Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 62 | Edição 3141 | 8 a 14 de março de 2017
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Encontro com o Pastor
‘Senhor, vemos a riqueza dos biomas que criaste’
Cardeal Scherer: As tentações de Cristo e as nossas tentações Página 3
Pascom - Região Brasilândia
A Campanha da Fraternidade nas regiões episcopais
É preciso considerar a questão moral na reforma da Previdência
No domingo, 5, um ato celebrativo na Pró-Paróquia Santo Agostinho marcou a apresentação da Campanha da Fraternidade na Região Brasilândia, com a participação de Dom Devair Araújo da Fonseca. Nas regiões Ipiranga e Santana, em missas presididas, respectivamente, por Dom José Roberto Fortes Palau, na sexta-feira, 3, e por Dom Sergio de Deus Borges, no sábado, 4, os fiéis aprofundaram a temática da CF 2017 – “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”.
Página 2
Espiritualidade Dom Devair: Ser católico não é uma escolha fácil Página 5
Templo construído na década de 1950 é dedicado por Dom Odilo
Páginas 18, 20 e 22
Página 17
A maior concentração de Mata Atlântica está em São Paulo O Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, é a região do país onde existe a maior porcentagem de Mata Atlântica preservada do Brasil, mas na capital paulista há somente pequenos fragmentos desse bioma, ameaçado pelo crescimento urbano e industrial desordenado. Páginas 12 e 13
Editorial
A atenção pastoral da Igreja às trabalhadoras domésticas
Leigos, religiosos e clérigos participam da abertura da CF na Região Brasilândia, dia 5
Na Arquidiocese de São Paulo, paróquias e congregações promovem serviços de acolhida a trabalhadoras e trabalhadores domésticos, com formações e mediação de oportunidades de empregos. Maria Augusta Bruschini é voluntária de uma dessas iniciativas. Páginas 14 e 15
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Acompanhados por Dom Carlos, jovens participam de via-sacra durante retiro quaresmal
Setor Juventude propõe, em retiro, tema da vocação O Setor Juventude da Arquidiocese promoveu no sábado, 4, o retiro anual em preparação para a Quaresma e a Páscoa. O encontro reuniu jovens de paróquias, associações, movimentos, novas comunidades e outras expressões eclesiais no Instituto Dom Bosco, na região central. As meditações do retiro foram sobre o tema das vocações. Página 24
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Maria Augusta, 20 anos dedicados às domésticas
2 | Ponto de Vista |
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Editorial
A questão moral na reforma da Previdência
O
envelhecimento da população, graças ao desenvolvimento da medicina e à melhor qualidade de vida das pessoas, vem comprometendo a sustentabilidade dos sistemas previdenciários em todo o mundo – não só no Brasil. Nossa atual crise econômica e política agrava ainda mais o problema. A questão, mesmo sendo eminentemente financeira e política, carrega um forte acento moral. Deve ser enfrentada com realismo – o compromisso ético de reconhecer as coisas tal como são. O envelhecimento da população, que faz com que as pessoas tenham cada vez mais anos de vida como aposentados, gera um peso crescente sobre um sistema sustentado pelas contri-
buições dos ativos, complementadas por impostos. Mesmo sem pensar no futuro, hoje o montante destinado ao refinanciamento da dívida pública é maior do que o destinado ao Regime Geral da Previdência. O déficit do governo é um problema que já existe, afeta a Previdência, e tem que ser resolvido. Mas, com a dívida pública crescendo, com governos falidos, o Estado não pode simplesmente deixar de pagar e refinanciar as dívidas já contraídas, sob pena de não conseguir novos recursos, dos quais necessita. Não basta reconhecer um problema para solucioná-lo. Neste momento, pesa sobre nossos governantes uma grande suspeita sobre a destinação das verbas públicas. Corrupção,
ineficiência dos serviços e políticos advogando em causa própria criaram um atoleiro moral e institucional em que é difícil saber o que deve e o que pode ser feito. Aposentadorias e pensões milionárias, recebidas após períodos curtos de contribuição ou herdadas de parentes já falecidos, podem não ser a causa do déficit previdenciário, mas refletem um mundo injusto para aqueles milhões de trabalhadores e aposentados que vivem com muito pouco e deverão fazer ainda mais sacrifícios para equilibrar as contas públicas. O “desprendimento” deve começar pelos mais favorecidos, que menos sofrerão com os esforços necessários. Em 2009, quando o mundo vivia
sob o impacto da crise financeira internacional, Bento XVI, na encíclica Caritas in Veritate, demonstrou, não apenas em termos morais, mas com raciocínios econômicos, que a superação das crises é muito mais fácil quando existe solidariedade e atenção ao bem-comum. E a verdadeira solidariedade se manifesta, em primeiro lugar, na atenção para com os mais pobres e que mais sofrem. A reforma da Previdência é necessária – assim como a reforma de muitas outras coisas no Estado brasileiro -, mas a linha mestra para essa e outras reformas deve ser essa solidariedade realista, que não deixa de ver os problemas, mas sabe que eles só serão resolvidos com base na justiça social e na solidariedade.
Opinião
Doutrina Social da Igreja e teoria econômica: já na Idade Média Arte: Sergio Ricciuto Conte
Antônio Carlos Alves dos Santos Os estudos sobre o período medieval avançaram bastante no século passado, e aos poucos emerge um cenário intelectual bem diferente daquele cantado em verso e prosa desde o Renascimento, de “Idade das Trevas” e de “obscurantismo”. Essa visão equivocada, infelizmente ainda é forte no imaginário popular (até mesmo entre as chamadas pessoas informadas), e por isso sempre se causa surpresa quando se fala das contribuições, no século XIII, dos frades franciscanos aos rudimentos da teoria econômica. O ponto de partida era a questão da usura, que ganhou grande importância com a retomada da atividade comercial e com o crescimento da vida urbana, principalmente na região da Toscana, na Itália. Não se tratava de mera questão teórica, mas de demanda colocada pelo homem de negócios que procurava compatibilizar as suas atividades econômicas com a teologia moral católica: juros, câmbio, preço justo, crédito e lucro eram os tópicos mais importantes. A grande figura do período foi o frade franciscano Pedro João Olivi (12481298), que respondeu às demandas dos homens de negócios da época, a partir da centralidade do conceito de bem-comum, o bem que expressa as relações
entre as pessoas; e da ênfase no objetivo do agir do agente econômico como critério a ser usado para avaliar a moralidade do ato por ele praticado. Ancorado nesses conceitos, ele apresenta uma leitura genial do conceito de capital, separando o ente “dinheiro” (cuja função é simplesmente o seu acúmulo a partir da obtenção de renda e que, portanto, era capital usurário) do “capital-semente” (que tem em si a semente do lucro, e que seria o capital produtivo moderno). O capital-
semente é moralmente justificado por propiciar uma oferta maior de bens à comunidade, o que aumenta o seu bem-estar. O elemento central é, como já mencionado, o objetivo do agir do agente: o lucro, assim como o crédito, não é um fim em si mesmo, mas um meio, para se alcançar o bem comum. Outra contribuição importante de Olivi foi a sua explicação de como se determina valor de um bem: a complacitas é o componente subjetivo, do lado da demanda, enquanto os componentes objetivos,
lado da oferta, são a raritas, escassez, e a difficultas, o custo de produção. Em outras palavras, a velha e conhecida oferta e demanda que ganhará seu formato atual com a revolução marginalista/neoclássica de 1870. Não deixa de ser irônico, já que essa linha de pensamento econômico é fortemente criticada por ser, segundo seus críticos, a chamada economia burguesa. Essa linha de pensamento terá prosseguimento com os trabalhos do franciscano São Bernardino de Siena (13801444) e do dominicano Santo Antonino de Florença (1389-1459) e atingirá seu apogeu com a chamada Escola de Salamanca, que apresenta importantes contribuições no campo da teoria monetária e será objeto de um outro artigo. Os trabalhos desses autores sugerem que a tese, de raiz weberiana, que o catolicismo seria inimigo da economia de mercado é exagerada, sendo mais adequado argumentar que a visão católica é mais rica e variada do que se imagina, e que comporta uma visão de mercado que se aproxima do modelo moderno de economia social de mercado com alguns elementos da social-democracia, como podemos inferir do pensamento do Papa emérito Bento XVI e do Papa Francisco. Antônio Carlos Alves dos Santos, professor titular de Economia da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação Semanal • www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Cônego Antônio Aparecido Pereira, Filipe David, Nayá Fernandes e Fernando Geronazzo • Institucional: Rafael Alberto e Renata Moraes • Fotografia: Luciney Martins • Administração: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Djeny Amanda • Assinaturas: Ariane Vital • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação e Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.
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cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
L
ogo no primeiro domingo da Quaresma, a Igreja lê o evangelho das tentações de Jesus no deserto (cf. Mt 4, 1-11). Na narrativa de São Mateus, o trecho está situado logo depois do batismo de Jesus no Jordão e antes do início de sua pregação pública: “O Espírito conduziu Jesus para o deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt 4,1). O contexto da narração impressiona: pouco antes, no Batismo, Jesus é proclamado solenemente pela voz de Deus Pai: “Este é meu filho amado; nele está o meu agrado” (Mt 3,17). Jesus, que se colocou entre os pecadores para receber o batismo de penitência como todos, é o Filho querido de Deus. Após o batismo, Jesus “foi conduzido pelo Espírito de Deus para o deserto”, para enfrentar as tentações (cf. Mt 4,1). Ele é o representante da humanidade, que se submete também a ser tentado como todos os homens, para lhes ensinar o caminho da vitória sobre o tentador e a tentação! O deserto é, na Bíblia, o lugar da solidão, da escuta e do encontro com Deus. Mas também é o lugar da prova, da infidelidade a Deus, da desorientação, do castigo, da aridez da vida... Jesus quis experimentar nossos desertos e nos ensinar o caminho da superação deles. O Papa Bento XVI recordou que o deserto também pode ser o lugar do discernimento, de apreciar com alegria a pureza do céu, de ver claro as estrelas, de achar a estrela-guia e o caminho da saída desse ambiente árido e inóspito... Jesus jejua, reza e se prepara
Tentações de Cristo e nossas tentações para realizar a grandiosa missão recebida do Pai, ao vir ao nosso mundo. E o diabo não perde tempo. Tenta Jesus pelo seu lado humano, inseparável do seu lado divino de Filho de Deus: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!”. A tentação não é, em primeiro lugar, a do pão para matar a fome, mas da dúvida sobre quem Jesus entende ser: “Se és o Filho de Deus”... O tentador pretende que Jesus abandone sua identidade e sua missão, que seja infiel a Deus Pai. Jesus vence a tentação, mantendo-se fiel à palavra de Deus, não dando ouvidos à palavra do diabo: “Está escrito: não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). A segunda tentação é mais uma provocação à consciência de Jesus e para colocar Deus à prova: “Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: Deus dará ordens a seus anjos para que não firas teu pé numa pedra” (Mt 4,6). Quer o tentador que Jesus ponha Deus contra a parede e o obrigue a fazer um milagre, por ordem e capricho seu... É uma tentação tremenda, mas não rara: exigir provas de Deus, dar ordens a Deus, mostrar que se é capaz de usar e manipular Deus... Isso é grave desrespeito à santidade e à soberania de Deus e pretensão inaudita de ser superior a ele. É a tentação da magia e da ostentação de poderes maiores que os do próprio Deus. Mandar em Deus foi sempre uma tentação do homem! Jesus não entra no jogo dessa tentação e recorda ao diabo a palavra da Escritura: “Não tentarás ao Senhor teu Deus!” (cf. Dt 6,16).
A terceira tentação é a mais radical de todas: adorar o próprio diabo, com a promessa de receber dele o mundo inteiro e seus reinos (Mt 4, 8-10). Nada menos que trocar a adoração a Deus pela submissão ao diabo, pensando em receber do maligno vantagens e recompensas! Como se o mundo dependesse do diabo e não de Deus; como se todos os reinos deste mundo não fossem de Deus, e pertencessem ao diabo! Jesus não cai nessa e espanta o diabo com mais essa recomendação da Palavra de Deus: “Adorarás o Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto!” (Mt 4,10). Mas essa tentação continua a rondar as pessoas; quantos são tentados a abandonar a Deus e sua lei, o bem, a dignidade, a honestidades e a virtude, acreditando que seguir o caminho da maldade, da injustiça, da corrupção, da soberba e da vaidade traz mais vantagens para a vida... Continua a tentação de se sujeitar ao diabo, que é falso e engana. De vender a alma ao diabo! Por isso, nas promessas do Batismo, são colocadas diante do candidato a ser cristão duas questões fundamentais: “Renuncias a Satanás? Crês em Deus?”; é o mesmo que perguntar: De qual lado quer ficar: com o diabo ou com Deus? Nós respondemos que queremos ficar com Deus. Por isso, temos que enfrentar a vida inteira essa batalha e essa escolha fundamental: estar com Deus ou com o diabo. É isso que está em jogo nas nossas tentações, que são resumidas nas três tentações de Cristo. Jesus nos deixa o exemplo: como ele, podemos vencer o tentador mediante o jejum, a oração e a escuta fiel da palavra de Deus.
| Encontro com o Pastor | 3
Fortalecendo pontes de diálogo Arquivo pessoal
Na quinta-feira, 2, reuniram-se na Cúria Metropolitana de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano; o Xeique Houssam Ahmad El Boutani, do Instituto Futuro; e o Rabino Michel Schlesinger, representante da Conib para o diálogo interreligioso. Durante o encontro, foi estabelecido um núcleo formado pelos três religiosos que se reunirá periodicamente para monitorar a liberdade religiosa e a preservação dos direitos humanos. O cenário político internacional foi debatido pelos líderes, que também conversaram sobre o momento vivido pelo Brasil. “Precisamos construir e fortalecer pontes, em vez de muros, como nos ensinou o Papa Francisco”, afirmou o Cardeal Scherer ao final do encontro.
Associações do Laicato Ana Lúcia Contarelli
O Cardeal Scherer realizou reunião ordinária, na manhã do sábado, 4, na cúria da Região Episcopal Ipiranga, com os representantes das Associações do Laicato da Arquidiocese de São Paulo.
4 | Fé e Vida |
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Liturgia e Vida 2° DOMINGO DA QUARESMA 12 de março de 2017
É bom ficarmos aqui Cônego Celso Pedro Deus criou o mundo e viu que tudo era bom. Nessa bondade toda, fez com que a região brasileira, com áreas diversificadas, fosse rica em minerais, vegetais e animais. Os estudiosos dão a cada uma dessas áreas – incluindo os seres humanos que nelas habitam – o nome de “bioma”, enquanto nós as chamamos de Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa. Infelizmente, o pecado entrou no mundo e, com o pecado, a morte. Perdura no coração humano a maldade que precisa de uma Quaresma de conversão para não se aliar ao poder do demônio. Nosso pai Abraão foi chamado por Deus e enviado a uma terra onde se tornaria uma bênção para todos os povos. Terra ainda transitória, mas terra que pisamos, bioma onde vivemos e que precisa ser cuidada e respeitada. A Campanha da Fraternidade pede aos brasileiros que se convertam em favor da preservação do meio ambiente para o bem de todos. Entramos durante a Quaresma no deserto da tentação, onde encontramos Jesus enfraquecido pelo jejum e provocado por Satanás. Deixamos o deserto e subimos ao Tabor. Lá em baixo, vimos o Cristo quase desfigurado. Aqui em cima, o vemos transfigurado. Lá em baixo, o demônio lhe ofereceu glória. Aqui, contemplamos a glória que lhe é própria. Ele brilha como o sol e resplandece como a luz. Pedro se sente tão bem que quer permanecer ali para sempre. Dirige-se a Jesus e se prontifica a fazer três tendas. Dizem os evangelistas Marcos e Lucas que Pedro não sabia o que estava falando. De fato, uma voz, saindo de uma nuvem luminosa, o interrompeu, quase dizendo: “Pedro, deixe de falar e escute o que diz Jesus, que é meu Filho amado”. Era a voz do Pai. “Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!’” (cf. Mt 17,5). É este o lugar para onde Deus enviou Abraão e o transformou em bênção para todas as famílias da terra? É aqui onde o Salmista canta que “a graça transborda em toda a terra e nossas vidas são libertadas da morte”. Desde sempre, o Senhor nos chamou para esse encontro na montanha com a Beleza encarnada pela qual todas as coisas foram feitas. Aqui a graça se revela pela manifestação de Jesus Cristo. Nele brilha a vida e a imortalidade. Assim, lemos na segunda carta a Timóteo. Agradecemos ao Senhor que ilumina a aridez do deserto com a luz da transfiguração. Agradecemos a possibilidade de contemplá-lo na montanha e não mais tornar feio o que é belo.
Você Pergunta Posso ser padre sem passar pelo seminário? padre Cido Pereira
osaopaulo@uol.com.br
O Luiz não me disse seu sobrenome. Ele é aqui da capital de São Paulo, e me escreve, dizendo: “Padre Cido, sua bênção! Gostaria de saber se é possível estudar Filosofia e Teologia, ou pelo menos a Filosofia, fora do seminário e tornar-me padre. E se após a ordenação, é possível fazer uma outra faculdade com a intenção de auxiliar na evangelização? Por exemplo, faculdade de Artes para criar peças ou filmes religiosos”. Luiz, o seminário é um lugar muito especial. Ele é um tempo e um espaço para discernimento vocacional. Nele, aquele desejo que nos inquieta, aquela voz que nos chama para nos
consagrarmos a Deus são analisados e testados para que haja plena certeza de que se trata mesmo de uma verdadeira vocação, um chamado de Deus. Os formadores do seminário escolhidos pelo bispo ajudam o candidato nesse discernimento: se o candidato reúne as condições humanas e psicológicas necessárias para se consagrar a Deus. A convivência fraterna desses vocacionados é também garantida. Você já pode entender disso, meu irmão, que terá mesmo que passar um bom tempo no seminário para uma formação integral, uma formação que é espiritual, psicológica, humana, filosófica e teológica. Por que tudo isso? Porque o ser padre é ser sacerdote, mestre e pastor, homem plenamente de Deus
e homem plenamente do mundo onde estão inseridas as ovelhas de Cristo. É claro que se você já fez Filosofia, os superiores poderão aceitar o seu curso. Agora, estudar Teologia numa escola qualquer, mesmo em uma instituição católica, não capacita plenamente a pessoa para ser aquilo que o Cristo e a Igreja esperam de um padre. Para terminar, eu digo a você que todo e qualquer curso de nível acadêmico e tecnológico, com certeza absoluta, irá ajudar a pessoa a exercer seu ministério presbiteral. Eu o aconselho procurar a Pastoral Vocacional da Arquidiocese ou mesmo os diretores das faculdades de Teologia e Filosofia que esclarecerão melhor ainda a você. Um abraço.
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO Em 05 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Luís Gonzaga, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Pereira Barreto, o Revmo. Pe. Roberto Carlos Queiroz Moura, pelo período de 06 (seis) anos. Em 05 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Bom Jesus dos Passos, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro Nossa Senhora do Ó, o Revmo. Pe. Airton Pereira Bueno, pelo período de 06 (seis) anos. Em 04 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Clara, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Guarani, o Revmo. Pe. Abério Christe Silva, pelo período de 06 (seis) anos. Em 04 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Terezinha, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Teresinha, o Revmo. Pe. Gilberto dos Santos Martins, pelo período de 06 (seis) anos. Em 03 de março de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Bom Pastor, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro do Jardim Carombé, o Revmo. Pe. Gleidson Luís de Sousa Novaes, pelo período de 06 (seis) anos. Em 22 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santa Teresinha, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Fr. Edinaldo da Silva, pelo período de 06 (seis) anos. Em 19 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Espírito Santo, na Região Episcopal
Brasilândia, no bairro da Vila Penteado, o Revmo. Pe. João Henrique Novo do Prado, pelo período de 06 (seis) anos. Em 19 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia Santos Apóstolos, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Itaberaba, o Revmo. Pe. Jaime Izidoro de Sena, pelo período de 06 (seis) anos. Em 12 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Pároco da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Miriam, o Revmo. Pe. Antônio Leite Barbosa Júnior, pelo período de 06 (seis) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL Em 28 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro, o Revmo. Pe. Ailton Rodrigues Damasceno, MSC, em decreto que entrou em vigor em 05 de março de 2017. Em 22 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial da Paróquia Santa Teresinha, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Santa Cecília, o Revmo. Fr. Marcos Hideo Matsubara, OCD. Em 20 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Episcopal Belém, Setor Pastoral Belém, o Revmo. Pe. Weder Vieira Lima, SVD. Em 12 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Vigário Paroquial “ad nutum episcopi” da Paróquia São Judas Tadeu, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro da Vila Miriam, o Revmo. Pe. Armênio Rodrigues Nogueira.
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL Em 28 de fevereiro de 2017, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, na Região Episcopal Sé, Setor Pastoral Bom Retiro, o Revmo. Pe. Fernando Clemente Santos, MSC, em decreto que entrou em vigor em 05 de março de 2017. PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL Em 03 de março de 2017, foi provisionado Assistente Pastoral “ad nutum episcopi” da Paróquia Bom Pastor, na Região Episcopal Brasilândia, no bairro do Jardim Carombé, o Diác. Ernandes Alves da Silva Júnior. NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE ESPIRITUAL Em 27 de fevereiro de 2017, foi nomeado Assistente Espiritual da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) em São Paulo, o Revmo. Pe. Valdeir dos Santos Goulart, do clero da Diocese de São João da Boa Vista, SP., residente na Arquidiocese de São Paulo, estando de acordo com este ato o bispo daquela diocese, D. Antônio Emídio Vilar, SDB. O presente ofício terá duração de 03 (três) anos. NOMEAÇÃO DE REITOR DE SANTUÁRIO Em 01 de fevereiro de 2017, foi nomeado Reitor do Santuário da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, situado no território da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Região Episcopal Brasilândia, o Revmo. Pe. José Fernando Bonini, ISch.
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Espiritualidade
Ser católico não é uma escolha fácil Dom Devair Araújo da Fonseca
A
Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação
ideia de que a fé não tem uma incidência em nossas atitudes, e que o católico não vive a sua vida segundo o evangelho, precisa ser definitivamente desfeita. Ser católico não é uma escolha fácil. O que acontece é que muitos desconhecem as exigências dessa escolha. Alguns dizem que quando mudaram de “igreja” ou de “religião” se encontraram com a verdade. Nesse caso, a questão é perguntar o que esta pessoa “convertida” realmente conhecia e quanto se comprometia com a sua condição de católico. Temos uma grande história, marcada pelo testemunho de homens e mulheres, de santos e santas de todas as idades, de diferentes nacionalidades, de condições sociais diversas. Eles foram pessoas do povo, membros da nobreza ou do clero, pais e mães de família, trabalhadores ou políticos. Em todas as áreas da atividade humana, onde se desenvolve um trabalho justo e digno, pode ser encontrada uma pessoa que testemunhou a sua fé católica. Nenhum desses homens ou mulheres se destacou por uma vida cômoda e tranquila, ou por ter achado que não era preciso viver realmente as exigências da
exigências por cura ou por milagres; ela fé. Ao contrário, foram pessoas que trouxeram, ao seu tempo, a luz do testemutambém não é um recurso de palavras nho. Apenas para ilustrar, podemos citar sensíveis que tocam os sentimentos, mas Thomas More, que foi político, diplomanão a vida. A oração é um caminho de ta, advogado, e morreu enfrentando o rei encontro e de diálogo com Deus, que Henrique VIII, defendendo o Matrimônos ajuda a olhar sem medo a realidade nio; Gianna Beretta Molla, a médica que à nossa volta, que desperta e sustenta a protegeu a vida da filha que devia nascer, missão e o testemunho de fé. mesmo com o sacrifício da própria vida; Não é fácil dar esmolas, como ensina Amabile Lucia Visintainer, a Madre Paua Igreja. Porque para dar esmola não baslina, uma pobre imigrante italiana, que ta tirar do que nos sobra, e nem esvaziar consagrou toda a sua vida no serviço aos nossos armários, para depois simplespobres; e o jovem Guido Vidal França Schäffer, Não é fácil seguir a orientação um seminarista e surfis- da Igreja, e fazer jejum. Porque ta carioca, que está em o jejuar não é apenas deixar processo canonização, o prato vazio. é preciso sentir e que dizia: “Todas as nossas ações devem visar a angústia e o sofrimento de o amor de Deus”. Real- tantos irmãos que nunca têm o mente, ser católico não que comer e nem água para beber é fácil, e é no tempo da mente comprar outras coisas, e enchê-los Quaresma que algumas dificuldades se novamente. A esmola é um sinal de destornam ainda mais evidentes. pojamento, para podermos caminhar Não é fácil seguir a orientação da mais livremente. Somente Deus merece Igreja e fazer jejum. Porque o jejuar não tudo de nós e nada pode nos prender. A é apenas deixar o prato vazio. É preciso esmola vence a ganância, o consumismo, sentir a angústia e o sofrimento de tantos irmãos que nunca têm o que comer a vaidade, promovendo a justiça e a fraternidade. e nem água para beber. O jejum que Os nossos dias não são tempos mais agrada a Deus é aquele que nos tira do difíceis para alguém ser católico. O que egoísmo e nos abre para as necessidades acontece é que alguns querem um cados outros. minho mais fácil, um jeito mais suave Não é fácil rezar como reza a Igreja, e “light” para viver a fé. Mas isso não é porque a oração não é a simples repetição de uma fórmula escrita ou decorapossível, pois o único jeito de ser católico da. A oração não é uma barganha, na é seguir Jesus Cristo e assumir todas as qual apresentamos ao Senhor as nossas exigências decorrentes dessa escolha.
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Fé e Cidadania A Doutrina Social da Igreja na defesa dos biomas brasileiros
Solidariedade, responsabilidade e problemas socioambientais Francisco Borba Ribeiro Neto Para uma justa compreensão da mensagem da Igreja com relação aos problemas socioambientais, vale a pena nos determos um pouco na encíclica de Bento XVI, Caritas in Veritate (CV). “A caridade na verdade [...] é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira” (CV 1). E adiante: “A solidariedade consiste primariamente em que todos se sintam responsáveis por todos” (CV 38). A “caridade na verdade”, isto é, o amor compreendido em toda a sua plenitude e não reduzido a um sentimento romântico, gera solidariedade, que implica na corresponsabilidade entre nós e com a criação (CV 43-52). Bento XVI ainda denuncia a falta de solidariedade e de responsabilidade como causas das crises econômicas e da dificuldade em superá-las: “O grande desafio que temos diante de nós [...] é mostrar [...] que os princípios tradicionais da ética social, como a transparência, a honestidade e a responsabilidade, não podem ser transcurados ou atenuados, mas também que [...] o princípio de gratuidade e a lógica do dom como expressão da fraternidade podem e devem encontrar lugar dentro da atividade econômica normal. Isto é uma exigência [...] da própria razão econômica” (CV 36). E acrescenta: “Quando se procurarem soluções para a crise econômica atual, a ajuda ao desenvolvimento dos países pobres deve ser considerada como verdadeiro instrumento de criação de riqueza para todos” (CV 60). Diante das ameaças que pesam sobre os biomas brasileiros e suas populações – particularmente os mais pobres –, a mensagem de Bento XVI é clara: não haverá um verdadeiro desenvolvimento econômico e social se os princípios da solidariedade e da responsabilidade não forem respeitados. Não é apenas um juízo moral. Os especialistas consideram que nossos ecossistemas tropicais são “frágeis”, facilmente degradados pela atividade humana, perdendo a fertilidade e a riqueza que motivaram sua exploração econômica, empobrecendo ainda mais suas populações tradicionais. O agronegócio, por exemplo, é responsável por parte da prosperidade e do desenvolvimento econômico do interior do Brasil. Esse papel deve ser reconhecido, mas – para o bem da população e da própria economia – tanto o agronegócio como as demais atividades agrícolas devem estar a serviço de um desenvolvimento responsável e solidário. Para aprofundamento e exemplos das vantagens do desenvolvimento agrícola responsável e solidário, ver as leituras sugeridas em http://feculturapucsp.blogspot.com.br/2017/02/CF2017
6 | Viver Bem |
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Cuidar da Saúde Ausência de sintomas não significa estabilidade da pressão arterial Cássia Regina Toda doença crônica deve, para que os órgãos não sofram, ser bem controlada, pois esse sofrimento leva a um envelhecimento precoce dos mesmos (rins, artérias, coração, olhos) que, por sua vez, impacta na expectativa de vida. É muito comum que o paciente que tem uma doença crônica, como hipertensão arterial, e que utiliza medicamentos de uso contínuo, deixe de tomá-los quando está com os níveis de pressão normais, principalmente quando não sente os sintomas. Mas isso não é correto, porque a ausência de sintomas não significa que a pressão esteja normal. Sua estabilidade significa apenas que a medicação está fazendo efeito. Ou seja: se, por exemplo, a pressão arterial estiver em 120x80 mmHg, isso significa que a medicação está fazendo efeito e que se deve continuar a tomá-la regularmente, conforme prescrito pelo médico. Alguns fatores fazem a pressão subir, mesmo com o uso contínuo e regular dos medicamentos. São eles: uso de anti-inflamatórios, consumo de temperos prontos em pó ou tabletes, consumo excessivo de sal, dor intensa e ou contínua, estresse, insônia e tabagismo. E há fatores ajudam a reduzir a pressão: atividade física regular, alimentação saudável e diminuição do sal. Pessoas idosas não precisam ter a pressão tão baixa, pois pode causar tontura e não melhora a expectativa de vida. Seus níveis podem estar entre 130x80 e 140x90 mmHg. No entanto, há exceções quando o paciente tem outras doenças associadas. Quem determina isso é seu médico. Importante: o médico é o único profissional que pode modificar sua prescrição. Tome os medicamentos regularmente e aumente sua expectativa de vida. Dra. Cássia Regina é médica atuante na Estratégia de Saúde da Família (PSF) E-mail: dracassiaregina@gmail.com
Comportamento
Acabou o carnaval? Valdir Reginato Imagine um cidadão com muitas dívidas a pagar. Ainda, sem condições de moradia adequada; a saúde em frangalhos; e, além de tudo, desempregado. Esse mesmo que você está imaginando envia um convite para uma festa de cinco dias, para se divertir e se alegrar. Na verdade, alguns já estavam brincando uma semana antes, e outros prometem prolongar pelo menos mais 15 dias. Esse é o nosso Brasil carnavalesco! Mas, afinal, não é importante manter a tradição?! E os dólares que entraram?! Será que foram tantos? Parece incrível, mas, num piscar de olhos, tudo que parecia estar no caos vira “brincadeira”, e o importante é se divertir, pois a data está marcada. Divertimo-nos não porque algo de bom ocorreu ou melhorou. Alegramo-nos não porque ocorreu um motivo fantástico para que agora possamos comemorar. Não é uma data de lutas históricas, de memórias por se recordar como parte da vida do povo brasileiro. Não é também uma data de honra a algum fato ou pessoa. Na verdade, o carnaval é um período em que temos o compromisso de nos divertir e ficarmos felizes. Não importa o que esteja acontecendo.... “pois é carnaval”, canta a marchinha. Tudo termina na quarta-feira, mas não para todos. Alguns esticam... sempre mais. E aí a tradição confirma que se inicia o ano no calendário brasileiro, passados dois meses inteiros. De repente, fecham-se as cortinas das passarelas, guardam-se as fantasias, silencia-se a bateria e os tamborins, e rapidamente a realidade se faz presente, roubando a magia e a alegria. As cinzas na cabeça nos recordam as palavras bíblicas: “Lembras-te que és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19). Como tanta alegria pode surgir por tão pouco e por tempo tão curto, sem uma razão consistente, exceto pelo “querer estar feliz”? E agora,
Tudo termina na quarta-feira, mas não para todos. Alguns esticam... sempre mais. E aí a tradição confirma que se inicia o ano no calendário brasileiro, passados dois meses inteiros tudo acabou? O que podemos aprender com o carnaval? Guardadas as plumas e paetês, podemos enxergar que há em todo homem um coração que anseia pela felicidade, por uma alegria que não termina no fim da passarela, mas que gostaria que continuasse para sempre. Para toda a vida. E será que isso não é possível longe dos sonhos da passarela? Viver um carnaval que encontra motivos de alegria pelas conquistas alcançadas no esforço em procurar ser melhor; em não ficar esperando pelo ano seguinte para poder novamente sair na batucada, mas transformar as dificuldades da vida numa canção que fale do verdadeiro amor. A rainha da bateria está a caminho da escola com seus filhos. As passistas encontram-se nas fábricas e escritórios, hospitais e escolas... O mestre-sala prepara mais uma reunião, e a vida segue num samba-enredo diferente, em que a alegria precisa continuar a existir. É possível “sambar” a cada manhã no sorriso de bom dia. Em cada tarefa no trabalho diário. Naquele encontro com os amigos ou com aqueles mais necessitados. Na tolerância e paciência com os inconformados permanentes. No otimismo com quem só vê horizontes sombrios. No pedido de perdão antes de se deitar, a alguém com quem não agi bem. Tudo avança pelo caminho da passarela da vida, na música alegre que se leva no coração para que os outros possam também cantar. Alegrar-se pela vida, pelo que realmente vale a pena! Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar.
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| Pastorais/Geral | 7
Pastoral da Saúde
Cursistas iniciam ano de atividades com missa Marcos Rubens
Participantes dos cursos da Pastoral da Saúde com Dom Devair ao final da missa, no sábado, 4
A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo realizou no sábado, 4, a abertura dos cursos de agente pastoral e de pastoral hospitalar, com uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Vila Mariana, presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e referencial arquidiocesano das Pastorais Sociais. Dom Devair, na homilia, ressaltou a importância da Pastoral da Saúde e de seus integrantes, que muitas vezes são as únicas pessoas que visitam os doentes, seguindo o mandato de Jesus, “estive enfermo e me visitaste”. Após a missa, uma palestra ministrada pelo Padre Maurício Gris, camiliano, responsável pelo Instituto Camiliano de
Pastoral Fé e Política
(Com informações de Eliana Aparecida Lubianco e Marcos Rubens Ferreira)
Pastoral Familiar
Revitalização de rios, a partir da Campanha da Fraternidade Vinculado diretamente à temática da Campanha da Fraternidade de 2017, que, mais uma vez, alerta para o zelo com o planeta e com as riquezas naturais, o seminário que será promovido pela Pastoral Fé e Política, no dia 25, chamará a atenção para os cuidados com os rios. Especialistas iniciarão o seminário apresentando todos os projetos e propostas que já foram desenvolvidos na intenção de despoluição dos rios, mas que ainda não foram efetivados, assim como os custos desses projetos e a atual situação dos rios, desde a nascente até à foz. Após esse primeiro
Pastoral da Saúde (Icaps), onde se tratou da mística dos agentes de Pastoral. Segundo o Padre Maurício Gris, diretor do Icaps, “o trabalho do agente, além de ser um trabalho voluntário, é espelhado no amor de Deus. Assim, a partir do momento que vivenciamos este amor, sabemos de fato a quem estamos seguindo e a nossa missão vai a cada dia trabalhar a mais a favor disso, a favor do próximo, de modo mais inovador e afetuoso!”. Além dos matriculados no curso, participaram da missa e do evento pessoas de outras cidades da Grande São Paulo.
Para melhor atender as famílias da Arquidiocese
momento, haverá oficinas para estudos. A Pastoral pretende ainda coletar assinaturas e entregá-las ao poder público e desenvolver e acompanhar o projeto de despoluição dos rios Tietê e Pinheiros e das represas Billings e Guarapiranga. As inscrições para o evento que acontecerá no dia 25, das 8h às 17h, no Centro Municipal de Educação Adamastor, em Guarulhos (SP), podem ser feitas pelo e-mail contato@ pastoralfp.com, informando-se o nome completo, dados para o retorno de contato e o grupo/movimento que participa e em que região. (Redação: Júlia Cabral)
Orientações da Igreja em relação à família, preparação ao Matrimônio e defesa da vida são alguns dos temas que a Pastoral Familiar trabalhará em curso de formação, com os integrantes da pastoral e demais interessados em implantar a Pastoral nas paróquias. Com 120 vagas, as 16 aulas acontecerão de 16 de março a 23 de novembro, duas vezes por mês. Acontecerá ainda dois encontros de espiritualidade que durarão o dia inteiro, no auditório da Paulinas Livraria, na Vila Mariana (rua Domingos de Mo-
rais, 660, perto do metrô Ana Rosa). As aulas terão por base os documentos papais, da CNBB e da Comissão Nacional para a Vida e Família (CNPF), sendo a palestra inaugural ministrada por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar e referencial para a Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. Inscrições e outras informações estão disponíveis em http://nufesp. pfsp.com.br e no e-mail: pastoralfa miliar.arquisp@gmail.com. (Redação: Júlia Cabral)
Editora fornece material gratuito sobre a CF 2017 para uso em aulas REDAÇÃO
osaopaulo@uol.com.br
Por conta da realização da Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e diversidade da vida”, as Edições SM disponibilizam um material especial para os professores trabalharem a temática da CF 2017 nas escolas. Um caderno de atividades com a sequência didática para os anos iniciais (1º ao 5º ano), finais (6º ao 9º ano) e Ensino
Médio está disponível para download, para que os professores possam escolher e adaptar, conforme os diferentes contextos e as realidades escolares, bem como inovar a partir da sua experiência e do conhecimento dos seus educandos. As atividades visam contemplar os objetivos de aprendizagem do Ensino Religioso assinalados pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC), tendo em vista favorecer a integração do conhecimento em diálogo com o contexto sociocultural
do país. Nesse sentido, as atividades sugeridas possuem potencial interdisciplinar, o que permite um diálogo com outras áreas de conhecimento, no planejamento de projetos de ensino que venham a fortalecer uma aprendizagem cooperativa e significativa dos educandos. Segundo Janaína Paim, gerente do Núcleo de Escolas Católicas do grupo no
Brasil, o material não será comercializado. O download pode ser feito em: Ensino Fundamental I: https://goo.gl/yImvqt Ensino Fundamental II: https://goo.gl/wWAaLH Ensino Médio: https://goo.gl/fbGE8Y (Com informações do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade)
Luciney Martins/O SÃO PAULO
COOPERATIVADE PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS – COOPERPRO NIRE Nº 35400050195 CNPJ/MF Nº 02.744.952/0001-45 EDITAL DE CONVOCAÇÃO – ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Pelo presente edital e na forma do art. 49 do Estatuto Social, a Sra. Edileuza Pinheiro Torres no exercício de suas atribuições de Presidente, convoca os senhoras cooperados da Cooperativa de Profissionais de Serviços – COOPERPRO, para reunirem-se em Assembléia Geral Extraordinária, a ser realizada na Rua Professor Edgard de Moraes nº 185, 1º andar, sala 01 no próximo dia 22 de março de 2017 com 1ª convocação as 14:00 horas, com 2/3 do número de associados, a segunda convocação as 15:00 horas, com metade dos associados e a terceira e última convocação as 16:00 horas com a presença mínima de 50 associados, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: I – Renúncia do Presidente do Conselho de Administração II – Outros assuntos de interesse social. Para efeito de quorum, o número de associados é de 215. São Paulo, 08 de março de 2017. Presidente - Edileuza Pinheiro Torres
O Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, lançou na tarde do sábado, 4, na Catedral da Sé, o livro “Grandes metas do Papa Francisco”, publicado pela Paulus Editora. O lançamento aconteceu após a missa das 12h, por ele presidida. No livro, o Cardeal apresenta, de forma breve, as principais metas do pontificado de Francisco.
8 | Pelo Mundo |
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Destaques das Agências Internacionais
Filipe david
correspondente do O SÃO PAULO na europa
Inglaterra
Garoto ‘sem cérebro’ já vai à escola Aos 3 meses de gestação, Noah Wall, bebê de Rob e Shelly Wall, foi diagnosticado com espinha bífida e hidrocefalia. Ele tinha apenas 2% do tecido cerebral. Os médicos previam que ele provavelmente não viveria até o nascimento ou morreria logo depois de nascer e recomendaram o aborto – que é permitido na Inglaterra – diversas vezes: “Nunca foi uma opção para nós. Queríamos dar a Noah a chance de viver”, disse o pai, Rob. Devido aos prognósticos médicos, os pais de Noah se prepararam para o pior: tudo já estava pronto para o seu enterro antes mesmo que ele nascesse e seus pais aguardavam o momento de dizer adeus ao filho recém-nascido. Para a surpresa de todos, Noah nasceu cheio de vida: “A primeira coisa que ouvimos quando nasceu, foi ele começar a respirar e a chorar. Foi incrível!”, disse a mãe de Noah, Shelly. Com o tempo, o cérebro de
Reprodução de Internet
Noah Wall, o garoto que não tinha cérebro, hoje já vai à escola, com seus pais
Noah cresceu. Aos 3 anos, ele já possuia 80% de um cérebro normal. Sua espinha bífida o manteve paralisado da cintura para baixo, mas é possível que ele venha a andar um dia, dependendo do sucesso ou não de uma série de cirurgias às quais o garoto tem sido submetido. Noah é uma criança ativa e sorridente, que já sabe contar
até dez e começa a ir para a escola. O neurocirurgião de Noah, Dr. Nicholson, admite que Noah tem muito a ensinar aos médicos de todo o mundo: “Ele ensina à profissão médica que nunca é possível prever, com certeza [que um bebê não sobreviverá]”. Fontes: Life Site News e The Telegraph
República Centro-Africana 10 mil refugiados voltam para casa “Todos os refugiados voltaram para casa!”, disse o Padre Federico Trinchero, missionário carmelita descalço do convento Notre Dame du Mont Carmel, em Bangui, capital da República Centro-Africana. “Depois de três anos e três meses, termina aqui a nossa aventura iniciada em 5 de dezembro de 2013. Esse é o último episódio da história de nosso mosteiro, que se tornou improvisadamente um campo de refugiados”, explicou o Padre. Cerca de 10 mil pessoas foram acolhidas após a eclosão da guerra civil em 2012. Agora que a tranquilidade voltou à capital, as
pessoas podem retornar para as suas casas. “Em 8 de janeiro, celebramos uma missa de ação de graças ao Senhor por todas as bênçãos que nos encheu nestes três anos, e por nunca ter nos deixado faltar a sua proteção e sua providência. Terminamos a missa na colina no centro de nossa propriedade, com a bênção da cidade de Bangui e implorando o dom da paz para todo o país. Na verdade, nós não devemos esquecer que, se a situação melhorou significativamente na capital, não é assim em outras partes do país, como Bocaranga ou Bambari. Pequenos
Peru ‘Com meus filhos, não te metas’ No sábado, 4, mais de 1,5 milhão de peruanos protestaram nas 24 regiões do país contra a iniciativa do Ministério da Educação que quer promover a ideologia de gênero no ensino. Em janeiro deste ano, a Conferência Episcopal Peruana já havia pedido que o governo suspendesse do currículo “as noções provenientes da ideologia de gênero”. Os manifestantes pediram respeito à identidade sexual de meninos e meninas, em oposição à “desconstrução sexual” preconizada pelos ideólogos de gênero, e respeito às diferentes qualidades de meninos e meninas em vez da destruição do feminino e do masculino. A manifestação foi promovida pela organização “Con mis hijos no te metas” (Com meus filhos, não te metas), criada para defender as crianças da ameaça da ideologia de gênero. Fonte: ACI
Myanmar ‘Madre Teresa de Myanmar’
grupos de rebeldes, nem sempre bem identificados, muitas vezes divididos entre si e pouco claros em suas reivindicações, infelizmente, continuam perpetrando ações criminosas, causando vítimas inocentes, semeando medo e forçando a população a deixar as aldeias. Com grande dificuldade, a missão da ONU procura conter esses fenômenos que, esperamos, deverão absolutamente ser erradicados, para permitir a todo o País - não só à capital – tomar resolutamente o caminho da paz e do desenvolvimento”, explicou o Sacerdote.
A Irmã Marta Mya Thwe, religiosa da Congregação de São José da Aparição, trabalha incansavelmente para ajudar os doentes com Aids e tem sido chamada de “Madre Teresa de Myanmar”. Muitos dos doentes com Aids são expulsos de casa e negligenciados pelo sistema de saúde do país: “Muita gente têm medo de tocar as pessoas contagiadas pela Aids. Notei que muitos doentes são expulsos de suas casas por causa dessa doença. Viam-se doentes terminais e até mortos abandonados nas ruas. Nos últimos anos, houve um aumento dramático do número de mortos por essa doença, totalmente abandonados pelo governo e pelas instituições”. Em parceria com um monge budista e com o auxílio de benfeitores e estudantes, a Irmã fundou o centro de cura “Espelho da Caridade”, fornecendo abrigo, alimentos, medicamentos e outros cuidados para os doentes. O Centro começou pequeno, atendendo apenas 20 pessoas. Depois de algum tempo e devido o apoio de benfeitores, esse número aumentou para mais de cem pessoas. Hoje, o centro conta com o apoio financeiro de diversas embaixadas e se estende por um conjunto de diversos edifícios.
Fonte: Fides
Fonte: Fides
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| Papa Francisco | 9
Julia Cabral e Nayá Fernandes osaopaulo@uol.com.br
Papa recebe Monsenhor Ocáriz, prelado geral da Opus Dei L’Osservatore Romano
O Papa Francisco recebeu sexta-feira, 3, em audiência no Vaticano, o novo prelado da Opus Dei, Monsenhor Fernando Ocáriz, que inicialmente agradeceu ao Pontífice por sua proximidade por ocasião da morte de Dom Javier Echevarría, pelas orações pelo Congresso eleitoral e por sua confirmação como prelado. Monsenhor Ocáriz transmitiu ao Papa a união que todos os fiéis da Obra sentem com o Pontífice e descreveu as prioridades pastorais definidas pelo Congresso para os próximos anos: família, jovens e sensibilidade com as pessoas mais necessitadas. O Papa Francisco, então, agradeceu pelo trabalho realizado pela Prelazia em todo o mundo e o encorajou a levar em conta as “periferias”, a classe média e os âmbitos profissional e intelectual.
Francisco realiza exercícios espirituais na Quaresma O Papa deixou o Vaticano na tarde de domingo, 5, para realizar seu retiro, ou exercícios espirituais de Quaresma. O local escolhido foi a Casa Divino Amor, dos Padres e Irmãos Paulinos de Ariccia, que fica cerca de 30 km de Roma. “Paixão, morte e ressurreição de Jesus segundo São Mateus” é o tema dos exercícios deste ano, que terão como pregador o Frei Giulio Mechelini, da Ordem dos Frades Menores. Ariccia é um lugarejo com pou-
co mais de 18 mil habitantes, situada entre os lagos Albano e Nemi, e que, localizada entre colinas e afastada de Roma, constitui um lugar propício para a meditação. Os exercícios acontecem desde a segunda, 6, até a sexta-feira, 10, período durante o qual o grupo – o Papa e seus colaboradores da Cúria Romana – fará nove meditações, celebrará a Santa Missa durante as primeiras horas das manhãs, terá
momentos de adoração e não deixará de rezar as vésperas, no fim da tarde. Entrevistado pelo jornal L’Osservatore Romano, Frei Michelini contou que os textos preparados para o retiro não serão limitados a reflexões evangélicas, mas conterão referências a obras de autores como Amos Oz e Franz Kafka. O sacerdote afirmou também que haverá “muita atualidade” em suas meditações, como temas ligados à família e aos pobres.
Visita ao Instituto Penitenciário em Milão O Papa visitará a cidade de Milão, na Itália, ainda este mês e, no dia 25 irá ao Instituto Penitenciário de São Vítor. Será a primeira vez que um Pontífice estará no local. Francisco pediu que seja um encontro informal para que ele possa encontrar-se com
o maior número possível de pessoas em situação de cárcere. A visita será concluída com um almoço no local. Nas mensagens de encarcerados de várias religiões e nacionalidades, há quem peça “o milagre” de receber o perdão para todos os pecados.
Além desse Instituto, haverá encontro com os ministros ordenados e a vida consagrada na Catedral de Milão, a missa no parque de Monza, e um momento com crismandos e suas famílias e residentes de uma periferia da cidade. Com informações da Rádio Vaticano e NEWS.VA
Música Sacra: nem saudosismo exagerado, nem banalidade em detrimento da beleza “Música e Igreja: culto e cultura, há 50 anos da Instrução Musicam Sacram” foi o tema do Congresso Internacional promovido pelo Pontifício Conselho da Cultura e a Congregação para a Educação Católica, em Roma. Na manhã do sábado, 4, o Pontífice recebeu no Vaticano cerca de 400 participantes do evento organizado pelo Pontifício Conselho da Cultura e a Congregação para a Educação Católica. O objetivo do congresso foi aprofundar, do ponto de vista interdisciplinar e ecumênico, a relação atual entre a música sacra e a cultura contemporânea; entre o repertório usado pela comunidade cristã e as atuais tendências musicais. Foi analisada ainda a formação estética e musical do clero e dos leigos engajados na vida pastoral. Ao grupo, o Papa lembrou que o primeiro documento elaborado pelo Concílio Vaticano II foi precisamente a Constituição sobre a liturgia, Sacrosanctum Concilium. As instruções nela contidas são ainda hoje atuais, principalmente a sua premissa: “A ação litúrgica tem uma forma mais nobre se celebrada em canto e com a participação dos fiéis”. O Pontífice lembrou também que, em vários momentos, o Documento fala sobre a teofania, ou seja, a manifestação de Deus no meio do seu povo. “A participação ativa e consciente consiste em saber penetrar profundamente neste mistério, em saber contemplar, adorar e acolher; em sentir o seu significado, graças especialmente ao religioso silêncio e à ‘musicalidade da linguagem’ com que o Senhor nos fala”, continuou Francisco. O Papa colocou como desafio o equilíbrio entre o passado e o presente, evitando o risco de um saudosismo exagerado. “A música sacra e o canto litúrgico devem ser plenamente inculturados nas linguagens artísticas e musicais da atualidade, encarnando e traduzindo a Palavra de Deus em cantos, sons e harmonias que façam vibrar o coração de nossos contemporâneos, criando um oportuno clima emotivo, que disponha à fé e suscite o acolhimento e a plena participação no mistério que se celebra”. Nesse sentido, ele advertiu os participantes contra certa mediocridade, superficialidade e banalidade em detrimento da beleza e da intensidade das celebrações, devido ao encontro com a modernidade.
10 | Pelo Brasil |
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Destaques das Agências Nacionais
Vítor Alves Loscalzo e Júlia Cabral ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
40% das cidades paulistas estão sem delegado No Estado de São Paulo, 256 dos 645 municípios estão sem delegados titulares, ou seja, 40% das cidades paulistas. A situação mais difícil está no interior paulista, onde há delegados respondendo por até quatro municípios, às vezes sem contar com o quadro de investigadores e de escrivães. Em 2009, na capital, os 93 distritos policiais ficavam abertos 24 horas or dia; hoje esse número caiu para 27. Os dados
são do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo (Sindpesp). Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a presidente do Sindesp, delegada Raquel Kobashi, afirmou: “A Polícia Civil vive uma situação de desmonte. Com um efetivo muito abaixo do mínimo razoável, a qualidade da investigação e de atendimento à população caem. Isso sem contar que muitas delegacias estão sucateadas, sem condições de trabalho”.
O secretário estadual de Segurança Pública, Mágino Alves, tem se reunido com representantes do sindicato para buscar soluções. Ele prometeu estudar a possibilidade de contratar os 3,2 mil policiais aprovados em concurso público, mas que não foram ainda convocados, além de reajustar os salários da categoria no meio do ano. Responsável por todos os distritos da cidade de São Paulo, o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap)
Imposto de Renda 2017: Saiba o que mudou A Receita Federal começou a receber as declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), referente a 2016. As regras são parecidas às praticadas anteriormente. A tabela do Imposto de Renda sofreu reajuste com porcentagem inferior à inflação. Em 2016, pessoas com rendimentos tributáveis superiores à R$ 28.123,91 estavam obrigadas a declarar. Este ano, com o reajuste de 1,54%, o valor passou para R$ 28.559,70. Igual reajuste teve a tabela do imposto de quem realiza atividades rurais. Se em 2016 estavam obrigados a declarar aqueles com renda superior a R$
140.619,55/ano, em 2017 o valor passou para R$ 142.798,50/ano. Com relação a rendimentos não tributáveis ou tributados na fonte, a tabela é a mesma do ano anterior: deve declarar imposto quem recebeu mais de R$ 40 mil advindos de uma dessas duas naturezas.
Continua igual o valor para propriedade de bens, R$ 300 mil. A obrigatoriedade de idade mínima para a apresentação do CPF dos dependentes passou de 14 para 12 anos completos até o último dia 31 de dezembro. Uma novidade é que neste ano não é preciso baixar o programa de transmissão da declaração (Receitanet), pois este já está incorporado ao programa gerador do IRPF. A Receita Federal estima que serão recebidas 28,3 milhões de declarações. No ano passado, esse número foi de 27,96 milhões. Fonte: Agência Brasil
Seminário Franciscano completa 75 anos
Seminário Franciscano Frei Galvão/Divulgação
contava, em 1993, com 6,5 mil policiais, hoje são 5 mil profissionais, segundo dados do Sindpesp. Atualmente, cada um dos DP’s, exceto as delegacias de atendimento à mulher e ao idoso, contam com três delegados e oito investigadores. Cada distrito tem cerca de 800 inquéritos policiais em andamento, de forma que cada investigador fica com cem inquéritos para esclarecer. Fontes: O Estado de S.Paulo e Uol
Inscrições para Romaria da Juventude 2017 Contemplando o Ano Mariano Nacional e com o tema “Maria e a Doutrina Social da Igreja”, a Romaria da Juventude 2017 acontecerá nos dias 29 e 30 de abril, em Aparecida (SP). A atividade tem como objetivo reunir movimentos, comunidades, congregações e os grupos de Pastoral da Juventude. Haverá tendas de formação, nas quais os jovens terão a oportunidade de participar de catequeses com os bispos e de momentos de animação, reza do Terço, apresentações teatrais, música e dança. Também estão previstos shows com artistas católicos e vigília, além da missa de envio de encerramento. A Romaria Nacional da Juventude é uma parceria entre a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB e o Santuário Nacional de Aparecida. Os jovens interessados em participar podem se inscrever em http://bit.ly/romariadaJuventude2017.
Matrículas na rede pública de ensino de SP permanecem abertas A Fraternidade Franciscana São José e o Postulantado Frei Galvão comemoraram no domingo, 5, os 75 anos do Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). A celebração do jubileu de diamante se iniciou com uma missa, presidida pelo Frei Fidêncio Vanboemmel, ministro provincial. O seminário foi inaugurado em 1º de março de 1942, com intuito de preparar
jovens à vida franciscana. Naquele tempo, estabeleceu-se um curso preparatório para o que hoje é chamado de Ensino Fundamental, para a admissão dos seminaristas. Os candidatos eram provenientes de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “Acreditamos que muitos confrades que aqui viveram ou por aqui passaram
ficaram marcados por este querido e histórico Seminário! E hoje gostariam de saborear sua história, no coração e na vida! E render graças, por intercessão de São José e de Frei Galvão, ao Sumo e Altíssimo Senhor, o doador de todos os dons!”, expressou o Frei Walter Hugo de Almeida, em nota publicada no site do seminário. Fonte: A12
OEA cobra o governo sobre o sistema prisional A Organização dos Estados Americanos (OEA) elaborou 52 questões acerca do sistema prisional e socioeducativo do Brasil e encaminhou ao governo brasileiro, que deverá respondê-las até o fim deste mês. A OEA cobra do Estado brasileiro explicações e soluções para a violência e superpopulação carcerária nos complexos penitenciários de Curado (PE) e de Pedrinhas (MA); no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (RJ) e na Unidade de Inter-
nação Socioeducativa (ES). Esses casos estão em discussão na Corte Internacional Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Segundo os membros do tribunal internacional, há indício de “um problema estrutural de âmbito nacional do sistema penitenciário”. A Corte informou que mandará uma delegação ao Brasil para avaliar a situação dos presídios, de forma a enviar os resultados à audiência pública,
com data prevista para maio, na sede do órgão, na Costa Rica. Redução da população carcerária e do número de presos provisórios, prevenção do enfrentamento de facções criminosas nas unidades prisionais, treinamento no controle não violento de rebeliões e a prevenção da entrada de armas e drogas nas prisões são algumas das medidas concretas que a Corte cobrou do Brasil. Fontes: Uol e Agência Brasil
Continua aberto o período de matrículas para o ano de 2017 na rede estadual paulista. Há vagas em todas as regiões do Estado para classes do Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) e Ensino Médio (1ª a 3ª série), além da modalidade de Jovens e Adultos – EJA (1ª a 3ª série do Ensino Médio). Para fazer a matrícula, basta se dirigir a uma unidade da rede estadual e informar o nome completo do estudante, data de nascimento, endereço residencial e telefone para contato. No caso de menores de 18 anos, a inscrição só poderá ser feita por pais ou responsáveis. Recomenda-se a apresentação dos documentos de certidão de nascimento e comprovante de residência. Outras informações podem ser obtidas na sede da Diretoria de Ensino (rua Dr. Paulo Vieira, 257, no bairro Sumaré, São Paulo), pelo e-mail dectona@educacao.sp.gov.br ou pelos telefones 38663820/3866-3822.
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A nova Previdência valerá para todos? Marcelo Camargo/Agência Brasil
Daniel Gomes
danielgomes.jornalista@gmail.com
Igualar os critérios para a aposentadoria de trabalhadores da iniciativa privada e do setor público é um dos pontos centrais da PEC 287/16, da reforma da Previdência, que tramita na Câmara dos Deputados. Pela proposta, uma pessoa poderá se aposentar aos 65 anos de idade, se tiver contribuído ao menos por 25 anos com a Previdência. Atualmente, os critérios mínimos são 35 anos de contribuição, para o caso dos homens, e 30, para as mulheres; ou 65 anos de idade, para os homens e 60 para mulheres. No entanto, há regimes diferenciados para algumas categorias, como professores, militares e ocupantes de cargos públicos. Na avaliação do economista Paulo Tafner, pesquisador do IPEA e professor da Universidade Cândido Mendes, igualar os critérios para a aposentadoria é uma das virtudes da PEC 287/16. Ele lamenta que haja quem se oponha. “Parece-me inequívoco que a sociedade inteira é a favor de maior igualdade. Agora, quando uma proposta previdenciária torna os brasileiros, todos, do ponto de vista previdenciário, mais iguais, a sociedade reage. Os militares querem continuar sendo diferentes, os professores, que têm a aposentadoria antecipada, resistem a se tornarem previdenciariamente mais iguais. As mulheres clamam por participação igualitária em tudo, mas quando se fala em tornar homens e mulheres iguais na aposentadoria, há resistências”, disse ao O SÃO PAULO.
Tempo de contribuição e idade
Para André Luiz Bittencourt, vice-presidente-executivo da Sociedade Brasileira de Previdência Social, especialista em Direito Previdenciário, a idade mínima de 65 anos proposta na PEC 287/16 desconsidera as peculiaridades do padrão demográfico brasileiro.
“Como é que você vai justificar uma idade mínima para uma pessoa que mora no Nordeste, com a expectativa de vida naquela região sendo de 65 anos? Você está dizendo para pessoa: ‘Você vai trabalhar até morrer’. É uma realidade diferente de quem está na cidade grande e que de repente vai viver até os 80 anos”, disse à reportagem. Paulo Tafner tem outro entendimento: “Do ponto de vista previdenciário, eu não devo olhar a expectativa de vida das pessoas ao nascer, mas sim a expectativa de vida no momento em que a pessoa acessa o benefício previdenciário, e nisso os brasileiros são parecidos”.
Pensões
Entre os que defendem a reforma da Previdência, um ponto elogiado na PEC 287/16 é o fim do acúmulo de benefícios de pensão e de aposentadoria. “Há pensões no Brasil que duram mais que o tempo de contribuição e de aposentadoria de seu instituidor, o que ocorre com as pensões vitalícias, em que há grande diferença de idade entre o instituidor da pensão e o seu beneficiário. Sem falar na possibilidade de cumulação irrestrita de pensões integrais com outros rendimentos, incluída até mesmo uma aposentadoria integral ou outra pensão por morte, permitindo que um único beneficiário seja titular de proventos de aposentadoria integral e pensão vitalícia integral por morte ou de mais de uma pensão, sem nenhuma justificativa econômica ou de ética social aceitável”, escreveu o advogado Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, em artigo publicado no site Consultor Jurídico. Também para Paulo Tafner, essa mudança será positiva para o Brasil, pois na maioria dos países não é permitido acumular os benefícios de aposentadoria e de pensão, sendo que o último não é pago pelo restante da
vida e varia conforme o número de dependes menores de idade.
Políticos e militares
Conforme a redação original da PEC 287/16, titulares de mandato em cargos do Executivo e do Legislativo estarão sujeitos às mesmas condições de aposentadoria das demais pessoas, mas eles próprios criarão regras de transição ao novo regime, e a mudança não valerá para os que já adquiriram o direito de aposentadoria ou de pensões. Segundo dados do site Congresso em Foco, o déficit anual da “Previdência do Congresso” é de R$ 2,4 bilhões, e tanto na Câmara quanto no Senado a média é de dois beneficiários da Previdência para cada servidor na ativa. O fato de a reforma da Previdência não afetar os militares – que possuem legislação própria sobre o regime de carreira – também gera discussões. Eles representam 30% do total de servidores públicos e estima-se que sejam responsáveis por mais de 44% do déficit da Previdência dos servidores da União. “Não há razão plausível, aceitável, que justifique que pessoas saudáveis, em plena capacidade laboral, se aposentem com proventos integrais aos 48 anos de idade, com remuneração superior à de sua patente, com expectativa de sobrevida de mais 30 anos”, opinou Júlio Marcelo de Oliveira. Também no entender de Paulo Tafner, a condição diferenciada dos militares precisa ser revista, mas ele lembra que somente eles podem mexer no próprio regime de carreira. O pesquisador do Ipea afirma que os militares estão dispostos a discutir uma idade mínima para a aposentadoria e a contribuir com a mesma alíquota dos servidores públicos. Atualmente, a alíquota previdenciária dos militares é de 7,5% do salário ante 11% dos civis. (Com informações de O Globo, G1, Reforma da Previdência, Consultor Jurídico e EBC)
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Novos ministros
O presidente Michel Temer deu posse na terça-feira, 7, a dois novos membros de seu governo: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que assume o Ministério das Relações Exteriores, em lugar do também senador tucano José Serra; e Osmar Serraglio (PMDB-PR), que comandará o Ministério da Justiça e Segurança Pública, após a saída de Alexandre de Moraes, que tomará posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 22. Osmar Serraglio assume em meio às tensões nas prisões do país, intensificadas desde o início do ano, que levaram o governo a anunciar um Plano Nacional de Segurança Pública. O novo ministro também garantiu que não vai interferir nos rumos da operação Lava Jato. Já Aloysio Nunes terá a missão de corresponder a todas as agendas internacionais junto às embaixadas estrangeiras no país e chefiará as delegações brasileiras no exterior. No Senado, o político do PSDB paulista será substituído por Airton Sandoval (PMDB-SP), que até o ano passado era chefe de gabinete do ex-prefeito de Franca (SP), Alexandre Ferreira (PSDB). Sandoval tornouse suplente de Nunes em 2010, após Orestes Quércia deixar a disputa eleitoral pelo Senado, para tratar de um câncer, que levaria à morte do ex-governador de São Paulo em dezembro daquele ano.
Caixa-dois da chapa Dilma-Temer
Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Curitiba (PR), no dia 1º, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou que fez a doação de R$ 150 milhões à chama Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014, como caixa-dois. Marcelo disse não ter certeza que Dilma ou Temer sabiam das negociações ou de qualquer “ilicitude das doações”. As informações prestadas pelo empresário podem motivar a cassação de Temer pelo TSE. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve demandar nas próximas semanas, ao Supremo Tribunal Federal, a abertura de novos inquéritos.
Hospitais com obras paradas
Desde o início da gestão de João Doria (PSDB) na Prefeitura de São Paulo, não houve repasse de recursos para a continuidade das obras dos hospitais municipais em construção na Vila Brasilândia, na zona Noroeste, e em Parelheiros, na zona Sul, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo, no dia 2. Juntos, os hospitais beneficiarão 2,2 milhões de pessoas que vivem nessas regiões da cidade. A atual gestão afirma que foi preciso restringir o orçamento municipal para honrar as despesas assumidas pelo governo Haddad (PT). O ex-prefeito contesta, e diz que deixou dinheiro em caixa para a conclusão das obras. (Fontes: CBN, Planalto, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo ) Colaborou Larissa Freitas
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Campanha da
Nayá Fernandes
nayafernandes@gmail.com
Apenas 7%! Da cobertura original do bioma Mata Atlântica só resta 7% em território brasileiro, de acordo com dados fornecidos por Raquel Pasinato, bióloga e coordenadora do Programa Vale do Ribeira, do Instituto Socioambiental (ISA). E, por falar em Vale do Ribeira, é justamente essa região que apresenta a maior preservação desse bioma (21% do total), configurando o mais importante corredor socioambiental da Mata Atlântica. “Por isso, a Unesco lhe conferiu o título de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Patrimônio Natural da Humanidade”, explicou Raquel em entrevista ao O SÃO PAULO. Isso aconteceu porque o Vale do Ribeira tem 45 Unidades de Conservação, que, somadas às terras indígenas e territórios quilombolas, contribuem para que a região seja o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil. “As Unidades de Conservação, criadas a partir da década de 1950, demonstram que ao longo dos séculos a ocupação do solo no Vale do Ribeira foi diferenciada do resto do Estado de São Paulo, o que resultou na conservação do bioma, paralelamente à existência de produção agrícola, comunidades rurais e municípios de pequena densidade demográfica”, recordou Raquel. A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros mais devastados pela urbanização, pois as maiores e mais densas cidades do país foram construídas nas áreas ocupadas por ele. A megalópole paulista é uma delas. Em relação à cidade de São Paulo, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) informou que os locais onde a Mata Atlântica está mais preservada, tanto em qualidade quanto em quantidade dos fragmentos dos
biomas brasileiros e defesa da vida
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diversos tipos de vegetação que a compõem, estão na zona sul da cidade, mais especificamente nas regiões das prefeituras regionais de Parelheiros e Capela do Socorro. Essa afirmação é resultado de estudos realizados no âmbito do Plano Municipal de Mata Atlântica (PMMA) e do mapeamento dos remanescentes de Mata Atlântica no território do município de São Paulo. “Na porção norte do município, temos uma significativa quantidade [de Mata Atlântica] e, no extremo da zona leste, pequenos fragmentos do bioma podem ser identificados. Já nas áreas centrais, a carência é latente, restando pequenos fragmentos, geralmente integrantes de parques e áreas verdes, especialmente praças. O mapeamento mostrou que 30,4% do território municipal está coberto por remanescentes do bioma Mata Atlântica”, afirmou a SVMA à reportagem.
Um vale mais que especial
São 12.256 km2 de vegetação original que ocupa, aproximadamente, 72% da área da Bacia do Ribeira. A Mata Atlântica, ali, permanece viva e é composta por diferentes categorias, entre elas a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Semidecídua. A Ombrófila Densa ou Floresta Pluvial é um tipo de floresta sempre verde, com árvores de até 40 metros de altura, vegetação arbustiva, onde podem ser vistas samambaias, arborescentes, bromélias e palmeiras. O termo ombrófila indica uma floresta úmida, onde as chuvas são sempre bem-vindas. Já a Ombrófila Mista, também chamada de Mata das Araucárias, caracteriza-se pela presença da Araucária (pinheiro-do-paraná), com clima quente e úmido, e inverno frio. Por fim, a Floresta Estacional Semidecídua contém duas estações climáticas bem demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período seco e uma vegetação com características de Mata Atlântica e
Onde encontrar Mata Atlântica na Metrópole? E se um paulista ou mesmo um visitante da metrópole quiser ir até um dos lugares onde ainda é possível conhecer o bioma Mata Atlântica? Onde ir? Parques Estaduais (Cantareira, Serra do Mar e Jaraguá); Parques Naturais Municipais (Cratera de Colônia, Fazenda do Carmo, Itaim, Bororé, Varginha e Jaceguava); Áreas de Proteção Ambiental Estaduais (Várzea do Rio Tietê, Parque e Fazenda do Carmo e Iguatemi) e Municipais (CapivariMonos e Bororé-Colônia); Reservas Particulares do Patrimônio Ambiental (RPPN), (Reserva Mutinga na zona Oeste, e a Curucutu, na zona sul); Terras indígenas Guarani (nas zonas oeste e sul do município). Com informações da SVMA
O maior rem contínuo de M do Brasil está
de Cerrado e plantas que perdem suas folhas dependendo da estação. Além disso, o Vale do Ribeira abriga ecossistemas de Restinga e Manguezais – que têm solo arenoso e vegetação rasteira, e também ecossistemas insulares e ambientes de cavernas. Segundo a Sociedade Brasileira de Espeleologia, a região tem 273 cavidades naturais cadastradas, sendo um dos maiores complexos de cavernas do Brasil. Para além do Vale, contudo, pouquíssimas regiões do Estado têm áreas com fragmentos de Mata No município de Pedro de Toledo (SP), circundado pela Mata At Atlântica. “O interior do Estado de São Paulo teve podem ser considerados como relictos uma ocupação e uso do solo voltados à do Bioma Cerrado. “Sua importância agricultura em larga escala, o que dizimou a floresta. Essas áreas degradadas está em abrigar uma das maiores biodiversidades do mundo. Mas hoje resta causam sérios problemas, como a falta apenas 1% dessa vegetação natural. Para de água, e afetam a regulação climática. piorar, essa área está sob ameaça, espePor exemplo, a crise de água na cidade cialmente pela pressão da expansão agríde São Paulo tem estreita relação com a cola”, considerou Raquel. degradação das florestas do Estado que ajudam a manter a produção de água dos Todos pela vida da Mata rios e nascentes. O Estado necessita urgente da restauração florestal do bioma”, O Instituto Sócio Ambiental, que atua afirmou a bióloga do ISA. na região do Vale do Ribeira há quase 20 São Paulo abriga também o Cerraanos, desenvolve projetos e apoia iniciado, que está presente principalmente no tivas que proporcionam o desenvolviCentro-Oeste paulista. Esses pequenos fragmentos com vegetação campestre
manescente Mata Atlântica em São Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO
políticas de restauração e de um coletivo de organizações, Mais Florestas Para São Paulo, que discute a aplicação da legislação ambiental no Estado e produz informações sobre a importância das florestas para São Paulo”, disseram ao semanário da Arquidiocese. Sobre as atividades para conservação do bioma na cidade, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente destacou a criação e gestão de parques e Unidades de Conservação na capital paulista. A Secretaria listou também tlântica, no Vale do Ribeira, o Bioma encontra-se ainda preservado uma série de atividades que vêm sendo realizamento da região sem degradar o bioma. das, uma vez que a legislação municipal Raquel descreveu algumas das ações que incorpora os fundamentos da legislação estão sendo feitas para que não se perca federal na intenção de preservação do esse pedaço de Mata Atlântica em São bioma Mata Atlântica. “Um exemplo Paulo. “Já atuamos em projetos de resdisto é o Plano Diretor Estratégico de tauração de matas ciliares na Bacia HiSão Paulo, Lei nº 16.050, de 2014, que drográfica do Ribeira, além de ações de cria vários planos ‘verdes’, relacionados desenvolvimento, com as comunidades à preservação do bioma. Dentre eles, locais que incluem o uso sustentável dos evidenciamos os Planos Municipais da recursos da Mata Atlântica. ParticipaMata Atlântica, de Arborização Urbana, mos do Pacto pela Restauração da Mata das Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres e de Serviços Ambientais.” Atlântica que reúne organizações da Outra linha de atuação da SVMA são sociedade civil, empresas e governos de as ações de fiscalização e educação amtodo bioma e trabalha para implementar
| Campanha da
biomas brasileiros e defesa da vida
biental por meio dos Planos de Manejo das Unidades de Conservação Municipais, com suas zonas de amortecimento e corredores ecológicos. Finalmente, o Fundo Municipal de Meio Ambiente (FEMA) tem financiado projetos de apoio à preservação e atividades sustentáveis, compatíveis com a preservação do bioma Mata Atlântica. “Contudo, os estudos também apontam que há muitas áreas ainda privadas que conservam remanescentes do bioma. Para mantê-las preservadas, é imprescindível utilizar estratégias de fomento à conservação em terras privadas, como a implementação do pagamento por serviços ambientais, do IPTU Verde, da transferência de potencial construtivo, dentre outros, além da criação de novas Unidades de Conservação”, explicou a SVMA.
Crescimento urbano
Embora existam todas essas ações de conservação do bioma, ele está sendo constantemente ameaçado pelo crescimento urbano e industrial. Raquel falou sobre um processo histórico que começou desde a chegada dos portugueses no Brasil. “A Mata Atlântica original ocupava toda costa litorânea do nosso País e foi pela costa que chegaram os estrangeiros. Podemos dizer que a destruição começou em 1500. Desde então, ela foi explorada. As maiores cidades brasileiras foram se formando e seus recursos foram se exaurindo até o limite. Muitas espécies de animais e plantas já estão extintos ou na lista de espécies ameaçadas, como a onça pintada e a palmeira juçara. As áreas litorâneas foram e ainda são alvo da especulação imobiliária. No Estado de São Paulo, especialmente no litoral Norte, há um processo histórico de ocupação humana que contribui para a degradação do bioma.” Sobre essa ocupação, a Secretaria
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complementou que, a partir dos estudos integrantes do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), em seu capítulo de definição de áreas prioritárias, foram realizados estudos na área ecológica da paisagem – área da Ecologia que estuda a estrutura, dinâmica e as funções de ecossistemas em ambientes naturais ou alterados pelo ser humano. Tais estudos utilizaram o conceito de efeito de borda, que considera as alterações estruturais, e mostraram que, dentre os usos do solo que mais impactam esse tipo de vegetação, está a expansão do uso residencial, em especial loteamentos irregulares, e os usos industriais, com destaque para a mineração.
Áreas de mananciais
Outra preocupação, que toca diretamente a população e precisa ser cuidadosamente analisada em São Paulo, é o crescimento urbano e a construção em áreas de mananciais, ou seja, fontes de água, superficiais ou subterrâneas, utilizadas para o abastecimento, como rios, lagos, represas e lençóis freáticos. A SVMA informou que existe um programa que se chama “Operação Defesa das Águas”, ao ser questionada sobre o que tem sido feito para frear o crescimento não planejado. “O programa reúne esforços da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente; de Serviços e Obras; de Segurança; de Habitação e das prefeituras regionais e do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria do Meio Ambiente. Os órgãos governamentais estão em tratativas para retomada do programa. Ao que cabe à SVMA, os Departamentos de Gestão Descentralizadas (DGDs) têm um mapeamento por região. Na cidade são dez DGDs e cada um fiscaliza uma determinada região. Esses departamentos têm um levantamento dos processos de todos os casos denunciados”, declarou a SVMA.
Fotos: Andrea Herrera/SOS Mata Atlântica – José Sabino/Fundação Grupo Boticário
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Igreja vai ao encontro das trabalhadoras domésticas Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geornazzo
osaopaulo@uol.com.br
Sensível às necessidades específicas da cidade, paróquias e instituições católicas de São Paulo desenvolvem serviços pastorais em diferentes áreas de atuação. Dentre esses, existem iniciativas junto aos trabalhadores domésticos. Paróquias e congregações religiosas se dedicam ao acompanhamento, acolhida, formação desses profissionais, especialmente como facilitadoras para a obtenção de empregos. Com o passar dos anos e com as conquistas obtidas, o perfil dessa categoria tem se modificado e a atuação pastoral também tem se inovado para corresponder a essas demandas.
obra Santa Zita
Fundada em 1950, no bairro de Higienópolis, zona Oeste de São Paulo, a Congregação das Irmãs de Santa Zita, padroeira das domésticas, nasceu com o objetivo de acompanhar as muitas empregadas domésticas que trabalhavam no bairro. Na ocasião, a fundadora da Congregação, Madre Maria Amélia de Andrade Reis, adquiriu uma casa para acolher as moças que, em sua maioria, vinham de fora da cidade para trabalhar como domésticas. Na Obra Santa Zita, também era oferecida formação, alfabetização, Catequese, além de atendimento médico. “Hoje nós continuamos o trabalho de alfabetização iniciado pela Fundadora e oferecemos outros cursos específicos”, explicou Irmã Maria Rodrigues Costa, uma das religiosas da Congregação. As religiosas também oferecem um trabalho de recolocação no mercado de trabalho. “Funciona como uma espécie de agência de empregos. Fazemos o cadastro de pessoas que buscam emprego e à medida em que aparecem oportunidades nós as encaminhamos”, acrescentou a irmã.
Na Paróquia
A Paróquia Santa Teresa de Jesus, no Itaim Bibi, zona Sudoeste, realiza um trabalho semelhante ao das Irmãs de Santa Zita. Há mais de 20 anos, ela é uma referência para os trabalhadores domésticos em busca de emprego e pessoas que estão à procura desses profissionais. O serviço é coordenado pela voluntária Maria Augusta Meirelles Bruschini, 63, que todas as terças-feiras acolhe empregadoras e domésticas que são cadastradas e lá mesmo realizam as entrevistas (leia mais na página 15). Foi por meio do serviço da Paróquia Santa Teresa de Jesus que Maria Inês de Souza e Silva, 61, contratou uma empregada doméstica mensalista que trabalhou em sua casa por oito anos. “Ela
Na Paróquia Santa Teresa de Jesus, candidatas são atendidas por voluntárias e encaminhadas para entrevistas com possíveis empregadoras
só foi embora porque teve que retornar para sua terra natal por motivos pessoais”, contou. A atual funcionária de sua casa também foi contratada por meio da Paróquia. Ela já recorreu várias vezes ao serviço para contratações de empregadas para serviços específicos, como uma faxina ou para passar roupa. “Encontrar alguém para trabalhar na sua casa não é algo fácil. É preciso pesquisar, verificar referências, conversar. A Paróquia se tornou uma referência para essa necessidade”, acrescentou Maria Inês. Rosana Alves de Oliveira, 28, está empregada há pouco mais de um ano também por meio do serviço paroquial. Ela trabalha quatro dias da semana em uma casa como mensalista e um dia como diarista em outra. Para ela, o diferencial do serviço é justamente a oportunidade de conversar com a contratante no mesmo dia. “Nas agências de emprego é mais difícil ter acesso direto à empregadora. Tem que ir várias vezes até marcar a entrevista. Na Paróquia, a entrevista é feita no mesmo dia”, afirmou.
PEC das domésticas
De acordo com a pesquisa sobre inserção das mulheres no mercado de trabalho, do Ministério do Trabalho e Previdência Social e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2016, nas moradias das classes média e alta, a realização do trabalho doméstico é quase exclusivamente feminina: 92% dos empregados domésticos são mulheres, e essa é a ocupação de 5,9 milhões de brasileiras. É considerado empregado ou trabalhador doméstico aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial, como é o caso de faxineiras, cozinheiras diaris-
tas, mensalistas, porteiros, jardineiros, caseiros, entre outros. Uma das conquistas significativas para a categoria foi obtida em 2015, com a regulamentação de proposta de emenda constitucional popularmente chamada de PEC das Domésticas. Dentre os benefícios, estão a concessão de intervalo de almoço, adicional noturno, redução da carga horária aos sábados e, principalmente, o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As Irmãs de Santa Zita reconhecem a importância da PEC das Domésticas como uma conquista, mas ponderam que a legislação beneficiará mais quem está entrando nesse mercado. “Quem já trabalha há muito tempo, acabou sendo dispensada por conta dos inúmeros encargos”, avaliou Irmã Maria. Ela, no entanto, ressalta que os empregadores concordam com a garantia dos direitos trabalhistas, mas diante de fatores como a crise, tem ficado difícil manter essas vagas. Para a empregadora Maria Inês, o maior impacto sobre o mercado de trabalho doméstico se dá pelo desemprego generalizado, fruto da crise pela qual o país passa, e não pelos encargos trabalhistas. “Na última vez que fui à Paróquia em busca de uma profissional, percebi que havia muitas candidatas que, por conta da crise e do desemprego, se submetem a fazer serviços que, quando o mercado melhorar, certamente elas não continuarão”, disse. A Obra Santa Zita promoveu algumas palestras de conscientização e para tirar dúvidas sobre os direitos e deveres dos empregados domésticos.
Desemprego
Em 2016, a Obra Santa Zita atendeu 895 pessoas desempregadas. Em com-
pensação, somente 86 pessoas foram contratadas. A desproporção entre e oferta e procura é semelhante na Paróquia Santa Teresa de Jesus. Nesses serviços oferecidos pela Igreja, também é possível perceber que a maioria das domésticas em busca de emprego estão acima de 40 anos. “Vêm muito poucas jovens em busca de trabalhos domésticos. A maioria são senhoras, muitas delas já aposentadas que trabalharam muito tempo e estão desempregadas. Mas também aparecem pessoas que nunca trabalharam como domésticas e que, diante da crise, buscam uma alternativa”, contou Irmã Maria.
Alternativas
Por isso, há uma preocupação em oferecer oportunidades para que as domésticas possam se reposicionar no mercado de trabalho. As Irmãs de Santa Zita, por exemplo, iniciarão em 2017 um projeto de capacitação profissional para diferentes áreas, em vista de oferecer novas oportunidades de trabalho para as candidatas. Dentre os cursos que serão oferecidos estão a inclusão digital, padaria e o cuidado de idosos. Casada e com dois filhos, Rosana, ao contrário de muitas jovens que são empregadas domésticas, pretende continuar na área. “Eu gosto de cozinhar especialmente em casa de família. Quero fazer um curso de culinária e ter mais oportunidades de trabalho”.
Informações
Casa Santa Zita Telefone: (11) 3666-9474 Paróquia Santa Teresa de Jesus Telefone: (11) 3168-8323
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Maria Augusta Meirelles Bruschini fala sobre a dificuldade das trabalhadoras domésticas em encontrar emprego Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
osãopaulo@uol.com
Em tempos de “cultura do encontro”, o jornal O SÃO PAULO conversou com a voluntária Maria Augusta Meirelles Bruschini, 63, que nos últimos 20 anos tem se dedicado a um serviço especial na Paróquia Santa Teresa de Jesus, no Itaim Bibi, na zona Sudoeste de São Paulo. Todas as semanas ela promove o encontro entre pessoas que estão procurando trabalho em residências como domésticas com possíveis empregadores. Nesta entrevista, ela aponta as mudanças que essa área tem sofrido nos últimos anos e os desafios para a qualificação profissional. Confira.
O SÃO PAULO – Como a senhora começou esse trabalho junto às domésticas? Maria Augusta Meirelles Bruschini – Eu morava perto da Paróquia Santa Teresa de Jesus. Lá havia uma senhora que ficava sozinha, uma vez por semana, recebendo domésticas para serem entrevistadas por pessoas interessadas em contratá-las. Era algo bem simples. Diante de sua dificuldade de ir todas as semanas, me interessei em auxiliar. Com o tempo, eu fui assumindo cada vez mais esse serviço; e já estou nele há aproximadamente 20 anos. Isso foi crescendo, e hoje contamos com mais sete voluntárias. Mas, antes de tudo, preciso dizer que há muito tempo eu tenho testemunhado o quanto o trabalho é importante não só para subsistência das pessoas, mas para sua própria autoestima. Eu trabalhei muitos anos em um orfanato que acolhia crianças cujas famílias não tinham condições de criar. Acompanhando o processo de retorno das crianças aos lares, eu percebia que a maioria das vezes que essas crianças podiam voltar para casa era quando suas mães conseguiam emprego. Via a alegria daquelas crianças, por suas mães terem condições em criá-las por causa de um trabalho. Como é realizado o serviço? Nosso objetivo é ajudar as pessoas que estão buscando uma colocação em serviços domésticos a encontrar um emprego, colocando-as em contato com possíveis empregadores. É um trabalho de mediação. Todas as terças-feiras, pela manhã, recebemos candidatas e candidatos em busca de uma vaga e pessoas interessadas em contratá-los. É feito um cadastro de cada candidata ou candidato, com informações básicas, especificações de
por exemplo, o telemarketing. Acredito que daqui para frente ficará cada vez mais difícil arrumar domésticas jovens. Muitas delas trabalharam a vida inteira como domésticas, perderam o emprego e não conseguem se reposicionar no mercado. E a maioria das empregadoras não quer contratá -las justamente pelas limitações que a idade traz para esse tipo de trabalho. Embora haja a necessidade cada vez maior de profissionalismo, a senhora acredita que um certo vínculo pessoal entre empregadora e empregada é importante? Sim, é preciso que haja uma empatia. Afinal, é a pessoa que vai trabalhar dentro da sua casa, lidar com sua família. Hoje esse vínculo é cada vez menor, o que provoca maior rotatividade... Mas, por outro lado, a relação mais profissional traz mais segurança para as duas partes.
trabalho e a indicação de referências de empregos anteriores. Dos empregadores, nós colhemos informações sobre o perfil de profissional que estão procurando, e, então, colocamos um em contato com o outro. Nosso trabalho é totalmente voluntário e não é cobrada nenhuma taxa. Quais os perfis de profissionais que costumam receber? Há muitos cuidadores, diaristas, babás, acompanhantes, algumas cozinheiras, mensalistas, alguns motoristas e, em número menor, caseiros. Temos, ainda, um cadastro de profissionais com alguma especialidade, como, por exemplo, em enfermagem, cuidados de bebê recém-nascidos, cabelereira, pessoas com disponibilidade para viajar ou dormir no serviço. Temos mais de mil fichas de profissionais. Mas reconheço que, das 80 pessoas que recebemos por semana, metade têm qualificações para um trabalho imediato. Faltam oportunidades para qualificação profissional nessa área? Exatamente. A formação ainda é muito precária. Há muitas candidatas que, por exemplo, não sabem cozinhar. Por isso, nós oferecemos formações básicas e também específicas para dar mais qualificações a elas. Mas nem sempre há adesão, seja por falta de interesse, ou mesmo por dificuldades de tempo. Temos que entender que muitas delas têm uma vida muito difícil. Acordam muito cedo para se
deslocarem para o trabalho. Chegam tarde em casa... Recentemente, nós oferecemos um curso para cuidadores de idosos, que teve grande aceitação. Porém, faltam pessoas para contratar esses profissionais. A desproporção entre oferta e procura é grande. No passado, recebíamos uma média diária de 20 empregadoras. Hoje, há dias em que recebemos cinco ou seis. A que se deve essa diminuição da oferta? Em primeiro lugar à crise que afeta todos os lares. A nova legislação trabalhista também, de certa forma, aumentou os encargos para a contratação. As empregadoras, em geral, reconhecem a importância da contratação formal das empregadas, mas, diante da crise, nem sempre conseguem arcar com os custos. Por isso, optam, por exemplo, por diaristas. Por outro lado, há situações de domésticas que pedem para não ter registro em carteira, geralmente porque participam de algum programa social, e temem perdê-lo. Isso dificulta a contratação. Há ainda uma mudança cultural. Primeiro, porque as famílias diminuíram muito e não há mais tanta demanda. Depois, ao contrário do passado em que uma doméstica ficava décadas trabalhando na mesma casa, hoje, permanecer por dois anos já é muito. Qual é a faixa etária média das candidatas? Hoje a maioria é da terceira idade. A nova geração tem procurado outras áreas no mercado de trabalho, como,
Vocês recebem algum retorno das empregadoras ou domésticas quando há problemas? Sim. Há casos de empregadores que entram em contato conosco para informar que tiveram dificuldades com a pessoa contratada, mas há queixas também por parte das empregadas em relação a seus empregadores, ou porque não as tratam com respeito, ou porque não pagaram corretamente. Nos dois casos, anotamos e levamos em conta as reclamações. Mas, considerando a quantidade de pessoas que já atendemos, tivemos muito poucos problemas. São muitas as pessoas que voltam para agradecer, tanto aquelas que foram empregadas quanto os empregadores, pela indicação que receberam. Para senhora, o que significa promover essa ponte entre empregadores e empregados? É o pouco que posso fazer para ajudar o próximo, uma missão. Eu sinto o quanto o trabalho é importante para o ser humano, para a construção de uma família... Eu já vi o sofrimento de muitas pessoas por não conseguirem trabalho, pessoas que dizem: “Pelo amor de Deus, eu não posso sair hoje daqui sem um emprego!” Por outro lado, quão grande é alegria delas quando conseguem emprego! Eu percebo ainda que muitas não vão só em busca de uma oportunidade de trabalho, mas também de trocar experiências, conviver. Promover esse encontro me dá uma satisfação muito grande.
As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
16 | Esporte/Fé e Cultura |
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Do altar às quatro linhas: tem início a Clericus Cup em Roma Clericus Cup
‘A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana. Às vezes, num córner (escanteio) mal ou bem batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural’ (Nelson Rodrigues, amante do futebol e verdadeiro craque com a caneta nas mãos) Vítor Alves Loscalzo
REGRAS
s jogos são disputados em dois O tempos de 30 minutos; Existe um cartão azul que, quando aplicado, retira o jogador de campo por cinco minutos; Cada equipe pode inscrever, no máximo, 24 atletas e há um limite de 20 jogadores que podem entrar em campo ao longo da partida; São permitidas cinco substituições por equipe em cada jogo; No caso de empate na fase de grupos, há disputa de pênaltis; O vencedor leva dois pontos e o perdedor um; Fair Play é o segundo critério de desempate para definir a classificação na fase de grupos.
Time do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, tentará conquistar a Clericus Cup pela primeira vez
Especial para O SÃO PAULO
Teve início em Roma, no domingo, 5, a Clericus Cup, um campeonato mundial de futebol disputado por seminaristas e sacerdotes de todas as partes do mundo que estudam na Cidade Eterna. O torneio, criado durante o pontificado de Bento XVI, é organizado pelo Centro Esportivo Italiano (CSI) e as disputas são realizadas no Colégio San Pietro, a poucos passos do Vaticano. Chegada à 11ª edição, a “Copa do Mundo eclesial” reúne grande diversidade de jogadores de quatro continentes diferentes, revelando a natureza universal, não apenas do futebol, mas também da Igreja Católica. O Padre Ricardo Anacleto, zagueiro do time brasileiro, destaca os sentidos es-
portivo e vocacional do torneio: “O evento promove a cultura esportiva em âmbito eclesial e social, vivendo os valores do Evangelho dentro do esporte. Há também um importante sentido vocacional, pois participam dos times seminaristas e padres dos vários colégios de Roma”. As 18 equipes são divididas em quatro grupos: dois com cinco equipes e dois com quatro. Os dois primeiros de cada grupo irão participar da fase eliminatória, com a final marcada para o dia 27 de maio. Entre os favoritos está o Colégio Pio Brasileiro, que conta com padres de todas as regiões do Brasil. O Colégio Pio Brasileiro tem o segundo maior time da competição, com 26 jogadores. Apesar da tradição brasileira dentro das quatro linhas, o colégio nun-
ca levantou o caneco. Sob o comando do capitão e goleiro Padre Carlos Gomes, da Arquidiocese de Goiânia, o time vem se preparando com seriedade, treinando de duas a três vezes na semana. Padre Ricardo Anacleto revela uma vantagem: “Nosso capitão foi goleiro profissional, jogou no Goiás...então, nós contamos com alguém experiente”.
Mettiamoci in gioco!
Este é o tema (vamos jogar!) da 11ª edição, proposto pelo Papa Francisco, fazendo analogia entre o esporte e a prática da fé, a vida cristã e a vida desportiva. A exemplo da fé, no esporte também deve haver retidão e seriedade, “buscando interação e altruísmo com o próximo, e, claro, a alegria de viver na fraternidade”, disse o
Padre Ricardo. O Sacerdote lembrou que é vontade do Papa que a Igreja esteja presente nas mais diversas realidades humanas e anuncie o Evangelho dentro e fora de campo.
Homenagem
Uma das equipes do torneio prestará homenagem ao time catarinense de Chapecó, jogando com as cores da Chapecoense.
Fé e Cultura Filipe David
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Dica de Leitura
Direção espiritual hoje Roteiro prático “Este livro do Padre Aury é muito oportuno para a redescoberta, na comunidade cristã, da direção espiritual e do aconselhamento espiritual”, diz o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, no prefácio. Padre Aury Maria faz uma síntese dos aspectos mais importantes da ascética e mística católica que vêm, ao longo da história, alimentando vigorosamente
a vida espiritual das almas devotas do mundo todo. Mais do que uma especulação, o livro orienta e indica uma série de práticas tanto para dirigentes espirituais quanto para dirigidos. Ficha técnica: Autor: Padre Aury Maria Azélio Bruneti Páginas: 96 Editora: Ecclesiae
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Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Pessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119
Filmes
A Canção de Bernadette (1943)
Divulgação
Entre fevereiro e julho de 1858, uma jovem camponesa no sul da França viu, por diversas vezes, a Virgem Maria, que lhe pediu para rezar pelos pecadores e fazer penitência. Como sinal miraculoso da aparição, uma fonte de água surgiu no local e muitos doentes que entraram em contato com a água foram curados de forma inexplicável pela medicina. A cidade se tornou conhecida, e do mundo inteiro peregrinos vão até lá para rezar e pedir aquilo de que precisam à Virgem Maria, ainda hoje, quase 160 anos depois. A jovem camponesa era Santa Bernadette e a cidade que se tornou mundialmente famosa é Lourdes. Um filme sobre a sua história está disponível na internet. Trata-se de “A Canção de Bernadette”, feito em 1943. Ele conta toda a história da Santa, desde a primeira aparição, quando Bernadette foi procurar lenha com sua irmã e uma amiga, passando por toda a oposição das autoridades locais e da reticência das autoridades da Igreja – que nesses casos é extremamente cautelosa para se certificar da autenticidade da visão – até a entrada de Bernadette na vida religiosa e sua morte – ainda jovem, devido a uma doença implacável – em odor de santidade. Uma excelente escolha de filme para ver durante este tempo de Quaresma.
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Sé Dom Odilo dedica templo e abençoa altar no bairro da Ponte Pequena
Padre Fernando Clemente, Irmã Sônia Maria Martins e Lucas Santos Colaboração especial para a Região
Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas
Cardeal Odilo Pedro Scherer durante rito de bênção do altar
No domingo, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, dedicou o templo e abençoou o novo altar da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, no Setor Pastoral Bom Retiro, no bairro da Ponte Pequena. Construída na década de 1950, a igreja sempre foi um referencial para todos os que querem rezar pelos seus falecidos, especialmente às segundas-feiras, e por isso se tornou popularmente conhecida como “Santuário das Almas”, tendo intenso fluxo de fiéis, especialmente no Dia de Finados, em 2 de novembro. Passados tantos anos, nunca foi celebrado o rito de dedicação do templo, conforme se verificou previamente no livro-tombo da Paróquia. Assim, o Cardeal lá esteve no último domingo para conduzir a dedicação e abençoar o novo altar. Dom Odilo destacou que, se por um lado honra-
va-se com aquela dedicação o templo de pedra, todos também são convidados a ser pedras vivas na Igreja de Cristo, cujo alicerce é o próprio Senhor. Na mesma celebração, também foram apresentados os novos padres que estarão à frente dos trabalhos da Paróquia: Fernando Clemente Santos, administrador paroquial, e Ailton Rodrigues Damasceno, vigário paroquial, ambos pertencentes à Congregação dos Missionários do Sagrado Coração. Padre Fernando foi ordenado em 19 de setembro de 2015 e trabalhou recentemente em Quito, no Equador. Já o Padre Ailton, ordenado em 10 de agosto de 2013, atuava na formação de religiosos, em São Luís (MA). Ao final, Padre Fernando dirigiu aos fiéis algumas palavras de agradecimento pela presença de todos e convidou os paroquianos a permanecerem firmes no seguimento a Cristo. Terminada a missa, houve uma pequena acolhida aos que participaram da missa.
CF 2017 é tema de destaque no Fórum das Pastorais Sociais O Fórum das Pastorais Sociais da Região Episcopal Sé esteve reunido na quinta-feira, 2, no Núcleo Sé da Cáritas, no bairro do Bom Retiro. Participaram representantes das pastorais da Criança, Menor, Mulher Marginalizada, Migrante, Afro e Moradia, além do Centro Gaspar Garcia de Direi-
tos Humanos, novas comunidades, Rede Rua, Creche Dom Gastão, Creche Sagrado Coração de Jesus, Creche Quintal da Criança e Núcleo Sé da Cáritas, além de famílias assistidas. Irmã Sônia Maria Martins, assistente social da Cáritas na Região Sé, acolheu os participantes, e em seguida os convi-
Padre Amilton toma posse na Paróquia São Paulo da Cruz Aos 54 anos, o Padre Amilton Manoel da Silva, CP, tomou posse como pároco da Paróquia São Paulo da Cruz (Igreja do Calvário), no Setor Pastoral Pinheiros, no domingo, 5, em missa presidida pelo Padre Aparecido Silva, vigário geraladjunto da Região Sé. Nascido em 2 de março de 1963, em Osvaldo Cruz (SP), Padre Amilton pertence à Congregação da Paixão de Jesus Cristo (passionistas). Ele cursou Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Teologia no Instituto Teológico São Paulo (Itesp), em São Paulo. Fez a
dou para um momento de oração. Padre José Enes de Jesus, coordenador regional de pastoral, falou da importância do cuidado com a casa comum e destacou o texto-base da Campanha da Fraternidade, pensado pelo método ver, julgar e agir. Na sequência, os participantes parti-
lharam reflexões sobre a temática da CF 2017 e foram feitas três sugestões como gesto concreto na campanha: Mapeamento das escolas, para ver a possibilidade de um trabalho mais efetivo sobre a CF; organização de um plano piloto/ planejamento para trabalhar nas escolas; e coleta seletiva e reciclagem.
Padre Antonio Carlos assume a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora Lucas Telles
sua profissão religiosa em 1997 e foi ordenado presbítero em 2000, em Osvaldo Cruz (SP). Desde 2012, Padre Amilton é superior provincial da Província do Calvário, cuja sede está localizada junto à Paróquia São Paulo da Cruz. Ele também é orientador de exercícios espirituais e assessor de cursos para a vida religiosa consagrada e formação de lideranças leigas; possui pósgraduação em Espiritualidade, Formação Humana, Liturgia e Parapsicologia. (Com informações da Paróquia São Paulo da Cruz – Calvário) Paróquia São Paulo da Cruz
Padre Antonio Carlos Galhardo com Dom Eduardo Vieira dos Santos durante sua missa de posse
Padre Amilton Manoel da Silva durante posse como pároco da Paróquia São Paulo da Cruz
Em 26 de fevereiro, o Padre Antonio Carlos Galhardo, SDB, tomou posse como pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, do Setor Pastoral Bom Retiro, em celebração eucarística presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. Padre Antonio Carlos Galhardo é natural de Piracicaba (SP). Ele professou votos na Congregação Salesiana em 1972 e foi ordenado sacerdote por São João
Paulo II, em 1980, no estádio do Maracanã, quando o Pontífice visitou o Brasil pela primeira vez. O Sacerdote fez seus estudos de Filosofia, em Lorena (SP), na Faculdade Salesiana, e de Teologia no Instituto Salesiano Pio XI. Estudou também em Roma, na Universidade Pontifícia Salesiana. Ao longo de sua vida sacerdotal, trabalhou na formação dos salesianos e na direção de colégios. (Com informações da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora)
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Brasilândia Momento celebrativo marca a abertura da Campanha da Fraternidade Juçara Terezinha, Jorge Vicente e Nilson Silva Colaboração especial para a Região
Convocada pelo tema da CF 2017 “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida” e pelo lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15), a Região Episcopal Brasilândia realizou na tarde do domingo, 5, na Pró-Paróquia Santo Agostinho, no Setor Pastoral Perus, o encontro celebrativo da Campanha da Fraternidade deste ano, com a presença de leigos, padres, diáconos, religiosos e religiosas de todos os setores pastorais. Mesmo com a chuva forte que caiu sobre a região durante quase toda a tarde, o povo não se intimidou. Aos poucos, as caravanas foram chegando com guardachuvas e capas de chuva, animadas e com fé. A acolhida dos setores da Região, com suas bandeiras e cores, empolgou a todos Um momento marcante do encontro foi a apresentação das características e símbolos dos biomas brasileiros. Um cesto de açaí representou a Amazônia, onde vivem 1/3 das espécies que existem na no planeta. Nesse bioma também está a maior bacia hidrográfica do mundo. Um cacto simbolizou a Caatinga, onde o clima ensolarado potencializa a geração de energia solar e o cultivo de frutas saborosas.
Antonio Domicini Filho
Dom Devair Araújo da Fonseca abençoa participantes da abertura da Campanha da Fraternidade de 2017 na Região Episcopal Brasilândia
Representando o Cerrado, foi levada uma cesta de pequis. Nesse bioma, o solo é avermelhado e o povo convive com uma vasta biodiversidade. Uma rede de pescador fez referência ao Pantanal, uma das maiores extensões úmidas contínuas do mundo. Um ecossistema que mantém boa parte da sua cobertura vegetal nativa,
responsável pela permanência de espécies que em outros biomas estão em extinção. O peão com o chimarrão foi o símbolo escolhido para representar o Pampa, patrimônio cultural associado à biodiversidade, onde encontra-se grande parte do aquífero Guarani. A bromélia, típica da Mata Atlântica,
representou a rica biodiversidade de um dos biomas mais ameaçados do planeta. O encontro foi finalizado, em meio à chuva, com a bênção de Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, que motivou a todos para agradecer a Deus pela chuva e assumir o compromisso de cuidar melhor da criação.
Nilson Silva
Carlos Augusto Lozano
Na sexta-feira, 3, em missa presidida por Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, o Padre Gleidson Luís de Sousa tomou posse como pároco da Paróquia Bom Pastor, pelo período de seis anos. Na ocasião, o Diácono Hernandes Alves da Silva Junior foi provisionado como assistente pastoral.
Na manhã do domingo, 5, Dom Devair Araújo da Fonseca, em missa na Paróquia São Luís Gonzaga, na Vila Pereira Barreto, deu posse ao Padre Roberto Carlos de Queiroz Moura, como pároco, pelo período de seis anos, e fez a apresentação do Padre Bruno Muta Vivas, como vigário paroquial.
Neco Silva
Josino Bentes
Dom Devair deu posse ao Padre Gilberto dos Santos Martins (1º à esq.) como pároco da Paróquia Santa Terezinha, na Vila Terezinha, no sábado, 4. Na imagem, o Bispo e o Padre aparecem ao lado do Padre Jaime Izidoro, antes da missa de posse.
Na noite do domingo, 5, Dom Devair Araújo da Fonseca presidiu missa na Paróquia Bom Jesus dos Passos, durante a qual deu posse ao Padre Airton Pereira Bueno, como pároco, para o período de seis anos.
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Peterson Prates
Colaborador de comunicação da Região
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Belém
Padre Abério Christe assume Paróquia Santa Clara O Padre Abério Christe assumiu, na noite do sábado, 4, o ofício de pároco na Paróquia Santa Clara, no Setor Pastoral Guarani. A celebração de posse canônica foi presidida por Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Belém. A Paróquia estava vacante há aproximadamente 80 dias, desde que o antigo pároco, Padre João Batista Dinamarques, assumiu a Paróquia Divino Espírito Santo, no Setor Sapopemba, a qual por mais de 30 anos foi confiada à Congregação do Espírito Santo e, no fim de 2016, foi entregue aos cuidados Arquidiocese. Padre Abério não assumia encargos paroquiais há dez anos. Ele já trabalhou como vice-reitor do Seminário Arquidiocesano e em paróquias da Região Belém. Ele também atua, há 18 anos, na rádio 9 de Julho, na apresentação do programa “Em Sintonia com a Fé”. Dom Luiz Carlos, na homilia, falou sobre a dificuldade de pessoas que assumam os trabalhos pastorais nas comunidades, e lembrou da necessidade cada
Peterson Prates
Dom Luiz Carlos, bispo auxiliar na Região Belém, entrega as chaves da Paróquia Santa Clara ao Padre Abério Christe durante posse canônica
vez maior de agentes “para trabalhar como ministro, catequista, para evangelizar”. O Bispo destacou, ainda, que muitas vezes as pessoas são tentadas a viver para si próprias, sem pensar em trabalhar em prol do outro e da comunidade. Durante o rito de posse, Padre Abério abriu simbolicamente as portas da igreja
e recebeu as chaves do templo e do sacrário, além dos santos óleos e da água, que despejou na pia batismal. Também lhe foi entregue a estola roxa, simbolizando o atendimento aos fiéis para o sacramento da Confissão. O Sacerdote realizou, ainda, um breve momento de adoração, proferiu o juramento de fidelidade
à Igreja, fez a renovação das promessas sacerdotais e a profissão de fé frente o Bispo e toda a comunidade paroquial. “Na minha caminhada dos últimos tempos, estava faltando essa experiência que começa agora, aqui na Santa Clara”, disse Padre Abério, revelando certo “frio na barriga” com a nova empreitada.
Para vivenciar a ‘Comunidade de Comunidades’ A coordenação pastoral da Região Belém realizou, no sábado, 4, um encontro sobre a urgência “Comunidade de Comunidades”, do projeto de evangelização da Arquidiocese de São Paulo. Participaram aproximadamente 150 representantes de Conselhos Paroquiais de Pastoral (CPPs). Dom Luiz Carlos Dias, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, reforçou, junto ao coordenador regional de pastoral, Padre Marcelo Maróstica, a importância da existência dos CPPs para o fortalecimento das comunidades paroquiais. Padre Marcelo apresentou a todos as Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora para a Igreja no Brasil (DGAE) 2015-2019 e o documento 100 da CNBB, “Comunidades de Comunidades: uma
nova paróquia”. Segundo o Padre, este último documento tem como foco “ajudar a criar nas nossas lideranças a consciência que a missão também é na sociedade”, disse, citando, ainda, o documento da Conferência Episcopal Latino-americana de Puebla, que recorda que os “leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja”. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer melhor o Projeto Pastoral de 2017 e o 12º Plano de Pastoral Arquidiocesano de Pastoral, com vigência de 2017 a 2020. A carta pastoral “Viva a mãe de Deus e nossa!”, escrita pelo Cardeal Scherer, sobre o Ano Mariano Nacional, também foi entregue a todos. “O CPP precisa aprender a pensar como um todo. Não é só a Catequese ou
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Dom Luiz Carlos conduz encontro com representantes de Conselhos Paroquiais de Pastoral
só a missão, é o todo”, expressou Dom Luiz Carlos, ao enfatizar que as comunidades devem pensar a paróquia e a pas-
toral conjuntamente, não segmentá-las de acordo com as preferências de carismas.
Carlos Henrique Pazin
Em 25 de fevereiro, aconteceu no Centro Pastoral São José a reunião de abertura das atividades do ano dos grupos da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, na Região Belém. Na ocasião, os 30 participantes estudaram a Carta Pastoral “Viva a Mãe de Deus e nossa!”, sobre o Ano Mariano Nacional, escrita pelo Cardeal Scherer.
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Santana Assembleia regional trata do 12º Plano Arquidiocesano de Pastoral
Diácono Francisco Gonçalves
Colaborador de comunicação da Região
No sábado, 4, no Colégio Luiza de Marilac, a Região Episcopal Santana realizou sua assembleia regional, tendo como tema “Urgências da Evangelização da Cidade - 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo”. Padre Andrés Marengo, coordenador regional de pastoral, após abertura da assembleia feita por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, discorreu sobre o 12º Plano de Pastoral e fez um resumo das proposições realizadas nas diversas assembleias paroquiais e setoriais que aconteceram ao longo de 2016. Na ocasião, os representantes dos nove setores pastorais refletiram sobre duas perguntas: “A fé é transmitida na família e através de uma Catequese permanente?”; e “Que passos vamos dar para que de fato nossa casa se torne casa de iniciação à vida cristã, para poder transmitir a fé em nossas famílias e às pessoas que chegam
Diácono Francisco Gonçalves
Dom Sergio de Deus Borges fala aos participantes da Assembleia Regional sobre o 12º Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, dia 4
à comunidade pela ação missionária?” Detectados os problemas, foram sugeridas formações com preocupação voltada para a qualidade e não para a quantidade, já que a fé não está sendo transmitida, porque as famílias estão desestruturadas. Daí que o grande desafio é uma Catequese permanente e eficaz. Por outro lado, deve ser incentivado o amor por Jesus Cristo, pois toda
mudança deve estar fundamentada em uma sólida espiritualidade. Foi salientada a importância da acolhida, que deve ser realizada por todas pastorais. Dom Sergio recordou que o Papa emérito Bento XVI convida todos a uma acolhida afetiva e efetiva. Não é só o afeto, mas acreditar novamente que a comunidade paroquial é um lugar de fé. Segundo ele, os padres e o povo devem acreditar que ali
é lugar especial de viver e crescer na fé. O Bispo salientou que é importante que todas as pastorais façam seus projetos de pastoral alicerçado em três pontos: querigma, Catequese e homilia. Na conclusão da assembleia, ficou decidido que será criada uma comissão para formular ações a fim de tornar as comunidades e casas ambientes de iniciação à vida cristã.
Padre Chapron: 25 anos de sacerdócio dedicado a Deus O Padre José Chapron presidiu missa em comemoração a seus 25 anos de vida sacerdotal, em 12 de fevereiro, na Paróquia Santa Luzia, no Setor Pastoral Santana, concelebrada por Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região, e por outros padres.
Nascido em Recife (PE), em 8 de março de 1963, em uma família composta por quatro irmãos, desde cedo ele serviu a Igreja como coroinha em uma paróquia da cidade e sentiu o despertar de sua vocação sacerdotal, amadurecida com o passar do tempo
e com o testemunho de dedicação e fidelidade ao serviço do povo de Deus e da Igreja vivido pelo padre daquela igreja. Entrando para o seminário, veio para São Paulo, onde foi ordenado padre em 15 de fevereiro de 1992, na Paróquia
Sant’Ana. Sua atuação sacerdotal se deu nas seguintes comunidades/paróquias: São Roque, Nossa Senhora Aparecida e São Matias, São Gabriel da Virgem Dolorosa, São Luís Gonzaga do Jaçanã, Capela São Judas e Santa Luzia, onde é atualmente pároco.
Paróquia Santa Luzia Diácono Francisco Gonçalves
Padre Chapron, ladeado por Dom Sergio e padres, comemora 25 anos de vida sacerdotal Marta Sionti Costa
O lançamento da Campanha da Fraternidade de 2017 na Região Episcopal Santana ocorreu com missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges, na Paróquia Sant’Ana, no sábado, 4, com a presença do coordenador regional da CF, Frei Guilherme Anselmo. Diácono Francisco Gonçalves
Nos dias 3 e 4, os membros da Cruz Vermelha, Elisabete Santos e Maria Inês Leandro, o Diácono Márcio Ribeiro, pela Cáritas, e Marta e Lincoln Costa, casal coordenador da Pastoral Familiar da Paróquia Nossa Senhora do Loreto, no Setor Pastoral Medeiros, se uniram para ajudar a Comunidade do Coruja, no bairro da Vila Guilherme, que foi destruída parcialmente por um incêndio em 23 de fevereiro. Foram entregues 70 cestas básicas e roupas.
Dom Sergio de Deus Borges presidiu a missa de abertura do ano letivo da Escola de Teologia para Leigos do Centro de Formação Pastoral Frei Galvão, na quinta-feira, 2, na Cúria de Santana, concelebrada pelo Padre José Esteves Filho, coordenador da escola. O curso de Teologia tem duração de três anos, com aulas semanais, e curso de extensão (semestral) sobre Liturgia /Mariologia. Ainda há tempo de se inscrever. Saiba mais detalhes pelo telefone (11) 2991-5882.
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Lapa É tempo de estimular o cuidado com os biomas brasileiros Benigno Naveira
Colaborador de comunicação da Região
Com a participação de mais de cem pessoas atuantes nos setores pastorais Lapa e Leopoldina, aconteceu no sábado, 4, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, um encontro de formação permanente sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida”. A atividade, coordenada por Rosa dos Santos Ramicelli, foi assessorada pelo professor André Luiz Milani. Ele apontou que o objetivo geral da CF 2017 é suscitar no povo o cuidado com a criação, com atenção especial aos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho. André explicou que um bioma é um conjunto de vida animal e vegetal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que marca uma determinada região. O Brasil é formado de muitas
Benigno Naveira
Professor André Luiz Milani durante palestra sobre a temática da Campanha da Fraternidade de 2017, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa
regiões, o que resulta em uma diversidade biológica própria. Há seis biomas brasileiros principais: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa.
Após a exposição do professor André, os participantes, em grupo, refletiram sobre a temática da CF 2017. Ao fim do encontro, o professor enfatizou que cada região do Brasil tem a
sua natureza marcada por características próprias, e que o cristão, com a sua oração e vida ativa, quer se comprometer mais no cuidado de tudo o que foi criado por Deus.
No Setor Rio Pequeno, um dia para pensar a reforma da Previdência Benigno Naveira
Deputado Carlos Zaratini faz palestra na Paróquia São Patrício sobre a reforma da Previdência
A Paróquia São Patrício, no Setor Pastoral Rio Pequeno, sediou na quintafeira, 2, uma palestra sobre a reforma da Previdência, proferida pelo deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP). O encontro foi iniciado pelo Padre João Carlos Borges, pároco, que agradeceu à presença do deputado federal. Zaratini comentou que com a reforma da Previdência o contribuinte, seja homem ou mulher, terá que trabalhar até os 65 anos de idade, e ter o tempo mínimo de 25 anos de contribuição
(hoje esse tempo mínimo é de 15 anos para quem se aposenta por idade). Segundo o deputado, a reforma impõe 49 anos de contribuição para receber a aposentadoria integral, diminui o valor das aposentadorias e as pensões serão reduzidas. Em conversa com a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região Lapa, Zaratini classificou o evento como importante para o esclarecimento da população acerca da reforma da Previdência.
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Ipiranga CF 2017: Por relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos nos biomas
Irmã Gabriela Triervailer, Magno Xavier e Antônio Silva
Colaboração especial para a Região
Com o objetivo de alertar para o cuidado com a casa comum, de modo especial com os biomas brasileiros, a Campanha da Fraternidade deste ano, iniciada no dia 1º, Quarta-feira de Cinzas, tem como tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e a defesa da vida”, e como lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). Na Região Episcopal Ipiranga, o início da vivência da CF 2017 foi demarcado por uma missa na sexta-feira, 3, no Santuário São Judas Tadeu, presidida por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região. Dom José Roberto, na homilia, deu ênfase à carta enviada pelo Papa Francisco ao Brasil por conta da CF 2017 e também falou da diversidade de cada bioma existente no país e da necessidade de criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam. O
Irmã Gabriela Cristina
Dom José Roberto Fortes Palau preside celebração que demarca o início da CF 2017 na Região Episcopal Ipiranga, na sexta-feira, dia 3
Bispo convidou que todos leiam o textobase da Campanha. Participante da missa, a Irmã Gabriela Cristina Triervailer, da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, destacou que a Quaresma é tempo de
reflexão e mudança interior. “Que meditar sobre os biomas, pensar nas pessoas que lá vivem, nos ajude a abrir o coração à experiência profunda da graça salvadora do Senhor e da convivência com os irmãos e todos os seres vivos, pois, já adverte o San-
to Padre: ‘Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa’”, comentou.
Paróquia São João Clímaco inicia Escola Bíblica para Jovens Laize Teixeira
Participantes do primeiro encontro da Escola Bíblica para Jovens na Paróquia São João Clímaco
Na noite do sábado, 4, aconteceu o primeiro encontro da Escola Bíblica para Jovens, na Paróquia São João Clímaco, no Setor Pastoral Anchieta. Os jovens participantes vivenciaram momentos de animação, partilha bíblica
e dinâmicas sobre o sentido de atuarem em grupo. Também se destacou que a Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo, não foi concebida por uma única pessoa, mas teve seus livros escritos em comunidade, com cada pessoa deixando-se interpelar
pelas verdades divinas, ainda que em contextos distintos e por vezes problemáticos, compreendendo a voz de Deus em meio a tais acontecimentos e abrindo-se aos irmãos. A Escola Bíblica para Jovens foi concebida pelo Padre Antônio Lisboa, pároco, para favorecer momentos de aprofundamento bíblico, com uma linguagem própria para a juventude. Os jovens logo manifestaram interesse e curiosidade para com a ideia. Assim, juntamente com os seminaristas salesianos Antônio Silva e Magno Xavier, o projeto amadureceu e chegou-se à proposta de iniciar os estudos, partindo do livro Atos dos Apóstolos, para que, como afirmou o jovem Gustavo Urbano, “ao estudarmos a primeira comunidade cristã, seus desafios e riquezas, possamos confrontar o
nosso estudo com nossas experiências de hoje”. “Pela Bíblia, os jovens podem caminhar com razão, sabendo e conhecendo em quem, o porquê e para que creem”, comentou o Padre Antônio Lisboa. Os jovens participantes do primeiro encontro manifestaram o desejo de se alimentarem permanentemente da Palavra, por meio de seu aprofundamento, com os olhos lançados sobre a realidade atual, buscando, nos textos bíblicos, pistas para a melhor vivência da fé em comunidade e do compromisso cristão com o mundo. A equipe responsável pela Escola Bíblica para Jovens está formulando um planejamento que contemplará o estudo sério, modalidades de oração com a Palavra e visitas a lugares que ajudem os jovens a confrontá-la com a própria vida.
Retiro em sintonia com o Ano Mariano Nacional A Paróquia São João Batista, no Setor Pastoral Imigrantes, promoveu no sábado, 4, um retiro espiritual para os integrantes do conselho paroquial de pastoral e outras lideranças, no contexto da celebração do Ano Mariano Nacional. O retiro aconteceu na Mariápolis Ginetta, sede do Movimento dos Focolares, em Vargem Grande Paulista (SP). Os momentos de oração e reflexão tiveram como base a Carta Pastoral “Viva a Mãe de Deus e nossa!”, escrita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, por ocasião do Ano Mariano Nacional. Membros dos Focolares também falaram sobre Maria como a mulher fiel, concretamente comprometida com a Palavra de Deus e construtora
de uma sociedade onde o Reino de Deus está permanentemente presente. Testemunhos de jovens, famílias e consagrados que moram na Mariápolis mostraram o que é reviver Maria na paróquia, na missão e na sociedade. Os momentos de deserto pessoal e de partilha em pequenos grupos permitiram aos participantes um diálogo íntimo e comunitário mais profundo e verdadeiro, tendo a vida de Maria como exemplo para o relacionamento com Deus e com os irmãos e irmãs. Pistas para incentivar o crescimento da fraternidade na Paróquia também ajudaram para o crescimento dos relacionamentos das lideranças entre si e destas com os padres. Na missa de encerramento, presidi-
Pascom da Paróquia São João Batista
Paroquianos da São João Batista em foto durante retiro realizado na Mariápolis Ginetta, dia 4
da pelo Padre Ricardo Pinto, pároco da São João Batista, todos os participantes demonstraram estar felizes e comprometidos em viver o Ano Mariano Nacional
na fraternidade e com maior entusiasmo pastoral e missionário. (Com informações da Pascom da Paróquia São João Batista)
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150 anos do nascimento de Dom Duarte Leopoldo e Silva Arquivo/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
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O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo irá realizar no dia 15 uma cerimônia em homenagem aos 150 anos do nascimento de Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo e que foi membro do Instituto. O evento contará com a presença do arcebispo metropolitano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Nascido em 4 de abril de 1867, na cidade de Taubaté (SP), Dom Duarte ingressou no seminário da então Diocese de São Paulo em 1887, sendo ordenado sacerdote em 30 de outubro de 1892. Depois de atuar por um período como vigário-coadjutor de uma paróquia em Jaú (SP), foi nomeado primeiro pároco da recém-criada Paróquia Santa Cecília, no centro de São Paulo.
Episcopado
Em 10 de maio de 1904, o Papa Leão XIII o nomeou bispo de Curitiba (PR), recebendo a ordenação episcopal em 22 de maio do mesmo ano, em Roma. Sua posse aconteceu em outubro de 1904. Em 18 de dezembro de 1906, Dom Duarte foi nomeado bispo diocesano de São Paulo pelo Papa São Pio X. Sua posse ocorreu em 14 de abril de 1907, na antiga Sé, no centro da cidade. A Diocese, na época, contava com 234 paróquias e cerca de 300 mil fiéis. De início, Dom Duarte deu continuidade aos projetos de seu antecessor, Dom José de Camargo Barros. Em seguida, estabeleceu normas de organização para a cidade preparando a diocese para seu grande desmembramento. Dom Duarte Leopoldo e Silva, 1º arcebispo de São Paulo
Arcebispado
No dia 7 de junho de 1908, o Papa Pio X assinou a bula
que criava a Província Eclesiástica de São Paulo. Com isso, São Paulo passou a ser uma arquidiocese. Diante dos esforços empenhados por Dom Duarte para a criação das novas sedes episcopais, o Papa Pio X entendeu por bem nomeá-lo o primeiro arcebispo metropolitano de São Paulo. Dom Duarte tomou posse como arcebispo no dia 11 de outubro de 1908. A cerimônia de recepção do pálio aconteceu somente no dia 29 de junho de 1909, na matriz de Petrópolis (SP), oficiada pelo núncio apostólico, na presença do Cardeal Arcoverde, então arcebispo do Rio de Janeiro. Foi Dom Duarte que fez a sagração da primeira basílica do Brasil, o Santuário de Aparecida, que na época pertencia ao território da Arquidiocese de São Paulo. O título de basílica havia sido concedido pelo Papa Pio X em 23 de abril de 1908, a pedido do Arcebispo. Em 3 de junho de 1915, Dom Duarte convocou o 1º Congresso Eucarístico de São Paulo. Foram realizadas semanas preparatórias nas paróquias, capelas e nos colégios. Esse congresso preparou o Congresso Eucarístico Nacional, realizado em São Paulo no ano de 1922. Em 19 de março de 1934, Dom Duarte inaugurou o Seminário Central do Ipiranga, cujo edifício foi planejado e construído com o empenho do Arcebispo. Preocupado com a obra das vocações sacerdotais, ao longo de seu episcopado, fortaleceu e desenvolveu um grande trabalho em prol das vocações. Também o Museu de Arte Sacra de São Paulo, antigo Museu da Cúria, teve seu início no arcebispado de Dom Duarte. Dom Duarte morreu em 13 de novembro de 1938, aos 71 anos, sendo 31 anos à frente de São Paulo, como bispo e arcebispo. (Colaborou Júlia Cabral)
Conhecer melhor a Arquidiocese para servir ao povo com qualidade Luciney Martins/O SÃO PAULO
Nayá Fernandes
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A Igreja Católica é universal e, portanto, há comunhão em muitos sentidos, como na liturgia, por exemplo. Mas, cada diocese tem procedimentos próprios e maneiras diferentes de organização. Assim, um padre que vem do Sul ou do Norte do Brasil para São Paulo pode ter alguma dificuldade até conseguir se adequar a determinados processos, como a administração de bens imóveis e tombamento ou mesmo a aquisição de imóveis, atividades que também fazem parte da missão de um sacerdote. Para facilitar esse entrosamento, a Arquidiocese de São Paulo promove, há três anos, o “Encontro de padres recémordenados e recém-chegados”. O evento aconteceu na quinta-feira, 2, no Centro Universitário Assunção (Unifai) e reuniu cerca de 50 padres, a maiores deles, membros de congregações religiosas. O Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo, abriu o encontro pedindo a cada um dos participantes que se apresentasse e, logo após, contou brevemente a história da Arquidiocese, sua estrutura e principais eventos. Também comentou sobre o Ano Mariano Nacional e a carta pastoral que escreveu à Arquidiocese “Viva a mãe de Deus e nossa!”, e falou do desejo
Pelo 3º ano consecutivo, a Arquidiocese de São Paulo promove um dia de formação para padres recém-ordenados e recém-chegados, dia 2
de realizar um sínodo arquidiocesano. “São Paulo é uma Arquidiocese com muitos desafios pastorais e, se as torres das igrejas ficam perdidas entre os aranha-céus e não são mais referência para as pessoas, sejamos nós células vivas da Igreja para elas”, afirmou. Representantes dos diferentes setores da Cúria Metropolitana, como o Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, coordenador da Cúria, e os padres João Júlio Farias Júnior e Rodolpho Perazzolo, procuradores, participaram do encontro, bem como o advogado Leandro da Costa Machado, responsável pelo departamento jurídico. Felipe Machado, gerente de administração de pessoal, falou aos padres sobre critérios básicos para contrata-
ção de funcionários e questões ligadas a recursos humanos. Além disso, houve também outras orientações sobre contabilidade para não contadores e questões jurídicas. À tarde, Padre Tarcísio Mesquita, coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, apresentou os vicariatos e organismos e, em seguida, o Padre Vittório Moregola, chanceler do Arcebispado, e o Padre Everton Fernandes Moraes, vice-chanceler do Arcebispado, apresentaram questões relativas à chancelaria. Um dos últimos temas tratados foi sobre os aspectos canônicos do Diretório dos Sacramentos, com assessoria de Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana
e presidente da Sociedade Brasileira de Canonistas. Padre Fernando Clemente Santos, missionário do Sagrado Coração, nomeado recentemente administrador paroquial da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, na Região Sé, falou ao O SÃO PAULO sobre a experiência da atividade. “Para mim, participar desse encontro com os padres, que assim como eu, estão chegando à Arquidiocese de São Paulo, foi muito enriquecedor, seja pela dimensão formativa, para que estejamos falando uma mesma linguagem e trabalhando pelos mesmos objetivos, seja pela dimensão fraterna, para que na amizade, sejamos um só coração e uma só alma a serviço do povo de Deus nesta cidade”.
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8 a 14 de março de 2017 | www.arquisp.org.br
Dom Odilo Scherer: Maria chama todos nós a estarmos unidos Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Fernando Geronazzo
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A Catedral da Sé acolheu no sábado, 4, o Cenáculo Arquidiocesano do Movimento Sacerdotal Mariano. O evento contou com a presença do representante mundial do Movimento, o Padre Laurent Larroque, e do arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que presidiu a missa que encerrou o encontro. Fundado em 1972, em Fátima, Portugal, pelo Padre Stefano Gobbi (1930-2011), o Movimento Sacerdotal Mariano difunde pelo mundo a consagração de sacerdotes e leigos ao Coração Imaculado de Maria. “Nosso movimento tem três compromissos: consagração ao imaculado coração de Maria; unidade e fidelidade ao Papa e à Igreja a ele unida; e difundir os cenáculos de oração”, explicou o responsável leigo pelo Movimento no Brasil, Otavio Piva de Albuquerque. Os cenáculos são os encontros realizados pelas famílias para a recitação do Rosário, meditação da Palavra de Deus, do Catecismo da Igreja e do conteúdo do livro “Mensagem aos Sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora”, que apresenta os fundamentos da espiritualidade do Movimento, que no Brasil tem 5 milhões de seguidores leigos e cerca de mil sacerdotes. Durante a adoração eucarística que abriu o cenáculo, os participantes recitaram o Rosário, acompanhados de meditações conduzidas pelo Padre Larroque, que exortou sobre a fidelidade à devoção à Nossa Senhora e o zelo para com a Eucaristia.
Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa do Cenáculo Arquidiocesano do Movimento Sacerdotal Mariano, na Catedral da Sé, no sábado, 4
Maria une os católicos
Na homilia da missa, Dom Odilo refletiu sobre a liturgia do 1º Domingo da Quaresma, que destaca o episódio das tentações de Jesus pelo demônio no deserto. Ele recordou que, assim como Jesus, todos os cristãos estão sujeitos a tentações. O Cardeal chamou a atenção para a tentação daqueles que promovem
a divisão dentro da Igreja. “Quem prega a divisão na Igreja não está com Deus, está com o diabo, que é divisor [...]. Temos confiança em Jesus Cristo, que é Senhor da Igreja”. O Arcebispo ressaltou, ainda, o exemplo de Nossa Senhora, como aquela que une os católicos. “Maria chama toda a família de Jesus Cristo, os irmãos de Jesus,
todos nós, a estarmos reunidos. Onde estão os irmãos de Jesus, a mãe de Jesus também está”. Por fim, Dom Odilo convidou todos a lerem sua carta pastoral “Viva a mãe de Deus e nossa!”, escrita por ocasião do Ano Mariano Nacional, que celebra os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Jovens são chamados à vocação e à conversão Luciney Martins/O SÃO PAULO
Diego Monteiro
Especial para O SÃO PAULO
Jovens fazem via-sacra em retiro quaresmal do Setor Juventude
“Foi muito bom ver que não só os jovens da nossa comunidade, mas de outros lugares participaram do retiro. Os jovens estão perseverantes! Se Deus quiser, conseguiremos, neste Ano Mariano, com a intercessão de Maria, evangelizar com mais eficácia a juventude de São Paulo”. Felipe Freire, 20, da Comunidade Anjos da Vida, foi um dos quase 150 jovens de paróquias, associações, movimentos, novas comunidades e outras expressões da juventude que participaram, no sábado, 4, do retiro espiritual em preparação para a Quaresma e para a Páscoa, realizado pelo Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo (Sejusp), no Instituto Dom Bosco, na região central da cidade. A abertura do retiro aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, na Região Sé, com missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar e referencial para a juventude na Arquidiocese de São Paulo, e concelebrada pelos padres assistentes eclesiásticos para a juventude das regiões episcopais, que durante todo o dia, junto com outros sacerdotes, atenderam às confissões dos jovens. O retiro foi o itinerário de um convite à conversão. No lado de fora do Instituto Dom Bosco, no meio da praça Coronel Fernandes Prestes, os jovens acompa-
nharam atentamente a via-sacra, encenada pela Comunidade Canto de Maria e pelos crismandos da Paróquia Sant´Ana, da Região Episcopal Santana. “O retiro veio ajudar a juventude a se encantar por Jesus neste caminho que parte de uma conversão no exercício da oração, do jejum e da esmola”, afirmou o Padre Roberto Fernando Lacerda, assistente eclesiástico arquidiocesano para a juventude.
Despertar Vocações
As palestras no retiro concentraram-se na temática da vocação, que a Igreja propõe tendo em vista a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada em 2019, no Panamá, com o tema “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38); e também a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que refletirá sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, e deve acontecer em 2018. Dom Carlos disse à reportagem que a Igreja está querendo animar os jovens a fazerem um discernimento para descobrirem o seu lugar e vocação. “Os Jovens meditaram sobre como receber a luz de Deus para encontrar a sua vocação, enxergando aquilo que Deus espera de cada um, e como fazer um acompanhamento, uma direção espiritual, para que encontrem o seu lugar e sejam generosos nas suas vocações diante de Deus”, afirmou o Bispo.