O São Paulo - 3361

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3361 | 1º a 8 de setembro de 2021

Democracia: busca pelo bem comum e respeito às discordâncias Luciney Martins/O SÃO PAULO

A comemoração do Dia da Pátria, em 7 de setembro, é ocasião para reflexões e manifestações sobre as condições de vida da população e as bases da democracia no País, quase sempre com a evocação do sentimento de orgulho nacional. Aos cristãos que se propõem ao diálogo para que a democracia no Brasil seja cada vez melhor, um dos subsídios fundamentais é o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que apresenta considerações sobre democracia participativa; soberania popular; eleições; aspectos fundamentais ao sistema democrático, como o respeito à pessoa, acesso a informações e limites das instituições, e situações que o colocam em risco, como o relativismo ético, favorecimento de grupos e a corrupção.

Encontro com o Pastor A verdadeira religiosidade se expressa na obediência a Deus

Página 2

Editorial O diálogo é o caminho viável para a verdadeira experiência democrática

Página 4

Espiritualidade Vocação: caminho de maturação da fé, em diálogo com Deus por toda a vida

Página 5

Liturgia e Vida Jesus não faz o bem só para agradar ou impressionar os circunstantes

Página 23

‘Dom Luciano era o paradigma da bondade e referência da generosidade’

Páginas 12 e 13

Júlio Medaglia: ‘A música tem o poder de conectar o ser humano a Deus’ Página 17

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Perspectiva cristã para a democracia é a do respeito às divergências e de diálogo permanente Luciney Martins/O SÃO PAULO - ago.2018

Em missa na sexta-feira, 27 de agosto, o Cardeal Scherer recordou a atenção que o Bispo, morto em 2006, tinha com os pobres e o testemunho de uma vida de intimidade com Deus. Página 20

Medalha São Paulo Apóstolo destaca exemplos de fé e solidariedade A Arquidiocese de São Paulo realizou, no dia 26 de agosto, a cerimônia de entrega da edição 2021 da Medalha São Paulo Apóstolo, instituída com o objetivo de reconhecer e homenagear pessoas e instituições que se destacaram em diver-

sas atividades e contribuíram com a missão evangelizadora da Igreja na cidade. Este ano, foi dada ênfase a iniciativas voltadas para a solidariedade aos atingidos pela pandemia de COVID-19. Páginas 10 e 11 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em 11 de maio, o Papa Francisco instituiu o ministério do catequista, conferido aos leigos

Catequistas: ministros a serviço da nova evangelização No último domingo de agosto, a Igreja recorda a vocação dos catequistas. Em live realizada no sábado, 28 de agosto, o Cardeal Odilo Scherer destacou a missão indispensável dos catequistas como aqueles que educam na fé e introduzem as pes-

soas no mistério da vida cristã. Um dos mais antigos serviços da Igreja, a Catequese se tornou recentemente um ministério conferido aos leigos, ressaltando a dignidade dessa missão na comunidade eclesial. Páginas 14 e 15

Cardeal Odilo Scherer entrega Medalha São Paulo Apóstolo ao economista Fábio Nusdeo


2 | Encontro com o Pastor | 1º a 8 de setembro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

om tantas religiões à procura de adeptos, é o caso de se perguntar: qual é a religião verdadeira? Como deve ser praticada a verdadeira religiosidade? Esta questão é posta pela Liturgia da Palavra do 22º Domingo do Tempo Comum, celebrado no dia 29 de agosto passado. Na reflexão que segue, não pretendo fazer a comparação entre as religiões, mas falar da nossa, do Cristianismo Católico, e das nossas atitudes religiosas. Jesus é interpelado por fariseus e mestres da Lei sobre o motivo da não observância, pelos discípulos, das normas de pureza ritual que todos deviam observar (cf. Mc 7,123). De fato, os apóstolos comiam “com as mãos impuras”, isto é, sem fazer as abluções prescritas. Jesus chama seus interlocutores de hipócritas, ou seja, de falsos, pois estão preocupados com as regras de pureza ritual e com costumes herdados da cultura, ao longo do tempo, mas desprezam o mandamento de

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A religiosidade verdadeira Deus. Eles reduziam, com frequência, o cumprimento da religião à observância formal e exterior de normas rituais e costumes culturais, mas não se preocupavam com o principal: a obediência a Deus, a humildade e a misericórdia. Jesus lhes aplica uma advertência dura do profeta Isaías: “Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (cf. Is 29,13). A primeira leitura desse domingo traz outro aspecto da mesma questão: em que consiste a religião verdadeira? Após explicar ao povo os mandamentos da Lei de Deus, Moisés exorta todos a observarem os mandamentos e a se sentirem felizes porque Deus está tão próximo, a ponto de lhes mostrar sua vontade e manifestar seus caminhos. A observância dos mandamentos da Lei de Deus é fonte de sabedoria, integridade moral e respeitabilidade para o povo. No salmo responsorial, a questão da verdadeira religiosidade aparece com mais um enfoque: quem poderá se aproximar de Deus e entrar em sua casa? A verdadeira prática da religião é orientada pelo desejo de chegar a Deus, de estar em sua companhia e de receber os seus favores. Quem é digno disso? É quem caminha sem pecado

e pratica a justiça fielmente, busca a verdade e vive em conformidade com ela; quem não calunia nem prejudica seu irmão, quem vive retamente e não se deixa corromper (cf. Sl 14/15,2s). Pode aproximar-se de Deus quem trata bem os irmãos, que também são filhos de Deus. Enfim, na Carta de São Tiago (2ª leitura) aparece claramente a referência à “religião pura e sem mancha”, que leva a assumir as dores e aflições dos outros e a não se deixar corromper pelo mundo, que se opõe a Deus. O Apóstolo também exorta a acolher com fé e reverência a palavra de Deus, força de salvação para aquele que crê e a coloca em prática (cf. Tg 1,17-27). A sensibilidade e a caridade efetiva diante das dores e aflições do próximo são partes da verdadeira religião. Amor a Deus e ao próximo são inseparáveis. Nessas breves referências, temos alguns aspectos fundamentais da verdadeira religiosidade: ela não deve ser feita apenas de observâncias formais e externas, mas ser animada pela busca da verdadeira conversão de vida e sintonia com Deus. Sem isso, uma religiosidade de aparências e sem verdadeira humildade significa hipocrisia e não agrada a Deus. A humildade since-

ra e o santo respeito de Deus também são posturas do homem de fé. A primeira atitude da verdadeira religiosidade é o reconhecimento sincero de que só Deus é Deus, e que nós não somos deuses, mas criaturas. Querer “negociar” com Deus em pé de igualdade é pretensão soberba, que ofende a Deus. A religiosidade verdadeira também se traduz na escuta sincera de Deus, para conhecer sua vontade e seus caminhos, que se traduzem nos mandamentos. Não é verdadeira a religiosidade que não se expressa na obediência a Deus e na busca constante de viver conforme sua vontade. A tentação de “usar Deus”, conforme nossos desejos e caprichos, pode ser grande. Nesse caso, a vivência religiosa não está voltada para Deus, mas para nós mesmos e para a satisfação de nossos desejos e projetos pessoais. Nada mais errado do que a pretensão de “comprar” os favores de Deus! No Evangelho desse domingo, Jesus também adverte que é preciso purificar as intenções e o coração, para viver retamente a vida moral. O coração cheio de podridão e toda sorte de maldade, mesmo mantendo exteriormente uma aparência fingida de religiosidade, decididamente, não agrada a Deus (cf. Mc 7,21-23).

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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

‘A PUC-SP tem a vocação para formar pessoas que edifiquem o bem comum’ PUC-SP/ACI

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Uma sessão solene realizada no dia 24 de agosto, no Teatro Tuca, em Perdizes, marcou as comemorações dos 75 anos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), celebrados no último dia 22. Participaram do evento acadêmico o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Grão-Chanceler da PUC-SP, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, a reitora, Maria Amalia Pie Abib Andery, e os secretários estadual e municipal da Educação, Rossieli Soares da Silva e Fernando Padula Novaes. Também estiveram presentes membros de outras instituições de ensino superior, integrantes da Reitoria, da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, professores, alunos e funcionários.

Excelência acadêmica

A reitora sublinhou que a PUC-SP chega aos 75 anos com 18 mil estudan-

Secretários estadual e municipal da Educação, cardeais Hummes e Scherer e reitora da PUC-SP

tes, mais de 1,2 mil professores e mais de mil funcionários. São 36 cursos de graduação, 30 de mestrado, 22 de doutorado, 35 de pós-graduação lato sensu, especialização ou MBA, 25 programas de residência médica e uma residência de enfermagem. “A Universidade continua presente nas tradicionais áreas de Humanidades, Ciências Sociais, Ciências Sociais Aplicadas e Letras, que a caracterizaram

Dom Odilo preside missa na festa patronal da Paróquia Santa Mônica Benigno Naveira

inicialmente. Mas, hoje, está presente também nas áreas de Artes, de Engenharias, tem experiência na área médica e de saúde, cresce na área de computação e dá passos importantes em áreas de tecnologias”, observou Maria Amalia.

Legado para a educação

Entre os diversos aspectos que fazem da PUC-SP uma instituição notável para a sociedade, Fernando Padula destacou

Redação

Benigno Naveira

A comunidade de fiéis da Paróquia Santa Mônica, na Região Episcopal Lapa, participou dos festejos da padroeira, entre 23 e 29 de agosto. Entre os dias 23 e 26, houve adoração ao Santíssimo às 18h e missa às 19h. Na sexta-feira, 27, na memória litúrgica de Santa Mônica, a missa das 6h foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Às 15h, houve adoração ao Santíssimo; às 18h, procissão com a imagem da padroeira pelas ruas do bairro; e às 19h, a missa solene, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, que teve como concelebrantes os Padres Flavio Heliton, Pároco; José Ferreira Filho e Joaquim Crispim de Oliveira. Na homilia, Dom Odilo falou sobre a vida de Santa Mônica, que nasceu em família cristã. Ainda muito jovem, casou-se com Patrício, que não era batizado. Ela teve muitas aflições pelo comportamento agressivo do marido, mas, mesmo assim,

conseguiu levá-lo à fonte batismal, um ano antes de que ele falecesse. O casal teve três filhos – Navigius, Perpétua e Agostinho. Os dois mais velhos seguiram os ensinamentos da mãe. Quando ficou viúva, sua preocupação e atenção foi com o filho mais novo, Agostinho, que se tornou rebelde à graça. Era inteligente, porém indiferente. Por ele, rezou e chorou durante muito tempo. O Cardeal disse que as lágrimas e as orações de Santa Mônica não foram em vão: Agostinho recebeu o Batismo em 387. Depois da morte de sua mãe, tornou-se padre, bispo e doutor da Igreja. Continuando os festejos, no sábado, 28 de agosto, na memória litúrgica de Santo Agostinho, houve missa às 17h, presidida por padres agostinianos, e, às 18h, o tradicional bingo de Santa Mônica. No domingo, 29, encerrando as comemorações, houve missa às 7h, pelos dizimistas; às 10h, missa e carreata do quilo, para arrecadar alimentos utilizados na composição e posterior distribuição de cestas básicas; e, às 19h, missa com os vocacionados e seminaristas da Arquidiocese de São Paulo.

Ação de graças

O Cardeal Scherer afirmou que a Universidade é chamada a construir a esperança de uma sociedade melhor e digna para toda pessoa. “PUC-SP, esta é a tua vocação: contribuir, à sua maneira, para a formação de pessoas que edifiquem o bem comum. É chamada a propor valores a partir do patrimônio espiritual e da experiência milenar da Igreja Católica.” Leia a reportagem completa em: https://tinyurl.com/yj8kw5om.

Que as comemorações do Dia da Pátria proporcionem um amplo diálogo em vista da permanente construção de um Brasil mais solidário osaopaulo@uol.com.br

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

o papel da Universidade Católica na formação de professores da educação básica da rede pública do estado e do município de São Paulo. Já Rossieli Soares afirmou que é difícil medir o tamanho da história da PUC-SP, quando se pensa na quantidade de pessoas que foram direta ou indiretamente impactadas pela existência da Universidade. Nesse sentido, o secretário recordou que aqueles que não foram alunos da PUC-SP tiveram, por exemplo, professores formados pela instituição.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer desejou no domingo, 29 de agosto, durante o programa “Diálogos de Fé”, transmitido pela rádio 9 de Julho e as mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo, que as comemorações do Dia da Pátria, em 7 de setembro, proporcionem um amplo diálogo em vista da permanente construção de um Brasil mais solidário, justo e fraterno. “A construção da independência do Brasil é um processo constante e cada geração tem sua contribuição a dar para um Brasil sempre mais livre, independente, solidário, justo, fraterno, amável e atento a todas as pessoas que fazem parte dele.”

Dom Odilo conclamou a sociedade a um amplo diálogo pelo bem do País. “O Brasil é de todos. Não dá para dizer que uns são maus brasileiros e outros são bons brasileiros. O melhor é sentar, conversar, debater, dialogar, pois todos têm sua parte a dar para melhorar o Brasil. Que cada brasileiro seja autêntico, verdadeiro, sem achar que é o único que está fazendo coisa boa. O importante é que todos tenham a mesma meta: ajudar o Brasil a ser um país bom, um país melhor para todos, a resolver as grandes mazelas”, declarou. Na Arquidiocese de São Paulo, a Missa pela Pátria e pelo povo brasileiro acontecerá na terça-feira, 7, às 12h, na Catedral da Sé.

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL: Em 28/08/2021, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Vila Brasilândia, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Aldenor Alves de Lima.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL: Em 19/08/2021, foi nomeado e provisionado Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no bairro da Vila Zilda, na Região Episcopal Sant’Ana, o Diácono Seminarista José Geraldo de Albuquerque, SDB, pelo período de 01 (um) ano.


4 | Ponto de Vista | 1º a 8 de setembro de 2021 |

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Editorial

Democracia é diálogo

A

convivência política não é fácil em nenhuma sociedade, por mais perfeita que possa parecer. Governos autoritários oprimem seus dissidentes e pouco se preocupam com o bem comum. Mostram-se totalmente injustos para seus opositores, enquanto são justificados e legitimados por seus apoiadores. Governos democráticos se caracterizam por uma alternância de grupos no poder e numa estrutura legal e normativa que – em tese – respeita os direitos de todos e se orienta para o bem comum. Nem por isso deixa de haver, nas democracias, excluídos e ressentidos que, por motivos justos ou injustos, não se sentem reconhecidos e respeitados na ordem vigente. Diante dessas dificuldades, o magistério da Igreja apresenta uma inequívoca “simpatia” pelos sistemas democráticos, como diz São João Paulo II, na encíclica Centesimus annus (cf. CA, 46-47). Ao longo desse texto, mostrou como a reconstru-

ção de sociedades democráticas, voltadas à realização do bem comum, foi a melhor opção tanto para a reconstrução da Europa devastada pela Segunda Grande Guerra e pelas ditaduras de direita, quanto para os países que saíram do comunismo, no final do século XX (cf. CA, 19-29). Tanto o ensinamento de São João Paulo II quanto o de seus sucessores evidencia que uma verdadeira experiência democrática só é possível ancorada numa reta concepção de pessoa, que respeita os direitos humanos, buscando a consecução do bem comum e combatendo a corrupção (cf. CA, 47-48, Sollicitudo rei socialis, SRS, 44). No entanto, o que fazer quando nos sentimos descontentes com o governo, mal representados por nossos políticos, impotentes diante dos desmandos dos poderosos? O Papa Francisco, ao visitar o Brasil em 2013, deu uma resposta clara a essa pergunta: “O diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento,

há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade [...] É impossível imaginar um futuro para a sociedade sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que permaneça fechada na pura lógica ou no mero equilíbrio de representação de interesses constituídos” (Discurso no Encontro com a classe dirigente do Brasil). O diálogo pode unir os diferentes, que não precisam abdicar de suas posições para encontrar um consenso mínimo que permita a construção do bem comum. Não é um caminho fácil, bem o sabemos. É, porém, o único caminho viável. Todos os países que hoje gozam de uma qualidade de vida e de um respeito à liberdade e à dignidade dos cidadãos à qual almejamos tiveram que passar por esse caminho de diálogo e consenso. Os atalhos e rupturas institucionais não aceleram essa caminhada. Pelo contrário, atra-

sam. E mesmo países que parecem à nossa frente nesse percurso também enfrentam seus problemas, pois o bem comum está sempre em construção. Apesar das dificuldades, o Papa Francisco lembra que “fazer um povo precipitar no desânimo é o epílogo de um perfeito círculo vicioso: assim procede a ditadura invisível dos verdadeiros interesses ocultos, que se apoderaram dos recursos e da capacidade de ter opinião e pensamento próprios” (Fratelli tutti, 75). “Quem ama e deixou de entender a política como uma mera busca de poder está seguro de que não se perde nenhuma das suas obras feitas com amor, não se perde nenhuma das suas preocupações sinceras com os outros, não se perde nenhum ato de amor a Deus, não se perde nenhuma das suas generosas fadigas, não se perde nenhuma dolorosa paciência” (FT, 195). Com essa confiança e essa esperança, lancemo-nos com amor na construção de uma democracia sempre melhor para o Brasil.

Opinião

Autoengano: inimigo da fé

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Paulo Henrique Cremoneze Há muito que o tema do conhecimento de si povoa minhas reflexões. Muito aprendi a respeito dele com a Bíblia, os papas, os doutores da Igreja e os grandes santos doutrinadores, como os Padres do Deserto, Ambrósio de Milão, Agostinho de Hipona, Gregório Magno, Bernardo de Claraval, Teresa D´Ávila, Tomás de Aquino e Edith Stein, entre outros. A doutrina católica é muito rica também nesse assunto. Penso que o conhecimento de si tem uma espécie de inimigo íntimo: o autoengano. Não só prejudica o conhecimento íntimo como a vivência da fé. É ele que a banaliza, esvazia o exercício pleno dos sacramentos, acomoda a caridade e dilata os espaços dos vícios e da tibieza. Rasgar o véu do autoengano é imprescindível para a busca perpétua da unidade com Deus, resgatar a semelhança perdida com o pecado original e abrir o coração para a Verdade. Por causa do autoengano, nós nos acomodamos e achamos normal a condição de pecadores. Aceitamos com acovardada irresignação as injustiças do mundo, sem buscar – ao menos além das palavras de boa vontade – a santidade a que o Senhor nos convidou e que a Igreja considera vocação universal. O autoengano é a sombra da alma e o verniz sobre o coração. As perguntas que não calam e desafiam a fé e a razão: 1) Como somos capazes de nos autoenganar? 2) Por que o fazemos tanto? Sinceramente, ainda não sei as respostas e me incomoda muito saber que eu engano

a mim mesmo faz tempo, talvez desde a segunda infância. Não pretendo definir o autoengano (não aqui e agora), mas expor seu principal produto: a idolatria do ego, espécie de corolário dos pecados capitais, barro infecundo sobre o qual edificamos o castelo da consciência. Fácil é ver o erro alheio e condená-lo. Difícil é encarar o espelho, enxergar a si mesmo e dizer com toda a sinceridade: sou um idiota. Saber-se miserável, porém, é libertador. Funciona como uma espécie de nova

conversão. Melhor, uma metanoia. Sim, sou bem menos nobre de espírito, importante e interessante do que pensava ser. Sim, não sou um bom católico, mas tantas vezes me aproximo de ser um neofariseu. Imagino uma pedra dentro de um lago. Se quebrada, seu interior estará seco. A pedra sou eu. A água, o Cristianismo. Ó, dura condição! Falar do Amor, defender a Verdade, mas ainda não se deixar molhar pelos dois, que em verdade são um. Esse erro não faz de mim um hi-

pócrita – espero em Deus –, mas um protagonista do autoengano. Romper esse dique é maravilhoso. Ser promotor de justiça, advogado e juiz de si mesmo. Tese, antítese e síntese do próprio caráter. Proferir a sentença de sua vida. Se veraz, a conclusão é óbvia: nem mesmo uma folha seca deixará de ser levada ao vento por sua (minha) causa. Porque os ponteiros do relógio não estão nem aí para cada um de nós. E o valor que nos damos é inversamente proporcional ao que de fato temos. Agora – que bem sei o que é autoengano e o reconheço – entendo o “poverino de Assisi” quando disse: “Senhor, vós sois o Eterno, o Todo-poderoso. E eu, um miserável vermezinho”. Entendo também o salmista: “Eu sou um verme, não um homem, o opróbrio das nações”. Desmantelar a rede de autoengano que, para a idolatria do ego, tecemos por toda uma vida nos ajuda a escapar dos afetos desordenados. Não pensamos mais ser o que jamais fomos. Passamos anos obstinados querendo ser outra coisa, e, quando reconhecemos isso, descobrimo-nos finalmente, desnudados das capas douradas e vestidos com o que merecemos: os trapos. Coisa terrível, mas bendita. Enxergar a si mesmo, honestamente, é a grande vitória e a preparação para um digno ocaso. Paulo Henrique Cremoneze é advogado, mestre em Direito Internacional pela Universidade Católica de Santos, vice-presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

Pascom da Paróquia Santa Teresa de Calcutá

santana

Padre José Roberto Abreu de Mattos completa 25 anos de sacerdócio [BELÉM] No domingo, 29 de agosto, Dom Luiz Carlos Dias presidiu a Eucaristia na Paróquia Santa Teresa de Calcutá, no terceiro dia do tríduo à padroeira. Concelebrou o Pároco, Padre Elson Lopes, e o Vigário Paroquial, Padre Patrick Gerard McNamara. Participaram da missa as Irmãs Missionárias da Caridade. (por Fernando Arthur) Carlos Henrique Pazin

[BELÉM] Em 23 de agosto, Dom Luiz Carlos Dias presidiu a Eucaristia na Paróquia Santa Rosa de Lima, por ocasião da memória litúrgica da padroeira. Participaram da missa representantes das comunidades que compõem a Paróquia, outros paroquianos e devotos, tanto presencialmente quanto pelas redes sociais. Concelebrou o Pároco, Padre Francisco Martins. (por Fernando Arthur) [SÉ] No domingo, 29 de agosto, o Padre Ricardo Anacleto, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, no Setor Aclimação, fez o anúncio do Jubileu de Ouro paroquial que será comemorado a partir de 22 de outubro, às 19h30, com missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. O tema do Jubileu será “Paróquia dos Remédios, torna-te o que tu és”e o lema“Eis que faço novas todas as coisas”. Informações pelo Instagram e Facebook (@nsremediossp). (por Ruy Halasz)

Kátia Eita

Mariana Carvalho

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Devoto da Virgem Maria, o Padre José Roberto Abreu de Mattos sempre compartilha sua veneração com os fiéis e, nas celebrações, dedica um momento a Ela. “Minha vida sacerdotal continua toda permeada pela presença amorosa da Virgem Maria e toda entrelaçada de uma espiritualidade mariana”, conta. No dia 17 de agosto, o Padre celebrou o jubileu de prata sacerdotal, ocasião em que presidiu missa na Basílica Menor de Sant’Ana. O Cardeal Odilo Pedro Scherer realizou os ritos iniciais da missa e depois passou a presidência da celebração ao Padre José Roberto. Entre os concelebrantes também esteve Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.

Vida e itinerário vocacional

Nascido em Cafelândia (SP), Padre Beto, como é mais conhecido, afirma que sua vocação nasceu no colo de seus pais. Aos 6 anos, ele já servia como coroinha na Paróquia São João Evangelista, onde sua mãe trabalhava como colaboradora da limpeza. Aos 18 anos, após terminar o Ensino Médio, entrou para o Seminário da Arquidiocese de São Paulo. Foi ordenado no dia 17 de agosto de 1996. De lá para cá, atuou como Vigário Paroquial da Paróquia Santa Isabel, no bairro da Casa Verde, e Pároco da Pa-

róquia Santo Antônio do Lausane. Cursou mestrado em Filosofia na PUC-SP e, então, foi enviado para Roma, onde fez doutorado na mesma área. Em 2008, assumiu como Pároco na Paróquia Santa Joana D’Arc, no Jardim França. Desde 2019, está na Basílica Menor de Sant’Ana, que foi elevada a esse título em julho de 2020, o que lhe torna Reitor do referido templo.

Testemunho vocacional

O Cardeal Scherer iniciou a missa do dia 17 elucidando o que é ser padre: “É ser pastor. Padre é feito para estar com o povo, em meio ao povo, ajudando, encorajando, socorrendo os fragilizados. É estar intimamente ligado às coisas de Deus”. Dom Odilo lembrou, ainda, que a vocação sacerdotal tem como animadora a caridade, trabalho ao qual o Padre Beto sempre se manteve atento desde o início de seu chamado.

A caridade continua até hoje na Basílica de Sant’Ana, onde cerca de 1,2 mil famílias cadastradas são atendidas por mês com a doação de cestas básicas, e em torno de 400 irmãos em situação de rua recebem café da manhã diariamente. Na homilia, Padre Beto destacou: “Hoje, digo de coração aberto a todos que esta vocação, esta dedicação e este amor são minha vida”. E ainda acrescentou que respira a vocação sacerdotal, que tem como fonte de inspiração a Bem-Aventurada Virgem Maria, a Senhora das Graças. “Hoje, nós iniciamos o primeiro passo na direção do Jubileu de Ouro. É para frente que devemos olhar, com gratidão a Deus pelo trabalho realizado até aqui”, disse Dom Jorge Pierozan, ao final da Eucaristia. O Bispo Auxiliar ainda lembrou os serviços pastorais em prol dos irmãos carentes que o Padre Beto continua a fazer na Basílica, que, segundo ele, é um polo de misericórdia.

Espiritualidade Vocação, um caminho espiritual Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga

O

mês vocacional, há pouco concluído, nos despertou, mais uma vez, para a necessidade urgente da oração pelas vocações e o compromisso de promovê-las para o bem do povo de Deus, o serviço da evangelização. Toda a Igreja – ou todos nós, batizados – é responsável para que não faltem os bons operários e operárias da messe, que expressem a riqueza, diversidade, complementaridade e multiplicidade dos dons, carismas, serviços e ministérios. Como nos recorda São

Paulo, na Carta aos Coríntios, “a cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos” (1Cor 12,8). Sabemos que a experiência vocacional é sempre fruto de uma atração, uma sensibilidade, às vezes uma curiosidade. Como nos mostra o Evangelho, os apóstolos se aproximam de Jesus, atraídos pelo seu testemunho e suas palavras, e lhe perguntam: “Mestre, onde moras?” (Jo 1,38). Eles foram e com Ele permaneceram. De fato, a vocação é um chamado e uma graça. Vai além de nossas possibilidades, é o Espírito que a inspira e a faz nascer e crescer. A iniciativa é divina, mediada pela realidade e a Igreja. Trata-se de uma constante nas vocações bíblicas, e o mesmo Jesus nos diz: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). É preciso rezar e trabalhar, acolher e discernir, acompanhar, formar e fazer frutificar.

A vocação é um caminho de maturação da fé, em um diálogo com Deus que dura a vida toda. Basilar no percurso vocacional é o crescimento da vida cristã, em todos os seus aspectos. Uma sólida personalização da fé, fundamentada no encontro pessoal com Jesus Cristo, na comunidade eclesial, e uma consistente vida interior, sustentada pela oração, são condições essenciais para que uma proposta e projeto de seguimento do Senhor se realize. Como no encontro de Jesus com o jovem rico (cf. Mt 19,16-26), não é suficiente viver honestamente, cumprir a Lei, mas é preciso acolher o misterioso convite que transforma toda a existência, o deixar tudo pelo Reino de Deus. A experiência vocacional é pessoal: Deus tem um projeto para cada um, e disso devemos ter consciência. No grande dom da vida, todos somos chamados, pelo Batismo, a ser santos e trilhar o caminho da santidade. A nós cabe contribuir para que as pessoas acolham

o seu chamado, discirnam sua vocação, seja para uma vida plenamente cristã no mundo secular, na vocação familiar, e nos vários serviços e ministérios da comunidade, seja também para uma forma de consagração religiosa, seja nos ministérios ordenados. Na vida social e eclesial, é preciso chamar, convidar, propor um caminho vocacional. Não é suficiente falar genericamente, mas apresentar aos adolescentes, jovens e adultos uma proposta concreta. E dizer, como Jesus: “Vinde e vede” (Jo 1,39) e “segue-me” (Jo 1,43). Importante um convite explícito e o acompanhamento espiritual, capaz de um diálogo profundo e decisivo, que contribua para a compreensão do chamado, indicando os passos e as condições para ouvir o apelo do Senhor, seu projeto de amor. Rezemos sempre pelas vocações e façamos da vivência de nossa própria vocação um verdadeiro caminho espiritual.


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BRASILÂNDIA Dom Carlos Silva preside missa no Setor Perus pelo Dia do Catequista Padre Cilto José Rosembach e Rodrigo Fernandes

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Motivados pela carta apostólica do Papa Francisco Antiquum ministerium, que eleva o serviço da evangelização de Iniciação à Vida Cristã à condição de ministério, cerca de 400 catequistas das paróquias do Setor Pastoral Perus participaram no domingo, 29 de agosto, da missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, no Rincão Vocacional Padre Aníbal, no Morro Doce, bairro localizado na altura do quilômetro 25 da Rodovia Anhanguera. Dom Carlos enfatizou a máxima “Ide e evangelizai!” como missão dos catequistas. Assim como fez Maria ao dizer seu sim, “... Eis-me aqui, a serva do Senhor...”, dando seu exemplo de entrega e serviço.

Os catequistas têm a missão de plantar nos corações das crianças, dos jovens e dos adultos, o amor pela Palavra de Deus, a fim de colocar em prática seus ensinamentos e frutificá-los com amor. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia relembrou os desafios encontrados durante a pandemia e destacou que “é preciso retomar e reanimar os trabalhos pastorais na Região”. Durante a celebração, cada catequista recebeu o documento do Papa e reafirmou o compromisso de rearticular e retomar a Catequese nas paróquias e comunidades. “O documento do Papa e a celebração no Setor valorizam a Catequese e o reconhecimento do trabalho realizado. Não nos sentimos isolados nem nos consideramos poucos no serviço da evangelização inicial”, declarou a catequista Andrea

Gabriela Silva

Batista de Souza, que compõe a coordenação da Paróquia São José de Perus. “Ficamos felizes com a participação de um ótimo número de catequistas, recordou Marcia Maria Dus, da coordenação da Catequese nesta mesma Paróquia.

Houve um momento de reconhecimento e gratidão à Irmã Catarina, da Congregação das Xaverianas com base pastoral no Morro Doce, que irá em missão para a Tailândia, um dos países com menos cristãos do mundo.

Arquivo paroquial

Pascom Conexão Trina

[IPIRANGA] Por ocasião do Ano de São José, os catequistas da Região Ipiranga fizeram uma peregrinação à Paróquia São José, Setor Pastoral Ipiranga, no sábado, 28 de agosto. Na ocasião, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, conduziu um momento formativo com os catequistas, embasado no documento Antiquum ministerium, pelo qual o Papa Francisco instituiu o ministério do Catequista. (por Caroline Dupim)

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan conferiu o sacramento da Confirmação a 28 jovens e adultos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Dionísia, Setor Mandaqui, em missa no sábado, 28 de agosto. Concelebrou o Pároco, Padre José Benedito Brebal Hespaña, assistido pelo Diácono Permanente Haroldo Simões de Macedo. (por Pascom Conexão Trina) Rubria Mazza

Gustavo Rodrigues de Freita

[SÉ] No domingo, 29 de agosto, Dom Carlos Lema Garcia presidiu missa na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Passos, Setor Pinheiros. Concelebrou o Padre Victor Bertoli, Pároco, assistido pelo Diácono Permanente Sérgio Blain. Fazendo menção ao Evangelho do dia (Mc 7,1-8.14-15.21-23), o Bispo Auxiliar da Arquidiocese ressaltou que Jesus não desprezava as tradições, mas mostrou que é errado se preocupar mais com as formas do que com o essencial, ou seja, com o coração. (por Pascom paroquial) Mariana Al Zaher

ArquiSP

[BRASILÂNDIA] No sábado, 28 de agosto, na Paróquia Mãe de Deus, aconteceu o 5º Encontro da Iniciação à Vida Cristã (IVC) do Setor Freguesia do Ó, com a missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap. Também participaram o Padre Silvio Costa Oliveira e a Irmã Elisabete, Assessores da IVC na Região Brasilândia, além dos catequistas de Batismo, de primeira Eucaristia, Perseverança, de Adultos e Crisma. Na ocasião, cada representante paroquial recebeu a carta apostólica Antiquum ministerium, por meio da qual o Papa Francisco instituiu o ministério do Catequista. Houve ainda a entrega do círio da assembleia catequética da Região Brasilândia para cada paróquia. (por Taíse Cortês, Priscila Rocha e Rubria Mazza) Kátia Maderic

[LAPA] Os fiéis da comunidade Santa Mônica e Santo Agostinho, da Paróquia São José Operário, Setor Rio Pequeno, comemoram as datas de memória litúrgica dos padroeiros, participando das missas que aconteceram em 27 de agosto, na memória litúrgica de Santa Mônica, presidida pelo Padre Leandro Calazans de Oliveira, SJC, Pároco; e em 28 de agosto, dia de Santo Agostinho, presidida por Dom José Benedito Cardoso, e concelebrada pelo Pároco. (por Benigno Naveira)

[LAPA] Faleceu em 30 de agosto o Padre Paulo Francisco Santana Ribeiro. Aos 75 anos, ele foi encontrado morto em sua residência, na zona Oeste da capital. A causa da morte ainda é desconhecida. Padre Paulo fez seus estudos eclesiásticos na Itália, França, Alemanha e Oriente Médio. Após retornar ao Brasil, foi ordenado sacerdote em 28 de abril de 1974, na Arquidiocese de São Paulo e nos últimos anos teve atuação na Região Episcopal Lapa. (por Redação)

[BRASILÂNDIA] A nova diretoria da Obra Assistencial Padre Achiles (OAPA) tomou posse no sábado, 28 de agosto. A eleição ocorreu no dia 12 de junho e, após os trâmites legais, a nova diretoria assumiu seus cargos para um mandato de dois anos. A obra assistencial é uma entidade sem fins lucrativos ligada à Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, que atende as famílias em situação de vulnerabilidade social da região, faz empréstimo de cadeiras de rodas, banho, cama hospitalar, doações de roupas; oferece também atendimento psicológico, fonoaudiológico e fisioterapia com valores sociais para atender a comunidade. (por Eliana Lubianco)


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ipiranga

Dom Ângelo Ademir Mezzari participa do encerramento do mês vocacional Priscila Tomé

Arquivo do Santuário São Judas

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

O mês vocacional foi encerrado na Região Ipiranga com uma missa na tarde do domingo, 29 de agosto, no Santuário São Judas Tadeu, presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, e concelebrada por padres atuantes na Região. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga disse que assim como Cristo salva e envia, cada pessoa que é amada por Ele deve testemunhar profundamente a graça da vocação que vive. “Temos que ser gratos porque antes de nós, outros viveram e deram testemunho de sua vocação. Hoje, em nossa Igreja, digamos obrigado pela vocação, que é dádiva tão preciosa! Quem é que tem um

Deus tão próximo como o nosso e que nos deu mandamentos tão justos, para a nossa salvação? Por que respondemos sim a um chamado? Porque Deus tocou o nosso coração com sua misericórdia. O seu projeto de salvação é fazer com que toda a humanidade erga o coração e se aproxime Dele, e encontre Nele o sentido da vida”, ressaltou o Bispo. Dom Ângelo também lembrou que a vocação não é função

ou trabalho, mas, sim, um modo de ser e de viver, de ser cristão; com sabedoria e inteligência, cada um fazendo e testemunhando a sua parte: “Nossa vocação é expressão mais bonita, para vivermos bem e contribuirmos para o projeto de Salvação de Deus. A vocação comum de todos é elevar o coração humano para perto de Deus”. A celebração encerrou o evento Expo-Voc – Exposição Vocacional, que ocorreu no Santuário ao longo do dia, apresentando o carisma de diversas comunidades religiosas ao povo de Deus, além do trabalho do Serviço de Animação Vocacional e da Pastoral Familiar, na Sala São Judas.

Comportamento Vantagens do cliente ao aderir ao Open Banking no Brasil Crisleine Yamaji Há algumas semanas, acompanhamos o lançamento da fase 2 do Open Banking no Brasil, pela qual se tornou aberto à interação com o público. O Open Banking consiste na criação de um sistema financeiro aberto, composto por instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, uma infraestrutura tecnológica que se propõe a oferecer uma experiência nova e totalmente digital ao cliente atual e futuro das instituições. Essa inovação tecnológica característica do Open Banking impõe uma padronização entre instituições autorizadas pelo Banco Central, para permitir um compartilhamento de dados seguro e constante por meio de interfaces de programação de aplicativos (API). Nesse contexto, elencam-se cinco vantagens, entre outras vislumbradas para o cliente. A primeira é a menor burocracia para a contratação de produtos e serviços. O Open Banking permitirá, mediante consentimento próprio do cliente, um compartilhamento de cadastros e informações de créditos entre uma instituição transmissora de dados e outra instituição receptora de dados, entre uma instituição iniciadora de pagamentos e outra detentora da conta do cliente. A segunda vantagem é a facilidade de comparação entre produtos e serviços financeiros. Quem já

enfrentou as agruras para contratar um financiamento sabe bem a dificuldade de se obter e comparar operações de crédito, valores, taxas de juros, tarifas e outras despesas entre diversas instituições. O histórico de relacionamento pesa muito nessas horas. Não havia ainda no Brasil algo que obrigasse instituições brasileiras a compartilhar esse histórico de relacionamento. Com esse compartilhamento de informações cadastrais e transacionais, uma instituição poderá considerar todo esse histórico para uma análise mais competitiva do cliente e, ainda, facilitar a conclusão da contratação em condições mais favoráveis. O que se espera é que essa padronização e busca de informações, conforme consentimento do cliente, possa permitir maior competitividade entre instituições para oferta de produtos, serviços e tarifas mais atrativos ao próprio cliente. A terceira vantagem é a maior possibilidade de portabilidade de operações padronizadas. É conhecida pelo brasileiro a possibilidade de portabilidade do salário e, cada vez mais, a regulação bancária obriga as instituições a criar operações padronizadas, com sistemas interoperáveis e de forma a permitir que o cliente migre facilmente seus produtos e serviços de uma instituição a outra ao longo do processo. Com o Open Banking, a padronização fomentará ainda mais essa possibilidade de portabilidade. A quarta vantagem é a preocu-

pação do Banco Central do Brasil com uma melhor e mais segura experiência possível do cliente no mundo digital. O que isso significa? Significa uma série de recomendações às instituições para adoção de altos padrões de segurança cibernética e prevenção a fraudes, rapidez e facilidade na interação com o internet banking e com o aplicativo para a adesão e permanência no Open Banking e possibilidade de personalização dessa experiência a partir de padrões de consumo bancário dos clientes. A quinta vantagem é a maior autonomia do cliente, titular dos dados, quanto aos seus próprios dados e maior domínio e compreensão do valor desses dados em um contexto financeiro digital, no qual surgirão novas alternativas de educação e planejamento financeiro, variados serviços de iniciação de pagamento, a partir de outras instituições que não detenham recursos e contas, mas que possam, a partir do nosso consentimento, realizar essas operações, abertura de contas e cartões digitais, com menores tarifas e maior variedade na oferta de produtos e serviços. O Open Banking está no ar e busca oferecer vantagens para ganhar a confiança do brasileiro na consolidação da era digital do Sistema Financeiro e do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com

Fé e Cidadania Vícios e virtudes Fabio Gallo Os Jogos Olímpicos sempre nos ensinam sobre superação, vitórias, derrotas, virtudes, desafios, beleza. No entanto, as Olímpiadas 2020 trouxeram, além de todas essas coisas, uma nova perspectiva sobre nós mesmos. Primeiramente, porque os Jogos foram realizados somente em 2021 por causa da pandemia. Sem público, com diversas restrições, rostos cobertos, preocupação com a higiene, sem abraços. Mas também mostrou o quanto somos resilientes e, mesmo neste ambiente que a COVID-19 nos impõe, insistimos e foi possível realizar os Jogos. Isso consagra as origens dos Jogos Olímpicos que ocorriam na Grécia Antiga, nos períodos de trégua entre guerras, sendo associados a rituais religiosos. Nos tempos modernos, o Barão de Coubertin, no século XIX, resgata essa prática trazendo o seu espírito de celebração da paz entre povos. Além dessa celebração, assistimos durante os Jogos deste ano a alguns fatos diferentes e que não notávamos anteriormente. Com o alto nível das competições ao longo da história dos Jogos, com recordes sendo batidos, parecia-nos que os atletas eram super-homens. Principalmente os ganhadores dos louros olímpicos, eram pessoas que não sentiam dor, inabaláveis, verdadeiras máquinas. A história das Olimpíadas 2020, porém, permitiu a visão de que isso não é totalmente verdade. Esses atletas não deixam de ser pessoas como todas as outras. Seres com todas as virtudes e fragilidades de todo humano. A mostra muito clara disso foi a ginasta norte-americana Simone Biles, que, antes dos Jogos, era vista como a atleta que deveria conquistar o maior número de ouros e ser o destaque deste ano. No entanto, surpreendendo a todos, ela desistiu de competir na maior parte das provas em razão de problemas emocionais. De potencial destaque no quadro de medalhas, tornou-se um grande ser humano ao mostrar as fragilidades a que todos somos sujeitos. A atitude dessa atleta entra na história como um ato nobre e que encontra as palavras do Papa Francisco por ocasião do lançamento do documento “Dar o melhor de si”, do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, acerca da perspectiva cristã do esporte e da pessoa humana. Francisco diz que, em uma cultura dominada pelo individualismo e pelo descarte das jovens gerações e dos idosos, “o esporte é um âmbito privilegiado, no qual as pessoas se encontram, sem distinção de raça, sexo, religião ou ideologia; em que também podem experimentar a alegria de competir e atingir uma meta em equipe”. O Papa continua sua manifestação: “Sabemos que as novas gerações se inspiram nos atletas e desportistas, que, por sua vez, devem dar exemplo de virtudes, como a generosidade, humildade, sacrifício, constância e alegria; devem ainda contribuir para o espírito de equipe, o respeito, a saudável competição e solidariedade com os outros”. O Santo Padre evidenciou, ainda, que a “Igreja é chamada a ser sinal de Jesus Cristo no mundo, também mediante o esporte nos oratórios, nas paróquias, escolas e associações”. As palavras de Francisco nos levam a entender a íntima relação existente entre esporte e vida quando acrescenta que “tal busca nos conduz, com a graça de Deus, a atingirmos a plenitude da vida, que se chama ‘santidade’”. Quando Francisco diz que o “esporte é uma riquíssima fonte de valores e virtudes, que nos ajuda a melhorar”, ele nos traz maior compreensão do que ocorreu com a atleta e nos permite perceber a nossa própria realidade como pessoas, com nossos vícios e virtudes. Fabio Gallo é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) e ex-docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).


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LAPA Religiosos participam de missa e momento formativo

Juliana Bacci

8 | Regiões Episcopais | 1º a 8 de setembro de 2021 |

Benigno Naveira

Benigno Naveira

COLABORAdor de comunicação na REGIÃO

“Estamos no mês vocacional, tempo de rezar, refletir e incentivar as vocações.” Este foi o chamado de Dom José Benedito Cardoso para que toda a Região Lapa participasse das atividades propostas com esse objetivo em agosto. O tema do Mês Vocacional foi “Cristo nos salva e nos envia” e o lema “Quem escuta minha Palavra possui a vida eterna”. A Semana Nacional da Vida Consagrada teve como objetivos animar e fortalecer ainda mais a missão e a vida dos consagrados do Brasil. Em 21 de agosto, as religiosas participaram da reza do Terço na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, seguindo as sugestões contidas no subsídio “Hora Vocacional. Cristo nos salva e nos envia”, da Comissão

Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. As orações e reflexões para cada mistério do Terço continham um tema específico: “Peregrinar é sair...” (1º mistério); “Peregrinar é ir para...” (2º mistério); “Peregrinar é passar por...” (3º mistério); “Peregrinar é chegar em...” (4º mistério); e “Peregrinar é cele-

brar a festa e partilhar...” (5º mistério). Durante a homilia da missa celebrada logo após o Terço, Dom José Benedito destacou e agradeceu o trabalho desenvolvido pelas 14 Comunidades de Vida Consagrada Religiosa Feminina e 12 Comunidades de Vida Religiosa Masculina presentes na Região Episcopal Lapa. (Colaborou: Irmã Valentina Augusto, Salesiana, Animadora do Núcleo da CRB Lapa)

SÉ Membros do CRP apresentam ações a Dom Carlos CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ Os membros do Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Sé se reuniram presencialmente, em 25 de agosto, na Cúria Regional, com Dom Carlos Lema Garcia. Também participaram os Padres Aparecido Silva, Vigário Adjunto da Região Sé; e José Arnaldo Juliano, Coordenador Regional de Pastoral. Cada pastoral ou movimento fez um breve relato das atividades realizadas durante a pandemia e das perspectivas para o pós-pandemia. O casal coordenador da Pastoral Familiar, Bráulio Gonçalves e Simone Madeira recordou que uma equipe de 30 pessoas faz o acompanhamento aos noivos e depois aos recém-casados, e também aos casais de segunda união, em parceria com os integrantes do Encontro de Casais com Cristo (ECC). O casal coordenador do ECC, José Roberto Berretta e Ana Cristina Paula

Lima, explicou as atividades realizadas. Representando a Pastoral da Animação Bíblico-Catequética, Ana Luiza José recordou o encontro on-line de fevereiro de 2021 por ocasião da Semana Catequética e o realizado em agosto na Semana do Catequista. Dom Carlos ressaltou que é preciso investir na Catequese, pois é a maneira mais profunda de evangelizar desde os primeiros anos e para despertar vocações. Lígia Terezinha Pezzuto falou sobre o Serviço da Escuta; Padre José Edson de Santana Barreto, sobre o Setor Juventude e a Pastoral Vocacional; Marco Antonio Paffetti, sobre a Pastoral da Ecologia; Irmã Josefa Ferreira de Medeiros, sobre a Pastoral do Menor; Iracema Toledo, a respeito da Pastoral da Saúde; e Marcelo Kobayakawa sobre a articulação do laicato. Assistente Eclesiástico da Pastoral do Migrante, o Padre Antenor Dalla Vecchia, CS, lembrou o aumento das situações de desemprego e dos problemas de saúde fí-

sica e emocional entre os migrantes; e que a Paróquia Nossa Senhora da Paz intensificou ações em favor dos refugiados. Pela Pastoral da Comunicação, Ruy Halasz disse que os agentes se organizaram nas paróquias para a transmissão das missas pela internet ao longo da pandemia. Assessor Eclesiástico desta Pastoral, o Padre Carlos André Romualdo lembrou que é necessário que as paróquias montem suas equipes de Pascom para auxiliar os trabalhos de divulgações nas mídias da Arquidiocese e no Facebook da Região Sé. “Cada um de nós tem de viver como pessoas da Igreja, pois somos como a cidade em cima da montanha: não tem como não sermos vistos, não podemos nos esconder. As pessoas esperam que saibamos dar um testemunho de fé, que mostremos quais são as obras que estamos fazendo. Temos que cuidar de nossa vida de oração, agir pelos sacramentos”, comentou o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.

BELÉM Dom Luciano: grande testemunho de caridade operativa Paróquia Nossa Senhora da Esperança

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na sexta-feira, 27 de agosto, Dom Luiz Carlos Dias presidiu a Eucaristia, recordando os 15 anos de falecimento do Servo de Deus Dom Luciano Mendes de Almeida, na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Jardim Sinhá. No início da celebração, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese da Região Belém fez memória do Servo de Deus. “Dom Luciano deixou um testemunho muito grande na caridade operativa, e esteve a serviço dos mais necessitados”, disse. Na homilia, Dom Luiz fez menção aos três bispos que faleceram na data de

27 de agosto: Dom Hélder Câmara (em 1999), Dom Luciano Mendes de Almeida (2006) e Dom José Maria Pires (2017). Ao mencionar o lema episcopal de Dom Luciano – “Em nome de Jesus” –, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém disse que tal lema inspirou o Servo de Deus aos diversos serviços à Igreja: “Em nome de Jesus: tudo o que ele fazia foi em nome de Jesus, permeado pelo amor que ele descobriu, experimentou e acolheu em seu coração, por Jesus”. Por fim, Dom Luiz Carlos Dias exortou os fiéis a se inspirar no exemplo de Dom Luciano, a viver a caridade operativa e gerar esperança no povo em tempos tão difíceis.

[SANTANA] No sábado, 28 de agosto, a Região Santana realizou uma missa em ação de graças pela vocação e missão dos catequistas. A celebração, na Paróquia Menino Jesus, no bairro do Tucuruvi, foi presidida por Dom Jorge Pierozan e concelebrada pelo Padre Paulo César Gil, Assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo. No fim da celebração, Padre Paulo Gil fez uma oração, e membros da Equipe de Animação Bíblico-Catequética, representando todos os catequistas dos nove setores da Região Episcopal, se reuniram diante da Bíblia, segurando fitas a ela ligadas, simbolizando o serviço de transmissão da Palavra de Deus na Catequese. Dom Jorge proferiu diante deles a bênção para os catequistas. (por Cida Cicco) [BRASILÂNDIA] No sábado, 28 de agosto, a equipe da Pastoral do Povo da Rua da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba retomou suas atividades com o preparo do “Sopão”, que foi distribuído às pessoas em situação de rua no centro da cidade. Os jovens cerimoniários também colaboraram no preparo e na entrega das refeições. O “Sopão” acontece mensalmente no último sábado do mês. (por Eliana Lubianco) [SANTANA] Em 23 de agosto, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa de encerramento em honra à Padroeira da Comunidade Santa Rosa de Lima, da Paróquia São Pedro, no Setor Tremembé. Concelebrou o Padre José Teles de Deus. Essa comunidade conta com o apoio das Irmãs Paroquiais de São Francisco. (por Pascom Setor Tremembé) Jackeline Gasperini

[BRASILÂNDIA] No sábado, 28 de agosto, Dom Carlos Silva, OFMCap, deu posse ao Padre Aldenor Alves de Lima como Administrador da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Vila Cruz das Almas. Padre Aldo, como é mais conhecido, tem como trabalho cuidar da comunidade até que seja designado um pároco: “João Batista é uma das minhas inspirações para essa missão porque ele também preparou o caminho, e este é o meu objetivo: preparar o caminho para o novo Pároco”, comentou o Sacerdote, que continua com a função de Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza. (por Luccas Santana)

[SÉ] A 95ª Festa de Nossa Senhora Achiropita foi encerrada no domingo, 29 de agosto. Mantendo a tradição, a imagem da “Mãe Achiropita” circulou na cantina, em meio ao público que estava almoçando – seguindo todos os protocolos sanitários para o atual momento de pandemia. Os recursos arrecadados na festa servirão para manter as Obras Sociais Achiropita. Na festa deste ano também se comemorou o centenário da vinda de São Luís Orione ao Brasil. Uma ação entre amigos continua a ser realizada até 16 de outubro, com bilhetes no valor de R$ 5,00. Outras informações pelo WhatsApp (11) 975687838. (com informações da Pascom Achiropita)


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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Reportagem/Fé e Vida | 9

Cardeal Scherer inaugura e abençoa capela dedicada ao Beato Adolfo Kolping Kolping Brasil

Daniel Gomes

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Com o intuito de estimular a devoção ao Beato Adolfo Kolping (1813-1865) e realizar missas periódicas no escritório nacional da Obra Kolping Brasil, foi inaugurada na sexta-feira, 27 de agosto, uma capela dedicada ao Beato, no Alto da Lapa, na zona Oeste. A inauguração aconteceu com missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, que abençoou a Capela. Concelebraram Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, e o Padre Aladim Leodenis Loureiro, Assistente Eclesiástico Nacional da Kolping Brasil, que será o responsável pela Capela e contará com a colaboração do Padre Alexandre Pessoa Garcia, Vice-Assistente Eclesiástico Nacional da Kolping Brasil. “A bênção da Capela da Kolping é significativa, pois a associação se dedica a ajudar famílias e trabalhadores que necessitam de apoio, um trabalho bonito e necessário, ainda mais em nossos dias”, declarou o Arcebispo Metropolitano. O Obra Kolping Brasil é uma associação sem fins lucrativos que atua na superação da pobreza por meio de formação e trabalho. Seus programas e projetos têm como foco colaborar para a erradicação da pobreza em todas as suas formas no País. Na ocasião, o presidente da Kolping Brasil, doutor Sinésio Luiz Antonio, agradeceu a Dom Odilo sua amizade e solicitude com a associação.

Aspectos arquitetônicos

Em entrevista ao O SÃO PAULO, João Ederson de Oliveira e Silva, diretor-executivo da Kolping Brasil, explicou detalhes da arquitetura da Capela. “Seus elementos foram feitos em madeira maciça, com arquitetura neogótica, possuindo um altar central com o símbolo do pelicano, que representa Cristo que tira da própria carne para alimentar seus filhos; um altar-mor com a imagem do Beato Adolfo Kolping no tampo frontal, e o sacrário no centro da parte superior; o

Dom Odilo Pedro Scherer abençoa a Capela Beato Adolfo Kolping, inaugurada na sexta-feira, 27 de agosto

ambão com uma águia prendendo a serpente com os pés. Essa águia representa São João Evangelista por sua visão elevada sobre a revelação divina que neutraliza o demônio, representado pela serpente; a credência com o brasão do Imaculado Coração de Maria, serva perfeita de Nosso Senhor; e a sédia e dois bancos com seus encostos triangulares, apontando para o céu, meta da vida espiritual.” Nas paredes laterais, há dois nichos com as imagens de Nossa Senhora Aparecida, do lado esquerdo, à qual a Kolping Brasil foi consagrada na Romaria Nacional de 2017; e de São José do lado direito, padroeiro mundial da Kolping. Ao centro, está uma imagem do Beato, com a relíquia de primeiro grau exposta: um fragmento do osso de seu dedo indicador; e, na parte superior, a imagem do Cristo Crucificado. “Vale ressaltar que a Capela Beato Adolfo Kolping é o único lugar do Brasil onde há uma relíquia de primeiro grau dele”, afirmou Oliveira e Silva.

Espaço de devoção

O diretor-executivo da Kolping Brasil avaliou que ter uma capela no escritório nacional ajudará a cultivar e cumprir os fundamentos da associação: “‘A Pessoa e o Evangelho de Jesus Cristo’;

a ‘Doutrina Social da Igreja’ e a ‘Vida e Obra do Beato Adolfo Kolping’; sendo imprescindível o nosso trabalho social no Brasil e no mundo”. A proposta também é que se transforme em um espaço de devoção ao Beato, para que se torne cada vez mais conhecido. “A Capela será um centro nacional de devoção ao Beato, pois, no Brasil, somente nela será possível ter contato direto com uma parte de seu corpo, uma relíquia autêntica, que para nós, católicos, é um instrumento do próprio Deus para venerarmos aqueles homens que nos apontam o caminho do céu e podem interceder por nós a Ele, para alcançarmos graças e bênçãos”, comentou Oliveira e Silva. Há também a intenção de que futuramente a Capela sirva aos demais fiéis do Alto da Lapa, ficando à disposição da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, onde se localiza territorialmente.

O Beato e a Obra

Adolfo Kolping nasceu em 8 de dezembro de 1813, em Kerpen, perto de Colônia, na Alemanha. Em 13 de abril de 1845, foi ordenado sacerdote, aos 31 anos de idade. Em 1849, com um pequeno grupo denominado Associação Católica de Jovens Aprendizes, fundou a associação

que viria a ser a semente da atual Kolping Internacional. Quando faleceu, em 1865, perto de completar 52 anos de idade, já havia fundado 418 associações de trabalhadores similares às de Colônia, com 24,6 mil associados em sete países da Europa. Padre Adolfo Kolping foi beatificado em 27 de outubro de 1991 por São João Paulo II. Em 1923, formou-se a primeira Comunidade Kolping do Brasil, e, em 1972, surgiu a Obra Kolping Brasil, agregando em uma federação nacional as comunidades então existentes. João Ederson de Oliveira e Silva recorda o quanto o Beato estimulava que os homens melhor conhecessem a Deus. “Para o nosso fundador, ‘a religião é o núcleo, o centro de toda a ação humana. Não querer aceitar este fato demonstra tolice ou maldade’. Ou seja, ele acreditava que, antes de qualquer ajuda ou apoio à miséria de alguém, fosse apresentado a cada pessoa o princípio elementar de todas as coisas, a causa eficiente de toda a existência e ordem que testemunhamos. Neste caso, a existência do próprio Deus. Ele mesmo dizia ‘sem Deus e com Deus: esta é uma enorme diferença’”. (Colaborou: Cida Diniz, da assessoria de imprensa da Kolping Brasil)

Você Pergunta A bênção dada por meio da tevê aos objetos é válida? Padre Cido Pereira

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A mãe da Angélica Costa comprou um quadro de Jesus Misericordioso e, quando assistia a uma missa pela tevê em que o sacerdote abençoava os objetos de devoção, colocou o quadro para ser abençoado. “Minha mãe gostaria de saber se desse jeito ‘está valendo’. Pode-se considerar o quadro bento?”.

Angélica, é claro que uma bênção enviada via televisão tem seu valor, como tem valor alguém alimentar sua fé pela televisão em razão da pandemia. Aliás, diga-se de passagem, não fossem essas celebrações, não teríamos alimentado nossa fé neste tempo. Os meios de comunicação nos ajudaram a matar a saudade que tivemos de Jesus Palavra e Jesus Eucarístico. Eu creio que esses meios têm alimentado a fé e

aproximado aqueles que a enfermidade, a distância e a falta de sacerdotes impedem a participação presencial na comunidade. É preciso, porém, fazer aqui um alerta: nenhuma celebração virtual, por mais necessária que seja, substitui, satisfaz ou nos libera da presença na comunidade. Usando uma comparação bem simples: um vídeo de um almoço ou de um jantar não mata a fome de

ninguém. O amor fraterno, o toque, os gestos e as palavras que dizemos a Deus em comunhão fraterna nos fazem Igreja como quer Jesus. Cessada a pandemia, recuperada a saúde, é preciso estar juntos em comunhão, em oração, em sintonia com Deus e uns com os outros. Que Jesus misericordioso abençoe plenamente sua mãe, minha querida irmã, e a você também.


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Medalha São Paulo Apóstolo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Contemplados com a Medalha São Paulo Apóstolo de 2021 posam para foto com o Cardeal Odilo Scherer durante cerimônia de entrega da homenagem instituída pela Arquidiocese de São Paulo

Reconhecimento das obras que manifestam a glória de Deus na cidade Fernando Geronazzo

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Na quinta-feira, 26 de agosto, aconteceu a cerimônia de entrega da edição 2021 da Medalha São Paulo Apóstolo, instituída pela Arquidiocese de São Paulo em 2015 com o objetivo de reconhecer e homenagear pessoas e instituições que se destacaram em diversas atividades e contribuíram com a missão evangelizadora da Igreja na cidade. O evento aconteceu no teatro Tuca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, e foi transmitido pelas mídias digitais. Ao abrir a cerimônia, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ressaltou que, este ano, a homenagem deu maior ênfase às pessoas e instituições que se destacaram por iniciativas voltadas à solidariedade e ao cuidado da saúde das pessoas atingidas pelos impactos da pandemia de COVID-19. “Esses contemplados representam muitos outros que têm dado um testemunho significativo do bem em nossa cidade. Ainda atravessamos uma pandemia, vivemos um tempo duro, com tantos sofrimentos e limitações. Mas também com tanta coisa bonita que foi feita para socorrer quem está sofrendo, para que, juntos, possamos superar este mal que afeta toda a sociedade”, afirmou Dom Odilo.

Testemunho laical O primeiro homenageado foi o médico e professor universitário Dalton de Alencar Fischer Chamone, cuja carreira é marcada pela propagação de uma Medicina humanizada e pautada pelos princípios da ética cristã. Chamone dedicou a medalha a seus familiares e pacientes, recordando de modo especial o Cardeal Paulo Evaristo Arns (1921-2016), cujo centenário de nascimento será comemorado este mês, e Dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006). “Dom Luciano me ensinou muito. Enquanto o acompanhava para os exames médicos, ele me doutrinava”, afirmou o doutor Chamone, sobre o Servo de Deus, cujo processo de beatificação está em andamento no Vaticano.

Serviço sacerdotal Esta categoria homenageou o Padre Sidinei Lang, atual Diretor Espiritual do Seminário de Teologia Bom Pastor, reconhecido por sua dedicação à formação espiritual de gerações de sacerdotes da Arquidiocese de São Paulo e pelo testemunho de zelo sacerdotal e serviço pastoral. O homenageado dedicou aos mais pobres o reconhecimento de sua atuação, aos quais serviu em quase quatro décadas de ministério sacerdotal. Padre Sidinei recordou, particularmente, o período em que trabalhou na comunidade de Heliópolis, na zona Sul da capital, na época a maior favela da América Latina. O Sacerdote enfatizou que a população dessa região é marcada por

inúmeros problemas sociais, mas extremamente aberta para acolher o Evangelho: “É uma Igreja viva… Talvez tenha sido uma das experiências mais bonitas que pude ter em meu ministério”.

Ação Caritativa e de Promoção Humana O contemplado foi o Diácono Nilo José de Carvalho Paiva, responsável pelo núcleo da Caritas na Região Episcopal Santana, no qual promove ações caritativas em favor dos mais vulneráveis, além de realizar um trabalho pastoral e evangelizador no Conjunto Habitacional Cingapura da Avenida Zaki Narchi, no Carandiru, com a comunidade Canto de Maria, da qual é membro. Diácono Nilo agradeceu à sua família e à comunidade à qual pertence o apoio recebido em seu ministério. Ele também agradeceu o estímulo e exemplo do Arcebispo, bispos auxiliares e sacerdotes no serviço caritativo. Por fim, dedicou a medalha aos diáconos permanentes da Arquidiocese. “Somos cerca de 100 diáconos que realizam inúmeros serviços caritativos de promoção humana, muitas vezes silenciosamente, sem propaganda, mas com muita entrega e afinco”, destacou, recordando que o ministério da caridade é inerente ao diaconato na Igreja.

Ação Missionária A medalha foi conferida ao Padre Flávio Demoliner, Pároco na Paróquia Santa Cruz, na Região Episcopal Santana, onde criou a Pastoral Solidariedade Guanellia-

na, que realiza ações voltadas às pessoas mais pobres. Em nome do contemplado, que estava em missão fora de São Paulo, o Padre Odacir Lazaretti, Vigário Paroquial, ressaltou que a iniciativa caritativa que motivou o prêmio nasceu diante da realidade da população que necessitava não apenas do alimento material, mas, também, espiritual. Recordando os ensinamentos do fundador da congregação, São Luís Guanella, o missionário afirmou: “Somos convidados a dar pão e paraíso. É graças a essa iniciativa que nossa comunidade está se transformando em um centro do qual se pode dizer que o amor, a solidariedade e a vida acontecem, porque os corações se abrem para testemunhar esse amor”.

Inovação na Metodologia Pastoral A contemplada foi Paula Lorenna Alves Pirolo, que fundou com o esposo, Emerson Pirolo, o projeto Solicitude, com as pastorais sociais da Paróquia Jesus Ressuscitado, no Setor Conquista, na Região Episcopal Belém. A iniciativa começou com a construção de moradias permanentes para famílias em situação de vulnerabilidade e se expandiu para ações socioeducativas em saúde, educação, segurança, família e espiritualidade, alicerçadas na Doutrina Social da Igreja. Paula dedicou a medalha às centenas de voluntários do projeto e lembrou que a iniciativa representa muitas outras obras realizadas pelos católicos da cidade em favor dos mais necessitados. “Ultrapassamos 50 toneladas de mantimentos, atendemos


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coração. A partir disso, não tive dúvidas de que São Paulo só se tornou gigantesca e pujante porque Deus habita o coração de cada um que mora nesta cidade. Deus fez, do coração dos paulistanos, o seu pequeno casebre ou a sua grande catedral. Por isso, temos a obrigação de ser suas testemunhas”, relatou Sidinei.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

as famílias, visitando, cadastrando, orientando, acompanhando. Tudo isso foi pensado para o desenvolvimento integral das pessoas”, disse a contemplada, frisando que a graça de Deus é a grande protagonista dessa obra. “Somos apenas canais para que essa graça chegue a tantos”, completou.

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Serviço Social

Educação Cristã Diretor clínico do Instituto de Medicina Humanae Vitae (Imuvi) e paroquiano da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Tremembé, da Região Santana, o médico Hélio Begliomini atende gratuitamente, no ambulatório que criou na década de 1980, pessoas em situação de vulnerabilidade, trabalho caritativo que inspirou a criação de uma farmácia mantida com doações espontâneas para assegurar medicamentos aos atendidos. Emocionado, Begliomini agradeceu à Igreja o reconhecimento e compartilhou o mérito da homenagem com os fiéis e sacerdotes que passaram pela Paróquia da qual faz parte, além dos voluntários que se dedicam ao trabalho caritativo da comunidade. “Sou imensamente grato a Deus pelo imerecido dom da vida, pelos pais, irmãos e familiares que tive, pela educação e fé católica que recebi, pelos inesquecíveis amigos cristãos… Por tantos homens e mulheres virtuosos que conheci, verdadeiros santos da seara do Senhor, os quais aprendi a admirar, estimar e me deixar, felizmente, ser por eles influenciado”, acrescentou.

Defesa e promoção da vida e dignidade humana A medalha foi conferida ao secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido dos Santos, por sua atuação no combate à pandemia de COVID-19 na cidade, incluindo o apoio que tem dado aos consultórios de rua, formados por equipes multidisciplinares que prestam serviço de atenção integral à saúde da população em situação de rua em diferentes pontos da capital paulista. O secretário salientou ser um privilégio receber a medalha em um momento tão desafiador que a sociedade vive com a pandemia que vitimou cerca de 35 mil paulistanos. “A cidade de São Paulo, no trabalho anônimo de milhares de médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, entidades filantrópicas e da Igre-

Cardeal Odilo Scherer entrega a medalha ao economista Fábio Nusdeo, contemplado com a menção honrosa

ja Católica: todos foram capazes de se unir, sob o comando do Sistema Único de Saúde (SUS), para salvar milhares de pessoas”, destacou o homenageado, recordando, ainda, a memória do prefeito Bruno Covas, falecido em maio.

fez presente. E, assim, nós devemos continuar, para atravessarmos esse período difícil de pandemia, que já levou mais de 580 mil vidas, e para reconstruirmos nosso País, na paz, na justiça, na dignidade, no amor”, afirmou.

Cultura

Comunicação Social

O contemplado nessa categoria foi o projeto “Brasil, Terra de Santos”, iniciativa que apresenta, por meio de perfis no Instagram e no Facebook, a biografia dos brasileiros com causas de beatificação e canonização em curso ou já canonizados. Um dos idealizadores do projeto, o jovem Fábio Rodrigues dos Santos afirmou que o propósito da iniciativa é inspirar a vida das pessoas com o exemplo de testemunhos de brasileiros que caminham ou já foram reconhecidos pela Igreja por sua santidade e por suas ações nos mais variados campos. “Assim, o Brasil foi se construindo, com tantas dificuldades, mas também com tantas coisas bonitas, porque a santidade de muitos se

A medalha foi conferida à TV Canção Nova, pelo documentário “Deus habita esta cidade – somos suas testemunhas”, que foi ao ar pela primeira vez no domingo de Páscoa, 4 de abril, e está disponível na internet. O jornalista Sidinei Fernandes, roteirista do documentário, explicou que a produção foi idealizada com o objetivo de recordar às pessoas a presença de Deus na maior metrópole do País. Ele relatou que, durante as gravações, a resposta de uma pessoa em situação de rua que fora entrevistada redirecionou o roteiro do documentário. “Ao ser questionada onde enxergava Deus nesta cidade, ela foi enfática em responder que Deus habitava em seu Luciney Martins/O SÃO PAULO

A instituição contemplada foi o COR – Centro de Orientação à Família. Fundada em 1971 por Nair Salgado, auxiliada por um grupo de cristãos pertencentes à Legião de Maria, a entidade atua na promoção cultural e biopsicossocial do indivíduo e da família, para se atingir os níveis condizentes com a dignidade humana. A presidente da instituição, Maria Regina Leandro dos Santos, destacou que o COR recebe o reconhecimento no ano em que celebra 50 anos de fundação. Ela dedicou a medalha a todos os colaboradores e pessoas atendidas. “Pedimos a Deus força e coragem para continuar nesta missão que não é fácil… Pela intercessão de São Paulo Apóstolo, o COR deseja continuar a servir ao povo de Deus e à Igreja de Jesus Cristo”, completou.

Menção Honrosa O homenageado com a menção honrosa foi Fábio Nusdeo, economista e advogado, professor aposentado da USP e autor de diversos livros e artigos sobre Direito Econômico em seus vários segmentos. Desde a década de 1960, é membro do Conselho de Assuntos Econômicos (CAE) da Arquidiocese de São Paulo. Ao saudar o homenageado, o Cardeal Scherer recordou que, dos sete arcebispos de São Paulo, Nusdeo trabalhou com quatro, iniciando seu serviço no CAE ainda no arcebispado do Cardeal Agnelo Rossi. Ao agradecer a homenagem, o economista sublinhou que ele é quem deve homenagear a Igreja em São Paulo e agradecr-lhe a oportunidade de, por meio do serviço prestado, realizar-se pessoalmente como cristão. “Nós, os agraciados com esta medalha, somos devedores da Arquidiocese de São Paulo por tudo aquilo que recebemos”, disse Nusdeo.

Testemunho das boas obras

Médico Hélio Begliomini recebe a medalha das mãos de Dom Carlos Lema, na categoria Educação Cristã

Na conclusão da cerimônia, Dom Odilo enfatizou que as pessoas e instituições homenageadas são histórias e testemunhos de boas obras por meio das quais Deus é glorificado na sociedade.


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Por uma democracia que favoreça o bem comum

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja indica a perspectiva cristã para a vivência de um ambiente democrático, o que também envolve o respeito às opiniões divergentes e a busca permanente de diálogo Daniel Gomes

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Anualmente, a comemoração do Dia da Pátria, em 7 de setembro, é ocasião para reflexões e manifestações sobre as condições de vida da população brasileira e as bases da democracia no País. Não será diferente este ano, com as já anunciadas mobilizações lideradas por variados atores sociais, evocando o sentimento de orgulho nacional. O amor à pátria é uma virtude que se relaciona ao Quarto Mandamento da Lei de Deus – “Honrar pai e mãe”

– e a perspectiva cristã a este respeito é explicitada no Catecismo da Igreja Católica (CIC): “É dever dos cidadãos colaborar com os poderes civis para o bem da sociedade, num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade. O amor e o serviço à pátria derivam do dever da gratidão e da ordem da caridade” (CIC, 2239). Uma democracia sã e equilibrada é reconhecida “pela solidez, harmonia e bons resultados do contato entre os cidadãos e o governo do Estado”, conforme apontou o Papa Pio XII em uma radiomensagem de dezembro de 1944, o que não significa uniformidade nos pontos de vista sobre os rumos do País, pois, segundo o próprio Pontífice, “quando se

exige ‘mais democracia e melhor democracia’, tal demanda não pode ter outro significado do que colocar os cidadãos cada vez mais em posição de ter sua própria opinião pessoal e de expressá-la e aplicá-la de uma forma que seja conveniente para o bem comum”. Em uma videomensagem em julho deste ano, o Papa Francisco exortou os cristãos a construir canais de diálogo, superando polarizações. Na encíclica Fratelli tutti (FT), lançada em outubro de 2020, o Pontífice aponta que o diálogo social autêntico “pressupõe a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, aceitando como possível que contenha convicções ou interesses legítimos. A partir da própria identidade, o outro tem

algo para dar, e é desejável que aprofunde e exponha a sua posição para que o debate público seja ainda mais completo” (FT, 203). Aos cristãos que se propõem ao diálogo para que a democracia no Brasil seja cada vez melhor, um dos subsídios fundamentais é o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI), que traz detalhadas considerações sobre democracia participativa; soberania popular; eleições; aspectos fundamentais ao sistema democrático, como o respeito à pessoa humana, acesso a informações e os limites das instituições; e situações que o colocam em risco, como o relativismo ético, favorecimento de grupos e a corrupção. Leia mais na página ao lado.


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‘Toda democracia deve ser participativa’ O Compêndio da Doutrina Social da Igreja aponta que a participação do cidadão na vida comunitária é “uma das pilastras de todos os ordenamentos democráticos, além de ser uma das maiores garantias de permanência da democracia. O governo democrático, com efeito, é definido a partir da atribuição, por parte do povo, de poderes e funções que são exercitados em seu nome, por sua conta e em seu favor; é evidente, portanto, que toda democracia deve ser participativa [cf. encíclica Centesimus annus, 46]. Isso implica que os vários sujeitos da comunidade civil, em todos os seus níveis, sejam informados, ouvidos e envolvidos no exercício das funções que ela desempenha” (CDSI, 190).

Há, porém, ‘formas participativas insuficientes ou incorretas’ O documento fala da preocupação da Igreja com “formas participativas insuficientes ou incorretas e à generalizada desafeição por tudo o que concerne à esfera da vida social e política: atente-se, por exemplo, para as tentativas dos cidadãos de ‘negociar’ com as instituições as condições mais vantajosas para si, como se estas últimas estivessem a serviço das necessidades egoísticas, e para a praxe de limitar-se à expressão da opção eleitoral, chegando também, em muitos casos, a abster-se dela” (CDSI, 191).

‘O povo transfere o exercício da sua soberania para aqueles que elege’ Na democracia, o povo, em sua totalidade, é o sujeito da autoridade política. Entretanto, “o povo, de modos diferentes, transfere o exercício da sua soberania para aqueles que elege livremente como seus representantes, mas conserva a faculdade de fazê-la valer no controle da atuação dos governantes e também na sua substituição, caso não cumpram de modo satisfatório as suas funções” (CDSI, 395).

Não favorecer grupos ou ideologias e respeitar as pessoas O Compêndio faz menção à encíclica Centesimus annus, de São João Paulo II, para reafirmar que a “‘Igreja encara com simpatia o sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de substituí-los pacificamente, quando tal se torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares ou dos objetivos ideológicos. Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana. Aquela exige que se verifiquem as condições necessárias à promoção quer dos indivíduos por meio da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da subjetividade da sociedade, mediante a criação de estruturas de participação e corresponsabilidade’ [cf. CA, 46]” (CDSI, 406), e na qual se aceitam os valores que inspiram os procedimentos democráticos: “a dignidade da pessoa humana, o respeito dos direitos do homem, o fato de assumir o ‘bem comum’ como fim e critério regulador da vida política. Se não há um consenso geral sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade” (CDSI, 407).

democracia em risco diante do relativismo ético Um dos maiores riscos para as democracias, de acordo com o documento, é o relativismo ético, “que induz a considerar inexistente um critério objetivo e universal para estabelecer o fundamento e a correta hierarquia dos valores: ‘Hoje, tende-se a afirmar que o agnosticismo e o relativismo cético constituem a filo-

sofia e o comportamento fundamental mais idôneos às formas políticas democráticas, e que todos quantos estão convencidos de conhecer a verdade e firmemente aderem a ela não são dignos de confiança do ponto de vista democrático, porque não aceitam que a verdade seja determinada pela maioria ou seja variável segundo os diversos equilíbrios políticos. A este propósito, é necessário notar que, se não existe nenhuma verdade última que guie e oriente a ação política, então as ideias e as convicções podem ser facilmente instrumentalizadas para fins de poder. Uma democracia sem valores converte-se facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado’ [cf. CA, 46]” (CDSI, 407).

Os limites das instituições, as eleições e o controle social De acordo com o documento, o Magistério da Igreja reconhece o princípio da divisão de poderes em um Estado, sendo assim “‘preferível que cada poder seja equilibrado por outros poderes e outras esferas de competência que o mantenham no seu justo limite’ [cf. CA, 44]”. Por sua vez, “os organismos representativos devem estar submetidos a um efetivo controle por parte do corpo social. Este controle é possível antes de tudo por meio de eleições livres, que permitem a escolha assim como a substituição dos representantes. A obrigação, por parte dos eleitos, de prestar contas acerca da sua atuação, garantida pelo respeito dos prazos do mandato eleitoral, é elemento constitutivo da representação democrática” (CDSI, 407).

A corrupção deforma o sistema democrático Fazendo menção a um trecho da encíclica Sollicitudo rei socialis, de São João Paulo II –“Entre as deformações do sistema democrático, a corrupção política é uma das mais graves, porque trai, ao mesmo tempo, os princípios da moral e as normas da justiça social” (SRS, 44) –, o Compêndio ressalta que a corrupção “compromete o correto funcionamento do Estado, influindo negativamente na relação entre governantes e governados; introduzindo uma crescente desconfiança em relação à política e aos seus representantes, com o consequente enfraquecimento das instituições. A corrupção política distorce na raiz a função das instituições representativas, porque as usa como terreno de barganha política entre solicitações clientelares e favores dos governantes” (CDSI, 411).

A burocratização excessiva é prejudicial A administração pública deve servir os cidadãos, uma vez que o Estado é gestor dos bens do povo em vista do bem comum (cf. Mensagem de São João Paulo II para o Dia Mundial da Paz de 1998]. É contrário a essa perspectiva, porém, “o excesso de burocratização, que se verifica quando ‘as instituições, ao se tornarem complexas na organização e pretendendo gerir todos os espaços disponíveis, acabam por se esvaziar devido ao funcionalismo impessoal, à burocracia exagerada, aos interesses privados injustos e ao desinteresse fácil e generalizado’ [exortação Christifideles laici, 41]” (CDSI, 412).

O acesso à informação é indispensável à democracia O Compêndio também ressalta que a informação é um dos principais instrumentos da participação democrática. “Não é pensável participação alguma sem o conhecimento dos problemas da comunidade política, dos dados de fato e das várias propostas de solução dos problemas. É necessário assegurar um real pluralismo neste delicado âmbito da vida social, garantindo uma multiplicidade de formas e de instrumentos no campo da informação e da comunicação, facilitando também condições de igualdade na posse e no uso de tais instrumentos mediante leis apropriadas” (CDSI, 414).

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Conheça o Compêndio da Doutrina Social da Igreja Com a proposta de apresentar de modo sintético os conceitos fundamentais da Doutrina Social da Igreja, o Pontifício Conselho Justiça e Paz lançou, em 25 de outubro de 2004, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI), a pedido de São João Paulo II. Disponibilizado em 17 idiomas, começou a ser elaborado ainda na década de 1990, a partir de uma ampla consulta a membros e consultores deste Pontifício Conselho, dicastérios da Cúria Romana, conferências episcopais, bispos e peritos nas questões tratadas.

Estruturação

Além da introdução – “Um humanismo integral e solidário” – e da conclusão “Por uma civilização do amor”, o documento é composto de três partes. A primeira tem quatro capítulos com os pressupostos fundamentais da Doutrina Social: “O desígnio do amor de Deus a toda a humanidade”(capítulo I);“Missão da Igreja e Doutrina Social” (II); “A pessoa e seus direitos” (III) e “Os princípios da Doutrina Social da Igreja” (IV). A segunda parte, em sete capítulos, trata dos temas clássicos da Doutrina Social: “A família – célula vital da sociedade” (V); “O trabalho humano” (VI), “A vida econômica” (VII), “A comunidade política” (VIII); “A comunidade internacional” (IX); “Salvaguardar o ambiente” (X) e “A promoção da paz” (XI). A terceira parte –“Doutrina Social e ação eclesial”(XII) – traz indicações à utilização da DSI na prática pastoral da Igreja e na vida dos cristãos, sobretudo dos leigos.

A quem se destina

Os primeiros destinatários do Compêndio são os bispos (cf. CDSI, 11), mas o texto também se volta aos sacerdotes, religiosos, formadores na fé e aos cristãos de modo geral. “O cristão sabe poder encontrar na Doutrina Social da Igreja os princípios de reflexão, os critérios de julgamento e as diretrizes de ação de onde partir para promover esse humanismo integral e solidário. Difundir tal Doutrina constitui, portanto, uma autêntica prioridade pastoral, de modo que as pessoas, por ela iluminadas, se tornem capazes de interpretar a realidade de hoje e de procurar caminhos apropriados para a ação” (CDSI, 7). O documento também é voltado aos irmãos de outras igrejas e a todos os homens e mulheres de boa vontade, uma vez que oferece “um contributo de verdade à questão do lugar do homem na natureza e na sociedade, afrontada pelas civilizações e culturas em que se manifesta a sabedoria da humanidade” (CDSI, 14).

O que se propõe com o CDSI

Com este documento, a Igreja propõe a todos os homens “um humanismo à altura do desígnio de amor de Deus sobre a história, um humanismo integral e solidário, capaz de animar uma nova ordem social, econômica e política, fundada na dignidade e na liberdade de toda a pessoa humana, a se realizar na paz, na justiça e na solidariedade” (CDSI, 19). Ao apresentá-lo aos bispos do Brasil, em 21 de junho de 2005, o Cardeal Renato Raffaele Martino, então Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, ressaltou que o Compêndio não deve ser visto como um resumo didático da DSI: “Ele tem um valor simbólico e um valor prático. O simbólico consiste em chamar-nos a todo o corpus da Doutrina Social da Igreja, a entendê-la como uma proposta unitária radicada na unidade da proposta cristã: a sequela de Cristo (...) O prático consiste em usufruir de um instrumento único que deve ser usado comunitariamente, com formas de convergência pastoral, de modo que sejamos todos ajudados a caminhar conjuntamente. Este é o significado prático-pastoral mais interessante. O Compêndio não é um instrumento exclusivo, não substitui e, pelo contrário, solicita até o acesso às encíclicas sociais ou às outras fontes do Magistério, mas pode produzir unidade na formação, na reflexão, no discernimento e na práxis”. (DG)


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Catequese Caminho que leva ao encontro com Cristo Luciney Martins/O SÃO PAULO - ago.2018

Fernando Geronazzo

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No último domingo do mês de agosto, a Igreja recorda a vocação dos catequistas. Para comemorar a data, a Comissão de Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo realizou uma série de encontros virtuais, que foi concluída com uma live, no sábado, 28 de agosto, com a participação do Cardeal Odilo Pedro Scherer e catequistas das paróquias e comunidades. O Arcebispo de São Paulo ressaltou a missão indispensável dos catequistas para a evangelização e a transmissão da fé. Em seguida, refletiu sobre o ministério do catequista, que, embora tenha sido instituído oficialmente pelo Papa Francisco em maio, por meio da carta apostólica Antiquum ministerium, trata-se de um dos serviços mais antigos da Igreja.

Na Bíblia

Dom Odilo recordou algumas referências bíblicas desse ministério, indicando o caráter catequético da pregação de Jesus e lembrando que, já no Antigo Testamento, havia os estudiosos das Sagradas Escrituras que se dedicavam a ensinar o povo sobre a Lei de Deus. O Evangelho segundo São João, por exemplo, mostra o Apóstolo São Filipe como um modelo de catequista, quando, ao encontrar Natanael, lhe diz: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e, também, os profetas, Jesus de Nazaré, o filho de José”. Natanael, por sua vez, manifesta incredulidade, questionando se poderia vir algo bom de Nazaré. Filipe, então, responde: “Vem e vê”. “Filipe contagia seu amigo com seu testemunho. Ele faz uma evangelização. Em um primeiro momento, não é bem-sucedido... Mas dá o segundo passo de um catequista, levando Natanael ao encontro com Jesus”, afirmou o Carde-

Elevada ao grau de ministério, a catequese é um dos serviços mais antigos da Igreja e possui referências bíblicas

al, completando que, ao ser interpelado pelo próprio Cristo, Natanael professa: “Tu és o Filho de Deus”. Dom Odilo salientou que assim como Filipe, o catequista é aquele que teve um verdadeiro encontro com o Senhor e, por isso, está tomado pelo “ardor da fé”. “Catequese: caminho pedagógico que leva ao encontro com Deus por meio de Jesus”, sintetizou.

Na Igreja

O Cardeal Scherer afirmou, ainda, que a Catequese não é obra apenas de uma pessoa isolada, mas a comunidade de fé. “O sujeito da Catequese é a Igreja.

É a partir do tesouro e do patrimônio da fé, do testemunho cristão, que se evangeliza”, enfatizou. O Arcebispo reforçou que a Catequese é um serviço “pedagógico”, que educa as pessoas na fé, e, também, “mistagógico”, isto é, que introduz o cristão na vivência dos sagrados mistérios. “A Catequese não é igual à aula de Ensino Religioso, de História ou de Ciências. É um ministério que educa e introduz no mistério da fé”, frisou. Outro aspecto sublinhado por Dom Odilo é que, ao longo da história da Igreja, em vários momentos de crise da fé, foi dado um novo impulso para a Cate-

Luciney Martins/O SÃO PAULO - out.2018

quese, confirmando a importância dessa missão para o sustento da vida cristã.

Ministério

Referindo-se ao ministério de catequista, Dom Odilo explicou que a Santa Sé publicará em breve um rito próprio para sua instituição, assim como as conferências episcopais elaborarão um itinerário formativo, com os critérios normativos para o seu exercício. O Arcebispo manifestou sua admiração pelos catequistas que generosamente dedicam seu tempo para esse ministério, em meio ao cansaço da vida cotidiana, desempenhando-o com muito amor.

Fazer ecoar a fé A palavra catequese vem do latim catechesis que, por sua vez, vem do grego katéchesis e significa “fazer ecoar aos ouvidos”. Nesse sentido, no âmbito cristão, catequizar é fazer ecoar o Evangelho de Jesus Cristo na vida das pessoas. Ao longo dos séculos, esse serviço se manifestou de várias formas, desde o processo catecumenal de iniciação cristã dos adultos para os sacramentos, passando pela instrução na doutrina da fé dos fiéis no período escolástico ou pela preparação de crianças, adolescentes e jovens para os sacramentos da Eucaristia e da Confirmação (Crisma). Nas últimas décadas, especialmente após o Concílio Vaticano II, retomou-se a dimensão da chamada Catequese de inspiração catecumenal, como processo de iniciação à vida cristã permanente.

‘Inteligência do mistério’ Encontro de catequese, preparação de crianças para a primeira Eucaristia, um dos sacramentos da iniciação cristã

Na exortação apostólica Catechesi tradendae (1979), São João Paulo II afirma que a Catequese ajuda a “desenvolver


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a inteligência do mistério de Cristo à luz da Palavra... aprende cada vez melhor a pensar como Ele, a julgar como Ele, a agir em conformidade com os seus mandamentos e a esperar como Ele nos exorta a esperar”. O Papa Wojtyla acrescenta que a Catequese ajuda no amadurecimento do cristão que, “após ter aceitado, pela fé, a pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e após lhe ter dado uma adesão global, por uma sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer o mesmo Jesus Cristo, ao qual se entregou: conhecer o seu ‘mistério’, o Reino de Deus que Ele anunciou, as exigências e promessas contidas na sua mensagem evangélica e os caminhos que Ele traçou para todos aqueles que o querem seguir”.

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Nesse sentido, não apenas os encontros de preparação para os sacramentos são considerados catequéticos, mas outros momentos de formação da vida eclesial, como escolas da fé, cursos bíblicos, palestras, tertúlias, meditações ou pregações. Outros exemplos são encontros realizados por padres com seus fiéis para aprofundar temas da doutrina cristã, como os que os papas fazem nas audiências das quartas-feiras, no Vaticano, que inclusive, são chamadas catequeses.

Para toda a vida

Aos 42 anos, Padre João Paulo Rizek enfatiza a Catequese como algo que, de fato, ecoa na sua vida cristã e no seu ministério sacerdotal.

O mais novo de três irmãos, ele, quando ainda não era alfabetizado, participava de uma pré-Catequese na Paróquia Santa Generosa, na zona Sul. Depois, iniciou a preparação para a primeira Comunhão. Em seguida, participou da Cruzada Eucarística por dez anos. “Foi uma Catequese que rendeu muitos frutos positivos. Durante a Faculdade de Teologia, muitas vezes me recordava de coisas que a catequista havia me ensinado e que me ajudaram muito, inclusive, a passar nos exames mais difíceis. Quando a Catequese é bem explicada, entende-se toda a estrutura da Teologia”, disse o Sacerdote, recordando com carinho seus catequistas. (FG)

‘Ser catequista vale o Reino de Deus’ Maria Aparecida de Cicco tinha 18 anos quando começou a dar Catequese a um grupo de alunos da escola onde lecionava na zona Leste de São Paulo. Em seguida, começou a ajudar na paróquia do bairro e nunca mais parou. Já se vão 52 anos nesta missão, ajudando gerações de crianças, adolescente e jovens a vivenciarem o encontro de fé com Jesus Cristo. Hoje, com 70 anos, Cida, como é mais conhecida, é uma das assessoras da Comissão para Iniciação à Vida Cristã na Região Episcopal Santana e responsável pela formação de inúmeros catequistas. Ela acompanhou todo o processo de renovação da Catequese que floresceu após o Concílio Vaticano II, estimulada pelos Papas São Paulo VI e São João Paulo II. “Quando recebi a primeira Eucaristia, com 7 anos, fui formada pelo Catecismo de São Pio X, que continha as perguntas e respostas. Quando comecei minha caminhada como catequista, já vivíamos o processo de renovação”, destacou Cida, contando que quem acompanhava as catequistas na sua época era o então Padre Décio Pereira, que, depois, tornou-se Bispo Auxiliar de São Paulo e Bispo Diocesano de Santo André (SP).

nos prepararmos para realizar bem nossa missão”, afirmou a catequista. Após se formar, Cida ajudou a instituir a Escola de Catequistas da Diocese de Guarulhos, em funcionamento até hoje. Depois, já morando na zona Norte de São Paulo, passou a colaborar na formação de catequistas das paróquias da Região Episcopal Santana. Além disso, por dez anos, foi responsável pelo Blog da Catequese, da Editora Vozes.

Responsabilidade

Para Maria Aparecida, ao instituir a Catequese como um ministério, a Igreja assume uma responsabilidade

permanente e não se resume aos cursos preparatórios. “Assim como a Catequese é um processo permanente na vida cristã, o catequista também tem que estar constantemente em formação. Somos catequizandos até o fim da vida.” Cida acrescentou que se os catequistas já eram chamados a conformar a sua vida com a missão que realizavam, como ministros instituídos, o testemunho de uma vida cristã autêntica é essencial.

Comunidade

“O processo de iniciação à vida cristã compreende todos aqueles que Arquivo pessoal

Vale a pena

Formação

Anos depois, Cida se mudou para a Diocese de Guarulhos (SP) e lá se tornou coordenadora diocesana da Catequese. Diante dessa nova missão, ela sentiu a necessidade de aprofundar sua formação. No entanto, na época, não havia escolas para catequistas. Então, ela decidiu enfrentar o desafio de cursar a Escola Dominicana de Teologia, sendo uma das poucas leigas a estudar em meio aos seminaristas e religiosos. “Nós não estávamos interessadas no diploma ou no título de teólogas, mas, sim, em

aqueles que preparam as pessoas de diferentes idades para receber os sacramentos da Iniciação Cristã, mas todos aqueles que realizam algum trabalho catequético, como os responsáveis pela preparação de pais e padrinhos para o Batismo, dos noivos para o Matrimônio, do acompanhamento de jovens, famílias entre outros. Por esse motivo, a catequista afirmou que toda a comunidade é responsável, de alguma forma, pela Catequese. “É a partir de uma comunidade que vivenciou o processo de se iniciar na vida cristã e dá testemunho dessa vida em todos os momentos que evangelizamos.”

Maria Aparecida é catequista há 52 anos e também se dedica à formação de novos catequistas

maior para preparar e acompanhar esses ministros. “Temos muitos cursos e escolas de formação de catequistas. Porém, muitas vezes, falta um incentivo da própria comunidade paroquial para essa preparação. É muito importante que os catequistas tenham o respaldo da comunidade e, por outro lado, a cobrança para que os catequistas assumam essa missão com responsabilidade”, ressaltou. Ainda sobre a formação dos catequistas, Cida salientou que essa deve ser

dão formação catequética em alguma etapa da vida”, reforçou Maria Aparecida, lembrando que, cada vez mais, a Igreja reconhece que há muitas pessoas que, embora tenham sido batizadas e até fizeram a primeira Comunhão, nem sempre foram, de fato, iniciadas em uma vida autenticamente cristã. Nesse sentido, a Arquidiocese tem se empenhado na formação dos catequistas das paróquias e comunidades, considerando não apenas

Embora realize a preparação de catequistas, Cida não abriu mão da sua missão pessoal de catequista na comunidade. Por isso, ela acompanha um grupo de adultos na Paróquia Santa Teresinha, na zona Norte. Ela relatou que, devido à pandemia, o grupo de 12 pessoas, iniciado em fevereiro de 2020, teve que se adaptar à modalidade remota. Como Cida não era familiarizada com as plataformas de videoconferência, ela transmitia a Catequese pelo Facebook, e os catequizandos interagiam por meio dos comentários. “Eu projetava os slides na tela do meu computador, e, pelo celular, transmitia os encontros. Depois, eu descobri o [Google] Meet. Então, começamos a fazer os encontros por videoconferência”, contou a catequista, comemorando que, após esse grupo que recebeu os sacramentos em fevereiro deste ano, há mais 35 adultos sendo acompanhados para receber os sacramentos na Páscoa de 2022. Ao ser perguntada se vale a pena ser catequista, Cida foi enfática: “Não só vale a pena como vale o Reino de Deus”. (FG)


16 | Reportagem | 1º a 8 de setembro de 2021 |

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Frades Capuchinhos testemunham a fé em meio à expansão da capital há 110 anos Acervo dso Frades Capuchinhos

A exposição fotográfica ‘Reconstruindo São Paulo’, na Paróquia Imaculada Conceição, na Região Episcopal Sé, mostra como o templo e a cidade se transformaram ao longo das décadas

Ação pastoral

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A Paróquia Imaculada Conceição, confiada aos cuidados dos Frades Capuchinhos, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 2.071, completa 110 anos de inauguração. Entre as atividades comemorativas, uma exposição foi montada na entrada da igreja com registros históricos que retratam as mudanças que aconteceram no entorno, no bairro, no templo e no convento dos frades. A exposição foi montada a partir de fotos históricas do acervo dos franciscanos capuchinhos e tem o intuito de conduzir a comunidade paroquial e visitantes a um resgate histórico e evidenciar a contribuição da Igreja no desenvolvimento arquitetônico e da expansão territorial da região.

História

Nos primórdios, em 1901, quando os religiosos compraram o terreno, na antiga Estrada de Santo Amaro, nos Campos do Paraíso, atual Avenida Brigadeiro Luís Antônio, não havia asfalto nem prédios; era estrada de terra, rodeada por poucas casas. No local, em 1904, a capela do convento foi inaugurada e, no ano seguinte, foi formada a primeira Fraternidade, que chegou ao convento em 1905. A construção da igreja, anexa ao convento, começou em 1909, e sua inauguração aconteceu em 20 de agosto de 1911. A igreja foi construída no estilo românico, sob os padrões do Tirol, de onde provinham os frades. Em 1911, a imagem da Imaculada Conceição, em escultura de madeira, foi doada pela senhora Helena Luchesi à igreja. Em 1912, o templo recebeu o altar-mor e dois púlpitos da antiga Catedral da Sé de São Paulo.

quia já foi palco de grandes apresentações de corais, orquestras e fez parte da rota cultural do município”, pontuou.

Em 1939, foi elevado à categoria de matriz da Paróquia Imaculada Conceição. O antigo convento foi demolido para dar lugar a um novo.

Transformações

‘Reconstruindo São Paulo’ retrata em fotos o fenômeno do crescimento da região em concomitância com o início da construção dos Capuchinhos. Antes despovoados, os Campos do Paraíso começaram a se tornar lugar de muitas construções, tanto que, rapidamente, o convento se viu no centro de um bairro povoado: com ruas asfaltadas, as casas foram dando espaço aos prédios. Com a crescente expansão e para atender às demandas, os frades foram ampliando sua área de atuação: criaram um cinema e uma escola para as crianças do bairro. Atualmente, a escola não funciona mais e o local do cinema é um estacionamento; no lugar do convento demolido se encontra um hipermercado. A torre sineira também foi demolida. A igreja era pintada somente na cor branca, por dentro e por fora. A partir de 1925, recebeu transformações artísticas pelas mãos de Pedro e Uderico Gentili. Em 1930, as obras foram finalizadas pelos Gentili. “Há registros de que os frades foram criticados pela transformação realizada, algumas pessoas afirmavam que as novas pinturas haviam ofuscado a simplicidade franciscana da igreja”, recordou Dom José Soares Filho, OFMCap, Bispo Emérito de Carolina (MA), durante a visita da reportagem à exposição, cuja abertura aconte-

EDITAL DE CONVOCAÇÃO Pelo presente edital em conformidade com o art. 12 parágrafo segundo do Estatuto Social do Amparo Maternal, associação sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ nº 61.904.678/0001-93, por meio de sua Diretora Presidente Senhora Paula Lorenna Alves Pirolo, brasileira, casada, nascida em 09/01/1987, licenciatura em música, portadora do RG n. 49353957-8 SSSP/SP, e do CPF n. 347.355.618-11, todos os associados ficam convocados a participar da Assembleia Geral Específica em 16 de setembro de 2021, nos termos do art. 13 do Estatuto Social, deliberar sobre os seguintes temas: a) alteração a razão social, b) reforma estatutária total e sistema de governança, c) eleição e posse dos novos membros da Diretoria Executiva e Membros do Conselho Fiscal, para o mandato 15 de setembro de 2021 a 15 de setembro de 2025, d) providencias junto ao órgãos públicos referente as alterações; e) deliberações referente a bens patrimoniais; f) demais assuntos que julgarem necessários, na sede do Amparo Maternal, Rua Napoleão de Barros, 1035, Vila Clementino, São Paulo, CEP 04024-003, em 1ª (primeira) chamada às 13:30 horas, em 2ª (segunda) chamada, às 14:00. São Paulo, 01 de setembro de 2021

ceu em 21 de agosto e continua até 29 de setembro. O itinerário da exposição retrata, ainda, a modificação em sua fachada, que aconteceu em 1953, as mudanças nos altares laterais e a pintura no teto, que foi removida e restaurada. Ao final do circuito percorrido pelo espectador na exposição, no lado externo, os visitantes são convidados a entrar na igreja, guiados por um audioguia que explica detalhes do local. Arlindo Alvarenga, 77, é paroquiano há 20 anos. Ele pontuou a relevância da exposição para os fiéis, sobretudo para as novas gerações: “O resgate histórico do itinerário apresentado na entrada do templo é uma forma de manter vivas as origens da Paróquia e a sua importância nos aspectos da expansão da fé e do carisma fransciscano na cidade”.

A igreja e a cidade

Dom José Soares falou sobre o papel da Paróquia para a cidade de São Paulo. “A presença desta igreja é muito significativa para os frades, para a Arquidiocese e para a capital paulista, em vários aspectos, destacando a influência que a igreja teve frente ao desenvolvimento arquitetônico, a contribuição para o desenvolvimento e crescimento da região, a expressão de fé e fortalecimento das ações assistenciais à população em situação de vulnerabilidade, desde os inícios”, disse. O Bispo destacou, ainda, que a Paróquia, durante muito tempo, fez parte do programa cultural da cidade de São Paulo. “Por causa do órgão de tubos, a Paró-

A Paróquia está localizada em uma área central da cidade, lugar de passagem de muitas pessoas que vão ao templo para rezar, participar da Eucaristia e dos sacramentos. Frei Arcanjo de Sousa Soares, Ministro Provincial, destacou que as atividades pastorais da Igreja Imaculada Conceição são elementos importantes na dinâmica paroquial e inserção dos frades na comunidade. “A dimensão social é forte na Paróquia, por estarmos localizados em uma região de fácil acesso às pessoas que nos procuram em busca de ajuda. Aqui, apesar das aparências de região nobre, acumulam-se muitas realidades de pobreza”, disse o Provincial, destacando as obras assistenciais mantidas pelos frades com a ajuda dos paroquianos: distribuição de cestas básicas, cobertores e roupas aos irmãos que se encontram à margem de condições humanas básicas de sobrevivência nas periferias socioexistenciais. Selma Mendonça Nogueira, 84, é enfermeira e paroquiana há 42 anos. Ela comentou que a Paróquia Imaculada e os frades se empenham no serviço comunitário, sacramental e pastoral, e dedicam atenção especial a crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. “Os freis conduzem a comunidade para a vivência evangélica do serviço e da gratuidade, com atenção preferencial, como nos pede a Igreja, aos pobres, em sintonia com o pedido do Papa Francisco de ser uma comunidade em saída”, disse a paroquiana.

Presença capuchinha

No Brasil, os Frades Capuchinhos estão em dez províncias e duas custódias. Em São Paulo, a província tem 87 frades de votos perpétuos e 11 frades de votos temporários. O Convento Imaculada Conceição, anexo à Paróquia homônima, é atualmente a sede Provincial da Ordem Religiosa. “Nós, frades, aqui, dialogamos com três realidades distintas: a administração da Província, os serviços do convento e as atividades paroquiais”, ressaltou o Provincial.

Edital de Convocação para Assembleia Geral Casa de Nossa Senhora do Brasil

CNPJ/ME no 62.848.460/0001-21 Na qualidade de Presidente Honorífico da CASA NOSSA SENHORA DO BRASIL (“Associação”), situada na Rua Fradique Coutinho, 956, Pinheiros, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 05416-001, convoco os Associados da referida Associação para Assembleia Geral a ser realizada no dia 10 de setembro de 2021, às 17:00 horas, presencialmente na Praça Nossa Senhora do Brasil, 01, Jardim Paulista, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, e virtualmente pela plataforma ZOOM, a fim de deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (a) Examinar a prestação de contas, bem como discutir e votar as demonstrações contábeis da Associação referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2020; e (b) Apreciar a proposta de venda de imóvel de propriedade da Associação. O link para a participação virtual, bem como os documentos relacionados aos temas da ordem do dia estão disponíveis para consulta dos Associados na secretaria da Paróquia. São Paulo, 30 de agosto de 2021

Paula Lorenna Alves Pirolo CPF nº ° 347.355.618-11

PADRE MICHELINO ROBERTO Presidente Honorífico


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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Com a Palavra | 17

Júlio Medaglia

‘A música tem o poder de apaixonar e serenar, mesmo nas agitações do cotidiano’ Arquivo pessoal

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Júlio Medaglia é arranjador, maestro e compositor. Formado em Música pela Universidade Federal da Bahia e pela Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg, na Alemanha, ele estudou com figuras centrais da música contemporânea, como Karlheinz Stockhausen e Pierre Boulez, e teve aulas de regência com o maestro John Barbirolli. Sua trajetória é marcada por participações em momentos decisivos da música erudita e popular no Brasil. Escreveu o arranjo de “Tropicália”, canção de Caetano Veloso, considerada o marco inicial do Tropicalismo. Criou a Amazonas Filarmônica, esteve à frente da direção da Orquestra da Rádio de Baden Baden e da Orquestra da Rádio Roquete Pinto. Atuou como maestro em importantes orquestras no mundo, como a Filarmônica de Berlim, na Alemanha. Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, o maestro fala sobre o percurso da música no Brasil e destaca o papel da Igreja Católica na evolução e produção musical ao longo da história.

O SÃO PAULO – Como o senhor iniciou sua trajetória na música? Júlio Medaglia – O primeiro contato com a música se deu ainda criança. A empregada da família trazia em sua mochila um velho e pequeno violino, de uma corda só. Comecei a brincar com aquela caixinha barroca, me divertia ouvindo a sonoridade do violino. Ali nasceu o interesse pela música. Meu pai, no início, não apoiou, pois queria que eu seguisse outra profissão, mas minha mãe me incentivou e até comprou um instrumento novo. As primeiras aulas de violino foram com uma tia. Depois, ingressei na Orquestra de Amadores da Lapa, aqui em São Paulo; em seguida, fui convidado para estudar na Escola Livre de Música e, assim, surgiram convites nacionais e internacionais, e nunca mais parei. O senhor atua nas várias frentes da música, desde composições para o cinema, rádio e TV, performances nas salas de concerto, circula entre a música popular e erudita. Como descreveria o seu perfil musical? Costumo dizer que meu perfil musical é um só: interesse pela música de cunho cultural. Pode ser um apito de uma ocarina lá do interior do Ceará, uma Filarmônica de Berlim, uma trilha sonora, uma canção de ninar, desde que envolva a criatividade humana com algum interesse cultural, me inspira. Evidentemente, comecei pela música erudita, que é uma escola de alfabetização musical. Ali se aprende

toda a engenharia de criação musical que dá condições para entender o todo das expressões artísticas. A Música Popular Brasileira é uma das minhas paixões, porque envolve essa profunda dimensão cultural, desde o fim do século XIX até os dias de hoje. Como avalia o percurso histórico da música no Brasil em suas múltiplas facetas? Cada década apresenta na música uma certa característica própria e com destaque de alguns elementos próprios da época. No fim do século XIX, o Brasil, com sua miscigenação, começou a ter um espírito de música popular urbana, da qual os artistas herdaram elementos da música de salão europeia e transformaram em música brasileira. Os anos 1920 foram uma explosão, multiplicaram-se as formas de dança e as formas de execução musical. Nos anos 30, surgiram cantores como Orlando Silva, Chico Alves, com uma música abrangendo uma certa linearidade musical romântica. Nos anos 40, houve a explosão da rádio, em que as orquestras de rádio eram um fenômeno. Nos anos 50, explodiu o Samba Canção. Nos anos 60, a Bossa Nova, englobando o mundo inteiro na execução do estilo. Já no fim de 60, nasce a Jovem Guarda com músicas com conteúdo de protesto, frente à ditadura. Nos anos 70, veio a música melódica. E, nos anos 90, brota a música caipira. O percurso da música brasileira é marcado por novidades a cada década, com particularidades e peculiaridades próprias em sua composição e essência. Por que a década de 1960 é considerada uma simbiose na cultura musical do País? Na década de 1920, nos chamados

“loucos anos 20”, o mundo inteiro explodiu em ideias, inclusive fora da Europa, e a década de 60 foi, também, essa simbiose, marcada por eventos excepcionais em que o mundo estava conectado com várias provocações culturais das mais variadas maneiras, tanto na área da música, da cultura popular, quanto nas grandes vanguardas intelectuais da época. Foi um momento de grande explosão e, felizmente, a Música Popular Brasileira reagiu bem, mesmo sob a pressão da ditadura na época. Apesar da censura, foi o período mais fértil da música brasileira, entre 1964 e 1972, com a popularização da Bossa Nova, com a Jovem Guarda. Com o rock internacional, não só dos Beatles, mas depois do Sargento Pepper, o rock passou a ser um elemento de provocação cultural política nos Estados Unidos e no mundo. A década de 60 é a época áurea não só na música, mas na arquitetura, no cinema, nos festivais musicais na televisão, marcados pelo espírito provocador de cultura e criação intelectual. Como o senhor definiria o belo na música? É algo que se tem perdido? O belo é algo indescritível, indecifrável. O belo tem características próprias que fazem você não saber explicar porque uma música é bela. É algo que a alma humana realmente esconde. A repetição de notas fascina. Frank Sinatra, Beethoven, Tom Jobim são cantados no mundo todo, com letras simples e poucas notas repetidas, que emocionam e encantam a alma humana. Qual o papel da Igreja para a evolução da produção musical ao longo da história? A Igreja patrocinou metade da música de qualidade no mundo. Felizmen-

te, os papas, bispos e os grandes líderes culturais investiram nos melhores artistas do mundo para a sua produção musical. A Igreja intermediou grandes oratórios, festivais de música. Sem a colaboração da Igreja, não existiria metade da música. A Igreja Católica é dotada de uma tradição musical astronômica, os maiores gênios da música fizeram suas peças mais belas para a Igreja. Hoje mudou um pouco esse cenário. Os corais, o órgão, canções de grandes compositores são um marco da Igreja que, infelizmente, foi se perdendo com a democratização da música. Dedico-me para manter vivo esse legado e para recuperar essa tradição. Como o senhor percebe a capacidade da música de conectar o homem ao transcendente, a uma manifestação de fé? A música tem o poder de conectar o ser humano a Deus e aproximá-lo Dele. Uma obra, seja ela de cunho religioso ou não, permite uma possibilidade de interpretação da alma humana, e por meio dela o ser humano é capaz de compreender o sobrenatural e se aproximar do transcendente, por meio da manifestação da fé e sensibilidade à arte. A música e as artes, como um todo, de que forma foram essenciais para a humanidade suportar esse período de pandemia? A meu ver, a pandemia e as medidas restritivas marcam um período de obscurantismo para a música coletiva. A música envolve muitas pessoas, seja na composição das orquestras, seja nos bastidores dos espetáculos, seja na plateia. Infelizmente, com teatros e cinemas fechados, essa realidade impediu a execução de obras musicais nesse estilo. Muitas pessoas, porém, buscam na música uma relação de serenidade, paz e quietude. Muitos ouvem Bach, Beethoven, Tom Jobim, Chico Buarque, entre tantos outros, para se reconectar consigo mesmos. A música tem esse poder de apaixonar e serenar, mesmo nas agitações do cotidiano ou nas restrições de uma pandemia. Por exemplo, Beethoven escreveu suas canções há mais de 200 anos e ainda hoje as pessoas as ouvem e se emocionam. O que é preciso fazer para resgatar a essência musical para as novas gerações? O ensino musical é essencial na grade educacional. Essa foi a luta da minha vida inteira. Lutei para inserir no currículo a educação musical, para mostrar como o ser humano é rico, criativo musicalmente e para que, desde criança, ele possa ampliar o seu universo e o repertório musical.


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Igreja da Consolação: casa dos que buscam refúgio no coração da Mãe de Deus Fernando Geronazzo

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A Paróquia Nossa Senhora da Consolação, na região central, celebrou sua padroeira no domingo, 29 de agosto. A festa foi marcada por uma missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Neste ano, a festa foi preparada com uma novena que teve como tema a oração “Salve Rainha”. Em cada um dos nove dias, foi destacado um dos trechos dessa oração mariana datada do século XI. Para conduzir as meditações, além do Adminis-

como sinal e consolação, de segurança e de esperança. Olhando para Maria elevada ao céu, reconhecemos nela a imagem daquilo que somos chamados a ser. Olhamos nosso futuro, somos repletos de esperança, alegria, consolação e coragem para continuarmos o nosso caminho, sabendo aonde vamos e que grande bem nos é prometido”, afirmou o Arcebispo. O Cardeal sublinhou, ainda, que a Mãe de Deus está perto de seus filhos e intercede por cada um deles. “Ela está perto de Deus e, por isso, também está perto de nós. As dores da humanidade são também as dores de seu coração. Temos a certeza de que o coração de Deus se volta para atender às suas preces e seus rogos”, completou. “Que esta Paróquia seja um sinal de

força diante de suas aflições. São muitas as pessoas que chegam a São Paulo em busca de uma vida melhor, e a primeira igreja em que entram é a da Consolação. Muitas dessas pessoas, mesmo após se mudarem para outros bairros, continuam a frequentar a nossa Paróquia, devido a esse significado em um momento difícil de suas vidas”, relatou o Sacerdote. Para corresponder a essa missão, a comunidade se esforça para garantir a devida assistência aos fiéis, mesmo durante a pandemia. Os padres se revezam no atendimento diário de confissões e orientações espirituais dos fiéis nos períodos da manhã e da tarde. Outra marca da comunidade é a Pastoral da Escuta, serviço que, em breve, será retomado presencialmente, além do Luciney Martins/O SÃO PAULO

de organizações como o Apostolado da Oração e Legião de Maria. Recentemente, foi implantado um grupo das Oficinas de Oração e Vida, movimento internacional de espiritualidade fundado pelo Frade espanhol Ignácio Larrañaga (1928-2013).

Caridade

As restrições em virtude da pandemia não interromperam o serviço da caridade realizado na Paróquia, que por meio do grupo Fraterno Auxílio Cristão, faz a distribuição de roupas e cestas básicas para as cerca de 400 famílias já cadastradas e outras 300 que passaram a ser atendidas emergencialmente. A comunidade também possui um grupo da Sociedade São Vicente de Paulo, que acompanha as famílias mais necessitadas do bairro. Padre Alessandro destacou que, devido à quantidade de doações, além das pessoas atendidas na Paróquia, parte das roupas arrecadas é encaminhada à Missão Belém, associação que atende a população em situação de rua e com problemas de drogadição.

Padroeira

CArdeal Odilo Pedro Scherer preside missa na festa da Padroeira da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, no domingo, dia 29 de agosto

trador Paroquial, Padre Alessandro Enrico de Borbón, a novena contou com as presenças de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo na Região Sé, e dos Padres Paulo Flávio da Silva e Assis Donizeti de Carvalho, colaboradores da Paróquia.

Sinal de esperança

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a festa da padroeira acontece ainda no contexto da pandemia de COVID-19, marcado por sofrimentos e angústias, mas, também, por inúmeras manifestações de solidariedade e de fé daqueles que buscam em Deus e na Virgem Maria o refúgio e consolo. “Nossa Senhora nos é dada

consolação para todas as pessoas que aqui vêm. Que a Igreja da Consolação seja um lugar onde as pessoas encontrem um refúgio, uma palavra boa, um sinal de apoio”, exortou Dom Odilo, falando sobre a importância da “pastoral da consolação”, que manifesta na vida das pessoas a presença do Deus que acode, acolhe, não as deixa sós, que está pronto a estender a mão em toda ocasião.

Consoladora dos aflitos

Administrador Paroquial há quase um ano, Padre Alessandro afirmou ao O SÃO PAULO que a Paróquia tem buscado, cada vez mais, corresponder a essa vocação específica de consolar os aflitos. “São inúmeros os testemunhos de quem viveu experiências nas quais encontraram um consolo, uma luz, uma

atendimento de psicólogos voluntários para os quais são encaminhados os fiéis que necessitam, após serem atendidos pelos sacerdotes. A consolação de Deus também é buscada pelos fiéis na Eucaristia. São celebradas duas missas diárias durante a semana – de segunda a sexta-feira, às 12h e às 19h, e aos sábados, às 12h e às 18h – e cinco aos domingos – às 8h, 10h, 12h, 18h e 20h.

Atividades pastorais

A comunidade tem retomado gradativamente suas atividades presenciais, como os encontros de Catequese para crianças, adolescentes, jovens e adultos. A Paróquia conta, ainda, com um grupo de oração da Renovação Carismática Católica, o Terço dos Homens, além

A devoção a Nossa Senhora da Consolação e Correia (nome original) tem estreita relação com Santo Agostinho e Santa Mônica. Por isso, esse título mariano é sempre festejado no domingo seguinte às memórias litúrgicas desses Santos, 28 e 27 de agosto, respectivamente. Segundo uma antiga tradição, Santa Mônica, angustiada pela morte de seu esposo e pela vida desregrada de seu filho Agostinho, recorreu à Mãe da Consolação, tendo depois a grande alegria de ver seu filho se converter e se tornar um cristão fervoroso, hoje considerado um dos maiores santos doutores da Igreja. Santo Agostinho tomou como protetora a Consoladora dos Aflitos, e seus filhos espirituais se encarregaram de divulgar sua devoção. Essa devoção chegou a São Paulo no século XVIII, por meio de um frade agostiniano que durante uma viagem deixou sobre o altar de uma pequena igreja, no centro da cidade, uma imagem da Virgem da Consolação. Em torno dessa imagem, surgiu a comunidade que, em 1871 foi instituída paróquia. Atualmente, essa imagem está no Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Igreja histórica

A atual matriz começou a ser construída em 1909. Seu projeto é de autoria do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl, professor da Escola Politécnica de São Paulo e também responsável pelo projeto da Catedral da Sé. No seu interior, há pinturas e telas assinadas por grandes nomes da arte brasileira, como Benedito Calixto (1853-1927) e Oscar Pereira da Silva (1867-1939).


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Pela trilha do esporte, a inclusão e o recomeço Histórias de vida dos medalhistas paralímpicos do Brasil reforçam que o esporte pode ser, na sociedade, via de acessibilidade, acolhida e inclusão das pessoas com deficiência Daniel Gomes

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A primeira semana dos Jogos Paralímpicos de Tóquio foi repleta de exemplos de que o esporte “cria empatia e congrega pessoas provenientes de qualquer percurso de vida, gerando uma cultura do encontro. Ele deve fugir da ‘cultura do descartável’ e ser acessível,

ra de rodas; e Silvânia Costa, bicampeã paralímpica do salto em distância do atletismo.

‘O que define quem somos é o que está dentro de nós’ Aos 33 anos, Daniel Dias participa em Tóquio da última paralimpíada da carreira. Ele chegou aos Jogos com 24 medalhas conquistadas na história das paralimpíadas, já obteve mais três de bronze e ainda disputaria na madrugada da quarta-feira, dia 1º, a final dos 50 metros livre da classe S5. Daniel nasceu com má-formação congênita nos membros superiores e na perna direita, algo que só foi descoberto por seus pais, Paulo e Rosana, quando a mãe deu à luz. “O acesso a exames como ultrassom não era simples como é hoje. Então, ela [a mãe] só soube da minha deficiência pelos médicos quando nasci e me viu na incubadora, pois fui um bebê prematuro. Ela lembra que, no momento em que me viu, disse: ‘Estou aqui’. E eu sorri”, Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

Jovane Guissore, prata na esgrima em cadeira de rodas

acolhedor e inclusivo”, como aponta o documento “Dar o melhor de si”, publicado em 2018 pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. A cada uma das mais de 40 medalhas conquistadas pelos esportistas brasileiros até a tarde da terça-feira, 31 de agosto, tornaram-se mais conhecidos os itinerários de intensa preparação desses atletas e, especialmente, suas biografias, reforçando que “cada vida é preciosa, cada pessoa é um dom e a inclusão enriquece todas as comunidades e sociedades”, como disse o Papa Francisco, em fevereiro de 2017, a um grupo de paradesportistas. Inclusão e nova perspectiva de vida foi o que o esporte proporcionou a muitos destes medalhistas, entre os quais Daniel Dias, multicampeão da natação; Jovane Guissone, único brasileiro da história a ir ao pódio na esgrima em cadei-

‘Deus me deu mais essa chance, eu soube aproveitá-la’ Jovane Guissone trabalhou na lavoura com seus pais, em Barros Cassal, no interior do Rio Grande do Sul, até os 18 anos de idade. Em busca de independência financeira, mudou-se para Porto Alegre, onde conseguiu emprego em um comércio. Em 2004, em uma rodovia a caminho da capital gaúcha, foi surpreendido por assaltantes, esboçou um movimento de reação e foi alvejado nas costas. O projétil atingiu seu pulmão, o baço e a coluna. “Eu pensei, ‘será que é dessa vez? Agora que irei?’ Mas Deus foi mais forte e me deu mais essa chance, e eu soube aproveitá-la”, contou em uma entrevista em que recordou o episódio do assalto, a delicada cirurgia pela qual passou e os dois meses em que permaneceu internado. Guissone perdeu por completo o movimento das pernas, mas encontrou a oportunidade de traçar um novo Helano Stuckert/rededoesporte.gov.br

Silvânia Costa, ouro no salto em distância no atletismo

relembrou Daniel Dias, em uma palestra a empresários em 2019. Nesse mesmo evento, o atleta recordou situações de preconceito pelas quais passou na infância e na adolescência, e disse que conseguiu superá-las graças ao apoio dos pais e à prática da natação: “Eu me achava inferior, mas entendi que não é o fato de ter ou não um braço, ser loiro ou moreno, que define quem você é. O que define quem somos é o que está dentro de nós”. Hoje, o multicampeão nas piscinas é casado, tem três filhos e criou o Instituto Daniel Dias, em Bragança Paulista (SP), que ajuda na inclusão de crianças e adolescentes com deficiência por meio da natação. “Saber que minha família está me acompanhando, meus filhos, isso me deu força. Independentemente do que está acontecendo aqui, eu vou me divertir, vou chorar bastante. São meus últimos Jogos, então quero aproveitar cada momento”, afirmou o atleta, após conquistar a primeira medalha em Tóquio.

da que dava à vencedora uma premiação de R$ 300. Venceu a prova e usou o dinheiro para pagar dívidas, uma vez que desde aquela época encontrava dificuldade para inserir-se no mercado de trabalho em razão da doença de Stargardt, que fez sua visão regredir pouco a pouco. De vitória em vitória, Silvânia foi descoberta por uma técnica que a levou para treinar em São Caetano do Sul (SP). Não demorou muito para que alcançasse pódios em disputas nacionais e internacionais. Nos Jogos Rio 2016, foi medalhista de ouro no salto em distância da classe F11, para atletas com deficiência visual. Os anos seguintes, porém, seriam de muitas dificuldades. Acusada de doping, foi afastada das competições, não pôde disputar o Parapan de Lima 2019, mas conseguiu provar sua inocência e retornou aos treinos faltando cinco Ale Cabral/CPB

Daniel dias, o maior medalhista do Brasil em paralimpíadas

destino em 2008, quando conheceu a prática da esgrima em cadeira de rodas. Quatro anos depois, conquistaria um inédito ouro para o Brasil nesta modalidade na Paralimpíada de Londres 2012 e agora, em Tóquio, voltou ao pódio, com uma medalha de prata na disputa da espada. “Fico muito feliz em levar essa segunda medalha. Olha o salto que a esgrima teve no Brasil depois de Londres! Eu me lembro de que numa competição nacional tínhamos 30 atletas, agora são mais de 100. É legal conseguir trazer o pessoal com deficiência para o esporte. É um resultado gigantesco para a modalidade e para o País”, declarou o atleta de 38 anos.

‘Minha determinação é ainda maior do que a minha condição física’ Não desistir é algo que Silvânia Costa de Oliveira certamente aprendeu nestes 34 anos de vida. Natural de Três Lagoas (MS), ela começou a praticar o atletismo aos 18, após se inscrever em uma corri-

meses para os Jogos de Tóquio. No dia da disputa, Silvânia teve os dois primeiros saltos anulados. Nos dois seguintes, as marcas que alcançou não a levariam ao pódio, mas na penúltima tentativa saltou precisos 5 metros, que lhe valeram o bicampeonato paralímpico. “Tive cinco meses de treino, enquanto minhas adversárias tiveram cinco anos, mas a minha determinação é ainda maior do que a minha condição física”, disse em entrevista. “Perdi muitos treinadores porque não podia frequentar as pistas, perdi grandes patrocinadores, minha condição física e também minha condição financeira”, afirmou, recordando os meses que passou distante dos filhos – Letícia, de 15 anos, e João Guilherme, 4 – para se manter focada nos treinamentos. (Com informações da Rede Nacional do Esporte, Comitê Paralímpico Brasileiro, Portal ge e Torcedores.com)


20 | Pelo Brasil/Geral | 1º a 8 de setembro de 2021 |

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‘Dom Luciano realmente vivia as bem-aventuranças’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

como a Pastoral do Menor e o Arsenal da Esperança. “Que o exemplo e o testemunho de Dom Luciano continuem a inspirar a todos, como inspira muitas obras na Arquidiocese de São Paulo”, concluiu Dom Odilo.

Biografia

Crianças atendidas pelo Bompar homenageiam Dom Luciano durante missa na Paróquia São José

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Uma missa na manhã da sexta-feira, 27 de agosto, recordou os 15 anos do falecimento de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, que atuou como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo entre 1976 e 1988, quando foi nomeado por São João Paulo II como Arcebispo de Mariana (MG), onde permaneceu até a morte, em 27 de agosto de 2006, aos 75 anos de idade. A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer na Paróquia São José do Belém, na Região Belém, onde Dom Luciano morou e iniciou seu ministério episcopal.

Para a glória de Deus

Na homilia, o Arcebispo de São Paulo ressaltou a alegria daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com Dom Luciano. O Cardeal sublinhou o modo “admirável” como o Bispo se dedicava aos mais pobres e necessitados e salientou que o que movia seu trabalho era a profunda vida de oração e intimidade com Deus.

“Sabe-se que Dom Luciano dormia muito pouco e que, nas madrugadas, após servir os pobres e atender especialmente aqueles que ficavam na porta da sua casa, ele passava horas em oração”, lembrou o Arcebispo. Dom Odilo afirmou, ainda, que Dom Luciano foi um homem de fé, do Evangelho, que “realmente vivia as bem-aventuranças” e, como Jesuíta que era, concretizou com sua vida a máxima de seu fundador, Santo Inácio de Loyola, fazendo “tudo para a maior glória de Deus”.

Exemplo

“Dom Luciano era o paradigma da bondade e a referência da generosidade. Não havia quem passasse por ele que não tivesse suas melhores qualidades estimuladas, a partir do Evangelho de Jesus”, afirmou o Padre Tarcísio Marques Mesquita, Coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, ao falar da experiência de ter convivido com Dom Luciano na juventude. Por fim, o Cardeal salientou o legado espiritual deixado por Dom Luciano na Igreja em São Paulo, mencionando obras que o Servo de Deus ajudou a fundar,

Dom Luciano nasceu em 5 de outubro de 1930, no Rio de Janeiro. O padre jesuíta foi nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São Paulo VI em 1976, onde permaneceu até 1988, quando foi nomeado por São João Paulo II como Arcebispo de Mariana (MG). Foi Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre 1979 e 1986, e Presidente da conferência entre 1987 e 1994, fazendo parte do Conselho Permanente desta entidade de 1987 até sua morte. Integrou a Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e a Comissão Episcopal para a Superação da Miséria e da Fome.

Processo de beatificação

Em 27 de agosto de 2014, a Arquidiocese de Mariana deu início ao processo de beatificação de Dom Luciano, após autorização por parte da Congregação para as Causas dos Santos. A fase diocesana do processo foi concluída em 21 de maio de 2018. Os trabalhos ultrapassam o número de 6 mil páginas, incluídos os anexos. A causa continua na fase romana, sendo de competência da Santa Sé o juízo sobre a santidade do Servo de Deus. O passo seguinte será o reconhecimento das virtudes heroicas, por meio do qual a Igreja o declara Venerável e, após o reconhecimento de um primeiro milagre atribuído à sua intercessão, Dom Luciano poderá ser beatificado e, após ser reconhecido um segundo milagre, poderá ser canonizado, isto é, reconhecido como santo da Igreja Católica.

redação

Desde 2019, a Comissão Regional de Presbíteros (CRP) do Paraná mantém o projeto “Mostrai-vos solidários com os irmãos” (Rm 12,13), pelo qual os membros do clero realizam uma coleta anual que é destinada a sacerdotes que atuam na Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau, no continente africano. Em 24 de agosto, durante a reunião on-line da CRP do Paraná, o Administrador Diocesano de Bafatá, Padre Lúcio Brentegani, agradeceu este gesto solidário do clero. A primeira coleta, em 2019, resultou no envio de

R$ 92,2 mil; em 2020, o valor arrecadado foi de R$ 62 mil; e neste ano já soma R$ 68 mil. Segundo o Padre Emerson Lipinski, Presidente da CRP, essa é uma oportunidade de praticar a partilha e viver a solidariedade, o Evangelho e a fraternidade presbiteral. “A Igreja em Bafatá vive as dificuldades de um país em desenvolvimento, que é a Guiné-Bissau. Os padres de lá, que fizeram a escolha de seguir a radicalidade do Evangelho, assim como nós aqui no Brasil, vivem as dificuldades financeiras do seu país e nós, que temos um pouquinho mais de condições, podemos partilhar com eles”, disse. Padre Lúcio Brentegani comentou

Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Bispos do Níger e de Burkina Faso demonstram preocupação com ataques jihadistas https://cutt.ly/AWkJ2yu Conferência episcopal peruana pede reconciliação e superação de polarizações no país https://cutt.ly/uWkKnk3 Papa: que os políticos protejam a dignidade humana das ameaças tecnológicas https://cutt.ly/OWkKofX Diocese de Presidente Prudente

Morre Dom José Maria Saracho, Bispo Emérito de Presidente Prudente (SP) https://cutt.ly/RWkJLdD Prefeitura autoriza atendimento presencial de 100% nas creches a partir de 8 de setembro https://cutt.ly/rWkJf23 Cartilha da Fundação do Câncer ajuda fumantes a largar o vício https://cutt.ly/KWkJSHR

Exposição fotográfica sobre dom paulo evaristo Arns

que a ajuda financeira tem sido utilizada principalmente para a formação dos seminaristas e o sustento do clero. “Atualmente, a diocese tem 15 padres diocesanos, porém temos 20 jovens no seminário maior, então, a expectativa é de que nos próximos seis anos, se tudo correr bem, teremos quase 40 padres diocesanos, e isso é uma grande bênção. Porém, as dificuldades financeiras serão ainda maiores”, detalhou. A Diocese de Bafatá é constituída por oito paróquias e conta com seis missões. Sua ação pastoral se estende por um território de mais de 24,6 mil quilômetros quadrados, onde vivem 807 mil habitantes.

No ano do centenário de Dom Paulo Evaristo Arns, a Basílica Menor de Sant`Ana realizará uma exposição fotográfica, a partir de 28 de outubro, com curadoria dos professores doutores Padre José Roberto Abreu de Mattos e Padre José Ulisses Leva. A exposição visa a contemplar, por meio de registros fotográficos de diferentes épocas, não só a história de Dom Paulo, que é marcada pela defesa e liberdade dos direitos humanos, como também relembrar a sua humanidade. Compreender a dinamicidade na eclesiologia de Dom Paulo Evaristo Arns também é um dos objetivos da exposição. A missa que marcará a abertura da exposição será em 28 de outubro, às 10h, presidida pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano. A Basílica está localizada na Rua Voluntários da Pátria, 2.060, no bairro de Santana, zona Norte da capital paulista. A entrada será gratuita.

(Com informações do Regional Sul 2 da CNBB)

(Com informações da Basílica de Sant’Ana)

Padres de dioceses paranaenses enviam ajuda financeira a sacerdotes de Guiné-Bissau osaopaulo@uol.com.br

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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Papa Francisco | 21

Papa pede jejum e oração pela crise no Afeganistão Vatican Media

Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

O Papa Francisco voltou a manifestar dor pela situação política e social do Afeganistão – país que foi ocupado por forças dos Estados Unidos nos últimos 20 anos, agora é dominado por extremistas islâmicos do Talibã. No domingo, 29 de agosto, após a oração do Angelus, o Papa disse que este é um momento histórico e é missão da Igreja acompanhá-lo de perto. “Como cristãos, essa situação nos empenha. Por isso, envio um apelo a todos, de intensificar as orações e praticar o jejum. Oração e jejum, oração e penitência. Este é o momento para fazê-lo”, declarou. “Estou falando sério: pedir ao Senhor misericórdia e perdão.” “Participo do sofrimento daqueles que choram pelas pessoas que perderam a vida nos ataques suicidas ocorridos na última quinta-feira, 26 de agosto, e daqueles

que buscam ajuda e proteção”, acrescentou. O Pontífice pediu que a comunidade internacional se mobilize para ajudar os necessitados e que todos rezem “para que o diálogo e a solidariedade ajudem a estabelecer uma convivência pacífica e fraterna e ofereçam esperança para o futuro do país”.

Na segunda-feira, 30 de agosto, os Estados Unidos anunciaram a retirada completa de suas tropas e do pessoal diplomático. Imagens das últimas semanas mostraram grande confusão no país, que foi gradualmente ocupado pelo Talibã nos últimos meses. Na quinta-feira, 26, um atentado a bomba matou mais de 180 pessoas no aeroporto de Cabul.

‘Colocar a fé no centro’ das tradições religiosas Comentando a passagem do Evangelho segundo São Marcos (cf. 7,2-5), em que Jesus é questionado pelos escribas e fariseus sobre o porquê de seus discípulos não seguirem certas leis judaicas, o Papa Francisco afirmou que Jesus buscava “colocar a fé no centro” das tradições. Durante o Angelus do domin-

go, 29 de agosto, o Papa disse que é preciso evitar que as tradições se tornem “formalidades” e que a fé fique em segundo plano. “Isso vale para aqueles escribas, mas também para nós: observar a formalidade externa colocando em segundo plano o coração da fé” é como “maquiar a alma”, avalia. Esse risco faz com que vivamos

uma “religiosidade de aparência”, de modo que “aparecemos bons por fora”, mas deixamos de lado o principal, que é “purificar o coração”. Todas as pessoas de fé devem evitar “organizar Deus” com suas próprias convicções e, em vez disso, acompanhar o modelo de Jesus, que olha “para o que nasce dentro” de cada pessoa. (FD)

Monsenhor Guido Marini é o novo Bispo de Tortona, na Itália Conhecido Cerimoniário dos Papas, o Monsenhor Guido Marini foi nomeado pelo Papa Francisco Bispo da Diocese de Tortona, localizada no norte da Itália. A nomeação foi publicada no domingo, 29 de agosto. Monsenhor Marini virou um rosto conhecido desde 2007, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI para o cargo de Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, o responsável por coordenar toda a liturgia papal, entre missas e orações públicas. Essa função inclui supervisionar as celebrações realizadas no Vaticano e nas viagens do Papa. Ele também é o mestre das celebrações que fecha as portas de um conclave – a reunião que elege os papas – e proclama os dizeres “Extra omnes”, algo como “Fora todos (os outros)”, conforme o protocolo. Assim, convida a sair da sala do conclave todos os que não estão ali para votar na eleição do Pontífice.

Relação com Papa Francisco

Nessa função, Monsenhor Marini participou do conclave de 2013, que elegeu o Papa Francisco. Naquele ano, ele foi confirmado no cargo pelo novo Pontífice que, mais recentemente, veio a colocar sob seus cuidados também o coro da Capela Sistina. Em entrevista a uma rádio local, Monsenhor Marini disse estar muito feliz e grato por “se tornar um sucessor dos apóstolos”. Mas, naturalmente, também confessou sentir um pouco de “tremor” com a nova responsabilidade, que agora assume aos 57 anos de idade. Sobre sua relação com os papas aos quais serviu, o Monsenhor disse que Bento XVI e Francisco são “dois pontífices grandes e, entre si, diferentes e complementares’’. Enquanto o Papa Emérito Bento XVI tem “grandeza no pensamento e extraordinária humildade”, o Papa Francisco manifesta “grande força e o desejo de chegar a todos, não deixar ninguém fora”, disse à rádio PNR. Após 14 anos dedicados às cerimônias papais, Monsenhor Marini retorna à sua região italiana de origem – ele é natural de Gênova, cidade grande mais próxima de Tortona. (FD)


22 | Pelo Mundo | 1º a 8 de setembro de 2021 |

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Haiti

Síria Damasco receberá sua primeira Faculdade Católica de Teologia A cidade de Damasco receberá sua primeira instituição católica de ensino superior a oferecer graduação em Teologia. As portas da Faculdade Católica de Teologia serão abertas aos professores e alunos em outubro, notícia que alegra os seminaristas, que poderão estudar em seu próprio país em vez de se mudar para o Líbano. Segundo o Reitor da nova Faculdade, Padre Youssef Lajin, o objetivo deste centro de ensino católico é, em primeiro lugar, oferecer aos alunos uma cultura católica geral e eclesiástica. Além disso, também se pretende permitir que os estudantes trabalhem, com o diploma obtido, no âmbito do ensino após a conclusão do curso.

DIRETRIZES APROVADAS

Ela funcionará nas instalações da antiga escola patriarcal, depois Instituto Teológico de Damasco, tendo sido erigida por meio do decreto presidencial de 7 de maio de 2019. O ciclo formativo é de cinco anos, sendo dois deles dedicados ao currículo de Filosofia; e três, ao de Teologia. Entre as disciplinas ministradas estão Dogmática, Patrística, Sacramentos, História da Igreja, Pastoral e Doutrina Social da Igreja. Segundo o Padre Youssef, as diretrizes do curso estão de acordo com a Congregação para a Educação Católica, o que inclui o estudo de idiomas como francês, inglês, latim e grego. (JFF) Fonte: Gaudium Press

Bélgica

Situação pós-terremoto: funerais e uma busca diária por comida, água e abrigo JOSÉ FERREIRA FILHO

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Pouco mais de duas semanas após o terremoto do Haiti, em 14 de agosto, o país ainda é marcado por funerais, tremores secundários e uma busca diária por água potável, comida e abrigo. “Uma das coisas que realmente me impressionaram é o número de funerais, pois isso traz uma sensação de dor avassaladora”, disse Beth Carroll, responsável pelos programas humanitários do Serviço Católico de Assistência (CRS, na sigla em inglês) no Haiti, uma agência internacional de ajuda e desenvolvimento criada e mantida pelos bispos dos Estados Unidos.

DURAS CONSEQUÊNCIAS

“As pessoas já estavam estressadas com a situação

TRADUÇÃO FRANCESA DO MISSAL

Já faz mais de 50 anos que foi realizada a tradução francesa da edição original em latim do Missal. Em razão da evolução da língua, percebeu-se a necessidade de realizar uma revisão completa, que contou com um minucioso trabalho de especialistas, episcopados e da Santa Sé, gerando discussões e tocando em questões delicadas da Liturgia. A nova tradução em francês do Missal estará disponível nas livrarias a partir de 29 de outubro, apesar de passar a ser utilizada apenas a partir de 28 de novembro, início do Advento. Um material explicativo para os fiéis está sendo preparado pela Comissão Interdiocesana Pastoral Litúrgica Belga Francófona. (JFF) Fonte: Gaudium Press

INICIATIVAS

Após a tragédia, o CRS tem se concentrado na distribuição de abrigos de emergência e kits de higiene, em consonância com o impulso do governo do Haiti de ajudar os haitianos a reconstruírem suas vidas em casa e desencorajá-los de se mudar para tendas ou dormir nas ruas. Fonte: Catholic News Service

Vaticano A beatificação do ‘Papa Sorriso’ provavelmente será aprovada ainda este ano Vatican Media

Nova tradução francesa do Missal Romano será adotada a partir de novembro O Bispo Auxiliar de Malines-Bruxelas, Dom Jean-Luc Hudsyn, referencial para a Liturgia da Conferência Episcopal Belga, anunciou que a nova tradução francesa do Missal Romano passará a ser usada a partir do primeiro domingo do Advento na Bélgica e por todas as dioceses francófonas do mundo. De acordo com o portal da Igreja na Bélgica, trata-se do resultado de um projeto lançado para a Igreja universal em 2001, em Roma, pelo então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI. Ratzinger havia solicitado a revisão das várias traduções do lecionário (onde se encontram as leituras da Santa Missa) e do Missal Romano (que reúne os textos da Liturgia Eucarística) a partir do Concílio Vaticano II e da edição “típica” publicada em latim em 1970.

no Haiti, e este terremoto agravou ainda mais a condição de todos”, disse ela, referindo-se à difícil crise política, econômica e social que tem tornado a vida no Haiti quase insuportável nos últimos dois anos. O terremoto de magnitude 7,2 matou mais de 2,2 mil pessoas e feriu mais de 12,2 mil. Cerca de 130 mil casas foram danificadas, incluindo 50 mil que foram completamente destruídas, de acordo com estimativas do governo haitiano.

1978, apenas 33 dias após sua eleição. O Vaticano anunciou que ele morreu de ataque cardíaco, mas sua morte repentina e inesperada gerou décadas de especulação e teorias da conspiração sobre o que realmente lhe acontecera. Em 2017, Stefania Falasca, jornalista, biógrafa de Luciani e vice-postuladora de sua causa, publicou um livro intitulado “Papa Luciani, crônica de uma morte”, que encerrou essas controvérsias por meio de vários testemunhos, incluindo os das duas irmãs que o encontraram morto e documentos dos Arquivos Apostólicos do Vaticano.

ANDAMENTO

Quase 18 anos após a abertura da causa de canonização de Albino Luciani, mais conhecido como Papa João Paulo I e carinhosamente chamado de “Papa Sorriso”, sua beatificação pôde finalmente receber luz verde recentemente, com a aprovação de um milagre referente a uma cura cientificamente inexplicável de uma garota argentina. Nascido em 17 de outubro de 1912, na região de Vêneto, ao norte da Itália, Luciani foi eleito Papa aos 65 anos, tomando o nome de Papa João Paulo em homenagem a seus predecessores imediatos, São João XXIII e São Paulo VI.

MORTE PRECOCE

O mundo ficou chocado quando ele foi encontrado morto na manhã de 30 de setembro de

Sua causa de canonização foi aberta em novembro de 2003, 25 anos após sua morte, e apresentada ao Vaticano em outubro de 2016. Em novembro de 2017, o Papa Francisco aprovou a virtude heroica de Luciani, permitindo que ele fosse declarado “venerável” e levando-o adiante no caminho da beatificação. Na mesma época, a Diocese de Belluno, que zela pela causa, concluiu sua investigação sobre a cura milagrosa de uma jovem portenha, ocorrida em 2011, que sofria de uma forma grave de encefalopatia. Após a investigação diocesana, ela foi levada a um conselho de consultores médicos em outubro de 2019, que concluiu: não havia explicação médica ou científica para a recuperação da menina. O caso foi então apresentado a especialistas em Teologia, que aprovaram o milagre em maio de 2021. Uma votação final sobre a validade do milagre acontecerá em outubro, durante uma reunião com os cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos Santos. Se aprovado, ele será então apresentado ao Papa, que poderá reconhecê-lo e, assim, emitir um decreto permitindo a beatificação, e uma data pode ser definida, provavelmente para 2022. (JFF) Fonte: Crux Now


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| 1º a 8 de setembro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

‘Padre Gilson testemunhou a experiência daquele que encontrou Jesus’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Disse o Cardeal Scherer, ao presidir, na Catedral da Sé, a missa de 7º dia do Sacerdote que morreu em 21 de agosto decorrência de complicações da COVID-19 Daniel Gomes

Entrega aos irmãos da rua

No começo da missa, o Arcebispo Metropolitano recordou que, apesar da tristeza de todos pelo falecimento do Padre Gilson, aquele era um momento para render graças a Deus pelo

23° Domingo do Tempo Comum 5 de setembro de 2021

Efatá! PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

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Com a saúde impactada pelo vício das drogas, vivendo na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, e sem perspectivas de um futuro melhor, um dia o jovem Gilson Frank dos Reis, então com 21 anos, ouviu de uma humilde senhora uma frase que mudaria sua vida: “Jesus te ama”. Depois disso, com a ajuda da mãe, Benedita da Silva, buscou uma clínica de recuperação, deixou o vício e, em 2005, foi um dos que iniciaram as ações da Missão Belém, associação de fiéis que realiza um trabalho pastoral voltado à população em situação de rua e com dependência química. Em julho deste ano, Padre Gilson – ordenado sacerdote em dezembro de 2016 – foi às ruas junto com outros membros da Missão Belém para resgatar pessoas do mundo das drogas ou “saquear o inferno”, como costumava dizer. Nos quatro dias de missão, cerca de cem pessoas aceitaram o convite para iniciar a luta contra o vício. Dias depois, o Sacerdote começou a apresentar os sintomas da COVID-19. Ele não resistiu às complicações da doença e morreu em 21 de agosto, aos 45 anos. Na manhã do sábado, 28 de agosto, na Catedral da Sé, o itinerário do Sacerdote resgatado por Deus e que entregou a vida pelo próximo foi recordado durante a missa de 7º dia em seu sufrágio, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, a qual teve entre os concelebrantes o Padre Gianpietro Carraro, Fundador da Missão Belém. “Ele era um emblema da Missão Belém, por mostrar o que a misericórdia de Deus pode fazer com uma pessoa”, afirmou Padre Gianpietro no começo da missa, quando também fez um relato emocionado sobre as últimas palavras que o Padre Gilson registrou no próprio diário espiritual: “A última linha que ele escreveu como propósito foi ‘confiança’. Na linha de baixo: ‘Eu quero viver a minha vida para todos os consagrados, para que conheçam a felicidade de ser de Deus’”.

Liturgia e Vida

Irmã Cacilda e Padre Gianpietro, fundadores da Missão Belém, participam da missa de 7º dia

que realizou na vida do Sacerdote e pelo testemunho que ele deixou de dedicação aos pobres. A liturgia da missa foi feita com textos bíblicos representativos da vida do Padre Gilson, como a 1ª leitura (Is 43,1-7), na qual o profeta é enviado por Deus para dar renovado ânimo ao povo. “Padre Gilson um dia escutou esta frase: ‘Jesus te ama’, e isso levantou o seu ânimo, deu-lhe coragem para que saísse da situação em que se encontrava, nas drogas, no desespero da vida”, disse Dom Odilo, destacando que anunciar o amor de Cristo, como faz a Missão Belém, não é algo em vão, mas, sim, uma atitude evangelizadora capaz de resgatar vidas. “Tenho certeza de que essas palavras, ‘Jesus te ama’, não só orientaram e deram força à vida do Padre Gilson, mas à vida de muitos de vocês, e que podem dar força e coragem a muitas outras pessoas. Também sei que o Padre Gilson quando encontrava as pessoas, falava: ‘Eu também estive nas ruas, também nessa situação, mas Deus me ajudou e eu consegui superar, consegui sair’. Certamente, essas palavras ajudavam muitos a superar a própria condição. Padre Gilson testemunhou a experiência daquele que encontrou Jesus”, disse o Arcebispo. “Nós também podemos e devemos ajudar outros que querem ver Jesus. Muitas pessoas estão por aí caídas, achando que nem são dignas de se aproximar do Senhor. Elas precisam ser ajudadas, precisam de alguém que lhes dê coragem para fazer também esta experiência de encontro com Deus que muda a vida”, prosseguiu. Dom Odilo lembrou ainda que o Sacerdote possivelmente se contagiou com a COVID-19 ao ter contato com algum irmão de rua que estava com o vírus: “Ele doou a vida pelo pobre, como já aconteceu com tantos ao longo da história da Igreja, que, cuidando dos doentes, também morreram”. Recordando o Evangelho proclamado na missa (Jo 12,20-28), o Arcebispo mencionou que o Padre Gilson

teve uma vida desapegada dos bens e aberta à vontade de Deus, algo a ser imitado por todos os cristãos: “Escolher Deus nem sempre é fácil, nem sempre é cômodo, mas é libertador. Traz vida, esperança, e é por isso que o Padre Gilson, que experimentou essa mudança na própria vida, pôde ter essa mesma alegria e esperança”.

A missão precisa continuar

O Arcebispo exortou os membros da Missão Belém a continuar com as ações evangelizadoras e caritativas, tão necessárias diante do grande número de pessoas em situação de rua, das quais muitas consumidas pelo vício das drogas. “Quantos irmãos caídos, quantos que precisam de alguém que lhes estenda a mão, que lhes diga: ‘Jesus te ama’. Coragem! Que Deus ajude vocês, que perseverem e que possam colher muitos frutos, muita alegria nesta missão”, afirmou Dom Odilo. Cofundadora da Missão Belém, a Irmã Cacilda da Silva Leste disse não ter dúvidas de que Padre Gilson agora já contempla a Deus na eternidade de forma plena, e deve servir de inspiração para que os trabalhos continuem: “Que hoje também nós, ao sairmos daqui, possamos anunciar a cada pessoa que encontrarmos: ‘Jesus te ama’, acreditando que este amor de Deus nos salva, nos coloca de pé e nos faz encontrá-lo. Que, assim como o Padre Gilson, possamos ser portadores dessa experiência de amor”. Ao lado da filha, Kelly Cristina, a senhora Benedita, mãe do Padre Gilson, acompanhou a missa de 7º dia, confiante de que o filho, que faleceu segurando sua mão, já está junto de Deus. “Meu coração está triste pela perda, mas, ao mesmo tempo, feliz por tudo o que ele fez pelos pobres, feliz por todos os que o amam. Agora tenho que conviver com a dor. É uma dor terrível, mas ele está nos braços de Deus e eu fico feliz por isso”, disse em entrevista ao O SÃO PAULO ao fim da missa.

No Batismo, o sacerdote tocou-nos as orelhas e boca e ordenou em nome de Cristo: “Abre-te – Efatá!”. Assim, nossos ouvidos se abriram para a Palavra de Deus e nossa língua se soltou para professar a fé. Antes que a graça divina nos escancarasse as janelas da alma, éramos espiritualmente obtusos. Sofríamos, na ordem da graça, algo semelhante àquilo que, na vida corporal, limitava o surdo-mudo do Evangelho. A multidão levara-o a Jesus com uma “receita” pronta: o Senhor deveria impor-lhe as mãos. Antes de realizar o milagre, porém, “Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão” (Mc 7,33). Quis com isso mostrar que Ele não faz o bem para agradar ou impressionar os circunstantes e que não somos nós a determinar como deve Ele agir. Então, “colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele” e ordenou: “Efatá – Abre-te!” (Mc 7,33s). O homem passou a falar sem dificuldade. Depois do milagre, Nosso Senhor agiu novamente de modo surpreendente: “Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém” (Mc 7,36). Mais uma vez, demonstrou que não atua por meio do espetáculo. Ao contrário, Ele realizou suas principais obras na total discrição; assim se deu com a Encarnação no ventre de Maria, com o nascimento em Belém, com a Ressurreição… Aliás, a “propaganda” – tal como a compreendemos hoje – pode até ser a “alma dos negócios” humanos, mas absolutamente não é o método de Deus. Jesus mandou anunciar o Evangelho pelo mundo inteiro, é verdade… Mas mandou anunciá-lo em forma de Cruz. A Igreja não julga saber de coisa alguma, “a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” (1Cor 2,2). O Evangelho se propaga na história pelo martírio doloroso; pelas horas de oração recolhida; pelas penitências que somente Deus vê; pela solidão dos leitos de hospital; pela fé que supera o abandono na velhice… Com a força da oração e da Cruz, as deficiências humanas foram sempre supridas. Ainda que os cristãos não fossem os mais belos, os mais ricos, os mais inteligentes, os mais atualizados nas novidades da comunicação, nem os mais eloquentes, o Evangelho foi divulgado contra a vontade de poderosos e “sábios”. Ainda que a Palavra de Deus contradissesse o pensamento e os costumes dominantes, ela acabou se estabelecendo com pureza, sem acomodações humanas, por meio do poder persuasivo que somente a Verdade pode conter. O rumor, os holofotes, as multidões em uníssono, os efeitos de luzes, as transmissões televisivas ufanistas, a aprovação “unânime”, a aparência de bondade, e tudo mais que a propaganda pode maquinar, servem somente até certo ponto e por certo tempo. Essas coisas são movidas mais pela vaidade humana do que pelo desejo da glória de Deus. Por causa delas, muitos pastores se perderam e ovelhas se desorientaram. O Evangelho de Cristo se propaga, ao invés, na oração, no sacrifício, no cansaço, na dor, na conversa fraterna de “tu a tu”, na discrição do confessionário, no aconchego modesto do lar… Essa é a receita de Jesus, Maria e José.


24 | Publicidade | 1º a 8 de setembro de 2021 |

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