O São Paulo - 3370

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3370 | 4 a 9 de novembro de 2021

Editorial Santos: uma grande família dos que imitam as virtudes de Nosso Senhor

Página 4

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Paróquia São Judas Tadeu é erigida pelo Cardeal Odilo Scherer

Encontro com o Pastor

Luciney Martins/O SÃO PAULO

A vida de santidade realiza-se na comunhão com Deus e com a Igreja

Página 2

Espiritualidade Chamados à santificação a partir do amor e do próprio testemunho

Página 5

Liturgia e Vida Conhecer, amar e servir a Deus neste mundo para alcançar a vida eterna

Página 23

Comportamento A liberdade e a objeção de consciência diante da barbárie do aborto

Dom Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano, dá posse ao Padre Aidan Fallon como primeiro Pároco da recém-criada Paróquia São Judas Tadeu

Página 7 CNBB

Em 28 de outubro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, em missa solene, erigiu a nova Paróquia São Judas Tadeu, no bairro Sol Nascente, na Região Episcopal Brasilândia. “A paróquia é o lugar onde a Igreja manifesta a presença de Jesus Cristo e age na realidade concreta das pessoas”, afirmou o Arcebispo Metropolitano durante a celebração eucarística na qual também deu posse ao primeiro Pároco, o Padre Ai-

Francisco: caminhar segundo o Espírito e dar espaço à graça divina Página 22

Vicariato da Educação promove estudo sobre a temática da CF 2022

Por ocasião do bicentenário de nascimento de São Kim Degun, vocacionados foram à igreja da comunidade coreana em São Paulo, no dia 23. Página 11

Páginas 16 e 17

Páginas 12 e 13

Seminaristas da Arquidiocese peregrinam no jubileu de mártir coreano

Páginas 14 e 15

Exposição fotográfica sobre Dom Paulo Evaristo é aberta em Santana Página 9

Países do G20 prometem reduzir impactos ambientais de suas economias Página 21

Fiéis reafirmam a esperança no mistério da vida eterna Na terça-feira, 2, data da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, milhares de pessoas visitaram os cemitérios da capital paulista para rezar por seus entes falecidos. No Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, em uma das missas se recordou as mais de 600 mil vítimas da COVID-19. O lugar, cujas imagens repercutiram no mundo como símbolo dos números elevados da pandemia, desta vez foi local de manifestação de esperança dos católicos na promessa da vida eterna. Também foram celebradas missas pelos falecidos em outros cemitérios e em paróquias.

Em 27 de outubro, educadores se reuniram para refletir sobre a Campanha da Fraternidade, cujo tema será a Educação.

dan Fallon, missionário irlandês da Congregação de São Patrício. A comunidade de fiéis começou a se organizar no bairro em 1996, inicialmente para rezar o Terço e meditar a Palavra de Deus nas casas, e hoje atua de modo intenso nas pastorais sacramentais e de ação caritativa, bem como em outras iniciativas de evangelização.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No Cemitério da Vila Formosa, fiéis recordam, de maneira especial, as vítimas da pandemia


2 | Encontro com o Pastor | 4 a 9 de novembro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

Solenidade de Todos os Santos, celebrada neste ano no Brasil no dia 7 de novembro, recorda a vocação de todos os batizados à santidade. A Liturgia da festa nos leva a contemplar a multidão incontável dos santos e santas no céu, que alcançaram a grande meta de sua existência: a vida eterna feliz junto de Deus (cf. Ap 7,9-10). São homens e mulheres que viveram sobre a terra antes de nós, estiveram inseridos num contexto histórico, social e cultural, sofreram, lutaram, esperaram, viveram momentos felizes e cumpriram sua missão. Tendo perseverado no caminho de Deus nesta vida, obtiveram misericórdia e graça e foram admitidos à presença de Deus na “Jerusalém celeste”, para a qual todos nós também somos encaminhados. A fé e a vida cristãs estão fortemente marcadas pela espera na realização final das promessas divinas

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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Juntos, a caminho da santidade da salvação e da vida eterna. Neste mundo, nossas realizações não são plenas nem definitivas e sempre permanecem abertas a uma complementação ulterior. Nós somos feitos para mais do que tudo o que já possamos alcançar nesta vida. Com isso, não desprezamos as pequenas alegrias e momentos felizes que esta vida já nos oferece. Eles podem representar bênçãos divinas para alimentar em nós a esperança nos bens eternos e definitivos que ainda buscamos. É bem verdade o que Santo Agostinho já escreveu: Deus nos fez para si e nosso coração anda inquieto neste mundo, enquanto não repousa em Deus novamente. Cabe-nos continuar buscando com honestidade o bem maior da existência, sem iludir nosso coração, buscando apenas bens transitórios. A sinodalidade da Igreja, que somos chamados a aprofundar e viver, faz lembrar que também a santidade não se encontra num caminho individualista e fechado sobre nós mesmos. Somos chamados a buscar juntos a santidade, que

é, acima de tudo, fruto da ação do Espírito Santo, que age na Igreja e derrama seus dons sobre os discípulos de Jesus e os faz capazes de viverem vida santa. A santidade não é uma conquista pessoal. Os santos não são super-homens e mulheres maravilha, com poderes extraordinários, fora do alcance do comum dos mortais. Os santos são pessoas normais, que viveram cada dia de suas vidas na correspondência com a graça de Deus. A vida em santidade realiza-se, acima de tudo, na comunhão com Deus Trindade e com a Igreja, “criatura da Trindade Santa”. Na Igreja, encontram-se os meios de santificação e os itinerários de vida santa, ensinados por Jesus Cristo e testemunhados por tantos santos, que nos precederam na Igreja e no caminho da vida cristã. Neles, podemos ver o Evangelho vivido e posto em prática. Vivendo em comunhão com a Igreja, podemos contar com seus estímulos e apoio pedagógico para alcançarmos mais facilmente a santidade. Quem caminha sozinho, sem fazer a experiência sinodal da

comunhão, participação e missão na busca cotidiana da santidade, fica exposto a muitos riscos de cair em tentação, de se desviar do caminho e de desanimar. Devemos buscar a santidade com a Igreja, e não contra ela ou fora dela. Os santos foram homens e mulheres que amaram profundamente a Igreja porque compreenderam bem que ela é amada por Jesus e habitada pelo Espírito Santo. Por isso, em vez de criticar a Igreja ou de se opor a ela, procuram com sincera humildade a própria conversão, mediante a constante acolhida da Palavra de Deus, a penitência e o esforço para conformar a vida ao Evangelho. Jesus indica para todos o caminho da santidade: observar os mandamentos, viver as bem-aventuranças, amar a Deus e ao próximo e a vida virtuosa. Olhando para os santos e santas, que estão com Deus, compreendemos bem qual é o futuro ao qual estamos chamados e qual é o caminho que leva até esse futuro feliz. Que eles intercedam por nós e nos ajudem a fazer hoje a nossa parte.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Devotos festejam São Judas Tadeu no santuário no bairro do Jabaquara Priscila Tomé

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Na festa litúrgica de São Judas Tadeu, em 28 de outubro, a movimentação dos fiéis no Santuário localizado na Avenida Jabaquara foi intensa o dia inteiro. Foram celebradas 12 missas, a primeira iniciada às 5h, a última às 19h30, intercaladas na igreja nova e quadra da Obra Social do Santuário, para evitar aglomerações. Além disso, os fiéis utilizaram máscaras de proteção e álcool em gel em todas as dependências do Santuário. As confissões foram atendidas no Salão Dehon por 12 padres até as 20h e as bênçãos na Sala São Judas foram conduzidas por cinco diáconos até as 21h. As atividades do dia foram concluídas com uma live musical com os seminaristas dehonianos, transmitida pelo YouTube e Facebook do Santuário.

Bem viver os sacramentos

Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, presidiu a celebração solene das 12h, concelebrada pelo Padre Flávio Aparecido Alves, SCJ. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga ressaltou a vivência dos sacramentos pelos cristãos, para que Deus possa agir e fortalecer a fé em todos os momentos da vida cristã, tema da novena e festa de São

Dom Odilo durante uma das 12 missas realizadas na festa patronal de São Judas Tadeu, dia 28

Judas, cujo lema é “Hoje, a salvação entrou na tua casa” (Lc 19,9). O Bispo também presidiu uma das missas da novena no dia 24, quando falou sobre o sacramento do Matrimônio, ocasião em que rezou, ainda, pedindo a intercessão de São Judas para mais e santas vocações para a Igreja, partindo das famílias cristãs de hoje.

Deus caminha com os apóstolos e a Igreja

A missa das 17h no dia do padroeiro, transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas redes sociais do Santuário, foi presidida

pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer. Na homilia, o Arcebispo Metropolitano enfatizou que Jesus sempre está no meio dos cristãos reunidos e que a Igreja nunca irá deixar de seguir a doutrina apostólica. “Ele está, sim, presente, verdadeiramente no meio de nós, e acompanha a comunidade dos discípulos Dele, que somos nós. Continua a chamar a todos, para que continuemos a missão que Ele deu aos apóstolos e que hoje nos cabe. O Espírito Santo conduz a Igreja!”, ressaltou Dom Odilo. “Da nossa parte, façamos aquilo que Jesus pediu que os discípulos fizessem: chamar, contar pra todos, convidá-los a

Pastore Foto Vídeo/Arquidiocese de Cascavel

participar, trazendo-os para perto, para que também possam experimentar a alegria do encontro com Ele, do encontro e da salvação!”, prosseguiu o Arcebispo Metropolitano, ao comentar sobre o valor de que todos caminhem unidos na fé, na esperança e na caridade. Dom Odilo também enfatizou que a Igreja permanece fiel à doutrina dos apóstolos: “Nossa Igreja é católica apostólica romana. Nunca se afastou da fé dos apóstolos. Nós não inventamos a Igreja, e temos a graça e o dom de participar da doutrina dos apóstolos, da mesma fé daqueles que vieram antes de nós. A Igreja caminha no ensinamento dos apóstolos que nos transmitiram a palavra de Jesus”, destacou, desejando, por fim, que, na festa litúrgica dos apóstolos São Simão e São Judas Tadeu, Deus fortaleça a Igreja a caminho unida, especialmente neste momento do Sínodo universal. “O Papa nos convoca a participarmos do Sínodo da Igreja como um todo. Sínodo significa ‘estar juntos’, ‘caminhar juntos’, no mesmo caminho de Jesus, unidos em comunhão, unidos na mesma preocupação pela vida e à missão da Igreja do qual somos parte. Que o Espírito Santo nos ilumine e fortaleça no caminho de Jesus, ensinado pelos apóstolos”, concluiu. (Com informações do Departamento de Comunicação do Santuário São Judas Tadeu)

Divulgação

NOVENA DE NATAL A Novena de Natal da Arquidiocese de São Paulo deste ano tem como tema “Deus vem ao nosso encontro” e incentiva o aprofundamento da exortação apostólica Evangelii gaudium, do Papa Francisco. O texto também aborda assuntos atuais, como a pandemia, a vida familiar e na cidade e o exemplo dos santos. O subsídio da Novena de Natal 2021 pode ser adquirido nas paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo.

POSSE DE DOM ADELAR BARUFFI Na manhã do domingo, 31 de outubro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, participou da solenidade de posse de Dom Adelar Baruffi como Arcebispo de Cascavel (PR). O Prelado foi nomeado para a função pelo Papa Francisco em 22 de setembro, que o transferiu da Diocese de Cruz Alta (RS). A Arquidiocese encontrava-se vacante desde a morte de Dom Mauro Aparecido dos Santos, em 11 de março de 2021. Ao saudar o novo Arcebispo de Cascavel ao fim da missa, o Cardeal Scherer recordou que é tarefa do bispo ser pai e pastor da família de Deus em uma diocese. “Dom Adelar, parabéns por esta nomeação e posse. Faço votos de que o Espírito Santo o conduza em todos os momentos. Eu tenho certeza de que será muito feliz aqui em Cascavel”, disse Dom Odilo.

Atos da Cúria DECRETO DA PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 13/10/2021, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro da Vila Oratório, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Jesus Andrade da Silva, pelo período de 03 (três) anos.

DECRETO DE NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 28/10/2021, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São Judas Tadeu, no bairro Conjunto Residencial Morada do Sol, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Aidan Fallon, SPSm, pelo período de 06 (seis) anos.


4 | Ponto de Vista | 4 a 9 de novembro de 2021 |

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Editorial

Uma grande família de amigos em Deus

N

esta semana em que comemoramos o Dia de Todos os Santos – cuja celebração, no Brasil, a fim de facilitar aos fiéis a participação nesta importante solenidade, é transferida do dia 1º de novembro para o domingo subsequente –, pudemos encontrar, nas redes sociais de amigos católicos, várias imagens que representam, lado a lado, a multidão de santos do Céu. Algo que chama a atenção nessas comemorações é a grande variedade entre os santos: temos sim muitos padres e bispos, monges e freiras, mas, ao mesmo tempo, as fileiras são também repletas de fiéis cristãos – pais e mães de família (Santa Rita de Cássia, São Luís e Santa Zélia Martin,), crianças (São Tarcísio, São Domingos Sávio), médicos (São Lucas, São Cosme e São Damião, Santa Gianna Beretta Molla), engenheiros (Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, Beato Pier Giorgio Frassati), e a lista continua! Esta santa diversidade confirma o ensinamento da Igreja sobre a vocação universal à plenitude da vida cristã: “Todos na

Igreja, quer pertençam à Hierarquia, quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade” (Lumen gentium, 39). Mas o que exatamente significa ser santo? O que têm em comum tantos homens e mulheres com histórias de vida tão diferentes entre si? Basicamente, todos eles são santos porque percorreram, cada um em suas próprias circunstâncias, a imitação de Cristo: “Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo: é ‘o homem perfeito’, que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar; com a sua oração, convida-nos à oração; com a sua pobreza, incita-nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições” (Catecismo da Igreja Católica, 520). A este respeito, há um belíssimo Christmas Carol, um canto inglês de Natal, que propõe seguir as atitudes do Menino-Deus, nascido de Maria: “Ao longo de toda a sua maravilhosa infância, Ele honrava e amava a humilde donzela em cujo regaço repousava, além de obede-

cer-lhe. As crianças cristãs devem ser doces, obedientes e boas como Ele, que é o modelo para nossa infância. Como nós, Ele crescia dia a dia; Ele era pequeno e frágil, e também como nós conheceu lágrimas e sorrisos. Ele sente nossa tristeza, e partilha nossa alegria” (Once in Royal David’s City). A santidade, portanto, passa por alcançar aquelas virtudes que Nosso Senhor manifestou com excelência: a laboriosidade do carpinteiro de Nazaré, a pureza de Maria, a misericórdia de quem perdoou a adúltera, a caridade de quem entregou a vida por seus amigos... É importante, aqui, desfazer a confusão entre ser santo e ser “carola”. O verdadeiro santo não é afetado; seu amor a Deus não é algo forçado e exterior. Não: santo de verdade é quem dá o seu melhor nos trabalhos que faz, e os completa sempre por amor a Deus e ao próximo. Quem não se escandaliza com as próprias fraquezas, e sabe recomeçar, com bom ânimo e confiança em Deus, quando um empreendimento não vai do

jeito esperado. O santo se apoia na graça de Deus e, dela, totalmente depende. Sabendo-se fraco, apoia-se na fortaleza do Criador. Nos dizeres da jornalista Pilar Urbano, “o santo rouba de Deus até o amor com que consegue amá-Lo”. Esta verdadeira santidade passa muitas vezes como invisível aos olhos do mundo: pensemos em Santa Teresinha do Menino Jesus, a grande santa dos tempos modernos – e cuja santidade passou completamente despercebida a algumas de suas irmãs de clausura. A grande santidade de Teresinha estava em fazer tudo por amor, no silêncio e ocultamento: sorrir às pessoas inconvenientes, adiantar-se às tarefas mais duras, escolher os piores assentos... Busquemos, também nós, enxergar ao nosso redor algo dessa santidade “ao pé da porta”, de que nos fala o Papa Francisco: “Nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir” (Gaudete et exultate, 7).

Opinião

Status

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Fabio Gallo Alguns poucos mantêm uma disputa acirrada para constar da lista das pessoas mais ricas do mundo. Nessa corrida, os dois primeiros lugares são de Jeff Bezos, da Amazon, e Elon Musk, da Tesla. A revista Forbes traz que atualmente Musk está liderando com um total de 200,8 bilhões de dólares, enquanto Bezos vem atrás com 189,9 bilhões de dólares. No lado oposto estão 9,2% da população global que vivem em extrema pobreza, contando com menos do que 1,90 dólar por dia para sobreviver, segundo dados do Banco Mundial. Fazendo uma conta simples, para alimentar essa população de 689 milhões de pessoas, seria necessário algo como 1,3 bilhão de dólares por dia. Assim, somente a fortuna dos dois daria para alimentar todas os famintos do mundo por quase um ano. É uma constatação vergonhosa. Isso nos faz pensar por que alguns buscam tanta riqueza, num mundo de tanta pobreza. Obviamente, a resposta é mais complexa. Embora não seja intenção fazer aqui uma tese completa sobre o tema, vale refletirmos sobre algumas motivações dessas pessoas. Logicamente, ter toda essa riqueza só para viver bem não é resposta. Obviamente, para viver bem, com alto grau de bem-estar, não é necessário tanto dinheiro como os

mais ricos acumulam. Estudos recentes mostram que o salário médio anual necessário para viver bem nos Estados Unidos é de 67.690 dólares. Algo muito acima do que seria necessário para viver com alto grau de bem-estar aqui no Brasil. Entre as várias causas que motivam as pessoas a buscarem tanta riqueza, uma pode ser reconhecida facilmente: a busca por status. Termo que vem do latim, statum, conceito que diz sobre a posição social do indivíduo na sociedade. Recorrendo a Alain de Botton, em sentido estrito se refere ao estado civil ou à situação profissional de uma pessoa. Mas, em sentido mais amplo,

refere-se ao valor e à importância de uma pessoa aos olhos do mundo. Nesse sentido, quanto maior a ascensão social da pessoa, maior é seu “status social”; assim, mais poder, posição e prestígio possui. Botton traça uma tese interessante. Diz que “o desejo de status tem uma capacidade excepcional de inspirar sofrimento”. Para ele, a fome de status, como todos os apetites, tem utilidades, como incentivar a excelência. Mas, como todos os apetites, em excesso pode matar. Cita, entre as suposições sobre os motivos que levam a procurar status elevado, a ânsia por dinheiro, fama e influência.

Mas, como alternativa e como resumo das motivações está algo raramente utilizado em teoria política: o amor. Ser objeto de amor é sentir-se objeto de preocupação. Assim, ser notado, ter o nome registrado, nossas opiniões serem ouvidas, fracassos serem tratados com indulgência e as nossas necessidades serem atendidas. Admitindo-se essa tese de que a motivação por busca de status é o amor, devemos recorrer a Agostinho, que nos diz que existem dois e apenas dois tipos de pessoas no mundo: aqueles que pertencem à “Cidade de Deus” e os que pertencem à “Cidade dos Homens”. Esses dois tipos se distinguem por seus amores. Os cidadãos da Cidade de Deus amam a Deus acima de todas as coisas. Os cidadãos da Cidade dos Homens se amam acima de tudo. Ele diferencia os dois amores: “o primeiro é sagrado, o segundo é imundo; o primeiro é social, o segundo, egoísta; o primeiro consulta o bem comum para o bem de uma sociedade celestial; o segundo se agarra a um controle egoísta dos assuntos para o bem da dominação arrogante. O fracasso em se orientar para Deus resulta em um senso inflado de autoimportância e autossuficiência que, no fim, nega a realidade de nossa existência dependente”. Fabio Gallo é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP); foi professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5 Paulo Fernandes Rodrigues Cruz

Paróquia oferece formação para ministros extraordinários da Sagrada Comunhão Pascom paroquial

Padre Mario Pizetta, SSP, e Rami Borba

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A Paróquia Santo Inácio de Loyola e São Paulo Apóstolo, Setor Paraíso, promoveu, de 26 a 28 de outubro, uma formação para ministros extraordinários da Sagrada Comunhão. Participaram alguns que já exercem este ministério, assim como novos ministros, numa média de 32 pessoas a cada noite. O encontro foi coordenado pelo Pároco, Padre Mário Pizetta, SSP, e contou com um assessor diferente a cada dia. Para o primeiro dia, o tema central foi a dimensão teológica, com a assessoria do Padre Manoel Quinta, SSP. No dia seguinte, o con-

ferencista foi o professor doutor Carlos Mario Vásquez Gutiérrez, que, à luz do Evangelho segundo Mateus, mostrou como surgiu o serviço dos ministros. No último dia, o tema abordado foi a dimensão eclesial e de visitação aos doentes, abordado pelo doutor Moacir

Rigueiro, médico e membro ativo na comunidade, que fez uma apresentação prática e abordou os principais objetos utilizados na missa e na visitação, bem como os cuidados que devem ser tomados por quem faz visita nas casas das famílias e nos hospitais.

Marli Alvarez

[BELÉM] No domingo, 31 de outubro, em missa presidida por Dom Luiz Carlos Dias, 55 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma na Paróquia Santo André Apóstolo. Concelebraram os Padres Neidson Gomes e Sebastião Júnior. Além da matriz, os crismados também são das Comunidades São Francisco de Assis e São Filipe. (por Nathalia Ferreira)

[SÉ] Na manhã do domingo, 31 de outubro, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, Setor Catedral, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a 16 pessoas, dez das quais desta Paróquia e seis da Paróquia Nossa Senhora da Paz. Concelebraram o Pároco, Padre Antonio Ruy Barbosa Mendes de Morais, SSS, e o Vigário Paroquial, Padre José Regivaldo dos Passos, SSS. (por Paulo Fernandes Rodrigues Cruz)

Emilia Silva

[BELÉM] Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, nomeado pelo Papa Francisco para a Diocese de São Carlos (SP), conferiu o sacramento da Crisma a 28 jovens da Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, no domingo, 31 de outubro, durante missa concelebrada pelo Padre Romanus Hami, Pároco. Os crismados são da própria Área Pastoral e da Comunidade São João. Na homilia, Dom Luiz Carlos ressaltou a importância da oração em família, do compromisso da renovação do Batismo. Ele lembrou aos padrinhos a missão de transmitir a fé cristã aos afilhados. (por Nathalia Ferreira)

Espiritualidade Chamados à santidade Dom Ângelo Ademir Mezzari

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA

O

chamado à santidade é reafirmado pelo Concílio Vaticano II, quando diz: “Na Igreja todos [...] são chamados à santidade, segundo as palavras do Apóstolo: ‘Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação’ (1Ts 4,3; Ef 1,4)” (cf. Lumen gentium, LG, 39). Esta é a vocação fundamental, que brota do sacramento do Batismo, para viver a plenitude da vida cristã e a perfeição da

caridade. É um apelo que o Senhor faz a cada um: “Pois está escrito: sereis santos porque eu sou santo” (Lv 11,45; 1Pd 1,16). De fato, “todos os cristãos de qualquer condição ou estado são chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (cf. LG, 11). A santidade de Deus (cf. Mt 6,9) se revela na santidade de Jesus Cristo, o Filho, o rosto do Pai, plenamente santo (cf. Jo 6,69), que assume todos os sinais da santidade divina: é o sacerdote, a vítima, o santuário, e santifica os fiéis com a oferta de si mesmo, a sua vida pela salvação de todos. A Igreja, comunidade da nova aliança, é convocada a proclamar as maravilhas de seu Deus e ser, assim, um povo santo e sacerdotal (cf. 1Pd 2,9). Recordamos que na Sagrada Escritura a santidade decorre da eleição divina, povo santo, assembleia dos associados à

mesma santidade de Deus. Nesse sentido, a santidade é o resultado de um ato de santificação realizado por Deus em Cristo: “Aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos” (cf. 1Cor 1,2). Para ser santo, é preciso fazer um caminho de santificação, pelo qual se faz de sua própria vida um culto agradável a Deus, e, consequentemente, de serviço aos irmãos: “Oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, este é vosso verdadeiro culto” (cf. Rm 12,1). Enfim, trata-se de viver, na Igreja, o próprio Batismo, na prática do amor e na alegre esperança, para sermos perfeitos como o Pai do céu é perfeito. E hoje, como podemos viver um caminho de santidade? O Papa Francisco, na exortação apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual (Gaudete et exsultate, 14) nos diz: “Todos somos

chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És um consagrado ou consagrada? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando de teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência teu trabalho a serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”. Que maravilha as palavras do Santo Padre: é o modo de nos santificar na vivência da própria vocação e missão, nas responsabilidades específicas, com alegria, na vida pessoal, familiar e social.


6 | Regiões Episcopais | 4 a 9 de novembro de 2021 |

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[LAPA] Aconteceu, em 27 de outubro, na Comunidade Santo Antônio da Paróquia Santa Terezinha, Setor Pirituba, o Terço dos Jovens.

IPIRANGA

Concluída a formação de ministros extraordinários da Sagrada Comunhão e dos enfermos Caroline Dupim

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No sábado, 30 de outubro, os candidatos a ministro extraordinário da Sagrada Comunhão e dos enfermos encerraram o período formativo, após a realização de oito encontros on-line, iniciados em junho. Sacerdotes e professores da PUC-SP conduziram os encontros quinzenais nas manhãs de sábado, convidando os candidatos ao ministério a refletir sobre o serviço ministerial, em sua materialidade e espiritualidade. Participaram cerca de 900 pessoas. O professor Matthias Grenzer falou sobre o tema “Araduras, um exemplo de ecometáfora na literatura bíblica”. Padre Boris Agustín Nef Ulloa trouxe a temática “Jesus de Nazaré, Reino e discipulado missionário”.

O Cônego Antonio Manzatto apresentou o tema “Ser Ministro”. Professor João Claudio Rufino explicou sobre “O que é Eucaristia”. Padre Antônio de Lisboa Lustosa Lopes abordou a temática “Eucaristia é serviço”. Padre Sidnei Fernandes conduziu um momento de oficina, simulando o passo a passo da celebração eucarística. Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, falou sobre “O Ministério Episcopal/Ordenado e a Eucaristia. Por fim, Padre Cícero Alves de

Arquivo regional

França conduziu um momento de retiro e espiritualidade. A partir do próximo fim de semana, dias 6 e 7, os candidatos que participaram da formação receberão as investiduras.

[LAPA] A Pastoral Fé e Política da Região Lapa promoveu na sexta-feira, 29 de outubro, uma live sobre o “Movimento Lapa pelo Pacto pela Vida e pelo Brasil”, com mediação da socióloga Susana Basualdo, que integra esta Pastoral. Participaram como convidados: Dom José Benedito Cardoso; Maria Victória Benevides, socióloga, professora titular aposentada da Faculdade de Educação da USP, membro da Comissão Justiça e Paz e da Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos; e Chico Whitaker, consultor da Comissão Brasileira Justiça e Paz e ex-vereador em São Paulo. O evento foi iniciado com uma oração do Padre Geraldo Pereira. Colaboraram com a atividade Tatiane Vieira, da Pastoral Fé e Política da Região Lapa, e Mariana Al Zaher, da Pastoral da Comunicação da Lapa.

brasilândia

Movimento da Mãe Rainha finaliza mês celebrativo na Paróquia São Luís Gonzaga Taíse Cortês

Taíse Cortês

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No domingo, 31 de outubro, o movimento da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, da Paróquia São Luis Gonzaga, Setor Pereira Barreto, celebrou missa especial em louvor à Mãe Rainha e finalizou o mês a ela dedicado. A missa foi presidida pelo Padre Roberto Moura, Pároco, e contou com a participação de diversas missionárias do movimento. Muitas se encontraram pela primeira vez após o início do período de pandemia. Foram lembrados os quatro pilares que mantêm a base de uma casa, estudados durante os encontros realizados entre setembro e outubro, intitulados “Minha família – Terra Pascom paroquial

[BRASILÂNDIA] No sábado, 30 de outubro, a Pastoral da Crisma Jovem da Paróquia Santos Apóstolos, sob a supervisão do Vigário Paroquial, Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, realizou visita ao Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga. Cerca de 40 jovens, seus catequistas e algumas mães fizeram a peregrinação para louvar a Deus por meio da intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Após a visita de apresentação dos espaços e história do Santuário, o Padre presidiu missa. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

Maravilhosa”: a Palavra de Deus, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária. Padre Roberto Moura indicou a retomada dos trabalhos missionários “para que possamos sempre acolher a Mãe de Deus e seu filho Jesus. Maria que leva seu filho amado aos nossos lares, tornando nossas famílias verdadeiramente cristãs e que assumem os valores do Reino”. Ele saudou ainda todas as missionárias e missionários pela persistência. “Hoje, a Palavra de Deus nos chama a pensar sobre o amor, razão dessa ação missionária. O mandamento do amor precisa estar mais presente na nossa vida.” Ao final, foram feitas a celebração da Aliança de Amor – “Aliança é compromisso e forma de viver este amor” – e a bênção dos santuários construídos durante os encontros. Pastoral Familiar

[IPIRANGA] A Pastoral Familiar Regional promoveu no sábado, 30 de outubro, na Cúria do Ipiranga, uma manhã formativa. Padre Crispim Guimarães falou sobre a beleza do Matrimônio e a necessidade da catequese matrimonial, pré-matrimonial, bem como do acompanhamento aos nubentes após o Matrimônio, para que assim haja uma catequese continuada e o cuidado com as famílias e a vida, desde o ventre materno até o declínio natural. Houve a apresentação do Guia de Implantação da Pastoral Familiar nas paróquias e os objetivos e atuação dessa Pastoral. Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, encerrou o encontro com a bênção. (por Maria Leonice Mariannini e Roberto Mariannini)


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Fé e Cidadania

brasilândia

Setor Pereira Barreto realiza assembleia pastoral Padre Roberto Moura e Tomaz Silva

Padre Roberto Moura

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No sábado, 30 de outubro, aconteceu, na Comunidade São Francisco da Paróquia Nossa Senhora do Retiro, a assembleia do Setor Pereira Barreto, com a participação dos representantes das Paróquias Nossa Senhora Aparecida, da Vila Zatt; Nossa Senhora do Retiro; Nossa Senhora do Rosário de Fátima; Santa Teresinha do Menino Jesus; São Judas Tadeu; e São Luís Gonzaga. Os padres e representantes pastorais dessas paróquias e suas comunidades elegeram as urgências a serem assumidas pelo Setor em 2022. Depois de refletir em grupos sobre a importância da sinodalidade, foram enumeradas todas as prioridades assumidas pelas assembleias paro-

Padre Alfredo José Gonçalves, CS

quiais que aconteceram ao longo dos últimos dois meses. Após analisar as urgências, o Setor assumiu três ações, com a seguinte ordem de prioridade: articulação da Pastoral de Conjunto; estímulo maior quanto à participação dos jo-

vens da comunidade; e implementação da Pastoral Familiar. Além destes três desafios, os participantes enfatizaram a necessidade do acolhimento de novas pessoas nas pastorais e movimentos, bem como a formação de lideranças.

Comportamento Liberdade e objeção de consciência contra o aborto Crisleine Yamaji Sempre corremos o risco de novos tempos de barbárie – tempos em que se possa tentar relativizar a vida, em qualquer estágio, por interesses econômicos e sociais de um pequeno grupo social. Na dinâmica legislativa, vozes de um grupo minoritário podem levar a impor, pelo regramento jurídico, deveres e obrigações em afronta a nossas crenças ou convicções éticas e religiosas, critérios morais mínimos na convivência humana. Nesse caso, muitos católicos se questionam como proceder. Independentemente de previsões legais, cada cidadão tem a liberdade de exercer, diante dessas situações, o direito de objeção de consciência. A objeção de consciência é exercida por meio de uma recusa legítima de sujeição a regras jurídicas ou ordens contrárias às nossas crenças e convicções. Nosso sistema se pauta por critérios de Justiça material, imbuída de valores e aspectos éticos e morais irrenunciáveis. Essa objeção de consciência parece ser ainda pouco conhecida e praticada por católicos na sociedade brasileira, talvez por pouco conhecimento a seu respeito; todavia, pode se tornar um meio efetivo de resistência a regramentos contrários à vida. Se podemos analisar a questão desapegados do clamor dos tempos e da pressão de um grupo social minoritário (reforça-se), em uma sociedade majoritariamente cristã, esse aspecto não se trata de um tema meramente conservador ou de uma resposta tradicional e ultrapassada da Igreja, mas uma resposta de consciência individual e social majoritária. A vida está

Palavra de Deus e Doutrina Social da Igreja

longe de ser assunto superado e sua defesa é uma exigência que se impõe em resposta a uma pressão legislativa resultante de conveniência. Essa objeção de consciência independe de qualquer norma expressa. Não obstante, em nossa sociedade, é um direito constitucionalmente garantido e previsto no rol de direitos fundamentais. Seu exercício tem eficácia imediata; ou seja, independe de regramento adicional para sua produção de efeitos. Essa objeção deve prevalecer quando se puder sujeitar qualquer pessoa católica a dever jurídico contrário a valores e princípios fundamentais, entre os quais e de forma inquestionável a própria vida. No imediato exercício da objeção de consciência, há o condão de eximir seu titular de efeitos jurídicos civis e penais de qualquer legislação que imponha outro padrão de conduta (por exemplo, a realização do aborto, a pesquisa de métodos que nele resultem ou seu financiamento) e protege quem exerce esse direito de objeção contra qualquer tratamento discriminatório, inclusive do ponto de vista profissional, econômico, social ou reputacional, por fazer prevalecer valores e crenças pessoais. Sem prejuízo da força vinculante do exercício necessário dessa objeção de consciência, o católico pode também adotar um comportamento prévio de expresso apoio a legislações que defendam o valor da vida e de combate corajoso contra a aprovação de quaisquer legislações que legitimem um atentado contra ela. Cabe, ainda, a cada católico, de forma ampla, a recusa de práticas, tratativas e contratações que possam beneficiar pessoas e empresas que,

direta ou indiretamente, defendam qualquer favorecimento do aborto e interrupção da gravidez. Aqui se trata, no jargão da moda, de uma pauta de uma ESG (“Environmental, Social and Governance”) católica que possa incentivar práticas e condutas adequadas a valores, princípios e práticas cristãs, a serem adotadas na recusa em atuar contra a vida não só de médicos, advogados, farmacêuticos, mas de pessoas que possam direta ou indiretamente lidar com a matéria em sua rotina diária. A defesa da liberdade de consciência pode se dar, portanto, em qualquer esfera, pública ou privada, e a qualquer momento, para a prioritária tutela da pessoa humana contra interesses e imposições contrárias à vida, seja de privados, seja do próprio Estado. Cada católico, portanto, pode e deve exercer sua liberdade de consciência e marcar posição nas esferas de sua convivência social, contrariamente a qualquer forma de relativização da vida, inalienável e inegociável, dando voz à consciência subjetiva católica que nos leva a: (i) atuar previamente em combate à legalização de qualquer forma de relativização da vida; (ii) exercer objeção de consciência para evitar a sujeição a deveres legais contrários à crença religiosa e valores católicos; e (iii) recusar apoios, práticas, tratativas, contratações, de natureza política, econômica e social, com quem deliberadamente apoiar pautas que refutem a vida. Só assim vamos resistir para fazer prevalecer a vida nestes novos tempos de barbárie. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com.

Da mesma forma que a liturgia e a Catequese, os sacramentos e a pastoral, a Doutrina Social da Igreja (DSI) também mergulha suas raízes nas páginas da Bíblia. Basta uma consulta rápida a dois pontos fundamentais, respectivamente do Antigo e do Novo Testamento. Comecemos com o episódio da sarça ardente, que dará origem ao credo do Povo de Israel (cf. Ex 3,7-10; Dt 26,5-10). O texto utiliza cinco verbos de extrema relevância para a “questão social”: eu vi a miséria do meu povo; ouvi o seu clamor contra os opressores, conheço o seu sofrimento. Até aqui, os três verbos – ver, ouvir e conhecer – denotam a atenção e a sensibilidade do Deus Ihaweh para com a condição dos escravos em terra estrangeira. Mas a narração prossegue: por isso desci para libertá-lo e “envio você ao Faraó para tirar do Egito os filhos de Israel”. Não basta, portanto, constatar a opressão. Outros dois verbos – descer e enviar – complementam a forma de Deus agir na história dos homens e mulheres. Ao contrário dos deuses dos impérios, confortavelmente estabelecidos em seus tronos, templos e palácios, Ihaweh desce. Desce e passa a caminhar com seu povo pelas estradas do êxodo e do deserto, do exílio e da diáspora. A descida de Deus, aliás, será levada à plenitude com o mistério da Encarnação. A ação de Deus, porém, ganha forma humanamente visível e concreta por meio de seus profetas e mensageiros. Estes se tornam a boca, os braços, as mãos e os pés do Senhor! É o que evidencia o quinto verbo – enviar. Tocados simultaneamente pelo clamor do povo e pelo projeto do Criador, os profetas se sentem chamados e enviados, colocando a própria vida a serviço da fé e da esperança, como também da organização e libertação dos oprimidos. Ihaweh se revela o Deus do caminho e da travessia por meio de Abraão, Moisés, Elias e as demais figuras bíblicas. Não será diferente com o “profeta itinerante de Nazaré”, como afirmam os estudiosos. Diz o evangelista que “Jesus percorria todas as cidades e povoados (...). Vendo as multidões, Ele teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,35-39). Chama a atenção o verbo percorrer. Em vez de aguardar no templo os seguidores, como faziam os saduceus e escribas, Jesus os encontra pelos caminhos da Galileia, da Samaria e da Judeia, até chegar a Jerusalém, onde tropeçará com a violência e a morte na cruz. Tanto no episódio da sarça ardente quanto nesse “resumo das atividades de Jesus”, o rosto de Deus resplandece de ternura, carinho, misericórdia e cuidado com a situação socioeconômica e político-cultural em que se batem os povos. Dessa compaixão diante da tirania do Faraó e das “multidões cansadas e abatidas”, nascem os princípios e diretrizes que orientam os documentos da DSI, a começar pela Rerum novarum, de maio de 1891, até a Fratelli tutti, de outubro de 2020. A solicitude e opção preferencial da Igreja para com os pobres e excluídos, como podemos ver, bebem dos nutrientes mais profundos do terreno bíblico. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).


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lapa

Dom José Benedito exorta jovens a viverem o amor a Deus e ao próximo Lucimar Rodrigues dos Santos

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na noite de sábado, 30 de outubro, Dom José Benedito Cardoso concluiu seu propósito de presidir missas com a participação dos jovens das paróquias dos cinco setores pastorais da Região Lapa. Desta vez, a celebração eucarística ocorreu na Paróquia São José, no Jaguaré, Setor Pastoral Butantã, tendo como concelebrantes os Padres Laudeni Ramos Barbosa, Administrador Paroquial; Edilberto Alves da Costa e Eduardo Augusto de Andrade, Assistente Eclesiástico do Setor Juventude da Região Lapa. No início da missa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa manifestou sua alegria pelas missas realizadas com os jovens de todos os setores pastorais. Ele lembrou que o objetivo das celebrações era conhecer a juventude da Região Lapa, e que conversou com muitos jovens que falaram dos trabalhos que realizam nas paróquias, participando do grupo de jovens e de outras pastorais. Dom José Benedito, na homilia, refletiu sobre o Evangelho do dia (Mc 12,28b34), recordando que o primeiro dos Dez

Mandamentos é “amar a Deus sobre todas as coisas”; e o mandamento de Jesus é “amar-nos uns aos outros”. O segundo mandamento é “amar o próximo como a si mesmo”, cabendo a todos “amar o próximo como Ele amou”. O Bispo ressaltou que todos os cristãos conhecem a vontade de Deus, seus mandamentos e que Jesus espera o amor entre os irmãos. Padre Eduardo, antes da bênção final, também demonstrou o seu carinho e contentamento pela presença de muitos

jovens em todas as celebrações. Ele falou que está à disposição da juventude para

realizar um trabalho conjunto em nível paroquial e regional.

[SÉ] Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sacramento da Crisma na Paróquia São José, Setor Pastoral Jardins, durante duas missas: em 26 de outubro, para 19 alunos do Colégio Catamarã, do Jardim Europa, que é a unidade que atende os meninos; e a segunda celebração, em 28 de outubro, para 38 crismandos, sendo 28 paroquianos e dez alunas do Colégio Catamarã Vita, da Vila Nova Conceição, unidade que atende as meninas. O Pároco, Dom Oswaldo Francisco Paulino, O.Praem, concelebrou as missas, sendo que no dia 26 também concelebraram o Padre Reinaldo Cesar de Aguiar Silva, da Opus Dei, Diretor Espiritual e Confessor no colégio, e, na segunda noite, o Cônego Emmanuel Talabera, O. Praem, colaborador na Paróquia. (por Frei Matheus Lima, O.Praem)

Luciana Pinheiro

Silvano J. Sousa

[SANTANA] Os Jovens Sarados Parada Inglesa acolheram novos membros e renovaram seus compromissos, em missa presidida por Dom Jorge Pierozan na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, Setor Tucuruvi, no domingo, 31 de outubro. (por Luciana Pinheiro)

[SANTANA] No domingo, 31 de outubro, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Capela de São Francisco das Chagas, pertencente à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Mandaqui. (por Silvano J. Sousa)

Você Pergunta ‘Deixei o grupo de oração. Deus está zangado comigo?’ PADRE CIDO PEREIRA

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A irmã em Cristo que faz esta pergunta preferiu não se identificar, mas ela me pede uma explicação: “Ajude-me a entender por que me sinto com culpa”. Minha irmã, como é importante a oração. Ela é comunicação com Deus. Mesmo sendo Deus onipotente, pode tudo; onipresente, está em todo lugar; e onisciente, sabe tudo; toda vez que oramos,

nos aproximamos Dele e experimentamos sua presença amorosa, paterna. Jesus valorizou a oração em comum quando garantiu que se fará presente quando dois ou mais se reunirem em oração. Jesus valorizou também a oração individual, quando nos colocamos diante de Deus com nossos sonhos e esperanças. Não há oração que fique sem a resposta de Deus. Então, minha irmã, não vejo problema

algum o fato de você não participar mais de um grupo de oração. O único cuidado que você deve ter é o de não orar mais, nem em grupo, nem sozinha. Você precisa da oração. Ela nos faz crescer na fé. Eu acrescento mais uma reflexão, aproveitando sua pergunta, viu? Jamais deixe de lado, jamais se descuide da oração litúrgica, da participação na missa dominical. Do contrário, você corre o risco de perder o dom da fé. Na missa, nós nos reunimos como irmãos em vol-

ta da mesa, ouvimos os recados de Deus na liturgia da Palavra, falamos a Deus louvando, suplicando, intercedendo, pedindo perdão; e nos alimentamos do Corpo e do Sangue de Cristo na liturgia eucarística. E nunca nos esqueçamos do conselho de Jesus: rezar a oração do Pai-Nosso que Ele nos ensinou e pedir, na certeza de que vamos receber; bater à porta para que Deus nos acolha; e procurar sempre a Deus, para O encontrar.


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Exposição fotográfica apresenta o itinerário e a eclesiologia de Dom Paulo Evaristo Arns Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Mostra com 40 imagens pode ser vista na Basílica Menor de Sant’Ana até setembro de 2022 Daniel Gomes

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O começo da vida religiosa como frade franciscano, as primeiras ações pastorais como Bispo Auxiliar de São Paulo entre 1966 e 1970, as incontáveis iniciativas evangelizadoras como Arcebispo Metropolitano entre 1970 e 1998 e a incansável preocupação com a dignidade humana, mesmo sob condições adversas. Todos esses aspectos da vida de Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016) podem ser vistos na exposição fotográfica “De Esperança em Esperança – Itinerário e Eclesiologia no Pastoreio de Dom Paulo Evaristo Arns”, inaugurada em 28 de outubro na Basílica Menor de Sant’Ana, na zona Norte. Na abertura solene, foram acesas pequenas velas dispostas em galhos que, unidos, formam uma árvore, representando o centenário de nascimento de Dom Paulo e seu testemunho de coragem e esperança. No alto da árvore, colocada em uma das laterais do presbitério, há uma Bíblia aberta e uma vela maior, indicando que a Palavra de Deus iluminou o Cardeal Arns ao longo de toda a sua vida. Participaram da cerimônia o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano; Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana; o Padre José Roberto Abreu de Mattos, Pároco e Reitor da Basílica Menor de Sant’Ana, que é um dos curadores da exposição, assim como o Padre José Ulisses Leva, historiador da Igreja, ambos professores na PUC-SP.

Muitas memórias em 40 imagens

A vida e o pastoreio do “Cardeal da Esperança” estão retratados em 40 fotografias, dispostas em 20 totens nos corredores laterais da Basílica Menor, com descrições sobre o que elas representam e as palavras ditas por Dom Paulo em diferentes ocasiões. Há imagens de Dom Paulo da época de frade franciscano, de suas ações como Bispo Auxiliar da Arquidiocese, da posse como Arcebispo em 1970, do recebimento do cardinalato em 1973, de diferentes iniciativas pastorais, como a Operação Periferia e as formações bíblicas para os leigos, o acompanhamento da visita apostólica de São João Paulo II à capital paulista em 1980, imagens do Cardeal Arns com seus bispos auxiliares e padres que ordenou e sua atuação em favor da democracia e da dignidade humana, como no ato inter-religioso de 1975, após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Foram catalogadas mais de cem fotografias, entre arquivos da própria Basílica e da Cúria Metropolitana de São Paulo, do Núcleo de Memória do Colégio Santo Américo e dos fotógrafos Douglas Mansur e Luciney Martins. “As fotos retratam todo o itinerário dele na cidade de São Paulo, a atuação com os movimentos de rua, os direitos humanos, a proximidade com seus bispos auxiliares e as personalidades com quem conviveu”, destacou Padre José Roberto ao O SÃO PAULO. Na cerimônia de abertura, o Sacerdote lembrou que foi na Igreja de Sant’Ana que Dom Paulo tomou posse como Bispo Auxiliar em 1966, ali viveu até 1970, celebrou o jubileu de 25 anos de episcopado e os 80 anos de vida. “Nesta região episcopal, vimos Dom Paulo defender corajosamente a dignidade humana, quando muitas vezes se fez presente na antiga penitenciária do Carandiru, sobretudo nos anos do regime militar. Viveu para que o Evangelho chegasse às periferias, tendo visitado constan-

Aberta solenemente em 28 de outubro, exposição sobre Dom Paulo Evaristo Arns atrai visitantes à Basílica Menor de Sant’Ana

temente favelas e comunidades tão numerosas na zona Norte de São Paulo. Com esta exposição, queremos que o grande legado da caminhada de Dom Paulo não seja ignorado nem esquecido”, lembrou o Padre José Roberto.

Recordar a pessoa de Dom Paulo

O Cardeal Scherer ressaltou que o grande propósito da exposição é relembrar a pessoa de Dom Paulo e seu testemunho de fé, e não eventuais ideias ou releituras que se tenham sobre seus feitos. “Esta exposição ajudará a recordar a vida e o serviço prestado por Dom Paulo, dando, portanto, o devido reconhecimento a ele, mas, sobretudo, àquilo que acaba ficando para a história como patrimônio, como bem da Igreja, que fica para a memória às gerações que virão depois de nós. A nossa missão neste momento é a de ajudar a recordar a pessoa de Dom Paulo antes que ele vire uma ideia”, enfatizou Dom Odilo. O Arcebispo enalteceu ainda o fato de a exposição mostrar a atuação de Dom Paulo como homem da Igreja, que esteve em paróquias e em diferentes pontos da cidade em contato com os fiéis e padres, algo que ressalta que a Igreja, mais do que suas estruturas e aspectos organizativos, é composta por pessoas que testemunham a fé. Secretária de Dom Paulo por mais de 40 anos e organizadora de seus arquivos pessoais, Maria Angela Borsoi se alegrou com o fato de a exposição apresentar a trajetória eclesial de Dom Paulo. “Tenho essa preocupação há muito tempo, pois com a projeção que se fez sobre ele pela postura diante da ditadura militar, Dom Paulo foi colocado como grande ativista e defensor dos direitos humanos, algo que de fato ele foi, mas muitos que não o conheceram de perto podem ter só essa impressão parcial. Agora, é possível ver Dom Paulo no todo: o grande pastor, profeta e sucessor dos apóstolos,

um homem de Deus maravilhoso”, disse à reportagem. Padre José Ulisses Leva, que integra o conselho de curadores da exposição junto com os Padres José Roberto e Sandro Ely Oliveira e a jornalista Andrea Rodrigues dos Santos, também destacou que a exposição busca mostrar o homem Dom Paulo: “Ele não é um ícone, uma figura, mas, sim, uma pessoa que se fez ao seu tempo, entendeu as preocupações e dificuldades daquele momento e buscou, à luz da Sagrada Escritura e das resoluções do Concílio Ecumênico Vaticano II, colocar-se inteiramente para servir como homem da Igreja. Seu grande legado é do religioso, do bispo auxiliar, do arcebispo e cardeal que sempre viveu a proposição de aplicar inteiramente o Evangelho por onde passava”.

Visitação

A exposição acontece até setembro de 2022 na Basílica Menor de Sant’Ana (Rua Voluntários da Pátria, 2.060), com visitação gratuita de segunda-feira a sábado, das 7h às 19h; e no domingo, das 8h às 19h. Há a possibilidade de visitas guiadas para grupos, mediante agendamento pelos telefones (11) 2979-5558 e (11) 2281-9085. Além das fotografias, o visitante poderá fazer uma selfie com um totem em tamanho real com a imagem de Dom Paulo Evaristo Arns, próximo do qual há uma frase do “Cardeal da Esperança” que sintetiza a eclesiologia de seu pastoreio: “A Igreja é o povo! É preciso unir esses dois conceitos, Deus e o povo simplesmente!”.

LEIA TAMBÉM

Padre José Ulisses Leva: Exposição fotográfica Dom Paulo Evaristo Arns https://cutt.ly/ERCiLEP


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Nova lei torna a atividade religiosa essencial em São Paulo, mesmo em tempos de pandemia Luciney Martins/O SÃO PAULO

Legislação foi promulgada no dia 29 de outubro, após Alesp derrubar veto do governador João Doria

Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Dom Paglia: não à eutanásia, deve-se investir em cuidados paliativos https://cutt.ly/RR995FP Papa: a cúpula climática deve oferecer respostas efetivas e esperanças concretas https://cutt.ly/DR93pxJ Cardeal Scherer: ‘Todos podemos ser santos se fizermos o que Jesus ensinou’ https://cutt.ly/UR99AQW

Daniel Gomes

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“O estado de São Paulo reconhece as atividades religiosas realizadas nos seus respectivos templos, e fora deles, como atividade essencial a ser mantida em tempos de crises oriundas de moléstias contagiosas, epidemias, pandemias ou catástrofes naturais.” Assim consta no artigo 1º da lei 17.434, promulgada na sexta-feira, 29 de outubro, pelo então presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o deputado Wellington Moura (PRB). A nova legislação é oriunda do projeto de lei (PL) 299/2020, de autoria dos deputados estaduais Gil Diniz (PSL) e Gilmaci Santos (Republicanos), que havia sido aprovado pelo plenário da Alesp em dezembro do ano passado, mas foi vetado no fim de fevereiro deste ano pelo governador João Doria (PSDB). No dia 26 de outubro, o plenário da Alesp derrubou o veto. “Na mensagem de veto, o governador alegava, em síntese, que o projeto de lei suprimiria do governador a margem de apreciação que lhe caberia na concretização dos objetivos impostos à administração e que a matéria seria de competência exclusiva dele. Por isso, não poderia ter iniciado pela Assembleia Legislativa. Na ocasião, a União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) destacou os problemas que poderiam surgir do veto e tentou atuar junto ao Governo do Estado para que o projeto fosse sancionado”, recordaram, ao O SÃO PAULO, os advogados Miguel da Costa Carvalho Vidi-

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Nova legislação estadual assegura que templos não sejam fechados por imposição de decretos

gal e José Tadeu de Barros Nóbrega, que integram a diretoria da Ujucasp. No começo de março, em um decreto estadual de conteúdo similar ao PL 299/2020, foi reconhecida a essencialidade das atividades das igrejas e seu funcionamento, mesmo em tempos de crises ocasionadas por moléstias contagiosas, epidemias, pandemias ou catástrofes naturais. “Porém, essa proteção de decreto é mais precária e, como se revelou, foi insuficiente, pois o próprio governador afastou essa garantia pouco tempo depois. Em vista disso, a Ujucasp trabalhou com os deputados estaduais para a derrubada do veto ao PL 299/2020”, detalharam Vidigal e Nóbrega.

Aplicação da lei

O efeito prático da nova legislação é impedir que templos sejam fechados ou a atividade religiosa cerceada em todo o estado de São Paulo durante a atual pandemia de COVID-19, ainda que haja o agravamento do número de casos, internações ou óbitos. “Essa lei diz que as Igrejas, os templos religiosos, são, sim, serviços essenciais no estado. A partir de agora, as igrejas, nossos templos, não poderão ser mais fechados, ainda que haja uma pandemia ou qualquer catástrofe”, enfatizou o deputado Gilmaci Santos em um vídeo após a Alesp derrubar o veto do governador. Ao discursar na Assembleia após a aprovação da lei, Gil Diniz lembrou que nesta pandemia todas as Igrejas “prestaram um serviço espiritual, como sempre fizeram, mas, principalmente, um serviço assistencial, chegando aonde o Estado brasileiro e o governo de São Paulo

não chegaram. Muito me honra ser o autor deste projeto. Essa derrubada de veto foi construída por várias mãos que hoje honraram o povo cristão no estado de São Paulo”. No parágrafo único do artigo 1º da lei 17.434 consta que para sua aplicação “devem ser observadas as recomendações expedidas pelo Ministério da Saúde”. Assim, a nova legislação não desobriga aqueles que participam de atividades religiosas de seguir os protocolos sanitários estabelecidos pelas autoridades de saúde. “Os protocolos sanitários, quando razoáveis, devem continuar a ser praticados. Não se trata de uma intervenção do Estado em matéria da Igreja, mas apenas de normas para a proteção da saúde. O melhor exemplo, de fora da pandemia, é a obrigatoriedade de extintores de incêndio nas igrejas; parece-nos bastante razoável. Porém, é bom frisarmos que os protocolos sanitários não podem impedir, inviabilizar ou modificar as normas da Igreja. No ano passado, houve um estado que tentou obrigar que as sagradas hóstias da Comunhão fossem pré-embaladas para serem distribuídas. Protocolos assim são inadmissíveis e não devem ser cumpridos pela Igreja”, enfatizaram Vidigal e Nóbrega.

Maiores garantias

Os diretores da Ujucasp também lembraram à reportagem que o que está disposto nessa lei não poderá ser suspenso por decreto por parte do governo estadual. “Os decretos só podem dar fiel execução à lei e são normas inferiores a esta. Por isso, se um decreto contrariar uma lei, a sua previsão deve ser afastada, pois esse decreto padece de vício de ilegalidade”, detalharam. Vidigal e Nóbrega explicaram, também, sobre o direito natural à prestação de culto, “que envolve a celebração das missas e dos sacramentos, que independe de qualquer previsão legal por escrito. Além disso, vige no País o princípio da

Metrô recebe exposição ‘Pessoas com Diferentes Sonhos’ https://cutt.ly/kR99JLC Internações de crianças e adolescentes por atropelamentos volta a subir em 2021 https://cutt.ly/vR999f8 Vatican Media

Francisco: os túmulos das vítimas de guerra clamam por paz https://cutt.ly/lR93tag

legalidade, pelo qual ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’. A criação, modificação e extinção de direitos dependem de lei em sentido estrito. E os decretos não são lei. Por isso, os decretos não podem impedir o exercício de direitos, muito menos dos direitos à religião”. Os advogados também destacaram que o ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição federal, tratados internacionais e a legislação interna brasileira protegem a liberdade religiosa, de modo que nenhum decreto teria poder de impedir a celebração de missas públicas ou de acesso aos sacramentos. “Nos últimos meses, a Ujucasp foi procurada por diversos fiéis para garantir o acesso ao sacramento da Extrema-unção – ou Unção dos Enfermos –, que, infelizmente, foi negado por alguns hospitais. Graças a Deus, até o momento, todas as intervenções da Ujucasp nesses casos foram bem-sucedidas. Se alguém tiver um problema com isso pode procurar um advogado ou a Ujucasp para orientações de como ter acesso ao sacramento”, ressaltaram os juristas.


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Mártir coreano é exemplo de fé e fidelidade à vocação Luciney Martins/O SÃO PAULO

Seminaristas da Arquidiocese peregrinaram à Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun e participaram de missa presidida por Dom Odilo Scherer Fernando Geronazzo

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Os seminaristas e formadores da Arquidiocese de São Paulo fizeram, na sexta-feira, 29 de outubro, uma peregrinação à igreja matriz da Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, por ocasião do jubileu de 200 anos de nascimento do seu santo padroeiro. Esse templo, inaugurado em 2004, é uma das igrejas designadas em todo o mundo para a peregrinação dos fiéis por meio das quais são concedidas indulgências plenárias durante o jubileu aberto em 29 de novembro de 2020 e que se estenderá até o próximo dia 21. A iniciativa da peregrinação dos seminaristas partiu do Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, como um convite aos futuros padres para conhecerem a vida e o testemunho de fé desse jovem sacerdote que foi morto no século XIX por aqueles que odiavam a fé cristã. “São Kim Degun fez a experiência forte do encontro com Jesus Cristo e passou por muitas perseguições por causa da fé cristã. Por isso, ele é, sem dúvida, um exemplo para nós, para os seminaristas e sacerdotes”, afirmou Dom Odilo, na homilia da missa por ele presidida na Paróquia.

Exemplo de perseverança

O Cardeal lembrou, ainda, que, ao contrário dos primeiros cristãos da Coreia e dos muitos fiéis em diversas partes do mundo, no Brasil os jovens vocacionados têm liberdade para praticar a fé e responder ao chamado de Deus. “Quanto São Kim lutou e se sacrificou para chegar à ordenação, quanto isso pode nos inspirar com seu exemplo de perseverança, de amor à vocação, de exemplo missionário”, completou.

Cardeal Scherer preside missa na Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun por ocasião da peregrinação dos seminaristas da Arquidiocese

Acompanhados de seus formadores, de Dom Odilo e de Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Referencial para as vocações e os seminários, os vocacionados foram acolhidos pelos membros da comunidade católica coreana, que tem como Pároco o Padre Pio Choi. O grupo visitou os locais da igreja dedicados ao bicentenário do padroeiro, como a imagem de São Kim Degun, suas relíquias e uma exposição organizada pela comunidade, que reúne reproduções de imagens que contam a história do Santo mártir e do catolicismo na Coreia.

Padroeiro

São Kim Degun, também conhecido como Santo André Kim Taegon, nasceu em 21 de agosto de 1821. Filho de uma família nobre coreana, converteu-se ao catolicismo e se dedicou à evangelização de sua pátria, onde o Cristianismo era duramente perseguido. Em 16 de setembro de 1846, Santo André e mais 102 católicos foram martirizados. O jovem padre tinha 25 anos de idade e um ano de sacerdócio. São João Paulo II os canonizou durante sua visita à Coreia do Sul, em 6 de maio de 1984, na comemoração dos 200 anos do catolicismo nesse país asiático. Mesmo em sua curta vida, São Kim Degun, além de ser o primeiro padre católico coreano, enfrentou a realidade da época, e se tornou pioneiro no anúncio da Boa-Nova. Padre Kim também foi um dos primeiros a estudar o conhecimento ocidental no exterior, foi o viajante a percorrer a mais longa distância do território de Chosun (atual Coreia), e foi o pioneiro a fazer a rota do Mar Ocidental, navegando da ilha de Yeonpyeong (Chosun) para Xangai, na China.

Catolicismo na Coreia é fruto da fé de leigos

Ao contrário de outros países asiáticos, o catolicismo não chegou à península da Coreia. No século XVI, alguns eruditos tiveram acesso a livros de missionários cristãos da China. A princípio, os coreanos desejavam conhecer o catolicismo como uma filosofia de vida, contudo, logo descobriram a fé e aderiram a ela como uma nova religião. Entre esses primeiros estudiosos, destaca-se Lee Seung-Hoon, que foi para Pequim com o desejo de praticar efetivamente o catolicismo. Lá, adotando o nome cristão de Pedro, foi batizado pelo missionário francês Padre Grammont, em 1784. Quando retornou à Coreia, fundou a primeira comunidade cristã em seu país. No entanto, a fé e o estilo de vida católicos entraram em conflito com as ideologias políticas, culturais e religiosas da Coreia em uma época em que predominava o confucionismo. Por esse motivo, a Igreja Católica coreana foi perseguida por mais de um século, tendo mais de 10 mil fiéis martirizados por não renegarem a fé recebida no Batismo, entre esses São Kim Degun e seus companheiros.

Indulgência

Todos os fiéis que peregrinarem à Igreja São Kim Degun durante o ano jubilar podem alcançar a indulgência plenária aplicável a si mesmos ou em sufrágio dos falecidos. A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja. Para receber a indulgência plenária nesse jubileu, além de peregrinar até a igreja jubilar, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções

do Papa e fazer um ato de caridade. Também é prevista a oração diante de restos mortais ou da relíquia do Santo padroeiro, recitar o Pai-Nosso e o Credo e terminar a oração com súplicas à Bem-Aventurada Virgem Maria e São Kim Degun. Os idosos, doentes e aqueles que não podem sair de casa por razões graves também poderão obter a indulgência plenária, desde que manifestem o arrependimento dos seus pecados, tenham a intenção de cumprir o mais brevemente possível as três condições habituais e, diante de uma imagem de São Kim Degun, unir-se espiritualmente à solenidade do jubileu e oferecer a oração, os sofrimentos ou dificuldades da própria vida a Deus misericordioso.

Atividades

Inês Ahn, secretária-executiva do conselho pastoral da Paróquia Pessoal Coreana, explicou ao O SÃO PAULO que, apesar da pandemia, a comunidade se envolveu bastante nas iniciativas do jubileu. Foram muitas as visitas guiadas com grupos de peregrinos: “Promovemos várias atividades voltadas à nossa colônia, como uma série de podcasts nos quais os padres compartilharam informações sobre São Kim Degun, palestras, depoimentos e encontros formativos destinados à conscientização da comunidade, sobretudo das novas gerações sobre a história do nosso padroeiro”. Também está sendo feita uma campanha para motivar os fiéis a oferecerem as indulgências recebidas na igreja aos fiéis falecidos. A meta é reunir 20 mil indulgências que são simbolizadas por pequenos origâmis em forma de pássaros, que são depositados em uma urna. Embora o encerramento do jubileu esteja previsto para o dia 21, no dia 5 de dezembro haverá uma missa presidida pelo Cardeal Scherer, na qual as comemorações serão oficialmente concluídas.


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Educação: Arquidiocese promove seminário de estudos sobre a CF 2022 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dom Carlos Lema Garcia (centro) e professores participantes de seminário de estudos sobre educação, tema da Campanha da Fraternidade de 2022, realizado no dia 27 de outubro

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo promoveu, no dia 27 de outubro, um seminário de estudos sobre a Campanha da Fraternidade (CF) 2022. O evento, realizado em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Instituto de Estudos Avançados (IEA) do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, aprofundou o tema da CF do próximo ano, “Fraternidade e Educação”. O seminário reuniu no Teatro Tuca, em Perdizes, e virtualmente, pelas mídias digitais, educadores e gestores de instituições de ensino católicas e não confessionais, públicas e privadas da região metropolitana de São Paulo. A primeira parte do evento detinou-se à apresentação de uma síntese do texto-base da CF 2022, que foi feita por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade. Ele ressaltou que

o subsídio produzido por uma comissão da CNBB tem como base os documentos e propostas mais recentes do magistério do Papa Francisco, como o Pacto Educativo Global, lançado em 2019, e a encíclica Fratelli tutti, publicada em 2020. Há, ainda, referências do documento da Congregação para a Educação Católica intitulado “Educar ao Humanismo Solidário”, de 2017.

Objetivos

A CF 2022 tem como objetivo geral promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Já os sete objetivos específicos são analisar o contexto da educação na cultura atual e seus desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação “humanizadora” na perspectiva do Reino de Deus. A campanha também visa a refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum. De igual modo, a CF pretende estimular a organização do serviço pastoral

nas escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, em especial, das instituições católicas de ensino; promover “uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres”.

Lições da pandemia

Ao abordar o impacto da pandemia de COVID-19 na educação, o texto-base enfatiza as consequências do confinamento para os estudantes, não só em relação ao seu desempenho acadêmico e impactos psicológicos, como também ao evidenciar as desigualdades existentes para o acesso às aulas remotas, tanto por parte de alunos quanto de professores. Ao mesmo tempo, a pandemia estimulou o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias educacionais com as aulas on-line e o crescimento da educação a distância (EaD).

Horizontes da educação cristã

O texto-base também recorda que toda proposta educativa traz, de forma subjacente, uma concepção do ser humano, da cultura, da sociedade e da história, ou seja, “a cada pedagogia corresponde uma antropologia”. Nesse sentido, o documento sublinha que a educação que parte de uma antropologia cristã também considera o fim último da pessoa: conhecer e amar

a Deus no tempo e na eternidade, e os irmãos por meio da fraternidade. “A educação não é só integral no sentido temporal, mas eterno. Ela deve conduzir a pessoa a desenvolver suas capacidades em vista do amor a Deus e ao próximo (Mt 22,37-39), sem descuidar da promoção da vida e da dignidade humana, no horizonte da salvação”, diz o texto. “Se as nossas escolas somente formam a cabeça dos alunos, não estamos cumprindo plenamente a nossa missão. Temos que formar a pessoa como bons cidadãos, mas também como bons cristãos, filhos de Deus, candidatos à felicidade eterna”, salientou Dom Carlos.

Parcerias e formação de docentes

Ao tratar da cultura do encontro, o texto-base sublinha o papel da Pastoral da Educação nas dioceses, chamadas a voltar seu olhar para a educação pública. “Atenção, sensibilidade e apoio serão fundamentais, se quisermos ser presença apostólica neste vasto campo, de mais de 42 milhões de estudantes em escolas de educação básica e nas universidades.


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Para especialistas, participação da família é essencial no processo educativo

É necessário apoiar e promover a Pastoral da Educação”, destaca o documento. Sobre esse aspecto, Dom Carlos partiu da expressão “Igreja em saída”, bastante repetida pelo Papa Francisco, para falar da necessidade de haver a “escola em saída”, isto é, que as instituições de ensino católicas vão ao encontro das escolas públicas para firmar parcerias, apoios. Sobre a formação dos profissionais da educação, o subsídio da CF 2022 incentiva a criação de parcerias com as instituições de ensino superior que possuem cursos de licenciatura e formação de professores para a inclusão de projetos de extensão para professores. O texto também motiva o apoio à formação continuada dos educadores a partir das propostas do Pacto Educativo Global, envolvendo as secretarias municipais e estaduais da Educação, redes de educação confessional e movimentos de educação comunitária, entre outras iniciativas.

O primeiro painel do Seminário de Estudos sobre a Campanha da Fraternidade 2022 refletiu sobre os entraves para o desenvolvimento da educação brasileira, o ritmo da alfabetização e o nível de aprendizagem, experiências nacionais e internacionais de métodos pedagógicos com resultados expressivos e a formação continuada dos professores. Esses temas foram debatidos por Ilona Becskeházy, doutora em Educação pela USP, que atua na implementação de políticas educacionais comparadas; Pedro Caldeira, doutor em Gestão da Informação, atualmente professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro; e Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo, pesquisador e coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

Ensino Religioso

Sobre o Ensino Religioso nas escolas, o texto-base recorda que esse tema é contemplado no artigo 210 da Constituição federal e é um componente da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ensino fundamental. O subsídio ainda menciona a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que diz: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. O texto-base também ressalta que o Acordo Brasil-Santa Sé assegura o Ensino Religioso Católico e de outras confissões religiosas, portanto, podendo haver um modelo “não confessional” e outro confessional, “este segundo os referenciais teológicos da sua tradição religiosa, assegurando a liberdade religiosa”. Por fim, Dom Carlos Lema salientou que todos os entes da sociedade têm uma parcela de responsabilidade na promoção da educação. “Sabemos que os países que se desenvolveram mais rapidamente nos últimos 20 anos foram aqueles que investiram na educação. Essa é a proposta que a Campanha da Fraternidade 2022 nos faz, para olharmos para a educação”, concluiu.

Gestão de recursos escassos

Divulgação

Francisco Borba destacou que, nos últimos 50 anos, a educação no Brasil enfrentou desafios para a universalização do acesso à escola, seguido dos esforços para que os estudantes concluam os estudos, levando em conta que a evasão escolar ainda é um problema grave no País. Considerando que educação implica o investimento de recursos, o aumento de alunos nas instituições levou à busca de soluções inadequadas que resultaram em uma má qualidade do ensino, que acabou se tornando o padrão educacional brasileiro. “Portanto, não é apenas um problema financeiro, mas de má gestão de recursos escassos”, afirmou. O sociólogo reconheceu que existem muitas experiências bem-sucedidas na educação brasileira que, contudo, raramente se tornam políticas públicas de Estado. Borba acrescentou que, quando tais experiências são analisadas, é identificada a atuação fundamental de um sujeito educador que faz a diferença na escola. “Pode ser um gestor, um grupo de professores, uma organização não governamental que começou a apoiar a escola, uma associação de pais e mestres. Sempre existe, porém, um sujeito que nada contra a corrente e faz com que aquela escola seja diferente”, afirmou o sociólogo, acrescentando que, em geral, são identificados passos importantes para o sucesso das iniciativas: um diagnóstico adequado da realidade, em influências ideológicas; a formação de uma comunidade de aprendizado, que se organize em torno de um ideal, tendo respostas criativas para os desafios.

Caso de Sobral

Um desses exemplos bem-sucedidos é o do município de Sobral (CE), que apresenta os melhores indicadores educacionais do Brasil. Esse foi o objeto de pesquisa do doutorado da professora Ilona, que, posteriormente, coordenou a versão final do currículo de Matemática e Língua Portuguesa desse município, no qual, desde o ano 2000, todas as crianças são alfabetizadas. A professora ressaltou que o primeiro fator para o sucesso da iniciativa naquela cidade foi uma decisão política da autoridade municipal que, após a avaliação de desempenho de seus estudantes, causou uma indignação moral que motivou uma ação concreta para a mudança. Depois, foi chamado um professor para implantar um programa de formação de docentes para a alfabetização baseada nas ciências cognitivas.

do na escola pública em que dirige em Diadema (SP), Edivan reforçou que a crise da educação no Brasil é conceitual e estrutural. No entanto, “se não houver a participação da família no processo educativo, não haverá aprendizagem que, na verdade, é o fim último da escola”. “E exigência intelectual deve andar com a exigência moral. Os pais e a escola devem ter clareza da importância dessa parceria”, disse o professor. “Para que uma criança chegue à escola apta para a aprendizagem, ela precisa ser estimulada nas suas principais potências: na afetividade, na vontade e na inteligência. Isso é função da família”, completou Simone, acrescentando o quanto o trabalho na formação das virtudes impacta a aprendizagem de uma criança, comparando-a à “preparação de um terreno para que dê bons frutos”.

Metodologias

Amor pela educação

Ao refletir sobre os motivos de as crianças não aprenderem, mesmo frequentando as escolas, o professor luso-brasileiro Pedro Caldeira afirmou que é fundamental fazer uma distinção clara entre o conhecimento biologicamente primário e o conhecimento biologicamente secundário. Ele deu como exemplo o fato de que para aprender a andar, falar ou comer, uma criança não precisa de uma metodologia de ensino. Porém, para aprender a ler e escrever, sim, por meio das ciências pedagógicas com suas metodologias próprias. “A aprendizagem da leitura precisa de ensino direto e explícito. A da escrita também precisa ser sistematizada em metodologias de ensino na sala de aula”, destacou o educador, acrescentando que não conhecer bem a própria língua é “uma forma de impedir que o sujeito consiga desenvolver melhores raciocínios e pensar melhor a realidade com a qual se depara”.

Papel da família

O segundo painel tratou do papel da família e a participação da comunidade no processo educacional. Esse tema foi abordado pelos professores Edivan Mota, pedagogo e filósofo especialista em Ética, Valores e Cidadania na Escola pela USP; Cecília Canalle, doutora em Metodologia e Linguagem pela USP; e Simone Fuzaro, fonoaudióloga, mestre em Educação pela PUC-SP e orientadora familiar. Criador e gestor do Programa de Educação da Família, implanta-

A professora Cecília partiu de sua experiência de mais de 40 anos de docência para falar que o ato de educar deve ser movido por uma “paixão”, isto é, um sentido profundo e amor pela vocação de ensinar. Destacando o âmbito da educação cristã, a educadora frisou que essa não é possível se não for fruto de uma experiência autêntica e profunda com Jesus. Para isso, é fundamental a comunidade que ajuda a identificar os sinais palpáveis de Cristo nas coisas mais corriqueiras da vida, inclusive no processo de ajudar as crianças e adolescentes a aprender. Sobre esse aspecto, Dom Carlos Lema reforçou que seja transmitida aos professores a necessidade de tomarem consciência do seu trabalho como uma verdadeira vocação. “Na educação, trabalhamos com o material mais valioso que existe, as pessoas. É ajudar a construir sua personalidade e conduzi-las no caminho da vida”, concluiu. O presidente da Associação Nacional de Educação Católica (Anec), Padre João Batista Gomes de Lima, elogiou a iniciativa pela profundidade das reflexões que ajudam a introduzir os vários aspectos propostos pela CF 2022 com objetividade. “Nós vivemos um momento especial na busca por melhorar a qualidade do ensino em nossas escolas, atentos a uma formação voltada para a autonomia e baseada nos valores fundamentais. Essa é a missão e o compromisso das escolas católicas”, afirmou. (FG)


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Paróquia São Judas Tadeu é criada no bairro Sol Nascente Missa em que foi instituída a paróquia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na festa litúrgica de São Simão e São Judas Tadeu, em 28 de outubro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, erigiu a nova Paróquia São Judas Tadeu, no bairro Sol Nascente, Setor Perus da Região Episcopal Brasilândia. Esta é a 307ª paróquia da Arquidiocese de São Paulo, criada a partir do desmembramento de algumas comunidades da Paróquia Cristo Rei, no Jardim Britânia, na zona Noroeste da capital. Além da igreja matriz, a São Judas Tadeu tem quatro comunidades: Santo Agostinho, Nossa Senhora Aparecida, Sagrada Família e São Francisco de Assis. O decreto de criação, assinado pelo Arcebispo, estabelece que, além de fazer divisa com a paróquia de origem, seu território tem como limites a Paróquia São José, no Jardim Russo; a Paróquia Nossa Senhora da Paz, no Jardim Santa Lucrécia; a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Jaraguá; a Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Jardim Anhanguera; e a Diocese de Bragança Paulista (SP). Entre os concelebrantes da missa estiveram Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e sacerdotes que atuam em paróquias vizinhas. Durante a celebração, Dom Odilo também deu posse ao primeiro Pároco, Padre Aidan Fallon, missionário irlandês da Congregação de São Patrício, que atua na Região Brasilândia há 16 anos.

Povo unido

A vida de fé da comunidade começou em 1996. O primeiro grupo reuniu sete pessoas para rezar o Terço e meditar a Pala-

vra de Deus, e os encontros aconteciam nas garagens emprestadas pelos moradores do bairro Sol Nascente. Maria de Fátima Moura Batista, 63, é uma das que já ajudaram a escrever essa história, pois emprestou a garagem de sua casa para as celebrações e orações, quando a comunidade ainda não tinha sede própria. Ela relatou ao O SÃO PAULO que o povo sempre foi unido e que não demorou muito para as garagens não serem mais suficientes diante da crescente participação das pessoas. Assim, as celebrações passaram a ser feitas na rua. Com a mobilização dos moradores do bairro, iniciou-se a organização pastoral e a busca por recursos para que a atual matriz fosse construída.

de 2006, por meio de doações, são distribuídas, em média, 900 refeições por mês para as pessoas em situação de rua e em extrema vulnerabilidade. A encenação da via-sacra pelos jovens, a “missa sertaneja”, a evangelização porta a porta são características dessa comunidade eclesial. Padre Aidan chegou ao bairro Sol Nascente em 2005 e acompanhou o crescimento populacional e a caminhada de fé dos fiéis. “Estamos imersos em uma realidade de periferia, de pessoas sedentas da Palavra de Deus”, disse, destacando que a nova Paróquia está imbuída no constante apelo do Papa Francisco de ser uma Igreja em saída: “Ir ao encontro dos irmãos é uma característica deste povo que ouve e põe em prática o Evangelho

Ao se dirigir aos fiéis da Paróquia São Judas Tadeu, o Cardeal Scherer ressaltou que “cada paróquia é uma comunidade que expressa a presença de Deus e o testemunho do Evangelho na cidade”. Ressaltou, ainda, as grandes missões de uma paróquia: anunciar a Palavra, ser sinal do Reino de Deus, a santificar o povo e promover a caridade. “A paróquia é o lugar onde a Igreja manifesta a presença de Jesus Cristo e age na realidade concreta das pessoas”, disse. O Cardeal lembrou, também, que a ereção de uma nova paróquia é sinal de que a vida da Igreja continua caminhando, evoluindo sempre em busca de estar presente com o povo, seja nos grandes Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Odilo Pedro Scherer entrega a chave da igreja matriz da Paróquia São Judas Tadeu ao Padre Aidan Fallon, primeiro Pároco, dia 28

“Cada tijolo, cada detalhe desta igreja tem a colaboração das pessoas, seja na doação dos tijolos e materiais de construção, seja na doação do tempo e mão de obra”, contou, recordando os muitos eventos beneficentes em prol da construção. Primeiramente, foi erguido um ambiente para as missas, depois o salão de eventos e uma cozinha semi-industrial. Finalmente, em 2017, começou o processo de criação da Paróquia.

Testemunhas da fé

A nova paróquia possui pastorais organizadas, como Catequese, Liturgia, Batismo, Juventude, do Canto, da Criança, Infância e Adolescência Missionária, Dízimo, entre outras. A Pastoral da Rua é responsável pela evangelização e visita às famílias vulneráveis, identificando as necessidades materiais e espirituais. Des-

– ‘Ide e anunciai’ –, saindo das estruturas físicas do templo e indo ao encontro dos irmãos nas ruas ou em suas casas”, afirmou. “Somos uma Igreja viva na periferia e, apesar dos impactos da COVID-19, e dos tantos desafios enfrentados, a fé e a caridade são características deste povo”, destacou Padre Aidan.

Comunidade de missionários

Na homilia, o Arcebispo recordou que a paróquia é, acima de tudo, “uma comunidade de pessoas, comunidade de discípulos missionários de Jesus. Lugar de ressoar a Palavra de Deus com abundância, uma comunidade orante”. Assim, conforme explicou, a paróquia não se limita ao templo, mas envolve todos no território em que a igreja está inserida.

centros ou nas periferias, seja para edificar o Reino no anúncio do Evangelho. Por fim, convidou os paroquianos a serem “presença da Igreja, vivendo e testemunhando o Evangelho e Jesus Cristo na construção de uma Igreja em saída, a serviço dos irmãos”.

Padroeiro

A proposta de nomear a Paróquia como São Judas Tadeu surgiu a partir da grande devoção ao Santo. Willams Fernandes da Silva, 49, mais conhecido como Mad, disse que há “uma identificação dos fiéis com a vida do padroeiro que dedicou sua vida no anúncio do Evangelho, na fidelidade, testemunhando ao mundo a Palavra de Deus”, recordou o ministro extraordinário da Palavra e coordenador do conselho paroquial.


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O que é uma paróquia? Luciney Martins/O SÃO PAULO

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O Código de Direito Canônico, que reúne as leis que regem a Igreja Católica, define como paróquia “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular [diocese ou arquidiocese], e seu cuidado é confiado ao pároco, como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”. Portanto, a paróquia não se limita ao templo, que é a matriz ou sede paroquial, mas ao território no qual a Igreja está inserida. Esse termo se origina no verbo grego paroikêin, que, entre vários significados, indica “viver junto a” ou “habitar nas proximidades”. Pode, também, indicar a situação de alguém que não tem residência fixa, um “estrangeiro” ou “peregrino”, de outras terras, que fixa sua morada em um determinado lugar. Já a palavra paroikía pode ser traduzida por “morada em terra estrangeira”, e aparece algumas vezes tanto no Antigo quanto no Novo Testamento para se referir à morada do povo de Deus, peregrino neste mundo, porém, fixado em um determinado lugar e contexto histórico.

Casa dos cristãos

Nos textos bíblicos do apóstolo São Paulo é possível verificar o que pode ser considerada inspiração das primeiras paróquias, quando ele se refere à constituição de pequenas comunidades como Igrejas domésticas, identificadas simplesmente com o termo “casa” ou “domus ecclesiae”. À medida que mais cristãos aderiam à fé e, consequentemente, as comunidades cresciam, novas casas surgiam e, aos poucos, formava-se uma rede de comunidades, as quais, juntas, constituíam a Igreja na cidade, como, por exemplo, “a Igreja de Deus que está em Roma”, como se referiu São Paulo na Carta aos Romanos. A partir do século IV, surgem, nas maiores cidades, comunidades eclesiais urbanas com mais autonomia. A paróquia acompanhou as transformações da organização da sociedade em cada época, passando pelo feudalismo, burguesia e o surgimento das metrópoles.

Como nasce uma paróquia?

Uma vez que a paróquia é uma comunidade de fiéis em uma determinada localidade, é necessário, antes de tudo, que haja a presença de um grupo de cristãos vivendo estavelmente nesse lugar. Compete apenas ao bispo diocesano o ato de criar, suprimir ou modificar uma paróquia. Para isso, deve haver uma necessidade pastoral, como, por exemplo, quando o atendimento sacramental e pastoral dos fiéis é dificultado pelas distâncias ou pelo crescimento populacional de um território. Entre os fatores que podem indicar a necessidade de uma nova paróquia está o surgimento de um bairro, sobretudo em regiões periféricas, em áreas de expansão ou revitalização urbana que geram uma concentração de habitantes.

A paróquia não se limita a um templo, que é sua igreja matriz; trata-se, sim, de uma comunidade de fiéis em uma determinada localidade

Há situações em que, antes da criação de uma paróquia, é instituída uma área pastoral ou uma pró-paróquia ainda vinculada ao território paroquial de origem. A partir daí, percebem-se as características do povo, suas necessidades espirituais e, principalmente, o que precisa ser feito para que seja criada uma paróquia naquele lugar.

desde a sua origem, a paróquia se coloca como resposta a uma exigência precisa: “Aproximar do Evangelho o povo por meio do anúncio da fé e da celebração dos sacramentos”. O documento ressalta, ainda, como uma característica da paróquia “o seu radicar-se ali onde cada um vive cotidianamente”. Nesse sentido, o documento reforça que o princípio territorial per-

manece plenamente vigente, sobretudo do ponto de vista canônico. “Porém, especialmente hoje, o território não é mais apenas um espaço geográfico delimitado, mas o contexto em que cada um exprime a própria vida feita de relações, de serviço recíproco e de tradições antigas. É neste ‘território existencial’ que se encontra todo o desafio da Igreja no meio da comunidade”, observa o texto.

Condições e estrutura

É importante que a comunidade apta a se tornar uma paróquia tenha uma organização pastoral desenvolvida o suficiente para garantir sua ação evangelizadora. Para isso, é preciso que haja, pelo menos as pastorais essenciais, como Catequese para os sacramentos, liturgia, dízimo, serviço da caridade etc. É necessário, ainda, que a diocese tenha condições de enviar ao menos um sacerdote para pastorear os fiéis. Além das necessidades pastorais e evangelizadoras, requer-se uma mínima infraestrutura, como uma igreja que possa ser a matriz paroquial, mesmo que provisoriamente, com condições mínimas de acolher os fiéis para celebrações; espaços para atendimentos ao público, para reuniões e atividades pastorais; uma residência para o sacerdote; e condições materiais e financeiras para manter sua infraestrutura, atividades e ministros. Esses critérios podem variar de acordo com a diocese, circunstâncias e realidades locais.

Território existencial

A instrução pastoral “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja”, publicada em julho de 2020 pela Congregação para o Clero, com aprovação do Papa Francisco, sublinha que,

Reprodução


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Vítimas da COVID-19 são recordadas em missa no maior cemitério da América Latina Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

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Na terça-feira, 2, data da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em diversos cemitérios da capital paulista aconteceram celebrações em sufrágio das almas dos falecidos. No Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, a última das seis missas foi presidida às 16h por Dom Luiz Carlos Dias, Bispo nomeado para São Carlos (SP), até o momento Vigário Episcopal para a Região Belém. Essa Eucaristia foi oferecida, sobretudo, pelas mais de 600 mil vítimas da pandemia de COVID-19. Diante do presbitério montado para a ocasião em um dos estacionamentos do cemitério, foram afixados cartazes com nomes dos falecidos que pertenciam às paróquias e comunidades dessa região episcopal.

Dor e esperança

Na homilia, Dom Luiz Carlos recordou que o Cemitério da Vila Formosa se tornou cenário e símbolo de tristeza com a repercussão das imagens das centenas de covas abertas para atender ao grande fluxo de sepultamentos de vítimas do novo coronavírus. “No entanto, estamos aqui para celebrar a esperança, para testemunhar que a vida venceu a morte. São inúmeros irmãos e irmãs que tiveram suas vidas ceifadas por esta pandemia e pelas quais oferecemos os efeitos do sacrifício redentor de Cristo celebrado na Eucaristia”, afirmou o Bispo. Dom Luiz Carlos acrescentou que, nessa data, os católicos novamente são

Dom Luiz Carlos Dias preside missa no Cemitério da Vila Formosa, na zona Leste, no dia 2; menção especial é feita às vítimas da COVID-19

chamados a contemplar o mistério pascal de Jesus Cristo, com sua Paixão, Morte e Ressurreição. Por sua cruz, Jesus entra na morte para pôr fim à morte, “porque ressuscitou e garantiu para nós a vida para sempre. Cada um de nós precisa levar no coração essa certeza”, enfatizou.

“Vivemos tempos difíceis com os impactos econômicos, sociais e psicológicos desta pandemia. É urgente e necessário que a Igreja seja testemunha da vida eterna, de que em Jesus Cristo temos a vida para sempre”, completou Dom Luiz Carlos.

Comunhão dos santos

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, cerca de 100 mil pessoas visitaram os 22 cemitérios municipais da capital paulista neste feriado. Isso representa um aumento de 20% em relação ao ano passado. Isso se deve, em parte, à flexibilização das restrições sanitárias após o avanço da vacinação da população e a diminuição de casos de COVID-19. Mesmo assim, permaneceram o uso obrigatório de máscaras e a higienização das mãos. Nas entradas, havia medição

Ainda sobre o mistério pascal, o Bispo lembrou que, ao rezarem pelos falecidos, os católicos professam a fé no mistério da comunhão dos santos, que une a Igreja militante, daqueles que peregrinam na terra, com a Igreja padecente, daqueles que morreram na amizade de Deus e vivem o estado de purificação do purgatório, e a Igreja triunfante, dos inúmeros fiéis que contemplam a face de Deus na santidade do céu.

Movimento

de temperatura. As cerimônias religiosas foram autorizadas com a recomendação de serem realizadas em locais abertos.

Indulgências

Assim como no ano passado, a Santa Sé estendeu para todo o mês de novembro a possibilidade de obter indulgências plenárias concedidas no Dia de Finados. Portanto, os fiéis que visitarem algum cemitério até o dia 30 e cumprirem as condições necessárias (oração pelos fiéis defuntos, confissão, comunhão e oração pelas intenções do Santo Padre), obterão a indulgência, que é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto, alcança por meio da Igreja, em favor das pessoas já falecidas ou para si.

CELEBRAÇÕES EM OUTROS CEMITÉRIOS Algumas paróquias da Arquidiocese organizaram missas em cemitérios da cidade, na terça-feira, 2, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos Pascom da Paróquia Santos Apóstolos

Bianca Araújo

Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Luz

CACHOEIRINHA No Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, houve missa presidida pelo Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, Vigário da Paróquia Santos Apóstolos, da Região Brasilândia, assistido pelo Diácono Permanente Franco Abelardo, da Paróquia Rainha Santa Izabel, da Região Santana. O Sacerdote recordou que aquele dia era de celebração da vida e não da morte: “A morte não é o fim, ela é o caminho que se abre para irmos juntos ao Reino dos céus”. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

CINERÁRIO NOSSA SENHORA DA DEFESA

TREMEMBÉ Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa das 10h no Cemitério do Tremembé. A organização da celebração esteve a cargo da Paróquia Santo Antônio, na Vila (por Bianca Araújo) Mazzei, Setor Jaçanã.

Às 18h, a celebração eucarística no Cinerário Nossa Senhora da Defesa, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Luz, Setor Tucuruvi da Região Santana, foi presidida por Dom Jorge Pierozan e concelebrada pelo Padre Valdevir Cortezi, assistidos pelo Diácono Permanente Márcio José Ribeiro. (por Pascom Nossa Senhora da Luz)


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Reportagem | 17

Fernando Arthur

Ruy Halasz

IV PARADA Pela manhã do dia 2, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém e nomeado pelo Papa Francisco como Bispo de São Carlos (SP), presidiu missas nos cemitérios da Vila Alpina e da IV Parada (foto). Na homilia que proferiu neste último, o Bispo falou sobre a fé na ressurreição, como dito no Evangelho, e lembrou que, assim como Marta, todos devem crer em Jesus Cristo e no seu poder salvador. Ao término da celebração, ele exortou os fiéis a sempre recordarem seus (por Fernando Arthur) entes queridos e por eles rezarem.

VILA MARIANA No Cemitério da Vila Mariana, a missa aconteceu às 10h, presidida pelo Padre Geraldo Pedro dos Santos, Administrador Paroquial da Paróquia São Joaquim e Nossa Senhora da Glória e Pároco da Paróquia Santo Eduardo. (por Ruy Halasz) Daniel Gonçalves

Mila e Pedro Silva

GETHSÊMANI ANHANGUERA

DOM BOSCO (PERUS) Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus. “Só quem tem fé e confiança segura na mão de Deus, porque sabe que Ele não nos abandona”, disse o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, após ouvir o relato de um fiel que, mesmo diante do falecimento do pai e da irmã, mantém vivas a fé e a felicidade. Os mais de 600 mil mortos em decorrência da COVID-19 foram lembrados em oração, em especial os mais de 2 mil enterrados naquele cemitério. Foram recordados, ainda, os falecidos enterrados nas valas comuns, vítimas da ditadura militar, bem como as pessoas em situação de rua falecidas e os sepultados como indigentes. “Temos essa certeza de que a vida é passageira e de que temos que vivê-la com maior intensidade, pois o dom da vida que Deus nos deu foi (por Pedro Silva) para sermos felizes”, reforçou o Bispo.

Duas missas ocorreram pela manhã no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, mantido pela Arquidiocese de São Paulo, presididas pelos Padres João Henrique Novo do Prado e Orisvaldo Carvalho, respectivamente Vigário e Administrador Paroquial da Paróquia Cristo Rei, Setor (por Daniel Gonçalves) Perus da Região Brasilândia. Benigno Naveira

Mauro César Leite

LAPA

FREGUESIA DO Ó No Cemitério da Freguesia do Ó, a missa foi presidida pelo Padre Márcio Campos, Pároco na Paróquia São José, na Vila Palmeira, Região Brasilândia. Na homilia, ele falou sobre a dor do luto e da separação. Também refletiu sobre a passagem do Evangelho do dia, em que Jesus conversa com Marta, que estava triste pela morte de seu irmão, Lázaro, e ela se mostra (por Mauro César Leite) confiante de que Cristo é a ressurreição e a vida.

Cinco missas aconteceram na Capela do Cemitério Municipal da Lapa, sendo a das 12h presidida por Dom José Benedito Cardoso, assistido pelo Diácono Antônio Geraldo de Souza. No início da missa, Dom José falou que a morte sempre é um mistério, por maior que seja a fé de uma pessoa. Ele pediu um minuto de silêncio em memória das pessoas já falecidas, especialmente pelas vitimadas pela COVID-19, aquelas sepultadas naquele cemitério e as demais que cada fiel trazia no coração. “Vamos confiá-las a Deus e vamos entregá-las na mão do Pai”, disse o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Participou da celebração Edenilson Sales, administrador do cemitério, responsável pelas obras de reforma do cemitério e pela instalação elétrica na Capela. (por Benigno Naveira)


18 | Pelo Brasil | 4 a 9 de novembro de 2021 |

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Arquidiocese de Olinda e Recife relançará o XVIII Congresso Eucarístico Nacional REDAÇÃO

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No próximo dia 14, a Arquidiocese de Olinda e Recife promove a celebração de relançamento do XVIII Congresso Eucarístico Nacional, que terá como sede as cidades de Recife e Olinda, em 2022. Na ocasião, às 16h, uma missa, com transmissão pela TV Evangelizar, será presidida pelo Cardeal Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, tendo entre os concelebrantes Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife. Nessa data também haverá a divulgação das novidades do Congresso, como os novos locais de alguns eventos,

assim como a bênção do casarão que funcionará como Casa do Pão – legado do Congresso de 2022 que prestará à população carente serviços psicológicos, jurídicos, de saúde e de qualificação profissional. “A fome não espera. Temos um ano pela frente para entregar a Casa do Pão oficial, em 2022, que ficará como legado do Congresso, mas realizar essa ação, partilhando o pão agora, vai nos impulsionar e encorajar, abençoando nossos esforços pelo Congresso”, disse Dom Fernando Saburido. Após dois adiamentos, o XVIII Congresso Eucarístico Nacional, que estava previsto inicialmente para os dias 12

a 15 de novembro de 2020, vai ser celebrado nos dias 11 a 15 de novembro de 2022, com o tema “Pão em todas as mesas” e o lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles (cf. At 2,45-47). Os congressos eucarísticos são realizados pela Igreja Católica em todo o mundo, e visam a professar e dar testemunho público da fé em Jesus Cristo, na Sagrada Eucaristia, para adorar o Senhor em Espírito e Verdade (cf. Jo 4,23). A última edição do Congresso Eucarístico Nacional aconteceu em 2016 na cidade de Belém (PA).

Desde 2016, o Regional Sul 1 da CNBB decidiu ajudar com recursos humanos e materiais a Diocese de Pemba, em Moçambique, no continente africano. “No compromisso missionário está a entrega total de estar ao lado do povo sofrido! Agradecemos a colaboração do Regional Sul 1 em nosso território diocesano. Diante da falta de segurança, social e econômica, temos em Deus a única certeza”, afirmou Dom António Juliasse Ferreira Sandramo, Administrador Apostólico da Diocese de Pemba, que, on-line, falou aos participantes da AIP. Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP) e Presidente do Regional Sul 1, finalizou o encontro agradecendo a todos as reflexões ao longo da assembleia on-line.

O número de casos de câncer de próstata no Brasil deve superar os 65,8 mil em 2021, que o faz o de maior incidência entre os homens, superando os registros de câncer de pulmão, colorretal, estômago e cavidade oral, que totalizarão, somados, cerca de 62,8 mil novas ocorrências em pacientes do sexo masculino. Descoberto no início de seu desenvolvimento, o câncer de próstata tem quase 100% de chance de cura. Com doença na fase metastática, ou seja, já avançada, apenas 30,5% dos pacientes permanecem vivos cinco anos após o tratamento, segundo um levantamento do National Cancer Institute, dos Estados Unidos. No novembro azul, mês de conscientização mundial sobre o câncer de próstata, o objetivo é alertar para os hábitos de vida que ajudam a prevenir a doença, assim como falar sobre a importância do exame de sangue que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático (PSA) e o exame de toque retal, que permitem descobrir o câncer em fase mais inicial, reduzindo assim a mortalidade pela doença. A confirmação diagnóstica se dá por biópsia. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. O câncer de próstata é multifatorial, mas o envelhecimento, alimentação desequilibrada, alterações na glândula prostática e histórico familiar são alguns dos fatores que requerem maior atenção. De acordo com o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR), se o homem apresentar, por mais de duas semanas, os seguintes sintomas, é recomendável que procure uma avaliação médica: dor ou ardência ao urinar; dificuldade para urinar ou para conter a urina; fluxo de urina fraco ou interrompido; necessidade frequente ou urgente de urinar; dificuldade de esvaziar completamente a bexiga; sangue na urina ou no sêmen; e dor contínua na região lombar, pélvis, quadris ou coxas.

(Com informações do Padre Tiago Barbosa, Assessor Eclesiástico da Pascom no Regional Sul 1 da CNBB)

(Com informações de assessoria de imprensa do IUCR)

(Com informações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,)

Caminho sinodal é refletido na Assembleia das Igrejas Particulares de São Paulo No sábado, 30 de outubro, representantes das arquidioceses, dioceses, pastorais, movimentos e organismos da Igreja no estado de São Paulo estiveram reunidos, de forma on-line, para a realização da 42ª Assembleia das Igrejas Particulares (AIP), cuja reflexão central foi sobre a sinodalidade em meio à realidade social e eclesial. Inicialmente, houve um momento de reflexão sobre o contexto político, social e eclesial do País, a fim de que a atividade da Igreja seja exercida a partir da realidade das pessoas, tendo sempre o Evangelho como critério fundamental. “A Palavra de Deus e a Doutrina Social são pressupostos essenciais para defendermos a vida e a dignidade do nosso povo”, motivou o assessor político da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Paulo Renato Fernandes Gonçalves de Campos, do clero de São José dos Campos (SP). “A vida eclesial não pode escorregar para a polarização política! Para nós, o importante não é ser de direita ou de esquerda, mas ser fiéis ao Evangelho de Jesus Cristo, que nos pede para estarmos atentos e sensíveis a todos, sobretudo os mais pobres”, destacou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, após a análise de conjuntura e reflexão sobre a presença samaritana da Igreja na sociedade. Durante o encontro, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo também falou sobre as comemorações do centenário de nascimento do Cardeal Arns (1921-2016).

Um olhar para o documento de Aparecida

Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília (DF), assessorou a 42ª AIP. Ele discorreu sobre a V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Reprodução

-Americano e Caribenho, realizada em Aparecida (SP) em 2007. O Documento de Aparecida constata a realidade do ser humano em meio à crise de sentido enfrentada no cotidiano e propõe o discipulado com Jesus como expressão da missão da Igreja, povo de Deus, no mundo. “Não há amizade com Jesus sem a comunhão e a missão eclesial”, afirmou Dom Paulo Cezar, ao convocar os participantes à reflexão sobre a unidade evangelizadora por meio da conversão pastoral, “abandonando as estruturas que não favorecem a ação missionária”, disse.

Sinodalidade

Sobre a sinodalidade, a reflexão foi conduzida pelo Bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Carlos Cipollini, que discorreu sobre o tripé unidade, testemunho e missionariedade. “Só existe uma Igreja sinodal onde há comunhão e participação, base sólida da missão”, realçou. Diante da reflexão do Documento de Aparecida e das inúmeras menções ao Sínodo universal, a agente Mônica Lopes, da Pastoral Fé e Política do Regional, evidenciou o desejo dos leigos: “Queremos caminhar juntos na sinodalidade que o Papa Francisco nos propõe. Queremos

Novembro Azul: Um terço dos casos de câncer em homens é de próstata

que o nosso serviço à Igreja que amamos tanto seja reconhecido e valorizado, seja motivado e estimulado, porque tudo o que fazemos está diretamente vinculado ao Evangelho de Jesus Cristo, que nos ensina a não nos calar diante das injustiças sociais, das exclusões e das marginalizações”.

Decisão missionária


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Reportagem | 19

Reforma do Código Penal Canônico: justiça e pastoral em vista da salvação das almas Reprodução

Fernando Geronazzo

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A 18ª Semana de Direito Canônico, promovida pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo entre os dias 16 e 28 de outubro, aprofundou a recente reforma na legislação penal da Igreja, promulgada pelo Papa Francisco. Por meio da constituição apostólica Pascite gregem Dei, de 23 de maio de 2021, o Santo Padre reformou o Livro VI do Código de Direito Canônico (CDC), parte que trata dos delitos e sanções penais da Igreja. Tais mudanças entram em vigor em todo o mundo a partir do próximo dia 8 de dezembro. Realizada na modalidade on-line, a Semana de Direito Canônico contou com as conferências de Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil; Dom José Francisco Falcão de Barros, Bispo Auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil; Dom Juan Ignacio Arrieta Ochoa de Chinchetru, Secretário do Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos; Dom Sérgio de Deus Borges, Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR); e Padre Damián Guillermo Astigueta, professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

Reforma inédita

Dom José Francisco Falcão recordou que, desde a sua promulgação, em 1983, o CDC passou por modificações pontuais. No entanto, a recente reforma é, sem dúvida, a maior intervenção realizada, pois modifica profundamente a legislação penal canônica composta de 89 cânones, dos quais 63 foram modificados, nove foram mudados de posição e 17 permaneceram inalterados. “As modificações de redação do texto, que equivalem a 71% do Livro VI, evidenciam a convicção de que o Direito acompanha a vida da comunidade eclesial, que é dinâmica e inserida em um tecido social constantemente em mutação, apresentando novas realidades com novos desafios e não poucas questões, que reclamam um aggiornamento [atualização] consonante com a imutável finalidade última da Igreja, que é a salvação das almas”, afirmou.

Parâmetros eficazes

Para Dom Juan Ignacio Ar-

rieta, não é correto afirmar que as novas disposições penais pretendem representar algum tipo de “endurecimento” da disciplina penal, muito menos que visam a resolver o problema dos abusos contra menores: “O que se pretende, ao contrário, é possibilitar um uso pastoral normal dos meios de sanção que a Igreja sempre possuiu como instrumentos para conseguir seus fins espirituais, permitir que um sistema que não funcionava, agora funcione”. “O motivo principal da iniciativa dessa mudança foi a constatação do escasso emprego da disciplina penal por parte de quem devia aplicá-la, o que, finalmente, estava provocando uma forte centralização dessa disciplina nas mãos da Santa Sé, por meios excepcionais, não pelas vias ordinárias previstas no Código”, acrescentou o Secretário para os Textos Legislativos. Dom Juan Ignacio ressaltou que a nova disciplina penal indica aos pastores quais são os parâmetros e pontos de referência a partir dos quais devem tomar determinadas decisões. “Ao perfilar os casos penais individuais, os cânones indicam para cada delito o tipo de pena que o juiz deverá aplicar e graduar com critérios de proporcionalidade”, frisou.

Pastoral e justiça

Dom Sérgio de Deus Borges refletiu sobre a relação entre pastoral e justiça no exercício do governo dos bispos. Para isso, partiu do primeiro cânon do Livro VI – 1311 –, que antes possuía apenas um parágrafo, mas agora, na versão reformada, foi incluído um segundo, que diz: “Quem preside na Igreja deve sal-

vaguardar e promover o bem da própria comunidade e de cada um dos fiéis com a caridade pastoral, o exemplo da vida, o conselho e a exortação e, se necessário, também com a imposição ou a declaração das penas de acordo com os preceitos da lei, que devem ser aplicados com equidade canônica e tendo presente a reintegração da justiça, a correção do réu e a reparação do escândalo”. O Bispo de Foz do Iguaçu explicou que, desde os primeiros séculos, ainda na era apostólica, “a Igreja nunca ficou indiferente ao pecado e sentiu a sua obrigação de se esforçar para destruí-lo por meio da pregação, do convite à reconciliação e do recurso das medidas disciplinares, encontrando já elementos que são suporte e fundamento do posterior processo penal da Igreja”. Citando um discurso de São João Paulo II aos membros do Tribunal da Rota Romana, em 1990, Dom Sérgio salientou que a dimensão jurídica e pastoral “estão inseparavelmente unidas na Igreja peregrina nesta terra”, pois, antes de tudo, existe “uma harmonia que deriva de comum finalidade: a salvação das almas”.

Conhecer

Padre Damián Astigueta enfatizou que “os juristas e pastores não podem deixar de conhecer o Livro VI o melhor possível, inclusive conhecer bem o que não é compreendido”, afirmou. Entre esses delitos estão os referentes a casos de abusos sexuais de menores, que deixaram de compor o rol das infrações contra os deveres especiais, restritos aos clérigos, e passaram a integrar os de-

litos contra a vida, a dignidade e a liberdade humana, nos quais já constavam os crimes de homicídio e aborto. O novo texto também tornou mais clara a tipificação dos delitos sexuais, especialmente os casos de abusos contra menores de idade, cometidos por clérigos, religiosos e qualquer fiel leigo que “goze de uma dignidade, exercite um ofício ou uma função na Igreja”. Ao se referir às mudanças nesse tema, Padre Damián explicou que “a Igreja não está fora da sociedade e reage com sua política criminal como faz um Estado a partir da consciência do dano de um delito”.

Prevenção

O Núncio Apostólico no Brasil salientou que, além da legislação penal, a Igreja, por meio de suas autoridades, deve empenhar-se na criação de mecanismos e práticas preventivas. “A prevenção do crime é uma atividade muito exigente, destinada a intervir nas causas de eventos desordenados e ilegais, para reduzir os riscos envolvidos e/ou a gravidade potencial de suas consequências”, afirmou. Dom Giambattista acrescentou que, assim como a inovação do CDC prevê a habilidade de agir eficazmente, “não menos habilidade e sagacidade são necessárias para uma estratégia preventiva eficaz, uma coordenação de ações que funcionam... Essa estratégia deve ser implementada com extrema urgência”, completou o Núncio. Para saber mais sobre a reforma da legislação penal da Igreja, acesse: https://tinyurl.com/ygxyj7al.


20 | Geral/Reportagem | 4 a 9 de novembro de 2021 |

Vestibular 2022: conheça o curso de Teologia da PUC-SP Redação

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Com mais de 70 anos de tradição, o curso de Teologia da PUC-SP é fundamentado em três elementos essenciais do catolicismo: as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja. “O curso de Teologia da PUC-SP além de oferecer um título universitário com duplo reconhecimento, o civil, do Ministério da Educação, e o eclesiástico, por intermédio da Congregação para a Educação Católica da Santa Sé, habilita o estudante a continuar no aprofundamento da ciência teológica, por meio de cursos de especialização, mestrado e doutorado. Buscamos alimentar e estimular em nosso corpo discente o compromisso de serviço nas causas do Reino de Deus, como a promoção da vida e da dignidade humana, o cuidado com a Casa Comum, a promoção da justiça e da paz, a centralidade dos pobres, uma Igreja em saída, solidária, missionária e misericordiosa”, afirma o Padre Boris Agustín Nef Ulloa, Diretor da Faculdade de Teologia. “O bacharel em Teologia pode atuar nos diversos campos de pastoral, evangelização e missão; no campo educativo, como professor universitário e de Ensino Religioso e áreas afins na formação religiosa de jovens, adolescentes e crianças; pode prestar concursos públicos que exijam um grau universitário completo, além de trabalhar em empresas que desenvolvam projetos sociais, de promoção humana e ambientais”, detalha Padre Boris. O corpo docente é altamente qualificado e formado, em sua maioria, por professores que possuem doutorado em Teologia e/ ou Filosofia. No curso, são exigidas 200 horas de estágio pastoral, que os alunos devem realizar na ação concreta em paróquias, comunidades, entidades, instituições, entre outros locais em que o trabalho pastoral se faz presente. Além disso, a Faculdade de Teologia possui grupos de pesquisa abertos aos estudantes de graduação. Outros detalhes sobre o curso e depoimentos de alunos e ex-alunos podem ser lidos no site da PUC-SP, por meio do link a seguir: https://cutt.ly/4RNTz8f.

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‘Dentistas do Bem’: a solidariedade que ajuda o sorriso das pessoas em situação de rua Arquivo pessoal

Projeto oferece atendimento odontológico gratuito no viaduto Pedroso, na Bela Vista Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Em uma sala embaixo do viaduto Pedroso, na Bela Vista, região central da capital paulista, começou a funcionar na sexta-feira, 29 de outubro, o projeto “Dentistas do Bem”, iniciativa liderada por Tatiana Barone, 41, tenente da Marinha do Brasil e cirurgiã-dentista. O consultório fica no espaço do Centro de Inclusão pela Arte, Cultura, Trabalho e Educação (Cisarte) e tem por objetivo proporcionar atendimento odontológico às pessoas em situação de rua, com os seguintes tratamentos: profilaxia, restaurações, limpeza, extrações, próteses e dentaduras. Além de Tatiana, uma equipe de dentistas voluntários oferece os atendimentos gratuitamente de terça a sexta-feira, das 9h às 17h.

Assegurar a dignidade humana

Tatiana começou os trabalhos sociais em 2017, com o projeto “Marmitas do Bem – Orar&Ação”. Sensibilizada com o drama da fome das pessoas em situação de rua, ela decidiu produzir em casa as marmitas e entregá-las pessoalmente, com a ajuda dos filhos, Leonardo, 16, e Julia Ramires Barone, 13, e amigos voluntários. A distribuição das marmitas acontece no estacionamento do Mosteiro da Luz, em parceria com o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS), às quintas-feiras, a partir das 18h30. Ao entregar as marmitas, Tatiana ouvia frequentes relatos de pessoas que sofriam com dor de dente, edentulismo (perda dos dentes), cáries, falta de higienização e dificuldade de mastigação. Diante disso, no começo deste ano, a cirurgiã-dentista reformou seu consultório particular e direcionou os equipamentos para um consultório social para o atendimento das pessoas em situação de rua, inaugurado no último dia 29. “O projeto nasceu de uma ideia pessoal, mas se tornou uma iniciativa coletiva”, recordou Tatiana, mencionando que terá a contribuição de dentistas voluntários que estarão de plantão no local. Os interessados em ser atendidos deverão fazer o agendamento prévio na secretaria do Cisarte. A dentista conta que se impressionou com a quantidade de pessoas que já aguardam pelo atendimento: “Eu sabia da carência nesta área, mas a lista de espera já

é enorme e cresce a cada dia”, contou. “Deus nos convoca à missão e coloca verdadeiros anjos que acreditam no projeto e somam forças”, disse Tatiana, ao mencionar a parceria com o Cisarte – que cedeu a sala para a montagem do consultório – e o apoio que recebeu de empresas, amigos e voluntários para viabilizar o projeto.

Antigo albergue

No espaço onde hoje é o Cisarte funcionava anteriormente um albergue. Agora neste local toda pessoa é acolhida para atividades diversas, como oficinas de capacitação e empreendedorismo, e atendimentos médico e odontológico. Diretora administrativa do Cisarte, Luciene Inácio enfatizou que o objetivo da entidade é resgatar a dignidade das pessoas em situação de rua e que tem havido uma demanda crescente em razão da quantidade dos que foram impactados financeiramente pela pandemia. Luciene comenta que o “Dentistas do Bem” se soma às ações que já são realizadas no local e, além de proporcionar a restauração da saúde bucal, devolve o sorriso e a esperança às pessoas.

Mais sorrisos, menos dores

Tatiana ressalta que a missão do projeto é acolher, superar traumas e resgatar sorrisos. “A dor de dente é uma das piores que existem e proporcionar a quem está à margem o cuidado com a saúde bucal é tão importante quanto saciar a fome”, comentou, destacando que todos os tratamentos ocorrem de maneira humanizada. A idealizadora da iniciativa conta que o projeto surgiu após ter atendido muitas pessoas em situação de rua em seu consultório particular. “Nas ações do ‘Marmitas do Bem’, identifiquei essa realidade e não consegui ficar indiferente”, disse, lembran-

do que, além dos atendimentos, orienta sobre a higienização bucal e distribui kits com escova e creme dental. “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34) é o lema que inspira Tatiana nessas ações caritativas. Padre Armênio Rodrigues Nogueira, Vigário da Paróquia São Judas Tadeu, no Jardim Miriam, na zona Noroeste, participou da inauguração do projeto “Dentistas do Bem”. Ele enalteceu a realização dessa iniciativa em favor da dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade. “Ações como esta renovam a esperança e evidenciam a atuação dos leigos na promoção da Igreja em saída, uma vez que ser Igreja é estar em missão em prol dos que estão à margem da sociedade”, destacou o Sacerdote, que doou uma imagem de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão ao abençoar o consultório.

Alegria de parte a parte

Viviane Malfatti, 50, é uma das dentistas voluntárias da iniciativa. Ela conta ter se engajado na ação ao se sensibilizar com a atuação de sua amiga Tatiana. “Contribuir com o pouco que posso é uma possibilidade de impactar vidas positivamente”, disse a dentista, que atenderá às terças-feiras. Pablo, 10, e Brenner, 9, estiveram entre os primeiros atendidos no dia da inauguração do projeto “Dentistas do Bem”. Eles foram ao Cisarte acompanhados dos pais, Maxwell Cardoso Oliveira, 36, e Verônica Aparecida de Goes, 35, que ficaram desempregados no início da pandemia e sem recursos para pagar o aluguel, e, assim, não encontraram outra opção a não ser a de viver pelas ruas da cidade. Com a ajuda de Tatiana e outros voluntários do “Marmitas do Bem”, conseguiram um lar em uma pensão e a recolocação no mercado de trabalho. Outro atendido no primeiro dia foi Tiago, que preferiu não se identificar por completo. Ele está em situação de rua e no Cisarte participa das ações promovidas pela entidade. “Faz tempo que meu dente dói e agora sei que tenho um lugar que olha e cuida de mim”, comemorou.

SERVIÇO

Projeto “Dentistas do Bem” Local: Centro de Inclusão pela Arte, Cultura, Trabalho e Educação (Cisarte) – Viaduto Pedroso, 111, Bela Vista Atendimento: De terça a sexta-feira, das 9h às 17h Informações: (11) 3286-0107


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Pelo Mundo | 21

G20 sai de Roma com propostas para recuperar o meio ambiente e a economia G20.org

Os compromissos assumidos pela cúpula são pouco precisos, mas servem de incentivo para a conferência do clima (COP26), que acontece até o dia 12 REDAÇÃO

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Líderes das 20 maiores economias do mundo (G20) se reuniram em Roma, na Itália, nos dias 30 e 31 de outubro, com duas grandes pautas na agenda: recuperar a economia global, ainda duramente atingida pela crise sanitária da COVID-19, e abrir caminho para um acordo consistente sobre o clima e a questão ambiental. Nenhum dos termos assumidos na declaração final do grupo é incisivo, mas a cúpula apresentou alguns novos passos que podem pautar a conferência do clima de Glasgow, na Escócia. A COP26, que começou no dia 31 e prossegue até o dia 12, pode ser a mais ambiciosa desde a de Paris, realizada em 2015. A cúpula do G20 foi presidida desta vez pela Itália. Na delegação do Brasil estavam o presidente da República, Jair Bolsonaro, além dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Marcelo Queiroga.

Compromissos finais

Na declaração final, os líderes do G20 afirmam ter a intenção de enfrentar “os desafios globais [de hoje] e convergir com esforços comuns para que o mundo possa se recuperar melhor da crise causada pela COVID-19 e permitir que o crescimento seja sustentável e inclusivo”. Reunidos pela primeira vez presencialmente em dois anos, os líderes manifestaram gratidão aos profissionais da área da Saúde pelo desempenho durante a pandemia. Exaltaram o papel da vacinação no controle da COVID-19, mas lamentaram que a distribuição das doses tenha sido desigual entre países. Uma recente análise publicada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou, por exemplo, que as nações do G20 receberam 15 vezes mais doses per capita da vaci-

na do que nações da África Subsaariana. No continente africano como um todo, menos de 5% da população está completamente vacinada contra o coronavírus, o que aumenta os riscos de novos surtos. A Organização Mundial da Saúde tem como meta, até o fim de 2021, vacinar até 40% da população global, e 70% até a metade de 2022. O documento do G20 não detalha como isso será feito concretamente, mas menciona acordos e intenções de melhorar a exportação e distribuição de vacinas.

Recuperação econômica

O G20 afirma que continuará com medidas de incentivo à economia, buscando preservar a estabilidade financeira. Os líderes manifestaram preocupação, especialmente com o aumento dos preços de forma generalizada, isto é, a inflação, que aparece na maioria dos países neste contexto de retomada econômica. O fenômeno ocorre principalmente por causa do aumento dos preços da energia, com a intensificação das atividades, gerando um efeito cascata de preços mais elevados. Os líderes se comprometem a intensificar a implantação das metas de desenvolvimento sustentável, com prioridade aos países em desenvolvimento. Por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI), pretendem enviar 100 bilhões dólares aos países mais pobres como ajuda econômica.

Imposto global a multinacionais

Outra sinalização do G20 é a criação de um imposto global único de 15% para as grandes empresas. A medida irá reformular as regras internacionais de tributa-

ção, tendo como um dos possíveis efeitos o desestímulo à evasão de recursos para paraísos fiscais. Pelo acordo, a partir de 2023, todos os países tributarão os lucros internacionais das empresas em pelo menos 15%. Os países que continuarem a aplicar impostos mais baixos serão retaliados. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 150 bilhões de dólares devem ser arrecadados por ano em todo o planeta de empresas que promovem a evasão fiscal e deixam de investir e gerar empregos. Atualmente, multinacionais que apuram grandes lucros em áreas como licenciamento de marcas e propriedade intelectual transferem os recursos para subsidiárias em paraísos fiscais, onde pagam pouco ou nenhum imposto. Cada país terá de ratificar individualmente o novo acordo.

Questão ambiental

Outro anúncio feito pelo G20 é o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C e de encerrar os subsídios para a produção de carvão mineral. As maiores economias, entre elas o Brasil, são responsáveis por 80% das emissões globais de gás carbônico. Apesar da sinalização, não foi apresentado um prazo para que se elimine o uso de usinas de carvão como fonte de energia, nem para que se chegue à neutralidade de carbono, ou seja, que todas as emissões sejam igualmente compensadas por medidas de produção de oxigênio, como o reflorestamento. O documento final informou somente que esse objetivo deve ser alcançado “por volta da metade do século”. Não

houve consenso de datas entre as nações e a aplicabilidade efetiva de um acordo foi inviabilizada pelas ausências da China e da Rússia no encontro. Os dois países têm sua matriz energética fortemente alicerçada em usinas de carvão.

COP26

Ainda que nos compromissos do G20 haja pontos em aberto, a maior atenção dos países à temática da elevação da temperatura do planeta reverberou positivamente na abertura dos trabalhos da COP26, quando foi ressaltada a urgência dessa temática. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que um mundo com menor emissão de gases causadores de efeito estufa e com energias mais limpas prometido no Acordo de Paris precisa ser concretizado a partir das discussões em Glasgow. O secretário-geral da ONU, António Guterres, em tom forte, fez um apelo às nações: “Chega de brutalizar a biodiversidade, de tratar a natureza como banheiro”, disse, destacando, ainda, que “os últimos seis anos foram os mais quentes da história”. Ao longo do evento, alguns países já revelaram planos para reduzir a emissão de gases. Os Estados Unidos, por exemplo, divulgaram uma estratégia para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Também o governo brasileiro anunciou, em discurso do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que o País antecipará para 2030 a meta de neutralidade na emissão de carbono, antes prevista para o ano de 2050. Fontes: Agência Brasil, G1, Reuters e The Guardian (Colaborou: Filipe Domingues)

Igreja na América Latina se prepara para a conclusão da assembleia eclesial Entre os dias 21 e 28, na Cidade do México, no México, acontecerá a fase final da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, com a participação de cerca de mil pessoas, entre as quais 200 bispos, 200 padres e diáconos, 200 religiosos de vida consagrada e 400 leigos de diferentes locais, áreas de saber e atuação na Igreja do continente. Simultaneamente aos eventos presenciais, haverá iniciativas on-line, que envolvem momentos litúrgicos, formativos e de diálogo.

De acordo com Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo, no Peru, e Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), a assembleia eclesial olhará para os propósitos e desafios mapeados na Conferência de Aparecida (2007) e a atuação da Igreja no continente na atualidade. “Para promover uma assembleia depois de mais ou menos 14 anos [após a Conferência de Aparecida], o ideal é que fosse feita em outro santuário mariano. Assim, nada melhor

que fazê-la no Santuário da Santíssima Virgem de Guadalupe, no México. Há dois elementos fundamentais: o desejo de celebrar, em nível latino-americano e caribenho, uma assembleia grande como esta, com os desafios ainda pendentes de Aparecida, e com o amparo de Nossa Senhora de Guadalupe”, comentou. Para mais informações sobre a assembleia, acesse: https://asambleaeclesial.lat. Fonte: Celam


22 | Papa Francisco | 4 a 9 de novembro de 2021 |

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Papa anuncia intenção de fazer viagem apostólica ao Canadá José Ferreira Filho

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Convidado pela Conferência Episcopal do Canadá, o Papa Francisco se mostrou disposto a fazer uma viagem ao país da América do Norte. O anúncio foi feito em 27 de outubro pela Sala de Imprensa do Vaticano. Apesar de ter aceitado o convite, a data da viagem ainda não foi publicada. O intuito do convite é favorecer os laços de reconciliação entre a Igreja Católica e os povos autóctones. Com efeito, há algum tempo a polêmica dos maus-tratos infligidos às crianças indígenas figura nas manchetes dos jornais. O caso, porém, tomou repercussão ainda maior após a descoberta de restos mortais infantis em inter-

natos e escolas administrados por católicos.

CONSEQUÊNCIAS

O fato chocou a sociedade canadense e gerou uma onda de ódio contra a Igreja Católica. Muitas igrejas foram vandalizadas e incendiadas. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que é católico, condenou os atos de vandalismo. Pessoas vítimas de violência durante o período em que aconteceram os maus-tratos também se manifestaram contra os incêndios, afirmando que a destruição dos templos não é justificada e que transforma as vítimas em criminosos.

FRANCISCO

Após a descoberta dos restos

mortais das crianças, o Papa mostrou profunda consternação com a notícia e pediu às autoridades que investiguem os pormenores dos crimes, além de incentivar um caminho de “reconciliação e cura” para com os indígenas. Nesse contexto, a Conferência Episcopal do Canadá se mostrou pronta a colaborar para descobrir as circunstâncias das mortes das crianças e colocou em prática um programa de reconciliação com os povos indígenas da região. Assim, além do convite feito ao Papa Francisco para visitar o Canadá, haverá um encontro entre 17 e 20 de dezembro em que o Pontífice se reunirá no Vaticano com os bispos canadenses e os líderes indígenas. Fonte: Gaudium Press

Oração pelos fiéis que sofrem depressão Neste mês de novembro, por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, Francisco expressa sua proximidade a todas as pessoas que se sentem sobrecarregadas em seu dia a dia, especialmente em caso de estresse e depressão, e pede orações por elas e para que recebam o acompanhamento necessário. “A tristeza, a apatia, o cansaço espiritual acabam dominando a vida das pessoas que estão sobrecarregadas com o ritmo de vida atual”, afirma o Papa em mensagem de vídeo, complementando que, diante dessa situação, uma ajuda pode ser a escuta silenciosa e a oração, aliada a um “imprescindí-

Reprodução

vel acompanhamento psicológico”. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a depressão, quando recorrente e de intensidade moderada ou grave, pode

levar, em casos extremos, à prática do suicídio. Por ano, estima-se que no mundo mais de 700 mil pessoas ponham fim à própria vida. (por Redação)

Deixar-se guiar pelo Espírito na vida pessoal e comunitária REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas, na audiência-geral da quarta-feira, 3, quando falou sobre o tema “Caminhar segundo o Espírito”. “Crer em Jesus significa segui-lo, ir atrás Dele no seu caminho, como fizeram os primeiros discípulos. Ao mesmo tempo, significa evitar o caminho oposto, o do egoísmo, da busca do próprio interesse, que o apóstolo Paulo chama de ‘desejo da carne’. O Espírito é o guia deste caminho na estrada de Cristo, um caminho maravilhoso, mas, também, cansativo, que começa no Batismo e dura a vida inteira”, ressaltou o Pontífice. Os “desejos da carne” – prosseguiu o Pontífice – são as tentações como a inveja, preconceito, hipocrisia e ressentimento, bem como o de recorrer a preceitos rígidos. Percorrer o caminho do Espírito exige, em primeiro lugar, dar espaço à graça e à caridade; dar espaço à graça de Deus sem medo. Francisco ponderou que “Caminhar segundo o Espírito” não é apenas uma ação individual: diz respeito, também, à comunidade como um todo. O apóstolo Paulo convida os gálatas a assumirem as dificuldades uns dos outros e, se alguém cometer um erro, deve-se usar a mansidão. “Uma atitude bem diferente da fofoca para esfolar o próximo. Não, isso não é de acordo com o Espírito. Segundo o Espírito, é ter doçura com o irmão em corrigi-lo e cuidar de si mesmo para não cair nesses pecados, ou seja, ter humildade. Como é fácil criticar os outros! Há pessoas que parecem ter se formado em fofoca. Todos os dias criticam os outros. Olhe para você”, disse ainda o Papa. O Santo Padre sublinhou que “a regra suprema da correção fraterna é o amor, desejar o bem de nossos irmãos, tolerar os problemas dos outros, os defeitos dos outros, em silêncio, na oração, a fim de encontrar o caminho certo para ajudá-los a se corrigirem. Isso não é fácil”.


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| 4 a 9 de novembro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

DIA MUNDIAL DOS POBRES

‘Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza’ Vatican Media

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

No domingo, 14, a Igreja comemora o V Dia Mundial dos Pobres, data instituída pelo Papa Francisco em 2016, como gesto concreto do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Este ano, a mensagem enviada pelo Pontífice para essa comemoração tem como tema “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7), palavras pronunciadas por Jesus, alguns dias antes da Páscoa, por ocasião de uma refeição na casa de Simão, chamado “o leproso”, ocasião em que uma mulher derramou perfume sobre sua cabeça. O Pontífice reflete sobre as duas interpretações diante da atitude daquela mulher. A primeira é a de Judas, preocupado com o dinheiro que o perfume poderia render. “Não é por acaso que esta crítica dura sai da boca do traidor: é a prova de que quantos não reconhecem os pobres, atraiçoam o ensinamento de Jesus e não podem ser seus discípulos”, destacou Francisco. Já a segunda interpretação é a do próprio Jesus, que permite individuar o sentido profundo do gesto realizado pela mulher. O Senhor defende a mulher por sua sensibilidade e “vê, naquele gesto, a antecipação da unção do seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro”. “Esta visão ultrapassa todas as expectativas dos convivas. Jesus recorda-lhes de que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos”, salienta o Papa.

Os pobres e a evangelização

O Papa afirma que, a partir da forte empatia entre Jesus e a mulher e o modo como ele interpreta a sua unção, em contraste com a visão escandalizada de Judas e dos outros, “inaugura-se um fecundo caminho de reflexão sobre o laço indivisível que existe entre Jesus, os pobres e o anúncio do Evangelho” e reforça: “A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja”. O Bispo de Roma frisou que a esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. “A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para

se alcançar a justiça”. Em seguida, o Papa acrescenta que “os crentes, quando querem ver Jesus em pessoa e tocá-lo com a mão, sabem aonde se dirigir: os pobres são sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para Ele”. Reforçando a necessidade de aderir com plena convicção ao convite de Jesus – “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” –, o Pontífice sublinha que essa conversão consiste, primeiro, “em abrir o nosso coração para reconhecer as múltiplas expressões de pobreza e, depois, em manifestar o Reino de Deus por meio de um estilo de vida coerente com a fé que professamos”.

Novas formas de pobreza

O Santo Padre ressalta que o Evangelho de Cristo impele a ter uma atenção muito particular para com os pobres e requer que se reconheçam as múltiplas e demasiadas formas de desordem moral e social que sempre geram novas formas de pobreza. “Um mercado que ignora ou discrimina os princípios éticos cria condições desumanas que se abatem sobre pessoas que já vivem em condições precárias. Desse modo, assiste-se à criação incessante de armadilhas novas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes econômicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social”, alerta Francisco. O Papa recorda, ainda, que a pandemia de COVID-19 agravou a situação de todos os pobres, além de

levar muitas pessoas à pobreza em todas as partes do mundo. “É urgente dar respostas concretas a quantos padecem o desemprego, que atinge de maneira dramática tantos pais de família, mulheres e jovens. A solidariedade social e a generosidade de que muitos, graças a Deus, são capazes, juntamente com projetos clarividentes de promoção humana, estão a dar e darão um contributo muito importante nesta conjuntura”, enfatiza.

Individualismo

“Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição”, afirma Francisco, salientando que a pobreza não é fruto do destino, mas é consequência do egoísmo. O Pontífice pondera que se impõe uma abordagem diferente da pobreza, desafio que os governos e as instituições mundiais precisam enfrentar. Por fim, Francisco recorda o pensamento do Padre Primo Mazzolari, sacerdote italiano que se dedicou ao cuidado dos pobres: “Gostaria de pedir-vos para não me perguntardes se existem pobres, quem são e quantos são, porque tenho receio de que tais perguntas representem uma distração ou o pretexto para escapar de uma específica indicação da consciência e do coração. […] Os pobres, nunca os contei, porque não se podem contar: os pobres abraçam-se, não se contam”. Para ler a íntegra da mensagem, acesse: https://tinyurl.com/yfvw44b9.

Liturgia e Vida Solenidade de Todos os Santos 07 de novembro de 2021

Felizes os Santos! PADRE JOÃO BECHARA VENTURA A Igreja celebra numa só festa todos os que já se encontram na glória do Céu, canonizados ou não. Louvamos a Santíssima Trindade pela Virgem Maria, por São José, pelos Apóstolos, os Mártires, os Doutores, as Virgens e por todos os Santos. Bendizemos a Deus também por nossos antepassados que já se encontram na glória! Rezamos pelo descanso eterno de todos, pois não sabemos quais entre os nossos caros estão no Céu; podemos, porém, supor que alguns deles já contemplam a face de Deus com os Santos. Este dia nos recorda de qual é a vocação do cristão: Deus Pai “escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos e sem mancha na sua presença pelo amor” (Ef 1,4). Recebemos a graça santificante e fomos unidos a Cristo no Batismo não para levarmos uma vida medíocre ou sermos apenas “honestos”… Deus nos escolheu para a perfeição da caridade! Por isso, São Paulo exorta: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). Assim, o Concílio Vaticano II formulou aquele que talvez seja o seu ensinamento mais importante: “Todos os cristãos são chamados e obrigados a tender à santidade e perfeição do próprio estado” (Lumen gentium, 42). A cada ano, na Solenidade de Todos os Santos, a Igreja propõe o Evangelho das “bem-aventuranças” ou “beatitudes”. Nele, Jesus declara que são “beatos”, isto é “felizes”, os pobres em espírito, os aflitos, os mansos, os famintos e sedentos de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os promotores da paz, os perseguidos e os caluniados (cf. Mt 5,1-12). Essas beatitudes são um retrato da vida de Cristo e dos seus Santos. Estes, embora passando pela “grande tribulação” (Ap 7,14), são verdadeiramente felizes pois cumpriram a finalidade para a qual foram criados: conhecer, amar e servir a Deus neste mundo para, assim, alcançar a vida eterna com Ele no Céu. Os Santos são felizes já na terra e o são muitíssimo mais ainda no Céu. Hoje, o chamado mundo ocidental possui o sumo da “felicidade” materialista: variedade e requinte gastronômico; conforto nunca imaginado pelas gerações passadas; infinitas formas de entretenimento; extrema facilidade para a comunicação; viagens relativamente acessíveis por todo o mundo; eficácia médica jamais conhecida… Temos aparentemente “tudo”! No entanto, paradoxalmente, a tristeza, a depressão, o vazio, a inquietação, a falta de sentido e o desespero se instalam e se propagam de um modo extraordinário, alcançando até mesmo jovens e crianças. Afinal, o que nos falta? Falta a pobreza em espírito, resumo de todas as bem-aventuranças. Falta perceber que “uma só coisa é necessária” (Lc 10,42): conhecer e amar Nosso Senhor Jesus Cristo. Falta que nos esvaziemos de nós mesmos e das preferências egoístas, que paremos de idolatrar as pessoas e as coisas, projetando nelas uma felicidade à margem de Deus. Falta romper com o pecado. Somente Deus e sua vontade nos tornarão eternamente felizes, pois fomos feitos para Ele! Afinal, “quem a Deus tem nada lhe falta; só Deus basta!” (Santa Teresa).


24 | Publicidade | 4 a 9 de novembro de 2021 |

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