Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 61 | Edição 3119 | 14 a 20 de setembro de 2016
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‘Ela decidiu amar e ir ao encontro das pessoas, dos necessitados’
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Encontro com o Pastor Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade: sal da terra e luz do mundo Página 3
Editorial Protagonismo e participação de cada um para a construção do bem comum Página 2
Cardeal Scherer incensa a imagem e a relíquia de Santa Teresa de Calcutá durante celebração de ação de graças na Catedral da Sé, no sábado, 10
Na celebração em ação de graças pela canonização de Madre Teresa de Calcutá, no sábado, 10, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer afirmou que a Santa, ao agir pela fé, “fez a coisa
Nova reitora: excelência acadêmica é prioridade da PUC-SP Luciney Martins/O SÃO PAULO
certa, fez o que todos nós deveríamos fazer”, e destacou que essa canonização foi um momento bonito neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Página 23
Página 5 Marco Antônio Teixeira/MPIX/CPB
Potência paralímpica, Brasil está longe do ‘pódio da acessibilidade’
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Maria Amalia Pie Abib Andery fala sobre sua nova missão como reitora da PUC-SP para o quadriênio 2017-2020, destaca o papel da universidade católica na sociedade e os desafios para manter a excelência acadêmica da instituição.
Com mais de 40 pódios já alcançados nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o Brasil está entre os primeiros colocados no ranking de medalhas da competição. Os protagonistas dessas conquistas são as pessoas com deficiência, que cotidianamente em todo o país se deparam com dificuldades de acessibilidade, algo que pode ser modificado com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, em vigor desde julho de 2015. Nesta edição, O SÃO PAULO também detalha o desempenho dos brasileiros nos primeiros dias da Paralimpíada, que segue até domingo, 18.
Página 15
Páginas 12 e 13
Maria Amalia, nomeada reitora da PUC-SP
Espiritualidade Dom Sergio de Deus: abertura de coração para uma profunda renovação na pastoral
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
Solidão cívica
E
leições municipais costumam nos deixar meio atônitos, particularmente na votação para vereador. Percebemos que não acompanhamos os trabalhos da Câmara, não conhecemos os candidatos e vamos pedir nomes de candidatos aos amigos (quase tão desorientados quanto nós). Temos, na política, uma mentalidade do tipo “pago para não ter que me ocupar disso”. Nas eleições, “voto para não ter que me preocupar com a gestão pública e o bem comum”. Às vezes, as coisas funcionam bem no primeiro caso: pagamos e recebemos o que queríamos. No segundo, quase nunca. A sociedade é uma obra coletiva, uma tarefa de todos, e o voto é um momento num processo. Quem espera se livrar da responsabilida-
de apenas votando, aumenta seus problemas e desgostos. A construção do bem comum depende da participação e do protagonismo de cada um. Não basta votar, é preciso participar sempre, com solidariedade, empenho e compromisso, de iniciativas e ações que constroem a sociedade em que acreditamos e queremos viver. Por isso, a Doutrina Social da Igreja sempre insistiu no valor da solidariedade, da participação e do protagonismo da pessoa. Qual lugar seria mais adequado para praticar essas virtudes cívicas do que o município, onde vivemos e conhecemos os problemas, onde nossa voz tem mais chance de ser ouvida e nossos amigos mais facilidade de trabalhar juntos? A democracia começa no município e não
é por acidente que muitos políticos, mesmo se dizendo a favor do povo, tentam concentrar o poder no governo federal e estadual, esvaziando a força da política municipal, onde o cidadão tem mais chance de ser protagonista e construir a sociedade que deseja e não aquela que é “outorgada” pelo poder. No Brasil, participamos pouco da vida municipal, das questões políticas que envolvem nossas comunidades. Por isso, vivemos essa espécie de “solidão cívica” em que não encontramos critérios, companheiros para refletir juntos e bons candidatos para votar. É no trabalho compartilhado, no exercício da solidariedade, na construção do bem comum, que vamos nos conhecendo, descobrindo critérios para
votar, identificando os políticos mais adequados para receber nossa confiança. Para usar uma velha expressão da Igreja, participando das “obras” da Igreja (sociais, de misericórdia etc.) ou mesmo do mundo laico (conselhos, ONGs, etc.), adquirimos as condições para participar bem da política. E se sentimos que nossas obras não estão nos ajudando nesse caminho, é sinal de que existe algo de errado com elas. A política é cheia de armadilhas para o justo. Todas podem ser superadas, ao longo do tempo, pela comunhão e pelo desejo de acertar e se deixar corrigir. Nenhuma delas, porém, é mais danosa do que deixar de participar, pois quem deixa de fazer, deixa de fazer o bem com certeza.
Opinião
Verdade, fatos e versões Arte: Sergio Ricciuto Conte
Klaus Brüschke Os recentes acontecimentos políticos do país trazem à luz um fenômeno dos tempos atuais. Se formos além das narrativas construídas para a opinião pública e dos interesses dela ocultados, depararemos com verdades em todos os contendores; não há um lado puramente “certo” ou puramente “errado”. O mesmo se poderia dizer do plebiscito sobre o Brexit, no Reino Unido, da política sobre os refugiados na Europa, da questão entre israelenses e palestinos no Oriente Médio, e de tantos acontecimentos daqueles de nosso cotidiano que afetam a humanidade toda. Vivemos hoje numa sociedade complexa, explicaria Edgard Morin. Assim, não bastam alguns esquemas para dar conta da realidade. A verdade – “correspondência, adequação ou harmonia passível de ser estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva” (Houaiss) – não é mais inteligível. Observamos, então, algumas atitudes decorrentes disso. Uma é agarrar-se a afirmações já consolidadas, simplificando a realidade, ignorando ou rejeitando o que não se enquadra nelas, classificando-as como errôneas – ou mesmo como pecaminosas e ação do demônio… Comporta-
mento que se revela intolerante. Outra é desistir de procurar a verdade, relativizando-a, ou mesmo renunciar aos fatos, preferindo versões ou opiniões – ainda que não exatamente verazes, mas em sintonia com as próprias convicções. A tolerância aqui é manifestada de duas formas: as diversidades são pacificamente aceitas, sem interferirem umas nas outras, ou viram tabu, aceitas desde que silenciadas e guardadas na esfera do privado. O pluralismo da verdade expressa que só é possível apreender parte dela, que transcende a todos,
e que esta se desenha como um mosaico de muitas tesselas, e também que ela é dita de diferentes modos, pois sua compreensão é mediada por fatores históricos, culturais etc. A compreensão da verdade se dá, então, mediante processos interativos entre pessoas, processos de “comunicação colaborativa”. Um desses processos é o debate. Nele, as diferentes proposições são argumentadas até os envolvidos formarem suas convicções. Contudo, pelo seu método de convencimento, ainda se tende à prevalência de uma das teses – como vemos nos
tribunais, nos parlamentos, nas mesas-redondas… Já no diálogo, busca-se compartilhar visões. Sua finalidade não é “analisar as coisas, vencer uma discussão ou trocar nossas opiniões. É suspender nossas opiniões para considerar as opiniões de todos, para escutá-los e depois suspendê-los, para ver o que emerge disso tudo”, observa David Bohm. Paulo Freire ensina: “O diálogo é encontro entre homens, mediado pelo mundo, para dar um nome ao mundo.” Por se tratar de um encontro entre pessoas – não entre posições, ideias, conceitos… – um pré -requisito, segundo Chiara Lubich, é que antes elas se amem, com aquele amor de Cristo, que possui algumas características: é universal e inclusivo, é proativo, reconhece o valor do interlocutor e é empático (“faz-se um”, diz Chiara). Outro pressuposto é a escuta, a capacidade de tentar compreender as razões do interlocutor, de ver as coisas com seus olhos. Assim se dá um aprendizado recíproco e, não raramente, o encantamento com uma verdade mais complexa que se vai descobrindo juntos e aos poucos. Então, a riqueza da diversidade não será mera retórica, mas uma experiência de fato. Klaus Brüschke é membro do Movimento dos Focolares, ex-publisher da editora Cidade Nova e articulista da revista Cidade Nova.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Edcarlos Bispo, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Revisão: Sueli S. Dal Belo • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
Q
uem são os cristãos leigos e qual é sua missão na Igreja e na sociedade? Este é o tema do documento nº 105 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fruto da assembleia geral da Conferência realizada em Aparecida, em abril de 2016. A abordagem do tema situa-se no contexto da comemoração dos 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965), que consolidou uma nova compreensão da Igreja como “Mistério divino-humano”, através do qual Deus realiza a obra da salvação do mundo, e como “povo de Deus”, integrado por todos os batizados, chamados à mesma graça e à missão comum de testemunhar do Evangelho do Reino de Deus no mundo. O Concílio trouxe um grande avanço na compreensão do laicato: não são membros secundários, nem apenas os beneficiários da ação da Igreja; são seus membros e participantes da mesma dignidade de filhos de Deus; e também são participantes da mesma missão da Igreja, exercida por eles de maneira própria ao seu estado. Por sua vez, os ministros da Igreja têm um chamado e dons especiais a servir a Cristo e ao Evangelho na Igreja, da qual eles também fazem parte, junto com os leigos. A doutrina do Concílio sobre os leigos aparece especialmente na Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja, nos ca-
Cristãos leigos: novo documento da CNBB pítulos 2 e 4, e no inteiro Decreto Apostolicam Actuositatem, dedicado à missão e vida apostólica dos leigos; destaca-se que a missão prioritária dos leigos se realiza no “mundo secular”, sem deixar de lado a sua colaboração na vida e na missão interna da própria Igreja. Logo após o Concílio, houve um grande fervilhar de iniciativas voltadas à formação dos leigos e ao incentivo para a sua colaboração na missão da Igreja. Quase não há documento do Magistério da Igreja, durante os 50 anos posteriores ao Concílio, que não dê uma atenção especial aos leigos. Foi importante o Sínodo sobre os leigos, do qual veio a extraordinária Exortação Apostólica Christifideles laici (1988), de São João Paulo II. Esse documento ainda conserva sua validade e vem citado com abundância também no novo documento da CNBB. Durante a preparação do Grande Jubileu do terceiro milênio cristão, a CNBB emitiu um documento sobre a “missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas” (Documento 62, 1999), destacando mais uma vez a participação dos leigos na vida e na missão da Igreja. O desenvolvimento pós-conciliar da teologia do laicato avançou muito, mas a atuação dos leigos cresceu sobretudo no âmbito interno da vida eclesial e isso levou, nos documentos sucessivos, a incentivar sempre mais a missão dos leigos no “mundo secular”, onde eles são os “missionários da linha de frente”. Essa orientação aparece fortemente na breve, mas importante,
Carta Apostólica Novo Millennio ineunte (“No Início do Novo Milênio, 2001), de São João Paulo II. A Conferência Geral de Aparecida, do Episcopado da América Latina e do Caribe (2007), vai por essa mesma linha: os cristãos leigos são as testemunhas do Evangelho no vasto campo da vida, da organização da sociedade e das responsabilidades públicas. Sem a ação deles, a Igreja e o mundo caminham como duas realidades paralelas e o Evangelho do Reino de Deus permanece como o sal ou o fermento guardados no depósito, em vez de irem para o meio dos alimentos... A preocupação com a “nova evangelização”, presente na Igreja há muito tempo, mas explicitada sempre mais após o Concílio e na virada do milênio, trouxe mais uma vez a preocupação com a participação dos leigos na vida e na missão da Igreja: sem eles, a evangelização não vai para frente. Por isso, o Sínodo sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã” (2012) concentrou mais uma vez a sua atenção sobre os leigos. Na Exortação Apostólica póssinodal Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”), feita pelo Papa Francisco (2013), mais uma vez, a atenção ao papel dos leigos na evangelização está no centro do documento. Nesse contexto, situa-se também o novo documento da CNBB sobre os “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade – sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14)”, que precisa ser lido e estudado com muito interesse.
| Encontro com o Pastor | 3
Visitas a paróquias Luciney Martins/O SÃO PAULO - 2011
Nos próximos dias, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, visitará quatro paróquias da Arquidiocese de São Paulo, onde presidirá missas. Na quarta-feira, 14, às 20h, ele estará na Paróquia São José, no Setor Pastoral Freguesia do Ó, na Região Brasilândia. Nessa mesma Região, na quinta-feira, 15, às 20h, o Arcebispo irá à Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Setor Pastoral Jaraguá. No sábado, 17, às 17h30, Dom Odilo fará a bênção do Santíssimo na Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia), na região central da cidade; e no domingo, 18, às 10h, estará na Paróquia Nossa Senhora das Dores, na Região Episcopal Ipiranga.
Colóquio com candidatos a prefeito Na terça-feira, 20, às 9h, no Centro Universitário São Camilo, acontecerá um colóquio com candidatos à Prefeitura de São Paulo: Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), Luiza Erundina (PSOL), Fernando Haddad (PT) e João Dória (PSDB). A iniciativa do encontro é do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e foram convidados os cinco mais bem colocados na pesquisa Ibope, de 21 de julho, sobre as intenções de voto para prefeito.
Tweets do Cardeal @DomOdiloScherer 11 – 1Cor 6,19-20 “Ignorais que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e que vos é dado por Deus?”
4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 18 de setembro de 2016
Façam preces pelos que ocupam altos cargos Cônego Celso Pedro Escrevendo a Timóteo, São Paulo recomenda “que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens; pelos que governam e pelos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade”. Por que tal recomendação? Aqueles que governam e os que têm altos cargos podem perturbar a tranquilidade da vida do povo? Se não o fazem diretamente, podem criar um ambiente propício a todo tipo
de maldade e corrupção que afetam a vida da população, tirando dela o que lhe é devido tanto em bens materiais quanto em princípios e valores. A corrupção dos grandes torna-se valor para o povo miúdo, e ser corrupto passa a ser uma bemaventurança. No Reino do Norte, no tempo de Jeroboão II, as diferenças sociais eram visíveis e marcantes. Os bens se concentravam nas mãos de poucos, vistos como espertos, e os males restavam para os não tão espertos. O profeta Amós se movimentava nesse meio e clamava, de-
nunciando os que maltratavam os humildes, alteravam pesos, medidas e balanças, deixavam prostrados os pobres dominando-os com dinheiro, e enganavam os humildes dando-lhes um par de sandálias. Pela boca do profeta, Deus afirmou que nunca haveria de se esquecer do que esses grandes faziam com os pequenos. Deus não pode tolerar tal situação, porque ele mesmo levanta da poeira o indigente, retira do lixo o pobrezinho e faz com que eles se sentem com os nobres do povo. O próprio Deus coloca o indigente no nível dos grandes.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 16 de agosto de 2016,
É preciso, pois, rezar pelos que ocupam altos cargos e têm alta posição na sociedade, para que saibam para quem se volta o olhar de Deus. Ensinando os seus discípulos, aqueles que deviam levar adiante a sua missão, Jesus lhes conta a parábola do administrador infiel, que é um dos espertos deste mundo, que por interesse pessoal sabe fazer amigos. “Os filhos deste mundo – diz Jesus aos seus discípulos – são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” nos negócios que lhes são próprios. Então, os filhos da luz também
devem ser espertos e usar o dinheiro deste mundo, chamado de injusto por Jesus, para fazer amigos que os recebam nas moradas eternas. Estarão na entrada do céu para abrir-nos as portas aqueles que libertamos da dominação dos que governam e ocupam altos cargos, os humildes maltratados, os enganados nas medidas e nos pesos, os dominados por dinheiro ou por um par de sandálias, o pobrezinho jogado no lixo. Sirvamos a Deus e não ao dinheiro, e usemos o dinheiro para que não haja necessitados entre nós.
Você Pergunta foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia São Pedro Apóstolo, na Região Episcopal Lapa, Setor Pastoral Lapa, o Revmo. Pe. Lédio Milanez, RCJ. Reprodução
Meu filho frequenta festas ‘rave’. O que faço? padre Cido Pereira
osaopaulo@uol.com.br
Vejam a preocupação desta mãe: “Meu nome é Edna Aparecida, sou católica; eu e meu marido participamos todos os domingos na Pastoral da Acolhida da nossa paróquia. Já fizemos o ECC [Encontro de Casais com Cristo]. Temos dois filhos que moram conosco: o filho tem 30 anos, a filha, 29 anos. Eles já foram crismados, mas não participam das missas. Meu filho é muito fechado e já há alguns anos ele vem frequentando esses eventos de ‘rave’ que o mundo oferece. O que eu posso fazer para convencê-lo a parar com isso?” Pois é, Edna. Confesso a você que precisei me inteirar dessas tais festas “rave” que seu filho frequenta. E fiquei preocupado. Um tipo de festa de música eletrônica de longa duração num sítio, num galpão qualquer, num ambiente, eu diria, permissivo, não é lá um bom lugar. Fico aqui pensando que seu filho, fechado como você diz, certamente esteja procurando se relacionar e se sinta bem nessas festas. O perigo é o domínio do coletivo sobre o indivíduo. Mesmo tendo sido bem formado, e eu acredito que
foi, é difícil não se deixar influenciar pelo grupo que frequenta. Eu penso, Edna, que um filho de 30 anos é praticamente impermeável a qualquer conselho. Porém, vale a pena tentar um diálogo. Alguém com 30 anos, ainda dependendo dos pais, precisa abrir-se ao diálogo, precisa conversar com a família que o apoia sem cobranças. Se vocês conseguirem quebrar a barreira da falta de comunicação por parte dele, certamente vocês poderão falar de suas preocupações, preocupações legítimas. O coração de mãe não se engana, não é mesmo? É tempo, portanto, de conversar, de dialogar. Queira seu filho dialogar ou não, é preciso insistir. Peço a Deus que dê sabedoria a vocês para encontrar o momento certo, as palavras certas, o jeito certo de dizer a ele que o amor de vocês os obriga a externar as preocupações que têm por ele. E não pensem que vocês falharam na educação, viu, Edna? É que os modismos, muitas vezes confundidos com “cultura”, competem com os bons ensinamentos que os pais deram aos filhos. Deus abençoe você, seu marido e seus filhos e os ajudem a encontrar caminhos para o problema que enfrentam.
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Espiritualidade ‘Fez-se sempre assim’? Dom Sergio de Deus Borges
O
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana
Papa Francisco, quando publicou a Exortação Evangelii Gaudium, pediu a todos nós determinação e abertura de coração para uma profunda renovação na pastoral de toda a Igreja, a partir de nossas comunidades paroquiais. Para iniciar o processo de renovação pastoral, ele pediu que abandonássemos um critério pastoral que utilizamos com frequência: “Fez-se sempre assim” (EG 33). Quando permanecemos amarrados a esse critério, a pastoral não caminha e impedimos que novas ideias possam trazer luz nos processos pastorais. Ao insistirmos que sempre se fez assim, sem percebermos, colamos dificuldades para que novos discípulos missionários possam se integrar na comunidade como novas sementes de trigo a vencer o joio. Pior ainda, podemos perder a esperança e a alegria de evangelizar, porque nos tornamos incapazes de perceber a ação do Espírito Santo no cotidiano da pastoral. Como sempre se fez assim, sempre é a mesma coisa, são sempre as mesmas reuniões, as mesmas palavras e vamos
munidades, e nos abrirá os olhos para mantendo algumas atividades para ver o Deus presente, o Deus que salva cumprir com a obrigação, mas não vemos o Senhor agindo no meio de nós. e está ao nosso lado na missão. Integrar a todos os que estão a caminho, e Devemos agradecer as coisas bonitas que realizamos no passado, os beno caminho está a base do Evangelho: los encontros, as atividades nas mais todos nós temos necessidade de misericórdia (cf. Mc 10, 46-52). Não percediversas áreas de ação, as pessoas que beis a necessidade de mudar o critério se dedicaram aos projetos pastorais, pastoral? mas não podemos pretender viver do Para auxiliar a todos nós, termino passado, porque o grande profeta Isaías alertou o povo de Israel sobre esse com as palavras do Papa Francisco na perigo, e nos alerta: “Não fiqueis a Exortação Amoris Laetitia: “Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar lembrar coisas passadas, não vos preocupeis com acontecimentos antigos. Eis que farei uma coisa nova, Como sempre se fez ela já está despontan- assim, sempre é a mesma do: não a percebeis?” coisa, são sempre as (Is 43,18). mesmas reuniões, as mesmas Fixar o pensamento, o coração e os olhos palavras e vamos mantendo no passado nos impede algumas atividades para de perceber a ação do cumprir com a obrigação, Deus vivo hoje, impe- mas não vemos o Senhor de-nos de ver que agora agindo no meio de nós. em nossa comunidade paroquial Jesus realiza cada um a encontrar a sua própria maravilhas ainda maiores do que no maneira de participar na comunidapassado. Precisamos adotar um novo de eclesial, para que se sinta objeto de critério pastoral que nos dê audácia, uma misericórdia ‘imerecida, inconalegria e renove a pastoral, nos abra dicional e gratuita’. Ninguém pode ser a novos caminhos de evangelização: a condenado para sempre, porque essa pastoral missionária de integrar. não é a lógica do Evangelho! Não me O critério da pastoral missionária refiro só aos divorciados que vivem de integração nos tornará criativos, numa nova união, mas a todos, seja nos dará vigor para repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os méqual for a situação em que se encontodos de evangelização de nossas cotrem” (AL 297).
| Fé e Vida | 5
Fé e Cidadania Fome no mundo e doutrina social Padre Sancley Lopes Gondim Acabou de ser lançado um livro de doer o estômago: “A Fome”, de Martín Caparrós. O autor confessa que ele próprio não gostaria de lê-lo. Mostra que hoje há muito mais gente com fome — ou mesmo em situação de hambruna, fome generalizada, escassez absoluta de alimentos em determinada região — do que há 40 anos. Quase 1 bilhão de pessoas incapazes de suprir suas necessidades de alimentação. Está convencido de que temos a capacidade de alimentar todo o mundo. Para ele, a fome contemporânea é a mais canalha da história: nem sequer existe a justificativa de que não há comida suficiente. Não o fazemos devido a um sistema de circulação de bens que concentra a riqueza nas mãos de poucos (Álvaro C. e Silva, Folha de S.Paulo, 21/06/2016, p.2). O Papa Leão XIII já denunciava o fato. São João Paulo II, 90 anos depois da Rerum Novarum (1891), fala das “massas imensas de desempregados, subempregados e famintos” (Laborem Exercens, 18). O Papa Francisco, dirigindo-se à Caritas Internationalis com as suas 164 organizações-membros, comprometida em 200 países e territórios do mundo, “com os que sofrem devido ao escândalo da fome”, disse: “Não podemos nos voltar para o outro lado e fingir que ele não existe. Os alimentos à disposição no mundo seriam suficientes para saciar a fome de todos” (Mensagem do Papa Francisco, 10/12/2013). E no seu discurso à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), reunida para estudar formas de intervenção para garantir alimento a todos, afirmou o Papa Francisco: “Assim como as mudanças necessárias que devem ser feitas às atuais estratégias... Com a convicção de que o direito à alimentação só será garantido se nos preocuparmos com o seu protagonista real, ou seja, a pessoa que sofre os efeitos da fome e da subalimentação. O sujeito real! É doloroso constatar que a luta contra a fome e a subalimentação é obstada pela ‘prioridade de mercado’ e pela ‘primazia do lucro’, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita a especulações, até financeiras. O Santo Padre João Paulo II, na I Conferência sobre a Alimentação, advertiu a comunidade internacional contra o risco do ‘paradoxo da abundância’: há alimento para todos, mas nem todos podem comer enquanto o desperdício, o descarte, o consumo excessivo e o uso de alimentos para outros fins estão diante dos nossos olhos. Eis o paradoxo! Infelizmente, esse ‘paradoxo’ continua a ser atual. São necessários critérios éticos ante a obrigação moral de partilhar a riqueza econômica do mundo” (Discurso à II Conferência da FAO sobre Alimentação, 20/11/2014). “Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social” (Evangelii Gaudium, 53). As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.
6 | Viver Bem |
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Comportamento
Amar faz envelhecer melhor Valdir Reginato
“Acrescentar vida aos anos e não somente anos a vida”. A cada ano, cresce o percentual de idosos, e os que passam dos 90 deixam de ser exceção no nosso país, enquanto no Japão o limite dos cem anos não surpreende mais. Dobramos no século 20 a expectativa de vida em relação ao século 19, graças ao saneamento básico, à vacinação em grandes proporções, aos recursos médicos-tecnológicos no controle de doenças crônicas. Incorporadas a essas questões, as mudanças de comportamento, englobando qualidade do sono, boa alimentação, condições de trabalho adequadas, exercícios físicos moderados e lazer, completam o receituário para um envelhecimento saudável. Há quem diga, com o olhar pessimista, que teremos uma geração futura que pela primeira vez poderá diminuir a expectativa de vida. Motivo: quem chega aos 90 hoje, não viveu dos 20 aos 50 como está vivendo a população nesta faixa etária atualmente. Está se falando de estresse, mudanças comportamentais que estão levando a um desequilíbrio nos aspectos apontados acima. Criou-se uma neurose a respeito da “boa dieta” e se passou a comer matematicamente sobre a qualidade e quantidade dos alimentos, esquecendo-se do prazer em comer. Todos querem ser “atletas olímpicos”
e se submetem a exercícios físicos exagerados para a idade e boa saúde. Sacrificam o sono para poder trabalhar mais e ter recursos para pagar todas essas ambições. O lazer foi confundido com uma recreação libertária na qual depois de tanto estresse as pessoas se liberam em diversões em que o excesso de barulho, álcool, drogas e sexo surgem como necessários para relaxar! Tudo isso não é um bom receituário para a longevidade. Preparar o envelhecer não se inicia quando se “sente” velho. Além de procurar rever os desvios comentados acima, é fundamental que se saiba que mudanças a partir dos 40 são difíceis. Após os 50, muito difíceis. Passados os 60, estamos no limite de possíveis transformações. Depois dos 70, nem se tenta! Frequentemente, as pessoas que aos 90 estão envolvidas em atividades saudáveis num comportamento consciente e próprio para a idade, não começaram a fazê-las aos 80 anos. Existem exceções, mas “quem atravessou o canal da Mancha com 70, não começou a nadar com 60”. Quem escreve um livro aos 80, não se tornou leitor dos bons livros aos 70. Quem aprecia a convivência social com 75, não era um ermitão até os 65... Portanto, é preciso iniciar antes para se continuar depois. Nessa caminhada, as pesquisas recentes apontam um fator que não é novo, mas tão
antigo quanto à humanidade, que influencia de maneira decisiva na qualidade de vida e na possibilidade de se adaptar, de modo particular no processo de envelhecimento, que é a capacidade de amar, esse compromisso em doar-se com alegria. Se a idade nos rouba algumas coisas, nos oferece pelo menos duas atitudes que se desenvolvem principalmente nos idosos: serenidade e sabedoria. Mediante essas duas condições, permite-se um equilíbrio das emoções, uma revalorização da hierarquia na vida, uma conscientização mais ampla do sentido em viver, uma contemplação do existir, uma melhor compreensão e importância do amor. É possível que essa visão facilite a aproximação e a identidade com o mundo infantil, que sela esse paradoxo de uma convivência harmoniosa entre os avós e seus netos, cuja comunicação está mais no sorriso mágico do que nas argumentações racionais. Essa postura requer dos idosos o esforço de caminhar pelo amor. Uma exigência amável, que não se compra na farmácia, não se encontra nas dietas, não se oferece em academias. Só depende do seu coração, do seu querer. É grátis, pois de graça recebemos, e é o fundamental para podermos viver e envelhecer melhor. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar
Cuidar da Saúde
Síndrome do túnel do carpo Cássia Regina A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia causada pela compressão do nervo mediano, estrutura que se localiza entre a mão e o antebraço. Existe uma estrutura estreita no punho pela qual os nervos passam para chegar à mão, esse é o chamado túnel do carpo, que na presença de edema (inchaço) comprime os nervos causando a síndrome. Esse edema pode ser causado por movimentos repetitivos, como a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), frequente em pessoas que trabalham com digitação e que
tocam instrumentos, e também pode ser causado por trauma, inflamação e por medicamentos, menos frequentes. É mais comum em mulheres, por ter o túnel menor, e também em pacientes com diabetes, artrite, menopausa e transtorno hormonal. Os sintomas são: dormência ou formigamento do polegar, do indicador e do dedo médio de uma ou de ambas as mãos; dormência ou formigamento da palma da mão; dor no punho ou na mão que se estende até o cotovelo; movimento de pinça débil; dificuldade para carregar bolsas; e fraqueza em uma ou ambas as mãos. Algumas
dicas para amenizar e evitar essa síndrome são: faça pausas rápidas de atividades repetitivas envolvendo o uso de suas mãos, gire os pulsos e estique as palmas das mãos e dedos várias vezes ao dia, use uma tala de pulso encontrada em farmácias e evite dormir sobre as mãos. O uso de analgésicos ajuda no alívio da dor. Caso você tenha algum desses sintomas, procure um clínico, ortopedista ou reumatologista para ter certeza do diagnóstico e tratar a doença de forma adequada. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
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Leigos, a missão é na Igreja e na sociedade Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
A Arquidiocese de São Paulo realizou, na sexta-feira, 9, no Centro de Pastoral São José, no Belém, um evento de apresentação do Documento 105 da CNBB sobre os cristãos leigos na Igreja e na sociedade. O tema foi apresentado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, Luiz Antônio de Souza Amaral, coordenador arquidiocesano da Pastoral da Educação, e Alex Villas Boas, professor de Teologia da PUC-SP. Dom Odilo explicou inicialmente o processo de elaboração do documento, que começou na Assembleia Geral dos Bispos do Brasil de 2014, resultando em um texto de estudos sobre o tema. Em 2015, foi reeditada uma versão com a redação revisada com as contribuições e observações recebidas das dioceses brasileiras. Na última Assembleia Geral, em abril, foi aprovado o texto definitivo do documento sobre o laicato. O Cardeal também destacou que esse tema voltou à reflexão da CNBB no contexto da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, que aprofunda a vida e a missão dos leigos especialmente na Constituição Dogmática Lumen Gentium,
Cardeal Scherer ladeado pelos professores Alex Villas Boas e Luiz Antônio de Souza Amaral
dentro da teologia do povo de Deus, e também em um decreto específico sobre o apostolado dos leigos, o documento Apostolicam actuasitatem. O Documento 105 também faz referências à Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifidelis Laici (1988) e ao Documento de Aparecida (2007), além da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco (2013). “A Igreja no Brasil reflete sobre si mesma, olha de maneira toda especial para os leigos e quer lançar não só novas luzes, mas novos incentivos. O tema do laicato tem como pano de fundo a questão da nova evangelização, tema do Sínodo dos
Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade
Imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida é levada a colégios da zona Leste Colégio Nossa Senhora de Lourdes
Crianças que estudam no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em devoção à Mãe Aparecida
Após viabilizar a peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em colégios da área de abrangência da Região Sé, por ocasião das comemorações dos 300 anos da aparição da imagem em 1717, no Rio Paraíba do Sul, o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade a tem levado a colégios na área de abrangência da Região Belém. Entre os dias 29 e 31 de agosto, a imagem esteve no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Regente Feijó, na zona Leste. “Expressões de fé, emoção e muita oração marcaram o Colégio Nossa Senhora de Lourdes com a presença da imagem peregrina de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Nossos colabo-
radores, nossos alunos e suas famílias puderam recordar os acontecimentos que marcaram a vida do povo brasileiro há 300 anos, quando, no Rio Paraíba do Sul, a imagem da Mãe de Jesus foi pescada”, recordou a Irmã Carine Edvirges Zendron, secretária e coordenadora de ensino religioso no colégio. “O olhar atento das crianças, a concentração dos jovens em suas orações e tantas lágrimas de agradecimento e pedidos, derramadas aos pés de Nossa Senhora, são sinais do amor misericordioso de Deus, que nos entrega Maria como Mãe e permite que ela nos ajude no seguimento de seu Filho, para construirmos um mundo repleto de gestos de amor, de paz e de bem”, concluiu a Irmã.
Bispos de 2012. Poderíamos colocar a questão: ‘Qual é a parte dos leigos na nova evangelização e transmissão da fé?’”, acrescentou o Arcebispo.
Sujeito eclesial
Ainda de acordo com Dom Odilo, o objetivo do documento é afirmar que o leigo é sujeito eclesial, não parte passiva da Igreja, mas membro vivo e participativo. Não é mero beneficiário ou expectador, nem objeto apenas da evangelização. Outra característica importante do texto é afirmar a índole secular da missão dos leigos sem deixar de lado a missão interna da Igreja. Luiz Antônio de Souza Amaral ressal-
tou que a orientação que o Papa Francisco fez na introdução da Exortação Apostólica Amoris Laetittia também pode ser aplicada para o Documento 105. “Não aconselho uma leitura geral apressada. Poderá ser mais proveitoso para os agentes de pastoral aprofundar pacientemente uma parte de cada vez ou procurar nela o que precisam em cada circunstância concreta”, citou. Ele apresentou uma síntese dos principais temas abordados no 2º capítulo do documento, como “Igreja Comunhão na Diversidade”, “Identidade e dignidade da vocação laical”, “Âmbitos da comunhão eclesial e atuação do leigo como sujeito”. A partir do subtítulo do documento, “Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 1314), Alex Villas Boas apresentou alguns aspectos da teologia do laicato, chamando a atenção para o fato de que, quando se fala de uma Igreja em saída, conta-se ativamente com a missão do laicato, e isso, segundo ele, se dá na fronteira entre o Reino de Deus e a sociedade, na atuação profissional, sociopolítica e de testemunho concreto do amor de Deus pela pessoa humana que os leigos dão na comunidade. Por fim, o teólogo resumiu que o leigo ajuda a Igreja a compreender o mundo contemporâneo, enquanto a Igreja ajuda o laicato a ser comunidade.
Pastoral das Pessoas com Deficiência
4ª Romaria da Acessibilidade acontece no dia 17 em Aparecida No sábado, 17, será realizada a 4ª Romaria da Acessibilidade, em ação de graças pelo Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, comemorado em 21 de setembro. Haverá uma missa com recursos de acessibilidade, às 16h, no Santuário de Aparecida. Motivados pelo Ano Santo extraordinário da Misericórdia e pelos dez anos da Campanha da Fraternidade de 2006, cujo tema foi “Fraternidade e pessoas com deficiência”, a temática da missa deste ano será “Testemunho da misericórdia junto às pessoas com deficiência”. A missa da acessibilidade tem o objetivo de promover a inclusão, com a plena participação das pessoas com deficiência. Os devotos com deficiência auditiva
contarão com a interpretação em Libras e legenda oculta nos monitores de tevê do Santuário. Os com deficiência visual poderão fazer uso do serviço de audiodescrição, por meio de um receptor de FM em frequência local e dos folhetos em braile e com letra ampliada, disponibilizados pela Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo. Padre José Valdir Rodrigues, da Diocese de São José dos Campos (SP), faz o convite: “Venha participar e saber o que é a missa inclusiva. A Igreja é chamada a testemunhar a misericórdia junto às pessoas com deficiência”. A missa também será transmitida pela TV Aparecida, com recursos de acessibilidade. (Edição do texto: Júlia Cabral,)
Peterson Prates
No sábado, 10, integrantes de pastorais, religiosos, clérigos e membros equipes paroquiais de Liturgia se reuniram no Centro Pastoral São José, na Região Belém, para o 2º Encontro Arquidiocesano de Liturgia, que neste ano teve como tema “Ministério Litúrgico um serviço à Assembleia Celebrante”. A assessoria foi do Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, cura da Catedral da Sé e professor de Comunicação e Liturgia. O evento reuniu mais de 200 pessoas das seis regiões episcopais da Arquidiocese.
8 | Pelo Mundo |
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Filipe david
correspondente dO SÃO PAULO na europa
Destaques das Agências Internacionais
Estados Unidos
Paraguai
Tempo de arrependimento e perdão Rodney Sanders, 46, é acusado do assassinato de duas freiras, esfaqueadas na noite de 25 de agosto. Ele teria confessado o crime sob interrogatório, sem explicar o motivo da agressão. Rodney já possuía um histórico criminal e estava em liberdade condicional. A investigação e os procedimentos jurídicos estão em andamento. Segundo sua mulher, Marie Sanders, Rodney lutava com diversos “demônios” em sua vida, tendo visto sua
mãe ser assassinada quando ele tinha apenas 5 anos de idade. Ele também bebia e teve envolvimento com drogas. Em sua primeira audiência perante a justiça, Marie disse ao marido que agora é tempo de arrependimento e penitência: “Foi tudo o que eu pude dizer. Foi tudo que precisava ser dito, porque ele sabe que eu o amo”. Marie foi então procurar as irmãs religiosas das duas freiras assassinadas para lhes pedir perdão: “Elas
me disseram que me amam, que amam o meu marido, que Deus perdoa. Isso foi o mais difícil: eu não sabia se conseguiria (enfrentá-las), não sabia como dizer que eu sentia muito a essa família, porque foi uma grande perda. Essas são mulheres de Deus”, disse. Já em lágrimas, ela foi abraçada pelas irmãs, que lhe disseram que Deus a ama muito e que as irmãs assassinadas perdoariam seu marido. Fonte: ACI/ The Clarion-Ledger
Espanha Mais de 2,2 mil bebês salvos do aborto Em cinco anos de existência, a Escola de Resgatadores João Paulo II salvou mais 2,2 mil bebês de serem abortados. A maior parte dos resgates é feita nas portas das clínicas de aborto, outros acontecem por meio de uma linha telefônica de ajuda a mulheres que pensam em abortar. Um dos segredos do sucesso é uma caminhonete com equipamento de ultrassonografia que os voluntários estacionam diante das clínicas: é muito difícil que uma mãe decida abortar seu bebê após vê-lo pelo ultrassom. Não muito tempo atrás, os integrantes da Escola de Resgatadores João Paulo II conseguiram convencer uma jovem a não abortar. Seu namorado é imigrante ilegal e não conseguia encontrar trabalho. A organização tem ajudado a jovem
Escuela de Rescatadores
Para o bispo emérito da Diocese de Concepción, Dom Zacarías Ortiz Rolón, SDB, é incompreensível que as autoridades não consigam deter a violência do grupo Exército do Povo Paraguaio (EPP), envolvido em uma série de crimes, incluindo assassinatos, tráfico de drogas, sequestros e extorsões. Para o Bispo, isso é sinal de envolvimento de políticos e autoridades com o grupo terrorista: “Existem políticos traficantes de drogas”, disse. O EPP, oficialmente fundado em 2008, é um grupo revolucionário marxista, surgido como braço armado do Movimento Pátria Livre, organização política de extrema-esquerda. Dom Zacarías disse que o grupo “não combate pelos outros, mas por si mesmo”. Ele lembrou o pedido da Conferência Episcopal na ocasião da morte de oito soldados em uma emboscada do EPP: “A Igreja pede, mais uma vez, às autoridades que identifiquem os criminosos e adotem todas as medidas legais para punir os culpados e impedir mais derramamento de sangue inocente”. Fonte: Fides
Voluntários da Escola de Resgatadores João Paulo II em frente à clínica de abortos Dátor
com comida, berço, carrinho, roupa, brinquedos, entre outras coisas necessárias. “Hoje, diria às mulheres que estão passando pela mesma situação que eu
passei, que pensem bem, porque o aborto fica gravado para a vida toda”, disse a jovem.
Astronauta levará ícones e evangelho ao espaço
do filho único, que vigorou no território chinês durante décadas e que contribuía para que as famílias abortassem ou simplesmente abandonassem à morte bebês do sexo feminino.
O astronauta russo Sergey Ryzhikov disse, em uma conferência de imprensa em Moscou, que levará à Estação Espacial Internacional (EEI) ícones, evangelhos e pedras do monte Tabor – onde, de acordo com uma tradição, Jesus se transfigurou. A nave Soyuz MS 02 deverá ser lançada no dia 23 de setembro e transportará Sergey junto com um outro astronauta russo e um norte-americano para a EEI. Eles deverão permanecer no espaço durante 155 dias.
Fonte: Fides
Fonte: Pastoral da Cultura (Portugal)
Com as redes sociais, o tráfico de pessoas tem aumentado cada vez maior das redes sociais pelos jovens vietnamitas. Muitas vítimas são mulheres vendidas para se casarem na China. Aquele país possui um número de homens significativamente maior que o de mulheres devido à política
Rússia
Fonte: ACI
Vietnã Entre 2011 e 2014, o número de casos de tráfico de seres humanos aumentou 11,6% em relação aos quatro anos anteriores, segundo grupos que trabalham na defesa das vítimas. O aumento se deve, em grande parte, ao uso
‘Incompreensível que não se consiga deter a violência do EPP’
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| Papa Francisco | 9
Júlia Cabral
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Francisco realiza reunião com o ‘C9’ O Papa Francisco iniciou na segunda-feira, 12, no Vaticano, a reunião do Conselho dos Nove Cardeais, também chamado de “C9”. Essa foi a 16ª reunião do Conselho, que começou em 1° de outubro de 2013. O principal tema dos encontros é a reforma da Cúria Romana, que já teve início com vários Motu Proprio - documento em resposta a uma dada situação - que agruparam e criaram novos dicastérios vaticanos. O último foi do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.
Fotos: L’Osservatore Romano
Compõem o Conselho os seguintes cardeais: Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga (Honduras), Pietro Parolin (Secretário de Estado), Giuseppe Bertello (Governatorato vaticano), Francisco Javier Errazuriz Ossa (Chile), Osvald Gracias (Índia), Reinhard Marx (Alemanha), Laurent Monsengwo Pasinya (República Democrática do Congo), Sean O’Malley (Estados Unidos) e George Pell (Austrália). O secretário é o bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro.
Com abades beneditinos A misericórdia é o coração da vida cristã e aquilo que nos torna atentos e solidários aos mais necessitados. Foi o que disse o Pontífice na audiência concedida na quinta-feira, 8, no Vaticano, aos participantes do Congresso dos Abades Beneditinos. “Se é somente na
contemplação de Jesus Cristo que se colhe o rosto da misericórdia do Pai, a vida monástica constitui o caminho por excelência para fazer tal experiência contemplativa e traduzi-la em testemunho pessoal e comunitário”, acrescentou.
“Não se deixem desencorajar se os membros das comunidades monásticas diminuem ou envelhecem; pelo contrário, conservem o zelo do testemunho de vocês, inclusive naqueles países mais difíceis, com a fidelidade ao carisma e a coragem de fundar no-
vas comunidades. O serviço de vocês à Igreja é muito precioso. Também o nosso tempo precisa de homens e mulheres que não antepõem nada ao amor de Cristo”, concluiu o Papa Francisco. (Fonte de todos os textos: rádio Vaticano)
Crisma de um jovem gravemente doente Minutos antes da audiência jubilar do sábado, 10, Francisco ministrou o sacramento da Confirmação a Giuseppe Chiolo na praça São Pedro. O jovem siciliano, que está internado na unidade de oncologia do Hospital Meyer de Florença, chegou ao Vaticano de ambulância. Depois de abraçá-lo, Francisco ungiu
‘Ninguém é irrecuperável’ Diante de milhares de fiéis e peregrinos presentes na praça São Pedro, no domingo, 11, para rezar o Ângelus, o Papa comentou o capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que reúne três parábolas com as quais Jesus responde aos murmúrios dos escribas e dos fariseus. Francisco afirmou que Jesus quer explicar, com as três passagens, que Deus
é o primeiro a ter em relação aos pecadores uma atitude acolhedora e misericordiosa. “Vocês já pensaram que toda vez que nos aproximamos do confessionário há alegria e festa no Céu? Já pensaram nisso? É belo. Isso nos infunde grande esperança, porque não há pecado em que caímos do qual, com a graça de Deus, não podemos nos reerguer; não
há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável! Porque Deus jamais deixa de querer o nosso bem, inclusive quando pecamos! Que a Virgem Maria, refúgio dos pecadores, faça brotar nos nossos corações a confiança que se acendeu no coração do filho pródigo: Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei’.”
com o óleo do Crisma a fronte de Giuseppe, sentado numa cadeira de rodas, dando-lhe depois um Terço e pedindo ao rapaz que não se esqueça de rezar por ele. O jovem havia escrito uma carta a Francisco, manifestando seu desejo de encontrá-lo. Imediatamente, recebeu o convite para ir ao Vaticano.
‘As divisões são a arma mais próxima do diabo para destruir a Igreja’ O Santo Padre recebeu, na sexta-feira, 9, no Vaticano, os bispos de recente nomeação que participam de um seminário promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O Papa destacou a proveniência dos bispos da África, Ásia, América Latina e Oceania, áreas consideradas “territórios de missão”. “Cada um de vocês tem o grande privilégio e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de estar na linha de frente na evangelização”, afirmou Francisco, recordando que são chamados a cuidar dos fiéis e atrai-los para Deus, especialmente os distantes ou perdidos. O Pontífice pediu atenção aos bispos para que as atividades evangelizadoras e pastorais não sejam prejudicadas por divisões existentes ou que possam ser criadas. “As divisões são a arma mais próxima do diabo para destruir a Igreja. Ele tem duas armas, mas a mais perigosa é a divisão. A outra é o dinheiro. O diabo entra no bolso e destrói com a língua, com as fofocas. E fofocar é um hábito terrorista.”
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Destaques das Agências Nacionais
Daniel Gomes, Vitor Loscalzo e Júlia Cabral osaopaulo@uol.com.br
Reprodução
Campanha nacional de vacinação começa no dia 19 O Ministério da Saúde lançou na terça-feira, 13, a Campanha Nacional de Multivacinação 2016, que será voltada para menores de 5 anos, para crianças de 9 anos e adolescentes de 10 a 15 anos incompletos. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, comentou que é fundamental que toda a população alvo compareça aos serviços de saúde levando a caderneta de vacinação, para que os profissionais possam avaliar se há doses a serem aplicadas. O dia D da mobilização nacional será no sábado,
24, mas a campanha se inicia na segunda-feira, 19, e vai até o dia 30. Serão 36 mil postos fixos de vacinação e 350 mil profissionais de saúde envolvidos nos 12 dias de mobilização. Para reforçar a iniciativa, o Ministério lançou uma campanha publicitária que será divulgada em todo o país, com o slogan “Todo mundo unido fica mais protegido”, que será veiculada na televisão, rádio e internet, com vídeos, banners, cartazes e jingles. Fonte: Ministério da Saúde (edição do texto: Daniel Gomes)
Abertas inscrições para o 21° Encontro de Comunicação do Regional Sul 1 Entre os dias 4 e 6 de novembro, na Chácara São José, em Sorocaba (SP), acontecerá o 21° Encontro Estadual de Comunicação do Regional Sul 1, com o tema “Igreja e Mídias Digitais: Desafios e possibilidades para a evangelização”. O assessor para o tema central será
o professor de Antropologia Teológica e de Pastoral da Comunicação, Lindolfo de Souza, diretor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. Para Dom Vilson Dias de Oliveira, bispo referencial da Pastoral da Comunicação no Regional Sul 1 da CNBB, os
integrantes da Pastoral da Comunicação (Pascom) devem estar em constante renovação do conhecimento. “O Encontro Estadual da Pascom proporcionará aos participantes uma importante oportunidade de formação, espiritualidade, partilha e reflexão acerca do caminhar do comuni-
cador na Igreja, inserido no contexto das mídias digitais. Estando este inserido no mundo digital, muito poderá contribuir para o campo da evangelização”, explicou o Bispo. As inscrições para o evento podem ser feitas pelo site www.cnbbsul1.org.br. Fonte: Regional Sul 1 (edição do texto: Júlia Cabral)
ONU e universidades promovem simulado sobre sistema de direitos humanos
Diocese de Barretos dá início à causa de canonização do Padre André Bortolameotti
A ONU Brasil, em parceria com universidades brasileiras, convida alunos de graduação para o 1° Simulado do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, cuja fase presencial ocorrerá em 14 de outubro, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde, em Brasília (DF). O objetivo da iniciativa é promover o conhecimento sobre o sistema internacional de proteção dos direitos humanos junto a estudantes de graduação. Serão aceitas inscrições de equipes de dois a
Foi instalado na quinta-feira, 8, na Diocese de Barretos (SP), o Tribunal de Inquérito Diocesano que irá ouvir, a partir do dia 22, os testemunhos acerca do Servo de Deus Padre André Bortolameotti, a fim de dar continuidade no processo de sua canonização. Os testemunhos das pessoas ouvidas serão anexados ao dossiê a ser enviado à Santa Sé. Dom Milton Kenan Junior, bispo de Barretos, considerou oportuna a aprovação da Congregação para a Causa dos Santos para o
cinco estudantes de graduação, independentemente do curso universitário, regularmente matriculados. Para se inscrever, a equipe deverá preencher até 23 de setembro o formulário de inscrição on-line e enviar um dossiê de até 1.500 palavras sobre uma das 170 recomendações que o Estado brasileiro recebeu no segundo ciclo da Revisão Periódica Universal e analisá-la de acordo com o direito internacional dos direitos humanos e a realidade brasileira. Saiba mais em www.onu.org.br. Fonte: ONU Brasil (edição do texto: Júlia Cabral)
início do processo neste ano em que a Igreja celebra o Ano Santo extraordinário da Misericórdia. “Muitos de vocês conviveram com o Padre André e sabem dizer o quanto esse homem viveu da misericórdia! A gente pode dizer que o Padre André foi um ícone da misericórdia (…) Ele era um homem que traduzia na sua vida a fé que ele trazia no seu coração”, destacou o Bispo. Fonte: Diocese de Barretos (edição do texto: Daniel Gomes)
Inflação no Brasil pode chegar a 7,36% este ano A projeção de instituições financeiras para a inflação deste ano, realizada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu de 7,34% para 7,36%. Para 2017, a estimativa foi mantida em 5,12%. As projeções fazem parte de pesquisa feita semanalmente pelo Banco Central (BC) com instituições financeiras.
As estimativas estão acima do centro da meta de inflação (4,5%), sendo o limite superior da meta de inflação 6,5% para este ano e 6% para 2017. Fazer com que a inflação fique dentro da meta é função do Banco Central. A taxa básica de juros (a Selic) é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. Atual-
mente a Selic está em 14,25% ao ano. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, tem o objetivo de conter a demanda aquecida. Esse aumento gera fluxo nos preços, pois os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato,
com incentivo à produção e ao consumo, porém a medida reduz o controle sobre a inflação. É função do BC encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Fonte: Agência Brasil (edição do texto: Vitor Loscalzo)
Anec realiza assembleia ordinária e fórum de mantenedoras
22ª Romaria Estadual da Juventude será na capital paulista
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) realiza, nos dias 22 e 23, a VIII Assembleia Geral Ordinária e o IX Fórum Nacional de Mantenedoras, no Centro de Convenções Israel Pinheiro, em Brasília (DF). O objetivo é proporcionar reflexão quanto ao cenário atual das Organizações Católicas no país e apresentar ações e projetos. No primeiro dia do evento, será realizado o Fórum de Mantenedoras, que terá como tema “A profissiona-
“Novo cenário político do Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas)”. A VIII Assembleia Geral Ordinária e o IX Fórum de Mantenedoras da Anec são destinados a presidentes de mantenedoras, reitores, diretores de escolas católicas, provinciais, inspetores, ecônomos, assessores e representantes das redes e grupos de educação católica do Brasil. As inscrições podem ser feitas pelo site www.anec.org.br.
Com o tema “Façamos florescer a civilização do amor”, a Pastoral da Juventude do Regional Sul 1 da CNBB realiza no domingo, 18, a 22ª Romaria Estadual da Juventude. A atividade, que acontecerá na capital paulista, terá início de madrugada, às 4h, com concentração dos participantes na praça da Sé, missa às 8h, seguida de caminhada, a partir das 10h, até a praça Coronel Júlio Prestes, em frente ao Instituto Dom Bosco (próximo ao metrô Tiradentes), onde haverá o show de encerramento.
Fonte: CNBB (edição do texto: Vitor Loscalzo)
Fonte: Pastoral da Juventude (edição do texto: Daniel Gomes)
lização da gestão e sustentabilidade institucional”. Palestras, debates, reflexões em grupos e apresentações de resultados compõem a programação. As atividades da VIII Assembleia Geral Ordinária da Anec acontecem no segundo dia. O membro do Conselho Superior da Anec e presidente do Conselho Nacional da Educação (CNE), Frei Gilberto Garcia, realizará uma palestra com o tema “Que ‘amanhãs’ podemos imaginar para a Educação”. Também será discutido o
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| Política | 11
Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com
Antes de votar, é preciso ‘conhecer bem os candidatos e seus partidos’ Dentro da organização do Estado, as responsabilidades de gestão são divididas entre o governo federal, o governo estadual e o governo municipal. O município é a instância mais próxima do cidadão e das decisões que lhe dizem respeito, que impactam mais imediatamente em sua vida e são voltadas aos interesses da comunidade local. É na cidade onde o cidadão pode exercer a sua cidadania e consegue cobrar e verificar a efetivação de políticas públicas. Há questões, como a educação, por exemplo, que tem sua responsabilidade compartilhada pelos três níveis de governo. Cabe aos municípios proporcionar creches, pré-escolas e ensino fundamental. O governo estadual deve priorizar o ensino médio, mas também atuar, em parceria com os municípios, na oferta de ensino fundamental. Já o papel da União (governo federal) é organizar o sistema como um todo e regular o ensino superior. A Constituição Federal prevê, ainda, que o governo estadual não pode intervir nos municípios, a não ser que o prefeito deixe de prestar contas na forma determinada em lei ou deixe de aplicar o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Em outubro, o Brasil terá eleições municipais para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, que serão exercidos em um mandato de quatro anos. O prefeito será eleito pelo sistema majoritário (ou seja, ele precisa de 50% dos votos válidos - nas cidades com mais de 200 mil eleitores; nas demais, vence o mais votado). Já o vereador será eleito pelo sistema proporcional (o que determina o preenchimento das vagas é a votação obtida pelo partido ou coligação). Em artigo publicado na edição 3118 do O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, chama a atenção para a importância das eleições municipais e destaca que “não se pode minimizar as eleições municipais, nem há tempo a perder; antes de votar, os eleitores precisam conhecer bem os candidatos e seus partidos, junto com suas propostas quer para o Poder Legislativo municipal (vereadores), quer para o Executivo (prefeito). Votar sem informação adequada é um risco, e este momento é o melhor para não aprovar ‘fixas sujas’ e para cortar a corrupção pela raiz. É hora também de selecionar quem se apresenta, de fato, comprometido com o bem comum e não apenas com interesses privados”.
Atribuições dos prefeitos e vereadores O site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que cabe aos prefeitos cumprir as atribuições previstas na Constituição Federal de 1988 ao definir onde serão aplicados os recursos provenientes de impostos e demais verbas repassadas pelo governo estadual e pela União. A aplicação desses recursos públicos deve obedecer à Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n° 101/2000) e o que for fixado na lei orçamentária anual do município, proposta pelo prefeito e votada pelos vereadores, que representam o Poder Legislativo municipal. Já aos vereadores, de acordo com o TSE, cabe acompanhar as ações do Executivo municipal e fiscalizar se os compromissos legais e metas do governo estão sendo cumpridos. A Constituição Federal determina, por exemplo, que cabe ao prefeito e à sua equipe administrar o transporte coletivo da cidade, manter programas de educação infantil e ensino fundamental, prestar serviços de atendimento à saúde da população, promover o adequado ordenamento territorial do solo urbano e pro-
teger o patrimônio histórico-cultural do município. Essas competências estão previstas no artigo 30 da Constituição, que também em seu artigo 158 relaciona os três impostos que geram parte da receita disponível aos prefeitos na administração dos serviços públicos locais. São eles: o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles Relativos (ITBI) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Também são destinados à Prefeitura 50% do imposto arrecadado pela União sobre a propriedade territorial rural localizada no município, 50% do arrecadado pelo governo do estado em Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos veículos registrados no município e parcela do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) arrecadado no estado. Nesse último caso, 25% da receita total obtida com o imposto é dividida entre todos os municípios de um mesmo estado do país. (Fonte: Tribunal Superior Eleitoral)
Divulgação
Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, 9, aponta os seguintes percentuais de intenção de voto na corrida para a Prefeitura de São Paulo: 1º Celso Russomanno (PRB): 26% 3º João Doria (PSDB): 16% 5º Luiza Erundina (PSOL): 7% 7º Levy Fidelix (PRTB): 1% 9º Ricardo Young (REDE): 0% 9º Henrique Áreas (PCO): 0% Não sabe: 4%
2º Marta (PMDB): 21% 4º Fernando Haddad (PT): 9% 6º Major Olimpio (SD): 2% 7º João Bico (PSDC): 1% 9º Altino (PSTU): 0% Branco/nulo: 13%
Segundo o Datafolha, considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, Russomanno e Marta estão em situação de empate técnico, assim como Marta e Doria. Essa é a primeira pesquisa após o começo da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. No segundo turno, de acordo com o Datafolha, Russomanno venceria Marta por 45% a 38%. Em agosto, a diferença era de 51% a 32%. Se a disputa fosse com Doria, a vitória do candidato do PRB seria de 52% a 28%. Em agosto, o deputado vencia de 63% a 16%. De Haddad, Russomanno ganharia de 56% a 25%. De Erundina, 56% a 27%. O prefeito perderia para Marta (23% a 51%), para Doria (30% a 45%) e para Erundina (28% a 44%). Marta ganharia de Erundina (50% a 27%) e de Doria (48% a 33%). Haddad ainda é o candidato com maior rejeição: 46% disseram que não votariam nele, ante os 49% medidos em agosto. Marta tem 29% (ante 32% do levantamento anterior) e Erundina, 26% (ante 25%). A rejeição de Russomanno oscilou de 18% para 21%. No caso de Doria, 20% não votariam nele (eram 22%). Ao mesmo tempo, Doria, cuja candidatura era ignorada por metade do eleitorado, agora é conhecido por 69%.
Câmara Municipal de São Paulo
A Câmara Municipal de São Paulo custa aos cofres da cidade mais de meio bilhão de reais anualmente. A despesa diminuiu nos dois últimos anos, mas, mesmo assim, só os vereadores representam um gasto de R$ 180 mil por mês. Além do salário de R$ 15 mil, os vereadores recebem R$ 143 mil para pagar até 17 assistentes parlamentares e R$ 22 mil de verba de gabinete. Isso inclui gastos com gráfica, correios, assinatura de jornais, transportes e materiais de escritório. Escolhas para esse tipo de gasto variam muito entre os vereadores.
Eduardo Cunha
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira, 12, por 450 votos a favor, dez contra e nove abstenções, a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha. A medida põe fim a um dos mais longos processos a tramitar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que se arrastava por 11 meses e interrompe o mandato de um dos políticos mais controvertidos dos últimos anos. Com o resultado, Cunha perde o mandato de deputado e fica inelegível por oito anos, mais o tempo que lhe resta da atual legislatura.
Presidência do STF
Colóquio com os candidatos à prefeitura de São Paulo setembro 09h
Centro Universitário
SÃO CAMILO
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
Corrida eleitoral
Em seu primeiro discurso como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia defendeu a transformação no Judiciário, diante da constatação de que a população brasileira, segundo ela, está descontente com a Justiça do país. A ministra tomou posse na segunda-feira, 12, e vai ocupar o cargo pelos próximos dois anos. Fonte: EBC, Folha de São Paulo, G1
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Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com Márcio Rodrigues/MPIX/CPB
Cerimônia de abertura da paralimpíada alerta para problemas de acessibilidade e inclusão no Brasil Em sua cadeira de rodas, com a tocha paralímpica nas mãos, em meio à chuva que cai no estádio do Maracanã, o nadador Clodoaldo Silva, 37, se depara com um obstáculo: uma escadaria que o separa da pira a ser acendida. Diante da situação, ele abre os braços e olha para os lados como a se perguntar: “Como farei agora?” Instantes depois, a escadaria se transforma em uma rampa e o atleta, que participa de sua quinta paralimpíada, finalmente conclui o trajeto e acende a pira dos Jogos Rio 2016. Na vida de Clodoaldo Silva e das outras pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, as dificuldades com a acessibilidade acontecem diariamente e não são resolvidas “em um passe de mágica”, como aconteceu na cerimônia de abertura da Paralimpíada, no dia 7, que teve esse momento pensado justamente para alertar sobre a urgência de iniciativas de inclusão e acessibilidade em todo o Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2012, indicam que apenas 4,7% das ruas do país têm rampas de acesso para cadeirantes e basta uma simples volta pelos quarteirões da cidade de São Paulo, por exemplo, para perceber outras dificuldades, como a grande quantidade de calçadas esburacadas. Na tentativa de solucionar essa situação, já tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para padronizar as calçadas em todo o país, a fim de facilitar a circulação, em vias públicas, de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. “Hoje cabe aos municípios a fiscalização das calçadas e como não há um parâmetro para isso, a gente começa a ver cada um fazendo a coisa como acha que deve ser feito. O fato de simplesmente cortar e rebaixar a guia da calçada, sem observar o ângulo exato para o acesso, acaba sendo um risco de torná-la uma rampa para impulsionar ainda mais a cadeira de rodas e arremessar o cadeirante, mas já existe uma inclinação que é definida por normativa da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas]
o i e m o ‘E n a h n i t . . . o h n i do cam ’ a i r a d a c s e a um
para esse tipo de acesso”, comentou, ao O SÃO PAULO, Antônio Renato Cunha, professor de Direito da Universidade Mackenzie Rio, que coordena o grupo de pesquisa Acessibilidade Jurídica. O professor Antônio Renato destacou a importância da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146), em vigor desde julho de 2015, que busca assegurar e promover o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, para sua inclusão social e cidadania, não só na questão da acessibilidade, mas
também na utilização de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes e outros serviços e instalações abertos ao público. Na avaliação do professor, a realização da paralimpíada no Rio vai colaborar para uma mudança da visão da sociedade em relação à garantia de direitos das pessoas com deficiência. “Agora nos Jogos, vemos o deficiente físico como um herói, medalhista, como alguém que a gente sai especialmente de casa para ver, para torcer por ele. Os Jogos no Rio de Janeiro vêm abrilhantar
esse momento, temos visto uma evolução na garantia dos direitos”, afirmou o professor, destacando que com a Lei 13.146, “toda ação e política pública que for implementada por qualquer ente federativo – União, estados ou municípios – precisa observar que as pessoas com deficiência são portadoras de direitos e devem ser incluídas no que a lei chama de desenho universal, ou seja, ter, por exemplo, ruas, calçadas, preparadas para receber as pessoas com ou sem deficiência”, detalhou.
Maurício Pommê: ‘Desistir é mais fácil, vamos seguir brigando e lutando’ Os mais de 4.300 atletas que participam desta paralimpíada chegaram ao Rio de Janeiro com o sonho de conquistar uma medalha. Não foi diferente com Maurício Pommê, 46, que competiu no tênis em cadeira de rodas. Apaixonado pela modalidade desde a infância, em 1997 ele caiu do telhado de uma quadra de tênis e sofreu uma lesão medular, ficando paraplégico. No ano seguinte, incentivado pelos amigos, passou a praticar o tênis em cadeira de
rodas, esporte no qual representou o país nas paralimpíadas de Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e agora no Rio de Janeiro. A capital fluminense, aliás, traz boas recordações a Maurício. “Um dos momentos mais bacanas da minha carreira foi ter subido no pódio no Rio de Janeiro, no Parapan, em 2007, com todos os amigos e a família na quadra central vendo a gente ganhar a medalha de ouro”, recordou o atleta, que, além dessa conquista nas duplas
masculinas em 2007, foi medalhista de bronze no individual no Parapan de Guadalajara 2011. Ainda não foi desta vez que Maurício chegou à sua primeira medalha paralímpica. Nos Jogos do Rio, ele foi eliminado no torneio de simples e no de duplas (com Carlos Santos), mas esse homem de vida dedicada ao tênis (já foi professor da modalidade e atualmente tem uma academia) não desanima. “Cada um tem que ter seus sonhos,
cada um tem que ter as suas metas e não desistir. Sempre vai ser um caminho complicado, difícil, mas tem que seguir brigando, lutando, até a hora em que a gente consegue o que quer. Desistir é mais fácil, vamos seguir brigando e lutando, essa é a ideia. Se a gente quer mesmo de verdade algo e vai atrás, sem esperar acontecer, a gente acaba conseguindo o que deseja”, incentiva Maurício Pommê. (Entrevista concedida a Vitor Alves Loscalzo/O SÃO PAULO)
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Brasil chega à metade da paralimpíada entre os cinco primeiros colocados
Daniel Dias é o destaque na natação
Até o fim da tarde da terça-feira, 13, o Brasil já havia conquistado 13 medalhas na natação (dois ouros, cinco pratas e seis bronzes). O maior medalhista até então era Daniel Dias, com cinco pódios, sendo dois ouros nos 50m e 200m livre masculino S5. Recordista de medalhas para o Brasil em paralimpíadas, Daniel não conseguirá repetir a performance da última edição dos Jogos, quando venceu as seis provas que nadou, já que foi superado na final dos
Papa: ‘esporte é uma oportunidade de crescimento e amizade’ Ao saudar os participantes dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, na segunda-feira, 12, em sua conta no Twitter (@Pontifex), o Papa Francisco afirmou: “O esporte é uma oportunidade de crescimento e de amizade”. Anteriormente, no dia 6, o Pontífice, em mensagem assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin, e enviada ao arcebispo do Rio de Janeiro, o Cardeal Orani João Tempesta, já havia comentado que as paralimpíadas “celebram muito mais a vitória sobre as dificuldades impostas pela fragilidade da natureza humana do que a conquista de uma medalha”, e desejou que os Jogos no Rio “sejam não somente um instrumento para a prática da virtude em vista do crescimento integral humano, mas, acima de tudo, uma ajuda para superar as barreiras do preconceito e da exclusão”.
Alexandre Urch/MPIX/CPB
O apoio da torcida no estádio do Engenhão tem feito a diferença para o atletismo do Brasil. Até o fechamento desta edição, o país já havia conquistado 21 medalhas (sete ouros, nove pratas e cinco bronzes) nesta modalidade nos Jogos Rio 2016, superando os 18 pódios da última paralimpíada. Entre os medalhistas, um dos destaques é o paraibano Petrúcio dos Santos, 19, ouro nos 100m masculino T45/46/47 e prata no revezamento 4x100m T42-47, com Renato da Cruz, Yohansson Nascimento e Alan Fonteles. “Passou todo um filme na minha cabeça, tudo o que eu vinha trabalhando. Àqueles dias que eu chorei no treino, àqueles dias que eu suei, que eu cheguei em casa cansado... eu diria que esta é a recompensa”, declarou Petrúcio, que aos 2 anos sofreu um acidente com uma máquina de moer capim e perdeu parte do braço esquerdo. Outra conquista marcante foi a de Mateus Evangelista, que alcançou a prata no salto em distância da classe T37, para atletas com paralisia cerebral. “É a prata mais dourada que eu já ganhei na minha vida”, afirmou o esportista, que em 2015, após três ouros no Parapan de Toronto, fraturou o fêmur durante um treinamento e só voltou a treinar em junho deste ano. “Eu não queria desistir dos meus sonhos”, enfatizou.
Cezar Loureiro/MPIX/CPB
Atletismo já supera desempenho de Londres
NOS JOGOS RIO 2016
Daniel Zappe/MPIX/CPB
A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro de que o Brasil esteja entre os cinco primeiros colocados nos Jogos Rio 2016 está perto de ser alcançada. Até o fechamento desta edição do O SÃO PAULO, no início da noite da terça-feira, 13, o Brasil já havia conquistado 43 medalhas (dez ouros, 21 pratas e 12 bronzes) e ocupava a 5ª posição no ranking de medalhas, sendo seguido de perto por Nova Zelândia (8 ouros), Austrália (7), Holanda (7), Uzbequistão (6) e Nigéria (6). A quantidade de medalhas douradas determina a classificação dos países. Com atletas favoritos a mais medalhas, especialmente na natação e no atletismo, além dos esportes coletivos, o Brasil deve estabelecer neste Jogos, que terminam no domingo, 18, sua melhor campanha paralímpica da história, superando os 47 pódios (com 16 ouros) de Pequim 2008 e os 43 (com 21 ouros) de Londres 2012.
Bocha mista BC3, Evânio Rodrigues e Petrúcio dos Santos ganham algumas das medalhas do Brasil
100m peito masculino SB4, na qual alcançou a prata, e nos 50m borboleta masculino S5, em que foi medalhista de bronze. No entanto, o brasileiro, que também compôs a equipe de prata no revezamento 4x50 livre misto 20 pontos, tem prevista até o fim da paralimpíada a participação em mais quatro provas. Caso chegue ao pódio em todas, somará 24 medalhas paralímpicas na carreira, superando o australiano Matthew Cowdrey, que tem 23 medalhas, e é o maior nadador paralímpico da história.
Inédita prata no tênis de mesa
Na segunda-feira, 12, Israel Pereira Stroh, 30, que tem o movimento de braços e pernas comprometido, conquistou uma inédita medalha de prata para o Brasil no tênis de mesa. Na final da classe 7, ele foi derrotado por 3 sets a 1 pelo britânico William John Bayley, atual líder do ranking mundial. “Eu não era favorito, a gente veio surpreendendo rodada a rodada. Foi muito difícil!”, comentou Israel.
Ouro nas duplas mistas da bocha BC3
Evani Soares, 26, nasceu em Pernambuco, Antonio Leme, 48, em São Paulo. Os dois tiveram suas vidas marcadas pela falta de oxigenação no cérebro na hora em que nasceram, resultando em uma paralisia cerebral. Na segunda-feira, 12, junto a Evelyn de Oliveira (que tem atrofia muscular espinhal), eles, sem moverem os pés ou as mãos, em suas cadeiras de rodas e com auxílios de instrumentos para lançar as bolas, conquistaram a medalha de ouro para o Brasil nas duplas mistas da bocha BC3, ao derrotarem os representantes da Coreia do Sul na final por 5 a 2. No mesmo dia, o Brasil também esteve no pódio com Dirceu Pinto,
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Eliseu dos Santos e Marcelo dos Santos, que conquistaram a prata nas duplas mistas BC4, ao perderam a decisão para os atletas da Eslováquia por 4 a 2.
Antonio Tenório chega à sexta medalha paralímpica
Foram concluídas no sábado,10, as disputas de judô na paralimpíada do Rio, e o Brasil terminou a competição com quatro medalhas, todas de prata, com Lucia Teixeira (57kg feminino), que repetiu o resultado alcançado em Londres 2012; Alana Maldonado (70kg feminino) e Willians de Araújo (+100kg masculino), que chegaram a inéditas conquistas paralímpicas; e Antonio Tenório (+100kg masculino), que manteve a tradição de ir ao pódio em paralimpíadas desde Atlanta 1996. Após a sexta medalha na história dos Jogos (quatro ouros, uma prata e um bronze), Tenório não descartou participar da paralimpíada de Tóquio 2020. “Se o Brasil necessitar da minha pessoa, eu estou a postos para representar o meu país mais uma vez. São 24 anos em cima do pódio”, comentou, após perder a decisão por ippon para o sul-coreano Gwangeeun Choi, que se tornou bicampeão paralímpico.
Evânio Rodrigues abre caminho do pódio ao halterofilismo
O baiano Evânio Rodrigues, 32, alcançou na terça-feira, 13, a primeira medalha do Brasil no halterofilismo na história dos Jogos Paralímpicos. O atleta, que tem a perna direita mais curta que a esquerda, por conta de uma sequela de poliomielite, ficou em segundo lugar na final da categoria até 88kg, após erguer 210kg. (DG) Fontes: CPB, Rio2016 e CBTM
Ouro mudará a vida de jovem indiano Medalhista de ouro no salto em altura na classe T42 (atletas amputados), o indiano Mariyappan Thangavelu, 21, deve melhorar significativamente sua condição de vida, com o prêmio equivalente a R$ 367,5 milhões que receberá do Ministério do Esporte da Índia. De origem pobre, Mariyappan teve a perna direita esmagada da cintura para baixo por um ônibus quando criança, o que fez sua mãe adquirir um empréstimo para pagar o tratamento médico do garoto. Ainda hoje, a família não conseguiu saldar totalmente a dívida. Com a premiação, ele também pretende montar uma academia para promover o atletismo em seu país.
Melhor que o recorde olímpico Na noite do domingo, 11, o argelino Abdellatif Baka se tornou campeão dos 1.500m da classe T13 (atletas com baixa visão), com o tempo de 3m48s29, marca superior à alcançada em agosto pelo vencedor desta mesma distância na olimpíada, o norte-americano Matthew Centrowitz, que concluiu a prova em 3m50s.
Apoio popular O Parque Olímpico da Barra, que concentra a maior parte das competições desta paralimpíada, registrou recorde de público no sábado, 10, quando por lá estiveram 170 mil pessoas, número superior aos 157 mil visitantes de 7 de agosto, durante a olimpíada. Na sexta-feira, 9, o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 informou que dos 2,5 milhões de ingressos disponíveis para os Jogos, 1,8 milhão já foram vendidos. O apoio dos brasileiros aos Jogos Paralímpicos Rio 2016 também é verificado pelas redes sociais, com postagens referentes às conquistas dos atletas e críticas ao fato de o megaevento não ter transmissão das emissoras comerciais de maior audiência no Brasil. Para quem deseja ver a paralimpíada pela tevê, as alternativas são o canal por assinatura Sportv e a TV Brasil, com sinal aberto. Fontes: Ansa, rádio Vaticano, ONU e Rio 2016
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No Dia da Pátria, Igreja convida à construção de país fraterno, justo e humano Na Arquidiocese de São Paulo, o 7 de setembro teve missa na Catedral da Sé e realização do 22º Grito dos Excluídos Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
O feriado da Independência do Brasil, no dia 7, foi recordado na Arquidiocese de São Paulo com a Missa pela Pátria e pelo Povo Brasileiro, na Catedral da Sé, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. A celebração, como explicou o Padre Tarcísio Marques Mesquita, coordenador arquidiocesano de pastoral, teve o objetivo de convidar todos a pensar sobre os anseios e desafios do país. “Celebrar a Independência do Brasil não é possível sem também levar
junto o sonho de uma independência econômica, liberdade social e de expressão”, disse. Dom Eduardo, na homilia, partiu da narrativa do Evangelho do dia, sobre as bem-aventuranças, para destacar que, ao proclamar bem-aventurados os pobres e os que buscam a justiça, Jesus não propõe uma religião que adormece a consciência quanto aos pobres, aflitos e injustiçados, assegurando-lhes um futuro feliz na eternidade. “Jesus revela que o Pai é sensível à dor dos que sofrem. Crer no Deus que vem sempre ao encontro dos pobres significa que nós também estamos dispostos a nos tornarmos sensíveis a sua causa, a sermos como Deus, cheios de compaixão”, acrescentou. “Reunimo-nos aqui para rezar pela nossa pátria que, de longa data, tem um povo sofrido, marginalizado e parece que não tem fim esse tipo de sofrimento. Viemos com fé, acreditando na missão de Jesus, acreditando também na nossa
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Na Catedral da Sé, Missa pela Pátria e pelo Povo Brasileiro reúne agentes de pastorais, dia 7
missão, na luta, na construção de um mundo mais fraterno, justo e humano”, completou o Bispo, ressaltando, ainda, que a Palavra de Deus convida todos à conversão, inclusive aqueles que pos-
Grito dos Excluídos
Após a missa, nas escadarias da Catedral, aconteceu a concentração para o ato do Grito dos Excluídos, promovido em todo o Brasil pelas pastorais sociais e movimentos populares, com o apoio da CNBB. O grupo da Arquidiocese seguiu em caminhada até a Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério, que realiza um trabalho pastoral junto aos migrantes e refugiados. Com o tema “A Vida em Primeiro Lugar”, a 22ª edição do evento questionou e denunciou as várias formas de desigualdade no país, lembrando o real papel do Estado diante das exclusões sociais. O lema deste ano, – “Este Sistema é Insuportável: Exclui, Degrada, Mata!” – foi tirado de um discurso feito pelo Papa Francisco no Encontro Mundial dos Movimentos Populares, realizado na Bolívia, em julho do ano passado. Na ocasião, o Pontífice falou da urgência em romper o silêncio e lutar por mudanças reais dentro do sistema econômico que não compreende o sentido do “cuidar da Casa Comum”. “É um sistema que exclui e gera grande massa de humanos vivendo nas pe-
suem o poder de gerir, governar e defender a nação. “Jesus nos ensina o caminho da fraternidade, e que buscando a Deus nós conseguiremos construir um mundo mais justo e humano”. Em algumas cidades, os manifestantes também questionaram o impeachment de Dilma Rousseff e se manifestaram contra a presença de Michel Temer na Presidência da República.
Em Aparecida
Nas ruas do centro de São Paulo, acontece caminhada da 22ª edição do Grito dos Excluídos
riferias do mundo, sem acesso ao que é fundamental e necessário à vida. E leva uma grande massa a se contentar com as migalhas que caem da mesa. É um sistema que nega à grande maioria das pessoas os acessos às condições básicas”, disse Dom Milton Kenan Junior, bispo da Diocese de Barretos (SP) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, durante a coletiva de apresentação do Grito, realizada no dia 1º, na sede do
Regional Sul 1 da CNBB, em São Paulo. De acordo com a Secretaria Nacional do Grito dos Excluídos, milhares de pessoas participaram da atividade em todo o país, gritando “por moradia, saúde, educação, contra o extermínio dos jovens negros e pobres, contra a violência às mulheres, por saneamento básico, justiça para os povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, pelos atingidos e atingidas por grandes projetos, como as hidrelétricas, pelos direitos do povo imigrante”.
A manifestação mais popular do Grito aconteceu em Aparecida (SP), com uma caminhada que começou no Porto Itaguaçu, local onde a imagem da Padroeira do Brasil foi encontrada, e seguiu até o Santuário Nacional para um ato na tribuna Papa Bento XVI, do lado de fora da Basílica. Um dos temas destacados no ato foi o desastre ocorrido em Mariana (MG), em novembro de 2015, após o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, um dos maiores desastres ambientais da história do país, que atingiu comunidades inteiras, causando mortes e afetando drasticamente a economia. Ainda não houve punição aos responsáveis. O evento foi concluído com uma missa no Santuário Nacional de Aparecida, presidida por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC).
CNBB: ‘país livre, soberano e religioso’ Por ocasião do 7 de setembro, a CNBB publicou uma mensagem na qual pede que o Dia da Pátria seja “uma ocasião para reafirmar o compromisso de todo o povo brasileiro com a democracia, por meio do diálogo e da busca incansável pela paz, para construirmos juntos um Brasil fraterno e justo”. O texto, assinado pela presidência da conferência dos bispos, “reafirma que o Brasil é um país livre, soberano e religioso”, marcado por “uma história construída
na diversidade, na tolerância e na convivência pacífica”. A mensagem destaca, ainda, que o país passa por “um triste momento da história”. “A ausência de valores éticos e morais provocou a profunda crise política, econômica e social que estamos atravessando. A histórica desigualdade social não foi superada. Corremos o risco de vê-la agravada pela desconstrução de políticas públicas, que resultam em perda de direitos”, diz o texto, que começa com a afirmação de São Paulo Apóstolo:
“A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Os bispos constatam as dificuldades do momento, mas reiteram que acreditam na capacidade do povo brasileiro de superar adversidades, sempre por meio de manifestações pacíficas. “Cada instituição é chamada a cumprir seus respectivos deveres, no Estado Democrático de Direito, atuando no que lhe é específico, em favor do povo brasileiro, nunca por interesses particulares ou corporativos. A Carta Magna de 1988, fruto de um processo de participação popular, guardiã da demo-
cracia brasileira, deve ser arduamente defendida”. Ao recordar a proximidade das eleições municipais, a presidência da CNBB ressalta que essa é uma oportunidade para a população falar por meio das urnas. “Não percamos a chance de ter uma participação ativa e consciente que resgate a política e eduque para cidadania. Recordemos que se trata de uma eleição sem o financiamento empresarial e regida pela Lei da Ficha Limpa, relevantes conquistas da sociedade brasileira”. (FG)
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Maria Amalia Pie Abib Andery
As universidades católicas são um presente da Igreja para a comunidade Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osaopaulo@uol.com.br
Em entrevista exclusiva ao O SÃO PAULO, a professora Maria Amalia Pie Abib Andery falou sobre sua nova missão para o quadriênio 2017-2020 como reitora da PUC-SP, cargo para o qual foi nomeada na semana passada. Doutora em Psicologia e atualmente no cargo de pró-reitora da pós-graduação, Maria Amalia destacou o papel da universidade católica na sociedade e os desafios para manter a excelência acadêmica histórica da instituição. “Nós somos bem reconhecidos no Brasil, mas podemos mais”, garantiu. Leia a entrevista.
O SÃO PAULO – O que significa para a senhora assumir a reitoria da PUC-SP? Maria Amalia Pie Abib Andery Para mim, pessoalmente, é o coroamento de uma carreira. Um cargo de reitor significa o maior reconhecimento que a comunidade pode dar a um professor. Institucionalmente, e isso é o mais importante, significa a oportunidade de contribuir para a construção das características dessa universidade que eu considero importantes. Quais são essas características? A PUC-SP é uma universidade completamente diferente de todas as demais universidades particulares. Percebemos isso em tudo: no prédio, nas pessoas que circulam, na maneira como a universidade está implantada na sociedade. Uma característica que considero importante é o compromisso da universidade em contribuir para a construção de um país mais igualitário, mais justo. A segunda característica é a de manter o compromisso da universidade na formação de profissionais competentes e cidadãos conscientes. Outra é a de ser universidade que contribui com a produção de conhecimento. O que foi feito na gestão da reitora Anna Cintra e que será aprimorado na gestão da senhora? Um esforço muito importante que foi feito, que precisamos garantir sua continuidade, é o de dar estabilidade e viabilidade financeira para a universidade, pois ela precisa saber andar com as próprias pernas. Eu destaco que a reitoria foi capaz de manter a autonomia intelectual da universidade. Também começou um esforço de retomar planos de adequação e atualização da infraestrutura tanto física quanto acadêmica. Como a senhora pretende reafirmar junto à comunidade aca-
dêmica a identidade católica da PUC-SP, tendo em vista que parte dos alunos e alguns professores defendem que a universidade não tenha vínculos com a Igreja? É indiscutível que a PUC-SP foi criada pela Igreja, seu patrimônio inicial foi doado pela Igreja, que tem um papel importante na gestão administrativa. Durante toda a campanha para a reitoria, eu defendi que o que cabe a nós é garantir a autonomia acadêmica e, ao mesmo tempo, dialogar com a Fundação São Paulo (Fundasp), que representa a Igreja. A PUC-SP sempre teve essa autonomia. Temos alunos e professores de diferentes crenças e nunca ninguém foi perseguido ou tolhido. Eu entendo que as universidades católicas do mundo afora são um presente da Igreja para as comunidades nas quais elas estão. A Igreja ajuda a manter uma instituição que tem um papel social único de trabalhar pela diminuição da desigualdade, aumento da fraternidade, por uma cultura de paz. Isso é ser católico. Preserva-se o caráter católico da universidade preservando seus valores mais importantes. O que pode ser aprimorado no relacionamento da universidade com a mantenedora? Esse relacionamento é igual ao de uma família, construído cotidianamente. Vamos o tempo todo manter essa conversa com a Secretaria Executiva, o Conselho Superior, com o Cardeal [Odilo Pedro Scherer], sempre que ele considerar necessário. A universidade hoje tem uma autonomia acadêmica, a qual nós vamos sempre defender, mas temos uma dependência administrativa e financeira da Fundasp que é construída em conjunto. Os interesses últimos da universidade e da mantenedora são os mesmos. As eventuais tensões são consertadas no diálogo.
Qual o planejamento para manter a excelência acadêmica em relação à renovação ou restruturação de currículos e cursos? Eu digo sempre que a única alternativa real de sobrevivência da PUC-SP é o da excelência acadêmica. O Brasil hoje tem 7,3 milhões estudantes universitários. Desses, mais de 5 milhões estão em universidades privadas, sendo que uma pequena parcela desse total está em universidades comunitárias, como é o caso da PUC-SP, que construiu uma história de excelência. Se não tivermos essa excelência acadêmica, ela não consegue sobreviver. No Brasil, os alunos que têm mais capacidades acadêmicas tendem a procurar primeiro as universidades públicas governamentais antes das comunitárias ou particulares. Ou a PUC-SP é excelente ou é excelente. Nós somos bem reconhecidos no Brasil, mas podemos mais. Por isso, precisaremos atualizar a cartela de cursos, bem como suas estruturas, atualizar os docentes e a infraestrutura. Nós temos duas coisas muito boas a nosso favor: o reconhecimento da comunidade e um corpo docente muito bem qualificado. São, por exemplo, mais de 900 doutores nos nossos quadros. A universidade é um organismo vivo, uma estrutura social que depende da comunidade na qual ela está inserida. A história humana é de superação, mudança e transformação. A universidade também. Alguns cursos têm sentido num certo momento e deixam de ter em outro. Por outro lado, eu defendo sempre que algumas áreas são tão estruturantes da nossa socialização que precisam existir de alguma forma, já os cursos mudam. No programa de candidatura da chapa da senhora, há a afirmação de que as universidades precisam atender às demandas da sociedade contemporânea
em áreas distintas daquelas que tradicionalmente compunham suas especialidades. Concretamente como isso poderá ser aprimorado em sua gestão? Penso que a PUC-SP é muito tímida em algumas áreas como ciências exatas e tecnológicas, por exemplo. Temos excelentes cursos de Medicina e Enfermagem, mas poderíamos ampliar os nossos cursos nessas áreas. Mesmos na área de humanas, temos cursos excepcionais, como Psicologia, Ciências Sociais, Direito e Economia. A universidade pode crescer em áreas nas quais ou temos sido muito tímidos ou sequer existimos. Vamos ter que sentar e discutir um pouco para identificar quais são elas exatamente. Temos que pensar em termos de curto, médio e longo prazo. Vou dar um exemplo: o tema da ecologia é importante atualmente, inclusive o Papa Francisco o colocou em pauta recentemente. A PUC-SP não tem nada nessa área. Há muitas maneiras de nos aproximarmos dessa temática. Que expectativas a senhora tem para o ensino superior com o governo Temer? Nos últimos 12 anos, houve muita novidade para a universidade. Fomos de 3,5 milhões para 7 milhões de estudantes universitários. Ingressaram grupos sociais que até então não tinham acesso ao ensino superior. As classes populares tiveram acesso à universidade, inclusive na nossa, por meio de programas como o Prouni. O país não pode parar de crescer nesse sentido. Eu temo que, em nome da chamada estabilidade ou austeridade financeira, o ensino superior seja afetado. Seria muito importante que esse ciclo de investimento e de crescimento na universidade não mudasse de padrão. O trem não pode parar, senão perderá uma geração de jovens até que se movimente novamente. Falamos aqui de investimento do Estado em universidades governamentais, em programas de acesso à universidade privada, o financiamento de infraestrutura das universidades. Essas políticas públicas contribuem para que possamos cumprir o papel social que temos. Por outro lado, a PUC-SP sempre se saiu muito bem em momentos de crise. Agora nós temos uma nova oportunidade de mostrar para o país que nós sabemos fazer a diferença. Não importa de que lado as pessoas estejam, há uma crise institucional, política, social e econômica no país. A PUC-SP tem como contribuir para ajudar na diminuição da crise e na construção de caminhos novos para o Brasil.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
(Colaborou Daniel Gomes)
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Filipe David
osaopaulo@uol.com.br
Dica de Leitura
Por que intelectuais europeus se rendem ao barbarismo? Em “A Nova Síndrome de Vichy”, Theodore Dalrymple remonta o mal-estar europeu até as duas guerras mundiais do século passado, com os seus desastrosos, embora compreensíveis, efeitos sobre a autoconfiança da população do continente. Como resultado de seu passado recente, os europeus não acreditam mais em nada, exceto na segurança econômica, no aumento do padrão de vida, na redução da jornada de trabalho e na ampliação das férias em lugares exóticos. Como consequência, não conseguem estar à altura dos desafios que os assaltam, seja no tocante à crescente penetração islâmica na Europa, seja em relação à crescente competitividade da economia mundial. Ficha técnica: Autor: Theodore Dalrymple Páginas: 192 Editora: É Realizações
Para Refletir Divulgação
O mito do católico moderado
“Se há uma palavra com a qual os cristãos deveriam tomar cuidado, nas esferas política e religiosa, é ‘moderado’. Embora ela denote uma abordagem prudente e de meio termo para questões polêmicas, a ‘moderação’ é frequentemente atribuída a pessoas com visões bastante imoderadas. A grande mídia, por exemplo, frequentemente descreve políticos que endossam cada um dos aspectos da cultura da morte e da atual revolução sexual como ‘moderados’. Não é difícil entender o porquê: fazer isso ajuda a reabilitar o mal enorme que é o aborto e a promover uma moralidade do tipo ‘faça o que tiver vontade de fazer’ – exatamente o que deseja a mídia. (...). Qualquer católico que rejeite o ensinamento da Igreja Católica ou que o aceite tecnicamente, mas minimizando-o até o ponto de torná-lo insignificante, não é um católico ‘moderado’, mas um dissidente ou alguém que está buscando a aprovação do mundo (uma tentação contra a qual Nosso Senhor nos adverte) e deve ser identificado como tal.” (William Doino Jr., o artigo inteiro pode ser lido em inglês no site FirstThings.com).
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Ipiranga Candidatos a vereador têm diálogo com bispo e lideranças regionais
Caroline Dupim
Colaboradora de comunicação da Região
A Região Episcopal Ipiranga promoveu no sábado, 10, no campus Ipiranga da PUC-SP, um diálogo entre o clero atuante na Região, representantes de paróquias e nove candidatos a vereador de São Paulo: Aurélio Nomura (PSDB), Francisco Nunes Sobrinho (PTB), Hugo Nascimento (PT), James Losacco (PV), Marcos de Souza (PHS), Muna Zeyn (PSOL), Nazareno Antônio da Silva (PT), Simão Pedro (PT) e Luiz Carlos da Silva (PSDC). No início do encontro, após a oração “Louvado Sejais”, da Encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, ressaltou que a proposta da atividade era dialogar com os candidatos lhes mostrando a Doutrina Social da Igreja, ouvindo suas propostas e partilhando o que se espera deles no exercício Legislativo. Dom José Roberto destacou que os leigos devem acreditar e participar das eleições. “Não devemos apenas votar, mas sim pesquisar sobre os nossos candidatos, termos certeza em quem depositaremos nossa confiança, e acompanhar o mandato”, afirmou. O professor Ascânio Sedrez, mais conhecido como Chico Sedrez, comentou sobre aspectos da Doutrina Social da Igreja que norteiam a política, com três princípios: o primeiro é o bem comum, que a partir da dignidade inalienável da pessoa humana, visa ao bem de todos, em sua individualidade e coletividade; o segundo é a solidariedade, que é a busca
Caroline Dupim
Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese, conduz encontro com nove candidatos a vereador de São Paulo, no sábado,10
da justiça e a construção do Estado que organiza o bem de todos, ou seja, a ação a partir do bem comum; e o terceiro é a subsidiariedade, a unidade dos organismos atuantes para o bem social. O professor também comentou que “é necessário que o povo tenha um esclarecimento sobre política, e, sobretudo, que nossas comunidades tenham clareza sobre o papel dos vereadores e do prefeito. Um povo esclarecido vota conscientemente e participa ativamente da vida política”, afirmou. Na sequência, o Padre Paulo Siebeneichler, OSJ, assessor regional das Pastorais Sociais, apresentou aos candidatos as principais demandas da Região e algumas expectativas de atuação com os que
forem eleitos. Em seguida, os candidatos apresentaram suas propostas. Dom José Roberto finalizou o encontro agradecendo a presença de todos e passou algumas orientações para este período de eleições. “Não deixem de votar, é algo de muita importância, e a sua ausência enfraquece a democracia. Não vote contrariando a sua opinião. Não mude seu voto por influência da mídia, nem sempre o candidato mais simpático é o mais competente. Vote segundo a sua consciência e aquilo que você julga ser melhor. Não venda seu voto, nem o troque por favores. Não vote para contentar amigos e parentes. Não vote sem conhecer o programa do candidato e do partido. Não vote sem conhecer o pas-
sado do candidato. Procure conhecer os candidatos, a internet é uma ferramenta útil para isso. Não vote em candidatos ‘ficha-suja’. Não vote sem conhecer o caráter do candidato, ter bom caráter significa viver com moralidade, o que envolve a honestidade, sinceridade, integridade e fidelidade à palavra dada. Não deixe que nenhuma pesquisa mude o seu voto. Não anule seu voto nem vote em branco, exerça o seu direito de cidadania, o Brasil agradece”, disse. Por fim, o Bispo entregou a todos os participantes a carta do Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, com orientações à comunidade católica para as eleições deste ano, e deu aos candidatos um exemplar da Encíclica Laudato si’.
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Sé Missa com o Cardeal marca festejos da Paróquia Nossa Senhora do Brasil
Padre Manoel quinta e Júlia Cabral Colaboração especial para a Região
Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Setor Pastoral Jardins, comemoraram a festa da padroeira e o aniversário de dedicação da igreja-matriz no domingo, 11, com uma missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, e concelebrada pelos padres Michelino Roberto, pároco, e Vandro Pisaneschi, vigário paroquial. Um coral de monges beneditinos participou da celebração, na qual houve a coroação da imagem da padroeira, carregada pelo grupo do Terço dos Homens até o altar e exaltada com o canto da “Salve Rainha”. Dom Odilo ressaltou a importância da dedicação de templos, onde os fiéis se reúnem para celebrar a glória de Deus e onde se manifesta a fé do povo. Manifestou, ainda, o desejo de que a Paróquia reflita a beleza e a glória divina, seja um lugar onde as pessoas possam se encontrar e dialogar com Deus de todas as formas, e que nela cresçam a caridade e atenção ao outro. O Arcebispo comentou também que Nossa Senhora está sempre com Cristo e seus discípulos, intercedendo e
Arquivo pessoal
Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, durante missa na festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no domingo, 11
mostrando o caminho até seu Filho, e estará também sempre onde os cristãos se reunirem: nas igrejas, nas famílias, nos lares etc. A devoção a Nossa Senhora do Brasil começou no século 17, com uma imagem de 1,5m, que possuía traços indígenas e o coração (tanto de Maria, quanto
de Jesus) em ouro. Em 1630, a imagem desapareceu em um ataque holandês, sendo redescoberta em 1710 por padres da Ordem dos Frades Capuchinhos. Quinze anos depois, foi escolhida como padroeira de Recife (PE), recebendo o nome de Nossa Senhora dos Divinos Corações. Frei Joaquim d’Afragola en-
viou-a secretamente a Napóles, na Itália, onde foi nomeada “Madona del Brasile”. Em 22 de fevereiro de 1840, a imagem tornou-se ainda mais conhecida após permanecer ilesa a um incêndio gravíssimo na igreja em que se encontra. Depois de tantos milagres, o Vaticano propôs o título oficial de Nossa Senhora do Brasil.
Um dia para refletir a espiritualidade das secretárias paroquiais Divulgação
Padre Aparecido Silva conduz encontro com secretárias e secretários paroquiais da Região Sé
Com assessoria do Padre Aparecido Silva, vigário-geral da Região Sé, aconteceu no dia 1º, na cúria regional, o 2º
encontro com os secretários e secretárias paroquiais, com o tema “A Espiritualidade da (o) secretária (o) paroquial”.
A reflexão do encontro começou com a oração da coleta do 22º Domingo do Tempo Comum, do ano C – “Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes” – , a qual destaca que Deus é a fonte, o manancial de todo o bem, de onde provêm todas as coisas e para Ele todo o ser humano deve direcionar o próprio ser. Ao entrelaçar a oração com o trabalho da secretária paroquial, o Padre Aparecido evidenciou que o trabalho é uma forma de amor a Jesus Cristo e à Igreja: “Além de funcionária ou colaboradora, a secretária deve ser amiga de todos, sem
distinção”, comentou, afirmando não ser este um mero trabalho de escritório, mas um serviço de amor, que colabora na construção do Reino de Deus e com a evangelização. O assessor afirmou que jamais deve ser esquecido o primordial: o encontro com o primeiro amor e a busca pelo alimento espiritual – a Eucaristia, pois é este amor gratuito que direciona cada pessoa, estreita os laços e alimenta aquilo que é bom. Assim, a missa não é uma mera devoção, mas sim a manutenção de nossa vida espiritual. Por fim, o Padre lembrou que a secretaria paroquial é a porta de entrada de toda paróquia, e por isso deve ser zelada, pois “a primeira impressão é a que fica”. (Com informações do Centro de Pastoral da Região Sé)
Helena Ueno
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No dia 3, os participantes do movimento da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt peregrinaram à Porta Santa da Catedral da Sé e participaram da missa presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.
CIDADE____________________________________ ESTADO ______ E-MAIL: ________________________________________________ TEL: (__________) ______________________________________ DATA ____/___/____
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Belém Pastoral Fé e Política promove debate com candidatos a vereador Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
A Pastoral Fé e Política da Região Belém promoveu no dia 6 um debate com os candidatos a vereador de São Paulo, na Paróquia São João Batista, no Setor CarrãoVila Formosa. Segundo Flavio Castro, coordenador da Pastoral Fé e Política, o debate nasceu da “necessidade de prestar um serviço à comunidade, de como escolher um candidato, que critérios utilizar, sem ser os critérios de televisão, que acabam não mostrando a realidade das ideias”. Foram convidados para o debate candidatos ao primeiro mandato ou, no máximo, à primeira reeleição, com um limite de três por partido. Participaram Paulinho da Pipoca e Professor Dudu, pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), Luis França, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Soninha Francine, pelo Partido Popular Socialista (PPS), e Muna Zeyn, Toninho Vespoli e Zé Nildo, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol). Antes das falas dos postulantes, Márcia de Castro, coordenadora da Escola
Peterson Prates
Candidatos a vereador participantes de encontro na Região Belém se comprometem a cumprir ‘Plano de Metas para as Periferias 2017-2020’
de Fé e Política Waldemar Rossi, apresentou os principais aspectos do “Plano de Metas para as Periferias 2017-2020”, elaborado pela Rede de Escolas da Cidadania de São Paulo, pastorais, entidades e movimentos. De início, cada postulante ao Legislativo municipal teve três minutos para se apresentar, dizendo o porquê se lançou candidato, o porquê do partido e como está sendo financiada a sua campanha. A cada pergunta realizada, eram sorteados dois candidatos para a resposta,
abrindo possibilidade, também, para a intervenção de um terceiro candidato que quisesse responder à mesma pergunta. As perguntas foram sobre a descentralização do poder na cidade, melhoria da qualidade de vida dos idosos, Estratégia Saúde na Família (PSF), uso de escolas municipais aos fins de semana, políticas para a juventude, mobilidade e moradia. Depois da rodada de perguntas preparadas pela organização do debate, os participantes do evento puderam questionar os candidatos. Padre José Alves, pároco, enalteceu a
realização do encontro e recordou que o Papa Francisco diz que a política é a forma mais preciosa de praticar a caridade. Ao final, os candidatos assumiram um compromisso público de, caso eleitos, fazerem cumprir o “Plano de Metas para as Periferias 2017-2020” e prestarem contas do mandato. Nestas eleições, a Escola de Fé e Política da Região Belém funciona como comitê estadual de combate ao caixa dois. As denúncias podem ser feitas pelo e-mail escolafp@pastoralfp.com.
‘Jubileu da Misericórdia é o ano da graça do Senhor’ Os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Setor Pastoral Sapopemba, peregrinaram no sábado, 10, à Paróquia-santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração, por ocasião do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Aproximadamente 300 pessoas, integrantes das sete comunidades que compõem a Paróquia, participaram da peregrinação, que teve início do lado de fora
do templo, com o rito de passagem pela Porta Santa. Presidiu a celebração o Padre Antonio Carlos Vanin, pároco, e concelebraram os padres Valdir Benedito e Valdecir Soares, este último reitor do santuário. Também participaram os fráteres, que formam a comunidade religiosa que atende a Paróquia, e as oblatas redentoristas. “Ano da Misericórdia é o ano da
graça do Senhor”, expressou, durante a homilia, o Padre Valdir, que continuou: “Misericórdia é quando eu vejo alguém passando por uma dificuldade e tenho compaixão”, disse. “Ter compaixão significa ser solidário, abraçar a pessoa, ajudar a superar os limites”. Para alcançarem as indulgências neste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, os fiéis são convidados, além de pas-
sar pela Porta Santa, à confissão sacramental, comunhão eucarística, profissão de fé e oração nas intenções do Papa. A Paróquia-santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração fica na avenida Renata, 1, na Vila Formosa, e funciona diariamente das 5h30 às 21h30. O atendimento de confissões acontece de terça a sexta-feira, das 9h às 11h30 e das 14h30 às 16h30, e aos sábados, das 9h às 11h30.
Peterson Prates
Festa de São Miguel Arcanjo começa no dia 20
Fiéis da Nossa Senhora da Esperança durante passagem pela Porta Santa, no sábado, dia 10
A Paróquia São Miguel Arcanjo (travessa Pé de Manacá, 57, Jardim Conquista) realiza entre os dias 20 e 29 a festa do padroeiro, comemorando os dez anos da comunidade paroquial. Além das missas diárias, às 20h durante a semana, às 19h no sábado, 24, e às 8h30 no domingo, 25, haverá quermesse nos dias 17,18, 24 e 25, a partir das 19h. No dia 24, a missa será presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, e no dia 29, no encerramento, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano. Saiba mais detalhes da programação pelo telefone (11) 2736-2248.
Peterson Prates
Irineu Sarli
Os fiéis das paróquias do Setor Tatuapé peregrinaram à Porta Santa da Paróquiasantuário Nossa Senhora do Sagrado Coração no sábado, 10. Alguns deles se encontraram na praça Sampaio Vidal para peregrinar à Porta da Misericórdia. Depois do rito de passagem, os fiéis participaram da missa presidida pelo Padre José Aparecido Ignácio, coordenador do Setor.
A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que tem sido levada às paróquias da Região Belém por ocasião dos 300 anos do achado da imagem da Padroeira do Brasil em 1717, chegou à Paróquia São João Batista, na Vila Carrão, no sábado, 10, pelas mãos dos fiéis da Paróquia Sagrada Família, onde permaneceu até o dia 13, seguindo para o Setor São Mateus.
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Santana
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
Dom Odilo dedica igreja e consagra altar da Paróquia Nossa Senhora da Penha O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, fez a dedicação da igreja-matriz e a consagração do altar da Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Jardim Peri, na quinta-feira, 8, durante missa por ele presidida e que teve por concelebrantes os padres Pietro Plona, pároco, e Victor Mbesi Wafula, vigário paroquial. “Ao celebrar o Jubileu de Ouro de nossa Paróquia, queremos louvar a Deus pela história de graça e amor pela qual Ele nos conduziu nestes 50 anos. Foi a 8 de julho de 1966, quando nossa Paróquia foi formada com território desmembrado das paróquias São Pedro Apóstolo e Nossa Senhora das Graças. Da cepa da Penha, brotaram outras ramas e assim foram criadas as paróquias Nossa Senhora de Fátima, da Vila Dionísia (1970), Santa Cruz (1972), Sagrada Família (1988) e São Marcos Evangelista (2014)”, expressou o Padre Pietro, que estava contente em ver o templo, que foi totalmente reformado, lotado de fiéis. Dom Odilo, na homilia, explicou que a dedicação de uma igreja significa que a
Diácono Francisco Gonçalves
Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, unge com o óleo do Crisma o altar onde são celebrados os santos mistérios de Deus
Deus deve ser dado o que há de melhor, pois o templo é um sinal da fé, a casa de Deus no meio de todas as casas. Aí se encontra Deus, um lugar onde os fiéis constituem uma família. Segundo o Cardeal, se vai à igreja para dar testemunho da fé, e isso é um
reconhecimento de que Deus está em primeiro lugar. A ida também é para louvar e ouvir Deus. Do ambão, ressoa a Palavra de Deus, palavra viva. A palavra não é sobre Deus, mas é de Deus. Dom Odilo também deu outra razão para se deslocar à igreja: celebrar os san-
tos mistérios de Deus, pois no altar se faz memória do sacrifício de Jesus e também o banquete onde os fiéis são nutridos pelo corpo e sangue de Cristo. Ao final, o Cardeal desejou que todos saíssem dali motivados, alegres, e prontos para ser discípulos de Jesus.
Pastoral da Criança elege nova coordenação Diácono Francisco Gonçalves
Integrantes da Pastoral da Criança reunidas na Cúria para eleger nova coordenação regional
A assembleia eletiva da Pastoral da Criança da Região Santana aconteceu entre os dias 3 e 4, na Cúria regional, organizada por Arlete Della Coletta Agostinho, atual coordenadora da Pastoral na Região. Foram eleitas para a coordenação as senhoras Marilza Moura Aguiar, da Paróquia Sant´Ana; Maria do Carmo dos Santos, da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação; e Rita Cristina Cerqueira, da Paróquia Santa Rita de Cássia. Em um prazo de 30 dias, Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, fará a ratificação das escolhidas para um mandato de três anos.
Além da eleição, na assembleia houve um momento de espiritualidade e formação sobre acompanhamento mensal no desenvolvimento do bebê e orientações para as mulheres durante a gestação. Também se falou sobre as “Rodas de Brincadeiras”, focando a importância do brincar para o desenvolvimento das crianças. A assembleia teve a participação da coordenadora da Pastoral na Arquidiocese de São Paulo, Aparecida Gonçalves de Jesus, das coordenadoras de 31 paróquias, e de Dom Sergio, que presidiu missa de encerramento da atividade.
Merilene Braga
Paróquia São Benedito
Aconteceu no domingo, 11, na Cúria de Santana, uma formação para dirigentes do Encontro de Casais com Cristo (ECC) sobre o Documento Nacional do ECC. O próximo evento será em 1º de outubro, das 14h às 17h, no mesmo local, juntamente com a 261ª Reunião do Conselho Diocesano do ECC com todos os casais dirigentes.
Os fiéis da Paróquia São Benedito acolheram no domingo, 11, as irmandades de São Benedito da Região Episcopal Santana que se dedicam a incentivar a devoção ao Santo nas diversas paróquias. Na ocasião, houve missa presidida pelo Padre Severino Lisboa Campos Filho, CSJ.
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Lapa Valorização da vida é essencial para a formação integral dos jovens Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Com a participação de mais de 120 jovens das regiões episcopais Lapa e Brasilândia e da Diocese de São Miguel Paulista (SP), aconteceu, entre os dias 9 e 11, o 3º encontro do FIJ – Formação Integral dos Jovens, na EMEF Desembargador Amorim Lima, na zona Oeste da capital paulista. No último dia da atividade, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar e vigário episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, esteve com os jovens. Em conversa com a Pastoral da Comunicação da Região Lapa, ele expressou sua alegria por encontrar os jovens em retiro, procurando a Palavra de Deus, renovando a fé e trocando experiências no caminho da evangelização. No diálogo com os participantes, o Bispo citou duas definições sobre o sentido da vida: uma do cantor Gon-
zaguinha, em trechos da música “O que é, o que é? - “Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo... que é um divino mistério profundo, é o sopro do criador numa atitude repleta de amor... fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita” – e outra de Santa Teresa de Calcutá - “A vida é oportunidade, aproveite-a; a vida é beleza, admire-a; a vida é um sonho, faça realizar; a vida é um desafio, enfrente-o; a vida é um dever, cumpra-o; a vida é preciosa, cuide-a; a vida é riqueza, valorize-a; a vida é amor, viva-a”. Dom Carlos presidiu a missa de encerramento do evento, que nos outros dias teve também a participação do Padre Antonio Francisco Ribeiro, que ouviu a confissão dos jovens, e de Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa.
Benigno Naveira
Participantes do 3º encontro FIJ junto ao bispo Dom Carlos Lema Garcia, no domingo, dia 11
Para Erick Almeida Cândido, coordenador do retiro, o encontro possibilitou a troca de experiências entre os
jovens na caminhada da evangelização, a partir do tema “Por que eu sei que é amor”.
Em retiro, catequistas aprofundam a experiência do perdão Angela Santos
Catequistas participantes do retiro ‘O perdão que me refaz’, realizado no sábado, dia 10
No sábado, 10, foi realizado o 16º Retiro de Catequistas da Região Episcopal Lapa, na Casa Santa Terezinha, no Alto de Pinheiros, no Setor Pastoral Leopoldina. O dia de reflexão e palestras teve como tema “O perdão que me refaz”, com atividades coordenadas pelo Padre
Geraldo Pereira, que há 15 anos realiza esse evento junto com a equipe de Animação Bíblico-Catequética. Padre Geraldo, após a oração inicial, saudou os participantes e lembrou que no silêncio e na oração Deus revela a cada pessoa a sua face e a fortalece. “Nós, catequistas, somos chamados a exercitar
a experiência da ausência para, com sabedoria, sabermos frutificar a nossa Catequese”, afirmou o Sacerdote. Os catequistas foram convidados a refletir sobre os temas “Sede Santos como o Pai Celeste é Santo” (Mt 5,48); “A Revelação da Glória de Deus” (Sl 8); “Um Convite de Louvor” (Sl 34); e “O meu Agir Catequético ‘Por Cristo, com Cristo, e em Cristo’!?”
Após o almoço, preparado pela equipe de cozinha da Paróquia São João Gualberto, houve a Peregrinação dos Catequistas, no início da tarde, com orações, cantos e paradas para reflexões. A atividade terminou na capela da Casa Santa Terezinha, com adoração ao Santíssimo Sacramento, seguida de missa presidida pelo Padre Geraldo.
Abertas as inscrições para o Concurso Pascom Lapa de Fotografia A Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Lapa iniciou em 8 de setembro o período de inscrições para o “Concurso Pascom Lapa de Fotografia”, que tem como tema “Vida
na Comunidade Paroquial”. Os interessados podem se inscrever até 9 de outubro, exclusivamente em www. facebook.com, na página “Concurso Pascom Lapa de Fotografia”.
Mariana Al Zaher
Arquivo pessoal
No domingo, 11, Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos na Paróquia São José Operário, no Setor Pastoral Rio Pequeno.
Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, visitou no dia 6 o Lar das Mercês, das Irmãs Mercedárias da Caridade. O Bispo presidiu missa e rezou com as moradoras da casa.
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Brasilândia Escalando juntos, de mãos dadas
Larissa Alves
Colaboradora de comunicação da Região
Jovens de Pirituba, Alphaville e Araras (SP) reuniram-se em Vinhedo (SP) para realizar o 16º Encontro Escalada, entre os dias 2 e 4. O retiro, que acontece anualmente, estimula cada participante a ser uma pessoa em clima de oração. Durante a tarde do dia 3, o encontro contou com a presença de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, que orientou todos a participar de cada momento do retiro e compartilhar, posteriormente, com o máximo de pessoas os aprendizados recebidos. Participante do encontro pela primeira vez, a cursista Raquel Barbosa, 19, contou como conheceu o Escalada. “Demorei cinco anos, desde o primeiro convite, a dizer sim para o Escalada, mas creio que o fiz no momento certo – naquele em que estava disposta a viver, de fato, o encontro”, disse, ressaltando o quanto a atividade transforma as pessoas. “Ao fazer com que repensemos nossas atitudes e tenhamos confiança para encarar os desafios e abraçar as oportunidades, ensina-nos a sermos pessoas melhores para o mundo e para nós mesmos”. Gabriela Gomes, 16, disse que após
Gabriela Vieira
Jovens do movimento Escalada de Pirituba, Alphaville e Araras (SP) participam de encontro em Vinhedo, no interior paulista, entre os dias 2 e 4
participar do Escalada está mais forte, madura, determinada e totalmente pronta para poder sentir Deus nas pessoas e ter esperança no mundo novamente. Embora o retiro tenha a duração de três dias, ao irem embora, no domingo, os jovens não encerram sua escala-
da. Ao contrário, é aí que ela se inicia. “Espero criar laços com aqueles que possuem a mesma fé que eu, que acreditam na tradição da Igreja. E também que essas pessoas me ensinem como ser melhor”, declarou o cursista Matheus Dias, 20.
AGENDA REGIONAL Sábado (17), das 9h às 12h
Colóquio com os candidatos a vereador, na Paróquia Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, 3.907, Itaberaba). Saiba mais detalhes em (11) 3924-0020
Gerson Moreira
Igor Belarmino
No sábado, 10, os fiéis de cinco paróquias e de uma área pastoral que compõem o Setor São José Operário peregrinaram à Porta Santa da Igreja Nossa Senhora da Expectação, por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia, e participaram da missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca.
No domingo, 11, na Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, no Jardim Rincão, no Setor Pastoral Jaraguá, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, conferiu o sacramento da Crisma a 62 jovens, durante a missa por ele presidida.
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www.arquisp.org.br | 14 a 20 de setembro de 2016
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Santa Teresa de Calcutá ‘decidiu amar e ir ao encontro das pessoas’ Missa em ação de graças pela canonização da Madre, aconteceu no sábado, 10, na Catedral da Sé Edcarlos Bispo
edbsant@gmail.com
No sábado, 10, os fiéis da Arquidiocese de São Paulo reuniram-se na Catedral da Sé para celebrar a missa em ação de graças pela canonização de Madre Teresa de Calcutá. A celebração foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e concelebrada por Dom Antonio Carlos Altieri, arcebispo emérito da Diocese de Passo Fundo (RS), e por padres da Arquidiocese que possuem trabalhos com população em situação de rua, encarcerados e estrangeiros. Logo na saudação inicial da celebração, o Cardeal recordou que a canonização de Madre Teresa, no dia 4, pelo Papa Francisco, no Vaticano, foi um momento bonito dentro do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. Segundo Dom Odilo, ao mesmo tempo em que se acolhe e enaltece a misericórdia de Deus, a Igreja coloca em evidência as grandes figuras relacionadas à misericórdia. Dom Odilo, na homilia, saudou a todas as pessoas em situação de rua que são acolhidas em iniciativas da Arquidiocese de São Paulo ou entidades a ela ligadas. “Santa Teresa de Calcutá foi sua mãe, madrinha e, no céu, agora é sua protetora e intercessora”, disse. Recordando o trecho da 1ª Carta de São João – amemos não só com palavras, mas com obras (cf. 1 João 3,18) – o Cardeal recordou que Santa Teresa de Calcutá viveu essa passagem da Bíblia, pois ela “amou com os fatos, com as ações. Não ficou em discurso e reflexões, por mais que pudesse ter escolhido fazer isso. Ela decidiu amar e ir ao encontro das pessoas, dos necessitados”. Comparando a Santa ao Bom Samaritano – personagem da passagem
bíblica de Lucas 10, 30-37 –, o Arcebispo destacou que Santa Teresa não perguntou ou quis saber se as pessoas eram amigas ou inimigas, assaltantes ou não. Ela simplesmente “inclinou-se sobre eles e os ajudou, assim como fez o Bom Samaritano”. Dom Odilo recordou, ainda, que a cultura pós-moderna ensina o ser humano a fazer apenas o que gosta, desprezando aquilo que não lhe agrada ou que lhe traga trabalho ou incômodo. Santa Teresa de Calcutá, destacou o Arcebispo, foi o contrário disso. Tudo que ela fez foi pela fé, não que tivesse prazer. “Madre Teresa confessou que nem sempre tinha aquele consolo interior, o consolo interior da fé, mas sabia que aquilo deveria ser feito, porque amar o próximo é coisa de Deus, e que um dia Deus faria brilhar sua luz. Sua luz interior, sua fé e sua esperança. É o que a Igreja proclama com a sua canonização. Madre Teresa fez a coisa certa, fez o que todos nós deveríamos fazer”, afirmou Dom Odilo. Irmã Isaac, Missionária da Caridade, congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá, destacou que as religiosas estão agradecidas a Deus e a Igreja por dar esse reconhecimento e canonizar Madre Teresa, proclamando assim, mais uma vez, “uma figura mundial de caridade”. “É preciso que continuemos o trabalho dela”, afirmou a Religiosa. As Missionárias da Caridade estão presente no Jardim Peri, na zona Norte de São Paulo, onde possuem uma comunidade de abrigados, além de prestar assistência social e religiosa a famílias da comunidade. “Madre Teresa dizia: ‘faça coisas pequenas com muito amor’, isso é o que ela iria dizer e pedir”, recordou a Irmã Isaac, lembrando, ainda, que há 70 anos, em 1946, Madre Teresa numa viagem escutou as Palavras de Cristo na cruz: “Tenho sede”. Foi daquele dia em diante que a vida dela fez sentido e ela buscou sempre saciar a sede de Jesus nos mais pobres, excluídos e necessitados.
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Odilo presenteia Irmã Isaac, das Missionárias da Caridade, com quadro do Jubileu da Misericórdia, na missa em ação de graças pela canonização de Madre Teresa de Calcutá
Também no Brasil, Missionárias da Caridade dedicam-se aos mais pobres Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Em julho de 1979, no mesmo ano em que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, Santa Teresa de Calcutá chegou em Salvador (BA) para abrir a primeira casa das Missionárias da Caridade no Brasil. Ela teve a oportunidade de encontrarse com Irmã Dulce dos Pobres. Deixou, então, quatro irmãs no bairro de Alagados e logo elas começaram a visitar famílias. Repararam a necessidade de abrir uma creche para as crianças que
moravam nas palafitas, devido às más condições de moradia e para dar oportunidade de as mães trabalharem, pois a maioria era lavadeiras ou marisqueiras. Abriram, também, um pequeno abrigo para mulheres idosas ou descapacitadas que andavam pelas ruas da cidade. Madre Teresa voltou ao Brasil em 1982 para abrir outra casa no Rio de Janeiro (RJ), em Marcelo Dias. Lá, com o tempo, as irmãs implantaram um abrigo para mulheres e ofereciam refeições aos moradores em situação de rua.
Hoje são 13 casas no Brasil: três no Rio de Janeiro, duas em São Paulo, uma em Vitória (ES), três na Bahia, uma em Aracaju (SE), duas no Amazonas e uma em Brasília (DF). Os trabalhos das irmãs variam dependendo das necessidades do local: em algumas casas, assistem moradores em situação de rua, em outras, mantêm creches, abrigos para mulheres grávidas ou portadores de HIV, abrigos para idosos ou para pessoas que vivem nas ruas. A São Paulo, as irmãs chegaram no ano de 1992. Foram acolhidas pelas Ir-
mãs Maria Mãe dos Apóstolos, no bairro de Santa Teresinha, até encontrarem um lugar mais próximo das favelas. Os padres da Congregação dos Missionários da Consolata ajudaram a procurar o local mais apropriado para a mudança da comunidade. Foram, então, para o Jardim Peri, na periferia da zona Norte. Dois anos depois, abriram um abrigo para homens e mulheres. Hoje as mulheres acolhidas ficam em Santos (SP), onde há outra comunidade. (Com informações fornecidas por Irmã Isaac, Missionária da Caridade que mora no Jardim Peri, em São Paulo)
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