O Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo e a produtora Summer Beats realizaram no domin go, 6, na zona Norte da capital paulista, um festival para celebrar o Dia Nacional da Juventude. Ao longo do dia, 40 mil jovens participaram de momentos de oração, shows musicais e da mis
Preservar a própria identidade e, ao mesmo tempo, ir ao encon tro dos outros que são diferentes. Essa foi a essência da viagem do Papa Francisco ao Reino do Ba rein, entre os dias 3 e 6.
O Papa participou do “Barein Fórum pelo Diálogo: Oriente e Ocidente pela Coexistência Hu mana”. Francisco conversou com líderes do Islã e com autoridades da Igreja Ortodoxa. Aos católi cos, lembrou que Cristo lhes con fere “o poder de amar como Ele amou”; e aos jovens, o Pontífice pediu que façam brotar “a frater nidade e a novidade”.
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sa, presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese. O principal destaque do evento foi a grande procura dos participantes pelo sacramento da Reconciliação e a oração do Rosá rio, com ampla participação dos jovens.
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Ouvir a Cristo, lançar as redes e avançar para as águas mais profundas
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Quem participa da mesa do Senhor é chamado a repartir o pão de cada dia
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Antes de celebrar o Natal, vai primeiro reconciliar-te com teus irmãos
Editorial Encontro com o Pastor Espiritualidade Liturgia e Vida Comportamento
Famílias sólidas e bem formadas são a garantia de um futuro melhor
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É ireis ganhar a vida’ (Lc 21,19)
Na 6ª sessão da assembleia sinodal arquidiocesana, no sá bado, dia 5, os participantes analisaram as 130 propostas de ação pastoral e evangeliza dora. Redação final será apre sentada em 3 de dezembro. Página 20
Último caso da doença, cuja sequela mais conhecida é a paralisia infantil, ocorreu em 1990. Crianças abaixo dos 5 anos devem ser vacinadas. Página 12
Atividade centra-se no apro fundamento teológico sobre a Eucaristia e no testemunho da fé no mistério eucarístico.
1ª versão de relatório geral do sínodo arquidiocesano é apresentada
Com vacinação abaixo da meta, Brasil está em risco para a volta da poliomielite
18º Congresso Eucarístico Nacional começa nesta semana em Recife (PE)
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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
Ano 67 | Edição 3421 | 9 a 15 de novembro de 2022
| R$ 3,00www.arquisp.org.br 40 mil jovens vivenciam o Summer Beats DNJ No Barein, Francisco dialoga com líderes religiosos
para que ocorram diálogos propositivos e fraternos com vista ao bem do Brasil. A reconciliação em tempos de conflitos ideológicos e partidários Milhares de jovens participam das atividades do Summer Beats DNJ 2022, no domingo, 6, no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo
Edição 019 de novembro de 2022 O povo brasileiro sai particularmente fraturado das últimas eleições – e a fratura, antesde causar escândalo, indica a necessidade deuma cura. Sendo assim, nós nos vimos chamados a publicar este primeiro Caderno Fée Cidadania (um projeto que pensávamosiniciar só em 2023) sobre o tema da reconciliação diante dos con itos ideológicos e partidários, à luz da Doutrina Social da Igreja.É forçoso reconhecer que somos uma sociedade magoada e ressentida com a política.O siologismo e o corporativismo, a defesa dos próprios interesses em lugar do bemcomum, as decisões autocráticas e as interpretações criativas do próprio arcabouço legal da nação geram desgosto, indignação erevolta. Se analisarmos a história recente doPaís, veremos que tanto a esquerda quanto adireita, sem excluir o próprio centro, derame têm motivos para esse ressentimento. Todoo espectro político-ideológico é, simultaneamente, causador e vítima desse fenômeno.Sendo assim, é compreensível que nos separemos em várias posições, nenhuma delasconseguindo se impor hegemonicamentesobre as demais. O problema é que essa pluralidade vem acompanhada de sentimentosnegativos, agressividade e intransigência,impedindo o reconhecimento de algunspontos em comum mínimos que sustentemum projeto compartilhado de futuro, absolu tamente necessário para o desenvolvimentointegral das pessoas e da sociedade como umtodo. Antes de sairmos numa busca frenéticapor culpados, precisamos curar as feridascausadas por essa divisão, encontrarmos aposição justa diante dos problemas, sermoscapazes de dialogar com os amigos que pensam diferente – buscando não tanto umaconcordância total, mas pelo menos o reconhecimento de alguns pontos fundamentaisem comum. A Igreja, lembra São João PauloII, na exortação apostólica Reconciliatio etPaenitentia tem o dever de ajudar a reconciliação nas sociedades divididas, mas paraisso tem ela mesma que se reconciliar internamente. Nesse documento, publicado há38 anos, o papa polonês apresenta as raízesda divisão no coração do ser humano, mostrando os caminhos pessoais e comunitáriospara uma justa reconciliação. Sendo assim,não poderíamos deixar de apresentar algunstrechos desse documento neste Caderno.Em vários trechos da Fratelli tutti, também retomada neste Caderno, o Papa Francisco fala de percursos para a reconciliação eo perdão, de uma “arquitetura” da paz, a serrealizada por governos e instituições da sociedade, e de um “artesanato” da paz, que implica o compromisso pessoal de cada um denós. Francisco nos lembra de que a verdadei ra paz não esquece dos con itos, nem procura atuar como se eles não tivessem existido,mas os supera na experiência do perdão e nodiálogo. Mas como podemos praticar o perdão ebuscar o diálogo quando nosso coração estáinquieto, magoado e ressentido, até mesmocheio de raiva? Ana Lydia Sawaya, monja camaldulense do Mosteiro da Encarnação, nosapresenta a experiência religiosa da pessoapaci cada pela con ança em Deus. Mostraque o cristão consciente da ação de Deus nahistória se descobre sereno e tranquilo, podendo tornar-se protagonista de processosde perdão e reconciliação, capaz de viver apolítica sem desespero, e sim com uma justaesperança. Por m, contamos com a contribuição doPadre Leonel Narváez, colombiano, ganhador da Menção Honrosa do Prêmio Unescode Educação para a Paz. Com as Escolas dePerdão e Reconciliação, Padre Leonel desenvolve um intenso trabalho de paci cação emseu país, até hoje vítima dos intensos contos armados de agrados desde a década de1960. Neste difícil contexto, aprendemos quea verdade é uma pré-condição para que a justiça e o perdão aconteçam, num verdadeirocaminho de cura tanto das pessoas vitimadasquanto das comunidades e sociedades fraturadas pelo con ito. Uma sociedade dividida precisa de curaNúcleo Fé e Cultura QRCode Caderno Internet, mais artigos citados. Arte: Sergio Ricciuto Conte Luciney Martins/O SÃO PAULO Vatican Media
Diante da sociedade brasileira fraturada após as eleições, O SÃO PAULO apresenta reflexões, à luz da Doutrina Social da Igreja,
Papa é saudado pelo Grande Imã de Al-Azhar, Al-Tayyeb, lider islâmico reconhecido mundialmente
PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo
Nodia 11 de novem bro, abre-se o 18º Congresso Eucarís tico Nacional em Recife, depois de ter sido adiado por dois anos por causa da pan demia. A Arquidiocese de Olinda e Recife preparou-se com esmero para promover o grandioso even to religioso, com um congresso teológico com temas relaciona dos à Eucaristia e muitas celebra ções nas paróquias e comunida des de toda aquela Arquidiocese, inclusive com a celebração de primeiras Comunhões. Um gran de número de peregrinos deverá comparecer.
O tema do Congresso – “Pão em tods as mesas” – não podia ser mais atual e se refere, em primeiro lugar, à própria mesa eucarística: todos são convidados para uma participação sempre mais ativa, consciente, plena e frutuosa. A Eucaristia é um verdadeiro tesou ro da nossa fé cristã, com muitos signi cados importantes. Sua ce lebração ocupa um lugar central na vida da Igreja, de cada comu
Pão na mesa de todos
nidade eclesial e, também, na vida pessoal de cada cristão. É preciso valorizar sempre mais a celebra ção dominical da Eucaristia, que, infelizmente, ainda tem baixa par ticipação entre os católicos, mes mo com celebrações eucarísticas facilmente acessíveis. A Eucaristia é o pão da vida, que não pode fal tar na vida do cristão.
O lema, porém, também re mete para o pão de cada dia na mesa de todas as pessoas, uma necessidade e um direito huma no fundamental. Atualmente, mais de 30 milhões de brasileiros vivem em situação de fome, e isso não pode nos deixar indiferentes. Não dá para celebrar a Eucaristia e permanecer insensíveis diante da fome, das carências e dos sofri mentos do próximo. Quem parti cipa da “mesa do Senhor”, onde o “pão da vida” é partido generosa mente para todos, deve se sentir chamado a repartir o pão de cada dia com aqueles que não o têm. E isso também signi ca lutar con tra o desperdício de alimentos, a produção e a acessibilidade dos alimentos básicos para todos, a promoção de oportunidades para o trabalho digno e a superação de toda forma de injustiça.
A pergunta que vem logo é esta: que podemos fazer? É ver dade que a solução de todo o pro
blema da fome e da pobreza não depende de uns poucos apenas e requer mudanças nas políticas econômicas e nanceiras para es timular e priorizar a produção de alimentos. Mas todos podemos fazer algo para acolher e ajudar a pessoa que passa fome perto de nós. É preciso reconhecer que o povo é muito generoso e se mobi liza facilmente para participar de campanhas em situações emer genciais. Nesse sentido, é impor tante que se promovam muitas iniciativas e organizações locais para agregar a caridade e a gene rosidade das pessoas que, muitas vezes, só estão à espera de conhe cer alguma entidade ou grupo or ganizado para participarem com suas ajudas.
Enquanto se celebra o Congres so Eucarístico no Recife, também é celebrado em todo o mundo ca tólico o Dia Mundial dos Pobres, uma iniciativa do Papa Francisco para trazer o pobre e a questão da pobreza ao centro da cena eclesial e social. A existência de tantos po bres entre nós e em todo o mundo levanta um vivo questionamento sobre a economia e a convivência entre os povos. Algo está errado, pois não se trata de carência de re cursos nem de alimentos, mas de uma melhor gestão da economia e das relações econômicas e dos
alimentos disponíveis, de manei ra que haja oportunidades de tra balho, alimento e vida digna para todos.
O Dia Mundial dos Pobres é uma ocasião especial para pro mover variadas iniciativas com o objetivo de ouvir os pobres, ir ao seu encontro, compreender suas angústias e necessidades e para envolvê-los em iniciativas que os ajudem a se libertarem da pobre za. Deve ser também ocasião para a re exão, a partir da mensagem do Papa para essa ocasião: “Jesus se fez pobre por vós” (2 Cor 8,9). Como cristãos, deveríamos es tar mais atentos ao exemplo e às palavras de Jesus Cristo do que às teorias econômicas e nan ceiras, que visam à acumulação e ao lucro. O Filho de Deus, rico de glória e felicidade, esvaziou-se de seu esplendor por nossa causa, fazendo-se solidário com nossa miséria, para nos enriquecer com sua divindade.
A questão determinante para a superação da pobreza é aban donar a lógica egoísta e indivi dualista, que faz buscar sempre e apenas a própria vantagem e o próprio bem. Fazer-se solidários com os pobres é sentir com eles, trazê-los para o meio das nossas preocupações. Como fez nosso Salvador com a humanidade.
2 | Encontro com o Pastor | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
CARDEAL ODILO
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Dom Odilo preside missa na memória litúrgica do Beato Mariano de La Mata
EVERTON CALÍCIO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
A comunidade agostiniana de São Paulo se reuniu no sábado, 5, na Paró quia Santo Agostinho, Setor Paraíso da Região Sé, para celebrar a festa do Bea to Mariano de La Mata Aparício, Sacer dote e Religioso agostiniano, que viveu na capital paulista e foi beati cado pela Igreja em 2006. Ele foi Pároco da referi da Paróquia e diretor do Colégio Santo Agostinho.
Na celebração eucarística presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, Arce bispo Metropolitano, éis das paró quias administradas pelos agostinianos na Arquidiocese lotaram o templo para louvar a Deus pela vida e obra do Padre Mariano. Concelebraram os Freis Ever ton Costa, OSA, Pároco; Gutemberg de
Na manhã do domingo, 6, em missa na Comunidade Nossa Senhora da Aurora, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, na Região Episcopal Brasilândia, o Cardeal Odilo Pedro Scherer conferiu o sacramen to da Crisma a 27 adultos. Concelebrou o Padre Gleidson Luís de Sousa Novaes. O Arcebispo e o Pároco foram assistidos pelo Diácono Rogério Lopes de Camargo. Esta turma de crismados se preparou de forma virtual na maior parte do tempo de formação em virtude da pandemia. A partir deste engajamento e estágio pro posto durante a catequese, muitos estão servindo nas pastorais. (por Elisângela Aparecida Marquez da Silva)
Albuquerque, OSA, Diretor do Colé gio Santo Agostinho; e demais frades agostinianos, assistidos pelo Diácono Seminarista Nilo Massaaki Shinen.
Dom Odilo, durante a homilia,
destacou o espírito de paciência que o Padre Mariano teve no exercício de seu sacerdócio, sempre ajudando o povo, acolhendo e celebrando a serviço dos pobres, das crianças e dos enfermos.
Atos da Cúria
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL:
Em 03/10/2022, foi nomeado e pro visionado como Vigário Paroquial da Paróquia Jesus Ressuscitado, no bairro de Jardim Santa Bárbara, na Re gião Episcopal Belém, o Reverendíssi mo Frei Padre Pedro Félix Rodrigues de Matos, OSA, pelo período de (01) um ano
NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE
PASTORAL:
Em 18/10/2022, foi nomeado e pro visionado como Assistente Pastoral, “ad nutum episcopi”, da Paróquia São Marcos Evangelista – Área Pastoral São Gaspar Bertoni, no bairro Parque São Rafael, na Região Episcopal Be lém, o Diácono Luciano Aparecido Silva, CSS
Em 17/10/2022, foi nomeado e pro visionado como Assistente Pastoral, “ad nutum episcopi”, da Paróquia San ta Maria Madalena, no bairro Parque Santa Madalena, na Região Episcopal Belém, o Diácono seminarista Jona than Aparecido Lopes Gasques
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Pelo presente edital convoca-se Sr. EVANDRO DE AMORIM SANTOS (en dereço desconhecido) para que com pareça de terça à sexta feira, das 13 hs., as 16h, ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo, sito à Av. Nazaré, 993 - Ipiranga - São Paulo – SP, CEP 08010-972 - Caixa Postal 75.344 - Fone: +55 (11) 3826 5143.
Para tratar de assunto que lhe diz res peito.
São Paulo, 03 de novembro 2022.
Mons. Sérgio Tani
Vigário Judicial do TEI-SP
Espiritualidade
Paráfrase do Evangelho para o tempo do Natal
“Seestás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu ir mão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24).
O tempo das eleições passou! Não me lembro de ter visto tanta hostilida de numa disputa eleitoral. A religião foi envolvida. Divisões foram criadas.
Seguramente, não podemos ver nis so nenhuma ação do Espírito de Deus. A nal, o Espírito Santo é exatamente o agente que dá unidade a todo o Corpo de Cristo. Outros âmbitos de nossa vida também foram afetados. Amizades des feitas, famílias dispersas e condenadas à indiferença e ao isolamento das pessoas. Não precisamos nem falar das ofensas e da violência que se tornaram marca des se tempo. Quase parece uma loucura ter acreditado que as coisas iriam melhorar a partir da desunião e desentendimento daqueles que realmente importam mais do que as discussões políticas: “o povo”. Não faz sentido acreditar que uma só pessoa poderia oferecer a satisfação de todas as necessidades e expectativas de toda uma nação.
Mas, como disse, o tempo das elei ções já passou. E, agora, estamos para viver um tempo dos mais importantes para a nossa fé cristã: o Natal. Nele, ce
lebramos, mais do que o nascimento de Jesus (que é um aspecto do mistério), recordamos a Encarnação do Verbo de Deus. Um clima diferente de m de ano costuma contagiar as pessoas neste tem po, de modo a conferir ao Natal um ca ráter universal. Não é estranho para nós que até quem não é cristão celebre tam bém o Natal. Para muitos, tudo gira em torno de uma festa de confraternização dos amigos e das famílias. De fato, isso não deixa de ser um aspecto do grande acontecimento que celebramos. Mas, não se pode celebrar aquilo que não exis te! Por isso, é preciso reconstruir esse ele mento de fraternidade.
Recordo sempre uma ocasião em que, em família, estávamos preparando uma Ceia de Natal. Naquele dia, curiosa mente, a gente se desentendia por qual quer coisa. Tudo girava em torno da pre paração da Ceia e das tarefas de cada um para prepará-la: alguém não fez o que foi
combinado... outro nem estava ali ain da... alguém fez alguma coisa diferente do que tinha sido combinado... etc... De improviso, alguém chamou a atenção de todos: “Será que vamos brigar o dia in teiro para poder organizar uma confra ternização para a noite? Seria preferível não fazer nenhuma comemoração e a fa mília passar um dia em harmonia e paz”. Talvez estejamos nesse ponto! Por isso, proponho uma paráfrase do Evangelho de Mateus:
“Se estás, portanto, para celebrar o Na tal e te lembrares de que houve muita divi são, ofensa e desentendimento por causa da polarização política eleitoral, deixa a celebração do Natal e vai primeiro recon ciliar-te com teus irmãos; só então, vem celebrar o grande mistério do amor de Deus ao enviar seu Filho ao mundo para nos salvar. Ele que é chamado ‘Conselhei ro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz’ (Is 9,5)”.
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DOM ROGÉRIO AUGUSTO DAS NEVES BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO SÉ
Aurora Elisangela Aparecida Marquez da Silva
Everton Calício
Lançai as redes Editorial
Ingressamos
na reta nal da as sembleia do sínodo arquidioce sano, com a realização da 6a ses são, no sábado, 5, na qual houve a primeira votação das propostas elabo radas nas sessões anteriores. Em todas as etapas desta caminhada, sentiu-se a necessidade de se comprometer, cada vez mais, com o chamado ao discipu lado-missionário de Jesus Cristo nesta imensa cidade.
Iluminados pelo trecho do Evan gelho que narra a pesca milagrosa no lago de Genesaré e o chamado dos apóstolos Pedro, Tiago e João (cf. Lc 5,1-11), é possível perceber a necessi dade de redescobrirmos nosso modo de pescar. Não devemos car apenas em nossa bolha, nos acomodar ao que temos e somos. Nosso Mestre nos pede para avançarmos a águas mais profun das. E, para isso, podemos observar alguns pontos que o evangelista Lucas apresenta.
O primeiro aspecto é o barco, isto é, a comunidade cristã, a Igreja, o espaço a partir do qual a Palavra de Jesus se
dirige à imensidão das grandes águas, ao mundo, em uma proposta de vida e salvação. É no barco, a Igreja, que Jesus ensina as multidões.
Outro aspecto é a con ança. No processo de aprendizado do Mestre, é fundamental escutarmos suas indi cações e con ar Nele com humildade diante dos fracassos, dando atenção às suas indicações.
O texto também indica o exemplo de Pedro. Como ele, é necessário reco nhecermos Jesus como Nosso Senhor e aderirmos, livremente, à sua proposta de vida em plenitude para todos. Pedro sabe da força e do efeito da Palavra de Jesus!
Cristo chama a cada um de nós a sermos “pescadores de homens”, isto é, a continuarmos sua obra de salvação, ou seja, de tudo o que impede a vida e a felicidade verdadeiras, do “leviatã” (o monstro marinho) da opressão, do egoísmo, do sofrimento, do medo, da discriminação e da exclusão.
Esse trecho bíblico também nos chama ao desprendimento, pois não é
possível seguir a Jesus com uma bolsa transbordante de elementos que não nos permitem viver com generosidade nossa vocação cristã.
Por m, vemos o animador do bar co. Devemos reconhecer na pessoa de Pedro e, hoje, em seu sucessor, o Papa Francisco, o porta-voz, o animador do barco que navega nos mares da histó ria. É apenas com este reconhecimento que é possível o caminho de conversão pastoral, de sinodalidade.
Há cinco anos, nossa Igreja em São Paulo vive esse jeito sinodal de ser, de caminhar juntos, de re etir e perce ber a riqueza do que somos e do que urge mudarmos. E, por isso, inferimos a necessidade de pescarmos diferen te, de con armos que não estamos só, mas que o próprio Cristo está conosco; de enfrentarmos as inúmeras situa ções adversas de nosso tempo presente para que, humildemente, alcancemos a plenitude.
O sínodo não é técnica, mas, sim, a contemplação desse aroma renova dor de ser Igreja, é estar atento ao que
Opinião
Dia Mundial dos Pobres 2022
PADRE ALFREDO JOSÉ GONÇALVES, CS
Na data de 13 de novembro de 2022, lembramos o 6º Dia Mundial dos Pobres. Grave é o contexto da pobreza no mundo atual, particular mente quando contraposto ao luxo e à ostentação de um punhado de milio nários e bilionários, alguns deles tendo emergido paradoxalmente em plena pandemia de COVID-19. A concen tração da riqueza e da renda em todo o mundo – sem esquecer que o Brasil gura entre os países mais desiguais do planeta – contrasta de maneira crimi nosa com as precárias condições em que vive boa parte da humanidade. A mensagem do Papa Francisco para a ocasião tem como título “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2Cor 8,9).
A frase tem um sentido que foge ao olhar super cial. De fato, existe um conceito de pobreza que é sóbria e sa dia, recusando, por um lado, os extre mos de um consumismo predador e exacerbado e, por outro, o desperdício fácil e inconsequente. Tem a ver com a noção do bem viver, pelo qual o uso dos bens, do dinheiro e dos recursos naturais é feito de forma parcimoniosa, procurando levar em conta o bem-es tar da sociedade como um todo. Aqui prevalece o comportamento respon
sável e criterioso, seja na distribuição equitativa com os povos excluídos e vulneráveis, seja no cuidado para com as gerações futuras. Esse signi cado profundo e secreto de pobreza pressu põe o encontro do tesouro oculto de que fala o Evangelho (cf. Mt 13,44).
Mas o Papa, em sua mensagem, não deixa de alertar para o lado per verso da pobreza. Escreve o Pontí ce: “A pobreza que mata é a miséria, lha da injustiça, da exploração, da violên cia e da iníqua distribuição dos re
cursos. É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspec tivas nem vias de saída. É a miséria que, enquanto constringe à condição de extrema indigência, afeta também a dimensão espiritual, que, apesar de muitas vezes ser transcurada, nem por isso deixa de existir ou de contar”.
Des lam por toda parte os rostos des gurados dos pobres. Pelas pra ças das cidades ou pelos grotões da zona rural, o retrato é angustiante. A
acontece, é ouvir o grito que vem das periferias geográ cas e existenciais, é ver as necessidades do nosso hoje, para, assim, em comunidade e à luz do Espí rito Santo, buscar, com coragem, valen tia e ousadia, evangelizar nesta época de mudanças.
Por isso, diante da cena da pesca milagrosa, podemos nos perguntar: Como acolher o pedido daquele que na praia nos sugere irmos ao mais profun do e lançarmos novamente as redes? Como podemos ir à região mais escura do mar na qual as águas causam mais temor? Como sair da zona de confor to? Como superar nossas resistências e o apego às nossas próprias ideias? Em outras palavras, como viver a conver são pastoral?
São Francisco de Assis disse certa vez: “Irmãos, comecemos, pois até ago ra pouco ou nada zemos”. Eis o tempo sinodal, o tempo de saída da super cialidade costeira e do avanço a águas cada vez mais profundas, eis o tempo de comunhão, conversão e renovação missionária.
população de rua cresce: muitas pes soas acabam entrando por becos sem saída, uma consequência direta do desemprego, subemprego, mercado informal, migração, elevação dos pro dutos da cesta básica. Falta terra, mo radia e oportunidade; são precários os serviços públicos de saúde, educa ção, segurança e transporte coletivo. “Pelos campos a fome em grandes plantações”, diz a canção; no universo urbano, erguem-se e sobem ao céu os clamores vindos de sórdidos porões ou de longínquas periferias.
Diante de semelhante cenário, não são poucos os desa os econômi cos, sociais, políticos e pastorais. Para reverter o quadro, ademais da sensi bilidade e da solidariedade do povo brasileiro, torna-se urgente um pro grama de políticas públicas estruturais voltadas para as carências básicas da população de baixa renda. A oração e a caridade são necessárias, mas não su cientes. Deixamos uma pergunta para re exão: como retomar com a devida seriedade os imperativos éticos e mo rais do Estado de bem-estar comum, de acordo com a Doutrina Social da Igreja?
4 | Ponto de Vista | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
As opiniões expressas na seção“Opinião”são de responsabilidade do autor e não re etem,necessariamente,osposicionamentoseditoraisdojornal O SÃO PAULO
Arte: Sergio Ricciuto Conte
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dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).
PadreAlfredoJoséGonçalves,CS
pertence à Congregação
Você PerguntaComportamento
Famílias sólidas e bem formadas podem mudar o mundo
SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO
Toda a situação política de nos so País, as fake news, a corrupção in contestável, a censura à liberdade de expressão, a própria possibilidade de pessoas com um passado tão pouco virtuoso assumirem postos de lideran ça no País, nos coloca diante de uma realidade que não podemos deixar de olhar: se queremos que nossos lhos sejam pessoas de bem, que vivam na graça e alcancem o céu, precisamos formá-los no seio da família.
Pais e mães, quem muito aten tos: se vocês não ensinam com clare za princípios e valores aos seus lhos, outros ensinarão. Se não aperfeiçoam seus lhos por meio do ensino de vir tudes – a fortaleza no pensar e no agir, a temperança diante do ter e do querer, a justiça que vê no outro alguém digno a receber de nós o melhor, a prudência para buscar em tudo o bem comum –, teremos uma sociedade cada vez mais materialista, egoísta e avarenta; uma sociedade em que cabem a mentira, a corrupção, a manipulação em busca de interesses pessoais ou de poucos.
A grande arma que temos em mãos na batalha por dias melhores é nossa família, é a educação de nossos lhos, é fortalecer a fé e os valores que nos são caros desde dentro de casa. Não se enganem pensando que a escola, a tele visão, os programas infantis ensinarão valores sólidos e cristãos aos seus lhos – eles não o farão. Aliás, muito do que
estamos vivendo vem da cultura vivida nas escolas, de princípios materialistas e anticristãos disseminados na cultura e nos conteúdos escolares, nos bancos das universidades e nas posturas de muitos professores que, sem sequer saberem, estão contribuindo com essa crescente onda de pessoas apequena das, levadas pelos impulsos e não por uma capacidade de agir pautada numa vontade bem formada.
Os valores se aprendem no seio da família e, para isso, os pais precisam lembrar que educar é transformar: transformar um pequeno ser que não sabe o que é bom ou não, que age so mente por impulsos imaturos, em alguém capaz de agir tendo como ob jetivo o bem, ou seja, que consiga agir livremente; transformar temperamen to em personalidade; transformar o egoísmo, próprio dos imaturos, que somente querem seu prazer e conforto atendido, em amor verdadeiro aos de mais e a Deus; transformar todas as po tências humanas que existem nos lhos em atos, em plena capacidade de agir.
Para sermos protagonistas nesse processo de transformação dos nossos lhos, precisamos antes de tudo olhar para nós mesmos com coragem e iden ti car: eu tenho vivido de modo virtu oso minha vida? Tenho sido coerente com os valores e princípios que me fo ram transmitidos ou estou contamina do pelo comodismo da vida moderna, buscando caminhos fáceis, uma pater nidade/maternidade “leve”, que vise
a não contristar os lhos com medo de traumatizá-los ou de perder o seu amor? Estou seguro de que devo exer cer minha autoridade paterna/materna para conduzir meus lhos a uma vida verdadeiramente repleta de sentido? Hoje, são muitos os jovens sem sentido para a vida, que buscam so mente prazeres e se deprimem quando não o encontram com facilidade. São muitos os que pensam somente em si mesmos e não conseguem agir de modo magnânimo, buscando o me lhor para aqueles com os quais convive ou têm laços familiares ou de amizade. São muitos os que acabam em medica ções para conter impulsos, para ade quar comportamentos, para diminuir ansiedade e depressão, a nal, não rece beram aquilo que de melhor poderiam ter recebido: a herança familiar dos va lores sólidos, dos propósitos grandes, da vida direcionada ao céu.
Enquanto isso estiver acontecendo, não teremos mudanças verdadeiras. Como dizia São Josemaria Escrivá: “Um segredo – Um segredo em voz alta: essas crises mundiais são crises de santos. Deus quer um punhado de ho mens seus em cada atividade humana” (“Caminho”, 301); mas homens coe rentes, heroicos, que vivam a fé nas pe quenas coisas todos os dias, sem medo do sofrimento ou das consequências imediatas que isso possa trazer.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudiólogaeeducadora.Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram:@sifuzaro
Quando cumprir uma promessa é prejudicial à saúde, o que fazer?
PADRE CIDO PEREIRA osaopaulo@uol.com.br
A Maria Zilda, da Vila Penteado, me conta que fez a promessa de que não cor taria o cabelo para alcançar uma graça, mas que agora o cabelo está caindo muito. E ela está em dúvida: “É pecado quebrar a promessa?”.
Maria Zilda, as promessas são formas de fortalecermos os pedidos que fazemos a Deus em nossas orações. Nas promessas fei tas a Deus e aos santos, nós vinculamos as graças que pedimos a um compromisso de fazer algo que custe algum sacrifício. As pro messas fazem parte da religiosidade popular e são manifestações de fé.
Eu, pessoalmente, entendo que as melho res promessas são aquelas que nos levam a viver melhor a fé, a amar mais a Deus e aos irmãos.
Então, minha irmã, para Deus tanto faz você estar de cabelos compridos ou curtos. Agora, se você promete se dedi car mais à oração, o Pai do céu vai ficar feliz com você mais próxima Dele; ou, en tão, se você se compromete a ajudar um pobre, uma família necessitada, Deus vai ficar feliz, porque você está fazendo um gesto de amor.
Então, minha irmã, faça com seus cabelos o que você achar melhor e mude sua promes sa por um gesto de fé ou de amor ao próximo. Deus vai car feliz com sua gratidão pelas graças recebidas.
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IPIRANGA
Núcleo da CRB regional promove encontro de religiosos
IRMÃ GERALDA MARIA MARTINS CRUZ, CIIC COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO
No sábado, 5, na Paróquia Nossa Se nhora das Mercês, Setor Anchieta, acon teceu o encontro do núcleo da Região Ipiranga da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), com a participação de cerca de 40 religiosos e religiosas. Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipi
ranga, conduziu a re exão sobre o Ano Vocacional 2023, cujo tema é “Vocação: Graça e Missão”.
Posteriormente, os participantes fo ram divididos em grupos para apresen tar três desa os e três propostas para a vida consagrada, a serem trabalhados no ano que vem. A coordenação do Núcleo apresentou as propostas de ati vidades para 2023: encontro formativo, celebração mariana e retiro; além do desejo de visitar as casas religiosas para
que
conhecer
[IPIRANGA] Na sexta-feira, 4, a Paróquia Santa Ângela e São Serapião, Setor Cursino, começou a preparação para a festa de seu padroeiro com uma vigília de adoração ao Santíssimo Sacramento. As “24 horas para o Senhor” se iniciaram com a missa presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiran ga, e concelebrada pelo Padre José Lino Mota Freire, Pároco, e se prolongaram até o dia seguinte, com a abertura da novena de São Serapião. Em vista do Ano Vocacional, tanto a missa quanto a primeira hora de adoração contaram com a presença dos seminaristas do Seminário Arquidiocesano de Teologia Bom Pastor e de seu Reitor, Padre José Adeil do Pereira Machado. (por Padre Christopher Velasco)
Erramos
A edição 3420 do jornal O SÃO PAU LO, publicada em 2 de novembro, trouxe a 1a edição do “Caderno Ecologia”. Por uma falha de disposição de páginas na impres são, a quarta página do referido caderno foi impressa erroneamente, não trazendo
seu conteúdo, mas, sim, o da página 4 do jornal, na qual tradicionalmente são publi cados o “Editorial” e o artigo “Opinião”. A íntegra do “Caderno Ecologia”, com o cor reto conteúdo, pode ser acessada no link a seguir: https://cutt.ly/3N3h8AP
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[BELÉM] Em 31 de outubro, os éis da Paróquia São José, na Vila Zelina, se reuniram para celebrar os 35 anos de ordenação presbiteral do Padre Fausto Marinho, Pároco. A missa foi presidida por Dom Cícero Alves de França, e concelebrada por Dom Vicente Costa, Bispo Emérito de Jundiaí (SP) e Referencial para a Comissão dos Presbíteros do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). (por Fernando Arthur)
[BELÉM] Dom Cícero Alves de França conferiu o sacramento da Con rmação a 48 jo vens dos Colégios Agostinianos Mendel e São José, durante missa por ele presidida na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Água Rasa, no domingo, 6. Concelebrou o Pa dre Juliano Gonçalves, Pároco. (por Larissa Bernardo)
[BELÉM] Na quinta-feira, 3, Dom Cícero Alves de França presidiu missa na Comunidade São Martinho de Lima, no Belenzinho, concelebrada pelos Padres Júlio Lancellotti, Vigá rio Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, e Osvaldo Bisewski, Diretor Presidente do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar). A comunidade é uma das unidades do Bompar e atende centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade, oferecendo roupas, alimentos e produtos de higiene pessoal. (por Sandro Ricardo Ruys)
[IPIRANGA] A Paróquia Nossa Senhora das Dores e São Peregrino, Setor Ipiranga, re cebeu no sábado, 5, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, para presidir a missa durante a qual se conferiu o sacramento da Con rmação a jovens e adultos. Concelebraram os Freis Fábio Luiz Ribeiro, OSM, Pároco, e Dilermando Ramos, OSM, Vigário Paroquial. (por Frei Fábio Luiz Ribeiro, OSM)
[IPIRANGA] Um grupo de 11 jovens recebeu o sacramento da Crisma no domingo, 6, na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, Setor Vila Mariana, em celebração presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiran ga. Concelebrou o Padre Uilson dos Santos, Pároco. (por Pascom paroquial)
possam
melhor os caris mas e estreitar os laços entre as diversas congregações.
O encontro foi concluído com uma celebração eucarística, presidida pelo Frei Rodrigo da Silva Santos, OFM.
Irmã Geralda Maria Martins Cruz
Pascom paroquial
Pascom paroquial
Fernando Arthur
Pascom paroquial
Pascom paroquial
Sandro Ricardo Ruyz
BELÉM
Paróquia São Carlos Borromeu comemora o jubileu de ouro
FERNANDO ARTHUR COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No domingo, 6, os éis da Paróquia São Carlos Borromeu, no Belenzinho, comemoraram os 50 anos de sua cria ção, com uma missa presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Me tropolitano, e concelebrada pelo Padre Christian Uptmoor, Pároco, assistidos pelo Diácono seminarista Nilo Massaaki Shinen.
Durante a homilia, o Arcebispo des tacou a celebração da Solenidade de To dos os Santos. “Hoje, nós olhamos para a meta, para o destino nal da nossa vida que é o céu, é estar com Deus para sem pre”, a rmou, ressaltando os valores da santidade. Ele também frisou a conclu são do Credo Niceno-Constantinopoli tano, que diz: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”,
e explicou aos éis sobre a vida eterna, a rmando que “é lá que os santos estão”.
Dom Odilo enalteceu a história de São Carlos Borromeu, padroeiro da Pa róquia, destacando que foi “um grande bispo e pastor” e que “viveu a caridade e
o amor aos pobres e doentes”. Recordou, ainda, a vida do Beato Padre Mariano de La Mata, presbítero agostiniano, cuja memória litúrgica é celebrada no dia 5 de novembro. “Dedicou sua existência ao cuidado do povo”, a rmou.
Padre Christian destacou os princi pais pontos da história da Paróquia, que é conhecida pela grande quantidade de matrimônios. “Foram cerca de 25 mil casais ao longo destes 50 anos”, a rmou.
A Paróquia, que é marcada pela ar quitetura e mosaicos modernos, iniciou sua história em 1948, com o desmembra mento da Paróquia São José do Belém, e escolhida pela Ordem dos Agostinianos para ser a Casa Canônica dos Religiosos Agostinianos da Província de Castela.
Em 4 de novembro de 1972, o Carde al Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano, inaugurou-a solenemen te, contando com a presença do Padre Aureliano Garcia, Provincial dos Agos tinianos na Espanha, além do Padre Va lentín Diez, Vigário Provincial do Brasil. Também esteve naquela missa o gover nador do estado à época, Laudo Natel, além de autoridades civis e militares.
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[SANTANA] No sábado, 5, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Dionísia, Se tor Mandaqui, Dom Jorge Pierozan presidiu missa, durante a qual 41 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma. Concelebrou o Padre João Henrique Novo do Prado, Reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, com assistência dos Di áconos José Jindarley Santos e Leandro Pereira Duarte. (por Lenivaldo Jacobino)
[SANTANA] No domingo, 6, na Paróquia Sagrada Família, Setor Mandaqui, Dom Jorge Pierozan presidiu missa, durante a qual 20 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma. Concelebraram os Padres Erly Avelino Guillen Moscoso, MSA, Pároco, e Richer Bustos Olórtegui. (por Silvano Jacobino)
[SANTANA] Na sexta-feira, 4, na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, Setor Vila Maria, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, presidiu a missa durante a qual 27 jovens receberam o sacra mento da Crisma. Concelebraram o Padre Edson José Sacramento, CSSP, Administrador Paroquial, e o Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa, OFM, Pároco da Paróquia Santa Cruz, no Jardim Peri Alto, na Região Brasilândia. (por Fernando Fernandes)
[SANTANA] No dia 1º, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa em honra de Todos os San tos na Capela da Comunidade dos Humildes Servos da Rainha do Amor, Setor Mandaqui, com assistência do Irmão João Maria de Jesus. Na ocasião, crianças da escola da comuni dade, que pertence à Paróquia São Marcos, trajavam as vestes de seus santos de devoção. Um vídeo sobre a iniciativa pode ser visto no link a seguir: https://cutt.ly/gN7byvj (por Silvano Jacobino)
[LAPA] No sábado, 5, durante missa na Paróquia São Patrício, Setor Rio Pequeno, Dom José Benedito Cardoso conferiu o sacramento da Con rmação a 40 jovens e adul tos. Concelebrou o Padre Ernandes Alves da Silva Junior, Pároco, assistidos pelo Diáco no Paulo José Oliveira. (por Benigno Naveira)
[LAPA] No domingo, 6, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Leopoldina, 80 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma, durante missa presidida por Dom José Benedito Cardoso, e concelebrada pelos Padres Tarcísio Justino Loro, Pároco, e Fer nando Gross, da Diocese de Santos, colaborador na Paróquia. (por Benigno Naveira)
Vanderlei Silva
Carlos Alberto Petrachini
Silvano Jacobino
Jacobino
Silvano Jacobino Silvano
Benigno Naveira
Pascom paroquial
LAPA
Coroinhas e acólitos recebem formação litúrgica
A Pastoral Vocacional regional pro moveu um encontro que reuniu mais de 100 coroinhas e acólitos, no sába do, 5, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Hamburguesa, Setor Leopoldina.
A atividade foi conduzida pelo Pa dre Ailton Bernardo de Amorim, As sistente Eclesiástico da Pastoral Voca cional da Região Lapa e Administrador
Paroquial da Paróquia São João Gual berto, Setor Pirituba. Também parti ciparam Dom José Benedito Cardoso e diversos catequistas, que ajudaram a assessorar as formações e momentos de partilha e oração.
O encontro foi concluído com uma celebração eucarística presidida pelo Bis po Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, que durante a homilia destacou a importância e o valor da missão dos co roinhas e acólitos na liturgia e o zelo com as coisas do altar.
[IPIRANGA] Nos primeiros domingos de cada mês, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Setor Vila Mariana, faz a ação “Somos a Igreja do Pão”, distribuindo lan ches às pessoas em situação de rua. Este mês, as doações foram direcionadas ao Sefras, no Largo São Francisco, região cen tral da cidade. Foram distribuídos cerca de 1,3 mil lanches e fardos de água, doados pelos paroquianos. (por Teresa Geribello)
[BRASILÂNDIA]
Na sexta-feira, 4, o coordenador arquidiocesano e estadual da Pastoral da Saúde, José Gimenes, par ticipou da reunião on-line extraordinária do Conselho Gestor do Pronto-Socorro Municipal 21 de Junho, na Freguesia do Ó. A reunião tratou das questões referentes às obras via Parceria Público-Privada da Secretaria Municipal de Saúde com a Em presa Habita Brasil mais Cohab SP, devido a possíveis impactos no atendimento da população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS). (por Marcos Rubens Ferreira)
[BELÉM] No domingo, 6, na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Jardim Conquista, em missa presidida por Dom Cícero Alves de França, 64 jovens receberam o sacramento da Con rmação. (por Alysson Carvalho)
[BRASILÂNDIA] Os agentes da Pasto ral da Comunicação (Pascom) Antonio Do minici Filho e Anderson Braz foram con vidados no segundo semestre letivo de 2022 para partilharem suas experiências, como comunicadores, com uma turma de estudantes do Ensino Médio no Programa Ensino Integral da Escola Estadual Dou tor Ubaldo Costa Leite. O convite foi feito pelos professores Luciano Carlos Pereira e Marcos Rubens Ferreira, que trabalham juntos a disciplina eletiva de Jornalismo, intitulada “Folha Ubaldo: Jornalismo e Cidadania”. Em 5 de setembro, Antonio Dominici, coordenador da Pascom na Re gião Brasilândia, propôs aos estudantes o desa o de “onde eles querem chegar com o Jornal Folha Ubaldo?”, dando ideias e exemplos para desenvolver tal projeto. Já em 17 de outubro, Anderson Braz, tam bém ex-aluno dessa escola, falou de “Co municação e a importância de criar conte údo dentro do Jornal da Escola”.
(por Marcos Rubens Ferreira)
[LAPA] No domingo, 6, na Paróquia São Mateus, no Jardim Esmeralda, Setor Rio Pe queno, em missa presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada pelo Pa dre Antônio Roberto Pimenta, CSSR, Administrador Paroquial, dez ministros extraordi nários da Sagrada Comunhão (MESC) receberam ou renovaram seus mandatos pelos próximos dois anos. (por Benigno Naveira)
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[BRASILÂNDIA] No sábado, 5, aconteceu na Paróquia Santos Apóstolos a missa de envio dos novos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão do Setor São José Ope rário. A celebração foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., e concelebrada pelos Padres Jaime Izidoro, Evander Camilo, Frei Carlos Nunes e Luiz Carlos Tose. O Bispo Au xiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia realizou a bênção e o envio de cerca de 40 ministros que se prepararam em um processo de formação teórica e agora, em suas Paró quias, vão iniciar a formação prática. (por Nyna Teixeira Ribeiro)
[BRASILÂNDIA] A Comunidade Santo Antônio da Sant’Ana Galvão, da Paróquia São Francisco de Assis, Setor Dom Paulo Evaristo, realiza a liturgia festiva do Padroeiro, na missa das 16h de 23 de outubro, com rito de primeira Eucaristia de quatro jovens que estavam em Catequese da Iniciação à Vida Cristã, durante os últimos dois anos. (por Marcos Rubens Ferreira)
[IPIRANGA] No domingo, 6, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Anchieta, 11 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma pelas mãos de Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. Concelebrou o Padre Edson Chagas Pacondes, Pároco, assistidos pelo Diácono Raimundo Alves Ferreira. (por Fabio Hirata)
[BELÉM] No sábado, 5, um grupo de 29 jovens recebeu o sacramento da Con rmação pe las mãos de Dom Cícero Alves de França, na Paróquia São Carlos Borromeu, na Vila Prudente. Concelebraram o Cônego César Gobbo e o Padre José Osterno. (por Fernando Arthur)
BENIGNO NAVEIRA COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
[SÉ] No sábado, 5, na Paróquia Santa Teresa, Setor Jardins, em missa presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada pelos Freis Atanael de Almeida Lima, Pároco, e Miguel Guzzo, Vigário Paroquial, assistidos pelo Diácono José Carlos, foi conferido o sacramento da Crisma a 35 jovens e adultos.
(por Érika Carvalho)
[SÉ] No domingo, 6, Dom Rogério Augus to das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidioce se na Região Sé, presidiu a missa na Paró quia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Setor Jardins, durante a qual conferiu o sa cramento da Crisma a três jovens. Concele brou o Monsenhor Geraldo de Paula Souza, antigo Pároco, nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Niterói (RJ).
(por Rogério Nakamoto)
Pascom
Lucimar Rodrigues dos Santos Pascom paroquial
paroquial
Rogério Nakamoto
Ana Duarte
Fernando Arthur
Érika Carvalho
Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos – 2 de novembro
Clero atuante na Região Sé se empenha no Mutirão da Esperança
Após dois anos sob as restrições im postas pela pandemia, que limitaram a manifestação pública da fé, no Dia de Finados, 2, por meio da ação intitulada “Mutirão da Esperança”, foram celebra das mais de 40 missas nos seis cemité rios na área de abrangência da Região Episcopal Sé: Araçá, Consolação, Ordem Terceira do Carmo, Santíssimo Sacra mento, São Paulo e Vila Mariana.
As celebrações aconteceram de hora em hora e contaram com a participa ção de Dom Rogério Augusto das Ne ves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e Dom Carlos Lema Garcia,
Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vi gário Episcopal para a Educação e a Universidade, além do apoio de 30 pa dres, que concelebraram, conduziram adorações, aconselharam e atenderam Con ssões.
A missão evangelizadora contou, ainda, com a presença de leigos de paró quias e movimentos, familiares e amigos, que se empenharam na animação musi cal, acolhida, testemunho, momentos de espiritualidade, escuta e aconselhamen to dos éis que visitavam os túmulos de seus entes queridos.
(porcentrodePastoraldaRegiãoSé)
Dom Cícero preside missa no maior cemitério da América Latina
No Cemitério da Vila Formosa, na zona Leste, Dom Cícero Alves de França presidiu a celebração eucarística em sufrágio dos falecidos, no dia 2. Concelebraram os Padres João Batista Dinamarquês, Arlindo Teles e Paulo Eduardo. Apesar do tempo chuvoso, houve uma presen ça expressiva de éis.
Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém recordou que, nas Sagradas Escrituras, a água que cai do céu apresenta a dimensão de um Deus que fecunda a terra e dá a vida. “Como a chuva,
Cemitério da Lapa tem 4 missas no Dia de Finados
Aproximadamente 90 pessoas participaram da cele bração eucarística na Comemoração de Todos os Fiéis De funtos, na Capela do Cemitério Municipal da Lapa, mais conhecido como “Cemitério das Goiabeiras”, no dia 2.
Organizada pela Paróquia Nossa Senhora de Fáti ma, Setor Leopoldina, a missa das 10h foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, que no início da celebra ção pediu um minuto de silêncio para que todos rezas sem em memória dos falecidos.
“Quando rezamos pelos outros, movidos pelo nosso amor, pela nossa caridade, estamos intercedendo. A in
tercessão é um ato de amor, de gratuidade, em que não estamos interessados em nós mesmos, mas na busca da felicidade, do bem do outro, em busca de sua salvação.
A intercessão nos torna amigos de Deus, porque nos co locamos entre Deus e o outro”, disse, na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa.
Outras três missas aconteceram naquele dia, no mesmo local, presididas por padres atuantes no Setor Leopoldina, coordenadas pelas Paróquias São João Bos co, Nossa Senhora de Lourdes e Santo Estêvão Rei.
(porBenignoNaveira–colaboradordecomunicaçãonaRegiãoLapa)
hoje, derramam-se lágrimas de saudades. Por isso, toda a água que cai do céu e concebe a terra trans forma aquilo que é árido em vida. Os nossos irmãos que morreram, portanto, estão vivos em Deus e com Deus.”
Ele também exortou os éis a terem fé, pois ela é o sustento para vencer a dor da morte. “Nós estamos aqui para fazer uma pro ssão de fé na vida, em um Deus que venceu a morte”, enfatizou.
(porFernandoArthur–colaboradordecomunicaçãonaRegiãoBelém)
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VEJA
MAIS FOTOS NAS REDES SOCIAIS
#FinadosArquiSP
[SANTANA] Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu duas missas em cemitérios no dia 2: no Cemitério Parque dos Pinheiros, con celebrada pelo Padre Antônio Pedro dos Santos, com assistência do Diácono Marcelo dos Reis; e no Cemitério Parque Cantareira (foto), concelebrada pelo Padre Luís Izidoro Molento, com assistência do Diácono Edson Francisco Breda. (por Redação)
[BRASILÂNDIA] Na Capela do Cemité rio Gethsêmani Anhanguera, pertencente à Arquidiocese de São Paulo, a missa no Dia de Finados foi presidida, pela manhã, pelo Padre Orisvaldo Carvalho. (por Redação)
[BELÉM] Dom Cícero Alves de França presidiu missa no Cemitério da Vila Alpina, na zona Leste da capital, no dia 2. Con celebraram os Padres Edélcio Ottaviani e Fausto Marinho. (porFernandoArthur)
Pascom da Paróquia Nossa Senhora da Consolação
Thiago Reis
Benigno Naveira
Pascom regional
Arquivo pessoal
Pascom regional
DIA MUNDIAL DOS POBRES
Paróquias e organizações da Arquidiocese intensificam ações solidárias
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
No domingo, 13, celebra-se o 6º Dia Mundial dos Pobres. Instituída pelo Papa Francisco em 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordi nário da Misericórdia, essa data pre tende chamar a atenção não apenas dos católicos, mas de todas as pes soas de boa vontade, a se abrirem à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade.
Na mensagem para este ano, que tem como tema “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2Cor 8,9), o San to Padre condena, já nas primeiras linhas, uma das principais causas da pobreza na atualidade: a guerra. Um “desastre”, escreve, que apare ceu no horizonte pouco depois de “uma nesga de céu sereno” ter se aberto com a pandemia. Uma tra gédia “destinada a impor ao mundo um cenário diferente”.
O Papa volta a condenar a lógica econômica que não tem o bem-es tar do ser humano no centro, mas, ao contrário, o lucro.
“A pobreza que mata é a miséria, lha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. É a pobreza desespe rada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída. É a miséria que, enquanto constringe à condição de extrema indigência, afeta também a dimen são espiritual, que, apesar de muitas vezes ser transcurada, não é por isso que deixa de existir ou de contar. Quando a única lei passa a ser o cál culo do lucro no m do dia, deixa de haver qualquer freio na adoção da lógica da exploração das pessoas: os outros não passam de meios. Deixa de haver salário justo, horário justo de trabalho e criam-se novas formas de escravidão, suportada por pesso as que, sem alternativa, devem acei tar este veneno de injustiça a m de ganhar o mínimo para comer.”
Nesse sentido, Francisco renova seu convite urgente para encontrar estradas que possam ir além da con guração daquelas políticas so ciais “concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres, e muito menos inserida em um projeto que reúna os povos”.
NA ARQUIDIOCESE
As paróquias, comunidades e organizações da Arquidiocese de
São Paulo realizarão uma série de atividades para comemorar o Dia Mundial dos Pobres, somadas às várias iniciativas permanentes de promoção da caridade.
A Caritas Arquidiocesana de São Paulo, por meio de seus núcleos re gionais, realizará o Dia de Ação Ca ritas, com atividades em algumas regiões episcopais.
Região Lapa: palestras; consulto ria jurídica, financeira, contábil; nutricionistas, psicólogos; além de serviços de esmaltaria, ca beleireiro, enfermagem e bazar.
Quando: domingo, 13, das 9h às 17h.
Onde: Galpão da Paróquia São José (Rua Jurubim, 700, Pirituba).
Região Santana: palestras; aten dimento jurídico, psicológico e de serviço social; oficinas de costura, confecção de sabão, arte, música, caratê e capoeira.
Quando: sábado, 12, das 9h às 16h.
Onde: Paróquia Sagrada Fa mília (Rua Sete Cachoeiras, 35, Jardim Antártica).
Região Sé: com foco no atendi mento a pessoas em situação de vulnerabilidade, ocorrerão
nos seguintes dias estas ativi dades: dia 9, visita a mulheres na Cracolândia; dia 10, visita ao novo Hospital Pérola Byin gton, para atendimento perso nalizado a mulheres, se neces sário; dia 11, roda de conversa com as famílias e cadastro das crianças para o “Saco lão de Natal”; e nos dias 12 e 13, mobilização pelas redes sociais acerca do Dia Mundial dos Pobres, bem como para a campanha “Natal dos Sonhos”.
Região Belém: as atividades pelo Dia Mundial dos Pobres ocorreram de modo antecipa do em outubro, em parceria com movimentos e pastorais que atuam na área social na Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho. As ações envolveram a divulgação dos direitos e dos serviços públicos oferecidos à população; a ofer ta de um lanche solidário em meio a uma roda de conversa, no dia 15 daquele mês; e uma reunião, no dia 19, com os pais das crianças atendidas pela Creche Maria Tereza de Mello Mororó. Outras iniciativas serão realizadas na segunda quinze na de novembro.
Conheça algumas das iniciativas em favor dos irmãos de rua e colabore com doações
CASA DE ORAÇÃO DO POVO DA RUA
Diariamente, no local é servido o café da manhã e são produzidas cerca de 700 marmitas, distri buídas em ruas e praças da cidade. Há ainda a entrega de roupas e itens de higiene pessoal obtidos por meio de doações, que podem ser deixadas, 24 horas por dia, na Rua Djalma Dutra, 3, bairro da Luz.
Também a Paróquia São Miguel Arcanjo, na Rua Taquari, 1.100, Belenzinho, recebe doações re gularmente, dada a alta procura por parte das pessoas em situação de rua.
SERVIÇO FRANCISCANO DE SOLIDARIEDADE
O Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) atua no combate à fome e à violação de direi tos, tendo como uma das ações de referência a atenção às pessoas em situação de rua. Em dias mais frios, no local há vagas para o pernoite.
As doações podem ser entregues no Chá do Pa dre (Rua Riachuelo, 268, Centro) e na Casa Fran ciscana (Rua Otto de Alencar, 270, Cambuci).
MISSÃO EUCARÍSTICA VOZ DOS POBRES
A Missão Eucarística Voz dos Pobres realiza to dos os dias sua ação pastoral nas ruas, com mis sionários consagrados e voluntários que levam refeições e dialogam com os “irmãos da rua”. Também acolhe pessoas com a saúde debilitada que vivem nas ruas ou que tenham sido abando nadas por familiares em hospitais e em suas pró prias casas. Um dos endereços para a entrega de doações é a Casa São José Moscati (Rua Dr. Álvaro Osório de Almeida, 315, Jardim Bonfiglioli).
MISSÃO PAZ
Formada pela Casa do Migrante, o Centro Pas toral e de Mediação dos Migrantes, o Centro de Estudos Migratórios e a Igreja Nossa Senhora da Paz, desenvolve serviços de apoio à acolhida, documentação, aprendizagem do idioma, inser ção laboral, atendimento médico e jurídico aos migrantes. O endereço de referência é a Rua Gli cério, 225, no bairro da Liberdade.
MISSÃO BELÉM
A Missão Belém mantém casas de acolhida, nas quais pessoas que um dia viveram em situação de rua, especialmente no vício das drogas, aco lhem os irmãos recém-saídos das ruas e que aceitam a restauração de suas vidas a partir de um itinerário de espiritualidade católica. Um dos locais é o Edifício Nazaré (Praça da Sé, 47), onde são acolhidos 50 irmãos por dia, e residem cerca de 100 pessoas, algumas muito doentes.
ALIANÇA DE MISERICÓRDIA
A Aliança de Misericórdia mantém a Casa Res taura-me (Rua Monsenhor Andrade, 746, Brás), frequentada diariamente por cerca de 450 pes soas em situação de rua, que lá recebem refei ções e podem tomar banho, lavar roupas e obter encaminhamentos para serviços sociais.
ARSENAL DA ESPERANÇA
Localizado no bairro da Mooca (Rua Doutor Al meida Lima, 900), diariamente são acolhidos 1,2 mil homens que antes estavam em situação de rua por razões diversas, como a falta de traba lho, moradia ou suporte familiar. Lá, eles podem descansar, tomar banho, se alimentar e frequen tar cursos profissionalizantes, além de usufruir de muitos outros serviços, como o acompanha mento do serviço social.
BOMPAR
O Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) realiza variadas atividades, incluindo as iniciativas em favor da população em situação de rua. Uma das estruturas é o Centro de Aco lhida São Martinho de Lima, localizado na Rua Siqueira Cardoso, 277, Belenzinho.
10 | Reportagem | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Uma sociedade dividida precisa de cura
Núcleo Fé e Cultura
O povo brasileiro sai particularmente fratu rado das últimas eleições – e a fratura, antes de causar escândalo, indica a necessidade de uma cura. Sendo assim, nós nos vimos cha mados a publicar este primeiro Caderno Fé e Cidadania (um projeto que pensávamos iniciar só em 2023) sobre o tema da reconci liação diante dos con itos ideológicos e par tidários, à luz da Doutrina Social da Igreja.
É forçoso reconhecer que somos uma so ciedade magoada e ressentida com a política. O siologismo e o corporativismo, a defe sa dos próprios interesses em lugar do bem comum, as decisões autocráticas e as inter pretações criativas do próprio arcabouço le gal da nação geram desgosto, indignação e revolta. Se analisarmos a história recente do País, veremos que tanto a esquerda quanto a direita, sem excluir o próprio centro, deram e têm motivos para esse ressentimento. Todo o espectro político-ideológico é, simultane amente, causador e vítima desse fenômeno. Sendo assim, é compreensível que nos sepa remos em várias posições, nenhuma delas conseguindo se impor hegemonicamente sobre as demais. O problema é que essa plu ralidade vem acompanhada de sentimentos negativos, agressividade e intransigência, impedindo o reconhecimento de alguns pontos em comum mínimos que sustentem um projeto compartilhado de futuro, absolu
tamente necessário para o desenvolvimento integral das pessoas e da sociedade como um todo.
Antes de sairmos numa busca frenética por culpados, precisamos curar as feridas causadas por essa divisão, encontrarmos a posição justa diante dos problemas, sermos capazes de dialogar com os amigos que pen sam diferente – buscando não tanto uma concordância total, mas pelo menos o reco nhecimento de alguns pontos fundamentais em comum. A Igreja, lembra São João Paulo II, na exortação apostólica Reconciliatio et Paenitentia, tem o dever de ajudar a recon ciliação nas sociedades divididas, mas para isso tem ela mesma que se reconciliar inter namente. Nesse documento, publicado há 38 anos, o papa polonês apresenta as raízes da divisão no coração do ser humano, mos trando os caminhos pessoais e comunitários para uma justa reconciliação. Sendo assim, não poderíamos deixar de apresentar alguns trechos desse documento neste Caderno.
Em vários trechos da Fratelli tutti, tam bém retomada neste Caderno, o Papa Fran cisco fala de percursos para a reconciliação e o perdão, de uma “arquitetura” da paz, a ser realizada por governos e instituições da so ciedade, e de um “artesanato” da paz, que im plica o compromisso pessoal de cada um de nós. Francisco nos lembra de que a verdadei
ra paz não esquece dos con itos, nem procu ra atuar como se eles não tivessem existido, mas os supera na experiência do perdão e no diálogo.
Mas como podemos praticar o perdão e buscar o diálogo quando nosso coração está inquieto, magoado e ressentido, até mesmo cheio de raiva? Ana Lydia Sawaya, monja ca maldulense do Mosteiro da Encarnação, nos apresenta a experiência religiosa da pessoa paci cada pela con ança em Deus. Mostra que o cristão consciente da ação de Deus na história se descobre sereno e tranquilo, po dendo tornar-se protagonista de processos de perdão e reconciliação, capaz de viver a política sem desespero, e sim com uma justa esperança.
Por m, contamos com a contribuição do Padre Leonel Narváez, colombiano, ganha dor da Menção Honrosa do Prêmio Unesco de Educação para a Paz. Com as Escolas de Perdão e Reconciliação, Padre Leonel desen volve um intenso trabalho de paci cação em seu país, até hoje vítima dos intensos con i tos armados de agrados desde a década de 1960. Neste difícil contexto, aprendemos que a verdade é uma pré-condição para que a jus tiça e o perdão aconteçam, num verdadeiro caminho de cura tanto das pessoas vitimadas quanto das comunidades e sociedades fratu radas pelo con ito.
Edição 01 9 de novembro de 2022
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Arte: Sergio Ricciuto Conte
tarefa e compromisso da Igreja
Redação
O olhar do pastor descobre, infeliz mente, entre diversas características do mundo e da humanidade do nos so tempo, a existência de numero sas, profundas e dolorosas divisões [...] Na raiz das rupturas não é difícil identi car con itos que, em vez de serem resolvidos mediante o diálo go, se agudizam no confronto e na oposição [...]
Uma vez que a Igreja, sem se iden ti car com o mundo nem ser dele, está inserida nele e está em diálogo com ele, não é de admirar que se no tem na sua própria estrutura reper cussões e sinais da divisão que dilace ra a sociedade humana. Para além das cisões entre as comunidades cristãs que há séculos a contristam, a Igreja experimenta hoje, no seu seio, aqui e além, divisões entre as suas próprias componentes, causadas pela diversi dade de pontos de vista e de escolhas, no campo doutrinal e pastoral. Tam bém essas divisões podem, por vezes, parecer irremediáveis.
Por mais impressionantes que se apresentem tais lacerações à primeira vista, só as observando em profun didade se consegue individuar a sua raiz: esta encontra-se numa ferida no íntimo do homem. À luz da fé cha mamos-lhe pecado, começando pelo pecado original, que cada um traz consigo desde o nascimento, como uma herança recebida dos primeiros pais, até aos pecados que cada um co mete, abusando da própria liberdade.
Nostalgia de reconciliação. O mes mo olhar indagador, se é su ciente mente perspicaz, captará no seio da divisão um desejo inconfundível, da parte dos homens de boa vontade e dos verdadeiros cristãos, de recom por as fraturas, de cicatrizar as lacera ções e de instaurar, a todos os níveis, uma unidade essencial. Esse desejo comporta, em muitos casos, uma verdadeira nostalgia de reconcilia ção, mesmo quando não é usada tal palavra [...] A aspiração a uma recon ciliação sincera e consistente é, sem sombra de dúvida, um móbil funda mental da nossa sociedade, como que re exo de um irreprimível desejo de paz; e é-o tão vigorosamente — por mais paradoxal que pareça — quanto mais perigosos são os próprios fatores de divisão.
A reconciliação torna-se necessá ria porque se deu a ruptura do peca do, da qual derivaram todas as outras formas de ruptura no íntimo do ho mem e à sua volta. A reconciliação, portanto, para ser total, exige neces sariamente a libertação do pecado, rejeitado nas suas raízes mais profun das. Por isso, há uma estreita ligação interna, que une conversão e reconci liação: é impossível dissociar as duas
A exortação apostólica pós-sinodal Reconciliatio et Paenitentia, de São João Paulo II, publicada em 1984, em sua Primeira parte, “Conversão e reconciliação: tarefa e compromisso da Igreja” trata de forma ampla da divisão que o pecado traz tanto ao coração do ser humano quanto à sociedade – e, evidentemente, ao perdão e à reconciliação trazidos ao mundo por meio de Jesus Cristo. A seguir, trazemos alguns trechos dessa Primeira Parte da exortação, particularmente apropriados para a re exão num momento de grande divisão social
A Igreja reconciliadora e reconci liada. Como dizia São Leão Magno, ao falar da paixão de Cristo, “tudo aquilo que o Filho de Deus fez e en sinou para a reconciliação do mun do, nós não o conhecemos somente pela história das suas ações passadas, mas sentimo-lo, também, na e cácia do que Ele realiza no presente” [...] Em íntima conexão com a missão de Cristo, a missão da Igreja, assaz rica e complexa, pode, portanto, resumir-se na tarefa, central para ela, da reconci liação do homem: com Deus, consigo mesmo, com os irmãos e com toda a Criação [...]
Os caminhos [para a reconcilia ção] são exatamente os da conversão do coração e da vitória sobre o peca do, seja ele o egoísmo ou a injustiça, a prepotência ou a exploração de ou trem, o apego aos bens materiais ou a busca desenfreada do prazer. Os meios são os da el e amorosa escuta da Palavra de Deus, da oração pes soal e comunitária e, sobretudo, dos sacramentos, verdadeiros sinais e ins trumentos de reconciliação, entre os quais sobressai, precisamente sob este aspecto, aquele a que, com razão, cos tumamos chamar o sacramento da Reconciliação ou da Penitência [...]
realidades, ou falar de uma sem falar da outra [...]
“O filho pródigo”, uma parábola de reconciliação. O homem, cada um dos homens, é este lho pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai para viver de modo indepen dente a própria existência; caído na tentação; desiludido do nada que, como miragem, o tinha deslumbra do; sozinho, desonrado e explorado no momento em que tenta construir um mundo só para si; atormentado, mesmo no mais profundo da pró pria miséria, pelo desejo de voltar à comunhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus ca à espreita do regresso do lho, abraça-o à sua che gada e põe a mesa para o banquete do novo encontro, com que se festeja a reconciliação.
O que nesta parábola sobres sai mais é o acolhimento festivo e amoroso do pai ao lho que re gressa: imagem da misericórdia de Deus sempre pronto a perdoar. As sentemos desde já nisto: a reconci liação é principalmente um dom do Pai Celeste.
Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão mais velho, que re cusa ocupar o seu lugar no banquete. Reprova ao irmão mais novo os seus extravios e ao pai o acolhimento que
lhe dispensou, enquanto a ele, mori gerado e trabalhador, el ao pai e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma festa com os amigos. Sinal de que não compreende a bon dade do pai. Enquanto este irmão, demasiado seguro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento e desde nhoso, cheio de azedume e de raiva, não se converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o banque te ainda não era, no sentido pleno, a festa do encontro e do convívio recuperado.
O homem — cada um dos ho mens — é também este irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, endurece-lhe o coração, cega-o e le va-o a fechar-se aos outros e a Deus. A benignidade e a misericórdia do pai irritam-no e incomodam-no; a fe licidade do irmão reencontrado tem um sabor amargo para ele. Também sob este aspecto ele precisa se conver ter para se reconciliar [...]
À luz desta inesgotável parábola da misericórdia que apaga o peca do, a Igreja, acolhendo o apelo que nela está contido, compreende a sua missão de empenhar-se, seguindo as pegadas do Senhor, pela conversão dos corações e pela reconciliação dos homens com Deus e entre si, duas realidades que estão intimamente conexas [...]
A Igreja, para ser reconciliadora, deve começar por ser uma Igreja re conciliada. Nessa expressão simples e linear está subjacente a convicção de que a Igreja, para anunciar e pro por de modo cada vez mais e caz ao mundo a reconciliação, deve tornar -se cada vez mais uma comunidade (ainda que fosse o “pequeno reba nho” dos primeiros tempos) de discí pulos de Cristo, unidos no empenho em se converterem continuamente ao Senhor e em viverem como homens novos no espírito e na prática da reconciliação.
Perante os nossos contemporâ neos, tão sensíveis à prova dos teste munhos concretos de vida, a Igreja é chamada a dar o exemplo da reconci liação, antes de mais no seu interior; e para isso, todos devemos esforçar-nos por apaziguar os ânimos, moderar as tensões, superar as divisões, sanar as feridas eventualmente in igidas entre irmãos, quando se agudiza o contras te entre opções no campo do opiná vel, e procurar, de preferência, estar unidos naquilo que é essencial para a fé e a vida cristã, segundo a antiga máxima: In dubiis libertas, in necessa riis unitas, in omnibus caritas (liber dade naquilo que é duvidoso, unida de no que é necessário e caridade em todas as coisas) [...]
Em qualquer caso, a Igreja pro move uma reconciliação na verdade, pois sabe bem que não são possíveis nem a reconciliação nem a unidade, fora ou contra a verdade.
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Fonte: https://www. ickr.com/photos/mazanto/33913713456
O pai, o filho pródigo e o filho invejoso. Imagem: GUERCINO. O retorno do filho pródigo.
Papa Francisco propõe percursos para um novo encontro
Redação
Em muitas partes do mundo, fazem falta percursos de paz que levem a ci catrizar as feridas, há necessidade de artesãos de paz prontos a gerar, com inventiva e ousadia, processos de cura e de um novo encontro [...]
Recomeçar a partir da verdade. Novo encontro não signi ca voltar ao período anterior aos con itos. Com o tempo, todos mudamos. A tribulação e os confrontos transformaram-nos [...] A verdade é uma companheira inseparável da justiça e da misericór dia. Se, por um lado, são essenciais –as três todas juntas – para construir a paz, por outro, cada uma delas impe de que as restantes sejam adulteradas [...] De fato, a verdade não deve levar à vingança, mas antes à reconciliação e ao perdão [...]
A arquitetura e o artesanato da paz. [...] É preciso procurar identi car bem os problemas que atravessa uma sociedade, para aceitar que existem diferentes maneiras de encarar as di culdades e resolvê-las. O caminho para uma melhor convivência impli ca sempre reconhecer a possibilidade de que o outro contribua com uma perspectiva legítima, pelo menos em parte, algo que possa ser recuperado, mesmo que se tenha equivocado ou se tenha agido mal, porque o outro nunca há de ser circunscrito àquilo que pôde ter dito ou feito, mas deve ser considerado pela promessa que traz em si mesmo, uma promessa que deixa sempre um lampejo de espe rança.
Como ensinaram os bispos da África do Sul, a verdadeira reconcilia ção alcança-se de maneira proativa, “formando uma nova sociedade ba seada no serviço aos outros, e não no desejo de dominar; uma sociedade baseada na partilha do que se possui com os outros, e não na luta egoísta de cada um pela maior riqueza pos sível; uma sociedade na qual o valor de estar juntos como seres humanos é, em última análise, mais impor tante do que qualquer grupo menor, seja ele a família, a nação, a etnia ou a cultura”. E os bispos da Coreia do Sul destacaram que uma verdadeira paz “só se pode alcançar quando lutamos pela justiça por meio do diálogo, bus cando a reconciliação e o desenvolvi mento mútuo”.
O árduo esforço por superar o que nos divide, sem perder a identidade de cada um, pressupõe que em to dos permaneça vivo um sentimento basilar de pertença [...] Nas famílias, todos contribuem para o projeto co mum, todos trabalham para o bem comum, mas sem anular o indivíduo; pelo contrário, sustentam-no, promo vem-no. Podem brigar entre si, mas há algo que não se move: este laço fa miliar. As brigas de família tornam-se reconciliações mais tarde. As alegrias
Apresentamos a seguir trechos do Capítulo VII da Encíclica Fratelli tutti, do Papa Francisco, publicada em 2020, que nos ajudam particularmente a caminhar rumo à reconciliação de uma sociedade fraturada, à luz de uma cultura do encontro.
o fatalismo, a inércia ou a injustiça, e, por outro lado, a intolerância e a violência [...]
As comunidades primitivas, imer sas num mundo pagão repleto de corrupção e aberrações, viviam ani madas por um sentido de paciência, tolerância, compreensão. A esse res peito, são muito claros alguns textos: convida-se a corrigir os adversários “com suavidade“ (2 Tim 2, 25); ou exorta-se a “que não digam mal de ninguém, nem sejam con ituosos, mas sejam afáveis, mostrando sem pre amabilidade para com todos os homens. Pois também nós éramos outrora insensatos” (Tit 3, 2-3). O livro dos Atos dos Apóstolos mostra que os discípulos, perseguidos por al gumas autoridades, “tinham a simpa tia de todo o povo“ (At 2, 47; cf. At 4, 21-33; At 5, 13).
Entretanto, ao re etirmos sobre o perdão, a paz e a concórdia social, deparamo-nos com um texto de Je sus Cristo que nos surpreende: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o lho do seu pai, a lha da sua mãe e a nora da sua sogra; de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt 10, 34-36). É importante situá-lo no contexto do capítulo em que está inserido. Aqui vê-se claramente que o tema em questão é o da delidade à própria opção, sem ter vergonha, ainda que isso traga contrariedades e mesmo que os entes queridos se opo nham a tal opção [...]
e as penas de cada um são assumidas por todos. Isto sim é ser família! Oh, se pudéssemos conseguir ver o ad versário político ou o vizinho de casa com os mesmos olhos com que ve mos os lhos, esposas, maridos, pais ou mães, como seria bom!” (Discurso no encontro com a sociedade civil na visita ao Equador).
[...] Mas os processos efetivos de uma paz duradoura são, antes de tudo, transformações artesanais re alizadas pelos povos, nos quais cada pessoa pode ser um fermento e caz com o seu estilo de vida diária [...] Existe uma “arquitetura” da paz, na qual intervêm as várias instituições da sociedade, cada uma dentro de sua competência, mas há também um “artesanato” da paz que nos envolve a todos [...]
Sobretudo com os últimos. A pro moção da amizade social implica não só a aproximação entre grupos sociais distanciados a partir de um período con ituoso da história, mas também a busca de um renovado encontro
com os setores mais pobres e vulne ráveis [...] Aqueles que pretendem paci car uma sociedade não devem esquecer que a desigualdade e a falta de desenvolvimento humano integral impedem que se gere a paz [...]
O valor e o significado do perdão. Alguns preferem não falar de reconci liação, porque pensam que o con ito, a violência e as rupturas fazem parte do funcionamento normal de uma socie dade [...] Outros defendem que dar lu gar ao perdão equivale a ceder o espa ço próprio para que outros dominem a situação [...] Outros consideram que a reconciliação seja empreendimento de fracos, que não são capazes de um diálogo em profundidade e, por isso optam por escapar dos problemas es condendo as injustiças [...]
O perdão e a reconciliação são temas de grande relevo no Cristia nismo e, com várias modalidades, em outras religiões. O risco reside em não entender adequadamente as con vicções dos crentes e apresentá-las de tal modo que acabem por alimentar
A verdadeira superação. A ver dadeira reconciliação não escapa do con ito, mas alcança-se dentro do con ito, superando-o por meio do diálogo e de negociações transparen tes, sinceras e pacientes. A luta entre diferentes setores, “quando livre de inimizades e ódio mútuo, transforma -se pouco a pouco numa concorrência honesta, fundada no amor da justiça“ (Quadragesimo anno, QA 114).
Várias vezes propus “um princípio que é indispensável para construir a amizade social: a unidade é superior ao con ito [...] Não é apostar no sin cretismo ou na absorção de um no outro, mas na resolução num plano superior que preserva em si as precio sas potencialidades das polaridades em contraste“ (Evangelii gaudium, EG 228) [...]
Perdão sem esquecimentos. Aque les que perdoam de verdade não es quecem, mas renunciam a deixar-se dominar pela mesma força destrui dora que os lesou. Quebram o cír culo vicioso, frenam o avanço das forças da destruição [...] O perdão é precisamente o que permite buscar a justiça sem cair no círculo vicio so da vingança nem na injustiça do esquecimento [...]
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Erich HECKEL, E. Caminho na floresta. Fonte: https://www. ickr.com/photos/mazanto/21654405551
Para haver perdão e reconciliação é preciso olhar para algo maior
Ana Lydia Sawaya*
Duas retas diferentes e paralelas nun ca se cruzarão, porém, duas retas di ferentes, mas inclinadas uma para a outra, se encontrarão. Onde? Num ponto mais alto. Assim é a reconcilia ção. O encontro entre duas diferen ças só pode ocorrer quando ambas olham para um ponto mais alto do que o momento ou a circunstância atual – que une as duas retas onto logicamente. Reconciliação e perdão verdadeiros não nascem da boa von tade e da generosidade (embora am bas possam ajudar). Necessitam de uma outra coisa, maior e mais mag nânima do que a vontade humana, que di cilmente consegue ultrapassar a barreira do voluntarismo.
Nas desavenças entre pessoas, onde estaria o ponto de in exão e unidade? Na dimensão existencial, mais do que na intelectual ou na moral. Estamos unidos porque so mos seres humanos, somos criaturas, amados por Deus e em nós habita e, se deixarmos, age o Espírito.
É nossa condição ontológica que nos reúne. É olhar para o alto, para a nossa origem que nos coloca juntos. O diálogo é possível porque pensa mos, sentimos e falamos; mesmo
que com linguagem, sensibilidade e história de vida diferentes. O pen sar, o sentir e o falar nascem do ser e não do agir. Quem consegue com preender essa realidade, é capaz de ter um mínimo de paz no coração e a serenidade necessária para poder observar com mais atenção o pensar, o sentir e o falar do outro (antes de enfurecer-se...).
Mas o que permite essa paz no coração e essa serenidade? Para os antigos monges, a amerimnìa – não ter preocupações excessivas, não ser dominado por preocupações de con trole sobre as coisas ou os outros. Se somos todos seres humanos e todos estamos de passagem nesta vida, essa certeza retira de nós a ânsia de querer controlar, de se iludir que o mundo
depende de nós. Essa condição pobre e justa impele-nos a entregar a Deus cada preocupação. Em consequên cia, não somos mais dominados pela rivalidade com alguém, pelos defei tos dos outros, pela ânsia de salvar o mundo.... Eu e ele não estamos de passagem?
Cada ser humano vê um ângulo diferente, que lhe é próprio, e nenhum ser humano tem a visão do todo. Nin guém pode se arvorar a dizer “a verda de está comigo” ou “só eu tenho a ver dade”. A visão mais ampla e, portanto, mais realista, será sempre a que abra çar, o melhor possível, os diferentes ân gulos existentes na realidade. Por isso, a política será sempre a arte do diálogo entre diferentes, do equilíbrio de forças contrastantes e não do domínio de uns sobre os outros.
O cristão é chamado a dar-se conta e a contar para os outros sobre a senho ria de Deus na história; a não ser que esse cristão pense que Deus está dor mindo... Se pensar assim, iludido, irá acreditar que a realidade depende dele...
Quatro passos para superar a divisão e buscar a reconciliação
Leonel Narváez*
A reconciliação em uma sociedade fra turada, seja por con itos armados ou con itos ideológicos, deve garantir pelo menos quatro componentes: verdade, justiça, reparação e acordos de não re petição. Vamos falar sobre a verdade. Reconhecer uma verdade grupal maior que as muitas opiniões individuais é um esforço que cura o tecido social ao ge rar con ança, que é o ingrediente mais signi cativo nos processos de reconci liação. A verdade maior abre caminho para a justiça restaurativa e a reparação. Chega-se a essa verdade (que nunca é de nitiva, sempre pode e deve ser apri morada) por meio do diálogo compar tilhado em torno das quatro “lógicas da verdade”: dos acontecimentos, dos sig ni cados, da superação e da cura.
No exercício em grupo sobre a ló gica dos acontecimentos, aqueles que se propõem ao diálogo respondem à pergunta: o que de fato aconteceu? Pro curam descrever o que realmente acon teceu ou está acontecendo, fazendo um esforço para distinguir eventos reais de eventos imaginários ou notícias falsas. Além de descrever o ocorrido, buscam também identi car quem está sendo vitimizado, quem está resistindo às di culdades, quais direitos estão sendo violados.
A lógica dos signi cados responde à pergunta: quais sentidos esses eventos têm? Trata-se de discernir e interpretar
O que as comunidades e as sociedades devem fazer para superar as divisões, buscar a reconciliação e viver uma experiência de fraternidade – mesmo quando enfrentam divergências ideológicas? Na Colômbia, país marcado por graves con itos armados nas últimas seis décadas, as Es.Pe.Re – Escolas de Perdão e Reconciliação –desenvolveram uma metodologia baseada nas “quatro lógicas da verdade”: a lógica dos acontecimentos, a lógica da signi cados, a lógica da superação e a lógica da cura (em espanhol, quatro “S”: Sucesos, Signi cados, Superación e Sanación). Essas “lógicas” podem guiar o diálogo entre aqueles que, partindo de posições antagônicas, realmente desejam chegar a um entendimento mútuo. Pedimos ao fundador do Es.Pe.Re, Pwadre Leonel Narváez Gómes, que nos explicasse essa metodologia
por que as coisas estão acontecendo de uma forma ou de outra, o que causou esses eventos, quais são suas contra dições internas e suas consequências. Nesta fase, é importante compreen der, também em nível pessoal, quais os princípios que foram violados, como cada indivíduo foi afetado, em que medida se sentiu ameaçado. Tudo isso deve servir para construir uma consci ência crítica dos eventos e de seu sig ni cado.
A lógica da superação responde à pergunta: como superar essa situação? Procura reconhecer quem deve assu mir a responsabilidade e quais as ações que podemos tomar, comprometendo
-nos a transformar situações de con ito e divisão para que não voltem a aconte cer. Reconhecer causas, contradições e consequências dos con itos deve mo tivar ações transformadoras que res gatem ideais compartilhados, acordos de respeito mútuo e responsabilidades coletivas, que permitam a recuperação tanto da vida comunitária quanto do tecido social, além de contribuir para a construção do bem comum.
Por m, a lógica da cura responde à pergunta: como curar as feridas in ternas que esses eventos nos deixam? A resposta deve nos ajudar a tomar de cisões pessoais que possam restaurar a con ança e restaurar os laços interpes
soais. A cura convida a uma virada nar rativa, em que a memória de con itos e ressentimentos pode ser remobilizada para uma “verdade que cura”, pelo qual cada um reconhece sua responsabili dade pessoal e coletiva, assume o com promisso de buscar a renúncia de con itos e promover transformações para que as razões que levaram às divisões con ituosas não se repitam.
Para percorrer esse caminho, é pre ciso tomar posição, lembrando sempre que buscar a verdade é lutar contra o silêncio imposto por medos, esqueci mentos, mentiras, indiferenças e igno râncias. Além disso, buscamos a ver dade não apenas para reestabelecer a própria dignidade e garantir direitos, mas buscando sanar e restaurar mágo as e ressentimentos, em nós e nos de mais, em nível tanto individual quanto comunitário.
Esses processos de busca da verda de são profundamente transformadores quando, posteriormente, pessoas e gru pos humanos conseguem realizar exer cícios de perdão, entendidos no mais básico, como uma virada narrativa da raiva, do ódio e da urgência da vingança para a compaixão-misericórdia.
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Fonte: https://www.vimaorthodoxias.gr/
* Sacerdote, Missionário da Consolata (IMC), colombiano e fundador-presidente da Fundação para a Reconciliação. Criador das Escolas de Perdão e Reconciliação (Es.Pe.Re). Ganhador do Prêmio Unesco Educação para a Paz - Menção Honrosa.
Um mergulho na espiritualidade monástica pode nos ajudar a encontrar a serenidade necessária para enfrentar os grandes desa os sociais, culturais e políticos de nossa sociedade
da Encarnação, Mogi das Cruzes, São Paulo. Foi professora da UNIFESP, com doutorado em Nutrição na Universidade de Cambridge, e pesquisadora visitante do MIT.
Fé, oração e reconciliação marcam o Summer Beats DNJ 2022
ROSÁRIO
Mas a novidade deste ano deu o tom de todo o festival: a oração do Rosário, conduzida pelo Frei Gilson Azevedo, re ligioso da Congregação dos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, conhecido por conduzir orações pelas redes sociais com milhões de seguidores.
dotes, e passou cerca de duas horas ouvin do as Con ssões.
Os jovens também puderam se reco lher em oração na tenda em que Jesus Eu carístico cou exposto o tempo todo para adoração.
CHAMADO À SANTIDADE
Um verdadeiro retiro a céu aberto. Assim foi o festival Summer Beats DNJ 2022, realizado no domingo, 6, no Par que de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), anexo ao aeroporto Campo de Marte, em Santana, na zona Norte da capital paulista.
O evento, promovido pelo Setor Ju ventude da Arquidiocese de São Paulo (Sejusp) em parceria com a produtora Summer Beats, não acontecia havia dois anos, devido à fase mais crítica da pande mia de COVID-19.
A atividade, que também marcou as comemorações do Dia Nacional da Ju ventude (DNJ), teve a presença de 40 mil jovens. Eles participaram de momentos de oração e shows de atrações musicais co nhecidas do público católico: Eliana Ribei ro, Tony Allyson, Adoração e Vida, Colo de Deus, Rosa de Saron, Fraternidade São João Paulo II, Naldo José, Padre Fábio de Melo e Missionário Shalom.
Os portões do PAMA-SP foram aber tos às 6h, e uma multidão de jovens vindos de diversas partes da cidade e até do inte rior do estado já aguardava para entrar. Às 7h, começou a oração do Rosário, interca lada com meditações e cânticos.
“Eu cheguei por volta das 8h e quei impressionado ao ver cerca de 15 mil jo vens rezando o Rosário diante do Santís simo Sacramento”, a rmou ao O SÃO PAULO Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial para o Setor Juventude na Arquidiocese.
O Bispo destacou, ainda, que esse mo mento de oração foi a oportunidade de os jovens fazerem um profundo exame de consciência para despertar o desejo de re conciliação com Deus. E isso foi visto nas enormes las para as Con ssões atendidas por diversos sacerdotes que se revezavam no local durante todo o dia.
Inclusive Dom Carlos passou horas atendendo Con ssões, assim como Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arqui diocese na Região Santana. No m da tarde, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Ar cebispo de São Paulo, se juntou aos sacer
O ponto alto do Summer Beats DNJ 2022 foi a missa presidida por Dom Car los. “Estamos aqui para mostrar a todo mundo que os jovens amam a Deus, que querem seguir Jesus Cristo de perto; que amam o Papa, a Igreja e estão dispostos a contribuir para que o mundo seja melhor”, a rmou na homilia.
Dom Carlos de niu como uma pro vidente coincidência celebrar o evento na Solenidade de Todos os Santos. Ele explicou aos jovens que santos são to dos aqueles que habitam a glória celeste e contemplam Deus face a face. “Alguns desses foram declarados formalmente como santos pela Igreja, ao canonizá-los. Mas hoje, a Igreja celebra todos os outros santos que ainda não foram canonizados e que gozam da alegria da presença de Deus”, completou.
“Esses santos que estão no céu lutaram com di culdades parecidas às nossas, tro peçaram e tiveram que recomeçar muitas vezes, como nós. Tiveram tentações, erros, falhas, defeitos semelhantes aos nossos... Caíram, pecaram... Porém, todos eles têm algo em comum: nunca caram caídos,
sempre se levantaram e, quando a morte os surpreendeu, estavam perseverando na sua fé”, a rmou Dom Carlos, sublinhando aos jovens que a santidade não é um privi légio para poucos, mas, sim, um chamado para todos.
Entre os muitos exemplos de jovens que testemunharam a santidade, o Bispo recordou o adolescente italiano Carlo Acu tis, que morreu em 2006, aos 15 anos, e foi beati cado em 2020, considerado apósto lo do amor de Cristo nas redes de inter net. “Um bem-aventurado de calça jeans, camiseta, tênis e mochila nas costas. Você mesmo pode ser santo como ele... Ele fazia um uso inteligente e positivo da internet, colocando suas habilidades informáticas a serviço da evangelização”, disse.
Por m, o Bispo Auxiliar da Arquidio cese lembrou os caminhos indicados para a busca da santidade e vivenciados por todos os santos: a oração, santi cação do trabalho e do estudo e a vivência dos sa cramentos, especialmente a Eucaristia e a Reconciliação.
O festival Summer Beats DNJ 2022 foi concluído com a bênção do Santís simo Sacramento, conduzida por Dom Carlos, que enviou todos os jovens a testemunharem o que viveram naquele dia. Ele destacou, ainda, que o evento foi uma prévia do que poderá ser vivido na Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa, Portugal.
(Colaborou:ComunidadeCantodeMaria)
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DA JUVENTUDE
ARQUIDIOCESE
EVENTO REUNIU
MIL JOVENS
CELEBRAR
DIA NACIONAL
NA
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Baixa cobertura vacinal coloca o Brasil em risco para a volta da poliomielite
DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br
Até o m dos anos 1980, uma do ença causava temor em muitos pais: a poliomielite, diretamente associada à paralisia infantil e que também pode prejudicar músculos respiratórios, nes te último caso sendo altamente letal. A pólio, como também é conhecida, pode deixar outras sequelas, como a di culda de de falar, atro a muscular, problemas nas articulações e o pé torto.
Graças a um esforço de vacinação, os casos de poliomielite – doença que também afeta adultos – caíram de 350
lisia ácida aguda, algo que precisa ser feito rapidamente para que se con rme ou se descarte um caso de poliomielite. Por isso, o Brasil está entre esses países de risco muito alto para a volta da pólio”, detalhou, ao O SÃO PAULO, o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). No dia 1o, o Ministério da Saúde lan çou um plano nacional de resposta para detecção e surto de poliomielite no Bra sil. Entre os objetivos, está o de fortalecer a vigilância epidemiológica das parali sias ácidas agudas, garantir o acesso universal aos serviços de vacinação con tra a poliomielite e aumentar a vigilância
adversos, e essa con ança só é conquis tada pelos discursos de todos os atores envolvidos, ou seja, dos governantes, das instituições e pro ssionais de saúde, mas a con ança foi muito abalada pela dis seminação da desinformação e de fake news pelos grupos antivacinas no Brasil.”
ver poliomielite, poderá se valer de bons equipamentos para superar em partes a paralisia infantil, mas uma família mais pobre não terá como adaptar a casa intei ra ou ter todos os serviços disponíveis”, comentou.
O coordenador da Pastoral também faz um chamado para que a comunida de do entorno se mobilize para viabilizar a vacinação das crianças mais pobres. “Uma mãe que precisa levar uma criança pequena em uma unidade de saúde para tomar vacina, se tem mais lhos, certa mente terá di culdades para se deslocar até o serviço de saúde. E, se a família mora longe das unidades de saúde, como mil, em 1988, para apenas 29 em todo o mundo, em 2018. No Brasil, desde 1990 não há regis tros da doença. Entretanto, esta conquista pode estar em risco devido à queda vertiginosa na vacinação infantil.
MENOS CRIANÇAS
VACINADAS A CADA ANO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que a cober tura vacinal recomendada para evitar a reintrodução do polio vírus é de 95%, mas desde 2016 o Brasil não atinge esta meta de vacinação em crianças menores de 5 anos de idade.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministé rio da Saúde, prevê que as três primeiras doses contra a polio mielite sejam aplicadas em be bês aos 2, 4, e 6 meses de vida, via injeção intramuscular da Vacina Inativada Poliomielite (VIP), e que, depois, haja duas doses de reforço, aos 15 meses e aos 4 anos, com a Vacina Oral Poliomielite (VOP), a conheci da gotinha.
Em 2021, o percentual de crianças menores de 5 anos va cinadas contra a pólio foi inferior a 70%. Até 17 de outubro, 65,6% dos 14,3 mi lhões de crianças que são alvo da cam panha deste ano foram imunizadas, ce nário que fez muitas cidades brasileiras prorrogarem por tempo indeterminado a campanha de vacinação que terminaria em setembro.
O RISCO DE A DOENÇA VOLTAR
Atualmente, a Organização Pan-A mericana da Saúde (OPAS) coloca o Brasil, o Haiti, o Peru e a República Do minicana como países com risco mui to alto para a volta da poliomielite nas Américas.
“Estamos com baixa cobertura vaci nal, não temos vigilância ambiental que permita detectar o vírus nos esgotos para rapidamente desencadear medi das para contê-lo, e há alguns anos não conseguimos atingir as metas de iden ti car e diagnosticar os casos de para
laboratorial. O poliovírus é transmitido mais frequentemente de pessoa a pes soa por via fecal-oral e, com menor in cidência, por meio da água e alimentos contaminados. Na maioria das vezes, o infectado ca assintomático.
E POR QUE AS METAS DE VACINAÇÃO NÃO SÃO ATINGIDAS?
Na avaliação de Cunha, a dissemi nação de fake news sobre os efeitos das vacinas em crianças ajuda a explicar a queda da cobertura vacinal contra a pólio, mas a questão é multifatorial, e envolve o que muitos especialistas têm chamado de 5Cs.
“O primeiro C é o da complacência, ou seja, a falsa sensação de segurança que as pessoas têm sobre uma doença que elas nunca viram. O segundo C é sobre a con ança, decorrente do questionamen to não apenas quanto à segurança e e cá cia da vacina, mas também de seus efeitos
“O terceiro C – prosseguiu Cunha – é a conveniência, ou seja, a necessidade de uma boa estrutura física e logística, bem como de vasto horário de atendimento nas unidades de saúde, com pro ssionais capacitados e valorizados para poder in formar a população sobre eventuais dú vidas; o quarto C é o da comunicação, pois precisamos ter peças publicitárias
fará? Lembro que minha mãe, a doutora Zilda Arns [funda dora da Pastoral da Criança], mobilizava os casais das comu nidades para ver quais podiam buscar os pro ssionais da uni dade básica de saúde para levá -los até as comunidades rurais ou quilombolas para aplicar a vacinação”, recordou.
Neumann avaliou que o Governo federal precisa am pliar investimentos na divul gação da campanha de vacina ção, e lembrou que a Pastoral da Criança, por meio do apli cativo Visita Domiciliar, for nece uma série de materiais explicativos, incluindo conte údos sobre vacinação: “Quan do conversamos com as mães, muitas dizem que procuram informações sobre Saúde das crianças no Google, mas que já ‘caíram’ em alguma fake news. Com o aplicativo, elas vão ter acesso a uma informação cor reta, que é homologada pela comunidade cientí ca e pelo Ministério da Saúde”.
PARCERIA COM AS ESCOLAS
para divulgar as campanhas e falar da importância da vacinação; e, por m, o contexto, entendendo que é exatamente na população mais vulnerável que estão as mais baixas coberturas vacinais, e que elas são as que mais sofrem com a do ença e têm di culdade de acesso às vaci nas”, detalhou o presidente da SBIm.
CONSCIENTIZAR SOBRE OS IMPACTOS REAIS
Com o histórico de atuação em prol da saúde de gestantes e crianças, a Pas toral da Criança está preocupada com a baixa cobertura vacinal infantil. Segun do Nelson Arns Neumann, doutor em Saúde e coordenador internacional da Pastoral, é fundamental que as famílias mais pobres tenham em conta que serão as mais prejudicadas se houver a volta da poliomielite.
“Uma família de classe média até po derá pagar uma sioterapia se o lho ti
Para Cunha, parcerias entre as áreas de Saúde e Educação muito ajudariam a diminuir a quantidade de crianças que estão em atraso com a vacina da pólio. “Tivemos uma experiência bem-sucedi da no Brasil na campanha de vacinação contra o HPV para meninas, em 2014, nas escolas, que resultou em uma adesão altíssima”, lembrou.
O presidente da SBIm também vê como fundamental a retomada do cum primento da condicionalidade de que as famílias que recebem o Auxílio Brasil estejam com o calendário vacinal das crianças em dia. Essa obrigatoriedade, suspensa em março de 2020 por causa da pandemia, foi retomada apenas em setembro deste ano.
A SBIm desenvolveu uma campa nha informativa sobre os riscos da po liomielite e a importância da vacinação. Os detalhes podem ser vistos no site https://paralisiainfantil.com.br
12 | Reportagem | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Sociedade Brasileira de Imunizações
Curso de extensão destaca os desafios da implementação do Acordo Brasil-Santa Sé
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
A Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese de São Paulo, promoveu, nos dias 7 e 8, o quarto módulo do curso de extensão voltado para questões sobre o Acordo Brasil-Santa Sé.
Realizada na modalidade on-line, a formação teve o objetivo de abordar os princípios e as razões constitutivas e his tórias subjacentes no acordo bilateral r mado entre o Estado brasileiro e a Santa Sé no dia 13 de novembro de 2008, dando amparo aos direitos essenciais ao desen volvimento da missão da Igreja no Brasil.
Também foram aprofundadas as fontes jurídicas empregadas pelas par tes do acordo, assim como a análise dos seus artigos. Outro aspecto abordado no curso foi o processo de implementação e interpretação do Acordo em vista de de mandas jurídicas particulares.
Este acordo trata da personalidade ju rídica da Igreja Católica no Brasil, o que garante o exercício de sua missão. Em 20 artigos, o texto consolida direitos já ga rantidos pela legislação brasileira e pela jurisprudência dos tribunais do País.
TEMAS
O quarto módulo aprofundou ques tões como a garantia de espaços para ns religiosos no Plano Diretor dos municí pios, abordado pelo professor Vidal Ser rano Nunes, diretor da Faculdade de Di reito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e procurador de Justiça do Ministério Público do estado de São Paulo.
Também foi tratada a questão da as sistência espiritual aos éis internados em estabelecimento de saúde, de assis tência social, de educação e similares e
o confronto com as exigências da lei e as normativas vigentes para essas práti cas religiosas, ministrada pelo professor Francisco Vicente Rossi, diretor da Fa culdade de Direito da PUC-Campinas e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.
IMPLEMENTAÇÃO
O curso foi aberto pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. Ele parti cipou da preparação do Acordo durante o período em que foi Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 2003 a 2007, e atual mente coordena a comissão da CNBB para a sua implementação.
O Cardeal enfatizou que o Acordo foi rmado entre dois entes soberanos e internacionalmente reconhecidos: a Re pública Federativa do Brasil e a Santa Sé (representada pelo Estado do Vaticano).
Nesse sentido, continuou o Arce bispo, mais do que oferecer garantias, o Acordo estabelece reconhecimentos e compromissos recíprocos. Os 20 arti gos do documento se referem à natureza
jurídica da Igreja Católica e de suas ins tituições no Brasil; à liberdade religiosa, reconhecimento de títulos acadêmicos obtidos fora do Brasil, em universidades da Igreja, ensino religioso, casamento religioso com efeito civil, homologação civil de sentenças canônicas em matéria matrimonial, sigilo de con ssão, espaços religiosos, bens culturais da Igreja, imu nidades tributárias, condição trabalhista dos ministros religiosos e pessoas consa gradas, entrada de missionários estran geiros no Brasil. Prevê-se, além disso, a possibilidade de ajustes complementares ao Acordo.
“O Acordo ainda precisa ser muito mais conhecido, quer pelos membros da Igreja, quer pelos representantes do Estado. Ele oferece garantias que preci sam ser regulamentadas e implementa das mais amplamente, para não carem letra morta. Há questões que devem ser complementadas mediante ajustes, que podem ser feitos entre as partes contra entes. Por isso, é de grande importância o estudo, a compreensão e a ampla divul gação do Acordo”, salientou o Cardeal.
Para saber mais sobre o Acordo, aces se: https://tinyurl.com/yblm8b8t
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Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, veja algumas notícias e artigos publi cados recentemente.
Acervo de Dom Helder Câmara é tombado pelo governo de Pernambuco https://cutt.ly/aN7fVwx
Morre, aos 81 anos, o Arcebispo Ortodoxo de Chipre, Chrysostomos II https://cutt.ly/tN7giZo
Francisco: a vida consagrada é indispensável para a Igreja e o mundo https://cutt.ly/qN7gEkq
Em Gana, bispos apoiam projetos de lei para abolir a pena de morte https://cutt.ly/tN7hrSP
Conheça a Igreja Católica: as obras de misericórdia no cotidiano do cristão https://cutt.ly/7N7hIZU
https://cutt.ly/nN7gXyT
| 9 a 15 de novembro de 2022 | Geral | 13
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Vatican Media
Luciney Martins/O SÃO PAULO
‘No dia da nossa despedida, a surpresa será feliz se agora nos deixarmos surpreender pela presença de Deus’
Wagner Balera
‘A Doutrina Social da Igreja é, acima de tudo, instrumento de pacificação social’
REDAÇÃO osaopaulo@uol.com.br
No aniversário de 60 anos do iní cio do Concílio Vaticano II, em 11 de outubro, o Núcleo de Estudos de Dou trina Social (NEDS), da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Ca tólica de São Paulo (PUC-SP), promo veu a palestra “Atualidade da Rerum novarum. Em comemoração dos ses senta anos do Concílio Vaticano II”.
O expositor, professor Fernando de Oliveira Marques, mostrou como os temas e as propostas daquele docu mento do Papa Leão XIII, lançado no nal do século XIX, continuam atuais e capazes de ainda lançar luzes sobre vários aspectos da realidade.
Esse Núcleo, que já existe na uni versidade há mais de 20 anos, em sintonia com as necessidades e po tencialidades do momento atual, está retomando suas atividades, com a re alização de um ciclo de apresentações dos principais documentos da Dou trina Social da Igreja. Os conteúdos permanecerão disponíveis on-line nos sites da universidade.
Para apresentar a proposta, o jornal O SÃO PAULO ouviu o coordenador do Núcleo de Estudos de Doutrina So cial, Wagner Balera, professor titular de Direitos Humanos da PUC-SP.
O SÃO PAULO – Qual é a importância da Doutrina Social da Igreja para a realidade brasileira e mundial nos dias de hoje?
Wagner Balera – A Doutrina So cial da Igreja é, acima de tudo, instru mento de paci cação social. Desde a primeira encíclica social moderna, a Rerum novarum, de Leão XIII, de 1891, até a mais recente, a Fratelli tutti, do Papa Francisco, de 2020, há como que uma chave essencial a conduzir tal re exão. Nessa perspectiva, a Dou trina Social se organiza em torno de três eixos fundamentais: trabalho / paz / desenvolvimento. Desse modo, vai sendo objeto de estudo e aprofun damento consoante à ordem expressa por Jesus: “Eis que faço novas todas as coisas”. Daí se iniciar com a Rerum no varum – das coisas novas – que olha para o mundo do trabalho buscando o desenvolvimento e a justiça social com o olhar da concórdia, da paci cação. Tudo isso é atualíssimo, num país com milhões de pessoas que não têm traba lho. E, igualmente, para o mundo, em que a crise do emprego é dado perma nente, agravado pelas perspectivas da automação e da globalização.
Como a Doutrina Social da Igreja im pacta particularmente o estudo e a aplicação do Direito?
O estudo do Direito não sai do seu marco especí co – o das Ciências Sociais –, que mergulha na realidade subjacente para dela extrair não só a realidade do Direito positivo (o Di reito posto, aquele que é efetivamente praticado na sociedade) como, ain da, das perspectivas das necessárias transformações do instrumental ju rídico para que o bem-estar social se concretize. A Doutrina Social da Igre ja aponta caminhos para essa ordena ção da esfera jurídica em uma pers pectiva social. Não é só o formalismo positivista que interessa examinar, e sim a crítica da realidade social, in clusive e especialmente garantida, por vezes, pelo aparato jurídico. En m, a Doutrina Social da Igreja é, para os operadores do Direito, critério críti co de interpretação dos negócios ju rídicos e da atividade administrativa
do Estado, notadamente do Poder Judiciário.
sino Social Cristão, da qual o Núcleo fez parte de modo orgânico. Desde sua inauguração, o Núcleo se fez pre sente, como promotor ou cooperador, de inúmeros momentos re exivos da Doutrina Social da Igreja, com espe cial destaque para o encontro reali zado pela Diocese de Campo Limpo e pelo evento promovido em Brasília (DF), no ano de 2001, pela Associação Nacional para o Ensino Social Cristão, da qual o Núcleo foi um dos funda dores. Também, mais recentemente, o Núcleo promoveu os colóquios com as Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo. Agora, diante dos desa os, sempre renovados, que a sociedade brasileira vem enfrentando, está em uma nova etapa de suas atividades.
Como está estruturado o Núcleo de Estudos de Doutrina Social?
Ele é hoje, formalmente, uma unidade da Faculdade de Direito da PUC-SP. A coordenação do Núcleo é integrada por três professores do quadro de carreira e os membros são, igualmente, professores da Faculdade e, ainda, pessoas convidadas a partir do respectivo histórico e referencial na Doutrina Social da Igreja.
Quais são as atividades projetadas para o Núcleo?
O marco inaugural da criação de um espaço de re exão sobre a Dou trina Social na Faculdade de Direito da PUC-SP foi a criação do Núcleo de Estudos de Doutrina Social (NEDS), pela direção da Faculdade e sua ins talação em 14 de setembro de 1999, décimo oitavo aniversário da Labo rem exercens, a primeira encíclica so cial lançada por São João Paulo II. A instalação do Núcleo foi incentivada e apoiada pelo saudoso Grão-Chanceler, o Cardeal Cláudio Hummes [morto em julho de 2022], que, juntamente com os bispos das Dioceses de Campo Limpo e Santo Amaro, constituiu uma Comissão Interdiocesana para o En
A atividade inicial, nesta etapa atu al, é, por assim dizer, o roteiro progra mático do Núcleo. Consistiu na confe rência inaugural proferida em outubro pelo professor Fernando de Oliveira Marques sobre a Rerum novarum. Está devidamente registrada pela TV-PUC e servirá como primeira unidade de um roteiro que pretende percorrer as encí clicas e documentos sociais da Igreja. Em breve, haverá a continuidade dos trabalhos, com a re exão sobre a Qua dragesimo anno. O marco celebrativo mais importante do ano de 2023 con sistirá em evento sobre os 60 anos da Pacem in terris, no próximo 11 de abril.
É propósito do Núcleo promover um evento a respeito, sobretudo diante da gravíssima atualidade da guerra, atual e potencial, incrementada por uma po lítica armamentista vigente em inúme ros países do mundo. O Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, presentemente, delega as tarefas rela cionadas com o tema à Coordenação Pastoral do Serviço da Caridade, Justi ça e Paz, cujo bispo referencial é Dom Carlos Silva, OFMCap. Assim sendo, o Núcleo também pretende se alinhar às iniciativas que, decerto, serão concreti zadas por aquela Coordenação.
14 | Com a Palavra | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Já existe um histórico das atividades relacionadas à Doutrina Social da Igreja na Faculdade de Direito da PUC-SP? Pode nos dar um panorama dessa história?
As opiniões expressas na seção“Com a Palavra”são de responsabilidade do entrevistado e não re etem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO
Arquivo pessoal
ATIVO
CIRCULANTE
Associação Amigos da Catedral Metropolitana de São Paulo
BALANÇO PATRIMONIAL
(Valores expressos em reais)
Caixa e equivalentes de caixa
Nota 2021 2020
4 290 290
Aplicações Financeiras-recurso 4 986.544 1.010.798 Adiantamentos a Fornecedores 403 156 987.237 1.011.244
NÃO CIRCULANTE
Imobilizado 5 24.585 29.055
TOTAL DO ATIVO 1.011.822 1.040.299
PASSIVO
CIRCULANTE
Recursos para execução de projetos
Nota 2021 2020
6 800.000 800.000 800.000 800.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 7 240.299 203.121
Resultado do exercício (28.477) 37.178 211.822 240.299
TOTAL DO PASSIVO 1.011.822 1.040.299
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
(Valores expressos em reais)
Receita operacional líquida
Nota 2021 2020
8 116.711 260.656
Despesas operacionais Despesas com serviços contratados 9 (55.162) (20.465)
Despesas administrativas e gerais 10 (107.445) (195.858)
Despesas com concessionárias publicas 11 (1.261)
Despesas com manutenção 12 (500)
Despesas com impostos e taxas diversas 13 (170)
Despesas com custas e emolumentos
Despesas com depreciação 14 (4.470) (4.470) (167.077) (222.724) (50.366) 37.932 15 26.158 896 15 (4.269) (1.650) 21.889 (754) (28.477) 37.178
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
(Valores expressos em reais)
Patrimônio Superávits Resultado Social acumulado do exercício Total
Saldo em 31 de dezembro de 2019 95.461 107.660 203.121
Incorporação dos superávits acumulado ao patrimônio social 95.461 (95.461)
Incorporação do resultado do exercício ao patrimônio social 107.660 (107.660)
Superávit do exercício 37.178 37.178 Saldo em 31 de dezembro de 2020 203.121 37.178 240.299
Incorporação do resultado do exercício ao patrimônio social 37.178 (37.178)
Saldo em 31 de dezembro de 2021 240.299 (28.477) 211.822
NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
(Valores expressos em Reais – R$)
1. Contexto operacional
A Associação Amigos da Catedral Metropolitana de São Paulo é uma Entidade
e espiritualmente para a reforma, restauração e manutenção da Catedral Metro politana de São Paulo, bem como, promover a realização de atividades culturais, pastorais, assistenciais e sociais, podendo administrar unidades museológicas, sem prejuizo a outras atividades”munus” próprio inerente à Catedral Metropolita na de São Paulo e praticar “atividades meio” permitidas na legislação vigente que angariem receitas para sua subsistência e investimentos no escopo estatutário, sempre sob a égide da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
A Associação é isenta da tributação do imposto de renda e da contribuição social, de acordo com a Lei nº 9.532/97, que estabelece no seu art. 15, que a Associa ção deverá reunir as seguintes condições, cumulativamente, para fazer jus a essa isenção:
a. Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços presta dos.
b. Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais.
c. Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros reves tidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão.
d. Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contados da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, assim como, a realização de quaisquer outros
e. Apresentar, anualmente, a declaração de rendimentos. Todas as condições apresentadas são rigorosamente atendidas pela Associa ção.
1.1 Impactos do COVID-19 (Coronavírus)
Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência global em razão da disseminação da COVID-19. Em 11 de março de 2020, ela declarou a COVID-19 como um surto pandêmico. Desde março de 2020 até 31 de dezembro de 2021, as autoridades governa conter o vírus, ocasionando a suspensão ou redução de atividades de empresas
A Administração promoveu a implantação do distanciamento dentro da Associa ção, a distribuição de álcool gel em todos os ambientes e a implementação de alterações nas rotinas de trabalho, visando a segurança de seus colaboradores e a manutenção de suas operações.
de recursos impactada conforme evidenciado com a diminuiu de receita em 45%, receita de 2021 R$116.71 e R$260.656 em 2020, principalmente com doação, conforme detalhado na nota explicativa nr. 8. Adicionalmente, ações de austeri
R$ 28.477 no exercício de 2021. As perspectivas para 2022 ainda são incertas, não havendo estimativa concreta para o término da pandemia em curso tampouco a retomada normal das ativida des. A Administração considera que tem gerido de forma adequada os recursos apoio da comunidade católica para enfrentar eventuais agravamentos que po dem ocorrer nos próximos meses.
2. Base de preparação
(a) Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às nor mas do CPC)
(b) Base de mensuração
por meio do resultado.
(c) Moeda funcional e moeda de apresentação da funcional da Associação e atualmente usada no país.
3. Resumo das principais práticas contábeis
O reconhecimento das receitas e despesas é efetuado em conformidade com o regime contábil de competência de exercício.
A receita com mensalidades dos associados e demais receitas são reconhe cidas no resultado em função de sua realização. Uma receita não é reconhe
b. Estimativas contábeis
determinação e registro de estimativas contábeis.
A Associação revisa as estimativas e premissas anualmente.
c. Ativo circulante e não circulante
Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, banco conta mo menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insig de curto prazo.
• Demais ativos circulantes e não circulantes São apresentados ao valor líquido de realização.
d. Ativo imobilizado Registrado ao custo de aquisição, formação ou construção, inclusive juros e
e. Passivo circulante e não circulante São demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis, acrescidos, quando aplicável, dos correspondentes encargos e variações monetárias incorridas até a data do balanço.
cio de 2017.
4. Caixa e equivalentes de caixa
2021 2020
Caixa e bancos conta movimento 290 290 Aplicações Financeiras (a) 986.544 1.010.798 986.834 1.011.088
ser resgatadas a qualquer tempo sem prejuízo da remuneração apropriada.
5. Imobilizado
Descrição Taxa anual de 2021 2020 depreciação Máquinas e equipamentos 10% 44.700 44.700 44.700 44.700
Depreciação acumulada (20.115) (15.645) Imobilizado líquido 24.585 29.055
5.1 Movimentação do custo Não foram realizadas aquisições de ativos durante os exercícios de 2021 e 2020.
5.2 Movimentação de depreciação Depreciação 2019 Adições 2020 Adições 2021 Máquinas e equipamentos (11.175) (4.470) (15.645) (4.470) (20.115) 11.175) (4.470) (15.645) (4.470) (20.115)
6. Projetos/Convênios
2021 2020
Recursos de projetos 800.000 800.000 800.000 800.000 Devido a Pandemia do Covid 19,os recursos provenientes das doações para o projeto de restauro e readequação do orgão de tubos pertencente a Catedral da Sé em São Paulo não foram utilizados, a perpectiva é que a realização do projeto ocorra nos prómixos exercícios.
7 .Patrimônio líquido
2021 2020
Patrimônio Social 240.299 203.121 Resultado do Exercício (28.477) 37.178 Patrimônio líquido 211.822 240.299 O Patrimonio liquido da Associação, no montante de R$ 211.822 é decorrente
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (MÉTODO DIRETO)
(Valores expressos em reais) 2021 2020
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Valores recebidos de eventos 116.711 260.656
Valores pagos a fornecedores e prestadores de serviços (162.854) (218.410)
Caixa gerado pelas operações (46.143) 42.246
Recebimentos provenientes de doações 800.000 26.158 895
Despesas bancárias (4.269) (1.650)
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais (24.254) 841.491
Fluxos de caixa das atividades de investimentos
Aquisição de imobilizado
Aplicações Financeiras 24.254 (841.491)
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento 24.254 (841.491)
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais
Demonstração do aumento de caixa e equivalentes de caixa No início do exercício 290 290 290 290
Diminuição liquido de caixa e equivalentes de caixa
DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES
(Valores expressos em reais) 2021 2020 (28.477) 37.178
Outros resultados abrangentes Resultados abrangentes do exercício (28.477) 37.178
8. Receitas operacionais 2021 2020
Receita com eventos 112.511 57.249
Receitas eventuais 37.905
Doações e subvenções municipal 148.322
Doações pessoas físicas 2.200 6.980
Doações pessoas jurídicas 2.000 10.200 116.711 260.656
9.Despesas com serviços contratados 2021 2020
Serviços contratados autônomos (7.330) (300)
Serviços de segurança Patrimonial (960) Serviços jurídicos - PJ (229) (18.500)
Serviços de assessoria e consultoria exceto jurídico (46.000) (1.665) (55.162) (20.465)
10.Despesas administrativas e gerais 2021 2020
Projeto “Mestres da Sé” (148.322) Donativos e contribuições (12.852) Gastos com eventos (i) (91.793)) (22.673) Locações de móveis e utensílios, equipamentos (2.800) (3.000) Outras despesas (21.863) (107.445) (195.858)
i. Despesas oriundas de utilização de materiais e serviços para a realização do “brunch” na Catedral.
11.Despesas com concessionárias publicas 2021 2020
Despesas com telecomunicações (1.261) (1.261)
12.Despesas com manutenção 2021 2020
Despesas com manutenção de imóveis Despesas com manutenção de maquinas e equipamentos (500) (500)
13.Despesas com impostos e taxas diversas 2021 2020
Despesas com taxas municipais (170) (170)
14.Despesas com depreciação 2021 2020
Despesas depreciação de maquinas e equipamentos (4.470) (4.470) (4.470) (4.470)
15.Resultado Financeiro 2021 2020
Receitas Financeiras Rendimentos de Aplicações Financeiras 26.158 896 26.158 896
Despesas Financeiras Tarifas bancárias (1.231) (1.540) Multas, juros e atualização monetária sobre pagamentos em atrasos (24) (4.269) (1.650)
Resultado Financeiro Liquido 21.889 (754)
16.Aprovação das Demonstrações Financeiras
emissão pela sua Diretoria em 20 de junho de 2021.
Dom Odilo Pedro Scherer Presidente
Pe. Luiz Eduardo Pinheiro Baronto Edivaldo Batista da Silva Diretor Contador - CRC 1SP212622/O-2
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Com o tema ‘Pão em todas as mesas’, 18º Congresso Eucarístico Nacional começa nesta semana
DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br
Ponto central da vivência da fé cristã, a Eucaristia, sacra mento que “alimenta o discí pulo com o Corpo e o Sangue de Cristo em vista de sua trans formação nele” (Catecismo da Igreja Católica, 1275), será des tacada no 18o Congresso Eu carístico Nacional (CEN), que acontece entre os dias 11 e 15, na Arquidiocese de Olinda e Recife (PE), promovido em par ceria com o Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“O 18º CEN visa a aprofun dar e motivar a relação entre fé e vida, por meio de ações que abordem a dimensão so cial e profética da Ceia do Se nhor, como mesa aberta e sa cramento da partilha”, consta no site o cial do Congresso: https://cen2020.com.br. A ati vidade estava programada ini cialmente para novembro de 2020, mas foi adiada por duas vezes em decorrência da fase mais crítica da pandemia de COVID-19.
POR AMOR À EUCARISTIA
Os congressos eucarísticos são realizados pela Igreja Cató lica em todo o mundo, com o propósito de professar e dar tes temunho público da fé em Jesus Eucarístico e adorar o Senhor em Espírito e Verdade (cf. Jo 4,23).
O primeiro aconteceu em Lille, na França, em 1881, orga nizado por um grupo de leigos, inspirados em São Pedro Julião Eymard (1811-1868), conhe cido com o “Apóstolo da Eu caristia”, por ser um incansável incentivador da participação frequente dos éis nas missas.
Ele considerava que estar diante de Deus, contemplando a hóstia consagrada, transcende toda e qualquer forma de intimismo e impulsiona o cristão a dar teste munho da fé na vida cotidiana.
Desde os primeiros congres sos, a essência é a viva fé na pre sença real da pessoa de Jesus no sacramento da Eucaristia. Por essa razão, há especiais momen tos de adoração solene e gran diosas procissões que evidencia vam o triunfo da Eucaristia.
No Brasil, o primeiro Con gresso Eucarístico Nacional ocorreu na Arquidiocese de São Salvador (BA) em 1933. Recife sediou o 3o CEN, em setembro de 1939. A última edição aconteceu em 2016, em Belém (PA), reu nindo meio milhão de católicos.
O 18º CEN
“Pão em todas as mesas” é o tema do 18o Congresso Eucarístico Nacional, que tem como lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles” (At 2,46).
Nos cinco dias de atividades, o grande pro pósito é que os participantes possam se apro fundar teologicamente sobre o sacramento da Eucaristia, bem como professar e dar testemu nho público da fé no mistério eucarístico.
“Estamos felizes por poder externar a nos sa fé em Jesus Cristo, que se doa e se faz pão por amor a todos nós. Sem dúvida, esse tes temunho é e caz, porque é assim que a Igreja nos ensina a evangelizar. Muito mais do que por palavras, que possamos evangelizar pelo testemunho, pelo comprometimento”, a rmou Dom Antônio Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife, em recente entrevista ao site do Regional Nordeste 2 da CNBB.
O Cardeal Odilo Pedro Scherer será um dos participantes do 18o CEN. Na coluna “Encontro com o Pastor”, publicada nesta edição do O SÃO PAULO, o Arcebispo de São Paulo a rma que o tema do Congresso, “não podia ser mais atual e se refere, em pri
meiro lugar, à própria mesa eucarística: to dos são convidados para uma participação sempre mais ativa, consciente, plena e fru tuosa. A Eucaristia é um verdadeiro tesouro da nossa fé cristã, com muitos signi cados importantes. Sua celebração ocupa um lugar central na vida da Igreja, de cada comunida de eclesial e também na vida pessoal de cada cristão” (leia o artigo completo na página 2).
ATIVIDADES
Celebrações litúrgicas, uma feira católica, exposições, catequeses, simpósio teológico e apresentações culturais são parte da progra mação do 18o CEN.
A solene missa de abertura, na sexta-feira, 11, às 18h, ocorrerá no Centro de Convenções de Pernambuco, presidida pelo Cardeal Antó nio Augusto dos Santos Marto, Bispo Emé rito da diocese portuguesa de Leiria-Fátima, que será o representante do Papa Francisco no Congresso. O Bispo português também presi dirá a missa de encerramento no dia 15.
Entre as atividades no dia 12, estão as ce lebrações eucarísticas e catequeses públicas nas paróquias da Arquidiocese de Olinda e
Recife, e uma vigília das juven tudes, no Centro de Conven ções de Pernambuco. No dia 13, serão realizadas missas em diferentes paróquias, nas quais catequizandos receberão o sa cramento da primeira Comu nhão. Já no dia 14, celebrações eucarísticas ocorrerão em co munidades paroquiais. Ao lon go do 18o CEN haverá, ainda, visitas missionárias.
A programação do último dia, 15, começará com uma visita guiada pelas cidades de Olinda e Recife. Às 10h, haverá um encontro de coros, na Ba sílica do Carmo, em Recife; às 11h30, a inauguração da Casa do Pão, um dos legados deste Congresso; e, às 16h, a celebra ção eucarística de encerramen to, no marco zero de Recife, com a procissão com o Santís simo Sacramento até o Pátio da Basílica do Carmo, também na capital pernambucana.
CASA DO PÃO, ESPAÇO DE ORAÇÃO E SOLIDARIEDADE
Construída para atender pessoas em situação de vulne rabilidade, em especial as que vivem nas ruas, a Casa do Pão, um dos legados do 18o CEN, será inaugurada no dia 15, no centro de Recife.
O atendimento se dará por meio de parcerias com pessoas físicas, empresas, universidades e órgãos públicos, oferecendo atendimentos espiritual, médi co e jurídico, além de lavande ria, banho e restaurante-escola. No prédio de três pavimentos, também haverá uma capela com o nome de Santa Dulce dos Pobres. Na sede provisória, em funcionamento em um prédio próximo, já estão sendo ofe recidas 150 refeições diárias e assistência médica a pessoas em situação de vulnerabilidade.
No programa “Bom Dia, Dom Fernando”, veiculado pelas redes sociais da Arquidiocese de Olinda e Recife, na terça-fei ra, 8, Dom Antônio Fernando Saburido destacou que o tema do Congresso indica que “não basta celebrar a Eucaristia bem, com uma bela liturgia, com a sua profundidade teológica, es piritual, mas que é preciso apli car tudo isso na vida, ter sen sibilidade, para que possamos desfrutar de momentos felizes em que ajudamos os nossos ir mãos mais necessitados, procu rando vê-los como verdadeiros irmãos em Cristo e não cando absolutamente indiferentes às suas necessidades”.
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CEN ACOMPANHE O 18º CEN Site: https://cen2020.com.br Nas redes sociais: @congressoeucaristico2020 Acesse a programação completa pelo QR Code
O Papa no Barein: ‘Uma viagem de encontro’
EM VISITA AO PEQUENO PAÍS DO ORIENTE MÉDIO, FRANCISCO CONVIDA A ‘AMAR SEMPRE’, EM UMA ‘CULTURA ABERTA A TODOS’
Preservar a própria identidade e, ainda assim, ir ao encontro dos outros que são diferentes. Nas palavras do Papa Francisco, essa foi a essência de sua via gem ao Reino do Barein, entre os dias 3 e 6. O país, formado por mais de 30 ilhas no Golfo Pérsico, tem uma população de cerca de 1,7 milhão de pessoas. Em bora de maioria muçulmana, o Barein é conhecido como um dos destinos mais comuns dos expatriados no Oriente Mé dio: mais da metade de sua população é de origem estrangeira.
No voo de retorno do Barein para Roma, no domingo, 6, o Papa Francis co disse que se trata de “uma cultura aberta a todos”. Além dos muçulmanos, de diferentes tradições, o Barein reúne diferentes grupos cristãos, entre aqueles de igrejas orientais, lipinos e indianos. “Foi uma viagem de encontro, porque a nalidade era se encontrar no diálogo inter-religioso com o Islã e no diálogo ecumênico com o [Patriarca] Bartolo meu”, declarou o Pontí ce, referindo-se ao principal líder da Igreja Ortodoxa.
O principal motivo da viagem do Papa foi a ida ao “Barein Fórum pelo Di álogo: Oriente e Ocidente pela Coexis tência Humana”, evento que promoveu o diálogo entre as religiões, mas também o diálogo “intrarreligioso”, ou seja, entre muçulmanos de diferentes origens e en tre os cristãos de diversas con ssões.
REMAR JUNTOS
“No mundo globalizado, vai-se em frente somente remando juntos, enquan to, navegando sozinhos, ca-se à deriva”, disse o Papa Francisco, durante a ceri mônia de encerramento do fórum. Ele lamentou que a humanidade ainda esteja dividida pela guerra, pelas desigualda des, pelas “crises alimentares, ecológicas e pandêmicas”, fazendo com que a injus tiça seja “cada vez mais escandalosa”.
E continuou: “Essas são amargas con sequências, se se continuam a acentuar as oposições sem encontrar compreensão, se se persiste na imposição resoluta dos próprios modelos e das próprias visões despóticas, imperialistas, nacionalistas e populistas, se não se interessa à cultura do outro, se não se escuta ao grito das pessoas comuns e à voz dos pobres, se não se deixa de distinguir, em modo ma niqueísta, quem é bom e quem é ruim, se não se esforça para entender e colaborar para o bem de todos”.
Recordando o Documento sobre a Fraternidade Humana, que ele assinou em 2019, em Abu Dabi, com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib – al guém que ele reencontrou no Barein –, o Papa Francisco insistiu que todas as pes soas de fé devem se empenhar, juntas, na promoção do bem comum, por meio da oração, da educação e da ação conjun ta. “Não basta dizer que uma religião é pací ca. É preciso condenar e isolar os violentos que abusam do seu nome. Não é su ciente tomar distância da intolerân cia e do extremismo. É preciso agir em sentido contrário”, defendeu.
AMAR SEMPRE
Durante a missa celebrada com os católicos do Barein – e com outros cris tãos que viajaram para encontrá-lo, por exemplo, da Arábia Saudita –, o Papa re etiu sobre a frase “amar sempre e amar a todos”, inspirado nas palavras de Jesus (cf. Mt 5,38-48). “O poder de Cristo é o amor”, recordou. “Ele é o ‘príncipe da paz’, que reconcilia as pessoas com Deus e entre elas. A grandeza do seu poder não se serve da força da violência, mas da fraqueza do amor. E Ele nos confere o mesmo poder: o poder de amar, de amar em seu nome, de amar como Ele amou.”
Esse amor incondicional deve ser praticado não somente aos que são pa recidos, “aos amigos”, mas “sempre e a todos”, disse o Santo Padre. “Quem segue a Cristo, Príncipe da Paz, deve tender sempre à paz. E não se pode restabelecer a paz se a uma palavra feia se responde
com uma palavra ainda mais feia, se a um tapa se segue outro”, a rmou o Pon tí ce, na missa com cerca de 30 mil éis, no estádio nacional do Barein.
“É preciso romper a espiral da vio lência, deixar de cultivar ressentimento, parar de reclamar e de chorar sobre si mesmo. É preciso permanecer no amor, sempre: é o caminho de Jesus para dar glória a Deus do céu e construir paz na terra. Amar sempre.” Da mesma forma, Cristo ensina a “amar a todos”, conti nuou, e isso não quer dizer apenas “não ter inimigos, não ver no outro obstáculos a superar”, mas cultivar no outro “um ir mão e uma irmã a serem amados”.
A ORAÇÃO ESSENCIAL
O que de ne cada cristão, na visão do Papa Francisco, é justamente a capacida de de amar como Cristo. Este é o dom maior, avalia. “Mas essa capacidade não pode ser fruto só dos nossos esforços. É antes de tudo uma graça”, comentou.
“Uma graça que precisa ser pedida com insistência: ‘Jesus, tu que me amas, ensina-me a amar como ti. Jesus, tu que me perdoas, ensina-me a perdoar como ti. Manda sobre mim o seu Espírito, o Espírito de amor’. Peçamos isso”, exortou o Papa. “Porque tantas vezes levamos à atenção do Senhor muitos pedidos, mas esse é o essencial para o cristão: saber amar como Cristo.”
Como é praxe nas viagens apostólicas, o Papa teve encontros com as autorida des do país, entre eles o rei Hamad bin Isa Al Khalifa, monarca desde 2002. Ele
também participou de um encontro ecu mênico, com membros de outros grupos cristãos, e recebeu líderes religiosos e bis pos, sacerdotes, religiosas, consagrados, seminaristas e agentes de pastoral locais.
A esses, ele disse, no domingo, 6, que a comunidade cristã do país tem real mente uma face “universal”, pois reúne éis de diferentes partes do mundo, que, juntos, confessam a mesma fé em Cris to. Ele animou os cristãos a continua rem apreciando “a alegria, a unidade e a profecia”, três grandes dons do Espírito Santo. “Todos os batizados receberam o Espírito e todos são profetas”, lembrou. “Um cristão, mais cedo ou mais tarde, deve ‘sujar as mãos’ para viver a sua vida cristã e dar testemunho. Recebemos um Espírito de profecia para levar à luz, com nosso testemunho de vida, o Evangelho”, declarou.
Em outro momento marcante da viagem, o Sucessor de Pedro encontrou os jovens do Barein, no sábado, 5. Cha mando-os de “fermento” na “massa do mundo”, disse que os jovens cristãos são “destinados a crescer, a superar tantas barreiras sociais e culturais e a fazer bro tar a fraternidade e a novidade”.
Ele pediu que os jovens sejam “aber tos ao inédito, não temam se confrontar, dialogar, ‘fazer bagunça’ e de se misturar com os outros, tornando-se a base de uma sociedade amiga e solidária”. Em resumo, o Papa os convidou a abraçar a “cultura do cuidado”, que supera o indi vidualismo e a indiferença, e é fundada na “alegria da amizade e da gratuidade”.
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FILIPE DOMINGUES ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
Vatican Media
Fotos:
No Barein, Papa intensifica o diálogo inter-religioso com o Islã e o ecumenismo com a Igreja Ortodoxa, e pedem a católicos que vivam o amor
Egito
Países se reúnem na COP27 para discutir questões climáticas
JOSÉ FERREIRA FILHO osaopaulo@uol.com.br
Durante 12 dias, a cidade de Sharm El-Sheikh, localizada na Pe nínsula do Sinai, no Egito, sedia, até o dia 18, a 27ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, mais conhecida como Conferência das Partes – ou COP27 –, e estas, por sua vez, se re ferem aos países que assinaram o acordo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a questão, cujo início das tratativas se deu há 30 anos, na Cúpula da Terra, a Eco-1992, no Rio de Janeiro. Até agora, 197 partes aderiram ao documento.
Na atual edição, os participantes – chefes de Estado, autoridades go vernamentais, ONGs, empresários, pesquisadores, cientistas, ativistas e a sociedade civil – debatem sobre a adaptação climática, a mitigação dos gases do efeito estufa, o impacto climá tico na questão nanceira e a colabora ção para conter o aquecimento global.
ABERTURA
Durante o discurso de abertura do evento, na segunda-feira, 7, o se cretário-geral da ONU, o português Antonio Guterres, pediu a criação de um “pacto histórico” entre os países mais ricos e em desenvolvi mento para que as principais metas climáticas sejam cumpridas.
“A humanidade tem uma escolha: cooperar ou morrer. Ou um pacto pela solidariedade climática ou um pacto pelo suicídio coletivo”, concluiu.
LÍDERES MUNDIAIS
Durante a COP27, a grande au sência será de Xi Jinping, presidente
da China, país que é o maior emis sor de gases do efeito estufa. Joe Bi den, presidente dos Estados Unidos, segundo maior poluente, viajará ao Egito em 11 de novembro.
“Estados Unidos e China devem responder a esse desa o, já que os países europeus são os únicos que pagam”, declarou o presidente da Fran ça, Emmanuel Macron, em um encon tro com jovens antes da sessão plenária.
Os grandes países emergentes “têm que abandonar rapidamente” o carvão como fonte de energia, insis tiu o chefe de Estado francês.
O secretário de Estado do Vati cano, Cardeal Pietro Parolin, que li dera a delegação o cial da Santa Sé ao evento, disse aos líderes mundiais que eles têm “uma obrigação moral” de ajudar com seriedade e em con junto para proteger o planeta e ofe recer ajuda concreta às pessoas que sofrem os “impactos humanitários mais frequentes e mais graves cau
Cuba
sados pelas mudanças climáticas”.
O presidente do Brasil, Jair Bolso naro não deve participar do evento. Por sua vez, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, embora não possa estar diretamente no fórum destinado aos chefes de Estado em exercício, partici pará da COP27 nos dias 16 e 17. Lula foi convidado primeiramente pelo go vernador reeleito do Pará, Helder Bar balho (MDB), em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, e na sequência pela ONU e pelo pre sidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi.
DESAFIOS
A COP27 começou com a apro vação de uma agenda que inclui um tema delicado, que provocou diver gências nos últimos anos entre os países mais desenvolvidos e as nações mais pobres: perdas e danos.
Após uma negociação intensa, os países discutirão a criação de um fundo especí co para atenuar os efei tos das secas, inundações e fenôme nos meteorológicos extremos.
A descon ança impera entre os países mais desenvolvidos e os mais vulneráveis, especialmente quando os primeiros continuam a não cumprir a meta de mobilizar em favor dos últi mos a quantia de 100 bilhões de dólares por ano para ajudá-los a reduzir suas emissões e também para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Além da questão nanceira, existe a preocupação primordial de reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, em um contexto muito abalado pela crise de abastecimento de energia na Europa, provocada pela invasão russa à Ucrânia, e a renovada questão do gás.
ONU, Exame e R7
Fontes:
Escassez de farinha de trigo impede celebração de missas no país
A crise econômica em Cuba con tinua atingindo a população, desta vez afetando os católicos, uma vez que a falta de farinha de trigo impe diu que as hóstias fossem feitas, dei xando os éis sem a possibilidade de celebrar a Santa Eucaristia.
A escassez de produtos básicos, desde alimentos a combustíveis e medicamentos, é um dos aspectos mais relevantes e problemáticos da crise generalizada em Cuba. Com a pandemia da COVID-19 e a guerra da Rússia na Ucrânia, o preço de uma tonelada de trigo subiu muito. No nal de outubro, autoridades cubanas
quali caram a situação de abaste cimento de farinha no mercado na cional como crítica, devido à falta de nanciamento para a compra desse cereal. Essa situação levou as auto ridades a buscarem soluções para substituir o produto, como o uso da farinha de mandioca para a produção de pães e pizzas.
No entanto, de acordo com a Ins trução Redemptionis sacramentum, da Congregação para o Culto Divi no e a Disciplina dos Sacramentos, a hóstia só pode ser feita com trigo.
“O pão que se utiliza no Santo Sacrifício da Eucaristia deve ser
ázimo, só unicamente de trigo, fei to recentemente, para que não haja nenhum perigo de que se estrague por ultrapassar o prazo de vali dade. Por conseguinte, não pode constituir a matéria válida, para a realização do Sacrifício e do Sacra mento Eucarístico, o pão elabora do com outras substâncias, embo ra sejam cereais, nem mesmo que leva a mistura de uma substância diversa do trigo, em tal quantidade que, de acordo com a valorização comum, não se pode chamar pão de trigo.” (JFF)
Liturgia e Vida
ganhareis a vida!
PADRE JOÃO BECHARA VENTURA
Jesus menciona tribulações que acompa nham a história e se intensi carão antes da sua segunda vinda: guerras, revoluções, ter remotos, fomes, pestes, perseguições à Igreja, ódio crescente e sinais cósmicos (Lc 21,10ss). São Paulo acrescenta que, no m dos tempos, haverá ainda uma grande apostasia e muitos abandonarão a fé (cf. 2Ts 2,3). Os homens se rão seduzidos pela ação do “Iníquo”, que “virá com o poder de satanás e toda espécie de sinais e prodígios enganadores”. Pensarão até em ter algum tipo de “fé”, mas “crerão na mentira e se rão julgados por terem se regozijado na iniqui dade e não na verdade” (2Ts 2,9.11-12).
A Escritura alerta sobre essas coisas para que estejamos vigilantes, pois “muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1Jo 4,1). O Senhor adverte: “Cuidado para não serdes en ganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu’, ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente!” (Lc 21,8). Segundo São Pedro, esses falsos profetas e mestres se multiplicarão para introduzir “seitas de perdição” destinadas a negar o Senhor. Usarão palavras religiosas e atraentes, mas poderão ser reconhecidos por sua conduta imoral e por negarem a verdade conhecida (cf. 2Pd 2,1-3).
O anúncio das tribulações, longe de desper tar pessimismo, quer nos convidar à perseve rança na fé. Jesus a rma que “é permanecen do rmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21,19). Obteremos a vida eterna, literalmente, “en tēi hypomonēi hymōn”, isto é, por meio da nossa “paciência”, “ rmeza”, “resistência” ou “perseve rança”. Esta é, talvez, uma das virtudes que mais nos faltam, devido à carência de outras duas: a coragem e a esperança.
Perdido o amor ao bem, perdemos tam bém a coragem. O fascínio do bem-estar apa ga da alma valores como a honra, a dignidade e o sacrifício. Aburguesamo-nos e, enfraque cidos espiritual e moralmente, tememos tudo o que possa nos retirar o conforto e os pra zeres. Esse estado é agravado pela vaidade. O desejo de ser aceito e respeitado por todos pode levar um cristão a se paralisar, toleran do aquilo que sabe ser mau e degradante. Neste estágio, ele se torna incapaz de sofrer e de lutar por algo que sabe ser bom, belo e verdadeiro.
Além disso, a falta de paciência pode re sultar da falta de esperança sobrenatural. “Es peramos” sim, mas não a salvação de Deus. Esperamos as migalhas de uma vida passagei ra; esperamos que o futuro seja mais benévo lo com nossas aspirações materialistas; espe ramos as promessas de ideologias e partidos políticos; esperamos a salvação anunciada por líderes populistas – às vezes, claramen te anticristãos – na política ou na religião… Temos esperança em tudo, menos em Deus e na ressurreição prometida por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, é óbvio, frustramo-nos continuamente, e toda adversidade passa a se tornar insuportável, sem sentido e sem fruto.
Que Ele nos dê coragem, verdadeira espe rança, e “que o Senhor dirija os nossos cora ções para o amor de Deus e para a paciência de Cristo” (2Ts 3,5)!
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33º DOMINGO DO TEMPO COMUM 13 DE NOVEMBRO DE 2022
Fonte: Gaudium Press
Participantes analisam a 1a versão das propostas do relatório geral do sínodo
DANIEL GOMES osaopaulo@uol.com.br
No caminho de “comunhão, conver são e renovação missionária” trilhado ao longo do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo, a busca de formação per manente, a acolhida aos que procuram a Igreja, o compromisso com a missiona riedade e a evangelização na cidade apa recem como eixos centrais das propostas elaboradas pelas 25 comissões temáticas da assembleia sinodal arquidiocesana.
Um relatório preliminar, composto por 130 propostas, foi apresentado no sábado, 5, na 6a sessão da assembleia, realizada na Faculdade Paulus de Tec nologia e Comunicação (Fapcom). Na ocasião, houve a leitura das propostas e, posteriormente, os participantes as apre ciaram de modo individual, indicando em uma folha-gabarito se discordavam do conteúdo proposto, se concorda vam plenamente ou se aceitavam com ressalvas, devendo, neste último caso, apresentar sugestões de emendas ao texto original.
Nesta sessão também foi apresen tada a composição da Comissão de Es crutínios do sínodo, que será presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, tendo como missão coordenar os trabalhos de votação.
AVANÇAR PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS
Como aconteceu nas demais ses sões, houve, inicialmente, a celebração da Palavra, desta vez presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese. Ele destacou que o cha mado aos participantes naquele dia era o de, com fé e coragem, ousar “novos caminhos na evangelização missionária em nossa Arquidiocese”, e “avançar para as águas mais profundas”, em alusão ao Evangelho segundo Lucas (cf. Lc 5,1-11), proclamado na celebração.
Para tal, destacou o Bispo, é preciso que cada pessoa saia da “zona de con forto” de suas próprias convicções e se abra a um processo permanente de con versão, “para permanecer ainda mais el Àquele que tem um projeto de vida e de liberdade para todos”.
“A evangelização só é efetiva a partir da ação testemunhal de cada um de nós”, enfatizou Dom Carlos Silva. “Eis o tempo
sinodal: o tempo de saída da super cia lidade costeira e de avanço para as águas cada vez mais profundas”, concluiu.
DISCERNIMENTO ECLESIAL
Antes da leitura das 130 propostas –formuladas pelas 25 comissões temáticas nas duas sessões anteriores e que tiveram alguns ajustes de texto por parte da Co missão de Redação do sínodo –, houve a explicação sobre a dinâmica dos tra balhos do dia, e se recordou a natureza consultiva do sínodo, de modo que com pete ao Arcebispo a liberdade de acolher ou não as indicações feitas. Também se ressaltou que as votações na assembleia arquidiocesana não têm a nalidade de alcançar um acordo majoritário, mas de veri car o consenso dos membros sino dais sobre o que é proposto.
Ao se dirigir aos participantes, o Car deal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Me tropolitano, recordou uma fala do Papa Francisco antes dos trabalhos do Síno do para a Amazônia, em 2019, na qual o Pontí ce explicou que o sínodo não é um parlamento, em que se vota algo para ganhar ou perder ou para se buscar um consenso negociado, mas um processo próprio da Igreja. “Portanto, devemos fa zer um discernimento eclesial, de modo que re etimos e ouvimos para perce ber para qual direção o Espírito Santo está soprando, e depois, com liberdade, cada um expressa seu parecer sobre as propostas”, a rmou, lembrando que, a partir da redação nal das propostas, o próprio Arcebispo apresentará algumas diretrizes para a Arquidiocese, a serem divulgadas na solene celebração de en cerramento do sínodo arquidiocesano, em 25 de março de 2023.
Referindo-se ao Evangelho procla mado no começo da sessão, Dom Odilo destacou que é preciso que haja coragem
no agir evangelizador, con ando na Pa lavra de Jesus, na ação do Espírito Santo e contando com todos aqueles que se dis põem a caminhar. “Outros caminharão quando virem que o barco vai adiante. O sínodo é, justamente, esta proposta de uma Igreja que quer caminhar. O Papa tem usado a expressão de que não somos uma Igreja de museu. A Igreja precisa se mover”, comentou.
UM OLHAR MAIS ABRANGENTE SOBRE A IGREJA NA METRÓPOLE
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Irmã Helena Corazza, FSP, uma das re latoras-gerais do sínodo, a rmou que as 130 propostas mostram que os partici pantes da assembleia sinodal estão aten tos e sensíveis às diferentes realidades da Igreja na metrópole, e sugerem respostas pastorais às questões mais emergentes.
“Entre os assuntos transversais está o do acolhimento, que é mencionado em diversas comissões, na dimensão de aco lher as pessoas como elas são. A questão da formação também foi muito citada, e a dimensão missionária, eu diria, é o grande eixo, pois apareceu em quase to das as comissões. Muito se mencionou também a sensibilização da Igreja em relação às políticas públicas”, destacou a religiosa.
Também um dos relatores-gerais e membro da Comissão de Redação do sínodo, o Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos disse à reportagem que al guns dos eixos fundamentais que apare cem nas propostas se referem à formação permanente, Catequese, promoção de uma espiritualidade que leve ao encontro pessoal com Cristo – como é preconiza do no Documento de Aparecida (2007) –, e a necessidade da participação ativa da Igreja em São Paulo nos diferentes seto res da sociedade.
“Tudo isso está contemplado nas pro postas. O passo seguinte, após a conclu são do sínodo, será o de reconhecer quais os caminhos devemos percorrer e nos abrir em nossas pastorais e nas demais ações eclesiais”, comentou o Cônego, destacando que posteriormente haverá as deliberações do Arcebispo sobre o que fazer e de como fazer uma caminhada de comunhão, conversão e renovação mis sionária na Arquidiocese.
O Sacerdote disse, ainda, que a ten dência é que o documento nal da as sembleia sinodal tenha menos que as atuais 130 propostas, pois algumas são similares, mas que, por terem sido re digidas em diferentes comissões, foram mantidas neste primeiro relatório. “Não tiramos proposta alguma. Apenas as sin tetizamos, enxugamos a redação, para centrar naquilo que era a proposta em si e não em suas justi cativas”, detalhou.
Na plenária aberta que antecedeu a avaliação individual das propostas, al guns dos participantes externaram a preocupação de que estas contemplem a acolhida a todas as pessoas na Igreja, se atentem às novas realidades do cotidiano, que favoreçam uma dimensão querig mática, impulsionem um novo espírito missionário, proporcionem uma evange lização programática na Arquidiocese e estimulem os leigos a participar dos con selhos paritários sobre as políticas públi cas na cidade, em especial as voltadas à população mais vulnerabilizada.
Todo o material de trabalho pro duzido nesta 6a sessão, incluindo as folhas-gabarito e as sugestões de emendas às propostas, será passado à Comissão de Redação do sínodo para que proceda à redação nal do relató rio geral, a ser submetido à apreciação e votação na 7a sessão da assembleia, em 3 de dezembro.
20 | Geral | 9 a 15 de novembro de 2022 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
6ª SESSÃO DA ASSEMBLEIA
SINODAL ARQUIDIOCESANA
APRESENTADA
INDIVIDUALMENTE, ELES PUDERAM REDIGIR EMENDAS A CADA UMA DAS PROPOSTAS. REDAÇÃO FINAL SERÁ
EM 3 DE DEZEMBRO
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Odilo, bispos auxiliares e demais participantes da assembleia sinodal votam nas 130 propostas da 1a versão do relatório geral do sínodo