O São Paulo - 3358

Page 1

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.arquisp.org.br |

ano 66 | Edição 3358 | 11 a 17 de agosto de 2021

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Família cristã: fruto de discernimento vocacional e caminho de santidade Luciney Martins/O SÃO PAULO

Agentes da Pastoral Familiar com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, após missa realizada no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga, dia 7

“Alegria do amor na família” é o tema da Semana Nacional da Família, que acontece até o sábado, dia 14. Na Arquidiocese de São Paulo, a comemoração foi aberta no dia 7, com uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga.

Editorial Família: querida por Deus, santificada por Cristo e essencial à salvação

Página 4

Encontro com o Pastor Sem o constante alimento da fé, é impossível enfrentar o longo caminho

Página 2

Espiritualidade ‘De uma comunidade orante brotam as vocações para a Igreja’

Página 5

“O casamento é uma vocação e a decisão de formar uma família deve ser fruto de um discernimento vocacional”, afirmou o Arcebispo Metropolitano. “É um dom em que os casados são chamados à santidade por meio da união conjugal, alicerçados no amor e fundamentados no chamado de Deus”, complementou.

Na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada em 2016, o Papa Francisco reafirma a doutrina da Igreja sobre o sacramento do Matrimônio e indica a vida familiar como um caminho eficaz para a busca da santidade. Páginas 11 a 14

Faculdade de Direito Canônico inicia curso de mestrado no Piauí

Há 90 anos, Irmãs Paulinas anunciam o Evangelho no Brasil

A instituição da Arquidiocese passou a ofertar na segunda-feira, 9, uma extensão do curso de mestrado em Direito Canônico em Teresina (PI), sem a necessidade de os estudantes virem a São Paulo. O Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, e Dom Juarez Sousa da Silva, Presidente do Regional Nordeste 4 da CNBB, participaram da primeira aula.

Presentes no País desde 1931, as religiosas da Pia Sociedade Filhas de São Paulo se reuniram na Catedral da Sé, no domingo, 8, para participar da missa que marcou o início das comemorações deste jubileu. Atualmente, as Paulinas contam com 186 religiosas que vivem nas 18 comunidades da congregação nas cinco regiões do Brasil, onde continuam a missão confiada às primeiras missionárias italianas.

Página 18

Página 9

Liturgia e Vida A Assunção da Virgem Maria decorre de sua singular santidade

Página 23

Comportamento Não podemos tolher os pais de exercerem a paternidade a seu modo

Página 7

Opinião ‘Amar e ser amado e ter amigos é o que traz maior felicidade à vida’

Página 4


2 | Encontro com o Pastor | 11 a 17 de agosto de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

E

m agosto, rezamos especialmente pelas vocações na Igreja e refletimos sobre a ação misteriosa de Deus nos chamados que faz. Uma história não é igual à outra. Nem sempre compreendemos claramente qual é a vontade de Deus a nosso respeito e, nesse caso, é importante que nos coloquemos em atitude de escuta e disponibilidade, como fizeram tantos personagens chamados por Deus na história bíblica. O jovem Samuel ouviu a voz de Deus, mas ainda não a conhecia. Foi, então, falar com o sacerdote Eli, sábio conhecedor da voz de Deus. Eli ajudou Samuel a dar a resposta: “Fala, Senhor, teu servo escuta” (cf. 1Sm 3,9). Assim fez Maria, na cena da anunciação. O anjo Gabriel trouxe-lhe uma mensagem inesperada e totalmente singular. Ela não com-

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Levanta-te e come! preendeu e perguntou: “Como acontecerá isso?”. Depois que o anjo lhe explicou, ela respondeu: “Eu sou a serva do Senhor. Faça-se em mim o que Deus quer” (cf. Lc 1,26-38). Assim aconteceu com os apóstolos, com São Paulo e tantos outros. A vocação é chamado e convite de Deus para uma missão. É bem compreensível que a pessoa chamada se pergunte: “Como acontecerá isso? Serei capaz de corresponder à vocação? Terei forças para perseverar e realizar a missão que me é dada?”. Uma coisa é certa: o mesmo Deus que chama, também capacita para a missão. Essa é uma questão de fé. A vocação para servir a Deus e aos irmãos é esclarecida e se fortalece no diálogo da fé, que acontece na consciência de cada um. E a missão que acompanha a vocação só é realizável mediante a sintonia e a colaboração com a graça de Deus. A primeira leitura do 19º Domingo do Tempo Comum nos trouxe a passagem em que o profeta Elias foge da perseguição do rei. Elias denuncia

a idolatria e a falsificação da religião, feita instrumento de dominação e manipulação do povo. O rei persegue e quer matar Elias, que se vê obrigado a fugir para o deserto. O sofrimento de Elias é tanto, que ele cansa, desanima e pede que Deus lhe tire a vida. Deus, porém, envia seu anjo ao profeta, com um pedaço de pão e um jarro de água. Elias ouve: “Levanta-te e come!”. Ele come e bebe, mas ainda continua fraco e desanimado. O anjo de Deus vem de novo com água e pão e lhe diz: “Levanta-te e come; tens ainda um longo caminho a percorrer”. Elias, depois de recuperar as forças, continua seu caminho pelo deserto, até chegar à “montanha de Deus, o Horeb”, onde Deus se revelou a Moisés. Subir a montanha, na Bíblia é uma expressão simbólica que significa: ir ao encontro de Deus (cf. 1Rs 19,4-8). A história do profeta Elias retrata bem o itinerário de uma vocação. Trata-se sempre de um chamado e de uma busca para identificar e seguir a voz que chama e os caminhos que

devem ser seguidos para ir ao encontro de Deus. Não raro, é preciso atravessar desertos difíceis, que podem levar ao cansaço e ao desânimo. Desistir, porém, não é a solução. Deus alimenta e dá forças para prosseguir na missão, até alcançar a meta final da vida. O que depende de nós é ouvir sempre de novo a sua voz, que se nos manifesta de muitas maneiras, e tomar o alimento que renova as forças. Alimentos são a palavra de Deus, a Eucaristia e o cultivo do encontro e da amizade com aquele que chama, é fiel e não abandona os seus amigos. Jesus é o pão da vida, que mata toda fome e concede a força de que necessitamos. “Levanta-te e come!” Assim Deus fala também a quem hoje é chamado e se entrega à vocação e à missão. Sem o constante alimento da fé, é impossível enfrentar o caminho longo, para atravessar o deserto, subir a montanha e chegar ao encontro com Deus. O alimento restaurador não falta e a fonte da água pura está ao teu alcance. Levanta-te e come!

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Comissão conclui programa de preparação do Centenário de Dom Paulo Luciney Martins/O SÃO PAULO - set.2016

Missa que abrirá as festividades dos 100 anos de nascimento do Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998 acontecerá em 14 de setembro, às 10h, na Catedral da Sé PADRE CIDO PEREIRA

osaopaulo@uol.com.br

Restando poucos detalhes para a abertura e a execução da programação dos eventos que marcarão a celebração do centenário de Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), já se pode afirmar que está praticamente tudo pronto. A Comissão do Centenário se reuniu no dia 4 de agosto com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. Primeiramente, as atenções de todos se voltaram para a preparação da missa no dia mesmo em que Dom Paulo completaria cem anos de idade: 14 de setembro, que acontecerá na Catedral da Sé, às 10h. Levantaram-se vários nomes de autoridades e de entidades que se-

rão convidadas para esta celebração. Os convites já começaram a ser distribuídos para as organizações da Igreja – Nunciatura Apostólica, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Regional Sul 1 da CNBB, Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) –, autoridades políticas do estado de São Paulo e da capital paulista, representantes da família Arns, associações culturais, acadêmicas, judiciárias e tantas outras que atuaram com Dom Paulo durante seu ministério episcopal na cidade e suas ações no Brasil e no mundo. A celebração será presidida pelo Cardeal Scherer, idealizador e responsável direto pela realização do centenário. Concelebram com ele seus bispos auxiliares, outros arcebispos, cardeais convidados e o clero. Um representante do clero de São Paulo lembrará a vida e a obra do Cardeal Arns no início da missa, e a palavra será dada às autoridades políticas e da Comissão Justiça e Paz para breve mensagem. Um folheto litúrgico especial facilitará a participação na celebração. Haverá, ainda, uma edição especial do jornal O SÃO PAULO, destacando a vida, a obra e o legado deixados por Dom Paulo para

Por ocasião da festa patronal, Dom Odilo preside missa no Seminário de Filosofia Rodolfo Rodrigues de almeida

Rodolfo Rodrigues de Almeida COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na quinta-feira, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa no Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars, da Arquidiocese de São Paulo, por ocasião da festa patronal. Concelebraram Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e os Padres Frank Antônio de Almeida, Reitor do Seminário, e José Ferreira Filho. Participaram da missa os seminaristas da etapa do Discipulado (que envolve o estudo de Filosofia). Na homilia, Dom Odilo falou sobre a vida de santidade de São João Maria Vianney, Pároco da pequena aldeia de Ars, na França, na transição dos séculos XVIII e XIX. Santo Cura d’Ars, como se tornou mais conhecido, nasceu em 1786 e faleceu em 1859. “O Santo Cura ensina aos futuros padres como ser um pastor acessível ao povo de Deus, a exemplo de Jesus, o Bom Pastor. São João Maria Vianney difundia santidade em sua vida diária, homem de pouco estudo e com dificuldades, porém, grande em sabedoria e espiritualidade, o que lhe possibilitou ser um importante confessor das almas de Ars ou daqueles que vinham de todo o país ao encontro do Padre da pe-

quenina aldeia francesa. Santo Cura d’Ars foi, sem dúvida, o discípulo fiel do Senhor, e os seminaristas, a seu exemplo, devem fazer o mesmo, sendo, nesta etapa do Discipulado, fiéis ao chamado que o Senhor faz”, afirmou o Arcebispo na homilia. Ao fim da missa, Dom Odilo, os seminaristas e os concelebrantes confraternizaram em um jantar no seminário.

Histórico

O Seminário Maior de Filosofia Santo Cura d’Ars, situado na Freguesia do Ó, serviu como Seminário Arquiepiscopal de Filosofia e Teologia entre 1927 e 1933, sendo desativado em 1934 quando houve

a inauguração do Seminário Central do Ipiranga. Depois, o local foi reativado como um orfanato e, em 1955, tornou-se seminário para vocações adultas com o nome de Seminário Vestibular Santo Cura d’Ars, título como padroeiro atribuído pelo antigo Reitor, Padre Pedro Tino Batistela. Em 1985, o Seminário de Filosofia tornou-se a casa de formação de Teologia da Região Episcopal Lapa, e manteve esta mesma função para a Região Brasilândia entre 1989 e 1992, tornando-se, posteriormente, o seminário de Filosofia de toda a Arquidiocese. Atualmente, o Reitor é o Padre Frank Antônio de Almeida e o Diretor Espiritual, o Cônego José Adriano.

o presente e o futuro da Igreja na cidade. Entre os eventos programados estão debates, reflexões, a obra literária de Dom Paulo e as iniciativas pastorais que ele e seus colaboradores tomaram e que ainda hoje existem. Além disso, ao longo do ano, a Arquidiocese marcará presença em tantas outras iniciativas programadas pela Província dos Frades Menores de São Francisco e de entidades ligadas aos direitos humanos. Será dado destaque à obra literária de Dom Paulo, com a possível reedição de um de seus livros, e uma exposição fotográfica mostrará momentos marcantes do seu pastoreio. Até mesmo um concerto musical na Sala São Paulo foi programado, faltando apenas confirmar a data. Dom Odilo Pedro Scherer, desde o início, deixou bem claro que não se trata apenas de olhar o passado e, nele, o Cardeal Arns em ação. O que se quer é resgatar todo o legado espiritual, o pensamento, a visão pastoral do Cardeal da Esperança. Por sua vez, os participantes da Comissão cuidaram com esmero da escolha e da programação dos eventos, tendo em vista que todos eles têm uma ligação afetiva com Dom Paulo e colaboraram com ele no pastoreio da cidade.

Atos da Cúria Dispensa das Obrigações que decorrem da Sagrada Ordenação, inclusive do celibato: - Em 30/06/2021, a Congregação para o Clero concedeu ao Sr. Alessandro Francisco a dispensa das obrigações inerentes à Sagrada Ordenação, inclusive do celibato. - Em 29/05/2021, a Congregação para o Clero concedeu ao

Sr. Eldino José Pereira a dispensa das obrigações inerentes à Sagrada Ordenação, inclusive do celibato. - Em 27/06/2021, o Santo Padre o Papa Francisco concedeu, através do Rescrito da Congregação para o Clero, ao Sr. Pedro Luiz Amorim Pereira, a dispensa das obrigações inerentes à Sagrada Ordenação, inclusive do celibato.


4 | Ponto de Vista | 11 a 17 de agosto de 2021 |

Editorial

Família

A

Igreja Católica no Brasil celebra, de 8 a 14 de agosto, a Semana Nacional da Família, um projeto programado para acontecer a cada ano em agosto, mês vocacional, com o objetivo de lembrar que ser família é, na realidade, um chamado de Deus. Este ano, a Comissão Nacional da Pastoral Familiar escolheu como tema “A alegria do amor na família”, oportuno diante dos desafios que a pandemia trouxe para a vida cotidiana. Segundo os dizeres de Dom Ricardo Hoepers, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o que se pretende com este tema é resgatar a alegria que deve permear os lares cristãos, alegria esta que “não é passageira, vazia de sentido ou superficial (...), mas que brota do coração, como fruto do fortalecimento dos vínculos conjugais que unem os filhos

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

e vencem juntos obstáculos e as crises porque foram sustentados pela fé”. A escolha do tema da alegria está em perfeita conformidade com o desejo do Papa Francisco, recordando que o Pontífice dedicou 2021 como o Ano Família Amoris Laetitia, em comemoração ao quinto aniversário de sua exortação apostólica. Nela, em um verdadeiro resgate de sentido, o Papa recorda que “o sacramento do Matrimônio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo de um compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos, porque a sua pertença recíproca é a representação real, por meio do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igreja, a lembrança permanente daquilo que aconteceu na cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar” (AL, 72). Na direção de resgate de sentidos, vale

recordar que a família, como instituição humana, com núcleo constituído de pai, mãe e filhos, aparece como chamado de Deus no próprio ato da criação: “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá a uma mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24), mandato este reafirmado por Jesus Cristo: “Assim, eles não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe” (cf. Mt 19). Como fins específicos, o Matrimônio visa ao bem e à felicidade do casal – “Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar que lhe seja adequada” (Gn 2,18); “Eis agora aqui o osso dos meus ossos e a carne de minha carne” (Gn 2,23) – e a constituição de uma prole (“Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: ‘Frutificai – disse ele – e multiplicai-vos’” Gn 1,27-28), que, pelo sacramento do Batismo, é consagrada a Deus (“Eu e minha casa serviremos ao Senhor” – Js

24,15), gerando, dessa maneira, a Igreja, Corpo Místico de Cristo, perpetuando a fé, a verdade sobre Deus e seus desígnios e a salvação de geração em geração. Assim, não é exagero dizer que a família é uma realidade querida por Deus, santificada por Jesus Cristo – também Ele viveu no seio de uma família – e parte essencial da economia da salvação. Pensemos que Deus constituiu um povo para si a partir de um casamento (Abraão e Sara) e da descendência dele advinda; que, no sacramento do Matrimônio, Deus une e funde duas belezas (a do homem e da mulher), que, doando-se mutuamente, geram novas belezas (a dos filhos); que das famílias cristãs nascem os futuros cristãos, os futuros líderes da sociedade, os futuros religiosos e religiosas, os futuros sacerdotes e todos os futuros ministérios da Igreja, tanto os ordenados quanto os consagrados, como pais, mães, catequistas, apóstolos etc.). Que Deus abençoe as nossas famílias!

Opinião

A felicidade está na qualidade dos relacionamentos e nas amizades que vivemos Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ana Lydia Sawaya No artigo anterior “O niilismo, o utilitarismo e a perda progressiva da capacidade de amizade”, refletimos sobre como a cultura ocidental valorizou a busca do útil em detrimento do belo, do bom e do verdadeiro, que eram os valores mais importantes da cultura clássica, dizendo que esses são valores relativos, diferentes para cada indivíduo, não universais e, portanto, o desejo de buscá-los não pode reunir os seres humanos, nem deve ser a coisa mais importante a fazer na vida. Em outras palavras, se cada indivíduo tem um conceito diferente do que é belo, bom e verdadeiro para si, então não é possível uma comunhão profunda entre cada ser humano; e cada um estaria sozinho na busca da própria felicidade, entendida como aquilo que é útil para si. Essa mesma cultura afirmou ainda que a felicidade pode ser conquistada por quem consegue ter mais dinheiro e comprar mais coisas. Um olhar mais detalhado sobre a condição real da sociedade atual tem revelado, porém, que não é bem assim. É ilustrativo a esse respeito o estudo do Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman sobre a relação entre felicidade e salário. Sua equipe de pesquisadores entrevistou mais de 450 mil pessoas nos Estados Unidos para avaliar o bem-estar emocional (também chamado de experiência de felicidade), que se refere

à qualidade de vida diária das pessoas e à frequência e intensidade de experiências de alegria e fascínio, em relação às experiências de ansiedade, tristeza, raiva ou distúrbios afetivos, e compará-lo com os valores de seus salários. Os resultados dessa e de outras pesquisas semelhantes mostraram que salários acima de um valor médio de 7,5 mil dólares (que equivale a um salário muito bom, mas não particularmente alto nos Estados Unidos) não aumentam a felicidade emocional. De fato, esse valor representa o limiar acima do qual não há melhora nas experiências que geram felicidade. Esses estudos descobriram

ainda que os fatores mais associados ao bem-estar emocional foram: estar com os amigos, evitar dores e doenças e fazer coisas que trazem alegria à vida. Outros estudos ainda, como o de Jordi Quoidbach, mostraram, inclusive, que salários muito altos aumentam a infelicidade e prejudicam a capacidade de apreciar as coisas da vida. Nesse mesmo sentido vão os resultados encontrados por uma pesquisa da Universidade de Harvard, que mapeou as condições de vida relacionadas à felicidade em um grupo de pessoas ao longo de 80 anos e descobriu que estar com amigos e fazer

amizades fortes foi o fator mais importante para a saúde e a felicidade. Quem criou laços fortes com os outros era mais feliz e tinha mais saúde. Em conclusão: amar e ser amado, e ter amigos é o que traz maior felicidade à vida. Pesquisas como essas vêm progressivamente mostrando que se pode mudar a cultura de uma sociedade, manipular a estrutura das relações entre os seres humanos, mas não é possível mudar a natureza humana, senão à custa de destruí-la. E não há dinheiro que compre o bem-estar material que conquiste o que o coração humano clama mais do que tudo: amar e ser amigo de alguém. A experiência da amizade como fator constitutivo da natureza humana não é um ideal antropológico abstrato, tampouco uma utopia irrealizável, como denunciou Nietzsche ao refletir sobre a experiência da cultura que tinha diante dos olhos (artigo anterior). Pelo contrário, a importância da amizade tem sido reconhecida e relatada por muitos pensadores ao longo da história. Por isso, acreditamos ser útil para os dias de hoje nos debruçar sobre algumas reflexões e exemplos dessa experiência. A começar por aspectos evidenciados pela tradição grega, e esse será o tema do próximo artigo. Ana Lydia Sawaya é doutora em Nutrição pela Universidade de Cambridge. Foi pesquisadora visitante do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e atualmente é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

lapa

Dom José Benedito conduz formação para catequistas Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

A Animação Bíblico-Catequética da Região Lapa, que tem como Assistente Eclesiástico o Padre Geraldo Pereira, promoveu, em 28 de julho, um encontro on-line com os catequistas de Eucaristia, com a participação de Dom José Benedito Cardoso. Na formação, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa falou sobre a importância da Catequese na vida da Igreja. Trata-se da educação da fé católica e, ao contrário do que muitos pensam, não se limita a “dar catecismo” às crianças para a primeira Eucaristia. A Catequese – destacou Dom José Benedito – pode ser feita a qualquer momento da vida. Por meio dela, as pessoas têm a chance de conhecer a doutrina católica, permitem-se à ação do Espírito Santo e se abrem para receber os sacramentos. Dom José Benedito recomendou que as paróquias “utilizem um material único, que esteja de acordo com a proposta da Igreja

em trabalhar a iniciação cristã com inspiração catecumenal”. O Bispo também apresentou três coleções de referência para os catequistas: “Iniciação à vida cristã – NUCAP”; “Casa da Iniciação Cristã – Paulinas” e “Iniciação Cristã de Inspiração Catecumenal – Diocese de Joinville”. A coleção que a Paróquia optar deverá ser usada para todos os sacramentos da iniciação cristã. Dom José falou também sobre as dificuldades na Catequese, tais como: superar a ideia de escola; Catequese separada da liturgia; Metodologia; Fragmentação dos sacramentos Batismo-Eucaristia-Crisma; Formação para catequistas; O cuidado com as redes sociais; ter o envolvimento de toda a comunidade, do padre, da família e dos catequizandos. Ele recomendou que a celebração dos sacramentos da Eucaristia e da Crisma aconteça no Tempo Pascal ou próximo dele e que a Catequese caminhe em consonância com a proposta da Arquidiocese e da Região Episcopal. Arquivo pessoal

[LAPA] Na quinta-feira, 5, a Pastoral da Ação Social da Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, distribuiu 350 cestas básicas, 300 bandejas de ovos, 150 kits de higiene, 300 litros de leite, 150 pacotes de achocolatado, além de duas camas de solteiro, dois enxovais para mães grávidas e roupas usadas em bom estado. No domingo, 8, aconteceu a ação de Dia dos Pais na Paróquia: 16 pais e 18 crianças puderam cortar o cabelo e lhes foi servido um café da manhã. (por Pastoral da Comunicação da Região Lapa)

Arquivo pessoal

São João Maria Vianney é festejado em paróquia na Água Branca A comunidade de fiéis da Paróquia São João Maria Vianney, na Água Branca, Setor Lapa, celebrou o padroeiro, no dia 4, em missa presidida pelo Padre Raimundo Rozimar Vieira da Silva, Pároco, tendo como concelebrantes os Padres Antônio Francisco Ribeiro e Romildo Vasconcelos de Oliveira, OSB. Padre Antônio, na homilia, recordou que esta Paróquia é a única na Arquidiocese de São Paulo dedicada a São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, que é padroeiro dos padres, um zeloso pastor

de almas, sacerdote que se santificou e santificou a vida de seu povo, com muita simplicidade, na busca constante de fazer a vontade de Deus acima de tudo. Padre Antônio ressaltou, ainda, que o Santo, com o seu exemplo, mostrou que só se vence o mal por meio da oração persistente, do jejum e da prática da caridade. Destacou ainda que o Cura d’Ars fez da cadeira do confessionário um trono de conversão e de santificação do seu povo e que atraiu multidões à pequena aldeia de Ars com a sua santidade. (BN)

Espiritualidade Rezar pelas vocações: necessidade e compromisso Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA

E

stamos no mês de agosto, mês vocacional, e somos chamados a rezar pelas vocações e a promovê-las na Igreja. A oração tem importância fundamental na vida cristã e na evangelização; logo, também no serviço da animação vocacional. A oração é necessidade prioritária para a pastoral das vocações, e seu compromisso permanente. De uma comunidade

orante brotam as vocações para a Igreja. Antes de tudo, a oração vocacional foi comandada explicitamente por Jesus, quando disse: “Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita” (cf. Mt 9,37-38 e Lc 10,2). A necessidade da oração se fundamenta na natureza da vocação. Esta, de fato, se coloca na dimensão transcendente da fé, é dom gratuito, é projeto de Deus, ação do Espírito e graça. A oração é parte essencial do plano divino da salvação. Nós mesmos, mediante a oração, nos tornamos colaboradores de Deus. Tudo o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, Ele nos alcançará. Sem a oração, não existe autêntica pastoral vocacional. A oração vocacional é eficaz, pois se fundamenta na Palavra do mesmo Cristo e responde a uma necessidade essencial da Igreja; logo, é um compromisso

de todos. Das vocações depende o futuro da Igreja. Esta, para realizar o projeto de Deus, em Jesus Cristo, pela força do Espírito Santo, de salvação da humanidade, deve pedir os dons e ministérios que somente o Espírito Santo pode suscitar. Trata-se do compromisso maior e mais sagrado, sem o qual os demais meios se tornam estéreis e vazios. A oração pelas vocações se expressa nas várias formas propostas pela Igreja. Toda oração pode ser vocacional. Pensemos na liturgia e seus momentos e tempos orantes; a sagrada Eucaristia e a adoração eucarística; a oração a Maria, mãe e modelo de toda vocação, tão presente em nossa piedade; a oração pessoal e comunitária, a partir da Sagrada Escritura; as orações de louvor, de agradecimento, de perdão, de intercessão. Enfim, de tantos modos podemos elevar nossa

prece, que abranja todas as vocações, na sua multiplicidade e complementaridade na Igreja. E rezamos também pela fidelidade e perseverança dos vocacionados e pela fecundidade ministerial dos que já vivem sua própria vocação a serviço da Igreja e dos irmãos. A oração pelas vocações é perene, contínua, deve se tornar habitual, que não se interrompa, e não pode ser reduzida a tempos ou situações específicas. É preciso rezar sempre, sem cessar, pois é o modo mais comum e característica consistente do apostolado vocacional. A oração permite criar um clima – e uma cultura – que favorece a descoberta da própria vocação, seu discernimento e decisão. Que Maria, Mãe e modelo de toda vocação, por nós interceda, juntamente com seu Esposo São José, nosso guardião e protetor.


6 | Regiões Episcopais | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Paróquia São Geraldo realiza ações solidárias Padre Leonardo Vinicio

POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ A Paróquia São Geraldo, Setor Perdizes, intensificou as ações caritativas para ajudar os que mais precisam, realizando a “Sopa Solidária” e o “Chocolate Solidário”, por meio da arrecadação de alimentos, agasalhos, cobertores e meias, além de levar uma palavra amiga, principalmente neste período de pandemia e de intenso frio na cidade. O recebimento das doações ocorreu diretamente na secretaria da Paróquia, sob a coordenação do

Padre Leonardo Venício, colaborador na Paróquia. Com a ajuda de uma equipe de paroquianos e voluntários, foram preparadas a sopa, o chocolate quente e organizados os agasalhos. A distribuição às pessoas em situação de rua ocorreu entre as noites de 29 de julho e 1º de agosto, nos logradouros e praças dos arredores da Paróquia, como a Avenida General Olímpio da Silveira, percorrendo a região que fica sob o “Minhocão” até o Largo Santa Cecília. (por Padre Leonardo Venício)

Semana Dominicana Ecointegral acontece até o dia 13 POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ Entre os dias 8 e 13, a Paróquia São Domingos, Setor Perdizes, realiza a Semana Dominicana Ecointegral, com o tema “Meio ambiente, espiritualidade e economia”, com lives das 20h às 21h sobre temas ecumênicos relacionados ao meio ambiente, organizadas pela comissão socioambiental inter-religiosa da Paróquia. A abertura do evento foi no domin-

go, 8, com a missa presidida pelo Cônego José Bizon, Assessor Eclesiástico do Diálogo Inter-religioso na Arquidiocese de São Paulo. Concelebrou o Pároco, Frei Márcio Alexandre Couto, OP. O evento ocorre no contexto do jubileu de 800 anos da morte de São Domingos de Gusmão. E também em atendimento ao apelo feito pelo Papa Francisco por um comprometimento com a qualidade de vida na casa comum, à luz das encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti. Padre Luiz Cláudio Braga

Ao fim da celebração, Frei Márcio e Cônego Bizon destacaram a continuidade da campanha de arrecadação de alimentos da Paróquia e lançaram a “Campanha das Tampinhas”, por meio da qual a comunidade de fiéis é chamada a levar todo tipo de tampinhas plásticas (de garrafas, de caixinhas de leite, de galões etc.), lacres de latinhas de alumínio e blísters de embalagens de comprimidos para que possa contribuir com o Hospital do Câncer Infantil. Os itens devem

[SÉ] Na manhã do sábado, 7, na Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, Setor Santa Cecília, em missa presidida pelo Assistente Pastoral, Padre Luiz Claudio de Almeida Braga, 24 crianças receberam o sacramento da primeira Eucaristia. Elas são estudantes do Colégio Boni Consilii, no bairro de Campos Elísios, dirigido pelas Irmãs Missionárias do Sagrado Coração. Após quase dois anos, uma missa de primeira Eucaristia voltou a ser realizada na matriz paroquial, seguindo todos os protocolos recomendados para o atual momento de pandemia. Antes, era realizada na quadra (por Padre Luiz Claudio de Almeida Braga) do colégio. Arquivo paroquial

ser trazidos em embalagens separadas, para facilitar a organização e o envio ao hospital. No encerramento da missa, houve a bênção aos pais que lá estavam presencialmente e os que assistiram à missa pelas redes sociais da Paróquia. Todas as atividades da Semana Dominicana Ecointegral podem ser vistas no YouTube, pelo link a seguir: https://cutt.ly/mQUc0ON. (Colaborou: Frei Márcio Alexandre Couto, OP)

Balanços Patrimoniais Em 31 de Dezembro de 2020 e 2019 (Centavos eliminados) Ativo 2020 2019 Circulante Caixa e Equivalentes de Caixa 50.626.405 35.750.955 Bancos Conta Vinculada 2.764.291 2.404.437 Convênios a Receber - 1.215.567 Adiantamentos 542.835 Despesas Pagas Antecipadamente 19.490 33.820 53.953.021 39.404.779 Não Circulante Imobilizado e Intangível 7.707.214 7.455.521 7.707.214 7.455.521 Total 61.660.235 46.860.299 Passivo 2020 2019 Circulante Salários e Encargos Sociais 5.812.299 4.173.454 Provisão para Rescisão Contratual 2.827.520 4.037.150 Férias e Encargos Sociais 5.952.767 4.764.128 Fornecedores 170.376 54.106 Contas a Pagar 387.170 292.696 15.150.132 13.321.535 Não Circulante Provisão para Ações Trabalhistas 162.493 205.861 Patrimônio Social Patrimônio Social 46.051.241 33.036.535 Reserva de Doações 296.369 296.369 46.347.610 33.332.904 Total

61.660.235 46.860.299

Demonstrações de Superávits

[SÉ] A abertura da Semana Nacional da Família, na Região Episcopal Sé, aconteceu na manhã do domingo, 8, com missa na Basílica Nossa Senhora do Carmo, Setor Pastoral Cerqueira César, presidida pelo Frei Thiago Borges Isidoro, O. Carm. O tema deste ano foi “Alegria do amor na família”, em sintonia com a proposta do Papa Francisco ao convocar o Ano Família Amoris Laetitia. Agentes da Pastoral Familiar da Região Sé participaram da missa. (por Centro Pastoral da Região Sé) [SÉ] No contexto da Semana Nacional da Família, aconteceu na quinta-feira, 5, uma live organizada pelos grupos da Pastoral Familiar nas Regiões Sé e Belém, com palestras sobre os temas “O amor verdadeiro mais ama do que é amado” e “Acompanhar, discernir e integrar”, ministrados pelo Padre Cleiton Silva, da Diocese de Mogi das Cruzes, que é professor, teólogo e escritor, com a mediação do Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. A íntegra da live pode ser vista no link a seguir: https://cutt.ly/fQUvZg0. (por Centro Pastoral da Região Sé)

Errata Contrariamente ao noticiado na página 6 da edição 3357 do O SÃO PAULO (4 a 10 de agosto) na missa em que 20 jovens receberam o sacramento da Crisma, no dia 1º, na Paróquia Santa Inês, Setor Mandaqui da Região Santana, o senhor Edival Alves dos Santos não foi um dos concelebrantes. A informação correta é que a celebração foi presidida por Dom Jorge Pierozan, tendo como concelebrantes os Padres Cândido da Costa, Pároco; Aloizio José Nunes de Azevedo Junior e Claudir Costenaro, MS; assistidos (por Pascom da Região Santana) pelo Diácono Márcio Cesena.

Exercícios Findos em 31 de Dezembro de 2020 e 2019 (Centavos eliminados) 2020 2019 Receita bruta para serviços prestados Convênios com entidades públicas SMADS - Secretaria Munic. De Assist. e Desenv. Social 29.652.848 26.010.111 SME - Secretaria Munic. de Educação 14.539.756 26.108.742 SMS - Secretaria Municipal da Saúde 49.360.135 26.296.961 Outros Convênios e Projetos - 1.134.574 93.552.740 79.550.388 Convênios / Projetos com Entidades Privadas Doações de Entidade Privadas Doações Particulares e Campanhas Voluntários Outras Receitas

650.113 2.843.933 46.856 - 4.518 3.545.420

1.072.427 1.239.772 196.914 247.764 207.719 2.964.597

(-) Custo dos Serviços Prestados (83.885.950) (79.162.877) Superávit Bruto 13.212.209 3.352.108 (Despesas) / Receitas Operacionais Administrativas e Gerais (594.970) Voluntários - Financeiras Líquidas 397.467 (197.503) Superávit do Exercício 13.014.706

(493.452) (247.764) 1.345.597 604.380 3.956.488

Reconhecemos a exatidão do Balanço encerrado em 31 de dezembro de 2020 conforme documentação apresentada.

OSVALDO BISEWSKI Diretor Presidente CPF 705.814.449-49

SUSI CASADO SILVEIRA MIGUEL Contadora CRC 1SP-168923


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Fé e Cidadania

belém

Quem tem medo da democracia?

Morre aos 59 anos o Diácono Marcos Antônio Domingues Arquivo pessoal

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A Região Belém comunicou no domingo, 8, o falecimento do Diácono Marcos Antônio Domingues, aos 59 anos, em decorrência de complicações de saúde após ter se contagiado com a COVID-19. Ele deixa a esposa, duas filhas e netos. Diácono Domingues atuava como Assistente Pastoral na Paróquia Santa Cruz, no Setor Vila Antonieta, da Região Belém. Também era colaborador da Rede Vida de Televisão e fazia parte da Comunidade Luz das Nações. Seu lema de ordenação diaconal era “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Ordenado diácono em 24 de abril de 2010 pela imposição das mãos do Cardeal Scherer, Marcos Antônio Domingues atuou em

diferentes atividades na Igreja, entre as quais a de responsável administrativo do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em nota de pesar, a presidência do Regional Sul 1 lembrou que o Diácono “organizou a situação contábil e financeira, reestruturou os cargos e salários, remanejou a infraestrutura do ambiente

de trabalho com móveis e equipamentos de informática, reduziu em 30% as despesas, regulamentou a situação fiscal e tributária e, por último, administrou a implantação da missão no continente africano e a continuidade da missão do Regional na Amazônia, visitando ambos os projetos, como um grande animador e motivador dessas iniciativas”.

Comportamento

Que os pais possam ser pais Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Aproveitando que ainda estamos em clima de Dia dos Pais, gostaria de chamar a atenção para algo que venho percebendo há algum tempo: muitas vezes, as mães têm tolhido os pais de viverem, a seu modo, esse importante papel que têm na vida da família. Vivemos, hoje, uma mentalidade de busca de conforto e bem-estar nas relações, um medo enorme de traumatizar as crianças, surgindo, assim, em meio a tantas preocupações, um apagamento das diferenças entre o pai e a mãe. As mães saem para o trabalho profissional, seja por necessidade financeira, seja por realização profissional. O trabalho em casa – cuidado com os filhos, com a própria casa e com a família em geral – fica dividido entre o casal, que precisa pensar em estratégias para que tudo aconteça da melhor maneira possível. Não há problema que seja assim, desde que as coisas estejam bem planejadas, as prioridades bem identificadas e os papéis bem estabelecidos. Mais do que nunca é necessário que o casal seja uma equipe de trabalho e, a própria ideia de equipe traz à cena a diversidade – numa equipe nem todos são experts em tudo, mas cada um coloca o seu melhor a serviço do projeto que a equipe empreende. Pensar na vida da família pode ter como ponto de partida essa

mesma lógica. Existem habilidades e competências mais específicas das mães e outras mais específicas dos pais, pelo próprio fato de serem pessoas diferentes do ponto de vista de sua manifestação sexual. Não podemos cair na falácia da igualdade ou da diversidade somente cultural. Somos pessoas absolutamente iguais em dignidade, porém, Deus, em sua sabedoria, criou pessoas masculinas e femininas, e isso traz consequências para a vida, evidentemente. O modo de uma mulher e de um homem perceberem e se relacionarem com a realidade, com os filhos e com a vida é marcado por sua corporeidade (hormônios, força muscular, capacidade afetiva, funcionamento cerebral etc.), por sua biografia e sua personalidade. Somos marcados desde o início da vida gestacional por esse traço que é fundamental da nossa constituição pessoal. Como seria possível, então, desprezar tal fato no momento de equalizar as atividades no seio da família? Trabalhar em equipe significa planejar com sabedoria e prudência o que cabe a cada um segundo as habilidades e modo de ser e, acima de tudo, respeitar o modo do outro de fazer aquilo que foi a ele atribuído. Pais farão de um modo e mães de outro, a mesma atividade e, tudo bem, as crianças perceberão e entenderão. Mais do que isso, terão possibilidade de se identificar mais com um modo do que com

outro. Conhecerão as manifestações mais próprias dos homens e as mais próprias das mulheres, o que é um grande bem diante de tantas confusões ideológicas que vivemos na pós-modernidade. O que observo são mães querendo que os pais exerçam como elas as atividades próprias da vida da família e das rotinas das crianças. Fiquem atentas: o importante é que as atividades e rotinas sejam garantidas, que sejam realizadas com dedicação, envolvimento, amor – lembrem-se, porém – cada um a seu modo. Pais terão modos próprios de conduzir essas demandas. Quando houver algum ajuste a ser feito, alguma discordância sobre o modo de conduzir as coisas, que a “equipe” se reúna e converse. Discuta os objetivos e veja se estão sendo comprometidos pelos procedimentos, enfim, valorizem os diferentes modos de fazer. O que não podemos é tolher os pais de serem pais a seu modo. Nossas crianças e a sociedade precisam de homens fortes, ativos, que ocupem seu lugar exatamente como são. Homens que tenham coragem de assumir seu papel na vida da família de modo responsável, dedicado, sem se sentirem inaptos diante de tantas críticas que normalmente recebem de suas parceiras. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.

Marli Pirozelli N. Silva Pesquisas recentes revelam que em muitos países aumentaram as ameaças à liberdade de expressão e de imprensa, partidos extremistas voltaram à cena política com maior número de seguidores, eleições foram questionadas, regras eleitorais foram alteradas para favorecer governantes que têm estimulado a polarização por meio da disseminação de falsas informações na mídia. São muitos os sinais de que a democracia está em crise no mundo atual. Segundo relatório do Instituto V-Dem, as democracias liberais diminuíram de 41 para 32 países na última década. Vários países têm sofrido um processo de “autocratização”, um gradual enfraquecimento das normas democráticas e esvaziamento das instituições, que continuam a existir, mas comprometidas com o poder vigente. A autonomia dos poderes tende a desaparecer, assim como a oposição, que passa a ser desqualificada e perseguida. Mas o que leva as pessoas a apoiarem ideologias e regimes autoritários? Em períodos de crises de grande intensidade, como o que temos vivido, aumenta a insatisfação com a democracia e sua capacidade de solucionar os problemas que afligem a população. As instituições, incapazes de responder às demandas sociais, passam a ser questionadas e consideradas inúteis. Se há uma solução política, esta deve ser buscada em modelos diferentes dos atuais, e a confiança só poderá ser depositada em outsiders, políticos que se denominam antissistema, que desprezam as instituições democráticas e incitam ao radicalismo. Essa é a porta de entrada para políticos e ideologias populistas, que oferecem leituras e soluções simplistas. Ao tomarmos este caminho, porém, estamos renunciando à própria capacidade de reflexão, decisão e participação – um dos grandes princípios da Doutrina Social da Igreja (DSI). Desde Pio XII, a DSI defende a democracia como sendo o regime mais apropriado ao homem, pois valoriza sua dignidade, sua natureza racional e livre, capaz de assumir a responsabilidade por suas decisões e colaborar para realizar o bem comum. São João Paulo II, que conheceu de perto a violência dos regimes autoritários e lutou pelo restabelecimento das liberdades democráticas na Polônia e países socialistas, reconheceu o valor e a necessidade da democracia, praticada num Estado de direito “sobre a base de uma reta concepção da pessoa” (Centesimus annus, CA, 46). Bento XVI também foi um ferrenho defensor da democracia e por ela lutou em seu pontificado, aprofundando a reflexão sobre suas virtudes e ressaltando seus limites, quando não assentada na justiça e no direito, mas baseada exclusivamente na decisão da maioria. A democracia, como qualquer obra humana, necessita de aperfeiçoamento contínuo. Em alguns momentos, mostra-se forte e, em outros, se torna bastante frágil. Por isso, não podemos abandoná-la por suas imperfeições, mas legitimá-la, ampliando os mecanismos de participação e buscando a justiça social. O momento que atravessamos no Brasil pede que estejamos vigilantes e nos manifestemos contra as medidas, decretos e manobras legais que atentem contra as liberdades civis e a Constituição. O magistério do Papa Francisco tem nos encorajado a fortalecer a democracia, atuando diretamente em vários âmbitos da esfera social e política, ressaltando que devemos trabalhar para torná-la representativa e solidária, porque a democracia só existe onde todas as pessoas têm garantido seu direito à vida, à alimentação, à educação e participação. Esta é, sem dúvida, a tarefa mais urgente que temos hoje em nosso país. Marli Pirozelli N. Silva é graduada em História, mestra em Filosofia da Educação e professora universitária de Doutrina Social da Igreja.


8 | Regiões Episcopais | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

brasilândia Dom Carlos Silva ressalta a missão dos catequistas na Igreja Priscila Rocha

Priscila Rocha

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No sábado, 7, em missa na Comunidade São Francisco de Assis da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, Setor Pereira Barreto, teve início a jornada da Iniciação à Vida Cristã (IVC) na Região Brasilândia, com o intuito de refletir a missão de ser catequista. A celebração foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, tendo como concelebrantes os Padres Silvio Oliveira, Maycon Wesley, Francisco Barros e Juarez Dirceu Passos, todos atuantes em paróquias do Setor, além do Padre Sebastião Júnior, da Arquidiocese de Campo Grande (MS) e colaborador na Paróquia Nossa Senhora do Retiro, assistidos pelo Diácono Nelson Silva. Também participaram os catequistas de Batismo, primeira Eucaristia, Perseverança, Catequese de Adultos e Crisma. No começo da missa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia apresentou três reflexões: “Ide pelo mundo” (apontando para a cruz), “Eis-me aqui” (sinalizando a imagem de Nossa Senhora Aparecida) e “Recomeçar” (ao relembrar São Francisco em seu leito de morte). Falou, ainda, sobre a carta apos-

tólica Antiquum ministerium, pela qual o Papa instituiu o ministério de Catequista. Na homilia, Dom Carlos agradeceu a cada um que escutou, deu a resposta ao chamado para ser catequista e reforçou que a vocação é plena e perfeita quando Deus chama e há resposta de quem é chamado. O Bispo lembrou que se atualmente há padres, diáconos e bispos é porque houve catequistas. Comentou, também, que “o Senhor é único e o nosso Deus”, e que uma pessoa sem fé “é incapaz de ter resultados em seus projetos”, de modo que um catequista sem fé não vai plantar a semente nas crianças, jovens e adultos. Dom Carlos

Silva ressaltou que a fé é um alimento essencial da esperança de que se é capaz de vencer obstáculos e é concedida a todos, mas depende da aceitação individual: “Se aceitamos, Deus realiza sua obra; se nos fechamos, Deus respeita”. Ele também lembrou que a fé, ainda que limitada, é aceita por Deus. Ao fim da celebração, Dom Carlos, a Irmã Elisabete e o Padre Silvio fizeram um momento de envio dos catequistas, que receberam um exemplar da carta apostólica, além do círio da assembleia catequética da Região Brasilândia, e uma carta com a recomendação de uma celebração para o Dia do Catequista em cada paróquia, a fim

de se renovar os votos de cada catequista. Dom Carlos lembrou que a comissão da IVC na Região será composta pelo Padre Silvio, Padre Dorival, Irmã Elisabete e mais dois representantes de cada setor. Como primeira missão, caberá à comissão fazer um mapa da região para pensar propostas e projetos, reforçando a importância do recomeçar. Por fim, o Bispo fez a bênção de envio: “Catequistas, que suas palavras sejam eco da voz de Cristo” e os consagrou a Nossa Senhora Aparecida. Outros setores pastorais da Região Brasilândia terão uma celebração que marcará a escolha de pessoas da Comissão Regional da IVC.

Pascom Santos Apóstolos

Pascom Santos Apóstolos

[BRASILÂNDIA] No sábado, 7, na Paróquia Santos Apóstolos, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa com a participação dos catequistas que atuam no Setor São José Operário. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia recordou que Maria Santíssima é a referência para o cristão como aquela que se coloca à disposição e a serviço de Deus. Ao fim da celebração, o Bispo entregou aos representantes das comunidades um exemplar da carta apostólica Antiquum ministerium, pela qual o Papa instituiu o ministério de Catequista. Por fim, realizou o envio dos catequistas, reforçando que são convocados a assumir esta missão evangelizadora. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

[BRASILâNDIA] No domingo, 8, aconteceu a missa de abertura da Semana Nacional da Família na Paróquia Santos Apóstolos. A celebração, organizada pela Pastoral Familiar, foi presidida pelo Pároco, Padre Jaime Izidoro. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

ipiranga Arquivo paroquial

Arquivo paroquial

[IPIRANGA] A Pastoral Familiar do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida iniciou a Semana da Família sob a temática da Hora da Família. Padre Zacarias Paiva, Pároco e Reitor, afirma que “a participação das famílias nesta semana é um sinal de comunhão eclesial e espiritual, além de colaborar com a formação humana das famílias!”. (por Padre Zacarias Paiva)

[IPIRANGA] No sábado, 7, Dom ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, presidiu missa na Paróquia Santa Cândida, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a quatro crismandos. (por Caroline Dupim)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Reportagem | 9

Irmãs Paulinas comemoram 90 anos de presença missionária no Brasil fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

As religiosas da Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas) se reuniram na Catedral da Sé no domingo, 8, para celebrar a missa que marcou o início das comemorações dos 90 anos de sua presença no Brasil. A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que agradeceu às Paulinas os anos de serviço à Igreja com a missão de anunciar o Evangelho pelos meios e pela cultura da comunicação.

Desafios da modernidade

História

No dia 21 de outubro de 1931, desembarcou no porto de Santos (SP) a primeira missionária paulina em terras brasileiras, Irmã Dolores Baldi. Em 28 de dezembro do mesmo ano, uniu-se a ela a Irmã Estefanina Cillario. Ambas vieram da Itália. A cidade de São Paulo foi o primeiro destino missionário das Paulinas fora da Itália. Fundada em 1915 pelo Bem-Aventurado Tiago Alberione e pela Venerável Irmã Tecla Merlo, essa congregação é o segundo ramo da Família Paulina, iniciada com a fundação da Pia Sociedade de São Paulo (Padres e Irmãos Paulinos), que chegou ao Brasil meses antes das Paulinas. Hoje, a Família Paulina é constituída de cinco congregações religiosas, cinco institutos seculares e uma associação de cooperadores leigos. O primeiro trabalho das missionárias no Brasil foi a produção editorial de materiais de evangelização e espiritualidade. Atualmente, a Paulinas Editora está entre as maiores editoras católicas do País, publicando obras nas áreas de Espiritualidade, Catequese, Psicologia educacional e familiar, Comunicação, Sociologia, Filosofia e Teologia, além de documentos da Igreja, biografias, estudos acadêmicos e literatura infantojuvenil.

Missão

Aos poucos, começaram a surgir jovens vocacionadas para essa missão e a congregação foi se expandindo. No começo, o apostolado da difusão dos livros e revistas era feito pelas irmãs, porta a porta. Então, surgiram as primeiras livrarias que logo se tornaram referência para os católicos. Em 1934, nasceu a edição brasileira da revista Família Cristã, inspirada na versão italiana, fundada pelo Padre Alberione. As primeiras capas da revista eram importadas da Itália e anexadas

no bairro do Grajaú, na periferia da zona Sul de São Paulo, por meio do Centro de Promoção Humana Irmã Tecla Merlo, voltado para o atendimento de crianças, adolescentes e suas famílias.

no conteúdo, no formato de folheto. Cortada, perfilada e grampeada, em um processo artesanal de acabamento, feito pelas próprias irmãs, tornou-se a revista católica de maior circulação no Brasil. As Filhas de São Paulo também se destacaram na produção fonográfica, quando, em 1960, fundaram a gravadora Paulinas-Comep, que lançou grandes nomes da música católica no País, entre os quais o Padre Zezinho. No campo audiovisual, as Paulinas-Multimídia já publicou inúmeros DVDs sobre a vida de

santos, shows, documentários e histórias infantis e juvenis. A congregação também conta com o Serviço de Animação Bíblica (SAB), com sede em Belo Horizonte (MG), e o Serviço à Pastoral da Comunicação (Sepac), em São Paulo, que há mais de 30 anos contribuem no estudo, aprofundamento e difusão de conteúdos bíblicos e da comunicação, formando e habilitando profissionais e agentes de pastoral nessas áreas. As Paulinas também desenvolvem um trabalho social há mais de 20 anos

Atualmente, as Paulinas contam com 186 religiosas que vivem nas 18 comunidades da congregação nas cinco regiões do Brasil, onde continuam a missão confiada às primeiras missionárias italianas. “Muitos passos foram dados para levarmos adiante nossa missão de viver e comunicar Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, por este Brasil continental... A trajetória das Paulinas é marcada pelos grandes desafios da modernidade: da composição manual à editoração eletrônica, do vinil à música digital, do telefone à internet, e dos pontos de venda às livrarias virtuais”, afirmou a Superiora Provincial das Paulinas no Brasil, Irmã Marlene Konzen. E, para acompanhar essas evoluções, as Paulinas estão em constante inovação. Desde o início de 2021, a revista Família Cristã passou a ser uma publicação inteiramente digital, reformulada para atender às necessidades das novas gerações. As músicas da PaulinasComep também estão disponíveis nas plataformas de streaming. No campo da formação, além dos cursos presenciais, a congregação investe em cursos na modalidade a distância (EAD), nas áreas de Bíblia, Comunicação e Catequese. Além das 31 livrarias físicas espalhadas pelo Brasil, a Paulinas conta com uma livraria virtual que, especialmente no período da pandemia, expandiu seu alcance.

Gratidão a São Paulo

“A cidade e a Igreja em São Paulo nos acolheram por primeiro. Daqui, as irmãs foram enviadas para todas as regiões do Brasil e assim continua. Toda a nossa missão, os meios de comunicação e produção partem de São Paulo e, por que não dizer, do coração do Apóstolo Paulo, nosso patrono”, disse a Provincial. Irmã Marlene recordou que o Beato Alberione dizia que toda pessoa que adquire um material das Paulinas, seja um livro, revista, música ou curso, torna-se um “evangelizador, comunicador e colaborador na missão”. O Cardeal encorajou as Irmãs Paulinas a permanecerem firmes na fé e, alimentando-se sempre do Pão da Palavra e da Eucaristia, que continuem a testemunhar ao mundo o carisma que Deus lhes confiou.


10 | Geral | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Arquidiocese realiza série de lives sobre o mês vocacional REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Neste mês das vocações, o Serviço de Animação Vocacional da Arquidiocese de São Paulo tem realizado, nas terças-feiras de agosto, à noite, uma série de lives sobre o chamado de Deus na vida dos cristãos. A primeira ocorreu no dia 3, com destaque para a vocação aos ministérios ordenados, em especial o sacerdócio. A temática foi tratada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, com a participação de Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial para a Animação Vocacional, e o Padre José Carlos dos Anjos, Coordenador da Pastoral das Vocações. Inicialmente, o Cardeal falou sobre a vocação de todos os cristãos, recebida no Batismo. “Essa é a primeira vocação, de sermos filhos de Deus, membros da sua família, herdeiros dos seus bens com Cristo”, disse, lembrando ainda que pelo Batismo cada cristão é chamado à santidade, vocação universal de todo o povo de Deus. Em seguida, Dom Odilo explicou que o sacerdócio é um chamado a viver a vocação à santidade no serviço aos irmãos,

a Cristo e à sua Igreja, ajudando o mundo a acolher o Evangelho. “Para isso, os sacerdotes exercem aqueles dons que Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo, deixou à sua Igreja: anunciar o Evangelho, santificar o povo de Deus por meio dos sacramentos e realizar o serviço pastoral da caridade”, completou. A íntegra da reportagem pode ser lida no site do O SÃO PAULO, pelo link a seguir: https://cutt.ly/vQIFVYb.

Mais 3 lives acontecerão neste mês

A segunda live vocacional aconteceu na noite da terça-feira, 10, a respeito da vocação familiar, com a participação do casal Osmarina e Toninho Baldon, que atua na Pastoral Familiar. Nas próximas três semanas estão previstos outros encontros on-line, que serão transmitidos pela página da Arquidiocese de São Paulo no Facebook. 17/08, às 19h30: Vocação à Vida Consagrada Realizada pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); 24/08, às 20h: Vocação Laical Convidado: Professor João Cláudio Rufino;

3 1/08, às 20h: Vocação do Catequista Convidado: Padre Thiago Faccini.

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Vatican Media

Encontro com coroinhas, acólitos e cerimoniários

No contexto do mês das vocações, acontecerá uma live com os coroinhas, cerimoniários e acólitos, no sábado, 14, às 10h, com Dom Odilo Scherer e o Padre Tarcísio Mesquita, com transmissão em https://facebook.com/arquisp. A atividade on-line será realizada na véspera da memória litúrgica de São Tarcísio. Em 15 de agosto de 257, Tarcísio, com 12 anos de idade, acólito do Papa Xisto II, foi assassinado por pagãos enquanto levava a Eucaristia a cristãos presos. O Martirológio Romano descreve que Tarcísio “julgou ser uma coisa vergonhosa atirar pérolas [a Eucaristia] aos porcos, e, por isso, foi atacado por pagãos durante longo espaço de tempo, com paus e pedras, até entregar o seu espírito a Deus. Quando lhe reviraram o corpo, os assaltantes sacrílegos não puderam encontrar nem sinal do sacramento de Cristo, nem em suas mãos nem por entre as vestes”. Por seu martírio ainda criança e seu testemunho de amor à Eucaristia, São Tarcísio é venerado como padroeiro dos coroinhas. Divulgação

Falece aos 94 anos o cardeal espanhol Martínez Somalo https://cutt.ly/BQOxvtV Dom Odilo: ‘Como São Lourenço, sejamos testemunhas da caridade’ https://cutt.ly/eQOjBQc Curso de atualização do clero é concluído com acento na mística e nas fontes espirituais https://cutt.ly/vQOj9De CRB divulga programação da 2ª Semana Nacional da Vida Consagrada https://cutt.ly/MQOzc5B COVID-19: um em cada quatro jovens no mundo tem sintomas de depressão https://cutt.ly/PQOzaNx Jogos de Paris 2024 terão um delegado episcopal https://cutt.ly/JQOzIhp Religiosos cubanos relatam que há detidos sem julgamento após protestos https://cutt.ly/QQOc0ek

Você Pergunta Como são escolhidas as pessoas para Ministro Extraordinário da Eucaristia? Padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Essa pergunta foi enviada pelo Nilso Nepomuceno, da Vila Mariana. Ser Ministro da Eucaristia ou Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, Nilso, é um serviço confiado a homens e mulheres leigos. Eles prestam essa colaboração em nossas comunidades, ajudando quando há uma quantidade muito grande de comunhões a serem distribuídas. Também levam Jesus sacramentado aos idosos e en-

fermos que estão em casa ou nos hospitais. Na Arquidiocese de São Paulo, cada comunidade se reúne com seu pároco e decide quem possui condições para este ministério. Os critérios são a vida pessoal, familiar e cristã do candidato, seu compromisso com Cristo e com os irmãos na fé. E é bom que o tempo de ministério não passe de dois ou três anos, no máximo, para que outros tenham a oportunidade de servir à comunidade. É bom que eles também passem por um tempo de preparação, aprofundando a doutrina sobre o Santís-

simo Sacramento. Não basta ser chamado: é preciso ser qualificado, e iniciar o serviço com uma linda celebração. É claro, nem precisava dizer isso, mas eu digo: é preciso que os ministros tratem bem o povo de Deus, não se sintam empoderados e “os tais” diante da comunidade. Não há coisa mais triste e menos cristã do que humilhar publicamente um irmão ou irmã na fé. Como você vê, meu irmão, os critérios e orientações são muitos. Em nossa Igreja em São Paulo, há um encontro solene dos

ministros, no qual eles recebem o mandato ou o envio solene do arcebispo ou do bispo de cada região episcopal. Eu concluo lembrando que o Ministro Extraordinário da Eucaristia deve colocar muito amor e respeito no exercício de seu ministério. Nunca se esqueça de que está distribuindo Jesus, o Pão da Vida, aos irmãos. Que eles comunguem o Cristo de suas mãos e vejam o Cristo presente em suas palavras, gestos e atitudes. Espero ter respondido à sua pergunta. Fique com Deus!


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Reportagem | 11

Missa marca a abertura da Semana Nacional da Família na Arquidiocese Luciney Martins/O SÃO PAULO

Roseane welter

especial para o são paulo

“Alegria do amor na família” é o tema da Semana Nacional da Família, celebrada até sábado, 14, por toda a Igreja no Brasil, em sintonia com a vivência do Ano Família Amoris Laetitia, convocado pelo Papa Francisco. Na Arquidiocese de São Paulo, a abertura da Semana Nacional da Família aconteceu no sábado, 7, com missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga. A missa contou com a participação de membros da Pastoral Familiar das seis regiões episcopais e da comunidade paroquial.

Vocação

Na homilia, Dom Odilo destacou que a Semana da Família acontece durante o mês vocacional, para recordar que ser família é um chamado. “O casamento é uma vocação, e a decisão de formar uma família deve ser fruto de um discernimento vocacional. O casamento não é uma convenção social, um rito vazio ou sinal externo de compromisso. É um dom em que os casados são chamados à santidade por meio da união conjugal, alicerçados no amor e fundamentados no chamado de Deus.” O Cardeal recordou que o Matrimônio está enraizado na graça do Batismo, aliança que une a pessoa a Cristo na Igreja. E ressaltou que unidos e imbuídos da graça de Cristo, os esposos prometem fidelidade e entrega total, e se comprometem a caminhar juntos na construção da família.

Celebrar

Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Pároco e Reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida e Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar, destacou que a Semana Nacional da Família é um momento para celebrar a vida familiar. “Essa vivência é uma oportunidade para resgatar os valores e recordar a função da família de ser polo de comunhão, fraternidade e de fomento da fé”, afirmou, pontuando, ainda, a missão da Pastoral Familiar nas paróquias e comunidades: “A Pastoral é um espaço de união e comunhão dentro da Igreja no Brasil”.

Ano da família

O Ano Família Amoris Laetitia é uma iniciativa do Papa Francisco, com o objetivo de oferecer à Igreja oportunidades de reflexão, estudo e vivência concreta das riquezas expressas na exortação, em preparação ao X Encontro Mundial das Famílias de 2022, em Roma, com o tema “O amor na família: vocação e caminho de santidade”. A exortação Amoris laetitia, lançada em 2016, é fruto de dois sínodos sobre a família, realizados entre os anos de 2014 e

Cardeal Scherer preside missa de abertura da Semana Nacional da Família no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora Aparecida, dia 7

2015. São nove capítulos que abordam questões sobre a Palavra, a realidade, os desafios e a vocação das famílias, o amor no Matrimônio, a fecundidade, a educação dos filhos, a espiritualidade, entre outros temas (veja mais na página 12). Os objetivos do Ano Família são difundir o conteúdo da exortação apostólica; anunciar que o sacramento do Matrimônio é um dom; fazer da família protagonista da Pastoral Familiar; sensibilizar os jovens; e ampliar o olhar e a ação da Pastoral Familiar.

Hora da família

Para a Semana da Família, todos os anos, a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) prepara materiais de estudo e apoio para as arquidioceses, dioceses e paróquias. Entre estes está o subsídio Hora da Família, que em 2021 completa 25 anos. Ele foi criado em 1996, como material de preparação para a visita do Papa João Paulo II, que veio ao Brasil, por ocasião do II Encontro Mundial das Famílias. O tema escolhido é “Alegria do amor na família” e o lema “Dá e recebe, e alegra a ti mesmo”, em referência à exortação Amoris laetitia, documento do Papa Francisco que, em 2021, completou cinco anos de sua publicação. O subsídio é um material com roteiros de reflexão e oração para fortalecer o trabalho de evangelização das famílias. Ricardo Nogueira Simões e Aparecida de Abreu Nogueira Simões, casados há 38 anos, são os coordenadores arquidiocesanos da Pastoral Familiar. Eles destacam que o subsídio “convoca para a reflexão e vivência da dimensão da alegria do amor nas famílias. De norte a sul do País, as famílias refletem, aprofundam e se catequizam por meio do Hora da Família. Cada encontro proposto no subsídio é um itinerário de aprofundamento da fé em família a serviço da comunidade”.

A beleza e os desafios da vida em família

Cada tema proposto no subsídio Hora da Família é um convite à reflexão sobre a dinâmica conjugal, uma oportunidade de pensar sobre a beleza e os desafios da vivência familiar. “Somente um verdadeiro amor pode trazer a alegria que vem de Cristo. É preciso evidenciar a alegria que brota do coração de cada lar cristão, como fruto do fortalecimento dos vínculos conjugais que unem os filhos e vencem juntos obstáculos e desafios porque estão sustentados pela fé”, afirmou o casal. Práticas como “a oração em família, o diálogo, o engajamento comunitário e o exame de consciência ajudam o casal a construir um lar saudável e a enfrentar as dificuldades com leveza e sabedoria”, pontuou o casal coordenador.

Viver o amor no cotidiano

O Papa Francisco constantemente convida a refletir o amor familiar como vocação e caminho para a santidade. Resgata o amor no Matrimônio e ilustra-o a partir do “hino ao amor” (1Cor 13,4-7). Viver o amor no cotidiano exige renúncias, o exercício da humildade, a prática das desculpas e o serviço aos outros, de coração. Olhar o outro com misericórdia, dando pouca relevância aos limites e falhas, e valorizando as virtudes para construir laços afetivos. O exemplo da Família de Nazaré é inspiração para os casais na vivência do amor e na educação dos filhos.

Acompanhar, discernir e integrar

O Papa entra na realidade concreta das relações familiares, destacando os aspectos fundamentais do caminho de santificação ao qual as famílias são chamadas. Convida ao compromisso eclesial, encorajando uma renovação do cuidado pastoral tanto na metodologia

quanto no conteúdo, a fim de torná-lo acessível às necessidades atuais das famílias em seus contextos. Essa pedagogia de Francisco de “acompanhar, discernir e integrar” é um caminho no qual “a Igreja deve acompanhar, com atenção e solicitude, os seus filhos mais frágeis, marcados pelo amor ferido e extraviado, dando-lhes de novo confiança e esperança” (Amoris laetitia, AL, 291). No discernimento pastoral, “identificar elementos que possam favorecer a evangelização e o crescimento humano e espiritual” (AL, 293). Para integrar, “deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial” (AL, 297).

Ações concretas

Este ano, ainda devido à pandemia, a programação da Semana Nacional da Família na Arquidiocese foi marcada por eventos transmitidos pelas mídias digitais e alguns no formato presencial. “Entre as atividades planejadas, estão acontecendo celebrações presenciais e virtuais, por causa da pandemia, lives semanais para refletir os temas do subsídio Hora da Família, com convidados; famílias unidas na oração do Santo Terço, novenas e ofícios”, pontuou o Padre Zacarias. “A Pastoral Familiar promoveu a Pré-Semana da Família, uma sessão de lives preparatórias sobre o tema deste ano, unindo e envolvendo as seis regiões episcopais e, agora, cada paróquia vai fazer sua atuação e programação próprias para a vivência concreta da semana in loco”, ressaltaram Ricardo e Aparecida. A Pastoral Familiar se uniu à solidariedade aos irmãos em situação de vulnerabilidade e promoveu campanhas de arrecadação e distribuição de cobertores, cestas básicas e itens de higiene.


12 | Reportagem | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Matrimônio: sinal da união indissolúvel de Cristo com a Igreja Vatican Media

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Publicada em 2016, a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (AL), do Papa Francisco, ressalta, como tema central, a alegria do amor presente no Matrimônio e nas famílias. Fruto do caminho sinodal percorrido pela Igreja entre 2014 e 2015, esse documento sublinha que, apesar dos numerosos sinais de crise no Matrimônio, “o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja”. Reforçando o que seus predecessores – especialmente São Paulo VI e São João Paulo II – já haviam escrito, Francisco recorda que o Matrimônio cristão, “reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até a morte e se abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade” (AL, 292).

Sacramento

O Bispo de Roma também enfatiza que o sacramento não é uma “coisa” nem uma “força”, mas o próprio Cristo que “vem ao encontro dos esposos cristãos”, permanece com eles e “lhes dá a coragem de o seguirem, tomando sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das quedas, de se perdoarem mutuamente, de levarem o fardo um do outro”. Francisco garante que os esposos nunca estarão sós, com as suas próprias forças, para enfrentar os desafios que surgem. “São chamados a responder ao dom de Deus com o seu esforço, a sua criatividade, a sua perseverança e a sua luta diária, mas sempre poderão invocar o Espírito Santo que consagrou a sua união, para que a graça recebida se manifeste sem cessar em cada nova situação”.

Amor conjugal

A exortação apostólica destaca que o Concílio Vaticano II ensina que o amor

conjugal “compreende o bem de toda a pessoa e, por conseguinte, pode conferir especial dignidade às manifestações do corpo e do espírito, enobrecendo-as como elementos e sinais peculiares do amor conjugal”. O Pontífice lembra que a união sexual, “vivida de modo humano e santificada pelo sacramento”, é, por sua vez, “caminho de crescimento na vida da graça para os esposos”. Sobre esse aspecto, o Catecismo da Igreja Católica ensina que o Matrimônio é uma “íntima comunidade da vida e do amor conjugal”, que constitui um bem para os próprios esposos” e a sexualidade “ordena-se para o amor conjugal do homem e da mulher”. Nesse sentido, os filhos que nascem dessa união não vêm “de fora”, para se juntarem ao amor mútuo dos esposos, mas surgem “no próprio coração deste dom mútuo”, do qual são fruto e complemento. “Desde o início, o amor rejeita qualquer impulso para se fechar em

si mesmo, e abre-se a uma fecundidade que o prolonga para além da sua própria existência. Assim, nenhum ato sexual dos esposos pode negar este significado, embora, por várias razões, nem sempre possa efetivamente gerar uma nova vida.”

sobre a “família alargada” ou “ampliada”, que consiste na comunidade próxima com as quais pais e filhos interagem, trocam experiências e se ajudam mutuamente. Dela, fazem parte os avós, tios, primos e até os vizinhos.

Fragilidade

Vida espiritual

O Santo Padre dedica uma parte da Amoris laetitia para falar das situações de fragilidade e sofrimentos das famílias, reforçando que “a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o Matrimônio”. Por isso, o Bispo de Roma salienta a importância de acompanhar, discernir e integrar os casais que vivem fragilidades, ajudando-os para que, gradualmente, correspondam ao chamado de Deus para suas vidas. Francisco também recorda que as famílias não são “ilhas” isoladas, e fala

O último capítulo do documento é dedicado à espiritualidade conjugal. O Papa afirma que a presença do Senhor habita a família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. “A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une ‘o humano e o divino’, porque está cheia do amor de Deus. Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino.”

Documentos da Igreja sobre a família O elenco de textos do magistério da Igreja sobre a família é bastante vasto. São documentos pontifícios, cartas, mensagens, estudos, homilias, catequeses e outros materiais que trazem reflexões que aprofundam diversos aspectos dessa vocação cristã. Veja, a seguir, alguns: Papa Leão XIII

Arcanum divinae sapientiae (1880)

Papa Pio XI

Casti connubii (1930)

Papa Pio XII

Mensagem aos participantes na Conferência Internacional sobre a Família (1958)

São João XXIII

Mater et magistra (1961 – números 32, 33, 144, 173, 180, 182, 229)

São Paulo VI

Humanae vitae (1968)

São João Paulo II

Familiaris consortio (1981) Gratissimam sane (1994) Evangelium vitae (1995)

Papa Bento XVI

Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo (2004) Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2006) Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2010)

Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2011)

Francisco

Amoris laetitia (2016)

Acesse a lista completa em: https://tinyurl.com/ygfl9vjj


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Reportagem | 13

Lugar privilegiado para a busca da santidade Como em todas as vocações cristãs, o Matrimônio é um meio pelo qual o ser humano pode responder ao chamado universal de Deus à santidade. No entanto, a graça recebida quando os esposos se unem sacramentalmente sob a bênção de Deus não opera de forma “mágica”. Ela se manifesta ao longo da vida matrimonial, fazendo da família um lugar privilegiado para a santificação. Para isso, é preciso antes entender verdadeiramente o que significa santidade. “Quando falamos desse tema, o primeiro passo que devemos dar é purificar o próprio conceito de santificação, que, muitas vezes, é equivocado, porque pensamos que é uma isenção de defeitos ou perfeição no modo de pensar e de agir, que, portanto, se torna um caminho quase impossível, como que não fosse para nós ou não fôssemos capazes, porque nos deparamos com as nossas limitações, fraquezas...”, destacou, ao O SÃO PAULO, Padre Alessandro Enrico de Borbón, mestre em Teologia do Matrimônio e Família, pelo Instituto João Paulo II, em Roma.

Encontro

“Um conceito de santidade que devemos resgatar é daquela que nasce a partir de um encontro com Deus e que se torna uma graça. Portanto, santidade é união com Deus, uma vida em comunhão com Ele”, ressaltou o Sacerdote, acrescentando que essa é a finalidade de toda a vida do ser humano, o grande desejo que está no coração de Deus e a grande sede que o ser humano tem. Na exortação apostólica Gaudete et exultate, o Papa Francisco recorda que santidade não é exclusiva daqueles que foram canonizados ou beatificados pela Igreja. “O Espírito Santo derrama a santidade por toda a parte”, afirma, referindo-se aos que ele chama de “santos da porta ao lado”, que se manifestam “nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir”. “A comunhão familiar bem vivida é um verdadeiro caminho de santificação na vida ordinária e de crescimento místico, um meio para a união íntima com Deus. Com efeito, as exigências fraternas e comunitárias da vida em família são uma ocasião para abrir cada vez mais o coração, e isso torna possível um encontro sempre mais pleno com o Senhor”, afirmou o Santo Padre, na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia.

Igreja de Saint Jacob

A Sagrada Família de Nazaré é o modelo essencial para todas as famílias cristãs viverem sua vocação cotidiana à santidade

Exercício da caridade

Recordando que São João Paulo II se referia à família como “uma academia da prática da caridade cristã”, Padre Alessandro frisou que a caridade evangélica não pode ser entendida de forma superficial, mas, sim, no mandamento de amar o próximo como Jesus amou. “Todos os dias, nos momentos difíceis, de alegria, mas também e principalmente nos pequenos gestos do cotidiano da vida familiar, temos uma grandiosa oportunidade para praticar a caridade cristã”, afirmou. “Quantas oportunidades de santificação se apresentam em uma dinâmica de vida familiar, desde que vividas nessa perspectiva da caridade cristã. A família é um lugar privilegiado em que constantemente temos oportunidades para exercitar essa caridade, nas diferenças de caráter e de personalidades, nas diferenças de opinião, na paciência com as limitações alheias, no perdão, no saber recomeçar, no oferecer uma nova chance para o outro”, sublinhou Padre Alessandro. O Sacerdote reforçou que no sacramento do Matrimônio as pessoas se comprometem a se ajudar mutuamente, a crescer na vida espiritual, na santificação pessoal, que passa por suportar os defeitos alheios, exaltar as qualidades do outro, ajudarem-se reciprocamente a superar os limites. Padre Alessandro acrescentou que a família que acolhe Jesus

Cristo no seu dia a dia, que vive a vida de oração com profundidade, cria um ambiente propício para a abertura a Deus e para a escuta da sua vontade.

Sagrada Família

Nesse aspecto, a Sagrada Família de Nazaré é o modelo essencial para as famílias cristãs viverem sua vocação à santidade. Embora os textos bíblicos não apresentem detalhes do período conhecido como “a vida oculta de Jesus”, dos 12 aos 30 anos, dão referências suficientes para compreender que os cerca de três anos de vida pública de Cristo foram antecedidos por décadas de uma vida comum, em família. “Foram 30 anos no seio de uma família humana, vivenciando o peso do trabalho diário, a assiduidade na oração, a vida cotidiana”, destacou Padre Alessandro.

Escola de Nazaré

Em seu discurso na Basílica da Anunciação, em Nazaré, em 1964, São Paulo VI refletiu sobre “as lições de Nazaré”, referindo-se ao lar da Sagrada Família como a “escola” a respeito da vida de Jesus. “Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e tão misterioso dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela do Filho de Deus”, afirmou. Entre essas lições, o Pontífice destacou o silêncio, o recolhimento, a interioridade e a própria vida familiar. “Nesta escola, com-

preende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo de Cristo”, acrescentou. São Paulo VI ressalta, ainda, a lição do trabalho. “Ó casa do ‘filho do carpinteiro’! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui restabelecer a consciência da nobreza do trabalho; aqui lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que o seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim.”

Humildade

No seu livro “A infância de Jesus” (2012), o Papa Emérito Bento XVI, ao tratar desse período da vida de Cristo, ressalta: “O sinal da Nova Aliança é a humildade, o escondimento: o sinal do grão de mostarda. O Filho de Deus vem na humildade”. “Podemos imaginar como seria, na Sagrada Família, o tom de voz com o qual um tratava o outro, o respeito mútuo, o espírito de serviço, de adiantar-se às necessidades do próximo, viver um para o outro e não para si mesmos... Podemos imaginar, na Sagrada Família, a comunhão constante, concretizada em pequenos gestos, como eles tomavam as decisões diante de Deus, pedindo-lhe luzes, dispostos a realizar sua vontade”, afirmou Padre Alessandro. (FG)


14 | Reportagem | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Vida conjugal: caminho para o céu Reprodução

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Foram muitos os homens e mulheres que viveram a santidade por meio da família e são apresentados pela Igreja como modelos a serem seguidos, bem como intercessores. Entre esses, estão os italianos Luís Beltrame Quattrocchi e Maria Corsini (foto), primeiro casal a ser beatificado, em 21 de outubro de 2001. Ele, natural de Catania, na Sicília, e ela, de Florença, se conheceram em Roma, em 1902, com a idade de 22 e 18 anos, respectivamente. Apesar de pouco praticante, o advogado foi atraído pela fé da estudante de línguas, que amava a arte e a literatura. Ambos tinham uma personalidade forte, que os levava a muitas discussões. No entanto, entenderam que eram chamados a caminhar juntos e, em 25 de novembro de 1905, uniram-se em Matrimônio. Logo chegaram os filhos: Filipe, Estefânia e Cesar. A última gravidez de Maria, porém, foi difícil por causa de uma complicação, que colocava em risco a vida do feto e da mãe. O casal, contudo, recusou-se a abortar e, em 1914, nasceu Henriqueta, que foi a mais

longeva de toda a família.

Vida cristã

O casal levava sua missão adiante, confiando na providência divina e no Sagrado Coração de Jesus. Os dois participavam diariamente da missa, rezavam o Terço à tarde e faziam adoração à noite. Ambos mantinham um compromisso social incessante. Eram voluntários da União Nacional Italiana para o transporte de enfermos aos santuários nacionais e internacionais. Prestaram serviço e assistência aos soldados e civis feridos durante as duas guerras mundiais, salvando muitas vidas.

Morte

Luís e Maria viveram juntos por meio século. Em 1951, ele morreu de ataque cardíaco. Ela faleceu 14 anos depois, em 1965, nos braços de sua filha Henriqueta, após recitar a oração do Angelus. São João Paulo II os definiu como “uma singular confirmação de que o caminho da santidade vivido juntos, como casal, é possível, maravilhoso, e extraordinariamente fecundo, fundamental para o bem da família, a Igreja e da sociedade”.

Santos e beatos que viveram o Matrimônio Reprodução

SÃO LUÍS E SANTA ZÉLIA Luís e Zélia (foto) testemunharam a santidade nas experiências cotidianas, sem nada de extraordinário. Juntos viveram um verdadeiro testemunho de casamento cristão. Da união, nasceram nove filhos: quatro morreram prematuramente, e as cinco filhas que sobreviveram se consagraram a Deus na vida religiosa, entre elas Santa Teresinha do Menino Jesus. A missa diária, a oração pessoal e comunitária, a confissão frequente, a participação na vida paroquial eram elementos vitais para o casal. A educação e a honestidade eram as prioridades dos pais que educaram as filhas para serem boas cristãs e cidadãs honestas.

ULISSE E LELIA AMENDOLAGINE

Ulisse (1893-1969), formado em Direito e funcionário do Ministério do Interior Italiano, e Lelia (18931951), professora primária, tiveram cinco filhos, sendo que dois destes se consagraram a Deus. O caminho do casal foi marcado por alegrias e dores, como o câncer que atingiu Lelia e a fez sofrer por dois anos com fortes dores. O casal transformou a união matrimonial em um lugar de presença do amor de Deus que se doa nos pequenos gestos, vivido no lar marcado pelo amor e pela fé, que se expandiu na doação ao irmão que sofre.

BEATO CARLOS E SERVA DE DEUS ZITA

Conheceram-se ainda crianças. Casaram-se em 1911, na Áustria. Viveram o sacramento segundo o ideal cristão, pautados no diálogo, respeito, lealdade

recíproca, confiança absoluta e harmonia de pensamentos e princípios, não guardavam segredos entre si. Para o casal, seus oito filhos eram dons que Deus lhe havia confiado e se empenhava em lhes dar uma sólida formação religiosa e em lhes infundir sincera piedade.

SÃO GORDIANO E SANTA SILVIA

Silvia casou-se com o senador Jordão, filho de uma nobre e rica família. Ela vinha de uma família simples e soube transitar pela nobreza, guardando sua simplicidade e fé.

Tiveram dois filhos. O primogênito foi Gregório (eleito Papa São Gregório Magno); do segundo filho, não se sabe o nome. A mãe soube educar seus filhos na fé sem deixar que sua família se corrompesse em meio à decadência do Império Romano. Tanto que o mais velho se tornou Papa e o mais novo era sempre citado por seus exemplos de vida. Soube conciliar a vocação da maternidade e o ser esposa de político, ser mãe e educadora na vida e na fé. (Por Roseane Welter)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Papa Francisco | 15

‘Jesus é o pão da vida’, alimento essencial que devemos repartir Vatican Media

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

Mais do que alimento para o corpo, Jesus se apresenta como “pão da vida” e nutrimento da alma. Assim pregou o Papa Francisco, na oração do Angelus, no domingo, 8. “Quem tem fome não pede alimentos refinados e caros, pede pão”, disse. Da mesma forma, “Jesus se apresenta como essencial, se revela como o pão. Não ‘um’ pão entre tantos outros, mas ‘o’ pão da vida”. Conforme a reflexão do Papa Francisco, ao dizer “Eu sou o pão da vida” Jesus afirma que: “Só Ele nutre a alma, só Ele perdoa o mal que sozinhos não conseguimos superar, só Ele nos faz nos sentir amados, mesmo se todos nos desiludem, só Ele nos dá força de amar, só Ele nos dá força de perdoar nas dificuldades, só Ele dá ao coração aquela paz de quem busca, só Ele dá a vida para sempre quando a vida aqui embaixo

termina. É o pão essencial da vida”. Por isso, pelo menos uma vez por dia, somos todos convidados a “repartir este pão juntos”, se possível em família, pediu o Papa, convidando Jesus “a entrar em casa”. Segundo Francisco, a Jesus podemos contar tudo, e tudo na nossa vida lhe interessa.

“A Jesus podemos dizer tudo porque Ele deseja essa intimidade conosco. O que Ele não deseja? Ser colocado de lado ou ser chamado só quando precisamos”, ensinou o Pontífice. “‘Eu sou o pão da vida’ resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão.”

Papa reza por reforma da Igreja guiada pelo Espírito Santo Para reformar a Igreja, é preciso começar com a reforma de nós mesmos, diz o Papa Francisco, no vídeo com sua intenção de oração para o mês de agosto. Por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, todos os meses é divulgada uma intenção especial, acompanhada de um vídeo para as redes sociais. Em agosto, ele reza pela Igreja. “Igreja em caminho: rezemos pela Igreja, para que receba do Espírito Santo a graça e a força de se reformar à luz

do Evangelho”, diz o tema deste mês. No vídeo, o Santo Padre recorda que “a vocação da Igreja é evangelizar” e que a única forma para reformá-la realmente é ouvindo a voz do Espírito Santo. É preciso “deixar que o Espírito Santo, que é dom de Deus em nossos corações, lembre o que Jesus ensinou e nos ajude a colocar em prática”, afirma o Papa, propondo uma reforma de nós mesmos “sem ideias prontas, sem preconceitos ideológicos, sem rigidez, mas avançando

a partir de uma experiência espiritual”. A Igreja atravessa as dificuldades e as crises “porque está viva”. Por isso, devemos nos unir para “renová-la com o discernimento da vontade de Deus em nossa vida cotidiana”. Nas palavras de Francisco, “a reforma da Igreja é feita de homens e mulheres que não tiveram medo de entrar em crise, de se deixar reformar pelo Senhor”. Em sua visão, “este é o único caminho”. (FD)

O Evangelho é um só e não se negocia Em sua série de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas, o Papa Francisco refletiu na audiência geral do dia 4 sobre como o Apóstolo encarava o chamado a anunciar Cristo a todos os povos. Na visão de Paulo, “o Evangelho é um só, e é aquele que Ele anunciou. Outro não pode existir”, disse o Papa. Isso porque o Apóstolo Paulo entendia que “o Evangelho não era dele, mas de Jesus Cristo”. Paulo pregava muito antes de os “quatro Evangelhos” terem sido escritos em livros. Portanto, quando se refere ao Evangelho, se refere à própria pessoa e mensagem de Cristo. Nesse sentido, segundo o Papa, São Paulo deixa claro que “não se pode negociar” com o Evangelho. “Com a verdade do Evangelho não se pode negociar. Ou você recebe o Evangelho como é, como foi anunciado, ou recebe uma outra coisa. Não se pode fazer um acordo: a fé em Jesus não é mercadoria a ser comprada. É salvação, é encontro, é redenção”, comentou. Entusiasmado pela mensagem do Evangelho, revelada a ele pelo próprio Cristo, Paulo ia ao encontro dos outros, dos diferentes e dos que pensavam já conhecer Deus dominando as leis. “Tantas vezes, vimos na história, e ainda vemos hoje, alguns movimentos que pregam o Evangelho com uma modalidade própria, às vezes com carismas verdadeiros, próprios, mas depois exageram e reduzem todo o Evangelho ao próprio movimento”, refletiu Francisco. “Isso não é o Evangelho de Cristo. O Evangelho é o dom de Cristo a nós, é Ele mesmo a revelá-lo. É isso que nos dá vida”, completou. (FD)


16 | Reportagem | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Coleção apresenta subsídio para estudo e aplicação da Doutrina Social da Igreja Obra Kolping Brasil

Box com três volumes é lançado pelas Edições Kolping Brasil Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Fruto de um curso realizado entre os anos de 2015 e 2016 na Diocese de Osasco (SP), a coleção “Doutrina Social da Igreja” foi lançada no sábado, 7, pelas Edições Kolping Brasil, selo editorial da Obra Kolping Brasil, uma associação sem fins lucrativos que atua na superação de todas as formas de pobreza por meio de formação e trabalho. O conteúdo é apresentado em um box com três volumes, que versam sobre “A Pessoa de Jesus Cristo e sua mensagem”, “Doutrina Social da Igreja” e “Vida e Obra do Beato Adolfo Kolping”. “Neste curso, nossos formadores, iluminados pela luz do Espírito Santo, e utilizando-se do saber acadêmico e de sua experiência de vida, nos expuseram o magistério da Santa Igreja Católica; e, falando-nos sobre o Evangelho e os documentos da Igreja, nos proporcionaram uma visão mais próxima da nossa realidade, facilitando o entendimento desses documentos e dos pronunciamentos papais inseridos na Tradição da Igreja”, explicou Sinésio Luiz Antônio, presidente nacional da Kolping, durante o evento de lançamento da coleção, no Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, na zona Sul de São Paulo. Na ocasião, os Padres Marcos Antônio Funchal, Douglas Pinheiro e José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, que participaram do curso, detalharam os temas tratados em cada volume da coleção. Padre Marcos Antônio, que coordenou o curso, destacou que as três temáticas dos volumes indicam os pilares para o agir social dos cristãos. “A atuação do cristão na sociedade tem como pilar, em primeiro lugar, a vida e a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, o primeiro volume tem o objetivo de mostrar os principais elementos na vida de Cristo que corroboram e iluminam o agir do cristão na família, na sociedade, na Igreja, na escola, na política e na economia. O segundo pilar desse agir está na Doutrina

Obra Kolping Brasil faz lançamento da coleção ‘Doutrina Social da Igreja’, em evento no Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, no sábado, 7

Social da Igreja, que é composta de uma série de documentos do magistério universal, ao longo de mais de uma centena de anos. É um magistério muito profundo, que apresenta princípios de ação que os cristãos não podem ignorar se quiserem ser fiéis à sua missão como batizados. Por último, temos a encarnação destes dois primeiros pilares formando um grande pilar, que é a vida e a obra do Beato Adolfo Kolping”, detalhou o Sacerdote.

A pessoa de Jesus Cristo

O primeiro volume da coleção, que é prefaciado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, fala sobre a pessoa de Jesus Cristo e sua mensagem. Padre Douglas Pinheiro comentou que a Doutrina Social da Igreja (DSI) é feita pelo método dedutivo, ou seja, parte de algo estabelecido, uma premissa incontestável, neste caso específico a verdade revelada pelo próprio Cristo. “Esse primeiro volume consiste em mergulhar em Jesus Cristo, nas fontes evangélicas, nas fontes da Tradição e observar: frente ao mundo e às realidades sociais, o que pensa o Senhor Jesus? Como Ele agiu e atuou? É a partir disso que se confecciona a Doutrina Social da Igreja. Sem Jesus Cristo, podemos compor impressões sociais dos fiéis da Igreja, mas não uma Doutrina Social da Igreja”, ressaltou. “O fundamento da Doutrina Social da Igreja, portanto, é a pessoa de Jesus Cristo, que deve ser, antes de tudo, conhecida, experimentada e aplicada. Conhecida e experimentada pela fé, pelo Espírito Santo, que a atualiza na história, nos sacramentos, na vida espiritual; e uma vez experimentando Jesus, o cristão vai olhar para a sociedade e para o mundo ao seu redor não como fonte para sua atitude, mas, sim, fonte da sua inquietude. A fonte da atitude do cristão é Jesus Cristo”, continuou Padre Douglas,

comentando, ainda, que os principais agentes da DSI são os leigos, pois estão nas diferentes esferas sociais.

A Doutrina Social da Igreja

Padre José Eduardo de Oliveira e Silva apresentou detalhes sobre o segundo volume “Doutrina Social da Igreja”. Ele comentou que o marco de fundação da DSI é a encíclica Rerum novarum, publicada pelo Papa Leão XIII, em 1891, mas desde antes a Igreja se atentou às questões da sociedade. Ao longo dos séculos, porém, houve quem questionasse a finalidade de uma doutrina social da Igreja por entendê-la apenas como um conjunto de ideias teóricas. Trata-se, porém, de uma percepção equivocada, pois a DSI apresenta orientações para a ação concreta dos cristãos na sociedade, a partir das verdades naturais e sobrenaturais apresentadas pela revelação cristã. “Se nós entendêssemos a Doutrina Social da Igreja por uma reflexão meramente teorética – o que seria ficarmos falando de amor, reconciliação etc. –, obviamente ela se esvaziaria em conteúdo meramente ideológico, perderia o ponto de contato com a realidade. Embora a Doutrina Social seja intrínseca ao Cristianismo, jamais podemos perder de vista os dados reais, ou seja, as situações concretas em que se dá o embate entre a civilização cristã e aquilo que na modernidade se quer impor como realidade antagônica à civilização cristã. Uma Doutrina Social da Igreja que não tivesse em consideração a existência desse embate profundo seria apenas uma reflexão vazia e que não conduziria o homem a lugar algum”, ressaltou Padre José Eduardo.

Beato Adolfo Kolping

A vida, obra e testemunhos do Beato Adolfo Kolping (1813-1865) são tratados no terceiro volume da coleção.

“Percebemos a espiritualidade que movia este sacerdote, uma espiritualidade com o pé no chão, que não prescinde de agir na realidade, no agir concreto da história”, recordou o Padre Marcos Antônio, destacando, ainda, a postura de equilíbrio e da busca pela verdade por parte do Beato, em meio ao cenário polarizado do início da revolução industrial no século XIX. “Havia dois excessos: o capitalismo, que estava surgindo com todo um desejo grande de acúmulo de riquezas; e, ao mesmo tempo, a revolução do proletariado, sendo instigada pelas obras e o ativismo de Karl Marx. É no meio deste cenário que surgem personagens reais, como o Padre Kolping, que, vivendo essa situação, dão respostas genuinamente cristãs. Ele antecipou em ao menos duas décadas os principais princípios e fundamentos que foram apresentados na encíclica Rerum novarum”, ressaltou Padre Marcos Antônio, destacando o agir cristão e livre de ideologias do Beato. “Conhecer a vida do Padre Adolfo Kolping será muito importante para a superação dessa influência ideológica que muitas vezes penetra os nossos movimentos e obras sociais”, concluiu. Ordenado sacerdote em 1845, Padre Adolfo Kolping iniciou em 1849, em Colônia, na Alemanha, a Associação Católica de Jovens Aprendizes, dando, assim, início às suas obras sociais, para as quais se dedicou até morrer, em 1865. Em 1923, formou-se a primeira Comunidade Kolping do Brasil, e, em 1972, surgiu a Obra Kolping Brasil, agregando em uma federação nacional as comunidades então existentes. Padre Adolfo Kolping foi beatificado em 1991 por São João Paulo II. Detalhes sobre a Obra Kolping Brasil e como adquirir a coleção “Doutrina Social da Igreja” podem ser vistos em https://kolping.org.br.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Reportagem | 17

As lições de Tóquio válidas para muitos ciclos olímpicos COI

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

“Mais rápido, mais alto, mais forte.” A partir dos Jogos de Tóquio, o lema olímpico ganhou um acréscimo: “Mais rápido, mais alto, mais forte – juntos”. A proposta do Comitê Olímpico Internacional (COI) foi a de colocar foco no poder da solidariedade humana. E de fato, a 32ª edição do megaevento esportivo, encerrada no domingo, 8, deixará para a história não só as medalhas e os recordes conquistados pelos esportistas, mas também grandes exemplos de união para superar as adversidades. Os valores olímpicos da excelência, do respeito às regras e aos adversários e da amizade ganharam, em muitos momentos, mais destaque do que os resultados das disputas, indicando, assim, que bons ideais podem ser alcançados pelo esporte, como mencionou, em 31 de maio, o Papa Francisco, ao se encontrar com uma delegação da Federação Italiana de Basquete: “O esporte é um remédio para o individualismo de nossas sociedades, que muitas vezes gera um eu isolado e triste, tornando-nos incapazes de ‘jogar em equipe’ e cultivar uma paixão por algum bom ideal. Assim, por meio do vosso esforço esportivo, vós [atletas] recordais o valor da fraternidade, que também está no coração do Evangelho”. Nos Jogos de Tóquio, três destes momentos foram especiais e são recordados a seguir.

‘Podemos ter dois ouros?’

A pergunta foi feita pelo catari Mutaz Essa Barshim, 30, na final do salto em altura masculino, no dia 1º, quando ele e o italiano Gianmarco Tamberi, 29, tinham alcançado a mesma marca: 2 metros e 37 centímetros. Teriam, então, a opção de saltar uma altura maior para decidir o ouro olímpico, mas preferiram dividir o alto pódio. Aquela não foi a primeira vez em que compartilharam algo. Em 2016, Tamberi se lesionou gravemente e não pôde participar dos Jogos no Rio de Janeiro. Após meses de recuperação, voltou a competir, mas seus resultados estavam abaixo do esperado. Em 2017, em uma disputa em Paris, na França, estava desolado com a sequência de desempenhos ruins. Barshim, então, o procurou para conversar e incentivou o italiano a não desistir de seus sonhos e acreditar que voltaria a ter bons resultados, algo que tornaria a acontecer ainda naquele ano. “Ele é um dos meus melhores amigos, não só na pista, mas também fora dela. Trabalhamos juntos. É um sonho que se torna realidade [conquistar a medalha de ouro]. Esse é o verdadeiro espírito esportivo e estamos aqui para

tenho uma medalha no pescoço. É mágico porque fui capaz, junto com meus amigos, de escrever história. Estamos fazendo do esporte um lugar melhor, um mundo melhor. É disso que se trata. O skate é uma comunidade, é um estilo de vida. Vai muito além de um esporte”, disse o brasileiro em entrevista, reforçando o que pôde ser visto durante toda as provas dessa modalidade em Tóquio: a alegria dos jovens competidores pelos acertos das manobras de cada um deles e o mútuo consolo quando algo não dava certo. “Isso é o skateboard. Você cai, levanta e na próxima chega com a cabeça erguida. Sempre procurando o melhor”, declarou Barros, em entrevista após a conquista da medalha.

‘Obrigada a todos pelo amor e apoio sem fim’

Após empate na prova de salto em altura, Barshim e Tamberi decidem dividir o ouro olímpico

transmitir esta mensagem”, disse Barshim, após festejar a medalha ao lado de Tamberi. “Depois das minhas lesões, só queria voltar. Agora, tenho este ouro, o que é incrível”, festejou o italiano, dando a volta olímpica ao lado de Barshim.

‘Estamos fazendo do esporte um lugar melhor’

Era a terceira e última das apresentações do australiano Kieran Woolley na final do skate park nos Jogos de Tóquio. Era preciso arriscar nas manobras para

conseguir um lugar no pódio. Ele tentou, mas logo no começo da volta se desequilibrou do skate e caiu. Seu semblante era de decepção, mas não houve tempo para a tristeza: quase que simultaneamente, os outros sete finalistas correram para abraçá-lo e, tomando-o pelos braços, ergueram-no como se faz com os campeões. Woolley terminou em 5º lugar na final vencida por seu compatriota, Keegan Palmer, e que teve como medalhista de prata o brasileiro Pedro Barros, 26. “Hoje não é um dia mágico só porque

CAMPANHA HISTÓRICA

Na Olimpíada de Tóquio, o Brasil alcançou sua melhor campanha na história dos Jogos, com o recorde de 21 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, ficando, assim, na 12ª posição na classificação geral entre as nações participantes.

Ítalo Ferreira - Surfe Rebeca Andrade Ginástica Artística

Martine Grael e Kahena Kunze Vela

Ana Marcela Cunha Maratona Aquática

Isaquias Queiroz Canoagem Velocidade

Hebert Conceição - Boxe Futebol masculino

Kelvin Hoefler – Skate Street Rayssa Leal – Skate Street Pedro Barros – Skate Park Rebeca Andrade Ginástica Artística

Beatriz Ferreira – Boxe Vôlei feminino

Fernando Scheffer – Natação Bruno Fratus – Natação Laura Pigossi e Luisa Stefani Tênis

Thiago Braz – Atletismo Alison dos Santos – Atletismo Abner Teixeira – Boxe Mayra Aguiar – Judô Daniel Cargnin – Judô

Após a conquista de cinco medalhas nos Jogos Rio 2016, quatro destas de ouro, a norte-americana Simone Biles, 24, chegou a Tóquio como favorita ao pódio nas provas da ginástica artística. Entretanto, os erros em fundamentos simples na classificatória da disputa por equipes, a primeira em que atuou, deixavam transparecer que algo não estava bem. Horas depois de as norte-americanas conquistarem a prata nesta prova, um comunicado da equipe de ginástica daquele país surpreendeu o mundo: “Após avaliação médica adicional, Simone Biles retirou-se da competição individual geral final. Apoiamos de todo o coração a decisão de Simone e aplaudimos sua bravura em priorizar seu bem-estar. Sua coragem mostra, mais uma vez, por que ela é um modelo para tantos”. Nos dias seguintes, Simone acompanhou as disputas das arquibancadas, torcendo por suas compatriotas e por atletas de outros países, como a brasileira Rebeca Andrade, que conquistou o ouro na prova de saltos e a prata no individual geral. Após intensas conversas com a equipe de psicólogos e técnicos da seleção norte-americana de ginástica, Simone Biles sentiu-se em condições mínimas para voltar a competir. Restava a ela uma prova: a da trave de equilíbrio. Quando concluiu sua apresentação, o reduzido público na Ariake Gymnastic Center a aplaudiu de pé e, com as notas obtidas, a ginasta conseguiu sua sétima medalha olímpica, desta vez de bronze. “Eu sempre vou valorizar essa experiência olímpica única. Obrigada a todos pelo amor e apoio sem fim. Eu sou muito grata. Deixar Tóquio com mais duas medalhas olímpicas para adicionar à minha coleção não é tão ruim”, postou em suas redes sociais. “Eu não sei como estou me sentindo agora. Eu só preciso voltar para casa e trabalhar em mim mesma, me sentir ok com tudo o que está acontecendo. Eu treinei a minha vida toda, estava pronta, mas algo aconteceu fora do meu controle. No fim do dia, porém, a minha saúde importa mais do que qualquer medalha”, declarou ao se despedir dos Jogos.


18 | Reportagem | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo abre curso de mestrado no Piauí Reprodução da internet

Fernando Geronazzo

ossaopaulo@uol.com.br

A Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, instituição da Arquidiocese de São Paulo, iniciou na segunda-feira, 9, uma extensão do curso de mestrado em Direito Canônico em Teresina (PI). O curso é fruto de uma parceria com o Instituto Católico de Estudos Superiores do Piauí (Icespi) e do Regional Nordeste 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende o estado do Piauí – Arquidiocese de Teresina e dioceses de Parnaíba, Campo Maior, Oeiras, Floriano, Picos, São Raimundo Nonato e Bom Jesus do Gurgueia. Os estudantes dessa região poderão obter o título de mestrado em Direito Canônico reconhecido pela Santa Sé, sem a necessidade de se deslocarem para São Paulo ou para o exterior. Devido às restrições da pandemia de COVID-19, as atividades acadêmicas deste semestre iniciaram de forma remota, com a previsão de serem retomadas as aulas presenciais assim que for possível. Participaram da primeira aula o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, Dom Juarez Sousa da Silva, Bispo de Parnaíba (PI) e Presidente do Regional Nordeste 4, além dos membros da direção da Faculdade e docentes.

Sonho dos bispos

Dom Juarez afirmou que o evento marca a história da Igreja na Região Nordeste e a realização de um sonho cultivado pelos bispos do Regional. Ele explicou que, diante da necessidade de preparar sacerdotes, religiosos e leigos para a atuação pastoral na área do Direito Canônico em suas dioceses, o episcopado do Piauí buscava viabilizar um curso de mestrado reconhecido pela Santa Sé. No ano passado, Dom Alfredo Schaffler, Bispo Emérito de Parnaíba, em nome do Nordeste 4, contatou o Cardeal Scherer para tratar da possibilidade de ser aberta uma extensão do curso da Faculdade São Paulo Apóstolo no Piauí. Após um processo de estudos e preparação, a proposta se concretizou.

A Faculdade

Primeira instituição de ensino superior desse gênero no Brasil, a

Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo foi erigida canonicamente em 26 de fevereiro de 2014, fruto da elevação do então Instituto de Direito Canônico “Padre Dr. Giuseppe Benito Pegoraro”. Essa Faculdade possui autonomia para oferecer a formação exigida para a obtenção dos diplomas de mestre e doutor em Direito Canônico, concedidos com o reconhecimento da Santa Sé. Até então, existiam no Brasil apenas institutos afiliados a universidades pontifícias que concediam seus títulos acadêmicos. Ao acolher os novos alunos, o Diretor da Faculdade São Paulo Apóstolo, Padre Everton Fernandes Moraes, recordou que tanto ele quanto os demais membros da direção da instituição – o Vice-Diretor, Padre Ricardo Cardoso Anacleto, e o Secretário-Geral, Padre Ediclei Araújo da Silva – foram alunos dessa Faculdade. “O serviço que oferecemos nesta instituição e nos outros lugares onde temos ofícios e responsabilidades é fruto daquilo que aprendemos nesta sala de aula”, garantiu.

Curso

A primeira turma do curso de Teresina é composta de 25 alunos entre clérigos, religiosas e leigos. Esse mestrado é destinado aos estudantes portadores de diploma de curso superior ou curso filosófico-teológico realizado em um seminário maior ou instituição equivalente. Os estudos são oferecidos em ciclos semestrais, podendo o aluno se matricular tanto em janeiro quanto em julho de cada ano. A duração do

curso de mestrado é de seis semestres, incluindo os estágios obrigatórios, dois seminários, o exame De Universo Iure e a apresentação da dissertação.

Leis da Igreja

O Direito Canônico é o conjunto de normas (cânones) que orientam a disciplina eclesiástica, definem a hierarquia administrativa, os direitos e deveres dos fiéis católicos, os sacramentos e possíveis sanções por transgressão dessas normas. A legislação eclesiástica sempre esteve presente na vida da Igreja. No entanto, o primeiro código propriamente dito foi promulgado pelo Papa Bento XV em 1917. Em 25 de janeiro de 1983, São João Paulo II promulgou o segundo e atual Código de Direito Canônico (CDC) válido para toda a Igreja Latina e, em 1990, o Código dos Cânones das Igrejas Orientais, voltado para as Igrejas católicas de rito oriental. Desde então, o CDC passou por algumas pequenas mudanças e atualizações em alguns cânones. A mudança mais significativa, porém, foi a reforma no Livro VI, referente às sanções e penas canônicas, promulgadas pelo Papa Francisco no último mês de junho.

A serviço do povo de Deus

O Cardeal Scherer explicou que a Igreja necessita de normas que ajudem na sua organização. “O povo de Deus não é amorfo, nem vive no caos. A realidade teológica da Igreja é vivida de forma organizada, e essa organização se expressa na legislação, na fé,

no conceito daquilo que somos e fazemos na Igreja”, disse. Dom Odilo frisou, ainda, que, nos últimos anos, o estudo do Direito Canônico recebeu nova importância na formação qualificada de sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos em vista do bom serviço a ser prestado ao povo de Deus. “A nossa Faculdade tem a vocação de oferecer uma sólida formação aos estudantes que a procuram”, afirmou. Ainda de acordo com o Arcebispo, os estudantes da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo se dedicarão ao serviço da justiça eclesiástica para “assistir e orientar o povo de Deus de modo competente e qualificado, para assegurar a todos a justiça na verdade e na caridade”.

Pastoral judiciária

O Purpurado destacou que as atividades que demandam o conhecimento do Direito Canônico não são exclusivas dos tribunais eclesiásticos, mas também das cúrias, da coordenação dos organismos da Igreja e do serviço pastoral. Nesse sentido, Dom Odilo lembrou que o próprio trabalho dos tribunais deve ser compreendido como uma pastoral judiciária. “Na Igreja, a atividade jurídica tem como fim a salvação das almas e constitui uma participação peculiar na missão de Cristo pastor, enquanto procura colocar em prática a ordem querida pelo próprio Cristo”, reforçou o Grão-Chanceler. Para saber mais sobre a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e sobre o curso em Teresina, acesse: https://facdcsp.com.br.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Pelo Brasil | 19

Subsídio da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé trata da fé cristã e o aborto Edições CNBB

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

“Dom e Compromisso – Fé cristã e o aborto” é o título do 13º volume da Coleção de Subsídios Doutrinais, editado pelas Edições CNBB, para que os fiéis tenham maior consciência sobre o compromisso com a defesa e a promoção da vida humana. O novo subsídio foi elaborado pelos peritos da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com supervisão da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, e revisão e aprovação dos bispos integrantes da Comissão para a Doutrina da Fé. No primeiro capítulo, o mate-

rial responde sobre quando começa a vida; o segundo capítulo trata da sacralidade da vida humana; continua a expor o direito à vida humana e sua defesa no capítulo 3; fornece indicações para uma cultura da vida no capítulo 4; e no último capítulo há as considerações finais sobre o cuidado com a vida. Em vídeo explicativo sobre o material, Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo da Diocese de Santo André (SP) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, ressalta que a questão do aborto não é um assunto primordialmente religioso, “mas de ética humana, anterior a qualquer confissão religiosa. É justo eliminar uma vida humana para resolver um problema? Por

Nos 15 anos da Lei Maria da Penha, o apelo é para que denúncias continuem a ser feitas A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), criada para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, completou 15 anos no sábado, 7. A legislação define cinco formas de violência: física, sexual, moral, psicológica e patrimonial. Além disso, estabelece a criação de estruturas especializadas no atendimento às mulheres, como delegacias e varas de Justiça. “A Lei Maria da Penha prevê um atendimento humanizado, ininterrupto à mulher, por exemplo, na delegacia de polícia, na perícia, num ambiente reservado, especialmente projetado para essa mulher, em que ela não tenha contato com o agressor, tendo a sua intimidade preservada”, ressaltou em entrevista à Agência Brasil a promotora Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo (MPSP), destacando que a legislação levou a “uma mudança de olhar, mas com um sistema de proteção integral”. De acordo com o Conselho Nacio-

nal de Justiça (CNJ), no fim de 2020 havia 138 varas exclusivas de violência doméstica ante 109 existentes em 2016. No ano passado, a Justiça tinha mais de 1,1 milhão de casos pendentes de violência doméstica em fase de conhecimento. Além disso, foram registrados 554 mil novos casos em 2020. O governo federal mantém a Central de Atendimento à Mulher para recebimento de denúncias e encaminhamentos de casos de violência. O número é 180. A ligação é gratuita e o serviço funciona ininterruptamente, também fornecendo informações sobre os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, centros de referências, Delegacias de atendimento à mulher (Deam), Defensorias públicas, Núcleos integrados de atendimento às mulheres, entre outros. Na segunda-feira, 9, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, encorajou as pessoas a denunciarem os casos de violência contra a mulher. “A denún-

cia é a porta de entrada para uma rede de proteção da mulher e é por meio da denúncia que todos nós aqui somos acionados”, afirmou, durante um debate virtual sobre os 15 anos da Lei Maria da Penha, promovido pela Secretaria da Mulher do Distrito Federal. “Mais de 70% das mulheres que morreram assassinadas por seu companheiro ou por outra pessoa não estavam na rede de proteção, ainda não tinham medida protetiva. Isso quer dizer que se elas tivessem uma medida protetiva, é possível que não tivessem sido assassinadas”, ressaltou a ministra, enfatizando que não apenas a vítima, mas qualquer pessoa, ainda que anonimamente, pode denunciar o caso de uma mulher submetida à violência doméstica, seja de qual tipo for. Segundo dados do Portal de Monitoramento da Política Judiciária de Enfrentamento à Violência Doméstica contra as Mulheres do CNJ, foram concedidas 386.390 medidas protetivas no ano passado. (DG)

isso, basta responder remotamente a dois questionários. O primeiro é relacionado com os primeiros 3 meses do bebê e leva de sete a dez minutos para ser respondido. O segundo é mais curto, dura aproximadamente quatro minutos, e deve ser enviado por WhatsApp quando a criança completar 6 meses de idade. O estudo busca conhecer as dificuldades impostas pela pandemia e

Fontes: Diocese de Santo André e CNBB

Agosto Dourado: campanha ressalta que amamentar salva vidas

pretende propor estratégias eficazes de cuidado e estimulação que minimizem os efeitos negativos do isolamento social no desenvolvimento motor, cognitivo e social dos bebês. Outras informações sobre a iniciativa podem ser obtidas pelo e-mail pamferronato@gmail.com ou pelo Instagram (@priscilla_ferronato). (DG)

Com a proposta de mobilizar a sociedade brasileira sobre o aleitamento materno e incentivar as lactantes para este gesto que salva vidas, o Ministério da Saúde realiza neste mês a campanha “Todos pela amamentação. É proteção para a vida inteira”, no contexto do “Agosto Dourado”, iniciativa promovida anualmente pela Sociedade Brasileira de Pediatria. O leite materno é a melhor fonte de nutrição para bebês e a forma de proteção mais econômica e eficiente para diminuir as taxas de mortalidade infantil, sendo capaz de reduzir em até 13% os índices de mortes de crianças menores de 5 anos, segundo o Ministério da Saúde. O aleitamento materno protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de evitar o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta. O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os 2 anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos 6 primeiros meses de vida, mesmo nas mães que tiveram casos confirmados de COVID-19. Atualmente, há no Brasil 222 bancos de leite humano e 219 postos de coleta. Em 2020, cerca de 181 mil mulheres doaram mais de 226 mil litros de leite materno. Neste ano, até junho, foram doados 111,4 mil litros. A estratégia para incentivar a amamentação vem apresentando resultados. Os índices nacionais do aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de 6 meses aumentaram de 2,9%, em 1986, para 45,7% em 2020. Já o aleitamento para crianças menores de 4 anos passou de 4,7% para 60% no mesmo período. (DG)

Fonte: Agência Fapesp

Fonte: Ministério da Saúde

Fonte: Agência Brasil

Projeto sobre cuidado de bebês durante a pandemia busca por voluntários Pesquisadores da Universidade Paulista (Unip) buscam voluntários para um projeto que investiga como os bebês de até 3 meses de idade aprendem a usar as mãos e como a pandemia de COVID-19 tem afetado os cuidados dessas crianças. A pesquisa é liderada pela professora Priscilla Ferronato. São convidados a participar pais de bebês entre 1 e 3 meses de idade. Para

que matar quem tem direito de nascer?”, indaga. O Bispo alerta para o avanço de uma cultura da legalização do aborto e lembra que o Papa Francisco, especialmente na exortação apostólica Evangelii gaudium, denuncia que, na raiz do desrespeito à vida, há uma crise antropológica profunda, derivada da negação da primazia do ser humano; e que, diante disso, “a Igreja deve dar uma resposta, pois ela tem que anunciar o Evangelho, como escreveu São João Paulo II: o Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus”, salienta Dom Pedro. O subsídio pode ser adquirido em www.edicoescnbb.com.br ou pelo WhatsApp (61) 2193-3019.


20 | Reportagem | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

COVID-19: variante Delta gera incertezas sobre o avanço da pandemia Governo do Estado de São Paulo

Sintomas diferentes

De acordo com um informe do Instituto Butantan, as variantes Alfa, Beta e Gama desencadeiam como sintomas mais comuns nos infectados dor de garganta, diarreia, dor de cabeça, perda do olfato e paladar. “Já a variante Delta tem demonstrado semelhanças com a gripe, causando febre, tosse, secreções nasais, dor de cabeça e dor de garganta.” Ana Angélica ressalta que independentemente da variante, sintomas como a perda do olfato ou paladar não devem ser o único balizador para que a pessoa busque o serviço de saúde diante da suspeita de COVID-19.

As atuais vacinas são eficazes contra essa variante?

Governos do estado de São Paulo e da capital paulista anunciaram medidas para intensificar o monitoramento da circulação do coronavírus. Apelo à população é que não abandone medidas protetivas nem deixe de se vacinar Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Com o aumento do número de pessoas infectadas com a variante Delta do coronavírus, as autoridades de saúde do governo de São Paulo e da capital paulista anunciaram ações para tentar contê-la. Essa variante foi identificada na Índia pela primeira vez, em outubro de 2020, e se estima que seja até 70% mais contagiosa que as demais, razão pela qual governos em diferentes partes do mundo têm revisto protocolos para evitar o aumento do número de pessoas infectadas. Em julho, por exemplo, países como a Austrália, Japão e Filipinas ampliaram ações restritivas à circulação das pessoas, e, mesmo em nações onde há grande parcela de vacinados contra o coronavírus, a flexibilização de protocolos foi reavaliada. Nos Estados Unidos, por exemplo, desde o dia 27 do mês passado voltou a ser recomendado o uso de máscaras em ambientes fechados em localidades consideradas com nível substancial ou alto para a disseminação da COVID-19. De acordo com a infectologista Ana Angélica Bulcão Portela, chefe da Vigilância Hospitalar do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), a variante Delta é considerada mais transmissível que outras

em razão da capacidade que tem de causar a infecção, “ou seja, de entrar no hospedeiro e infectá-lo. Não necessariamente irá causar uma doença mais grave”, explicou ao O SÃO PAULO, ressaltando que quem já se infectou com outras variantes não está imune à Delta.

da máscara continuará protegendo a nossa população. Todos os países que tiveram recrudescência do número de casos pela variante Delta tiraram a máscara. Aqui não faremos isso”, ressaltou Jean Gorinchteyn, secretário de estado da Saúde.

Ações do governo paulista

Mais monitoramento na capital paulista

A variante do coronavírus que predomina no Brasil é a Gama, identificada pela primeira vez em Manaus (AM), e que atualmente corresponde a 90% dos registros. No entanto, como a Delta é mais transmissível, há o receio de que sua expansão possa causar um aumento exponencial de casos, o que poderia levar a um novo colapso no sistema de saúde, como visto no primeiro semestre deste ano. No dia 4, o Instituto Butantan entregou ao governo paulista um contêiner com tecnologia para identificação de variantes do coronavírus. A capacidade é para 300 análises diárias. “Estamos trabalhando com a genotipagem, ou seja, o teste genético das variantes de, ao menos, 5% de todas as amostras positivas que são identificadas na rede de testes do estado de São Paulo. Nesse momento, a variante Delta é muito pequena, em torno de 0,6% entre todas, mas existe a preocupação, pois ela tem uma velocidade de disseminação maior”, afirmou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, em coletiva de imprensa naquele dia. No estado, há o receio de que a maior permissão para o retorno às atividades presenciais a partir de 17 de agosto potencialize a disseminação dessa variante do coronavírus. O governo paulista, porém, afirma que tal mudança está alicerçada nas melhorias significativas nos indicadores de queda de mortes e internações por COVID-19 e no avanço da vacinação no estado, bem como na manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras. “A conjunção da vacinação e do uso

Um mês após a confirmação do primeiro infectado com a variante Delta na capital paulista, o número de casos com essa variante já havia saltado para 50 na quinta-feira, 5, um crescimento que tem colocado as autoridades de saúde em alerta. “Vínhamos observando uma queda no número dos casos semana a semana, mas, nas últimas duas ou três, houve uma desaceleração nessa queda. Para nós, isso já é um sinal de alerta, principalmente frente ao aumento da circulação das pessoas no município e a possibilidade de entrada de uma nova variante. Como vimos em outros locais do mundo, houve aumento de casos com a chegada da variante Delta, mas ainda não há como saber como será o comportamento aqui”, afirmou, em coletiva de imprensa no dia 3, a médica sanitarista Paula Bisordi, coordenadora do Núcleo de Vigilância de Doenças Agudas Transmissíveis da Coordenadoria de Vigilância em Saúde. A Secretaria Municipal da Saúde anunciou que irá distribuir 500 mil máscaras N95 para sintomáticos respiratórios e pessoas com quem tiveram contato, e intensificará o monitoramento dos casos para saber quais as cepas do vírus que circulam pela cidade. Os casos de pessoas infectadas com a variante Delta têm sido investigados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e o monitoramento de todas as variantes é realizado semanalmente, com cerca de 600 amostras enviadas a laboratórios.

Em 30 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que todas as vacinas já aprovadas contra o coronavírus “oferecem uma proteção significativa contra doenças graves e internações para todas as variantes, incluindo a Delta”; e fez um apelo para a ampla vacinação das populações, pois com essa variante “o vírus ficou mais rápido e mais adaptado para a transmissão entre humanos”. Ana Angélica recorda que a proteção proporcionada pelas vacinas só é alcançada, em geral, duas semanas após a aplicação da 2ª dose dos imunizantes – no caso do Brasil, os disponíveis são a CoronaVac, AstraZeneca/Oxford e Pfizer. Há ainda a vacina da Janssen, de dose única.

As medidas protetivas não podem ser abandonadas

Em todo o mundo, autoridades de saúde têm ressaltado que, independentemente da cepa do vírus, usar a máscara corretamente, higienizar as mãos com frequência e evitar aglomerações são hábitos indispensáveis para reduzir a circulação do coronavírus. “O ambiente em que o vírus se reproduz é o corpo humano e, quando não tem a oportunidade de contaminar novas pessoas, ele para de se multiplicar e, assim, de sofrer mutações”, consta no informe do Instituto Butantan. Ana Angélica destaca que especialmente as pessoas que estão com sintomas de alguma síndrome gripal devem reforçar tais hábitos, e isso também vale para as demais. “A quantidade da população vacinada com as duas doses ainda não é suficiente para nos deixar em conforto quanto à redução de transmissão. Com a Delta ou outras variantes, o primordial sempre será usar máscara, higienizar as mãos e evitar aglomerações. As pessoas também precisam entender que ainda há uma população que não se vacinou: as crianças e jovens, que são um percentual grande e não podemos ser irresponsáveis com eles. Ainda precisaremos ter uma visão melhor sobre a transmissão da doença no País antes de poder retirar a máscara definitivamente”, concluiu a infectologista.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Reportagem | 21

Santa Sé estabelece normas para ensino a distância em universidades e faculdades eclesiásticas Luciney Martins/O SÃO PAULO - nov.2018

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Com a publicação da instrução para a aplicação da modalidade de ensino a distância nas universidades e faculdades eclesiásticas, no dia 2, a Santa Sé atende a uma demanda de instituições de Ensino Superior que oferecem cursos reconhecidos pela Igreja Católica em todo o mundo. Esse documento da Congregação para a Educação Católica, organismo da Santa Sé responsável por acompanhar as instituições de ensino ligadas à Igreja, indica normas e diretrizes para a oferta de aulas on-line para algumas disciplinas dos cursos eclesiásticos de Filosofia, Teologia e Direito Canônico, nos graus de bacharelado, mestrado e doutorado, além de outros cursos e graus acadêmicos oferecidos por essas instituições com a aprovação da Igreja. Desde 2018, as universidades e faculdades eclesiásticas são regidas pela constituição apostólica Veritatis gaudium, promulgada pelo Papa Francisco, em substituição à constituição anterior, Sapientia christiana, promulgada por São João Paulo II em 1979. A Santa Sé já havia concedido a alguns institutos superiores de ciências religiosas a possibilidade de ministrar disciplinas a distância, mediante o cumprimento de uma série de exigências. No entanto, não havia uma legislação geral para essa modalidade.

Normas

A partir do novo documento, até 30% dos cursos com reconhecimento canônico poderão ser oferecidos a distância, com exceção das disciplinas classificadas como obrigatórias, que deverão ser presenciais, assim como as avaliações. Outros cursos e graus acadêmicos não canônicos oferecidos por essas instituições, mediante aprovação da Santa Sé, poderão ter uma porcentagem maior de ensino a distância ou até serem inteiramente on-line. O texto considera que, além das aulas presenciais em sala, podem ser ministradas aulas presenciais on-line (remotas) em tempo real (síncronas), que permitam a interação imediata entre alunos e professores. Indica, ainda, a possibilidade de sessões extraordinárias presenciais como no início e no fim dos cursos; encontros personalizados (individuais ou em pequenos grupos), para o esclarecimento de dúvidas; e, por fim, a possibilidade de encontros complementares e a dis-

Cardeal Giuseppe Versaldi, Prefeito da Congregação para a Educação Católica (centro), em visita à Faculdade de Teologia da PUC-SP, em 23/11/2018

ponibilização de materiais e subsídios para o aprofundamento dos conteúdos dos cursos.

Avanço

O Diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP, Padre Boris Agustín Nef Ulloa, afirmou ao O SÃO PAULO que as novas normas publicadas pela Santa Sé são um grande avanço. Ele considera que a experiência excepcional vivida na pandemia ajudou a Igreja a refletir sobre o valor do ensino remoto. Ao mesmo tempo, Padre Boris enfatizou a preocupação da Santa Sé em garantir que a modalidade remota de ensino não prejudique a qualidade acadêmica das instituições eclesiásticas. “A Congregação para a Educação Católica tem a preocupação de que seja salvaguardada a comunidade acadêmica como um espaço de formação humana, intercâmbio e construção de relações humanas. Então, não pode haver um curso que dificulte o encontro e o contato entre os estudantes e os professores, a coordenação e demais membros da comunidade”, salientou o Padre. Além da Faculdade de Teologia, a Arquidiocese conta com a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. Ambas conferem títulos acadêmicos eclesiásticos. Seus diretores, assim como os responsáveis pelas instituições desse gênero em todo o mundo, participaram de um amplo processo de consulta realizado pela Congregação para a Educação Católica.

Mais acessível

A instrução da Santa Sé ressalta, ainda, que a oferta de disciplinas a distância estenderá o alcance dos cursos eclesiásticos aos leigos, especialmente os agentes de pastoral, que nem sempre conseguem conciliar os horários de trabalho com as atividades acadêmicas presenciais. De igual modo, cita as pessoas que vivem nas “periferias humanas”. “Isso abre a possibilidade, por exemplo, para que pessoas enfermas, imigrantes e itinerantes possam frequentar nossos cursos”, destacou o Diretor da Faculdade de Teologia. O texto também menciona as religiosas dos institutos de vida contemplativa que vivem na clausura e, por isso, têm maior dificuldade para frequentar aulas presenciais. “Poderemos oferecer cursos direcionados a essas religiosas”, destacou Padre Boris.

Em rede

A instrução salienta que a oferta de disciplinas remotas também facilitará as atividades acadêmicas desenvolvidas pelos institutos agregados ou filiados a essas faculdades e universidades eclesiásticas. AFaculdadedeTeologiadaPUC-SP, por exemplo, possui sete institutos afiliados nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, que também emitem títulos canônicos. Padre Boris destacou que poderá haver situações em que um professor de São Paulo ministre aulas remotas simultaneamente para estudantes desses institu-

tos ou, então, não precise se deslocar até outro estado para lecionar determinada disciplina.

Implementação

As novas normas entram em vigor a partir do próximo ano acadêmico, que, no Hemisfério Norte, começa no segundo semestre de 2021 e, no Hemisfério Sul, no primeiro semestre de 2022. Contudo, Padre Boris informou que a implementação das mudanças necessita de adaptações, preparação de professores e outros profissionais, além da reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos, que devem ser submetidos à aprovação da Congregação para a Educação Católica, como prevê a legislação competente para as instituições eclesiásticas. Os cursos eclesiásticos que também possuem reconhecimento civil do Ministério da Educação, como é o caso dos cursos de Teologia da PUC-SP, precisarão ter projetos pedagógicos sobre o ensino remoto compatíveis tanto com as normas canônicas quanto com as civis. Padre Boris salientou que a Santa Sé se preocupa em responder às necessidades atuais e o avanço tecnológico, mantendo, ao mesmo tempo, o nível acadêmico e científico dos cursos eclesiásticos. “A internet revolucionou toda a sociedade e isso não podemos negar. Assim, este documento é fruto de um estudo e um discernimento sério para que a Igreja continue cumprindo sua missão no campo da formação acadêmica e intelectual,” disse o Padre.


22 | Pelo Mundo | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Mongólia

Com empenho e ardor missionários, Igreja do país mantém vivo o Evangelho JOSÉ FERREIRA FILHO

osaopaulo@uol.com.br

“O ministério do bispo na Mongólia é, a meu ver, muito semelhante ao ministério episcopal da Igreja primitiva: sabemos como os apóstolos dos primeiros dias do Cristianismo testemunharam o Cristo ressuscitado nas condições de minoria absoluta em relação aos lugares onde ficaram e às culturas que os circundaram. Para mim, é uma grande responsabilidade que

me aproxima do verdadeiro sentido da missão”, disse Dom Giorgio Marengo, Prefeito Apostólico de Ulaanbaatar – capital e cidade mais importantes do país asiático –, sobre suas experiências e o trabalho de evangelização da igreja ali, iniciado por ele e seus confrades, os missionários da Consolata, em 2003.

IGREJA JOVEM

“A Igreja da Mongólia é jovem, pequena e vive na periferia, por assim dizer, mas cuida amorosamente de 1,3

mil fiéis de uma população total de 3,5 milhões de pessoas. O pequeno número é inversamente proporcional ao empenho e dedicação dos missionários, baseados na fraternidade e na harmonia com as raízes cristãs de origem síria que aqui existiram desde o século X e foram ‘congeladas’ durante o Império Mongol”, explicou. Hoje, há apenas oito paróquias e cerca de 60 missionários de diferentes nacionalidades e congregações que atuam no país. “Eles se reúnem regular-

Arquivo pessoal

destinos foram descobertos em outras escolas.

CONTRA OS ATAQUES

O chefe indígena da Assembleia das Primeiras Nações, Perry Bellegard, afirmou que “destruir propriedade não nos ajudará a construir um Canadá pacífico, melhor e de aceitação que todos queremos e de que precisamos”. E acrescentou acreditar em processos que unem em vez de dividir. “A violência deve ser substituída por tudo o que nossos ante-

Fonte: Agência Fides

Porto Rico

Canadá Cresce o número de templos católicos atacados em território canadense Aumentou de forma acentuada o número de atos de vandalismo contra templos da Igreja Católica no Canadá. De acordo com a Polícia da cidade de Vancouver, desde o início de junho foram registradas 13 ocorrências, que vão de vitrais quebrados por pedradas e pichações a incêndios criminosos. Esses atos de vandalismo, que já destruíram de forma completa ao menos dez igrejas no país, fazem parte de uma série de ataques relacionados à indignação contra a Igreja, a quem se alega ter ciência de crianças indígenas serem retiradas de suas casas e famílias e colocadas em escolas com o objetivo de isolá-las de sua cultura nativa. Em maio deste ano, por volta de 200 sepulturas foram descobertas nos jardins de uma escola residencial em Kamloops, na Colúmbia Britânica, chamando a atenção para o destino de milhares de crianças nativas. Algum tempo depois, centenas de túmulos clan-

mente para, juntos, discutir problemas, coordenar atividades e planejar novas iniciativas. Sempre os exorto a estabelecerem uma relação autêntica com as pessoas, levando em conta seus pontos de referência, história e raízes culturais e religiosas, a fim de que possamos partilhar o que nos é mais precioso: a fé em Jesus Cristo! Em 2022, celebraremos os 30 anos de renascimento da Igreja Católica neste grande país asiático”, concluiu.

Porto-riquenhos preparam uma marcha contra a imposição da ideologia de gênero

passados nos ensinaram sobre a coexistência pacífica e o respeito mútuo. Diálogo atencioso, não destruição, é o caminho para isso.” A Arquidiocese de Vancouver também se posicionou, destacando a importância do diálogo. “O caminho certo a seguir é o da reconciliação, do diálogo e da penitência com os povos indígenas e seguindo a maneira como eles nos conduziriam nesse processo”, afirmou em um comunicado divulgado recentemente.

A Conferência Episcopal de Porto Rico convocou uma marcha, em 14 de agosto, contra a introdução da ideologia de gênero no programa escolar público do país. Em nota oficial, o presidente da Conferência Episcopal, Dom Rubén González de Ponce, destacou que “parte da nossa sociedade está preocupada com a forma como as várias iniciativas de implementação de um chamado currículo a partir da perspectiva de gênero serão efetivadas nas escolas públicas”. “Tendo em vista que foi anunciado que esta implementação será uma realidade no próximo ano letivo [que se inicia em setembro]”, os bispos agora convocam a realização de uma manifestação pacífica em uma das principais ruas da capital, San Juan. Os bispos recordaram que os cristãos “têm o direito e a capacidade de reclamar das autoridades legítimas do Estado quando se trata de viver e agir de acordo com suas crenças e consciência”. Por isso, “os católicos têm o direito de exigir que seus filhos, nas escolas públicas, não sejam expostos a ideologias que atacam diretamente sua fé”, concluem.

Fonte: Gaudium Press

Fonte: Agência Fides

França Pesar dos bispos e religiosos franceses por sacerdote assassinado O Padre Olivier Maire, 60, Superior Provincial dos Monfortinos, foi assassinado na segunda-feira, 9, em Vendée. Seu corpo foi encontrado pela gendarmaria após indicação de um ruandês que se apresentou como autor do assassinato. Emmanuel Abayisenga, 40, nascido em Ruanda, também é o principal suspeito do incêndio doloso da Catedral de Nantes, em julho de 2020. Indiciado, foi libertado sob vigilância judicial no início de junho, sendo acolhido em uma comu-

nidade religiosa – da qual o Sacerdote assassinado fazia parte –, à espera do julgamento, previsto para 2022. Os investigadores excluíram qualquer motivação ligada ao terrorismo e seguem a linha de homicídio voluntário.

A DOR DA IGREJA

Dor e proximidade da Igreja na França à família do Sacerdote e à sua Congregação foram expressas por diversas autoridades religiosas e de diferentes formas.

O presidente do episcopado francês, Dom Éric de Moulins-Beaufort, escreveu em seu Twitter: “Ele viveu seguindo a Cristo até o fim, na acolhida incondicional de todos. Rezo por sua família, seus confrades, por toda a população traumatizada por esta tragédia e por seu assassino”. A Conferência dos Bispos da França (CEF) e a Conferência dos Religiosos e Religiosas da França (Corref) expressam sua imensa tristeza e temor pelo ocorrido, assegurando suas orações a todos os que

sofrem com a morte violenta do Sacerdote. Já Dom Dominique Lebrun, Bispo da Diocese de Rouen – onde foi assassinado o Padre Jacques Hamel, em 2016 –, uniu-se ao luto, recordando que “a dor e a ira costumam estar muito próximas. Todos experimentam isso”. Nesse sentido, assegura a oração dos católicos de sua diocese para que Deus conforte o coração das pessoas próximas ao sacerdote assassinado. Fonte: Vatican News


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 11 a 17 de agosto de 2021 | Fé e Vida | 23

Beata Bárbara Maix: religiosa austríaca testemunhou a fé no Brasil Retrato pintado por Valcy Soutier P. A. S.T. 2004

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Bárbara Maix nasceu em 27 de junho de 1818, em Viena, na Áustria. A filha de José Maix e de Rosália Mauritz era a caçula de nove irmãos e ficou órfã aos 15 anos de idade. Da família, herdou a vivência da fé cristã, a coragem e o espírito de luta pela vida, a confiança em Deus, o amor generoso ao próximo e a perseverança diante das dificuldades. Em 1848, devido à perseguição religiosa, ela precisou deixar sua pátria. O destino era a América do Norte, mas no Porto de Hamburgo, na Alemanha, precisou mudar a rota e acabou emigrando ao Brasil, juntamente com 21 jovens que desejavam, como ela, viver em comunidade, inspiradas pelo testemunho das primeiras comunidades cristãs, e consagrar suas vidas a Cristo, animadas pelo espírito missionário. Após 57 dias de viagem, elas foram acolhidas no Convento Nossa Senhora da Ajuda, no Rio de Janeiro (RJ).

Fundação

Em 8 de maio de 1849, no Rio de Janeiro, Bárbara Maix fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria (ICM), que é a segunda ordem religiosa mais antiga do Brasil. O objetivo das religiosas era se dedicar à educação de crianças e jovens, especialmente os mais pobres. Irmã Gentila Richetti, religiosa e postuladora da causa de canonização de Bárbara Maix, recordou que o sofrimento e os apelos de ajuda eram constantes e urgentes. “Madre Bárbara deparou-se com grande pobreza e desafios: as epidemias da febre amarela e do cólera, e a guerra do Brasil com o Paraguai, que geraram grande sofrimento, doenças e muitos órfãos. A educação carecia de professores habilitados. Ela recebia um pedido após outro para se encarregar da direção de asilos e escolas”, afirmou. Em 1855, em Pelotas (RS), Bárbara Maix assumiu o Asilo Nossa Senhora da Conceição. Dois anos depois, o Asilo Santa Leopoldina, em Porto Alegre (RS), onde, durante 14 anos, se dedicou à educação das crianças entregues na Casa da Roda, como era conhecida a Santa Casa de Misericórdia. Em 1860, fundou o Colégio Coração de Maria e em 1963 dirigiu o Asilo Providência. Em 1870, voltou para o Rio de Janeiro, assumindo a Escola Nossa Senhora do Amparo, em Petrópolis (RJ), destinada à educação de órfãos e filhas de escravos, após a lei do Ventre Livre, promulgada em 1871. Ela faleceria dois anos depois, em 17 de março de 1873.

Beatificação

Bárbara Maix foi beatificada em 6 de novembro de 2010, em Porto Alegre (RS). O milagre para a causa da beatificação foi a cura do menino

Liturgia e Vida Solenidade da Assunção de Nossa Senhora 15 de agosto de 2021

Assunção de Nossa Senhora Padre João Bechara Ventura

Onorino Ecker, de 4 anos, por intercessão da Madre. Em 10 de julho de 1944, na cidade de Santa Lúcia do Piaí, distrito de Caxias do Sul (RS), caiu sobre o garoto uma panela com água fervente e ele se feriu nas brasas, tendo o corpo totalmente queimado. Ele foi levado a pé para o hospital, que ficava a 15 quilômetros. Hospitalizado com queimaduras de terceiro grau, foi desenganado pelo médico. No pequeno hospital, atuavam as Irmãs do Imaculado Coração de Maria, que, juntamente com os familiares, começaram uma corrente de oração, invocando a intercessão da Madre. As preces foram atendidas e, em menos de 15 dias, o menino estava completamente curado.

Processo de canonização

O processo de canonização está em andamento no Vaticano. Para que seja declarada Santa, a Igreja pede a comprovação de mais um milagre, ocorrido após sua beatificação. Está em análise um milagre que teria ocorrido em 15 de dezembro de 2018, quando uma senhora da cidade de Santa Lúcia do Piaí sofreu uma grave queimadura ao fazer sabão em casa, e, enquanto estava internada, a família invocou em prece a Bem-Aventurada. Em 13 dias, a mulher se curou. “Este é o fato que foi encaminhado à Congregação para as Causas dos Santos. Se for concedido o decreto de validade do processo diocesano, a documentação será examinada pela comissão de médicos, sob o ponto de vista da ciência, e por teólogos, cujas conclusões serão apresentadas aos bispos e, finalmente, ao Papa”, disse a postuladora.

Espiritualidade, carisma e apostolado

Irmã Eurides Alves de Oliveira,

Coordenadora Provincial da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, comenta que a espiritualidade das religiosas é a cristocêntrica. “Somos convocadas a viver a fé, a exemplo de Maria, na intimidade com Deus, na abertura ao Espírito Santo, prontas a ouvir, a acolher e a responder às suas iniciativas”, disse a Superiora. “Encontramos no Imaculado Coração de Maria, nossa padroeira, mãe e serva, uma fonte de inspiração e um caminho seguro para crescer no amor e adesão total à pessoa de Jesus Cristo, único fundamento”, acrescentou. O carisma da congregação é a “busca contínua da vontade de Deus, caracterizada pelo seguimento radical a Jesus Cristo, numa disponibilidade aos apelos dos mais pobres em cada momento histórico, olhando de modo preferencial as mulheres em situação de vulnerabilidade, a juventude, as crianças e adolescentes”, disse Irmã Eurides, destacando que as religiosas se doam em atitude de total e permanente disponibilidade aos apelos da Igreja. “A fundadora foi uma pessoa muito atenta aos problemas sociais de sua época. Ela viveu os valores do Evangelho, os valores da solidariedade, do respeito”, afirmou Irmã Eurides. No âmbito apostólico, as consagradas atuam nas áreas de educação, assistência social, animação missionária, pastorais sociais, catequese, saúde alternativa e formação de lideranças, sempre focadas nos mais necessitados. A congregação expandiu-se e, atualmente, as religiosas estão em 14 estados no Brasil e em mais sete países: Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Moçambique, Itália e Haiti, sempre tendo como inspiração uma frase da Beata Bárbara Maix: “Nossa missão é grande, por isso precisamos de grande fé, esperança e amor... somos obrigadas a não esquecer os pobres”.

Em 1950, o Papa Pio XII declarou ser verdade revelada que “a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. No momento da morte, nossa alma se separará do corpo para comparecer à presença de Deus; o corpo apodrecerá, aguardando a ressurreição do último dia. Nossa Senhora, ao contrário, foi imune à corrupção do sepulcro e já se encontra no Céu em corpo e alma. Séculos antes da declaração papal, porém, incontáveis igrejas, cidades e congregações religiosas eram já dedicadas a Nossa Senhora da Assunção, da Glória, da Dormição, da Boa Morte ou a outros títulos ligados a esse mistério. O Rosário, transmitido pela Virgem a São Domingos, já continua a Assunção como o seu quarto mistério glorioso. A liturgia já celebrava a Assunção de Maria com solenidade. A lex orandi da Igreja e a piedade popular testemunhavam, assim, um fato que foi ensinado pelos apóstolos e sobre o qual escreveram também os Padres da Igreja – os primeiros autores cristãos doutos e santos. São João Damasceno, por exemplo, relacionava o fato da Assunção com a Virgindade de Maria: “Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte”. A fé cristã, repleta de amor à Mãe de Deus, logo compreendeu que, já que a corrupção do corpo é fruto do pecado original, a Assunção da Virgem decorria de sua singular santidade: “Ó Maria, o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus, de forma que, por este motivo, foi isento de desfazer-se em pó” (São Germano de Constantinopla). A Assunção, afinal, é um privilégio que decorre da Imaculada Conceição da Virgem, de Ela ter sido preservada do pecado original. Decorre também do fato de ser Ela a Mãe de Deus! Percebendo isso, o doutor São Roberto Belarmino escreveu: “Horroriza-se o espírito só em pensar que aquela carne que gerou, deu à luz, alimentou e transportou a Deus, se tivesse convertido em cinza ou fosse alimento dos vermes”. Jesus quis que sua Mãe já estivesse plenamente consigo no Céu. Este mistério nos preenche com esperança de participar da glória eterna com Maria. Afinal, Deus nos ressuscitará no último dia e a Virgem foi à nossa frente! Constatando que o materialismo retirou de muitos corações a obediência a Deus e o desejo da vida eterna, Pio XII dizia sobre a Assunção que “é de esperar que este luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo”. E por fim augurava “que a fé na assunção corpórea de Maria ao céu torne mais firme e operativa a fé na nossa própria ressurreição”. Que a certeza de que temos uma Mãe no Céu nos leve a imitar as virtudes de Maria: seu amor a Jesus Cristo, sua fé em Deus, sua humildade e sua pureza. E que cantemos com fé: “Com minha Mãe estarei na santa glória um dia, junto à Virgem Maria, no Céu triunfarei”!


24 | Publicidade | 11 a 17 de agosto de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.