SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
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Ano 67 | Edição 3393 | 27 de abril a 3 de maio de 2022
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Agraciados com a misericórdia de Deus, pratiquemos a caridade Páginas 9, 10 e 11
CNBB
Editorial Para o cristão, as eleições são ocasião de conversão, de retorno a Deus Página 4
Encontro com o Pastor A verdadeira unidade acontece quando a Igreja cultiva a comunhão com Cristo Página 2
Liturgia e Vida ‘Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo’ (Jo 21,17)
Página 19
Assembleia Geral da CNBB ressalta a experiência sinodal da Igreja Mais de 300 bispos participam on-line, até sexta-feira, 29, da primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB. A segunda etapa, presencial, será de 29 de agosto a 2 de setembro, em Aparecida (SP). O tema central é “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, em vista da assembleia do Sínodo dos Bispos de 2023. O encontro também faz memória dos 15 anos da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em 2007. Página 20
2 | Encontro com o Pastor | 27 de abril a 3 de maio de 2022 |
CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo
O
sínodo da Igreja nos ajuda a redescobrir o que é a Igreja: antes de ser uma organização bem estruturada, com doutrinas e leis bem definidas, com ritos e liturgias próprios, com sinais bem identificadores, ou uma empresa com bens e benefícios econômicos, ela é a comunidade dos discípulos reunidos em nome de Jesus Cristo, enraizados na mesma fé, que buscam viver vida nova inspirada no Evangelho; vivem em comunhão, com laços espirituais muito profundos, tecidos pela graça e ação do Espírito Santo. No poema da sequência pascal, da liturgia do Domingo da Páscoa, aparece a seguinte expressão: “o Cristo que leva aos céus caminha à frente dos seus!” Essa exclamação se refere à natureza da Igreja: comunidade daqueles que caminham com Cristo nesta vida rumo aos céus. Ele caminha com os discípulos e não os deixa sós e desorientados nos caminhos da vida, cheios de riscos, desvios e armadilhas. Ele os ensina, conforta, socorre e encoraja, sendo Ele próprio o caminho e a verdade a serem
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O Cristo ressuscitado caminha à frente dos seus seguidos para alcançar a vida plena. Precisamos redescobrir a Igreja como “povo que caminha em comunhão e na unidade”, que olha para a mesma direção, une esforços, socorre-se mutuamente, povo fraterno e solidário. Em outras palavras, redescobrir-nos como “Igreja sinodal”. Fazer sínodo significa fazer caminho juntos, manter a unidade e a comunhão, assumir juntos a missão dada por Jesus aos discípulos. A cultura atual leva ao individualismo e ao egocentrismo. Nada é mais contrário à Igreja que Jesus Cristo quis. A Igreja sinodal requer conversão pessoal e comunitária a Deus, por Cristo, na docilidade ao Espírito Santo. O Papa Francisco, por isso mesmo, chama a nossa Igreja a se renovar na sinodalidade, o que significa, em outras palavras: superar a tentação do individualismo, do desinteresse de um pelo outro, até mesmo na Igreja, e do desinteresse pela missão recebida de Jesus. Ninguém na Igreja está autorizado a pensar que não tem nada a ver com a missão da Igreja, que é serviço e testemunho em favor do Evangelho. Mas é preciso lembrar que a comunhão e a participação numa Igreja sinodal não acontecem, simplesmente, em força de esforços hu-
manos. A Igreja não é uma simples organização social, uma ONG de gente de boa vontade. Ela está congregada na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A verdadeira unidade e comunhão acontecem na ordem da fé e do dom espiritual e só acontecem quando a Igreja cultiva a sua comunhão com Jesus Cristo, que “caminha à frente dos seus”, Senhor e guia da Igreja. No dia 7 de maio, faremos, às 15h, na Catedral da Sé, a nova abertura da assembleia sinodal arquidiocesana, que precisou ser suspensa por dois anos, por causa da pandemia de COVID-19. Com a graça de Deus, faremos as sete sessões previstas para a assembleia, até o final deste ano, para elaborar as novas diretrizes pastorais para a nossa Arquidiocese. Será às vésperas do Domingo do Bom Pastor. Jesus é o bom Pastor, que entregou sua vida em resgate das ovelhas de seu rebanho, que somos todos nós. A data não poderia ser mais sugestiva para a retomada do nosso sínodo. Jesus é o Pastor da Igreja: Ele a reúne em torno de si, conhece suas ovelhas e elas o identificam pela sua voz. Ele as chama e elas o seguem pelos caminhos do Evangelho. Ele vai à frente delas e as conduz em se-
gurança para boas pastagens e águas refrescantes. Ele as defende de todo perigo, expondo sua própria vida para que as ovelhas estejam bem e em segurança. Ele se preocupa, especialmente, com as ovelhas mais fracas e vulneráveis, vai atrás da perdida, tem preocupação missionária também pelas ovelhas ainda dispersas e que não chegaram a conhecer sua voz e seu carinho por elas. Que outra coisa deveria ser a nossa Igreja, senão o povo que Cristo reuniu, que conquistou com seu amor infinito e alimenta com amor não menor ao longo da vida? A Igreja não pode se tornar uma organização formal e fria, feita apenas de ideias, por mais bonitas que sejam, ou de lembranças do passado, sem vida fraterna, sem comunhão nem compromisso missionário. Na oração pelo sínodo universal, pede-se que não sejamos apenas uma Igreja “de muito passado, mas sem vida e pouco futuro”... Que o Cristo ressuscitado caminhe à nossa frente e esteja em nosso meio na celebração da assembleia sinodal arquidiocesana. E nos conceda constantemente o Espírito de comunhão, conversão e renovação missionária”, para sermos verdadeiras “testemunhas de Deus na Cidade!”
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| 27 de abril a 3 de maio de 2022 | Geral/Atos da Cúria | 3
Dom Odilo, na Festa da Misericórdia: ‘O coração de Jesus atrai todos para si’ Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus
DANIEL GOMES
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Em um local onde há pouco mais de dez anos só havia um descampado, foi inaugurado, em 2017, na cidade de Içara (SC), Diocese de Criciúma, um templo físico e, principalmente, um templo de fiéis que vivem na região e peregrinos. Para celebrar os cinco anos do Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus aconteceu, entre os dias 17 e 24, a Festa da Misericórdia, com celebrações diárias e diferentes momentos de espiritualidade. No dia 20, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu uma das missas da festividade, tendo entre os concelebrantes o Padre Antônio Vander, Reitor do Santuário. O Arcebispo Metropolitano de São Paulo manifestou sua alegria por todas as ações que vêm sendo realizadas no Santuário e pelo crescente aumento de peregrinos. Na homilia, ao recordar que Jesus veio ao mundo para manifestar a misericórdia do Pai, Dom Odilo recordou que “o coração de Jesus atrai todos para si”,
Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 13/04/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Divino Espírito Santo, no bairro Conjunto Habitacional Teotônio Vilela, especialmente para a Área Pastoral São João Paulo II, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre João Chiuzo, CSSp, pelo período de 01 (um) ano. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE REITOR: Em 02/02/2022, foi nomeado e provisionado como Reitor da Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Frei Marcelo Amaral de Aquino, O.Carm, pelo período de 05 (cinco) anos.
sejam os que vivem próximos ao Santuário, sejam os peregrinos e até mesmo aqueles que estejam desorientados ou não tenham a fé no Cristo. O Cardeal lembrou, ainda, que a postura cristã deve ser sempre de acolhida ao próximo, ainda que não se entenda bem o que se passa – como é demonstrado na passagem bíblica dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), que acolheram Cristo Ressuscitado mesmo sem saber que era Ele. Nesse sentido, Dom Odilo enfatizou que a misericórdia de Deus não é um fato passado, pois Cristo, além de estar na Eucaristia e na Palavra, manifesta-se nas obras de misericórdia praticadas pelos cristãos.
“Jesus se manifesta a nós sempre que praticamos as obras de misericórdia e de caridade. Aí o encontramos”, recordou. “Que esta festa nos ajude a acolher de coração aberto, todos os dias, a misericórdia de Deus, que em abundância se manifestou a nós. Que não percamos também nós a ocasião de ser generosos e misericordiosos com os outros que necessitam da nossa misericórdia. Ele disse: ‘Sedes misericordiosos e alcançareis misericórdia’. Que o coração de Jesus seja, para todos nós, exemplo, ajuda, inspiração para as práticas de misericórdia a todo instante em nossa vida”, concluiu. (Com informações do Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus)
NOMEAÇÃO DA COMISSÃO DE COORDENADORES DE SETORES PASTORAIS: Em 14/02/2022, foram nomeados e provisionados como Coordenadores de Setores Pastorais da Região Episcopal Sé, para o período entre 26/05/2021 e 26/05/2024, os reverendíssimos: - Padre José Elias Fadul, SAC, para o Setor Aclimação; - Frei Wilson Batista Simão, OFM, para o Setor Bom Retiro; - Padre Wellington Laurindo dos Santos, para o Setor Brás; - Frei Mário Luiz Tagliari, OFM, para o Setor Catedral; - Frei Nilton César Groppo, OFMCap, para o Setor Cerqueira César; - Padre Geraldo de Paula Souza, CSsR, para o Setor Jardins; - Padre Mário Pizetta, SSP, para o Setor Paraíso; - Padre Lucas Pontel, para o Setor Perdizes; - Norberto Donizetti Brocado, CP, para o Setor Pinheiros; - Padre Valmir Neres de Barros, Setor Santa Cecília. E permanecem como membros natos, os reverendíssimos: - Padre Aparecido Silva, Vigário Adjunto; - Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, Coordenador Regional de Pastoral.
4 | Ponto de Vista | 27 de abril a 3 de maio de 2022 |
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Editorial
As eleições e a conversão
C
idadania é sinônimo de responsabilidade e solidariedade. E isso vale para todos, deve ser uma verdade muito íntima, muito querida, pelos que creem que o mundo é fruto do amor de Deus e que todas as pessoas, criadas por amor, têm uma profunda dignidade a ser respeitada e valorizada. Para um cristão – que se sabe filho de Deus e, consequentemente, responsável por conduzir o mundo a Deus –, as eleições são uma ocasião de conversão, de retorno a Deus. Constituem uma chamada para assumir, com renovado ardor, o espírito de serviço em prol da coletividade. Somos corresponsáveis pelo bem comum. Esse cuidado com os outros deve se expressar em oração e em obras. Ano eleitoral é tempo de um novo olhar, de uma nova sensibilidade, de um novo diálogo, de uma nova esperança, de uma nova caridade. É tempo de estar mais próximo de todos. Como a parábola do bom samaritano é atual! Deus nos convida a nos ocuparmos das carências e das necessidades dos demais – e isso é o sentido mais genuíno da política.
Essa perspectiva das eleições como ocasião de serviço nada tem a ver com ingenuidade, com fechar os olhos a estruturas e práticas em desacordo com a dignidade humana. É tão somente reconhecer o papel do cristão na sociedade. Deus nos chamou – e todos os dias renova esse chamado – para sermos sal e luz do mundo. Por nossa própria identidade, nós, católicos, temos, devemos ter, em alta conta a dimensão social da vida humana. Para que tudo isso seja uma realidade – para esse novo olhar, essa nova sensibilidade, esse novo diálogo, essa nova esperança e essa nova caridade –, é preciso uma conversão do coração. Não transformaremos o mundo, não levaremos o mundo a Deus, se antes não nos transformarmos a nós mesmos. Nesse itinerário de conversão, uma pauta indispensável de meditação e exame pessoal são as bem-aventuranças. O cuidado com o mundo não nos pode transformar em mundanos. Amamos o mundo, queremos levá-lo a Deus, mas não somos mundanos: não transformamos o temporal em definitivo, em
absoluto nas nossas vidas, tampouco na sociedade. Deus é o Absoluto. Sempre, mas especialmente nos tempos atuais de materialismo, de agressividade e de individualismo, as bem-aventuranças são critério seguro para o atuar cristão. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal de vós. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos céus a vossa recompensa” (Mt 5,3-12). Com as bem-aventuranças, Je-
sus nos ensina o tom e o conteúdo da identidade cristã na vida diária e, por consequência, também na vida política. Nos próximos meses, serão abordados neste espaço alguns aspectos da Doutrina Social da Igreja sobre as eleições. São muitos os desafios da sociedade contemporânea. Nesse cenário, tantas vezes complexo e difícil, não basta recordar a responsabilidade de todos com o bem comum. É também preciso lembrar que o mundo é de Deus, é nosso. Deus é Senhor do tempo. A perspectiva cristã da vida conduz à responsabilidade – à consciência de que nossas ações têm muitas consequências sobre os outros – e, também, à serenidade. Responsáveis sim, mas não aflitos ou desesperados. Não estamos sozinhos. Deus está conosco sempre, também nesta empreitada de tornar o mundo e a sociedade mais justos, mais solidários, em maior conformidade com a dignidade da pessoa humana. A participação política do cristão não é aflitiva ou ressentida. É caminho de encontro com Deus e de serviço aos seus irmãos. É caminho, portanto, de imensa alegria.
Opinião
O velho doente de Goya: um olhar de superação e catequese Arte: Sergio Ricciuto Conte
PAULO HENRIQUE CREMONEZE Recentemente, numa visita a Madri, na Espanha, vi um painel muito interessante, que expunha a imagem de um rascunho de Goya, grande pintor espanhol, intitulado “Así suelen acabar los hombres útiles”. Que imagem! Um homem desconhecido, comum, velho, presumidamente pobre, despido de quase tudo, inclusive de saúde. Homem apoiado em duas muletas rudes e que tenta, a duras penas, se locomover. Estando o homem rascunhado estático no desenho, é possível ver o movimento lento, sofrido, mergulhado na dor, um arrastar pesaroso de si mesmo. A dor em imagem. Eu sei o que é isso. Sim, eu sei, ainda que na periferia da debilidade física, eu pisei nos seus círculos indesejáveis. Sei o que é querer se movimentar mais rápido e não conseguir. Sei o que é tropeçar e depender da bengala para não cair, batendo-a no chão com força. Eu também sei o que é cair na frente de todos, quando a bengala já não é bastante para socorrer a fraqueza. Eu sei o que aquele homem sentia e imagino vivamente sua miséria. Estava quase enveredando pelo caminho, sempre perigoso, da autopiedade – ainda que desproporcionalmente –, quando deixei de ver o corpo e olhei o rosto do velho homem. Tudo mudou em constrangedores e quase eternos segundos. É como se a luz da alegria partisse ao meio as trevas da tristeza. Talvez
as fotografias não exibam de modo justo a elegância do desenho, mas dou testemunho fiel: o rosto do homem não era de sofrimento, mas de resignação, esperança e, ouso dizer, docilidade e conforto. Dizem que os olhos são espelhos do coração. Em realmente os sendo, os do velho não eram os de quem sofre, mas de quem transcendeu a própria miséria. Olhar pacífico e enternecedor, olhar de quem transmite segurança na dúvida, coragem na ad-
versidade, força na debilidade e mais um rosário de paradoxos benfazejos. Não um olhar qualquer, mas de quem enxerga o mundo muito além das aparências e não tem inclinação para as lamentações. Um olhar sem amargura, mas cheio de santificada tranquilidade. Vi no olhar do velho de Goya a face do próprio Simeão, mestre da sabedoria, personificação da esperança. O velho homem de muletas muito me falou sobre saúde, força e
fé. Falou também de resignação e de como nenhum sofrimento pode tirar a paz interior. A carne pode ser rasgada, os ossos esmagados, a dor excruciante, mas a ternura do coração há de imperar se houver no sulco indelével da fé, amiga da verdade, carvão em brasa da fogueira inapagável do amor. Em seu homem doente, Goya, talvez involuntariamente, exibiu poderosa catequese. Nisso também reside o encanto da verdadeira arte, a que comunica o Belo e grita a Verdade. Exagero? De modo algum. A arte que não traduz Beleza e Verdade não pode como tal ser considerada. A arte passa a ser mera crônica infeliz de visão míope da sua própria essência. Voltei para a igreja da qual tinha saído. Era necessário. Lembrei que havia pedido para acelerar minha recuperação, mas esquecido de agradecer o sucesso da cirurgia. Um tropeção na mesma escadaria pouco antes da missa me fez mais inclinado a reclamar e pedir do que aceitar e agradecer. Obrigado, Goya. Seu grafite e sua mão, seu talento, fizeram-me lembrar de quem eu sou e no que acredito. Escrevo para deixar o registro marmorizado na tábua do meu coração, muito mais doente e claudicante do que minha perna esquerda. Paulo Henrique Cremoneze, advogado, é mestre em Direito Internacional pela Universidade Católica de Santos (SP) e vice-presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).
As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.
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| 27 de abril a 3 de maio de 2022 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5
BELÉM Dom Odilo confere o sacramento da Crisma a 38 jovens e adultos FERNANDO ARTHUR
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
Na manhã do Domingo da Misericórdia, 24, Dom Odilo Pedro Scherer conferiu o sacramento da Confirmação a 38 jovens e adultos na Paróquia Cristo Rei, no Tatuapé. A missa foi concelebrada pelos Padres Lauro Wisnieski, Pároco, e Atanásio Enchioglio, Vigário Paroquial. O Arcebispo, ao se dirigir aos crismandos, mostrou-se muito contente e indagou-os se estavam preparados para receber o sacramento do Espírito Santo. Também exortou-os a dar o exemplo de fé a outros adultos, para que estes possam receber os sacramentos da Iniciação Cristã. O Purpurado lembrou ainda aos padrinhos e madrinhas que eles são importantes na vida dos crismandos, por meio do testemunho que dão na caminhada da fé cristã. O Cardeal também agradeceu aos catequistas o trabalho e a dedicação durante
o processo catequético. Dom Odilo ressaltou que o catequista é um pedagogo que ajuda a fazer um caminho, um companheiro de jornada: “A Igreja precisa muito de vocês, catequistas, pois o papel que desempenham é fundamental”, afirmou, ressaltando que os primeiros catequistas devem ser os pais e as mães. Ao falar sobre a liturgia dominical, o Arcebispo destacou que a Igreja vive um momento intenso de testemunho da fé em Cristo Ressuscitado: “A Ressurreição de Jesus é base importante da fé cristã, pois, por meio dela, Ele confirmou a fé dos apóstolos e confirma a nossa fé, hoje. Que Cristo reacenda a fé e aumente a graça, e faça com que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o sangue que nos redimiu e a vida nova que nos foi dada”, afirmou. Dom Odilo ressaltou que, para se encontrar com Cristo, os fiéis devem buscá-lo na vida da Igreja, na Palavra de Deus
Fernando Arthur
e no partir do pão, por meio das obras de misericórdia. Para Luiz Ivanov, um dos catequistas, a celebração trouxe a sensação de alegria e fortaleza na fé. Ele também afirmou que o processo catequético exigiu muita preparação e estudo, sobretudo por causa da
pandemia, que impossibilitou boa parte dos encontros presenciais. “Transborda-nos a alegria de ver estes irmãos realmente inseridos na vida da Igreja, agora que estão mais capacitados e bem preparados para se aproximar da mesa do Senhor e celebrar os mistérios da nossa fé”, concluiu.
Priscila Rocha
Pascom da Paróquia São José Operário
[BRASILÂNDIA] No domingo, 24, na Comunidade Santo Expedito, pertencente à Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, Setor Pereira Barreto, aconteceu a festa em honra ao padroeiro. Na homilia, o Cônego José Renato Ferreira, Pároco, falou da importância da Igreja em saída. (por Priscila Rocha)
[BRASILÂNDIA] No terceiro dia da novena do padroeiro da Paróquia São José Operário, no Setor Dom Paulo Evaristo, no domingo, 24, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa na matriz paroquial, durante a qual sete catecúmenos receberam os sacramentos da primeira Eucaristia e da Crisma. (por Erica Santos)
Espiritualidade Cuida das minhas ovelhas DOM JOSÉ BENEDITO CARDOSO
BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO LAPA
O
evangelista João reproduz o relato do encontro de Jesus ressuscitado com seus discípulos à beira do mar de Tiberíades (mar da Galileia), mostrando a vida diária dos discípulos que voltaram à sua terra e ao seu trabalho de pescadores depois dos dias perturbadores da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Estava sendo difícil compreender o que tinha acontecido. Aproxima-se a noite e os discípulos saem para pescar. Barca e redes vazias, experiência dolorosa e frustrante de algumas comunidades primitivas e de muitas nos dias atuais. Preocupante
quando a fé no Ressuscitado e do Ressuscitado vai caindo no esquecimento, no descrédito, e sendo substituída por um devocionismo exagerado e muitas vezes na contramão do que Jesus fez e ensinou, ou ainda em propostas mágicas de cunho financeiro, e muitas outras iniciativas bem perturbadoras. Ao amanhecer, Jesus procura seus discípulos e pergunta se tem alguma coisa para comer. Como nada tinham, Ele pede que lancem as redes, o que resulta na pesca de abundante quantidade de peixes. Ciente de que era o Senhor, Simão Pedro vestiu sua roupa e se atirou ao mar. Quando reconhecemos a presença do Ressuscitado em nossa barca, quando confiamos na sua Palavra, ânimo e coragem voltam com mais vigor e as redes ficam cheias. Chegando à praia, descobrem que Jesus já tinha preparado uma refeição com pão e peixe assado na brasa. No entanto, o Ressuscitado quer a participação dos pescadores e pede que tragam alguns dos peixes que tinham pescado. Jesus se dá
por inteiro como alimento que nos sustenta hoje e nos remete para a eternidade, contudo, pede a nossa participação, o pão conquistado com o suor do nosso corpo, para que seja partilhado entre os comensais. A vida comunitária na qual os irmãos tomam do mesmo pão e do mesmo cálice deve ser lugar de partilha e jamais ambiente escandaloso que não questiona o abismo que existe entre ricos e miseráveis, vida luxuosa de alguns e multidão desprovida do mínimo para sobreviver. E uma comunidade centrada no Cristo Ressuscitado precisa ser provada no amor. E o questionamento é dirigido a Simão Pedro por três vezes. Na primeira faz uma comparação: “Tu me amas mais que estes?”. Pedro responde: “Sim, Senhor, tu sabes que sou teu amigo”. Na segunda, não faz comparação e apenas pergunta: “Tu me amas?”. Pedro responde: “Sim, Senhor, tu sabes que sou teu amigo”. Na terceira vez, Jesus muda e não pergunta sobre o amor, mas sobre a amizade: “Simão, filho de João, você é
meu amigo?”. Diante disso, Pedro cai em prantos, porque tem dificuldade em falar que o ama (“A loucura de Deus”, Alberto Maggi). De agora em diante, sua missão recebe nova definição e, além de ser rochedo (cf. Mt 16,18), é também pastor e dará a vida pelo rebanho. Com o tempo, vêm as limitações, o corpo se definha, as rugas se reproduzem, mas o amor, ao contrário, não envelhece nem cria rugas. Nossas comunidades centradas na Palavra e na Eucaristia precisam do vigor e coragem de Pedro, que grita bem forte que é preciso obedecer a Deus antes que os homens; do testemunho do trabalhador São José, que nos inspira a denunciar que há mais de 13 milhões de desempregados em nosso País; da intercessão da Virgem Maria, que lembra a força transformadora das mulheres presentes em nossas Igrejas, no mundo do trabalho e na política. Em tudo coragem, esperança e fé, pois “se à noite vem o pranto nos visitar, de manhã vem nos saudar a alegria” (Sl 29,6).
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IPIRANGA Santuário São Judas Tadeu tem programação intensa no Domingo da Misericórdia PRISCILA THOMÉ NUZZI
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No domingo, 24, a Igreja celebrou a Festa da Divina Misericórdia. A data se baseia nas revelações privadas de Jesus à religiosa polonesa Santa Faustina Kowalska, o que levou São João Paulo II a decretar, no ano 2000, que o 2o Domingo da Páscoa passasse a ser chamado “Domingo da Divina Misericórdia”. No Santuário São Judas Tadeu, a data contou com
Eduardo Rufino
uma programação especial. Além dos horários de missa tradicionais, na igreja nova, às 7h, 8h30 (transmitida pela TV Gazeta), 10h (transmitida pelo Facebook, YouTube e Web Rádio São Judas Tadeu), 12h, 15h, 16h30, 18h e 19h30, foi oferecido o atendimento de Confissões em tendas na calçada em frente às igrejas, das 8h às 18h. Já na igreja antiga, houve a adoração ao Santíssimo Sacramento, das 8h às 17h, e a oração do Terço da Misericórdia, às 11h (com transmissão pelo Facebook, YouTube e Web Rádio São Judas Tadeu) e também às 14h.
SÉ Jovens de duas paróquias são crismados por Dom Carlos Lema Garcia MARIZA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No Domingo da Divina Misericórdia, 24, na Paróquia São Joaquim, Setor Aclimação, Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sacramento da Crisma a 40 jovens, sendo 34 da Paróquia São Joaquim e seis da Paróquia São Januário, Setor Brás, no bairro da Mooca. Concelebraram os Padres Geraldo Pedro dos Santos, Pároco, e Antonio Genivaldo Cordeiro de Oliveira, OMI, Vigário Paroquial, ambos da Paróquia São Joaquim, e o Padre Wellington Laurindo dos Santos, Pároco da Paróquia São Januário.
Durante a homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé afirmou a importância da luz do Espírito Santo na vida de cada crismando, que representa a força e a fé para a caminhada da vida, assim como reforçou que a dedicação e a disciplina são os pilares para que possam assumir o compromisso do testemunho de uma vida renovada pelos ensinamentos de Cristo. “Cheios de alegria, os crismandos recebem neste dia o sacramento da Crisma, por meio do qual confirmam sua fé. [...] É a alegria e o sacramento de Cristo na alma. Recebam a marca dessa luz que não se apaga, e transmitam aos outros a
Simone Lima
luz de Cristo, como na Páscoa. É a graça gratificante e que confere uma luz santa de confessar o nome de Jesus Cristo.
Recebam os sete dons do Espírito Santo, [...] para que sejam testemunhas vivas da sua Ressurreição.” Hilton Félix
LAPA Dom Jorge Pierozan celebra na Paróquia Santíssima Trindade Pascom paroquial
[SANTANA] Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu no domingo, 24, a missa em honra ao padroeiro na Paróquia São Marcos Evangelista, Setor Mandaqui. Concelebraram os Padres Aquiléo Fiorentini, Pároco, e João Monteiro da Felícia, Vigário Paroquial, ambos missionários da Consolata. (por Silvano Jacobino) Silvano Jacobino
BENIGNO NAVEIRA
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No domingo, 24, na Paróquia Santíssima Trindade, na Vila São Domingos, Setor Rio Pequeno, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu sua 12ª missa em ação de graças, encerrando um ciclo de missas que antecede a comemoração dos seus 25 anos de ordenação sacerdotal, que acontecerá em 24 de maio, na Paróquia São Brás, na cidade de Vanini (RS), sua terra natal, onde foi ordenado. Concelebrou o Padre Marcos Roberto Pires, Pároco, assistidos pelo Diácono
Permanente Marcos Adriano de Souza. Dom Jorge explicou no início da celebração que essas 12 missas correspondem às paróquias e comunidades em que ele trabalhou como missionário, diácono e pároco. Disse ainda que, na Região Episcopal Lapa, havia celebrado nas Paróquias São Thomas More e Santo Antônio de Pádua, ambas no Setor Rio Pequeno, e Paróquias Sagrado Coração de Jesus e, agora, na Santíssima Trindade, ambas no Setor Butantã. Ao fim da celebração, o Pároco agradeceu a presença de Dom Jorge, que retribuiu o agradecimento pelo convite ao Padre Marcos e a toda a comunidade paroquial.
[SANTANA] No sábado, 23, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, Setor Casa Verde, em missa presidida por Dom Jorge Pierozan e concelebrada pelo Padre Maurício José de Lima, Pároco, assistidos pelo Diácono Permanente José Luiz Silvério, sete jovens receberam o sacramento da Confirmação. (por Hilton Felix)
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| 27 de abril a 3 de maio de 2022 | Regiões Episcopais/Viver Bem | 7
BRASILÂNDIA Dom Carlos Silva preside ordenação presbiteral na Paróquia São Luís Gonzaga Jackeline Gasparine
TAÍSE CORTÊS
COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No sábado, 23, foi realizada, na Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, a ordenação presbiteral do Diácono Douglas Eurenides Modesto, da Ordem dos Clérigos Regulares (CR), também conhecidos como Teatinos. Sua atuação diaconal se deu na Área Pastoral Santo Antônio de Pádua, pertencente à Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, Setor Jaraguá. O lema sacerdotal do neossacerdote é “Não fostes vós que me escolhestes, fui Eu que vos escolhi” (Jo 15,16). A celebração foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, e concelebrada por sacerdotes da Ordem dos Clérigos Regulares e padres que atuam na Região Episcopal Brasilândia. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia trouxe reflexões sobre o momento vivido pelo Diácono Douglas e palavras de incentivo para a missão sacerdotal. “Procure sempre na sua vida o exemplo de Cristo, cujos Corpo e Sangue estarão sempre a serviço, a partir de hoje de uma forma mais profunda, pois, pela imposição das minhas mãos e da oração consecratória, será constituído presbítero. Você será padre, será pastor. Deve ser um sacerdote reves-
[SÉ] No domingo, 24, iniciou-se o décimo mês das comemorações do 70º ano jubilar da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor Jardins, com mais uma missa comemorativa, cujo tema foi “Orientados por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, façamos tudo o que Jesus Cristo nos ensinou”. A celebração foi presidida pelo Padre Heliomarcos Ferraz, missionário Redentorista atuante no Santuário Nacional de Aparecida, e que, durante boa parte da pandemia, colaborou com inúmeros trabalhos na Paróquia. Concelebraram Dom Joércio Gonçalves Pereira, Bispo Emérito de Coari (AM), e o Padre Geraldo de Paula Souza, CSsR, Pároco. Assim como nas outras celebrações comemorativas dos 70 anos da Paróquia, uma pastoral é homenageada e, desta vez, foi a da Visitação, com mais de 20 anos de atuação e que está sendo retomada agora, após a paralisação causada pela pandemia. (por Pascom paroquial)
[SÉ] Após um longo período de suspensão em razão da pandemia, a Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Consolação, vai reabrir o seu tradicional “Santo Brechó”, na Rua Bela Cintra, 985, no bairro da Consolação, entre os dias 14 e 17 de maio, das 10h às 18h. Haverá a venda de roupas femininas, masculinas e infantis; itens de cama, mesa e banho, além de utensílios para casa e até mesmo eletrodomésticos em ótimo estado. Os pagamentos podem ser feitos em dinheiro ou com cartões de crédito ou débito, além de transferências via pix. (por Pascom Paroquial)
tido de caridade e consciente do zelo ao ofício de evangelizar. Que encontrem eco, no seu viver, as palavras de São Caetano, fundador dos Teatinos, quando de sua ordenação presbiteral: ‘Tornar-me sacerdote é ligar minha vida à cruz de Cristo’”. O Bispo Auxiliar destacou ainda as virtudes que um sacerdote deve ter: “Não seja indiferente e seletivo; acolha a todos, como Jesus Cristo. Seja amoroso, misericordioso e atento com todos, en-
xergando além das aparências. Vá atrás da ovelha perdida. Seja um padre bom para que seja um bom padre. A caridade deve compor a sua base”. Ao término da celebração, o Prelado invocou a intercessão de Maria e pediu que todos rezassem pelo neossacerdote. Padre Douglas agradeceu às pessoas que o ajudaram ao longo de sua trajetória pessoal e religiosa, em especial à Ordem dos Clérigos Regulares.
[BRASILÂNDIA] No domingo, 24, na Paróquia Nossa Senhora da Expectação, Setor Freguesia do Ó, 32 jovens iniciaram a Catequese de preparação para a Crisma. (por Marta Gonçalves)
ERRATA
Diferentemente do informado na edição anterior, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu a celebração do Domingo de Páscoa, no dia 17, na Comunidade Nossa Senhora da Aurora, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, e não na igreja matriz desta Paróquia, como foi publicado.
Comportamento Educação sexual dos filhos: por onde começar? SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO Eis um assunto que preocupa bastante os pais, professores e todos aqueles que, de algum modo, estão envolvidos na educação de crianças e adolescentes. A realidade, hoje, é bastante complicada no que diz respeito aos estímulos que são oferecidos na área da sexualidade e, se os pais não estiverem atentos, quando menos esperarem, os filhos estarão deformados nesse aspecto. Por isso mesmo é preciso que os pais dediquem tempo para se formar e, assim, poder bem formar os filhos. Quando falamos de sexualidade, estamos tratando de um aspecto importante da vida humana, na medida em que se trata de um canal de complementaridade e procriação, ou seja, a forma como a espécie se mantém. Por meio da sexualidade, vivida no convívio conjugal, o dom da vida se faz possível e novos seres chegam ao mundo com toda a sua riqueza. Até mesmo para podermos orientar os filhos com propriedade sobre os diversos desafios que são apresentados hoje em dia, como homossexualidade, gestação na adolescência, aborto, relacionamento homoafetivo, manifestação
sexual natural X opção sexual, abuso infantil, pedofilia, masturbação, precisamos entender a riqueza presente nessa dimensão humana e educá-los desde cedo para percebê-la. Mais do que isso, precisamos nos reeducar: será que sabemos ao certo em que acreditamos ou vamos nos moldando ao que vai sendo oferecido como “normal” a cada momento? Sabemos identificar os nossos valores no que diz respeito à sexualidade e como manejá-la? Acreditamos que nossos filhos homens precisam iniciar o relacionamento sexual cedo? Pensamos que é natural que na adolescência os filhos iniciem a vida sexual e cuidamos somente de “protegê-los do risco da gravidez”? Nós nos entregamos à força dos impulsos que muitos tomam como naturais ou conseguimos identificar um bem maior do que simplesmente acompanhar o fluxo do “hoje em dia é assim mesmo”? Então, vamos lá: primeiro, busquem no fundo da consciência as verdadeiras crenças, os verdadeiros valores que têm conduzido suas ações e pensamentos nesse campo. Não podemos transmitir algo de que não tenhamos convicção; afinal, nesse caso, o jogo já começa perdido. Feito isso, vamos pensar na ação com
os filhos. A sexualidade está intimamente ligada à afetividade, ou seja, se queremos uma sexualidade bem-educada, bem direcionada, é fundamental que eduquemos a afetividade dos nossos filhos. E como fazer isso? Ajudando, desde cedo, as crianças a dominarem os excessos, os desejos desordenados. Sabemos que as crianças pequenas são movidas por desejos e que não têm controle sobre eles. O controle é exercido pelos pais, que vão direcionando as crianças ao que é bom. Esse trabalho precisa ser bem-feito, ajudando os pequenos a caminharem rumo à virtude da temperança. A busca dessa virtude esbarra necessariamente em outra também muito importante: a virtude da fortaleza. Há que se estimular a fortaleza nos pequenos para que eles possam resistir aos impulsos do desejo e aderir a um bem, pela via da obediência, uma vez que, a princípio, somente os pais têm consciência desse bem. A educação da afetividade, conforme vai acontecendo, cria a possibilidade de a criança aprender a amar o outro em vez de se centrar no amor a si mesma. É exatamente isso que vai levá-la a descobrir o verdadeiro amor: o amor de doação, o amor que é por excelência o amor humano. Aquele que deve estar
na base de um relacionamento sexual saudável; afinal, a sexualidade é grande e preciosa demais para ser reduzida ao prazer, não acham? Sendo assim, o segundo e importante passo é educar a afetividade dos filhos, ajudando-os desde cedo a caminhar rumo à temperança e à fortaleza. Um terceiro passo, também muito importante, é ter a consciência de que o melhor lugar para que eles aprendam sobre o amor humano em todas as suas dimensões, inclusive a sexual, é a família. Portanto, em casa, evitem os estímulos contrários ao que queremos ensinar – cuidado com as músicas, filmes, desenhos que instrumentalizam a sexualidade humana. Tratem esse assunto com sabedoria, relacionando-o ao amor. Falar com clareza, com o cuidado de responder ao que eles perguntam, sem se exceder em informações para as quais não estão preparados, é muito importante. Que percebam segurança nas informações e conversas que recebem em casa, para que tenham critérios seguros diante dos desafios que encontrarão. Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro
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BELÉM
Fé e Cidadania A guerra tão distante IRINEU UEBARA [Lembro-me perfeitamente,] Naquele dia 11 de setembro de 2001, da imagem do avião “rasgando” uma das torres gêmeas do World Trade Center, símbolo da supremacia econômica norte-americana. A imagem fora transmitida quase que ao vivo ao mundo inteiro. Assustado, pensei que se iniciara uma guerra mundial. Não foi, formalmente, uma guerra, apesar do enorme contingente de vítimas. Tratou-se de um atentado terrorista promovido pela Al-Qaeda. [E não é que recentemente,] No dia 24 de fevereiro de 2022, tropas russas invadiram a Ucrânia por terra, céu e mar, dando início a um conflito que perdura até hoje e, ao que tudo indica, está longe do fim. Um acontecimento que domina os noticiários e, inevitavelmente, faz parte da rotina da qual somos vítimas indefesas. A guerra banalizada, glamorizada. [O passado se faz presente e...] Não há como evitar: o gatilho da memória voltou-me à segunda metade dos anos 1960 e me fez lembrar da cantora De Kalafe com sua postura e voz revolucionárias cantando “Guerra”: “Palavra que encerra dentro de mim, o medo do fim”, sendo que ao final citava a Paz: “Eu sei não há mais, mas tento esquecer, que vamos morrer, morrer muito cedo, por causa do medo...” A Paz é pressuposto para que haja “o respeito e o desenvolvimento da vida humana” (Catecismo da Igreja Católica, CIC, 2304). Sim, eu era jovem e, com meus amigos da Comunidade de Jovens Cristãos (CJC), bradávamos contra a guerra no Vietnã, sem mesmo saber de todas as circunstâncias que a envolviam. Alguém em sã consciência pode ter certeza da verdade dos motivos alegados para a guerra atual? De Kalafe tinha o palco e o microfone; nós tínhamos os encontros e as missas de jovens. Acreditávamos na grandeza e força da paz, que “excede todo o entendimento”, conforme o apóstolo Paulo pregava aos Filipenses (Fl 4,7). Só isso era o bastante! E, cá entre nós, continua sendo. A Verdade é imutável e perene, não importa o tempo e as condições. Importante lembrar que a Igreja condena veementemente a ação bélica destrutiva, considerando-a “um crime contra Deus e contra o próprio homem...” (CIC, 2314). Como recomenda o Magistério da Igreja, nessas circunstâncias em que a indesejada guerra já eclodiu, os cristãos católicos são instados a “cada um orar e agir para que a Bondade divina nos livre (...) da guerra”. Sim, é preciso que nos ocupemos de afastar a guerra como “causa dos males e das injustiças que (...) acarreta” (CIC, 2307). Na vida, a sucessão de esperas é uma realidade. Vivemos à espera: do início da vida escolar, do dia da formatura, do início do namoro, de atingir a maioridade, do noivado, do casamento, do nascimento dos filhos, da vinda dos netos e por aí vai. Sem falar da vida profissional à espera: do início, da promoção, da realização e, por fim, da aposentadoria. A gente nunca espera um acontecimento desastroso, mas este existe e requer o enfrentamento. A guerra não é um evento desejável nem esperado, mas existe e nos atinge, mesmo que aparentemente transcorra bem distante de nós. Afinal de contas, não somos ilhas isoladas, somos todos dependentes uns dos outros e, qualquer sanção que um país sofra, há toda uma rede de influências que perpassa muitos países – fornecedores ou consumidores. As distâncias pouco significam nos tempos cibernéticos. A Ucrânia é aqui, pertinho de nós. As bombas estouram e perturbam o nosso tímpano a todo o momento. O “fim do mundo” hoje é ali, atrás da montanha ou virando a esquina. Coerentes com a fé que professamos, afirmemos com palavras e atitudes: Não à guerra. Semeemos incessantemente Paz e Vida (cf. CIC, 2304 e 2308). Irineu Uebara é bacharel em Teologia, licenciado em Letras e advogado, agente da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, e com atuação em diversos movimentos e pastorais na Arquidiocese.
Fiéis da Área Pastoral Nossa Senhora das Flores celebram a padroeira Nathan de Almeida
NATHAN DE ALMEIDA
COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Na sexta-feira, 22, os fiéis da Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, no Jardim Santo André, extremo Leste da capital, celebraram sua padroeira, em missa presidida pelo Padre João Batista de Oliveira, SVD, Superior Provincial da Congregação Missionária do Verbo Divino (Verbitas), e concelebrada pelos Padres Romanus Hami, SVD, Pároco, e Peter Kumar, SVD. Na homilia, Padre João recordou a aparição de Nossa Senhora das Flores, que ocorreu no inverno rigoroso de 1336, na cidade de Bra, em Cuneo, nordeste da Itália, quando Nossa Senhora ajudou uma mulher grávida, Egídia Mathis, que voltava para casa quando foi assediada por dois soldados mal-intencionados. Desesperada, não sabendo como se defender de ambos, Egídia correu até cair de joelhos diante da imagem mariana, invocando seu auxílio. Uma
luz muito forte saiu do nicho e atingiu os dois soldados, que fugiram apavorados. A moça, cansada da exaustiva corrida, teve antecipadas as dores do parto e deu à luz um menino entre os arbustos das ameixeiras silvestres, ressequidos pelo rigoroso inverno. Os parentes, sabendo da prodigiosa aparição, espalharam a notícia enquanto se dirigiam ao local, mas lá não encontraram nada, a não ser as ameixeiras silvestres maravilhosamente flori-
das, apesar da rígida estação. A surpresa maior foi notar que as que estavam mais distantes do muro que as cercavam continuavam sem flores. Logo se construiu uma capela no local, que em 1626 foi substituída por um santuário, onde se ergueu uma coluna para abrigar a imagem mariana. A cada inverno se repete o misterioso e excepcional desabrochar das flores brancas de Nossa Senhora, com antecipação de três meses Pascom paroquial
IPIRANGA Pastoral Familiar promove encontro ‘Jesus, o Bom Pastor’ MARIA LEONICE E ROBERTO PIETRO MARIANNINI COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
Com a retomada das atividades presenciais, a Pastoral Familiar da Região Ipiranga promoveu, nos dias 23 e 24, o encontro “Jesus, o Bom Pastor”, para casais em nova união. A atividade aconteceu nas dependências da Paróquia Imaculada Conceição e do campus Ipiranga da PUC-SP, com a participação de 14 casais encontristas e 62 pessoas nas equipes de apoio, sob a coordenação do casal Joselito do Carmo Papa e Sidinéia Maria Torres. Durante as atividades, houve
um momento chamado “A proposta da Igreja e a apresentação do Tribunal Eclesiástico”, uma conversa sobre a nulidade do Matrimônio, conduzida pelo Padre Everton Fernandes Moraes, Diretor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. O Padre Boris Agustín Nef Ulloa, Pároco, além de ter norteado algumas das reuniões e prestado diversos esclarecimentos durante o encontro, presidiu a missa de encerramento, que foi concelebrada pelo Frei José Maria Mohomed Júnior, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar e Coordenador de Pastoral da Região. Kátia Kugumia e Sidnei Antônio
[LAPA] Em missa no sábado, 23, na Paróquia São Thomas More, na Vila Dalva, Setor Pastoral Rio Pequeno, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos. Concelebrou o Padre Pedro Cardoso Carvalho, SJC, Pároco. (por Benigno Naveira)
[SÉ] No domingo, 24, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Setor Aclimação, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a 21 jovens, tendo como concelebrante o Padre Vando Valentini, Pároco. (por Secretaria Paroquial)
[IPIRANGA] No dia 19, o Padre Algacir Munhak, CS, foi nomeado Superior Regional dos Scalabrinianos, por um período de três anos. Ele estará à frente da Região Nossa Senhora Mãe dos Migrantes da Congregação dos Missionários de São Carlos, que compreende sete países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai). Sua missão será conduzir a Região segundo as diretrizes e prioridades definidas durante o Capítulo Geral da Congregação, de 2018. (por Francisco David Rodrigues)
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Luciney Martins/O SÃO PAULO
PRATIQUE! Conheça e realize as 14 obras de misericórdia Obras de misericórdia corporais: – Dar de comer a quem tem fome – Dar de beber a quem tem sede – Vestir os nus – Acolher os peregrinos – Visitar os enfermos – Visitar os encarcerados – Enterrar os mortos
Praticar as obras de misericórdia espirituais e corporais – como dar de comer a quem tem fome – é compromisso de todo cristão
‘Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso’ DANIEL GOMES
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A celebração do Domingo da Divina Misericórdia, no 2o Domingo da Páscoa, 24, foi ocasião para que os católicos se recordassem de um permanente compromisso: a realização das obras de misericórdia. Conforme o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “as obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem, sobretudo, em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros e sepultar os mortos” (CIC, 2447). A prática da misericórdia foi algo constante na vida de Jesus e nas recomendações que deu a seus discípulos. No Evangelho segundo Lucas, Cristo é enfático: “Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36). Também o evangelista Mateus lembra que Jesus, diante das multidões, afirmou que são “bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão a misericórdia” (Mt 5,7); e mais adiante, no anúncio do Juízo Final, assegurou que os justos serão salvos, terão a vida eterna, pois deram
de comer a quem estava com fome; de beber a quem tinha sede; acolheram o estrangeiro, vestiram quem estava nu, cuidaram dos doentes e visitaram os que estavam presos (cf. Mt 25,31-46). “Hoje, no Domingo da Misericórdia, lembrando que todos nós fomos agraciados com a misericórdia de Deus, somos convidados a ser misericordiosos e abrir o nosso coração às necessidades do próximo e a todos socorrermos com bondade”, disse o Cardeal Odilo Pedro Scherer, na homilia da missa que presidiu na Catedral da Sé. Dom Odilo ressaltou que Jesus ressuscitado está presente no mundo de diversas maneiras: por sua Palavra; na Eucaristia; quando os cristãos se reúnem em seu nome; e nos irmãos, de maneira especial naqueles que mais sofrem.
A FÉ TRADUZIDA EM OBRAS
Na Carta de São Tiago, é recordado que de nada adianta alguém dizer que tem fé se não a traduz em obras em favor do próximo: “Por exemplo: se um irmão ou irmã não têm o que vestir e lhes falta o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser ‘Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos bastante’, no entanto, não lhes der o necessário para manutenção, que proveito haverá nisso? Assim também é a fé: sem obras, ela está completamente morta” (Tg 2,15-17). Em artigo publicado no O SÃO PAULO, em 15 de setembro de 2009, o
Cardeal Scherer, ao comentar essa passagem bíblica, lembrou que nela está o critério de autenticidade da religião. “Tiago refere-se às ‘obras da fé’, que traduzem a fé em vida e comportamentos coerentes; sobretudo as atitudes de amor a Deus e ao próximo, o respeito à verdade e à honestidade”, afirmou, comentando, ainda, que “a fé católica, sem a caridade, não é autêntica. Por isso, ela precisa ser traduzida nas práticas cotidianas de caridade para com o próximo; ‘se alguém possui riquezas neste mundo e vê seu irmão em necessidade, mas diante dele fecha o coração, como pode o amor de Deus permanecer nele? Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade’ (1Jo 3,17-18). A esmola, a ajuda concreta aos necessitados, o alívio das dores de quem sofre, o empenho pela justiça social e a defesa da dignidade da pessoa e de seus direitos, tudo isso são expressões concretas da fé, que opera pela caridade”, escreveu na ocasião.
POR ELAS SEREMOS JULGADOS
Na bula Misericordiae vultus (MV), de 2015, por meio da qual proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco afirma que a misericórdia “é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (MV, 2). O Pontífice também alertou: “Não
Obras de misericórdia espirituais: – Dar bom conselho – Ensinar os ignorantes – Admoestar os pecadores (corrigir os que erram) – Consolar os aflitos – Perdoar as ofensas – Suportar com paciência as fraquezas do próximo – Rezar a Deus pelos vivos e defuntos
podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede; se acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos tempo para visitar quem está doente e preso (cf. Mt 25,31-45). De igual modo ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar da dúvida, que faz cair no medo e muitas vezes é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que vivem milhões de pessoas, sobretudo as crianças desprovidas da ajuda necessária para se resgatarem da pobreza; se nos detivemos junto de quem está sozinho e aflito; se perdoamos a quem nos ofende e rejeitamos todas as formas de ressentimento e ódio que levam à violência; se tivemos paciência, a exemplo de Deus que é tão paciente conosco; enfim se, na oração, confiamos ao Senhor os nossos irmãos e irmãs” (MV, 15).
TEMA ATUAL
Na encíclica Dives in misericordia (DM), publicada em 1980, São João Paulo II já alertava que o tema da misericórdia parecia estar em esquecimento: “A mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar ao homem, o qual, graças ao enorme desenvolvimento da ciência e da técnica, nunca antes verificado na história, se tornou senhor da terra, a subjugou e a dominou (cf. Gn 1,28). Tal domínio sobre a terra, entendido por vezes unilateral e superficialmente, parece não deixar espaço para a misericórdia” (DM, 2). No entanto, o compromisso de cada cristão com as obras de misericórdia continua atual; afinal, a todo tempo, “a caridade tem como frutos a alegria, a paz e a misericórdia [...] e a finalidade de todas as nossas obras é o amor” (CIC, 1829).
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Em atenção às necessidades corporais e espirituais do próximo DANIEL GOMES
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CASA DE ORAÇÃO DO POVO DA RUA
Mantida pela Arquidiocese de São Paulo, por meio da Pastoral do Povo da Rua, a Casa de Oração é, desde 1997, um ponto de referência aos “irmãos da rua”. Diariamente, é servido o café da manhã e são produzidas cerca de 700 marmitas, distribuídas em ruas e praças da cidade. Há ainda a entrega de roupas e itens de higiene pessoal obtidos por meio de doações. Ações de evangelização acontecem regularmente, seja na ida às ruas, seja no próprio interior da casa (Rua Djalma Dutra, 03, bairro da Luz), em momentos de espiritualidade, com o auxílio do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). (11) 3106-5531 e (11) 99427-9070.
Ações caritativas mediante as quais todo cristão é chamado a socorrer o próximo em suas necessidades corporais e espirituais (cf. Catecismo da Igreja Católica, §2447), as obras de misericórdia são
praticadas pelos católicos por meio de iniciativas tanto nas paróquias da Arquidiocese quanto nas pastorais, movimentos, comunidades e outras organizações da Igreja em São Paulo.
Veja a seguir algumas dessas iniciativas e os canais de contato para conhecê-las melhor e, assim, realizar as obras de misericórdia.
de Alencar, 270, Cambuci), cerca de 500. Toda ajuda financeira, bem como a doação de roupas e alimentos, é bem-vinda. (11) 3795-5220 https://doesefras.org.br
Fraternidade da Esperança no bairro da Mooca (Rua Doutor Almeida Lima, 900). Diariamente, são acolhidos 1,2 mil homens que antes estavam em situação de rua por razões diversas, como a falta de trabalho, de moradia ou de suporte familiar. Lá, eles podem descansar, tomar banho, se alimentar e frequentar cursos profissionalizantes, além de usufruir de muitos outros serviços, como o acompanhamento do serviço social. Todo o trabalho é mantido por doações, sendo sempre necessários itens como alimentos não perecíveis, talheres descartáveis, papel interfolhado, papel higiênico, itens de limpeza e kits de higiene pessoal, incluindo aparelhos de barbear descartáveis. Facebook: @arsenaldaesperanca
são acolhidos 50 irmãos por dia, e residem cerca de 100 pessoas, algumas muito doentes. A Missão também realiza trabalhos no Haiti. Toda doação é bem-vinda, seja financeira para o custeio das contas de água e de energia elétrica, seja a de alimentos, roupas e produtos de higiene pessoal e de limpeza. www.missaobelem.org
ALIANÇA DE MISERICÓRDIA
Fundada no ano 2000 por missionários italianos em São Paulo, a Aliança de Misericórdia tem diferentes frentes de ação, como o trabalho pastoral na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, no Centro, que permanece aberta 24 horas por dia; ação missionária às pessoas em situação de rua e manutenção da Casa Restaura-me (Rua Monsenhor Andrade, 746, Brás), frequentada diariamente por cerca de 450 pessoas em situação de rua, que lá recebem refeições e podem Luciney Martins/O SÃO PAULO
SERVIÇO FRANCISCANO DE SOLIDARIEDADE
Diariamente, o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) atua no combate à fome e à violação de direitos, bem como pela inserção econômica e social dos vulneráveis como idosos sozinhos, imigrantes, refugiados, pessoas com hanseníase e crianças pobres. Um dos trabalhos de referência se dá com as pessoas em situação de rua. No Chá do Padre (Rua Riachuelo, 268, Centro) são atendidas aproximadamente mil pessoas por dia, e na Casa Franciscana (Rua Otto
tomar banho, lavar roupas e obter encaminhamentos para serviços sociais. A Aliança tem ainda a Vila Cuore, na zona Noroeste, onde, com o apoio do Grupo Comolatti, oferece serviços de solidariedade a famílias carentes, incluindo a capacitação profissional e aulas de reforço escolar para crianças e adolescentes. (11) 3120-9191 https://misericordia.org.br
ARSENAL DA ESPERANÇA
Fundado em 1996, o Arsenal da Esperança é mantido pelo SERMIG –
MISSÃO PAZ
Mantida pelos missionários Scalabrinianos, a Missão Paz, localizada na região central (Rua do Glicério, 225, Liberdade), começou a atuar na década de 1930. Trata-se de um centro integrado a serviço dos migrantes e refugiados. Sua estrutura atual é formada por quatro projetos intercomunicantes: a Casa do Migrante, o Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes, o Centro de Estudos Migratórios e a Igreja Nossa Senhora da Paz. Desenvolve serviços de apoio à acolhida, documentação, aprendizagem do idioma, inserção laboral, atendimento médico e jurídico. Recebe diariamente uma média de 250 pessoas. Também realiza ações de promoção dos direitos da pessoa migrante e mantém a web-rádio Migrantes. (11) 3340-6950 www.missaonspaz.org
MISSÃO BELÉM
A Missão Belém mantém casas de acolhida, nas quais pessoas que um dia viveram em situação de rua, especialmente no vício das drogas, acolhem os irmãos recém-saídos das ruas e que aceitam a restauração de suas vidas a partir de um itinerário de espiritualidade católica. Hoje, vivem nas casas da Missão, em diferentes cidades, 2,3 mil pessoas. Um dos locais é o Edifício Nazaré (Praça da Sé, 47), onde
FRATERNIDADE O CAMINHO
Iniciada em 2001 na periferia da zona Sul de São Paulo, a Fraternidade O Caminho atua em diferentes frentes de missão, sendo uma delas a ida às ruas, às cracolândias e às periferias, propondo aos ‘irmãos da rua’ que estão entregues ao vício das drogas um caminho de restauração de vida por meio da fé, o que inclui o acolhimento em uma das casas de passagem. Há também a oferta de tratamento terapêutico. Formada por consagrados, sacerdotes e leigos, a Fraternidade também realiza missão pastoral com os encarcerados e mulheres em situação de prostituição. https://www.ocaminho.org
MISSÃO EUCARÍSTICA VOZ DOS POBRES
A Missão Eucarística Voz dos Pobres, fundada em 1996 por Claudio Luiz Vaz, realiza todos os dias sua ação pastoral nas ruas, com missionários consagrados e voluntários que levam refeições e dialogam com os “irmãos da rua”. Também acolhe pessoas com a saúde debilitada que vivem nas ruas ou que tenham sido abandonadas por familiares em hospitais ou em suas próprias casas. Os trabalhos são mantidos por meio de doações, sejam materiais, sejam financeiras, e também são bem-vindos os voluntários para ajudar no cuidado com os irmãos e na pastoral de rua. Facebook: @vozdospobres.ofc
INSTITUTO REDENÇÃO
A associação católica de fiéis Missionários da Redenção mantém, desde 2015, o Instituto Redenção, no qual mensalmente 230 crianças são atendidas no projeto “Redenção Kids”, 200 fa-
mílias no projeto “Solicitude” e 30 mulheres no projeto “Tecer e Semear”. Os 40 missionários contam com o apoio de cem voluntários para realização de diversas atividades socioeducativas, consultoria de gestão de projetos, construções de moradias, administração de oficinas, doações de cestas básicas e capacitação para reinserção de mulheres no mercado de trabalho. Há também evangelizações nos lares dos mais de 2 mil impactados mensalmente por tais ações. (11) 95148-0875 https://redencao.org
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SERVIÇO DE ESCUTA PASTORAL
Criado para ouvir o desabafo das pessoas em seus momentos difíceis, o Serviço de Escuta Pastoral não é terapia nem Confissão. A iniciativa permite que a pessoa, ao ser escutada sem julgamentos, livre-se da carga emocional que a oprime e passe a ver com mais clareza o momento em que se encontra, tendo melhores condições de buscar uma solução, com autonomia, para o seu problema. Atualmente, é um atendimento presencial nas igrejas, tendo melhor desempenho naquelas ditas “de passagem”, estando presente em 28 paróquias da Arquidiocese. Nas paróquias, podem ser formadas equipes, em acordo com o pároco, com pessoas que tenham o perfil adequado (responsável, discreta, que saiba ouvir, guardar sigilo e tenha disponibilidade para atender no seu plantão e para uma reunião periódica). É oferecido um curso de capacitação aos interessados, que podem enviar seu nome completo, telefone e e-mail para: escutasp@regiaose.org.br.
AMPARO MATERNAL
A Associação Amparo Maternal atua desde o ano de 1939 como referência no acolhimento de gestantes, mães e seus bebês, de forma integral e humanizada, oferecendo residência e atendimento especializado para a sua reinserção social. O Centro de Acolhida abriga 50 usuários, realizando um trabalho social individualizado, contribuindo para restaurar e preservar a integridade da gestante e seu filho, favorecendo o processo de reconstrução de vida e o desenvolvimento de habilidades para autonomia e geração de renda por meio de cursos e oficinas. A Maternidade, que desde 2021 é gerida pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), realiza média de 400 partos mensais. Localizada na Rua Napoleão de Barros, 1.035, Vila Clementino, funciona 24 horas por dia. (11) 5573-8930 www.amparomaternal.org
PASTORAL CARCERÁRIA
Na área da Arquidiocese de São Paulo, há uma população de quase 21 mil pessoas presas. Diante dessa realidade e seguindo o mandato de Jesus para que se visite os encarcerados, a Pastoral Carcerária arquidiocesana, com os seus cerca de 30 agentes, vai regularmente a 20 unidades prisionais, quando dialoga e escuta os encarcerados, além de realizar celebrações. Com mais agentes, seria possível, também, dar a necessária atenção aos familiares dos presos e aos funcionários do sistema prisional. (11) 3231-5531.
PASTORAL DA CRIANÇA
Com ações de saúde, educação, nutrição e cidadania voltadas às famílias que tenham crianças com idade até 6 anos, a Pastoral da Criança baseia seu trabalho na organização comunitária e no treinamento de líderes que assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas. A missão consiste em visitas domiciliares, celebração da vida e reunião de reflexão e avaliação. Atualmente, na Arquidiocese de São Paulo, a Pastoral faz o acompanhamento de mais de 3,3 mil crianças até 6 anos, além de 149 gestantes, a partir do trabalho de 272 líderes, em 120 comunidades. (11) 97342-9920 E-mail: s212@pastoraldacrianca.org.br
PASTORAL DO MENOR
Entre as frentes de atuação da Pastoral do Menor estão: ações judiciais referentes a violências praticadas contra crianças e adolescentes; monitoramento do trabalho dos conselhos tutelares; cobrança do poder público para o abrigamento de famílias com crianças
que estão em situação de rua; atenção a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de meio aberto ou de internação na Fundação Casa, neste último caso com visitas periódicas às unidades; em parceria com o Escritório Modelo da PUC-SP, se empenha para a regularização dos documentos destes adolescentes, incluindo o título de eleitor. Também dá suporte material a crianças e adolescentes que vivem em comunidades carentes, com campanhas específicas no período da Páscoa – “Páscoa, tempo de partilha” e do Natal – “Natal dos Sonhos”. (11) 3105-0722 E-mail: pastoralmenor@gmail.com
PASTORAL DA SAÚDE
Para cumprir a sua tríplice missão de assistência solidária aos enfermos (por meio de visita aos doentes em suas casas e em hospitais); atuação comunitária (com campanhas em prol da qualidade de vida e de uma Medicina mais preventiva); e política-institucional (em defesa de políticas públicas que valorizem o Sistema Único de Saúde), a Pastoral da Saúde da Arquidiocese mantém um programa permanente de formação de agentes nas seis regiões episcopais, e promove o curso de pastoral hospitalar, sempre na perspectiva da atenção aos enfermos, algo que não foi interrompido nem durante a pandemia, quando os agentes, por meio de mensagens e vídeos nas plataformas on-line e de ligações telefônicas, se mantiveram próximos dos doentes, seus familiares e dos profissionais da Saúde. Facebook: @csaude.arquidiocesedesaopaulo E-mail: pastoraldasaudeasp@gmail.com
BOMPAR
Criado em 1946 por senhoras católicas, desde a década de 1990 o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) realiza variadas atividades como acolhida e proteção integral a bebês, crianças e adolescentes em condição de abandono, negligência ou vítimas de violências e abusos. Mantém centros de capacitação profissional para jovens e adultos, bem como atendimento de proteção social a idosos. Há ainda iniciativas em favor da população em situação de rua, por meio do centro de acolhida São Martinho de Lima, de um núcleo de convivência para adultos e do Consultório da Rua, que, mantido em parceria com o poder público, proporciona atendimento médico preventivo e cuidados básicos às pessoas nessa condição de vida. https://bompar.org.br
CARITAS ARQUIDIOCESANA
A Caritas Arquidiocesana de São Paulo mantém diferentes trabalhos de caridade cristã. Alguns são permanentes, como o Centro de Referência para Refugiados, que em 2021, por exemplo, doou mais de 2 mil cestas básicas e 39 mil máscaras, e atua no suporte a refugiados e solicitantes de refúgio em São Paulo, incluindo a busca por documentações e capacitação profissional. Também administra o Lar Santa Maria, em Cotia (SP), com projetos sociais que oferecem à população conhecimentos sobre a gestão e manutenção de hortas de consumo comunitário. Há ainda campanhas de suporte emergencial a populações afetadas por desastres naturais, acidentes de grandes proporções ou impactadas por conflitos. Facebook: @caritassp E-mail: caritassp@caritassp.org.br
12 | Geral | 27 de abril a 3 de maio de 2022 |
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Paróquias mobilizam fiéis para participar da 121ª Romaria Arquidiocesana a Aparecida FERNANDO ARTHUR
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Todos os anos, no primeiro domingo de maio, os fiéis da Arquidiocese de São Paulo peregrinam ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, com o intuito de agradecer a proteção da Virgem Mãe e colocar em seu coração os pedidos, anseios e necessidades das famílias, comunidades e paróquias. Neste ano, a peregrinação acontecerá no domingo, 1o de maio, e muitas paróquias e comunidades da Arquidiocese estão mobilizando os fiéis para que estejam em Aparecida e participem da missa das 12h, que será presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.
PREPARAÇÃO
Da Paróquia Menino Jesus, no Tucuruvi, na Região Episcopal Santana, partirão dois ônibus, levando cerca de 110 fiéis. O Padre Roberto Lacerda, Pároco, que realizará um momento de oração na véspera da romaria, falou à reportagem que os paroquianos já vivenciam a expectativa para a ida à Casa da Mãe Apa-
recida, depois de dois anos da fase mais aguda da pandemia. Na Região Episcopal Belém, os fiéis da Paróquia Santa Adélia estão felizes e agradecidos por poderem ir novamente a Aparecida. Junto com o Padre Jônatas Mariotto, Pároco, eles viajarão em quatro ônibus, numa delegação de cerca de 160 pessoas. Também na Paróquia São Paulo Apóstolo, no Belém, o Padre Fabiano Alcides Pereira, Pároco, ressalta a grande expectativa dos paroquianos: “Queremos ver o Santuário cheio dos filhos e filhas amados e queridos por Deus, e receber as graças do Senhor por intercessão de Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, afirmou, destacando que da matriz partirá um ônibus com 46 fiéis, além de outros que irão com carros particulares, levando outras pessoas da comunidade. Da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Episcopal Brasilândia, irá uma delegação de 44 pessoas. Padre Álvaro Moreira, Vigário Paroquial, conta que os paroquianos estão alegres com a oportunidade de participar da Romaria. “A preparação tem-se dado pela oração, também como um sinal de comunhão daqueles que não poderão ir”, ressalta o
Sacerdote, lembrando que os que forem a Aparecida também rezarão pela Paróquia, pela Arquidiocese e pelo sínodo arquidiocesano. Na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, na Região Episcopal Lapa, os fiéis irão em três ônibus, em um grupo de 120 pessoas. Outra paróquia que já está com sua delegação preparada é a Santo Afonso Maria de Ligório, na Região Episcopal Ipiranga, de onde partirão dois ônibus. Também da Catedral Metropolitana de São Paulo sairá um ônibus, com cerca de 30 fiéis.
Vasconcelos Motta, até então Arcebispo de São Paulo. Dom Duarte Leopoldo e Silva, em 1908, obteve do Papa Pio X a concessão do título Basílica Menor para a primeira igreja construída em 1745, em Aparecida, popularmente conhecida como Basílica Velha. Na ocasião, Dom Duarte também celebrou a dedicação do templo. Até a chegada dos primeiros missionários redentoristas, em 1894, o atendimento pastoral e espiritual da Basílica de Aparecida ficou aos cuidados do clero da Diocese de São Paulo.
UMA LONGA HISTÓRIA DE COMUNHÃO
PARTICIPE
Em 1717, quando foi encontrada a imagem da Padroeira do Brasil, todo o estado de São Paulo pertencia à então Diocese do Rio de Janeiro. Com a criação da Diocese de São Paulo, em 1745, que depois foi elevada a Arquidiocese, em 1908, Aparecida passou a fazer parte de seu território. Somente em 1958 foi criada, pelo Papa Pio XII, a Arquidiocese de Aparecida, tendo como primeiro Arcebispo o Cardeal Carlos Carmelo de
A maioria das paróquias já está com todas as reservas de ônibus preenchidas para a Romaria Arquidiocesana, mas quem ainda deseja participar pode se informar na secretaria paroquial ou ir em família e com os amigos em seus próprios carros. A missa que será presidida pelo Cardeal Scherer às 12h será transmitida pela rádio 9 de Julho e mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo (@arquisp). (*Texto escrito sob a supervisão de Daniel Gomes)
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Crianças e adolescentes da Paróquia São João Maria Vianney perseveram em fazer o bem Fotos: Arquivo pessoal
DANIEL GOMES
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Tudo foi pensado com muito carinho: a ornamentação do ambiente, os hot-dogs e os refrigerantes que foram servidos, as músicas católicas cantadas e dançadas, além da acolhida a cada um dos amigos que eram aguardados para aquele encontro especial em 2 de abril, no salão da Paróquia Bom Jesus dos Passos, em Pinheiros. Naquele dia, crianças e adolescentes do Movimento da Perseverança, da Paróquia São João Maria Vianney, na Região Episcopal Lapa, entregaram kits com escova de dente e pasta, sabonete, xampu, desodorante, cotonetes e absorventes, além de mochilas com materiais escolares para 50 crianças em situação de vulnerabilidade social que vivem em áreas de reintegração de posse e são assistidas por projetos do Instituto Caminhar, uma entidade sem fins lucrativos que atua no atendimento gratuito e proteção integral a crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social. De acordo com Maria Ida Comino, coordenadora do Movimento da Perseverança junto com a catequista Camila Jesus, as arrecadações dos itens e a montagem e embalagem dos kits ocorreram durante 40 dias, como gesto concreto da Quaresma, e em sintonia com a Campanha de Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Educação”. “Foi um momento cheio de amor, doação e muita alegria. Esse é o trabalho maravilhoso da Perseverança, com
Integrantes do Movimento da Perseverança realizam a entrega de kits a crianças em situação de vulnerabilidade social, em atividade no dia 2
começo, meio e fim. Um modo lúdico de catequizar e evangelizar, vivenciando a caridade e o amor de Jesus!”, explicou Maria Ida ao O SÃO PAULO. “Em um encontro maravilhoso, foram realizadas diversas ações, entrega de itens para nossas crianças, além de doações de tempo, amor e dedicação. Nossos corações transbordam de alegria e gratidão, pois não importa se o trabalho é pontual ou com frequência definida, o que importa é fazer o bem”, consta em uma postagem nas redes sociais do Instituto Caminhar, cujo responsável é o senhor Marcelo Melges.
HISTÓRICO DE BOAS INICIATIVAS
Desde 2015, o Movimento da Perseverança desenvolve iniciativas solidárias com o objetivo de despertar nas
crianças e adolescentes o espírito cristão de amor ao próximo. Em 2018, por exemplo, foi realizada uma ação em prol de crianças carentes com deficiência física. Após visitar locais que as acolhem e participar de palestras e dinâmicas sobre acessibilidade e deficiência física, o grupo se mobilizou para arrecadar fundos para aquisição das cadeiras de rodas. Para tal, as crianças e adolescentes do Movimento da Perseverança venderam doces na porta da Paróquia São João Maria Vianney, arrecadaram recursos e pediram doações no fim das missas. O resultado foi a entrega de seis cadeiras de rodas adaptadas exclusivamente para a necessidade de cada criança. As beneficiadas foram escolhidas a partir da lista de pacientes da Associação de As-
sistência à Criança Deficiente (AACD). Já em 2019, após conhecer o trabalho de acolhida a refugiados realizado pela Missão Scalabriniana, o Movimento da Perseverança arrecadou donativos em favor dos refugiados, totalizando mais de R$ 2,2 mil, além de 6 mil itens variados. No ano passado, em meio à pandemia de COVID-19, o Movimento da Perseverança viabilizou a entrega de mil marmitas para pessoas em situação de rua na região central da cidade. “Não basta apenas que as crianças façam uma doação, mas, sim, que passem por todas as fases até chegar à mão do favorecido. É preciso conhecê-lo, saber das suas dificuldades, evangelizá-lo e acolhê-lo, como Jesus nos ensinou”, concluiu Maria Ida Comino.
EXTERNATO POPULAR SÃO VICENTE DE PAULO Rua Voluntários da Pátria, 1653 – Santana – CEP: 02011-300 – São Paulo CNPJ – 62.837.059/0001-96
EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Em cumprimento ao disposto nos artigos 22; 23; 25; 26; 31, alínea “c” e parágrafos; 31, alínea “g”; 33; 34; 36, alínea “b”; 38-A e parágrafos; todos do Estatuto Social do Externato Popular São Vicente de Paulo, alterado, consolidado e registrado sob nº 643.135, na data de 31.08.2015, junto ao Quarto Serviço Registral de Títulos e Documentos da Comarca da Capital de São Paulo, na condição de Diretor Presidente em exercício, promovo o presente edital de convocação dos associados, diretores e demais membros, para a Assembléia Geral Extraordinária, nos termos infra-descritos, afixando-se este no átrio da sede da Associação e publicando-se na imprensa: “O EXTERNATO POPULAR SÃO VICENTE DE PAULO, SITO À RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA Nº 1.653, BAIRRO DE SANTANA, SÃO PAULO, SP, CONVOCA SEUS ASSOCIADOS, DIRETORES E DEMAIS MEMBROS PARA A ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA A REALIZAR-SE EM SUA SEDE, NO DIA 10 DE MAIO DE 2022, ÀS 09:00 HORAS, EM PRIMEIRA CHAMADA PODENDO SER INSTAURADA COM A PRESENÇA DE PELO MENOS 2/3 (DOIS TERÇOS) DOS ASSOCIADOS; E NA MESMA DATA, ÀS 09:30 HORAS, EM SEGUNDA CHAMADA, PODENDO SER INSTAURADA COM A PRESENÇA DE QUALQUER NÚMERO DE ASSOCIADOS.
A ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA TERÁ COMO PAUTA:
1) ELEIÇÃO E POSSE DE MEMBROS DA DIRETORIA, NOS TERMOS DO ARTIGO 31 ALÍNEA ‘C’, E PARÁGRAFO SEGUNDO, E DO ARTIGO 33, DO ESTATUTO VIGENTE; 2) ELEIÇÃO E POSSE DE MEMBROS DO CONSELHO FISCAL, NOS TERMOS DO ARTIGO 38-A, E PARÁGRAFO PRIMEIRO, DO ESTATUTO VIGENTE; 3) APROVAÇÃO DO BALANÇO DO EXERCÍCIO DE 2020, NOS TERMOS DO ARTIGO 31 ALÍNEA ‘G’, DO ESTATUTO VIGENTE; 4) APROVAÇÃO DO BALANÇO DO EXERCÍCIO DE 2021, NOS TERMOS DO ARTIGO 31 ALÍNEA ‘G’, DO ESTATUTO VIGENTE; 5) OUTROS ASSUNTOS DE INTERESSE ADMINISTRATIVO.” São Paulo, 19 de abril de 2022. Pe. Sr. João Julio Farias Junior Diretor Presidente em exercíci
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Maternidade e trabalho: a busca de uma relação de equilíbrio para as famílias e as empresas COMUNIDADE
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
No mês de maio, comemoram-se o Dia do Trabalhador e o Dia das Mães. Embora essas datas tenham motivações distintas, são uma oportunidade para refletir sobre a relação entre a maternidade e o trabalho, realidade cada vez mais desafiadora para as famílias. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2018, indica que a maioria das mães de baixa renda, mais de 50%, são demitidas quando retornam da licença-maternidade. Esses dados chamaram a atenção do Family Talks, um programa da Associação de Desenvolvimento da Família (Adef), voltado para a atuação na esfera pública, com o intuito de promover ações, trazer informações sobre a importância das relações familiares para o desenvolvimento social, o que implica a promoção de iniciativas de interesse público ou privado voltadas ao fortalecimento das relações familiares. Leticia Barbano, pesquisadora no Family Talks, formada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutoranda na mesma universidade, ressaltou ao O SÃO PAULO que, embora haja uma crescente tendência de inclusão de mulheres no mercado de trabalho, em especial nos cargos de liderança, aquelas que decidem ter um ou mais filhos encontram dificuldades para permanecer no trabalho, quando, na maioria dos casos, trabalhar não é apenas uma opção pessoal, mas uma necessidade da família. “O mercado de trabalho não está preparado para acolher as mulheres que são mães. É como se ter filhos as impedisse de alcançar seus objetivos. Podemos considerar uma espécie de preconceito social em relação à maternidade. Isso acaba fazendo com que as mulheres não tenham filhos ou tenham menos filhos do que gostariam”, opinou Leticia, acrescentando que, quando se comparam mulheres e homens, em termos de progressão de carreira, oportunidade de emprego, salário e inserção no mercado de trabalho, as mães são as que ficam por último em todos esses grupos.
HABILIDADES
Para enfrentar esse problema, a pesquisadora aponta que o primeiro passo é mudar a lógica cultural em relação às mães. “Muitas pessoas enxergam a ausência da mulher durante a licença-maternidade ou até o fato de ter um filho como um incômodo, mas, na verdade, o que se percebe cientificamente é que
a maternidade torna as mulheres muito mais comprometidas e maduras”, observou Leticia, explicando que, em virtude da maternidade, as mulheres desenvolvem as chamadas soft skills, isto é, habilidades mais acuradas para lidar com as pessoas e situações, como gestão de conflitos, gerenciamento do tempo, criatividade, entre outros.
MUDANÇA CULTURAL
O Family Talks insiste na necessidade de uma mudança na cultura organi-
Para pensar em um ambiente que favoreça a família, é fundamental considerar o papel da comunidade, mais especificamente das redes de apoio. Isso envolve o âmbito mais próximo das redes de parentes e amigos próximos, como também daquelas constituídas por outros entes da sociedade, como a escola, a Igreja e outras organizações. “A materao trabalho. “É possível planejar com a nidade não é uma questão individual, mulher se essa ausência será total ou se, mas coletiva. Quando uma mulher tem dependendo da sua posição na empresa, um filho, ela necessita da ajuda de outras ela gostaria de ser informada sobre o anpessoas, de uma rede de suporte. Isso, damento de algum projeto, como ela deporém, vai contra a lógica econômica, seja que seja a volta ao trabalho, se precimarcada por uma cultura muito indivisa de menos ou mais tempo”, comentou dualista, que propaga a ideia de que ter Leticia, reconhecendo a necessidade de um filho é um problema exclusivo damaior flexibilidade na legislação para quela família”, afirmou Leticia. favorecer tanto a mãe quanto a empresa. No âmbito da comunidade, são muitas as alternativas, como empresas que DIFERENÇAS se reúnem em torno de associações ou Considerando que metade dos trasindicatos para viabilizarem espaços comuns de cuidado dos filhos Willian Fortunato/Pexels dos funcionários, como as creches, escolinhas ou berçários coletivos. Contudo, Leticia reforça a importância de os pais serem protagonistas na criação da rede de apoio. Existem, por exemplo, grupos de mães e pais que se reúnem para se revezar alternando seus dias de folga no cuidado dos filhos ao longo da semana, as chamadas creches parentais, ou para o cuidado das crianças no contraturno escolar. Há, ainda, casos em que os pais conseguem se alternar nas jornadas de trabalho e se revezam no cuidado dos filhos.
PROJETOS
zacional das empresas a fim de acolher mais as profissionais que são mães e, ao mesmo tempo, incentivar a participação dos pais nesse processo. Outro caminho para promover uma cultura empresarial mais favorável ao desenvolvimento das famílias é a redução das jornadas de trabalho. “Sabemos da dificuldade de tornar esse ideal concreto. Porém, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) já recomendou que as jornadas de trabalho sejam menores, pois, se homens e mulheres trabalharem menos, ambos terão mais tempo para se organizarem nos cuidados dos filhos, consequentemente, diminuindo a necessidade de ‘terceirizar’ o cuidado das crianças nos serviços do Estado, como escolas, creches etc.” Quanto à licença-maternidade, os estudos do Family Talks ressaltam que deve haver um planejamento de como será a ausência da profissional na empresa, assim como seu retorno gradual
balhadores formais no Brasil está nas pequenas e médias empresas, reconhece-se os impactos diferentes da licença-maternidade no mercado de trabalho. A pesquisadora do Family Talks, no entanto, chamou a atenção para vantagens das empresas menores que precisam ser mais valorizadas e estimuladas. “Observamos que, em geral, os gestores das pequenas e médias empresas estão muito mais próximos dos seus funcionários e, portanto, conhecem a realidade de cada um. Eles, portanto, podem usar isso como oportunidade de humanizar a relação trabalhista, procurando ver cada trabalhador como uma pessoa e não mais um número. Nesse sentido, diante da gestação de uma colaboradora, há condições de planejar antecipadamente como será essa ausência e seu retorno gradual. Assim, não haverá apenas uma substituição, pois a gestante participará ativamente do processo da sua licença”, disse.
Na busca de caminhos concretos para diminuir esses obstáculos, o Family Talks se empenha no debate sobre propostas legislativas que mudem esse cenário. Uma delas é o projeto de licença parental, que consiste na possibilidade de pai e mãe alternarem o período de pausa do trabalho para o cuidado dos recém-nascidos. Outra frente de debate é a que mundialmente é chamada de Family Supportive Workplaces, que, objetivamente significa a preocupação das empresas para que seus ambientes não sejam desfavoráveis a profissionais que tenham responsabilidades familiares. Por fim, Leticia sublinhou a importância de pensar em alternativas que beneficiem a todos. “Não podemos pensar em algo que solucione apenas o problema da minha família, mas também das outras famílias que passam por situações semelhantes às minhas”, completou. Parta conhecer mais sobre os projetos e pesquisas do Family Talks, acesse: https://familytalks.org.
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Em novo livro, Francisco fala da ‘coragem de construir a paz’
Dor no joelho leva o Papa a modificar a agenda de compromissos Reprodução
FILIPE DOMINGUES
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
“São tantas guerras em ato neste momento, que causam enorme dor, vítimas inocentes, especialmente crianças”, diz o Papa Francisco, em um novo livro publicado pela Libreria Editrice Vaticana, na Itália. “Guerras que provocam a fuga de milhões de pessoas, obrigadas a deixar a sua terra, as suas casas, as suas cidades destruídas para salvar suas vidas.” Eram guerras que “pareciam distantes”, e muitas permaneciam esquecidas pela maior parte da população e dos líderes mundiais, mas, agora, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciou-se uma nova fase. “A guerra estourou perto de nós. A Ucrânia foi agredida e invadida”, escreve o Pontífice. Durante as orações do Angelus dos últimos meses, o Papa chegou a pedir uma trégua de Páscoa, para que a ajuda humanitária pudesse ser enviada às áreas de guerra da Ucrânia e para que o diálogo fosse restabelecido. No domingo, 24, ele renovou esse apelo. “Parem os ataques, para ir ao encontro do sofrimento da população atingida. Parem, obedecendo às palavras do Ressuscitado, que no dia de Páscoa repete aos seus discípulos: ‘Paz a vós!’”
O livro, intitulado “Contra a guerra: a coragem de construir a paz”, foi publicado em 14 de abril, por enquanto somente em italiano. O texto reúne diferentes discursos do Papa Francisco sobre o tema da paz, inclusive alguns mais recentes, nos quais comenta a situação da Ucrânia. O prefácio, porém, é original. No posfácio, o vaticanista Andrea Tornielli, diretor editorial do Vatican News, faz uma reflexão sobre diferentes contribuições dos papas na promoção da paz. “A guerra não é a solução, a guerra é uma loucura”, diz Francisco na introdução. “A guerra é um câncer que se autoalimenta, fagocitando tudo. Ainda mais, a guerra é um sacrilégio, que faz estragos em tudo o que é mais precioso sobre a terra, a vida humana, a inocência dos pequenos, a beleza da criação”, escreve. Ele recorda, ainda, os apelos dos Papas e Santos João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, sendo este último o que definiu a guerra como “uma aventura sem retorno”. “Temos a memória curta”, lamenta o Papa Francisco. “Se tivéssemos memória, saberíamos que a guerra, antes que chegue ao front, deve ser parada no coração.”
Deus perdoa tudo: a sua misericórdia traz alegria A “bondade humilde” da Igreja deve chegar às pessoas por meio de um bom confessor, “que sabe ser um canal de misericórdia”, afirmou o Papa Francisco na missa do 2º Domingo da Páscoa, o Domingo da Divina Misericórdia, 24. Ele não presidiu a celebração, mas participou sentado e fez a homilia. “Hoje e sempre, na Igreja, o perdão deve chegar assim”, disse, “porque Deus perdoa tudo, porque Deus perdoa tudo e sempre. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão”, completou. O contexto era
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o Evangelho segundo João (20,19.21.26), em que o Cristo Ressuscitado deixa sua paz aos discípulos e acolhe, inclusive, São Tomé, aquele que havia duvidado dos relatos sobre a Ressurreição. “Em Tomé, há a história de cada pessoa que crê, de cada um de nós: há momentos difíceis, em que parece que a vida desmente a fé, em que estamos em crise e precisamos tocar e ver. Mas, como Tomé, é justamente aí que redescobrimos o coração do Senhor, a sua misericórdia”, declarou o Santo Padre. (FD)
Desde sua viagem a Malta, no início de abril, o Papa Francisco vem demonstrando dificuldades para caminhar. Antes mesmo daquela visita apostólica, ele já havia mencionado em audiências gerais que precisava ficar mais sentado, pois sentia dores no joelho, “que só acontecem com pessoas mais velhas”. Na Semana Santa, ele não presidiu a celebração da Vigília Pascal, no Sábado de Aleluia, e durante parte da bênção Urbi et orbi (Para a cidade de Roma e para o mundo), Francisco teve que permanecer sentado. Também na semana da Oitava de Páscoa, o Papa cancelou algumas atividades para consultas médicas. Na terça-feira, 26, o Vaticano comunicou que, “por causa das dores no
joelho, e sob orientação médica, o Papa Francisco interrompeu as atividades planejadas para hoje, inclusive a participação no Conselho de Cardeais, que terá uma nova sessão nestes dias”. Embora o Vaticano não dê mais detalhes, fontes afirmaram à imprensa que o Papa está bem, mas tem problemas nos ligamentos do joelho, que podem exigir uma cirurgia, algo delicado para quem tem 85 anos. Além disso, o Papa Francisco ganhou peso desde o início do pontificado, em 2013, o que tende a agravar a situação do joelho. Em julho do ano passado, ele teve que se submeter a uma cirurgia no intestino, mas se recuperou bem e manteve o intenso programa e as viagens internacionais. (FD)
Congregação para os Bispos agradece carta do Cardeal Scherer REDAÇÃO
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O Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, enviou carta ao Cardeal Odilo Pedro Scherer em resposta à correspondência na qual o Arcebispo Metropolitano agradece ao Papa Francisco a nome-
ação de dois Bispos Auxiliares para a Arquidiocese de São Paulo: os Monsenhores Rogério Augusto das Neves, que será ordenado em 1o de maio, às 15h30, em São José dos Campos (SP); e Cícero Alves de França, cuja ordenação se realizará na Catedral da Sé, no próximo dia 8, às 15h. Veja a seguir a íntegra da carta: Reprodução
16 | Reportagem | 27 de abril a 3 de maio de 2022 | IRA ROMÃO
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Gastronomia sustentável é uma prática que impacta a mudança de hábitos relacionados ao processo de cozinhar. A atividade que resulta na diminuição do desperdício de comida mira na origem, no cultivo e nos meios pelos quais o alimento chega ao mercado e ao prato do consumidor. Assim como a fome, o desperdício de alimentos é um problema global. Em 2019, do total de alimentos produzidos no planeta, 17% foram parar no lixo, em números absolutos 931 milhões de toneladas, a partir de descartes em residências, varejo, restaurantes e outros serviços alimentares. Os dados são do “Índice de Desperdício de Alimentos 2021”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da organização britânica de resíduos Waste and Resources Action Program (WRAP). “Falar de sustentabilidade é discorrer sobre diminuir o nosso impacto nocivo ao planeta, ou seja, reduzir meu uso de água e eletricidade, meu rastro de lixo, meu consumo de carne pensando nas questões do uso de recursos naturais para produzi-la, enfim, se eu desperdiçar menos, terei uma vida mais sustentável”, diz o chef de cozinha Raul Godoy, especialista em gastronomia sustentável. Godoy atua no mercado de alimentos há 15 anos e passou por cozinhas de grandes restaurantes no Brasil e no mundo, como o Tordesilhas, onde esteve ao lado da chef Mara Salles; o Arturito, da chef Paola Carosella; e restaurantes do grupo D.O.M, do chef Alex Atala. Hoje, ele ministra aulas sobre sustentabilidade aliada à gastronomia e o uso integral de alimentos na instituição Gastronomia Periférica e no Instituto Capim Santo, onde é coordenador de Gastronomia.
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CHEF DE COZINHA RAUL GODOY, ESPECIALISTA EM SUSTENTABILIDADE, COMENTA SOBRE HÁBITOS QUE PODEM CONTRIBUIR PARA MELHOR APROVEITAR TODAS AS PARTES DO ALIMENTO, EVITANDO O DESPERDÍCIO E A PRODUÇÃO DE LIXO
Você pratica a gastronomia sustentável? Raul Godoy
NA COZINHA PROFISSIONAL
Na cozinha profissional, segundo Godoy, o itinerário para a gastronomia sustentável começa por comprar itens do pequeno produtor e de famílias agricultoras. “Assim, daremos dinheiro a uma produção mais saudável e orgânica, o que também diminui a distância que o alimento percorrerá para chegar até nós. Assim, haverá um rastro de carbono menor, menos desperdício e menor número de embalagens”, explica. Além disso, o alimento adquirido deve ser usado integralmente. Godoy exemplifica: “Se comprar 10kg de batata, utilize 10kg, em vez de tirar 2kg de casca para jogar no lixo, pois este, além de ser produto a menos em relação ao custo investido, vai parar em um saco plástico que ficará mais tempo impactando o meio ambiente”.
USO INTEGRAL
Godoy destaca que há diferença entre aproveitamento integral e o reaproveitamento de alimento. “Há quem me fale assim: ‘Legal, você faz reaproveitamento do talo da salsinha’. Não! Se eu picar o talo da salsinha para utilizar na minha receita, significa que estou aproveitando tudo do ingrediente. Reaproveitamento
é eu pegar o meu arroz que sobrou ontem e fazer um bolinho de arroz hoje”, explica. Entusiasta da gastronomia sustentável, o jovem chef acredita que muitas partes dos alimentos que são jogadas no lixo têm esse destino por não serem “a parte mais bonitinha ou não ter a perfeição que todos querem”, algo que não deveria ser exigido do alimento natural. “Ele tem um crescimento próprio. Um peixe não é totalmente igual milimetricamente dos dois lados; uma batata não é igual, uma cebola também não”, pontua. Para Godoy, a prática da sustentabilidade na cozinha envolve o contato com o alimento, o que permitirá conhecer suas partes e melhor aproveitá-lo. “A folha do coentro, por exemplo, o ideal é colocá-la
mais no final da receita porque ela vai perder sabor e textura se a colocarmos muito no começo. Já o talo e a raiz conseguimos cozinhar mais, é um sabor que vai sendo acrescentado enquanto estiver cozinhando.”
AO ACESSO DE TODOS
O jovem chef garante que a gastronomia sustentável pode ser praticada por todos, inclusive em casa. “Temos que desmistificar essa coisa de que a gastronomia de restaurante só fazemos quando existe um ambiente profissional”, diz Godoy, dando um exemplo prático. “Uma coisa que você consegue fazer na sua casa é utilizar uma batata de modo integral, seja fazendo-a inteira, seja descascando-a e utilizando o miolo de um jeito e a casca de outro.”
Ele enfatiza que o ideal é programar bem o que se pretende cozinhar para assim aproveitar tudo de forma integral. “Se quero fazer algo com a casca da banana, por exemplo, tenho que planejar. Posso comer a banana, picar a casca e fazer um vinagrete; ou posso fazer um bolo de banana com a casca junto para não gerar lixo de um lado nem de outro”, sugere.
DESCARTE EM ÚLTIMO CASO
Outra dica de Godoy é sempre armazenar os alimentos de forma correta para que durem mais tempo. “Se você pegar o maço de salsinha e jogar dentro da sua geladeira de qualquer jeito, em um ou dois dias ele vai ficar todo amarelado. Já se molhar um papel toalha, enrolar em volta desse maço e guardar na parte mais
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SAIBA APROVEITAR
Para o jovem chef, a venda separada das partes de um mesmo ingrediente distancia o consumidor de uma cozinha sustentável. “Você compra no mercado um pedacinho de abóbora sem casca e sem semente, embalado em plástico”, lamenta. “Já vi mercado vender tangerina descascada em bandejinha de isopor enrolada em saco plástico.” Ainda assim, Godoy acredita que ao menos o contato com as partes de um alimento possa aproximar o consumidor, aos poucos, da prática da sustentabilidade: “A própria folha da salsinha comprada já picada no potinho, talvez,
COLOQUE A GASTRONOMIA SUSTENTÁVEL NA SUA ROTINA
Marcos Reis/Divulgação
baixa da geladeira, ele vai viver mais tempo”, ensina. E mesmo que o alimento perca a estética bonita, a beleza, há alternativas para não desperdiçá-lo. “Uma salsinha amarelada, por questão de perder a clorofila, vai estar boa ainda para consumo. Se pegarmos uma salsinha que esteja mais murcha e jogar na água, ela dá uma revitalizada”, indica. O chef lembra ainda que uma salsinha que perdeu o frescor pode, sim, ser aproveitada. “Posso bater e fazer um pesto de salsinha (espécie de molho) para colocar na minha receita. Esse mesmo pesto, se eu deixar com um pouco mais de óleo, consigo guardar na geladeira por mais tempo também.” Godoy afirma que o segredo para implantar a gastronomia sustentável no dia a dia é cozinhar. “Cozinhando, conseguimos encontrar soluções e passamos a viver perto dos alimentos naturais, e assim vamos conhecer mais sobre cada ingrediente”, diz. “Cozinhando, aprendemos a ver os ingredientes e, ao colocá-los na boca, pensamos o que fazer com a folha que murchou mais, o que fazer com a maçã ou com o tomate que está batido”, acrescenta. “Com o tomate amassado, por exemplo, podemos fazer um molho que vai ficar lindo e gostoso.”
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– Compre quantidade estimada do que efetivamente costuma usar; – Use integralmente aquilo que adquiriu; – Reaproveite os alimentos já cozidos para outras receitas: o arroz de ontem pode virar o bolinho de arroz de hoje;
sugira que existe um maço de salsinha e que é possível comprá-lo inteiro, trazendo uma reflexão de que é uma opção jogar metade dela no lixo ou utilizar de modo integral”. “Se estamos comprando esses alimentos e eles estão sendo cultivados por alguém, tudo isso merece respeito. Seja do nosso próprio trabalho para não jogarmos nosso dinheiro no lixo, ao descartar parte desse alimento, seja respeitando o trabalho da pessoa que o cultivou durante meses”, pondera.
COMEÇAR É PRECISO
Godoy sabe que um dos principais desafios para a prática da gastronomia sustentável está relacionado ao acesso aos produtos orgânicos. “Por não ter tanto subsídio do governo, o alimento orgânico fica mais caro. Também é mais caro, por exemplo, para uma família produtora do interior de São Paulo plantar cenoura e trazer para cá para a venda”, detalha, enfatizando que o hábito de consumir mais produtos orgânicos é um
passo importante para a gastronomia sustentável. Outro desafio é conscientizar o consumidor de que ele está gerando lixo. “Quando você não está aproveitando tudo, gera mais lixo, e isso permanecerá em sacos plásticos por centenas de anos no planeta. Já se eu utilizar meu alimento inteiro, por meio do conhecimento de como utilizá-lo, não vou gerar esse lixo nem utilizar esse saco plástico”, continua. No caminho para a gastronomia sustentável, Godoy recomenda que cada família reflita sobre aquilo que vai para o lixo da cozinha, geralmente dentro de uma sacola plástica de supermercado: “Se não enchermos o lixo com alimento, não vamos precisar nem do saquinho. Assim, serão menos alimentos sendo jogados fora, menos sacos de lixo também, por consequência, menos sacolas plásticas no supermercado, menos sacos a indústria precisará produzir e menos poluição ocorrerá por causa da produção de sacos”.
– Nem todo alimento que não está bonito esteticamente perdeu a qualidade: de um tomate amassado pode ser feito um molho; – Cozinhe com frequência para conhecer o sabor e a textura dos alimentos; – Pense em variadas receitas que podem ser feitas com um mesmo item; – Informe-se sobre as condições ideais de armazenamento para cada alimento; – Compre alimentos orgânicos sempre que possível; – Reflita sobre o volume de lixo gerado com o desperdício: por ano, 17% do que é produzido de alimentos tem como destino o lixo; – R estaurantes podem priorizar a compra de alimentos de pequenos produtores.
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França
Papa nomeia novo Arcebispo de Paris Diocese de Lille
JOSÉ FERREIRA FILHO
osaopaulo@uol.com.br
Na terça-feira, 26, a Arquidiocese de Paris foi comunicada pelo Vaticano de que em breve terá um novo arcebispo, com a nomeação de Dom Laurent Bernard Marie Ulrich, até então Arcebispo de Lille. Ele sucede a Dom Michel Aupetit, que apresentou sua renúncia ao Papa Francisco em dezembro passado. Sua nomeação foi anunciada dois dias depois que Emmanuel Macron foi eleito por mais cinco anos como presidente da França. Dom Ulrich, de
70 anos, também deve servir em sua nova missão por cinco anos antes de atingir a idade habitual de aposentadoria para os bispos. Considerado não conservador, Dom Ulrich é Arcebispo há 22 anos, o que é uma vantagem para liderar uma arquidiocese considerável como Paris, além de ter desenvoltura no trato com autoridades. Foi Vice-presidente da Conferência Episcopal Francesa de 2007 a 2013, Presidente do Conselho Episcopal para Finanças entre 2001 e 2007, e, atualmente, é Presidente do Conselho dos Bispos para o Ensino Católico, que diz respeito às escolas e universidades.
Ucrânia Instituição católica envia exemplares da medalha milagrosa para cidades ucranianas sob ataque A Federação Pró-Europa Cristã enviou 50 mil exemplares da medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças para serem distribuídas entre os católicos da Ucrânia, em plena guerra: 20 mil foram para a capital, Kiev, e 30 mil para Lviv, no oeste do país, cujo Bispo Auxiliar, Dom Eduard Kawa, como franciscano conventual, segue a espiritualidade de São Maximiliano Kolbe de difundir a medalha milagrosa. O encarregado de distribuí-las na Ucrânia foi o missionário Miguel Ángel Gutiérrez, que afirmou que a iniciativa tomou corpo depois que os bispos do país pediram para consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria e solicitaram ao Santuário de Fátima que uma imagem da Virgem fosse conduzida ao território ucraniano.
“Isso nos deu a certeza de que o drama da guerra é travado, sobretudo, no campo espiritual. Daí a ideia de enviar e distribuir a medalha de Nossa Senhora que mais graças fez, “a medalha milagrosa”, informou. Por ter participado da entrega das medalhas à população, Gutiérrez testemunha com emoção o que presenciou. “O que mais me impressionou é a gratidão das pessoas pela medalha. Os católicos ucranianos sofreram perseguição e martírio por décadas, eles têm uma fé muito profunda, pois foi forjada com sangue. E saber que em outros países há pessoas orando por eles e que esta medalha é o símbolo dessa união em oração, deixou seus corações cheios de esperança.”
Ao ser questionado sobre como essa experiência o ajudou espiritualmente, Gutiérrez concluiu. “Encontrar um povo que sofre os horrores da guerra e vê-lo rezar pela paz com essa profunda fé e confiança em Deus, por meio da Virgem Maria, a quem são muito devotos, me faz refletir sobre como vivemos tão superficialmente a fé em nossos países do Ocidente. Eu digo um fato: a Virgem Peregrina de Fátima está na maior paróquia greco-católica do país. Todas as tardes eles fazem a procissão, rezando o Terço ao redor da igreja. Quando soam as sirenes antiaéreas, a procissão não é suspensa, mas continua no porão da igreja.” Fontes: InfoCatólica e Aleteia
Sudão do Sul Bispo baleado se diz otimista com o futuro da nação “Olho para o Sudão do Sul com otimismo”, disse Dom Christian Carlassare, Bispo de Rumbek, a repórteres durante uma mesa-redonda, afirmando que um “passo significativo” no processo de paz do país ocorreu no dia 12, quando Salva Kiir, presidente sul-sudanês, finalmente conseguiu formar um exército nacional unificado. Depois de um recente surto de combates que levou ao aumento da pressão de parceiros e doadores internacionais, Kiir e seu rival, o vice-presidente Riek Machar, se reuniram no início do mês e apresentaram uma lista de oficiais do Movimento de Libertação Popular do Sudão a ser integrado às forças de segurança nacional. Até agora, a formação de um exército unificado tem sido um dos requisitos mais difíceis de cumprir para o acordo de paz
que Kiir e Machar assinaram em setembro de 2018, encerrando uma violenta disputa de cinco anos. No entanto, sua implementação tem sido lenta e as forças opostas que discordam de diferentes aspectos do acordo frequentemente entram em conflito sobre como compartilhar o poder. Líderes políticos e militares do Sudão do Sul expressaram confiança de que a recente unificação de forças será uma grande ajuda para impedir as violações do cessar-fogo em diferentes partes do país. No entanto, alguns detalhes ainda precisam ser trabalhados, incluindo treinamento e a proporção exata de tropas de cada lado.
MISSÃO
Nomeado como o novo Bispo de Rumbek em março do ano passado, Dom Christian foi baleado duas semanas após sua no-
meação. Dois homens armados entraram em sua casa e atiraram em suas pernas. Ele sobreviveu ao ataque e foi enviado para a capital, Juba, e depois para Nairóbi, no Quênia, antes de retornar à sua Itália natal. Após seis cirurgias e quase um ano de descanso e fisioterapia, Dom Christian retornou a Rumbek e agora foi formalmente instalado como seu bispo. O ataque “não foi apenas uma ferida física, mas no coração… Como pessoa, fui ferido por interesses pessoais”, disse, lembrando que ainda há muita reconciliação necessária. Ele está tentando se reunir com diferentes grupos e indivíduos para entender seus medos e suas necessidades, e segue em frente “sem fechar os olhos para o que aconteceu”, mas com perdão e desejo de curar. Fonte: Crux Now
SURPRESA
Em uma entrevista à RCF Hauts-de-France, estação radiofônica católica local, Dom Ulrich relatou seu sentimento com a notícia da escolha papal. “Foi uma surpresa completa. Imediatamente, expressei diante do Núncio um grande espanto, quase uma maneira de dizer ‘não’. Lutei dentro de mim espiritualmente porque disse a mim mesmo que [esta posição] não é para mim e que não sou a pessoa certa para este trabalho. Já tenho alguns anos de serviço e esta é a quarta diocese que vou servir. É uma ginástica! Meu ministério como Arcebispo de Paris será aquele que quer manifestar a amizade de Cristo. Portanto, não sei se serei capaz de demonstrá-la com minhas qualidades e defeitos, porém dirijo-me a vocês como amigos, porque o chamado que recebi da Igreja para vir a Paris exercer meu ministério vem do próprio Cristo, que sempre se apresenta como amigo de todos, em todos os tempos e em todos os locais. Venho a vocês com ‘a alegria de acreditar’, que é meu lema há muito tempo.” Fontes: Vatican News, InfoCatólica e Catholic News Agency
www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.
CNBB detalha o atual perfil do episcopado brasileiro https://cutt.ly/4GzWwFy Papa ao Patriarca Kirill: sejamos artífices da paz para a Ucrânia devastada pela guerra https://cutt.ly/SGzWpXK Francisco: o verdadeiro educador acompanha, escuta e dialoga https://cutt.ly/2GzWjFH Divulgado edital do Fundo Nacional de Solidariedade 2022 com foco em ‘Fraternidade e Educação’ https://cutt.ly/cGzQ7cx Pinacoteca de Itanhaém (SP) recebe exposição sobre Dom Paulo Evaristo Arns https://cutt.ly/XGzQ2Li Santuário em Tatuí (SP) torna-se Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição https://cutt.ly/CGzWUxy
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| 27 de abril a 3 de maio de 2022 | Geral/Fé e Vida | 19
Lideranças católicas na América Latina refletem sobre a defesa da vida e o crime do aborto Pixabay
ROSEANE WELTER
ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Teve início no sábado, 23, o II Seminário Internacional de Bioética, com o tema “O drama do aborto e experiências de proteção da vida nascente”, uma iniciativa conjunta da Academia Latino-Americana de Líderes Católicos, da Universidade Privada Peruano-Alemã e do Instituto de Estudos Superiores sobre Mulheres do Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, de Roma. O seminário acontecerá de modo on-line, sempre aos sábados, até 23 de maio. Segundo os organizadores, a atividade tem por objetivo fomentar a reflexão sobre a temática a partir dos fundamentos antropológicos, filosóficos e éticos do valor e do caráter inviolável da vida humana; recordar o ensino do Magistério Social da Igreja sobre a vida; e, sobretudo, aprofundar os fundamentos antropológicos e bioéticos do início da vida humana; avaliar as consequências, sequelas e danos causados pelo aborto; elucidar o debate público da vida humana em um mundo plural e diversificado. Também serão mostradas experiências concretas de proteção à vida em diferentes países da América Latina.
INVIOLÁVEL
Na conferência de abertura, com o tema “O evangelho da vida no Magistério da Igreja Católica”, Dom Javier del Río Alba, Arcebispo de Arequipa, no Peru, e membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, fez um resgate histórico sobre o valor da vida desde a concepcão, tomando por base as declarações dos pontífices, a Doutrina Social da Igreja (DSI), o Evangelho e a Ciência. Dom Javier enfatizou que o direito à vida é inviolável e que os direitos humanos compõem a fundamentação da vida cristã. “O homem é a imagem e semelhança de Deus. Garantir a vida e não matar está na essência cristã”, afirmou, recordando a declaração sobre o aborto feita em 1974 pela Congregação para a Doutrina da Fé. “A vida humana é preciosa, a vida permanece e tem como dom se multiplicar. O aborto é um ato imoral e uma prática violenta contra a vida”, ressaltou, mencionando que todos devem se opor a tal prática. “O aborto é um crime. Ao defender a vida, não devemos temer a impopularidade”, acrescentou.
DEFESA DA VIDA
Marco Antonio Adame, médico-cirurgião e vice-presidente da Centrista Democrática Internacional e
da Organização Democrata Cristã da América, do México, pontuou a realidade e o contexto internacional da defesa da vida. Ele ressaltou os principais documentos pontifícios acerca do tema, como a Gaudium et spes (1965) e Humanae vitae (1968), de São Paulo VI; Evangelium vitae (1995), de São João Paulo II; Laudato si’ (2015) e Fratelli tutti (2020), do Papa Francisco. Adame enfatizou alguns dos principais desafios dos organismos internacionais frente à atrocidade do aborto e o desrepeito à vida do nascituro, como as legislações permissivas a tal prática nos países; sua oferta como política de saúde pública em alguns casos; e a urgência de se encontrar novas formas de tratar a defesa integral da vida desde a concepção.
ESPERANÇA
Adame ressaltou que, apesar dos desafios, há um horizonte de esperança: “A cada dia, surgem iniciativas e debates promovidos por indivíduos, grupos, movimentos locais e internacionais contra o aborto, contra o tráfico de pessoas e órgãos. Isso é extremamente necessário e importante para a conscientização e defesa da vida em todas as esferas”, afirmou. O médico ressaltou, ainda, que outro sinal de esperança é “as famílias abertas à vida, à adoção, ao acolhimento dos abandonados”, disse, evidenciando também os avanços da Medicina, como a investigação biomédica e a maior conscientização de que o cuidado com a casa comum envolve também zelar pela vida humana.
TESTEMUNHOS
Durante o seminário, o testemunho de escolha pela vida de Dolores Aveiro, mãe do jogador de futebol Cristiano Ronaldo, foi recordado em vídeo. Quando grávida, Dolores buscou duas tentativas para abortar: primeiro, procurou um médico, que se re-
cusou a realizar o procedimento, sob a alegação de que ela era jovem, saudável e sem impedimentos para criar a quinta criança. Em seguida, desesperada, procurou ainda uma outra tentativa de interromper a gravidez. “Eu afirmo – abortar e aborto nunca mais!”, diz Dolores no vídeo. Em seguida, o casal Loyola Martinez, pais de cinco filhos, compartilhou as alegrias e desafios de uma família numerosa. “A vida é uma dádiva de Deus e nunca pensamos em abortar. Nossos filhos são bênçãos divinas”, disseram, ao afirmar o compromisso com a inviolabilidade da vida. Padre Julio Adolfo Kocha Aquino, da Argentina, relatou a dura realidade de pobreza que o país enfrenta devido à crise político-econômica nos últimos anos, e ressaltou que tem crescido o número de procura por abortos em clínicas clandestinas. “A realidade de desespero de muitas mulheres, a pobreza, a insegurança, faz com que optem por esse caminho”, afirmou o Sacerdote, questionando-se em como garantir a vida em meio a miséria e sofrimento.
CONTINUIDADE
Até o final do seminário, cujas inscrições já foram encerradas, também ministrarão aulas e reflexões outras pessoas com destacada atuação pró-vida no continente latino-americano, entre os quais o Padre José Ángel Córdova Villalobos, ex-presidente do Conselho de Administração da Organização Pan-Americana da Saúde; Hernán Garrido-Lecca, reitor da Universidade Privada Peruano-Alemã; Carmen Asiaín Pereira, senadora uruguaia; Elizabeth Bunster Chacón, diretora e fundadora da Corporación Proyecto Esperanza; e Angela Gandra Martins, secretária da Família do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo federal brasileiro. Outras informações sobre o seminário podem ser obtidas em www.liderescatolicos.net/bioetica2.
Liturgia e Vida 3º DOMINGO DA PÁSCOA 1º DE MAIO 2022
‘Senhor, Tu sabes que eu te amo’ PADRE JOÃO BECHARA VENTURA Neste domingo, Pedro tem a oportunidade de se “redimir” diante do Senhor e dos demais discípulos. Ele caíra feio, negando o Mestre por três vezes. Agora, também por três vezes, Jesus confirmará o amor daquele que Ele mesmo estabelecera como a pedra sobre a qual construiria a Igreja. Diante de todos, o Ressuscitado lhe pergunta: “Simão, tu me amas mais do que estes?” (Jo 21,15)… O Senhor havia ensinado: “A quem muito foi dado, muito será pedido” (Lc 12,48). Pedro fora especialmente escolhido, andara sobre as águas, teve a graça de reconhecer Jesus como Cristo antes dos outros, esteve na Transfiguração, na Última Ceia, no Getsêmani… Era o ponto de referência e aquele que deveria confirmar os irmãos. A tantos benefícios, tinha que corresponder com uma principal exigência: um maior amor! “Tu, que recebestes mais, amas-me mais?”… Pedro já não nega o Senhor: “Tu sabes que eu te amo” (Jo 21,15). Jesus lhe pergunta uma segunda vez “Tu me amas?” (Jo 21,16). Deste modo, o reabilitava em face dos demais, restaurando sua autoridade de Pastor: “Apascenta meus cordeiros… apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,16). Os desígnios de Deus não são facilmente quebrados, nem mesmo pela infidelidade humana! Era necessário, porém, que todos compreendessem que o pecado contra Cristo é também ruptura com a Igreja. E Pedro, novamente, diz: “Tu sabes que eu te amo” (Jo 21,16)! Traduz, deste modo, o que sentimos ao pecar, mais por fraqueza do que por deliberação: “Eu te neguei, mas sabes que nunca deixei de te amar”. Pedro se entristece quando Jesus lhe pergunta pela terceira vez: “Tu me amas?” (Jo 21,17). Parece humilhante… Diante de todos, uma vez mais! Apenas bons sentimentos, porém, não basta! O Senhor lhe havia ensinado a perdoar até “setenta vezes sete” vezes em um único dia. Quer agora lhe mostrar que, por quantas vezes eventualmente cair, tantas terá a chance de manifestar arrependimento e amor. O Apóstolo, enfim, diz palavras que nos servem como uma jaculatória sempre que constatarmos nossos pecados: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17)! Então, definitivamente, Jesus encarregou Pedro com seu “Ofício de Amor”: “Apascenta minhas ovelhas”. O Senhor havia dito: “Satanás nos pediu para te peneirar como o trigo, mas Eu orei por ti, para que tua fé não desfaleça. Tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos!” (cf. Lc 22,31s). Pedro já pode nos confirmar! Conforta-nos ainda saber que Jesus ora também por nós, continuamente, para que nossa fé não desfaleça e para que nos convertamos. Contudo, Pedro relegará definitivamente ao passado a tríplice negação não apenas por meio de palavras, mas com a sua própria vida. O Senhor lhe promete uma graça ainda maior que a inicial, a qual somente o amor verdadeiro pode alcançar: o martírio. “Outro te cingirá e te levará para onde não queres ir” (Jo 21,18). Apesar das quedas, Pedro tornar-se-á discípulo, seguindo as duas grandes pegadas do Mestre: o Amor e a Cruz.
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59ª Assembleia Geral da CNBB
Episcopado brasileiro destaca experiência sinodal da Igreja à luz de Aparecida CNBB
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Até sexta-feira, 29, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a sua 59ª Assembleia Geral (AG). Este ano, o evento que reúne mais de 300 bispos acontece em duas etapas. A pauta da primeira etapa, realizada na modalidade virtual, refere-se aos assuntos que exigem dos bispos reflexão e discernimento. A segunda etapa acontecerá entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro, em Aparecida (SP), e marcará o reencontro do episcopado três anos após a última assembleia presencial, em 2019. Nela, serão priorizados os assuntos que o Estatuto da CNBB e o Direito Canônico exigem que as votações sejam presenciais. O tema central da AG é “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, em referência ao caminho proposto pelo Papa Francisco para a Igreja no mundo inteiro, em vista da assembleia do Sínodo dos Bispos de 2023. O encontro do episcopado também acontece no contexto da comemoração dos 15 anos da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em 2007, em Aparecida, e dos 70 anos de fundação da CNBB. O encontro tem seis temas prioritários, entre eles o relatório anual do Presidente, o informe econômico e assuntos das Comissões Episcopais para a Liturgia, para a Tradução dos Textos Litúrgicos (CETEL) e para a Doutrina da Fé (CEPDF). Outros 30 temas estão na pauta do evento. São assuntos de estudo, comunicações, análises de conjuntura e temáticas que não exigem votações presenciais do episcopado.
DIRETRIZES DA EVANGELIZAÇÃO
“A nossa pauta da etapa virtual da 59ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB, portanto, já emoldura bem o caminho evangelizador que estamos percorrendo como Igreja, esperançosamente pascal,
questão dos bispos eméritos, do vínculo que a Conferência possui com alguns organismos, da regulamentação dos regionais, do acordo Brasil-Santa Sé, da estrutura da presidência e de algumas questões de padronização de termos. A redação final deve ser apresentada para votação na etapa presencial da AG. Após aprovação do episcopado, a revisão do Estatuto da CNBB será submetida à Santa Sé para a aprovação definitiva.
COMUNHÃO COM O PAPA
com riquezas grandes e um corajoso enfrentamento dos desafios vividos neste tempo e da complexa realidade contemporânea”, disse Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB. O Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, explicou que o tema central da assembleia foi escolhido com o objetivo de alinhar e atualizar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE 20192023) da Igreja no Brasil à luz dos caminhos da Igreja que serão propostos pelo Sínodo de 2023. Quanto aos demais temas da AG, Dom Joel comentou que foram escolhidos a partir de uma escuta às dioceses e depois passaram pela aprovação do Conselho Permanente da CNBB. São considerados também temas com origem e desdobramentos de assembleias anteriores e que precisam de aprovação e encaminhamentos.
MISSAL ROMANO
Sobre a liturgia, destaca-se a revisão da tradução brasileira do Missal Romano, livro que contém os textos litúrgicos da missa. O Bispo de Paranaguá (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, Dom Edmar Peron,
explicou que não se trata da elaboração de um novo Missal Romano, mas, sim, uma revisão da tradução da terceira edição do livro litúrgico. Ele destacou, ainda, que a revisão se faz necessária porque, desde a última edição, surgiram mudanças, novas orientações, inserções de novos santos no calendário de celebrações, entre outras mudanças. O Bispo também sublinhou que o trabalho de revisão da tradução foi pautado pela preocupação de garantir a fidelidade do texto original promulgado pela Santa Sé, em latim, e, ao mesmo tempo, levando em conta questões próprias da língua portuguesa no Brasil, que garantam a correta compreensão do rito celebrado. Após as devidas consultas e observações por parte dos bispos nesta primeira parte da assembleia, o texto será submetido à votação do episcopado na etapa presencial da assembleia e, em seguida, enviado à Santa Sé para que sua publicação seja autorizada.
REVISÃO DO ESTATUTO
A programação da primeira etapa da AG também dá continuidade ao processo de revisão do Estatuto da CNBB, iniciado em 2018. Os bispos sugeriram revisões em alguns artigos, especialmente quanto à
A abertura da assembleia contou com a participação do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambatistta Diquattro, que comunicou, inicialmente, a saudação do Papa Francisco, e destacou o compromisso do episcopado e de toda a Igreja no Brasil com a evangelização e com a renovação “seguindo o convite do Papa”. O representante do Papa no País também recordou os compromissos da sociedade brasileira neste ano como “motivos de atenção nacional e internacional”. Falou ainda da retomada das atividades eclesiais e comunitárias com a redução dos números da pandemia, destacando as visitas ad limina dos bispos à Santa Sé, o Congresso Eucarístico Nacional e o Ano Vocacional.
ESCUTA E PARTILHA
Durante o programa “Encontro com o Pastor”, na terça-feira, 26, na rádio 9 de Julho, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, definiu a Assembleia Geral como um momento muito rico de comunhão do episcopado brasileiro. “Existem amplos momentos de escuta, mas também de compartilhamento das nossas impressões e reflexões.” “Nós também refletimos sobre o momento em que vivemos no Brasil, seus problemas, perspectivas e como deve ser o engajamento de todos os cristãos, como cidadãos, participantes da vida pública do nosso País”, destacou Dom Odilo. (Com informações de CNBB)