O São Paulo - 3404

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

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Ano 67 | Edição 3404 | 13 a 19 de julho de 2022

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Cardeal Odilo Pedro Scherer com os recém-ordenados diáconos seminaristas da Arquidiocese de São Paulo e dos Legionários de Cristo, em celebração realizada na Catedral da Sé, dia 9

8 novos diáconos para servir a Igreja na Eucaristia, na Palavra e na caridade Pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, oito seminaristas receberam o diaconato na Catedral da Sé, no sábado, dia 9. O primeiro grau do sacramento da Ordem foi conferido a Felipe Batista da Silva, Jonathan Aparecido Lopes Gasques, João

Em Missão de Férias, seminaristas vivenciam realidades pastorais Entre os dias 3 e 10, os seminaristas das três etapas de formação ao sacerdócio – Propedêutico, Discipulado (Seminário de Filosofia) e Configuração (Seminário de Teologia) – estiveram em missão pelas paróquias das seis regiões episcopais da Arquidiocese. Eles participaram de iniciativas de evangelização, como as visitas às famílias, além de missas e momentos formativos aos fiéis. Páginas 9 e 10

Henrique Funari Fouto e Pedro Paulo Pereira Funari – da Arquidiocese de São Paulo –; e a Celso Júlio da Silva, Flávio Lopes de Oliveira, João Paulo Jäger e Sérgio Rafael Mourão da Silva – dos Legionários de Cristo, instituto religioso clerical de direi-

to pontifício de abrangência internacional. O Arcebispo Metropolitano enfatizou aos recém-ordenados que os serviços do altar, da Palavra e de caridade são indissociáveis no ministério diaconal. Página 11

Editorial

Espiritualidade

O relativismo é a grande fake news da era moderna e dos nossos dias

Para acolher bem, não basta abrir portas; é preciso que se dê atenção

Encontro com o Pastor

Liturgia e Vida

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A vida sacerdotal de Dom Geraldo é de contínua dedicação à Igreja

A ‘melhor parte’ da nossa vida de fé consiste em estar com o Senhor

Comportamento

Opinião

A entrega de uma criança para adoção não é abandono de incapaz

A vida dos nascituros e a dos pobres já nascidos são igualmente sagradas

Página 19

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Página 3

Papa destaca papel imprescindível da liturgia para a evangelização Na carta apostólica Desiderio desideravi, publicada em 29 de junho, Francisco propõe aos católicos uma reflexão sobre o significado profundo da celebração eucarística e a importância de uma adequada formação litúrgica. “Não é autêntica uma celebração que não evangeliza, assim como não é autêntico um anúncio que não leva ao encontro com o Ressuscitado na celebração”, escreve. Página 19


2 | Encontro com o Pastor | 13 a 19 de julho de 2022 |

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo

O

Cardeal Geraldo Majella Agnelo completou, recentemente, 65 anos de ordenação sacerdotal. Nasceu em Juiz de Fora (MG), no dia 19/10/1933, onde fez seus estudos iniciais; em seguida, em São Paulo, cursou Filosofia e Teologia no Seminário Central do Ipiranga. Depois da ordenação sacerdotal, especializou-se em Sagrada Liturgia, conseguindo o Doutorado pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo, de Roma. Recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1957, na Catedral de São Paulo. Depois da ordenação, desempenhou os encargos pastorais de Assistente da Juventude Estudantil Católica Feminina, Diretor Espiritual e Professor no Seminário Santo Cura d’Ars, no Seminário filosófico de Aparecida (SP) e no Seminário teológico de São Paulo. Foi Secretário do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, Coordenador da Pastoral da Arquidiocese, Professor e Diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e Cônego da Catedral. Foi nomeado Bispo da Diocese de Toledo (PR) por São Paulo VI em 13 de maio de 1978 e recebeu a ordenação episcopal em 6 de agosto de 1978, na Catedral Metropolitana de São Paulo. Durante o rito de ordenação, faleceu o Papa São Paulo VI. O lema episcopal de Dom Geraldo é “caritas cum fide” – “a caridade com a fé”. Foi Bispo de Toledo, de 1978 a 1982;

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Cardeal Geraldo Majella Agnelo, do clero de São Paulo Arcebispo de Londrina (PR), de 1982 a 1991, Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 1991 a 1999; Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, de 1999 a 2011. Recebeu o cardinalato de São João Paulo II no Consistório de 21 de abril de 2001, com o Título presbiteral de São Gregório Magno alla Magliana Nuova. Entre os encargos episcopais que desempenhou também estão os de Presidente da Comissão de Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB (1983-1987); Vice-Presidente do Regional Sul 2 e membro da Comissão Episcopal Pastoral, CEP (1983 a 1987); 2º Vice-Presidente do CELAM, Membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes; do Pontifício Conselho dos Bens Culturais da Igreja; Presidente da CNBB (2003 a 2007). Publicou vários livros sobre Liturgia e Pastoral dos Sacramentos, além de numerosos artigos em revistas especializadas e em jornais. Desde 12 de janeiro de 2011, é Arcebispo Emérito de São Salvador da Bahia. Quem teve a sorte de conhecer e conviver de perto com Dom Geraldo pode testemunhar sua afabilidade e bondade e a virtude de criar laços de amizade e comunhão entre as pessoas. É atencioso, paciente e amoroso para com todos. Por onde passou, deixou amigos que lhe querem bem ao longo do tempo que passa. A vida sacerdotal de Dom Geraldo foi marcada por um grande amor à Igreja e uma contínua dedicação às coisas da Igreja, a serviço da fé e ao testemunho da vida cristã. Dom Geraldo mostrou sempre grande zelo pela

Liturgia, pela boa formação dos sacerdotes e do povo católico e pela irrestrita fidelidade ao Papa e à Igreja. Procurou interpretar a reta reforma litúrgica, desejada pelo Concílio Vaticano II, sem extremismos de uma parte ou de outra. A Liturgia é a expressão orante da fé e, por isso, ela não pode estar sujeita ao arbítrio das decisões individuais. A unidade da Liturgia, segundo a norma do Magistério, contribui muito para cultivar e manter a unidade da fé e da caridade na Igreja. Pude estar ao lado de Dom Geraldo em três momentos de sua vida sacerdotal e episcopal, que sempre me edificaram e ensinaram muito. Primeiramente, sendo ele um jovem bispo em Toledo e eu, um padre com menos de dois anos de ordenação sacerdotal, marcaram-me muito a proximidade e o amor de Dom Geraldo pelos padres, religiosos, seminaristas e ao povo. Essa proximidade não lhe impedia de corrigir e orientar com firmeza o que precisava ser corrigido e orientado. Mas ele sabia unir firmeza e suavidade no seu agir. Os quatro anos de seu ministério episcopal em Toledo deixaram fortes marcas naquela diocese. Depois, vivi perto de Dom Geraldo em Roma, de 1994 a 1999, sendo ele o Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Como eu, também outros sacerdotes e religiosos brasileiros trabalhavam em diversos Dicastérios da Cúria Romana, a serviço da Santa Sé e do Papa. Dom Geraldo era uma forte referência para os brasileiros que estavam em Roma. Em sua residência, não muito grande, perto da Basílica de São Pedro, aconteciam frequentes

encontros de partilha fraterna nas visitas e refeições. Dom Geraldo era como um pai para aquele grupo. O terceiro período de vivência próxima com Dom Geraldo se deu no exercício da Presidência da CNBB, de 2003 a 2007, quando ele era Presidente, Dom Celso de Queiroz, Vice-Presidente, e eu, Secretário-Geral. Foi um período desafiador, pois se tratava de colocar em prática o novo Estatuto e Regimento da Conferência e de renovar sua estrutura e funcionamento. E também foi o período rico da preparação da Conferência de Aparecida (2007). Dom Geraldo, na Presidência, transmitia muita segurança para o desempenho da minha missão, e ele também favoreceu um clima de serenidade e abertura para um tempo novo na evangelização na CNBB. Ele mostrou sempre muito amor à Igreja no Brasil e proximidade do Papa no caminho da comunhão e da unidade da Igreja. Celebrando seus 65 anos de ordenação presbiteral e vendo o grande bem realizado por ele ao longo de sua vida sacerdotal, podemos exclamar com ele: que poderei retribuir ao Senhor por todo o bem que fez em meu favor? – Erguerei mais uma vez o cálice da salvação e invocarei o nome santo do Senhor, na certeza de que Deus completará, até o fim, a boa obra que nele começou pelo ministério de Dom Geraldo. Que Deus o abençoe e recompense pela sua longa e generosa dedicação sacerdotal! Que o Senhor da messe continue a enviar operários à sua messe, que é grande e precisa de muitos trabalhadores! Nossa Senhora do Carmo, de quem Dom Geraldo é devoto, interceda por ele e o conforte em todos os momentos!

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: OESP Gráfica • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222 • Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700, 3760-3723 e 3760-3724 • Internet: www.osaopaulo. org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 90 (semestral) • R$ 160 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


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Fake news

C

omo sabe o leitor, o tema é quente e está intimamente ligado às redes sociais. Sua importância e intimidade com a nossa realidade cotidiana pedem uma meditação cautelosa. A expressão fake news significa, literalmente, notícia falsa. Se no dicionário a palavra notícia significa relato de um acontecimento, então fake news é um relato ou uma narrativa de algo que não aconteceu, ou a distorção do acontecido. Em ambos os casos, trata-se de uma mentira. O grande problema das fake news é que, uma vez espalhadas pelas mídias sociais, viralizam e podem causar danos irreparáveis às suas vítimas e à sociedade como um todo, sempre que envolvem interesses comuns. Por isso, alguns políticos, setores do Poder Judiciário e mesmo profissionais da imprensa, têm defendido o controle dos conteúdos difusos nas mídias sociais por parte de órgãos determinados pelo governo, representativos do Estado.

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Editorial É notório que a mentira pode causar danos irremediáveis. Basta olhar para o pecado original, cometido por nossos primeiros pais, que acreditaram na primeira fake news da história, lançada por ele próprio: “o pai da mentira”. Assim, pensando rápido, deveríamos crer que, uma vez que consideramos um mal objetivo a veiculação de mentiras, deveríamos também apoiar o controle estatal e leis restritivas sobre os conteúdos difundidos nas redes sociais. Ocorre, contudo, que historicamente o controle das mídias sempre esteve relacionado a regimes totalitaristas e antidemocráticos. Foi e continua sendo usado como ferramenta para impedir a difusão de ideias, opiniões e posicionamentos políticos que não se ajustam aos regimes de governos em exercício. Em outras palavras, resulta em censura, violação das liberdades humanas de pensamento e de expressão. E como, via de regra, uma coisa leva à outra, a censura com objetivos de manutenção de regimes de governos ditatoriais e to-

talitaristas conduz à violação da liberdade de ir e vir, justifica perseguições e culmina com o uso de violência contra opositores. Nós, cristãos, temos outras soluções para combater as fakes news: o amor à verdade, o exercício da sinceridade e responsabilidade pessoal. A verdade para nós não é um conceito abstrato, mas sim um ajustamento da inteligência humana à realidade das coisas tal como são, como foram criadas e para o fim a que se destinam. Os mandamentos de Deus nos agraciam com a verdade sobre o bem e o mal e a arte de bem viver e ser feliz, além de superação das aflições, contradições e injustiças presentes no mundo. Nas últimas décadas, fomos bombardeados com um “modo de pensar”, moldados num comportamento “politicamente correto”, que podemos não entender sua lógica sem nos afastarmos um pouco. Trata-se do fenômeno cultural que foi cunhado pelo Papa Emérito Bento

XVI como “ditadura do relativismo”, uma ideologia que parte do pressuposto da inexistência da verdade como uma realidade objetiva e absoluta. Como consequência, vivemos em um ambiente cultural idealista, subjetivista, individualista, permeado de “valores líquidos” e sem outras referências sobre o bem e o mal, o belo e o verdadeiro que não os próprios desejos, paixões e opiniões. O relativismo como ideologia permitiu que cada um tivesse a ilusão de poder construir a “sua própria verdade”, como ditadura, proibiu se opor ou contestar a “verdade do outro”, comportamento que passou a ser considerado um ato de intolerância. O relativismo é, em realidade, a grande fake news da era moderna e dos nossos dias. E aos que têm ouvidos e desejam ouvir, lembramos: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Esta verdade é Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida” (cf. Jo 14,6).

Opinião

Você é pró-vida ou é só contra o aborto? – o alerta do Papa Arte: Sergio Ricciuto Conte

JÚLIO CÉSAR DE PAULA RIBEIRO Ao declararem que o ser humano é imagem e semelhança de Deus, as Sagradas Escrituras vincularam o compromisso religioso ao compromisso social de cuidar da vida. Dos cinco pecados que bradam aos céus, lembrados no Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1867, quatro são de natureza social: o homicídio, a opressão aos pobres, o descaso com os vulneráveis e o não pagar o justo salário. No Novo Testamento, Jesus vinculou a salvação ao compromisso com os pobres e a condenação àqueles que se omitem (cf. Mt 25,31-46). Esse compromisso social não é restrito a atos pessoais, mas implica políticas públicas. “A política é a mais alta forma de caridade. Todos os cristãos são obrigados a se empenhar politicamente”, lembrou Pio XI, num discurso aos jovens, em 1927. O tema da dignidade da vida humana deve ser prioridade ao pensar política. Mas há uma incoerência disseminada em nosso meio e que chamou a atenção do Papa Francisco: “É nocivo e ideológico o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então relativizam-no como se houvesse outras coisas mais importantes, como se interessasse apenas uma determinada ética ou um arrazoado que eles defendem. A defesa do inocente nascituro,

por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada (...) mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão. Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo. (...) Alguns católicos afirmam que é um tema secundário relativamente aos temas ‘sérios’ da bioética. Que fale assim um político preocupado com os seus

sucessos, talvez se possa chegar a compreender; mas não um cristão’’ (exortação apostólica Gaudete et exsultate, 100-102). A constituição pastoral Gaudium et spes, 27, enfatizou que TUDO que se opõe à vida é infame e ofende a honra devida ao Criador. É inconcebível que um católico escolha apenas um tema e se omita em outros, se levante contra políticas que ameaçam um lado, mas não se move com igual força diante de políticas ou realidades que prejudicam

outras esferas da vida. Se estamos assim, é sinal de que fomos envolvidos pela nociva ideologia que o Papa Francisco denunciou. Nossa luta deve ser por políticas públicas que promovam a vida humana na totalidade, nosso combate deve ser contra a política/realidade de morte que ameaça a dignidade da vida humana em todas as frentes, é o caso da miséria, da fome, do desemprego, do ódio, do homicídio, do aborto, das novas formas de racismo, escravidão, migração e preconceito, do descaso com a saúde pública, com a educação, com a vida indígena e amazônica, também os ataques e o descaso com o meio ambiente que atingem diretamente o homem que depende da Criação para viver. Essa é a totalidade da Doutrina Social da Igreja. A atuação política do cristão não pode ceder à mesquinharia de escolher um tema e se omitir de outros. Ao escolher o voto, todas as circunstâncias devem ser levadas em conta e serem exigidas daqueles que apresentam seus pleitos. Precisamos fazer um exame de consciência e avaliarmos nossa postura como cristãos eleitores e políticos. Sou realmente pró-vida ou só sou contra um ou outro aspecto? Conheço e sou fiel a toda a doutrina social católica ou apenas a uma parte? Júlio César de Paula Ribeiro, psicólogo, mestrando em Ciências Sociais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), membro do Movimento Comunhão Popular, colabora na página Apostolado Ratzinger – Caritas In Veritate.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


4 | Fé e Vida/Atos da Cúria | 13 a 19 de julho de 2022 |

Espiritualidade Acolher hoje DOM CARLOS SILVA, OFMCAP

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA

A

acolhida se caracteriza, certamente, pela capacidade de receber aquele que chega e que sempre traz alguma novidade. Muitas vezes, aquele que chega é desconhecido e nos encontra despreparados. Entretanto, é neste cenário que se encontra o mistério da acolhida: saber reconhecer a presença de Deus no outro. Sim, a mística da acolhida é desconcertante, pois revela nosso grau de comprometimento com Cristo e, por conseguinte, com o próximo. Afinal de contas, a acolhida é a expressão maior da autêntica fraternidade, capaz de transformar tanto aquele que acolhe quanto aquele que é acolhido, por meio da superação das mais variadas diferenças sociais, políticas, econômicas e, inclusive, religiosas. Nessa perspectiva, podemos nos voltar para a 1ª leitura do 16º Domingo do Tempo Comum e contemplar a figura de Abraão. Diante dos três homens que passam, Abraão aplica toda sua atenção para que eles sejam acolhidos. O patriarca oferece abrigo, água, pão e até mesmo manda providenciar um belo bezerro para receber os passantes. Um leitor desavisado poderia facilmente pensar que acolher implica gastar tempo e dinheiro com um desconhecido, porém, a lógica da acolhida não observa as leis e teorias da economia, pois aqui aquele que acolhe não perde, mas ganha! E será por

meio da experiência da acolhida que Abraão verá se concretizar seu sonho de ser pai. Seguramente, a acolhida nos faz sair de nossa comodidade. Abrir nossas portas para quem passa é uma oportunidade de crescimento que nos permite mudar o itinerário de nossos caminhos com uma atenção cada vez mais crescente à realidade do outro. O Evangelho também nos fala da acolhida. Tudo se desenvolve em uma casa que é visitada por Jesus. A dona da casa, Marta, está com sua irmã, Maria. Quando se fala de acolher, não basta abrir as portas, mas é fundamental que se dê atenção. Marta se encontra atarefada e, diante do visitante, não dá toda atenção devida. Ela abre sua casa, recebe Jesus, mas não O acolhe, está muito ocupada. Maria, por sua vez, suspende suas tarefas, reorganiza sua programação e parte ao encontro do Senhor, escuta-O. Interessante observar que, em dado momento, a própria Marta pede que Jesus chame a atenção de sua irmã, talvez por se sentir abandonada nos afazeres da casa. No entanto, a atitude de Jesus a surpreende, pois é Marta a corrigida, precisamente aquela que não acolhera o Senhor com a atenção própria. A liturgia desse domingo nos chama a atenção para que priorizemos a vida em todas as circunstâncias e o façamos plenamente por meio da acolhida. O Papa Francisco nos recorda que acolher é testemunhar o amor de Jesus. A acolhida se dá com o pobre, o migrante, a criança, o excluído, o necessitado, mas também com aqueles que convivemos mais de perto, seja em nossas famílias, trabalho ou lazer. A acolhida verdadeira é sempre uma oportunidade de transformarmos e de sermos transformados.

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Reprodução


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Que Deus acolha Dom Cláudio na eternidade e o recompense pelo bem que fez Luciney Martins/O SÃO PAULO

envolve o território de nove países. Após a missa, o Cardeal Scherer se dirigiu à cripta da Catedral, onde conduziu uma oração diante do túmulo de Dom Cláudio.

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Dom Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, asperge o túmulo do Cardeal Cláudio Hummes na cripta da Catedral da Sé, dia 10

AFIRMOU DOM ODILO PEDRO SCHERER, NA MISSA DE SÉTIMO DIA DE FALECIMENTO DO CARDEAL HUMMES FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na manhã do domingo, 10, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu a missa do 15º Domingo do Tempo Comum e pelo sétimo dia de falecimento do Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Prefeito Emérito da Congregação para o Clero. Dom Cláudio morreu no dia 4, aos 87 anos, em sua residência, na zona Sul da capital paulista, onde permanecia, a seu pedido, em cuidados paliativos após um quadro irreversível de câncer no pulmão. Seu corpo foi sepultado no dia 6, na cripta da Catedral da Sé. Entre os concelebrantes, estava Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, que, por estar em viagem a Roma na última semana, não pôde par-

ticipar do funeral do Cardeal Hummes. “Hoje, agradecemos a Deus pela vida e testemunho de Dom Cláudio, pedindo ao Senhor que o acolha e o recompense na eternidade”, afirmou Dom Odilo, no início da celebração, chamando a atenção para a antífona de entrada da liturgia desse dia, que expressa a busca de todos os cristãos: “Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória”.

AÇÃO DE GRAÇAS

Na homilia, o Cardeal Scherer ressaltou que, para os cristãos, o domingo tem um significado especial, pois é o dia do encontro com Deus e de proclamar suas maravilhas, reconhecer seus feitos pela humanidade, sobretudo, na Palavra proclamada e na Eucaristia celebrada, unindo-se à Igreja celeste, com todos aqueles que já estão junto de Deus. “Hoje, mais uma vez, recordamos Dom Cláudio diante de Deus e pedimos: dai-lhe, Senhor, a vida eterna, acolhei-o entre os seus, que já estão no céu, concedei-lhe a recompensa pelo bem que fez”, manifestou o Arcebispo, sublinhando que esse não é um dia para chorar ou manifestar luto, mas para render louvores a Deus

pelas pessoas que passaram por este mundo e deixaram bons exemplos.

TESTEMUNHO DE FÉ E CARIDADE

Após refletir sobre as leituras do dia, que ressaltam o cumprimento do mandamento do amor ao próximo, sobretudo, por meio do exemplo da parábola do Bom Samaritano, que teve compaixão daquele que sofria à beira da estrada, Dom Odilo salientou que o Cardeal Hummes ajudou muitos a recordarem esse mandamento. “Dom Cláudio dedicou a sua vida a anunciar o Evangelho, como homem da Igreja, a cuidar da diocese, da formação do clero, a preservar a fé… Ele o fez muito concretamente a viver a caridade e o amor ao próximo. Nossa fé não pode ser fora da realidade, que não se envolve com as situações, com os pobres, com os injustiçados”, afirmou o Purpurado, recordando as muitas ações protagonizadas pelo Cardeal falecido. Lembrando a atuação de Dom Cláudio em favor da Igreja e dos povos da Amazônia, Dom Odilo salientou que o Cardeal Hummes levantou a voz, indicou caminhos, ajudou a organizar a ação pastoral e evangelizadora naquela vasta região que

No site do jornal O SÃO PAULO, você acessa conteúdos atualizados sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Papa: caminhando com Jesus, se aprende a ver o outro e sentir compaixão https://cutt.ly/JLnViqx Shinzo Abe, assassinado no Japão, é lembrado por respeito demonstrado à Igreja https://cutt.ly/DLck6tT Presidência da CNBB elabora protocolo para audiências com os candidatos às eleições 2022 https://cutt.ly/lLckFr9 Dom Odilo destaca a atuação dos beneditinos na vida da Igreja https://cutt.ly/3LckjsN Título de Cidadã Paulistana será conferido a Santa Paulina https://cutt.ly/eLckWsc Capital paulista passa a aplicar 2ª dose de reforço contra a COVID-19 para maiores de 35 anos https://cutt.ly/XLcxbrV


6 | Fé e Vida/Viver Bem | 13 a 19 de julho de 2022 |

Fé e Cidadania 100 milhões de refugiados PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS O Papa Francisco e a ONU alertam para o crescimento do número de refugiados em todo o planeta. As estatísticas mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) apontam para a cifra de 100 milhões. Pessoas forçadas a deixar o próprio país, devido particularmente a quatro fatores entrelaçados: a) conflitos na área das disputas políticas; b) diferenças de ordem religiosa ou étnica; c) guerras deflagradas, não raro, por motivações ideológicas; e d) catástrofes decorrentes das mudanças climáticas – por vezes, mais de um desses fatores ao mesmo tempo. Convém, de início, não perder de vista o mapa das nações que mais têm “produzido” refugiados em massa. Entre estes últimos, em senso estrito e os deslocados internos, por ordem de grandeza, temos Ucrânia (mais de 8 milhões), Síria (cerca de 6 milhões), Venezuela (em torno de 5 milhões), Sudão do Sul (entre 2 e 3 milhões)... Além disso, na casa de 1 milhão, pouco mais pouco menos, estão Etiópia, Nigéria, Mianmar, Iêmen, Afeganistão e Moçambique... Não podemos deixar de lado, ainda, os povos que nem sequer possuem território, como é o caso dos palestinos e dos curdos, por exemplo, que há tempos lutam, respectivamente, contra o monopólio de Israel e da Turquia. Depois, citando novamente o Papa, tampouco podemos perder de vista as duas encíclicas por ele publicadas: Laudato si’ (2015) e Fratelli tutti (2020). Ambas pressupõem o contexto trágico de uma “terceira guerra mundial” dispersa, como tem repetido com frequência o Pontífice. Enquanto a primeira chama a atenção para o uso incorreto e indiscriminado dos recursos que a natureza coloca à disposição da vida, comprometendo assim a “nossa casa comum”, a segunda propõe romper com “as sombras de um mundo fechado”, no sentido de “gerar e pensar um mundo aberto”. Trata-se de passar da multiculturalidade à interculturalidade. Não basta a coexistência pacífica, mas justaposta, entre etnias, culturas, povos e nações. Não basta a tolerância em relação ao outro, ao diferente e ao estranho. O desafio é mais profundo, exige a coragem do encontro e do confronto, do diálogo e da solidariedade. Espelhando-se uma na outra, as distintas culturas, longe de empobrecerem, ajudam-nos reciprocamente a depurar e purificar os valores e contravalores de cada trajetória humana. Só esse caminho do intercâmbio dinâmico pode nos conduzir a um mútuo enriquecimento. Por fim, mas não em último lugar, resta a tarefa empenhativa e gigantesca de romper com esse imenso arquipélago de “bolhas” que é o mundo atual. No pano de fundo da crise, da violência, do caos e até da barbárie, cada pessoa, grupo, povo, organismo ou instituição desenvolve a tendência de se proteger na sua própria “bolha”, tanto mais hermética quanto maior o medo e o ódio. Isoladas, as partes se encerram sobre o próprio umbigo. Predominam os interesses dos “de dentro”, frente aos “de fora”. Cultiva-se um egoísmo doentio que vê os demais como inimigos a serem combatidos. Daí à guerra aberta a distância é muito curta. O individualismo exacerbado dos tempos contemporâneos, em lugar de comunidades, costuma multiplicar guetos. O gueto é fechado em si mesmo, ergue muros de proteção, gera hostilidades de ambos os lados. A comunidade, ao contrário, permanece aberta a quem bate à porta. Abate os muros e cria pontes. Sempre há lugar para mais um à mesa, como demonstram os retratos do Cristianismo primitivo (cf. At 2,42-47; 4,32-37). Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).

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Comportamento

A legalidade da entrega voluntária de uma criança para adoção CRISLEINE YAMAJI Nas últimas semanas, por causa da violação do sigilo do caso de entrega para adoção de uma criança, nascida de uma atriz famosa que fora vítima de estupro, muito se debateu sobre isto: o que envolve a decisão de uma mãe que voluntariamente entrega seu próprio filho para adoção. Surgiram diversos questionamentos a respeito e uma enorme confusão entre essa entrega voluntária e o crime de abandono de incapaz. Valem, nesse sentido, alguns esclarecimentos para melhor compreensão do debate. Conhecida como entrega legal, a entrega da criança pela mãe que não deseje ou não possa ficar com seu filho, por qualquer que seja o motivo, é um ato amparado por lei e vem sendo tratado a partir de uma série de procedimentos em âmbito judicial, como forma de amparo à mãe e à criança. Trata-se, acima de tudo, de um direito da mãe para a consequente proteção da vida da criança e se vincula ao planejamento familiar, à paternidade responsável e à dignidade da pessoa humana previstos na nossa Constituição federal (Art. 226, § 7º) e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Para o exercício desse direito de entrega voluntária para adoção, a mulher, mãe ou gestante pode manifestar seu interesse antes ou após o nascimento de seu filho, perante a Justiça da Infância e da Juventude.

Após essa manifestação, a mulher é ouvida por uma equipe especializada, interprofissional, a qual apresenta um relatório à autoridade judiciária, levando em consideração o estado emocional, gestacional e puerperal da mãe nesse processo. Com esse relatório, a mulher é encaminhada, mediante sua concordância, para a rede pública de saúde e para um acompanhamento psicológico e de assistência social. Após o nascimento da criança, a mãe, ouvindo, se houver, o pai registral ou indicado, pode reiterar a manifestação de sua vontade pela entrega para adoção, garantindo sigilo sobre o nascimento e sobre eventual entrega, ou pode desistir dessa entrega e se arrepender em até dez dias da sentença judicial que determinar a extinção do poder familiar e os efeitos da entrega para adoção. Em qualquer caso, é necessário o acompanhamento psicossocial da mãe por meses após essa decisão (conforme consta no Estatuto da Criança e do Adolescente). Muitas vezes, a dúvida sobre manter ou não a criança nasce de uma situação de miséria, violência ou estupro. Nesse sentido, o sigilo é fundamental para proteção da própria mãe contra o preconceito e a pressão social e, mais do que tudo, para a proteção da vida do menor, com garantia de seus direitos e, especialmente, de sua dignidade. A adoção atribui à criança novos vínculos familiares, emocionais e patrimoniais, sujeitando a criança a um novo poder familiar, com extinção

do poder familiar e dos vínculos anteriores. Ao contrário da entrega legal, o abandono de incapaz, muito citado nesse debate, é crime e não segue ritos ou processos judiciais. Não tem guarida ou amparo legal. Um exemplo é um caso noticiado há alguns meses do abandono de um bebê prematuro encontrado em uma caixa de papelão. Nesse caso, o cuidado da criança ainda seria de responsabilidade e de guarda da mãe, que deveria defendê-la de quaisquer riscos à saúde, à dignidade e à vida. O ato de abandono sujeita, portanto, a mãe à pena de prisão (detenção ou reclusão, conforme a gravidade do ato). Em caso de morte do bebê, a mãe pode permanecer em reclusão de 4 a 12 anos. Muito se vê nessas atitudes e nesse debate uma enorme falta de conhecimento sobre direitos e deveres em matéria familiar e infantojuvenil. Muito desse tabu é gerado em torno de um temor pela exposição ou pelo julgamento social. E ainda se encontram mães que, por falta de informação, temem ser presas se comparecerem à Justiça para a entrega de seus filhos para adoção. É importante entender que deve prevalecer a vida, sob qualquer circunstância, e que o Estado deve estar a serviço de todos para a proteção da família e, especialmente, da vida da criança. O amparo legal da entrega para adoção garante a vida acima de qualquer circunstância. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com

Você Pergunta Se batizada em uma igreja evangélica, a pessoa precisa receber o Batismo ao se tornar católica? PADRE CIDO PEREIRA

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A Dora, de Guarulhos (SP), está com a seguinte dúvida: “O batizado em igreja evangélica é válido perante as leis de Deus ou é preciso ser batizado na Católica?”. Dora, boa pergunta a sua. Para respondê-la, temos que lembrar o que Jesus deixou antes de voltar para o Pai. Jesus disse: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Então, minha irmã, toda pessoa que for batizada com estas palavras, é batizada, não importando a Igreja a que pertença. Nos casos de conversão de uma

Igreja cristã não católica, é preciso saber quais as palavras que a Igreja não católica usa na celebração do Batismo. Se forem as palavras que Jesus disse, não há porque batizar de novo. Basta que a pessoa faça uma profissão de fé católica e pronto. Vai viver como católico, membro da Igreja, discípulo de Jesus. Existem igrejas evangélicas que batizam, por exemplo, “em nome de Jesus”. Este Batismo não é válido, e na conversão de uma pessoa batizada assim o batizado deve ser refeito. É uma pena que nas mudanças de uma pessoa da nossa Igreja Católica para uma igreja evangélica, essa Igreja não aceite o Batismo da nossa, com o argumento de que o

Batismo católico não é válido. Isso, a meu ver, é um pecado, porque se nega que Deus possa fazer seu filho uma criança. Falta religião nesse procedimento. Guarde no seu coração, Dora: há uma só fé, um só Batismo, um só Senhor, Jesus Cristo, nosso Salvador. A nossa Igreja Católica Apostólica Romana tem uma lista das Igrejas Evangélicas que usam a fórmula trinitária querida por Jesus. Mas não basta ter sido batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É preciso aprofundar e conhecer as verdades de nossa fé. O irmão que vem de outra Igreja precisa ser iniciado nas verdades da fé católica.


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IPIRANGA Exposição marca os 20 anos da canonização de Santa Paulina KAREN EUFROSINO

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Como parte das comemorações dos 20 anos de canonização de Santa Paulina, dos 80 anos de sua morte, em 1942, e do título de Cidadã Paulistana, que será conferido postumamente à Santa, em 6 de agosto, aconteceu de 7 a 10 de julho a exposição “O Rosto Feminino do Sagrado na Arte Bizantina”, com obras do artista Marco Funchal, especialista em Arte Sacra, e a curadoria das Irmãs Maria Neuza dos Santos e Luciana Feitosa, de Márcio Romeiro e Silvana Amorim. A exposição ocorreu na Hospedagem

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Karen Eufrosino

e Encontros Sagrada Família, no Ipiranga, pertencente à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Nela foi possível contemplar os diversos rostos de Nossa Senhora, bem como banners pintados com a história de Santa Paulina. “A imagem de Maria, a imagem da Theotókos, é a imagem do sagrado feminino por excelência. A partir da imagem de Nossa Senhora que contempla Jesus, nós podemos ter a inspiração para as santas que procuraram espelhar esses dons, esses valores que Nossa Senhora traz”, afirmou Marco Funchal sobre a inspiração para a criação das obras expostas. (por Karen Eufrosino)

Karen Eufrosino

Produtora Forever

[IPIRANGA] Os fiéis da Capela Sagrada Família e Santa Paulina, a qual abriga os restos mortais de Santa Paulina, celebraram no sábado, 9, a memória litúrgica da primeira Santa do Brasil. Em 2022, comemoram-se os 80 anos de seu falecimento e 20 anos de sua canonização. Foram celebradas seis missas ao longo do dia, presididas por padres convidados, por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, e pelo Capelão da Capela, Padre Rodrigo Pires Vilela da Silva, que contaram com a presença das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, continuadoras da obra iniciada por Santa Paulina, religiosos e religiosas que atuam no bairro do Ipiranga, famílias, crianças e muitos devotos da Santa. (por Departamento de Comunicação e Marketing da Congregação)

[SANTANA] No domingo, 10, a Comunidade Católica Anjos da Vida, fundada por Regy e Vanuza Velasco, comemorou 15 anos de sua instituição, com uma missa na Capela São José, na Cúria Regional de Santana, presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade. Na mesma ocasião, houve a renovação dos vínculos, consagração dos membros e a acolhida dos novos vocacionados. Concelebraram os Padres Rodrigo Elias, da Aliança de Misericórdia, e Christopher Costa Velasco. “Quinze anos já é uma comunidade adolescente, está agora amadurecendo para se tornar mais e mais adulta, para produzir ainda muito mais frutos. Deus os abençoe e acompanhe, para que sejam Anjos da Vida, sobretudo onde a vida está fragilizada e em perigo”, afirmou Dom Odilo Pedro Scherer, em mensagem à Comunidade. (por Padre Christopher Costa Velasco)

Padre Octaviano Pinto da Silva

Elizângela Marques

[SANTANA] Na Capela Nossa Senhora do Carmo, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Dom Jorge Pierozan presidiu, no domingo, 10, a missa pelos 100 anos de falecimento da Beata Maria Tereza Ledóchowska, fundadora da Congregação das Missionárias de São Pedro Claver. Concelebrou o Padre Octaviano Pinto da Silva, SCJ, Pároco, assistidos pelo Diácono Marcelo Reis. (por Fernando Fernandes)

[BRASILÂNDIA] A Paróquia Nossa Senhora da Paz, Setor Jaraguá, realizou a novena da padroeira, de 30 de junho a 8 de julho. A cada dia, com missas matinais – presididas pelo Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes, Pároco – e noturnas – presididas por padres convidados -, houve reflexões sobre o sínodo arquidiocesano. Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, presidiu a missa no sábado, 9, dia da padroeira, destacando a importância de cada membro da comunidade, na organização e realização da novena. (por Miguel Julio)


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Patrícia Beatriz

[BRASILÂNDIA] A Paróquia São Luís Grignion de Montfort, no Jardim Rincão, Setor Jaraguá, promoveu, entre os dias 8 e 10, o 18º Encontro de Casais com Cristo (ECC), com o tema “Não nos cansemos de fazer o bem” e o lema “Eis-me aqui, Senhor”. Estiveram presentes à atividade Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia; Padre Márcio Campos da Silva, CSCch, Coordenador Regional da Pastoral Familiar e do ECC; Padre Sergio Antônio Bernardi, Pároco; e o Padre Deolindo de Almeida Tenório, da Diocese de Osasco (SP). (por Patrícia Beatriz)

Larissa Bernardo

[BELÉM] No domingo, 10, Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu missa na Paróquia São Rafael, na Mooca, Setor Belém, na qual conferiu o sacramento da Crisma a 16 adultos. Concelebraram os Padres José Maria Ramos, CRSP, Pároco, e Miguelito Maria Ferrara, CRSP, Vigário Paroquial. (por Fernando Arthur)

Dirigentes NCC Pastoral Afro

[SÉ] No dia 3, na Paróquia Pessoal São Gonçalo, Setor Catedral, aconteceu o Congresso Estadual de Entidades Negras Católicas (Coeenc), promovido pelo Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a presença de 130 pessoas pertencentes às Arquidioceses de São Paulo e Aparecida, e às Dioceses de Limeira, Campinas, Piracicaba, Santo André, São Miguel, Guarulhos, Osasco, Mogi das Cruzes e Campo Limpo.

[IPIRANGA] No domingo, 10, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Moema, Setor Vila Mariana, aconteceu o 17° Encontro de Namorados com Cristo, promovido pela Pastoral Familiar regional e com o apoio do Padre Samuel Alves da Cruz, SDS, Pároco. A atividade contou com a presença de sete casais, além de mais de 60 pessoas nas equipes de trabalho. Os casais de namorados participaram de dinâmicas, palestras e atividades com o objetivo de aproximá-los de Cristo e formá-los para assumir com maturidade o sacramento do Matrimônio. A missa de encerramento foi presidida pelo Frei José Maria Mohomed Júnior, Assistente Eclesiástico da Pastoral Familiar na Região.

(por Padre José Enes de Jesus)

(por Dirigentes do Encontro de Namorados com Cristo)

Denilson Araujo

[SANTANA] No domingo, 10, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa na qual deu posse canônica ao Padre Luis Izidoro Molento como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Jaçanã. Concelebrou o Padre Tiago Costa, missionário saletino que auxilia a Paróquia. Na ocasião, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana abençoou o interior da igreja, que passou por reforma. (por Denilson Araujo)

[LAPA] Após um tríduo preparatório, os fiéis da Paróquia Santa Maria Goretti, na Vila Gomes, Setor Butantã, celebraram, no dia 6, a memória litúrgica da padroeira, com missa presidida pelo Padre Geraldo Evaristo da Silva, Pároco. (por Benigno Naveira)

Ítalo J. Passanezi

[IPIRANGA] No sábado, 9, Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa de abertura do retiro anual e dos 28 anos de fundação da Comunidade Católica Sagrada Família, em sua sede, no bairro do Ipiranga, localizada no mesmo quarteirão onde viveu e morreu Santa Paulina, cuja memória litúrgica foi celebrada naquele dia. O retiro reuniu os membros de todas as casas de missão, tanto de São Paulo quanto de outras localidades: Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Assis (SP), Presidente Prudente (SP), Paudalho (PE), Vitória (ES) e Vila Velha (ES). (por Ítalo Juliani Passanezi Fasanella) Tais Menegatti

[LAPA] Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho (PR), que já foi Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa e atualmente é colaborador nas atividades pastorais da Região, festejou, na quinta-feira, 7, seu aniversário natalício de 88 anos. (por Benigno Naveira)

Pascom Santa Paulina

[IPIRANGA] A Paróquia Santa Paulina, no bairro de Heliópolis, Setor Anchieta, comemorou no sábado, 9, sua padroeira. Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu uma das missas, que foi concelebrada pelo Padre Israel Mendes Pereira, Pároco. (por Pascom paroquial) [BRASILÂNDIA] Entre os dias 8 e 10, aconteceu a 50ª Romaria Nacional dos Vicentinos ao Santuário Nacional de Aparecida, com a participação do Conselho Particular da Brasilândia. Houve a reza do Terço no Caminho do Rosário, a Via-Sacra no Morro do Cruzeiro, a exposição do Jubileu da Romaria, o show de talentos e o festival cultural, tendo a peregrinação se encerrado com a missa. (por Karina Marta) [BRASILÂNDIA] No domingo, 10, o Padre Roberto Moura, Pároco da Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, presidiu a missa durante a qual houve o envio dos agentes da recém-criada Pastoral da Escuta. Ele ressaltou que é a primeira paróquia da Região a oferecer esse serviço, cujo atendimento é feito todos os sábados, das 9h às 12h e das 13h às 16h.

[LAPA] Nos dias 9 e 10, na Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, aconteceu a festa julina, durante a qual foram distribuídos lanches e sucos para 400 crianças carentes.

(por Taíse Cortês)

[LAPA] Os idealizadores do Curso de Teologia para Agentes de Pastoral promoveram, nos dias 11 e 12, na modalidade on-line, seu XVII Curso de Férias, com o tema “Teologia e Política à luz da Doutrina Social da Igreja e da encíclica Fratelli tutti”.

[SÉ] No domingo, 10, as paróquias em todo o Brasil que possuem o Encontro de Casais com Cristo (ECC) celebraram o Dia Nacional do ECC, recordando o primeiro encontro, idealizado pelo Padre Alfonso Pastore, entre 10 e 12 de julho de 1970. Na Região Sé, este serviço está presente em dez paróquias, como a Paróquia São Paulo da Cruz - Calvário, Setor Pinheiros, e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, Setor Perdizes, local em que nasceu o ECC há 52 anos, nas quais houve missas para celebrar a data.

[SÉ] Nos dias 9 e 10, a Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, em Campos Elísios, Setor Santa Cecília, realizou sua quermesse, à qual estiveram presentes aproximadamente 1,2 mil pessoas. Para entrar na festa, cada uma delas doou 1kg de alimento não perecível, e o total arrecadado será revertido para as ações sociais da própria paróquia e também para a Missão Belém.

(por Benigno Naveira)

(por Cassiano e Norma Pesce)

(por Padre Luiz Claudio de Almeida Braga)

(por Benigno Naveira)


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Nas regiões episcopais, seminaristas têm contato com diferentes realidades humanas A MISSÃO EM 3 PARÓQUIAS NA LAPA

Fernando Oliveira

Pascom paroquial

NA BRASILÂNDIA, EVANGELIZANDO DE CASA EM CASA E NAS CAPELAS

Entre os dias 3 e 10, seis seminaristas da Arquidiocese estiveram em missão em comunidades da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Setor Perus, visitando famílias que são assistidas pela Cáritas. Eles ficaram hospedados nas casas de paroquianos. A missa de acolhida foi presidida pelo Padre Airton Conceição de Almeida, Vigário Paroquial. Com a comunidade de fiéis, eles participaram também do Terço dos Homens e da missa semanal, que é conhecida como de cura e libertação. Ao andarem pelos morros do bairro, os seminaristas distribuíram Terços e livrinhos do Rosário e pararam em estabelecimentos comerciais para breves conversas evangelizadoras. Na ida às casas, prestaram

suporte emocional e espiritual às famílias. Também conheceram as capelas e um dos seis centros de criança e adolescente que há no bairro, o CCA – Filhos da Terra, onde interagiram com os funcionários e as crianças. “É sempre importante conhecer a realidade do outro, ter contato com a sua questão existencial, os dramas e dilemas. Isso permite que revejamos a Teologia, colocando-a em prática atualizada para os dias atuais”, comentou o seminarista da Teologia, José Cícero, que participou da Missão de Férias pela primeira vez. O encerramento foi no domingo, 10, com missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap.

Dez seminaristas da Arquidiocese de São Paulo estiveram em Missão de Férias nas Paróquias Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, São Mateus e São José Operário, no Setor Rio Pequeno da Região Lapa. Eles conviveram com a comunidade do Sapé, da Paróquia São José Operário, conhecendo sua realidade de vida e visitando o comércio local e as empresas. A hospedagem foi nas casas dos fiéis da Comunidade Santa Tereza D’Avila. A Missão foi iniciada no dia 2, com missa

na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, presidida por Dom José Benedito Cardoso, e concelebrada pelos Padres Cristiano de Souza Costa, Antônio Roberto Pimenta e José Andrade dos Santos, SJC. Já a missa de encerramento, na sexta-feira, 8, foi na Rua Lucas Padilha, 5, esquina com a General Syzeno Sarmento, no Jardim Ester, presidida pelo Padre Cristiano e concelebrada pelo Padre Antônio Roberto Pimenta, após a qual ocorreu uma procissão. (por Benigno Naveira)

SEMINARISTAS EM 2 PARÓQUIAS DE SANTANA

(por Fernando Oliveira)

Na Região Santana, a Missão de Férias ocorreu na Paróquia Sagrada Família, no Setor Mandaqui, e na Paróquia São Gabriel da Virgem Dolorosa, Setor Jaçanã. No dia 3, no início da atividade,

Alysson Carvalho

NAS PERIFERIAS GEOGRÁFICAS E EXISTENCIAIS DA REGIÃO IPIRANGA

Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu as missas de envio à missão destes dois grupos de seminaristas. (por Redação)

Pascom paroquial

JUNTO COM AS FAMÍLIAS E NAS ATIVIDADES PAROQUIAIS NA SÉ

O Padre Rodrigo Felipe, Pároco da Paróquia Santa Cristina, Setor Cursino, junto com os fiéis, acolheu, na última semana, os seminaristas que participaram da Missão de Férias. Eles conduziram atividades formativas com os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, catequistas, membros do Apostolado da Oração e da Renovação Carismática Católica, entre outros movimentos e pastorais. Os seminaristas ficaram hospedados nas casas de alguns paroquianos e realizaram ações evangelizadoras, visitando cerca de 150 famílias. Chamou-lhes a atenção a quantidade de pessoas com problemas de saúde emocional. Além disso, foram vi-

sitados os trabalhos sociais realizados no bairro Parque Bristol, especialmente o de acompanhamento a crianças e adolescentes. Houve ainda a visita aos enfermos. Um outro grupo de seminarista realizou a Missão de Férias na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Imigrantes, entre os dias 2 e 9. Eles fizeram visitas às casas dos paroquianos idosos, aos asilos da Vila Guarani, bem como participaram de ações caritativas e da missão porta a porta na comunidade Santo Eugênio. Também houve momentos de oração, devoção e formação, tanto nas capelas quanto nas praças e ruas que compõem o território paroquial. (por seminarista Alysson Antunes Carvalho e Padre Anderson Bispo)

12 SEMINARISTAS EM ÁREAS PASTORAIS NO BELÉM Entre os dias 2 e 7, as Áreas Pastorais Nossa Senhora das Flores, São Gaspar Bertoni, no Setor Conquista, e Nossa Senhora do Carmo, no Setor São Mateus, receberam 12 seminaristas da Arquidiocese de São Paulo. Eles visitaram os enfermos, as casas dos paroquianos e participaram de momentos de oração e de vivência pastoral que

enriqueceram sua formação missionária, bem como animaram as ações dessas comunidades eclesiais. “Pudemos encontrar um povo que, mesmo nas dificuldades, é fortificado pela fé e pelo amor na comunidade”, disse Gabriel de Barros, seminarista que esteve na Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo . (por Pascom da Região Belém)

A Missão de Férias dos seminaristas na Região Sé ocorreu na Paróquia São Januário, também conhecida como San Gennaro, no Setor Brás. Eles foram apresentados à comunidade pelo Padre Wellington Laurindo dos Santos, Pároco, em missa no dia 3. À noite, os sete seminaristas do Propedêutico, da Filosofia (etapa do discipulado) e da Teologia (etapa da configuração) participaram como voluntários na quermesse da Paróquia, realizada no estádio Palmeiras. As visitas nas casas aconteceram durante toda a semana e foram marcadas por diálogos, bênção inicial, uma leitura bíblica, reflexão sobre a Palavra e bênção final. Segundo o relato dos seminaristas, as vi-

sitas proporcionaram-lhes muitos aprendizados que os fortalecerão no itinerário formativo para o sacerdócio. Durante todas as noites, eles participaram das atividades e pastorais da Paróquia, como no Terço dos Homens, grupo de orações e Apostolado da Oração, ocasiões em que puderam também dar testemunhos sobre as suas vidas e a vocação. “Nós, os seminaristas, deixamos nossos agradecimentos ao Padre Wellington e a toda a comunidade por ter nos acolhido tão bem e proporcionado essa experiência tão bonita em nossas vidas e que nos ensinou tanto. Obrigado a todos”, manifestaram os seminaristas no encerramento da Missão. (por Rodolfo Mota da Silva)


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Missão de Férias: uma experiência mais direta com a realidade pastoral da Arquidiocese Gil Pierre de Toledo Herck

GIL PIERRE DE TOLEDO HERCK ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na conclusão das atividades da Missão de Férias de 2022, a comunidade seminarística arquidiocesana se reuniu na segunda-feira, 11, no Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga, com sacerdotes e leigos representantes das paróquias visitadas, para partilhar os resultados das missões, que não aconteciam na modalidade presencial desde o início da pandemia. O encontro teve início com a fala de Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Referencial para a Pastoral Vocacional e os Seminários. Ele saudou os presentes em nome do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, que está em viagem a Bogotá, na Colômbia, para a assembleia extraordinária do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). Dom Ângelo destacou que o propósito da Missão de Férias, promovida anualmente no mês de julho, é proporcionar aos futuros padres uma experiência mais direta com a realidade pastoral da Arquidiocese, permitindo-lhes dar dimensão prática e vivencial às convicções íntimas que inspiram sua vocação. Ele disse também que o contato pessoal com a reali-

No Seminário de Teologia, seminaristas participam de missa e avaliam a Missão de Férias 2022

dade sofrida de tantos irmãos é ocasião de criar vínculos que enchem o coração de esperança e fortalecem os jovens na caminhada de formação. O Bispo recordou, ainda, que a missão de 2022 foi entrecortada pelo falecimento do Cardeal Cláudio Hummes, ocorrido no dia 4, e pela ordenação diaconal de alguns seminaristas da Arquidiocese, no dia 9. Ele lembrou que a morte de Dom Cláudio, após

um incansável zelo missionário até o esgotamento de suas forças, aponta para o sentido último de toda missão, o percurso que foi percorrido em sua plenitude – pois, afinal, ser padre não é uma mera profissão, da qual alguém simplesmente “se aposenta” após certa idade. Já a cerimônia de ordenação dos novos diáconos, como etapa marcante rumo ao sacerdócio, renova nos seminaristas a aspiração ardente ao ministé-

rio, como missão que Deus lhes propõe. Na sequência, ouviram-se os relatos dos participantes da missão, tanto seminaristas quanto membros das paróquias visitadas. Chamou a atenção a percepção de que, embora as regiões visitadas sejam periféricas e de condições econômicas modestas, como o Peri Alto, Sapé, Morro Doce, a maior carência das pessoas parece ser de cunho humano e espiritual: mais do que pão, falta-lhes muitas vezes alguém que escute suas dificuldades com empatia e abertura, um sorriso e um abraço afetuoso, e uma palavra verdadeira sobre o amor de Deus. A partilha foi concluída com uma exortação aos seminaristas a não descuidarem da própria vida espiritual, do diálogo íntimo e cotidiano com Nosso Senhor, a buscarem Nele a força para consolar as aflições de tantos que os procuram. Após a exibição de um filme com registros desse momento missionário, Dom Ângelo presidiu a Santa Missa em ação de graças pela missão, relembrando a todos, na Festa de São Bento, que o espírito contemplativo e a visão sobrenatural devem integrar não só a vida do monge, mas de todo cristão leigo e sacerdote secular. O encontro foi encerrado com um almoço festivo.

10 mil pessoas participam do ‘Canção Nova Abraça São Paulo’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

RODRIGO LUIZ DOS SANTOS ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Com o tema “Deus tem um projeto de felicidade para você” (Jr 29,11-14), a 16a edição do “Canção Nova Abraça São Paulo” aconteceu no domingo, 10, no Ginásio do Ibirapuera. Após dois anos de restrições mais intensas em razão da pandemia de COVID-19, o evento promovido pela Missão Canção Nova São Paulo voltou a ocorrer com presença de público. Entre os participantes estiveram os cofundadores da Canção Nova, Luzia Santiago e Wellington Silva Jardim, bem como o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Ele fez votos de que os cerca de 10 mil participantes pudessem ter um dia de encontro com Jesus e de reencontro com o sentido da vida. Dom Odilo incentivou a Comunidade Canção Nova a prosseguir propagando a evangelização: “Força, vocês têm uma grande missão, em todo o Brasil, onde estão. Ajudem a Igreja a fazer esse trabalho de base da evangelização com retiros e encontros de espiritualidade. Continuem a fazer isso com a graça e bênção de Deus”.

UNIDOS AO PAPA

O Arcebispo reforçou o convite do Papa Francisco à participação no ca-

minho sinodal. “Grupos, comunidades, movimentos, associações, pastorais, mantenham-se unidos à Igreja e, também, unidos ao bispo de cada diocese, pois é ele que ali está encarregado de manter a Igreja unida. Mantenham-se unidos! Caminhem juntos”, disse o Cardeal. “Igreja sinodal significa exatamente uma Igreja como Jesus quis. Uma Igreja unida na mesma fé, na caridade e em torno de Cristo”, complementou. Dom Odilo ressaltou que a Igreja acontece com a participação de todos: bispos, padres, missionários, leigos, casados, solteiros, jovens, adultos, idosos, crianças. “Cada um tem o seu espaço na Igreja, com o dom e carisma que o Espírito Santo dá a cada um dentro da Igreja. Como dizia São Paulo, cada membro do

corpo contribui com sua parte para que o corpo possa realizar a sua vida e sua missão”, disse Dom Odilo.

DEMAIS ATIVIDADES

Com a realização do evento no Ibirapuera e na Casa de Missão da Canção Nova no bairro da Liberdade (Rua Tamandaré, 355), o encontro contou ainda com a participação do Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, Dom Rogério Augusto das Neves, que conduziu a oração inicial. Ele recitou o Salmo 46: “Gritai a Deus aclamações de alegria!”. Em seguida, concedeu uma bênção a todos. O “Canção Nova Abraça São Paulo” teve mais de três horas de shows, com expoentes da música católica como Mi-

nistério Amor e Adoração, Missionário Shalom, Ministério Adoração e Vida e Davidson Silva. A programação com dez horas de atividades contou ainda com palestras com Márcio Mendes, momentos de oração, missa e adoração ao Santíssimo. Os Padres Bruno Costa e Adriano Zandoná, da Comunidade Canção Nova, Fábio Lima, da Diocese de Guarulhos (SP), e Diogo Albuquerque, da Diocese de Bragança Paulista (SP), também participaram. Autoridades civis como o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, e o prefeito da capital, Ricardo Nunes, estiveram presentes. Ao todo, foram arrecadadas 8 toneladas de alimentos não perecíveis, que serão destinadas aos mais necessitados.


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Ordenados diáconos para servir a Igreja na Eucaristia, na Palavra e na caridade Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

DANIEL GOMES

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“Enviai sobre eles, Senhor, nós vos pedimos, o Espírito Santo que os fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério.” Em silêncio e ajoelhados no presbitério, oito jovens seminaristas ouviram este trecho da prece de ordenação diaconal, proferida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, na Catedral da Sé, no sábado, 9. A prece e a imposição das mãos pelo Arcebispo Metropolitano constituíram a parte central do rito de ordenação dos agora Diáconos Seminaristas Jonathan Aparecido Lopes Gasques, Pedro Paulo Pereira Funari, João Henrique Funari Fouto e Felipe Batista da Silva – da Arquidiocese de São Paulo –; e Celso Júlio da Silva, João Paulo Jäger, Sérgio Rafael Mourão da Silva e Flávio Lopes de Oliveira, dos Legionários de Cristo, instituto religioso clerical de direito pontifício de abrangência internacional. Diante da Catedral repleta de fiéis, o Cardeal Scherer afirmou, no começo da missa, ser esse um momento de “grande alegria, fé e gratidão a Deus pelas vocações”, mas, também, de oração para que sempre surjam novos vocacionados.

NO SERVIÇO DO ALTAR, DA PALAVRA E DA CARIDADE

Na homilia, o Arcebispo explicou que, no início da Igreja, os apóstolos, movidos pelo Espírito Santo e desejosos de dedicar mais tempo à oração e à pregação da Palavra, escolheram sete homens de bem para ajudá-los no serviço diário, em especial na prática da caridade com os mais pobres. Surgiu, assim, o diaconato. “Os diáconos são constituídos para o serviço do altar, da Palavra e de caridade”, ressaltou Dom Odilo, apontando, ainda, que essas três dimensões do servir são indissociáveis no diaconato, o primeiro grau da ordem presbiteral.

‘Recebe o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares’

Pela imposição das mãos do Cardeal Scherer, 8 seminaristas recebem o diaconato, primeiro grau do sacramento da Ordem, no sábado, dia 9

“Sem o exercício da caridade, o exercício da Palavra se torna barulho vazio, como dizia Santo Agostinho. Sem a caridade, também a Eucaristia perde o sentido. Assim, não se pode separar uma coisa de outra”, afirmou, pedindo aos fiéis que rezem pelos novos diáconos, os vocacionados e todos os ministros ordenados, “para que sejamos fiéis ao dom e à missão que nos foi dada, para que possamos servir bem ao povo de Deus e para a edificação da Igreja viva: servir a Igreja na Eucaristia, na Palavra e na caridade”, enfatizou.

O RITO

O rito de ordenação começou após a proclamação do Evangelho, com a apresentação dos candidatos ao diaconato. Padre Sidnei Fernandes Lima, Vice-reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor, e o Padre André Delvaux, LC, Diretor Territorial dos Legionários de Cristo no Brasil, chamaram nominalmente cada um dos candidatos para que confirmassem a opção de se colocarem a serviço do povo de Deus. Após a homilia, os eleitos para a ordem diaconal assumiram publicamente, perante o Arcebispo, as exigências desse ministério: ser consagrado ao serviço da Igreja; desempenhar, com humildade e amor, o ministério diaconal como colaborador da ordem sacerdotal; guardar o mistério da fé e proclamá-la por palavras e atos; guardar para sempre o celibato; perseverar e progredir no espírito de oração; e imitar o exemplo de Cristo. Além disso, cada um deles prometeu respeito e obediência ao Arcebispo e a seus sucessores. Na sequência, com os diáconos prostrados no presbitério, foi entoada a Ladainha de Todos os Santos, após a qual se seguiu a imposição das mãos e a prece de ordenação feita pelo Arcebispo. Depois, cada um dos novos diáconos foi revestido da estola e da dalmática, como sinal do serviço ministerial para o qual foram ordenados. As vestes foram levadas a cada um deles por um familiar

ou pessoa próxima escolhida pelo ordenando, que teve a ajuda de um padre para vesti-la. Já de volta ao presbitério, os oito novos diáconos receberam do Arcebispo o livro dos Evangelhos (foto abaixo) e, na sequência, o abraço da paz, primeiro de Dom Odilo, depois dos demais bispos e padres concelebrantes.

GRATIDÃO E MISSÃO

Na parte final da celebração, o Diácono Felipe, em nome dos novos ordenados da Arquidiocese, leu uma mensagem de agradecimento aos formadores, aos familiares e ao Arcebispo Metropolitano; o mesmo fez o Diácono Celso Júlio, pelos Legionários de Cristo. Na assembleia de fiéis, era perceptível a emoção dos familiares. “É um dia muito especial para mim. Criei meu neto desde criancinha, sempre o levei para a Igreja e até hoje ele só me deu alegria”, comentou Elenice Alves da Silva, avó do Diácono Felipe. Marcelo Funari, pai do Diácono Pedro e tio do Diácono João Henrique Funari Fouto, recordou à reportagem que os dois sempre vivenciaram intensamente a fé. “Ter dois vocacionados na família é uma graça muito grande de Deus. Hoje foi bonito ver a beleza da Igreja na vocação destes novos diáconos”, comentou. Antes da bênção final a todo o povo de Deus, aos novos diáconos e aos seminaristas da Arquidiocese que vivenciaram a Missão de Férias na última semana (leia mais nas páginas 9 e 10), Dom Odilo entregou aos diáconos seminaristas da Arquidiocese a cruz missionária. Dos novos diáconos seminaristas, Felipe e Jonathan irão para um período de missão na Diocese de Floriano (PI). Outros quatro diáconos seminaristas, ordenados em dezembro de 2021, farão similar experiência de missão: para a Diocese de Castanhal (PA) irão os Diáconos Nilo Massaaki Shinen e Lucas Antonio Martinez; e para a Diocese de Marabá (PA) irão os Diáconos Alan Santos e Cleyton Pontes Silva.

QUEM SÃO OS 8 DIÁCONOS No site do jornal O SÃO PAULO – acessível em https://cutt.ly/5LxLmH1 –, há o perfil completo dos novos diáconos. Veja um resumo a seguir:

DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Felipe Batista da Silva 31 anos, nasceu em Ipiaú (BA) Especializado em Teologia Pastoral Lema: “Olhou-o com misericórdia e o escolheu” (Mt 9,9-13) João Henrique Funari Fouto 29 anos, nasceu em São Paulo (SP) Tem graduação em Economia Lema: “Porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19) Jonathan Aparecido Lopes Gasques 29 anos, nasceu em São Paulo (SP) Especializado em Teologia Pastoral Lema: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem” (Jó 42,5) Pedro Paulo Pereira Funari 33 anos, nasceu em São Paulo (SP) Graduado e mestre em Economia Lema: “Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,69)

DOS LEGIONÁRIOS DE CRISTO Celso Júlio da Silva, LC 30 anos, nasceu em Candeias (MG) Lema: “Vós sereis os meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15,14) Flávio Lopes de Oliveira, LC 28 anos, nasceu em Curitiba (PR) Lema: “Senhor, eu sou vosso servo; vosso servo, filho de vossa serva” (Sl 115) João Paulo Jäger, LC 30 anos, nasceu em Guaramirim (SC) Lema: “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações” (Jr 1,5) Sérgio Rafael Mourão da Silva, LC 30 anos, nasceu em Salto (SP) Lema: “Basta-te a minha graça” (2 Cor 12,9)


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Há 25 anos, grupo Cantores de Deus evangeliza por meio da música Paulinas - COMEP

IDEALIZADO PELO PADRE ZEZINHO, SCJ, GRUPO COMPLETA JUBILEU DE PRATA MANTENDO A MISSÃO DE, PELAS CANÇÕES, EVANGELIZAR E TRANSMITIR A FÉ ROSEANE WELTER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O grupo Cantores de Deus, criado pelo Padre Zezinho, em 1997, para acompanhá-lo em suas apresentações pelo Brasil, se consolidou na música católica com nove CDs, um EP gravado, um DVD ao vivo e shows por todo o País e no exterior. Ao longo de 25 anos, trilham os caminhos da música com o intuito de anunciar o Evangelho – por meio de canções que falam de amor e esperança; cantam as dores e alegrias da humanidade; denunciam as mazelas da sociedade e, sobretudo, atraem os mais variados públicos, especialmente, os jovens para a missão da Igreja.

Em 2007, o grupo cantou na visita do Papa Bento XVI ao Brasil, bem como na missa de canonização de Frei Galvão, em São Paulo. No ano de 2009, o grupo lançou o DVD “Mulheres ao vivo”, que teve a indicação ao Grammy Latino como melhor álbum cristão. Em 2011, participou da Jornada Mundial da Juventude em Madri, na Espanha, com o Papa Bento XVI, e em 2013, no Rio de Janeiro, com o Papa Francisco.

VÁRIAS FORMAÇÕES

EVANGELIZAR COM A MÚSICA

Ao longo dos anos, o grupo passou por diferentes formações. Inicialmente, era composto por Luan, Vanessa, Suely Ferreira, Dalva Tenório e Karla Fioravante. No ano de 2003, os Cantores de Deus acolheram Robson Jr. e, em 2004, com a saída de Suely, veio se somar ao grupo Andréia Zanardi. Atualmente, ele é formado pelo trio: Karla Fioravante, Dalva Tenório e Andréia Zanardi.

O grupo Cantores de Deus traz em sua história a missão de transformar a vida das pessoas por meio de canções e de um repertório que tem o propósito de levar a mensagem do Evangelho aos corações. Irmã Eliane de Prá, diretora da gravadora Paulinas Comep, recordou que o objetivo do Padre Zezinho não era “somente lançar artistas católicos, mas verdadeiros comunicadores do Evangelho”. Ela refor-

çou que o nome do grupo significa comunicar a mensagem da Palavra de Deus ao povo. “Lembro que o sonho do Sacerdote era cantar com clareza e transparência a Palavra de Deus, por meio da canção, da poesia e da arte”, disse.

MAIS QUE CANTAR

“Nossa missão é, por meio da nossa voz, fazer com que as pessoas parem e reflitam sobre suas vidas e tudo que está à nossa volta. Buscamos sempre apresentar músicas que façam pensar no sentido da vida, acalentam as dores e nos aproximam de Deus”, disse Dalva. Karla Fioravante integra o grupo desde sua formação inicial. “Nossa missão é ser vida por onde passamos. Se com a nossa voz e nossa canção conseguimos tocar e resgatar pessoas para a fé e para Deus, estamos cumprindo o ideal do grupo que é cantar e anunciar”, comentou, recordando a inspiração inicial do Padre Zezinho.

Andréia Zanardi integra o grupo há 18 anos. Ela enfatizou que a preocupação é com a mensagem a ser transmitida nas composições e lançamentos. “Vai além de só cantar, até porque muitos cantam. É, sim, traduzir a mensagem na canção que toca, acalenta, serena e impulsiona. Esse é o nosso ideal como mulheres à frente desta missão que é cantar e evangelizar.” “Subir ao palco e cantar é uma grande responsabilidade. Não somos somente artistas, somos porta-vozes da mensagem de Cristo, e com esse sentimento somos testemunhas de tantas vidas transformadas”, disse Karla.

ANO JUBILAR

Para celebrar o jubileu de prata, o grupo preparou o lançamento do clipe da canção “Ao coração cansado”, que é um convite para cada pessoa que se encontra cansada, angustiada e em sofrimento descansar no colo de Deus. Além de uma agenda de shows, que, após dois anos de pandemia, estão retornando com a presença de público, têm ocorrido lives e celebrações de gratidão a Deus pela trajetória trilhada até aqui. “É importante celebrar a vida e a história construída ao longo destes 25 anos, em que vivemos alegrias, conquistas e encontros, mas também vivemos tristezas, dores e lágrimas, uma pandemia, que nos fez atrasar projetos e nos afastou de pessoas por um período”, disse Dalva. Confira o novo lançamento do Cantores de Deus: “Ao coração cansado”: https://bit.ly/AoCoracaoCansado-Clipe

Cerimônia de entrega da Medalha São Paulo Apóstolo tem nova data: 22 de agosto REDAÇÃO

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A comissão organizadora da Medalha São Paulo Apóstolo informou que a cerimônia de entrega do prêmio de reconhecimento idealizado pela Arquidiocese de São Paulo terá nova data: 22 de agosto, às 20h, no Teatro TUCA, em Perdizes. As inscrições dos candidatos para a Medalha devem ser realizadas até 29 de julho. Nesta edição, a Arquidiocese deseja reconhecer e valorizar as iniciativas de pessoas e instituições que se destacaram na ação evangelizadora, missionária e pastoral. As categorias contempladas pela Medalha São

Paulo Apóstolo são: testemunho laical; serviço sacerdotal; ação caritativa e de promoção humana; ação missionária; inovação na metodologia pastoral; educação cristã; defesa e promoção da vida e da dignidade humanas; cultura; comunicação; serviço social. Os nomes dos contemplados serão anunciados no dia 12 de agosto, às 18h, no portal da Arquidiocese de São Paulo. O edital da Medalha, bem como seu Regulamento e a ficha de inscrição podem ser acessados em: https://tinyurl.com/22l9xj65.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO Associação das Damas da Caridade de São Vicente de Paulo, inscrita no CNPJ/MF Nº 60.904.711/0001-12, com sede na Alameda Barros, nº 539, no Bairro de Santa Cecilia, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, nos termos dos artigos 16, 17 e 18 do seu Estatuto Social, por meio de sua Diretora Presidente, Sra. AEGLÉ DE LOURDES TAKEUCHI SOUZA, convoca as suas Voluntárias para a reunião da Assembleia Geral Extraordinária, que será realizada em 04 de Agosto de 2022, às 9h, em primeira convocação, ou às 10h, em segunda convocação, com qualquer número de voluntárias presentes, na sede da Associação, à Alameda Barros nº 539, bairro Santa Cecilia, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, para deliberar sobre a seguinte ordem do dia: I Alteração do Estatuto Social, em seu Artigo 45 do Capítulo VII da Dissolução: II Outros assuntos de interesse da Entidade. São Paulo, 13 de Julho de 2022. Aeglé de Lourdes Takeuchi Souza Diretora Presidente


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Incêndio atinge prédios e igreja ortodoxa histórica no centro de São Paulo Flávio Rogério Lopes

REDAÇÃO

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Mais da metade da estrutura da igreja matriz da Paróquia Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora foi destruída pelo incêndio que atingiu cinco imóveis na região da Rua 25 de março, no centro da capital paulista. O fogo, que começou por volta das 21h do domingo, 10, em um prédio comercial de dez andares na Rua Barão de Duprat, se alastrou para outros quatro imóveis: duas lojas, que ficaram completamente destruídas, um prédio de seis andares, que corre o risco de desabar, e a igreja. Dois bombeiros que atuavam no combate às chamas ficaram feridos e foram encaminhados para o Hospital Municipal do Tatuapé. Considerada o primeiro templo cristão ortodoxo do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora, como é conhecida, começou a ser construída em 1900 pela comunidade sírio-libanesa na rua Itobi (atual Rua Cavalheiro Basílio Jafet), sendo consagrada em 1904. Em 1922, o Patriarcado Ortodoxo de Antioquia instituiu a Ar-

quidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e de todo o Brasil, tendo como sede a Catedral localizada no bairro do Paraíso. Seu atual Arcebispo é Dom Damaskinos Mansour. Embora ainda não haja plena comunhão entre católicos romanos e ortodoxos, as duas comunidades cristãs nutrem uma relação de diálogo fraterno.

DANOS

O jornal O SÃO PAULO conversou, por telefone, com o Padre Dimitrios Attarian, Arquimandrita (equivalente oriental a monsenhor) da Igreja Ortodoxa Antioquina no Brasil, que informou que o fogo consumiu boa parte do templo e o teto desabou parcialmente. “Um de nossos sacerdotes, Padre Paísios Diaz,

conseguiu salvar os dois ícones do altar, porque os bombeiros, a pedido do Padre, deixaram-no entrar na igreja e lhe deram poucos minutos para retirar o que fosse possível”, contou o Arquimandrita. O Sacerdote relatou, ainda, que o altar da igreja, apesar da queda de escombros e da fuligem, não foi destruído pelo fogo. No entanto, a nave da igreja, a sala dos paramentos e os banheiros foram totalmente destruídos. “Ainda vamos contabilizar tudo o que foi destruído”, acrescentou o Padre Dimitrios, agradecendo as manifestações de oração e solidariedade por parte dos fiéis católicos. A comunidade ortodoxa teme o risco de desabamento do prédio vizinho, que pode destruir completamente o templo. A igreja abriga as memórias da comunidade sírio-libanesa de São Paulo, tais como os registros dos primeiros sacramentos dos ortodoxos no País. No local, foram realizadas as primeiras reuniões que deram origem a instituições como o Hospital Sírio-Libanês e o Clube Monte Líbano.

13 mil pessoas vão à Romaria Nacional dos Vicentinos em Aparecida Entre os dias 8 e 10, cerca de 13 mil pessoas participaram da 50ª Romaria Nacional dos Vicentinos ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, organizada pela Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Os romeiros participaram da oração do Santo Terço, Via-Sacra, atividades para crianças, jovens e adolescentes e de uma exposição na qual havia o memorial sobre as romarias vicentinas ao longo dos anos. Mais de 13 mil pessoas participaram do evento. Em entrevista ao portal A12, Elizabete Maria Castro, vice-presidente do Conselho Nacional dos Vicentinos no Brasil e coordenadora da romaria, comentou que um dos momentos mais marcantes foi a Festa Regulamentar em honra ao Bem-Aventurado Antônio Frederico Ozanam (1813-1853),

SSVP Brasil

um dos principais fundadores da SSVP. “Ver o Centro de Eventos Padre Vitor repleto de vicentinos foi emocionante! ‘Sob o manto sagrado da Mãe, cultivando

a missão de cuidar’ foi o tema central e, por meio dele, com certeza, renovamos o nosso compromisso vicentino de servir e amar os pobres”, afirmou Elizabete.

A Festa Regulamentar está prevista no parágrafo primeiro do artigo 22 da Regra Vicentina. Nela, os membros renovam o compromisso de servir os pobres. Ela é organizada pelo Conselho Nacional do Brasil. A missa de encerramento foi presidida pelo Padre Emanoel Berdê Bertunes, Assessor Espiritual do Conselho Nacional dos Vicentinos. Ele lembrou que São Vicente de Paulo (1581-1660) buscava estar próximo das pessoas: Ele foi ao encontro dos pobres, não ficou apenas esperando. Soube traduzir em obras aquilo que o Evangelho anuncia para nós. Todos nós que viemos aqui na Casa da Mãe devemos voltar transformados, Ela que entende nossos pecados e nos acolhe debaixo de Seu manto”. (por Redação – com informações do portal A12)

BNDES e Sebrae firmam parceria para apoio a pequenos negócios O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) firmaram um acordo de cooperação técnica, na terça-feira, 12, para a criação de um fundo garantidor voltado exclusivamente para operações de crédito envolvendo microempreendedores individuais,

microempresas e empresas de pequeno porte. O novo fundo deve estar disponível em todo o País a partir de dezembro de 2022. Conforme o acordo, BNDES e Sebrae irão aportar, a princípio, R$ 150 milhões cada um. Esse valor pode ser ampliado para R$ 500 milhões. A projeção é que os financiamen-

tos sejam inicialmente da ordem de R$ 4,5 bilhões, podendo chegar a até R$ 15 bilhões. O acordo prevê ainda outros serviços. Microempreendedores individuais e empresários de micro e pequenas empresas poderão receber orientação do Sebrae, por meio do programa Crédito Assistido. A iniciativa envolve acesso a

diagnósticos, ferramentas digitais, conteúdos, capacitações e consultorias com o objetivo de reduzir os riscos de inadimplência e ampliar a sustentabilidade financeira dos negócios. Já o BNDES disponibilizará sua plataforma de gestão para operacionalização do novo fundo. (por Redação – com informações da Agência Brasil)


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| 13 a 19 de julho de 2022 | Reportagem | 15

Previsto em recente lei municipal, ‘Auxílio Reencontro’ ainda não tem regras definidas Luciney Martins/O SÃO PAULO

DANIEL GOMES

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Com vistas a conter a vulnerabilidade social da população em situação de rua, a Prefeitura de São Paulo anunciou no fim de junho que poderá conceder “auxílio financeiro a quem se dispuser e demonstrar condições de acolher a pessoa em situação de rua”. O chamado “Auxílio Reencontro” está previsto no Artigo 7o da lei municipal 17.819/2022, sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), em 29 de junho. Em coletiva de imprensa, no dia 1o, Alexis Vargas, secretário executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura, explicou que a medida busca estimular que as pessoas em situação de rua sejam acolhidas por familiares, parentes, amigos ou alguém de confiança, e que foi pensada a partir do dado do mais recente Censo da População do Povo de Rua, de que 31% dos entrevistados afirmaram estar nessa condição por conflitos familiares, e 60% declararam manter contato com algum familiar que não está nessa situação. Além disso, o número de famílias inteiras vivendo nas ruas cresceu 111%, em comparação ao Censo de 2019. “Agregar mais uma pessoa num núcleo familiar tem um custo que não podemos ignorar e, por isso, o auxílio é fundamental”, comentou Vargas. “Não se trata apenas de um benefício financeiro. Será também um apoio socioemocional. Tanto a pessoa em situação de rua quanto o familiar receberão todo o suporte por meio de atendimentos com psicólogos e assistentes sociais para que o vínculo afetivo seja reestabelecido”, garantiu.

RECONECTAR PESSOAS

Ao falar sobre o “Auxílio Reencontro” durante a assembleia sinodal arquidiocesana, no dia 2, Rubens Rizek Júnior, secretário de governo municipal, afirmou que este poderá ser estendido a entidades que abriguem pessoas em situação de rua. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Rizek detalhou que o programa “tenta estimular que as pessoas em situação de rua, conforme a sua própria vontade, procurem algum vínculo do passado, do presente ou de esperança futura, e que peçam ajuda

Número de famílias inteiras vivendo nas ruas na capital cresceu 111% entre 2019 e 2022

à Prefeitura para refazer este vínculo com uma família, um núcleo, uma entidade”. Rizek lembrou, ainda, que a meta final é “reconectar estas pessoas no seio de famílias. Isso parte do espírito cristão de que a família estabiliza relações. Para isso, uma das formas é dar um auxílio financeiro a famílias que queiram abrigá-las, e também a entidades, sobretudo as religiosas, que as acolhem como se família fossem. Assim, família aqui é um termo lato sensu. Na Missão Belém, por exemplo, as pessoas se tratam como família, se chamam uns aos outros de irmãos. Portanto, o programa Reencontro também vai procurar apoiar este tipo de família”, garantiu.

UM AUXÍLIO QUE SERÁ BEM-VINDO

Fundadores e responsáveis pela Missão Belém, o Padre Gianpietro Carrara e a Irmã Cacilda da Silva Leste comentaram à reportagem que a instituição “olha positivamente para essa proposta, porque o programa respeita o perfil ‘familiar’ e ‘privado’ dos membros da Missão Belém que acolhem em suas residências os ‘irmãos’ de rua em vista de sua restauração e recuperação física, psicológica e espiritual. É a primeira vez que um programa do poder público enxerga o perfil privado de quem tenta fazer o bem”. Eles afirmaram que, em 16 anos de atuação, a Missão nunca firmou parcerias para recebimento de verbas públicas por causa dos ordenamentos que impediriam a adoção plena de seu método de restauração de vidas, que envolve também a dimensão da espiritualidade. “Faz parte da metodologia do movimento religioso Missão Belém que os acolhidos que se recuperam dos vícios e sentem a ‘vocação’ a fazer parte da Missão, depois de frequentar um curso de cuidadores, tomem conta desses irmãos

doentes, de maneira completamente gratuita, formando ‘famílias acolhedoras’”, afirmaram Irmã Cacilda e o Padre Gianpietro. Eles recordaram, ainda, que em 16 anos já foram realizados cerca de 150 mil acolhimentos, o equivalente a 7 milhões de “diárias”. “Se o governo tivesse tido que pagar somente R$ 20,00 por dia para oferecer uma marmita a cada um desses acolhidos, teria gastado R$ 145 milhões, isso sem contar cama, banho, roupa, cuidados especiais para os doentes. A Missão Belém, na sua pobreza e simplicidade, recebeu essas pessoas da melhor forma possível, como irmãos, mas se, no futuro, a Prefeitura pudesse ajudar pelo menos com a comida e a roupa, a nossa missão fluiria melhor, sem dúvida”, comentaram.

FALTAM DETALHAMENTOS

Apesar da expectativa gerada desde que a lei foi sancionada, ainda faltam detalhamentos acerca do funcionamento. O Artigo 7o da legislação diz que o “Auxílio Reencontro” “será pago na forma disciplinada em regulamento”; e no Artigo 8o, §2º, é informado que “terá o valor e a duração definidos em decreto”. Até o fechamento desta edição, porém, nem o regulamento nem o decreto municipal haviam sido anunciados. A única atualização foi a publicação, no sábado, 9, do decreto 61.564, que regulamenta como será custeado o Fundo de Abastecimento Alimentar de São Paulo, que contempla verbas para o Programa Reencontro, incluindo seus auxílios e subvenções. “Ainda não disseram qual vai ser o critério para o recebimento do auxílio, qual será o valor, como vai funcionar, como a família será escolhida, como as pessoas vão se inscrever, e por quan-

to tempo. Eles lançaram uma ideia no ar, mas sem um conteúdo”, lamentou o Padre Júlio Lancellotti, Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, garantindo, ainda, que a medida foi definida pela Prefeitura sem dialogar com os grupos que atuam em favor das pessoas em situação de rua. Frei José Francisco, Diretor-Presidente do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), lembrou que o auxílio se trata de uma ação emergencial, com um recurso temporário. “Toda medida que busque amenizar o sofrimento urgente das pessoas em situação de rua é bem-vinda. O Sefras tem defendido, porém, que as ações destinadas a esse público estejam articuladas com as demais políticas públicas de transformação social como saúde, educação, moradia, assistência social e trabalho, para tirar em definitivo essa população da rua.” O Frade observou que a instituição ainda não tem condições de se posicionar sobre uma eventual adesão ao projeto: “Para isso, é importante ter o maior número de informações possível sobre o seu funcionamento e os processos que serão realizados para gerar autonomia a esta população, e estes são elementos que ainda não temos”.

PREOCUPAÇÕES

Ainda de acordo com Frei José Francisco, qualquer programa destinado à população em situação de rua precisa estar articulado com outras políticas públicas. Assim, em seu entender, o “Auxílio Reencontro” deve ser mais bem debatido em relação a seus potenciais riscos e benefícios. “Alguns pontos a serem discutidos passam pela complexidade da construção de vínculos e a criação de afeto com essas famílias, a vivência comunitária, a segurança e integridade dos atendidos etc. Os questionamentos precisam estar direcionados nesse sentido, principalmente porque o auxílio tem caráter temporário. O que acontecerá com essas pessoas em médio e longo prazo? Além disso, é preciso considerar que os atendidos são acometidos por problemas complexos, inclusive no aspecto de saúde física e mental. Não existe, ainda, um detalhamento a respeito disso e é preciso tê-lo”, concluiu Frei José.


16 | Pelo Mundo | 13 a 19 de julho de 2022 |

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Colômbia

Estados Unidos

Celam dá início à assembleia e inaugura nova sede Celam

JOSÉ FERREIRA FILHO

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Com a presença de mais de 40 bispos e arcebispos, entre presidentes, secretários e delegados das 22 conferências episcopais da América Latina e do Caribe, bem como de uma delegação da Santa Sé, foi inaugurada na terça-feira, 12, a nova sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), em Bogotá, capital da Colômbia. Após oito anos de trabalho, foi possível oferecer ao episcopado latino-americano e caribenho um espaço diferenciado, tanto para o funcionamento administrativo do Celam quanto para os centros pastorais e organizações de vital importância educativa como o Centro Bíblico Teológico Pastoral para América Latina e o Caribe (Cebitepal) ou a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), com escritórios e locais para reuniões e congressos, além de alojamentos e refeitórios para hóspedes e visitantes.

REPRESENTANTES DA SANTA SÉ

Vários cardeais estiveram presentes à inauguração, incluindo Dom Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, cuja visita é ocasião para abordar questões relacionadas à constituição apostólica Praedicate Evangelium e tratar de assuntos relacionados ao trabalho do dicastério que dirige. Também compareceu Dom Luís Marín

de San Martín, Subsecretário do Sínodo dos Bispos, cuja participação teve por objetivo apresentar os avanços na preparação do Sínodo universal e, sobretudo, o que está por vir durante os meses de fevereiro e março de 2023 em relação às atividades nos contextos regional e continental, o que ajudará o Celam a dar uma contribuição efetiva como continente ao Secretariado do Sínodo.

ASSEMBLEIA ECLESIAL

A inauguração foi o ponto de partida para uma assembleia extraordinária, que acontecerá entre os dias 12 e 14, e que tem, entre outros objetivos, a produção de um documento que ofereça “orientações e linhas pastorais” para a Igreja latino-americana e caribenha, com base no exercício realizado na Assembleia Eclesial. Trata-se de um “Processo de Escuta do Povo de Deus Peregrino na América Latina e no Caribe”, que se expressou entre os dias 22 e 28 de novembro do ano passado, no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México. “A expectativa é que, ao final da assembleia extraordinária, [o documento] seja publicado e amplamente divulgado, principalmente pela riqueza de suas reflexões”, disse Dom Jorge Lozano, Secretário-geral do Celam. Ele assegurou, ainda, que haverá momentos para compartilhar perspectivas quanto à fase continental do Sínodo universal, incluindo o documento com as orientações pastorais da Assembleia Eclesial.

FASE CONTINENTAL DO SÍNODO

Padre Pedro Brassesco, Secretário-adjunto do Celam, anunciou que a fase diocesana do Sínodo universal será finalizada em 15 de agosto, após a qual se passará à fase continental, da qual o Celam será o encarregado de realizar os trabalhos. Em entrevista coletiva, Dom Jorge Lozano expressou que a essência do processo sinodal é algo além de uma pesquisa para depois desenvolver uma estratégia missionária. É, de fato, uma “aceitação da realidade, do que está no fundo do coração humano. Esta é uma atitude de abertura de coração para acolher e discernir, daquilo que ouvimos, o que Deus está nos dizendo. Porque Deus também nos fala por meio da experiência religiosa de nosso povo”.

FRANCISCO

O Papa Francisco, em mensagem dirigida ao organismo, concedeu a sua bênção ao novo espaço, desejando que a sua saudação fosse transmitida aos bispos do Celam, assim como aos sacerdotes, religiosos, colaboradores leigos e a todos os que participaram do evento. O Pontífice convidou a todos “a dar graças a Deus pela conclusão bem-sucedida desta obra material, que pode ser de ajuda para levar adiante projetos de evangelização e de formação pastoral em apoio às conferências episcopais”. Fontes: Celam e Gaudium Press

‘É trágico que Biden use seu poder para promover o aborto’, diz bispo Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, assinou na sexta-feira, 8, uma ordem executiva que busca “proteger” o acesso ao aborto, em resposta à recente decisão da Suprema Corte de anular a sentença que tinha liberado o procedimento no país, em 1973. Com a decisão, cada estado pode legislar sobre a questão. Em entrevista coletiva, Biden, o segundo presidente católico da história dos Estados Unidos e um defensor declarado do aborto, disse que a decisão da Suprema Corte é “terrível” e “totalmente errada”. Afirmou, ainda, que é importante “proteger nossa nação da agenda extremista”. Biden planeja propor uma lei nacional para tornar o aborto legal novamente nos Estados Unidos. Para isso, porém, ele precisa de maioria no Congresso, cujas eleições para a sua composição acontecerão em 8 de novembro.

MANIFESTAÇÃO DA IGREJA

“É profundamente perturbador e trágico que Joe Biden escolha usar seu poder como presidente dos Estados Unidos para promover e facilitar o aborto em nosso país”, disse Dom William Edward Lori, Arcebispo de Baltimore e Presidente do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, num comunicado publicado no sábado, 9. Segundo o Arcebispo, Biden está “buscando todas as maneiras possíveis de negar aos nascituros seu direito civil mais essencial, o direito à vida; em vez de usar o poder do executivo para aumentar o apoio e o cuidado às mães e seus bebês, seres humanos sem voz. É preciso abandonar este caminho que leva à morte e à destruição e escolher a vida”, disse Dom William. Dessa forma, concluiu, será possível “garantir que as mães sejam totalmente apoiadas no cuidado dos seus filhos, antes e depois do nascimento”. (JFF)

Austrália Homens rezam o Santo Rosário fora do templo, ajoelhados e sob forte chuva A Arquidiocese de Sydney, na Austrália, divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual é possível ver dezenas de homens rezando o Santo Rosário do lado de fora da Catedral de Santa Maria. O que mais chama a atenção no vídeo é o fato de que esse testemunho de fé ocorreu durante uma forte chuva. Apesar da tempestade, os homens permaneceram, em

sua maior parte, ajoelhados diante do templo sem interromper a oração. Inspirados no movimento católico internacional do Terço dos Homens, os participantes da iniciativa mariana na Austrália, intitulada “Cruzada do Rosário dos Homens de Sydney”, prometeram se reunir no primeiro sábado de cada mês, faça chuva ou faça sol, para manifestar sua fé e devoção.

Segundo Ivica Kovac, diretora responsável pela Pastoral da Vida, Casamento e Família da Arquidiocese de Sydney, o mau tempo foi aceito pelos participantes do evento como uma motivação para proclamar publicamente sua crença na misericórdia de Deus por meio do Santo Rosário. (JFF) Fonte: Gaudium Press


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| 13 a 19 de julho de 2022 | Reportagem | 17

Arquidiocese de Natal passa a ter 100% das paróquias abastecidas com energia solar Arquidiocese de Natal

MUDANÇA NO MODELO DE ELETRIFICAÇÃO, INICIADO EM 2020 E CONCLUÍDO RECENTEMENTE, IRÁ GERAR ECONOMIA PERMANENTE ÀS IGREJAS DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

No estado em que na maior parte do ano os dias são de sol, o Rio Grande do Norte, a Igreja tem buscado fazer bom uso dessa fonte renovável de energia. A partir deste mês, as 114 paróquias da Arquidiocese de Natal, espalhadas por 88 municípios potiguares, além da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Apresentação e a cúria, passam a ser abastecidas com 100% de energia solar. O projeto de eletrificar as paróquias com a energia captada por placas fotovoltaicas começou a ser pensado em 2019, e no começo de 2020 saiu do papel, com a inauguração de uma usina de energia solar com capacidade de 30 mil kWh, que passou a alimentar a Catedral Metropolitana, a cúria e outras cinco paróquias, por meio de uma parceria com a empresa Open Energy e financiamento da cooperativa de crédito Sicoob. “Em 2019, quando analisamos a proposta, o raciocínio foi muito simples: vamos trocar uma conta de despesa com energia elétrica que cada paróquia paga à concessionária, por uma conta de investimento, ou seja, a parcela do financiamento para comprarmos a usina. Fizemos os cálculos e vimos que valeria a pena”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Ítalo Nogueira, secretário do economato da Arquidiocese de Natal e um dos responsáveis pelo projeto.

ESTRUTURAÇÃO

Em fevereiro deste ano, já tendo resultados da economia obtida nessas igrejas, o projeto de 100% das paróquias com energia solar foi apresentado ao clero. A construção das demais usinas começou em abril, hoje são 14 ao todo. A energia gerada em cada uma é distribuída a um grupo de paróquias, conforme a proximidade geográfica. “Se tivéssemos optado em fazer uma usina em cada paróquia, o custo ficaria um absurdo, pois seria preciso que cada uma tivesse um projeto e os equipamentos específicos”, detalhou Nogueira. “As placas foram instaladas apenas em algumas igrejas. São templos no estilo galpão, com o telhado praticamente reto, não tendo sombreamento nem de um lado, nem de outro, para que o sol bata e nada atrapalhe a geração da energia”, exemplificou, enfatizando que em quase todas as igrejas não foi preciso fazer mudanças

estruturais para que recebam a energia obtida a partir do sol.

REDUÇÃO DE CUSTOS

O financiamento para a aquisição das usinas está sendo pago em 80 parcelas mensais. A estimava da Arquidiocese é que até que se termine de pagá-las já se economizará R$ 122,5 mil anuais. “Depois disso, a economia por ano para toda a Arquidiocese será de R$ 1,470 milhão”, apontou Nogueira. O secretário do economato recordou que, quando o projeto foi iniciado, havia receio dos padres se o investimento representaria uma economia efetiva ao longo dos anos e quais seríam as garantias legais para implementá-lo, haja vista que um marco regulatório sobre a geração distribuída de energia por fontes renováveis só foi sancionado em janeiro deste ano – a Lei 14.300/2022. Diante desse contexto, o projeto foi inicialmente implementado em um grupo restrito de igrejas. A Catedral Metropolitana foi uma delas. “Hoje, a paróquia da Catedral continua pagando aquilo que já pagava à concessionária de energia elétrica do Rio Grande do Norte (Cosern), pois o projeto foi autofinanciado pela empresa e estamos na parcela 21 de um total de 72. Ao passar esse período de financiamento, a economia mensal para a paróquia será de no mínimo R$ 5 mil”, explicou à reportagem o Padre Valdir Cândido de Morais, Cura da Catedral. Nogueira recordou que, na apresentação do projeto ao clero, se detalhou que a mudança não implicará aumento nos gastos com energia elétrica de cada paróquia, pois o parcelamento mensal da aquisição da usina se equipara aos custos médios pagos até então com o consumo de energia elétrica. O único valor que continua a ser pago à concessionária é o da tarifa mínima

para a distribuição da energia. “Ao gerar a energia, ela precisa ser injetada na rede da distribuidora, e a concessionária a disponibiliza de volta para quem gerou, mas cobra um valor por isso”, explicou o secretário do economato.

CUIDAR DA CASA COMUM

Ainda de acordo com Nogueira, outro fator que levou os padres a aderir ao projeto foi o de colaborar com o cuidado da casa comum, e a perspectiva de que a Arquidiocese de Natal obtenha o certificado verde, pelo uso de energia renovável. Na encíclica Laudato si’, sobre o cuidado com a casa comum, publicada em 2015, o Papa Francisco faz um chamado para que se amplie a geração de energia por fontes limpas e renováveis (cf. LS, 26 e 164), mencionando que o “aproveitamento direto da energia solar, tão abundante, exige que se estabeleçam mecanismos e subsídios” (172). O Pontífice também aponta que em alguns lugares existem “cooperativas para a exploração de energias renováveis, que consentem o autoabastecimento local e até mesmo a venda da produção em excesso. Este exemplo simples indica que, enquanto a ordem mundial existente se revela impotente para assumir responsabilidades, a instância local pode fazer a diferença” (179).

MAIS ‘ENERGIA’ PARA EVANGELIZAR

De acordo com Nogueira, a Arquidiocese de Natal projeta que a economia financeira advinda com adoção do projeto impulsione investimentos nas ações e na infraestrutura das paróquias. “Com esses valores que estão sendo economizados, elas poderão investir na evangelização, em ações pastorais ou em melhorias, como equipamento de som e

compra de ar-condicionado”, comentou, recordando que as paróquias têm autonomia para o uso do dinheiro, mas que a Arquidiocese mantém um fundo de reserva do projeto para eventuais manutenções nas placas fotovoltaicas e em outros equipamentos das usinas. Padre Valdir projeta que, quando forem quitadas as parcelas do financiamento da aquisição da primeira usina, a Catedral Metropolitana poderá fazer investimentos no âmbito pastoral, de comunicação e marketing católico, além de melhorias em infraestrutura. “Dentro desse tempo que ainda temos de parcelas a pagar, analisaremos quais as necessidades imediatas consideráveis para que possamos atingir uma satisfação ainda maior dos nossos paroquianos e de todos os que visitam a Catedral de Natal”, garantiu.

E ONDE NÃO HÁ SOL O ANO TODO?

E, mesmo nas cidades do Brasil que não tenham a maioria dos dias ensolarados – como é Natal, que não por acaso é conhecida como a “Cidade do Sol” –, a instalação de usinas de geração de energia solar é algo viável, desde que se faça um estudo detalhado sobre o local ideal para instalá-las. “As placas, mesmo que estejam em localidades nubladas, continuam a gerar energia, mas com eficiência menor, por isso o estudo técnico prévio é fundamental”, explicou Nogueira, recomendando, ainda, que dioceses e igrejas sempre negociem a instalação em conjunto. “Quanto maior o projeto, mais há a possibilidade de se negociar valores. Para o financiador, uma ampla adesão é interessante, pois envolverá um montante maior de recursos, e também a diocese e as paróquias acabarão pagando mais barato do que se cada paróquia negociasse sozinha”, concluiu.


18 | Papa Francisco | 13 a 19 de julho de 2022 |

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Aos jovens: ‘O outro é uma riqueza, não um inimigo’ FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA

Abrir-se ao outro é um dom e deve ser valorizado em nossos tempos. Assim falou o Papa Francisco, em mensagem a um grupo de jovens europeus reunidos em Praga, na República Tcheca, entre os dias 11 e 13. “Não se deixem levar por ideologias míopes que querem mostrar o outro, o diferente, como um inimigo. O outro é uma riqueza”, declarou. “Nenhuma discriminação deve ser feita contra ninguém. Devemos ser solidários com todos, não só com quem se parece conosco, ou mostra uma imagem de sucesso, mas com aqueles que sofrem, qualquer que seja a nacionalidade e a condição social”, acrescentou o Santo

Padre, fazendo referência à questão migratória na Europa, que desperta grande resistência entre alguns grupos políticos e ideológicos. “Não esqueçamos que milhões de europeus, no passado, tiveram que migrar para outros continentes em busca de um futuro.”

PROMOÇÃO DA PAZ SOCIAL

Francisco sugeriu aos jovens que leiam sua encíclica Fratelli tutti (Todos irmãos) e o “Documento sobre a fraternidade humana”, que assinou junto com o Grande Imã de Al-Azhar, pois são dois textos que falam sobre a busca da harmonia, da paz social e da amizade entre os povos, especialmente entre aqueles que acreditam em Deus. O Papa também mencionou, na

mensagem, a situação da Ucrânia, que vive uma crise humanitária por causa da guerra, iniciada pela invasão da Rússia. “É uma guerra absurda”, lamentou o Pontífice. “Agora temos que nos empenhar para colocar fim a essa destruição causada pela guerra na qual, como sempre, poucos poderosos decidem e mandam milhões de jovens a combater e morrer. Em casos como esse, é legítimo se rebelar”, afirmou.

UMA VIDA OCULTA

O Papa Francisco mencionou como exemplo o jovem alemão Franz Jägerstätter, proclamado Beato pelo Papa Bento XVI. Ele foi um camponês que, não concordando com as políticas do governo nazista de Adolf Hitler durante

a 2ª Guerra Mundial, se recusou a ir à guerra. “Essa decisão despertou reações duras para com ele, por parte de sua comunidade, do prefeito, e também dos familiares. Um padre tentou convencê-lo”, notou Francisco. A única pessoa que ficou do seu lado foi a esposa, Francisca. Franz preferiu ser morto na prisão a matar. Essa história inspirou o filme “Uma vida oculta”, em 2019. O Papa disse aos jovens que é preciso buscar o sentido da vida em ideais grandes, sempre partindo da própria origem, e “por meio da Verdade, pois não se vive se não se busca a Verdade”. É preciso “caminhar com os pés firmes na estrada”, percorrer junto com os outros, promovendo “a paz, a liberdade e a dignidade”.

Avançam preparativos para a beatificação do Papa João Paulo I Vatican Media - Arquivo

Venerável e Papa, João Paulo I será beatificado em 4 de setembro de 2022. Aos poucos, o Vaticano começa a divulgar novas informações sobre os detalhes da celebração, que será presidida pelo Papa Francisco. A petição da beatificação será lida pelo Bispo da Diocese de Belluno-Feltre, Dom Renato Marangoni, que é da região de origem de Albino Luciani, o Papa João Paulo I. O Pontífice viveu entre 1912 e 1978 e governou a Igreja por apenas 33 dias, no ano de sua morte. Foi o pontificado mais breve da história da Igreja, mas a vida de Albino Luciani inspirou muitos fiéis, especialmente na Itália. Também participam da leitura do pedido de beatificação o postulador da causa, o Cardeal Beniamino Stella, e a vice-postuladora, a jornalista italiana Stefania Falasca. Um dia antes, será realizada uma vigília de oração na Catedral

de Roma, a Basílica de São João de Latrão, presidida pelo Cardeal Angelo De Donatis, Vigário-geral de Sua Santidade. Pelo fato de João Paulo I ter sido Bispo de Roma, a vigília na Catedral é significativa. De acordo com os organizadores, a oração será animada com cantos e leituras que se referem ao magistério do Papa João Paulo I. No domingo, 11 de setembro, haverá uma celebração na Diocese de Belluno-Feltre. O milagre atribuído à intercessão de João Paulo I é o de uma moça argentina curada milagrosamente de uma infecção aguda no cérebro. Depois de várias crises de epilepsia, ela foi internada em Buenos Aires, em 2011. Os médicos já falavam em “morte iminente”, diz o relatório do Dicastério para as Causas dos Santos, mas em poucos meses a situação se resolveu completamente de maneira inexplicável pela ciência. (FD)


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| 13 a 19 de julho de 2022 | Reportagem/Fé e Vida | 19

Papa ressalta o valor evangelizador da liturgia celebrada com dignidade

Liturgia e Vida 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 17 DE JULHO DE 2022

‘Uma só coisa é necessária’ Vatican Media

​​FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na carta apostólica Desiderio desideravi, publicada em 29 de junho, o Papa Francisco propôs ao povo de Deus uma reflexão sobre o significado profundo da celebração eucarística e a importância de uma adequada formação litúrgica. Em seus 65 parágrafos, o texto reafirma a importância da comunhão eclesial em torno do rito resultante da reforma litúrgica promulgada após o Concílio Vaticano II, em continuidade com o que escreveu em julho de 2021, no motu proprio Traditionis custodes. O Pontífice ressalta que não se trata de uma nova instrução ou de um diretório com normas específicas, mas, sim, de uma meditação para compreender a beleza da celebração litúrgica e o seu papel na evangelização.

DESEJO DO SENHOR

O Santo Padre inicia o documento a partir das palavras de Jesus na última ceia: “Desejei tanto comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão” (Lc 22,15), sublinhando que o desejo infinito do Senhor de restabelecer a comunhão com a humanidade “não pode ser satisfeito até que todo homem, de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5,9) tenha comido seu Corpo e bebido seu Sangue: por isso, essa mesma Ceia se fará presente, até o seu retorno, na celebração da Eucaristia”. “Cada vez que vamos à missa, a primeira razão é porque somos atraídos pelo seu desejo por nós. De nossa parte, a resposta possível, a ascese mais exigente, é, como sempre, entregar-se ao seu amor, querer deixar-se atrair por ele. Certamente, toda nossa comunhão com o Corpo e Sangue de Cristo foi desejada por ele na Última Ceia”, enfatiza o Bispo de Roma. O Papa recorda, ainda, que “o conteúdo do pão partido é a cruz de Jesus, seu sacrifício em amorosa obediência ao Pai”, e reforça: “Se a Ressurreição fosse para nós um conceito, uma ideia, um pensamento; se o Ressuscitado fosse para nós a memória da memória dos outros… seria como declarar esgotada a novidade do Verbo feito carne”.

CONCÍLIO

Ao destacar a importância da constituição Sacrosanctum Concilium, do Vaticano II para a redescoberta da compreensão teológica da liturgia, Francisco manifesta o desejo de que a beleza do celebrar cristão e de suas necessárias consequências na vida da Igreja, “não fosse deturpada por uma superficial e redutiva com-

preensão de seu valor ou, pior ainda, de sua instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja ela qual for”. Em seguida, apresenta a redescoberta da beleza da liturgia como “antídoto ao veneno do mundanismo espiritual”. O Papa, contudo, observa que essa redescoberta não é a busca de um “esteticismo ritual” que se compraz apenas no cuidado da formalidade externa de um rito. Por outro lado, não aprova “o comportamento oposto que confunde a simplicidade com desleixada banalidade, a essencialidade com uma ignorante superficialidade, a concretude do agir ritual com um exasperado funcionalismo prático”.

RITO E MISTÉRIO

O Pontífice orienta que cada aspecto da celebração deve ser cuidado (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestes, canto, música...) e cada rubrica deve ser observada. “Bastaria essa atenção para evitar privar a assembleia do que lhe é devido, ou seja, o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece. Mas mesmo que se garantisse a qualidade e a norma da ação celebrativa, isso não seria suficiente para tornar plena nossa participação”, reitera. “Se faltasse o encanto pelo mistério pascal que se faz presente na concretude dos sinais sacramentais, poderíamos realmente arriscar sermos impermeáveis ao ​​ oceano de graça que inunda cada celebração”, escreve Francisco, acrescentando que não bastam os louváveis esforços ​​ em prol de uma melhor qualidade da celebração, nem mesmo um apelo à interioridade, pois, “mesmo esta corre o risco de ser reduzida a uma subjetividade vazia se não acolher a revelação do mistério cristão”.

Citando o teólogo Romano Guardini, muito presente nessa carta apostólica, o Santo Padre afirma que, sem formação litúrgica, “as reformas no rito e no texto não ajudam muito” e faz uma distinção entre a formação para a liturgia e a formação na liturgia.

FORMAÇÃO

Francisco insiste na importância da formação, especialmente nos seminários: “Uma abordagem litúrgico-sapiencial da formação teológica nos seminários certamente teria efeitos positivos também na ação pastoral. Não há aspecto da vida eclesial que não encontre nela seu ápice e sua fonte. A pastoral de conjunto, orgânica e integrada, mais do que o resultado de programas elaborados, é a consequência de colocar a celebração eucarística dominical, fundamento da comunhão, no centro da vida comunitária”, afirma, completando: “Não é autêntica uma celebração que não evangeliza, assim como não é autêntico um anúncio que não leva ao encontro com o Ressuscitado na celebração: ambos, sem o testemunho da caridade, são como um bronze retumbante ou um címbalo que estrila”. O Papa pede a todos os bispos, presbíteros e diáconos, formadores dos seminários, professores de faculdades e escolas teológicas e catequistas que ajudem o povo santo de Deus a “aproveitar o que sempre foi a fonte primária de espiritualidade cristã” e conclui: “Abandonemos as polêmicas para ouvirmos juntos o que o Espírito diz à Igreja, mantenhamos a comunhão, continuemos a nos maravilhar com a beleza da liturgia”. Até o momento, o documento ainda não está disponível em português, mas pode ser acessado em outros idiomas em: https://tinyurl.com/23vvs22t.

PADRE JOÃO BECHARA VENTURA A visita de Jesus a Marta e Maria é frequentemente interpretada como a afirmação da primazia da contemplação sobre a ação. Enquanto Marta “estava ocupada com muitos afazeres” (Lc 10,40), sua irmã Maria simplesmente “sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra” (Lc 10,39). A primeira mereceu, por isso, uma suave repreensão do Mestre: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10,41s). A “melhor parte” da nossa vida de fé não consiste em “fazer” muitas coisas para Deus ou para o próximo, mas sim em estar com o Senhor: ouvi-lo, contemplá-lo e, assim, amá-lo. Esta é, segundo Jesus, “a única coisa necessária!”. Podemos fazer um bom exame de consciência sobre este ponto: afinal, consideramos a oração (“sentar-nos aos pés do Senhor”) e a escuta do Evangelho (“ouvir sua palavra”) como a coisa mais necessária do dia a dia? Consideramos a Eucaristia – na qual temos a presença real de Jesus – como a “melhor parte” da semana? Isso não quer dizer, todavia, que as boas obras feitas por amor a Deus e ao próximo não sejam importantes. A ação e a contemplação não se opõem. Ao contrário, o verdadeiro amor é diligente, leva-nos a servir a pessoa amada! Contemplar a Deus por meio da oração é o que nos permite agir bem e dar sentido sobrenatural a todas as nossas obras. Somente a oração assegura que agimos por Deus, não por vaidade, capricho ou outras intenções distorcidas. Além disso, se não praticássemos obras de amor a Deus e ao próximo, nossa oração seria superficial e vazia. Ação e oração – Marta e Maria – devem andar sempre juntas! A oração, porém, é o fundamento, pois Deus é o fundamento da existência: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28). São Josemaría dizia que o êxito do apostolado depende do respeito à seguinte ordem de prioridade: “Primeiro, oração; depois, expiação; em terceiro lugar, muito em terceiro lugar, ação” (“Caminho”, 82). Aqui não se trata de uma escusa para a inação ou de um “providencialismo” ingênuo que pretende que Deus resolva os problemas sem a cooperação dos homens. Ao contrário, quem vê as coisas com realismo sobrenatural reconhece humildemente que somente Deus pode mudar os corações, levando as pessoas à conversão e ao progresso espiritual. Somente Ele pode fazer surgir, em meio a ambientes devastados, pessoas santas e preservadas do mal. E, no entanto, Deus conta com a cooperação de nossas preces, sacrifícios e apostolado. A intimidade com Jesus é o fruto da vida de oração intensa. Ela é a única coisa deste mundo que, como diz o Senhor: “Não nos será tirada” (cf. Lc 10,42). Trabalhos, bens, cargos, pessoas, beleza, saúde… Tudo nos será retirado. Até as boas obras cessarão, quando nos faltar a saúde. Mas o amor a Deus – exercitado ativamente na oração – nos acompanhará na eternidade. Ele é o “único necessário”!


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