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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 67 | Edição 3412 | 7 a 13 de setembro de 2022 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00www.arquisp.org.br JOÃO PAULO I Novo Beato viveu a alegria do Evangelho, sem exceção, amando até o fim Páginas 12 e 13 Fundação João Paulo

O bicentenário da independência deveria nos ajudar a lembrar que o Brasil é uma grande comunidade hu mana, num imenso território, cheio de recursos naturais e possibilidades de vida. Esta comunidade humana não é homogênea, mas muito diversi ficada quanto à sua composição étni ca, racial e cultural. A diversidade, no entanto, não é desdouro nem proble ma, mas riqueza humana e possibili dade de edificação de uma sociedade plural, em harmonia e fraternidade. Nesta comemoração, é preciso também tomar consciência de que os efeitos benéficos da independência política ainda estão longe de benefi ciar a todos os brasileiros de forma justa e equitativa. Grande parte da população ainda vive na dependên cia econômica e em condição de exclusão social. A diferença entre a pequena camada mais rica e uma imensa população brasileira pobre é abissal. Quando esses brasileiros que lutam cada dia pela sobrevivência poderão experimentar que a inde pendência do Brasil também signifi ca algo para eles? Em 200 anos de sua história inde pendente, é inegável que o Brasil deu passos enormes no sentido do pro gresso econômico e social. Acordou e já não jaz mais “eternamente em berço esplêndido”, formando uma co munidade política ativa e participati va. Procurou envolver-se também na comunidade das nações e participar ativamente das questões internacio nais que dizem respeito à dignida de humana, à justiça e à paz entre os povos. Amadureceu, pouco a pouco, as suas instituições democráticas, mesmo sendo necessária a constante vigilância para não haver retrocessos autoritários. Ainda precisa aprender a conviver melhor com a diversidade de opiniões e ideias, a confiar no di álogo aberto e na contribuição plural para a edificação da sociedade. Oxa lá não haja mais lugar, no presente e no futuro, para salvadores da pátria populistas.Paranós, cristãos, vale lembrar que somos parte desta comunidade cha mada Brasil. Aqui exercemos nossa cidadania, contribuímos para o bem comum e nos beneficiamos do conví vio da comunidade nacional. Embora, à luz da nossa fé, estejamos a caminho da “pátria definitiva”, nosso caminho para a “Jerusalém celeste” se faz en quanto somos participantes da pátria terrena chamada Brasil. O amor à pá tria não é sentimento vago nem ideal abstrato: é amor ao povo brasileiro e compromisso com o seu bem todos os dias. Não dá para ser bons cristãos sem sermos também bons brasileiros, com as virtudes humanas e cristãs que edificam o convívio social na retidão, justiça, solidariedade e paz. Cabe-nos participar ativamente na edificação da pátria comum, cada um com seu dom e suas capacidades. Na comemoração do bicentená rio da independência do Brasil, como pessoas de fé, agradeçamos a Deus por todos os benefícios já consegui dos para o povo brasileiro. Ao mesmo tempo, é preciso pedir perdão a Deus pelo muito mal que se fez, ou pelo bem que se deixou de fazer, vendo tantos brasileiros ainda em condições de sofrimento e miséria. Esta come moração deveria despertar em todos o desejo de escrever belas páginas para a história que temos pela frente. Que Nossa Senhora Aparecida, Pa droeira do nosso Brasil, interceda por todos os brasileiros.

ODILOCARDEALPEDROSCHERER metropolitanoArcebispodeSãoPaulo

SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

2 | Encontro com o Pastor | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

daBicentenárioIndependência

políti ca do Brasil completa 200 anos. Para além das motivações e das inter pretações dos fatos que levaram a proclamar a independência, resta de verdadeiro que a proclamação da in dependência foi um fato marcante e benéfico, que deu início a uma etapa nova na história do povo brasileiro. Não todos os problemas foram resol vidos com esse ato constitutivo formal da existência do Brasil como país; mas assumimos nosso próprio destino, sem a dependência formal de outro país, como era até então.

Aindependência

A comemoração do bicentenário da independência deveria ser motivo de festa para todos os brasileiros. É la mentável que a efeméride aconteça na fervura de uma campanha eleitoral, marcada pela polarização ideológica. Perdemos uma boa oportunidade de festejarmos de forma serena, alegre e irmanada a conquista da indepen dência, sem a necessidade de temer confrontos com quem se julga mais brasileiro que os outros ou queira manipular os festejos em favor de seu cacife eleitoral. Deveria haver um veto à partidarização dos festejos da inde pendência, bem como ao uso da ban deira brasileira.

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munidade cristã, os quais eram reflexos do choque entre o velho e o novo mun do que despontava com a proposta de Jesus.Nos versículos que se desdobram no capítulo 14 da Carta aos Romanos, dois princípios servem como referência: o primado da consciência e o amor fra terno baseado na inexistência de algo totalmente impuro. Nessa perspectiva, há uma primeira atitude que pode ser classificada como fundamental: Não julgar e não condenar. “Quem come de tudo não despreze quem não come, e quem não come não julgue aquele que come: pois Deus o acolhe igualmente” (RmO14,3).primeiro critério, do primado da consciência, que propõe São Paulo, é o de que cada um siga a sua convicção e sua consciência (cf. Rm 14,5), uma vez que é por ela que todos serão julgados diante de Deus, pois, como é indicado no versículo oitavo, o juízo correspon de única e exclusivamente a Deus, visto que vivos ou mortos, todos pertencem ao Senhor.Osegundo critério, que se funda menta na afirmação de que não existe algo impuro, recorda o versículo 14, que expressa claramente que, no Senhor Je sus, não há nada de impuro por si mes mo. De fato, é o ensinamento do Mestre: “O que vem de fora e entra numa pessoa não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura” (Mc 7,15). A partir dessa verdade cristã, a de que nada é impuro, é que São Paulo de clara que se alguém acredita que algo seja impuro, é que isso se torna tão so mente para o que assim julga (cf. Rm 14,14). De fato, o Apóstolo volta à verda de central do amor fraterno. Não é por questão alimentar que se pode entriste cer alguém, pois ninguém é uma ilha no meio do oceano, mas todos vivemos ao lado de alguém a quem somos chama dos a amar. Sim, somos chamados a agir com amor, a ser amor para com todos! A atitude de todo cristão reside, portanto, na busca da edificação mú tua, no suporte aos fracos, face os nos sos próprios caprichos (cf. Rm 15,1). E, assim, tal proposta de duplo crité rio que São Paulo propõe aos romanos deve ser também para todos nós, hoje. A vivência do amor e dos vínculos fra ternos não deve se resumir à aparência, à virtualidade, mas à realidade concre ta que se estende a todos. Do contrário, continuaremos vivendo no mundo ve lho, muito distante do projeto de Jesus e, assim, a escada, aquela da historinha, estará cada vez mais longe da altitude celeste. É o que nos recorda São Fran cisco de Assis, em uma de suas célebres frases: “Tome cuidado com a sua vida, talvez ela seja o único evangelho que as pessoas leiam”.

fragmento de madeira envernizada. Vieram outros mais e, como o car pinteiro era generoso, distribuiu partes da sua escada. O carpinteiro sabia que o inverno era duro, que a miséria era tamanha e ele presenteava a todos com partes da sua escada. A alguns para consertar uma janela por onde entrava o ar frio, a outros para remendar algu ma porta quebrada ou ainda para fazer brinquedos para que as crianças ficas sem felizes e contentes.

Em 1946, por ocasião de um retiro espiritual, Irmã Teresa foi a Darjeeling, onde viu de perto a realidade da pobreza. Em 1948, conseguiu licença para deixar as Irmãs de Loreto. Mantendo sua condi ção de religiosa, mudou-se para Calcutá, onde se empenhou exclusivamente na atenção aos mais necessitados. Em 1949, Madre Teresa escreveu as constituições das Missionárias da Caridade e, no dia 7 de outubro de 1950, a congregação foi aprovada pela Santa Sé, expandindo-se por toda a Índia e pelo mundo.

Um carpinteiro se colocou, um dia, a construir uma es cada para poder chegar ao céu. Passou um vizinho, viu o homem a trabalhar e disse: “Podes me dar um pedaço de madeira?”. “Por que não?”, disse o carpinteiro, “tenho ma deira o Depois,suficiente”.veiouma mulher e disse: “Com alguns pedaços dessa madeira da escada, eu poderia esquentar a comi da para meus filhos”. O carpinteiro se comoveu e deu algumas parcelas dela para o fogão daquela mulher. Um mendigo necessitava fazer um cajado, pois suas pernas já não se sustentavam. Então, o carpintei ro o presenteou também com um DE NÓS CONTAS A DEUS DE SI PRÓPRIO’(RM14,12)

A Congregação das Missionárias da Dom Odilo celebra missa em capela de congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá osaopaulo@uol.com.brREDAÇÃO

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Discernimento

Atos da Cúria POSSE CANÔNICA: Em 21/08/2022, foi dada a posse canônica como Capelão do Mos teiro de Santa Teresa, no bairro de Mirandópolis, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Agnaldo Costa Júnior, MSFS Em 27/08/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, no bairro do Parque Pana mericano, na Região Episcopal Bra silândia, ao Reverendíssimo Padre Bruno dos Reis Paula, C.R Na memória litúrgica de Santa Te resa de Calcutá, na segunda-feira, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebis po Metropolitano, presidiu missa na capela da Comunidade das Irmãs Mis sionárias da Caridade, no Jardim Peri, na zona Norte da Concelebraramcidade.osPadres Paulo Gil e Juarez Dalan, este último Adminis trador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Penha, na Região Santana, próxima à comunidade das irmãs.

Em 1979, foi homenageada com o Prêmio Nobel da Paz. Ela faleceu em 5 de setembro de 1997. Foi beatificada em 19 de outubro de 2003, por São João Paulo II, e canonizada, em 2016, pelo Papa Francisco.

Hoje, as Missionárias da Caridade somam mais de 5 mil religiosas. Elas chegaram a São Paulo em 1992 e tem pos depois se instalaram no Jardim Peri, onde realizam diversos trabalhos caritativos e de evangelização, como as sistência a pessoas em situação de rua, crianças, mulheres, idosos e portadores de HIV. (Com informaçõesdecomplementaresRoseaneWelter)

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‘ASSIM CADA UM

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em Roma, havia cristãos recém-conver tidos do Judaísmo e, por conseguinte, seguiam as prescrições contidas no An tigo Testamento, tais como não comer carne de animais impuros, isto é, de ani mais sufocados em seu próprio sangue. Mas a maioria dos cristãos de Roma era oriunda do paganismo e, por isso, não conhecia o Primeiro Testamento e, por sua vez, não pensava que alguma carne comestível pudesse ser impura. A partir disso, surgiram conflitos dentro da co

“Não compreendo, minha escada é cada vez menor, e cada vez estou mais próximo do céu”, foi o que exclamou o carpinteiro, ao olhar para sua carpintaria.

DOM CARLOS SILVA, OFMCAP BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA Espiritualidade

Irmãos e irmãs, a partir desta peque na história, gostaria de iniciar uma re flexão em relação a nossa abertura aos irmãos. O apóstolo São Paulo prepara va-se para sua viagem a Roma, e, em sua distinta carta, ele trata de algumas tribu lações existentes naquela comunidade.

Caridade foi fundada por Santa Tere sa de Calcutá. Agnes Bojaxhiu nasceu em Skopje, hoje capital da Macedônia do Norte, em 26 de agosto de 1910. Em 29 de setembro de 1928, ingressou na Congregação das Irmãs de Nossa Se nhora do Loreto, na Irlanda. Fez sua profissão religiosa em 24 de maio de 1931, quando adotou o nome Teresa, em homenagem a Santa Teresa de Li sieux. Em seguida, foi transferida para Calcutá (Índia), onde, por 17 anos, se dedicou ao ensino como professora.

PRESTARÁ

Isso não significa aceitar concep ções tais como a ideologia de gêne ro, muito menos promovê-las, mas reconhecer o que há de verdadeiro em cada posição e ajudar os jovens a ir além das palavras de ordem para compreender a raiz de cada tese ado tada. Dessa forma, podemos valorizar os aspectos positivos e evidenciar os limites das ideologias, que tendem a absolutizar alguns aspectos da natu reza humana, como sentimentos, im pulsos, anseio de liberdade, desejo de amar e ser amado, reduzindo e fragili zando o homem. Por meio de um acompanhamen to pessoal, podemos, com simpatia, ajudá-los a descobrir as exigências profundas de seu coração e comparar com os valores que defendem indo em direção à verdadeira liberdade. É preciso caminhar e aprender com eles hoje.

O mundo nos abraça para nos arras tar, para fazer esquecer o verdadei ro propósito de nossas vidas: servir, adorar, pregar com a nossa vida a Palavra do Senhor. O mundo nos ar rasta e nos cospe à beira da estrada. O primeiro ambiente em que não devemos nos conformar com o mundo é a família. Trata-se do me lhor lugar para o treinamento das virtudes, para que assim realizemos em nossa vida a vontade do Pai. Po rém, algumas vezes, infelizmente, são escassas as virtudes dentro dos lares. O primeiro passo, portanto, é retomar o cultivo das virtudes e dos valores do Evangelho nas “Igrejas domésticas”.Outroambiente é a vida comu nitária, lugar de comunhão e teste munho autêntico da fé e que merece reflexão. Atualmente, vemos cris tãos fugindo para a montanha no Iraque, sofrendo com fome, sede, frio, se escondendo, abaixo de tiros e bombas; na Nicarágua, há pessoas indo para a prisão simplesmente por rezarem o Terço. E nós, às vezes, brigamos porque o folheto da missa devia ser cinza e não amarelo, por que a lâmpada deveria ser amarela e não branca, porque não chegamos a um acordo se o galho na calçada deveria ser podado ou não... Qual é a essência da nossa missão? É preciso acreditar que nossa vida é diferente quando está volta da para Deus. Saibamos superar os desafios, não nos deixemos abater diante das dificuldades. Se nós amamos Jesus, de verdade, a melhor maneira de demonstrar mos isso ao mundo é fazendo o que Ele nos ensinou: conhecê-lo e amá-lo cada vez mais, obedecendo sempre mais à sua Palavra. É para isso que fazemos este caminho sinodal. Se o sínodo não é um ponto de chegada, mas, antes, um caminho percorrido juntos, não esqueçamos de observar as belezas do cami nho: há paisagens belíssimas a se rem apreciadas nesse trajeto. Não fiquemos distraídos olhando para o horizonte aonde queremos chegar. Aproveitemos o caminho. Há um provérbio português que diz: “O melhor da festa é esperar por ela”. O melhor da festa, portanto, é a sua construção, são os detalhes, é a esperança de que a festa será ines quecível. O poeta espanhol Antonio Machado disse: “Caminante, no hay camino, se hace camino al andar”. Sigamos construindo nosso bonito caminho de comunhão, conversão e renovação missionária. Que nossa esperança cristã, aquela que não decepciona, seja a esperança de cantar o renascimento de comunidades eclesiais missioná rias, de pastorais fortalecidas como um mundo que se renova. Vivamos com esperança esta etapa do sínodo arquidiocesano de São Paulo.

Para além da afirmação de ideo logias, portanto, os jovens estão preo cupados com seus pares, com pessoas reais, que sofrem, são humilhados e buscam o seu lugar no mundo, que pode ser muito cruel com aqueles que não se enquadram nos padrões sociais.Atentação dos adultos é cair na nostalgia, lamentar e rejeitar integral mente essa mentalidade, propondo a volta ao passado, período em que tudo parecia estar em seu devido lu gar. Esta tentativa, porém, é infrutífe ra, pois os jovens vivem neste mundo, tal como o conhecemos agora, com

Arte: Sergio Ricciuto Conte lentos, pois parecem negar a existên cia do particular, da pessoa em sua singularidade.Écadavez maior o número de “jovens influencers”, que expõem nas redes sociais as dificuldades enfren tadas por serem portadores de carac terísticas físicas ou psicológicas que fogem ao padrão dominante em nos sa sociedade. São jovens que relatam a dor e o caminho percorrido para alcançar a aceitação pessoal e social, tornando-se referências para os que vivem situações idênticas, gerando maior compreensão e empatia por parte de todos.

de Deus Editorial Asopiniõesexpressasnaseção“Opinião”sãoderesponsabilidadedoautorenãorefletem,necessariamente,osposicionamentoseditoraisdojornal O SÃO PAULO

Opinião

4 | Ponto de Vista | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

Diversidade – uma justa bandeira dos jovens

infinitas possibilidades, repleto de be leza e Devemosdesafios.reconhecer que jovens possuem uma sensibilidade própria do tempo em que vivem. Eles de monstram maior compaixão com o sofrimento humano, respeito e acei tação das diferenças, solidariedade aos mais frágeis e buscam estabelecer relações autênticas, não sendo deter minados por papéis sociais.

Renovar mentes e corações para distinguir a vontade MARLI PIROZELLI N. SILVA A promoção e valorização da di versidade é um fenômeno do nosso tempo. A busca pela inclusão gerou mudanças nas empresas, escolas, universidades, organizações sociais, publicidade, TV, cinema, e impactou políticas públicas. Os jovens são os grandes represen tantes dessa mentalidade, assumindo a defesa intransigente da diversidade em todos os setores da vida social. Muitos acreditam que essa menta lidade é tão somente fruto das pautas identitárias, em particular das ideolo gias de gênero e de raça, difundidas nas escolas e meios de comunicação, devendo, portanto, ser vigorosamente combatida. Mas é preciso considerar outrosNossosaspectos.jovens cresceram num contexto cultural em que as certezas deram lugar às dúvidas, convivem com diferentes narrativas e se conce bem como sujeitos múltiplos, produ tos culturais e históricos. A professora Marta Rodríguez (Ateneo Pontificio Regina Apostolorum) explica-nos a gênese deste processo e ressalta que uma das características desse con texto é a rejeição das novas gerações a tudo o que é considerado universal. Palavras como Verdade e Natu reza, por exemplo (valores essenciais para os adultos), são termos que hoje soam impositivos, quase vio

Marli Pirozelli N. Silva, historiadora com mestradoemFilosofiadaEducação.ÉprofessorauniversitáriadeDoutrinaSocialdaIgreja. A 4ª sessão da assembleia do sínodo arquidioce sano de São Paulo, rea lizada no sábado, 3, foi iluminada pelo trecho da Carta de São Paulo aos Romanos (12,1-8), na qual o Apóstolo exorta os irmãos a, pela misericórdia de Deus, oferece rem seus corpos em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Em se guida, estimula-os a não se confor marem com este mundo, mas trans formá-lo “pela renovação da mente, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Portanto, não nos moldemos aos padrões deste mundo. Não nos con formemos ao que não é de Deus! Que não sejam os que têm o pecado como prioridade os nossos modelos.

Comportamento BORBA RIBEIRO NETO

5. Já que todos somos filhos no que diz respeito à natureza humana, nunca se deve perder de vista que somos filhos especialmente de Deus. Aquele que é o único capaz de tirar de todo e qualquer mal um bem maior. Aquele que ama os seus filhos mais e me lhor do que os pais mesmos os amam. Não levar essa filiação em conta dificulta demais viver com equilíbrio as adversidades que se apresentarem. Não se trata de ignorar a dor ou de não se importar com ela, mas de colocá-la no seu devido lugar e não se deixar guiar por ela e a compaixão que ela suscita. O melhor que os pais podem fazer é manter o vínculo de confiança por meio da verdade (contada na medida da capacidade de com preensão dos filhos e com o oti mismo e segurança que somente os pais podem transmitir). Quando se trata de uma dor psíquica, capacitá-los a lidar com ela, sem tender a superproteger – defender, colocar-se no meio, falar por Quandoeles...se trata de uma dor física ou de uma doença grave, dar suporte, encorajar, acompa nhar, fortalecendo a criança, in vestindo em sua capacidade de superar. A família que encontra forças para enfrentar essas adver sidades, especialmente as mais graves, certamente crescerá mui to em amor, maturidade e união. Sim, é assustador pensar nis so, parece superar nossas forças e, com certeza, supera. Por isso, sempre que me deparo com uma situação dessa, penso: sem Deus, essa dor seria insuportável.

Fé e Cidadania

Cada partido quer que votemos apenas em seus candi datos, mas podemos ter que combinar candidatos com posições diferentes, para que o Legislativo evite distor ções do Executivo e vice-versa.

Anna Paulo, a nossa alma esta simbolizada naquele sopro de Deus no boneco de barro que Ele mol dou ao criar o homem.

FRANCISCO

A Doutrina Social da Igreja e a vida da comunidade cristã não nos dizem em quem devemos votar, mas nos dão critérios objetivos que podem orientar nosso discer nimento – os chamados “princípios irrenunciáveis”. Tais critérios devem ser aplicados como um todo, para não se tornarem tendenciosos e ideológicos, sempre contem plando o contexto geral. Por exemplo, a paz entre as na ções é um “princípio irrenunciável” muito mais urgente para países em guerra; a moralidade pública ganha rele vo onde se luta contra a corrupção endêmica.

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Findas as eleições, temos a obrigação de acompanhar nossos candidatos eleitos e cobrar deles posições condi zentes com o bem comum. Não podemos ratificar tudo que um político faz só porque votamos nele – pelo con trário, como seus eleitores, devemos ser os primeiros a cobrar sua coerência e seu compromisso.

Você Pergunta A nossa alma é a nossa consciência?

A nossa alma começa a existir quando se inicia a concepção, o en contro do espermatozoide com o óvulo, que dá início ao milagre da vida. Confundir alma com consci ência, minha irmã, é um erro que pode nos levar à admissão do abor to ou ao desrespeito aos irmãos com dificuldades cognitivas ou de aprendizagem. A alma que anima o nosso corpo nos abre também para Deus. Ela nos distingue das demais criaturas vivas.

SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO Esta semana, vivi a experiên cia de acompanhar de perto uma situação bastante triste: pais que receberam um diagnóstico de uma doença grave do filho de 5 anos, que terão que submetê-lo a um tratamento pesado (que ainda nem sabem bem qual será). Eles não sabiam como dizer à criança o que estava acontecendo. Claro que uma situação gra ve como essa, poucas vezes se apresenta na vida das pessoas. Mas, acompanhando famílias há muito tempo, percebo que uma das maiores dores dos pais é per ceber o sofrimento físico ou psí quico do filho. Dói nos pais uma doença do filho, um ferimento maior, uma privação no relacionamento com um determinado grupo de ami gos, uma brincadeira mais api mentada de que a criança seja alvo, enfim, é duro ver os filhos sofrerem.Uma das primeiras e mais fortes manifestações do amor humano é o medo de perder. Ob viamente, diante de uma circuns tância real de perda que se apre sente, os pais sentem o mundo desmoronar. Às vezes, quando menos preparados, até mesmo sofrimentos menores dos filhos tiram os pais do eixo. Sem dú vida, existem situações (como a relatada acima) em que é difícil encontrar forças para enfrentar e cumprir o papel que cabe aos pais: ensinar o filho a viver.

O bem comum é uma construção permanente e co tidiana, que transcende o momento eleitoral e a atuação dos políticos eleitos. Cada um de nós dá sua contribuição quando se envolve em atividades sociais e políticas ins piradas na caridade e no compromisso cristão, quando se torna protagonista da construção do bem comum em seu ambiente. Os limites da política partidária e eleitoral mostram a importância desse trabalho cotidiano.

Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

Existem posições e princípios incompatíveis com a fé e os valores cristãos, mas essa não é uma questão esquemáti ca. É fácil para um demagogo declarar que comunga com os princípios cristãos e depois ter uma conduta totalmente oposta a eles – ou selecionar alguns princípios e desconsi derar outros. A confiança na coerência e na honestidade pessoal de um político é uma avaliação sempre subjetiva.

Os cristãos podem se organizar em partidos e frentes condizentes a suas convicções, mas não devem se impor a toda a comunidade cristã como única expressão polí tica válida: “a adesão a um partido ou corrente política seja considerada uma decisão a título pessoal, legítima ao menos nos limites dos partidos e posições não incom patíveis com a fé e os valores cristãos” (CDSI 574).

A Bíblia nos ensina que nós, seres humanos, fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Por isso mesmo, qualquer atentado à vida humana, seja pelo aborto, seja pela eutanásia, seja pela violência, seja pela discriminação, acaba por desfigurar a imagem e semelhança de Deus, que marca a existência de todo homem e mulher que vem a esteAnnamundo.Paula, então guarde isso no seu coração. O ser humano é corpo e alma, e a alma é um sopro de Deus em nós e está presente em nós, tenhamos ou não consciência de nossaSomosvida.filhos amados de Deus sempre, em qualquer idade, em qualquer situação de vida. Explique isso a quem pensa diferente. Viva isso na sua vida pessoal.

Justamente pensando nis so, trago aqui algumas reflexões que considero importantes.

1. A missão dos pais é intrans ferível e de suma importância – aqueles que dão a vida são responsáveis por manter a vida dos filhos (na medida do pos sível) e ensiná-los a viver. Vi ver todo tipo de situação – as felizes e as tristes, as fáceis e as mais difíceis, as esperadas e as inesperadas.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI) esclarece que “o cristão não pode encontrar um partido plenamente conforme às exigências éticas que nascem da fé e da pertença à Igreja: a sua adesão a uma corren te política não será jamais ideológica, mas sempre crí tica” (CDSI 573) e “a ninguém é permitido reivindicar exclusivamente, em favor do seu parecer, a autoridade da Igreja: os crentes devem antes procurar esclarecer-se mutuamente num diálogo sincero, guardando a caridade mútua e o cuidado do bem comum” (CDSI 574).

2. O vínculo entre pais e filhos é o mais primitivo da pessoa, aliás, todo ser humano é radi calmente filho, embora nem toda pessoa será pai e mãe. Esse vínculo precisa estar pau tado no amor comprometido, responsável e na confiança – a verdade é o caminho da cons trução da confiança.

3. Ninguém espera adversidades muito graves, especialmente quando pensa nos filhos, mas, ao acolherem os filhos, os pais precisam lutar pela virtude da fortaleza; afinal, sempre surgi rão adversidades (na maioria das vezes não tão graves), mas que precisarão ser enfrentadas corajosamente se quiserem ti rar delas uma aprendizagem saudável para os filhos.

4. O mundo real precisa ser o lu gar onde as relações e as vivên cias acontecem; nunca deve ser substituído pelo mundo imaginário ou o mundo virtu al – onde as doenças, tristezas e maldades não entram. A vida não é assim.

PADRE CIDO osaopaulo@uol.com.brPEREIRA

O reconhecimento da dignidade da pessoa huma na é a pedra fundamental da Doutrina Social da Igreja (CDSI 105ss), diretamente vinculado tanto à defesa da vida, pois só os vivos podem ter sua dignidade reconhe cida na sociedade (Evangelium vitae, EV 2), quanto à opção preferencial pelos pobres, que têm sua dignidade aviltada em função de interesse econômico privado. Na própria Evangelium vitae, São João Paulo II reúne a de fesa da vida e a opção preferencial pelos pobres (cf. EV 32), mostrando que uma não pode ser separada da ou tra. Nas palavras do Papa Francisco, só nos aproximando dos últimos poderemos ser irmãos de todos e construir o bem comum (cf. Fratelli tutti, FT 287). Se vemos a integralidade dos princípios cristãos, tere mos dificuldade de encontrar um “candidato ideal” – os políticos são seres humanos imperfeitos, como nós mes mos. Temos sempre que escolher o “melhor possível”.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudiólogaeeducadora.Mantém o site www.simonefuzaro.com.br.Instagram:@sifuzaro se o sofrimento bate à porta?

E

Quando não existe candidato ideal Nesta semana, respondo à se guinte dúvida da Anna Paula, de Jandira (SP): “Gostaria de saber se nossa alma é a nossa consci ência. Se quando bebês, temos ou não a consciência formada, e a partir de quando ela começa a operar em nós?”.

BRASILÂNDIA Santuário Sião do Jaraguá recebe Encontro da Mãe Peregrina

6 | Regiões Episcopais | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

No sábado e domingo, dias 3 e 4, depois de quatro fins de semana em que a comunidade de fiéis e os milhares de visitantes se reuniram para celebrar a festa patronal da Paróquia, houve o encerramento da Festa de Nossa Senhora Achiropita, nas ruas do entorno da matriz paroquial, no bairro da Bela Vista, região anos de ausência em virtude da pandemia, e sob o lema “O bom filho a casa torna”, a 96ª edição da tradicional festa italiana de São Paulo contou com a participação de mais de 1,2 mil voluntários, que, movidos pela fé e devoção a Nossa Senhora, a tornaram uma realidade.Osrecursos arrecadados serão revertidos para a manutenção das obras sociais, atendendo os mais pobres e necessitados da comunidade.

Apóscentral.dois

Fiéis da Paróquia Nossa Senhora Achiropita comemoram a padroeira

Alex Formigoni Em 27 de agosto, aconteceu, no Santuário Sião do Jaraguá, o Encontro da Campanha da Mãe Peregrina da Região Brasilândia, em comemoração dos 19 anos da chegada da imagem peregrina auxiliar.Naocasião, houve palestras com os Padres Gustavo Hanna Crespo, IShc, Reitor do Santuário e Assessor da Mãe Peregrina do Regional Sudeste, e Gabriel Oberle, IShc. Participaram representantes de paróquias da Região. Padre Gustavo apresentou um breve histórico sobre a imagem peregrina auxiliar e explicou que cada uma delas representa 30 famílias e, naquele dia, estavam 1.230 famílias interligadas pela formação

Patrícia beatriz Lopes

Ao término da festa, os Padres Antônio Sagrado Bogaz, PODP, Pároco, e Edson Teixeira de Lima, PODP, Vigário Paroquial, fizeram a tradicional volta da imagem da Santa pela cantina, e depois, pelas ruas, passaram por todas as barracas, despedindo-se com a bênção aos voluntários e à comunidade que acompanhou a procissão. Após a apresentação dos atendidos do projeto da Casa de Acolhida Rainha da Paz, conclui-se o evento com oração, emoção e fé.

SHEILA FORMIGONI E SUELI VILARINHO COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO das missionárias (pessoa responsável por uma imagem peregrina).

Padre Gabriel, por sua vez, fez um paralelo sobre a passagem da Transfiguração no Monte Tabor com as três graças do Santuário: abrigo espiritual, transformação interior e envio apostólico. Houve momentos de conversas e troca de experiências a respeito do que já é feito nas paróquias durante a visita da imagem peregrina auxiliar e novas propostas para as próximas, as quais serão compartilhadas com os responsáveis de cadaAoparóquia.término da missa de encerramento, Padre Gustavo fez o anúncio e convite para o próximo ano, que está pré-agendado para o dia 19 de agosto, além de ter agradecido a colaboração dos envolvidos na realização do encontro.

[BRASILÂNDIA] No sábado, 3, na Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, aconteceu a primeira reunião presencial do Conselho Regional de Pastoral (CRP) após o início da pandemia. A atividade contou com a presença de Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, de padres assessores e coordenadores de pastorais de cada setor da Região. O Cônego Antônio Manzatto conduziu a reflexão do tema “Pastoral de Conjunto e Sinodalidade”. Na ocasião, os representantes das pastorais se apresentaram e compartilharam o trabalho desenvolvido em cada uma delas e seu planejamento futuro. (por Patrícia Beatriz Lopes)

EVA YU BERTANI E PAULO TAKAHASHI COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO Pascom paroquial

Haverá um tríduo preparatório, com celebrações eucarísticas na matriz paroquial: na quinta-feira, 8, às 20h, com o tema “Cruz e esperança”; na sexta-feira, 9, às 20h, com o tema “Cruz e serviço”; e no sábado, 10, às 17h, com o tema “Cruz e seguimento”.Nodomingo, 11, às 10h, haverá a missa solene, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e pelo Padre Ciro Attanasio, Superior Provincial da Congregação Servos da Caridade.

SANTANA

Paróquia Santa Cruz comemora jubileu de ouroIRENESIVIERI COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Dom José Benedito destacou, ainda, que a escolha do mês de setembro se deu em virtude de São Jerônimo, grande estudioso da Bíblia, cuja memória se celebra no dia 30 de setembro. Neste ano, de acordo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propõe-se para os encontros do Mês da Bíblia o estudo do livro de Josué, com o lema: “O Senhor teu Deus está contigo por onde quer que andes” (Js 1,9). Benedito

preside missa na abertura do Mês da Bíblia BENIGNO NAVEIRA COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO Benigno Naveira Benigno NaveiraSilvano PascomJacobinoregional Divulgação

[BELÉM] Durante o mês de agosto, Padre Arlindo Teles, Assessor Eclesiástico da Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração), na Região Belém, visitou algumas paróquias, animando os zeladores desta rede e motivando-os a continuar com a oração e divulgação da rede de oração, além de promover momentos de formação e oração. (por Pascom regional) [SANTANA] No sábado, 3, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa de envio dos missionários da sub-região São Paulo (Comire) e das Forças Missionárias, na Capela São José, na Cúria Regional. Concelebraram os Padres Erly Avelino Guillen Moscoso, MSA, e Vidal Zapattini, CSS, com a assistência do Diácono Nilson Amâncio. (por Silvano Jacobino)

LAPA Dom José

No domingo, 4, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Setor Pirituba, aconteceu a celebração eucarística de abertura regional do Mês da Bíblia, presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada pelo Padre José Pedro Batista,OPároco.BispoAuxiliar da Arquidiocese na Região Lapa lembrou que, tendo o Senhor como autor principal, a Bíblia não apenas contém a Palavra de Deus, mas ela é Palavra de Deus. Ele ressaltou, também, que a Bíblia deve ser lida assiduamente e seu conteúdo refletido por todos.

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[LAPA] No sábado, 3, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Anglo Brasileira, Setor Lapa, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, conferiu o sacramento da Crisma a seis jovens e adultos. Concelebrou o Padre José Donizetti Fiel Rolim de Oliveira, Pároco. (por Benigno Naveira)

Inaugurada em 30 de abril de 1972, com uma missa presidida por Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Armando, primeiro Pároco da Congregação dos Servos da Caridade, fundada por São Luís Guanella, a Paróquia Santa Cruz, próxima ao Horto Florestal, no Setor Mandaqui, dá continuidade às comemorações dos 50 anos de sua existência e se prepara para a Festa da Exaltação da Santa Cruz, que este ano será o ápice dos festejos do jubileu.

A Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, em adesão à campanha “Setembro Amarelo”, de cons cientização e prevenção ao suicídio, além de ampliar os plantões de atendimento da Pastoral da Escuta à comunidade, tam bém aderiu à modalidade de atendimen to virtual. Segundo a coordenação desta Pastoral, nas últimas semanas os atendi mentos têm se intensificado por diversos motivos, e a equipe está preparada para dar atenção especial aos casos que re querem ainda mais amparo e encaminha mento. A equipe recebe formação cons tante, e o tema suicídio tem sido debatido com frequência. (porTaíseCortês) [SANTANA] A Comitium Reconciliatrix da Associação Legião de Maria comemorou seus 101 anos de fundação, com missa pre sidida por Dom Jorge Pierozan, na Paróquia Nossa Senhora da Salette, no sábado, 3. Concelebraram os Padres Leonir Nunes dos Santos, MS, Superior Provincial dos Padres Saletinos, e Luciano dos Santos Batista, MS, Diretor Espiritual da Legião de Maria. Assis tiu a celebração o Diácono Jorge Fernandes de Albuquerque Vides, Assessor Eclesiástico para a Legião de Maria na Região Santana. (por José Henrique Monfré) [IPIRANGA] Estão abertas as inscrições para a Semana Bíblica da Região Ipiranga, organizada pelo Centro de Estudos Teo lógicos do Ipiranga (Ceti). Com foco no livro de Josué, a formação acontece entre os dias 20 e 22, às 19h45, na modalidade on-line, e os palestrantes são presbíteros com mestrado, doutorado e atuação do cente na área bíblica. O investimento é de R$ 10,00 e pode ser pago por meio do PIX ou transferência bancária. Inscrições em https://facebook.com/regiaoipiranga ou https://bit.ly/semanabiblicajosue. Mais infor mações pelo telefone (11) 2274-8500 ou pelo e-mail comunicacao@regiaoipiranga.com.br (por Comunicação Região Ipiranga) [IPIRANGA] O Santuário São Judas Tadeu promove a Semana Bíblica entre os dias 13 e 15, no modo presencial e on-li ne. O livro bíblico escolhido é o de Josué, com o seguinte lema: “O Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás” (Js 1,9). A assessoria será feita por professores doutores, com larga experiência em pes quisa e docência na área bíblica. As ins crições poderão ser feitas no site do San tuário São Judas Tadeu, por meio do link: https://cutt.ly/sCcWwo0.

Região promove treinamento para a boa escuta SÉ

Os primeiros conceitos foram apre sentados no sábado, porém os interes sados que ainda queiram participar podem se inscrever para fazer o curso completo, uma vez que a aula inaugural foi gravada e será disponibilizada aos inscritos.Pede-se uma contribuição de R$ 100,00 para cobrir os custos do material didático e do café que é oferecido. Para mais informações, o contato com a se cretaria paroquial é pelo telefone (11) 3083-0033, em horário comercial.

Nildo Moreira Legião de Maria Fernando Fernandes

[BRASILÂNDIA]

Padre Roberto Moura Pascom

paroquial

[SÉ] Em 28 de agosto, na Paróquia San to Agostinho, Setor Paraíso, Dom Rogé rio Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu a celebração eucarística em honra ao pa droeiro. Concelebraram os frades agos tinianos, entre eles o Frei Everton Costa, OSA, Pároco. Na ocasião, houve também uma procissão com a imagem do Santo no entorno da matriz paroquial e uma quermesse. (por Everton Calício)

[IPIRANGA] Nos dias 27 e 28 de agosto, na Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Setor Anchieta, aconteceu o 25º Encontro de Jovens “Segue-me”, de modo presencial, após dois anos de encontros on-line, com a participação de cerca de 40 jovens. O objetivo do “Segue -me” é “plantar a semente”, despertar nos jovens o amor a Deus e à Igreja. (por Nildo Moreira)

Também sobre a amizade e partilha do episcopado brasileiro, Dom Cícero recor dou-se das palavras do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, que lhe comunicou sua nomeação episco pal e lembrou-lhe que não estaria sozinho e sermpre teria o apoio dos outros bispos. “Esta tem sido a oportunidade de me sentir parte de um todo, de uma Igreja que está presente em diversos cantos do Brasil”, concluiu.

[SÉ] A Paróquia Nossa Senhora Achiropi ta promoverá, no fim de semana dos dias 17 e 18, o Encontro de Jovens com Cristo (EJC). A idade mínima para participação é de 14 anos e a atividade acontecerá nas dependências da matriz paroquial, com entrada pela Rua Doutor Luís Bar reto, 315, Bela Vista. Inscrições pelo link https://cutt.ly/5Czk86T Mais informa ções com Evelin Damasceno, pelo telefo ne (11) 95848-3181, ou na secretaria pa roquial pelo telefone (11) 3106-7235. (por Pascom da Região Sé)

Destinado a agentes de pastorais –sobretudo os da Pastoral da Escuta –, re ligiosos e clérigos, teve início no sábado, 3, um curso para formar os interessados para o serviço de escuta.

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BELÉM Dom Cícero compartilha sua experiência na 59ª Assembleia Geral da CNBB

[SÉ] Como parte das festividades de seus 70 anos, a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor Jardins, lan çou no domingo, 4, o livro “Jubileu 70 Anos”. Com 160 páginas, a obra conta a história da Paróquia desde a pedra fun damental até os dias de hoje, com fotos, documentos históricos e depoimento dos párocos, além de ressaltar os 300m² de afrescos pintados por Sansom Flexor, no início de 1960. Interessados em ad quirir o livro podem procurar a secretaria paroquial ou ligar para o telefone (11) 3083-0033, em horário comercial. (por Pascom da Região Sé) [BELÉM] Os coordenadores da Pastoral Familiar da Região Belém, Nilton e Leni Gomes, participaram do XVI Congresso Nacional da Pastoral Familiar, que acon teceu entre os dias 26 e 28 de agosto, em Florianópolis (SC). Estiveram presentes cerca de 1,4 mil pessoas de todo o Brasil. (por Nilton Gomes)

(por Priscila Thomé Nuzzi)

[SANTANA] No domingo, 4, na Capela Bem-Aventurado Frei Cláudio Granzotto, per tencente à Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, Setor Tucuruvi, houve a missa em lou vor ao padroeiro, presidida por Dom Jorge Pierozan, e concelebrada pelo Padre Alfredo Granzotto, MS, da Paróquia Nossa Senhora da Salette. (por Fernando Fernandes)

FERNANDO ARTHUR COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO Na sexta-feira, 2, de Aparecida (SP), na 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Cícero Alves de França falou à rá dio 9 de Julho sobre a experiência de ter participado pela primeira vez da reunião do episcopado brasileiro.

PASCOM PAROQUIAL

[LAPA] Na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Setor Pirituba, acontecerá no sábado, 10, às 17h30, a formação li túrgica para ministros extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC), comentaris tas, leitores, músicos, coroinhas e demais interessados. O tema abordado será “A questão prática do serviço do altar e a Palavra”, com assessoria do professor e maestro André Carvalho. Informações adicionais pelo telefone (11) 3904-5420. (por Benigno Naveira)

Por iniciativa da Região Sé, a ativida de acontece todos os sábados, até o dia 1º de outubro, das 8h30 às 12h, nas de pendências da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Rua Honório Líbero, 90, no Jardim Paulistano.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém destacou dois pontos prin cipais sobre este momento. “O primeiro é o fato de estarmos reunidos aqui em Aparecida, como irmãos. Segundo, esta assembleia, por ser a minha primeira, tem sido um momento muito forte, sobretudo de partilha, de encontrar os outros bispos, de escutar experiências”, ressaltou.

NOVA FAMÍLIA Natural de Lagoa do Ouro (PE), o novo Cônego tem 60 anos e foi orde nado sacerdote em 9 de julho de 1995, por Dom Fernando José Penteado, então Bispo Auxiliar de São Paulo. Na Arqui diocese, exerceu seu ministério nas se guintes paróquias da Região Lapa: Santo Estevão Rei, Nossa Senhora Auxiliadora, Santa Mônica, São José do Monte Alegre e, a atual, São Domingos Sávio. “Para mim, é uma honra integrar o Cabido. É como se fosse acolhido em uma nova família de irmãos”, afirmou Cônego Jaidan ao O SÃO PAULO, destacando, ainda, que sua nomeação aproxima a Igreja presente na periferia da zona Oeste da cidade à Catedral da Sé. “Isso demonstra a preocupação do Arcebispo de que o Cabido seja inte grado por sacerdotes de todas as regi ões e realidade da nossa Arquidioce se. Sou grato a ele por esta confiança”, completou.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A catedral é a ‘Casa para Deus e para a família de Deus’

SERVIÇO À CATEDRAL O Cabido (do latim capitulus – sob uma mesma cabeça, chefe ou superior) é a instituição eclesiástica que reúne cône gos (do latim, canonicus), que, segundo o Código de Direito Canônico, é o “colégio de sacerdotes ao qual compete realizar as funções litúrgicas mais solenes na igreja catedral ou colegiada; além disso com pete ao cabido da catedral desempenhar funções que lhe são confiadas pelo direito ou pelo bispo diocesano” (cân. 503).

Com a transformação da vila em ci dade, em 1745, a Capitania de São Paulo se tornou sede episcopal e com isso a “an tiga Sé”, como era conhecida, foi elevada à dignidade de catedral. Por isso, nesse mesmo ano, iniciou-se a edificação da segunda matriz, no mesmo local da ante rior. Ao lado dela, em meados do século XIII, foi construída a Igreja de São Pedro. Em 1911, os dois templos foram demo lidos para as obras de ampliação da Praça da Sé e para dar lugar a uma nova catedral, idealizada pelo primeiro Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva. Inaugurada em 25 de janeiro de 1954, por ocasião das comemorações do IV centenário de fundação da cida de de São Paulo, a Catedral da Sé foi de dicada somente em setembro, durante o I Congresso Nacional da Padroeira do Brasil, realizado em São Paulo e em Aparecida (SP).

Durante a missa do domingo, 4, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer instituiu o Padre Jaidan Gomes Freire (foto) como Cônego do Cabido Metropolitano de São Paulo.

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na segunda-feira, 5, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa solene pelo 68o aniversário de dedicação da Catedral da Sé. Concelebraram os bispos auxilia res da Arquidiocese e sacerdotes. Dom Odilo, na homilia, destacou que o templo é sinal de que “Deus habita entre nós”, de modo que “esta casa que é para Deus também é para a família de Deus”.Recordando a Oração do Dia – “Ouvi as preces do vosso povo, e concedei que celebremos neste lugar um culto perfei to e alcancemos a plena salvação”, Dom Odilo afirmou que este culto deve ser feito com respeito a Deus e humildade de coração.OArcebispo Metropolitano também recordou a titular da Catedral, Nossa Se nhora da Assunção, e afirmou que “ela ofereceu um culto perfeito e se dispôs a acolher a vontade de Deus em todos os instantes de sua vida”.

O Colendo Cabido Metropolitano de São Paulo nasceu com a fundação da Diocese de São Paulo, em 1745, e tem a função de zelar pela Catedral Metropo litana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo.Ao longo de sua história, o Cabido de São Paulo foi adquirindo funções dife rentes, mas, como enfatizou Dom Odilo, continua sendo “parte da dignidade da Catedral, igreja-mãe da Arquidiocese”. “Os cônegos formam o grupo de sa cerdotes que, de maneira especial, tem a missão de ajudar a dar vida à Catedral”, acrescentou o Arcebispo. Em 2016, o Cardeal Scherer pediu a atualização dos estatutos e a elaboração de um regimento interno do Cabido Metropolitano. A novidade dos novos estatutos é que agora existem apenas duas categorias de cônegos: catedráticos e eméritos (com mais de 80 anos), sendo extinta a categoria de cônego honorário. Atualmente, são 14 cônegos catedráticos e seteCônegoeméritos.Jaidan ocupará a vaga an tes ocupada por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidioce se na Região Belém, que, após sua or denação episcopal, em maio, deixou o Cabido.

Padre Jaidan Freire é instituído Cônego

Atual Pároco da Paróquia São Do mingos Sávio, no Parque São Domingos, Região Episcopal Lapa, Cônego Jaidan recebeu das mãos do Arcebispo de São Paulo o barrete e o anel distintivo dos cô negos, na celebração que contou com a presença de outros membros do Cabido e demais sacerdotes da Arquidiocese.

Dom Odilo preside missa solene pelo 68o aniversário de dedicação da Catedral da Sé, dia 5

O estilo neogótico da Catedral é considerado peculiar, com seu aspecto eclético em estilos arquitetônicos. Nas colunas alçadas a 70 metros de altura, encontram-se elementos típicos da fau na e da flora brasileiras, como ramos de café, o tamanduá-bandeira, o tatu-bola, a coruja, contrastando com grandes per sonagens do século XX, da história da Catedral e da história universal. (Colaboração de Fernando Geronazzo) *Texto sob a supervisão de Daniel Gomes

ARQUITETURA Com 111 metros de comprimento, 46 metros de largura e 65 metros de al tura (com exceção das torres), a Catedral da Sé passou pelas mãos de muitos en genheiros e arquitetos, mas o principal foi Maximiliano Hehl, que acompanhou a construção por apenas três anos, pois morreu em 1916. A construção passaria por outros arquitetos e também por al gumas modificações no projeto original, tais como o mobiliário, os vitrais e a ca pela do Santíssimo.

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CUIDADO COM A CATEDRAL Ao final da celebração, Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da Catedral, agradeceu o empenho dos colaboradores que auxiliam na vida e na evangelização do templo. Recordou o Cabido Metropolitano, os sacerdotes confessores e as diversas pastorais, além dos funcionários e dizimistas. Dom Odilo também enalteceu o tra balho que a Catedral realiza em favor dos pobres que vivem na Praça da Sé.

Também concelebraram a Eucaristia Dom José Benedito Cardoso e Dom Jor ge Pierozan, Bispos Auxiliares da Arqui diocese; Dom Fernando José Penteado, Bispo Emérito de Jacarezinho (PR); e Dom Antônio Fontinele de Melo, Bispo de Humaitá (AM), em visita a São Paulo.

FERNANDO ARTHUR ESPECIAL PARA O SÃO PAULO HISTÓRIA A história da Sé de São Paulo come çou em 1589, quando o cacique Tibiriçá, em acordo com os missionários jesuítas, escolheu o terreno onde seria erguido o primeiro templo da cidade, construído em taipa de pilão. Tratava-se da igreja matriz da pequena Vila de São Paulo de Piratininga. Essa igreja era situada onde hoje está o monumento de Anchieta [na Praça da Sé], concluída em torno de 1616.

JANAÍNA GARCIA, 36, É AGENTE

Há quase 200 dias, o mundo acompanha as notícias da invasão do território da Ucrânia pelas tropas da Rússia, causando destruição de cidades, milhares de mortes e, so bretudo, uma avalanche de refugiados, uma situação sem previsão para Conformeterminar.dadosda Organização das Nações Unidas (ONU) e de sua agência para refugiados, o Acnur, mais de 10 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia desde o começo da guerra; destes, 2,9 milhões foram para outros países europeus, como Alemanha, República Tcheca, Itália e Polônia; e 6,5 milhões estão deslocados dentro do próprio país. Janaína Garcia, 36, é natural de São Carlos (SP), for mada em Relações Internacionais e membro do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Ela partiu em missão para a Moldávia – país que faz fronteira com a Ucrânia –, onde contribui em ações para minimizar os impactos da guerra na vida das famílias ucranianas se paradas pela guerra.

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Janaína ressaltou que a atividade de reunir famílias é uma missão humanitária tão importante como a de fornecer comida, abrigo, remédios ou um copo de água. “É uma garantia dada pelo Direito internacional e, so bretudo, uma questão de resgate da dignidade humana – unindo-as com as pessoas que amam”, disse.

COLETAR INFORMAÇÕES

Na Moldávia, brasileira ajuda refugiados ucranianos a reencontrarem suas famílias

ROSEANE WELTER ESPECIAL PARA O SÃO PAULO A Cruz Vermelha, organização internacional que tem o intuito de garantir proteção às pessoas que sofrem as consequências de conflitos armados, desde o início da guerra na Ucrânia recebeu mais de 27 mil telefonemas e e-mails de pessoas que buscam notícias de entes queri dos afetados pelo conflito armado.

VIABILIZADO O CONTATO E A TROCA DE INFORMAÇÕES DE FAMILIARES SEPARADOS PELA GUERRA NA UCRÂNIA

Janaína Garcia é agente da Cruz Vermelha e vive na Moldávia

O projeto do qual a agente humanitária brasileira faz parte busca identificar as famílias separadas, cadastrar as informações, viabilizar o contato e reuni-las novamente nos países onde estão abrigadas.

“A Moldávia, no começo do confronto, preparou aproximadamente 90 espaços para acomodação, espa lhados de norte a sul, para abrigar quem chegava ao país em busca de ajuda, além de oferecer serviços de saúde, acesso à internet e incentivo governamental às famílias moldavas que abrigassem em suas casas migrantes”, re cordou a agente, que está no país há seis meses.

cadastramento das in formações nos abrigos, os cadastros realizados pelos voluntários nas fronteiras são uma via de acesso para a coleta de dados e para a viabi lização do possível con tato com os parentes. “Somos conhecidos pelos vários trabalhos realizados no mundo e recebemos ligações das pessoas em busca de familiares. A partir daí, começamos um pro cesso de identificação e cruzamento de infor mações até chegar na pessoa buscada”, frisou. Janaína ressaltou que, quando os refu giados chegam à Mol dávia, o CICV faz um cadastro com vários fatores documentais: nome e idade de todos os parentes, em que cidade ucraniana esta vam, como e quando se Divulgação

Arquivo pessoal

A brasileira destacou que a atividade exige um tra balho em conjunto com as lideranças dos países. O separaram e para onde cada qual poderia ter partido em busca de refúgio. Além do sofrimento da falta de contato ou informa ções de familiares, outra realidade em meio ao cenário de migração por causa de conflitos armados, destacou Janaína, é a situação de ter que abandonar tudo às pres sas e partir em busca de sobrevivência em países e lo cais“Ouvirdesconhecidos.adordo outro, a empatia, a solidariedade e a generosidade são elementos importantes na atuação humanitária, neste momento de guerra. Com o trabalho realizado, é possível restabelecer o contato seja por tele fonema, e-mail ou reencontro pessoal. E é extremamente gratificante e reconfortante ver o encontro de famílias”, afirmou.Janaína evidenciou que a maior procura por infor mações de familiares é feita por mulheres, uma vez que grande parte dos homens permaneceu na Ucrânia, con vocada pelo governo local, para defender o país.

RESTABELECER VÍNCULOS

HUMANITÁRIA EM MISSÃO

RECONECTAR FAMÍLIAS Segundo relatórios da CICV, o projeto em que a bra sileira atua conseguiu aproximar, por meio de notícias sobre o destino ou o paradeiro de entes queridos, quase 3 mil famílias afetadas pelo conflito. “As informações fornecidas a cada uma dessas fa mílias causam um grande alívio. Tantas outras famílias ainda esperam notícias, e mesmo à medida que dias e meses passam sem nenhuma informação, não perdem a esperança do reencontro”, contou Janaína. “Nossa missão é confortar e reconectar familiares separados”, disse, enaltecendo que em paralelo existem outras ações que acompanham as iniciativas na Moldá via: doação de alimentos, roupas, remédios, entre outras.

Janaína atua na CICV desde 2014 e já participou de missões humanitárias no norte e no sul da África, no Ira que e no Afeganistão. Atualmente, ela atua diretamente em um projeto que busca o restabelecimento de laços familiares, que percorre a Moldávia conhecendo a rea lidade dos refugiados e ajudando-os a encontrar mem bros da família que também deixaram a Ucrânia ou lá permaneceram.

FRONTEIRAS ABERTAS A brasileira salientou que a Moldávia é considerada a nação mais pobre da Europa. Segundo dados da ONU, mais de 500 mil refugiados ucranianos atravessaram a fronteira e lá estão.

PELA CRUZ VERMELHA E TEM

“Acompanhei esposas, jovens e crianças angustiadas e desesperadas por notícias do esposo, do pai, dos avós e demais parentes. Ouvimos isso na voz delas, lemos isso em sua expressão de dor”, afirmou Janaína em entrevista ao O SÃO PAULO, destacando que o conflito separou famílias que, por diversos fatores, podem nunca mais se reencontrar.

“A democracia, como ato de liber dade responsável, ganhou”, disse Dom Isauro, em comunicado.

Fonte: Gaudium Press

Fonte:ACIDigital Na segunda-feira, 5, no aeroporto e nas ruas, uma multidão aguardava, de forma festiva, a chegada do Carde al Virgílio do Carmo da Silva, Arce bispo de Díli, depois de participar do consistório em 27 de agosto, durante o qual o Papa Francisco criou 20 car deais, incluindo ele e outros cinco da Ásia.Ao sair do avião, o Cardeal Silva abençoou os que o saudaram, incluindo José Ramos-Horta, presidente de Timor Leste, Dom Norberto do Amaral de Ma liana, Presidente da Conferência Epis copal Timorense (CET), Monsenhor Marco Sprizzi, Encarregado de Negócios da Nunciatura Apostólica de Timor Les te, ministros do governo, membros do parlamento, bem como padres, freiras e seminaristas.Apósuma recepção oficial, o Cardeal salesiano emitiu um comunicado “para agradecer a todo o povo timorense pelo imenso apoio e amor”. “Obrigado por suas orações desde o dia da minha nomeação até hoje. Como Cardeal, o Papa Francisco pediu-me para ajudar Sua Santidade a levar a luz do amor de Deus a todo o povo timoren se”, Maisdisse. tarde, o Cardeal Silva foi à catedral de Díli por ruas repletas de pessoas acenando. Na ocasião, o pre sidente Ramos-Horta disse que o Car deal era “um privilégio dado pela Igreja universal à Igreja de Timor Leste e ao povo timorense”. Ele também destacou que o governo cooperará mais estreita mente com a Igreja Católica em vários campos, incluindo a implementação do Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Con vivência, de 2019, que promove a har monia entre cristãos e muçulmanos e foi adotado pelo Estado.

Com mais de 1,7 mil participantes registrados, o encontro deste ano foi o maior desde o início do evento, em 2013.

Fonte: UCA News

O festival da juventude foi patrocinado pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). O programa incluiu missas, Confissões, retiros, seminários, debates, catequeses e outras formações cristãs.

O organizador do evento, Padre Dankha Joola, afirmou que a iniciativa foi dedicada a fortalecer a Igreja de Cris to após a ocupação do Iraque pelo Esta do Islâmico (entre 2014 e 2016), durante a qual cristãos, yazidis e outras minorias foram vítimas de violência genocida. “Ao reunir tão grande número, po demos dizer: ‘Estamos aqui, existimos, temos um papel a desempenhar neste país’ – e isso é muito importante quan do se pensa o quanto sofremos nos últi mos anos. Quero agradecer à ACN por ter ajudado a tornar este evento possível, porque o seu apoio encoraja as pessoas a permanecerem aqui e testemunharem a nossa fé. Sim, temos problemas em nos so país, sim, temos conflitos, mas temos Jesus Cristo. Temos uma cultura única que queremos manter viva.”

Cerca de 97% dos estimados 1,3 mi lhão de habitantes de Timor Leste são católicos, distribuídos por três dioceses: Díli, Baucau e Maliana.

Dom Isauro pediu que, a partir da fé em Jesus Cristo e “movidos pelo bem, pela verdade, pela justiça”, os chilenos consigam banir “os fundamentalismos, polarizações, violências, intolerâncias e fechamentos ideológicos experimenta dos nos últimos meses e que prejudica ram a alma do “TrabalhandoChile”.juntos na busca de acordos, abertura de pensamen to, de valor e respeito a toda pessoa”, acrescentou.Porfim,afirmou que “a rejeição ex pressa pelos eleitores não significa ficar com o atual texto constitucional, mas tem a ver com o desejo de escrever um texto novo e melhor”.

Dom Isauro Covili Linfati, Bispo de Iquique, no Chile, demonstrou con tentamento, no domingo, 4, quando, por ampla maioria de 62%, o povo chi leno rejeitou a proposta de uma nova Constituição, que pretendia introduzir “o aborto livre e a eutanásia”.

O Bispo criticou que, na elabora ção do texto, “deveria trazer unida de à nossa nação”, “instituições im portantes”, como a Igreja Católica e seus bispos, não foram ouvidas nem acolhidas.Eletambém lamentou que na cria

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Timor Leste Primeiro

O programa completo do congresso inclui conferências e workshops com as suntos temáticos divididos por grupos linguísticos, e contará com a presença do Papa Francisco em seu encerramento.

Fontes:AgênciaEcclesiaeEducris Congresso Internacional de Catequistas reflete sobre o testemunho Rodriguez/Gobierno del Chile

Sebastian

ção do texto da nova Constituição “uma minoria tenha tentado impor sua visão e sua vontade”. “É um texto que, mesmo tendo te mas muito bons, estava destinado a não ser aceito pela maioria, principalmente por ter introduzido o aborto livre e a eutanásia, entre outros temas”, disse.

O Ankawa Youth Meeting (Encontro da Juventude de Ankawa, uma cidade na região do Curdistão, norte do país) reuniu, entre os dias 1º e 3, jovens das cidades de Zakho, no extremo norte; de Basra, no extremo sudeste; e de Sulayma niyah, perto da fronteira com o Irã.

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Chile ‘A democracia ganhou’, diz bispo após ampla rejeição à nova Constituição

O objetivo deste encontro é dar continuidade aos dois congressos an teriores, sobre a primeira e segunda partes do Catecismo da Igreja Católica (CIC), realizados em 2013 e 2018, res pectivamente, no Vaticano. Organizada pelo Dicastério para a Evangelização, a iniciativa conta com a presença de catequistas de todo o mun do para refletir sobre o “lugar e o papel” desses agentes numa Igreja que se pre tende cada vez mais sinodal, sobretudo depois da divulgação do motu proprio Antiquum ministerium, de 2021, que instituiu o ministério de catequista. Os trabalhos vão começar com a conferência de Dom Rino Fisichella, o colaborador do Pontífice responsável pela organização do Jubileu 2025, que vai refletir sobre o tema do congresso. Outros renomados palestrantes, de di versas partes do mundo, darão a sua contribuição, incluindo um brasileiro, o Padre Mário Marcelo Coelho, SCJ, da Faculdade Dehoniana de São Paulo, que apresenta o tema “Os Dez Manda mentos e as Bem-Aventuranças: a cate quese a serviço da formação”.

Gabriel Bóric, presidente chileno recém-empossado vota no plebiscito, no domingo, dia 4

Vaticano

A terceira edição do Congresso Internacional de Catequistas, que tem como tema “O catequista, testemunha da vida nova em Cristo”, acontece entre os dias 8 e 10, em Roma.

Mais de 1,7 mil jovens católicos participam de encontro em Ankawa Iraque

JOSÉ FERREIRA osaopaulo@uol.com.brFILHO

Na ocasião, a nova Constituição proposta obteve apenas 38,13% dos votos a favor, e, portanto, será manti da a Carta Magna elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet, que go vernou o país entre 1973 e 1990, e que recebeu algumas reformas durante os anos da Domdemocracia.Isauroescreveu que “não se pode tirar conclusões felizes” desse processo, pois há várias “lições que te mos que aprender como país”.

12 | Beatificação – João Paulo I | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br Chuva e trovão marcaram o dia da beatificação do Papa João Paulo I, no Vaticano, fazendo lembrar a bre vidade do seu pontificado: uma passagem relâmpago, mas inesquecível, de apenas 34 dias pelo trono de Pe dro. Entretanto, a vida de Albino Luciani – seu nome de batismo – foi mais do que um risco de luz na história da Igreja. Mais do que a efemeridade, a profundidade foi a suaConhecidomarca. como “Papa Sorriso” por causa de sua notável simpatia e afabilidade, João Paulo I foi beatifi cado no domingo, 4, em cerimônia na Praça São Pedro, presidida pelo Papa Francisco. O Beato João Paulo I foi eleito Sumo Pontífice em agosto de 1978 e, é verdade, teve um dos pontificados mais breves da história, inter rompido por uma morte súbita, que os médicos da épo ca atribuíram a um infarto. João Paulo I, que escolheu esse nome em homena gem a seus antecessores, João XXIII e Paulo VI (ambos considerados Santos pela Igreja), é lembrado com afe to em todos os lugares por onde passou. Em especial, deixou boas memórias – e devotos – na sua diocese de origem, a italiana Belluno-Feltre, na Diocese de Vittorio Veneto, onde foi Bispo, e em Veneza, onde foi Patriarca e Cardeal, sempre no Nordeste da Itália. Seu nome foi re tomado por seu sucessor, João Paulo II, também Santo, que o honrou após ser eleito em 16 de outubro de 1978.

O Papa Luciani também fez a Igreja avançar nos ca minhos indicados pelo Concílio Vaticano II, antecipan do um percurso inovador para sua época e considerado ainda atual. A unidade dos cristãos, o diálogo inter-re ligioso e a promoção da paz foram prioridades nos 34 dias do Papa João Paulo I, afirma, também no Avvenire, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vati cano e Presidente da Fundação João Paulo I. Segundo o Cardeal Parolin, o novo Beato convidou os povos à “reconciliação e à fraternidade”, pedindo que a paz, “tão vulnerável no mundo”, fosse promovida tanto entre nações quanto internamente, em cada uma delas.

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VIRTUDES E VALORES

Ao menos três virtudes e dois valores se destacam na trajetória do Beato João Paulo I. As virtudes são as teo logais – fé, esperança e caridade –, que pregou na vida e no seu breve pontificado. Segundo ele, são “o centro de toda a vida cristã” e, por isso, escolheu representá-las na forma de três estrelas tanto no seu brasão episcopal quanto no papal. Ele também falava dessas virtudes em suas catequeses semanais como Papa. Já os dois valores principais que ele representou fo ram a humildade e a paz, como fica claro nos testemu nhos daqueles que o conheceram e estudaram. O Papa Luciani era um homem que insistia na simplicidade, em palavras e gestos. Falava de maneira simples, dócil e acessível. E foi o primeiro a não ser coroado com a “tiara papal”, que se assemelha às coroas dos reis e mo narcas. Ele acompanhou a mudança feita por Paulo VI, que após a coroação adotou a mitra episcopal, usada por todos os bispos. “A humildade pode ser considerada o seu testamen to espiritual”, disse o Papa Bento XVI, na ocasião do 30° aniversário de morte de João Paulo I. Conforme o Car deal Beniamino Stella, postulador da causa de canoniza ção, a palavra humilitas (humildade) foi muito presente na vida e no episcopado de Albino Luciani. “Ela representa a cifra, nítida e eloquente, do seu ser clérigo, isto é, sacerdote e bispo, e, no fim, Pontífice da Igreja”, escreve, em artigo no jornal Avvenire. João Paulo I “sentia, com convicção profunda, do coração, a obra de Deus em sua vida”, diz o Cardeal.

“Partindo de um olhar de fé”, João Paulo I falou aos po derosos do mundo com “a coragem da prudência” e a “força da fé, da santidade, da oração”. Paulo I é

‘Papa Sorriso’, João

Vatican Media

Candella Giarda, de 11 anos (hoje 22), tinha uma “grave encefalopatia in flamatória aguda”, segundo os médicos. Trata-se de uma complicada infecção no cérebro, que levava a menina a ter convulsões, fortes dores de cabeça, vô mito e febre. Ela viveu doente por cer ca de quatro meses. Em 22 de julho de 2011, em Buenos Aires, Candella foi diagnosticada com uma infecção gene ralizada (choque séptico), e os médicos falavam de uma “morte iminente”. Porém, em 23 de julho, houve uma melhora repentina e uma gradual re cuperação da menina. Em setembro do mesmo ano, ela recebeu alta do hospital. Segundo relatos dos postu ladores da causa de João Paulo I, as orações partiram do Padre José Da busti, que atendia o hospital onde ela ficou internada. Ele incentivou a famí lia e outros fiéis a pedir a intercessão do Papa Luciani. A cura foi atribuída à participação do novo Beato, pois considerada “extraordinária” pelo Di castério para as Causas dos Santos, no Vaticano.

Batizado em casa, Luciani viveu a fé recebida na família

“Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor”, disse Francisco, na homilia da missa de beatificação, no domin go, 4. “Como é bela uma Igreja com o rosto alegre, o rosto sereno, o rosto sorridente, uma Igreja que nunca fe cha as portas, que não azeda os cora ções, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não é nervosa nem intolerante, não se apresenta com modos rudes, nem sofre de saudades do passado, caindo no retrogradismo”, acrescentou o Pontífice.

O SORRISO DA ALMA O estilo do discípulo de Cristo e da Igreja, diz ele, é “carregar a Cruz” (Lc 14,27), e, como ele, “fazer da vida um dom, não uma posse, expandi-la imi tando o amor generoso e misericor dioso que ele tem por nós”. Francisco insistiu que é preciso “amar sem me didas”, pois de Deus recebemos “um amor que nunca se vai” e “ilumina também as noites mais escuras”, com um amor de pai e mãe – conforme en sinava João Paulo I. Conforme lembrou o Papa Fran cisco, Cristo pede aos seus discípulos para fazerem renúncias, mas elas serão preenchidas pela vida vivida por bens mais profundos. Trata-se de “viver o Evangelho, e assim se viverá a vida, não

aumentar o próprio prazer e poder”. Esse não é o estilo de Cristo, disse. Pois Cristo “carrega a Cruz” com os seus próprios pesos, mas também os dos outros. Francisco afirmou que os que seguem a Cristo devem olhar mais para Ele do que para si mesmos. E, lembrando as palavras de João Paulo I em uma audiência geral de 1978, repetiu: “Sejam humildes. Mes mo se vocês tiverem feito grandes coisas, digam: ‘somos servos inúteis”. Atrás de uma “perfeita aparência re ligiosa’”, continuou Francisco, pode -se “esconder a mera satisfação das próprias necessidades, a busca pelo prestígio pessoal, o desejo de ter um papel, de ter as coisas sob controle, a ganância de ocupar espaços, obter pri vilégios, a aspiração de receber reco nhecimentos, e muito mais”.

A visão de Igreja do Papa Francisco não está distante daquela do novo Bea to. Em suas palavras, João Paulo I viveu “a alegria do Evangelho, sem exceção, amando até o fim”. Ele superou a ten tação de se colocar no centro de tudo e de “buscar a própria glória”, como fa zem muitos líderes de hoje, disse Fran cisco. Em vez disso, foi como Cristo, um “pastor suave e humilde”. Como parte do rito de beatificação, um retrato de Albino Luciani foi reve lado na Praça São Pedro, uma pintura do artista chinês Yan Zhang. Também suas relíquias foram levadas até o altar, durante a cerimônia. A beatificação au toriza a devoção ao novo Beato em âm bito local – onde se iniciou o processo –, mas, em se tratando de um Sumo Pontífice, Francisco escolheu celebrá -la pessoalmente, no Vaticano.

O processo de canonização de Al bino Luciani foi aberto na sua diocese de origem, Belluno-Feltre, e por mais de dez anos os postuladores da causa levantaram dados, escritos e documen tos sobre sua vida. Tudo tem seguido o trâmite previsto. O milagre reconheci do para a beatificação de João Paulo I foi o de uma menina curada sem expli cação científica, na Argentina.

Papa Francisco: ‘Seu sorriso transmitiu a bondade do Senhor’

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 7 a 13 de setembro de 2022 | Beatificação – João Paulo I | 13 Albino Luciani, que viria a se tor nar o Papa João Paulo I, nasceu em 17 de outubro de 1912 numa família sim ples, na zona rural de Belluno, peque na cidade no Nordeste da Itália. Filho de Giovanni Luciani e Bortola Tancon, viveu situações de precariedade desde o nascimento, mas a fé simples de sua família o orientou ao longo da vida. Sua mãe teve um parto complica do. Temendo pela vida do bebê, a par teira, Maria Fiocco, o batizou em casa – como prevê a Igreja em situações de urgência. O batismo foi reconhecido dois dias depois, pelo pároco local. Albino vivia em meio às monta nhas e o frio. Na infância, sofreu mui to com uma pneumonia, mas foi trata do por um médico amigo e sobreviveu novamente. Durante as invasões da 1ª Guerra Mundial – ele mesmo contava em suas pregações –, viveu a experiên cia da fome, especialmente entre 1917 e 1918. E tinha mais três irmãos; um deles morreu ainda criança. Entrou no seminário menor em 1923, em Feltre, com apenas 11 anos, e depois passou ao seminário maior, em Belluno. Foi ordenado diácono e presbítero em 1935. Estudou Teologia em Roma, na Pontifícia Universida de Gregoriana, onde fez mestrado e doutorado. Seu ministério episcopal começou em 1958, quando foi nomea do Bispo de Vittorio Veneto pelo Papa JoãoSuaXXIII.participação no Concílio Vati cano II, entre 1962 e 1965, impactou seu ministério. Nas sessões do Concí lio, ele falou sobre a colegialidade en tre os bispos, e o encontro com bispos de países mais pobres lhe despertou o interesse pelas missões. Chegou a enviar missionários ao Burundi e ao Brasil.Paulo VI, que gostava muito de Luciani, o transferiu para Veneza em 1969, onde anteriormente o Pontífice havia sido Patriarca e Cardeal. Desse modo, Albino Luciani o sucedeu duas vezes: a segunda, quando também se tornou Papa, eleito no conclave de agosto de 1978, na quarta votação. Foi uma eleição rápida. Em seu discurso de posse, ele disse que não tinha nem a sabedoria do Papa João XXIII nem a “preparação e cultura” de Paulo VI, mas buscaria servir a Igreja. “Espero que vocês me ajudem com suas ora ções”,Joãopediu.Paulo I morreu de forma im prevista, mas natural – reconhece a Igreja. Conforme os relatórios mé dicos, foi por volta das 23h de 28 de setembro de 1978. Ele foi encontrado deitado, em sua cama, pelas religiosas que viviam com ele. Após somente 34 dias de pontificado é como se estivesse adormecido enquanto lia. Segundo os médicos, deixou este mundo de ma neira sutil, tranquila e silenciosa.

pela metade, mas até o fundo”, doando -se ao próximo e “amando até o fim”. Como ensinava o novo Beato, disse ele, é preciso pedir a Deus para “nos aceitar como somos, mas nos transformar no que Ele deseja” e, dessa forma, transmi tir aos outros “o sorriso da alma”.

O ESTILO DE CRISTO Nesse sentido, Francisco alertou para os líderes que se apresentam como um “salvador que resolverá pro blemas, enquanto, na verdade, querem ‘João Paulo I viveu a alegria do Evangelho, sem exceção, amando até o fim’, afirmou o Papa Francisco durante a cerimônia de beatificação

A MENINA MIRACULADA

MediaVatican

Victória Holzbach/CNBB Sul 3

MUDANÇAS Segundo ele, as principais mudanças são a criação de um preâmbulo de abertura; a inclusão das 12 comissões episcopais perma nentes como parte do Estatuto, uma vez que na versão atual eram apenas citadas, e a conti nuidade das comissões especiais e dos grupos de trabalho. O documento também contém um novo capítulo sobre os bispos eméritos.

14 | Reportagem | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

Após a aprovação do texto pelos bispos, a CNBB deve submetê-lo à avaliação da Santa Sé. Somente após esse processo será possível que o Estatuto entre em vigor. O novo Esta tuto deve ser a base para a elaboração de um novo regimento interno da CNBB. (FG) expressa a identidade da conferência episcopal Geral da CNBB

DIRETRIZES À LUZ DO CAMINHO SINODAL Outro destaque do encontro do episcopado foi em relação às novas Diretrizes Gerais da Ação Evan gelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). A princípio, era previsto o processo de atualização no próximo ano, quando será concluído o quadriênio iniciado em 2019. No entanto, os bispos em assembleia de cidiram pela continuidade do processo de escuta até 2025 para a construção das novas Diretrizes. Haverá a incorporação da síntese das respostas diocesanas para o Sínodo 2021-2023 e de outras contribuições. Em 2024, a ideia é que a Igreja no Brasil se de dique à recepção e aprofundamento das indicações do documento final da assembleia do Sínodo de 2023 e à oração, como preparação imediata ao Ju bileu de 2025.

Nos seis dias de assembleia, bispos refletem e votam sobre dez temas relacionados à evangelização e à organização da Igreja 292 bispos participam da etapa presencial da 59ª Assembleia Geral, e, entre outros temas, debatem a atualização do estatuto da CNBB

O texto ainda contempla a forma de organi zação da Igreja no Brasil com os 19 regionais.

59ª Assembleia

As comunidades são motivadas a participar desse processo a partir da seguinte questão: “Diante do atual contexto social e eclesial, o que devemos considerar na elaboração das próximas Diretrizes?”. As contribuições devem ser enviadas à Comissão do Tema Central, pelo e-mail: temacentral@cnbb.org.br, até 31 de julho de 2023.

Durante a assembleia, também foram comemorados os 70 anos de fundação da CNBB, com uma cerimônia no Santuário Nacional, na noite da quinta-feira, 1º, com homenagens e agradecimentos a todos os que fizeram parte da história da conferência.

Já em 2025, no contexto do Ano Santo, será apresen tada, na 62ª AG da CNBB, a nova redação do texto das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, fruto maduro de todo esse percurso paciente e participativo.

PARTICIPAÇÃO

Novo Estatuto

Luiz Lopes Jr./CNBB

A CNBB comemora 70 anos: “Voltamos ao Santuá rio Nacional de Aparecida para nos encontrarmos e vi vermos aquilo que é o mais importante na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: a comunhão entre nós”. Assim, o Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presi dente CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, defi niu a realização da etapa presencial da 59ª Assembleia Após três anos de trabalho realizado por uma comissão presidida por Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto (SP), foi aprovada a atualização do Estatuto Canônico da CNBB.Ementrevista coletiva, Dom Moacir res saltou que esse documento é da CNBB e não da Igreja do Brasil, e acrescentou: “Estatuto Canônico é como se fosse a certidão de nasci mento de uma entidade, a carteira de identi dade, que diz o que ela é e o que ela faz”.

Bispos aprovam documentos voltados à ação evangelizadora da Igreja no Brasil

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO Geral (AG) da entidade, entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro.Nosseisdias de encontro, foram refletidos, deba tidos, decididos e votados pelos 292 bispos reunidos mais de dez temas relacionados à evangelização e à organização da Igreja no Brasil, entre os quais a apro vação das atualizações do estatuto da própria CNBB, a revisão da tradução do Missal Romano, o Documento 114 e o itinerário para a instituição do Ministério dos Catequistas.

Aprovados documentos sobre animação bíblica e formação de catequista

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Após 18 anos de trabalho, o epis copado brasileiro aprovou as últimas duas partes da revisão da 3ª edição típica do Missal Romano, livro que contém os textos litúrgicos da missa. Agora, o texto será submetido à con firmação do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramen tos, da Santa Sé. Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, explicou aos jor nalistas que o trabalho de revisão da tradução foi pautado pela pre ocupação de garantir a fidelidade do texto original promulgado pela Santa Sé, em latim, e, ao mesmo tempo, levando em conta questões próprias da língua portuguesa no Brasil, que garantam a correta com preensão do rito celebrado.

confirmação da Santa Sé 59ª Assembleia Geral da CNBB

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“Como pastores, temos presentes a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência”, iniciam os bispos a mensagem, acrescentando que: “O compromisso com a pro moção, o cuidado e a defesa da vida, desde a con cepção até o seu término natural, bem como da família, da ecologia integral e do estado demo crático de direito, está intrinsecamente vincula do à nossa missão apostólica”.

O episcopado reconhece que o País está envolto “numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, histori camente enraizada na sociedade brasileira”, e faz uma contundente defesa da democracia brasileira:“Nossa jovem democracia precisa ser pro tegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos demo cráticos […] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’” (Compên dio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 407).

IMPLEMENTAÇÃO Após a confirmação da Santa Sé, a CNBB estabelecerá uma data para que a tradução revisada do Missal seja adotada em todas as igrejas no Brasil. Dom Edmar não sabe precisar qual seria essa data, mas informou que há expectativas entre os bispos que vão desde o 1º Domingo do Advento, em 27 de novembro, ou até a próxima Solenidade de Pentecostes, em 28 de maio de 2023. No entanto, tudo de penderá da confirmação do Vaticano.

Como de costume, no encerramento da Assembleia Geral da CNBB, foi divulgada a mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual.

Os bispos brasileiros aprovaram que o texto de Estudo 114, intitu lado “‘E a Palavra habitou entre nós’ (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”, torne-se um documento da CNBB. A estrutura do documento está dividida em sete capítulos. O pri meiro apresenta a iluminação bí blica, a partir da parábola do seme ador. O segundo tem por objetivo apresentar o que significa a anima ção bíblica da pastoral. O terceiro capítulo trata dos desafios a serem enfrentados pela animação bíblica. O quarto capítulo fala dos agen tes da semeadura: os bispos, padres, diáconos, catequistas, leigos e leigas. O quinto apresenta os tipos de terre no que acolhem a Palavra de Deus, sendo elencados mais de dez tipos. O sexto capítulo fala dos métodos de leitura da Palavra de Deus, sendo os principais a Leitura Orante da Pala vra. Por fim, o sétimo capítulo traz propostas concretas para a implan tação de projetos da animação bíbli ca da pastoral nos níveis nacional, regional, diocesano e de comunida des eclesiais missionárias.

Por fim, os prelados conclamam toda a sociedade brasileira a participar ativa e pa cificamente das eleições, escolhendo candi datos, para o Executivo e o Legislativo, que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa in tegral da vida, da família e da Casa Comum.

Missal

Acesse a íntegra da mensagem em: https://tinyurl.com/2e7wm9ag.(FG) (Com informações da CNBB)

Para a implementação da nova tradução, a CNBB pretende ela borar um subsídio para ajudar as comunidades a “mergulharem no Missal”, com seus temas, intuições, indicando como utilizá-lo. “Além disso, algumas dioce ses estão preparando momentos formativos sobre o Missal, o que é muito interessante”, observou Dom Edmar, destacando que essa será uma oportunidade para as comu nidades se apropriarem desse livro como uma genuína fonte da espiri tualidade eclesial. (FG)

Bispos

CATEQUISTAS Também foi aprovado um sub sídio da CNBB com os critérios e itinerários para a instituição do Mi nistério de Catequistas. Esse mate rial corresponde a um pedido do Papa Francisco na carta apostólica Antiquum ministerium, com a qual instituiu tal ministério. No texto, o Pontífice pede às conferências epis copais do mundo todo que orien tem um processo de formação aos candidatos que o receberão. O itinerário prevê um período para o discernimento que propor cionará uma formação humana, comunitária, espiritual, doutriná ria, teológica e pastoral-missioná ria. (FG)

Tradução do será enviada para

Após obras de restauro, ampliação e modernização, iniciadas em 2019, Museu do Ipiranga reabre ao público nesta semana; cerca de 1 milhão de pessoas devem visitar o local anualmente

DANIEL osaopaulo@uol.com.brGOMES São Paulo (USP) desde 1963 e tombado pelo patrimônio histórico municipal, es tadual e federal, o Edifício-Monumento passou por um meticuloso processo de restauro em sua arquitetura, incluindo os 7.600m² da fachada. Houve ainda o restauro e catalogação das 450 portas e janelas e dos 1.900 m² de assoalhos que revestem os pisos. Novos vidros foram instalados para reter o impacto do calor solar no ambiente interno. Há ainda no vidades na iluminação, agora totalmente automatizada e com lâmpadas de LED. Na parte externa, o tradicional Jar dim Francês foi restaurado, com a recu peração de toda a área construída e do paisagismo. A fonte central foi reativada e também houve a recuperação de duas fontes do projeto original. Quem já esteve no Museu anterior mente perceberá que o espaço está maior, isso porque foi construído um edifí cio-ampliação, após uma escavação em frente ao prédio, na área de esplanada. O novo espaço tem 6.800m² e inclui bilhe teria, café, loja, auditório para 200 pesso as, espaços para atendimento educativo e uma sala de exposições temporárias.

ACESSIBILIDADE

Maior, mais acessível e seguro, Museu do Ipiranga é reaberto

PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS O Museu restaurado também conta com modernas tecnologias para preven ção e combate a incêndios. “O sistema de sprinklers adotado é do tipo ‘pré-ação’, com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos aciden tais. Já o sistema de detecção de fumaça utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos) para constante análi se, podendo identificar partículas de re síduos queimados que podem pré-anun ciar um incêndio”, detalha a assessoria do Museu.Também houve a modernização do sistema hidráulico e foi implementada uma proteção térmica em toda a estrutu ra do prédio para evitar a proliferação de um eventual incêndio. Além disso, toda a parte elétrica foi reformada, sendo en volta em uma manta cerâmica, material capaz de reter as altas temperaturas.

materiais semelhantes a objetos origi nais (como pedra e metal), cadernos em braile, amostras de texturas e objetos ori ginais adquiridos especificamente para o manuseio dos visitantes”, informa a asses soria de imprensa do Museu.

CriativaEconomiaeCulturadeDuarte/SecretariaJoca

O QUE O VISITANTE ENCONTRARÁ?

16 | Reportagem | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

O PROCESSO DE RESTAURO As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu começaram em 2019. O valor total de R$ 211 milhões foi custeado via Lei de Incentivo à Cultura, outros investimentos privados sem in centivo fiscal e aportes públicos. Quando foi fechado em 2013, o Edifício-Monumento, construído en tre 1885 e 1890 no complexo do Parque da Independência, estava bem deterio rado, colocando em risco a preserva ção dos 450 mil itens e objetos de seu acervo.Administrado pela Universidade de

A ampla acessibilidade física ao Mu seu está garantida com os elevadores e rampas, mas também a consulta ao acer vo está mais acessível. Ao todo, 379 peças são multissenso riais. “Haverá telas táteis, reproduções em metal, dioramas (maquetes tridi mensionais feitas a partir das obras do Museu), plantas táteis para a localização dos visitantes, dispositivos olfativos, re produções visuais e táteis (reprodução de imagens com aplicações de texturas para o toque), reproduções 3D e em outros

Se havia alguma dúvida de que o pú blico estava com saudades do Museu do Ipiranga, a resposta veio na manhã da segunda-feira, 5: em dez minutos, todos os 4 mil ingressos gratuitos para os pri meiros dias de visitação, de 8 a 11, se es gotaram.Fechado desde 2013, o Museu foi oficialmente reinaugurado na noite da terça-feira, 6, em uma cerimônia que reuniu autoridades e empresários. Na quarta-feira, 7, a visitação será restri ta aos funcionários que trabalharam na obra e a estudantes de escolas públicas pré-selecionados. A visita ao público em geral começará na quinta-feira, 8. A cada segunda-feira, novos lotes de ingressos gratuitos estarão disponíveis no site https://bileto.sympla.com.brApartirde7denovembro, haverá a cobrança para a entrada no Museu. Os valores ainda serão definidos. A projeção é que, por ano, entre 900 mil e 1 milhão de pessoas visitem o local.

A principal peça do Museu também foi restaurada: a tela “Independência ou Morte”, feita por Pedro Américo, em 1888, que, com suas dimensões de 415cm x 760cm, é maior do que as portas e ja nelas do salão nobre do Edifício-Monu mento.Ovisitante encontrará 12 novas ex posições, que contemplam 3.058 itens do acervo, e entre as quais 122 pinturas e duas grandes maquetes: uma delas re trata o próprio Museu, tal qual foi con cebido pelo arquiteto italiano Tommaso Gaudencio Bezzi; a outra é uma repre sentação da cidade de São Paulo como era no ano de 1841. Das 12 exposições, 11 são de longa duração e estão divididas em dois eixos temáticos. Um deles, chamado de “Para entender a sociedade”, trata dos processos sociais referentes à história do Brasil, ima ginário popular, universo do trabalho, ambiente doméstico, formação de identi dades e um olhar panorâmico sobre a ci dade. Há também o eixo “Para entender o Museu”, com informações sobre a his tória de construção do edifício, seu ciclo curatorial, obras e objetos em exposição.

“A maior parte das obras expostas data dos séculos XIX e XX, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil co lonial. São pinturas, esculturas, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira que foram conser vados e preparados para fazer parte do novo projeto expográfico”, informa a as sessoria.Também poderá ser vista a exposição “Memórias da Independência”, que estará aberta por quatro meses, com acervos de outras instituições brasileiras, nas quais estão retratadas as diferentes práticas me moriais e comemorativas relacionadas ao processo de Independência, que resulta ram em sucessivas celebrações ao longo dos séculos XIX, XX e XXI. Ao todo são 49 salas expositivas, além de mesas interativas com múlti plos recursos como textos, imagens, monitores audiovisuais e objetos táteis. Para esta semana de abertura, há uma série de projeções e shows musicais. A programação completa e todos os de talhes sobre o Museu podem ser vistos em www.museudoipiranga2022.org.br

Interagindo com a Sé catedral de 1822. É assim que o visitante se sentirá ao en trar na exposição “Te Deum”, exibida pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS/ SP), em comemoração do bicentenário da Independência.Sobcuradoria de Beatriz Cruz e João Rossi, a mostra recorda a solenidade rea lizada na antiga Igreja da Sé de São Paulo para recepcionar o príncipe regente Dom Pedro de Alcântara em visita à cidade, em 25 de agosto de 1822, às vésperas da Inde pendência do Brasil. Na ocasião, foi entoado o hino litúr gico “Te Deum laudamus” (A Ti, Deus, louvamos), regido pelo mestre de capela da Sé, André da Silva Gomes. Na mostra do MAS, estão reprodu zidos o altar-mor e os altares laterais da Velha Sé paulistana, do bispado de Dom Matheus de Abreu Pereira. “Tentamos recriar um ambiente re ligioso que lembrasse a antiga Catedral de São Paulo. Compusemos o ambiente com muitas obras que foram da antiga Sé e que são do acervo do MAS”, contou ao O SÃO PAULO João Rossi, conservador e retaurador do “SubstituímosMAS.asobras [da época] que não tínhamos e que não se sabe o para deiro por obras do museu e de coleções para recriar a atmosfera religiosa da épo ca”, acrescentou Rossi. “Grande parte das obras que aqui estão, Dom Pedro viu na antiga Sé, nessa vinda dele para São Paulo. Como parte da prataria, algumas poucas talhas que sobraram na antiga Igreja e mobiliário,” prosseguiu.

TE DEUM DA INDEPENDÊNCIA Na época da visita do então príncipe regente a São Paulo, o Te Deum costuma va ser utilizado para a recepção de autori dades tanto políticas quanto eclesiásticas. “O uso na recepção de uma autorida de civil ocorria por causa da proximidade Igreja-Estado. No tempo do Brasil Co lônia e do Brasil Império, vivíamos um sistema chamado padroado, em que o governo civil tinha uma grande influência na Igreja”, explicou Rossi. Por isso, ciente da visita do príncipe a São Paulo, a sociedade da época já espera va pelo uso do Te Deum como recepção de sua chegada, antes do 7 de setembro. “Era protocolo. Uma vez que se tem a junção de Igreja e Estado, os atos são conjuntos. Assim, se a autoridade civil vi sitasse a cidade, ela seria recepcionada na Igreja”, contextualizou Rossi. “Por ser um hino de ação de graças, estava sendo dado graças a Deus pela presença do príncipe.” Outra coisa que evidencia o elo da época entre Igreja e Estado é a disposição dos dois poderes dentro da antiga Cate dral.“Ao mesmo tempo que se tem a figura do Bispo debaixo do dossel, à direita do altar, que é o lugar marcado para ele, do outro lado, à sua frente, tem outro per sonagem, o príncipe. Estando os dois poderes frente a frente”, descreveu Rossi, advertindo que embora, hoje, algumas resoluções ou atitudes possam despertar estranheza, para a época eram comuns.

“Aqui em São Paulo, por exemplo, sei que no Mosteiro de São Bento, que tem tra dição de coro monástico, é cantado em algumas ocasiões, sempre acompanhado de um ofício litúrgico”, relatou Rossi.

A MOSTRA Ao chegar à exposição, o visitante se depara com um quadro que reproduz a paisagem de São Paulo de 1822, como Dom Pedro avistou. Em meio aos sons de badaladas de sinos, o visitante é conduzido até a sala principal em que está rememorada a an tiga Igreja da Sé, com suas relíquias e al tares, remontados a partir de relatos da época.“Fomos tentando compor os oragos desses altares da forma que eles eram. Com os lampadários de prata e com a pra taria que Dom João V doou para criação do bispado de São Paulo”, contou Rossi. Um lampadário de prata do século XIX foi apontado pelo curador como “a alma da exposição”. “Ele era da capela do santíssimo da antiga Catedral. Foi doa do para a antiga Sé por Dom Pedro I, já quando Imperador. Ele tem o brasão do Império do Brasil”, relatou. Ainda nesse cenário, uma seleção de vários Te Deum contribui para transmitir ao visitante a sensação de estar presente à cerimônia da recepção pública do então futuro imperador do Brasil, Dom Pedro. Além dos objetos da época e elemen tos contemporâneos, esboços de partes dos altares que faltam foram utilizados para compor a exposição e assim permi tir que, mesmo “o visitante muito leigo na questão religiosa”, entenda a composição como um todo. “A ideia é justamente criar esses desenhos para indicar uma compo sição em que o visitante consiga identifi car que ele está entrando em um espaço museológico, mas que reproduz o espaço religioso.”Portoda a exposição, manequins tra jados com réplicas dos vestuários da épo ca compõem a nave da igreja. A exposição prossegue até 23 de ou tubro, de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Mais informações pelo site https://www.museudeartesacra.org.br

IRA ROMÃO

Fotos: João Rossi/Museu de Arte Sacra

O MUSEU

Mostra Te Deum ’ recorda a chegada de Dom Pedro I a São Paulo, dias antes da Independência do Brasil DE SEU ACERVO, DE ARTE SACRA REMONTA À SOLENIDADE OFERECIDA COMO RECEPÇÃO AO ENTÃO PRÍNCIPE REGENTE

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 7 a 13 de setembro de 2022 | Reportagem | 17

Relíquias e outras peças históricas e de mobiliário conduzem o visitante da mostra a um mergulho na antiga Catedral de São Paulo, de 1822

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Quando grandes conflitos eram re solvidos, quando houvesse sucessos em negociações, em salvamento de gover nantes, eleições de papas e canonização de santos”, Castagnaexemplificou.lembrouainda que, durante o período monárquico, Portugal e Brasil desenvolveram uma maneira própria de fazer uso político do Te Deum. “Ele era cantado por ocasião do nascimento, ani versário ou casamento de membros da fa mília real e, posteriormente, da imperial”, contou.Mesmo não sendo mais tão comum, o Te Deum ainda é utilizado pela Igreja.

MAS O QUE É O ‘TE DEUM’ ? O Te Deum é uma oração cantada, um hino entoado em ação de graças; um antigo costume religioso da Igreja Católi ca, utilizado principalmente em encerra mento de cerimônias específicas, como Matinas de Santos, Páscoa, Pentecostes, Corpus Christi e Natal. Em 2012, o Papa Bento XVI aclarou o significado do “Te Deum”: “É um hino de ação de graças que inicia com o louvor e termina com uma profissão de fé”. Em uma palestra do MAS, que ante cedeu a abertura da mostra, o professor Paulo Castagna, especialista em Patrimô nio Histórico Musical Brasileiro, com partilhou que o Te Deum já foi utilizado também para celebrar acontecimentos atribuídos à intervenção divina.

EM 1822

COM CERCA DE 70 PEÇAS

Para muitas mulheres, o final do ci clo da violência, infelizmente, é o femi nicídio. Uma maneira de interromper esse ciclo é por meio da denúncia, acio nando os órgãos competentes da rede de atendimento às mulheres, entre os quais o Ligue 180. Na perspectiva do enfrentamento ao ciclo de violências, a advogada alerta que, por existirem mais de um tipo de violência, as mulheres se sentem amea çadas pelo agressor e, intimidadas, não fazem a denúncia quando os primeiros atos de violência acontecem, buscando ajuda apenas após episódios de agres são física.

ROSEANE

Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publica dos recentemente.

18 | Reportagem | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

SOBRE A LEI MARIA DA PENHA O projeto de lei 11.340, sancionado em 2006, é um canal de esperança para mulheres no enfrentamento da violên cia doméstica e familiar e sua preven ção. Nesses 16 anos, a Lei estabeleceu medidas de assistência e proteção a mi lhares de Mariamulheres.daPenha Maia Fernandes nasceu em 1945, no Ceará. Ela é far macêutica bioquímica. Casou-se com o colombiano Marco Antonio Here dia Viveros em 1976 e com ele teve trêsEmfilhas.1983, Maria da Penha levou um tiro do marido pelas costas enquanto dormia. Ela ficou paraplégica em razão das lesões irreversíveis que sofreu nas vértebras, assim como outras compli cações físicas e traumas psicológicos. violento para as mulheres, políticas públicas, mas

Em entrevista à CNN Portugal, Papa fala de temas pessoais, eclesiais e Franciscohttps://cutt.ly/UCc6ltNinternacionaisà

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Caritas: oferecer à pessoa uma porta aberta para uma vida sinodalCNBBhttps://cutt.ly/2Cc5DD9novaanunciacaminhoparaconstrução

CICLO DA VIOLÊNCIA Segundo Ana Bernal, advogada cri minalista, existem vários tipos de vio lência que a mulher pode sofrer: física, moral, sexual ou patrimonial. “Vale ressaltar, que o documento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta o crescimento de outras formas de vio lência contra a mulher, como a psicoló gica, o que levou a OMS a afirmar que a violência de gênero é uma das maiores violações de direitos humanos, princi palmente das mulheres e meninas em todo o mundo”, enfatizou.

O ciclo da violência é composto por três etapas: a fase da tensão, quando começam os momentos de insultos e ameaças, deixando o relacionamento instável; a fase da agressão, quando esta se dá de modo violento; e a fase em que o agressor pede perdão e promete mu dar suas ações, algo que não se confir ma ao longo do tempo.

WELTER ESPECIAL PARA O SÃO PAULO Carolina Grabowska/Pexels

das novas Diretrizes Gerais da Ação https://cutt.ly/NCvyBo6inundaçõespessoasajudamNohttps://cutt.ly/jCc6wIKarquidiocesanodaconsistório,Domhttps://cutt.ly/jCc5iAPEvangelizadoraOdilofalasobreoaassembleiaCNBBeosínodoPaquistão,Camilianosmaisde10milafetadaspor

Brasil aprimora

5º país mais

EM NÚMEROS O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking internacional da violência contra a mu lher. Por dia, mais de 15 mulheres mor rem no País em razão de atos violentos. Cinco são espancadas a cada dois mi nutos. Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, ocorre ram 1.341 feminicídios no ano de 2019. E, só no primeiro semestre de 2022, já se contabiliza mais de 31 mil denúncias de violência doméstica no Brasil. Uma em cada quatro mulheres no mundo afirma ter sofrido algum tipo de violência, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), apenas, no primeiro semestre de 2022, houve 31.398 denúncias e 169.676 casos en volvendo a violência doméstica contra as mulheres. E, em 2019, ocorreram 1.341Osfeminicídios.dadossereferem à violência do méstica ou familiar contra mulheres brasileiras, mas o número de casos de violações aos direitos humanos femi ninos pode ser ainda maior do que ao de denúncias recebidas, pois uma única denúncia pode conter mais de uma vio lação de Outrodireitos.detalhe chama a atenção, de acordo com a pesquisa Violência Do méstica e Familiar Contra a Mulher, de 2021, realizada pelo Instituto Data Se nado e o Observatório da Mulher con tra a Violência: cerca de 30% das mu lheres afirmam ter sofrido algum tipo de violência doméstica no Brasil.

Quando se fala em violência contra a mulher, qual a primeira ideia que lhe vem à mente? Se a resposta se resumir à efetiva agressão física, é preciso que se saiba que essa é apenas uma das etapas de um relacionamento abusivo.

CANAIS DE AJUDA Em todo o País, os serviços são ofe recidos por órgãos da saúde, segurança pública, justiça e assistência social. A divulgação das iniciativas fez parte da campanha Agosto Lilás deste ano, com o tema “Um instrumento de luta por uma vida livre de violência”. A meta foi sensibilizar toda a sociedade para com bater tal Entreprática.osórgãos envolvidos no com bate à violência contra a mulher estão os Núcleos Integrados de Atendimento à Mulher (NUIAMs), ligados às Polícias Civis, assim como as Delegacias Espe cializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs); os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAMs); os Centros Especializados de Atendi mento à Mulher (CEAMs); os Núcleos de Atendimento à Mulher nas Defen sorias Públicas; os Núcleos de Gênero dos Ministérios Públicos estaduais; os observatórios de violência contra a mu lher; o Ligue 180 e o Disque 100 – dis ponibilizados pelo MMFDH – que in tegram a rede de apoio e atendimento às mulheres em situação de violência. Ana Bernal enfatiza que há uma rede de auxílio à mulher em situação de violência doméstica, “desde acon selhamento jurídico, em centros de acolhimento e abrigos, no intuito de que ela possa sair efetivamente daque la situação de violência doméstica e do ciclo abusivo, e viver uma vida livre dos grilhões do abusador”.

violações à dignidade feminina persistem

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O SÃO PAULO APRESENTA A TRAJETÓRIA DE 4 SACERDOTES COM VIDAS LIGADAS A ESTE MEIO DE COMUNICAÇÃO QUE COMPLETA 100 ANOS NO BRASIL

20 | Reportagem | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br Padre Landell de Moura: o desbravador da tecnologia radiofônica

DANIEL OSAOPAULO@UOL.COM.BRGOMES

Há exatos cem anos, em 7 de setembro de 1922, acontecia a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil. Naquele dia, no Rio de Janeiro, foi trans mitido pelas ondas do rádio – e captado por cerca de 80 aparelhos receptores – o discurso do presi dente Epitácio Pessoa, proferido na Praça XV, além de um concerto da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, no Theatro Municipal. Em poucos anos, as transmissões de rádio se espalharam pelo Brasil, bem como as emissoras, algumas das quais católicas. Nesta edição, O SÃO PAULO conta a trajetória de quatro sacerdotes que têm suas vidas marcadas pelo amor ao rádio.

Ainda está na memória de muitos brasileiros a voz que ao meio-dia recor dava, pelo rádio, que “Os ponteiros apon tam para o infinito” e que às 15h con duzia a Consagração a Nossa Senhora Aparecida.Padre Vítor Coelho de Almeida (1899-1987), natural de Sacramento (MG), foi ordenado sacerdote em 1923, na Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas). Acometido por tubercu lose, esteve internado entre 1941 e 1948 no Sanatório Divina Providência, em Campos do Jordão (SP), mas já na fase final de recuperação da saúde, em 1947, iniciou sua trajetória de “Apóstolo do Rá dio”, pela rádio ZYL-6 daquela cidade. A partir de 1951, passou a se dedi car à rádio Aparecida, em um frutuoso trabalho por 36 anos, durante os quais foi apresentador de muitos programas, com uma voz firme e carismática, que chegava a diferentes locais, partilhan do os muitos saberes do Padre sobre questões de fé, cultura e sociedade.

Padre Vítor Coelho: de Aparecida, uma fé que ressoa em todo o Brasil

Diante de olhares surpresos, o Pa dre Roberto Landell de Moura (18611928) realizou a primeira demonstra ção pública de uma transmissão de rádio em 16 de julho de 1899. A partir do Colégio Santana, na zona Norte de São Paulo, sua voz e o Hino Nacional puderam ser ouvidos na Ponte das Bandeiras, distante cerca de 4km. Um ano depois, em 3 de junho de 1900, a tecnologia por ele desenvolvida para transmitir informações sonoras por meio de ondas eletromagnéticas levou sua voz e outros sons ainda mais lon ge: à Avenida Paulista, distante cerca de 8km do NascidoColégio.emPorto Alegre (RS), Padre Landell estudou Teologia em Roma e por lá também se interessou por temas de Física e Química. Em 1887, de volta à sua terra natal, buscou apoio para a produção do aparelho que era capaz de transmitir mensa gens sonoras pelo ar, mas não obteve suporte institucional nem financeiro. O mesmo aconteceu quando veio para SãoEmPaulo.1901, patenteou seu invento e partiu para os Estados Unidos, onde, com dinheiro do próprio bolso e em préstimos, conseguiu patentear três de seus projetos: o “Transmissor de Ondas” – que é a tecnologia do rádio; o “Telefone sem fio”; e o “Telégrafo sem fio”. De volta ao Brasil, em 1904, continuou a divulgar sua invenção, mas não encontrou patrocínios para produzi-la.PadreRoberto Landell de Moura morreu aos 67 anos, em 1928, vítima de tuberculose. Como só conseguiu patentear seu invento em 1901, não é oficialmente considerado o inven tor do rádio, já que em 1896 o italia no Guglielmo Marconi patenteou um aparelho que também era capaz de transmitir sons pelo ar. Um detalhado trabalho sobre os feitos do Sacerdote brasileiro é o livro “Padre Landell: o brasileiro que inven tou o wireless”, da Editora Insular, lan çado este ano por Hamilton Almeida, biógrafo do Sacerdote.

Morto em 1987, em decorrência de um edema pulmonar, o “Apósto lo de Aparecida” teve seu processo de canonização iniciado em 1998. No úl timo dia 5 de agosto, o Papa Francisco assinou o decreto pelo qual proclama como Venerável o Padre Vítor Coelho de Almeida, um dos passos que indica o avanço da causa, o que poderá torná -lo beato em breve. A notícia fez muitos fiéis recordarem do tempo em que ouviam o Sacerdote pelo rádio: “Muito se deve ao agora Ve nerável Padre Vítor Coelho de Almeida pela propagação da fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida pelas ondas do rádio. Sou devota, assim como meus pais, graças a ele”, escreveu Marli Nucci Vaca ro nas redes sociais do O SÃO PAULO @jornalosaopaulo na ocasião. “Minha avó o ouvia todos os dias pelas ondas curtas da rádio Aparecida, às 15h, na Consagração. Era uma voz emblemática e marcante do rádio brasileiro”, também recordou o internauta Prado Junior.

Reprodução Centro de Documentação e Memória do Santuario de Aparecida Pixabay

(CominformaçõesdaAgênciaBrasil,PortalA12,MemorialPadreZezinhoeAssociaçãoEvangelizaréPreciso)

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Criador da Associação Evangelizar É Preciso, em 2005, o Padre Reginaldo Manzotti é conhecido nacional e inter nacionalmente: são mais de 7,3 milhões de seguidores no Facebook e mais de 4,4 milhões no Instagram; 3,34 milhões de pessoas inscritas em seu canal do YouTube e quase 715 mil seguidores no Twitter.Mas foi no rádio que o Sacerdote começou a evangelizar pelos meios de comunicação. “Minha trajetória no rá dio começou em 1997, com um pro grama de 5 minutos chamado ‘Oração da Tarde’, na rádio Paranavaí. Em 2004, estreou o programa ‘Experiência de Deus’, com transmissão ao vivo, das 13h às 14h, na rádio Clube B2 AM 1430, em Curitiba (PR). No mesmo ano, recebi um convite do Irmão Lauro Pazeto e Armando Célia Junior para que o pro grama fosse transmitido em um novo horário: de segunda-feira a sábado, das 10h às 11h. Desde então, mais de 1.600

Nascido em Machado (MG) em 1941, e ordenado sacerdote em 1966, aos 25 anos, Padre Zezinho chegou ao rádio após já ter iniciado sua trajetória como compositor e cantor. Além do programa “Um olhar sobre a cidade”, passou a apresentar o “A hora e a vez da família”, atração que marcou épo ca. Não demorou muito para que seus programas chegassem a mais de 30 rá dios em diferentes partes do País. “Tive programas em várias rádios, sempre na linha da Catequese falada e cantada.

Com isso, houve dificuldades até para a Igreja Católica, sobretudo em São Paulo, onde fecharam a 9 de Julho Dom Paulo Evaristo Arns e outros bispos achavam que não havia mais liberdade suficiente para o povo e, por isso, a Igreja foi lutar pelos direitos humanos, seguindo a Doutrina Social da Igreja. Eu estive neste grupo. Não queríamos derrubar governo algum, mas, sim, libertar a comunicação ca tólica. Queríamos o direito de pregar a Doutrina Social da Igreja, e isso nos custou caro, mas não tivemos medo. Fecharam a rádio, mas não a nossa boca”,Aindarecordou.hoje, Padre Zezinho envia seus programas para a rádio Apare cida, por meio das Paulinas-Comep, e também para outras três emissoras em São Paulo e no Paraná.

O rádio é um veículo liberta dor. Pode haver quem o use de manei ra errada, mas a Igreja tenta usá-lo de maneira certa. Quando temos rádio e tevê nas mãos, o nosso dever sagrado é o de orientar o povo e não o de fazer propaganda política. Nós somos cate quistas e orientadores”, destacou, ao O SÃO PAULO, Padre Zezinho, hoje com 81 Padreanos.Zezinho foi o último a apre sentar um programa na rádio 9 de Julho antes que os transmissores da emissora fossem lacrados pelo regime militar, em 5 de novembro de 1973, um silenciamento que durou até 1999, quando a rádio voltou ao ar. “Eu comecei a fazer rádio em um período de exceção política no Brasil. Tinha havido a mudança radical de governos a partir de 1964, e a coisa se tornou mais pesada com o tempo.

pessoalArquivo Pixabay Rádio 9 de Julho

Padre Reginaldo Manzotti: ‘O rádio está em minha essência de evangelização’

emissoras de todo o País retransmi tem o programa, além de outros países como Inglaterra, Estados Unidos, Por tugal, Espanha, Angola, Paraguai, Bo lívia e Uruguai”, relatou o Sacerdote à reportagem.“Depois de todos esses anos, ainda é engraçado que muitas vezes sou re conhecido mais pela minha voz do que pela minha aparência. Por isso, afirmo que o rádio está em minha essência de evangelização”, enfatizou. Padre Reginaldo Manzotti avaliou que pelo fato de o rádio ser a grande companhia para as pessoas em diferen tes momentos, é nesse meio de comu nicação que elas buscam por respostas diante de um momento de desespero. “Eu sempre escuto isso: estava querendo uma resposta e ouvi sua voz, sua men sagem e parei para ouvir. Pelo rádio, en tro na intimidade do lar de milhões de brasileiros, e o faço com muita humil dade, levando a Palavra de Deus e, por muitas vezes, o consolo, a esperança e a força na superação de um problema que parecia não ter solução”, recordou. Padre Manzotti revelou o que é mais desafiador para evangelizar nesse meio de comunicação: “Foi e ainda é um grande desafio apresentar um conteúdo evangelizador, motivacional e, ao mesmo tempo, catequético em tempos de imediatismo, que nada é feito para durar”, afirmou, destacando, ainda, que neste contexto o maior desafio para a evangelização é manter a fidelidade da mensagem proposta, “não ficar em uma superficialidade fugaz, mas buscar o que realmente edifica o ser humano, a família. O grande desafio é fazer mate riais atrativos e com um conteúdo edi ficante”, disse o Sacerdote de 53 anos de idade.

Padre Zezinho: ‘O rádio é um veículo libertador’

A estreia do Padre Zezinho, SCJ, no rádio foi com o programa “Um olhar sobre a cidade”, em 1970, na rádio 9 de Julho, a convite do Padre Lucas Cara vina. Naquela época, a Igreja começa va a ter um olhar mais atento para as potencialidades e riscos dos meios de comunicação social, com a publicação do decreto Inter mirifica, em 1966.

22 | Reportagem | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

NO BRASIL O serviço prestado pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Após tolo não se restringe à Arquidiocese de São Paulo. Além de receber alunos de diversas partes do Brasil, a insti tuição também conta com extensões do curso de mestrado em Marília (SP) e em Teresina (PI).

Os estudantes dessas regiões po dem obter o título de mestre em Direito Canônico reconhecido pela Santa Sé, sem a necessidade de se des locar para a capital paulista ou para o exterior.Osnúmeros ajudam a ver o alcan ce da instituição: são 28 alunos cur sando mestrado em São Paulo, mais 14 na fase da elaboração da disserta ção. Já os doutorandos são 23. Ambos os cursos acolhem alunos de cerca de 20 dioceses.EmMarília, já são 17 cursando o mestrado, mais 17 em dissertação, de cerca de dez dioceses do interior paulista. Já em Teresina, há 26 mes trandos de cerca de 11 dioceses das regiões Norte e Nordeste.

Faculdade de Direito Canônico amplia instalações e o alcance nacional

DE ENSINO SUPERIOR DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO É REFERÊNCIA NA FORMAÇÃO BRASILCANONISTASDENO

marca o processo de expansão da ins tituição eclesiástica de ensino da Ar quidiocese.Aindasegundo o Sacerdote, a ava liação que os membros da Diretoria, professores e alunos fazem das ati vidades da Faculdade de Direito Ca nônico nos últimos anos é muito po sitiva. “Especialmente as avaliações institucionais, feitas semestralmente com o corpo discente e docente, de monstram bons resultados alcança dos”, acrescentou o Diretor. Padre Everton também destacou a publicação do Manual de Metodo logia Científico-Canônica da Facul dade, a renovação do corpo docente, a reforma do plano de estudos con siderando as recentes prescrições feitas pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, o aperfeiçoamento no acompanhamento pedagógico ofere cido aos alunos que estão em fase de pesquisa e elaboração de dissertações e teses de doutorado.

CURSOS DE EXTENSÃO Durante o período da pandemia, a Faculdade promoveu uma série de cursos de extensão na modalidade on-line , que abordaram temas rela cionados à nulidade matrimonial; práticas jurídico-administrativas na cúria diocesana; aspectos jurídicos e pastorais das associações de fiéis; Direito Patrimonial, entre outros. Destaca-se, ainda, o curso sobre questões do Acordo Brasil-Santa Sé, cujo 4º e último módulo está previs to para acontecer em novembro.

Na manhã da terça-fei ra, 6, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metro politano de São Paulo, aben çoou a nova ala das instala ções da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apósto lo, no bairro do Ipiranga, na zonaLocalizadoSul. no complexo arquitetônico do antigo Se minário Central de São Pau lo, onde também funcionam um campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, o novo espaço, no subsolo de onde já funcio na a sede da Faculdade, abri ga as salas da diretoria, dos professores e de atendimento aosParticiparamalunos.

Temas da atualidade do Direito

ECLESIÁSTICAINSTITUIÇÃO

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Padres Ricardo Cardoso Anacleto, Everton Fernandes Moraes e Ediclei Araújo da Silva, da Diretoria, em foto com o Cardeal Odilo Scherer

da bênção o Diretor da Faculdade, Padre Everton Fernandes Moraes; o Vice-diretor, Padre Ricar do Cardoso Anacleto; o Se cretário-geral, Padre Ediclei Araújo da Silva, além de pro fessores e Primeiracolaboradores.instituição de ensino superior desse gêne ro no Brasil, a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo foi erigida canoni camente em 26 de fevereiro de 2014, fruto da elevação do então Instituto de Direito Canônico “Padre Dr. Giu seppe Benito Pegoraro”. Essa Faculdade possui autonomia para oferecer a formação exigida para a ob tenção dos diplomas de mes tre e doutor em Direito Ca nônico, concedidos com o reconhecimento da Santa Sé. Até então, existiam no Brasil apenas institutos afiliados a universidades pontifícias que concediam seus títulos acadêmicos.

EXCELÊNCIA ACADÊMICA Para o Padre Everton, a inauguração das instalações

Canônico também foram tra tados em eventos acadêmicos on-line , como as aulas inau gurais e semanas de Direito Canônico, entre os quais a reforma da legislação penal da Igreja, os delitos contra a moral reservados à Santa Sé e a jurisprudência dos dife rentes tribunais da Santa Sé, como na aula inaugural do 2º semestre de 2022, na sex ta-feira, 2. Nessa aula o tema foi “A Jurisprudência do Tri bunal da Rota Romana a ser viço da família”, apresentado pelo decano desse mesmo tribunal, Monsenhor Alejan dro Arellano Cedillo. Nesta semana, foi con cluído o curso sobre o re curso dos bispos às faculda des especiais concedidas ao Dicastério para o Clero, que contou com a participação de bispos, sacerdotes, cano nistas, servidores das cúrias diocesanas e tribunais eclesi ásticos de todo o Brasil. Entre os professores e conferencistas desses cursos e eventos acadêmicos, des tacam-se nomes como o do Monsenhor Gian Paolo Mon tini, Promotor de Justiça do Luciney Martins/O SÃO PAULO

A conversão a Deus e a santificação co tidiana somente acontecem quando nos confrontamos com quem realmente somos.

Liturgia e Vida JOÃO BECHARA VENTURA

Depois de ter levado uma “vida desenfre ada” em um “lugar distante”, desejando sem sucesso se saciar com o alimento de porcos, o filho pródigo finalmente retornou a casa (cf. Lc 15). Segundo Jesus, essa decisão foi possí vel apenas quando ele “caiu em si” (Lc 15,17).

Por fim, o Diretor enfa tizou que os próximos pas sos da Faculdade de Direi to Canônico serão sempre no sentido de oferecer aos alunos, nos diferentes graus acadêmicos, o conteúdo correspondente, conforme as prescrições da Igreja, de forma sempre mais eficaz para que o aproveitamento seja o melhor possível.

“Quanto melhor assimi larem os conteúdos, mais eficaz será o serviço pres tado por eles na Igreja. Para tanto, insistiremos na forma ção permanente dos nossos professores, na ampliação do acervo de nossa biblioteca, no adequado acompanhamento pedagógico dos nossos alu nos, no bom atendimento de nossa secretaria acadêmica, na melhoria das instalações da sede da Faculdade, entre outras”, afirmou.

PADRE

‘Ele caiu em si mesmo’ Supremo Tribunal da As sinatura Apostólica; Dom Juan Ignacio Arrieta Ochoa de Chinchetru, Secretário do Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos; e Padre Damián Guillermo Astigueta, profes sor da Pontifícia Universida de Gregoriana, em Roma. Em parceria com a Fa culdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP, também foram re alizados cursos de extensão on-line sobre fundamentos teológicos, pastorais e ca nônicos dos sacramentos do Matrimônio e do Batis mo, além de uma formação sobre a administração dos bens eclesiásticos e sobre o secretariado de pastoral. Alguns desses cursos passa ram de mil inscritos. “A pandemia nos pro porcionou criar uma roti na que deverá permanecer. Note que, em nossos cursos de extensão, temos a parti cipação de inscritos de to das as regiões do Brasil e, muitas vezes, até de outros países”, sublinhou Padre Everton.

DOMINGO DO TEMPO COMUM 11 DE SETEMBRO DE 2022

Após uma vida de pecado e confusão, final mente se converteu quando entrou em seu íntimo e buscou o Senhor pela oração. Es creveria mais tarde: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E fora te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não estava con tigo. Seguravam-me longe de ti as coisas, as quais não existiriam se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha sur dez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira” (“Confissões”). Que Nosso Senhor nos faça “cair em nós mesmos”! 24º

A SERVIÇO DO POVO DE DEUS O Cardeal Scherer, que também é Grão-Chanceler da Faculdade, destacou que a importância da instituição cresceu nos tempos atuais, diante de um novo despertar para a formação jurídica e ca nônica, em vista de questões novas na vida da Igreja, que requerem canonistas bem preparados.Aindade acordo com o Ar cebispo, os estudantes da Fa culdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo se dedica rão ao serviço da justiça ecle siástica para “assistir e orien tar o povo de Deus de modo competente e qualificado, para assegurar a todos a justiça na verdade e na caridade”.

| 7 a 13 de setembro de 2022 | Reportagem/Fé e Vida | 23

Divulgação

ESPECIALIZAÇÃO Além dos cursos de ex tensão, a Faculdade oferece, desde o início de 2021, um curso de especialização em Jurisprudência do Tribunal da Rota Romana sobre o sa cramento do Matrimônio. A formação on-line é ministrada pelo professor Diego Zoia, advogado do Tribunal Apostólico da Rota Romana, doutor em Direi to Canônico com especia lização em jurisprudência pela Pontifícia Universidade Gregoriana, diplomado nos Studia das Congregações para as Causas dos Santos e para o Culto Divino e a Dis ciplina dos Sacramentos. “Muitos já foram os vi gários judiciais, oficiais e advogados de tribunais ecle siásticos do Brasil que partici param deste curso”, observou Padre Everton, chamando a atenção para a média de 40 alunos inscritos neste curso em cada semestre.

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Não se trata de ser autocentrados e fechados ao exterior, mas de olhar com serenidade a nossa alma, nossa vida, identidade, história, pecados, fracassos, defeitos e qualidades. Pre cisamos “cair em nós mesmos”: eliminar os personagens que inventamos; abrir mão dos planos que não correspondem aos de Deus; vencer o orgulho ferido; e ver que longe do Senhor não temos salvação. Confrontar-se com a verdade sobre si é um passo necessário para poder falar de verdade com Deus e dizer sinceramente: “Pai”. Esse “cair em si mesmo” tem algo de difí cil e mesmo humilhante. Todavia, é o único modo de se chegar à paz e à alegria de filhos de Deus. Ao contemplar sem máscaras nos sa insuficiência, devemos chorar de gratidão, não de desespero! Trata-se de chorar não simplesmente porque nossos pecados nos envergonham ou porque tememos perder o paraíso e receber o inferno. Os filhos de Deus se arrependem principalmente porque reco nhecem sua dignidade: sabem de Quem vie ram, para Quem irão! Não somos escravos, que obedecem ao Senhor apenas por serem obrigados; não so mos mercenários, que trabalham e comba tem somente em função da recompensa; não somos egoístas, que querem ser bons como quem se admira num espelho. Somos filhos! Não à toa, a primeira coisa que o filho pró digo pensou em dizer ao retornar foi “Pai...”.

Sem confiança e gratidão de filhos, como é difícil se arrepender sinceramente!

PASTORAL JUDICIÁRIA

O Purpurado destacou que as atividades que demandam o conhecimento do Direito Canônico não são exclusivas dos tribunais eclesiásticos, mas também das cúrias, da coordenação dos organis mos da Igreja e do serviço pastoral. Nesse sentido, Dom Odilo lembrou que o próprio trabalho dos tribunais deve ser compreendido como uma pastoral“Conseguimosjudiciária. dar nossa contribuição para mudar esta consciência, na medida em que ensinamos aos nossos alunos que o Direito tem necessaria mente implicações pastorais. E estes alunos, por sua vez, serão canonistas que terão consciên cia da pastoralidade do Direito Canônico”, complementou o Diretor da instituição. “Na Igreja, a atividade jurí dica tem como fim a salvação das almas e constitui uma par ticipação peculiar na missão de Cristo pastor, enquanto procura colocar em prática a ordem querida pelo próprio Cristo”, reforçou o Arcebispo. Informações sobre os cursos e eventos da Faculda de estão disponíveis no site : https://facdcsp.com.br/

Talvez na primeira conversão (ou mesmo hoje), como o filho da parábola, estávamos “ainda distantes”, quando o Senhor veio e ma nifestou o seu amor e a sua escolha. É chegada, porém, a hora de “cairmos em nós mesmos”, mais profundamente reconhecendo que o Se nhor habita em nossa alma em graça! Se que remos realmente viver com Ele, é preciso parar de pensar só no material, no “urgente”, no sen sível, e nos comprometer a entrar no “quarto interior”, explorando o mundo riquíssimo que é a presença de Deus em nós. Este foi o caminho de Santo Agostinho.

DANIEL osaopaulo@uol.com.brGOMES

CONVERSÃO E RENOVAÇÃOMISSIONÁRIA Detendo-se no trabalho das comissões temáticas da assembleia sinodal, Dom 4ª

CONHEÇA AS 25 COMISSÕES TEMÁTICAS

UMA IGREJA QUE CAMINHA Após a celebração, o Cardeal Odilo Pedro Scherer deu início aos trabalhos, transmitindo a todos a bênção apostólica que o Papa Francisco enviou à Arquidio cese, por meio do Arcebispo Metropoli tano, que no fim de agosto participou do consistório, no qual o Pontífice criou 20 cardeais para a Igreja e falou aos purpura dos sobre a reforma da Cúria Romana.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana refletiu sobre a Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 12,1-8), na qual o Apóstolo dos Gentios aponta que o Espírito de Deus concede variados dons às pessoas, para que desempenhem as tarefas que lhes são confiadas. Diante disso, nessa sessão da assembleia, todos foram chama dos a responder sobre o que devem fazer – como Igreja em São Paulo – para bem cumprir a missão dada por Jesus aos cris tãos na “Quecidade.nostrabalhos de hoje, especial mente para refletir sobre o que vimos e ou vimos, sobretudo na questão missionária, tenhamos em conta os dons recebidos por nós e pelos outros. Assim, faremos um bom caminho sinodal e o Senhor se agradará cada vez mais”, exortou Dom Jorge, res saltando que o sínodo não é um ponto de chegada, e sim um caminho a ser percor rido com a virtude teologal da esperança.

1) Palavra de Deus na vida e missão da Igreja 2) Catequese e iniciação à vida cristã 3) Aprofundamento da fé e formação permanente dos católicos 4) Liturgia, celebrações e espiritualidade 5) Pastoral dos Sacramentos (Diretório dos Sacramentos) 6) Família – Igreja doméstica, sujeito de evangelização 7) Juventude e missão 8) Leigos e suas organizações – presença pública da Igreja missionária 9) Vocações e seminários (formação inicial do clero). Vida e ministério do clero (formação continuada) 10) Vida consagrada em geral e suas novas expressões 11) Testemunho da caridade a serviço da vida, da dignidade, da justiça e da paz 12) Refugiados, migrantes e “descartados” 13) Ação missionária com o povo em situação de rua 14) Caridade organizada: situações de emergência e voluntariado 15) Cuidado da “casa comum” 16) Paróquia acolhedora e missionária: comunidade de comunidades 17) Animação missionária de toda a comunidade eclesial 18) Organização pastoral da Arquidiocese no seu conjunto 19) Evangelização missionária por meio da comunicação 20) Evangelização missionária por meio da educação 21) Evangelização missionária na área da saúde e em situações de enfermidade e luto 22) Organismos de comunhão e serviço da Arquidiocese 23) Organização administrativaeconômica,epatrimonial da Arquidiocese 24) Interlocução da Igreja com os construtores da sociedade e com o pluralismo urbano 25) Diálogo ecumênico e inter-religioso Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

“O sínodo está orientado por esta preocupação de conversão e renovação missionária da nossa Arquidiocese”, prosseguiu, enfatizando que os católi cos não devem se contentar com um agir pastoral de mera conservação, e que precisam pensar em um horizonte mis sionário, de ir ao encontro das pessoas, uma vez que amplos são os campos de missão, a começar nas famílias, já que em muitas a transmissão da fé não tem ocorrido entre gerações, o que é percep tível pela queda no número de batizados nas últimas décadas.

Dom Odilo recordou que o sínodo arquidiocesano é um caminho de comu nhão, conversão e renovação missionária, o que indica que a Igreja não está parada, mas que se põe a caminhar com Jesus, sen do orientada por Ele.

O Arcebispo Metropolitano também enfatizou que a conversão é uma tarefa constante para todos na Igreja, de modo que, seja em âmbito pessoal, seja na vida comunitária, os católicos devem refletir se estão agindo conforme Jesus gostaria que fosse, um processo de discernimento em que, sempre é preciso se colocar à escuta do que o Espírito Santo tem a dizer à Igreja.

Divididos nas 25 comissões temá ticas (leia detalhes no box), os partici pantes elaboraram até cinco propostas pastorais e evangelizadoras, com vistas a responder à questão de fundo: “O que devemos fazer para promover o cami nho de comunhão, conversão e renova ção missionária da Arquidiocese?”. “Não se trata de fazer um ‘receitu ário’ de cinco propostas em cada uma das 25 comissões, mas, sim, de discernir e elaborar, no enfoque que é próprio de cada comissão, diretrizes que possam desencadear processos de ‘comunhão, conversão e renovação missionária’ para a Igreja em São Paulo. Os programas operativos virão depois”, orientou Dom Odilo, antes do início do trabalho dos grupos.Nas comissões temáticas, as propos tas foram formuladas tendo em conside ração tudo o que os participantes viram e ouviram ao longo do processo sinodal arquidiocesano: as reflexões realizadas nas três sessões anteriores; os dados das pesquisas sobre a vida e ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo e do levanta mento paroquial, em 2018; a síntese das reflexões feitas nos vicariatos ambientais e nas regiões episcopais, em 2019; as observações realizadas pelo clero arqui diocesano em seu curso anual em 2019; a pré-assembleia sinodal das paróquias no início deste ano; e os apontamentos do 1o relatório geral para a assembleia sinodal arquidiocesana, apresentado na 1a sessão em junho.

OS TRABALHOS NAS COMISSÕES TEMÁTICAS

CONTINUIDADE DO SÍNODO Ao O SÃO PAULO, o Padre Tarcí sio Mesquita, Secretário-geral do sínodo arquidiocesano, explicou que as fichas com as propostas feitas em cada uma das comissões temáticas serão repassa das à Comissão de redação do sínodo, para que as agrupe de modo ordenado, a fim de que sejam apresentadas na sessão de 1º de “Nessaoutubro.ocasião, também vamos re arranjar os grupos, mantendo os mes mos coordenadores e secretários, para que outros participantes da assembleia sinodal – diferentes dos que estiveram em cada grupo hoje – possam eventu almente ajustar as propostas ou elaborar outras em cada tema. Assim, consegui remos abranger o máximo possível de contribuições”, detalhou Padre Tarcísio, ressaltando, porém, que o documen to final do sínodo será elaborado por Dom Odilo, uma vez que a assembleia sinodal tem caráter consultivo, e não deliberativo.“Tudoo que foi falado sobre a di nâmica da vida da cidade e os desafios da Igreja certamente estará no coração de Dom Odilo para a apresentação fi nal do sínodo”, observou o Sacerdote, destacando que as questões operativas em relação às propostas somente serão estruturadas após a conclusão do sínodo arquidiocesano.

Odilo enfatizou que elas não podem perder o horizonte da conversão e reno vação missionária proposta pelo sínodo arquidiocesano.“Senãocumprirmos a qualidade missionária da Igreja, deixamos de ser a Igreja que Jesus quis”, enfatizou, citando entre as ações missionárias frequentes a prática da caridade e o testemunho do leigo nas diferentes instâncias da vida pública e social.

SESSÃO DA ASSEMBLEIA SINODAL ARQUIDIOCESANA

Após um detalhado processo de es cuta, partilha e reflexão, os participantes da assembleia sinodal arquidiocesana começaram a formular, no sábado, 3, as propostas para práticas pastorais e de evangelização que traduzam o caminho de comunhão, conversão e renovação mis sionária percorrido no 1o sínodo arquidio cesano, iniciado em 2017. A 4a sessão da assembleia sinodal, re alizada na Faculdade Paulus de Tecnolo gia e Comunicação (Fapcom), começou com a celebração da Palavra, presidida por Dom Jorge Pierozan.

24 | Geral | 7 a 13 de setembro de 2022 | www.arquisp.org.brwww.osaopaulo.org.br

Propostas para práticas pastorais e de evangelização começam a ser elaboradas

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