram a passar e os motoristas muito são atenciosos” – disse
Beatriz da Silva, moradora do bairro Califórnia. COMO FUNCIONA Para circular com a kombi é necessário que o motorista possua carteira de habilitação com categoria D, e que o veículo esteja com o IPVA em dia. Além de pagar, anualmente, o Imposto Sobre Serviço (ISS) para a prefeitura, a fim de conseguir autonomia. Segundo a funcionária da Cooper Vida, Elaine da Silva, as kombis são dos próprios motoristas, mas cabe ao dono ou gerente da cooperativa verificar as irregularidades para
que não recebam multas. Mesmo com a fiscalização da prefeitura há cooperativas que desrespeitam a lei e circulam com motoristas desabilitados. “Eu trabalho na Cooper Vida há muitos anos, mas já trabalhei algum tempo na Coopec e posso afirmar que lá têm motoristas dirigindo sem carteiras” – disse Carlos Roberto Morais, um dos fundadores da Cooper Vida. A equipe de O FOCO procurou a direção da Coopec para prestar esclarecimento, mas ninguém pode falar sobre o assunto.
Acidente deixa nove feridos Uma kombi da Cooperativa Tropical bateu em um poste Rua Dona Elisabeth, no bairro Santa Cândida, em Itaguaí. O acidente ocorreu por volta das 11h, na altura do nº 320. Cogita-se que a causa do acidente tenha sido um mal súbito do motorista, Sérgio Grinaldo, de 33 anos. Ele teria perdido o controle do veículo ocupado por 10 pessoas além dele. Exceto Vitória (oito meses) e Walace (3 anos) - filhos de Cinthia Lopes, que os levava no colo - todos os demais ficaram feridos. A kombi fazia o trajeto Itaguaí-Santa Cândida. A maioria dos passageiros teve apenas escoriações leves e fraturas. Mas Delma Rosali do Nascimento, 63 anos, foi ferida com mais gravidade: sofreu fraturas nas costelas e trauma na face. Ela foi transferida de helicóptero para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Os demais foram atendidos no Hospital São Francisco Xavier, em Itaguaí, e o caso foi registrado na 50ª DP.
[TRANSPORTE]
Detro apreende ônibus da Expresso Operação fiscaliza e constata má qualidade da empresa mais problemática da Costa Verde [Ana Carolina Brandão] redacao@jornalofoco.com.br
Alteração de características, parabrisas trincados e com limpadores inoperantes, luzes de ré e freio queimadas e falhas na documentação. Esses são alguns dos problemas encontrados pelo Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) nos ônibus da Expresso Mangaratiba. A empresa tem sido alvo de uma série de reclamações já relatadas em O FOCO, como por exemplo ônibus enguiçados na Rio-Santos, motoristas mal-humorados, preço abusivo e excesso de microônibus, além de cancelamento de linhas. A Câmara Legislativa de Mangaratiba já chamou os responsáveis pela em-
presa, porém até o momento nada aconteceu. Os passageiros precisam conviver diariamente com o desconforto de poltronas e janelas quebradas, além de verem o orçamento cada vez menor por causa das passagens caríssimas. OPERAÇÃO “TOMAHAWK” De acordo com registros do Detro, a empresa da Costa Verde é uma das que mais apresenta irregularidades desde o início da operação “Tomahawk” (nome inspirado no míssel do exército dos EUA), lançada este mês. A operação, que tem como objetivo combater irregularidades nas empresas que apresentam maior quantidade de registros de reclamação, já infracio-
Arquivo o foco/raphael melo
Expresso: autoridades aumentam o cerco à empresa
nou mais de 100 ônibus e apreendeu 20 – apenas nessa última semana. Desse total, 14 são da empresa Expresso Mangaratiba, além de seis que sofreram infrações por irregularidades no funcionamento do GPS. APREENSÕES As ações acontecem em dias consecutivos, nas regiões onde trafegam as linhas operadas pela empresa. Na garagem da Expresso, em Itaguaí, foram recolhidos sete ônibus com situação irregular. Em Mangaratiba e Itacuruçá mais quatro carros foram tirados de circulação por não apresentarem boas condições. Em Muriqui, o Detro também apreendeu um veículo sem selo de vistoria, com documenta-
ção irregular e alteração de característica. O órgão também fez duas apreensões em Nova Iguaçu. O FOCO procurou a Expresso Mangaratiba para esclarecimentos, mas até o fechamento dessa edição não houve resposta. PARA RECLAMAR Qualquer pessoa que se sinta prejudicada pela Expresso Mangaratiba pode fazer reclamações direto ao Detro. Basta telefonar para 2332-9535 ou enviar um e-mail para ouvidoria@ detro.rj.gov.br. A assessoria de imprensa do órgão declarou que ainda não há planos de confisco da licença da empresa, porém afirmou que estará disposta a investigar qualquer denúncia ou irregularidade.
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[Santa Cruz]
Alagamentos com os dias contados
[CONCURSO PÚBLICO] divulgação
Obras para conter enchentes em São Fernando começam A Comunidade São Fernando, em Santa Cruz, zona oeste do Rio, está a nove meses de se livrar das constantes enchentes que vem sofrendo há mais de ano. A Prefeitura do Rio anunciou, na manhã de domingo (19), o início das obras um reservatório de águas das chuvas, uma elevatória e uma Estação de Tratamento de Esgoto. Além disso, o conjunto ganhará 2,6 mil metros de nova rede de drenagem e 7,8 mil metros de rede de esgoto. 10 MESES O projeto foi elaborado por técnicos da Rio-Águas e será executado pela empresa Cohidro. Os custos da obra são de responsabilidade da ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em contrapartida pelos impactos ambientais causados na zona oeste. O termo de compromisso foi assinado pelo vice-presidente da CSA, Rodrigo Tostes, e pelo secretário de Obras da Prefeitura do Rio, Alexandre Pinto. “Queremos resolver um problema que aflige os moradores deste conjunto desde abril de 2010. Trouxemos uma solução que será executada em duas etapas e levará de nove a 10 meses para ficar pronta, enquanto isso o sistema de bombeamento continua” - afirmou Alexandre, referindo-se às quatro bombas
de drenagem que ficam no meio da rua e são ligadas sempre que há sinal de cheia do canal ou de chuva. “OBRIGAÇÃO DA CSA” A deputada estadual Lucinha (PSDB), engajada na luta pela solução que a CSA pode estar causando à comunidade, enfatizou que a causa dos alagamentos se deu por causa da alteração do curso do canal São Fernando, feita em 2007. “Se isto não tivesse acontecido a comunidade não tinha sofrido duas enchentes. A empresa tem suas responsabilidades sociais e quando ela vem executar essas obras aqui, ela não faz mais que sua obrigação” – afirmou Lucinha, que ainda não esqueceu a polêmica sobre a emissão do pó de ferro expelido pela CSA. Centenas de pessoas assistiram à solenidade, que foi realizada na Rua Principal da Comunidade São Fernando. Os moradores receberam bem a notícia do início das obras, mas ainda estão apreensivos. “Toda vez que chove eu tenho que dar um jeito de suspender meus móveis para não estragar. Eu espero que essa seja uma boa solução” - declarou Maria das Graças dos Santos, de 65 anos, moradora de São Fernando há 23.
Candidatos concentrados prestam concurso: em breve será a vez de Itaguaí
Preparação é tudo Concurso para a prefeitura de Itaguaí já foi anunciado, agora é só estudar [Ana Carolina Brandão] redacao@jornalofoco.com.br
Depois de anunciado o concurso para a prefeitura de Itaguaí, chegou a hora de se preparar. Porém encontrar um curso preparatório para concurso público municipal na cidade não é tarefa fácil. Mas O FOCO foi às ruas atrás de informações. O concurso ainda não tem edital – previsto para sair no início de julho – mas a expectativa é que a prova aconteça em setembro deste ano. Por este motivo, para os interessados o tempo já começou a correr: é hora de buscar apoio para se preparar para a prova. CURSO Como O FOCO pode constatar, Itaguaí é defi-
ciente de cursos preparatórios para o concurso público municipal. O curso “Sistema de ensino GPI” é o único preparatório da cidade que irá montar turmas específicas. De acordo com o coordenador Milton Costa, no dia 11/07 será montada a primeira turma do curso, mas a previsão é que haja três. “Desde a divulgação do concurso nós temos recebido muita procura, não só de moradores de Itaguaí, mas também de pessoas que trabalham na cidade” – disse Milton. O curso, que terá duração de três meses, custa R$ 600,00. Mas há desconto de 50% para funcionários da prefeitura e de 40% para moradores do município. Enquanto não sair o edital, as primeiras au-
las serão de língua portuguesa, matemática e informática, além de lei orgânica do município e história de Itaguaí – estas últimas baseadas em concursos anteriores. Para Marcelo Oliveira, morador de Itaguaí, há algum tempo desempregado, essa será uma ótima oportunidade de conseguir um bom emprego com salário fixo. “Eu não tenho nada a perder fazendo essa prova. Quem sabe eu passo e mudo de vida” – almejou Marcelo. VAGAS E CONCURSO O concurso será elaborado pelo Centro de Produção da Uerj (Cepuerj), e terá um total de 2083 vagas, algumas delas reservadas para deficientes. Os cargos têm salários entre R$ 545,00 e R$ 2,94
* com informações do gabinete da deputada estadual Lucinha divulgação
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mil. As vagas estão distribuídas por níveis de escolaridade: 587 para quem tem curso superior; 827 para os níveis médio e médio/ técnico; 167 para o nível fundamental completo; e 175 para incompleto; 58 para deficientes, além das áreas de educação e cultura. A área da saúde – para disputa de nível superior – é que mais apresenta disponibilidade de vagas: clínico geral e pediatria. Para os interessados, todas as informações sobre o concurso estarão no site da Ceperj (www.cepuerj.uerj.br), a partir da publicação do edital. Caso o concurso realmente aconteça, as inscrições poderão ser realizadas via internet ou no Teatro Municipal de Itaguaí.
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poder [Mangaratiba]
Prefeitura inaugura nova sede do Abrigo Lar Mariliza Crianças e jovens em situações de risco que possam lhes trazer prejuízo físico, emocional e psíquico são encaminhadas pelo Conselho Tutelar para o abrigo Lar Mariliza. O problema era que a antiga sede não atendia as necessidades dos usuários. A Prefeitura de Mangaratiba vai resolver o problema e entregar na segunda-feira (27) uma nova sede para o abrigo. A casa dispõe de dois andares, berçário, alojamentos femininos e masculinos, banheiros, salas para atendimento psicológico e assistência social, administrativas, de estar e jantar, além, de uma enorme área de lazer com parque infantil, sala para acesso a computadores e lavanderia. Miriam Pontes, guardiã do abrigo, comemorou a nova sede: “As nossas crianças e adolescentes realmente precisavam de um local que oferecesse todo o suporte necessário.” O abrigo fica na Rua João Doce, lote 88, em Ibicuí.
[CPI LLX]
Nos bastidores do poder O FOCO acompanha momentos da primeira reunião da CPI LLX [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br
Os homens estão sérios, sentados à mesa de reuniões da Câmara Legislativa de Itaguaí, na quinta-feira (16), por volta das 20h. Momentos antes, um dos acontecimentos mais importantes da política itaguaiense acabara de acontecer: a aprovação da instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar a LLX e autoridades do poder executivo municipal. Eles se reúnem para a primeira reunião dos membros da CPI, a fim de verificar quais serão as providências mais emergenciais a serem tomadas. Carlos Kifer (PP), Toni Coelho (PRP), Nisan César (PV), Lenilson Rangel (PV), Beto da Reta (PMDB) e o presidente Vicente Cicarino Rocha (PMDB) são os parlamentares presentes. O FOCO acompanhou parte da reunião e conta com exclusividade as impressões iniciais. INFORMALIDADE Nisan César, embora aparentasse tranquilidade, estava agitado: não conseguia se sentar à mesa junto com os outros. Preferiu ficar em um dos três sofás que cercam a mesa com aproximadamente 10 cadeiras. Falou ao telefone com duas pessoas enquan-
jupy junior
CPI não economizará nos pedidos de informação, documentos e convocação dos envolvidos
to a reunião acontecia, e também agachou-se junto ao presidente Vicente Rocha para cochichar algo. Rocha já havia tirado o paletó e afrouxado a gravata vermelha. Havia um pacote de biscoitos cream-cracker, Nisan comeu dois. Toni Coelho, a princípio sentado em uma das cadeiras, também se sentou em um dos sofás logo depois. Sua esposa veio trazer um celular para o vereador atender, mas ele dispensou a ligação. PROXIMIDADE COM O FERIADO Um assessor anotava as providências a serem to-
madas. As primeiras dizem respeito principalmente a informações. Os parlamentares discutiam sobre possíveis convocações, e a proximidade com o feriado de quinta-feira (23) representava um entrave. Surgiram considerações – logo resolvidas sobre o poder de convocação da CPI. Muitos documentos serão solicitados, e muitas pessoas serão investigadas – é tudo o que se pode dizer por enquanto. Kifer lembrou que a “CPI das Casinhas” (que trata dos conjuntos habitacionais em Chaperó) já teve 15 oitivas (depoimentos para esclarecer
dúvidas dos vereadores). A CPI da LLX, certamente, terá mais. BARULHO DO LADO DE FORA Sobre o barulho no corredor onde ficam os gabinetes de Coelho e Kifer, Nisan disse: “parece que tem 200 pessoas lá fora, não é?” Muitas pessoas realmente falavam alto, e a reportagem fechou a porta oposta ao plenário que dá acesso ao interior da Câmara. Kifer estava concentrado, e debatia com Rocha sobre a validade de alguns documentos e oitivas. Eles estudavam quem chama-
riam primeiro para prestar esclarecimentos. Dois nomes estão no topo da lista: Valle e Oberg. A PORTAS FECHADAS Depois das considerações iniciais, solicitaram à reportagem que deixasse a sala. Os vereadores iriam discutir procedimentos que não podem ser divulgados a fim de não prejudicar a investigação. Nisan atendeu a mais um telefonema. O FOCO saiu da sala, com a sensação de que esta foi apenas primeira de muitas reuniões, e o começo de algo muito maior.
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[EXECUTIVO e CONSTRUTORAS]
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Construindo bilhões Não é só em Itaguaí: relação do poder executivo estadual com construtora envolve muito dinheiro [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br
O exemplo não é bom: matéria publicada no jornal O Globo nesta terça-feira (21), que o governo do Rio de Janeiro mantém relações para lá de suspeitas com a Delta Construções, uma das maiores prestadoras de serviço do estado que, de 2007 até hoje, estabeleceu contratos que, somados, chegam a R$ 1 bilhão. O acidente de helicóptero que vitimou seis pessoas – uma delas a namorada do filho do governador Sérgio Cabral - estava a caminho do aniversário de Fernando Cavendish, dono da Delta, que acon-
teceria no Jacumã Ocean Resort (BA), de propriedade do piloto, Marcelo Mattoso de Almeida. Em Itaguaí, a construtora Lytorânea vence praticamente todas as licitações e, em uma análise superficial, acumulou cerca de R$ 60 milhões em apenas dois anos. DE R$ 67 PARA R$ 506 MILHÕES O Globo revelou que Cavendish obteve uma “generosa fatia” do bolo de recursos do estado nos últimos anos e está prestes a participar também das obras da reforma do Maracanã e do Arco Rodoviário (R$ 1 bilhão cada). A Delta Construções faturou em 2007,
graças às obras encomendadas pelo governo do Rio, R$ 67,2 milhões. Em 2010, o faturamento saltou para R$ 506 milhões. Ainda de acordo com a publicação, os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do estado (Siafem) foram levantados pelo gabinete do deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB). CONTRATOS SEM EXPLICAÇÃO Em Itaguaí, o grupo de oposição ao prefeito Carlo Busatto Junior (“Charlinho”) na Câmara Legislativa (o “G7”) investiga a relação entre a Lytorânea e a Valesul, empresas responsáveis pela quase to-
talidade das obras feitas no município principalmente entre 2008 e 2010. Uma CPI das obras já foi cogitada. Os vereadores suspeitam dos processos licitatórios vencidos pelas empresas e a “amizade” entre Marcos Abade - sócio da Lytorânea - e o prefeito. Nisan César (PV), em entrevista a O FOCO, afirmou que Charlinho “viaja para a Europa com Abade”. Os vereadores também classificam de “estranha” a ausência de placas indicativas das obras no município. As placas são obrigatórias, e trazem informações como valor da obra, engenheiros responsáveis e prazo para conclusão.
Imprensa destaca relação entre Cabral e Eike Batista
Cabral terá que explicar relação com empresário
Além de destacar o motivo da viagem de Cabral, O Globo ressaltou que o piloto do helicóptero que caiu na Bahia, dono do resort para onde iria o governador, era ex-doleiro acusado de fraude cambial há 15 anos e de crime ambiental de sua empresa, a First Class, na Praia do Iguaçu, na Ilha Grande, em Angra
dos Reis. O Dia publicou nesta terça (21) que Cavendish, dono da Delta, terá que se explicar no Senado: ele é acusado de tráfico de influência para vencer licitações, mesma suspeita dos vereadores em Itaguaí em relação a Marcos Abade, da Lytorânea. Tanto O Globo quanto O Dia ressaltam que Cabral viajou para a Bahia no jatinho de Eike Ba-
tista. Foi o mesmo jato emprestado a Madonna, quando esta esteve no Rio para “passar o chapéu” para a sua entidade filantrópica (a Raisin Kids). Por sinal, a cantora pop é investigada pela Polícia Federal Americana por suposto arrecadamento ilícito. O jatinho já serviu a Cabral em outra ocasião, segundo O Dia: para o
evento da escolha da cidade-sede dos Jogos Olímpicos em 2016. Eike também enfrenta problemas em Itaguaí: sua empresa, a LLX, é tema da recém-aberta CPI na Câmara, motivada pelas suspeitas de tráfico de influência do Procurador-geral Alexandre Oberg e do secretário municipal Alexandre Valle.
[CÂMARA ITAGUAÍ]
Muito além da “galera”
jupy junior
Toni Coelho obtém mais visibilidade com “G7” [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br
Antes ele era mais conhecido como o Toni da “Galera do Esporte”. Mas depois da eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa de Itaguaí, em 2010, o vereador Luiz Antonio Vieira Coelho, o Toni Coelho (PRP) pode, segundo suas próprias palavras, “dizer a que veio”. Mais do que o engajamento no esporte da região – no site do vereador ainda aparecem ima-
gens de esporte e a menção à “Galera”, espécie de grupo que agiliza competições populares no município – Toni tem se pronunciado no plenário sobre temas espinhosos como a CPI da LLX e aumento salarial do funcionalismo público. “AGORA SOU UM VEREADOR” Assim Toni disse a O FOCO um pouco antes da oitiva de Leonardo Ramos - ex-gerente da agência da Caixa Econô-
mica Federal de Itaguaí – na que tem sido chamada “CPI das Casinhas”, sobre os conjuntos habitacionais em Chaperó: “agora sou um vereador”. Toni está à vontade na sua legislatura, e seu papel de coadjuvante ficou para trás. Na sessão do dia 16 fez um discurso para rebater a página comprada pela LLX em O Globo sobre a polêmica da compra dos terrenos na Ilha da Madeira que resume bem a sua atuação no “G7”: argumentativa, incisiva e contundente.
KIFER CONCORDA Outro vereador que tem se destacado, Carlos Kifer (PP) – que acumula a presidência de duas CPIs na Câmara – concorda: “Toni é da Ilha da Madeira, conhece como ninguém a realidade de lá e tem sido fundamental nas investigações sobre a LLX”. Coelho, que é um sujeito boa praça, sempre com um sorriso no rosto, trocou as palavras amenas do esporte pela indigna-
ção com as denúncias. E não deixa ponto sem nó: na última sessão da Câmara (16) rebateu Silas Cabral (PV), vereador considerado pró-Charlinho, ao justificar a CPI da LLX com o envolvimento de autoridades municipais: “pode até não ter dinheiro público, mas tem funcionário público, isso é o suficiente” – disse ele. O esporte, pelo que parece, continua importante. Mas Toni Coelho quer mais, muito mais.
Toni: destaque no “G7”
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O FOCO
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esportes arquivo pessoal/hani lee
[Taekwondo]
Golpe no pessimismo Atleta de Mangaratiba não participa de campeonato por falta de investimento, mas mesmo assim investe na juventude [Juliana Torres] redacao@jornalofoco.com.br
Locutor, animador de palco, webdesign e atleta. Este é Raniel Ferreira Cunha, o taekwondista de 47 anos que, além de outros títulos, é bi-campeão brasileiro e pentacampeão carioca. Mais conhecido como Hani Lee, ele perdeu a chance de participar do Campeonato Brasileiro de Taekwondo, que aconteceu nos dias 18 e 19 de junho em Santa Catarina. O motivo foi a falta de patrocínio. Mesmo após se preparar bastante, ele não conseguiu viajar para o sul. Chegou inclusive a treinar junto a outros atletas no dia 11 de junho na conhecida escola de boxe Delfim, na Tijuca. A vitória daria a vaga para o Campeonato Mundial em Londres. NO ESPORTE POR ACASO Mas nem tudo está perdido. Hani disse que ainda há chances de participar da disputa em Londres. Ele precisa então de dois campeonatos – o Cidade Maravilhosa
Open e o Copa Brasil. Somente assim ele pode garantir a vaga para competir no mundial. Há 12 anos no esporte, Hani faz lutas desde jovem. Antes do taekwondo, o atleta já se aventurou no judô e muay thai. Por achar que a luta dá disciplina e desenvolve as habilidades em equipe, Hani colocou seu filho ainda criança - hoje com 21 anos - no taekwondo. Era ele quem o levava e buscava. Assim, decidiu treinar e gostou tanto que não parou mais. “TAEKWONDO E CIDADANIA” O atleta é o idealizador e professor de um projeto social que busca por meio do taekwondo dar a possibilidade a crianças e jovens aprender um esporte de luta. Segundo Hani, os futuros atletas são cobrados quanto à disciplina e boas notas (ele faz questão de acompanhar). O projeto “Taekwondo e Cidadania” é realizado no centro de Mangaratiba e em Conceição de Jacareí. O total de alunos chega a quase quarenta.
O atleta é o idealizador e professor do projeto “Taekwondo e Cidadania”, voltado para a prática de taekwondo para crianças e jovens
O projeto dá gratuidade a crianças na faixa etária de cinco a 16 anos. Acima desta idade, o pagamento mensal é de R$ 30. Mas, segundo Hani, os jovens interessados que não puderem pagar podem receber uma bolsa. As aulas acontecem às quartas, de 19:30h às 21h, e sexta, de 18h às 21h, na Academia do Hugo, no centro de Mangaratiba. E, as terças e quintas, de 18h às 20h, na Quadra Ely Ferreira Ceia, em Conceição de Jacareí. Hani Lee busca patrocínio para custear suas viagens nas competições e para o projeto “Taekwondo e Cidadania”. Quem quiser ajudar o atleta pode ligar para (21) 8545-9234 ou enviar um e-mail para ranisattkd@hotmail.com.
Hani Lee perdeu a chance de participar do Campeonato Brasileiro de Taekwondo por falta de patrocínio
[FUTEBOL]
Campeonato suspenso Arraial do Cabo pede anulação do jogo contra o Grêmio Mangaratibense e esfria a disputa do Cariocão [Ana Carolina Brandão] redacao@jornalofoco.com.br
A terceira fase do Campeonato Carioca está suspensa por tempo indeterminado. A decisão de suspender o campeonato partiu do conselho arbitral, de-
pois de recurso do Arraial do Cabo contra o Grêmio Mangaratibense. A reunião aconteceu na última terça-feira (14), na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), e contou com a presença do presiden-
te da federação, Rubens Lopes, e dos dirigentes dos 16 clubes que participaram da segunda fase do torneio. ANULAÇÃO E JULGAMENTO No domingo (12), o Grêmio Mangaratibense
venceu o Arraial do Cabo por 2 a 0, dentro de casa, e se classificou para a terceira fase da série C. Mas, de acordo com informações do site www.esportes.opovo.com.br, o presidente do Arraial do Cabo, Walquir Pimentel, quer a anulação da partida. Para Pimentel, a equipe da Costa Verde utilizou o médico da ambulância para fazer atendimento dentro de campo, procedimento não permitido pelo regulamento da competi-
O presidente do Arraial do Cabo, Walquir Pimentel, pediu a anulação da partida contra o Grêmio Mangaratibense ção. Ainda de acordo com o site, o presidente do Grêmio Mangaratibense, Alexandre Garcia, negou as acusações e disse que os médicos que atenderam os jogadores não eram os da ambulância. O julgamento do pe-
dido encaminhado pelo Arraial do Cabo para a Ferj ainda não havia sido concluído até o fechamento desta edição. Por causa da suspensão, o jogo Arraial do Cabo X Grêmio Mangaratibense – que seria disputado no último domingo (19) pela primeira rodada da terceira fase - foi cancelado. Agora, a Ferj estuda colocar os jogos da competição durante a semana para não prejudicar o calendário das equipes.
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O FOCO
cultura [rio claro]
Portas abertas para a história
fotos reprodução/internet
Parque Arqueológico valoriza a cultura de São João Marcos [Juliana Torres] redacao@jornalofoco.com.br
O estado do Rio de Janeiro acaba de ganhar mais um ponto turístico. No dia 9 de junho foi inaugurado o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, em Rio Claro. São João Marcos, recentemente elevado a distrito de Rio Claro, faz divisa com Mangaratiba e tornou-se conhecida pela sua trágica história de extinção. Após ficar em ruínas, a Light S/A junto à Secretaria de Estado de Cultura realizaram um projeto para revitalizar a região. O objetivo é preservar a história, a cultura e o meio ambiente de São João Marcos. HISTÓRIA No século XIX, São João Marcos foi uma das maiores produtoras de café do Brasil e sua localização era estratégica: ficava na convergência de importantes rios da região. Por suas características históricas e arquitetônicas, a cidade foi tombada em 1939 e logo depois, destombada. O motivo de São João Marcos estar próximo à barragem de Ribeirão das Lajes foi um dos principais motivos para o destombamento. Segundo a assessoria da Light, após estudos feitos durante a presidência de Getúlio Vargas, foi concluído que devido a demanda de abastecimento de água para o
Rio de Janeiro - na época capital do Brasil – seu reservatório deveria aumentar. Com isso, houve a discussão de que a cidade poderia ser alagada com as reformas. Para diminuir possíveis transtornos, os moradores foram orientados a se deslocar para as cidades vizinhas, como Mangaratiba, Itaguaí e Piraí. Alguns se recusaram a sair: ficaram os que não podiam ou não acreditaram no alagamento. Algum tempo depois, a cidade – que não foi alagada – começou a ser demolida. Os que resistiram finalmente deixaram São João Marcos, que se tornou um conjunto de ruínas. PARQUE ARQUEOLÓGICO Segundo Luis Felipe Younes, coordenador do
Ruinas na cidade que não foi alagada: resgate cultural e incentivo ao turismo projeto, o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos demorou quatro anos para ser consolidado. Em 2007, uma equipe formada por historiadores, arqueólogos e outros estudiosos fez sua primeira ida ao local para traçar estratégias para a recuperação da cidade. Foram investidos no projeto R$ 5,8 milhões, aportados pela Light S/A e pela SEC, por meio da lei de incentivo à cultura. Os grandes parceiros do projeto são a Prefeitura de Rio Claro, o Instituto Estadual do Patri-
A transformação da cidade abandonada em uma área de preservação ambiental, cultural e histórica dará novo incentivo econômico, turístico e cultural à região mônio Cultural (Inepac), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Vista da cidade na década de 1930, período em que foi tombada
TURISMO Emil de Castro - presidente da Fundação Mário Peixoto em Mangaratiba que já escreveu sobre a cidade - afirma que o Parque Arqueológico é uma excelente forma de divulgar a história. Ele esteve presente na inauguração e disse que foi um trabalho muito bem feito. Segundo Castro, as exposições das pessoas que ali viveram e a maquete da cidade antes de ser demolida estão entre as atrações do Parque.
O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos possui uma área de 930 mil metros quadrados e os visitantes poderão percorrer por até três quilômetros sinalizados com tratamento museológico e museográfico. O Parque fica na Estrada RJ 149 (Rio Claro - Mangaratiba), Km 20, em Rio Claro. A visitação é aberta de quarta a domingo, no horário de 10h às 16h, com entrada gratuita. Mais informações no site www.saojoaomarcos.com.br.
Igreja resistiu a marteladas: foi ao chão com dinamite
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O FOCO
classificados
CHAVEIRO AMÉRICA
Ofertas válidas para os dois mercados condicionadas à duração do estoque. Valores sujeitos a alteração sem aviso prévio.
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