O SÃO PAULO - 3140

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3140 | 2 a 7 de março de 2017

R$ 1,50

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Papa Francisco envia mensagem ao Brasil por conta da CF 2017 Em mensagem enviada à Igreja no Brasil por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade de 2017, na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º, o Papa Francisco comenta que o Criador “foi pródigo com o Brasil” e concedeu ao país “uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza”. O Pontífice também chama a atenção para “os sinais de agressão à criação e degradação da natureza” presentes no território brasileiro.

Quaresma, tempo de conversão e de viver a misericórdia Luciney Martins/O SÃO PAULO

Encontro com o Pastor Na Quaresma, que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal Página 3

Editorial Lembra-te de que és pó: transitoriedade e fragilidade da vida Página 2

Espiritualidade Dom Sergio: Quem é misericordioso com as crianças?

Página 9

Dom Julio toma posse na Arquidiocese de Sorocaba (SP)

Página 5

Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros

Nomeado pelo Papa Francisco para arcebispo de Sorocaba (SP), em 28 de dezembro, Dom Julio Endi Akamine, até então bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, tomou posse no sábado, 25 de fevereiro. “O bispo nunca está sozinho, ele conta sempre com as orações do seu povo”, afirmou o novo arcebispo de Sorocaba.

Página 5

A homenagem da ‘Vila Maria’ a Nossa Sra. Aparecida no carnaval

Página 24

Apesar de ter ficado em 7º lugar no carnaval de São Paulo deste ano, a Escola de Samba Unidos de Vila Maria foi campeã em ousadia, ao procurar a orientação da Igreja Católica para a histórica homenagem a Nossa Senhora Aparecida no sambódromo do Anhembi.

24º ‘Alegrai-vos’ e 50 anos da Renovação Carismática Católica Página 14

Dom Odilo Scherer tem encontro com padres recém-ordenados

Páginas 22 e 23

Página 14

Belém e Santana encerram peregrinação com a Mãe Aparecida Páginas 19 e 20

Fase de grupos da Libertadores tem recorde de brasileiros Página 15

Cardeal Cláudio Hummes impõe cinzas no Cardeal Odilo Scherer durante missa na Catedral

Na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º, teve início a Quaresma, “um caminho que nos conduz para a vitória da misericórdia sobre tudo o que procura nos esmagar ou nos reduzir a qualquer coisa que não corresponda à dignidade

de filhos de Deus”, disse o Papa Francisco, no Vaticano. Na Catedral da Sé, celebração foi presidida pelo Cardeal Scherer, que antes também falou com a imprensa sobre a Campanha da Fraternidade. Páginas 9, 11, 12 e 13

Desproporção de verbas justifica a reforma da Previdência Com a projeção de R$ 181,2 bilhões de déficit na Previdência este ano, o governo trabalha para aprovação da PEC 287/16 no Congresso. O SÃO PAULO apresenta fatores que explicam o porquê de uma reforma no sistema previdenciário. Página 10


2 | Ponto de Vista |

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Editorial

Lembra-te de que és pó

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embra-te de que és pó e ao pó voltarás.” Esta breve antífona que acompanha o rito de imposição das cinzas, no início da Quaresma, traz um apelo à humildade ao recordar a fragilidade e transitoriedade da vida humana na terra. Não é uma mensagem triste que pretende desmerecer ou rebaixar. Em realidade, é permeada de esperança. Recordando à humanidade sua condição mortal, previne-a contra aquele, que, segundo o Papa Francisco, é o degrau mais baixo da degradação moral oriunda da ganância e do apego às riquezas materiais: a soberba e a consequente cegueira que ela traz. Com efeito, o homem, quando se esquece de sua transitoriedade, esquece também a sua transcendência. Quando esquece de sua condição de criatura, assume a posição de um deus. Quando se esquece a realidade da morte, esquece também que é destinado à ressurreição.

E assim esquecido, não lhe resta outra alternativa que a idolatria em todas as suas formas: do dinheiro, do prazer, do poder, da vaidade, do racionalismo ou todas elas juntas. Encerrado em si mesmo, apegado ou desejando riquezas, longe de Deus que é a fonte da vida e do amor, o homem julga-se rico, mas em realidade é vítima da pior de todas as pobrezas: a incapacidade de amar a Deus e ao próximo. Nessa condição, o homem encontra a morte de seu eu interior. E assim morto, nada vê, nada sente, nada sabe sobre o outro. Tal degradação é descrita pelo Papa Francisco em sua mensagem para a Quaresma de 2017 da seguinte maneira: “O homem vestese como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se de que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caem sob a

alçada do seu olhar. Assim, o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação”. Vista na perspectiva de sua fragilidade e transitoriedade, a vida humana na terra encontra o seu real sentido: é um caminho, uma peregrinação contínua em direção à terra prometida, um encontro diário com Deus que se torna uma preparação para o encontro definitivo. Nesse caminho, a morte física nos é oferecida como remédio e última penitência. E, depois, a Páscoa-Ressurreição. A Quaresma é um tempo oportuno para examinarmos as nossas vidas à luz da Palavra de Deus. Traz sempre consigo um novo apelo à conversão e sintetiza o que em realidade é a nossa vida: um constante voltar-se para a casa do Pai. Não é raro acontecer que, mesmo sendo católicos praticantes, as preocupações da vida, as múltiplas tarefas do dia

a dia e o cansaço tenham nos distanciado da oração e da missa dominical. Não é raro acontecer também que, ao longo do ano, tenhamos – ainda que sendo materialmente pobre – dado excessiva importância a bens materiais, perdendo a alegria e a paz diante de alguma privação. Pode acontecer ainda que a crise econômica, a falta de emprego, a enxurrada de más notícias que rebemos todos os dias tenham enfraquecido a nossa fé, roubado a nossa esperança e endurecido os nossos corações. Pode acontecer ainda que tenhamos cedido ao egoísmo, deixado de partilhar, que tenhamos nos esquecido dos mais pobres, que estejamos dando pouco ou nenhum tempo aos idosos e doentes que estão próximos fisicamente, mas distantes de nosso olhar e coração. Para todas essas situações, o tempo da Quaresma nos convida a um novo começo e aos remédios das práticas da oração, da penitência e da esmola.

Opinião

Família cristã: Aquela que o Estado precisa Arte: Sergio Ricciuto Conte

Claudio José Langroiva Pereira No Direito, a família converteu-se na maior preocupação do Estado pós-moderno, mesmo considerando características e conceitos desvirtuados nas atuais relações familiares, sob influência do individualismo que cunha a sociedade ocidental atual. Durante o século XX, houve uma busca da valorização dos direitos e garantias individuais, entre eles os das mulheres, com a valorização individual dos entes familiares, sustentados agora na base constitucional da igualdade e isonomia. A participação isonômica de cada integrante da família, com funções e tarefas diferentes, mas com espaço para o respeito mútuo e a igualdade, tornou-se razão de identificação de afeto e respeito nas relações familiares, sob um novo modelo de Estado Democrático de Direito. A isso, seguiu-se uma desconsideração da estrutura familiar tradicional, de cunho patriarcal, hierarquizada, em favor de uma instituição democrática. Assim, a família, base da sociedade, passa a ter a necessidade de ser novamente compreendida, levando-se em conta um novo tecido normativo, que inclui valores éticos que devem se harmonizar com a realidade familiar. Valores fundamentais restaram obscurecidos pelos conceitos de uma pós-

modernidade individualista e dualista, concentrada na preservação dos direitos individuais, esquecendo-se da solidariedade e do humanismo familiar autêntico. A felicidade a qualquer custo, difundida pelo modelo globalizado de sociedade, dizima famílias frente a uma pregação em que o pacto moral cede espaço para a recusa das regras morais, orientadoras do exercício humano e cristão da sexualidade no Matrimônio. Mas essa dualidade que prega o direito individual e o amor de si mesmo confunde nossos pensamentos sobre o amor e não deixa ver

a vocação originária e fundamental do ser humano. Nesse contexto, a identidade da família cristã, superando individualidades estruturais próprias e a dinâmica emocional de cada membro, assume padrões de comportamento, convenções sociais, valores morais, filosóficos e religiosos, que são transmitidos de geração em geração, segundo a base em que ela se sustenta. “No Matrimônio e na família, constitui-se um complexo de relações interpessoais – vida conjugal, paternidade-maternidade, filiação, fraternidade – mediante as quais cada

pessoa humana é introduzida na ‘família humana’ e na ‘família de Deus’, que é a Igreja” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 15). Essa realidade de amor é verdadeira fonte de sustento, porque o mundo é assolado pela dispersão dos valores sociais e conjugais, em favor do humanismo individualista, em que os direitos e garantias individuais se afastam da solidariedade familiar e conjugal. Contrariamente a tudo isso, o bem -estar social verdadeiro deve passar pela valorização comum dos direitos de cada um, em um conjunto, em uma estrutura familiar, na qual a educação amorosa e fecunda, a moral e a ética são os instrumentos vivos de uma sociedade rica de valores fundamentais para o Estado Democrático de Direito. A família que o Estado precisa é a família como verdadeira Eclesia, em um conceito de “igreja doméstica”, em um resgate das primeiras igrejas que se reuniam em casas de famílias, com pais e filhos recebendo uns dos outros a prática dos preceitos de amor fraterno, solidariedade e fraternidade, fundamentos da fé cristã. Claudio José Langroiva Pereira é professor do Curso de Direito da PUC-SP, conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e do Movimento Equipes de Nossa Senhora.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

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a quarta-feira de cinzas, iniciando a Quaresma, pedimos a Deus: “Que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal”. Essa oração nos indica o sentido do tempo quaresmal, que vivemos como preparação à Páscoa. Temos nós a necessidade de combater o “espírito do mal”? Não será essa uma linguagem mitológica, que reflete uma compreensão dualista do mundo, submetido às forças do bem e do mal, em luta constante? Não é bem assim para a fé cristã, que não se baseia na concepção dualista do mundo. Não existem duas forças ou energias em luta: a do bem e a do mal. Mas existe Deus, autor e princípio de todo bem. E existe o Maligno, inimigo de Deus e de suas criaturas, que nos quer envolver nas suas tramas malignas. Ele age e nos quer seus aliados na promoção das “obras do Maligno”. O Maligno, porém, não é divino; ele é criatura decaída por causa de sua soberba e desobediência; é incapaz de reconhecer a soberania de Deus e de se voltar para Ele com arrependimento. Deus é o único Soberano, e o Maligno nada pode contra Ele. Mas o homem é frágil criatura e pode ser envolvido pelas tramas do Maligno, tornando-se aliado seu na promoção de toda confusão e maldade neste mundo. O homem é livre e o tentador sabe disso, procurando confundi-lo nas suas escolhas livres, propondo-lhe enganos lisonjeiros e maldosos.

Quaresma: combate contra o espírito do mal Graças à misericórdia de Deus, porém, o homem não está condenado a permanecer preso nas malhas da maldade e pode se arrepender, pedir a ajuda de Deus e se libertar da influência do Maligno. Como consegue fazer isso, se “a carne é fraca” e sua inteligência e vontade se deixam confundir pelas tentações do Maligno? Deve o homem reconhecer humildemente que ele mesmo não é Deus e assumir seu lugar de criatura, reconhecendo a soberania de Deus e a bondade dos seus caminhos, indicados por meio dos mandamentos e do Evangelho de Jesus. E, então, estará seguro e feliz, do lado de Deus. É bem isso que nos é recordado no início da Quaresma. Ao impor as cinzas sobre nossas cabeças, o celebrante nos lembra o chamado de Jesus no início de sua pregação pública: “Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15). Em outras palavras, é deixar de ser soberbos e de achar que não precisamos de Deus, que podemos resolver tudo por nós mesmos. Jesus convida a humanidade a voltar-se para Deus, que tem caminhos bons e meios seguros para vencermos o Maligno e encontrarmos a alegria plena da vida. A outra fórmula pronunciada na imposição das cinzas é esta: “Lembra-te de que és pó e ao pó hás de tornar” (cf. Gn 3,19). Parece uma advertência humilhante para o homem, mas não é: é realismo honesto, capaz de ajudar o homem a não se iludir e a fazer as escolhas certas na vida. Quem somos nós? Talvez achamos que somos eternos, senhores absolutos do bem e

do mal, não devendo dar contas a ninguém de nossos atos e de nossa vida... A Igreja nos recorda nossa real condição neste mundo: do pó viemos e ao pó retornaremos. Ao mesmo tempo, porém, ela nos recorda que Deus nos valoriza imensamente e nos ama com amor infinito: “Tanto Deus amou este mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que não pereça todo aquele que nele crer” (Jo 3,16). Por isso, nos chama a voltarmos nosso coração e nossa mente inteiramente a Ele, nosso bem supremo. O rito penitencial da imposição das cinzas nos convida a olharmos para nossos pecados com sincero arrependimento e a buscar o perdão de Deus. O pecado é sempre um ato de soberba em relação a Deus e de desrespeito aos seus mandamentos. É não reconhecimento de sua soberania. No fundo, é a mesma atitude de Adão e Eva, que preferiram ouvir o tentador (“sereis como Deus”, Gn 3,5), em vez de ouvir e obedecer a Deus. Pelo Batismo, fizemos as promessas de renunciar a Satanás, de ficar sempre do lado de Deus e de Jesus Cristo nosso Salvador; de manter firme nossa fé em Deus e de guardar seus mandamentos durante toda a vida. Essa é a luta e o combate constante em nossa vida! Nem sempre somos fiéis aos nossos propósitos batismais e cristãos. Este tempo de penitência serve para avaliar e rever nosso modo de viver e para nos arrependermos de nossos pecados, buscando nossa força em Deus e em Jesus Cristo, vitorioso sobre o Maligno, o pecado e a morte.

| Encontro com o Pastor | 3

Posse de Dom Julio em Sorocaba (SP) Pascom Arquidiocese de Sorocaba

No sábado, 25 de fevereiro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, foi um dos concelebrantes da missa em que Dom Julio Endi Akamine tomou posse como arcebispo de Sorocaba (SP). Ordenado bispo pela imposição das mãos do Cardeal Scherer, em 9 de julho de 2011, Dom Julio atuou como bispo auxiliar de São Paulo desde aquela data até sua nomeação para Sorocaba, pelo Papa Francisco, em 28 de dezembro de 2016 (leia reportagem completa na página 24).

Aniversário da Fraternidade Comunhão e Libertação O Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, presidiu na quinta-feira, 23 de fevereiro, na Paróquia Santa Generosa, na Região Episcopal Sé, missa no aniversário de reconhecimento da Fraternidade Comunhão e Libertação e pelo aniversário da morte do Servo de Deus Dom Luigi Giussani (19222005).


4 | Fé e Vida |

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Liturgia e Vida 1º DOMINGO DA QUARESMA 5 de março de 2017

Mostrou-lhe os reinos do mundo e sua glória Cônego Celso Pedro O Espírito Santo levou Jesus ao deserto para ser tentado pelo demônio. Este é o título da passagem do Evangelho de Mateus que proclamamos neste 1º Domingo da Quaresma. Iniciamos a Quaresma com Jesus no deserto da tentação. Depois de 40 dias e 40 noites de jejum, Jesus sentiu fome. É quando o Tentador se aproxima. Aproxima-se para testar esse homem que está no deserto e saber quem ele é e o que pretende. O importante para Satanás é dominá-lo, porque um homem do deserto, embora enfraquecido pelo jejum, é um homem forte. Se estivesse nos festins do palácio de Herodes, vestido de seda, o demônio não teria com que se preocupar. Mas um homem do deserto é preciso testá-lo. E o demônio começa com duas perguntas em forma condicional: “Se és o Filho de Deus”. A provocação, feita inicialmente no nível da divindade, sugere que Jesus faça coisas extraordinárias, transforme pedra em pão ou se jogue do ponto mais alto do templo. Numa terceira investida, o demônio já não se dirige a um possível Filho de Deus. Dirige-se ao homem, tocando nas cordas sensíveis do ser humano, que são o poder e a glória. “Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória, se te ajoelhares diante de mim para me adorar.” Esse é o ponto alto da provocação. Para obter a vida de Jesus e sua submissão, o demônio oferece todos os reinos do mundo e sua glória. O demônio valoriza o ser humano e o quer todo inteiro. O ser humano pode não se valorizar e entregar sua vida a Satanás em troca de poder e glória. Qual será a duração de toda essa glória? São Lucas diz que o demônio mostrou a Jesus “num instante” todos os reinos do mundo (cf. Lc 4,5). Esta é a duração da glória oferecida pelo demônio, ‘um instante’, que acaba de passar e já não existe. É o quanto dura a posse do mundo dada pelo demônio. Estavam os primeiros pais no jardim do paraíso, encarregados de cultivar e guardar a criação, quando, provocados pelo demônio, caíram na tentação e o pecado entrou no mundo. Por isso, celebramos a cada ano a Quaresma, para não cairmos na tentação. Na Campanha da Fraternidade desta Quaresma, vemos o tentador oferecendo poder e glória em troca da destruição do jardim de Adão e Eva, que Deus criou para o nosso bem-estar. Em nosso país, temos áreas que chamamos de Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa, onde vivem pessoas, e que em sua diversidade têm uma função no conjunto da natureza. A Campanha da Fraternidade pede que cuidemos com carinho de tudo o que Deus criou. Devemos, pois, cultivar e guardar a obra da criação e não destruí-la em troca de poder e glória.

Você Pergunta Não consigo repousar no Espírito. O que é preciso para isso? padre Cido Pereira

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O Neto Antenor, de Brasília (DF), é membro da Renovação Carismática Católica há dois anos. Diz ele: “Já participei de momentos muito fervorosos, fui batizado no Espírito e recebi o dom das línguas. Mas nunca repousei no Espírito. Quero saber o que é necessário para que isso venha a acontecer. Obrigado”. Meu irmão, Neto Antenor... Eu estou pensando cá comigo sobre a importância de se cultivar esses “dons” que você cita: batismo no Espírito,

dom das línguas, repouso no Espírito. Primeiramente, porque para muitos eles não são sinais de santidade, mas meios de a pessoa se impor à comunidade, impressionando as pessoas. Pare com isso, meu irmão. Eu quero pensar daqui de longe em você como um cara que testemunha sua fé, que tem um coração cheio de misericórdia como o coração de nosso Deus e Senhor. Quero ver você levando a Palavra de Deus para os outros, praticando as obras de misericórdia e não dando espetáculo, enrolando a língua, desmaiando na frente da comunidade. É hora, meu irmão, de experimen-

tar a misericórdia de Deus e passar essa experiência para os outros. É hora de anunciar Jesus lá onde Ele não é conhecido. Evangelizar quem já vive sua fé, não importa em que movimento, é muito fácil. É preciso lançar as redes em águas mais profundas, dialogar com o mundo, testemunhar que somos felizes porque somos de Deus. Você será um homem de Deus, meu irmão, quando você precisar de repouso após um trabalho intenso de evangelização, de socorro aos pobres, de serviço concreto à comunidade onde você está inserido. Deus o abençoe.

Atos da Cúria Reprodução

NOMEAÇÃO DE VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A REGIÃO LAPA Em 18 de fevereiro de 2017, o Emno. senhor Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, confirmou o Revmo. Pe. Jorge Pierozan como Vigário-Geral Adjunto para a Região Lapa e também o nomeou Vigário Episcopal para essa mesma Região Episcopal, sem prejuízo aos seus atuais encargos de Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus na mesma Região Episcopal. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 20 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Coração Eucarístico de Jesus e Santa Marina, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Carrão/Formosa, o Revmo. Pe. Claudio Pereira dos Santos, SAC, pelo período de 06 (seis) anos. Em 20 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Tatuapé, o Revmo. Pe. Marco Aurélio Florentino Gonçalves, AA, pelo período de 06 (seis) anos. NOTA DA MITRA ARQUIDIOCESANA DE SÃO PAULO Informamos que a Prefeitura Municipal de São Paulo NÃO faz cobranças de dívida ativa, taxas e tributos municipais, inclusive de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), por telefone, por e-mail ou por intermédio da guia DARF (guia de cobrança de tributos federais), as

cobranças são feitas somente por escrito (cartas ou por visita de Oficial de Justiça). Caso recebam, por escrito (carta ou visita de oficial de justiça), cobranças de dívida ativa feitas pela Prefeitura Municipal de São Paulo, deve o documento ser encaminhado, urgentemente, ao Departamento Jurídico para aferição e orientação, podendo ser feito pessoalmente ou por e-mail no en-

dereço jurídico.mitra@terra.com.br São Paulo, 20 de fevereiro de 2017. Pe. Dr. José Rodolpho Perazzolo Procurador Pe. João Julio Farias Junior Procurador Pe. Zacarias José de Carvalho Paiva Procurador


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Espiritualidade Quem é misericordioso com as crianças? Dom Sergio de Deus Borges

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Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

endo um recente estudo sobre a família e a necessária misericórdia com as famílias desfeitas pela separação e pelo divórcio, deparei-me com um questionamento do Cardeal Christoph Schönborn que me deixou intrigado: “Diante de uma separação, quem é misericordioso com as crianças, os filhos?” Compreendemos as situações conflituosas que atravessam os cônjuges, as feridas abertas por uma separação, e a Igreja deve ajudar os pais separados a curar as próprias feridas, mas precisamos recordar um princípio fundamental da família: o vínculo entre os pais e os filhos é indissolúvel, e os pais devem ser os primeiros a exercer a misericórdia em relação às crianças. Afirmamos que “os pais” têm a responsabilidade, porque a separação não gera uma ruptura total das relações, mas uma transformação da mesma, e os pais, mesmo separados, precisam assumir o cuidado de seus filhos, como centro de sua missão, caso queiram exercer a misericórdia

filhos? Assumi minha parcela de culcom as reais vítimas inocentes da situação. pa pela separação? De fato, as primeiras vítimas de Ser misericordioso com as crianças é colaborar com o ex-cônjuge uma separação são as crianças, que tinham a alegria da presença dos pais e, para garantir a presença paterna/ de uma hora para outra, devem sofrer materna sem ressentimento ou revanchismo; é permitir aos filhos o com a ausência do pai ou da mãe; em acesso à história das famílias de orinão poucos casos, as crianças precisam aprender a conviver com um tio, gem, condição fundamental para o uma tia ou o novo companheiro da desenvolvimento de sua identidade mãe ou a nova companheira do pai. (cf. Raffaella Iafrate, 371). “A histórias dos idosos faz muito bem às Há, ainda, situações graves e verdadeira falta de misericórdia quancrianças e aos jovens, porque os lido um dos cônjuges faz uma guerra afetiva a separação não gera uma contra o outro cônjuge, instrumentalizando os ruptura total das relações, mas filhos, lançando sobre uma transformação da mesma, as crianças o peso da e os pais, mesmo separados, amargura e o rancor precisam assumir o cuidado de que está no próprio seus filhos, como centro de sua coração. “Muitas ve- missão, caso queiram exercer a zes, peca-se gravemen- misericórdia com as reais vítimas te nesse sentido, tor- inocentes da situação nando-se necessário gam à história vivida tanto pela farecordar: não mateis os vossos filhos mília como pela vizinhança e o país” com os vossos problemas pessoais! (Amoris Laetitia, 193). Eles não devem ser reféns das vossas O caminho da misericórdia exige discórdias. Convertê-los em reféns é refletir sobre essas questões fundaum crime contra a alma dos pequenos” (Christoph Schönborn, 192). mentais, exige passar por um processo de cura para continuar a proteger Os pais que se separaram precisam e fortalecer no amor as crianças, não individualmente se perguntar: Como acrescentando outros pesos àqueles tenho agido com meus filhos de uma que os filhos, nessas situações, já têm união precedente? Tenho dado atenção, carinho e amor aos meus filhos? que suportar. Esforcei-me em dialogar com meu Sejam misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. ex-cônjuge em vista do bem de meus

| Fé e Vida | 5

Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros

Contra o consumismo, preencher os corações vazios Francisco Borba Ribeiro Neto Entre as maiores ameaças aos biomas brasileiros estão a poluição e a irresponsabilidade no uso dos recursos naturais, denunciadas em vários documentos da Doutrina Social da Igreja (ver Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 465-471; Laudato Si’, LS 20ss). Podemos entender esse problema a partir da lógica de um sistema econômico estruturado com base no crescimento contínuo da produção e do consumo, que muitas vezes se dá em detrimento das pessoas (cf. CDSI 319, 332). Mas também devemos considerar que vivemos numa cultura consumista e do descarte (LS 22, 34, 43, 50, 203, 210, 219). Por isso, é importante que cada um faça sua parte para reduzir o consumo dos recursos naturais. Com isso, passamos a tirar menos da natureza e, ao mesmo tempo, a poluir menos. Existe uma correlação entre a riqueza material e a produção de lixo – que é a medida mais evidente do consumo. Mas não é só isso! Comparemos, por exemplo, a produção de resíduos sólidos urbanos (lixo) dos Estados Unidos e da Suécia. Ambos se equivalem quanto ao PIB per capita e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas os Estados Unidos produzem diariamente 2,58 quilos de lixo por habitante e a Suécia, apenas 1,61 quilo. Os suecos são menos consumistas que os norte-americanos, sem perderem qualidade de vida. A melhor regra para reduzirmos nosso consumo é a dos “3 R”: REDUZIR o consumo, REUTILIZAR o que pode ser reutilizado, RECICLAR o que não pode ser reduzido ou reutilizado. Quem trabalha com jovens sabe que eles se envolvem facilmente em atividades de reciclagem e reutilização. O coração humano deseja cuidar das coisas, se sentir comprometido com o bem comum, ver a beleza. Mas a redução do consumo é mais difícil. As sociedades indígenas são aquelas da “primitiva abundância”. Possuem pouco, mas não precisam de mais. Nossa sociedade é a da “eterna carência”. Nunca temos o suficiente, vivemos uma insaciedade que nos impede de saborear a vida e as coisas que já temos, que não nos deixa amar e nos solidarizar com o próximo. Por isso, o Papa Francisco denuncia “os corações vazios”, que procuram ser preenchidos por um consumo desmedido, sem saber que só o amor pode satisfazê-los definitivamente (LS 204). Dessa forma, remetenos à mais profunda resposta ao consumismo, que é o encontro com Cristo, que sacia o coração e nos desperta para a solidariedade e o compromisso com os mais pobres e a toda a criação. Para aprofundamento, ver as leituras sugeridas em http://feculturapucsp.blogspot.com.br/2017/02/CF2017 As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.


6 | Viver Bem |

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Cuidar da Saúde Não importa o fator do protetor solar, e sim quantas vezes você o reaplica! Cássia Regina É bom aproveitar um dia ensolarado, mas ficar exposto excessivamente ao sol, mesmo com proteção, causa, além de envelhecimento prematuro da pele, graves doenças. As consequências dos danos pela radiação são a flacidez, rugas, linhas de expressão precoce e manchas. Além disso, existem doenças que são desencadeadas pelos raios ultravioleta. Os exemplos mais comuns e frequentes são melasma, melanose solar, fitofotodermatose e queratose. As primeiras causam apenas danos estéticos. Entretanto, a última é considerada pré-cancerosa. E por isso é importante saber um pouco mais sobre essa doença. A ceratose ou queratose é um dos principais motivos de consulta ao dermatologista na terceira idade. O paciente relata ter uma ferida ou mancha áspera, de cor avermelhada ou esbranquiçada, que não sara nunca. Pessoas com pele clara, olhos claros e cabelos loiros são mais propensas a desenvolver câncer de pele. A ceratose é provocada pela exposição ao longo dos anos. Ao se transformar em câncer de pele, sua evolução é rápida. Algumas dicas são importantes: Aplique um protetor solar antes de se expor ao ar livre. Escolha um protetor solar que tenha um fator de proteção solar (FPS) 15 ou acima, com um espectro largo de proteção tanto contra raios UV-A como UV-B. Mas, atenção: O importante não é o fator e sim quanto tempo você leva para reaplicar o protetor. O ideal é a cada três horas ou a cada duas, em caso de transpiração excessiva. Use protetor solar nos lábios também. Limite seu tempo de exposição ao ar livre, preferindo antes das 9h e após às 16h. Use óculos de sol com proteção UV confirmada, principalmente quem tem olhos claros. Use calças longas, camisas com mangas longas e um chapéu/boné com aba larga quando exposto ao sol forte, principalmente se for criança ou idoso. Comece a cuidar de sua pele hoje para evitar danos no futuro. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com

Comportamento

Que medo é esse da frustração? Simone Cabral Fuzaro Os noticiários, a mídia social e as conversas na porta das escolas nos trazem uma informação recorrente e cada vez mais presente na vida das famílias: o medo da frustração e do “trauma”. Hoje os adultos veem as crianças como seres muito frágeis e susceptíveis a se traumatizarem diante de situações em que não se sintam valorizadas, reconhecidas, apoiadas em seus desejos.... Ou seja: quando frustradas. Situações que foram historicamente corriqueiras na vida de milhões de pessoas hoje adultas começaram a ser discutidas como problemas sérios no cotidiano das crianças modernas: ser o último a ser escolhido quando se monta um time na aula de educação física; não ser convidado para a festa de um colega de classe; não ter a festa ou o brinquedo que esperava por ocasião do seu aniversário; passar uma pequena vergonha diante da classe por uma atitude inadequada ou por receber a correção do professor... Olhando para essas preocupações paternas em torno do tema “trauma”, me pergunto: Para que estamos criando nossos filhos? Perdemos de vista que o que traumatiza não são as frustra-

ções ou situações difíceis que eventualmente enfrentam, o que “traumatiza” é a falta de suporte para lidar com essas situações, é a dó que não conseguimos disfarçar, a fortaleza que perdemos a oportunidade de criar nos pequenos se não enfrentarmos com otimismo e criatividade os percalços da vida. Sofrer diante de dificuldades que os filhos enfrentam é comum, sentirmos a dor deles faz parte de viver intensamente o vínculo que criamos, porém, como adultos responsáveis pela formação das crianças, precisamos sofrer com maturidade. Suportar o nosso sofrimento e dar suporte ao deles, relativizar e tirar peso, mostrando que adversidades são comuns na vida e podemos enfrentá-las de modo otimista e criativo. Mais do que isso, precisamos resgatar algo que historicamente fez parte da sabedoria paterna: ver as frustrações como oportunidades ricas. Diz o psicólogo infantil Ivan Capelatto: “É bom lembrar - ainda não inventaram um jeito de promover o amadurecimento infantil senão transformando seus impulsos em sentimentos e atitudes compatíveis com a vida regulada por leis, direitos, deveres e respeito mútuo. Essa noção já era clara na Grécia do século IV a.C.. “As frustrações, muitas vezes resultado dos li-

mites colocados pelos pais ou pela própria situação vivida, geram angústia e, se suportarmos e acolhermos as manifestações da angústia (choro, raiva etc.) com firmeza e carinho, iremos testemunhar: como a frustração se transforma rapidamente em força criativa, em estabilidade emocional, fluidez, leveza e empatia” (Capelatto, 2006). Sim, nas relações com outras crianças na escola, assim como posteriormente na vida, nossos filhos, assim como nós, sofrerão injustiças, enfrentarão dificuldades, serão surpreendidos por adversidades, e como enfrentá-las e criar saídas se nem sequer são capazes de suportar não estarem entre os primeiros a serem escolhidos na formação de um time? Não nos deixemos levar por essa ideia de fragilidade infantil que está a serviço de uma sociedade moderna que se sente culpada por delegar e não acompanhar de perto o crescimento e a educação das crianças. Elas são potencialmente fortes, criativas e capazes de superar as frustrações, tirando delas os melhores proveitos. Basta que tenham nosso suporte, nosso amor, nosso acolhimento e que não as poupemos. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora e mantém o blog educandonacao.com.br


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Destaques das Agências Nacionais

Daniel Gomes e Júlia Cabral osaopaulo@uol.com.br

CNBB destaca urgência da temática da CF 2017 A abertura oficial da Campanha da Fraternidade de 2017, com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15)”, foi realizada pela presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na quarta-feira, dia 1º, na sede da entidade, em Brasília (DF). A campanha busca alertar para o cuidado e o cultivo dos biomas brasileiros: Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa, Pantanal e Amazônia. Além disso, destaca o respeito à vida e à cultura dos povos que neles habitam. O Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, destacou a urgência da temática que será trabalhada este ano. Segundo ele, não basta que as pessoas apenas conheçam os biomas, é preciso que também reflitam sobre a presença e a ação humana nesses ambientes. Ele também

ressaltou a valorização dos povos originários, “verdadeiros guardiões dos biomas”, afirmou. “Nós precisamos valorizar, defender a vida e a cultura desses povos, mas também somos motivados a refletir sobre as causas dos problemas que afetam os biomas como, por exemplo, o desmatamento, a poluição

da natureza e das nascentes. Necessitamos também refletir sobre a ação de cada um de nós e nossas posturas nos biomas onde estamos inseridos”, enfatizou. Além de Dom Sergio, participaram da mesa de abertura oficial da CF 2017 Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo

auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB; o deputado federal Sandro Molon (Rede-RJ), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista; e Edson Gonçalves Duarte, secretário de articulação institucional e cidadania do Ministério do Meio Ambiente. Fonte: CNBB Imprensa CNBB

Cardeal Sergio da Rocha (2º à direita), presidente da CNBB, fala sobre o tema dos biomas brasileiros, no lançamento oficial da CF 2017

Morre Dom Antônio Ribeiro, Foco na juventude consagrada arcebispo emérito de Goiânia (GO) Com o tema “O mistério da Encar- tiva para a vida consagrada no Brasil. Aos 90 anos, faleceu na terça-feira, 28 de fevereiro, Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, arcebispo emérito de Goiânia (GO), após sofrer um infarto. Dom Antônio foi arcebispo de Goiânia durante 16 anos, renunciando em 2002, quando Dom Washington Cruz, atual arcebispo, assumiu a Arquidiocese. A CNBB, em nota de pesar, assinada por seu secretário-geral, Dom Leonardo Steiner, pontuou que “Dom Antônio percorreu um longo itinerário de vida e de serviço à Igreja: ordenado padre com 23 anos, foi nomeado bispo com apenas 35

anos de idade. Ele teve a graça de participar da quarta sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II. E, neste momento da sua partida, conforme testemunhos das duas Igrejas Particulares nas quais ele serviu em seu ministério episcopal (Diocese de Ipameri e Arquidiocese de Goiânia, em Goiás), ouve-se que, além de um extenso projeto pastoral de grande alcance social, Dom Antônio deve ser reconhecido por ter sido um exemplo de humanidade, simplicidade e acolhimento”, consta em um dos trechos da nota. Fonte: CNBB e Arquidiocese de Goiânia

nação como fundamento da Secularidade no dinamismo do tempo e das mudanças históricas” e o lema “Juventude Consagrada Secular: nosso chão, nossa missão!”, o I Encontro da Juventude Consagrada Secular, promovido pela Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS), acontecerá de 21 a 23 de abril, no Centro de Formação Sagrada Família, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, tendo como foco promover a comunhão fraterna e a formação, se aprofundando na identidade do consagrado secular e em construir uma perspec-

Segundo a coordenadora da Comissão organizadora, Floriza Kazue Okuda, o encontro foi um meio encontrado para animar os jovens consagrados a se unirem e servir aos outros. “Percebemos que a juventude consagrada secular sente a necessidade de uma relação de fraternidade e convivência entre si, de aprofundar e fortalecer a identidade de consagradas Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail encontro.juventudecnis@gmail.com. Fonte: Conferência Nacional dos Institutos Seculares

Lixo eletrônico é convertido em recursos para projetos sociais Recente pesquisa do Instituto Universitário das Nações Unidas para o Estudo Avançado da Sustentabilidade (UNU-IAS) e do Sistema Global para Comunicação Móvel (GSMA) indica que o Brasil é o país latino-americano que mais produz lixo eletrônico. Os resíduos incluem celulares, computadores, eletrodomésticos e equipamentos, como medidores de energia. Embora pequenos e sem metais pesa-

dos, os medidores podem causar riscos ambientais a partir do momento que são descartados de qualquer forma em lixões ou aterros sanitários. No entanto, eles são totalmente reaproveitáveis e têm potencial lucrativo se descartados corretamente e reciclados, em um esquema denominado logística reversa. Uma parceria do Banco Mundial e da Eletrobrás, presente em seis estados, tem tentado amenizar o problema, leiloando

medidores a empresas de reciclagem, o que reduz os resíduos e também reverte o lucro a projetos sociais. Trata-se do projeto “Energia Mais”. “A cada leilão, as empresas recicladoras se comprometeram a destruir os medidores obsoletos, para acabar com qualquer chance de eles serem reaproveitados na própria rede de distribuição, agravando os problemas que eram alvo do projeto. O destino final desses ele-

mentos se tornou rastreável, para termos certeza de que não parariam em um lixão”, explica Christophe de Gouvello, gerente do projeto no Banco Mundial. Conforme um estudo da ONU, a coleta e a reciclagem de resíduos sólidos nos países em desenvolvimento geram emprego para mais de 64 milhões de pessoas, e esse potencial pode ser multiplicado com a gestão correta dos resíduos. Fonte: ONU Brasil

Declaração de Imposto de Renda já pode ser feita

Preparando os jovens para a Quaresma

Foi liberado, na tarde da quinta-feira, 23 de fevereiro, o download do programa para efetuar a declaração de Imposto de Renda deste ano, referente aos gastos de 2016. Ao contrário de anos anteriores, onde era necessário um programa para preencher a declaração e um exclusivamente para envio do formulário, agora uma única plataforma fará as duas coisas. O prazo para prestar contas com o fisco vai

Com objetivo de ajudar os jovens da Arquidiocese de São Paulo a se prepararem bem para a Quaresma e a Páscoa, o Setor Juventude realizará um retiro espiritual com palestras e momentos de meditação, celebração da missa e encenação da Via-Sacra, no sábado, 4, das 8h às 16h, no Instituto Dom Bosco (praça Coronel Fernando Prestes,

de 2 de março a 28 de abril. Estão obrigadas a apresentar a declaração as pessoas físicas que, tenham recebido, em 2016, rendimentos tributáveis que somaram mais de R$ 28.559,70 (esse valor era de R$ 28.123,91 anteriormente). A Receita Federal esperar receber 28,3 milhões de declarações do Imposto de Renda Pessoa Física, número 1,2% acima do registrado no ano passado. Fonte: Agência Brasil

233, no Bom Retiro, próximo à Estação Tiradentes do Metrô). Nos intervalos das atividades, sacerdotes estarão disponíveis para o atendimento de confissões. As inscrições podem ser feitas no local do evento, no valor de R$ 10,00, mais um alimento não perecível. Saiba mais detalhes em http://arquisp.org.br. Fonte: Portal ArquiSP


8 | Pelo Mundo |

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Destaques das Agências Internacionais

Filipe David

Correspondente do O SÃO PAULO na Europa

Roma

Esmolaria Apostólica ajuda produtores afetados por terremotos A Esmolaria Apostólica compra os produtos dos pequenos produtores afetados pelos terremotos na Itália, para que não precisem fechar suas empresas. A Esmolaria Apostólica é o órgão da Santa Sé que exerce a caridade com os pobres em nome do Sumo Pontífice.

A pedido do Papa Francisco, eles visitaram as regiões mais afetadas pelos recentes terremotos na Itália e identificaram camponeses, agricultores e pequenos produtores que correm o risco de fechar devido à queda do comércio após os terremotos. A Esmolaria comprou uma grande

quantidade de produtos desses grupos para auxiliá-los a continuar operando. Os produtos adquiridos foram distribuídos a vários refeitórios caritativos em Roma, que oferecem refeições aos moradores em situação de rua e outras pessoas em necessidade. Fonte: Rádio Vaticano

Síria O trabalho humanitário da Igreja em Aleppo AIS

O padre jesuíta Ziad que estão empregados... Hilal é sírio e trabalha Eles precisam de comida, de óleo combustível para ajudar a população [para o aquecimento], de Aleppo, cidade que foi precisam pagar escola ou terrivelmente afetada por faculdade para os filhos, mais de quatro anos de precisam de leite para as guerra. Em uma entrevista crianças. É preciso [tamconcedida à organização bém] pagar os geradores L’Oeuvre d’Orient, ele contou como está a situação de eletricidade”. em Aleppo, libertada há S obre a missão da dois meses pelo exército Igreja numa situação sírio das mãos dos grupos como essa, o Padre explicou: “Os aleppinos vêm jihadistas (muçulmanos não apenas para rezar, que promovem a “guerra Padre Ziad Hilal mostra desenhos feitos por crianças em Aleppo, na Síria mas para buscar ajuda. A santa” para estabelecer um Estado islâmico), que controlavam uma normal]. Após os combates, tivemos dez Igreja se tornou como uma associação parte importante da cidade: dias sem água, que foram uma terrível humanitária. Não é um trabalho fácil “Depois do dia 22 de dezembro [data provação para a população. É por isso para os padres e religiosos, mas nós o em que os rebeldes jihadistas deixaram a que muitos ainda não voltaram à cidade, assumimos. Por exemplo, em Aleppo, as seis igrejas católicas colaboram cidade], a situação melhorou, mas exisapesar de quererem.” tem muitos rebeldes nos vilarejos da repara administrar o que nós chamamos Segundo o Padre Ziad, a vida em gião. Há trocas de tiros e bombas entre de ‘o ponto do leite’. Todos os meses se Aleppo está muito difícil para as famílias do ponto de vista financeiro: “A vida Aleppo e a sua periferia. Apesar disso, distribui leite para 2,6 mil crianças de custa muito caro. Antes, o dólar valia 50 os civis já respiram. Eles saem às ruas, Aleppo. As igrejas distribuem também libras sírias, hoje vale 520 libras sírias: podem fazer compras, as crianças estão alimentos e itens de higiene, pagam escolas e abrigos para as famílias”. dez vezes mais! Os aleppinos não têm dimais tranquilas. No entanto, a eletricidade e a água ainda não voltaram [ao nheiro suficiente para viver, raros são os Fonte: L’Oeuvre d’Orient

Congo Bispos denunciam violência em todo o país Os bispos da República Democrática do Congo manifestaram preocupação e tristeza pela multiplicação de focos de insegurança e violência dispersos em quase todo o território do país africano. Na mensagem enviada à Agência Fides, o episcopado cita diversas áreas de crise, onde há contínuos massacres de povos tribais, ataques de grupos étnicos. A capital, Kinshasa, tem registrado atos de vandalismo e assassinatos durante manifestações. A Igreja também sofreu atos de vandalismo desde o início do ano. Foram saqueados o Seminário Maior de Malole, em Kananga; e as paróquias de SaintDominique, em Kinshasa-Limete, SaintKizito e Saint-Martin, em Lubumbashi; Bon Pasteur, em Boma; Sainte Marie de Lukalaba, em Mbujimayi, na Diocese de Luiza; Saint-Matthias, em Mubinza; Saint-Jean, em Yangala; Sainte-Thérèse, em Dibandisha; e Saint-Boniface, em Ngwema. A República Democrática do Congo vive uma crise política desde a questionada reeleição de Joseph Kabila, em 2011, depois de uma votação marcada por fraudes. No poder desde 2001, Kabila concluiria seu mandado em dezembro de 2016, sem direito à reeleição. Mas a eleição que deveria definir um sucessor não ocorreu. Seus críticos o acusam de ter orquestrado o adiamento da eleição e, assim, tentar alterar a Constituição para poder se candidatar à reeleição. Em fevereiro, na oração do Ângelus, o Papa Francisco pediu orações pelo povo congolês. “Sinto uma dor forte pelas vítimas, especialmente pelas crianças subtraídas das famílias e escolas para serem usadas como soldados. Isso é uma tragédia!” Fonte: Agência Fides (Redação: Fernando Geronazzo)

França Padres se manifestam a favor do celibato Em Lyon, após a suspensão de um sacerdote que decidiu quebrar sua promessa de viver o celibato, inúmeros sacerdotes franceses decidiram se manifestar pelas redes sociais e ex-

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plicar a beleza do celibato sacerdotal. “Muitos têm lembrado a beleza e a importância do celibato para nós, sacerdotes... Não se trata de imaturidade afetiva, mas de um dom, escolha livre

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por amor! Nós amamos, vejam bem, esse celibato. Não por ele mesmo, mas por vocês e por Jesus!”, disse o Padre Louis-Marie Guitton. “A grande tradição da Igreja latina, seu grande tesouro, é o celibato. Eu vejo todos os dias seu significado e sua fecundidade. (...) O celibato pelo Senhor proclama que Deus pode preencher um coração. Profundamente. De forma durável. Ele oferece ao mundo o testemunho de um compromisso total: nossa época precisa disso, não é mesmo?”, afirmou o Padre Pierre Amar. “É verdade: o celibato que a Igreja nos pede é exigente. Essa exigência – é importante lembrar – nós a escolhemos

livremente. Ninguém é obrigado a se tornar sacerdote. Essa bela exigência, nós a acolhemos com toda a generosidade de que somos capazes, em nossa pobreza de homens, contando com a graça de Deus para ser fiel, e também com a oração de vocês. Porque essa exigência, nós a escolhemos por vocês. Para que nenhuma outra pessoa tenha prioridade sobre o nosso coração. Para que, sendo inteiramente de Deus, nós sejamos inteiramente de todos. Esse celibato está a serviço de um dom maior, ele não é uma frustração, mas uma alegria, mesmo se algumas vezes tudo isso exige luta”, disse o Padre Pierre-Hervé Grosjean. Fonte: Famille Chrétienne


www.arquisp.org.br | 2 a 7 de março de 2017

Papa Francisco envia mensagem sobre a Campanha da Fraternidade Daniel Gomes

L’Osservatore Romano

danielgomes.jornalista@gmail.com

Em mensagem para a Campanha da Fraternidade de 2017, iniciada pela Igreja no Brasil, na quarta-feira, dia 1º, o Papa Francisco comenta que o Criador “foi pródigo com o Brasil” e concedeu ao país “uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza”. Francisco também chama a atenção para “os sinais de agressão à criação e degradação da natureza” que estão presentes no Brasil. Abaixo segue a íntegra da mensagem. Queridos irmãos e irmãs do Brasil! Desejo me unir a vocês na Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2017, tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, lhes animando a ampliar a consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade local, como aliás enfatizei em diversos pontos na Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado de nossa casa comum. O criador foi pródigo com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da degradação da natureza também estão presentes. Entre vocês, a Igreja tem sido uma voz profética no respeito e no cuidado com o meio ambiente e com os pobres. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para a sua superação. Entre tantas inciativas e ações, me apraz recordar que, já em 1979, a Campanha da Fraternidade que teve por tema “Por um mundo mais humano” assumiu o lema “Preserve o que é

de todos”. Assim, já naquele ano a CNBB apresentava à sociedade brasileira sua preocupação com as questões ambientais e com o comportamento humano com relação aos dons da criação. O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem do Livro do Gêneses (cf. Gn 2, 15), é cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho. Como “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas” (LS, 43), esta Campanha convida a contemplar, admirar, agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos biomas do Brasil – um verdadeiro dom de Deus –, através da promoção de relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Esse é, precisamente, um dos

maiores desafios em todas as partes da terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais. Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa. Por isso, é necessário conhecer e aprender com esses povos e suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um modelo de sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado pelo lucro que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres. Todos os anos, a Campanha da Fraternidade acontece no tempo forte da Quaresma. Trata-se de um convite a viver com mais consciência e determinação a espiritualidade pascal. A comunhão na Páscoa de Jesus Cristo é capaz de suscitar a conversão permanente e integral, que é, ao mesmo tempo, pessoal, comunitária, social e ecológica. Reafirmo, assim, o que recordei por ocasião do Ano santo Extraordinário: a misericórdia exige “restituir dignidade àqueles que dela se viram privados” (Misericordiae Vultus, 16). Uma pessoa de fé que celebra na Páscoa a vitória da vida sobre a morte, ao tomar consciência da situação de agressão à criação de Deus em cada um dos biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente. Desejo a todos uma fecunda caminhada quaresmal e peço a Deus que a Campanha da Fraternidade 2017 atinja seus objetivos. Invocando a companhia e a proteção de Nossa Senhora Aparecida sobre todo o povo brasileiro, particularmente neste Ano mariano, concedo uma especial Bênção Apostólica e peço que não deixem de rezar por mim. Vaticano, 15 de fevereiro de 2017.

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Quaresma: Tempo de dizer não à indiferença O Papa Francisco presidiu na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º, missa na Basílica de Santa Sabina, em Roma, com o rito da imposição das cinzas. “A Quaresma é um caminho que nos conduz para a vitória da misericórdia sobre tudo o que procura nos esmagar ou nos reduzir a qualquer coisa que não corresponda à dignidade de filhos de Deus. A Quaresma é a estrada da escravidão para a liberdade, do sofrimento para a alegria, da morte para a vida. O gesto das cinzas, com que nos colocamos a caminho, nos lembra a nossa condição original: fomos tirados da terra, somos feitos de pó”, afirmou o Sumo Pontífice. Também segundo o Papa, “a Quaresma é o tempo para dizer não. Não à asfixia do espírito pela poluição causada pela indiferença, pela negligência de pensar que a vida do outro não me diz respeito; por toda a tentativa de banalizar a vida, especialmente daqueles que carregam na sua própria carne o peso de tanta superficialidade. A Quaresma significa não à poluição intoxicante das palavras vazias e sem sentido, da crítica grosseira e superficial, das análises simplistas que não conseguem abraçar a complexidade dos problemas humanos, especialmente os problemas de quem mais sofre. A Quaresma é o tempo de dizer não; não à asfixia duma oração que nos tranquilize a consciência, duma esmola que nos deixa satisfeitos, dum jejum que nos faça sentir bem. A Quaresma é o tempo de dizer não à asfixia que nasce de intimismos que excluem, que querem chegar a Deus se esquivando das chagas de Cristo presentes nas chagas dos seus irmãos: espiritualidades que reduzem a fé a culturas de gueto e exclusão”.


10 | Política |

2 a 7 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

Dados do governo federal indicam que sem reformas não será possível manter a Previdência

Insustentável

Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

O déficit na Previdência Social pode chegar ao valor recorde R$ 181,2 bilhões neste ano, conforme as projeções do governo federal, superando o saldo negativo de R$ 149,7 bilhões de 2016. Segundo o governo, se não houver mudanças na Previdência, a cada ano o saldo negativo entre aquilo que se arrecada com os trabalhadores ativos e o montante pago aos beneficiários do INSS não parará de crescer. Em tramitação no Congresso Nacional, a PEC 287/16 propõe reformas na Previdência (veja detalhes abaixo) para, conforme projeta o governo, estabilizar os gastos previdenciários em 8% do PIB. “Reformar e aperfeiçoar o modelo previdenciário do Brasil tem dois objetivos fundamentais. Um é garantir que os aposentados e pensionistas de hoje continuem recebendo seus benefícios. O outro, tão fundamental quanto, é assegurar que as próximas gerações de brasileiros também tenham acesso à Previdência Social”, consta na justi-

ficativa do governo no site da Reforma da Previdência (http://reformadaprevidencia.gov.br).

Vivendo mais

Hoje, 52,1 milhões de pessoas contribuem com a Previdência, custeando 22,8 milhões de aposentados. E se agora as contas, segundo o governo federal, não fecham, em 2050 será ainda pior: com o aumento gradual da expectativa de vida, o Brasil deverá ter 61,7 milhões de aposentados para 43,9 milhões de contribuintes, se mantido o sistema atual. Na avaliação do economista Paulo Tfaner, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor da Universidade Cândido Mendes, o envelhecimento da população brasileira é um dos fatores que justifica a reforma da Previdência. “Se a gente não fizer nada, a nossa despesa previdenciária, que hoje está em torno de 7,7% do PIB, vai para 18,7% até 2060. A fase mais crítica do crescimento do número de idosos já começou e vai até o início dos anos 2030. Não temos tempo a perder. Ou a gente faz a reforma ou teremos um país em que todo o recurso tributário vai ser para pagar benefício e não para ter retorno à sociedade na forma de investimentos públicos e prestação de serviço”, disse Tfaner ao O SÃO PAULO.

Ainda segundo o economista, em média 30% do que se paga às pessoas em benefícios previdenciários não tem cobertura de arrecadação, sendo que no futuro esse percentual chegará a 70%. Para ele, caso a reforma não aconteça, restarão três caminhos para o ajuste das contas: “Ou se desloca cada vez mais impostos que poderiam ir para a educação, saúde, segurança; ou emite-se dívida, e com isso condena-se os que no futuro terão que pagá-la; ou ainda se emite papel-moeda, gerando a inflação, que sempre pune os mais pobres”.

Aposentadoria precoce

Outro argumento do governo federal para a reforma é que dos 22,8 milhões de aposentados no país, 6,2 milhões (27% do total) seguem trabalhando, conforme dados do IBGE. Além disso, 20% dos aposentados ainda não chegaram à terceira idade, segundo um estudo do Ipea. Por outro lado, dados do INSS indicam que enquanto a idade média de aposentadorias no Brasil é de 59,4 anos, quem se aposenta pelo tempo de contribuição (atualmente em 35 anos para homens e 30 para mulheres) acessa o benefício, em média, com 54,7 anos. No entender de Tfaner, os brasileiros se aposentam com uma idade muito precoce. “Uma pessoa comum contribuirá por 35 anos e vai receber

benefícios, em média, por 24 anos. Em 35 anos, ele contribuiu com 32% [na soma do recolhido pelo patrão e pelo empregado] do valor de seu salário e, nos 24 anos restantes, receberá 100% de benefício. Com isso, em média, a pessoa vai receber 174 benefícios que não têm cobertura de contribuição. No caso das mulheres, que contribuem por 30 anos, essa contribuição é equivalente a 116 salários, o que é igual a dez anos de benefícios que receberá, só que ela vive 30 anos a mais em relação à idade média com que se aposenta, ou seja, por 20 anos ela receberá benefícios sem cobertura de contribuição”, detalhou. A necessidade de reforma na Previdência não é um consenso entre os especialistas na temática. Em reportagem publicada na edição do O SÃO PAULO de 22 de fevereiro, André Luiz Bittencourt, vice-presidente-executivo da Sociedade Brasileira de Previdência Social, afirmou que o argumento de que há um rombo na Previdência é errôneo, pois o governo apenas considera para tais cálculos a diferença entre o que paga aos beneficiários do INSS e o que arrecada de empregadores e empregados, e não todos os recursos que obtém para a Seguridade Social, tais como PIS, Cofins, contribuição sobre lucro líquido e verbas advindas de jogos de azar. (Com informações da Agência Senado, Agência Brasil, Reforma da Previdência e G1)

11 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA (PEC 287/16)

2 – Alcançadas essas condições mínimas, o trabalhador da iniciativa privada receberá 76% do valor médio de todas as contribuições. A cada ano que ele retardar de sua aposentadoria se acrescerá 1% nessa média. Na prática, ele poderá receber 100% apenas se contribuir com a Previdência por 49 anos; 3 – Servidor público – homem com menos de 50 anos e mulher com menos de 45 anos – não terá mais ao se aposentar a integralidade (remuneração igual a de quando ocupava cargo efetivo) e paridade (mesmo reajuste dos trabalhadores da ativa). A integralidade e a paridade serão mantidas para o servidor que

tenha assumido o cargo até 31 de dezembro de 2003, desde que esteja na regra de transição; 4 – Será proibido receber mais de um benefício. No caso do direito à pensão e aposentadoria, deve-se optar por um; 5 – A mudança na lei não incidirá sobre quem já está aposentado; 6– Na data da promulgação da lei, quem já estiver apto a se aposentar com as regras atuais não entrará na nova lei, pois já tem o direito adquirido. Atualmente, uma pessoa pode se aposentar pelo tempo de contribuição – 35 anos para homens e 30 para mulheres – ou por idade – 65 anos para homens e 60 para mulheres (no meio rural, 60 anos para homens e 55 para mulheres),

desde que tenha contribuído ao menos por 15 anos com a Previdência; 7 – Regra da Transição: Homens a partir dos 50 anos de idade e mulheres a partir de 45 anos terão normas diferentes. Para o tempo que faltar para que se aposentem haverá um acréscimo de 50%. Por exemplo: um homem com 34 anos de contribuição hoje teria que trabalhar mais 12 meses para se aposentar. Na transição, ele trabalharia mais 18 meses, não 12, ou seja, o tempo que falta contribuir mais a metade; 8 – Trabalhador rural: Estará na regra geral, mas contribuirá com alíquotas menores que os demais trabalhadores (a serem definidas);

ral, mas passarão a essa condição após reformas transitórias a serem definidas por eles próprios nos estados, municípios, Distrito Federal e no Congresso Nacional; 10 – Militares – Têm legislação própria e por isso farão uma reforma previdenciária à parte, que deve ser enviada ainda este ano ao Congresso; 11 – Policiais e bombeiros militares – Têm a aposentadoria paga pelos estados e serão alvo de uma outra proposta de reforma. Atualmente, se aposentam apenas pelo tempo de contribuição; Fonte: http://reformadaprevidencia.gov.br

9– Políticos na ativa: Aqueles com mandato no poder Legislativo ou no Executivo estarão na regra ge-

Arte a partir de foto de Rodrigo Pozzeibom/Agência Brasil

1 – A reforma cria uma regra universal de aposentadoria, igual para iniciativa privada e setor público: mínimo de 65 anos de idade, com, ao menos, 25 anos de contribuição;


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Prese rvar o meio ambiente é uma exigência ética da vida social e um dever de todos, destaca Dom Odilo Luciney Martins/O SÃO PAULO

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A ação indevida do homem em sua relação com a natureza impacta negativamente sobre o meio ambiente, destrói os biomas brasileiros, compromete a qualidade de vida e constitui uma ameaça para as gerações futuras. Preservar o meio ambiente é uma exigência ética da vida social e um dever de todos. Essa foi a mensagem que o Cardeal Odilo Pedro Scherer transmitiu durante a coletiva de imprensa realizada na Catedral da Sé, na quartafeira, dia 1o, por ocasião do início da Quaresma e da abertura da Campanha da Fraternidade de 2017 na Arquidiocese de São Paulo. Com o tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação”, a 53a Campanha da Fraternidade convida a todos, cristãos e não cristãos, a cuidar do meio ambiente, nossa casa comum. Dom Odilo chamou a atenção para o fato de que a Metrópole de São Paulo constitui um bioma à parte e merece atenções específicas, como, por exemplo, o saneamento básico. Segue um resumo dos principais conteúdos da coletiva.

Quaresma e Campanha da Fraternidade A Quaresma é para a Igreja um tempo de preparação. É um tempo que não é encerrado em si mesmo, mas aberto para a Páscoa, em que celebramos o centro do mistério cristão: paixão, morte e ressurreição de Jesus. Penitência, oração e ação coerente com a vida cristã são os exercícios próprios deste tempo indicados aos católicos. Penitência vista não como repressão, mas como reorientação da vida e desejo de conversão. Entre os exercícios quaresmais que visam à conversão, no Brasil, temos a CF. Outros países fazem campanhas semelhantes, sempre voltadas para a caridade, a presença dos cristãos no meio da sociedade e a dimensão ética da vida social.

Por que a CF 2017 tem como tema os biomas brasileiros Talvez os biomas brasileiros não estejam sendo devidamente respeitados. A ação humana está levando à destruição ou desequilíbrio do meio ambiente. São ações indevidas do homem que o Papa Francisco descreve na encíclica Laudato Si’ como sendo descuido com a casa comum. Assim, os ecossistemas se tornam, muitas vezes, impróprios à vida. O des-

respeito à natureza é também um desrespeito ao próprio homem que não só vive nela, mas dela faz parte.

Relação entre meio ambiente e religião Respeitar a natureza está relacionado com a religião. Diz respeito a Deus, Senhor da vida e de toda a criação. É preciso olhar para a natureza como um bem de Deus e não como um depósito de coisas boas e interessantes para tomarmos e usufruirmos a nosso bel-prazer. A natureza é um bem que Deus criou para todos. Não apenas da presente geração, mas também daquelas futuras. Preservar o meio ambiente é, portanto, condição para que as futuras gerações não encontrem um mundo destruído, formado só de lixo. O Papa Francisco recorda, na encíclica Laudato Si’, que ao homem é dada a tarefa de cuidar da criação.

Cuidar da casa comum é dever de todos A Igreja deseja que a Campanha da Fraternidade atinja a sociedade de forma geral, já que cuidar da casa comum é

um dever de todos, independentemente da religião. Espera-se que ganhe espaço nas instituições de ensino, nos meios de comunicação, que esteja presente no debate e na vida pública. Que se estenda além das pastorais, às organizações civis, às famílias, e a todo cidadão.

Meio ambiente e vida O homem é parte do bioma e atua nele, podendo ser um agente destruidor ou agente cuidador. Com isso, recebe tanto o efeito maléfico como benéfico de sua ação sobre o ambiente em que vive. Respeitar os biomas é também respeitar a vida humana. Quando a natureza é descuidada, ocorre a perda da qualidade de vida. Um ecossistema – bioma – pode até mesmo tornar-se impróprio à vida.

Bioma das metrópoles Cada bioma tem características que lhes são próprias e exigem atenções específicas. São Paulo e as metrópoles constituem um bioma à parte, com problemas que exigem soluções próprias. É precisamente nas metrópoles que a natureza mais sofre com a ação humana.

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PROGRAMA DA QUARESMA Na Quaresma, nós nos preparamos para celebrar a Páscoa, maior e mais importante festa do nosso calendário litúrgico católico. E a Igreja nos convida a realizar os “exercícios quaresmais” do jejum, da esmola e da oração. Com o “jejum”, procuremos ser sóbrios no alimento e no uso dos bens, partilhar o pão com quem tem fome, lembrando que “não somente de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Façamos o jejum e a abstinência de carnes, como recomenda a Igreja, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Mas todas as sextas-feiras da Quaresma são dias de penitência. Com a “esmola”, procuremos ajudar o próximo em suas necessidades, praticar as obras de misericórdia e colaborar nas iniciativas de caridade e solidariedade social; vivamos honestamente, deixando de lado toda prática corrupta, injusta e desrespeitosa do próximo. Mediante a “oração”, busquemos com mais intensidade o encontro pessoal e comunitário com Deus, a sintonia com a sua vontade e a prática dos seus mandamentos. Participemos intensamente nas celebrações da Igreja e acolhamos a Palavra de Deus. A Campanha da Fraternidade, também neste ano, nos convida a ficarmos atentos à dimensão social e fraterna da nossa fé católica. Cuidemos bem da natureza ao nosso redor; ela é nossa “casa comum”, onde vivemos o amor ao próximo, ou deixamos de fazê-lo. A Quaresma nos propõe um itinerário de revisão de vida e de avaliação sobre nosso jeito de viver, enquanto cristãos e católicos. E os exercícios quaresmais, se forem realizados bem, podem ajudar-nos a renovar a vida cristã, com a ajuda da graça de Deus. E a penitência, onde fica? A Quaresma também é tempo de penitência, de arrependimento, conversão e confissão dos pecados. A penitência, mais do que a simples mortificação, é a constante disciplina para orientar a vida pelos caminhos de Deus e do Evangelho de Cristo. Convido, pois, todos a valorizarmos a Quaresma. Outras religiões valorizam seus “tempos fortes”, como o Ramadã (muçulmanos), ou o Yom Kipur (judeus). O “tempo forte” de penitência e renovação da vida, para os católicos, é a Quaresma. Façamos bem o nosso caminho quaresmal, orientados pela Palavra de Deus e da Igreja, para celebrar a Páscoa, purificados pela Paixão de Cristo e renovados em sua Ressurreição. Publicado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, no folheto Povo de Deus em São Paulo.


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Quaresma: convite a unir-se a Cristo no Confira alguns exemplos práticos para a vivência quaresmal no dia a dia: 1 - Jejum corporal ou externo Inclui a abstinência de alguns alimentos, bebidas e outras diversões como a música, as festas, os jogos de azar etc., especialmente nas sextas-feiras e na Semana Santa. - Comer menos daquilo que você mais gosta e mais daquilo que não gosta; - Não comer nada entre as refeições; - Não utilizar determinados condimentos na comida; - Não utilizar açúcar ou adoçante nas bebidas; -Evitar ouvir música todos os dias; -Optar por leituras espirituais, como meditações da Paixão de Cristo, no lugar de entretenimentos como televisão e vídeos; - Intensificar as práticas cotidianas de oração, como o rosário e a via-sacra. 2 - Jejum espiritual ou interior São João Crisóstomo ensina que o valor do jejum consiste nem tanto na abstinência de comida, mas sim na abstinência daquilo que conduz ao pecado. Como por exemplo: - Não conversar mais do que o necessário; em vez disso, repita mentalmente algumas pequenas orações ou versículos bíblicos ao longo do dia; - Exercitar a paciência em todas as coisas; - Evitar se queixar ou murmurar; - Controlar a ira; em vez disso, sugere-se ir ao encontro da pessoa que provocou a irritação; - Evitar intrigas; - Quando for pedido algo extra, fazê-lo com alegria e boa disposição; - Evitar utilizar o telefone, smartphones, especialmente as redes sociais; - Sempre falar a verdade em todas as circunstâncias de sua vida; - Evitar a vaidade e o egoísmo. - Exercitar a humildade; - Ser generoso; ajudar alguém que necessite; - Observar todas as formas possíveis de ser solidário durante o dia; - Fazer o trabalho que precisa ser feito sem que alguém lhe peça isso; - Evitar a ociosidade; - Ser sensível às necessidades do próximo; - Ser voluntário em um trabalho solidário; - Visitar alguém que está doente. (Com informações de ACI Prensa)

Igreja propõe itinerário de recolhimento e conversão por meio da oração, penitência e da prática da caridade Fernando Geronazzo

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Na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º, os católicos de todo o mundo iniciaram a Quaresma, tempo litúrgico da Igreja de preparação para a Páscoa, celebração máxima da fé cristã. Desde o século IV, esse período de 40 dias é proposto como um tempo de penitência, renovação e conversão para toda a Igreja. O nome desse tempo litúrgico deriva da palavra latina quadragésima. A exemplo de Jesus, que se retirou no deserto por quarenta dias para orar e jejuar antes de iniciar sua vida pública, os cristãos são convidados a um “retiro e recolhimento” em vista das celebrações dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. “Todos os anos, pelos 40 dias da grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”, destaca o Catecismo da Igreja Católica (n. 540). O número 40 também faz referência a outros acontecimentos bíblicos, como os 40 dias do dilúvio, os 40 anos de peregrinação do povo hebreu pelo deserto, e tanto Moisés como Elias passaram 40 dias retirados na montanha.

Cinzas

A Quarta-feira de Cinzas é um dia especial de jejum e penitência, no qual os cristãos manifestam seu desejo pessoal de conversão a Deus por meio do rito penitencial de imposição das cinzas. As cinzas usadas no rito procedem da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior, seguindo um costume que remonta ao século XII. Na fórmula da bênção das cinzas, o sacerdote recorda aos fiéis sua condição de pecadores. Durante a imposição das cinzas na cabeça do fiel, o celebrante profere uma das duas fórmulas litúrgicas retiradas da Sagrada Escritura: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás”(cf. Gn 3,19) ou “Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15). “Ambas as fórmulas constituem um chamado à verdade da existência humana: somos criaturas limitadas, pecadores sempre necessitados de penitência e conversão”, afirma o Papa Francisco, na homilia da Quarta-feira de Cinzas de 2015.

Penitência

A palavra penitência é a tradução latina da palavra grega metanoia, que significa “conversão, mudança espiritual do pecador”. De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, tanto a Sagrada Escritura quanto os primeiros Padres da Igreja destacam sobretudo três formas de penitência: o jejum, a oração e a esmola, que “exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros”. Para os Padres da Igreja, os “esfor-

ços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade” são meios de obter o perdão dos pecados. São Pedro Crisólogo, no século IV, dizia que “o que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe”.

Abstinência de carne

Tanto na Quarta-feira de Cinzas, quanto na Sexta-feira da Paixão, a Igreja prescreve o jejum e a abstinência de carne, como um sacrifício em memória da Paixão de Cristo, que entregou a sua carne para a salvação da humanidade. O Código de Direito Canônico, na verdade, determina que se pratique a abstinência de carne todas as sextas-feiras do ano e durante o tempo da Quaresma, ficando a critério de cada conferência episcopal definir a sua observância. No caso do Brasil, a CNBB substitui a abstinência das demais sextas-feiras por “outras formas de penitência, principalmente obras de caridade e exercícios de piedade”. A abstinência de carne é prescrita a todos os maiores de 14 anos, enquanto o jejum, aos maiores de 18 anos até os 59 anos. As pessoas doentes, ou que estão muito debilitadas, não estão obrigadas a cumprirem esse preceito.

Conversão e autodomínio

Escritor de livros de espiritualidade e pregador de retiros, o Padre Francisco Faus destaca que as obras de penitências não se limitam apenas às datas e tempos determinados pela Igreja. “Todos os dias deveriam estar enriquecidos por algumas pequenas privações, oferecidas por amor e com alegria, como atos de reparação pelos pecados próprios e alheios e, também como exercícios de autodomínio que nos ajudam a ‘converter-nos’: a ser mais senhores de nós mesmos, e, com a graça de Deus, a mudar”, afirma o Sacerdote, em seu livro “A sabedoria da Cruz”. O caminho de conversão proposto pela Quaresma também incentiva o fiel a intensificar sua participação nos sacramentos da Reconciliação (Confissão) e da Eucaristia, bem como o cultivo de maior familiaridade com a Palavra de Deus. “Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina [leitura orante da Bíblia], no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação ativa na Eucaristia, sobretudo na santa missa dominical. Com essa disposição interior, entremos no clima penitencial da Quaresma”, aconselha o Papa Bento XVI, em sua mensagem para a Quaresma de 2009. Nesse sentido, o itinerário das leituras bíblicas, proposto pela liturgia da Igreja, auxilia no caminho de recolhimento e conversão, preparando o fiel para a celebração do Mistério Pascal. Na mesma mensagem, o Papa emérito motiva os católicos a valorizarem a vivência quaresmal em cada família e em cada comunidade cristã “para afastar tudo o que distrai o espírito e para inten-

sificar o que alimenta a alma, abrindo-a ao amor de Deus e do próximo”.

Jejum

É chamada de jejum a privação voluntária de comida durante algum tempo por motivo religioso, como ato de culto perante Deus. Na Bíblia, o jejum pode ser sinal de penitência, expiação dos pecados, oração intensa ou vontade firme de conseguir algo. A prática do jejum era muito presente na primeira comunidade cristã. “Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do ‘velho Adão’, e de abrir no coração daquele que crê o caminho para Deus”, recordou o Papa Bento XVI, na mensagem quaresmal de 2009. O Beato Paulo VI, na Constituição apostólica Paenitemini, de 1966, reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto do chamado de cada cristão


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caminho para a Páscoa Luciney Martins/O SÃO PAULO

tinência desses meios, quando usados em excesso. O Pregador apontou também a necessidade de romper com as palavras más, e não somente com os “palavrões”, bem como com as palavras que expõem sempre a fraqueza dos irmãos e aquelas que semeiam a discórdia.

Esmola

São Leão Magno, em um de seus sermões, no século V, afirma: “A estes santos e razoáveis jejuns, nada virá juntar-se com maior proveito do que as esmolas. Sob o nome de obras de misericórdia, incluem-se muitas e louváveis ações de bondade”. As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais o cristão socorre o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. “Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência”, ensina o Catecismo. Já as obras de misericórdia corporais consistem, sobretudo, em “dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos”. “Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. E também uma prática de justiça que agrada a Deus”, continua o Catecismo (ibid). Em sua mensagem para a Quaresma de 2016, no contexto do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco ressaltou que as obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas. O Pontífice acrescenta que “é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado, que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo”, isto é, necessitado da misericórdia de Deus.

Caridade: dom de si

a “não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos”.

Sobriedade

O pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, em uma de suas tradicionais pregações quaresmais ao Papa e aos membros da Cúria Romana, recordou que o jejum não se restringe apenas a alimentos. Ele considera a sobriedade, isto é, privar-se voluntariamente de pequenas ou grandes comodidades, daquilo que é inútil e muitas vezes danoso à saúde, também como uma forma de jejum. O Frade apontou que os diversos recursos da cultura moderna, como revistas, livros, TV, internet e dispositivos digitais, “invadem” a intimidade do coração, gastando as energias do homem. Cantalamessa sugere a abs-

A prática da caridade cristã também implica renúncia e abnegação, isto é, dar a vida, dar-se aos outros. “A abnegação cristã não se limita a fazer sacrifícios [...]. São abnegados os que se entregam ao próximo com alegria, sem dar importância à sua dedicação. Este é o espírito de Cristo”, explica Padre Faus. São João Paulo II, na carta apostólica Salvifici Doloris, de 1984, apresenta a parábola do bom samaritano como um paradigma da caridade cristã, quando ele põe todo o seu coração, sem poupar nada, para socorrer o homem ferido à beira da estrada. Em outras palavras, dá a si próprio ao outro. “O homem não pode encontrar a sua própria plenitude a não ser no dom sincero de si mesmo”, diz o Santo Pontífice. A relação entre a esmola e o jejum pode ser percebida nos costumes de algumas famílias e comunidades que destinam aos mais necessitados aqueles recursos que seriam gastos com os

alimentos dos quais se abstiveram durante o período quaresmal. Tais práticas dão um sentido sobrenatural para a solidariedade e um sentido fraterno para a penitência pessoal.

Oração

O exercício da oração indica todas as formas de relacionamento pessoal com Deus. “Pela oração entramos em comunhão com Deus, diante de quem nos reconhecemos criaturas e filhos”, diz o Papa Francisco, na homilia da Quarta-feira de Cinzas de 2014. “Jesus rezou e ensinou a rezar. Sem oração, a vida cristã torna-se abstrata e corre o risco de se converter num extenuante esforço pessoal de busca da perfeição ética sem esperança nem alegria”, completa o Papa. São João Damasceno define a oração como “a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes”. O Catecismo lembra, ainda, que a humildade é o fundamento da oração. “A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus” (n. 2559). “Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas, para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, do coração (mais de mil vezes). É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã”, acrescenta o Catecismo (n. 2562).

Prática autêntica

Na Quarta-feira de Cinzas de 2015, o Papa Francisco alertou que, ao longo do tempo, as prescrições quaresmais foram “corroídas pelo formalismo exterior”, ou então se mudaram em um “sinal de superioridade social”. O Pontífice recorda que, no Evangelho proclamado no início da Quaresma, Jesus coloca em evidência uma tentação comum nas três obras penitenciais, que podem ser resumidas justamente na hipocrisia. “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles… Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas…Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens…E quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas (Mt 6,1.2.5.16)”, destaca Francisco. O Papa Francisco garante que este esforço de conversão não é somente uma obra humana, mas é “deixar-se reconciliar”. “A reconciliação entre nós e Deus é possível graças à misericórdia do Pai, que, por amor a nós, não hesitou em sacrificar o seu Filho unigênito [...]. Por favor, paremos, paremos um pouco e nos deixemos reconciliar com Deus.”

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‘Quaresma é tempo de revisão de vida’, afirma Dom Odilo Fernando Geronazzo

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O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, presidiu a missa com o rito de imposição das cinzas na Quarta-feira de Cinzas, dia 1º, na Catedral da Sé. A celebração que dá início ao tempo da Quaresma também marcou o começo da Campanha da Fraternidade de 2017 na Arquidiocese de São Paulo. Neste ano, a campanha tem como tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”. Dom Odilo, na homilia, ressaltou que a Quaresma não é um tempo triste, mas de esperança, pois é a preparação para a Páscoa, centro das celebrações da Igreja. “Quaresma é tempo de revisão de vida. No caminho que fazemos, vamos nos esquecendo de onde viemos, somos tentados a desanimar, caímos, pecamos. Este tempo nos chama a olharmos para aquelas coisas que são fundamentais, rever nossa relação com Deus, com o próximo e com o mundo”, disse o Cardeal. Ao mencionar a segunda leitura da missa, na qual São Paulo exorta os cristãos a se reconciliarem com Deus, Dom Odilo salientou a importância do sacramento da Reconciliação como caminho de reconciliação com Deus. O Arcebispo também exortou sobre os exercícios quaresmais do jejum, da esmola e da oração. Dom Odilo explicou o jejum como uma forma de a pessoa experimentar o próprio limite humano. “Não somos senhores, somos criaturas, somos frágeis.” Mas o Cardeal também ressaltou que “jejum não é dieta, sempre deve reverter num gesto solidário para com os irmãos”. Ao falar sobre a oração, Dom Odilo chamou a atenção especialmente para a participação da missa e convidou que os fiéis se esforcem para, além das missas dominicais, participarem da Eucaristia diariamente durante a Quaresma. A respeito da esmola, o Cardeal recordou que esta resume o conjunto de exercícios de caridade. Ele citou, como exemplo, o Projeto Vida Nova, gesto concreto de obra da misericórdia da Arquidiocese, que, quando inaugurado, atenderá a população em situação de rua no centro da cidade. Dom Odilo pediu que todos colaborem com esse projeto. O Cardeal também destacou a Campanha da Fraternidade como um dos exercícios quaresmais. “Se nós descuidamos da natureza ao nosso redor, estamos descuidando da casa comum, também descuidamos das pessoas, pois somos parte desse ambiente”, disse. No final da celebração, Dom Odilo entregou um exemplar do manual da Campanha da Fraternidade para representantes das regiões episcopais. O gesto simbolizou o convite do Arcebispo para que o tema da campanha seja refletido nas paróquias e comunidades da Arquidiocese.


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50 anos da Renovação Carismática Católica

‘Alegrai-vos’, durante o carnaval, chega à sua 24ª edição em São Paulo e comemora o jubileu de ouro da Renovação Carismática Católica

‘Ser alegria para todo o povo’ Durante o Carnaval, Renovação Carismática Católica promoveu o 24º “Alegrai-vos”, momento de oração e celebração pelos seus 50 anos Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

“Meu espírito exulta de alegria”, disse Maria no Canto do Magnificat, narrado por Lucas no primeiro capítulo do Evangelho. A frase bíblica foi escolhida para ser o tema do 24° “Alegrai-vos”, evento promovido pela Renovação Carismática Católica (RCC), que acontece anualmente durante o carnaval. Entre os dias 26 e 28 de fevereiro, aproximadamente 1.500 pessoas estiveram na sede do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, localizado no centro da capital paulista, para refletir sobre o tema, rezar e celebrar os 50 anos da RCC. Maria Helena Soriano, presidente do conselho da RCC na Arquidiocese de São Paulo e uma das coordenadoras do

evento, disse ao O SÃO PAULO que este ano, além do “Alegrai-vos”, aconteceu paralelamente o “Alegrai-vos kids”, com uma programação especialmente pensada para as crianças. Maria Helena ressaltou também a presença do coral que nasceu durante o evento do ano passado e se mantém firme no serviço do canto em eventos da Renovação Carismática. Na programação do “Alegrai-vos”, palestras e partilhas ajudaram a recordar os 50 anos da RCC, que promoverá outros momentos de celebração durante o jubileu. Monica Sanches, do setor de comunicação, lembrou que haverá um evento a nível nacional no Santuário de Aparecida (SP) e em Cachoeira Paulista (SP), onde está a sede da comunidade Canção Nova, que pertence à RCC, e outro internacional, no Vaticano, em Roma.

‘Voltar ao tema da perseverança’

A celebração de encerramento aconteceu na terça-feira, 28 de fevereiro, e foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo. Na homilia, Dom Odilo disse aos fiéis que no seguimento de Jesus há ale-

grias, mas também dificuldades, e que, por isso, é necessário praticar a virtude cristã da perseverança e assim “ser alegria para todo o povo”. “É sempre importante voltar ao tema da perseverança na fé. E para isso é necessário alimentar-se da Palavra de Deus todos os dias, principalmente aos domingos, quando a Palavra de Deus é explicada pela Igreja, durante a missa”, enfatizou o Arcebispo. Ele recordou também que os católicos devem estar enraizados numa comunidade, pois “é a Igreja que nos ajuda a não perder o caminho”. O Cardeal disse, ainda, que, para distinguir entre o bem e o mal, os católicos devem frequentemente recordar os Dez Mandamentos da Lei de Deus. “O que é contrário aos mandamentos não agrada a Deus. Diante de uma dúvida, pergunte o que Jesus faria.” No fim da celebração, Dom Odilo falou sobre a Carta Pastoral “Viva a mãe de Deus e nossa!”, que ele escreveu por ocasião do Ano Mariano Nacional. A carta foi distribuída e o Cardeal orientou que todos realizem a leitura e a difundam.

A Renovação Carismática se percebe como um acontecimento estreitamente vinculado ao Concílio Ecumênico Vaticano II. O movimento apareceu na Igreja Católica no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática a renovação da Igreja, desejada, ordenada e inaugurada pelo Concílio. Apenas um ano após o Concílio, em 1966, começou a despontar o fenômeno religioso chamado Renovação Carismática Católica ou o “Pentecostalismo Católico”, como foi inicialmente conhecido. No entanto, a origem do movimento está relacionada a um retiro espiritual realizado entre os dias 17 e 19 de fevereiro de 1967, na Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, na Pensylvania, nos Estados Unidos da América. Em 1968, foi realizado nos Estados Unidos o primeiro congresso nacional, com cem participantes; em 1969, eram 300; em 1970, 1.300; em junho de 1971, 5 mil; e em 1972, o número de participantes alcançou 12 mil. Na América Latina, a RCC chegou entre 1970 e 1974. No ano de 1970, na cidade de Campinas (SP), os padres Haroldo Joseph Rahm e Eduardo Dougherty deram início ao movimento, que rapidamente se espalhou por outros estados. Em setembro de 1993, por meio do Pontifício Conselho para os Leigos, foi expedido o decreto de reconhecimento pela Santa Sé do Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica (ICCRS). (Com informações do site rcccampanha. com.br e rccbrasil.org.br)

Cardeal orienta novos padres a missas diárias e à atenção aos fiéis Padre Pedro Almeida

REDAÇÃO

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Cardeal Odilo Pedro Scherer junto aos padres recém-ordenados na Arquidiocese de São Paulo

Ordenados sacerdotes há pouco mais de dois meses, os padres Ailton Bernardo de Amorim, Bruno Muta Vivas, Gilson Frank dos Reis, Orisvaldo Carvalho, Paulo Gomes da Silva, Rafael Vicente e Túlio de Paiva participaram, em 22 de fevereiro, do encontro anual que o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, realiza tradicionalmente com os padres recémordenados na Arquidiocese de São Paulo. Na atividade realizada no Seminário Imaculada Conceição, o Arcebispo recomendou aos padres que celebrem a Eucaristia diariamente, sem esgotar o ministério sacerdotal, e comentou que a Eucaristia é o ápice da vida cristã.

O Cardeal também incentivou que os sacerdotes tenham um horário fixo de atendimento para que os fiéis saibam em quais momentos poderão com certeza encontrar o padre. Os sete sacerdotes partilharam a alegria de presidirem missas e atenderem confissões. Dom Odilo também lembrou o quanto é importante que os padres cultivem a fraternidade sacerdotal, tendo momentos em que possam se encontrar para partilhar a alegria e os desafios do ministério. Segundo o Cardeal, não é bom que o padre esteja isolado. Também no mesmo dia, o Arcebispo de São Paulo realizou sua primeira conversa anual com os seminaristas da Arquidiocese. (Colaborou Padre Pedro Almeida)


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Libertadores 2017 é a edição mais brasileira da história Conmebol Bridgestone Libertadores

Vitor Alves Loscalzo Especial para O SÃO PAULO

Avança à fase de grupos o campeonato mais disputado e mais latino das Américas. A Copa Libertadores 2017 é a edição mais brasileira dentre as 58 já realizadas, reunindo oito times do Brasil: Palmeiras, Santos, Flamengo, Atlético Mineiro, Grêmio, Chapecoense, Botafogo e Atlético Paranaense, os dois últimos após terem passado por duas fases da pré-Libertadores. Os jogos da fase de grupos começam na próxima terçafeira, 7, e os primeiros times brasileiros em campo serão a Chapecoense, que enfrentará o Atlético Zulia, no México, e Atlético Paranaense, que receberá o Universidad Católica, em Curitiba (PR). Os dois times paulistas na competição estreiam nos dias seguintes: na quarta-feira, 8, o Palmeiras vai à Argentina enfrentar o Atlético Tucumán; e na quinta-feira, 9, o Santos jogará contra o Sporting Cristal, no Peru.

História da Libertadores

Destaques

Olhos atentos para a equipe boliviana The Strongest, que passou com tranquilidade para a fase de grupos aplicando duas goleadas (4 a 0 e 5 a 0) sobre o Montevideo Wanderers e sobre o Unión Española, respectivamente. O The Strongest, que está no mesmo grupo que o Santos, conta com os dois artilheiros até agora da Libertadores: o volante Chumacero, com quatro gols, e o atacante Pablo Escobar, com três gols. Atual campeão brasileiro, o Palmeiras preparou seu elenco com foco para a disputa da Libertadores, almejando repetir o título conquistado em 1999. É verdade que o time não está com o mesmo futebol que apresentou em 2016, então sob o comando do técnico Cuca. O elenco sofreu alterações – a

Roger Machado, estão em grupos mais tranquilos. O time gaúcho tem pela frente o Zamora, da Venezuela, o Guaraní, do Paraguai, e a equipe chilena Deportes Iquique. Os mineiros se encontrarão com o Godoy Cruz, da Argentina, com o Libertad, do Paraguai, e com o Sport Boys, da Bolívia.

principal delas, a transferência do atacante Gabriel Jesus para o Manchester City –, mas o clube procurou contratar jogadores experientes, como Alejandro Guerra e Michel Bastos. Além disso, a equipe conta com o experiente Zé Roberto. A equipe colombiana do Atlético Nacional caiu nas graças de todos da América do Sul após demonstrações de solidariedade à Chapecoense no ano passado, permitindo, inclusive, que a equipe de Santa Catarina ficasse com o título da Copa Sul-Americana. No entanto, “amigos, amigos, negócios à parte”. Hoje, o Atlético Nacional, por Conmebol Bridgestone Libertadores

ser o atual campeão da Libertadores, é o time a ser batido.

‘Grupo da morte’

Apesar de o Flamengo ter escapado das fases preliminares da Libertadores, pois encerrou o Brasileirão 2016 em terceiro lugar, não se livrou de um dos grupos mais difíceis do torneio, o chamado “grupo da morte”. O Mengão está ao lado do Atlético Paranaense, no grupo 4, e ainda terá pela frente o San Lorenzo, da Argentina, e o Universidad Católica, atual campeão chileno. Já o Grêmio, comandado por Renato Gaúcho, e o Atlético Mineiro, por

Em homenagem aos três principais líderes da independência dos países da América do Sul, dentre eles D. Pedro I, Simón Bolivar e José de San Martín, o nome “Libertadores” alude às independências e, portanto, liberdades conquistadas pelos sul-americanos em relação aos países europeus. A Libertadores é a principal competição futebolística entre clubes da América do Sul, caracterizada por elevado nível técnico, emoção, “coração no bico da chuteira” e, claro, pela tradicional rivalidade entre Brasil e Argentina. Criada em 1960, ainda que com outro nome, a Libertadores, até o ano de 2004, fazia com que o campeão disputasse – em no máximo dois jogos – contra o campeão europeu da Liga dos Campeões, a Copa Intercontinental. Foi a partir de 2005, ano que rendeu título ao São Paulo, que o campeão da Libertadores passou a disputar a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, a qual reúne, em um breve torneio, os campeões continentais e um clube representante do país sede do Mundial. O clube argentino Independiente, que não disputa a Libertadores deste ano, é o maior vencedor da história do torneio e o único a conquistá-lo por quatro vezes consecutivas (1972, 1973, 1974 e 1975), colecionando, no total, sete troféus. Para este ano, o time a ser batido é o colombiano Atlético Nacional, atual campeão. Conmebol Bridgestone Libertadores

Com a classificação do Botafogo e do Atlético Paranaense para a fase de grupos da Libertadores de 2017, Brasil tem recorde de clubes participantes em uma única edição do torneio continental


16 | Fé e Cultura |

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Filipe David

osaopaulo@uol.com.br

‘Silêncio’ Na quinta-feira, 9, estreia nos cinemas o filme de Martin Scorsese, “Silêncio”. Inspirado no romance do escritor japonês Shusako Endo, de 1966, o filme é ambientado no século XVII, época de intensa perseguição religiosa aos cristãos no Japão. Dois jesuítas – Padre Sebastião Rodrigues e Padre Francisco Garupe – pedem que sejam enviados ao Japão, em busca do Padre Cristóvão Ferreira, outro sacerdote jesuíta que, segundo alguns relatos, teria cometido apostasia, isto é, renunciado à fé cristã, após ter sido submetido à tortura. No Japão, os dois sacerdotes encontram cristãos que vivem a fé escondidos das autoridades, porque o Cristianismo foi proibido no país. Quando descobertos, os cristãos são torturados até renunciarem à fé. Os que se recusam são mortos. Para simbolizar sua apostasia, as autoridades japonesas exigem que os acusados de serem cristãos pisem sobre uma imagem de Cristo. A fé firme dos camponeses cristãos impressiona os dois padres, que vivem durante algum tempo escondidos, celebrando a missa e ouvindo confissões durante a noite. Os dois sacerdotes decidem se separar e Padre Sebastião acaba sendo descoberto e preso pelas autoridades. Durante seu tempo preso, ele vê muitos cristãos apostatarem e muitos outros serem torturados e mortos. Ele, finalmente, encontra o Padre Cristóvão, que está colaborando com as autoridades japonesas e que tenta convencê-lo a seguir seu exemplo e renunciar à fé. À noite, em sua cela, Padre Sebastião ouve cinco cristãos sendo torturados. Padre Cristóvão lhe diz que os cinco já apostataram e que as autoridades vão continuar a torturá-los até a morte, a não ser que ele decida também apostatar. A imagem de Cristo é, então, colocada diante de seus pés. Nesse momento, uma voz – que supostamente seria a voz do próprio Cristo – lhe diz: “Avance agora. Está tudo bem. Pise em mim. Eu entendo sua dor. Eu nasci neste mundo para compartilhar a dor dos homens. Eu carreguei esta cruz pela sua dor. Sua vida está comigo agora. Pise”. E, assim, Padre Sebastião pisa sobre a imagem de Cristo, renunciando à fé. Ele também passa a colaborar com as autoridades japonesas, casa-se e vive o resto de sua vida como apóstata no Japão.

Cinema Análise

A apostasia como ato de caridade? Boa parte do que mostra o filme é parte da história do Japão: os cristãos foram realmente perseguidos implacavelmente. Alguns morreram como mártires, outros apostataram. Ao contar a história do ponto de vista do apóstata, Martin Scorsese acaba – de próposito deliberado ou não, pouco importa – apresentando uma justificativa da apostasia. Afinal de contas, será que Deus quer realmente que um cristão morra pela fé? Não seria mais misericordioso aceitar que os cristãos perseguidos possam renunciar à fé, pelo menos exteriormente, para poderem salvar suas vidas? “Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder sua vida por amor de mim e do Evangelho, este a salvará” (Mc 8,35). Na história da Igreja, os mártires são santos, são pessoas que amaram a Deus ao ponto de dar a vida por Ele, seguindo, assim, o exemplo do próprio Cristo: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13). Os mártires não dão suas vidas apenas por amor a Deus, mas também por amor ao próximo. A palavra martírio significa, em sua etimologia grega, “testemunho”. Ao morrer pela fé, o mártir dá um testemunho de que ele realmente acredita no que diz acreditar, a ponto de estar disposto até mesmo a morrer por isso. Quantas pessoas não se convertem ao ver um mártir? Quantos perseguidores não se tornaram

mais tarde cristãos graças ao testemunho dos mártires? É bem verdade que o homem é fraco e que seria temerário afirmar com certeza que, sob tortura, nós resistiríamos até a morte sem nunca renunciar à fé. No entanto, uma coisa é reconhecer sua fraqueza, outra bem diferente é justificar a apostasia, desprezando o testemunho de milhares de santos mártires que deram a vida por amor a Deus e a nós. Se, por um lado, a vida humana é preciosa e deve ser protegida, por outro lado, a vida eterna é mais valiosa que a vida neste mundo, porque esta é passageira e porque a morte é, de qualquer maneira, inevitável. Para o homem de fé profunda, vale muito mais a pena sofrer e morrer por amor a Deus nesta vida e passar a eternidade na glória do que viver alguns anos a mais, com maior ou menor conforto, e perder o único bem que realmente importa: a salvação de sua própria alma. Se o Padre Sebastião não tivesse renunciado à fé, os cristãos sob tortura seriam mortos? É possível. Mas, ao renunciar à fé, ele oferece um contratestemunho que pode ser muito pior que a morte. Assim como o martírio confirma a fé dos irmãos, contribuindo para que sejam salvos, a apostasia semeia a dúvida e é um pecado de escândalo, que pode levar muitas pessoas a perderem a fé e a salvação eterna. Será que a voz que o Padre Sebastião ouviu era realmente a de Cristo?


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Lapa Na Paróquia Santo Alberto Magno, festa para o paroquiano mais antigo Benigno Naveira

Colaborador de comunicação da Região

A comunidade de fiéis da Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã, festejou em 19 de fevereiro o aniversário do paroquiano mais antigo, o senhor Paulo Piccolo, que completou 80 anos de idade. Casado há 56 anos com Mari Acorsi Piccolo, ele é pai de Paulo Roberto Piccolo e Sandra Piccolo, e avô de Barbara e Lucas Piccolo. Nascido em Jundiaí (SP), Paulo trabalhou na cidade do Rio de Janeiro e, em 1980, foi transferido para a cidade de São Paulo, vindo morar no Jardim Bonfiglioli, onde reside há 37 anos. Encontrou uma capelinha que pertencia à Paróquia Santa Maria Goretti. Participou da primeira missa celebrada na comunidade e também se tornou catequista. Em 1982, a Capela tornou-se a Paróquia Santo Alberto Magno. À reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Paulo lembrou que nestes 37 anos sempre se manteve envolvido nos trabalhos comunitários, tanto na

Benigno Naveira

Paulo Roberto Piccolo, paroquiano mais antigo da Santo Alberto Magno, festeja 80 anos de vida junto a familiares e amigos, em 19 de fevereiro

pastoral quanto na comissão de obras para manutenção e preservação da Paróquia. Antes que Paulo cortasse o bolo, o

Padre Antonio Francisco Ribeiro, pároco, agradeceu ao aniversariante o excelente trabalho e dedicação à comuni-

dade, sendo um exemplo do verdadeiro cristão, que está sempre pronto a ajudar o próximo.

Capela no Butantã é assaltada durante o carnaval No bairro do Butantã, na zona Oeste da cidade, têm sido registrados muitos casos de furtos e roubos. Um dos mais recentes aconteceu na segunda-feira de carnaval, em 27 de fevereiro, na Capela São João Batista, pertencente à Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã. Na ocasião, enquanto um paroquia-

no realizava o conserto de um armário, ladrões invadiram a Capela. A Pastoral da Comunicação Regional conversou com o paroquiano, que preferiu não se identificar devido ao medo de represálias. Ele contou que foi surpreendido por ladrões que entraram na Capela e o fizeram de refém e, em uma

ação rápida, praticaram o roubo, levando todas as ferramentas dele. Também arrombaram a porta da secretaria, levando os monitores e a cruz processional. O sacrário também foi arrombado, mas, como só havia uma âmbula de inox, eles não profanaram o Santíssimo. O ostensório e alguns instrumentos da bateria

Karen Eufrosino Santos

Colaboração especial para a Região

Padre Uilson: ‘Quero continuar servindo a Deus, disponível para aonde Ele me mandar’ Os fiéis da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Setor Pastoral Imigrantes, estiveram em festa, no sábado, 25 de fevereiro, na celebração dos dez anos de ordenação sacerdotal de seu pároco, o Padre Uilson dos Santos. Além dos paroquianos, membros de outras paróquias em que o Padre trabalhou também participaram da missa. Padre Uilson, na homilia, falou sobre a importância de confiar e dar seu sim a Deus. “Deus não nos desampara, não se esquece de nós. Sempre nos diz ‘coragem’, eu estou aqui. A vida do padre é estar à disposição de Deus e da Igreja. O Senhor nos convida a ser disponíveis e a produzir frutos”, comentou. Entre os participantes da missa, não foi difícil encontrar pessoas que têm boas recordações de trabalhos pastorais com o Sacerdote. “Padre Uilson é amoroso, carinhoso, maravilhoso. Deixou só saudade do tempo que esteve como pároco em Santa Cristina”, expressou Maria José Tavares. “Padre Uilson ficou pouco tempo em nossa Paró-

quia, mas foi um tempo marcante. Com seu carisma, amor e carinho, ele conquistou todos os paroquianos. Sempre foi grande incentivador de todas as pastorais. Ficamos tristes quando ele avisou que iria para outra paróquia, mas entendemos. Ele só deixou saudades”, comentou André Bezerra, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Também Roberto Bernardes, da Paróquia Santa Teresinha, garantiu que o Padre “está cuidando de seu rebanho. Espero que continue assim, com a graça divina, e que Deus conceda a ele muita fé, paciência e amor”. “Hoje é um dia de muita alegria, esperança, de certeza daquilo que Deus me chamou. Estou muito feliz com a oportunidade de celebrar com os padres amigos, com as comunidades por onde passei. Sou agradecido a Deus pelo dom da vida, chamado para a vocação. Quero continuar servindo a Deus, disponível para aonde Ele me mandar. Aqui estou, Senhor, para te servir”, afirmou o Padre Uilson sobre as comemorações dos dez anos de sacerdócio.

também foram levados pelos ladrões. O paroquiano diz não ter sofrido agressões físicas, mas ainda está abalado psicologicamente. “Ao final do assalto, me colocaram em uma sala, completamente sem roupa, e, para sair, tive que quebrar um cadeado de uma porta lateral”, detalhou.

Ipiranga

Claudio Seiji

Padre Uilson dos Santos comemora 10 anos de sacerdócio


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Brasilândia

Jenniffer Santos Silva, Nilson Silva e Jorge Vicente Colaboração especial para a Região

Irmã Clara: ‘Senhor, dai-me um coração grande para amar e forte para lutar’ Etelvina Amadio ou Irmã Clara, 84, como é popularmente conhecida na Região Brasilândia e em diversos outros lugares por onde passou, há 20 anos dedica sua vida à Comunidade Nossa Senhora de Fátima, no bairro Jardim Elisa Maria, na periferia da zona Noroeste. Irmã Clara completou recentemente 70 anos de vida consagrada. Ela conta que, durante toda sua caminhada, sempre foi alguém vista como diferenciada, já que desde os tempos escolares buscou lutar por causas que considerava justas. Essa personalidade a destacava até mesmo entre os professores que contavam com sua liderança. Se fosse preciso, ela ia até a diretoria defender questões de injustiças: “Eu sempre lutei por coisas boas”, afirma. Seu primeiro despertar à vida religiosa aconteceu aos 14 anos de idade, quando iniciou sua missão como catequista. Esse desejo ocorreu principalmente pela boa formação catequética que recebera quando criança e graças à sua primeira catequista que, segundo Irmã Clara, lhe apresentou o próprio Jesus. Aos 17 anos, descobriu sua vocação religiosa, mas sua mãe e seus irmãos não compreendiam seu desejo e questionavam sobre o que faltava em sua vida para que tomasse aquela decisão. Mesmo quando chegou à maioridade, seus irmãos a proibiam de entrar para o convento, dizendo que por ser mulher só poderia tomar decisões após completar 21 anos. Ela não recuou, e foi em busca do que mais desejava, mesmo com obstáculos. Irmã Clara lembrou que para entrar no convento lhe pediram um atestado médico, mas a família dela solicitou ao médico da região que não o fizesse. Então, ela pessoalmente o convenceu a entregar-lhe o documento. A escolha pela Congregação das Ir-

Jeniffer Santos Silva

AGENDA REGIONAL Posses de párocos e apresentação de vigários e diáconos: 03/03, 20h Paróquia Bom Pastor Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes e Diácono Ernandes Alves da Silva Júnior 04/03, 17h30 Paróquia Santa Terezinha Padre Gilberto dos Santos Martins 05/03 8h - Paróquia São Luís Gonzaga Padre Roberto Carlos Queiroz Moura e Padre Bruno Muta Vivas 18h - Paróquia Bom Jesus dos Passos Padre Airton Pereira Bueno 08/03, 20h Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus Padre Neil Charles Crombie, SPS 10/03, 19h30 Paróquia Santa Cruz de Itaberaba Padre Edemilson Gonzaga de Camargo e Cônego José Adriano 12/03, 18h30 Paróquia Nossa Senhora das Graças Padre Reinaldo Torres

Irmã Clara, 70 anos de vida consagrada, firme no seu propósito de estar junto aos pobres

mãs Escolares de Nossa Senhora ocorreu devido ao seu desejo de trabalhar a religião e as causas sociais. Ela nunca esqueceu sua missão consagrada, mas sempre prezou pela luta dos menos favorecidos e pobres. Diz que ainda hoje, em suas orações, sempre pede a Deus que lhe dê um coração grande para amar e forte para lutar. Como professora, Irmã Clara deu

aulas para adultos no Paraná, em uma região onde não havia sequer luz elétrica, de modo que o tempo das aulas era definido pela duração das velas levadas pelos alunos. Em São Paulo, conviveu em outros locais antes de chegar ao bairro Elisa Maria, onde ajudou na construção da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, e em projetos para a melhoria do bairro.

14/03, 19h30 Paróquia Nossa Senhora de Fátima Padre Roberto Carlos Queiroz Moura (como administrador paroquial) 15/03, 20h Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha Padre Fabrício Mendes de Moraes 26/03, horário a definir Paróquia Nossa Senhora da Conceição Padre Severino dos Ramos Lima Araújo, ISch

Antonio Eduardo Novo do Prado

Nilson Silva

Na manhã de 19 de fevereiro, Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, deu posse ao Padre João Henrique Novo do Prado, como pároco da Paróquia Espírito Santo, no Setor Pastoral São José Operário.

O Padre Jaime Izidoro Sena foi empossado como pároco da Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, em 19 de fevereiro, durante missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia.


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Peterson Prates

Colaborador de comunicação da Região

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Belém

‘Que Nossa Senhora Aparecida nos ajude a caminhar’ No sábado, 25 de fevereiro, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Setor Pastoral Tatuapé, cerca de 400 fiéis de toda a Região Episcopal Belém participaram da missa de encerramento da peregrinação regional da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, por ocasião das festividades do jubileu de 300 anos do achado da imagem no rio Paraíba do Sul. A imagem percorreu as 65 paróquias, as quase 150 comunidades de base e as novas comunidades e colégios católicos instalados na área de abrangência da Região Belém. Foram mais de nove meses de peregrinação, iniciada em 1º de maio de 2016, na 115º Romaria Arquidiocesana ao Santuário Nacional de Aparecida (SP). O Cônego José Miguel de Oliveira, vigário-geral da Região Belém, presidiu a celebração eucarística, que teve entre os concelebrantes os padres Rodrigo Thomaz, pároco, Tarcísio Mesquita, coordenador de pastoral da Arquidiocese, e Marcelo Maróstica, coordenador de pastoral da Região. “Que Nossa Senhora nos ajude a

Peterson Prates

Devotos diante da imagem da Padroeira do Brasil no encerramento da peregrinação, no sábado, 25, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição

caminhar, ela que caminhou na simplicidade da vida, aparecendo pouco no Evangelho. Ela apareceu [em particular] em duas imagens: essa que ouvimos hoje [passagem bíblica das bodas de Caná] e a outra ao pé da cruz. Levemos essa imagem para nossa casa. Nossa Senhora estava no começo e na hora que Ele morreu, acompanhando a vida de seu Filho.

É este o nosso compromisso: acompanhar Nosso Senhor Jesus Cristo”, expressou Cônego Miguel, na homilia. Padre Marcelo motivou, ao fim da missa, que todos os fiéis possam ler a Carta Pastoral “Viva a Mãe de Deus e nossa”, escrita pelo Cardeal Scherer, arcebispo metropolitano, a toda a Arquidiocese. A carta já foi divulgada na íntegra

na edição 3134 do O SÃO PAULO e também foi impressa no formato de caderno e enviada a todas as comunidades. O coordenador de pastoral da Região incentivou, ainda, que os devotos a Nossa Senhora, em toda a Arquidiocese, participem e organizem ônibus para a 116ª Romaria Arquidiocesana ao Santuário Nacional de Aparecida, em 7 de maio.

Padre Reginaldo Donatoni: há 10 anos sacerdote com o povo de Deus Peterson Prates

Padre Reginaldo Donatoni durante missa em que celebra dez anos de ordenação sacerdotal

“A melhor forma de celebrar isso [aniversário de ordenação sacerdotal] é celebrar com o povo de Deus”, expressou o Padre Reginaldo Donatoni, durante a missa em que celebrou os dez anos de sua ordenação presbiteral, no sábado, 25 de fevereiro, na Paróquia São Paulo

Apóstolo, no Belém, onde é pároco. Padre Reginaldo, natural de Murutinga do Sul (SP), faz parte do clero secular da Arquidiocese, tendo sido ordenado em 25 de fevereiro de 2007. Até o fim do ano passado, desempenhava o ofício de ecônomo da Região Episcopal Belém.

Monge Marcelo Barros lança livro e ministra aula no Centro Pastoral Mais uma vez, os cursos de Teologia para Leigos e o de Fé e Política se uniram em uma atividade, dessa vez a aula magna dos dois cursos, que aconteceu no Salão Dom Décio Pereira, no Centro Pastoral São José, em 20 de fevereiro, reunindo mais de 300 pessoas. O monge Marcelo Barros, beneditino, teólogo, biblista e escritor, foi convidado para ministrar a aula magna com o tema “Fé e Política”, com base em sua experiência de

ter desenvolvido a teologia da terra e assessorado a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Depois da aula, o Monge lançou seu mais recente livro pela editora Santuário, “Conversa com o Evangelho de Mateus”, que, em forma de conversa, convida o leitor a mergulhar no Evangelho, revelando um dos grandes horizontes da comunidade de Mateus: estabelecer um diálogo entre as comunidades cristã e judaica do final do primeiro século.

Muitos leigos da Paróquia Imaculada Conceição, no Setor Pastoral Sapopemba, onde trabalhou como pároco anos atrás, participaram da missa. “Quando nós nos tornamos capazes de nos apaixonar pelas mesmas coisas que Jesus Cristo, de amar as mesmas coisas que Jesus Cristo amou, renunciar as mesmas coisas que Ele renunciou, de denunciar as mesas coisas que Ele denunciou, de ir ao encontro de quem Ele realmente foi”, assim, “os valores de Deus serão nossos valores” e “estaremos continuando a missão de Jesus Cristo por meio do testemunho”, manifestou o Padre na homilia. Padre Reginaldo recordou que devemos sempre seguir a vontade de Deus. A vida matrimonial, religiosa, celibatária ou o ministério ordenado não pode, apenas, ser uma vontade própria, mas vontade de Deus. “Devemos dar um sim

honesto”, disse o padre. Ao fim da missa, a comunidade paroquial preparou uma homenagem ao pároco, com vídeo e mensagem. Em nome da Região Episcopal Belém, o Padre Marcelo Monge agradeceu ao aniversariante a “disposição e o carinho por toda a Região”, e disse nunca tê-lo visto “reclamar e lastimar dos sofrimentos da vida”. E ainda completou: “Não te vimos desanimar e isso é um testemunho muito grande”. Padre Gilberto Orácio, da pastoral presbiteral, agradeceu em nome dos padres da Região: “Olhando seu lema de ordenação ‘Eis-me aqui, envia-me’, a gente entende um pouco por que você é do jeito que é. Você encarnou em sua vida essa disponibilidade, essa vocação de servir bem o povo de Deus”. E encerrou: “Não tenha medo, confie e continue se entregando”. Peterson Prates

Monge Marcelo Barros em sessão de autógrafos após a aula magna na Região Episcopal Belém


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Santana Termina a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora às paróquias

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Quando Dom Sérgio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, recebeu das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, durante a 115ª Romaria da Arquidiocese de São Paulo a Aparecida, em 1º de maio de 2016, não se tinha ideia da quantidade de bênçãos que ocorreriam durante os dez meses da peregrinação na Região, que comemora os 300 anos do encontro da imagem. No sábado, 25 de fevereiro, com missa campal em frente à igreja-matriz da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Parque Edu Chaves, presidida por Dom Sérgio e concelebrada por padres da Região, encerrou-se solenemente a peregrinação da imagem que a cada mês esteve em um dos nove setores pastorais da Região Santana. “Momentos de alegria, fé e devoção nos foram proporcionados com a visita da Mãe peregrina em nossa Paróquia”, disse o Padre Roberto Lacerda, pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima, no Setor Tremembé, que a acolheu entre os dias 14 e 18 de junho. Nessas visitas ocorreram diversas atividades devocionais, como a vigília mariana, visita

Rinaldo Goes

Missa campal em frente à Paróquia Nossa Senhora Aparecida marca o encerramento da passagem da imagem peregrina da Padroeira do Brasil

a famílias, a colégios, postos de saúde e a asilos. Onde passava, a imagem peregrina era acolhida, como no Centro de Treinamento do São Paulo Futebol Clube, quando rezaram as Laudes e deram a bênção aos presentes, liderados pelos Padres Luiz César Bombonato e Humberto Robson de Carvalho. Houve procissões de fiéis pelas ruas de bairros, e até uma carreata de veículos pela Casa Verde com fogos, quando lá esteve com o Padre Everaldo Sanches Ri-

beiro, na Paróquia São João Evangelista. Na Paróquia Nossa Senhora da Livração, o pároco, Padre Edilson Paes Landim, IMJ, promoveu momentos de oração, inclusive do Terço dos Homens, culminando com a consagração das famílias a Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, as paróquias da Região Santana se mobilizaram para ajudar na construção da Capela São João Batista (Estrada da Cachoeira, 794, no Jardim São João), pertencente à Paróquia

Nossa Senhora da Piedade. Elas contribuíram para esse feito com as coletas das missas realizadas durante as peregrinações dos setores à Porta Santa da Igreja de Sant´Ana, durante o Jubileu extraordinário da Misericórdia. Para reforçar essa união pela comunidade carente, os padres e diáconos decidiram com Dom Sergio que a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida ficará definitivamente na Capela São João Batista, terminada a peregrinação desse último sábado.

Padre Jovair comemora 25 anos de sacerdócio Diácono Francisco Gonçalves

Padre Jovair precede Dom Sergio na procissão de entrada da missa de seu jubileu sacerdotal

Com missa presidida por Dom Sérgio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, na noite de 23 de fevereiro, na Paróquia São José, no Setor Pastoral Mandaqui, o Padre Jovair Milan, pároco, comemorou 25 anos de sacerdócio. Jovair nasceu em São José do Rio Preto (SP), em 22 de junho de 1961, em uma família de cinco filhos. Participou das atividades da Igreja desde criança. Tendo sido coroinha, também fez parte do grupo de jovens, no qual foi despertada sua vocação sacerdotal, principalmente pelo testemunho missionário dos padres combonianos.

Foi ordenado por Dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, na Paróquia Nossa Senhora da Livração, no Setor de Pastoral Medeiros, em 23 de fevereiro de 1992. Seu trabalho sacerdotal foi exercido nas seguintes paróquias da Região Santana: Nossa Senhora da Piedade; Nossa Senhora da Aparecida, na Vila Albertina; Nossa Senhora de Fátima, na Vila Dionísia; e, atualmente, São José, no Mandaqui. “Minha experiência como sacerdote foi muito gratificante, com muitas dificuldades, mas muitas alegrias e frutos no trabalho de evangelização. Como dizia Dom Hélder Câmara ‘Se eu nascesse dez vezes, dez vezes seria padre’”.

Padre Jorge da Silva

Diácono Francisco Gonçalves

O Conselho Pastoral Paroquial da Paróquia São Francisco Xavier, no Setor Pastoral Medeiros, promoveu formação para suas lideranças sobre a Campanha da Fraternidade de 2017, ministrada pelo Padre Anderson Marchiori, da Diocese de Jacarezinho (PR). A formação continuará durante a CF com iniciativas concretas que serão elaboradas pelos próprios moradores, visando cuidar do meio ambiente no qual estão inseridos.

A Congregação dos Humildes Servos da Rainha do Amor, situada no Jardim Peri, promoveu, em 22 de fevereiro, missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, pelos dez anos do falecimento de Madre Maria de Jesus, sua fundadora. Atualmente, a obra dedicada à formação de crianças carentes mantém, além da Casa Mãe na Região Santana, casas de missão nos estados do Amazonas, Ceará, Alagoas, Bahia e Paraná.


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Sé CF 2017 é destaque em atividade formativa do Setor Paraíso REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

As paróquias do Setor Pastoral Paraíso – Santa Rita, Santo Agostinho, Santíssimo, Santa Generosa e Santo Inácio de Loiola – organizaram, entre os dias 14 e 16 de fevereiro, no auditório da Paulinas Livraria, um momento de estudo para aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade “Biomas brasileiros e defesa da vida”. A cada dia, um assessor falou sobre aspectos da temática. No primeiro dia, Wagner Augusto da Silva, bacharel e licenciado em Geografia pela USP e professor em Geopolítica no Anglo desde 1993, abordou a temática da visão biológica do bioma, evidenciando as características de cada um deles, suas riquezas e também como estão sendo destruídos.

O segundo dia foi assessorado por Danilo Valentin Pereira, professor, pesquisador da Núcleo de Estudos, Pesquisas e projetos de Reforma Agrária (Nera) e membro da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), que aprofundou o tema “Bioma e Desenvolvimento”, abordando a questão sociológica da exploração do bioma e suas consequências para o meio ambiente. Ele lançou como reflexão a pergunta: “Qual o desenvolvimento que queremos? O agronegócio ou a produção familiar?” Segundo afirmou, “70% do alimento que chega à nossa mesa vem da economia familiar e apenas 30% do agronegócio”. Aprofundar a visão teológica do bioma, a visão humana e cristã, foi o destaque do terceiro dia, com o tema de-

Rami/Pascom da Paróquia Santo Inácio de Loiola

Formação sobre a temática da CF 2017 mobiliza fiéis, clérigos e religiosos no Setor Paraíso

senvolvido pelo Padre Enivaldo Santos do Vale, responsável pela Campanha da Fraternidade na Região Episcopal Sé. Ele partiu de uma contextualização bíblica,

no Antigo e Novo Testamento, e alertou que a “Terra também tem uma dignidade”, que precisa ser respeitada”. (Com informações do Padre Mário Pizetta)

Encontro de liturgia destaca ‘o culto litúrgico de Maria’ Comissão Regional de Liturgia

Padre Helmo César Faccioli conduz encontro de liturgia no auditório da Paulinas Livraria

Nos dias 21 e 22 de fevereiro, aconteceu o primeiro encontro de liturgia do ano, no auditório da Paulinas Li-

vraria, na Vila Mariana. Cerca de 86 pessoas participaram da atividade, assessorada pelo Padre Helmo César Fac-

cioli, coordenador regional de Liturgia. Durante este ano, a Comissão Regional de Liturgia abordará, no contexto do Ano Mariano Nacional, os temas “O culto litúrgico de Maria”, “Religiosidade Popular” e o “Culto litúrgico dos santos”. Nesse primeiro encontro, o tema abordado foi “O culto litúrgico de Maria”, tendo como base um texto do “Manual de Liturgia IV”, organizado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). Padre Helmo explicou que a liturgia

mariana tem a participação com Maria, mas sempre tendo como referência Cristo no Mistério da Páscoa, pois é o mistério inesgotável, o mistério da Salvação. Sem a referência do Mistério Pascal, o culto é vazio. O Padre também falou sobre o culto mariano ao longo da história da Igreja e fundamentos teológicos. O tema abordado terá continuação no próximo encontro regional de liturgia, em 25 e 26 de abril, no Auditório da Paulinas Livraria (rua Domingos de Morais, 660, na Vila Mariana). (Com informações da Comissão Regional de Liturgia)

Ano Mariano e 12º Plano de Pastoral são assuntos do CRP O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Sé reuniu-se pela primeira vez em 2017, no dia 22 de fevereiro, na Paróquia Santa Cecília, no Setor Pastoral Santa Cecília. O encontro foi assessorado pelo Padre José Roberto Pereira, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, que falou sobre o Ano Mariano Nacional e o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral. O Sacerdote e o Padre José Enes de Jesus, coordenador regional de pastoral, conduziram a oração inicial. Sobre o Ano Mariano Nacional, o Padre José Roberto abordou alguns pontos da carta pastoral “Viva a Mãe de Deus e nossa”, escrita pelo Cardeal Scherer por

conta do Ano Mariano Nacional. O Padre desejou que “as devoções marianas, durante este ano, sejam momentos importantes e que a participação nos movimentos marianos seja estimulada.” Ao abordar o 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, o Padre José Roberto apresentou as urgências na ação evangelizadora e pastoral, dando enfoque à primeira urgência: “Igreja em estado permanente de missão”. Segundo ele, “essa urgência foi abraçada pela Região Sé e futuramente faremos uma semana missionária”. O Sacerdote também incentivou o estudo do 12º Plano de Pastoral nos setores pastorais e nas várias dimensões pastorais da Região.

Centro Pastoral da Região Sé

Participantes do CRP recebem versão impressa do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral

Após a assessoria, os participantes se reuniram em grupos para discussão e levantamento de sugestões sobre como trabalhar a missão na Região Sé. O en-

contro terminou com canto a Nossa Senhora Aparecida e a bênção final. (Com informações do Centro de Pastoral da Região Episcopal Sé)

Grupo de Apoio do Serviço de Escuta abre inscrição para curso Nos dias 11, 18 e 25 deste mês e também em 1º de abril, o Grupo de Apoio do Serviço de Escuta de São Paulo realizará um curso de capacitação na Paróquia São Luis Gonzaga

(avenida Paulista, 2378), das 8h às 12h30. Segundo Ligia Terezinha Pezzuto, coordenadora do grupo, a implantação do Serviço de Escuta nas paró-

quias consta no 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral, como uma das indicações pastorais da quarta urgência: “Igreja – comunidade de comunidades”.

Os interessados em participar do curso devem se inscrever pelo e-mail escutasp@regiaose.org.br, até o dia 9 de março. As vagas são limitadas e o valor de cada aula é de R$ 15,00.


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2 a 7 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

Unidos de Vila Maria leva devoção mariana para a avenida Luciney Martins/O SÃO PAULO

Prejudicada pelas fortes chuvas da sextafeira, 24 de fevereiro, escola ficou em 7º lugar, mas obteve notas máximas em enredo e fantasia, quesitos diretamente supervisionados por comissão coordenada pela Arquidiocese de São Paulo Rafael Alberto

Especial para O SÃO PAULO

Para os jurados selecionados pela Liga das Escolas de Samba de São Paulo para julgar os desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2017, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Maria ficou com a 7ª posição na classificação geral. Apesar

disso, a escola foi campeã no quesito ousadia, ao ser a primeira agremiação a procurar orientação da Igreja Católica Apostólica Romana para usar corretamente elementos religiosos e de devoção popular no sambódromo. Seguindo as orientações da Igreja – coordenadas por uma comissão formada pelas arquidioceses de São Paulo e Aparecida (SP) e pelo Santuário Nacional de Aparecida –, a escola de samba da zona Norte fez um desfile digno em homenagem aos 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul, no interior de São Paulo. O resultado do carnaval 2017 saiu na última terça-feira, 28 de fevereiro. O presidente da escola, Adilson José, manifestou seu agradecimento pelo acompanhamento da Igreja. “Graças a Deus foi uma bela homenagem. Num contexto de competição, o que nós fizemos foi muito grandioso e er-

ramos no detalhe. Mas estamos muito felizes e satisfeitos, e gratos à Igreja por ter deixado a gente fazer”, disse. Em março de 2015, a Arquidiocese de São Paulo foi procurada por membros da diretoria da ‘Vila Maria’ manifestando interesse em ter Nossa Senhora Aparecida como tema principal do enredo no carnaval de 2017, incluindo tal homenagem no contexto das celebrações do tricentenário de Aparecida. Desde então, a Igreja acompanhou todos os preparativos da agremiação, que se comprometeu a seguir claramente três compromissos: não usar, no desfile, a imagem fac-símile de Nossa Senhora, para evitar que alguma coreografia pudesse passar a impressão de uma simulação de rito ou bênção; lembrando que a Igreja Católica é a que mais incentiva o diálogo inter-religioso e que esse diálogo pressupõe respeito pelas identidades de cada crença, não fazer uso de elementos sincréticos; não fazer

uso de nudez e nem erotismo durante o desfile. As três recomendações foram prontamente acolhidas pela diretoria e pelo carnavalesco da escola, Sidnei França. Os desenhos de todas as alegorias (carros), bem como das fantasias, foram previamente submetidos à comissão da Igreja, que, em geral, apenas fez orientações pequenas. Durante a apresentação do enredo, em um evento na quadra da escola, foi possível perceber a dedicação do carnavalesco em escrever o desfile com base em informações repassadas pelo próprio Santuário Nacional, que garantiam coerência com o Magistério da Igreja em relação à devoção mariana. Na escolha do samba-enredo, a letra campeã continha um erro e usava a expressão “te adorando” para Nossa Senhora. A pedido da Igreja, os sambistas reescreveram o trecho, substituindo-o pela palavra “venerando”.


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Musas aprovam fantasias comportadas Sem dúvida, a maior preocupação da Igreja estava justamente nas fantasias das musas da ‘Vila Maria’. Todas as 15 mulheres que seriam destaque no desfile tiveram que assinar um termo de responsabilidade, se comprometendo a respeitar o desenho do carnavalesco – geralmente, elas têm alguma liberdade de criar em cima do desenho. Durante o desfile, as 15 musas foram destaque na imprensa pelo recato de suas fantasias. E elas aprovaram a ideia. “Este ano, eu senti uma emoção diferente. Só tenho ouvido comentários positivos. Acredito que inovamos e quebramos paradigmas. As fantasias estavam lindíssimas e a escola mostrou que não precisa explorar o corpo da mulher para fazer um desfile bonito”, opinou Elaine Violini, que desfilou com um macacão representando o milagre da onça. “Amei.

E desfilaria toda coberta outras vezes”, disse. Alane Pereira, destaque de uma das alas da escola, acredita que o desfile da ‘Vila Maria’ mostrou para o carnaval que não é preciso explorar corpos expostos. “Me senti lisonjeada e feliz. Não sou católica, mas me emocionei muito ao ver os católicos satisfeitos com a homenagem”, explicou. “Sabe que eu me senti melhor e fui mais elogiada neste ano do que em outros em que desfilei quase pelada?”, garantiu Barbara Brunca, destaque do terceiro carro. Já Luana Balbino Silva confessou que no começo ficou com receio. “Achei que não ia combinar carnaval com Igreja Católica.” No fim do desfile, ela mudou de opinião. “Foi o carnaval mais emocionante que vivi nos meus 16 anos que sou destaque em escolas de samba. Nunca me imaginei entrando na passarela do samba usando um vestido longo e

foi surpreendente como fui elogiada na concentração. No fim, vi que toda a exposição do meu corpo nos anos anteriores não era tão necessária para fazer bonito no sambódromo”, avalia. O apoio da Igreja à presença de Nossa Senhora no carnaval da ‘Vila Maria’ gerou protestos de grupos conservadores. Durante a transmissão do desfile pela TV Globo, um telespectador afirmou que religião e carnaval eram uma “mistura esquisita”. O jornalista Chico Pinheiro, que fazia os comentários, discordou do telespectador. “Esquisito é Deus se fazer carne. É o mistério do Verbo se fazer carne, se encarnar via Maria, que é esquisitamente maravilhoso”, disse. “Não tivemos nenhuma dificuldade com a Igreja. Esperávamos uma postura e tivemos outra, de amizade e parceria mesmo. Foi uma experiência incrível”, afirmou o carnavalesco Sidnei França. (RA) Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Desfile da Unidos de Vila Maria no Sambódromo do Anhembi encanta o público pela temática da homenagem a Nossa Senhora Aparecida, com alegorias que detalham a devoção do povo brasileiro e fantasias em sincronia com o enredo, sem o apelo ao nu.

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REPERCUSSÕES NA IMPRENSA Unidos de Vila Maria junta religião a carnaval e exalta Nossa Senhora Aparecida (G1) A Vila Maria chamou representantes da Igreja Católica para ajudar a desenvolver o enredo. A Igreja ajudou com a pesquisa histórica e “pediu que se evitasse a nudez perto da imagem da santa”, segundo a escola. Isabel Fillardis desfila com imagem de Nossa Senhora sob fantasia: ‘Graças a Deus não choveu’ (G1) “Fiquei muito honrada e feliz com o convite que recebi da escola”, agradeceu Isabel. “Fiquei muito tensa, confesso. Porque estamos falando de algo iluminado, importante pra muita gente. É muita responsabilidade”, contou Fillardis. Cantor Daniel se diz honrado em homenagear Nossa Senhora no carnaval: ‘É nossa mãezinha’ (G1) Devoto de Nossa Senhora, Daniel disse que considera “uma honra cantar a nossa fé em uma festa tão popular como é o carnaval”. O enredo é muito especial para quem tem a fé e o samba guardados no fundo do peito. “Desde 1717, quando essa imagem foi achada dentro do rio Paraíba do Sul por três pescadores, até os dias atuais, 2017, quando celebraremos, na Basílica de Aparecida, uma nova era de paz”, diz o carnavalesco Sidnei França. O carnavalesco explica que a escolha por não ter nudez no desfile é em respeito à Igreja. “O que a gente está procurando é não ter sensualidade exacerbada, um culto ao corpo. Houve um entendimento de que este era um carnaval especial, diferenciado.” Jovem que nasceu com malformação desfila na Vila Maria por Nossa Senhora: ‘Série de milagres’ (G1) Atualmente, Gabriela usa uma prótese que começa na cintura. “Foi uma série de milagres que a medicina não explica, mas eu consigo explicar com minha fé”, disse. Desfile ‘comportado’ da Unidos de Vila Maria agrada à Arquidiocese (UOL) “Foi tudo muito bonito, não houve nada que desabonasse o desfile, foi uma bela homenagem, conforme o combinado”, afirmou o Padre Tarcísio Mesquita, coordenador arquidiocesano de Pastoral. Unidos de Vila Maria celebra 300 anos de Nossa Senhora Aparecida (Agora UOL) Antes de o desfile começar, uma imagem da santa, levada pela menina Giovanna Leite, 7 anos, passou pela avenida abençoando o público. “Estava muito emocionada e pensei que não ia conseguir levar a santa, mas deu tudo certo e estava tudo muito bonito”, disse.


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2 a 7 de março de 2017 | www.arquisp.org.br

Dom Julio Endi Akamine toma posse como arcebispo de Sorocaba Fotos: Pascom/Arquidiocese de Sorocaba

Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

Nomeado arcebispo de Sorocaba (SP) pelo Papa Francisco em 28 de dezembro de 2016, Dom Julio Endi Akamine, até então bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, tomou posse da Arquidiocese de Sorocaba durante missa solene presidida por ele no sábado, 25 de fevereiro, na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte. A Diocese de Sorocaba foi criada pelo Papa Pio XI no dia 4 de julho de 1924 e se tornou Arquidiocese em 1992. Antes da celebração, que teve entre os concelebrantes o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, Dom Julio foi acolhido nas escadarias da Catedral por padres e autoridades da cidade, entre os quais o prefeito de Sorocaba, José Crespo, que entregou a ele as chaves da cidade, e o pároco da Catedral, o Padre Tadeu Rocha de Moraes, além de Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, arcebispo emérito de Sorocaba. Padre Tadeu entregou ao Arcebispo eleito o crucifixo e, em seguida, o aspersório. Dom Julio aspergiu a si e ao povo e, juntamente com Dom Eduardo, se dirigiu à capela do Santíssimo Sacramento para um breve momento de oração, antes da missa. Dom Eduardo fez, então, a saudação inicial. Em seguida, todos se sentaram para a apresentação e a leitura das Letras Apostólicas, realizada pelo atual chanceler do arcebispado, o Diácono José Paulo Macedo.

Alegria, acolhida e obediência

Dom Eduardo recebeu o báculo e entregou-o a Dom Julio, e também o apresentou à cátedra. A seguir, Padre Ricardo Vaz, em nome do clero arquidiocesano, saudou o Arcebispo com as seguintes palavras: “É com imensa alegria que, representando todos os presbíteros de nossa amada Arquidiocese de Sorocaba, venho vos dar as boas-vindas. Louvamos

Dom Eduardo Benes entrega a Dom Julio Akamine o báculo de pastor da Arquidiocese de Sorocaba, em missa concelebrada por outros bispos

a Deus pelo sim que destes ao Senhor e à nossa Igreja. Nós nos sentimos felizes e presenteados pela graça divina, justamente neste ano em que a Igreja de Sorocaba comemora 25 como Arquidiocese. Eis-nos aqui reconhecendo a autoridade que vos é dada pela nossa Santa Igreja e lembrando a promessa que fizemos no dia de nossa ordenação de respeito e obediência ao episcopado local. Alegria, acolhida e obediência. Esse é o sentimento de todos nós, presbíteros de Sorocaba. Colocamo-nos ao vosso serviço, rogando a intercessão da Virgem da Ponte, para que a vontade divina se confirme sempre por meio de

vosso pastoreio. Seja muito bem-vindo. Nossa Igreja vos acolhe com amor.”

‘Fazer a vontade de Deus, é isso que um bispo deve fazer’

Durante a homilia, Dom Julio agradeceu a acolhida e lembrou que um bispo conta sempre com as orações do povo para o qual foi designado pastor. “Ao iniciar a preparação dessa homilia, eu tive um bloqueio, pois homilia para uma missa de posse é como uma final de Copa do Mundo. Então, fui perguntado por um repórter sobre qual seria o meu ‘plano de governo’ e fiquei pensativo. Cheguei,

então, à conclusão de que é preciso fazer a vontade de Deus, é isso que um bispo deve fazer, conhecer o que Deus quer, isso é o que nos dá a alegria da vida. O bispo nunca está sozinho, ele conta sempre com as orações do seu povo. O Espírito Santo sustenta a vida dos bispos e suscita os carismas específicos, um bispo deve sempre ouvir a Palavra de Deus”, disse. No fim da missa, após a bênção solene e a procissão de saída, Dom Julio se posicionou nas escadarias para tirar fotos e receber os cumprimentos do povo e de muitos de seus familiares que foram a Sorocaba celebrar com ele. (Com informações da Arquidiocese de Sorocaba)

De São Paulo, fiéis lotam dez ônibus e saem em caravana para a celebração Benigno Naveira

Especial para O SÃO PAULO

No sábado, 25 de fevereiro, uma caravana composta por dez ônibus partiu da Cúria da Região Episcopal Lapa em direção à cidade de Sorocaba (SP), levando padres e fiéis das comunidades da Região, que participaram da celebração eucarística na qual Dom Julio Endi Akamine tomou posse como arcebispo da Arquidiocese de Sorocaba (SP). A caravana foi coordenada pelo vigário episcopal da Região Lapa, Padre Jorge Pierozan, mais conhecido como Padre

Rocha, e pelo coordenador de pastoral, Padre Antonio Francisco Ribeiro. Mais de 700 pessoas estiveram na celebração, pois além dos ônibus, muitas famílias foram com seus próprios veículos. Durante a celebração, fiéis, vestindo a camiseta amarela da Região, acenavam lenços também amarelos e a bandeira da Região Lapa, num gesto de carinho pela dedicação de Dom Julio, que desde 2011 atuou como vigário episcopal da Região Lapa. Ao fim da missa, Dom Julio, visivelmente emocionado, recebeu os cumprimentos e um abraço carinhoso de todos os fiéis da Região.

Benigno Naveira

Fiéis de paróquias da Região Lapa participam da missa de posse de Dom Julio em Sorocaba (SP)


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