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EDIÇÃO 01Pascom em Ação Este foi o tema central da conferência de abertura do 7º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), realizado entre os dias 22 24 de julho, no Fazer caminho sinodal gerar processos. A co munhão como lugar privilegiado para exercício da sinodalidade. Comunhão, participação e missão como pilares do agir missionário do comunicador cristão. Conversão pastoral. O facilitador do tema foi Padre Sérgio Leal, 33 anos, que participou de forma remota, diretamente do Porto, Portugal. O Sacerdote defendeu sua tese de Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Ele começou dizendo que a sinodalidade não um evento, mas, sim, um modo de viver, um modo de ser Igreja, que deve moldar o agir da Igreja. feito pelo Papa Francisco para que juntos seguíssemos o caminho da sinodalidade, fim de refletir o que espe ramos para Igreja no terceiro milênio. parte da identidade da Igreja. Sínodo Igreja devem ser vistos como sinônimos. Sínodo significa caminho conjunto Igreja, cami nho pela Santíssima Trindade –, povo que caminha na unidade Pai, Filho Espírito Santo. Caminho significa mudança. Devemos estar aber tos atentos às mudanças. E nossa Igreja deve seguir essa jornada de constante transformação e conversão pastoral, como algo concreto. “Ah, mas sempre foi assim!”, essa fala impede mudança. É necessária uma comunhão verdadeira en tre leigos clero para ação transformação. O que Espírito Santo nos pede que deixemos de pensar no passado – isso saudosismo. Somos chama dos refletir aqui agora. Nossa Igreja tem dois pilares estratégicos em sua ação: o sociocultural e fé. O atual horizonte sociocultural de mudança. o Papa Francisco nos coloca essa certeza de mudança de época. Para tanto, se faz necessária uma nova eta pa evangelizadora. Uma virada de página, de atitude comportamento.Sinodalidade tornar obra e estilo eclesial. Uma di mensão constitutiva da vida de Igreja. É ação. Santo Inácio de Antioquia disse que cristão deve ser sinodal. Não ter uma desintegrada da ação. Ação em conjunto: nós Espírito Santo. Muitas passagens bíblicas nos remetem este movi mento sinodal. Quando Jesus fala às multidões, Ele fala com todos para todos. Quando Jesus segue caminho de Emaús, ali é es tabelecido um encontro sinodal. Jesus se coloca numa escuta ativa, sem preconceitos. Ele quer ouvir alegrias tristezas. Não uma escuta sociológica, estatística. Esse encontro integra vida palavra. Precisamos escutar os anseios dos homens mulheres de hoje para iluminar com a Palavra de um Jesus que vive. Conversão pastoral pede conversão pessoal. Se não formos capazes de converter pessoalmente, não con verteremosExistempastoralmente.algunselementos fundacionais da sinoda 1) consciência – nossa dignidade pelo batismo (o dia mais importante da vida dia do batismo); 2) corresponsabilidade do batizado (não confundir mundo em todos os lugares; 3) unidade da missão tornar Evangelho de Jesus Cristo presente no mundo, cada um com seu talento carisma (a diversidade de ministérios pela unidade); 4) Governo de Pastoral deixado em comunhão –ministério ordenado para unidade, que preside Co munhão (ação do clero); 5) conselho/escuta como parte integrante da deci são.A sinodalidade nasce no coração de Deus, pela pes soa de Jesus Cristo pela força do Espírito Santo. O Papa Francisco ainda coloca duas condições para que sínodo aconteça: falar com verdade o que melhor para Igreja, com desapego; escutar com liberdade humildade, enriquecer que o outro diz. A escuta deve ser recíproca. A Igreja funciona com consenso comunhão. Com atuação pastoral, evangélica comunitária. Precisamos passar de pastoral de setores, para pas toral de projeto. Se nossa ação não acontecer em saída com prota gonismo e atitudes, continuaremos com o atual déficit social sinodal. A Igreja sinodal vive a fraternidade. E fraternidade construção constante. Estar atento às necessidades do outro, ouvi-lo. É preciso, também, avaliar melhor lin guagem para abordagem na catequese, na homília, na comunicação.Devemoslevar pessoa ensinamentos do Papa Francisco, por meio da sua linguagem missionária: a) implicativa persuasiva – inspira quando fala; b) mis sionária hospitaleira, acolhedora; c) reveladora: reve JesusNãoCristo.podemos esquecer figura de Maria, mulher sinodal por excelência, que teve atitudes verdadeiras para construção do Reino, desde o seu “sim”, o acolhi mento Jesus Cristo, sua palavra sua vida. gar, com discernimento sabedoria, palavra a vida.

Conheça a história de 4 religiosos que se santificaram em São Paulo Em curso anual, clero de São Paulo se aprofunda no tema da sinodalidade Frei Galvão e Madre Paulina, já canonizados, e os Beatos Mariano e Assunta Marchetti entregaram-se a Deus e ao próximo na capital paulista. Página 16 O SÃO PAULO sintetiza as reflexões apresentadas aos sacerdotes da Arquidiocese, entre os dias 8 e 11, em Itaici. Páginas 10 e 11

EncontroEditorial

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 67 | Edição 3409 | 17 a 23 de agosto de 2022 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00www.arquisp.org.br

‘Comunicação e sinodalidade: comunhão, participação e missão’ Paulo Ramicelli Acólitos, cerimoniários e coroinhas participam do encontro anual com o Arcebispo Metropolitano, em missa na Catedral da Sé, no sábado, 13

Assim disse o Cardeal Scherer aos cerimoniários, coroinhas e acólitos das paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo que lotaram a Catedral da Sé, no sábado, 13, para participar do encontro anual com o Arcebispo Metropolitano. A missa foi organizada pela Pastoral Vocacional e recordou São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas, martirizado no século III, cuja memória litúrgica é celebrada em 15 de agosto. Dom Odilo exortou que as crianças, adolescentes e jovens pensem na possibilidade de consagrar a vida a Deus e busquem acompanhamento vocacional a partir das paróquias em que estão. Página 9

Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘Deus pode estar chamando você, como chamou a mim um dia’

com o Pastor Medalha São Paulo Liturgia e Vida Cidadania, realismo e o dever de propor metas magnânimas para o Brasil Pensemos nas consequências do nosso voto para o presente e o futuro Arquidiocese entregará, em 22 de agosto, a premiação aos contemplados Assunta ao céu, Maria mostra o caminho que temos a seguir rumo a Deus Página 4 Página 2 Página 5 Página 15

Na semana passada, assis timos a diversas mani festações em defesa da democracia e do Estado democrático de direito. A sociedade civil manifestou-se, por meio de suas múltiplas expressões, que deseja viver numa democracia verdadeira e que não aceita retrocessos autoritários ou atitudes que ponham em risco as suas instituições. O Estado democrático de direito refere-se ao funcionamento das instituições pela norma democra ticamente estabelecida, ao invés do funcionamento autocrático, ou por vontade de alguém ou de um grupo que assume o poder de forma não institucional.Osistema democrático de gover no e de sociedade pode ter defeitos, mas é o melhor dos sistemas políticos que existem, uma vez que assegura a liberdade dos cidadãos, dentro dos padrões estabelecidos pelo próprio sistema, e permite a mais ampla par ticipação corresponsável dos cidadãos na vida pública e social. O Brasil al cançou novamente a normalidade de mocrática com a aprovação da Cons tituição de 1988, após um período de regimeEvidentemente,militar. a manifestação em favor do Estado democrático de direito não significa que todos os seus defensores tenham a mesma visão so bre a democracia; justamente, porque nesse sistema é assegurada a livre ma nifestação de ideias e a participação de todos, dentro dos parâmetros da lei. Isso também significa que todos os cidadãos precisam estar conscien tes de seu papel e dever no convívio democrático. A democracia requer que as pessoas se agreguem para dis cutir sobre suas próprias convicções e também sobre as formas de fazer valer essas convicções. Quem não participa na vida democrática, acaba tendo a própria sorte decidida por outros, que participam.Certamente, queremos uma con vivência democrática com dignidade para todos os cidadãos e de respeito pelos seus direitos mais fundamentais. Os direitos humanos fundamentais, entre os quais o direito à vida, à ali mentação, moradia digna, educação, saúde, trabalho e segurança, devem ser assegurados a todos os cidadãos; e se isso não acontece, o sistema demo crático tende a ficar desequilibrado e fragilizado. A perpetuação de profun dos desníveis econômicos e sociais pode significar que se tem um gover no democrático, mas que a sociedade ainda está longe de ser democrática. A corrupção nos diversos níveis de go verno também fere profundamente a convivência democrática.

ODILOCARDEALPEDROSCHERER

Mantido

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE

Quanto ainda deve caminhar nos sa jovem democracia brasileira! A atu al campanha eleitoral, como outras no passado, está voltando suas atenções sobretudo na eleição presidencial, enquanto a dos governadores, sena dores, deputados federais e estaduais está despertando pouco interesse. Tal vez ainda se espera que o presidente da República, não importa quem ele seja, resolva tudo por sua vontade própria? É preciso entender que no sistema democrático brasileiro de go verno, o presidente da República não pode tudo, nem governa de forma autocrática. Não estamos numa mo narquia, nem numa ditadura. O presi dente precisa do Congresso Nacional para governar. Da mesma forma, o governador do estado precisa da As sembleia Legislativa para governar. Os parlamentares apoiarão o go verno ou o fiscalizarão e farão oposi ção a ele. E eles estão mais próximos das bases eleitorais, ao menos teori camente, permitindo que os eleito res acompanhem seu desempenho no cargo e os cobre por posições que não condizem com suas promessas de campanha. Seria hora, portanto, de prestar atenção nos candidatos aos di versos cargos do Legislativo, que tam bém precisam ser votados nas próxi mas eleições. Quem são os candidatos da nossa área eleitoral? Eles têm ficha limpa? Que propostas eles têm ou de fendem? Com quem eles estarão coli gados depois das eleições? As eleições são uma ocasião para que todos os cidadãos façam a sua parte para um Brasil melhor. O Papa Francisco lembrou que os católicos e todos os cristãos também são cida dãos e devem contribuir, de modo responsável, para o bem dos povos e países nos quais estão inseridos. Não deveríamos estar preocupados ape nas em “ganhar as eleições”: pense mos nas consequências do nosso voto para o presente e o futuro próximo. É importante conhecer os candidatos a serem escolhidos e votados. No Con gresso Nacional ou na Assembleia Legislativa do estado, eles aprovarão, ou não, os projetos de lei que o gover nante ou os próprios parlamentares propuserem.Faltammenos de dois meses para as eleições. Talvez já tenhamos uma definição sobre a escolha para Presi dente. E para senador, deputado fe deral, governador, deputado estadual, como vai ficar? metropolitanoArcebispodeSãoPaulo Votar em quem? pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Ma ria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: OESP Gráfica • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222 • Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700, 3760-3723 e 3760-3724 • Internet: www.osaopaulo. org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 90 (semestral) • R$ 160 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as car tas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.DE SÃO PAULO

2 | Encontro com o Pastor | 17 a 23 de agosto de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

Na memória litúrgica de Santa Dulce dos Pobres, no sábado, 13, os fiéis da paróquia a ela dedicada no bairro Jardim Felicidade, na Região San tana, celebraram a padroeira com quatro missas, a última delas, às 18h, presidida pelo Cardeal Scherer, Arce bispo de São Paulo. Antes, entre os dias 4 e 12, aconteceu a novena pre paratória. A missa da quinta-feira, 11, teve a presidência de Dom Jorge Pie rozan, Bispo Auxiliar da Arquidioce se na Região Santana, concelebrada pelo Padre Antônio Pedro dos San tos, Pároco, assistidos pelo Diácono Luiz Carlos Peres. (Com informações de Denilson Araujo)

No site do jornal O SÃO PAULO, você acessa conteúdos atualizados sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algu mas notícias e artigos publicados re centemente. Dom Odilo: os religiosos e as religiosas são uma grande força dentro da https://cutt.ly/FXhkgU8legadosMissãoEdiçãohttps://cutt.ly/gXhkLUanahumanitáriadeclaraçãoRepamhttps://cutt.ly/tXj7RtHdeaAssinadohttps://cutt.ly/WXhj3FygovernoosEleiçõeshttps://cutt.ly/ZXhjGnnIgreja2022:conheça9candidatosaodeSãoPauloacordoentreSantaSéeaRepúblicaSãoToméePríncipeeOEAemitemsobreurgênciaeambientalAmazôniadestemêsdarevistaCelamdestacaosdoCardealHummes

Festividade de Santa Dulce dos Pobres

Posse de Dom Arnaldo Carvalheiro Neto na Diocese de Jundiaí (SP) Diocese de Jundiaí

Missa no Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção Gabriel Felipe

Pascom paroquial www.osaopaulo.org.br

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212 anos da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte

Karen Eufrosino Tays Nayanne da Silva Couto Na tarde da segunda-feira, 15, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa no Se minário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, por ocasião da festa patronal. A Eucaristia foi concelebrada pelo Padre João Henrique Novo do Prado, Reitor; Pa dre Neil Crombie, Vice-reitor; e Padre Luiz Claudio Vieira, Diretor Espiritual desta casa de formação. Também participaram as Ir mãs Missionárias da Consolata e benfeito res, além dos seminaristas propedeutas. Na homilia, Dom Odilo lembrou que nesta solenidade todos são convidados a olhar para Maria com alegria, tê-la como a ima gem de um sonho de Deus realizado por meio dela: “Em Maria, vemos o grande si nal da Igreja vitoriosa”. Clique e leia a no tícia completa: https://cutt.ly/WXjIXbN (Com informações do Padre João Henrique Novo do Prado e do seminarista Gabriel Felipe).

Na manhã da segunda-feira, 15, o Carde al Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Grão-chanceler da PUC-SP, presidiu missa na Paróquia Imaculada Conceição, no bairro do Ipiranga, por ocasião da festa da padroeira da Facul dade de Teologia Nossa Senhora da As sunção. A Eucaristia foi concelebrada tanto pelos padres diretores da faculda de quanto pelos formadores dos semi naristas. Também participaram outros docentes. À noite, o Arcebispo presidiu missa no campus Santana da mesma faculdade. (Com informações do Padre Boris Agustin Nef Ulloa) Festa patronal da Faculdade de Teologia O 6º Bispo da Diocese de Jundiaí (SP), Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, assumiu o ofício na manhã do sábado, 13, em ce lebração no Centro de Evangelização Arca da Aliança Mãe da Divina Providência, na cidade de Várzea Paulista, que fica na área de abrangência daquela diocese. A celebração, com a participação de cerca de 5 mil pessoas, teve entre os concele brantes o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Ar cebispo Metropolitano de São Paulo; Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo de Soroca ba (SP) e Dom Vicente Costa, agora Bispo Emérito de Jundiaí. Os três aparecem na imagem acima, ao lado de Dom Arnaldo (2o à Domesquerda).Arnaldofoi nomeado bispo dioce sano em 15 de junho pelo Papa Francisco. Anteriormente, era bispo da Diocese de Itapeva (SP). Ao saudar o novo bispo, o Cardeal Sche rer pediu aos fiéis que olhassem para a Sagrada Família, para um banner com a imagem de Dom Arnaldo e para o próprio, e reparassem que todos tinham o báculo nas mãos. “Primeiramente, o báculo sus tenta o próprio bispo, é o báculo do pas tor, e o pastor é Jesus”, disse, recordando que muitas vezes o amor do Bispo pelo povo o leva a suportar muitas cruzes, mas que ele não deve se esquecer de que está nas mãos do Ressuscitado. “Que vocês se jam felizes com o novo pai e pastor que o Papa lhes enviou”, desejou o Arcebispo de São Paulo. (Com informações da Diocese de Jundiaí)

A festa patronal dos 212 anos da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, Setor Ca tedral da Região Sé, ocorreu no último fim de semana. No sábado, 13, a missa das 19h foi presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concele brada pelo Padre Rodrigo Moraes Perei ra, Reitor, assistidos pelo Diácono Júlio Neto, missionário da Associação Alian ça de Misericórdia. No domingo, 14, a missa das 17h foi presidida pelo Carde al Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada pelo Padre Rodrigo. (Com informações de Thays Nayanne da Silva Couto)

Realismo, magnanimidade e o Brasil Editorial

O SÃO PAULO

Terminado o Concílio Vaticano II, São Paulo VI usou esta imagem: “O Concílio é como um manancial que dá nascimento a um rio. Pode a fonte estar situada ao longe, mas a corrente do rio nos segue” (Audiên cia, 12/01/1966). Porém, para formar esse imenso caudal que nos conduzirá ao futu ro, aflui, principalmente, a vertente profé tica da “Divina Misericórdia”, nascida das revelações de Santa Faustina Kowalska e oferecida como herança e luz – no Grande Jubileu do Ano 2000 – aos homens e mu lheres do terceiro milênio. Para além das formas devocionais, é evidente seu influxo no Magistério; sobretudo, transpôs o nível da vida teologal presente na piedade popu lar para compor a solene liturgia da Páscoa no Domingo da Misericórdia, e fazer re descobrir o mistério pascal como mistério da divina misericórdia, a fim de que, como anela o Papa Francisco, o querigma trini tário e profético da misericórdia ocupe o centro da vida e da missão da Igreja crente e orante.Aproclamação do Ano Santo da Mi sericórdia (2015-2016) é exemplo de que a confluência do Concílio e da mensagem evangélica da divina misericórdia é natu ral, e cada vez mais caracteriza o caminho da Igreja, já que “o Vaticano II é o Concílio da Misericórdia” e, por sua vez, “a mise ricórdia é o princípio hermenêutico deste papado, que transmite a compaixão, a ter

4 | Ponto de Vista | 17 a 23 de agosto de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

Oexercício responsável da cida dania exige realismo. Chama do a ser sal e luz do mundo, o cristão tem o dever de não ignorar os problemas da nossa sociedade, muito especialmente aquelas injustiças que passam despercebidas – que se torna ram invisíveis – aos olhos da mentalidade contemporânea dominante, marcada pelo materialismo e pelo hedonismo. Na so ciedade contemporânea, há muito o que mudar, retificar, aperfeiçoar e transformar. Mas o realismo – essa compreensão profunda e serena da realidade, resultado não apenas da verificação empírica, mas também da reflexão, do diálogo, do estu do e da oração – conduz a reconhecer o muito que se fez até aqui. Em concreto, muitas coisas boas foram feitas no Brasil. Ao longo da história do nosso País, houve muito serviço abnegado por parte de mui tas pessoas de boa vontade. E esse serviço, do qual participou ativamente a Igreja des de o século XVI, produziu muitos frutos, presentes até hoje. Em primeiro lugar, mencionam-se duas áreas em que a atuação dos católicos – padres, religiosos e religiosas de diver sas ordens e muitos leigos – teve especial protagonismo: a saúde e a educação. Espa lhados por todo o País, existem hospitais, casas de saúde, casas de repouso, creches, escolas técnicas, colégios, universidades e muitas outras instituições de saúde e en sino que foram criados e/ou são mantidos pela atuação da Igreja e de seus fiéis. Também se nota a presença especial da atuação dos católicos em tudo o que se refere ao Direito brasileiro. Hoje, consta ta-se uma intensa disputa no Legislativo e no Judiciário por temas com especial co nexão com a vida, a família e a educação. Sem dúvida, existe um grande trabalho de aprimoramento da legislação a ser feito. De toda forma, parcela importante desse cuidado por uma proteção mais efetiva da dignidade da pessoa humana consiste em evitar retrocessos. Ou seja, já estão vigen tes muitas regulações legislativas justas e adequadas, que foram fruto não do acaso, mas do trabalho perseverante e abnegado de muitos católicos em temas de especial interesse público. Por exemplo, as dispo sições constitucionais sobre a família e o direito à educação, bem como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio nal, expressam importantes princípios da Doutrina Social da Igreja. Também é pos sível ver o influxo cristão nos programas sociais com foco na família, na infância e na terceira idade. Não são casos isolados. Em muitas frentes da atuação estatal, veri fica-se a presença vivificadora da proposta cristã sobre a vida e as relações sociais. O reconhecimento do muito que se fez até aqui é importante para que todo esse bom trabalho, presente em tantas áreas, seja preservado. Seria um grande equí voco, um manifesto desconhecimento da realidade, pensar que tudo o que está vigente hoje teria sido contaminado ou distorcido por ideologias materialistas e reducionistas.Alémdecolaborar na preservação do trabalho dos que nos precederam, o re conhecimento dos resultados obtidos até aqui é fundamental para a magnanimida de em relação aos planos futuros. O influ xo cristão na sociedade não é uma meta utópica: já é realidade em muitas leis, em muitas instituições, em muitas das atua ções do poder público, em incontáveis vidas que se dedicam silenciosamente a servir – a ser sal e luz do mundo. Acreditar na transformação profunda da sociedade não é uma aposta ingênua ou uma atitude irracional: é expressão das virtudes teolo gais (fé, esperança e caridade) e, também, é fruto do próprio conhecimento do pas sado e do presente. A sociedade brasileira tem muitos aspectos negativos, que desafiam nossa esperança e demandam nossa fé e nosso trabalho. Mas ela, desde já, contém e ma nifesta uma enorme variedade de bons frutos. Não construímos a partir do zero. Podemos e devemos sonhar alto, propor metas magnânimas, porque Deus está conosco e porque nossos irmãos – tantas mulheres e tantos homens de boa vonta de – trabalharam e continuam a trabalhar, com silenciosa eficácia, pelo bem de todos: pelo cuidado de todos, pelo cuidado de cada uma e de cada um.

MARCELO CYPRIANO MOTTA

MarceloCyprianoMotta,advogado,contempladocoma Medalha“São Paulo Apóstolo”2018, atua na“Promoção da Cultura da Misericórdia”no Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

O novo humanismo da misericórdia dioso’ que constitui a mensagem messiâ nica do Evangelho” (Dives in misericordia, 14). Pois a isto deve conduzir o “princípio pastoral” (ou querigmático) do Concílio; porém, não se trata tanto de ler os docu mentos conciliares para depois aplicá-los, e sim de um aprofundamento quanto aos modos de proceder que eles criaram, para desenvolver hoje suas potencialidades de futuro, se, de fato, o método do Concílio permaneceu inacabado (C. Theobald). Os sinais dos tempos são “sinais messi ânicos” da presença do Reino e devem ser perscrutados à luz da mensagem messiâni ca do Evangelho, ou seja, na perspectiva do Amor misericordioso: o real é, por princí pio, velado, e exige um esforço de decifra ção diante dos acontecimentos, pela fé que se deixa conduzir pelo Espírito Santo até uma plenitude de humanidade (GS 4 e 11). Daí a “chave simbólica” e bíblica do sinal de Jonas, sinal messiânico da misericórdia de Deus (cf. “O simbolismo da misericór dia”, O SÃO PAULO, 22/06/2022), que exige o ver-julgar-agir constitutivo da GS. Assim, ajustada ao mundo de hoje (não o de 1965), uma hermenêutica segundo o tempo do culto e da cultura da misericór dia entra na correnteza do Concílio e da “Divina Misericórdia”, sem prescindir da força do símbolo e da visão messiânica da História.

Asopiniõesexpressasnaseção“Opinião”sãoderesponsabilidadedoautorenãorefletem,necessariamente,osposicionamentoseditoraisdojornal

Arte: Sergio Ricciuto Conte nura e a proximidade de Deus que gera uma plenitude de humanida de” (Carlos M. Galli, Conferência na Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe). Logo, a misericór dia como “princípio hermenêutico” e “plenitude de humanidade” está na linha da hermenêutica da tríade da misericórdia ordenada ao dis cernimento dos sinais dos tempos até uma cultura da misericórdia (vide artigos anteriores), pois os signa temporum aparecem na Gau dium et spes (GS) em vista de “solu ções plenamente humanas” (GS 11) e, portanto, de um “novo humanis mo” a partir da cultura (GS 55). São João Paulo II sintetizou as sim: “É nesta direção que nos con duz também o Concílio Vaticano II, quando, ao falar repetidamente da necessidade de tornar o mundo mais humano, centraliza a missão da Igreja no mundo contemporâ neo, precisamente na realização desta tarefa. O mundo dos homens só se tornará mais humano se in troduzirmos [...] o ‘amor misericor

Opinião

No capítulo 5 do livro de Oseias (Os 1-7), o profeta descreve a ruína de Israel por culpa de seus líderes religiosos (sacerdotes) e políticos (reis), bem como do povo escolhi do (Israel). Diz o texto: “Ouvi isto, sacerdotes, escutai casa de Israel... casa do rei, abre os ouvidos... vós tendes sido uma armadilha em Mis pá, um laço armado sobre o Tabor”. Fica claro que, no contexto do Antigo Testamento, a causa da ruína é o distanciamento de Deus que dei xou de ser escutado. Por decorrên cia, no regime teocêntrico de então, a política passou a criar armadilhas para o povo que vivia nos territórios sagrados.Assemelhanças com os tempos atuais são grandes, mas devemos su blinhar que não vivemos em uma teo cracia, mas, sim, em uma democracia. Isso demanda uma reflexão sobre o posicionamento político dos católicos que vivem no mundo, ainda que não sejam deste mundo (cf. Jo 17,16).

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PADRE CIDO osaopaulo@uol.com.brPEREIRA JOSÉ MARIO BRASILIENSE Desde os tempos de Aristóte les, na Grécia antiga, os homens se associam no plano político não somente para viver, mas, sobretu do, para ter uma vida boa e garan tir uma existência perfeita e autô noma (Política, Livro III, cap. 9). Como lograr a vida boa para toda uma comunidade, sem pessoas ex cluídas e descartadas, se não por meio da escuta e do diálogo entre os cidadãos?Porexemplo, são divulgadas pelo WhatsApp mensagens e vídeos in flamados e contagiantes em que clé rigos e lideranças eclesiais leigas, em nome de convicções religiosas, con vocam o povo a dar apoio ou conde nar candidatos totalmente opostos. Esse tipo de conduta simboliza o cenário de polarização que vem se arrastando desde 2018. Fazem pen sar na já referida profecia de Oseias: “Mas o coração deles será dividido por falta de sinceridade!... Eles vão dizer: não existe mais um rei para nos defender, porque nós temos vi vido sem temer a Javé... Eles se der ramam em palavras, jurando falso e fazendo conluios, e as falsificações do direito se alastram como ervas ve nenosas na superfície dos campos!” (OsNeste10,2-4).cenário, nada mais opor tuno do que ver, julgar e agir, pois a situação é complexa e exige uma reflexão profunda à luz do Magis tério. O número 571 do Compên dio da Doutrina Social da Igreja nos ensina: “Quando o Magistério da Igreja se pronuncia sobre ques tões inerentes à vida social e políti ca, não desatende às exigências de uma correta interpretação da laici dade, porque não pretende exercer um poder político nem eliminar a li berdade de opinião dos católicos em questões contingentes. Intenta, em vez – como é sua função própria –, instruir e iluminar a consciência dos fiéis, sobretudo dos que se dedicam a uma participação na vida polí tica, para que o seu operar esteja sempre a serviço da promoção in tegral da pessoa e do bem comum” (Grifos meus).

Fé e Cidadania

O caminho de amadurecimento político até as eleições de outubro Esta é a dúvida da Aparecida, do bairro do Imirim. Minha irmã, eu con vido você a abrir sua Bíblia no livro de Gênesis 4,25. Lá, nós lemos que para substituir Abel, que tinha sido assassi nado por Caim, Adão e Eva tiveram um terceiro filho, cujo nome era Set. Adão tinha 130 anos quando nasceu Set. No capítulo 5, lemos que Adão viveu mais 800 anos e gerou filhos e filhas. Quan tos? A Bíblia não fala. O autor sagrado não achou necessária a informação do número desses filhos e filhas. O autor sagrado falou dos três pri meiros filhos e continua falando dos filhos de Caim e Abel. Não se assuste também com o nú mero dos filhos de Adão e Eva. A preo cupação do autor de Gênesis era contar a criação do primeiro casal, a desobe diência de ambos, o distanciamento dos dois e a promessa de um Salvador. O importante é a verdade bíblica que está na redação dos primeiros capí tulos: a criação do homem e da mulher, e o não que eles deram ao projeto de Deus de enviar um salvador. Guarde essas verdades no seu coração!Deus abençoe você, Aparecida. Que você cresça na intimidade com Deus, no seguimento de Jesus e sempre ilu minada pelo Espírito Santo. Você Pergunta

O Magistério, portanto, não se sobrepõe à liberdade de opinião dos católicos no caminho sinodal de amadurecimento político a ser percorrido até outubro de 2022. O voto solitário e secreto, de cada elei tor e eleitora, poderá ser animado pela passagem “quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la e quem per der sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 16,25). O Papa Francisco tem procurado abrir espaços para um fecundo diá logo no âmbito da Igreja por meio de percursos sinodais, que são ca minhos de comunhão e busca de caminhos em unidade. O mesmo poderia ser feito no âmbito políti co e, desde logo, devemos convir que as redes sociais não se prestam a isso, pois se tornaram espaços de propaganda ideológica e polariza ção política.

José Mario Brasiliense,masteremTeologiapela Pontifícia Universidade Lateranense, doutor em Administração Pública pela EAESP-FGV e presidente da OficinaMunicipal,umaescoladecidadaniaegestãopúblicavinculadaàFundaçãoKonradAdenauer.

Quantos filhos Adão e Eva tiveram depois de Abel e Caim?

CERIMÔNIA DE ENTREGA A cerimônia de entrega da Medalha acontecerá no dia 22 de agosto, às 20h, no Teatro TUCA (Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes), e será transmitida pe las mídias digitais da Arquidiocese.

A glória da elevação Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PAROQUIAL:ADMINISTRADOR Em 05/08/2022, foi nomeado e provisionado como Administra dor Paroquial da Paróquia San to Antônio de Pádua, no bairro da Chácara Mafalda, na Região Episcopal Belém, o Reverendís simo Padre Tarcísio Marques Mesquita, até que se mande o POSSEcontrárioCANÔNICA: Em 07/08/2022, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no bairro da Chácara Mafalda, na Região Episcopal Belém, ao Reverendís simo Padre Tarcísio Marques CONVÊNIOMesquita. DE AJUDA EmPASTORAL:21dejulho de 2022, foi as sinado o Convênio de ajuda pastoral entre a Arquidiocese de São Paulo e a Sociedade Be neficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês, para o atendi mento religioso no Hospital Sí rio Libanês, Unidade Bela Vista.

DEFESA E PROMOÇÃO DA VIDA E DIGNIDADE HUMANA: Márcia Mathias de Castro Fonoaudióloga, membro da Pasto ral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e da Escola de Fé e Política Wal demar Rossi na Região Belém.

MENÇÃO HONROSA: Irmã Marilda de Camargo e Irmã Terezinha Bosco / Centro Educacional Comunitário Emília Mendes Religiosas da Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor que, des de 1980, realizam um trabalho apostólico voltado às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade social no Jar dim Sinhá, zona Leste de São Paulo.

CULTURA:INSTITUIÇÕES:IrmãMaria Izabel Coenca, OP / Colégio Santa Catarina de Sena Instituição de ensino fundada em 1934, pelas Irmãs Dominicanas de San ta Catarina de Sena. COMUNICAÇÃO SOCIAL: Comunidade Canto de Maria Fundada em 1989, reúne famílias e jovens que desenvolvem ações missioná rias nos campos das artes e comunicação, especialmente nas mídias sociais.

AÇÃO MISSIONÁRIA: Padre Jorge da Silva Pároco da Paróquia São Francis co Xavier, no Jardim Japão, na Região Episcopal Santana, que realiza o projeto de evangelização “Catequese no Farol”, como resposta aos apelos do sínodo ar quidiocesano de São Paulo. É também Diretor da rádio 9 de Julho

EDUCAÇÃO CRISTÃ: Mario Shozolyama Catequista de Iniciação Cristã de Adultos na Paróquia Santa Teresinha, na Região Sé.

SERVIÇO SACERDOTAL: Padre José Henrique Weber, SVD Sacerdote da Congregação dos Missionários do Verbo Divino (Verbi tas), formado em Música com ênfase em Canto Gregoriano pelo Pontifício Instituto de Música Sacra, em Roma, e especialista em Música pelo Institu to Católico de Paris. Foi Assessor de Música Litúrgica da Conferência Na cional dos Bispos do Brasil (CNBB). É compositor de inúmeros cantos litúr gicos.

No dia solene da Assunção de Nossa Senhora, as leitu ras querem avivar a devoção àquela que foi assunta ao céu e fortalecer nossa luta contra o mal. Diz a Lumen gentium: “A Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e pelo Senhor exaltada qual rainha do universo, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte” (LG 59). O Apocalipse diz que é tempo de confronto com o mal, até a consumação da história. O dragão per sonifica o mal, o inimigo de Deus: é san guinário (vermelho); tem pleno poder sobre os impérios do mundo (7 cabeças, 7 coroas); mas sua força é imperfeita (10 chifres); tem a pretensão de lutar contra Deus, devorar o Filho que veio para des truí-lo. João fala de sua visão da Assunção corpórea de Maria ao céu. “Mulher” tem dois sentidos: Mãe de Jesus (ela deu à luz um Filho que há de governar as nações); e, também, uma representação da Igreja (as 12 estrelas simbolizam o povo de Deus que tem nos apóstolos o alicerce). São Paulo faz uma relação entre Adão e Jesus: no primeiro, todos morrem; em Jesus, todos reviverão. Junto ao novo Adão, Jesus Cristo, está a nova Eva, Ma ria, elevada à glória celeste. O Evangelho fala do encontro entre duas mães: Isabel exclama que Maria foi agraciada de modo único por Deus e não esconde a alegria de receber sua visita. Maria proclama que as maravilhas operadas nela são obra do To do-Poderoso. Ela nunca tem o olhar vol tado unicamente para si, a não ser quando se trata de realçar sua pequenez. Sigamos, com nossa fragilidade, rumo à glória futura. A vida está repleta de ho ras inesperadas. O amanhã nem sempre é como imaginamos. Pode mudar para melhor ou para pior. O escritor Fernando Sabino fala de três certezas: Que estamos sempre começando; que nos resta muito a fazer; e que podemos ser interrompidos antes de terminar. Nosso tempo é hoje: tempo de começar. São Francisco, no leito de morte, pediu aos frades: Comecemos hoje porque, até agora, pouco fizemos. Temos muito a fazer: nem todas as se aras foram plantadas, nem todos os gestos de bondade foram feitos. E não precisa ser gestos heroicos. A grandeza se cons trói no cotidiano. A fidelidade de cada dia também é heroísmo. São Paulo, depois de uma vida intensa, afirmou: “Combati o bom combate, guardei a fé, resta-me ago ra a recompensa” (2Tm 4,7-8). Celebra mos hoje a vocação das pessoas que con sagram sua vida por meio dos votos de pobreza, castidade e obediência. É mais um dia de gratidão ao Pai! Cada gota de amor que for espalhada ficará para sempre. O mundo precisa ficar mais belo porque você marcou seu cami nho com pequenas flores de amor e beleza. Rubem Alves disse: “A vida não é uma can ção que tem de ser tocada até o fim. É um álbum de pedaços de música. Cada mo mento de beleza vivido e amado, por mais rápido que seja, é uma experiência comple ta, destinada à eternidade. Um único mo mento de beleza e amor justifica a vida in teira”. Com Maria, eleve-se. E justifique-se! DOM BISPOPIEROZANJORGEAUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO SANTANA Espiritualidade

Anunciados os contemplados com a Medalha São Paulo Apóstolo 2022 osaopaulo@uol.com.brREDAÇÃO da PUC-SP e coordenador e docente dos cursos de Administração, Direito e Contabilidade da Conferência dos Religiosos do Brasil – Regional São Paulo (CRB-SP). É também coopera dor Salesiano.

INOVAÇÃO METODOLOGIANA

AÇÃO CARITATIVA E DE PROMOÇÃO HUMANA: Padre Osvaldo Bisewski Pároco da Paróquia Santa Luzia, no Mandaqui, Região Santana, e Dire tor-Presidente do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, instituição que comemora 75 anos de fundação em 2022.

A Comissão Julgadora da Medalha São Paulo Apóstolo anunciou na sexta -feira, 12, os nomes das pessoas e insti tuições reconhecidas por seu testemu nho eclesial e pastoral na Arquidiocese de São Paulo no ano de 2022. Leia, a seguir, a lista de contemplados: TESTEMUNHO LAICAL: Dr. Sergio Roberto Monello Professor, advogado e contabilista especializado em Direito Educacio nal, Assistencial Filantrópico, Tri butário e Previdenciário, professor

SERVIÇO SOCIAL: Recanto Nossa Senhora de Lourdes (Obras Sociais Santa Cruz) Entidade beneficente de assistên cia social fundada em 1974, faz parte da Rede Guanelliana, com a finalida de principal de estimular a inclusão da pessoa com deficiência, promovendo sua dignidade.

PASTORAL: José Carlos Ribeiro Gimenes Coordenador da Pastoral da Saúde do Regional Sul 1 da Conferência Na cional dos Bispos do Brasil (CNBB).

6 | Geral/Fé e Vida/Atos da Cúria | 17 a 23 de agosto de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

LUGAR DE ENCONTRO COM DEUS Na homilia, Dom Odilo destacou que a Paróquia São José “tem o testemunho de uma vida e uma história consolidada no bairro”, e exortou os fiéis a continua rem a escrever a história com consciên cia e entusiasmo. “Que nós, desta geração, não passe mos páginas em branco para o futuro, mas, sim, páginas bonitas e com tantas coisas boas realizadas”, afirmou, desta cando que o mais importante a realizar e escrever é o testemunho da fé e a ca ridade, por meio de uma vida cristã no cotidiano e em comunidade. “Somos edificados sobre o alicerce que é Jesus Cristo”, disse o Arcebispo, recordando a leitura da Carta de São Paulo aos Coríntios, na qual conclama o povo, que é “construção de Deus”. Acerca da primeira leitura (1Rs 8,22-23.27-30), Dom Odilo destacou que Salomão de dicou o seu templo ao Senhor para que “fosse casa de Deus no meio da casa dos homens”, e afirmou que “a Igreja é sinal de Deus entre nós”, além de ser lugar do encontro com Ele. O Arcebispo exor tou os fiéis a serem “templos dignos de Deus” e manifestarem, por meio da vida, a glória de Deus. O dia jubilar também foi ocasião para a abertura de uma exposição de fotos históricas da Paróquia, resgatadas do arquivo, e que permanecerá até o fi nal de agosto. A exposição, que fica no átrio da igreja matriz, conta, ainda, com duas casulas romanas, usadas na década de 1940, que também foram restauradas.

[SÉ] Na tarde do sábado, 13, na Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Santa Cecília, Dom Rogério Augusto das Neves confe riu o sacramento da Crisma a 27 jovens, sendo 17 do Colégio São Luís, sete da Paróquia São Luís Gonzaga, dois da Paró quia Nossa Senhora Aparecida, do Setor Pinheiros, e um da Paróquia Nossa Senho ra do Carmo – Basílica do Carmo, do Setor Cerqueira César. Concelebraram o Pároco, Padre Jonas Carvalho de Moraes, SJ, e o Padre Edison de Lima, SJ, Diretor-geral do Colégio São Luís. (por Rosi Oliveira) [SÉ] No sábado, 13, na Paróquia São Pau lo da Cruz – Igreja do Calvário, Setor Pi nheiros, aconteceu a formação dos casais dirigentes de 1ª e 2ª etapas do Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Região Sé. A atividade começou com a missa presidi da por Dom Rogério Augusto das Neves, e concelebrada pelo Padre Arlindo Vieira, colaborador na Paróquia. Depois, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé mi nistrou uma palestra, na qual destacou a confiança em Deus nesse serviço de evan gelização das famílias. Outras palestras ocorreram ao longo do dia. O encerra mento foi com o Padre Norberto Brocardo, Pároco, que fez o balanço das atividades desenvolvidas e proferiu a bênção final. Leia a íntegra da notícia no link a seguir: https://cutt.ly/5XfQmHJ (por Cassiano e Norma Pesce, casal diocesano do ECC)

BELÉM

[SÉ] No domingo, 14, na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, Setor Santa Cecília, em missa presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, aconteceu a abertura regional da Semana Nacional da Família. Concelebraram os Padres Alessandro de Borbón, Pároco e Assistente Eclesiástico da Pastoral Familiar; e Assis Donizete, Vigário Paroquial. (por Pastoral Familiar)

Paróquia São José do Belém completa 125 anos de criação

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FERNANDO ARTHUR COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO te das mudanças sociais, locais e globais. Nasce de um olhar evangelizador sobre a realidade. Isso nos compromete a uma atenção contínua às mudanças da reali dade e o desafio de como manter sempre atual o Evangelho”, ressaltou. O Sacerdote também destacou o crescimento do bairro do Belém, que se formou no entorno da igreja, que era referência local ao longo das décadas de 1930 a 1980. Por fim, Padre Marcelo co mentou que o jubileu paroquial ocorre no contexto do primeiro sínodo arqui diocesano – “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” – e, desse modo, exortou os fiéis a renovarem o compromisso de ser uma paróquia de portas abertas e missionária.

[BELÉM] No sábado, 13, a Paróquia San to Emídio, na Vila Prudente, inaugurou o busto do Padre Damião Kelverkamp, da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria (SS.CC.), primeiro Páro co da Paróquia e fundador do Círculo de Trabalhadores da Vila Prudente, entida de social que oferece assistência médica, cultural e social aos operários do bairro. A inauguração foi realizada por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arqui diocese, juntamente com o Pároco, Padre Edmar Oliveira, SS.CC; e os Vigários Paro quiais, Padres Edvaldo Carneiro e Paulo Dekker, da mesma congregação. (por Fernando Arthur) [LAPA] A Pastoral da Saúde da Paróquia São Pedro Apóstolo, do Central Parque, Setor Lapa, promoveu, na quinta-feira, 11, uma palestra sobre “Depressão e Sui cídio”, ministrada por Patrícia Monteiro, neuropsicóloga e especialista em Saúde Mental. A acolhida dos participantes foi feita pelo Pároco, o Padre Marcos Lou renço Cardoso, RCJ. Patrícia ressaltou que a depressão é uma das principais causas de incapacidade do mundo, e que a intensidade do quadro depressivo é fator determinante para definir o risco de que alguma pessoa cometa suicídio. A íntegra da notícia pode ser lida no site do O SÃO PAULO, pelo link a seguir: https://cutt.ly/5Xfe7Xf (por Benigno Naveira e Katiuscia Teodoro) [IPIRANGA] No domingo, 14, na Paró quia Santo Afonso Maria de Ligório, Setor Pastoral Cursino, foi celebrada a abertura paroquial da Semana Nacional da Famí lia, com missa presidida por Dom Ânge lo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Conce lebrou o Pároco, Padre Benedito Vicente de Abreu. Na ocasião, houve homenagem aos pais pela celebração de seu dia. (por Andréia Carvalho) [IPIRANGA] No sábado, 13, foi celebra da a memória litúrgica de Santa Dulce dos Pobres, “o Anjo Bom da Bahia”. No Santu ário São Judas Tadeu, às 7h, na primeira missa do dia, aconteceu a bênção e entro nização da imagem de Santa Dulce, que permanecerá na igreja antiga para a devo ção dos fiéis. O Santuário é conhecido na região por possuir uma grande variedade de imagens de santos para a devoção do povo, mais precisamente na igreja antiga. Santa Dulce foi canonizada em 13 de ou tubro de 2019, pelo Papa Francisco. (por Priscila Thomé Nuzzi) A Paróquia São José do Belém cele brou no domingo, 14, os 125 anos de sua criação, com missa presidida pelo Car deal Odilo Pedro Scherer, e concelebrada pelos Padres Marcelo Maróstica, Pároco, e Thiago Faccini Paro, Vigário Paroquial. Na ocasião, também se recordou o pri meiro aniversário de dedicação da igreja e do“Paróquia:altar. casa de portas abertas e Igreja em missão” foi o tema celebrado neste dia, por meio do qual o Padre Mar celo recordou, no começo da missa, a vida e a história da Paróquia, destacando os principais acontecimentos da Igreja e da humanidade ao longo dos anos, fa zendo ligação desses fatos com o cresci mento do bairro e da Paróquia. Acerca dos primeiros anos da Paró quia, entre 1897 e 1930, o Pároco ressal tou que esta foi desmembrada da Paró quia Bom Jesus do Brás, e construída por imigrantes italianos e portugueses que moravam no Belém, bairro antigamente chamado de Marco da Meia Légua. “Nesta breve história da criação da Paróquia, percebemos que a sua origem se dá por uma necessidade pastoral dian

[SÉ] Dom Rogério Augusto das Neves conferiu o sacramento da Crisma a dois jovens da Paróquia São Domingos, no Setor Perdizes, na manhã do domingo, 14. Concelebrou o Pároco, Frei Márcio Alexandre Couto, OP. (por Frei Márcio Alexandre Couto, OP) Arquivo paroquialArquivo paroquial Braulio Rocha Gonçalves Alexandre Miguel Jorge Louizanira Soares de Souza

[BRASILÂNDIA] No sábado, 13, os padres atuantes no Setor Jaraguá se reuniram na Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, no Jardim Rincão, com os coordenadores e representantes da Pastoral do Batismo. Padre Sérgio Antônio Bernardi, CRL, Referencial desta Pastoral no Setor, fez a acolhida ao Padre Ramilson do Nascimento Silva, Ccsh, novo Coordenador do Setor, que conduziu a reunião em que foi apresentada a metodologia já existente de trabalho desta Pastoral e avaliados aspectos que podem ser melhorados. (por Patrícia Beatriz Lopes)

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PascomFernandesparoquialNiltonGomesPauloStelaAndreia Carvalho Veruska Moura Gislaine

[BRASILÂNDIA] No domingo, 14, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa na Comunidade Santa Isabel Rainha de Portugal, pertencente à Paróquia Santa Luzia, Setor Freguesia do Ó. Na ocasião, houve homenagem aos pais, que foram abençoados pelo Bispo Auxiliar da Arqui diocese na Região Brasilândia. (por Mauro César)

[SÉ] A Festa devocional de Nossa Senhora da Cabeça foi celebrada na Igreja Menino Jesus e Santa Luzia, Setor Catedral, com quatro missas na sexta-feira, 12. A das 12h foi presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re gião Sé. Concelebraram o Capelão, Padre Luiz Claudio de Almeida Braga, além dos sa cerdotes colaboradores: Padres José Henrique do Carmo, Jonas dos Santos Lisboa e Luiz Fernando Oliveira. (por Padre Luiz Claudio de Almeida Braga)

[BELÉM] A Pastoral Familiar da Região Belém realizou no sábado, 13, a abertura regional da Semana Nacional da Família, com missa na Paróquia São Rafael, na Mooca. A Eucaris tia foi presidida pelo Padre Jonatas Mariotto, Assistente Eclesiástico da Pastoral na Região Belém, e concelebrada pelo Pároco, Padre José Maria Ramos, CRSP. (por Nilton Gomes)

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Me zzari, RCJ, presidiu missa na Paróquia São Vicente de Paulo, no Setor Anchieta, na noite da segunda-feira, 15, por ocasião da abertura da Semana Nacional da Família, na Região Ipiranga. Participaram membros das Pastorais Familiar e da Criança e das Equipes de Nossa Senhora por Karen Eufrosino) [BRASILÂNDIA] No dia 10, membros da Pastoral da Saúde da Região Brasilândia participaram de reunião com a supervisora técnica de saúde da Freguesia do Ó/Brasilân dia, Maria Aparecida Faustino, mais os conse lheiros gestores do Pronto Socorro Municipal 21 de junho - Freguesia do Ó - e trabalhado res, para conhecerem a planta das futuras obras e reformas que possibilitarão o Pronto Socorro, localizado na Avenida João Paulo I, 421, atender a população como um serviço de saúde Unidade de Pronto Atendimento (UPA), classe III. (por Marcos Rubens Ferreira) Fernando

RodrigoBenignoTrindadeNaveiraFernandes

[BRASILÂNDIA] No sábado, 13, foram comemorados os 28 anos da atual igre ja-matriz da Paróquia Cristo Libertador. Houve missa em ação de graças, presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap. (por Pascom paroquial)

[BRASILÂNDIA] A Paróquia Nossa Senhora do Retiro, Setor Pereira Barreto, organizou no sábado, 13, um casamento comunitário, no qual 11 casais receberam o sacramento do Matrimônio, em cerimônia assistida pelo Padre Silvio Oliveira, Administrador Paroquial. Ao longo de dois meses, os casais foram preparados e acompanhados pela Pastoral Fa miliar. A maioria dos noivos já faz parte das pastorais, grupos e movimentos existentes na comunidade paroquial. Leia a notícia completa no link a seguir: https://cutt.ly/rXfThhb (por Renata Moraes)

[SANTANA] Na manhã do domingo, 14, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arqui diocese na Região Santana, presidiu missa pelo 48° aniversário da Paróquia Jesus no Hor to das Oliveiras, concelebrada por Frei Ernane Pereira Marinho, SIA, Pároco, com a partici pação do Coral Santo Inácio e de paroquianos. (por Fernando Fernandes)

[LAPA] No domingo, 14, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Anglo-Brasilei ra, Setor Lapa, aconteceu a celebração eucarística pelo “Dia dos Pais”, presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada pelo Padre José Donizete Fiel Rolim de Oliveira, Pároco. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa recordou a todos sobre a impor tância do papel que o pai desempenha na estrutura familiar, sendo exemplo de respeito e dedicação. Lembrou, ainda, que no lar onde há relação de confiança são cultivados os valores fundamentais que servem de base para que os filhos possam ter uma orien tação sobre honestidade, ética e formação na fé. (por Benigno Naveira)

[BELÉM] No domingo, 14, Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Anto nieta, concelebrada pelo Padre Valdir João Silveira, Pároco. (por Vitor Garcia)

[BRASILÂNDIA] No dia 7, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa na Paróquia Cristo Rei, no Jardim Britânia, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos. (por Rodrigo Fernandes)

Ser Pascom na sinodalidade é comunicar e divul gar, com discernimento e sabedoria, a Palavra e a vida.

5) Conselho/escuta como parte integrante da decisão.Asinodalidade nasce no coração de Deus, pela pes soa de Jesus Cristo e pela força do Espírito Santo.

Paulo Ramicelli Arte: Sergio Ricciuto Conte

‘Comunicação e sinodalidade: comunhão, participação e missão’

2) Corresponsabilidade do batizado (não confun dir com ministralidade) – começa com a nossa missão no mundo em todos os lugares;

O Papa Francisco ainda coloca duas condições para que o sínodo aconteça: falar com verdade o que é melhor para a Igreja, com desapego; e escutar com liberdade e humildade, enriquecer o que o outro diz. A escuta deve ser recíproca. A Igreja funciona com consenso e comunhão. Com atuação pastoral, evangélica e comunitária. Precisamos passar de pastoral de setores, para pas toral de projeto. Se nossa ação não acontecer em saída com prota gonismo e atitudes, continuaremos com o atual déficit social e sinodal. A Igreja sinodal vive a fraternidade. E fraternidade é construção constante. Estar atento às necessidades do outro, ouvi-lo. É preciso, também, avaliar melhor a lin guagem para a abordagem na catequese, na homília, na comunicação.Devemoslevar a pessoa e os ensinamentos do Papa Francisco, por meio da sua linguagem missionária: a) implicativa e persuasiva – inspira quando fala; b) mis sionária – hospitaleira, acolhedora; c) reveladora: reve la JesusNãoCristo.podemos esquecer a figura da Virgem Maria, mulher sinodal por excelência, que teve atitudes verda deiras para a construção do Reino, desde o seu “sim”, o acolhimento a Jesus Cristo, sua palavra e sua vida.

Esse foi o tema central da conferência de abertura do 7º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), realizado entre os dias 22 e 24 de julho, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP). Fazer caminho sinodal é gerar processos. A co munhão como lugar privilegiado para o exercício da sinodalidade. Comunhão, participação e missão como pilares do agir missionário do comunicador cristão. Conversão pastoral. O facilitador do tema foi o Padre Sérgio Leal, 33 anos, que participou de forma remota, diretamente do Porto, Portugal. O Sacerdote defendeu sua tese de li cenciatura sobre a sinodalidade como estilo pastoral na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Ele começou dizendo que a sinodalidade não é um evento, mas, sim, um modo de viver, um modo de ser Igreja, que deve moldar o agir eclesial. Foi um chamado a todos os católicos do mundo, feito pelo Papa Francisco para que juntos seguíssemos o caminho da sinodalidade, a fim de refletir o que espe ramos para a Igreja no terceiro milênio. Sinodalidade não é uma palavra de moda. Ela faz parte da identidade da Igreja. Sínodo e Igreja devem ser vistos como sinônimos. Sínodo significa caminho conjunto – Igreja, cami nho pela Santíssima Trindade –, povo que caminha na unidade Pai, Filho e Espírito Santo. Caminho significa mudança. Devemos estar aber tos e atentos às mudanças. E nossa Igreja deve seguir essa jornada de constante transformação e conversão pastoral, como algo concreto. – “Ah, mas sempre foi assim!”. Essa fala impede a mudança. É necessária uma comunhão verdadeira en tre leigos e clero para a ação e transformação. O que o Espírito Santo nos pede é que deixemos de pensar no passado – isso é saudosismo. Somos chama dos a refletir o aqui e o agora. Nossa Igreja tem dois pilares estratégicos em sua ação: o sociocultural e a fé. O atual horizonte sociocultural é de mudança. E o Papa Francisco nos coloca essa certeza de mudança de época. Para tanto, se faz necessária uma nova eta pa evangelizadora. Uma virada de página, de atitude e comportamento.Sinodalidade é tornar obra e estilo eclesial. Uma di mensão constitutiva da vida de Igreja. É ação. Santo Inácio de Antioquia disse que o cristão deve ser sinodal. Não ter uma fé desintegrada da ação. Ação em conjunto: nós e o Espírito Santo. Muitas passagens bíblicas nos remetem a este movi mento sinodal. Quando Jesus fala às multidões, Ele fala com todos e para todos. Quando Jesus segue a caminho de Emaús, ali é es tabelecido um encontro sinodal. Jesus se coloca numa escuta ativa, sem preconceitos. Ele quer ouvir alegrias e tristezas. Não é uma escuta sociológica, estatística. Esse encontro integra vida e palavra. Precisamos escutar os anseios dos homens e mulheres de hoje para iluminar com a Palavra de um Jesus que vive. Conversão pastoral pede conversão pessoal. Se não formos capazes de nos converter pessoalmente, não nos converteremos pastoralmente.

3) Unidade da missão – tornar o Evangelho de Jesus Cristo presente no mundo, cada um com seu talento e carisma (a diversidade de ministérios pela unidade);

Existem alguns elementos fundacionais da sinodalidade.1)Aconsciência – nossa dignidade pelo Batismo (o dia mais importante da vida é o dia do Batismo);

AGOSTO DE EDIÇÃO202201Pascom em Ação

4) Governo de Pastoral deixado em comunhão –ministério ordenado para a unidade, que preside a Co munhão (ação do clero);

PRESENÇA DA ARQUIDIOCESE Além de poderem partilhar com pessoas de todas as regiões do País, os “pasconeiros” da Arquidiocese de São Paulo presentes no evento também se aproximaram, trocaram experiências e sonharam juntos. Participaram membros das regiões episcopais, que levaram um pouco de cada realidade da Igreja em São Paulo, Eles retorna ram do encontro com a vontade renovada de anunciar o Evangelho de Cristo desde e para as periferias, o desejo de viver uma Pascom com cheiro de ovelhas e a motiva ção de trabalhar juntos para o Reino do Eterno Comu nicador. Muitas pessoas na virada do ano elaboram planos para cumprir no novo ciclo. Seja mu dar a alimentação, seja iniciar atividades físicas ou algum curso, ir à missa todos os domingos, seja simplesmente incluir novos hábitos como usar o protetor solar diariamente. Algumas pessoas tiram férias no meio do ano e, ao reto marem a rotina, pode ser um bom momento para reavaliar os planos elaborados, pois ainda há um semestre para aproveitar... É hora de pensar: O que eu queria? O que eu quero? O que ainda é possível fa zer neste ano? Consigo me organizar e fa zer agora? O recomeço neste mês nos dá um pontinho de esperança, pois parece ser mais fácil para muitos incorporarem novos hábitos aos poucos. Vamos adicionando os comportamentos na agenda e, quando per cebemos, já são parte do nosso dia a dia. Aproveitemos a oportunidade! Afinal, para subir ao topo de uma escada, é preciso co meçar pelo primeiro degrau.

A voz de quem participou Marly Palmieri Deste 7º Encontro, saio com mais dúvidas e mais curiosa do que quando cheguei, pois aprendi que o conhecimento só nos é útil se despertar em nós desafios.Ainda estou impactada pela fala do Padre Sérgio Leal sobre o “déficit de fraternidade na nossa Igreja”, Confesso que fiquei assustada e me senti desafiada na parte do que fiz ou, principalmente, do que não estou fazendo, pois sabemos que, para a omissão, o Senhor nos fala em Apocalipse 3,15-16, e sinceramente não quero ser “vomitada” por Ele. Exercitar a escuta e a orientação do Papa Fran cisco que nos exorta a olhar “nos olhos do irmão que recebe o nosso ato de caridade. Ele me levou a questionar se este ato de caridade é para Ele, ou para mim”. Dolorosa essa reflexão! A caridade que não transforma, apenas alimen ta um ato inócuo que contribui com este déficit fraterno.Noconhecimento e estudo da Palavra, somos desafiados a sair ao encontro e, caminhando, bus car respaldados sempre na orientação dos quatro ei xos da Pascom de contribuir para as ações práticas da Igreja sinodal, aquela que evangeliza, esclarece e orienta o próximo, a partir de nós mesmos. Sejamos uma Pascom corajosa, que denuncia, que transforma à luz da espiritualidade, sem perder a fé, diante de uma realidade mundial ferida e machuca da. Que este confronto não nos desanime, nunca. Renovar é preciso! E a renovação não acontece apenas no aspecto físico. Talvez seja realmente nesse aspecto que toda a renovação seja percebida de primeira. Mas todo aprimoramento, toda mudan ça, acontece de dentro para fora, pois o físico revela, de fato, como estamos no foroOinterno.jornal O SÃO PAULO, semanário de nossa Arquidiocese, que há mais de 60 anos traz as informações e a ação evange lizadora de nossa Igreja local, vem experi mentando há algum tempo um renovar de sua editoria, design e redação. Hoje não é diferente... E como vocês leitores já per ceberam, o jornal dá vez e voz a cadernos especiais dentro de sua edição semanal. Agora foi a vez da Pastoral da Comunica çãoProvavelmente,(Pascom). todos já ouvimos falar desta pastoral. Mas como ela atua? Qual o seu rosto? Como ela pode contribuir com a ação evangelizadora da Igreja? Este cader no especial quer aproximar o público da Pascom, e nós, como pastoral, queremos ajudar nosso leitor a, de forma leve, jo vem e despretensiosa, estar cada vez mais próximo de sua paróquia, comunidade, de sua vida pastoral. Seja bem-vindo ao caderno especial PASCOM EM AÇÃO! Pascom Brasil

Representantes da Pascom de todo o Brasil se encon traram no 7º Encontro Nacional da Pascom no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), entre os dias 22 e 24 de ju lho. Foram cerca de 250 participantes presenciais e mais de 300 que acompanharam na modalidade virtual.

Marta Gonçalves

NAS REALIDADES ATUAIS Outro grande momento foram as trilhas temáticas, nas quais os participantes se separaram em grupos segundo seus interesses nos três pontos do lema do encontro. Na trilha Comunhão, apresentaram-se os temas: “Concílio Vaticano II: 60 anos depois, qual o caminho?” e “Ministerialidade na Igreja sinodal: lei gos e leigas como sujeitos eclesiais”; na trilha Partici pação, “Pascom e Pastorais Sociais” e “Interatividade e proximidade no ambiente digital”; e, na trilha Missão, “Igreja missionária e solidária: comunidade em estado permanente de missão” e “Juventude na Igreja Sino dal”. Já no último dia, também houve um painel sobre a situação eleitoral no País e como gerenciar as crises que podem surgir.

2 | Pascom em Ação | Agosto de 2022 | www.osaopaulo.org.br/fé-culturawww.arquisp.org.br

VIVENCIANDO E ESPIRITUALIZANDO DESDE A CULTURA Na noite do sábado, os “pasconeiros” assistiram à peça de teatro “Edith Stein, a estrela e a cruz”, interpretada por Daniela Schitini. Entre aplausos e lágrimas, os comuni cadores encontraram na Santa carmelita um exemplo de perseverança, entrega e amor a Cristo.

MartaGonçalvesépsicólogadaRegiãoBrasilândiae “pasconeira”da Paróquia Nossa Senhora da Expectação. 7º Encontro Nacional da Pascom Brasil Padre Gabriel Oberle, ISch Sobre Viver Um novo semestre para aproveitar…

SOMOS SINODAIS Em unidade com toda a Igreja e a partir do tema do encontro destacaram-se Comunicação e Sinodalidade: comunhão, participação e missão – os “pasconeiros” fo ram convidados a refletir sobre sua missão em uma pers pectiva sinodal. Foi destacado que não é possível pensar na Igreja de Cristo que não seja sinodal, pois anunciar Cristo, nos diferentes meios, é caminhar juntos como Igreja.

IGREJA UNIDA E EM DIÁLOGO Entre os elementos mais marcantes de todo o encon tro chamaram a atenção a simplicidade e a proximidade dos participantes e de cada um dos que entregaram um pouco de seus conhecimentos nas conferências. Desde a naturalidade de Dom Joaquim Mol, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG) e Presidente da Comissão Episco pal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacio nal dos Bispos do Brasil (CNBB), em cada uma de suas interlocuções, passando pela humildade de Irmã Nilza Pereira da Silva, consagrada do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, em nos aproximar da importância da oração na vida diária do comunicador, todos puderam reconhecer a presença do Cristo no en contro, nas conversas, nos temas apresentados. Notava -se no ambiente um ar de horizontalidade entre os parti cipantes, membros da Igreja que anuncia.

Durante a realização do 7o Encontro Nacional da Pascom, dos dias 22 a 24 de julho no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), o coordenador-ge ral da Pastoral da Comunicação (Pascom) Na cional, Marcus Tullius, falou sobre o encontro, a Pascom e seus desafios, missões, expectativa para o futuro e deixou uma mensagem de enco rajamento a todos os membros da pastoral, em razão do caderno PASCOM EM AÇÃO, que será publicado no jornal O SÃO PAULO Confira a entrevista com Marcus Tullius, conheça a Pascom e venha fazer parte desta pastoral tão im portante para a nossa Igreja.

PASCOM EM AÇÃO – Marcus, o que é a Pascom? Marcus Tullius – Bom, podemos definir a Pascom como a presença e ação da Igreja nos ambientes de comunicação. Toda pastoral deve ter como princípios ser presença e ação, porque não basta estar só presen te, é preciso agir, atuar. Então, é a presença e ação da Igreja nos meios de comunicação com uma missão, uma característica muito importante, que é a de estar em comunhão com todas as pastorais. Ela não pode ser uma pastoral autorreferencial, senão perde a sua razão de ser e, para nós, na comunicação, o que é con trário à autorreferencialidade é a transversalidade. Ou seja, a característica fundamental da Pastoral da Comunicação é estar a serviço de todas as pastorais, movimentos e organismos, ou seja, estar a serviço de toda ação evangelizadora, seja na comunidade, na pa róquia, na região, na diocese, nos regionais, como nós temos a Constituição aqui no Brasil, e, também, em nível nacional. Então, a ideia e a concepção do que é Pascom se replica em todos os níveis, em todas as instâncias, como essa presença e ação da Igreja nesse ambiente que pode ser o digital, audiovisual, rádio e TV, também nos impressos e em tudo aquilo que en volve comunicação na vida da Igreja. Como a Pascom pode ajudar a Igreja? A Pascom, pela sua vocação de transversalidade, deve estabelecer um diálogo com todas as pastorais e movimentos existentes na vida da comunidade pa roquial. O agente da Pascom que não conhece quem compõe as forças vivas existentes naquela comuni dade ou paróquia está pecando muito forte na sua missão. Se eu não conheço aquelas pessoas que dão vida à Igreja, que são a Igreja viva, que comunicação eu estou fazendo? Uma dimensão da comunicação é a técnica, do uso dos meios de comunicação, outra di mensão é a relacional, que é exatamente esse processo de fazer comunhão com as pessoas. Comunicação é comunhão; então, se eu não estabeleço comunhão com as pessoas que estão no mesmo local que eu, alimentando a sua vida de fé na mesma Igreja, como fazer comunhão? Portanto, o que se espera do agente da Pascom é que ele dialogue. O diálogo pressupõe a escuta, e não basta escutar com os ouvidos, é pre ciso escutar com o coração, como o Papa Francisco nos pede neste ano [na Mensagem para o Dia Mun dial das Comunicações Sociais]. Para que o agente da Pascom cumpra bem a sua missão e consiga atender às pastorais e movimentos existentes na vida eclesial, ele precisa escutar com o ouvido do coração para ser capaz de dialogar e realizar, assim, aquilo que a Igreja espera dele. Como você vê o crescimento e as perspectivas da Pascom? É uma constatação que a Pascom foi a pastoral que mais cresceu durante a pandemia [de COVID-19]. Penso na seguinte analogia: nós tivemos que “trocar a roda do carro com o carro andando”. Foi assim que aconteceu com a Pascom nestes últimos dois anos, principalmente. Muitas pessoas começaram a fazer pela necessidade diante de igrejas fechadas e com as pessoas em casa. Quem não tinha rede social teve que criar para corresponder àquela expectativa de evan gelização. Só que a Pascom não se constitui apenas de um eixo, não consiste apenas no fazer (produção). Comunicação é também o formar, articular e espiri tualizar. Esses são os quatro eixos da Pascom. Portan to, penso que temos trabalhado para isso, para que os nossos agentes recebam a formação adequada agora que já se está trabalhando. Cuidamos de uma necessi dade, atendemos àquela demanda prioritária, depois vamos ajudando na formação, e a expectativa é de po der oferecer ainda mais formação, pois não adianta saber fazer se não tenho o que comunicar. Eu acabo de ser reconduzido na missão de coor denador nacional da Pascom para os próximos qua tro anos, juntamente com a Janaína Gonçalves, que é a vice-coordenadora, e o Alex Ferreira, que assume a secretaria. Somos muito agradecidos à Patrícia Luz pelos quatro anos que ela esteve conosco também como secretária. Aceitei a missão com resistência, mas de coração, porque é um trabalho desafiador. A comunicação não para, é como São Paulo diz: “Gastar e me desgastar pelo Evangelho”. Penso que a missão do coordenador da Pascom tem sido essa de gastar e se desgastar, mas é por amor ao Evangelho e, como este Encontro Nacional acontece numa casa jesuíta, um dos princípios de Santo Inácio de Loyola é: “Em tudo amar e servir”, então, eu tomo também como missão do coordenador no comunicar, amar e servir.

Qual mensagem você deixa para os membros da Pascom da Arquidiocese de São Paulo? Eu recebi com muita alegria a notícia deste espaço que a Pascom da Arquidiocese de São Paulo ganha com o caderno PASCOM EM AÇÃO e ao mesmo tempo uma missão. A minha mensagem é de enco rajamento para que cada agente da Pascom se sinta comprometido, não só se sinta parte. Às vezes, pensa mos na parte como se fosse um quebra-cabeça que faz uma pecinha na outra para formar a imagem, e isso pode desfigurar o trabalho. Acho que o importante é que caminhemos juntos. Então, encorajo os agentes da Pascom a caminharem juntos. A meta é produzir esse espaço, gerar conteúdo que edifique, que seja im portante para as pessoas. Que essa meta seja atingida. Coragem! Avante! Não tenham medo porque essa missão é muito importante. A Pascom diálogoestabelecerdeveumcomtodas as pastorais da Igreja Antonio Dominici Filho

Entrevista

Como é estar à frente do 7° Encontro Nacional da Pascom? A experiência de coordenar o encontro foi gra tificante e desafiadora, porque pensar numa estru tura que pudesse atender as pessoas que vieram participar presencialmente ainda com as restrições que temos que ter com a pandemia foi uma ques tão de cuidado. Precisamos mudar a quantidade de participantes para não gerar um volume maior de pessoas. Foram 216 pessoas participando, além da comissão dos assessores, mais os 300 inscritos para a participação on-line. Ao todo, foram quase 600 pessoas envolvidas neste encontro, e eu contei com a colaboração muito preciosa das equipes para que pudéssemos dar conta de tudo. Tivemos a divisão das equipes de trabalho para oferecer um encontro com conteúdo, afinado com o momento eclesial que vivemos, que é a dinâmica da sinodalidade. O Papa Francisco convoca um Sínodo para refletir sobre sinodalidade, e a comunicação não poderia ficar de fora. Mais do que falar sobre a sinoda lidade, é importante pensar de que forma nós podemos fazer uma comunicação sinodal, e isso foi a linha que perpassou todos os con teúdos aqui trabalhados desde a conferência de abertura, que foi o tema central – “Olhar os desafios e as perspectivas para nossa Igreja no Brasil” – e, depois, também pensar de que for ma eu posso ser sinodal na Igreja. Eu não consi go viver a sinodalidade se eu não abasteço a mi nha vida de fé, por isso, houve uma palestra sobre espiritualidade e depois as trilhas para que cada um tivesse uma oferta de conteúdos que fosse agregar na sua prática pastoral, levando em consideração os pilares da “Comunhão, Participação e Missão”. E, claro, a nossa sinodalidade, o nosso compromis so cristão, se dá no chão concreto da nossa realida de e, neste ano, somos desafiados a passar por uma obrigação, um dever que nos significa muito, que são as eleições. Por isso, também trouxemos uma reflexão sobre esse assunto para ajudar os “pasco neiros” a viverem sua missão de cristãos nesse con texto desafiador da sociedade... A Igreja não tem partido, mas ela não é neutra, ela sempre tem uma palavra a partir do seu Magistério, da sua Doutri na Social, e a comunicação deve verbalizar o que a Igreja orienta. Por isso, trouxemos essa realidade com uma palestra sobre as eleições. E de onde veio tudo isso? Foi no processo de escuta. Nós escuta mos os coordenadores regionais que ajudaram nes se processo que foi partilhado aqui. Em algum momento deu medo? Eu tive muito medo, porque embora não estivesse sozinho, eu era como um maestro regendo uma or questra, há a responsabilidade sobre toda a estrutura que é preparada. Nós sabemos que o momento atual não é favorável economicamente. Então, queríamos que o encontro fosse acessível a todos, e procura mos ajustar ao máximo. Sei que para muitos ainda foi dispendioso. O nosso desejo era que o encontro fosse gratuito para todo mundo, tanto na modalidade presencial quanto na on-line, mas infelizmente não foi possível. Tivemos que trabalhar arduamente também para que o encontro fosse acessível e favorável para todos. Por isso, eu tive medo, sim.

FilhoDominiciAntonio

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Nesta edição do caderno PASCOM EM AÇÃO, conversamos com a Irmã Helena Corazza, uma mulher, que, assim como Maria Madalena, que ouviu a Bo a-Nova e comunicou a Ressurreição de Jesus Cristo, busca incansavelmente sen tir Jesus em seu coração e, a partir daí, ser coerente com o projeto de Deus. Uma co municadora incansável do Evangelho. Na abertura do 7º Encontro Nacional da Pascom, em 22 de julho, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), Irmã He lena recebeu presencialmente o prêmio “Comunicadora da Paz” – Categoria “Tra jetória de Vida”, concedido pela Asso ciação Católica de Comunicação Signis, das mãos do presidente da Signis Brasil, Alessandro Gomes, que o havia recebido durante o 6º Congresso Latino-Ameri cano e Caribenho (COMLAC), realizado no Panamá dias antes. Na ocasião da pre miação, a religiosa paulina participou do evento de forma virtual. Segundo a organização, este prêmio é outorgado “a comunicadores e comuni cadoras comprometidos com o trabalho que promove o exercício da cidadania, o desenvolvimento dos povos, e contribuem na construção da paz no continente”. Ela destacou que “foi muito significa tivo receber o prêmio nessa data em que se celebra Santa Maria Madalena, a Após tola dos Apóstolos, aquela que viu o Se nhor ressuscitado, que apareceu primeiro a ela. Nesse mesmo dia, celebram-se os 100 anos em que as primeiras Irmãs Pau linas fizeram sua profissão religiosa nesta missão do anúncio do Evangelho com os meios de comunicação”. Ao relembrar sua trajetória como co municadora, ainda na juventude, ela des tacou que tem lembrança da facilidade em se comunicar tanto de maneira oral quanto escrita. “Olhando para trás, per cebo que Deus me deu o dom da comu nicação como pessoa e me chamou para uma congregação de mulheres que tem a missão do anúncio do Evangelho nesse campo. E a minha decisão em seguir a vo cação com as Irmãs Paulinas foi por iden tificação que senti na missão,” rememora a Irmã. E complementa: “Inicialmente, mesmo não as conhecendo pessoalmente, tínhamos na família um álbum que mostrava as ir mãs trabalhando com o povo, no rádio, o espírito universal de São Paulo. Isso me encantou e me fez optar pelas Paulinas, mesmo sendo convidada por outras congregações. Então, posso dizer que Deus me conduziu e me conduz”. Sobre sua trajetória na comunicação católica, Irmã Helena se sente uma mulher feliz e realizada na vocação à qual foi chamada e responde a cada dia, percebendo que é neste contexto que aconteceu e está acontecendo sua história de mulher consa grada a serviço do Reino de Deus pela comunica ção na Congregação das Irmãs Paulinas. Relembrou que sua história na comunicação aconteceu desde a inserção em comunidade paroquial, quando escre veu o primeiro texto para um boletim. Anos depois, escreveu para a Revista Família Cristã, produzindo, roteirizando e apresentando programas de rádio e televisão e, hoje, com a internet. Destacou, ainda, que outro aspecto vivido como irmã paulina é a colaboração com as organizações católicas de comunicação, desde a União Cristã Bra sileira de Comunicação (UCBC), participando de congressos, da diretoria, trabalhando na formação de lideranças. Depois o tempo em que trabalhou produzindo programas de rádio e participou da di retoria da União de Radiodifusão Católica (Unda/ Brasil), que em 1994 criou a Rede Católica de Rá dio (RCR), da qual também é sócia-fundadora e foi presidente em dois triênios 2004-2006 e 2007-2010. Quando foi criada a Signis Brasil, ela foi eleita pri meira presidente, de 2010-2013 e reeleita para 20142016. Atualmente, é coordenadora do setor de Edu comunicação da associação. O lema da Signis é “A comunicação para uma cultura de paz”. Há quase 30 anos, foi destinada à missão do Serviço à Pastoral da Comunicação (SEPAC), em que se dedica à formação de lideranças no cam po da Comunicação, articulada com a Pastoral da Irmã Comunicaçãoda

protagonistaCorazza,Helena

pessoalArquivoNossa História

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Comunicação. Integrou a Equipe de Reflexão da Comissão de Comunicação da Conferência Nacio nal dos Bispos do Brasil (CNBB), de 1996 a 2014, quando foi publicado o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, do qual participou na assesso ria. Em 1998, foi realizado o 1º Mutirão Brasileiro de Comunicação, com a colaboração das organi zações católicas de comunicação e a Comissão de Comunicação da CNBB. Dedicada ao ensino e à pesquisa, produziu diversos livros e artigos a partir da prática pastoral. No mestrado, trabalhou o lugar da mulher nas rádios católicas; e no doutorado, a Educomunicação sistematizando a experiência do SEPAC. Irmã Helena Corazza colaborou com a base da estrutura de Comunicação que temos hoje. Para finalizar, deixa uma mensagem para as jovens comunicadoras, mas que serve para todos aqueles que se dedicam a comunicar o Evangelho: “Digo que a gente vai construindo o caminho ao andar, desenvolvendo os dons que Deus nos dá, vencendo medos e obstáculos e focando os obje tivos, na meta. É importante perceber e discernir qual o projeto de Deus para nós e seguir, preparar -se, passo a passo focada nos objetivos, e não perder oportunidades. Mas o importante é se encontrar, amar o que se é e o que se faz. Eu sou feliz por ter percorrido este caminho, respondendo aos dons de natureza e de graça que Deus me deu e conti nua me dando, e cultivando a atitude de aprendiz permanente”.IrmãHelena Corazza é uma mulher que tem a comunicação como fio condutor de sua trajetória de vida e vive o projeto de Deus em suas ações. E, como ressaltado no anúncio de sua premiação como “Comunicadora da Paz”, Irmã Helena é “edu comunicadora por formação e convicção, decidida a construir um mundo melhor”. Sua trajetória ins pira, é honrada e precede os caminhos para tantos comunicadores.

O Caderno Pascom em Ação é uma publicação do jornal O SÃO PAULO, com coordenação editorial da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo. Diretor responsável e editor: Padre Michelino Roberto. Coordenação editorial: Padre Luiz Claudio de Almeida Braga. Redação: agentes da Pascom. Revisão: José Ferreira Filho, Daniel Gomes e Sueli Dal Belo. Diagramação: Jovenal Alves Pereira. Impressão: Gráfica OESP. Karen Eufrosino e Taíse Cortês

O EXEMPLO DE SÃO LOURENÇO Dom Odilo ressaltou que o exemplo de São Lourenço, martirizado no sécu lo III, sempre deve inspirar os diáconos permanentes: “São Lourenço deu a vida pelo Evangelho, testemunhou o amor aos pobres, conforme Jesus ensina. A vida dele foi perdida para este mundo, mas não para Deus”. São Lourenço teve responsabilidades na administração dos bens da Diocese de Roma. No ano de 258, ao ser obrigado pelo império a apresentar os “tesouros da Igreja”, mostrou o grande bem da Igreja: os pobres. Acabou condenado à morte, sendo executado cruelmente, queimado em uma espécie de grelha. Ordenado diácono permanente em 2020, Marcel Alves Martins, 38, lem brou ao O SÃO PAULO o quanto São Lourenço o inspira: “Ele tinha um cari nho e uma dedicação integral às pesso as que mais necessitavam. É um exem plo que nos move, nos impulsiona a atuar nas muitas periferias geográficas e existenciais, nas quais as pessoas pre cisam de uma presença muito intensa da Igreja”.Antes da bênção final, Dom Odilo recomendou aos diáconos que sempre tenham momentos para a convivência em família, e que se mantenham felizes em servir à Igreja e aos irmãos.

CHAMADO DIVINO No fim da missa, Dom Odilo recor dou que também foi coroinha na in fância e por meio desse serviço pôde se aproximar mais dos mistérios sagrados e despertar sua vocação ao sacerdócio. “Agora, faço a pergunta mais direta: vocês, meninos, já pensaram em ser pa dres? E as meninas, já pensaram em ser religiosas? Deus pode estar chamando você como chamou a mim e aos demais bispos e padres um dia. Se você sentir esse desejo, converse com o padre da sua paró quia, que vai ajudar, acompanhar, orien tar, alimentando esse desejo, até que um dia, quem sabe, você entre no seminário ou no convento”, ressaltou o Cardeal. O Arcebispo convidou todos os co roinhas e seus familiares a intensificarem orações pelas vocações, reforçando que a Igreja é constituída daqueles que respon dem ao chamado de Deus com alegria e generosidade.ThiagoNascimento, 12, é coroinha há pouco mais de um ano na Comunidade Maria Mãe dos Migrantes, na Região Be lém, seguindo o exemplo de seu irmão mais velho que já é coroinha há mais tem po. Perguntado sobre a provocação voca cional de Dom Odilo na missa, o garoto respondeu que nunca havia pensado em ser padre, mas que, agora, irá considerar essa possibilidade e pedir a Deus que o ilumine.Desde quando participava da Cate quese para a primeira Eucaristia, Sara Go mes Inocêncio, 11, alimentava o desejo de ser coroinha na Paróquia Santa Ângela e São Serapião, na Região Ipiranga. Foi a primeira vez que ela esteve na Catedral e estava encantada com a beleza do templo. “Gostei muito da explicação de Dom Odi lo sobre a liturgia e espero poder servir como coroinha por muito mais tempo”, afirmou.

A Catedral da Sé ficou repleta de co roinhas, acólitos e cerimoniários das pa róquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo na tarde do sábado, 13, para o seu encontro anual com o Cardeal Odi lo Pedro Scherer. A atividade, que não ocorreu nos úl timos dois anos em razão das restrições da pandemia de COVID-19, é organiza da pela Pastoral Vocacional e acontece por ocasião da celebração da memória de São Tarcísio, mártir romano do século III, com apenas 12 anos. Ele é o padroeiro dos coroinhas.AEucaristia foi concelebrada pelos Bispos Auxiliares da Arquidiocese, Dom Jorge Pierozan e Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, este último Referencial para as Vocações e Seminários, além de diver sos padres.

Arcebispo convida coroinhas a estarem atentos ao chamado de Deus

Que os diáconos permanentes semeiem a caridade e bem sirvam à Liturgia DANIEL osaopaulo@uol.com.brGOMES

SERVIDORES DA IGREJA E DO POVO “Assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobre tudo da Eucaristia; distribuí-la; assistir o Matrimônio e abençoá-lo; proclamar o Evangelho e pregar; presidir funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade” estão entre as funções dos diá conos permanentes, conforme o Catecis mo da Igreja Católica (no 1.570). O Arcebispo Metropolitano recor dou, na homilia, que a missão dos diáco nos é a de semear a caridade, no serviço aos pobres, aos doentes e a todos os ne cessitados, tal qual fez Cristo, bem como servir à DomLiturgia.Odilo agradeceu-lhes o em penho nos múltiplos trabalhos que re alizam por amor a Deus e aos irmãos. Também expressou sua gratidão às suas esposas e aos formadores dos diáconos. De acordo com o Diácono Ailton Machado Mendes, 60, Vice-Reitor da Escola Diaconal São José, a Arquidiocese conta com 105 diáconos permanentes. Além disso, há 26 candidatos ao diaco nato, sendo que dois deles já estão na fase final de formação, o sexto ano, no qual realizam um período de vivências pasto rais com a população em situação de rua, por meio da Missão Belém, e nas Pasto rais da Saúde e da Esperança.

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Os diáconos permanentes da Arqui diocese de São Paulo participaram na noite da sexta-feira, 12, na Basílica Me nor de Sant’Ana, na zona Norte, da missa em que renderam graças a Deus por sua vocação e celebraram seu padroeiro, São Lourenço, diácono e mártir, cuja memó ria litúrgica é recordada em 10 de agosto. A missa foi presidida pelo Cardeal Scherer, tendo entre os concelebrantes Dom Jorge Pierozan e Dom Ângelo Ade mir Mezzari, RCJ, Bispos Auxiliares de São Paulo, e o Cônego Celso Pedro da Silva, Presbítero que acompanha o diaco nato na Arquidiocese. Participaram apro ximadamente 50 diáconos permanentes.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Coroinhas, acólitos e cerimoniários da Arquidiocese de São Paulo unem-se para foto com o Cardeal Scherer ao fim da missa na Catedral da Sé Cerca de 50 diáconos permanentes participam da missa na Basílica Menor de Sant’Ana, dia 12

ENCONTRO COM O PASTOR “Esta é uma rica oportunidade de os coroinhas, acólitos e cerimoniários co nhecerem a Igreja em um âmbito maior que suas paróquias e comunidades, terem um contato direto com Dom Odilo e ou vi-lo como seu pastor e, ele, por sua vez, conhecê-los melhor”, explicou, ao O SÃO PAULO, o Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidiocese. O Sacerdote também sublinhou que o serviço litúrgico é um grande espaço de promoção vocacional que deve ser incen tivado pelos sacerdotes e famílias. “Estas

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO crianças e adolescentes são o futuro da nossa Igreja, os padres, religiosas, missio nários, pais e mães de família que levarão adiante a missão de anunciar o Evangelho aos Napovos.”homilia, Dom Odilo fez uma cate quese sobre o sentido da liturgia e do es paço sagrado, e ressaltou aos coroinhas o valor do serviço litúrgico feito nas comu nidades. Ele os exortou a realizarem essa missão sempre “com os olhos fixos em Jesus”, alimentando a fé, aprofundando-se no conhecimento da Palavra de Deus e abrindo o coração para o chamado divino.

FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos, perito do sínodo arquidiocesano, convidou o clero a refletir sobre o que a Igreja pode dizer a seu próprio respeito. Para isso, o Sacerdote partiu das referên cias do Concílio Vaticano II e de docu mentos pós-conciliares, como a encíclica Ecclesiam suam, na qual São Paulo VI su blinhou a necessidade de a Igreja tomar consciência de si mesma. “Somos a Igreja à qual foi confiado o depósito sagrado da Palavra de Deus Luciney Martins/O SÃO PAULO Padres, diáconos, bispos auxiliares e o Cardeal Odilo Pedro Scherer participam no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), da 19a edição do Curso de Atualização Teológica e Pastoral do Clero

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O SÃO PAULO apresenta a se guir, em linhas gerais, um apanhado de alguns tópicos que foram abor

“As comunidades, com suas autorida des pastorais e guiadas pelo Espírito, vi vem um longo processo de organização, de busca de comunhão e de unidade, entendido como o esforço de respon der à convocação divina. Esse processo sinodal é marcado pela necessidade de discernimento permanente que permita testemunhar a comunhão no caminho feito junto e nas situações decisórias exi gidas diante de dificuldades pontuais e da convivência das diferenças étnicas e culturais”, acrescentou o Perito do síno do arquidiocesano.Assim,continuou o Padre Boris, a sinodalidade se caracteriza, segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, na convic ção de que a presença do Ressuscitado é atualizada pelo Espírito Santo no cami nho das comunidades, desde Jerusalém até os confins do mundo (cf. At 1,8). “É o Espírito que qualifica a vida de todos os batizados para, no exercício da cor responsabilidade e da participação, res ponderem juntos, fiéis e pastores, com coerência ao chamado do Senhor. Por isso, a experiência da sinodalidade será sempre um caminho aberto que exigirá da Igreja, em todos os tempos, a coragem de viver, na história, um testemunho ma duro e dinâmico capaz de ser sinal de co munhão e unidade”, completou.

O Mosteiro de Itaici, em Indaia tuba (SP), acolheu, entre os dias 8 e 11, os ministros ordenados atuan tes na Arquidiocese de São Paulo para a 19ª edição anual do Curso de Atualização Teológica e Pastoral do Clero.Este ano, em consonância com o sínodo arquidiocesano, o tema norteador das reflexões e debates foi “Igreja sinodal: comunhão, par ticipação e missão”. Com a presença de Dom Odilo Pedro Scherer, Ar cebispo Metropolitano, dos bispos auxiliares, de padres e diáconos de todas as regiões episcopais, aproxi madamente 200 ministros ordena dos participaram da formação.

Sinodalidade é o tema central do curso de atualização teológica e pastoral do clero

FERNANDO GERONAZZO E JOSÉ FERREIRA FILHO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO dados durante o curso, cuja finalidade é munir os clérigos de informações e conhecimentos que os ajudem, em seu agir ministerial cotidiano, a enfrentar os desafios do tempo presente e a construir uma Igreja mais bem preparada para o futuro ABERTURA Além de apresentar a programação das atividades que aconteceriam ao lon go dos dias, o Cardeal Scherer explicou o objetivo a ser atingido: “O temário geral do curso pretende nos ajudar a compre ender melhor o que é a Igreja sinodal e como se traduz a sinodalidade no agir da nossa Igreja particular de São Paulo, como se realiza o caminho de comu nhão, participação e missão”, afirmou na abertura do curso, no dia 8. Em face do andamento da terceira e última fase do sínodo arquidiocesano, com a realização das assembleias sino dais, Dom Odilo esclareceu a pertinên cia da escolha desse tema para aprofun dá-lo mais uma vez com o clero reunido. “A nossa reflexão sinodal se encami nha para a elaboração de orientações e diretrizes a fim de que se realize aquilo a que o sínodo se propõe, em harmonia com o que Deus está nos chamando a fa zer e a ser. Diante da realidade, vemos ao nosso redor que há coisas que precisam caminhar mais e melhor, de forma dife rente, ou seja, precisamos renovar o nos so modo de ser e de fazer as coisas para que nossa Arquidiocese acolha a voz de Deus”,“Nossoexortou.sínodo deve testemunhar que Deus habita esta cidade, ou seja, que a Igreja não fique a olhar para si mesma, mas que seja capaz de olhar para todo o povo”, concluiu o Cardeal.

DINÂMICA Mediante o eixo condutor baseado na sinodalidade, tanto Dom Odilo quan to os bispos auxiliares, além do Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos e do Pa dre Boris Agustín Nef Ulloa – ambos te ólogos-peritos do sínodo arquidiocesa no –, apresentaram suas reflexões, cada uma delas focada em um determinado aspecto que diz respeito ao caminhar juntos que a Igreja de São Paulo se pro põe a Nessetrilhar.contexto, foi possível abordar a questão sinodal sob diversos matizes, desde seus fundamentos bíblicos, teoló gicos e eclesiológicos até a necessidade da conversão pastoral e missionária, a missão confiada aos presbíteros, entre outras perspectivas, as quais podem ser lidas a seguir.

FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA A fundamentação bíblica do conceito de sinodalidade foi apresentada pelo Pa dre Boris Agustín Nef Ulloa, doutor em Teologia Bíblica e Diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assun ção da PUC-SP. O biblista refletiu sobre o tema a partir das Sagradas Escrituras, com destaque para o livro dos Atos dos Apóstolos.PadreBoris enfatizou que o livro dos Atos dos Apóstolos é um dos que mais bem explicitam a dimensão da sinoda lidade no Novo Testamento. “É interes sante notar que o autor utiliza o termo caminho para definir a comunidade dos discípulos (At 9,2; 24,14), a doutrina (At 19,9.23; At 22,4; 24,22) e a via da salvação (At 16,17) ou do Senhor (At 18,25-26).”

CLÉRIGOS ASSUMIRAÉARQUIDIOCESEIGREJACONSTITUTIVA–CONJUNTAADEBATEMREFLETEMFORMAÇÃO,RECEBEMESOBRECAMINHADADIMENSÃODA–,QUEAESTIMULADARESGATARE

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MISSÃO DOS PÁROCOS Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re gião Sé, apresentou uma reflexão sobre a diocese e a paróquia como expressões eclesiais chamadas a viver a sinodalidade. Ele recordou que a Igreja se torna visível na diocese e na paróquia, comu nidade de comunidades. Em seguida, abordou os fundamentos canônicos da missão do pároco, pastor próprio da pa róquia, responsável pelo cuidado pasto ral da comunidade a ele confiada para exercer o múnus de ensinar, santificar e governar.“Opároco tem a obrigação de fazer com que a Palavra de Deus seja integral mente anunciada aos que vivem na pa róquia; deve, portanto, cuidar para que os fiéis sejam instruídos nas verdades da fé, principalmente por meio da homilia, que deve ser feita aos domingos e nas festas de preceito, e mediante a instrução catequética que se deve dar. Deve esti mular obras que promovam o espírito evangélico, também no que se refere à justiça social. Deve ter especial cuidado com a educação católica das crianças e jovens. Deve procurar com todo o em penho, inclusive associando a si o traba lho dos fiéis, que o anúncio evangélico chegue também aos que se afastaram da prática da religião ou que não professam a verdadeira fé (Código de Direito Canô nico, cân. 528 § 1)”, destacou. Dom Rogério recordou, ainda, que o Direito Canônico enfatiza que o pároco deve cuidar que a santíssima Eucaristia seja o centro da comunidade paroquial dos fiéis; deve empenhar-se para que os fiéis se alimentem com a devota celebra ção dos sacramentos e, de modo espe cial, que se aproximem frequentemente do sacramento da Santíssima Eucaristia e da Penitência. “Deve esforçar-se tam bém para que sejam levados a fazer ora ção em família, e participem consciente e ativamente da sagrada liturgia. Sob a autoridade do Bispo diocesano, o pároco deve dirigir a liturgia na sua paróquia e é obrigado a cuidar que nela não se intro duzam abusos (Código de Direito Canô nico, cân. 528 § 2)”, completou. “Para cumprir diligentemente o ofí cio de pastor, o pároco deve se esforçar em conhecer os fiéis entregues a seus cuidados. Por isso, deve visitar as famí lias, participando das preocupações dos fiéis, principalmente de suas angústias e dores, confortando-os no Senhor e, se tiverem falhado em alguma coisa, corri gindo-os com prudência”, continuou o Bispo, reforçando, ainda, que o pároco: “Deve ajudar com exuberante carida de os doentes, sobretudo os moribundos, confortando-os solicitamente com os sa cramentos e recomendando suas almas a Deus. Especial cuidado deve dedicar aos pobres e doentes, aos aflitos e solitários, aos exilados e aos que passam por es peciais dificuldades. Deve empenhar-se também para que os esposos e pais sejam ajudados no cumprimento de seus deve res; deve incentivar na família o cresci mento da vida cristã” (Código de Direito Canônico, cân. 529 § 1).

(Sagrada Tradição e Sagrada Escri tura); e que se mantendo fiel a este depósito, todo o povo santo, unido aos seus pastores, persevera assidu amente na doutrina dos apóstolos, na união fraterna, na fração do pão e nas orações (cf. At 2,42s), de tal modo que, conservando, pratican do e professando a fé transmitida, haja singular unidade de espírito entre os pastores e os fiéis”, destacou o Perito.Nesse sentido, Cônego José Arnaldo enfatizou que os ensina mentos da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição atestam que a sinodalidade é dimensão constitu tiva da Igreja, que por meio dela se manifesta e se configura como povo de Deus em caminho e assembleia convocada pelo Senhor Ressuscita do. “O povo de Deus tem por voca ção ‘ser sinodal’”, completou. Em seguida, o Perito acrescen tou que as categorias teológicas que fundamentam a dimensão constitu tiva da Igreja – a sinodalidade – não designam um simples procedimen to operativo, mas a forma peculiar na qual a Igreja vive e atua. Tais categorias são: o mistério de Deus Uno-Trino e seu desígnio de amor e salvação; o mistério da Encarnação do Verbo, plenitude da Revelação divina; o mistério da Igreja, ícone da Trindade, corpo místico de Cristo e povo de Deus, comunhão.“Parase viver a comunhão, não basta a intenção. É numa comuni dade localizada que se vive a comu nhão. Daí o Concílio Vaticano II expressar o grande valor da Igreja Particular e suas comunidades ecle siais, o grande valor das Igrejas Par ticulares e a comunhão com o Bispo de Roma – para que esta comunhão seja ‘sinal’ visível do desígnio de Deus para com toda a humanida de. É da vida em comunhão que se toma consciência da missão funda mental da Igreja no mundo: evan gelizar”, completou o Cônego.

Martins/LucineyFotos: PAULOSÃOO

Reunidos em Itaici, clérigos ouviram as reflexões dos bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo e do Cardeal Odilo Pedro Scherer

CONVERSÃO PASTORAL E MISSIONÁRIA A necessidade de conversão pas toral e missionária diante da inter pelação trazida pelo sínodo arqui diocesano foi o tema apresentado por Dom Cícero Alves de França. O Bispo Auxiliar da Arquidio cese na Região Belém lembrou que toda conversão pastoral e missio nária supõe, antes, a conversão a Cristo, ao Evangelho e à missão. Segundo ele, a exortação apostólica Evangelli nuntiandi, de São Paulo VI, diz que a conversão é uma mo dificação profunda do modo de ver e de viver as situações, o que requer, sobretu do, a conversão do próprio coração. “É preciso discernir em relação a dois impulsos: ou se vai em direção àquilo que se considera como rique za ou em direção a Jesus. Assim, não se converte quem não experimenta a verdade em relação às suas riquezas. Converter-se é um chamado a viver”, exortou o Prelado. Dom Cícero também afirmou que a conversão pastoral é um processo, uma transformação integral, algo que aconte ce dia após dia, o abandono de um ca minho em direção a outro. É, antes de tudo, segundo ele, a conversão a Jesus Cristo, que se dá em primeira e em ter ceira pessoa, ou seja, conversão pessoal e comunitária. Esta somente é possível se a primeira ocorrer, uma depende por completo da outra, pois os destinatários da ação pastoral são as próprias pessoas e nãoEleanjos.ainda frisou que toda conversão supõe um encontro. Este, porém, não é uma simples aproximação pessoal, mas um laço ontológico e espiritual. Por esse motivo é que não existe conversão sem o encontro pessoal com Cristo, e a missão da Igreja é justamente promovê-lo. Todo encontro é um ato de miseri córdia e eleição, exatamente o lema do Papa Francisco. Tanto a conversão pes soal quanto a pastoral se fundam na ex periência de Deus e implicam escutá-lo com atenção e discernimento. “A conversão pastoral é um convite para que nossas comunidades se tornem espaços que congreguem discípulos e missionários, pois ninguém é missio nário se não for, antes, discípulo”, subli nhou Dom Cícero.

FILIPE DOMINGUES ESPECIAL PARA O SÃO PAULO cântico do Magnificat, feito de versos que, segundo o relato bíblico (cf. Lc 1,42), ela pronunciou ao encontrar sua prima Isabel quando ambas estavam grávidas. Ao ser saudada por Isabel, que chama Maria de “Bendita entre as mulheres” e, assim, inspira a oração da “Ave-Maria”, ela responde com o “canto da esperança”, o Magnificat, explicou Francisco. O sentido das palavras de Nossa Se nhora é de anunciar “uma mudança ra dical, uma reviravolta de valores”, pois ela, pequena e humilde, foi “elevada à glória do céu, enquanto os poderosos do mundo são destinados a perma necer de mãos vazias” – conforme ela anuncia no cântico. Maria é o caminho pelo qual Deus realiza seu projeto, que ela “profetiza em forma de cântico, de oração”.Maria “profetiza que prioridade não são o poder, o sucesso, o dinheiro, mas o serviço, a humildade, o amor” – declarou o Santo Padre. “Esse é o caminho para o céu”, disse, acrescentando que não basta estar bem “aqui embaixo”, neste mun do, mas também realizar grandes coisas olhando para o alto, “por meio da peque nez e da doçura”, como fez Maria. “Ela é a primeira criatura que, com todo o seu ser, em alma e corpo, atra vessa vitoriosa a meta do céu. Ela nos mostra que o céu está ao nosso alcance – se não cedemos ao pecado, louvamos a Deus com humildade e servimos aos demais com generosidade”, afirmou o Pontífice.Namesma ocasião, o Pontífice des tacou que Maria é a “Rainha da Paz”, e pediu orações pela paz, especialmente na Ucrânia. Também recordou as pessoas sozinhas, doentes, e os que cuidam de las, pois, diferentemente da maioria, não podem sair de férias no verão europeu.

Papa Francisco reza diante da imagem de Nossa Senhora na basílica vaticana no ano de 2019

Tendo Maria como modelo, é possí vel entender que “o verdadeiro poder é o serviço – e que reinar significa amar”, disse o Papa Francisco, após a oração do Angelus, da segunda-feira, 15, dia em que celebrou a Solenidade da Assunção de Maria. No Brasil, essa festa litúrgica é transferida para o domingo seguinte, neste ano, 21 de agosto, mas na Itália e no Vaticano a Assunção é um dos princi pais feriados religiosos do ano, conheci do como “Maria“ferragosto”.nosdizcoisas muito impor tantes”, notou o Papa, referindo-se ao O clima seco sem precedentes está agravando uma situação já bastante severa na Somália, país localizado na África Oriental (Chifre da África). Por esse motivo, o Papa Francisco destacou o problema para os que o escutavam no domingo, 14, após a oração do Angelus “Desejo chamar a atenção para a grave crise humanitária que atinge a Somália e algumas zonas dos países vizinhos”, disse.“As populações dessa região, que já vivem em condições muito precárias, se encontram em um perigo mortal, por causa da seca”, comentou, pedindo que a comunidade internacional se mobili ze para responder à emergência. “Infe lizmente, a guerra afasta os recursos e a atenção, mas estes são objetivos que exi gem o máximo empenho: a luta contra a fome, a saúde, a educação.” De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), já chega a mais de 1 milhão o número de pessoas registradas como desalojadas na Somália desde janeiro de 2021. Desse total, 755 mil pessoas se des locaram internamente no país por causa da seca deste ano. Cerca de sete em cada dez somalis vivem abaixo da linha da pobreza e quase 8 milhões dependem de ajuda humanitária. A situação é a pior em 40 anos no país, que tem 15,9 milhões de habitantes. De acordo com o diretor do Acnur na Somália, Mohamed Abdi, “a fome está assombrando o país inteiro, pois, lite ralmente, não há água nem comida nos seus vilarejos”. Segundo ele, a ajuda hu manitária internacional é urgente, “antes que seja tarde demais”. Outro problema é o fato de que par tes do país estão dominadas por grupos armados, e não administradas pelo go verno central. Esses diferentes grupos entram em conflito constantemente. Enquanto isso, a seca se prolonga e se acentua pelo terceiro ano consecutivo, segundo o Acnur, algo que muitos ana listas atribuem às mudanças climáticas. Sem chuva, os campos e os tanques do Chifre da África não se enchem de água como deveriam. As poucas reservas que permanecem acabam sendo destina das ao consumo das pessoas, deixando plantas e animais em risco. A isso, soma -se o aumento dos preços internacionais dos alimentos por causa da guerra na Ucrânia, dificultando o acesso dos mais pobres. (FD)

HUMILDADEPROMOVIDARADICAL’PELAEOAMOR

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Alerta para a seca e a crise humanitária na Somália

Maria ensina: o verdadeiro poder é serviço NA SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO, PAPA FRANCISCO FALA DA ‘MUDANÇA

Vatican Media - ago.2019

Fotos: Instituto Redenção

Senhora de Lourdes, e ali passaram a re zar o NaTerço.gruta, há registros daqueles que acreditam ter alcançado graças após visi tarem o local e se colocarem em atitude de oração.Juraci Lima, 86, relata a intercessão da Virgem Maria para a cura de sua filha, diagnosticada com câncer há 20 anos. “Era câncer na garganta. Ficamos deses peradas. Fizemos [na gruta] uma novena para Nossa Senhora de Lourdes. Quando minha filha voltou ao médico, ele disse que ela não tinha mais nada”, recordou Juraci.

TRABALHOS SOCIAIS Hoje, por iniciativa do Instituto Re denção, está sendo desenvolvido, todos os sábados, o projeto Tecer e Semear, com vistas à inclusão social de mulheres em si tuação de vulnerabilidade no mercado de trabalho e sua autonomia financeira. “Temos parceria com uma empresa em que as mulheres fazem o curso teórico de costura e modelagem. A prática ocorre na oficina montada no salão da Capela”, explica Lorenna. “Elas são remuneradas pelos produtos que fabricam.” Iniciado em outubro de 2021, o projeto já capacitou 40 mulheres. PASTORAIS Além das reformas emergenciais, a Capela Reino do Céu demanda uma nova ampliação para poder acomodar seus projetos, inclusive de evangelização. Atu almente, nela são realizadas as seguintes atividades:Quinta-feira, às 15h30 – Adoração ao Santíssimo Sacramento; Sexta-feira, às 15h – Terço da Misericórdia;Sábado,das19h30 às 21h30 – Grupo de oração; das 22h às 5h – Vigília; Domingo, às 18h – Rosário; Todo dia 19, às 8h30 – Oração das Mil TodaAve-Marias;primeirasexta-feira, às 20h – Mis sa do Sagrado Coração, presidida pelo Frei Ábdon de Santana, Vigário Paro quial e Diretor Espiritual do Redenção.

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De portas abertas, os leigos se mobili zaram para realizar uma reforma que re sultou na ampliação para 200m² de área construída, que é a metragem atual da Capela.Em 2018, a Paróquia encerrou as ativi dades da Comunidade Nossa Senhora de Lourdes no local, transferindo a adminis tração para a Comunidade Olhar Divino, por um período de quatro anos.

DOAÇÕES PARA A NOVA REFORMA DA CAPELA Chave Pix: e-mail: CapelaReinoDoCeu@redencao.org

COMUNIDADE DAS VOCAÇÕES Carlos define a Capela como “um lu gar de oração e ação”, enfatizando que dela saíram, como vocacionados, “quatro pa dres e quatro freiras”. Para Lorenna, tais vocações decor rem do fato de a comunidade “ver os si nais de Deus em todos os tempos, mes mo nas dificuldades, tentando enxergar o que Ele ainda tem para a Capela e para cadaRonaldopessoa”.dos Santos, consagrado com o nome de Irmão Eugênio da Cruz, foi um dos que tiveram a vocação despertada na Capela: “Sinto muito orgulho daqui e estou feliz de ver que Deus ainda tem um projeto muito grande para ela”.

Conhecida pelos trabalhos sociais e de evangelização, desenvolvidos desde a sua fundação, em 10 de agosto de 1972, em São Mateus, extremo Leste da capital paulista, a Capela Reino do Céu teve extensa pro gramação de atividades no começo deste mês, na celebração do jubileu de ouro. Embora pertença à Paróquia Jesus Ressuscitado, sob os cuidados dos frades agostinianos, na Região Belém, desde o final de 2021, a pedido do Frei Bruno Henrique Lima, antigo Pároco, a Capela é administrada pelo Instituto Redenção, uma associação católica de missionários leigos, que desenvolve trabalhos sociais e de evangelização.Paracelebrar os 50 anos, o Redenção realizou uma programação especial, em parceria com a Paróquia e a Subprefeitura de São Mateus. Entre os dias 3 e 5, aconte ceu o tríduo, com Terço às 19h na gruta de Nossa Senhora e missa às 20h; e no sába do, 6, durante o dia, os fiéis participaram do evento festivo com barracas e venda de produtos.“Ovalor arrecadado no evento será destinado à manutenção emergencial, o que inclui a reforma dos banheiros e um projeto de acessibilidade, dado o gran de número de idosos que frequentam o local”, explicou, ao O SÃO PAULO, Lo renna Pirolo, responsável pela adminis tração da Capela.

CONSTRUÇÃO E PIEDADE POPULAR Construída pelo então proprietário da área, Felício Saad, a Capela tinha original mente apenas 35m². No entorno, havia poucas casas, um campo de futebol e uma lagoa, onde hoje está situado o conjunto residencial Santa Bárbara. Carlos Borges, que faz parte da Ordem Terceira do Carmo e frequenta a Capela desde 1973, conta que a construção se deu atendendo a um pedido de Nossa Senhora de Lourdes. Conforme a piedade popular, Maria Santíssima teria aparecido, em 11 de maio de 1972, a quatro crianças da co munidade, e naquele mesmo mês, no dia 25, há relatos da aparição de Santa Filome na, considerada a padroeira da Capela. Por força desses relatos, os fiéis passa ram a se reunir próximo à árvore em que teriam ocorrido as aparições, para ali rezar o Terço. Conta-se, ainda, que pessoas ado ecidas obtiveram a cura por meio de um chá feito a partir das folhas dessa árvore. Por ora, não há reconhecimento da Igreja sobre essas aparições e milagres. Carlos Borges é ainda responsável pela primeira atividade pastoral realizada na Capela: a entrega de pães aos pobres. “Dis tribuíamos todos os domingos à tarde, de pois da missa. A cada dia, eram entregues cerca de mil pães”, recordou. GRUTA Em 1983, leigos pagaram pela cons trução de uma gruta dedicada a Nossa

Local de peregrinação na zona Leste, Capela Reino do Céu completa 50 anos

VIDA PASTORAL Em 1995, a Paróquia instalou na Cape la a Comunidade Nossa Senhora de Lour des, levando outras pastorais para o local. “Foi assim com o grupo de oração e com o de jovens. Com a comunidade, veio toda uma estrutura de grupos as sociada ao protagonismo da Renovação

Na Capela localizada na Rua Escorpião, 25, em São Mateus, Instituto Redenção mantém trabalhos sociais e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes

IRA ROMÃO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Carismática Católica, marcante neles”, comenta Lorenna. Na época, ocorreu uma ampliação do templo. Em 2005, a Capela foi fechada por determinação da Prefeitura. “A doa ção do terreno da Capela para a Paróquia não estava formalizada. Com isso, insta lou-se uma disputa do espaço por parte do residencial, que fica aqui na frente, e pelo pessoal do transporte, que faz ponto final aqui do lado, e queria usar o espaço como estacionamento”, explica Lorenna, detalhando que a Prefeitura comunicou ser proprietária do terreno, e, assim, de terminou o fechamento do templo, até que tudo fosse regularizado. As ativida des de evangelização e entrega dos pães, porém, continuaram no espaço aberto da gruta.Em 2010, após ampla mobilização dos leigos do grupo de oração, a Capela foi re aberta, mas com a exigência de que além da atividade religiosa, houvesse um traba lho social. “Assim, a comunidade trouxe o projeto Colmeia, que tinha por base a pin tura de panos de pratos.” “Hoje, a missão do Instituto Redenção é pegar o histórico de toda essa documen tação para regularizá-la”, detalhou Loren na. “Estamos em processo com a Prefeitu ra, pedindo a cessão de uso do espaço.”

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NA FACULDADE DE DIREITO DA USP, NO LARGO GERALPOPULAÇÃOJURISTASESTUDANTES,SINDICALISTAS,EMPRESÁRIOS,CENTRALFRANCISCO,SÃOATOREUNIUEAEM

REPERCUSSÕES Pelas redes sociais e por mensa gens escritas no mesmo dia 11, o en tão presidente do TSE, ministro Ed son Fachin; e os presidentes das casas legislativas federais, Rodrigo Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara dos Deputados), se manifestaram favorá veis aos atos em favor da democracia e do sistema eleitoral brasileiro. A “Carta aos Brasileiros e Brasilei ras em Defesa do Estado Democrático de Direito” já foi assinada por candi datos à Presidência da República, como Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Bra sil), Sofia Manzano (PCB), Leonar do Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã). O atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), não a assinou. Em um evento com em presários em São Paulo, no dia 8, ele justificou o porquê: “Quem quer ser democrata não tem que assinar carti nha, não. Se tiver que assinar que sou honesto, ‘Assina aí que eu sou honesto’, todo mundo vai assinar que é hones to. Democracia tem que sentir o que a pessoa está fazendo”, justificou.

Ela concebeu, gestou, amamentou e educou o Verbo Encarnado, que a amou mais do que qualquer outra criatura. Foi completamente en volvida pelo Espírito Santo, que lhe fez conceber o Filho de Deus, merecendo por isso ser cha mada Cheia de Graça. Possuindo uma relação tão estreita com Deus, convinha que, ao final de sua vida neste mundo, não sofresse a corrupção da morte. Por isso, a Virgem, ao contrário dos demais seres humanos, não precisou aguardar a ressurreição dos corpos no juízo universal. Ela já se encontra na glória do Céu em corpo e alma.

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA 21 DE AGOSTO DE 2022 Maria foi Assunta aos Céus: alegremse os Anjos!

DANIEL osaopaulo@uol.com.brGOMES

A Assunção é uma entre as tantas razões pe las quais a Virgem diz: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,48s). Aquela que foi a primeira morada de Cristo en tre os homens entra neste dia na morada celes tial, glorificada acima de todos. Tendo alimen tado o Verbo divino, Ela sacia-se agora da visão beatífica. Tendo estabelecido uma intimidade física e espiritual incomparáveis com o Senhor, é aclamada até mesmo pelos Anjos. O Mistério da Assunção leva-nos a venerar a sempre Virgem Maria e a reconhecer a sua san tidade altíssima como Filha predileta de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espíri to Santo. Contemplando-a, bendizemos a Deus, que confunde os soberbos e manifesta o seu poder nas criaturas humildes. Reconhecemos, também, que Nossa Senhora é uma poderosa intercessora. Estando continuamente na glória, diante da Face do Altíssimo, Ela pede e fala bem de nós. Temos uma Advogada no Céu! Além disso, a Assunção leva-nos a pensar na eternidade. Como uma boa Mãe, Nossa Senho ra vai à nossa frente, mostrando o caminho que temos a seguir rumo a Deus. Ela já havia se an tecipado a todos, recebendo a graça do Senhor ao ser concebida. Antes de qualquer um de nós, Ela acreditara em Jesus Cristo, desde o momen to mesmo da Encarnação ao anúncio do Anjo. Quando a Cruz parecia a todos incompreensí vel, Ela permaneceu de pé no Calvário, unindo -se ao mistério da Paixão e creu na Ressurreição. Agora, antes de todos, Ela é glorificada em cor po eAalma.celebração da Assunção deve nos levar a desejar a glória do Céu e a trabalhar e orar por essa incomparável graça! Queremos um dia ver a Deus e cantamos: “No Céu, no Céu, com mi nha Mãe estarei!”…

Cartas em defesa da democracia são lidas em atos pelo Brasil

LEIA AS ÍNTEGRAS DAS CARTAS Em Defesa da Democracia e da https://cutt.ly/RXsyeSlcráticoEmhttps://cutt.ly/QXstMXJJustiçaDefesadoEstadoDemodeDireito Kaco Bovi/Faculdade de Direito-USP

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PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Dentro e fora do prédio da Facul dade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, no centro da capital paulista, milhares de pessoas acompanharam, na manhã da quinta-feira, 11, a leitura de duas car tas em defesa da democracia e do siste ma eleitoral brasileiro. A primeira leitura, ocorrida no salão nobre da Faculdade, foi da carta apoiada por 107 entidades, entre as quais fede rações empresariais, sindicatos, univer sidades e movimentos sociais, intitulada “Em Defesa da Democracia e da Justiça”. “Hoje, mais uma vez, somos instiga dos a identificar caminhos que consoli dem nossa jornada em direção à vonta de da nossa gente, que é a independência suprema que uma nação pode alcançar. A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de direito e o desenvolvimen to são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desa fios”, consta em um dos trechos da carta, cuja leitura foi feita pelo ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias. “Nossa democracia tem dado pro vas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises pro fundas, tanto econômicas, com perío dos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições”, também se lê no texto.

A Virgem Maria foi escolhida, desde toda a eternidade, para a vocação mais sublime que uma criatura poderia receber: ser, segundo a carne, a Mãe de Deus. Para este fim, o Senhor a salvou por antecipação, preservando-a desde a concepção da mancha do pecado original. Do tada de um coração e de um corpo inteiramente consagrados a Deus, Nossa Senhora permane ceu espiritual e fisicamente virgem antes, duran te e depois do parto de Jesus. Como coroação de sua passagem por este mundo, “a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, termi nado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Papa Pio XII).

a carta também foi lida em diferentes locais nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Para assegurar a natureza aparti dária do ato, nenhum representante de partido político falou durante o evento, embora muitos ali estivessem. Também foi combinado de não se fazer menções positivas e negativas a quaisquer políticos, sejam candida tos, sejam os que já ocupam cargos públicos.Antes da leitura da carta, o diretor da Faculdade de Direito, Celso Fer nandes Campilongo, recordou que o Estado democrático de direito con siste, basicamente, em respeito às leis e que no caso das eleições há apenas uma autoridade competente, o Tribu nal Superior Eleitoral (TSE). Quatro pessoas se alternaram na leitura da carta: o ex-ministro do Su perior Tribunal Militar, Flávio Bier renbach; as professoras Eunice de Jesus Prudente e Maria Paula Dallari Bucci; e a vice-diretora da Faculdade de Direito da USP, Ana Elisa Bechara. “Sob o manto da Constituição fe deral de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o País sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular [...] Nossas eleições com o processo ele trônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas ele trônicas revelaram-se seguras e confi áveis, assim como a Justiça Eleitoral”, consta na carta. “São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptu ra da ordem constitucional”, lê-se em outro“Notrecho.Brasil atual, não há mais espa ço para retrocessos autoritários. Dita dura e tortura pertencem ao passado.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Logo depois, também na Faculdade de Direito da USP, mas desta vez no Pátio das Arcadas, ocorreu a leitura da “Carta aos Brasileiros e Brasileiras em Defe sa do Estado Democrático de Direito”. O conteúdo redigido pelos estudan tes e professores de Direito da USP foi inspirado na carta escrita pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior, e lida no mesmo local, em 1977, em um ato de resistência contra o regime militar. A carta atual já recebeu mais de 1 milhão de assinaturas. No mesmo mo mento do ato na Faculdade de Direito,

A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessaria mente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado democrático de direito sempre!”, lê-se na conclusão do texto.

(Cominformaçõesdascongregações

No 3o domingo deste mês das vo cações, a Igreja recorda os religiosos consagrados, homens e mulheres que “se propõem, sob a moção do Espírito Santo, seguir Cristo mais de perto, en tregar-se a Deus amado acima de to das as coisas e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal e anúncio da glória do mundo que há de vir” (Catecismo da Igreja Católica, no 916). As marcas da vida religiosa consa grada estão nas origens da cidade de São Paulo, fundada por missionários da Companhia de Jesus (Jesuítas), em 1554, entre os quais São José de Anchieta, e prosseguiram ao longo dos séculos. Nes ta edição, O SÃO PAULO apresenta dois santos e dois beatos que aqui viveram, testemunhando a fé, a esperança e a ca ridade cristã.

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SANTO ANTÔNIO DE SANT’ANNA GALVÃO (1739 – 1822) Nos anos finais da fase colonial, o governo de Portugal impôs muitas limi tações à Igreja no Brasil, impedindo, por exemplo, a fundação de congregações re ligiosas. Isso, porém, não intimidou Frei Galvão, franciscano que chegou a São Paulo em 1762, após receber a ordena çãoEmsacerdotal.1770, ao ser designado como confessor do Recolhimento de Santa Te resa, conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, que dizia ter visões nas quais Jesus lhe pedia que se criasse um novo recolhimento. O Frade trabalhou diretamente para construí-lo, entre 1774 e 1788. Surgia, assim, o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, que se tornaria mosteiro apenas em 1929, sendo incorporado à Consagrados, santos e beatos entregaram-se a Deus e ao próximo em São Paulo

edossitesbiográficosdossantosebeatos)Fotos:LucineyMartins/

DANIEL osaopaulo@uol.com.brGOMES Ordem da Imaculada Conceição (Con cepcionistas). De 1788 a 1802, Frei Gal vão empenhou-se na construção da igre ja do Mosteiro da Luz. Propagador da imaculada conceição de Maria Santíssima, Frei Galvão visitava as famílias e recebia no convento os po bres e doentes, do corpo e do espírito, e, assim, tornou-se conhecido como con selheiro e servidor do povo. “A caridade é mansa e benigna, quem tem essa vir tude não se afasta facilmente, não julga mal, nem se perturba por qualquer cau sa, e é muito capaz de sossegar e compor os ânimos e gênios mais descontrolados”, afirmava.FreiGalvão morreu no Recolhimen to da Luz, em 23 de dezembro de 1822, aos 84 anos. Foi beatificado em 1998 e canonizado em maio de 2007, pelo Papa Bento XVI, no Campo de Marte, na ca pital paulista.

SANTA PAULINA (1865 – 1942) Quando seus pais, italianos, estabe leceram-se em Nova Trento (SC), em 1875, Amábile Lúcia Visintainer, então com 10 anos, já se mostrava disposta a ajudar os mais necessitados, viver a inti midade com Deus e ensinar a fé católica. Na década de 1890, Amábile, na companhia de Virgínia Rosa Nicolodi, iniciou a comunidade religiosa das Ir mãzinhas da Imaculada Conceição, com atuação em favor dos doentes, sendo re conhecida como congregação em 1895. No mesmo ano, Amábile professou os votos religiosos, passando ao nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus.As irmãs chegaram a São Paulo, no bairro do Ipiranga, em dezembro de 1903, e iniciaram a obra “Sagrada Famí lia” para abrigar os ex-escravos e cuidar dos filhos deles, em especial dos órfãos.

O SÃO PAULO

Em 1909, já não mais como superiora -geral da congregação, foi enviada a Bra gança Paulista (SP). Retornou à capital paulista em 1918, colocando-se à disposição de sua con gregação para servir pela fé, obediência, caridade e humildade: “Sede bem humil des, é Nosso Senhor quem faz tudo, nós somos seus simples instrumentos”. Madre Paulina morreu no Ipiranga, em 9 de julho de 1942, aos 76 anos. Foi beatificada em 1991 e canonizada por São João Paulo II em 2002. Recentemente, em 6 de agosto, recebeu o título póstumo de cidadã paulistana pela Câmara Municipal.

BEATA ASSUNTA MARCHETTI (1871 – 1948) A convite de seu irmão, o Venerável Padre José Marchetti, sacerdote italiano que veio ao Brasil na década 1890 para acompanhar as condições de vida dos imigrantes de seu país, Assunta Mar chetti chegou a São Paulo, em 1895, aos 24 anos, com a missão de ser a “mãe dos órfãos do Brasil”. No orfanato que o Padre ajudou a construir no bairro do Ipiranga, Assunta e outras integrantes da recém-fundada Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas) passaram a cuidar das crianças órfãs ita lianas. Depois, a acolhida se estendeu às de outras nacionalidades e a filhos de es cravosAnosabandonados.depois,Madre Assunta abriu uma casa apenas para acolher meninas, o Orfanato Cristóvão Colombo, na Vila Prudente, zona Leste, hoje Casa Madre Assunta Marchetti, que atende crianças no contraturno escolar. “A jovem religiosa, habituada a servir, não media esforços para ser mãe cari nhosa, enfermeira e catequista daqueles pequenos que a Providência fazia chegar ao Orfanato Cristóvão Colombo”, consta no site das Scalabrinianas.

Após morar por alguns anos no in terior paulista e no Rio Grande do Sul, Madre Assunta teve seus anos finais de vida no Orfanato da Vila Prudente, onde morreu em 1o de julho de 1948, aos 76 anos. Ela foi beatificada em 25 de outu bro de 2014, na Catedral da Sé.

BEATO MARIANO DE LA MATA (1905 – 1983) “A morte não espera” e a “solidão só aumenta o sofrimento.” Quem con viveu com o Beato Mariano de la Mata Aparício ouvia dele com frequência essas frases e podia testemunhar a dis posição deste religioso agostiniano em se deslocar pela cidade com seu fus ca para estar próximo dos doentes e indigentes.Nascido na Espanha, Mariano de la Mata seguiu o caminho de três de seus irmãos e ingressou na Ordem Agosti niana. Ele professou os votos solenes em 1927 e foi ordenado sacerdote em 1930. No ano seguinte, chegou ao Brasil, e após um período de trabalhos em Taquaritin ga (SP), foi transferido para o Colégio de Santo Agostinho, na capital paulista, onde atuou na maior parte de sua vida, bem como na Paróquia Santo Agosti nho, no bairro da Liberdade. A alegria era uma de suas marcas na vivência com os confrades e paroquia nos, bem como seu amor para com as crianças, os pobres e os enfermos, aos quais levava não só os sacramentos, mas a esperança cristã. Um de seus feitos fo ram as Oficinas de Santa Rita de Cássia, nas quais senhoras confeccionam, costu ram e distribuem enxovais e roupas para os recém-nascidos e pobres. Em 1983, acometido por um câncer, o Padre faleceu aos 77 anos. Foi beatificado em novembro de 2006, na Catedral da Sé.

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