SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
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Ano 67 | Edição 3391 | 13 a 19 de abril de 2022
www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Por sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus institui um reino de amor Páginas 9,10,11, 18, 19 e 20
Editorial
Encontro com o Pastor
Liturgia e Vida
Na Sexta-feira Santa
Qualquer proposta de facilitação do aborto é intrinsicamente má
As fake news levaram à condenação de Jesus Cristo à morte
‘Não há comunhão com Deus nem salvação senão por meio da Santa Cruz’
Oremos pelos governantes, para que ajam pelo bem comum, a paz e a liberdade
Página 4
Página 2
Página 16
Páginas 14 e 15
2 | Encontro com o Pastor | 13 a 19 de abril de 2022 |
CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo
N
o tempo de Jesus não havia internet, mídias sociais, tablet ou celular. Mas já havia fake news. Não se chamavam assim: eram mentiras mesmo, calúnias, histórias maldosas inventadas para prejudicar alguém... E se espalhavam de boca em boca nas praças, no mercado, nas termas e nos encontros sociais. Sua difusão era mais lenta, mas, em compensação, não havia tanta facilidade, como hoje, para checar a veracidade das narrativas. Dias atrás, escutei alguém afirmar que Jesus foi vítima de fake news. Será mesmo? No relato da Paixão de Cristo segundo Lucas, lido neste ano no Domingo de Ramos (cf. Lc 22,14-23,56), as graves acusações contra Jesus perante as autoridades romanas são claramente falsas. Diante de Pilatos, governador romano, os acusadores, determinados a conseguir a condenação de Jesus à morte, afirmam ser Ele um agitador do povo, que proíbe
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Fake news que matam o pagamento do imposto a César. Tudo falso, sem nenhuma passagem do Evangelho que confirme essas acusações. Mas eram pesadas. Bem sabiam os acusadores que os romanos não perdoavam os revoltosos e agitadores do povo, condenando-os à morte sem apelo. No entanto, nem Pilatos nem Herodes se deixam convencer por essas acusações contra Jesus. Pilatos declara de maneira inequívoca perante o povo que Jesus é inocente e que não encontra nele nenhum dos delitos dos quais Ele é acusado. Por três vezes, ele tenta soltar Jesus, mas os protestos e gritos da multidão se tornam cada vez mais fortes, pedindo a crucificação de Jesus. Pilatos treme e vacila diante das ameaças de ser denunciado ao imperador romano por não agir com rigor contra um suposto rebelde e inimigo do imperador: “Se soltares a Jesus, não és amigo de César”. Lucas observa: “A gritaria deles prevaleceu”. Pilatos, então, lava as mãos, alegando não ter responsabilidades pela condenação de Jesus. Daí por diante, ninguém mais ousará defender Jesus, pois a narrativa acusatória de falso profeta, blasfemador, agitador do povo, inimigo público, elemento antissocial e perigoso para a nação está emplacada. Até onde podem levar as fake
news! A mobilização da opinião pública a partir de narrativas falsas pode ter desdobramentos muito perigosos! Em outros tempos, com frequência, levavam ao linchamento físico. Hoje, é mais comum o linchamento moral, igualmente doloroso, prejudicial e injusto. Como se explicará diante de Deus quem assim procede? Como se justificará diante de sua consciência quem condena uma pessoa, cedendo à pressão e ameaça, ou para levar alguma vantagem pessoal, mesmo sabendo que se trata de um inocente? As fake news, que levaram à condenação de Jesus à morte, eram pretextos para o enquadrar em algum delito, que requeria a pena de morte. O verdadeiro motivo, porém, era religioso: Jesus afirmava que Deus era seu Pai, e que Ele agia em nome e com o poder de Deus. E que tinha autoridade para interpretar a religião de modo diverso daquele das autoridades religiosas do seu tempo. E confirmava sua fala com milagres estupendos, sinais de que Deus estava com Ele. As narrativas acusatórias contra Jesus se desfazem já na sua morte sobre a cruz, e as fake news são reconhecidas por quem menos se esperava: o bom ladrão reconhece que Jesus é inocente e lhe pede que se lembre dele quando entrar no seu reino. Jesus lhe confirma: “Ainda
hoje estarás comigo no paraíso” (cf. Lc 23,42-43). O centurião romano, chefe do pelotão de execução de Jesus e pagão, exclama: “Realmente, este homem era justo!” E as multidões, que tinham acorrido para a cena da crucificação, voltam para casa confusas e arrependidas, batendo no peito (cf. Lc 23,47-48). O bom Jesus, de tantas palavras bonitas, milagres e gestos divinos, havia sido esmagado pela onda poderosa das narrativas falsas! Mas algumas pessoas não se deixaram convencer pela maldade das acusações falsas. Entre elas, Maria, sua mãe, algumas mulheres do grupo dos discípulos e João evangelista. Também José de Arimateia, doutor da Lei e membro do Sinédrio, homem justo, não se importa com o que possam pensar e dizer dele e vai a Pilatos, pedindo o corpo de Jesus, para lhe prestar as honras fúnebres. E Deus, que vê tudo com clareza e julga com justiça, está do lado de Jesus. Sua ressurreição gloriosa é a resposta inquestionável a todas as narrativas falsas inventadas contra Ele. Deus estava do lado de Jesus! E quem hoje é vítima de fake news tenha a certeza de que há um Juiz justo, que não abandona o inocente acusado. A mentira tem vida curta e a verdade, afinal, triunfa.
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| 13 a 19 de abril de 2022 | Atos da Cúria/Geral | 3
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 31/03/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Santo André Apóstolo, no bairro Jardim Santo André, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Romanus Hami, SVD, pelo período de 01 (um) ano. Em 01/04/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, no bairro Parque São Rafael, especificamente para a Área Pastoral São Gaspar Bertoni, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Elizeu da Conceição, CSS, pelo período de 01 (um) ano. Em 01/04/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, no bairro Parque São Rafael, especificamente para a Área Pastoral São Gaspar Bertoni, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Vidal Valentin Cantero Zapattini, CSS, pelo período de 01 (um) ano. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO DE PASTORAL: Em 04/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Gleidson Forte Martins, SSS, pelo período de 03 (três) anos. Em 04/04/2022, foi nomeado e provisiona-
do como Assistente Eclesiástico do Setor Juventude da Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Cláudio José Ribeiro, pelo período de 03 (três) anos. Em 04/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral Vocacional da Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Wellington Laurindo dos Santos, pelo período de 03 (três) anos. Em 04/04/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral do Dízimo da Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Wellington Cardoso Brandão, CMF, pelo período de 03 (três) anos. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE COORDENADORES DE SETORES PASTORAIS: Em 05/04/2022, foram nomeados e provisionados como Coordenadores de Setores Pastorais da Região Episcopal Belém, pelo período de 01 (um) ano, os reverendíssimos: - Padre Christian Uptmoor, Coordenador Pastoral do Setor Belém; - Padre Adilson Pinheiro da Silva, Coordenador Pastoral do Setor Carrão-Formosa; - Padre Gilberto Orácio de Aguiar, Coordenador Pastoral do Setor Conquista; - Padre Cláudio de Oliveira, Coordenador Pastoral do Setor Guarani;
- Padre Boniface Issaka, SVD, Coordenador Pastoral do Setor São Mateus;
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- Padre Lauro Wisnieski, Coordenador Pastoral do Setor Tatuapé;
No site do jornal O SÃO PAULO, você acessa conteúdos atualizados sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.
- Padre Francisco Reginaldo Henriques de Miranda, Coordenador Pastoral do Setor Vila Alpina;
Dom Odilo: ‘A Semana Santa não é semana de turismo’ https://cutt.ly/eFQSEUS
- Padre Haroldo Evaristo Alves da Silva, CSSp, Coordenador Pastoral do Setor Sapopemba;
- Padre Cássio de Almeida Clementino, MPS, Coordenador Pastoral do Setor Vila Antonieta; - Padre José Geraldo Rodrigues Moura, Coordenador Pastoral do Setor Vila Prudente. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE COORDENADOR REGIONAL DE PASTORAL Em 05/04/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão como Coordenador Regional de Pastoral da Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Marcelo Maróstica Quadro, pelo período de 01 (um) ano. POSSE CANÔNICA: Em 06/03/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Santo Alberto Magno, no bairro Jardim Bonfiglioli, na Região Episcopal Lapa, ao Reverendíssimo Padre Hayang Lim Koo (Padre Daniel).
Faculdade de Direito Canônico abre inscrições para curso sobre associação de fiéis https://cutt.ly/8FQP5w7 Mapeamento aponta que 70% dos estudantes de SP relatam sintomas de depressão e ansiedade https://cutt.ly/sFQAaKD Curso de extensão trata sobre a identidade, carisma e história das Pontifícias Obras Missionárias https://cutt.ly/WFQAv3H Obras de restauro do Museu do Ipiranga são concluídas https://cutt.ly/ZFQAJrM
4 | Ponto de Vista | 13 a 19 de abril de 2022 |
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Editorial
A realidade sobre o aborto
G
anharam as manchetes, na semana que passou, as novas declarações do ex-presidente Lula sobre o aborto. No dia 5, em evento na Fundação Perseu Abramo, o presidenciável disse que o aborto “deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito [a ele] e não vergonha”. Dois dias depois, e diante da efervescência de manifestações contrárias, Lula apresentou supostos fundamentos para sua posição: “Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe (...). É apenas uma questão de bom senso. Ele existe, por mais que a lei proíba, por mais que a religião não goste. Ele existe e muitas mulheres são vítimas disso”, declarou em entrevista à rádio Jangadeiro BandNews, de Fortaleza (CE). Como o tema retornou, mais uma vez, aos holofotes, é bom recolocarmos as ideias no lugar, desfazendo os erros contidos no raciocínio do presidenciável. Em primeiro lugar, é verdade que os cristãos são, por definição, contrários à legalização do aborto (ser “cató-
lico pelo direito de abortar” faz tanto sentido quanto ser “solteiro casado”, ou “corintiano que torce pela derrota do Corinthians”). No entanto, como já explicou o próprio Papa Francisco, esta “não é principalmente uma questão de religião, mas de ética humana, antes mesmo de qualquer confissão religiosa” (resposta ao grupo pró-vida argentino Mujeres de las Villas; 26/11/2020). A causa pró-vida é um movimento que não se limita nem se fundamenta, estritamente, na doutrina católica: antes, reúne católicos, evangélicos, membros de outras confissões (espíritas, muçulmanos, judeus, hindus, budistas etc.), agnósticos e ateus. Mas de que forma a “ética humana” nos leva a ser radicalmente contra o aborto? Não seria o caso, afinal, de que a ocorrência de abortos é uma realidade, independentemente de qual seja a postura da lei a seu respeito? O problema, aqui, é que os abortistas costumam igualar uma situação de fato com o todo da realidade. A opressão do homem em campos de concentração, o trabalho escravo, o
genocídio: tudo isso são, em diversos contextos históricos, situações de fato – e nem por isso devem ser normalizadas. A realidade, em todos esses casos, é que existe um ser mais profundo do homem, cujo desenvolvimento deveria ser protegido. “E a lei não existe para manter situações de fato, mas para (...) reconhecer a realidade autêntica do homem, exigindo que seja respeitada e favorecida. Ela não deve ratificar ‘situações de fato’, senão procurar modificá-las quando não protegem nem favorecem a realidade profunda do homem” (Juan Cruz Cruz, Derecho a nacer, p. 58-59). De fato, as leis estatais não são meros “remédios técnicos” para cada situação sociológica, elas não são “neutras” com relação ao bem ou o mal da sociedade. Pelo contrário: a lei sempre tem não apenas o papel de corrigir os desvios e reprimir os abusos, mas também de ensinar sobre a vida reta, como mestra e pedagoga. Ora, mas se o primeiro direito do homem (o direito à vida inocente) fica violado, com qual autoridade serão resguardados os de-
mais direitos? Como disse Santa Teresa de Calcutá ao receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1994: “Se aceitarmos que uma mãe possa matar o seu próprio filho, como podemos dizer aos outros que não se matem?”. Se as leis que proíbem o assassinato de nascituros estão sendo violadas, a solução é torná-las mais eficazes – não tanto punindo as mães, mas sim as clínicas clandestinas, e, principalmente, atuando pela via preventiva, criando condições de suporte às gestantes em situação de vulnerabilidade (como aliás já fazem, pelo Brasil inteiro, dezenas de organizações civis pró-vida). Neste ano de eleições, nós, católicos, precisamos deixar claro a todos os candidatos que qualquer proposta de facilitação do aborto é “intrinsecamente má” e incompatível com a dignidade da pessoa; [e] não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, consequência ou circunstância” (Discurso do Papa Bento XVI aos Prelados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, em visita ad limina, 28/10/2010).
Opinião
Educação no Brasil hoje. E amanhã?
Arte: Sergio Ricciuto Conte
JAIR MILITÃO DA SILVA As escolas podem ser comparadas entre si por três elementos: os temas que apresentam ou deixam de apresentar aos alunos; os juízos de valor que emitem sobre esses temas; a forma como os apresentam. Por exemplo: as escolas podem abordar o tema família. Uma pode dar um juízo de valor enquanto outra dá outro completamente diferente. Uma pode usar uma forma de depoimentos de famílias, já outra pode apresentar textos com provas para nota tornando o assunto antipático para as crianças e jovens. Outra escola pode omitir o tema. O que há de comum, entre todas as escolas, é a “cultura escolar” que se fundamenta na crença de que as pessoas são categorizadas pela hierarquia de conhecimento que a sociedade reconhece como válida mediante a outorga de títulos. Desse modo, os alunos do segundo ano sabem mais do que os do primeiro e sucessivamente até chegar ao professor que “sabe tudo”. Assim, a escola se propõe para a sociedade como o lugar do saber válido e se acha capaz de falar de tudo. Uma das lutas culturais de nosso tempo, a meu ver, que é estratégica, é o direito de falar “com autoridade” sobre quem é o homem e que é a sociedade. Se esse direito for só da escola, a família e a Igreja perdem o espaço de protagonistas na formação das crianças e jovens.
A Educação tem como tarefa fundamental introduzir as crianças, os jovens e os estrangeiros em uma dada cultura. Uma boa cultura será aquela que garanta o desenvolvimento da vida com equidade, tendo em vista o conjunto da sociedade. A visão antropológica condiciona o agir educativo do educador. Uma visão antropológica pode ser condensada em afirmações sobre o homem, de modo a responder à per-
gunta: Quem é o homem? Portanto, é fundamental oferecer aos educadores uma visão antropológica que apresente o educando como pessoa dotada de inteligência, liberdade e vontade, capaz de ser protagonista de sua própria vida, capaz de acolher a transcendência e conviver com seus semelhantes de forma cooperativa e amorosa. Um consenso atingido pela comunidade educativa internacional
indica como fins da Educação os quatro pilares propostos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que são: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos, a conviver com os outros; aprender a ser. Aprender a conhecer é ser introduzido na totalidade da realidade e, desse modo, perceber-se como pertencente a uma história que começou antes de mim. Aprender a fazer é descobrir o trabalho como forma de interação e construção social. Aprender a viver juntos, a conviver com os outros, é descobrir-se como pertencente a uma comunidade humana sem a qual eu não vivo. Aprender a ser é aprender a tornar-se pessoa, o que significa descobrir o que nos constitui, ou seja, o desejo de felicidade. A Educação consolida seu trabalho criando identidades humanas que condicionam o agir de cada pessoa. Cada ação educativa prepara o hoje e o amanhã da sociedade. A longa experiência da Igreja em viver em comunidades compostas por diversas gerações e diferentes estratos sociais é uma contribuição para todos os que buscam uma cultura fundada nos valores do Reino de Deus. Jair Militão da Silva, professor e pesquisador no campo da Educação, é mestre em Filosofia da Educação pela PUC-SP, doutor em Educação e professor livre-docente pela USP. É acadêmico titular da Academia Paulista de Educação, ocupando a Cadeira nº 38. Gerencia um blog com o tema da educação integral: jairmilitaodasilva.blogspot.com.
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
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| 13 a 19 de abril de 2022 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5
BELÉM
Dom Odilo preside celebração em área pastoral na zona Leste Rômulo Neto
FERNANDO ARTHUR
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No domingo, 10, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Comunidade Nossa Senhora das Flores, no Jardim Santo André, extremo da zona Leste da capital paulista. Durante a celebração, houve também a apresentação do Padre Romanus Hami, SVD, como Vigário Paroquial da Paróquia Santo André Apóstolo, que passa a ter funções nesta Área Pastoral. Também foram concelebrantes o Cônego José Miguel, Vigário Episcopal para a Região Belém, e padres do Setor Conquista e da Congregação Missionária do Verbo Divino (SVD). Na homilia, o Cardeal explicou detalhes sobre a Paixão, proclamada no trecho do Evangelho do Domingo de Ramos, e ressaltou os personagens ali apresentados. “Os personagens nos in-
terpelam. E nos perguntamos: qual o meu lugar? Com que personagem me identifico?”, afirmou. O Purpurado também fez com que os fiéis refletissem sobre o que fariam se estivessem lá e qual sua posição diante da Paixão de Jesus.
Dom Odilo também os exortou a tomarem uma posição diante do Evangelho e ressaltou: “Jesus veio ao encontro de todos nós, em nome de Deus Pai”. O Arcebispo fez, ainda, uma analogia entre a condenação de Jesus e o
(Colaborou: Nathan de Almeida) Silvio Fernandes
SÉ Beth Kinoshita e Sérgio Noguchi
tema das fake news e afirmou: “Jesus foi condenado por fake news” e relembrou as acusações que os mestres da Lei e as pessoas inventaram contra Ele, diante das autoridades. “Fake news podem matar, e se não matam, podem acabar com a moral da pessoa”, concluiu, exortando os fiéis a serem verdadeiros em todas as situações, com todas as pessoas. Ao término da celebração, Dom Odilo agradeceu à comunidade e lhe dirigiu palavras de encorajamento para que continue a sua missão evangelizadora: “Deus ama vocês, tenham certeza! Como sinal disso, surgem as comunidades. Vocês são testemunhas de Deus, com sua ação, sua presença, sua oração, sua caridade, suas iniciativas, suas capelas. Sejam cristãos alegres e fervorosos, que manifestam e transmitem a sua fé”.
Dom Carlos Lema celebra o Domingo de Ramos no centro da cidade CAROLINE MAGALHÃES SANTOS COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No Domingo de Ramos, 10, os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Assunção e São Paulo e da Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira São Gonçalo, que têm a mesma igreja matriz na Praça João Mendes, participaram da missa presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.
A celebração foi feita em português e em japonês para atender as duas comunidades presentes. Concelebraram os Padres José Enes de Jesus, Pároco, e Issao Yamamoto, da Diocese de Valinhos (SP). Antes da celebração, Dom Carlos Lema abençoou os ramos, e toda a comunidade saiu em procissão pelas ruas do centro de São Paulo, no entorno da matriz e, depois, entrou na igreja para a missa.
[BRASILÂNDIA] No Domingo de Ramos, 10, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu a missa na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Ernesto de Moraes Leme, que fica em frente à Paróquia Nossa Senhora da Paz, Setor Jaraguá. A bênção dos ramos aconteceu nas Comunidades Mãe da Igreja e Nossa Senhora da Aurora, e os fiéis seguiram em procissão até a escola para participar da celebração. (por Miguel Julio)
Espiritualidade Páscoa é Deus que passa! DOM CARLOS SILVA, OFMCAP BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA
A
Páscoa é a forte experiência de Deus, envolvida por um grande êxodo. Páscoa significa passagem. É Deus que “passa” para salvar o seu povo. A experiência pascal, desde os primórdios, está permeada pela ação de Deus na história, da Criação à Revelação-Redenção, da culpa de Adão à tão grande Redenção. O ato fundante da fé do povo de Israel tem sua centralidade no Êxodo: passagem da escravidão para a liberdade.
Aqui, Deus ouviu o clamor do povo escravizado e, sensibilizado com a sua miséria, o libertou, conduzido por Moisés, de volta à Terra Prometida. Antes do ato libertador, Deus ensinou a fazer o memorial desse êxodo. Assim, ficou definida a ceia pascal, onde se comia o cordeiro, as ervas amargas, o pão sem fermento e pintavam a porta com o sangue do animal sacrificado (cf. Ex 12,7-8). Essa celebração, repetida a cada ano como ato culminante de memória e ação de graças pelos feitos de Deus, vivenciada pelos judeus, Jesus sabendo que iria morrer, desejou ardentemente realizá-la com os seus discípulos. Foi no contexto da Páscoa judaica que a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus aconteceu. Esse Mistério Pascal se tornou, assim, o ato fundante da nossa fé. A espiritualidade da Páscoa nos fala da ação de Deus Pai em seu Filho Jesus Cristo, ação criadora que se manifesta na
sua vida entregue por meio da morte, introduzindo um novo modo de existir. Ao ressuscitar seu Filho, Deus antecipou na história humana algo que se manifestará no fim: a vitória e a realização plena do seu Reino. Na Páscoa judaica, está presente o valor escatológico da libertação definitiva. Na ressurreição de Jesus Cristo, passagem da morte à vida, Deus amorosamente “passa”, concretizando o plano da salvação. Os Evangelhos sinóticos evidenciam que a libertação prometida no Antigo Testamento, que se consumia na ação e pessoa de Jesus, tem seu marco entre o Batismo e a caminhada para Jerusalém, onde celebrou a Páscoa da sua morte. Portanto, celebrar a Páscoa é entrar em contato com o mistério salvífico de Deus, o mistério de Cristo, chamado para transformar a nossa vida. Celebramos em memória do Senhor (cf. 1Cor 11,23-26), atualizando
a sua Páscoa onde Jesus, por sua ressurreição vitoriosa, transmite ao mundo o seu Espírito de vida, Espírito de liberdade, capaz de mudar o coração do homem, redimindo-o de suas raízes mais profundas da escravidão e do pecado, realiza a verdadeira libertação pascal. A espiritualidade da Páscoa nos fortalece na fé em Deus, que passa para realizar o seu eterno plano de amor. A Páscoa é o centro do ano litúrgico e, portanto, de toda a vida da Igreja. Celebrar a Páscoa é tornar célebre a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, restaurou a nossa vida. Aproximemo-nos desse tão grande Mistério, que anula a culpa soberba de Adão e nos reintegra ao paraíso, celebrando e testemunhando o Ressuscitado, que vencendo a morte nos dá a vida em plenitude.
6 | Regiões Episcopais | 13 a 19 de abril de 2022 |
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BRASILÂNDIA
LAPA
Clérigos se preparam para a Páscoa No Parque Belém, Paróquia com a celebração penitencial Espírito Santo completa 25 anos Pascom paroquial
BENIGNO NAVEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No dia 5, na Paróquia Santo Estevão, na Vila Anastácio, Setor Pirituba, houve um encontro dos padres e diáconos atuantes na Região Lapa, em preparação para a celebração da Páscoa. Realizou-se uma celebração peniten-
cial, com adoração ao Santíssimo Sacramento, conduzida por Dom José Benedito Cardoso. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa fez uma reflexão sobre as 14 obras de misericórdia (espirituais e corporais) e frisou o quanto é importante para o sacerdote colocá-las em prática. Todos tiveram a oportunidade de se confessar. Julianne Chetta
Ivani Silva
LUCAS SANT’ANA
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No dia 5, os fiéis da Paróquia Espírito Santo, no Parque Belém, se reuniram para celebrar o jubileu de prata de instalação da Paróquia. Presidiu a missa o Padre Evander Bento Camilo, Vigário Paroquial, e concelebrou o Padre Carlos André Romualdo, antigo paroquiano cuja vocação nasceu nessa comunidade. Os fiéis puderam contemplar um mural que contava um pouco da história da Paróquia, desde seu início como comu-
nidade da Paróquia Santos Apóstolos, no fim da década de 1960, passando por sua ereção canônica em 5 de abril de 1997, até chegar aos dias atuais. Na homilia, Padre Evander destacou que os paroquianos, nestes 25 anos, experimentaram a vivência de alegrias e frustrações, mas que tudo cooperou para que a comunidade se fortificasse ao longo do tempo: “A história está gravada na alma e no coração de cada um. É nossa missão repassá-la adiante para que todos possam conhecer a salvação por meio desta casa de oração. Que suba até Deus o nosso clamor”.
SANTANA [BELÉM] No dia 6, por iniciativa da Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo, que tem o Padre Paulo Lino como responsável, Dom Carlos Lema Garcia deu uma palestra na Escola Estadual Simão Mathias a oito professores, ocasião em que abordou o tema da Campanha da Fraternidade 2022, “Fraternidade e Educação”. Os professores interagiram e apresentaram sugestões para aproximar os jovens e a Igreja Católica. (por Julianne Chetta) Padre Roberto Moura
[BRASILÂNDIA] Com a presença de padres, diáconos e de Dom Carlos Silva, OFMCap, foi realizada na quinta-feira, 7, na Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, uma manhã de espiritualidade, com assessoria do Dom Ângelo Mezzari, também Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal na Região Ipiranga. Num segundo momento, diante do Santíssimo exposto, todos participaram da Hora Santa, refletindo sobre a misericórdia de Deus na vida e missão dos clérigos. O ponto culminante desse encontro foi a oportunidade do sacramento da Reconciliação, em que cada padre fez a sua Confissão, e, todos, absolvidos, renderam graças a Deus. O encerramento foi com um almoço preparado pela comunidade paroquial. (por Padre Roberto Moura)
Obelisco é inaugurado na Basílica Menor de Sant’Ana GABRIELA CARVALHO
Cris Lombardi
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Com o apoio do Comitê de Civismo e Cidadania da Distrital Norte da Associação Comercial de São Paulo, foi identificado que o ponto central da zona Norte da cidade está localizado na Rua Voluntários da Pátria, no pátio da Basílica Menor de Sant’Ana. Por essa razão, o Comitê e a Basílica decidiram preservar este ponto e inauguraram, no dia 3, o obelisco Marco Central da Zona Norte de São Paulo. O obelisco e sua respectiva placa foram abençoados pelo Padre José Roberto Abreu de Mattos, Pároco e Reitor da Basílica, que também presidiu missa na ocasião. Na Praça da Sé, existe o Marco Zero de São Paulo, um monumento histórico que simboliza o centro geográfico da capital Claudio Seiji
Pascom paroquial
paulista, criado pela necessidade de enumerar as vias públicas a partir de um ponto central. A sua estrutura foi inaugurada em 1934 e possui uma placa de bronze, em que estão demarcados os pontos mais importantes de São Paulo à época da criação do obelisco, sendo um deles a Rua Voluntários da Pátria. [BRASILÂNDIA] No dia 3, na Paróquia Bom Jesus dos Passos, três jovens que começaram a Catequese no início do ano fizeram sua profissão de fé diante do Padre Airton Bueno, Pároco, e de toda a comunidade presente, em preparação ao Batismo, que lhes será ministrado durante a Vigília Pascal, no sábado, 16. (por Fabio Luís Rodrigues) [LAPA] No Domingo de Ramos, 10, a Pastoral Social da Paróquia Santo Alberto Magno, Setor Butantã, distribuiu cestas de Páscoa, com chocolates, balas e doces, para 400 famílias. (por Vera Lucia Carvalho Pereira)
[BELÉM] Na sexta-feira, 8, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Comunidade Nossa Senhora das Graças, na Área Pastoral São Gaspar Bertoni, durante a qual deu posse aos Vigários Paroquiais, Padre Elizeu da Conceição e Padre Vidal Zapattini.
[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, presidiu a missa do Domingo de Ramos na Área Pastoral São Domingos, Setor Pastoral Cursino, no domingo, 10.
(por Pascom paroquial)
(por Claudio Seiji)
[LAPA] No dia 5, houve a eleição para o Conselho Gestor da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque da Lapa, na Vila Leopoldina. Dom José Benedito Cardoso esteve presente para dar o exemplo e exercer seu (por Benigno Naveira) papel de cidadão.
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BELÉM Clero atuante na Região se reúne em celebração penitencial FERNANDO ARHUR
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Na sexta-feira, 8, na Paróquia Santa Luzia e São Pio X, em Sapopemba, Dom Odilo Pedro Scherer presidiu a celebração penitencial com a presença de padres e diáconos atuantes na Região Belém. A iniciativa foi preparada pela Pastoral da Fraternidade Presbiteral da Região e contou com cerca de 50 participantes. “A Quaresma é o principal tempo de penitência para a Igreja, e por isso estamos aqui. Deus não se cansa de perdoar, e aqui estamos de coração contrito diante do Pai que vai nos abraçar com sua misericórdia nesta celebração”, afirmou o Arcebispo Metropolitano ao saudar o clero no início da celebração. Em sua reflexão, o Cardeal Scherer comentou acerca do trecho do Evan-
gelho de Lucas que narra a parábola da ovelha perdida (Lc 15,4-7), proclamado na celebração. “Quando o pecador volta para a casa paterna, o céu se alegra”, afirmou. “Nós estamos aqui, não porque nos consideramos justos confirmados, mas porque também nos reconhecemos pecadores. E se exercemos o serviço da reconciliação para os nossos irmãos, porque é nosso dever, nosso ministério, ao mesmo tempo nós participamos com eles das mesmas fragilidades”. Dom Odilo também ressaltou que os padres são chamados a ser pastores em nome de Cristo, cuidadores do rebanho; e exortou os sacerdotes a cuidar dos fiéis com o coração generoso, e não por torpe ganância, como diz o apóstolo Pedro; e a ser modelo, apegando-se às coisas de Deus. “Nossa esperança é o Senhor, nossa herança é o Senhor, pois Jesus prome-
Fernando Arthur
teu, e precisamos lembrar muitas vezes disso”, afirmou. Em seguida, o Padre Fausto Marinho, responsável pela Fraternidade Presbiteral, conduziu um exame de consciência, que foi preparado com base nas promessas sacerdotais, e que possibilitou
ao clero refletir sobre o exercício do seu ministério. Ao fim da celebração, o Arcebispo recordou que os sacerdotes devem sempre se lembrar dos padres idosos e doentes, e pediu preces para Dom Cláudio Hummes e para os outros sacerdotes enfermos.
Pascom da Paróquia Nossa Senhora de Fátima
Pascom Santa Ângela e São Serapião
[SANTANA] A comunidade da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, com o apoio dos oblatos inacianos, organizou a Ceia Judaica, na noite do sábado, 9, que reuniu cerca de cem pessoas. O objetivo foi demonstrar como diversos elementos simbólicos do Judaísmo, tanto culturais quanto religiosos, foram ressignificados por Jesus na Última Ceia (por Pascom paroquial) e se tornaram a base para a instituição da Eucaristia.
[IPIRANGA] A Paróquia Santa Ângela e São Serapião, Setor Cursino, promoveu no sábado, 9, o evento Louvor na Praça, uma atividade de evangelização para a comunidade local. Com muita música, pregações, adoração e pontos de atendimento de Confissões, (por Pascom da Região Ipiranga) houve a participação de cerca de 150 pessoas.
Comportamento A importância do suporte oferecido pelos pais aos filhos SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO No último artigo, falei sobre a importância da autoridade dos pais na formação dos filhos e do quanto essa autoridade se encontra em crise. Hoje, gostaria de tratar de um aspecto dessa autoridade – o suporte aos filhos. É muito evidente que os pais modernos estão equivocados no que diz respeito ao que significa “ser criança”. Outro aspecto bastante claro é a necessidade que trazem no peito de serem queridos imediatamente, precisam de um amor incondicional dos filhos. Queridos pais, acompanhem-me aqui: a necessidade de reconhecimento e prazeres imediatos é própria do mundo infantil; os pequenos, que ainda são constituídos de um sistema perceptual aguçadíssimo e de uma racionalidade incipiente, querem tudo que dê prazer, conforto e homeostase (processo de regulação pelo qual um organismo consegue a constância do seu equilíbrio) e, digo mais, querem para ontem. Nós, adultos, com uma racionalidade muito mais elaborada, um senso de bem e mal aguçado e bem for-
mado e maturidade suficiente para lidar com frustrações, precisamos ter uma postura que transcenda o imediato. Quando vocês identificam que é necessário oferecer um limite à ação da criança porque esse limite ensinará a ela um bom hábito, um bom comportamento, é preciso que saibam que ela, a princípio, provavelmente irá chorar, resistir e ficar aborrecida. Essa reação é normal, afinal, querem prazer e, ao serem impedidas de obtê-lo, reagem assim. Algumas choram, outras esperneiam, outras gritam e algumas dizem até mesmo não gostar mais dos pais, que eles são chatos... O que não considero nem comum tampouco normal é o fenômeno que acontece hoje em dia: muitos pais se assustam por não serem queridos pelos filhos (acreditando que o que eles falam do alto de sua raiva imatura é verdade) e voltam atrás em suas determinações; outros tantos ficam irritados, ofendidos e acabam reagindo com irritação similar à da criança que foi frustrada, ou seja, perdem completamente o manejo do gesto educativo inicial. Vejam, queridos papais e mamães:
vocês não estão aqui, nessa importante missão de educar seus filhos, para serem amados incondicionalmente o tempo todo. Sabemos que crescer dói, que é necessária uma dose de sofrimento e de frustração para podermos amadurecer e, assim será com os filhos de vocês. Se estiverem educando direito, essas situações acontecerão e, em vez de se entristecerem junto com eles ou de se aborrecerem por serem tidos como chatos, espero, de coração, que suportem as manifestações com a maior serenidade possível e que tomem para si o fardo de serem momentaneamente mal-vindos aos pequenos. Faz parte da autoridade dos pais não reagir, mas sim agir na educação dos filhos, e saber que as birras, as malcriações, as teimosias são desafios comuns nesse processo educativo, tendo coragem de enfrentá-los sem desesperar, sem medo de traumatizar e sem medo de não ser querido, é de extrema importância para levar os filhos ao crescimento saudável. É preciso dar suporte para que os filhos saiam desse patamar imaturo e cresçam. É preciso lembrar que os que têm capacidade de escolher bem, de determi-
nar o melhor e de garantir a saúde física e afetiva dos pequenos são vocês e não eles próprios que estão no início do processo de aprendizagem sobre a vida. Saber que amar pressupõe acariciar, beijar, abraçar, acalmar, mas também oferecer limites, ajudá-los a enfrentar frustrações, dar contorno, suportar birras e corrigi-las, enfrentar teimosias com inteligência e estratégias adequadas, mais do que isso, amar pressupõe agir para o bem do outro, independentemente de agradar momentaneamente ou não. O fruto desse amor dos pais na vida dos filhos aparecerá a longo prazo. Somente no futuro saberão valorizar o que receberam na infância e adolescência. Mudar a conduta para se sentirem amados pelos filhos imediatamente é imaturidade; mais do que isso, é um egoísmo enorme – incompatível com a missão de pais que assumiram ao receber a grande graça de trazer ao mundo almas preciosas. Pensem com carinho e coragem sobre isso e, se necessário, realinhem a rota. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro
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IPIRANGA
Fé e Cidadania Luz e lições da Páscoa PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS Páscoa é sinônimo de passagem, mas é também festa da luz viva e verdadeira. Ou melhor: sol resplandecente que ilumina a travessia das sombras da noite para a luminosidade de um novo dia. Não um dia a mais entre tantos outros, num calendário suspenso na parede de nossas casas, mas, sim, uma data revestida de esplendor e sem ocaso. Dia ao qual, após a passagem pela Paixão, pela Morte e pelas trevas do sepulcro, o Filho nos abre o caminho. Pátria definitiva e sem igual, na qual brilharão para sempre o rosto e o amor do Pai. As poucas mulheres que, ao pé da cruz, presenciam a tragédia da tortura e morte de Jesus parecem ter uma intuição velada do mistério que se descortina diante delas e da história. Com um cuidado singular, preparam o corpo do Nazareno, utilizam perfumes preciosos para ungi-lo, panos brancos para encobri-lo e, sempre com o mesmo cuidado, o depositam na tumba. É como se aquele corpo representasse uma semente. Em lugar de enterrado, deve ser semeado com todo carinho maternal. Ou seja, não ficará debaixo da terra, ao contrário, voltará revigorado para o ar livre, o azul do céu e a luz do eterno dia. Duas razões em particular nutrem a intuição dessas santas mulheres. A primeira é de que jamais vento algum, por maior que seja sua fúria, poderá apagar a faísca que brotou no alto da cruz. Ali, a violência mais cruel e brutal, por parte dos homens, acaba sendo compensada, por parte do Filho, com o perdão gratuito. Assim, Jesus mostra que a “vingança” do Pai se forja com amor e misericórdia. Semelhante encontro/ desencontro no maldito madeiro do sofrimento, no qual gestos negativos se chocam com o maior gesto positivo já conhecido, acende um fogo que nada e ninguém será capaz de extinguir. A segunda razão do cuidado feminino tem a ver com o tema da Educação, refletido neste ano pela Campanha da Fraternidade. Para essas mulheres e para tantas outras pessoas, ao longo dos tempos, a travessia de Jesus pela face da terra e sua ignominiosa morte na cruz representam a escola mais sábia e sublime do amor e do perdão, como também do bem viver e da paz. Com razão, as mulheres e os homens que acompanharam os passos do Mestre em vida são chamados discípulos. Discípulos que, na linguagem do Documento de Aparecida, aprendem o valor do silêncio e da escuta, para se transformarem em missionários da Palavra e da Boa-Nova. A memória do perdão, que, em meio às dores mais atrozes, desce do alto da cruz como uma bênção e os gestos do Nazareno ao “percorrer aldeias e povoados” iluminam ao mesmo tempo a Encarnação e a Páscoa. Combinados, antecipam a vitória da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da liberdade sobre a escravidão. O “Verbo que se faz carne e vem habitar entre nós”, por um lado, e o Ressuscitado “que é convidado a ficar conosco porque se faz tarde e o dia declina”, por outro, jogam um brilho novo não apenas sobre os livros da Sagrada Escritura, mas de forma particular sobre a dignidade da existência humana. No Mistério Pascal, encontram-se a luz e as lições que conferem novo brilho e novo sentido à vida e de cada pessoa, bem como a uma trajetória fraterna e solidária para toda a humanidade. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).
Pacom paroquial
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Moema, tem novo vigário paroquial TERESA GERIBELLO
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No sábado, 9, em missa presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e concelebrada pelos Padres Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, SDS, Superior-Provincial dos Salvatorianos no Brasil; Samuel Alves Cruz, SDS, Pároco; e Irmundo Boesing, SDS, este último foi oficial-
mente apresentado à comunidade como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Moema, Setor Vila Mariana. Padre Irmundo, natural de Joaçaba (SC), completou 50 anos de sacerdócio em janeiro e retorna à Paróquia em que já foi Vigário em 1972. Possui uma rica história de vida ministerial, tendo sido missionário na África em duas ocasiões e atuado na formação de sacerdotes salvatorianos e de lideranças leigas.
SÉ José Luiz Altieri Campos
Arsenal da Esperança lança a iniciativa ‘Creio na paz sempre’ PADRE SIMONE BERNARD
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No dia 5, o Arsenal da Esperança parou para refletir e rezar não somente pela paz na Ucrânia, como também por todos os países que vivem situações de guerra, e pela sociedade brasileira, cheia de tensão e muitas vezes manchada pela violência e por tantas injustiças e abusos. Reuniram-se, tanto de forma presencial quanto on-line, acolhidos da casa, voluntários, paroquianos,
LAPA
amigos e benfeitores para lançar a iniciativa “Creio na paz sempre”. O objetivo é estimular as pessoas a se reunir em grupos e promover um momento de reflexão e/ ou de oração pela paz, utilizando o texto “Creio na paz sempre” (disponível nas redes sociais do Arsenal da Esperança). Depois, basta compartilhar nas redes sociais, com a hashtag #CreioNaPazSempre e/ou enviar as fotos e informações das reuniões por mensagem para o perfil do Instagram @creionapazsempre. EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Dom José Benedito preside missa no Domingo de Ramos Pascom paroquial
Pelo presente edital, convoca-se Sr. Irismar Pires de Amaral, (endereço desconhecido) para que compareça de terça à sexta feira, das 13h às 16h, ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, sito à Av. Nazaré, 993, Ipiranga, São Paulo/SP (Telefone 3826 5143), para tratar de assunto que lhe diz respeito. São Paulo, 23/03/2022 Mons Sérgio Tani Vigário Judicial do TEI-SP
Edital de Convocação de Assembleia Geral Ordinária
Associação Amigos da Catedral Metropolitana de São Paulo
BENIGNO NAVEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No domingo, 10, aconteceu a celebração do Domingo de Ramos na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Leopoldina. A missa foi presidida pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, Dom José Benedito Cardoso, e teve como concelebrante o Padre Tarcísio Justino Loro, Pároco.
A comunidade paroquial se reuniu no pátio do estacionamento, no qual foi realizado o rito da bênção dos ramos, a proclamação do Evangelho e iniciada a procissão para o interior da igreja. Durante o trajeto processional, o Bispo refletiu sobre a paz na Ucrânia. Na homilia, o Bispo convidou a todos para uma profunda meditação sobre a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
A Associação Amigos da Catedral Metropolitana de São Paulo, associação civil de direito privado sem fins lucrativos, situada na Praça da Sé, s/n, em São Paulo, Estado de São Paulo, através de seu diretor, convoca todos os associados adimplentes com suas obrigações estatutárias para participar da Assembléia Geral Ordinária a ser realizada no dia 28 de Abril de 2022 em sua sede, às 17h00 em primeira convocação, e às 17h30 em segunda e última convocação, a fim de serem deliberados os seguintes itens, conforme ordem do dia: a) deliberação sobre as contas da Administração, relativas ao exercício findo; b) deliberação sobre o Plano de Trabalho de 2022; c) deliberação sobre o orçamento anual relativo ao próximo exercício; d) eleição de novos membros da diretoria e do conselho fiscal; e) outros assuntos de interesses dos associados. O deliberado na mesma obrigará a todos os associados, ainda que ausentes ou discordantes. São Paulo, 12 de Abril de 2022 Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto Diretor
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Via-Sacra da Criança e do Adolescente traz o chamado a educar para a fraternidade Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
ATIVIDADE ACONTECEU DE MODO ON-LINE, COM GRAVAÇÕES NA REGIÃO CENTRAL DA CAPITAL PAULISTA FERNANDO ARTHUR
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Na sexta-feira, 8, a Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo e as obras sociais apoiadas por ela promoveram a Via-Sacra da Criança e do Adolescente, de modo on-line, com transmissão pelas redes sociais da Arquidiocese de São Paulo. A Via-Sacra da Criança e do Adolescente é realizada há mais de 35 anos na capital paulista, ocasião em que crianças e adolescentes de projetos sociais e de colégios católicos são protagonistas e revivem a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. É também um momento para denunciar as formas de injustiça, opressão e sofrimento que ferem a dignidade humana. Como sempre, a Via-Sacra destaca o tema da Campanha da Fraternidade, que, em 2022, trata sobre “Fraternidade e Educação”, com o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26).
3ª Estação - Jesus encontra sua Mãe Este ponto recorda o encontro de Jesus com Maria, em meio ao caminho até o Calvário. Esta estação, feita na Praça do Patriarca, no Viaduto do Chá e na Estátua da Mãe Preta, no Largo do Paissandu, ressaltou o papel da família na educação dos filhos e denunciou o aumento da desigualdade durante a pandemia e o sofrimento e esforço das mães em proporcionar, mesmo com muitas dificuldades, uma boa educação aos filhos. 4ª Estação - Jesus é pregado na cruz Os últimos momentos de Jesus, representados nesta via-sacra, foram gravados na escadaria da Catedral Metropolitana. Nesta estação, o momento meditativo recordou a educação, como meio de transmitir a fé e exortar sobre política. Também recordou que a família deve ser uma Igreja doméstica e uma escola de virtudes sociais. “Educar é ajudar a desenvolver o senso crítico diante da realidade da sociedade e formar cristãos de atitude e atuação evangélica diante de situações.” Também, afirmou que a catequese das crianças e adolescentes deve se preocupar com a inclusão de todas as pessoas na educação da fé, e, também, que resulte em um olhar integral da realidade social.
PARA GERAR FRATERNIDADE
Na abertura da atividade, por meio de uma mensagem gravada, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ressaltou que a “Educação é um grande instrumento para gerar fraternidade” e falou que educar deve ajudar a preparar para a fraternidade. Também exortou a todos a “educarmos para viver como pessoas humanas, fraternas, solidárias, atentas uns aos outros, não como pessoas que promovem briga, ódio, violência, pois isso não leva a nada, não leva a coisa boa”, concluiu.
5ª Estação - Jesus morre na cruz Na última estação, gravada também na escadaria da Catedral, é recordado o direito e acesso à educação informal, e se ressalta que se deve aprender a valorizar a educação popular.
EDUCAÇÃO NAS SITUAÇÕES DE GUERRA
O Arcebispo de São Paulo também recordou a guerra na Ucrânia e os outros conflitos pelo mundo, apontando para o drama das crianças e adolescentes privados do acesso à educação por causa dos combates. “Eu penso, infelizmente, nas situações de guerra que estão acontecendo pelo mundo, e vocês, certamente, ouviram falar da guerra na Ucrânia. Não há escola, as crianças da Ucrânia estão fora da escola. Não podem receber Educação e estão recebendo este mau exemplo do ódio, da guerra, da destruição, de um povo contra outro. Não é um bom exemplo”, ressaltou o Arcebispo. “Por isso, nós queremos nesta via-sacra pedir pela paz, pelo diálogo, pelo respeito, que acabe a guerra, que os povos e as nações não mais façam a guerra, mas procurem sentar juntos e fazer a paz”, exortou. De acordo com Sueli Camargo, co-
segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 650 mil crianças abandonaram os estudos durante a pandemia e aumentou o índice de trabalho infantil e crianças nos faróis: “Toda criança tem o direito de aprender. O mundo experimenta o flagelo da desigualdade. Muitas crianças e jovens tiveram de deixar os estudos para ajudar a manter a família, devido à miserabilidade”.
Nycollas Gomes e Sabrina Silva, participantes do Centro para a Juventude Rosa Mística, interpretam Jesus e a Virgem Maria nas gravações da Via-Sacra da Criança e do Adolescente
ordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor, nos projetos e organizações apoiados pela Pastoral, os participantes acompanharam a exibição do vídeo em tempo real e refletiram sobre a via-sacra.
A HISTÓRIA DA PAIXÃO NA CAPITAL PAULISTA
Após a fala do Arcebispo, foram apresentadas cinco estações que remetem à história da Paixão do Senhor, que foram gravadas em pontos históricos do centro da capital, além do momento da Ressurreição de Jesus. A meditação de cada uma das estações esteve vinculada a alertas sobre situações da Educação.
1ª Estação - Jesus é condenado à morte Esta estação foi gravada em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, localizado na Sé. Na encenação, jovens representam a condenação de Jesus por Pôncio Pilatos. A reflexão seguinte ao vídeo fala sobre a “Educação que escraviza”, alertando sobre uma Educação não participativa e opressora: “Educar não se dá por meio da repressão. Educar supõe proximidade, escuta, diálogo”. 2ª Estação - Jesus é flagelado Gravada no marco zero da cidade, na Praça da Sé, esta estação ajudou a recordar a desigualdade social que a realidade da pandemia revelou. Foi recordado que,
A RESSURREIÇÃO
Na conclusão da via-sacra, foi apresentada a Ressurreição de Cristo, gravada na Gruta do Parque da Luz. Na cena, uma criança afirma: “Paz é garantir que todas as pessoas tenham moradia, comida, roupas, Educação, saúde, amor e compreensão, ou seja, boa qualidade de vida”.
‘EDUQUEM-SE PARA A FRATERNIDADE’
Na conclusão do vídeo da via-sacra, o Cardeal Scherer convidou os fiéis a continuarem firmes na busca de coisas boas, e destacou a Educação para a boa formação das virtudes humanas: “Eduquem-se para a fraternidade, eduquem-se para serem respeitosos, fraternos, colaborativos”. (Texto escrito sob a supervisão de Daniel Gomes)
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Paróquias da Arquidiocese iniciam a celebração da ‘Semana Maior’ REDAÇÃO
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Após dois anos de restrições a atividades presenciais, em decorrência da fase mais crítica da pandemia de COVID-19, os católicos em
São Paulo deram testemunho público da fé no Cristo, participando do Domingo de Ramos, no dia10,comprocissõescomosramosabençoados pelas ruas e praças da cidade e lotando as igrejas para a celebração da Santa Missa. Foi apenas o começo da “Semana Maior”,
na qual se celebra o mistério salvífico de Jesus. Apresentamos a seguir algumas das imagens do Domingo de Ramos nas paróquias da Arquidiocese. Todas podem ser vistas nas redes sociais por meio da hashtag #domingoderamosarquisp.
Fotos: Pascom das paróquias
Paróquia Santa Rita de Cássia
REGIÃO BRASILÂNDIA
Paróquia Menino Deus
REGIÃO BELÉM
Paróquia São João Batista
REGIÃO IPIRANGA
Paróquia Cristo Libertador
REGIÃO BRASILÂNDIA
Paróquia Nossa Senhora de Fátima
REGIÃO SANTANA
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Fotos: Pascom das paróquias
Paróquia Nossa Senhora das Graças
REGIÃO BELÉM
Paróquia São Paulo Apóstolo do IV Centenário
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Mosteiro da Luz
REGIÃO SÉ
Paróquia Santa Mônica
REGIÃO LAPA
Paróquia São Francisco de Assis
REGIÃO IPIRANGA
Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Vila Souza
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Paróquia Santa Joana D’Arc
REGIÃO SANTANA
Santuário Sagrado Coração de Jesus
REGIÃO SÉ
Paróquia São Vito Mártir
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Paróquia Santíssima Trindade
REGIÃO LAPA
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Com o Santo Terço, por 40 dias e sem interrupções Luciney Martins/O SÃO PAULO
INICIATIVA REALIZADA PELA PARÓQUIA SÃO BENEDITO DAS VITÓRIAS, NA REGIÃO BELÉM, INTENSIFICOU A PRÁTICA ORANTE NAS FAMÍLIAS, A INTEGRAÇÃO DAS PASTORAIS E A PROCURA PELOS SACRAMENTOS ROSEANE WELTER
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Durante a Quaresma, motivados pelo Padre Pierre Rodrigues da Costa, Vigário Paroquial, os fiéis da Paróquia São Benedito das Vitórias, na Vila Formosa, Região Episcopal Belém, participaram da reza ininterrupta do Santo Terço, na iniciativa “Quarenta dias com Maria”. Além dos paroquianos, fiéis de outras paróquias da Arquidiocese e de outras cidades aderiram ao cronograma de oração, iniciado em 1o de março, à meia-noite, após a Santa Missa, e concluído no sábado, 9, com a celebração eucarística presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano.
Iniciativa ‘Quarenta dias com Maria’ é encerrada na Paróquia São Benedito das Vitórias com missa presidida por Dom Odilo, no sábado, 9
CORRENTE DE ORAÇÃO
O Sacerdote mencionou que a iniciativa rendeu frutos para a comunidade e que mais ações para engajar os fiéis na fé serão realizadas, contando com a participação comunitária e social. “Sentimos um maior compromisso dos paroquianos com a vivência em comunidade. A dinâmica de oração aproximou e uniu as pessoas”, detalhou o Pároco, explicando, ainda, que, como Igreja, exercitaram com mais intensidade o tripé oração, penitência e caridade. “Diariamente, acompanhamos testemunhos de famílias que voltaram a rezar juntas, retornaram às missas dominicais e demonstram interesse em integrar as pastorais. As confissões aumentaram, a procura pela Catequese cresceu, subiu o número de coroinhas e jovens na Igreja”, assegurou o Sacerdote, destacando as ações concretas em prol dos irmãos em situação de vulnerabilidade. “Distribuímos mais de 40 cestas básicas por mês e, aproximadamente, 80 refeições às quintas-feiras para as pessoas em situação de rua”, disse.
De acordo com o Padre Pierre, a ação brotou no coração da comunidade. “Sentimos a necessidade de intensificar as orações, de sintonizar nosso coração com o de Maria”, explicou o Sacerdote, ressaltando que a ação ajudou a comunidade paroquial a se preparar para a Semana Santa. O Sacerdote afirmou que o Terço “Quarenta dias com Maria” assegurou uma corrente de oração nas intenções do Papa Francisco, da Arquidiocese, das pastorais, pela paz no mundo e pela conversão individual, além das intenções particulares. Para que a iniciativa fosse ininterrupta, o Padre organizou um cronograma de guardiões: duas ou mais pessoas ficavam responsáveis por conduzir cada hora de oração. “Em casa, no trabalho, de dia, de noite e nas madrugadas, os guardiões e outras pessoas estavam rezando ininterruptamente o Terço, salmos e orações que foram preparadas para esse mo-
mento de fé e devoção”, disse Ana Paula Pereira Amado Leão, ministra e guardiã que escolheu a madrugada, no horário das 2h, para rezar. “Cada horário recebeu um título de Nossa Senhora: das Dores, Desatadora dos Nós, Nossa Senhora Aparecida. E até duas crianças pediram para incluir seus nomes na lista de horários da oração. Uma no horário de Nossa Senhora das Dores e outra no de Nossa Senhora Aparecida”, contou o Padre.
FRUTOS DA ORAÇÃO
Às sextas-feiras, às 20h, o Padre Pierre rezava o terço on-line. “Foi um momento de participação e comunhão”, afirmou.
CAMINHAR COM JESUS
Na homilia da missa do dia 9, o Cardeal Scherer exortou que, na Semana Santa, todos se coloquem a caminho com Cristo e renovem a fé a partir do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. “Ao celebrarmos a Páscoa, somos chamados a nos colocar de coração contrito, aberto, diante da Paixão de Cristo e, por um lado, pedir perdão; por outro, agradecer a Jesus por ter nos amado até o fim”, afirmou Dom Odilo. O Arcebispo destacou que cada cristão é chamado a se colocar na cena da Paixão de Cristo e se indagar com qual personagem se identifica na narrativa litúrgica a ser celebrada. “A Semana Santa tem como finalidade aprofundar a nossa adesão a Jesus e recordar os fundamentos da fé cristã e, sobretudo, de nos colocar a caminho com Jesus para, renovados, prosseguir com fidelidade e perseverança”, disse, afirmando que “a Páscoa é um convite para chegarmos mais perto de Jesus”. O Arcebispo exortou os fiéis a viver com mais intensidade a Semana Santa, e recomendou que participem presencialmente das atividades.
VIDAS TRANSFORMADAS
Ao longo dos 40 dias de oração com Maria, houve vários testemunhos de vidas transformadas. “Foi um tempo propício para a evo-
lução pessoal, espiritual e como cônjuges”, disse Tiago Reis Marques, que rezou os 40 dias do Terço em companhia da esposa. Ele recordou a história de uma mãe que havia perdido o sentido da vida. “Rezamos por ela e Deus foi transformando seu coração e, após esse período, ela retomou a alegria de viver”, compartilhou. Célia Regina rezou o Terço de madrugada, às 4h. Ela conta que fora diagnosticada com glaucoma e retinose pigmentar, e que seria necessário fazer uma intervenção cirúrgica para recuperar a visão. “Confiei a Maria minha saúde e a possível cirurgia. Durante o Terço, fiz novos exames para agendar a cirurgia, porém, para glória de Deus e com a intercessão de Maria, os exames nada mais mostravam, não sendo mais necessária a cirurgia”, contou emocionada.
BÊNÇÃO MARIANA
No final da missa, o Cardeal cumprimentou o Sacerdote e a comunidade pela iniciativa. “Que o espírito de oração e a devoção mariana continuem a fortalecer a caminhada de fé desta comunidade no seguimento de Jesus, fiéis ao seu Evangelho”, disse. Na ocasião, foi introduzida na Paróquia a réplica do nicho e da imagem de Nossa Senhora Aparecida. “Rezar o Terço é uma maneira de lidarmos com os desafios de nosso tempo, é um caminho de santidade para alcançarmos a misericórdia de Deus. Diante de Maria, entregamos nossas dores e alegrias”, finalizou o Padre Pierre.
Você Pergunta ‘Com que nome serei reconhecida por Deus?’ PADRE CIDO PEREIRA
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A Maria Rosa, do Parque Taipas, me conta o seguinte: “Sou do interior da Bahia. Quando nasci, me deram o nome de Maria Aparecida. Fui batizada na Igreja Católica com este nome (é o que consta no meu batistério). Porém, quando fui para a escola, já aos 14 anos, levei minha certidão de nascimento e descobri que meu nome
era Maria Rosa. Todos os meus documentos foram tirados com esse nome. Estou confusa, porque acho que Deus se refere a mim como Maria Aparecida. Gostaria de saber sua opinião”. Maria Rosa do céu! Eu acho que você deve se alegrar e muito com esses dois nomes, o de Maria Aparecida, do batistério, e o de Maria Rosa, da certidão de nascimento. O povo antigo fazia esses jogos mesmo, de colocar no Batismo um nome
e na certidão de nascimento, outro... Entretanto, pense, minha querida: que beleza, que sorte a sua! Nos dois documentos, você tem o nome de Maria. Seus pais quiseram que você fosse xará da Mãe de Jesus. E, nos dois complementos dos nomes, você também tem duas invocações a Nossa Senhora: a primeira, a de Aparecida, mostra o carinho de seus pais pela Padroeira do Brasil que apareceu, foi encontrada nas águas do Rio Paraíba do
Sul, em São Paulo; a segunda, é o nome de Rosa, um nome bonito de uma flor que é aplicado também a Nossa Senhora. Ela é chamada de “Rosa Mística” na ladainha que a invoca com vários títulos. E fique sossegada, Maria Aparecida ou Maria Rosa. Deus, nosso Pai, sabe direitinho que você tem esses dois nomes. Deus não faz confusão não, viu? Fique com Deus, minha querida. E que Maria, Aparecida e Rosa, abençoe muito você!
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‘Irmãos de rua’ são convidados a celebrar e festejar a Ressurreição
COLABORE COM DOAÇÕES ARSENAL DA ESPERANÇA
Luciney Martins/O SÃO PAULO
DANIEL GOMES
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Após celebrar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, é tradição que muitas famílias se reúnam para festejar o Domingo de Páscoa. Para a maioria das pessoas em situação de rua, porém, comemorar com alegria essa data só é possível graças à caridade cristã materializada em iniciativas mantidas por pastorais, movimentos e comunidades. No domingo, 17, o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) oferecerá um almoço de Páscoa no espaço conhecido como Chá do Padre, no centro, para cerca de 600 pessoas, e na Casa Franciscana, no bairro do Cambuci, para 500 atendidos que também poderão participar de atividades como gincana, leitura e música. O almoço do Domingo de Páscoa também será especial para os acolhidos da Missão Belém, festejando que 22 deles, ao longo da Semana Santa, irão receber os sacramentos da iniciação cristã, após passarem por um retiro de seis meses para a restauração de suas vidas. “Este é o grande milagre da Páscoa: ex-moradores de rua, pessoas muitas vezes esquecidas, abandonadas, serão acolhidas como membros do corpo de Cristo e da Igreja”, manifesta a Missão Belém, por meio de sua assessoria de imprensa. Na Casa de Oração do Povo da Rua, no bairro da Luz, mantida pela Arquidiocese por meio do Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, cujo Vigário é o Padre Júlio Lancellotti, o dia da Páscoa será iniciado com missa, às 8h, após a qual se servirá um reforçado café da manhã. “Jesus se faz presente entre a população em situação de rua. Como me disse uma vez o senhor Antonio, que viveu por mais de 20 anos na rua: ‘Eu morri, porque passei anos na dependência da bebida, jogado pelas calçadas, sujo, fedido. Um dia, eu cheguei aqui e vocês tiveram paciência comigo, e eu reencontrei Jesus. Eu passei por toda a ressurreição’. Esse é o nosso sonho para os que hoje estão nas ruas: que possam viver a ressurreição em vida”, comentou Ana Maria Alexandre, coordenadora da Casa de Oração. No Arsenal da Esperança, no bairro da Mooca, mantido pelo SERMIG – Fraternidade da Esperança, os 1,2 mil homens acolhidos participarão de toda a programação do Tríduo Pascal e do Domingo de Páscoa, e no jantar do dia 17 receberão de presente chocolates, obtidos por doações de grupos que apoiam o Arsenal. No bairro do Brás, a confraternização de Páscoa na Casa Restaura-me, da Aliança de Misericórdia, será na segunda-feira, 18, para cerca de 500 “irmãos de rua”, a maioria frequentadora deste espaço, em que, além das refeições, podem tomar banho, lavar roupas e obter encaminhamentos para serviços sociais. “Depois de dois
Rua Doutor Almeida Lima, 900, Mooca Facebook: @arsenaldaesperanca Para doações financeiras Santander – Ag. 0144 CC: 13.003147-6 CNPJ: 62.459.409/0001-28 (também é a chave PIX.)
CASA DE ORAÇÃO DO POVO DA RUA
Rua Djalma Dutra, 3, Luz Facebook: @Casa-de-Oração-do-Povo-da-Rua Para doações financeiras: Bradesco – Ag: 0124 – CC: 053148-0 CNPJ: 63.089.825.0001/44
CASA RESTAURA-ME
Rua Monsenhor Andrade, 746, Brás Facebook: @casarestauramesp Para doações financeiras: Bradesco – Ag: 3137 – CC: 48021-5 CNPJ: 04.186.468/0001-73
MISSÃO BELÉM anos de pandemia, será uma Páscoa diferente, para contemplar a vida, essa graça que Deus nos dá de podermos estar bem, de ter vida nova em Cristo”, afirma Vanessa dos Santos, missionária da Aliança de Misericórdia e uma das responsáveis pelos projetos sociais.
MAIS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Durante todo o ano, essas instituições católicas atuam em favor dos que vivem em situação de rua, realidade de quase 32 milhões de pessoas na cidade, conforme dados da Prefeitura de São Paulo. Esse número, porém, tende a ser ainda maior, pois, de acordo com os entrevistados é crescente a demanda dos que têm procurado ajuda. Na Casa Restaura-me, Vanessa afirma que a maior urgência de itens é por cobertores e roupas masculinas. “Quando começou a pandemia, nós recebíamos muitas doações, mas de um tempo para cá diminuíram. O número dos que precisam de ajuda, porém, só cresce.” Na Casa de Oração do Povo da Rua, são feitas e distribuídas cerca de 700 marmitas por dia. “Além dos alimentos, sempre precisamos de kits de higiene, roupas e calçados. Muitas pessoas batem no portão pedindo um chinelo, pois chegam descalças ou já com o chinelo arrebentado”, detalha Ana Maria. No Arsenal da Esperança, os jovens e adultos sem trabalho, habitação e em dificuldade de saúde encontram um ambiente acolhedor, mantido principalmente por meio de doações, sendo sempre necessários itens como alimentos não perecíveis, talheres descartáveis, papel interfolhado, papel higiênico, máscaras e luvas descartáveis, itens de limpeza e kits de higiene pessoal, incluindo aparelhos de barbear descartáveis. Outro modo de colaboração é que as pessoas participem do bazar beneficente realizado sempre no segundo sábado de cada mês, das 8h15 às 12h30, na sede do Arsenal (Rua
Doutor Almeida Lima, 900, Mooca). Uma demanda crescente por roupas e alimentos também tem sido verificada pelo Sefras. “Tanto na Casa Franciscana quanto no Chá do Padre, o atendimento diário quase dobrou: no Chá são mil pessoas por dia, e, na Casa Franciscana, cerca de 500. Um dado importante não é só em relação ao crescimento quantitativo, mas do aumento de famílias, mulheres e pessoas em situação recente de rua que perderam emprego e condições de moradia”, pontua o Frei José Francisco, diretor-presidente do Sefras.
ATENÇÃO AOS ENFERMOS
No centro da cidade, a Missão Belém mantém o Edifício Nazaré, onde são acolhidos cerca de 50 “irmãos de rua” por dia e convivem aproximadamente cem pessoas. Em todas as suas casas, a Missão Belém acompanha diariamente 2,3 mil pessoas, a maioria em recuperação para se livrar do vício das drogas. “Nossas maiores necessidades são de cunho financeiro, para arcar com as despesas das casas, como contas de água, luz, entre outras”, detalha a assessoria. “Além disso, existem as necessidades diárias como roupas, sobretudo masculinas. Especialmente no tempo que se aproxima, o inverno, a acolhida dobra; também aceitamos doações de alimentos, de produtos de higiene e limpeza.” Também a Missão Eucarística Voz dos Pobres, fundada em 1996 por Claudio Luiz Vaz, acolhe pessoas com a saúde debilitada que vivem nas ruas ou que tenham sido abandonadas por familiares em hospitais e em suas próprias casas. O foco dos trabalhos, porém, é a realização da pastoral de rua, em que missionários consagrados e voluntários levam refeições e escutam as angústias, histórias e clamores das pessoas. “Nós prezamos muito por esse contato com os irmãos, esse olhar nos olhos, essa partilha, o sentar e ouvi-los”, assegura a irmã celibatária Maria Madalena da Cruz, ministra-geral da vida celibatária da Voz
Edifício Nazaré (Praça da Sé, 47) www.missaobelem.org * No site, há o endereço de outras casas de acolhida
SEFRAS
Chá do Padre (Rua Riachuelo, 268, Centro) Casa Franciscana (Rua Otto de Alencar, 270, Cambuci) www.doesefras.org.br Central de atendimento em SP: (11) 3795-5220
VOZ DOS POBRES
Facebook: @vozdospobres.ofc Para doações financeiras: Itaú – Ag: 0786 – CC: 12345-5 CNPJ: 16.610.771/0001-30 (também é a chave PIX.)
dos Pobres e responsável pela Casa São José Moscati, localizada no Jardim Bonfiglioli, na zona Oeste. “Acreditamos que, se cuidarmos dos pobres, Deus cuida da obra, ou seja, do aluguel e das outras contas. Assim, os recursos para tudo isso vêm de doações, rifas e eventos de arrecadação. Quando alguém quer nos ajudar, passamos nossa conta bancária, mas pedimos especialmente que venha e conheça a realidade, nos ajude nos cuidados com os irmãos. Para nós, a Páscoa acontece todos os dias, porque vemos a liturgia da Ressurreição no olhar de um irmão que conversa conosco e naqueles que acolhemos.”
PARTICIPE VIA-SACRA DO POVO DA RUA
Sexta-feira Santa, 15 Concentração no Largo São Bento, a partir das 8h, seguida de oração e procissão pelas ruas do centro, sendo concluída no interior da Catedral da Sé.
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Oração Universal
Para que os governantes assegurem o bem comum, a paz e a liberdade Luciney Martins/O SÃO PAULO
DANIEL GOMES
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Proferida em quase todas as missas, a oração universal ou oração dos fiéis é o momento na liturgia em que o povo eleva súplicas a Deus pelas necessidades da Igreja e pela salvação do mundo inteiro. Na ação litúrgica da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, a oração
universal apresenta invocações específicas pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus – “aos quais o Senhor Deus falou em primeiro lugar”, pelos que não creem no Cristo, pelos que não creem em Deus, pelos que sofrem provações e pelos poderes públicos. Neste ano, em sintonia com os
apelos que o Papa Francisco tem feito pelo fim dos conflitos no mundo, em especial na Ucrânia, a Congregação para o Culto Divino orientou as dioceses para que na invocação pelos poderes públicos se reze a Deus “pelos governantes, para que ilumine as suas mentes e corações para buscar o bem comum em verdadeira liberdade e em verdadeira paz, e por aqueles que estão em provação para que to-
dos possam experimentar a alegria de ter encontrado a ajuda da misericórdia do Senhor”. Para que esta súplica se transforme em práticas concretas, quais devem ser as principais posturas dos governantes, nos âmbitos global e local? É o que O SÃO PAULO perguntou a cinco pessoas de notório saber sobre bem comum, paz e liberdades religiosa e de expressão e de informação.
Garantir, respeitar e fomentar a legítima liberdade de imprensa e de expressão CARLOS ALBERTO DI FRANCO Os governantes precisam ter consciência de que a liberdade de expressão e de imprensa não são uma concessão do Estado. Representam o respeito a um direito humano fundamental, garantido e louvado pela Constituição de 1988. Liberdade de imprensa e de expressão, e sua outra face, a responsabilidade ética, merecem uma breve reflexão. O jornalismo, em suas diversas manifestações é, ou deve ser, uma livre obstinação na busca da verdade. Dois elementos essenciais devem marcar a atividade informativa: a bus-
ca da verdade e a defesa da liberdade. A relação entre liberdade e verdade encerra um dos grandes desafios do nosso tempo. De sua correta formulação decorrem não apenas inúmeras consequências no campo da Filosofia, da Antropologia e da Cultura, mas também significativas repercussões no comportamento prático das pessoas, graças, sobretudo, ao enorme poder dos meios de comunicação, impressos ou digitais, como instrumentos de informação e de formação da opinião pública. Como bem salientou o saudoso São João Paulo II, em seu discurso com motivo do 50º aniversário da Organização
das Nações Unidas, “a liberdade possui uma ‘lógica’ interior que a qualifica e a enobrece: ela está orientada para a verdade e realiza-se na busca e na atuação da verdade. Desvinculada da verdade acerca da pessoa humana, ela degenera, na vida individual, na licenciosidade e, na vida pública, no arbítrio dos mais fortes e na arrogância do poder. Portanto, longe de constituir uma limitação ou uma ameaça à liberdade, a referência à verdade acerca do homem-verdade universalmente inteligível por meio da lei moral inscrita no coração de cada um é, na realidade, a garantia do futuro da liberdade”. “Uma democracia sem valores se
transforma, com facilidade, num totalitarismo visível ou encoberto”, afirma com realismo cortante o saudoso Pontífice. Os governantes devem, portanto, garantir, respeitar e fomentar a legítima liberdade de imprensa e de expressão que se apoia na busca, técnica e ética, da verdade dos fatos. Carlos Alberto Di Franco, advogado, jornalista e doutor em Comunicação, é professor de Ética, colunista, consultor e conselheiro de empresas de comunicação.
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Ter abertura e escuta às reais necessidades da população
A paz é alcançada pelo compromisso com a verdade WAGNER BALERA A paz só é verdadeira quando se baseia na verdade. Eu sou a verdade (cf. Jo 14,6). A primeira postura do governante é o compromisso intransigente e radical com a verdade. Nenhuma atitude dúbia, nenhum fingimento; nenhuma falsa promessa ou programa irrealizável. A paz deve ter como escopo a justiça, que não admite a opressão dos vencidos. Aprendamos com a resultante da primeira guerra. O vencido provocou a segunda, amplificando, a partir da mentira, os milhões de mortos. A segunda postura consiste em compreender que a paz local exige o aceite da liberdade de circulação de todos, notadamente dos mais pobres; daqueles que estão em situação de rua e dos que querem retirar até mesmo o pouco que, a duras penas, amealharam na lida em busca do precário teto. Esses, que não têm voz, nem vez, nem lugar, são os primeiros destinatários da paz; portanto, a necessária prioridade de qualquer governante idôneo. A verdade de que brota a paz, aliada à justiça, sobretudo em sua dimensão social, semeiam a libertação de todas as formas de opressão. Como bem ensinou São João XXIII, na encíclica que denominou Pacem in terris, os quatro pilares para que um governante honre seu mandato são a verdade, a justiça, a liberdade e o amor. Este último, aliás, não pode ser simbolizado por uma paz armada, acúmulo de armas e de bombas atômicas, que dissuadem pelo temor. Para que a postura de paz tenha dimensão mundial, urge que a organização do tratado de todos os oceanos transmude espadas e os armamentos em arados e foices, como bem recomendou Amós, e que todos os governantes, orando em uníssono, busquem a verdade, a liberdade, a paz e o amor. Wagner Balera é mestre, doutor, livre-docente e professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP.
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JOSÉ MARIO BRASILIENSE CARNEIRO Buscar o bem comum significa empreender ações para oferecer as condições necessárias ao desenvolvimento integral das pessoas e comunidades. Essas condições compreendem aspectos materiais, como moradia e saúde, e aspectos intangíveis, como educação e cultura. Em uma democracia, a tarefa de buscar o bem comum recai sobre a sociedade civil, que deve participar da formulação, implementação e controle de políticas públicas. A convivência humana em famílias e comunidades supre, em grande medida, as necessidades fundamentais das pessoas. Segundo o princípio da subsidiariedade, o Estado deve respeitar
essas esferas de organização social e atuar de forma suplementar, dando prioridade aos mais pobres. Para tanto, a postura dos governantes deve ser de abertura e escuta às reais necessidades da população. Em uma federação, os primeiros responsáveis para a promoção do bem comum são os prefeitos, vereadores e gestores municipais que conhecem sua realidade. Quando um município não é capaz de resolver sozinho questões como o tratamento de resíduos sólidos, por exemplo, é preciso buscar a cooperação com as cidades vizinhas. Em seguida, entram em cena os governos estaduais e finalmente o governo federal. Essa perspectiva subsidiária do Estado não é difundida no Brasil, onde se espera que o governo federal resolva todos os problemas.
Vale lembrar que há temas impossíveis de serem tratados no plano nacional. Isso ficou claro no contexto da pandemia: observamos que questões sanitárias e ecológicas exigem estruturas de governo em nível global. José Mario Brasiliense Carneiro, diretorpresidente da Oficina Municipal – Escola de Cidadania e Gestão Pública, é bacharel em Direito (USP); mestre e doutor em Administração Pública (FGV-SP); e master em Teologia da Evangelização (Pontificia Universidade Lateranense)
Que a todos se assegure o direito à prática religiosa e a organizar a vida por suas crenças ANA CECÍLIA GIORGI MANENTE Em sua missão de ajudar os cristãos perseguidos, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) também promove a defesa da liberdade religiosa. A cada dois anos, desde 1999, publicamos um extenso relatório sobre o tema, cobrindo mais de 190 países. Dois terços da humanidade vivem onde a liberdade religiosa está em risco. Um exemplo é a China, onde os governantes utilizam tecnologia militar para vigiar, perseguir e mesmo eliminar milhões de fiéis. Também na Índia, Paquistão, Mianmar, Egito e Nigéria a perseguição toma proporções de genocídio. Nem
sempre o perseguidor é o Estado, mas ele é sempre responsável por garantir os direitos. A nosso ver, a liberdade religiosa carece de um estado secular, com separação entre Estado e religião, e onde o Estado promova e garanta a liberdade religiosa e o espaço público aberto a todos. Em países onde não há perseguição extrema e mesmo em nações democráticas e liberais, o alerta é outro: a adoção gradual de leis e novos valores ideológicos que censuram a liberdade de consciência, crença e expressão. É a “perseguição educada”, que relega as religiões a seus templos e esvazia a legitimidade da participação social ativa. Um exemplo é a proibição de símbolos religio-
sos em lugares públicos, escolas e ambientes de trabalho. Os governantes devem estar alertas a tais sutilezas para exercer um governo justo. Importante garantir a todos o direito à prática religiosa e organização da vida privada e pública conforme suas crenças; promover o respeito e a não discriminação religiosa; combater a desinformação. Ana Cecília Giorgi Manente é presidente no Brasil da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
Facilitar o acesso à informação é dever moral da autoridade pública FILIPE DOMINGUES Vivemos em uma época em que os valores e a cultura são muito mais orientados pela mídia do que pelas instituições tradicionais. Alguns dizem que vivemos numa verdadeira “midiápolis”, em que a principal “praça pública” de debate dos temas importantes é a mídia. E aqui “mídia” não se trata mais só da TV e dos jornais, como antes, mas de uma verdadeira cultura midiatizada e digital. A mídia está em quase tudo
o que fazemos. Quem aparece no ambiente midiático tem mais voz e influência do que quem não o faz. Quem domina estratégias midiáticas tem mais sucesso do que quem não as controla. Também a política, hoje, é orientada principalmente pela mídia. Nossos políticos, nossas autoridades públicas, falam muito mais pelo Twitter, YouTube e WhatsApp do que em convenções e passeatas. Por um lado, as redes sociais descentralizam a fonte de informação e permitem que mais pessoas participem do ambiente público. Por
outro, elas amplificam o problema da manipulação da informação, ou da desinformação. O principal dever moral de uma autoridade pública, no que diz respeito à mídia, é facilitar o acesso à informação. Desinformar é um atentado a esse direito democrático, uma vez que para participar da vida pública o cidadão precisa conhecer a realidade. Além disso, para que sirvam sua função, autoridades públicas devem pautar suas políticas e práticas pelos problemas reais que as pessoas enfren-
tam. As redes sociais são apenas uma parte da realidade. Sem sujar os sapatos e ir ao encontro dos que mais precisam, os governantes se afastam da missão de promover o bem comum. Filipe Domingues é jornalista, mestre e doutor em Ciências Sociais (Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma) e colaborador do O SÃO PAULO em Roma.
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Liturgia e Vida SEMANA SANTA - ANO C
O Coração da Fé Cristã PADRE JOÃO BECHARA VENTURA O Tríduo Pascal, entre a Quinta-feira Santa e a Vigília, não é uma simples “recordação” dos acontecimentos da Salvação… Participando das celebrações, tocamos o coração da fé cristã! Como que transportados à Jerusalém do primeiro século, seguimos os passos de Jesus, da Virgem Maria e dos apóstolos. Não há comunhão com Deus nem salvação senão por meio da Santa Cruz. Por isso, a Igreja canta nestes dias: “Ó Cruz, esperança única!”. Para que a Paixão, Morte e Ressurreição não ficassem no passado, Jesus institui, nesta Quinta-feira, a Eucaristia e o Sacerdócio. Por meio da Santa Missa – deixada por Ele como “Testamento” – atualiza-se diariamente até o final dos tempos o mistério do Calvário. Por meio dos sacerdotes, Ele continua a perdoar, abençoar e unir os homens a Deus. Enfim, graças a essa Última Ceia, da qual participaremos, homens e mulheres de todos os tempos e lugares podem receber os frutos da Redenção. Na Sexta-feira, subiremos o Calvário, a fim de contemplar o fato que ultrapassa todo entendimento: Deus é ferido e morto por causa de nossos pecados. Segundo São Paulo, “Ele Se entregou por nossos pecados, para nos libertar do presente mundo mau!” (Gl 1,4). Enfim, compreenderemos, ao lado da Mãe Dolorosa, com João e Madalena, o significado das palavras do Senhor: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). E também com Maria Madalena, no Sábado, faremos vigília. Sua espera ansiosa para ir de manhãzinha ao Sepulcro é símbolo de uma espera maior, que envolveu toda a humanidade. Durante séculos, como numa madrugada de vazio e angústia, esperaram Aquele a quem “profetas e reis quiseram ver e não viram, quiseram ouvir e não ouviram” (Lc 10,23)… Nós o encontraremos! Inicialmente, não compreenderemos as faixas e o sudário colocados de lado no Sepulcro. Então, diremos com Maria: “Levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram!” (Jo 20,13). Depois, com os discípulos, extravasaremos de surpresa e alegria! Surpresa com um Messias que é Deus, que sofreu e morreu. E alegria porque Ele ressuscitou e nos ama! Ele nos infundirá confiança dizendo: “Ninguém tira a minha vida, Eu mesmo a entrego. Tenho poder de entregá-la e de retomá-la” (Jo 10,18). No Domingo de Páscoa, virá Jesus mesmo ao nosso encontro. Nós o reconheceremos na Santa Missa “ao partir do Pão” (Lc 24,35) e diremos com as palavras do Discípulo Amado: “É o Senhor” (Jo 21,7)! Em paz, certos de que se cumpriu a nossa Redenção, nos uniremos Àquela que mais sofreu na Paixão e que mais se alegrou na Ressurreição: a Mãe de Jesus. E, sem pensar em nós mesmos nem nos nossos pecados, e nem sequer no Céu que o Senhor nos alcançou, nos alegraremos somente por sua alegria de Mãe. E cantaremos a Ela “Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia! Pois o Senhor que merecestes trazer em vosso ventre – Aleluia! – ressuscitou como disse, Aleluia! Rogai a Deus por nós, Aleluia!”. Ótimo Tríduo Pascal!
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Começa o curso de especialização em Teologia e Ensino Religioso FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
No dia 6, começaram as aulas do primeiro módulo do curso de especialização em Teologia, promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo e a Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP. A formação realizada inteiramente on-line é voltada para professores de Ensino Religioso do ensino fundamental e médio das redes pública e privada; gestores, diretores e demais profissionais da Educação; público em geral interessado no tema, desde que tenham diploma de curso superior. Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, explicou que a iniciativa inédita no Brasil surgiu diante da falta de formação especializada de nível superior para professores de Ensino Religioso confessional nas escolas católicas.
NA LEGISLAÇÃO
Em uma das lives realizadas para o lançamento do curso, Dom Carlos lembrou que o Ensino Religioso é a única disciplina de ensino fundamental mencionada na Constituição de 1988, ao afirmar, no artigo 210, parágrafo 1º: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”, algo que também consta na Lei de Diretrizes e Bases da Educaçao (LDB). A mesma legislação também enfatiza que “os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores [...]. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso”. É sobre esse aspecto, portanto, que se fundamenta a iniciativa do curso promovido pela Arquidiocese. O Vigário Episcopal recordou, ainda, que o Acordo Brasil-Santa Sé, firmado em 2008, assegura que o Ensino Religioso católico e de outras confissões religiosas constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. Mesmo sendo de caráter facultativo, o Ensino Religioso não é uma disciplina extracurricular, pois compõe a grade curricular da educação básica. No entanto, quando não há procura por parte dos pais ou oferta de professores para a área, a disciplina é substituída por outra.
PROFESSORES
Para lecionar Ensino Religioso, o professor da rede pública precisa de uma especialização na área com com-
plementação pedagógica em Ensino Religioso confessional, além do certificado da autoridade competente da respectiva Igreja ou comunidade religiosa. O curso oferecido pela PUC-SP, portanto, habilitará esses professores tanto acadêmica quanto institucionalmente. Aqueles que possuem mestrado e doutorado em Teologia com reconhecimento eclesiástico também podem lecionar Ensino Religioso confessional católico. O Bispo Auxiliar ressaltou que o Ensino Religioso é uma disciplina formal por meio da qual o aluno vai conhecer a Igreja Católica, sua história, os fundamentos do Cristianismo, as verdades fundamentais da fé católica e suas implicações na vida das pessoas e da sociedade.
FORMAÇÃO INTEGRAL
“A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza muito a necessidade da formação integral dos alunos. Penso que o Ensino Religioso tem um papel fundamental para contribuir para essa formação integral, porque essa disciplina ensina os fundamentos da convivência humana, o reconhecimento da dignidade de cada pessoa”, acrescentou Dom Carlos. Ao falar do Ensino Religioso confessional, Padre Vandro Pisaneschi, Coordenador de Pastoral do Vicariato,
salientou que as escolas católicas não têm o objetivo de forçar ou exigir uma adesão de fé do estudante, no entanto, pode prepará-lo. “A escola católica parte do pressuposto de que Cristo sempre é bom quando é aceito, não imposto.” O Sacerdote acrescentou que, mesmo nas escolas não confessionais, o Ensino Religioso contribui com a comunidade escolar ao provocar nos alunos reflexões sobre a abertura à transcendência, o desenvolvimento integral do ser humano, o cultivo de valores comuns como o diálogo, a paz, a convivência, a solidariedade e o bem comum.
INFORMAÇÕES
Padre Rodrigo Pires, Professor da PUC-SP e Coordenador do curso, destacou que a grade curricular da especialização conta com uma carga horária nas áreas de Teologia, Filosofia, Antropologia, Bioética, Literatura, entre outras. O curso foi divido em três módulos independentes, de forma que aqueles que não fizeram o primeiro módulo poderão se inscrever no segundo e no terceiro e, depois, cursar o primeiro. As inscrições para o módulo seguinte serão abertas no próximo semestre. Para outras informações, acesse: https://tinyurl.com/ycn4qp7d.
Edital
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Com os ramos e com alegria por todo o País @noronha_fr
DANIEL GOMES
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Com ramos nas mãos, fiéis de norte a sul do Brasil participaram presencialmente, após dois anos da fase mais aguda da pandemia de COVID-19, da celebração do Domingo de Ramos, no dia 10, iniciada com procissões pelas ruas, praças e outros ambientes. No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a bênção dos ramos ocorreu no memorial dos construtores, seguida da procissão dos devotos até a fachada norte do templo mariano, onde recentemente foi inaugurado um mosaico gigante com cenas inspiradas no livro do Êxodo. “Vamos lembrar que a grande procissão foi aquela do Êxodo, a saída da escravidão para a pátria da liberdade. Que nós também, nesta procissão, nos libertemos do pecado e vivamos a vida de Jesus em nossas vidas”, disse Dom Orlando Bran-
des, Arcebispo de Aparecida (SP), que presidiu a missa na basílica. Na Diocese de Camaçari (BA), os
Dalmo Dallari morre aos 90 anos : Luciney Martins/O SÃO PAULO
Referência na defesa dos direitos humanos durante o período da ditadura no Brasil, o jurista Dalmo Dallari faleceu na sexta-feira, 8, aos 90 anos de idade, por insuficiência respiratória. Natural de Serra Negra (SP), Dalmo Dallari ingressou na Faculdade de Direito da USP em 1953, onde concluiu o bacharelado em 1957. A partir de 1964, passou a compor o corpo docente da instituição, da qual foi diretor entre 1986 e 1990, e atualmente era professor emérito. Dallari contribuiu para a criação da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, em 1972, a convite de Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano na época, tendo sido o primeiro presidente deste organismo. O jurista foi velado no sábado, 9, no sa-
lão nobre da Faculdade de Direito, no Largo São Francisco, onde ocorreu a missa de corpo presente. O sepultamento aconteceu no mesmo dia no Cemitério do Araçá. Ainda no sábado, o Cardeal Odilo Pedro Scherer manifestou pesar pelo falecimento de Dalmo Dallari e prestou solidariedade aos familiares. O Arcebispo recordou a participação do jurista na organização da Comissão Justiça e Paz e apontou que “teve uma vida profissional e acadêmica marcada pela dedicação à aplicação do Direito como serviço à justiça”. Ao O SÃO PAULO, em abril de 2011, Dallari recordou a agressão que sofrera em 2 de julho de 1980, na véspera da visita apostólica de São João Paulo II a São Paulo. Após ser capturado na porta de sua casa e agredido num terreno baldio, conseguiu recuperar-se a tempo de participar, ainda que debilitado fisicamente, da missa presidida pelo Papa no Campo de Marte. “Eu fiz a leitura da missa como estava programado e depois saí. Isso teve uma repercussão enorme, inclusive internacional. Acredito que a minha presença serviu para estimular a luta pela liberdade e a dignidade da pessoa humana”, recordou, na entrevista cuja íntegra pode ser lida em https://cutt.ly/nFn1RCt. (Por Redação)
católicos lotaram as ruas da cidade de Candeias (foto acima), na região metropolitana de Salvador, em pro-
cissão que partiu de uma das praças do centro da cidade até o Santuário Nossa Senhora das Candeias. “Depois de dois anos restritos, hoje podemos manifestar a nossa fé pelas ruas de Candeias”, afirmou o Pároco, Reitor e Guardião do Santuário, o Frei Thiago Noronha, OFMConv. Na Arquidiocese de Manaus (AM), o Arcebispo Metropolitano, Dom Leonardo Steiner, abençoou os ramos na Praça da Matriz, em frente à Catedral Metropolitana, onde presidiu a Santa Missa. “Entramos com Jesus na cidade de Jerusalém, cidade da partilha, do amor, da dor, da morte e da vida nova. Esse é o chamamento para todos os cristãos nesse início da Semana Santa, uma semana muito preciosa, pois mostra que Jesus nos ensinou a assumir a plenitude humana, e a cruz é essa manifestação de fé, que transforma a morte em ressurreição”, disse. (Com informações dos sites das dioceses e arquidioceses)
O adeus ao Padre Ladislau Klinicki aos 107 anos A Comunidade Salesiana Santa Teresinha em São Paulo divulgou na segunda-feira, 11, o falecimento do Padre Ladislau Klinicki, aos 107 anos. Ele era o salesiano mais idoso do mundo. Nascido em Kursk, no antigo Império Russo, em 1914, ele fez sua primeira profissão religiosa como salesiano no ano de 1934. Foi ordenado sacerdote em Varsóvia, em 1943. Em 1941, a cidade de Roma foi ocupada pelo exército alemão. A casa salesiana foi invadida no dia 4 de março de 1942, ocasião em que o Padre Ladislau e sua comunidade foram levados presos. “A maior ajuda espiritual para nós foi a confiança na misericórdia de Deus e a oração”, afirmou Padre Ladislau, em seu livro de memórias, “A um Passo da Morte”. Todos que estavam na cela foram interrogados e, provando da misericórdia de Deus, os próprios alemães chegaram à conclusão de que as acusações feitas a respeito deles eram falsas. Durante cinco anos, ele foi prisioneiro em campos de concentração nazistas. Padre Ladislau chegou ao Brasil em 1968, para atuar como capelão dos poloneses no bairro do Bom Retiro, capital paulista, por dois anos. Durante sete
New Face/Agenzia Info Salesianos
anos esteve em Lavrinhas (SP), onde deu aulas e foi confessor dos aspirantes. Foi vigário paroquial durante um ano na Paróquia São João Bosco, em Americana (SP), e depois voltou a trabalhar com os aspirantes, durante dez anos, dessa vez em Pindamonhangaba (SP). De volta a Lavrinhas, permaneceu por mais dois anos e, desde 1990, já com 76 anos, passou a compor a Comunidade Santa Teresinha, na capital paulista. Nos últimos anos, Padre Ladislau atuou fortemente no ministério das confissões. Em 2020, foi um dos contemplados com a Medalha São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese de São Paulo, na categoria Serviço Sacerdotal. (Por Redação - com Vatican News e Salesianos)
Comissão para o Acordo Brasil-Santa Sé planeja eventos para 2022 REDAÇÃO
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A Comissão Episcopal para o Acordo Brasil-Santa Sé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reuniu na quinta-feira, 7, em Brasília (DF). O encontro contou com a participação do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Presidente da Comissão para o Acordo Brasil-Santa Sé, destacou que a reunião teve a finalidade
de dar andamento aos trabalhos do grupo e tratar dos projetos futuros. Entre as principais atividades e projetos promovidos pela Comissão, destacam-se alguns eventos com o objetivo de disseminar o conhecimento a respeito do acordo bilateral. Neste ano, será realizado um Simpósio na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) sobre aspectos tributários do acordo, com data provável para o mês de maio. Outra ação é a terceira edição de um curso de extensão da Faculdade de Direito Canônico de São Paulo Apóstolo, da Ar-
quidiocese de São Paulo, sobre algumas questões do Acordo Brasil-Santa Sé. E, no final do ano, é prevista a realização de um encontro para assessores jurídicos das cúrias e mitras diocesanas, em Brasília. Esse evento já estava programado para acontecer em 2020, mas, por causa da pandemia, teve de ser suspenso. Está agora programado para novembro”, salientou Dom Odilo.
O ACORDO
Acordos ou tratados são instrumentos jurídicos do Direito Interna-
cional, mediante os quais dois entes reconhecidos internacionalmente estabelecem entre si questões de recíproco interesse. Firmado em 2008, o Acordo Brasil-Santa Sé trata da personalidade jurídica da Igreja Católica e de suas instituições no Brasil. Em seus 20 artigos, o texto consolida direitos já garantidos pela legislação brasileira e pela jurisprudência dos tribunais do País. Para saber mais sobre o acordo, acesse: https://tinyurl.com/yblm8b8t. (Com informações de CNBB)
18 | Pelo Mundo | 13 a 19 de abril de 2022 |
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Israel
Como em todo o mundo, o Domingo de Ramos volta a ser celebrado presencialmente em Jerusalém PGPO/CTS
JOSÉ FERREIRA FILHO
osaopaulo@uol.com.br
Orações em árabe e latim ecoaram na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, no domingo, 10, quando cristãos de todo o mundo puderam participar da missa do Domingo de Ramos após dois anos de restrições em virtude da pandemia de COVID-19. Cerca de 500 fiéis passaram pelas portas de madeira da igreja que é o foco da festa mais importante do calendário cristão como o local onde se acredita que Jesus foi crucificado e, depois, ressuscitou. “Depois de dois anos de COVID-19, de restrições, de igrejas fechadas, hoje estamos em um ambiente normal. Temos muitos peregrinos, muitos cristãos locais. Estamos muito felizes. Para nós, é uma espécie de ressurreição”, disse o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa. Fiéis agitavam folhas de palmeira, um gesto tradicional para relembrar as boas-vindas a Jesus a Jerusalém, conforme registrado pelos evangelhos, dando início à celebração da Semana Santa para os cristãos.
RETOMADA
Há poucas semanas, Israel começou a permitir a entrada de turistas estrangeiros no país novamente.
“Não há lugar melhor para celebrar a Semana Santa, uma vez que foi aqui que todos os eventos ocorreram originalmente, e, também, pelo fato de que a pandemia de COVID-19 está se resolvendo, tornando este local seguro o suficiente para vir este ano”, disse Joseph Obiajulu, 26, da cidade de Nova York. A Semana Santa costuma ser o auge das visitas à Terra Santa para os peregrinos cristãos, mas no domingo havia apenas cerca de 20% do número de fiéis que
normalmente lotam a igreja, disse Athanasius Macora, um monge franciscano que há 23 anos trabalha no local. “Normalmente, onde estou, teríamos de sete a dez grupos por dia, e agora estamos com uma média de dois”, disse ele.
EMOÇÃO
Cerca de 400 mil visitantes entraram em Israel em 2021, um declínio acentuado em relação ao recorde de 4,55 milhões de visitantes em 2019.
Padre Karam Shamasha
Qaraqosh, Iraque
Fonte: Yahoo News
Solène Tadié
Lipnica Murowana, Polônia Baltics New
Kiev, Ucrânia
“É muito emocionante!”, disse Patricia Mercader, 20, da Espanha. “Parando onde estava e sentindo o que senti, não há palavras para explicar.” Fiéis acenderam velas e se ajoelharam na Pedra da Unção, local em que se acredita que o corpo de Jesus foi preparado para o sepultamento. “Nunca acreditei que visitaria a Terra Santa”, disse Francisca Teresinha de Jesus Fernandes Farias, 85, do Brasil.
Maurício Lima
Kambia, Serra Leoa
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| 13 a 19 de abril de 2022 | Papa Francisco | 19
Domingo de Ramos: ‘Salva a ti mesmo’ é a grande tentação do mundo atual Vatican Media
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
“Salva a ti mesmo”, diziam aqueles que crucificaram Jesus, conforme o relato evangélico (cf. Lc 23,39). Nas palavras do Papa Francisco, essa fala, dita com deboche por aqueles que duvidavam da divindade de Cristo, é hoje motivo de grande tentação para cada um de nós. “‘Salva a ti mesmo’ é o refrão da humanidade que crucificou o Senhor. Pensemos nisso”, declarou na homilia do Domingo de Ramos, 10. Trata-se de uma mentalidade egoísta e que exclui a existência de Deus. Dizer “Salva a ti mesmo” é como dizer que só importa “a própria saúde, o próprio sucesso, os próprios interesses, o ter, o poder, o aparecer”, comentou o Pontífice. Em vez disso, a lógica de Cristo é o total oposto. “Ele não reivindica nada para si, nem mesmo se defende ou se justifica. Reza ao Pai e oferece misericórdia ao bom ladrão. Uma sua expressão, em particular, marca a diferença com o ‘Salva a ti mesmo’: ‘Pai, perdoa-os’”, refletiu Francisco.
‘ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM’
Com essa ênfase no perdão, o Papa
Francisco abriu as celebrações da Semana Santa - que, depois de dois anos sem povo por causa da COVID-19, viu o retorno dos fiéis à Praça São Pedro. De acordo com a polícia do Vaticano, 65 mil pessoas participaram da missa presencialmente. Ao olharmos para a cruz, disse o Papa, devemos nos lembrar não só da dor do Cristo crucificado, mas do seu imenso amor. “O amor de Jesus é para todos, não há privilégios nisso. Todos. O privilégio de cada um de nós é ser amado, perdoado”, insistiu. “Olhando para Jesus na cruz, vemos que nunca recebemos um olhar de maior
ternura e compaixão. Nunca recebemos um abraço mais amoroso”, afirmou. “Digamos: ‘Obrigado, Jesus, você me ama e me perdoa sempre, mesmo quando tenho dificuldades de me amar e de me perdoar.” Seguir a Cristo é fazer o mesmo com os outros. Em vez de viver em nosso “instinto rancoroso” e pensar em si mesmo, é manifestar “compaixão e misericórdia por todos, porque Deus vê um filho em cada um de nós”, completou. “Olhando para o nosso mundo violento, o nosso mundo ferido, Cristo não cansa jamais de repetir: ‘Pai, perdoa-os porque eles não sabem o que fazem’”, disse o Papa.
Apelo do Papa por uma ‘trégua pascal’ na Ucrânia “Abaixem as armas!”, clamou novamente o Papa Francisco na Praça São Pedro, no domingo, 10, em referência à invasão da Ucrânia pela Rússia, que já dura sete semanas. “Que se inicie uma trégua pascal, mas não para recarregar as armas e recomeçar a combater, não! Uma trégua para chegar à paz, por meio de uma verdadeira negociação, dispostos também a qualquer sacrifício para o bem das pessoas,” afirmou, em mais um apelo emocionado, após a oração do Angelus. O Papa Francisco declarou que o período pascal “celebra a vitória do Senhor Jesus Cristo sobre o pecado e a morte, e não sobre esta ou aquela pessoa”. A cruz de Cristo, acrescentou, “nos liberta do domínio do mal, para que reinem a vida, o amor e a paz”. A diplomacia da Santa Sé vem trabalhando para organizar um novo encontro entre o Papa e o Patriarca Cirilo (Kiril), líder da Igreja Ortodoxa de Moscou. Entre as diferentes hipóteses levantadas está a de que se reúnam no Líbano ou em Jerusalém, em junho. (FD)
Após dois anos, Via-Sacra volta ao Coliseu recordando as famílias A tradicional celebração da Via-Sacra, neste ano escrita por pessoas de diferentes núcleos familiares, volta a ser organizada no Coliseu, no centro histórico de Roma, depois de dois anos sendo realizada na Praça São Pedro, por causa da pandemia. A escolha do Papa Francisco de en-
tregar as meditações da Via-Sacra a representantes de diferentes famílias remete ao ano “Amoris laetitia”, dedicado à família. Em especial, destacam-se pessoas russas e ucranianas, que em sinal de unidade e paz rezarão juntas. Entre os que vão carregar a cruz nas 14 estações da Via-Sacra estão desde
jovens esposos a famílias de migrantes, uma viúva com filhos, famílias com membros doentes, deficientes ou adotivos, além de idosos e casais sem filhos, por exemplo. São pessoas que representam a dor e a esperança das famílias de hoje, à imagem da Paixão de Cristo. “[Cristo], que escolheu viver em uma
família, olha com bondade as nossas famílias: atende as orações, escuta as lamentações, bendiz os propósitos, acompanha o caminho, sustenta as incertezas, consola os afetos feridos, infunde a coragem de amar, concede a graça do perdão, torna-as abertas às necessidades dos outros”, diz a oração inicial. (FD)
20 | Reportagem | 13 a 19 de abril de 2022 |
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‘O trono de Jesus é a cruz, a partir do qual recebemos a graça da salvação’ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
AFIRMOU O CARDEAL SCHERER, AO ABRIR A SEMANA SANTA COM A MISSA DO DOMINGO DE RAMOS NA CATEDRAL DA SÉ FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu no domingo, 10, na Catedral da Sé, a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebração que abre a Semana Santa. Após dois anos com restrições impostas pela pandemia de COVID-19, a missa voltou a acontecer com ampla participação de fiéis, iniciando-se com a bênção dos ramos na Praça da Sé, junto ao marco zero da cidade, seguida de uma pequena procissão até o interior da Catedral. Nessa liturgia, recordam-se dois momentos marcantes da vida de Jesus: sua entrada solene em Jerusalém e a proclamação da sua Paixão, neste ano, segundo o evangelista São Lucas.
MISTÉRIO PASCAL
No início da homilia, Dom Odilo destacou que a liturgia desse dia começou na praça, em meio às realidades que fazem parte de ambiente central da cidade, ambiente não muito diferente daquele onde aconteceu “o drama da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, nosso Senhor, Salvador, Filho de Deus feito homem no meio de nós”. Referindo-se à cena da entrada solene de Jesus em Jeru-
Dom Odilo Pedro Scherer acompanhado por fiéis em procissão do Domingo de Ramos, da Praça da Sé até a Catedral, no dia 10
salém, aclamado como rei, como aquele que veio para restaurar o reino de Israel, o Cardeal Scherer sublinhou que Cristo não veio ao mundo para assumir o trono de Davi, mas, sim, para assumir um reinado com um significado maior. “O trono de Jesus é a cruz, a partir do qual ele reina para toda a humanidade e distribui os benefícios da graça, da salvação, do perdão, da misericórdia para toda a humanidade.” “Os passos da Paixão culminam na ressurreição e na manifestação da vida nova do Ressuscitado para nós”, frisou o Arcebispo, reforçando que todos são convidados a acompanhar a celebração pascal em cada um dos momentos da Semana Santa, que não se resume à Sexta-feira Santa, mas consiste no conjunto de ritos da liturgia do Tríduo Pascal. Dom Odilo explicou, ainda que, ao proclamar a Paixão de Jesus segundo um dos evangelhos no Domingo de Ramos, a Igreja convida cada fiel a meditar sobre esse que é o mistério central
da vida cristã. “Se hoje, talvez, a celebração da Páscoa lembra o coelhinho, chocolate, bacalhau… cabe a nós, cristãos, recordar sempre o que é principal na Páscoa e não reduzi-lo a esses ritos culturais que têm o seu valor, mas não são o seu centro”, disse.
‘QUAL É O MEU LUGAR NA PAIXÃO?’
“Ao celebrarmos a Páscoa, somos chamados a nos colocar de coração contrito, aberto, diante da Paixão de Cristo e, de um lado, pedirmos perdão, arrependidos, dispostos a nos convertermos dos nossos pecados; do outro, agradecendo-lhe por ter nos amado até o fim”, continuou Dom Odilo, acrescentando que cada cristão é chamado a se colocar na cena da Paixão e se indagar com qual personagem se identifica nessa narrativa. Nesse sentido, o Cardeal chamou a atenção para o trecho do Evangelho que diz que “todos os conhecidos de Jesus,
Refugiada ucraniana canta na Catedral da Sé Durante a missa do Domingo de Ramos, o coro musical da Catedral da Sé contou com a participação da solista ucraniana Natália Narbut (na foto 1ª à dir.), integrante do coro da Catedral de Kiev, que veio ao Brasil como refugiada da guerra. A cantora também participará das celebrações do Tríduo Pascal na Sé. Após a comunhão, ela entoou
um canto da tradição litúrgica ucraniana e, em seguida, recebeu de Dom Odilo, como gesto de acolhida, um pequeno círio pascal, como sinal de esperança da ressurreição e da paz para o seu povo. Na homilia, o Cardeal Scherer renovou a prece da Igreja pela paz no mundo, em especial pela Ucrânia, que ainda sofre com a guerra.
“O Filho de Deus não veio ao mundo para combater os homens, para fazer guerra à humanidade; veio para manifestar o amor de Deus, a misericórdia, o perdão, a Boa-Nova da vida plena para todos”, afirmou, recordando a atitude de Jesus narrada no Evangelho, quando Ele repreende o apóstolo que feriu um dos oficiais que vieram prendê-lo. (FG)
bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram a distância, olhando essas coisas”. E afirmou: “Nós, cristãos, somos os conhecidos, os amigos, de Jesus”, lembrando que muitos desses também ficam a distância, afirmam ser católicos, mas não vão à missa. “A Páscoa é um convite para chegarmos mais perto de Jesus”, completou. Por outro lado, o texto bíblico também mostra José de Arimateia, que, embora fosse membro do Sinédrio, não havia aprovado a condenação de Jesus, foi a Pilatos e pediu para sepultar dignamente o corpo do Senhor. “Qual é a nossa posição na Paixão de Cristo? É a pergunta que deixo para meditarmos durante as celebrações da Semana Santa”, concluiu Dom Odilo.