O São Paulo - 3436

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Nesta Quaresma, voltemos ao Senhor por meio do diálogo íntimo da oração

Deus não nos deixa sós na luta diária contra as insídias do tentador

Editorial Encontro com o Pastor Espiritualidade

Dar de comer a quem tem fome também implica partilhar afeto e esperança

Opinião

A evolução biológica e a Cruz de Cristo

Comportamento

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Liturgia e Vida

Sem uma vida de oração, perdemos a direção, a esperança e a caridade

Vilas Reencontro: um recomeço para as famílias que viviam nas ruas

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Saiba como evitar a escalada de endividamentos pelo cartão de crédito

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Católicos nos conselhos tutelares: um chamado às eleições de outubro

Igreja socorre ucranianos afetados pela guerra

A invasão da Ucrânia pelas tropas russas completou um ano na sexta-feira, 24 de fevereiro. Por meio de diferentes ações, católicos têm proporcionado o mínimo de dignidade aos impactados pelo conflito.

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Integrantes da Pastoral do Povo da Rua participam da missa da Quarta-feira de Cinzas, presidida pelo Cardeal Scherer, e da abertura da CF

Iniciada na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, a Campanha da Fraternidade deste ano, com o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), recorda o compromisso de cada cristão no empenho pelo combate à fome no Brasil.

Em coletiva de imprensa na

Catedral da Sé, o Cardeal Scherer destacou que a CF é uma campanha de evangelização que ocorre durante a Quaresma, e que neste ano convida à reflexão sobre as razões da fome e como é possível superar este flagelo a partir de ações de âmbito pessoal, comunitário e sociopolítico.

A Campanha foi lançada pela CNBB no dia 22, em Brasília (DF), e no Santuário Nacional de Aparecida, no domingo, 26. No dia 23, a Câmara Municipal de São Paulo promoveu uma solenidade sobre a temática da CF.

Páginas 3, 8, 14 e 15

Luciney Martins/O SÃO PAULO Taíse Cortês/Pascom Brasilândia

No domingo, 26 de fevereiro, mais de mil pessoas vão à apresentação da CF 2023 na Região Brasilândia, com o gesto concreto de doação de alimentos

Cardeal Odilo Pedro Scherer fala ao clero sobre o caminho pós-sinodal

Programa sobre música e liturgia na Quaresma estreia na rádio 9 de Julho

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 68 | Edição 3436 | 1º a 7 de março de 2023 www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 www.arquisp.org.br
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Os riscos da Página
Na Quaresma, Papa exorta os fiéis à reconciliação com Deus e com o próximo
CF 2023 tem início com amplo chamado para o combate à fome
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CARDEAL

No primeiro Domingo da Quaresma, leem-se na Liturgia os textos da tentação de Adão e Eva no paraíso terrestre (cf Gn 2,7-9; 3,1-7) e sobre as tentações de Jesus no deserto (cf Mt 4,1-11). Nossos primeiros pais não superaram a tentação e pecaram. Jesus, ao contrário, superou a tentação, vencendo Satanás.

Dito assim, parece tudo óbvio e já conhecido, pouco importando para nossa vida. Mas não é assim. Os textos bíblicos não são relatos de crônica, dos quais poderíamos dizer: já me contaram, já li, já conheço. Mais ainda, no contexto da Liturgia da Quaresma, esses textos são pedagógicos e signi cativos para nós.

Por certo, a tentação de Adão e Eva não foi a de comer uma fruta. E não havia nenhuma cobra a falar com os dois. Era o demônio mesmo! O objeto da tentação era o fruto proibido “da árvore da vida no meio do jardim e o da árvore do conhecimento do bem e do mal” (cf Gn 2,9). A linguagem é simbólica e o que está em jogo é a ordem estabelecida por Deus, ou seja, a lei de Deus. Trata-se de acei-

A grande tentação

tar essa ordem ou não; de obedecer a Deus ou não. Eva recorda a severa proibição e advertência divina: “No dia em que comerdes do fruto, morrereis” (cf. Gn 3,3).

A réplica da serpente enganadora deixa mais claro de quê se trata, em última análise: “Não, vós não morrereis... Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus” (Gn 3,4-5). O fruto proibido é querer ser como Deus. Adão e Eva deixaram-se seduzir por esse fruto proibido e caíram na enganação de Satanás. Após comerem, seus olhos de fato se abriram e eles deram-se conta do tamanho do erro, por terem acreditado na serpente enganadora. “Vendo que estavam nus, teceram para si tangas com folhas de gueira” (Gn 3,7). A surpresa da nudez signi ca a percepção da verdade “nua e crua”, sem engano nem subterfúgio. Eles não eram deuses, mas criaturas. Adão e Eva deram-se conta de sua condição humana e de sua fragilidade.

Que tentação insidiosa: “Não morrereis... sereis como Deus”! Essa foi e continua a ser até hoje a maior tentação. É muita pretensão – ser como Deus, ou até mesmo, tomar o lugar de Deus! Estar acima do bem e do mal, não aceitar a lei de Deus sobre o mundo e sobre o homem, ser “senhor” absoluto e não dever dar contas a ninguém e a nada... Essa tentação é atual e permanente. Somos todos como Adão

e Eva e nos deixamos aliciar facilmente pela enganação da “serpente antiga, que se chama Diabo e Satanás, que engana o mundo inteiro” (Ap 12,9).

No período da Quaresma, preparamos a celebração da Páscoa e recordamos questões fundamentais da nossa vida cristã, para as quais devemos prestar especial atenção. A ação da “serpente antiga” e suas tentações insidiosas merecem nossa constante vigilância, “para não cairmos em tentação” (Pai Nosso). A ação do maligno e a tentação são coisas sérias. Jesus recomendou aos discípulos que vigiassem e orassem para não entrarem na tentação (cf Mt 26,41; Lc 22,40). O cristão precisa estar consciente de sua fragilidade e lutar a vida inteira contra a tentação que, no fundo, é sempre uma só: não reconhecer Deus, não obedecendo às suas leis e mandamentos, voltando as costas para Ele. Como consequência, isso leva a querer o lugar de Deus: “Sereis como Deus”.

E para nos lembrar que ninguém está livre de tentação, lemos que o próprio Jesus também foi tentado no deserto, durante os quarenta dias de sua preparação para a missão pública. O Diabo sabe que Jesus é o Filho de Deus; mesmo assim, tenta colocar dúvidas na cabeça Dele: “Se és o Filho de Deus”. É grande, a ousadia do tentador! As três tentações de Jesus são nossas

tentações também, e nós não somos o “Filho de Deus”! A terceira tentação de Jesus é a mais terrível: o Diabo promete ceder o poder e o domínio sobre o mundo, se Jesus se ajoelhasse diante dele para o adorar. Quanto engano! O Diabo não tem posse nem poder sobre o mundo para entregar a alguém. É promessa falsa. Mas a proposta é muito ousada, pedindo a Jesus, o Filho de Deus, que adore o Diabo! Literalmente, isso signi cava fazer pacto com o Diabo e “vender a alma pro Diabo”! Será que isso existe ainda hoje?

É possível vencer a tentação?

Jesus não entrou no jogo da “serpente antiga” e mandou o Diabo pro inferno, que é o lugar dele. O Papa Francisco, a propósito das tentações de Cristo, observou que não se deve negociar com o Diabo, pois ele é esperto e enganador. Perderemos sempre, se o zermos. Jesus venceu o tentador, fazendo recurso a três “defesas”, que são sugeridas a nós todos também: a penitência (jejum), a oração e a Palavra de Deus. Se nos servirmos dessas três defesas, poderemos vencer toda tentação, como Jesus venceu. Deus não nos deixa sós na nossa luta diária contra as insídias do tentador. A Quaresma é o tempo de nos exercitarmos na luta contra o espírito do mal, para permanecermos rmes e éis a Deus, no caminho da vida cristã.

2 | Encontro com o Pastor | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo
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Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br
• Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto
Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) •

‘A Quaresma é o tempo de revermos a vida cristã em todos os sentidos’

DESTACOU

O ARCEBISPO DE SÃO PAULO NA MISSA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS, NA CATEDRAL DA SÉ

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu na tarde da Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, a missa com o rito de imposição das cinzas, que marca o início do tempo da Quaresma. Na mesma ocasião, a Igreja no Brasil também abriu a Campanha da Fraternidade (CF), que, em 2023, convida à re exão sobre a fome (leia mais nas páginas 14 e 15).

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que, com essa liturgia, os católicos iniciam o caminho para a celebração da Páscoa da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, a maior de todas as celebrações da Igreja, núcleo central da fé e da vida dos cristãos.

“Hoje, somos chamados a viver um

dia de penitência e abstinência de carne… Não por um mero costume, mas um chamado sincero para que, por meio deste gesto de penitência, comecemos o nosso caminho para a conversão quaresmal”, a rmou o Arcebispo, lembrando que as cinzas impostas sobre os éis são um sinal exterior que ajuda a recordar a fragilidade da condição humana diante de Deus.

O Purpurado explicou, ainda, que a conversão signi ca “voltar-se para Deus” e por isso, ressaltou que todos têm a ne-

cessidade de revisar a própria vida e perceber se ela se orienta pelos mandamentos de Deus e pelos valores de seu Reino. “A Igreja convida à prática das obras de misericórdia, que o Evangelho recomenda e diz que sem elas não veremos a Deus… Viver as virtudes em vez dos vícios, tempo de reavivar em nós o ardor da fé, da adesão a Deus”, continuou.

CRER NO EVANGELHO

Recordando o apelo de Jesus “Conver-

tei-vos e crede no Evangelho”, o Cardeal Scherer sublinhou a necessidade de acolher sempre de novo, com renovada disposição, a Palavra de Deus. Por isso, reforçou que a Quaresma é um tempo propício para intensi car a leitura e meditação da Sagrada Escritura, receber da Igreja os ensinamentos da fé e da moral.

“A Quaresma é o tempo de revermos a vida cristã em todos os sentidos, se nós, de fato, amamos o próximo, se somos sensíveis às situações de dor e sofrimento do próximo”, disse Dom Odilo, destacando que como forma concreta do exercício da caridade quaresmal a Igreja no Brasil propõe a Campanha da Fraternidade.

“Vivamos bem esta Quaresma, de forma intensa”, exortou o Arcebispo, recordando as práticas do jejum, da esmola (caridade) e da oração como meios e cazes para a conversão e renovação do coração, para assumir a vida cristã com Jesus ressuscitado.

No m da missa, foi feito um envio simbólico para a realização da CF, com a entrega de exemplares do texto-base da Campanha a representantes das regiões e vicariatos episcopais da Arquidiocese.

Cardeal preside missa da Quarta-feira de Cinzas em igreja na zona Norte

DENILSON

No primeiro dia da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa na Paróquia Natividade do Senhor, no Setor Jaçanã da Região Episcopal Santana, tendo como

concelebrantes os Padres Andrés Gustavo Marengo, Pároco, e Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, Secretário do Arcebispo Metropolitano.

Na homilia, Dom Odilo comentou sobre a vivência da Quaresma e a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema “Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

O Arcebispo comentou que, infelizmente, muitas pessoas no Brasil não têm alimento em quantidade su ciente, uma realidade que não pode ser vista com indiferença. A rmou, ainda, que a partilha fraterna e a prática pessoal e social da justiça pode ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas que passam fome. Além disso, exortou que os éis re itam sobre os próprios hábitos para evitar o desperdício de alimentos.

O Cardeal lembrou que a Quaresma é tempo de conversão, o que signi ca mudar as atitudes e práticas que não estejam de acordo com o Evangelho e os ensinamentos da fé cristã, para que, assim, se possa chegar com o coração renovado à celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

REUNIÃO DA SUB-REGIÃO SP DO REGIONAL SUL 1

No manhã do sábado, 25, na cúria da Diocese de Santo Amaro, na zona Sul da capital paulista, aconteceu a 3ª reunião ampliada da Sub-região São Paulo do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro acontece anualmente e reúne a Arquidiocese de São Paulo com as dioceses sufragâneas: Santo Amaro, Campo Limpo, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Osasco, Santo André, Santos e São Miguel Paulista. Pela Arquidiocese, participaram o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e os bispos auxiliares. O assessor do encontro foi o Padre José Carlos Pereira, que abordou o tema “Comunidades Eclesiais Missionárias”, além de apresentar de maneira sintética e sistemática o processo sinodal.

(Com informações da Diocese de Santo Amaro)

REUNIÃO COM OS REPRESENTANTES DO LAICATO

No sábado, 25 de fevereiro, na sede da Região Ipiranga, o Cardeal Odilo Pedro Scherer se reuniu com os representantes das organizações do laicato, movimentos e associações de éis da Arquidiocese, para re etir sobre o caminho proposto para a assimilação e implementação das diretrizes pastorais resultantes do sínodo arquidiocesano. (por Redação)

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br | 1º a 7 de março de 2023 | Geral | 3
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Luciney Martins/O SÃO PAULO
ARAUJO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
EDITAL DE CONVOCAÇÃO-
Dom Odilo com os fiéis e o Pároco da Paróquia Natividade do Senhor, na Região Santana, em missa na Quarta-feira de Cinzas Cardeal Scherer durante o rito de imposição das cinzas, em missa na Catedral da Sé, dia 22 Denilson Araújo Angel Valesco

Oração Editorial

Falar de oração – uma das tradicionais obras quaresmais – ao homem moderno pode aparentar, à primeira vista, ser como vender guarda-chuvas no deserto: “suplicar pelo auxílio divino”, insinua-nos certa herança iluminista, “talvez até zesse sentido na ignorância dos antigos ou dos medievais, mas, ao homem que dominou a viagem espacial e a manipulação de seu código genético, que falta pode ainda fazer se colocar de joelhos e falar consigo mesmo?” Que pode ainda a bimilenar Igreja Católica oferecer ao homem cibernético?

Por um lado, ela reconhece, admirada, o mérito dessas “numerosas investigações cientí cas, que enriqueceram magni camente nossos conhecimentos sobre a idade e a dimensão do cosmo, a evolução dos seres vivos, [e] o aparecimento do homem” (Catecismo, nº 283) –

mas, ao mesmo tempo, adverte, em bom rigor de método, que existe “uma questão de outra ordem, que ultrapassa o domínio próprio das ciências naturais. Porque não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem” (Idem, nº 284). Como já dizia o Vaticano II, o coração do homem continua, “hoje como ontem”, preocupado pelos mesmos enigmas: “que é o homem? qual o sentido e a nalidade da vida? (...) de onde provém o sofrimento, e para que serve? qual o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? (...) nalmente, que mistério último e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?”

(Nostra Aetate, nº 1).

Mas que relação tem tudo isso com a oração? Ora, essa sede de

in nito, essa saudade de eternidade – na famosa frase de Mozart, essa aspiração ilimitada de possuir tudo aquilo que é gut, ächt und schön (“bom, autêntico e bonito”) –; em suma, este desejo de Deus é justamente o que leva o homem de todas as épocas e culturas à oração, nas mais diversas manifestações religiosas (cf. Bento XVI, Audiência Geral de 11/05/2011; Catecismo, nº 2566).

São João da Cruz, um dos grandes mestres da oração contemplativa, dizia que nós, seres humanos, temos em nosso íntimo “profundas cavernas de sentido”: nossas faculdades do intelecto, da vontade e dos sentimentos têm uma ânsia insaciável pela Verdade, pelo Bem e pela Beleza absolutas. Tragicamente, no entanto, a maioria de nós passa a vida tentando lidar com essa questão de duas formas: ou bem tentamos preencher essas cavernas in -

Opinião

A evolução biológica e a Cruz de Cristo

EDUARDO RODRIGUES CRUZ

Em uma publicação recente (“Acerca de uma obra sobre Ciência e Fé”), comentávamos a di culdade de conciliar uma visão evolutiva darwiniana do mundo e a fé cristã. Falamos que isso ressalta o valor da fé (parafraseando Hebreus 11,1, a fé é a certeza em um mundo inerentemente ambíguo, em que os dados são insu cientes para uma resolução exclusivamente racional), na centralidade da encarnação e da cruz.

Como disse São Paulo VI em uma audiência geral de 02/04/1969:

Quase poderíamos ver no Concílio uma intenção de tornar aceitável e amável o Cristianismo, um Cristianismo indulgente e aberto... Isso é verdade. Mas prestemos atenção. O Concílio não esqueceu que a Cruz está no centro do Cristianismo: “Que não se torne inútil a Cruz de Cristo” (1Cor 1,17).

Nota-se, assim, uma tensão entre o progresso e o gênio humanos, frutos de uma criação boa e de uma contínua providência, e a condição humana, nita, pecaminosa, marcada pelo orgulho e autossu ciência. Isso vale para a ciência e para a tecnologia como um todo, mas nosso

foco aqui é a teoria da evolução. Por um lado, como intuída pelo Cardeal Ravasi, a evolução segue um padrão misterioso que re ete o desígnio divino para o ser humano e o resto do mundo criado, culminando em “novos céus e nova terra”. Por outro lado, o excesso de crueldade e a ausência de um propósito claro no mundo natural fazem muitos cristãos suspeitarem de tal teoria, que parece justi car o sem-sentido dos mecanismos naturais. Isso tor-

na expressões que fazem parte da tradição cristã, como “lei natural”, “direito natural”, “teologia natural”, como passíveis de dúvida.

Mas a teoria da evolução deve ser avaliada em termos de seus próprios méritos cientí cos, e não em termos de sensibilidades que repousam sobre interpretações pouco inspiradas da tradição. É pela fé que podemos vislumbrar a ação divina por trás de fatos naturais, atestados pela ciência, em si tão opacos e ambíguos, por an-

nitas com uma sucessão in ndável de bens nitos (mergulhando sempre mais num círculo vicioso de insatisfação desespero, como naquela música Hurt, de Johnny Cash), ou tentamos “tapar” as cavernas com os tapumes improvisados das distrações do mundo, pretendendo ignorar o elefante branco no meio da sala (como naquelas peças publicitárias que o ateu Richard Dawkins fez circular nos ônibus de Londres, “Deus provavelmente não existe, então só vá e curta a vida”).

Nesta Quaresma, tenhamos então a coragem de nos voltar a Deus, de deixar-nos reconciliar com Ele (cf. 2Cor 5,20), por meio do diálogo íntimo da oração – sincera, humilde e frequente. “Só no Deus que se revela encontra pleno cumprimento a busca do homem. A oração, que é a abertura e elevação do coração a Deus, torna-se assim relação pessoal com Ele” (Bento XVI, cit.).

gustiante que seja tal fé. Da mesma forma que a contemplação do Crucicado nos conduz à glória da ressurreição, a contemplação do mal e da falta de sentido no mundo solicita de nós novas interpretações da mesma tradição. Como já dito anteriormente, isso se torna deveras urgente no âmbito da bioética, em que tecnologias compatíveis com a teoria da evolução dão margem a manipulações do ser humano que violam sua dignidade e promovem novas formas de eugenia.

O dom e a gratuidade da vida são abafados pela ânsia de controle do destino humano. É contra tais interpretações redutoras da teoria da evolução que uma vez mais nos recordamos da pertinência da cruz de Cristo, ou seja, que nossa apreciação de tudo o que de bom a ciência e a tecnologia nos oferece não nos torne cegos e indiferentes diante do egoísmo humano. É certo que a teoria da evolução serviu a muitas formas de ateísmo nos últimos 150 anos, mas o testemunho autêntico não é negá-la e sim apreciá-la aos olhos da fé cruciforme.

4 | Ponto de Vista | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
As opiniões expressas na seção“Opinião”são de responsabilidade do autor e não re etem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO
Arte: Sergio Ricciuto Conte EduardoRodriguesCruzé professor titular do Departamento de Ciência da Religião da PUC-SP, tendo graus avançados em Física eTeologia; publicou extensamente sobre o relacionamento entre ciências naturais e fé cristã.

NOMEAÇÃO DE SECRETÁRIO DO ARCEBISPO DE SÃO PAULO:

Em 25/01/2023, foi nomeado como Secretário e Assistente do Arcebispo de São Paulo, o Reverendíssimo Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, a partir de 01/02/2023, até que se mande o contrário.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro Jardim Tremembé, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Benedito Raimundo de Siqueira, CEAM, pelo período de (06) seis anos

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, no bairro de Vila Guilherme, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Antônio Pedro dos Santos, pelo período de (06) seis anos

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga, no bairro Vila Santa Maria, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Edson Fernandes, pelo período de (06) seis anos

Em 07/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no bairro Chácara Mafalda, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Leonardo Venício de Araújo Silva, pelo período de (06) seis anos

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Sagrada Face, no bairro Jardim Aricanduva, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Raphael Marchi Farias, MPS, pelo período de (06) seis anos

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no bairro do Parque Bancário, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Francisco de Assis Miguel, C.Ss.R., pelo período de (06) seis anos

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São João Batista, no bairro Jardim Colonial, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Itamar Roque de Moura, SDS, pelo período de (06) seis anos

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL:

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial da Paróquia Santo Antônio, no bairro Bancários, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Edson José do Sacramento, CSSp

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial da Paróquia São Roque, no bairro Imirim, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Marcos Alves de Oliveira

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro Vila Prado, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Edson Fernandes

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:

Em 03/02/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, no bairro de Sapopemba, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Frei José Edison Biázio, OFMCap., pelo período de (03) três anos

Em 01/02/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores e São Peregrino, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, do Reverendíssimo Frei Fábio Luiz Ribeiro, OSM, pelo período de (01) um ano

Atos da Cúria

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL:

Em 16/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia São Marcos Evangelista, no bairro Parque São Rafael, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Joji Raju, SVD, pelo período de (01) um ano

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro Vila Prado, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre José David Ramírez Velásquez

Em 07/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Área Pastoral Missionária São José Operário, Paróquia Santo Emídio, no bairro da Vila Prudente, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Marcos Brendan Foley, CSSp, pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, no bairro da Mooca, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Adil da Silva, CSS, pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Área Pastoral Nossa Senhora das Flores, Paróquia Santo André Apóstolo, no bairro Parque das Flores, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Pedro Duan Yuping, SVD, pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no bairro do Parque Bancário, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Cristóvão Mamala, C.Ss.R., pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Glória, no bairro da Vila Bela, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Leomar Bucouski, OSBM, pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia São João Batista, no bairro Jardim Colonial, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Edgard Augusto Casallas Saavedra, SDS, pelo período de (01) um ano

Em 03/02/2023, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Área Pastoral São João Paulo II, Paróquia Divino Espírito Santo, no bairro da Vila Portuguesa, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Wojciech Andrzej Erwinski, CSSp. (Padre Adalberto Erwinski, CSSp.), pelo período de (01) um ano

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:

Em 03/02/2023, foi prorrogada a nomeação e provisão como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e São Roque, no bairro Sapopemba, na Região Episcopal Belém, do Reverendíssimo Padre Francisco Erlânio Gomes Ribeiro, pelo período de (01) um ano

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE CAPELÃO:

Em 14/02/2023, foi nomeado e provisionado como Capelão da Capela do Hospital São Camilo Oncologia, no bairro da Mooca, na Região Episcopal Belém, o Reverendíssimo Padre Renato Prado de Faria, MI, pelo período de (03) três anos

Em 10/02/2023, foi nomeado e provisionado como Capelão da Capela do Hospital São Camilo Ipiranga, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, o Reverendíssimo

Padre Renato Prado de Faria, MI, até que se mande o contrário.

Em 31/01/2023, foi nomeado e provisionado como Capelão do Centro Universitário São Camilo de São Paulo, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Padre Lucas Rodrigo da Silva, MI, pelo período de (02) dois anos

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE ECLESIÁSTICO DE PASTORAL:

Em 01/02/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Eclesiástico da Pastoral das Secretárias da Região Lapa o Reverendíssimo Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, pelo período de (02) dois anos

Em 01/02/2023, foi nomeado e provisionado como Coordenador Regional de Pastoral da Região Lapa o Reverendíssimo Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, pelo período de (02) dois anos

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE COLABORADOR PASTORAL:

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Colaborador Pastoral da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, no Setor Tucuruvi, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Benedito Ferreira Borges

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL:

Em 15/02/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz, no bairro Vila Ida, na Região Episcopal Lapa, o Diácono Permanente Cláudio Bernardo da Silva, pelo período de (02) dois anos

Em 09/02/2023, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Inês, no bairro Lausane Paulista, na Região Episcopal Sant’Ana, o Diácono Permanente Márcio Cesena, pelo período de (01) um ano

POSSE CANÔNICA:

Em 19/02/2023, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga, no bairro Vila Santa Maria, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Edson Fernandes

Em 12/02/2023, foi dada a posse canônica

como Pároco da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no bairro da Bela Vista, na Região Episcopal Sé, ao Reverendíssimo Padre Roberto Silva, PODP

Em 12/02/2023, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no bairro da Bela Vista, na Região Episcopal Sé, ao Reverendíssimo Padre Altamir Gabriel Jonas da Silva, PODP

Em 12/02/2023, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santíssima Trindade, no bairro do Conjunto Habitacional Recanto dos Humildes, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre José Miguel Portillo, CSSp

Em 12/02/2023, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro da Cidade Vargas, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Benedito Vicente de Abreu

Em 11/02/2023, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Sião, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre José Lino Mota Freire

Em 11/02/2023, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Sião, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Frei José Maria Mohomed Junior, O. De M

Em 10/02/2023, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, no bairro da Vila Miriam, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Armênio Rodrigues Nogueira

Em 04/02/2023, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, no bairro da Água Funda, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Je erson Mendes de Oliveira

DEMISSÃO DE ESTADO CLERICAL:

Em 03/02/2023, foi realizada a noti cação do Rescrito com o qual o Santo Padre, o Papa Francisco, através do Dicastério para o Clero, decidiu pela demissão do estado clerical, com a dispensa do sagrado celibato e das obrigações conexas à Sagrada Ordenação, ao Sr. Enivaldo dos Santos Vale.

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Divulgação

Acaminhada do cristão é repleta de altos e baixos, alegrias e tristezas, sabores e dissabores, e que devem nos impelir a trilhar o bom caminho. Porém, vez ou outra, falamos o que não devemos, fazemos o que deveríamos rejeitar, acabamos por nos desviar de tal trilha e, quando nos damos conta, nos recobramos da necessidade de retomar o passo. Nesse aspecto, o tempo da Quaresma, que se iniciou na Quarta-feira de Cinzas, apresenta este caráter peculiar de verdadeiro balanço de nossas vidas. Nessa perspectiva, a

profecia de Joel é eminente ao destacar a necessidade de uma conversão interior e não super cial, uma atitude de verdadeira e íntima renovação com o Senhor, um olhar abrangente que extrapole os limites da aparência e atinja as bras mais profundas de nosso ser: “Rasgai o coração, e não as vestes; voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13).

A conversão para com Deus também atinge os irmãos, visto que nossas ações não são isoladas do mundo, mas sempre resvalam na pessoa do outro. Assim, a Campanha da Fraternidade (CF) é uma iniciativa perspicaz no intuito de nos conscientizar sobre como nossas ações têm impactos signi cativos na vida das pessoas. Em 2023, a CF visa a descerrar nossos olhos para uma das mais latentes mazelas sociais: a fome. Com o tema “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), somos impulsionados a, a partir do Evangelho, nos perguntarmos o que temos nós a ver com isso? Diante da pandemia que a

Espiritualidade ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ Comportamento

aldeia global está superando, como não nos lembrarmos das cenas lastimáveis de multidões em las para receber pedaços de ossos ou que se humilhavam nas ruas por um prato de comida?

Em meio a tanta injustiça, porém, como foi bom ver muitos irmãos e irmãs, muitas comunidades acolherem tal desa o para si e atenderem, dentro de suas possibilidades, a tais situações de verdadeiro descarte social por meio de ações concretas que visavam a minorar tamanhas desigualdades. Contudo, engana-se quem pensa que está tudo superado. Ainda são notórios os efeitos deletérios de algo que foi agravado com a recente pandemia. Muitas são as causas da fome no País que é considerado o celeiro do mundo, mas a CF 2023 vem também re etir as possibilidades para se acolher, investir, estimular, reconhecer e mobilizar esforços para transpor tais disparidades.

Do mesmo modo, dar de comer

a quem tem fome ultrapassa a ação de partilharmos do que temos para com os outros materialmente, o que é bom, mas também implica olharmos para nossos irmãos e irmãs e partilharmos o que não é material a partir da ótica de Jesus, como nossa atenção, afeto, respeito e esperança. O apóstolo São Paulo a rma que todos “somos embaixadores de Cristo” (2Cor 5,20), e, se de fato somos, devemos testemunhar este Deus de quem todos temos fome e sede e, assim, sermos fonte de verdadeira partilha aos irmãos.

Além do mais, dentro da dinâmica quaresmal, que o jejum, a esmola e a oração nos permitam uma aproximação mais íntima do Senhor, a transformar as estruturas do velho homem e a irradiar aos demais irmãos uma autêntica mudança de vida. E que, nesta Quaresma, com os olhos xos em Jesus e inspirados pela CF 2023, compreendamos que no mundo somos a alentadora partilha, o milagre do amor.

Este é o primeiro de dois artigos que pretendo escrever sobre a nova era da inteligência arti cial (IA). Neste, focarei a IA conversacional; no próximo, sobre os modelos ligados à criação e criatividade.

Fico à vontade em falar sobre esse tema, intimamente ligado à minha atividade pro ssional. Em nossa empresa, temos produtos que utilizam recursos de IA e caso de reconhecimento internacional.

Os recursos de IA disponíveis até aqui possuíam uma característica em comum. Eram treinados para realizar tarefas muito especí cas como, por exemplo, reconhecer números manuscritos.

No processo de treinamento, coletamos exemplos do algarismo “um”, escrito por milhares de pessoas, e indicamos para o modelo que se trata do numeral “1”. E fazemos assim com todos os algarismos de zero a nove. Depois, avaliamos a capacidade da inteligência em acertar, comparando com uma base grande de casos em que sabemos a resposta certa.

Fazemos isso repetidas vezes até ter um índice de acerto desejado.

Com esse método, geramos modelos para reconhecimento facial, reconhecimento de objetos, intepre-

tação de linguagem humana, entre outras.

Nos últimos anos, aplicamos esses recursos aos chats conversacionais. O objetivo era evitar aqueles “bots” que só apresentam botões e opções que nunca são o que você precisa.

Contudo, para um diálogo uído, é necessário razoável esforço no treinamento do conhecimento especíco, atendimento de uma empresa, reserva de vaga em hotel e sua posterior otimização.

Uma das novidades do momento começou a emergir para o público em 2022. São modelos de chats conversacionais com IA que já foram treinados usando uma massa de dados extraordinariamente grande.

Por isso, ela é capaz de conversar sobre qualquer assunto de conhecimento público relevante, naturalmente, que fez parte dos dados com os quais foi treinada.

Perguntei diretamente para essa IA sobre o que ela sabe e me respondeu:

“Não tenho habilidades sensoriais, emoções ou personalidade, e minha base de conhecimento é limitada ao material a que fui treinado. Tenho conhecimento de informações gerais e fatos especí cos que estavam disponíveis até 2021, mas pode haver informações e contextos mais recentes de que eu não esteja ciente. Além disso, ao ser

treinado em milhões de textos da web, também pode haver informações incorretas ou desatualizadas em minha base de conhecimento”.

Mas, por que essa informação pode ser importante no contexto desta coluna? Como tudo na vida, e em especial nos dias de hoje, o problema não é o que se vê, mas o que não se vê.

Desde que comecei a trabalhar com isso há alguns anos, sempre me preocupei em analisar a questão do viés. Mas como isso tem relação com o uso dessas tecnologias?

Convenhamos, o nome “inteligência” é puro marketing. Como vimos na explicação, trata-se de uma “máquina de computação” que é capaz de reproduzir com precisão, usando seu modelo matemático, aquilo com que foi treinada.

Como vimos na resposta direta, ela não tem “habilidades sensoriais, emoções ou personalidade”. Mas lhe faltam outras coisas: moral e valores humanos. Ela não tem como saber o que é certo ou errado. Vai reproduzir com base naquilo com que foi treinada.

Se na base de treinamento utilizarmos apenas textos de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Santa Catarina de Sena ou outros doutores da Igreja, ela irá nos responder com a grande sabedoria destes, mas não conhecerá a santidade.

Ora, se no cinema e na mídia em geral vemos tanto viés ideológico embarcado, como saber com que fonte de dados estas tecnologias estão sendo treinadas? Num mundo relativista e tão anticristão, todo cuidado é pouco!

Eu mesmo já vi uma ativista LGBT reclamando que a nova tecnologia responde com “viés de gênero”. Ela perguntou e a IA respondeu que “não tem um gênero ou identidade de gênero”. Mas a ativista não se satisfez, criticou que, apesar da resposta, a tecnologia se referiu a si mesma como “ele”. Mas não é apenas sobre moral, é também sobre conhecimento. Sobre a história do Brasil que sabemos, por exemplo, o que é verdade?

Imaginem, num futuro próximo, crianças perguntando sobre qualquer tema para esta IA tendo sido orientadas que dali só se obtém verdades.

Conhecedores da verdade, que é o Cristo, não deixemos nos levar e obedeçamos a Jesus:

“Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a m de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para carem de pé diante do Filho do Homem” (Lucas 21,36)

LuizViannaé engenheiro, pós-graduado em Marketing e CEO da Mult-Connect, uma empresa de tecnologia. Autor dos livros“Preparado para vencer” e“SocialTransformationeseuimpactonosnegócios”, é também músico e pai de três lhos.

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DA

BELÉM

‘Conversão é voltar-se para o Senhor’, diz Dom Cícero na Quarta-feira de Cinzas

FERNANDO ARTHUR E KAIQUE MAZAIA COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No dia 22 de fevereiro, Dom Cícero Alves de França presidiu a missa da Quarta-feira de Cinzas na Paróquia Santo André Apóstolo, no Jardim Santo André. A celebração, com grande participação de éis, foi concelebrada pelo Padre Neidson Gomes, Pároco.

Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém destacou que o tempo da Quaresma, aberto pela celebração das cinzas, é um grande retiro, um tempo de se voltar para o Senhor. “A conversão é abrir mão de muitas coisas que nos prendem, de nos voltarmos para Jesus Cristo”, e lembrou que conversão também

signi ca mudança radical de vida. “Se sou mau, passo a ser bom; se sou invejoso, luto para não ser mais assim; se guardo rancor, ao encontrar Jesus, mudo totalmente a minha vida.”

Dom Cícero também abordou a Campanha da Fraternidade, que tem como tema “Fraternidade e fome”, dizendo que “é vergonhoso, em um país que se diz cristão, muitas pessoas ainda morrerem de fome”. O Prelado também ressaltou que não basta somente dar uma cesta básica ou um alimento aos mais pobres, mas também se deve perguntar por que existe a fome. “É lutar por políticas públicas. Um cristão, convencido de sua fé, transforma o mundo, transforma as realidades onde está inserido.”

[BELÉM] No sábado, 25 de fevereiro, a Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Jardim Sinhá, acolheu, em missa presidida por Dom Cícero Alves de França, o novo Pároco e o novo Vigário Paroquial, respectivamente os Padres Francisco de Assis Miguel, C.Ss.R., e Cristóvão Mamala, C.Ss.R. A celebração contou com a presença de padres e seminaristas redentoristas. (por Fernando Arthur)

[SÉ] Organizado pela Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo, em parceria com a Paróquia San Gennaro, aconteceu, entre os dias 19 e 21 de fevereiro, a 29ª edição do “Alegrai-vos” – Encontro de Carnaval 2023. A atividade teve como tema “Desperta! Em Jesus, Deus te escolheu” (Ef 1,4-5). O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a missa de encerramento, tendo entre os concelebrantes o Padre Wellington Laurindo, Pároco. O Arcebispo destacou a necessidade de que todos se coloquem a serviço daqueles que mais necessitam e de olhar a beleza de uma vida simples.

(Com informações da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de São Paulo)

[BRASILÂNDIA] Durante missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, no dia 19 de fevereiro, no Rincão Vocacional Santo Aníbal, foi apresentado o Padre Airton Almeida, RCJ (o 3º na foto, da esquerda para a direita), como o novo Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Morro Doce, e o Padre Anderson Teixeira, RCJ (o 4º na foto, da esquerda para a direita), como o novo Vigário Paroquial. Concelebrou o Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, Pároco da Paróquia Cristo Rei, na Anhanguera. Após a celebração, houve um almoço em comemoração do 20° aniversário de ordenação sacerdotal do Padre Airtonº (por Fernando Oliveira)

[BELÉM] Na sexta-feira, 24 de fevereiro, na Paróquia Santo Antônio de Pádua, na Chácara Mafalda, aconteceu a missa em que o Padre Leonardo Venício de Araújo Silva foi empossado como Pároco. A celebração, presidida por Dom Cícero Alves de França, contou com a presença de padres atuantes na Região Belém. (por Elaine Aparecida Franco Magri)

[SÉ] No dia 19 de fevereiro, o Frei Carlos José Coltri, OFMCap., foi empossado como Pároco da Paróquia Imaculada Conceição, na Bela Vista, Setor Cerqueira César, em missa presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada por diversos sacerdotes. A celebração contou com a presença de paroquianos e familiares do novo Pároco. (porPascomparoquial)

[BRASILÂNDIA] No dia 19 de fevereiro, houve a apresentação e acolhida do Padre Robinson Sérgio dos Santos, CRL (o 1º na foto, da esquerda para a direita), como Vigário Paroquial da Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, no Jardim Rincão. A missa foi presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap., e concelebrada pelos Cônegos Regulares Lateranenses: Padre Mário Tadeu Paulino, CRL, Provincial; Padre Sérgio Antônio Bernardi, CRL, Pároco; Padre Deolindo Almeida Tenório, CRL, e Padre Dorival Ferreira Leite, CRL.

(por Patrícia Beatriz Lopes)

[IPIRANGA] Em 14 de fevereiro, o clero atuante na Região Ipiranga esteve reunido para seu encontro geral. Na ocasião, houve formação sobre a Campanha da Fraternidade de 2023, ministrada pelo Professor Mestre Nei Márcio Oliveira de Sá. (por Karen Eufrosino)

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Kaique Mazaia Wallace Moraes Airton Almeida Pascom paroquial Pascom paroquial Padre Cristopher Velasco Patricia Beatriz Lopes Renovação Carismática Católica

BRASILÂNDIA

Abertura da Campanha da Fraternidade reúne multidão de fiéis

SUELI VILARINHO E TAÍSE CORTÊS COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Mais de mil pessoas estiveram presentes ao Santuário Sião Jaraguá (também conhecido como Santuário da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt), no domingo, 26 de fevereiro, para a abertura na Região Brasilândia da Campanha da Fraternidade (CF) 2023, sob o tema “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16).

O evento contou com a presença de Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia; do Padre Júlio Lancellotti, Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua; do Padre Luciano Andreol, SMM, Coordenador Regional da CF; membros da Sociedade de São Vicente de Paulo (Vicentinos); e do clero atuante na Região, religiosos, seminaristas e leigos.

Diversos símbolos, como uma cruz, uma faixa com o lema da Campanha e panelas vazias foram utilizados para conscientizar os presentes sobre o agelo da fome, a falta de dignidade alimentar no Brasil e o compromis-

so de cada um para mudar esta realidade.

A mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023, com a sua bênção apostólica, foi lida pelo Padre Cilto José Rosembach, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, Setor Jaraguá.

Houve um ato penitencial e, após a leitura do Evangelho (Mt 14,13-21) que motiva a CF deste ano, o Padre Júlio Lancellotti exortou a todos: “A CF não é para cobrir a Quaresma e sim para produzir compromisso e conversão. Qual é o compromisso de conversão que exige e pede

que se acabe com a fome? Não é mais possível tolerar viver numa cidade que tem gente comendo em saco de lixo ou tomando água em sarjeta. Vemos isso numa cidade rica como São Paulo, extremamente desigual, marcada pela injustiça”.

“Fraternidade sem fome”: essa é a proposta de Padre Júlio para reforçar de forma mais concreta o tema da Campanha. O Sacerdote ainda destacou a importância de os cristãos se colocarem a serviço dos pobres e fragilizados.

“Precisamos ter discernimento, e a partir de Jesus, a partir do amor. Não é

o prestígio, não é a riqueza, é a pequena comunidade feita de servidores que não descarta ninguém.” E concluiu: “Garantir e conviver. Só estaremos mais próximos dos mais pobres se houver convivência. Vocês sabem disso. Por que estão aqui hoje? Estar juntos e partilhar um sonho, vivenciar a Quaresma vale o sacrifício de sair de casa. O Papa Francisco diz que o melhor pão é o partilhado. Eu digo: pão partilhado tem gosto de amor. Partilhem o pão!”.

Houve, ainda, testemunhos dos Vicentinos e, ao nal da celebração, foi feito um convite pelo Cônego José Renato Ferreira, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, para a participação na Via-Sacra das Pastorais, no dia 1º de abril, que será feita a pé pelas ruas da região. Como gesto concreto desta celebração, houve a arrecadação de mais de 1 tonelada de alimentos não perecíveis, que foram entregues em procissão pelos participantes após a entrada das imagens de São Vicente de Paulo, Santo Antônio, São Benedito e Santa Dulce dos Pobres, e serão destinados aos Vicentinos da Região para serem doados às famílias necessitadas.

[LAPA] A Paróquia Santa Luzia, na Vila Jaguari, Setor Pirituba, promoveu um retiro para os crismandos entre os dias 17 e 19 de fevereiro, na Casa São Paulo, em Embu das Artes (SP), conduzido pelo Padre Eduardo Augusto de Andrade, Pároco. Durante a atividade, houve a celebração eucarística presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade. (por Benigno Naveira)

[SANTANA] Em 19 de fevereiro, o Cardeal Scherer presidiu missa na Paróquia São Luiz Gonzaga, Setor Casa Verde, durante a qual deu posse ao novo Pároco, o Padre Edson Fernandes. Concelebraram os Padres Marcos Luís Erustes Polonio, José David Ramirez Velasquez e João Carlos Justino, assistidos pelos Diáconos Franco Antonio Abelardo e Ailton Machado Mendes. (por Pascom Santana)

[BELÉM] No dia 16 de fevereiro, tomou posse como Pároco da Paróquia Sagrada Face, no Aricanduva, o Padre Raphael Marchi Farias, MPS, em missa presidida por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém. A celebração contou com a presença de padres da Congregação dos Missionários da Providência Divina e de sacerdotes que atuam na Região. (por Fernando Arthur)

[SANTANA] No sábado, 25 de fevereiro, em celebração eucarística, foi empossado o Padre Lucas Antônio Gobbo Custódio, CR; como Pároco da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, Setor Jacanã. A missa foi presidida pelo Cardeal Scherer e concelebrada pelo Prepósito Provincial, Padre Rafael Tadeu Dias Machado, CR.; Padre Bruno dos Reis Paula, CR; Padre Guilherme Alves dos Santos, CR.; Padre Douglas Eurenides Modesto, CR; Padre Jhonatan César Malta Natario, CR; Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho; assistidos pelo Diácono José Lorenzo de Maria, CR. A celebração contou com número expressivo de leigos da Paróquia São Geraldo e membros da Comunidade Teatina de Guarulhos (SP). (por Denilson Araújo)

[LAPA] A Comissão de Animação Bíblico-Catequética regional promoveu, na quinta-feira, 23 de fevereiro, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, o encontro dos agentes da Pastoral da Catequese da Região Lapa, com a presença de 80 deles, conduzido por Dom José Benedito Cardoso e com a participação do Padre Geraldo Raimundo Pereira, Assistente Eclesiástico da Comissão de Animação Bíblico-Catequética. (por Benigno Naveira)

[BRASILÂNDIA] No dia 16 de fevereiro, Dom Carlos Silva, OFMCap., presidiu a missa na Paróquia Cristo Rei, na Anhanguera, por ocasião de um tríplice aniversário: no mesmo dia, comemoraram-se os 32 anos de ereção canônica da Paróquia, os 38 anos de vida do Padre Orisvaldo da Silva Carvalho (à esquerda do Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia) e um ano de sua posse como Pároco. Concelebraram, além do próprio Pároco, o Padre Genésio de Morais, Vigário Paroquial; o Padre Carlos André Romualdo, Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, da Região Belém; e o Frei Luiz Fernando Turque Duarte, OFMCap. (por Seminarista Gil Pierre Herck)

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Taíse Cortês Lucimar Rodrigues dos Santos Pascom paroquial Paulo Ramicelli Pascom Santana Nilson Araujo

Celebração eucarística marca a criação de Comunidade Eclesial Missionária

KAREN EUFROSINO COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Uma nova Comunidade Eclesial Missionária (CEM) está nascendo no Jardim Santa Emília, pertencente à Paróquia São Bernardo de Claraval, Setor Anchieta. A CEM será sediada no Centro de Assistência Social Santo Agnelo (Cassa), no espaço que abriga a Casa da Criança e do Adolescente (CCA) Santo Agnelo e o Centro de Educação Infantil (CEI) São Bernardo, que atendem cerca de 200 crianças e adolescentes e cujo diretor é o Padre Pedro Pereira, hoje Pároco da Paróquia Santo Antônio, Setor Ipiranga.

Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-

gião Ipiranga, presidiu missa no Cassa no sábado, 25 de fevereiro, sendo concelebrante o Padre Hernane Módena, Pároco da Paróquia São Bernardo de Claraval.

Na celebração, estiveram presentes as famílias das crianças e adolescentes atendidos pelo Cassa, bem como moradores das proximidades.

Os paroquianos de São Bernardo estão dedicando esforços na implantação da CEM e um grupo missionário está em formação para fazer visitas aos moradores do Jardim Santa Emília e apresentar a nova comunidade missionária, convidando-os para as celebrações eucarísticas que acontecerão a cada 15 dias no espaço do Centro Social.

Memorial é inaugurado no Santuário São Judas Tadeu

No dia 18 de fevereiro, foi abençoado e inaugurado um memorial com 45 painéis contendo fotos históricas da Paróquia-Santuário São Judas Tadeu.

Na missa, o Padre Daniel Aparecido de Campos, SCJ, Pároco e Reitor, disse que a inauguração do memorial é um momento histórico e motivo para render graças a Deus neste tempo de reconciliação e misericórdia que é o ano jubilar, além de recordar a riqueza espiritual do Santuário.

“Quantas pessoas já passaram por aqui desde a criação da Paróquia, há 83 anos, e sendo Santuário há 25 anos, como um oásis da presença de Deus na cidade. A beleza não está no exterior, mas no conteúdo, isto é, está em você que está aqui celebrando neste momento; está na fé que nos move, caminhando para o Eterno,

pois justamente é essa fé que nos mantém.”

De acordo com o Sacerdote, o intuito do memorial é mostrar que a comunidade amadureceu por dentro, com lembranças de pessoas que deixaram marcas.

Para que novos projetos de obras sejam executados, a colaboração dos éis

é fundamental. Os painéis expostos no memorial, por exemplo, poderão ter o patrocínio dos éis que quiserem contribuir, bastando entrar em contato pelo e-mail: graziela@saojudas.org.br.

(porDepartamentodeComunicação doSantuárioSãoJudasTadeu)

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, em missa presidida no domingo, 26 de fevereiro, conferiu ao Padre Luiz Claudio Oliveira, CM, a posse como novo Pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, Setor Anchieta. Concelebrou o Padre Joélcio Sabot, CM, com a assistência dos Diáconos Anivaldo Blasques e Feliciano Bonitatibus Neto, além do Diácono Seminarista Alysson Carvalho. (por Adriano Blasques)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 25 de fevereiro, na Paróquia São José, na Vila Palmeira, Setor Freguesia do Ó, aconteceu o 7° Congresso do Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Região Brasilândia, cujo tema foi “Avancem para águas mais profundas” e o lema “Lancem as redes para a pesca” (Lc 5,4). Além de muitos casais do ECC, padres e vários palestrantes, a atividade contou também com a presença de Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. (por Anderson Figueiredo dos Santos e Júlio Cesar)

[LAPA] Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, presidiu missa na Paróquia Santa Terezinha, no Jardim Regina, Setor Pirituba. (por Benigno Naveira)

[BELÉM] No dia 18 de fevereiro, Dom Cícero Alves de França presidiu missa na Paróquia São Marcos Evangelista, no Parque São Rafael, durante a qual o Padre Joji Raju, SVD, foi apresentado como Vigário Paroquial. A celebração foi concelebrada pelos Padres Irineu Dossou, Pároco; José Dillon, Vigário Paroquial, e Miguel McGuiness, representando o provincialato da Congregação dos Missionários do Verbo Divino. (por Fernando Arthur)

[IPIRANGA] Na sexta-feira, 24 de fevereiro, aconteceu, na Região Ipiranga, a missa de abertura da Campanha da Fraternidade (CF) 2023, com o lema “Dai-lhes vós mesmo de comer”, na Paróquia Imaculada Conceição, no Ipiranga, com a presença de padres e leigos atuantes na Região. A celebração foi presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, que destacou, na homilia, a importância da participação ativa na CF, e ressaltou os trabalhos desenvolvidos por paróquias, pastorais e entidades católicas no combate à fome. (por Karen Eufrosino)

[IPIRANGA] As coordenações paroquiais de Catequese da Região Ipiranga estiveram reunidas na quinta-feira, 23 de fevereiro, na Cúria Regional, para o encontro sobre as diretrizes para o ministério da Catequese. A atividade contou com a presença de Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga; do Padre José Lino Mota Freire, Assistente Eclesiástico da Catequese na Região; e do Frei José Maria Mohomed Júnior, Coordenador Regional de Pastoral. (por Karen Eufrosino)

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IPIRANGA
Vanessa dos Santos Souza Adriano Blasques Departamento de Comunicação do Santuário São Judas Tadeu Márcio Wilians Santos Pascom paroquial Pascom paroquial Frei José Maria Mohamed Karen Eufrosino

Agentes de pastoral concluem curso de Teologia

BENIGNO NAVEIRA COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Após quatro anos e meio de estudos, 17 alunos receberam o certi cado de conclusão do Curso de Teologia para Agentes de Pastoral (CTAP), no sábado, 25 de fevereiro, em solenidade na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Hamburguesa, Setor Leopoldina. O curso existe há 28 anos e já formou 40 turmas.

Os formandos convidaram o Padre Geraldo Raimundo Pereira, Pároco da Paróquia Rainha da Paz, Setor Leopoldina, e professor do CTAP, como para-

ninfo, e escolheram como lema para a formatura o seguinte versículo bíblico: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados lhos de Deus” (Mt 5,9).

A entrega dos certi cados aconteceu após a celebração litúrgica presidida por Dom José Benedito Cardoso, que teve como concelebrantes os Padres Flávio Heliton da Silva, Pároco, e Geraldo Raimundo Pereira.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa lembrou aos novos teólogos a responsabilidade missionária que o conhecimento adquirido traz consigo e a necessidade de colocá-lo a serviço da felicidade humana e do bem comum.

[LAPA] No sábado, 25 de fevereiro, no Instituto Teológico Pio XI, no Alto da Lapa, foi realizado o encontro de formação dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão (MESCs), conduzido pelo Padre Ernandes Alves da Silva Júnior, Assistente Eclesiástico dos MESCs da Região Lapa, e pelo Padre Álvaro Moreira Gonçalves, Coordenador dos MESCs da Região Brasilândia. Houve a participação de mais de 550 pessoas de ambas as regiões, que assistiram à palestra do Padre Carlos Alberto Contieri, Reitor da Igreja São José de Anchieta, no Pateo do Collegio, sobre o tema “Liturgia Eucarística”. (por Benigno Naveira)

[IPIRANGA] No domingo, 26 de fevereiro, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, conferiu ao Padre Gilmar Souza da Silva, NDS, a posse canônica como Pároco da Paróquia São José, no Ipiranga. Concelebraram alguns padres da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion, entre eles os Padres José Maria Leite, NDS, Superior-Geral, e Benedito Donizetti Vieira, NDS, que esteve à frente da Paróquia até o momento como Administrador Paroquial. (por Andrea Cocco)

[SÉ] A Equipe Regional de Liturgia da Região Sé promoveu, entre os dias 14 e 16 de fevereiro, o encontro de formação à luz da carta apostólica Desiderio desideravi, do Papa Francisco, que versa sobre a formação litúrgica do povo de Deus. O evento foi conduzido pelo Padre Helmo Cesar Faccioli, Assessor Eclesiástico da Dimensão Litúrgica da Região, e contou com a colaboração da Irmã Ivonete Kurten, FSP. Dom Rogério Augusto das Neves também esteve presente e agradeceu aos cerca de 60 participantes por se colocarem a serviço da Igreja. A próxima formação litúrgica deve acontecer entre os dias 12 e 14 de setembro.

[BELÉM] A Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, na Mooca, acolheu, no dia 19 de fevereiro, seu novo Vigário Paroquial, Padre Adil da Silva, CSS, em missa presidida por Dom Cícero Alves de França..

[SÉ] Em missa presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, em 18 de fevereiro, o Padre Emerson Medeiros, SDB, tomou posse como Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Setor Bom Retiro. (por Centro de Pastoral da Região Sé)

[BELÉM] Dom Cícero Alves de França presidiu, no dia 19 de fevereiro, na Paróquia Santa Bernadette, na Vila IVG, a missa em que apresentou o novo Vigário Paroquial, Padre Elias Honório de Castro. Concelebrou o Padre Túlio Felipe de Paiva, Pároco. (por Fernando Arthur)

(por Pascom paroquial)

(por Irmã Ivonete Kurten, FSP) [SÉ] No dia 19 de fevereiro, o Padre Tiago Gurgel do Vale foi apresentado como Administrador Paroquial da Paróquia Santa Francisca Xavier Cabrini, Setor Santa Cecília, durante missa presidida por Dom Rogério Augusto das Neves. Concelebraram os Padres Luiz Fernando de Oliveira, Capelão da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos; e Sérgio Lucas Câmara, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe do Salvador –Cruz Torta. (porPascomparoquial)

[SANTANA] Na sexta-feira, 24 de fevereiro, na Paróquia São Miguel Arcanjo, Setor Casa Verde, o Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa na qual houve a apresentação do Padre José David Ramirez Velásquez como Vigário Paroquial. Concelebrou o Padre Edson Fernandes, que será o Administrador Paroquial, e o Padre Luiz Tose, Secretário do Arcebispo Metropolitano. (por Simone Arruda)

[SANTANA] Em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, tomou posse como Pároco da matriz da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação e da Capela São José, Setor Vila Maria, na manhã do domingo, 26 de fevereiro, o Padre Antônio Pedro dos Santos (à esquerda do Arcebispo Metropolitano). Concelebraram os Padres Luiz Claudio Vieira, Luiz Izidoro Molento, João Henrique Novo do Prado, Francisco Ferreira da Silva, Eduardo Higashi, Luiz Tose e Fausto Marinho. Eles foram assistidos pelos Diáconos Permanentes Eduardo Ricardo V. Sierra e José Jindarley Santos da Silva. Participaram os parentes do Padre Antônio, paroquianos da matriz e da Capela São José e os éis da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, onde foi Pároco anteriormente. (por Fernando Fernandes)

[BELÉM] No domingo, 26 de fevereiro, em missa presidida por Dom Cícero Alves de França na Área Pastoral Missionária São José Operário, na Favela da Vila Prudente, o Padre Marcos Brendan Foley, CSSp (à esquerda do Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém), foi apresentado como Vigário Paroquial da Paróquia Santo Emídio e responsável pela Área Pastoral. A celebração contou com a presença de padres da Congregação do Espírito Santo e também daqueles atuantes na Região Belém, além de éis das comunidades que compõem a Área Pastoral e da Paróquia Santíssima Trindade, na Região Brasilândia, da qual Padre Marcos era Pároco. (por Fernando Arthur)

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LAPA
Benigno Naveira Benigno Naveira Andrea Cocco Pascom paroquial Pascom paroquial Pascom paroquial Hilton Felix Pascom paroquial Fernando Fernandes

Um dia com os moradores da Vila Reencontro

INSPIRADAS NO MODELO INTERNACIONAL HOUSING FIRST (MORADIA PRIMEIRO), ESPAÇO MANTIDO PELA PREFEITURA DE SÃO

PAULO NA ZONA NORTE DA CIDADE TEM CASAS

MODULARES PARA

MORADIA PROVISÓRIA

A QUEM ANTES VIVIA NAS RUAS

IRA ROMÃO

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Há dois meses, Gilmara Gonçalves, 36, tem como endereço a Vila Reencontro Cruzeiro do Sul, localizada no Canindé, zona Norte da capital paulista. Esta é a residência atual de 102 pessoas, sendo 43 delas crianças de até 12 anos.

A unidade, primeira Vila a ser inaugurada pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), integra o projeto de moradia provisória do Programa Reencontro, que é voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Essa é a circunstância em que Gilmara se encontra com o marido e as lhas – uma criança de 4 anos e uma bebê de 9 meses. Antes da Vila, a família morou por um ano no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) 18 do Canindé.

“Chegamos lá depois que meu marido perdeu o emprego e eu estava grávida”, expôs Gilmara ao O SÃO PAULO

Sentada na entrada da casa modular de 18 m² em que mora, Gilmara lembra o que sentiu quando soube que seria contemplada pelo projeto, que já conta com uma segunda unidade, a Vila Reencontro Anhangabaú, no centro.

“Quase não acreditei quando soube que minha família viria para cá em dezembro. Foi uma alegria”, relembrou.

“Aqui é aconchegante e ventilado. Minhas lhas, que são asmáticas, dormem bem. Meu marido está trabalhando e estamos dando andamento nos sonhos e nos planos”, contou, animada.

Gilmara sabe, porém, que se trata de uma residência temporária, em que poderá permanecer por até dois anos. Por isso, ela sempre conversa com a lha primogênita que ali não é a moradia de nitiva da família.

“Ela acha que estamos na casa nova e gosta daqui. Por isso, meu marido e eu temos sempre falado que não caremos aqui por muito tempo. Logo, iremos para outra casa que pretendemos alugar”, disse.

POR DENTRO DAS VILAS

As Vilas são compostas por casas modulares, com paredes e forro feitos de material antichamas com isolamento térmico e acústico, e se destinam a famílias que estejam em situação de rua.

As casas, chamadas de módulos, são identi cadas por um número. “Isso faz

toda a diferença. Preciso comprovar, por exemplo, meu endereço na creche da minha lha. Aqui moram 40 famílias. É importante poder identi car que moro na casa 27”, pontuou Gilmara.

O per l dos acolhidos nas Vilas, entre outros critérios, tem sido: casais com lhos, famílias monoparentais e outros núcleos familiares que possuem crianças e adolescentes em sua composição.

Cada módulo pode abrigar até quatro pessoas. O ambiente é dividido entre um quarto, uma minicozinha e um banheiro privativo.

“Privacidade é muito importante. Posso deixar minha lha mais velha ir tomando banho enquanto separo a roupa dela. No CTA, precisava sempre acompanhá-la até o banheiro porque muitas pessoas usavam o mesmo”, lembrou.

A mobília de cada módulo é de acordo com a composição familiar, por isso podem ter cama de casal ou beliche e berço, além de guarda-roupa, geladeira e fogão com duas bocas.

Essa estrutura tem proporcionado à Gilmara liberdade para preparar refeições. “Minha bebê está em processo de adaptação com alimentação e no CTA, embora fosse tudo muito bom, não tinha como eu fazer a comida dela. Aqui eu posso”, disse.

As áreas comuns são compostas por horta, playground, lavanderia, cozinha e refeitório. Espaços que são cuidados pelos próprios acolhidos por meio de coletivos de alimentação, horta e limpeza. Esses grupos são mantidos com a participação voluntária dos moradores.

Na Cruzeiro do Sul, os espaços comuns

estão em construção. “Estamos nalizando as obras da lavanderia. Até o momento, as roupas estavam sendo lavadas por uma empresa contratada”, explicou à reportagem Kátia Ramos, supervisora de cogestão da unidade.

A proposta é que a cozinha seja comunitá-

ria. “Provisoriamente, a comida está sendo fornecida por uma empresa terceirizada. Mas, logo, será feita aqui pelo coletivo”, detalhou Kátia.

GESTÃO COMPARTILHADA

A administração das Vilas funciona com cogestão de uma organização social, a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI), com as famílias.

Na prática, têm sido feitas reuniões em que são discutidos os regimentos internos estruturais e de convivência.

“A ideia é que venham da própria comunidade as decisões de quais são as consequências quando uma regra é quebrada”, disse Eliceli Bonan, coordenadora da Vila Cruzeiro do Sul.

Eliceli menciona que o regimento da unidade está passando por uma revisão: “Estamos trabalhando pontos como se ocorrer uma discussão verbal a consequência é uma. Mas, se for uma violência física que, inclusive, é um crime, como lidar?”.

São discutidos ainda horários da portaria, das refeições e do uso da lavanderia. “Para que se mantenha uma organização no espaço”, completou a coordenadora.

Sobre o acesso, embora os acolhidos tenham liberdade para entrar e sair do local, é preciso respeitar o horário das 6h até as 22h. Fora desse período, o morador precisa de uma autorização.

Para Gilmara, o modelo de administração tem funcionado bem, assim como as regras estabelecidas.

“O ser humano não vive sem regras, existem em todo lugar, só precisamos nos adaptar a elas. Assim, como preciso colo-

car regras nas minhas lhas para que não se tornem seres humanos desenfreados”, opinou Gilmara.

Quem concorda com ela é Márcio Rodrigues, 43, outro morador. Desde dezembro passado, ele mora na Vila Cruzeiro do Sul com a esposa e o lho, de apenas 1 ano e três meses.

“Liberdade precisa de limites. No início, achava ruim a questão do horário da portaria, mas depois quei pensando sobre o que eu faria na rua depois das 22h”, comentou Rodrigues, que, antes, morou dois anos com a família em um Hotel Social, no centro.

Embora o local não esteja imune a situações de desentendimentos entre os moradores e, eventualmente, possam ocorrer discussões acaloradas, para Rodrigues o ambiente proporciona segurança.

“Eu me sinto tranquilo quando tenho que sair e deixar minha família sozinha. Algo que não era possível quando estávamos na rua, à deriva”, avaliou.

Desde os 15 anos, Rodrigues gosta de tocar violão, hobby que ele tem mantido na Vila, graças à doação de um instrumento que está sendo compartilhado.

“Música contagia a todos. Com ela, ocupo meu dia e minha mente”, a rmou, dedilhando o instrumento sentado à porta de sua casa.

ASSISTÊNCIAS

As Vilas também dão suporte para a reinserção das pessoas no mercado de trabalho, a m de garantir autonomia.

Uma equipe faz buscas ativas de vagas de emprego e a articulação dos per s correspondentes entre os acolhidos.

“A equipe também auxilia na preparação de currículo e dá orientações para as entrevistas”, aclarou Eliceli.

Se houver contratação, o acolhido passa a receber dicas para o dia a dia de trabalho, com foco em inteligência emocional e educação nanceira.

As famílias aptas a saírem das Vilas serão acompanhadas por uma equipe durante seis meses, e passarão por avaliação.

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Gilmara Gonçalves, moradora da casa 27 da Vila Reencontro Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em meio às dores da guerra, a Igreja estende as mãos à população ucraniana

OS QUE

PERMANECERAM NA

UCRÂNIA APÓS A INVASÃO RUSSA E OS

QUE SE REFUGIARAM

EM OUTRAS PARTES

DO MUNDO CONTAM

COM O APOIO DA IGREJA CATÓLICA

PARA TER O MÍNIMO DE DIGNIDADE

Passado um ano do início da invasão das tropas russas ao território ucraniano, em 24 de fevereiro de 2022, a guerra já deixou como saldo mais de 8 mil civis mortos e 40 mil feridos. Além disso, 13 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar seus lares, das quais 8 milhões se refugiaram na Europa e as outras 5 milhões estão deslocadas dentro da própria Ucrânia. Os dados são do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

O cenário de hostilidades, insegurança e destruição continua a ser parte do cotidiano dos ucranianos, conforme relatou Dom Visvaldas Kulbokas, Núncio Apostólico na Ucrânia, em recente entrevista ao Vatican News.

“Nunca sabemos o que poderemos viver no momento seguinte: se vai acontecer um encontro, se teremos luz, se teremos conexão telefônica ou se chegará um míssil ou um drone (...) As necessidades também aumentaram, e muito, em relação ao início, porque agora, além da necessidade de alimentos, também falta aquecimento e já muitas organizações, muitos benfeitores doaram geradores ou fogões. E há outras necessidades ainda mais exigentes: em muitos lugares existe uma grande demanda por psicólogos capazes de aconselhar os familiares sobre como lidar com o trauma psicológico sofrido, seja diretamente, seja com familiares ou com soldados que retornam do front”, disse o Bispo.

A CARIDADE DO PAPA E O REPÚDIO AO CONFLITO

Desde que o con ito foi de agrado, o Papa Francisco tem pedido que se busque o m da guerra. “O tempo que passa não esfriou nossa dor e nossa preocupação com esse povo martirizado. Por favor, não nos acostumemos a esta trágica realidade!

Tenhamo-lo sempre em nossos corações. Rezemos e lutemos pela paz”, disse o Pontí ce, no Angelus de 12 de junho de 2022.

Francisco também tem pedido aos cristãos que se unam em oração e gestos concretos em favor das vítimas da guerra. “Vamos ter um Natal mais sóbrio, com presentes mais humildes, vamos enviar o que economizamos para o povo ucraniano que precisa. Eles sofrem muito, pas-

sam fome, sentem frio”, disse na audiência geral de 14 de dezembro.

Nestes 12 meses, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, participou de inúmeras reuniões com o objetivo de mediar a superação do con ito, e o Papa enviou dois cardeais à Ucrânia para externar sua solidariedade e proximidade: Dom Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e Dom Konrad Krajewski, Esmoleiro Apostólico, que está em missão permanente no país, ajudando na distribuição de alimentos, geradores de energia elétrica, abrigos improvisados e ambulâncias doadas pelo Papa, além de presidir missas e momentos de oração.

APOIO DA ACN AOS CRISTÃOS UCRANIANOS

A situação da Ucrânia levou a uma ampla mobilização por parte da Fun-

dação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), que nestes 12 meses enviou ajuda a 292 projetos no país, tendo sido auxiliados diretamente mais de 15 mil religiosos, entre sacerdotes, freiras e leigos, “a maioria dos quais se dedica a servir os mais necessitados e desesperados, incluindo aqueles que perderam todos os seus bens, ou mesmo membros da família, durante a guerra”, comenta Valter Callegari, diretor executivo da ACN Brasil.

Por meio do envio de ajuda existencial de emergência, foi possível que mais de 7,4 mil sacerdotes, religiosas e funcionários diocesanos mantivessem as atividades da Igreja na Ucrânia e provessem as necessidades espirituais e materiais da população. A ACN também forneceu apoio direto a mais de 2,2 mil refugiados, e ajudou a equipar, ampliar e reconstruir edifícios de comunidades católicas.

CÁRITAS: AJUDA HUMANITÁRIA

A 5,3 MILHÕES DE PESSOAS

Somadas as ações da Confederação Cáritas na Ucrânia e das Cáritas de países vizinhos – Polônia, Romênia, Moldávia, República Tcheca, Eslováquia, Bulgária e Hungria –, foram auxiliadas mais de 5,3 milhões de pessoas desde o começo da guerra.

“O que a Cáritas oferece é muito mais do que assistência. Acompanhamos as pessoas antes, durante e depois de uma crise. Queremos continuar este trabalho. Queremos dar essa sensação de esperança e calor às pessoas que sofrem na Ucrânia”, disse, no dia 22 de fevereiro, Amparo Alonso Escobar, co-administrador temporário da Cáritas Internacional. Apenas em solo ucraniano, a Cáritas Ucrânia e Cáritas-Spes Ucrânia ofereceram assistência humanitária a 3 milhões de pessoas. Foram doados cerca de 3,7

12 | Reportagem | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Papa Francisco tem reiterado apelos pelo fim dos conflitos; com doações vindas de todo o mundo, Cáritas Ucrânia auxilia população local
Vatican Media Caritas Ukraine ACN
Desde o começo da guerra, Fundação Pontifícia ACN já ajudou 292 projetos na Ucrânia, colaborando para as atividades da Igreja no país

milhões de gêneros alimentícios e não alimentícios; fornecidos 637 mil abrigos; prestados 192 mil atendimentos de saúde e psicossociais; garantidos 377 mil serviços de proteção; e distribuídos mais de 1,5 milhão de itens sanitários e higiênicos. Além disso, 107,6 mil pessoas receberam ajuda em dinheiro.

E os auxílios vieram de todas as partes do mundo. A Cáritas Brasileira Regional Paraná, por exemplo, realizou de março a agosto do ano passado a campanha “Pela Ucrânia, pela Vida”, em parceria com o Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Metropolia Católica Ucraniana São João Batista. A campanha resultou no envio de R$ 341,68 mil à Cáritas Ucrânia.

AJUDA A REFUGIADOS NO BRASIL

Do montante arrecadado pela Cáritas Brasileira Regional Paraná, cerca de R$ 70,7 mil foram disponibilizados para as solicitações de apoio às famílias de migrantes ucranianos que chegaram ao solo brasileiro.

Embora o Brasil não tenha sido a rota principal dos que deixaram a Ucrânia, cerca de dez pessoas foram assistidas pela Metropolia Católica Ucraniana São João Batista – da Igreja Greco-Católica Ucraniana – a maioria na cidade de Prudentópolis (PR), onde está a sede da Eparquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, sufragânea à Metropolia.

“Aqui para Prudentópolis vieram pessoas refugiadas desta guerra, incluindo mães com lhos pequenos. A maioria com os quais tivemos contato não tinham religiosidade alguma. Eram famílias fragmentadas. Quase todos já voltaram para a Europa, pois tiveram muita di culdade com a língua, os costumes do povo e a alimentação. De todos que auxiliamos aqui, sobrou apenas uma jovem de 20 anos que quis permanecer no Brasil. Nós mesmos pagamos as passagens de retorno dessas pessoas. Algumas foram para a Turquia, depois para a Romênia, outros para os Países Baixos”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Dom Meron Mazur, OSBM, Bispo Eparca da Eparquia Nossa Senhora Imaculada Conceição.

Dom Meron destaca que, a partir das informações que tem recebido dos bispos que vivem na Ucrânia não vê perspectivas para o m do con ito: “A guerra continua, as destruições continuam. Vi uma recente mensagem do nosso Arcebispo Maior, dizendo que a Ucrânia continua ‘um mar de lágrimas num rio de sangue’. Os russos diariamente enviam mísseis. No inverno, eles bombardearam todas as estações elétricas e, assim, o aquecimento falhou e muita gente morreu. Precisamos rezar muito e nos unirmos para que este con ito termine”.

Na sexta-feira, 24 de fevereiro, na memória do primeiro ano do con ito, Dom Sviatoslav Shevchuk, Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, convocou um dia de jejum, esmola e oração pela paz no mundo e pelo m da guerra na Ucrânia. “Quando nos unimos em oração, jejum e boas ações, vencemos. Precisamos de muita força espiritual para aproximar nossa vitória”, a rmou em mensagem de vídeo.

Cardeal Scherer faz apelo pela conversão daqueles que promovem a ‘cultura da guerra’

ARCEBISPO DE SÃO

PAULO PRESIDIU MISSA PELA PAZ NA UCRÂNIA, NA CATEDRAL DA SÉ

Membros da comunidade ucraniana residente em São Paulo foram acolhidos na Catedral da Sé na sexta-feira, 24 de fevereiro, para uma missa pela paz e em memória das vítimas da ofensiva armada russa no país do leste europeu, iniciada há um ano.

A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Entre os sacerdotes concelebrantes estava o Padre Josafat Vozivoda, Pároco da Paróquia Católica de Rito Ucraniano Imaculada Conceição, localizada na zona Leste da cidade.

A comunidade ucraniana estava representada pelo cônsul honorário da Ucrânia, Jorge Rybka, éis leigos e religiosos originários dessa nação, incluindo alguns refugiados da guerra. Também estiveram representantes consulares de outros países, como Polônia, Mianmar e República Tcheca.

“Hoje, recordamos um ano de sofrimentos, destruição, mortes... Estamos aqui para rezar pela Ucrânia e pedir a paz, pedir que haja um caminho de solução para esta guerra que se prolonga. Uma guerra, no fundo, sem sentido”, a rmou Dom Odilo, no início da missa, pedindo a Deus que toque o coração daqueles que têm o poder de decisão, “para que tomem decisões sábias, justas e respeitosas em favor da paz e para reconstruir a vida das populações duramente atingidas pela guerra”.

Durante a celebração, muitos éis se emocionaram ao ouvir o salmo responsorial cantado no idioma ucraniano por Nataliya Narbut, que veio ao Brasil

como refugiada da guerra e, atualmente, integra o coro da Catedral da Sé.

CONVERSÃO DOS CORAÇÕES

Na homilia, o Cardeal Scherer partiu do contexto quaresmal para ressaltar o sentido do jejum e da oração no combate ao mal. O Arcebispo recordou o trecho dos evangelhos em que os discípulos, ao não conseguirem expulsar o demônio de uma pessoa, recorrem a Jesus, que lhes diz que certas espécies de demônios só podem ser expulsas com jejum e oração.

“Certas guerras, certos con itos e situações, realmente, só se resolvem mediante o jejum e a oração, a conversão, o chamado à mudança de atitude, a rever por que se faz a guerra... De nossa parte, rezemos, façamos jejum na intenção da mudança dos corações, das mentes, da cultura da guerra”, completou o Arcebispo, reforçando a importância do diálogo, da diplomacia, da ajuda da comunidade internacional para que se chegue a uma solução a um con ito que “não é do agrado de Deus”.

PAZ E LIBERDADE

No m da missa, o cônsul honorário da Ucrânia agradeceu ao Cardeal Scherer e à Igreja em São Paulo e à sociedade em geral pela proximidade ao povo ucraniano. Jorge Rybka ressaltou que são 365 dias da invasão das tropas russas ao território ucraniano, porém, trata-se de um con ito que começou há, pelo menos, nove anos, quando, em 2014, a Rússia anexou a região ucraniana da Crimeia ao seu território.

“Nós, ucranianos, buscamos a paz desde o primeiro dia. Mas a paz verdadeira, em que são respeitadas a liberdade, a democracia, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, disse o cônsul, sublinhando que a população e as forças de segurança do país estão se defendendo de um ataque que viola seus direitos e liberdades como nação.

Jorge Rybka invocou a intervenção divina sobre as consciências daqueles que agridem seu povo para que, de fato, queiram a paz. “A paz só virá se todos quiserem e trabalharem para isso”, completou.

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FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
Leigos e religiosos ucranianos, alguns dos quais refugiados da guerra, participam da missa na Catedral da Sé, no dia 24 de fevereiro Jorge Rybka, cônsul honorário da Ucrânia, saúda Dom Odilo pela atenção com ucranianos Luciney Martins/ O SÃO PAULO Luciney Martins/O SÃO PAULO

CF 2023: CNBB pede comunhão e solidariedade para o enfrentamento da fome

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, a Campanha da Fraternidade deste ano (CF 2023), com o tema “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

Na sede da conferência, em Brasília (DF), houve uma missa, presidida por Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-geral da CNBB. Na homilia, ele recordou que há seis décadas a Igreja no Brasil vive a Campanha da Fraternidade, que se junta a todas as ações que os cristãos são chamados a realizar na Quaresma para viver um caminho de conversão.

Na coletiva de imprensa, Dom Joel comentou que a escolha do tema da CF 2023 teve como uma das razões a volta do Brasil ao Mapa da Fome. Destacou, ainda, que a Campanha se refere à fome não apenas como fenômeno biológico das necessidades humanas, mas como um agelo social e humanitário.

O secretário-geral da CNBB explicou que a CF 2023 tem o objetivo de compreender as causas da fome, ouvir a Palavra de Deus para buscar o discernimento e encontrar caminhos de ação, e que o

lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” convoca toda a sociedade brasileira à solidariedade com quem passa fome, bem como a ações de âmbito individual e de cobrança por políticas públicas de Estado para erradicar este agelo.

Durante a apresentação da Campa-

nha, foi mostrado um vídeo com experiências de combate à fome no Brasil apoiadas pela Igreja, por meio de recursos do Fundo Nacional da Solidariedade, oriundos das doações à Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos. Também foi apresentada a ín-

tegra da mensagem do Papa aos brasileiros por ocasião da CF 2023 (saiba mais sobre a mensagem na página 15).

ABERTURA NO SANTUÁRIO DE APARECIDA

No domingo, 26 de fevereiro, a CNBB organizou uma missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida para marcar a abertura da CF 2023 (foto).

A Eucaristia foi presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB, que na homilia re etiu sobre o chamado à conversão na Quaresma e ressaltou que não há explicações razoáveis para que milhões de pessoas ainda passem fome no País que é um dos grandes celeiros mundiais de alimentos.

“Estamos no coração da Igreja para trabalhar à luz da Palavra Santa de Deus, para que consciências sejam iluminadas, as inteligências consigam resolver esse problema urgentíssimo, pedindo de nós um gesto concreto de fraternidade, emergencialmente atendendo os que passam fome, porque a fome não pode esperar”, disse recordando, ainda, as responsabilidades dos governantes para a formulação de leis e a aplicação de políticas públicas que assegurem o direito humano à alimentação.

(Com informações de CNBB e A12).

O que pode ser feito em âmbito pessoal, no convívio social e na esfera política para enfrentar o agelo da fome? Em coletiva de imprensa na tarde da Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ressaltou que esta é a grande questão apresentada este ano pela Campanha da Fraternidade (CF 2023).

O Arcebispo de São Paulo lembrou que a fome é uma realidade não apenas do Brasil, mas em expansão em todo o mundo, por razões diversas como as mudanças climáticas, a desigualdade social, as guerras e a falta de políticas adequadas para a produção de alimentos e o estabelecimento de preços que permitam que todas as pessoas possam ter uma alimentação de qualidade.

No Brasil, há alguns anos – recordou Dom Odilo – já se tem percebido o número crescente de pessoas passando fome, seja em áreas rurais, reservas indígenas ou mesmo nos grandes centros urbanos, e a questão se agrava pela falta de partilha e a cultura do desperdício.

SEMPRE É POSSÍVEL PARTILHAR

Na mesma ocasião, Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial da CF na Arquidiocese, destacou que a fome é um problema real, percebido nas muitas ações caritativas da Igreja em São Paulo e pela quantidade de pessoas em situação de

rua e de famílias inteiras que perderam renda nos últimos anos.

O Bispo Auxiliar recordou que o imperativo de Jesus aos discípulos para alimentar a multidão faminta – “Dai-lhes vós mesmos de comer” – foi dito após estes argumentarem que tinham pouco para partilhar: “Isso signi ca que a escassez não é desculpa para não repartir. Antes, é a própria exigência para repartir”.

O Prelado comentou ainda que desta passagem bíblica também se extrai o ensinamento de que diante da abundância de alimentos não se deve desperdiçar.

A VIVÊNCIA DA CF

Dom Odilo recordou que a CF é uma campanha de evangelização que ocorre durante o período quaresmal, tempo oportuno para que cada el reveja as próprias práticas e avalie se tem agido conforme os princípios cristãos. “E um dos princípios básicos é este: o amor a Deus e o amor ao próximo caminham juntos. Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade é um chamado para vermos se nosso amor ao próximo está sendo verdadeiro, efetivo, mediante os desa os e urgências vividas por tantas pessoas, como no caso da fome.”

A partir dessa tomada de consciência – prosseguiu o Arcebispo –, há a esperança de que surjam muitos frutos de conversão pessoal e social. Também se deseja que a Campanha reverbere não

apenas no interno da Igreja, mas em toda a sociedade, a m de que se questione as razões da fome e se pense em como superá-la.

Coordenador da CF na Arquidiocese de São Paulo, o Padre Andrés Gustavo Marengo ressaltou que a Igreja sempre está de portas abertas para acolher os que passam fome, como bem se veri cou nas muitas iniciativas das paróquias, comunidades e pastorais ao longo da pandemia de COVID-19. Ele também lembrou que a Campanha deste ano faz um amplo chamado de re exão sobre a questão da fome não apenas pelo viés de assistência imediata, mas de questionamento do quanto cada pessoa também é responsável por este agelo e deve se envolver em discussões sobre o tema, incluindo as de nições de políticas públicas.

TEMPO DE AGIR

Respondendo a perguntas de jornalistas, Dom Odilo ressaltou que a vivência da fraternidade é uma exigência do Evangelho para todos os batizados, e que este ano a CF lança como um desa o à fraternidade de cada pessoa o problema da fome.

“A Campanha da Fraternidade é um chamado ao realismo, a um sair do mundo das ideias e colocar o pé na realidade. Não se constrói a fraternidade no nível das ideias, é preciso ir às ações”, enfatizou o Arcebispo, exortando todos os batiza-

dos a se envolverem de algum modo no combate à fome.

Dom Odilo destacou, ainda, que a questão interpela os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para a busca de soluções. “A fome é um problema que se resolve também mediante entendimentos políticos, políticas públicas adequadas e investimentos; portanto, envolve o povo todo e os governantes, o diálogo com as instituições políticas em todos os níveis”, concluiu. (DG)

14 | Geral | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Dom Odilo: ‘Não se constrói a fraternidade no nível das ideias, é preciso ir às ações’
Robrto de Andrade/A12 Luciney Martins/O SÃO PAULO

Uma solenidade realizada no plenário da Câmara Municipal de São Paulo, na quinta-feira, 23 de fevereiro, marcou o início da Campanha da Fraternidade (CF) 2023, que trata do tema da fome.

O evento foi proposto pelo vereador Toninho Vespoli (Psol) e contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo; do deputado estadual eleito Eduardo Suplicy (PT); do Frei Marx Rodrigues dos Reis, Diretor do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras); de Vera Helena Villela, presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo; e de Rosiene Silvério, voluntária na assistência à população em situação de rua.

Autor de projetos de lei com foco na segurança alimentar e de programas sociais voltados para erradicar a fome na cidade, Toninho Vespoli recordou que essa é a terceira vez que a temática da fome é abordada pela Igreja em uma CF.

“Toda Campanha da Fraternidade tem por objetivo permanente despertar o espírito comunitário para o bem comum, educar para a vida em fraternidade e construir uma sociedade justa e solidária. É justamente por isso que o parlamento deseja, há muito tempo, construir juntos as campanhas da fraternidade, este ano, com um anseio ainda maior”, a rmou o parlamentar, destacando que a fome é preocupação de todas as pessoas de boa vontade, que não podem ser indiferentes a esse “ agelo humanitário”.

INTERESSE DE TODOS

Ao tomar a palavra, Dom Odilo cumprimentou a iniciativa de trazer a re exão proposta pela CF para a casa legislativa. “Este é um assunto que deve interessar a todos, pois é uma questão de cidadania, de direito e de dignidade de toda pessoa. Portanto, aqueles que aqui representam o povo, no legislativo municipal, devem estar interessados nesse tema e podem ouvir as situações a partir de quem trata com as situações de fome no dia a dia”, salientou. Frei Marx compartilhou informações sobre as

Papa exorta brasileiros a gestos concretos e à partilha de dons

Mantendo uma tradição de seu ponti cado e de seus predecessores, o Papa Francisco enviou aos brasileiros uma mensagem por ocasião do início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade de 2023.

Inicialmente, Francisco recorda que na Quaresma todos são chamados a trilhar um caminho de conversão, redirecionando a vida para Deus, que entregou Seu próprio Filho para a salvação da humanidade. “Ao preparar-nos para a celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espírito Santo, autor da nossa santi cação.”

A FOME E A PARTILHA

Na sequência, o Pontí ce comenta sobre a temática da CF 2023 e rememora um trecho do discurso que fez no encontro com os Movimentos Populares, em 28 de outubro de 2014: “Milhões de pessoas [ainda hoje] sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isso constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”.

atividades realizadas pelo Sefras na cidade. Diariamente, a entidade atende cerca de 4 mil pessoas com a distribuição de refeições, serviços de inclusão econômica, defesa de direitos, entre outros. Só no período mais acentuado da pandemia, foram distribuídas 3 milhões de refeições para pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade social.

Rosiene Silvério falou sobre as di culdades no atendimento à população em situação de rua e de vulnerabilidade social, sobretudo nas circunstâncias emergenciais, que explicitam a necessidade de um plano de contingência mais e caz por parte dos poderes públicos.

DIGNIDADE HUMANA

Já Vera Helena Villela explicou que “alimentação adequada é um direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição federal, devendo o poder público adotar as políticas públicas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população”. Ela destacou, ainda, que existe uma política municipal de segurança alimentar e nutricional que, contudo, necessita do envolvimento das diferentes instituições da sociedade civil, por meio de organizações como o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo.

“Diante da fome do irmão, não dá para car indiferente e insensível”, enfatizou o Cardeal, lembrando que a capital paulista é a cidade mais rica do País e, ao mesmo tempo, a mais pobre, dados os altos índice de pobreza, especialmente da população em situação de rua.

“A Campanha da Fraternidade não pretende ser um tema apenas interno da Igreja, mas para toda a sociedade, para que se interrogue sobre como encontrar saídas para essa situação de fome que muitas pessoas enfrentam”, acrescentou o Arcebispo, lembrando que, para os cristãos, os temas de repercussão social também têm implicação religiosa e moral.

Veja o vídeo da íntegra do evento em: https://tinyurl.com/2opqxpp5

Aludindo ao lema da CF 2023, “Dai-lhes vós mesmos de comer” M(t 14,16), Francisco destaca que esse imperativo de Jesus a seus discípulos também é feito a todos os cristãos atualmente “para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identi ca com os mais pobres e famintos: ‘Eu estava com fome e me destes de comer… todas as vezes que zestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o zestes’ (Mt 25,35.40)”.

O Pontí ce também pede que a re exão sobre o tema da fome, apresentada na Campanha da Fraternidade deste ano, “leve não somente a ações concretas – sem dúvida, necessárias – que venham de modo emergencial em auxílio dos irmãos mais necessitados, mas também gerem em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode se restringir a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”.

TRABALHO CONJUNTO

O Papa também pede que a conscientização pessoal sobre a fome “ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo em nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a m de que, trabalhando todos em conjunto, possam de nitivamente extirpar das terras brasileiras o agelo da fome. Lembremo-nos de que ‘aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que minha mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania’ (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/10/2018, nº 7)”.

A mensagem do Pontí ce é concluída com a bênção apostólica “a todos os lhos e lhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome”, con ando os votos expressos na mensagem aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e desejando “abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade”.

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‘Diante da fome do irmão, não dá para ficar indiferente e insensível’
Luciney Martins/O SÃO
FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO
PAULO
Cardeal Odilo Scherer participa de solenidade na Câmara Municipal de São Paulo sobre a CF 2023 – ‘Fraternidade e fome’

Convivendo com o desafio de equilibrar as contas

CARTÃO DE CRÉDITO

É O PRINCIPAL VILÃO

DA CRESCENTE

NO PAÍS

ROSEANE WELTER

A inadimplência, termo que conceitua as dívidas em atraso, alcançou, segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas do Serasa, 64,9 milhões de brasileiros. O per l dos inadimplentes atinge em sua grande maioria os brasileiros de 26 a 40 anos. Na lista de inadimplentes também estão 8,6 milhões de jovens, de 18 a 25 anos. Entre os sexos, a distribuição é composta de 50,85% por mulheres e 49,15% por homens.

Em São Paulo, há 16,1 milhões de inadimplentes, o que corresponde a 45% da população adulta do estado. E cada um deles possui, na média, uma dívida de R$ 5.183.

Em todo o País, o cartão de crédito é o principal responsável pelos endividamentos. No estado de São Paulo, os atrasos no pagamento nessa modalidade representam 30,8%, seguido pelas contas básicas, 21,92%; varejo, 7,72%; e contas de internet e telefonia, 3,95%.

A educação nanceira é um dos caminhos para minimizar essa realidade e proporcionar às famílias menos preocupação com as nanças.

RAZÕES QUE LEVAM À INADIMPLÊNCIA

Os rescaldos da pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia comprometeram a recuperação econômica do País. A alta dos preços, a in ação, o desemprego estão entre os motivos que lideram a crescente inadimplência.

“A in ação elevada e persistente, com a economia crescendo pouco e a retomada de contratações ainda em baixa, além de a renda não acompanhar os preços. Tudo isso afetou signi cativamente a vida nan-

ceira dos brasileiros”, analisa Daniel Bizanha, gerente da Serasa.

“Muitos brasileiros, afetados pela crise econômica, por exemplo, usam o cartão de crédito para garantir a comida na mesa e, isso, aos poucos, vira uma bola de neve, se não bem administrado”, prosseguiu.

O parcelamento das contas, o exceder o limite e o pagamento do valor mínimo da fatura são agravantes signi cativos. “O cartão de crédito é um formato de empréstimo que lhe permite comprar, mas requer o cumprimento do pagamento no prazo estipulado. O não cumprimento gera juros altos”, ressalta Bizanha, reforçando a necessidade de pagar a fatura na íntegra.

“Muitas pessoas estão endividadas porque gastam além do limite do cartão e excedem em gastos superiores às entradas mensais”, indicou, evidenciando a necessidade de conhecer bem a realidade nanceira da família e controlar os próprios gastos.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Com o orçamento apertado, muitas famílias no País não conseguem pagar todas as contas no m do mês. Para evitar a inadimplência, é importante ter bons hábitos nanceiros, fazer planilhas de gastos e controlar a entrada e saída de todo o dinheiro.

Bizanha ressalta que basta um pequeno deslize no planejamento para que uma

ONDE SE INFORMAR?

dívida controlada se torne uma escalada de juros. Assim, caso a pessoa não consiga pagar todas as contas em um mês, ele recomenda:

Priorize as contas que têm a maior taxa de juros;

Evite o aumento de limite no cartão de crédito;

Negocie as dívidas;

Evite novos empréstimos para quitar as dívidas atuais.

Bizanha recorda que, de acordo com algumas pesquisas, apenas 29% dos brasileiros poupam dinheiro, enquanto outros 68% não conseguem fazê-lo.

Segundo o representante da Serasa, “um erro das famílias é não ter o hábito de fazer o orçamento doméstico. Simples gestos como o de anotar o quanto se ganha e com o que se gasta o dinheiro, faz a diferença”, assegura, listando algumas dicas para o equilíbrio nanceiro:

Não comprometa todo o orçamento familiar com as despesas; Economize, compare e pesquise os preços e promoções;

Compre somente o necessário e o essencial;

Pague à vista e peça descontos; Reaproveite os itens que se têm em casa; Mantenha uma reserva emergencial.

EVITE O AUMENTO DE LIMITE

O gerente da Serasa reforçou que a

Os consumidores que buscam renegociar suas dívidas encontram na plataforma Limpa Nome do Serasa os seguintes canais digitais:

www.serasalimpanome.com.br

App Serasa no Google Play e Apple Store

Ligação gratuita 0800 591 1222

WhatsApp (11) 99575-2096

Para mais informações, acesse: www.serasa.com.br

oferta do aumento do limite de crédito parece algo bom no início, mas pode virar pesadelo. “Traz a falsa sensação de poder gastar mais, e quando chega a fatura, como pagar se se gastou mais do que se tem a receber, aí começa o endividamento”, descreve.

Elane Silva, 29, é chef de cozinha e mãe de três lhos. Ela mencionou três fatores que a levaram à inadimplência: a solicitação de aumento do limite no cartão de crédito (de R$ 500 para R$ 800), o descontrole nas compras e a perda do emprego. Ela recorda que desde meados de 2022 está devendo no cartão de crédito e, a partir de então, só vem pagando o valor mínimo da fatura.

“Fiquei empolgada com o aumento do limite. Gastei e na hora que a fatura chegou não tinha o valor integral para pagar. Fiquei seis meses desempregada. Então, a conta que era de R$ 1.000 hoje já está em mais de R$ 1.600. Os juros são abusivos”, comenta.

Bizanha recomenda: “Se você decide ter um cartão de crédito, é melhor começar com um limite baixo e que caiba no seu orçamento, porque você precisa se manter no valor limitado”.

Iara Zuleica, 45, não conseguiu pagar no dia do vencimento o cartão de crédito e recorreu à obtenção de crédito consignado. “Fiz um empréstimo para quitar uma dívida e gerei outra”, a rmou a professora, que há meses está inadimplente.

“Fiz a formatura da minha lha, viajamos em família e as festas de m de ano acabaram ultrapassando o orçamento. E acabei recorrendo a um segundo empréstimo para quitar as contas. Ao quitar tudo, quero criar uma reserva nanceira”, assegura.

“Embora o consignado seja uma modalidade com garantia, quem adere pode comprometer ainda mais a renda. O ideal é não recorrer a novas dívidas, mas buscar economizar ou gerar uma renda extra para quitá-las”, frisou Bizanha.

16 | Reportagem | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
INADIMPLÊNCIA
ESPECIAL
PARA O SÃO PAULO
Serasa

Pastoral do Menor motiva católicos a se candidatarem aos conselhos tutelares

DOS 53 CONSELHOS

QUE EXISTEM NA

CAPITAL PAULISTA, 27 ESTÃO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

Em 1o de outubro, os eleitores brasileiros poderão voltar às urnas, desta vez para eleger seus representantes nos conselhos tutelares, órgãos permanentes e autônomos criados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), encarregados pela sociedade de zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes.

O número de conselhos tutelares varia de cidade para cidade, mas cada um é composto por cinco conselheiros titulares, eleitos de modo direto pela população local. No município de São Paulo, há 53 conselhos, nos quais atu-

am 265 conselheiros.

Do total de conselhos, 27 estão no território da Arquidiocese de São Paulo, sendo seis na área de abrangência da Região Belém, seis na Brasilândia, cinco em Santana, quatro na Região Ipiranga, três na Lapa e três na Sé.

Com o objetivo de que haja maior representação dos católicos nesses conselhos, a Pastoral do Menor Arquidiocesana tem se mobilizado para que os éis leigos se candidatem às vagas.

No m de janeiro, a coordenação da Pastoral do Menor e o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral enviaram uma carta aos bispos auxiliares na qual lembram que “infelizmente a representação da Igreja Católica nesses conselhos ainda é muito pequena” e pedem o apoio do clero, dos coordenadores de pastorais e movimentos, das entidades, das escolas católicas e associações, para a “divulgação, apoio e apresentação de candidatos comprometidos com a causa da defesa dos direitos da criança e do adolescente”.

“O conselheiro tutelar tem o papel de reivindicar ao órgão público o direito da criança e do adolescente. Na Igreja Católica, há pessoas aptas para isso e que têm o compromisso com a dignidade humana. Por isso, estamos pedindo às paróquias, comunidades e aos bispos auxiliares que nos ajudem a encontrar essas pessoas para

serem candidatas”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor.

O período para as inscrições de candidatos será o cializado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) quando for publicado o edital das eleições, o que deve ocorrer ainda este mês. Se for seguido o calendário sugerido pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), os registros das candidaturas ocorrerão de 31 de março a 28 de abril.

REQUISITOS E RESPONSABILIDADES

Os interessados em se candidatar devem ter reconhecida idoneidade moral; idade igual ou superior a 21 anos na data da posse (em janeiro de 2024); residir e ter domicílio eleitoral na cidade de São Paulo; estar em dia com os direitos políticos e as obrigações do serviço militar, e ter reconhecida experiência e compromisso na área de defesa ou atendimento aos direitos da criança e do adolescente. Outras exigências, como o nível de escolaridade, serão detalhadas no

edital a ser publicado pelo CMDCA.

Entre as principais atribuições de um conselheiro tutelar estão a de atender aos chamados das famílias, aplicar medidas protetivas quando a criança e o adolescente estiverem em situação de risco e encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente.

Atualmente, de acordo com a Pastoral do Menor, a remuneração média mensal de um conselheiro tutelar na cidade de São Paulo é de R$ 4.750 e o regime de trabalho envolve plantões de 24 horas.

“Infelizmente, muitos se candidatam a este cargo atraídos por esse olhar mais nanceiro, já que é um boa remuneração, ou até por motivações políticas. E quem tem apenas esses interesses acaba prejudicando o público-alvo. O conselheiro tutelar precisa ter um olhar de carinho com a criança e o adolescente, além de experiência nesse cuidado. Por isso essa nossa preocupação com quais serão os candidatos”, ressaltou Sueli Camargo.

A coordenadora da Pastoral do Menor a rmou que os que forem eleitos irão se deparar com ao menos três urgências que afetam as crianças e os adolescentes na capital paulista: “a fome batendo à porta de muitas famílias; a quantidade de pessoas em situação de rua, incluindo famílias inteiras; e a violência urbana”.

APOIO E ORIENTAÇÃO AOS CANDIDATOS

A Pastoral do Menor está desenvolvendo um material informativo sobre as eleições, a m de orientar os candidatos e motivar os católicos para que participem da votação em 1o de outubro, já que historicamente poucas pessoas vão às urnas. Na última eleição, em dezembro de 2019, dos 9,1 milhões de eleitores aptos na capital paulista, apenas 144 mil compareceram para votar.

Também está sendo articulado pela Pastoral a realização de um curso de formação para os candidatos, em parceria com a PUC-SP, que acontecerá meses antes da eleição.

“É sempre importante termos can-

didatos devidamente formados, e a informação sobre o que é o conselho tutelar deve chegar na base, nas comunidades. Outro desa o é motivar as pessoas a irem votar no dia, pois de nada adianta haver quem se candidate e que essa pessoa receba uma boa formação, se não houver quem vote nela”, detalhou Sueli.

OS CONSELHOS TUTELARES NA CAPITAL PAULISTA

Na cidade de São Paulo, há 53 conselhos tutelares, com cinco conselheiros cada, totalizando 265 titulares.

Dos 53 conselhos, 27 estão na área de abrangência da Arquidiocese de São Paulo, sendo seis na Região Belém, seis na Brasilândia, cinco em Santana, quatro na Região Ipiranga, três na Lapa e três na Sé.

Os trabalhos dos conselheiros são fiscalizados pelo Ministério Público;

O conselheiro tutelar deve zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, o que inclui, entre outras atribuições:

Atender e aconselhar os pais ou responsáveis em situações específicas;

Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, assistência social, previdência, trabalho e segurança; Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos; Participar das discussões sobre o orçamento municipal que incida em políticas públicas em favor de crianças e adolescentes.

A coordenadora da Pastoral do Menor lembrou que, por vezes, há quem se eleja só para defender os interesses de um grupo ou igreja a que esteja vinculado: “Há uma grande representação de denominações religiosas nesses conselhos, e a preocupação é que todos os conselheiros tenham preparo para o cargo, independentemente da denominação religiosa a que pertençam. Infelizmente, já aconteceu em anos anteriores situações de conselheiros fazerem desse espaço a extensão da sua igreja, coisas do tipo ‘eu vou atendê-lo, mas conto com você domingo no culto’”, lamentou.

Neste primeiro momento, de acordo com a coordenadora da Pastoral do Menor, o mais importante é que os padres e as lideranças pastorais identiquem entre os éis pessoas que tenham o per l para serem candidatas aos conselhos tutelares. A Pastoral está à disposição para o esclarecimento de dúvidas, pelo telefone (11) 3105-0722 ou pelo e-mail pastoralmenor@gmail.com.

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Pastoral do Menor

CNBB realiza a 33ª edição do Encontro de Novos Bispos

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza até sexta-feira, 3, em sua sede, em Brasília (DF), a 33ª edição do Encontro de Novos Bispos, organizado pela Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada.

Participam da atividade 19 bispos que foram nomeados ao episcopado pelo Papa Francisco a partir do segundo semestre de 2021 até o nal do ano passado, entre os quais estão Dom Rogério Augusto das Neves e Dom Cícero Alves de França, ambos nomeados pelo Pontí ce como Bispos Auxiliares de São Paulo em março de 2022.

Na segunda-feira, 27 de fevereiro, primeiro dia do encontro, os prelados conheceram melhor a história, a organização, teologia e os atuais desa os da CNBB, em re exões conduzidas por Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-geral da CNBB, e pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que

Ao longo dos dias de encontro, bispos irão refletir sobre a própria missão na Igreja e receberão formações sobre temas específicos

representa a Conferência no Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), sendo atualmente seu 1o Vice-Presidente.

Dom João Francisco Salm, Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, reforçou que o objetivo do encontro é integrar os novos bispos na di-

nâmica e na vida da Conferência, promovendo a comunhão e a colegialidade no serviço à Igreja no Brasil.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB, presidiu a celebração de abertura do encontro.

Ao longo dos dias de encontro, sempre iniciados com a celebração

Governo paulista reduz carga de impostos de setores produtivos até 2024

Diferentes segmentos produtivos do estado de São Paulo contam, desde a segunda-feira, 27 de fevereiro, com uma menor carga tributária, após decretos assinados pelo governador Tarcísio de Freitas.

A proposta da medida é reduzir tanto o custo da produção quanto o valor dos produtos ao consumidor nal e, assim, estimular a economia

no estado de São Paulo. “Nossa expectativa é que a renúncia, mesmo que em um primeiro momento, leve a uma redução de arrecadação, alavanque os investimentos no Estado, com a geração de emprego e renda”, a rmou o governador paulista.

Os decretos concedem isenção, redução de base de cálculo,

crédito outorgado ou diferimento do ICMS aos produtores de soja, fabricantes de suco de frutas e bebidas à base de leite, à geração de energia elétrica, indústria de informática, empresas de data center, fabricantes de embalagens metálicas e medicamento para brose cística, entre outros.

Fonte: Governo do estado de São Paulo

Ministério da Saúde inicia mobilização para aumentar coberturas vacinais no Brasil

O Movimento Nacional pela Vacinação foi lançado pelo Ministério da Saúde, na segunda-feira, 27 de fevereiro, com a proposta de aumentar os percentuais das coberturas vacinais no Brasil.

A mobilização inclui a vacinação contra a COVID-19 e outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação.

Na primeira etapa, a vacinação será com doses de reforço bivalentes contra a COVID-19 em pessoas com maior risco de desenvolver formas graves da doença. Serão vacinados inicialmente idosos acima de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, e funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, grupo com

cerca de 18 milhões de brasileiros. Em seguida, conforme o avanço da campanha e o cronograma de entrega de doses, outros grupos serão vacinados, como aqueles entre 60 e 69 anos, as pessoas com de ciência permanente, os trabalhadores da saúde, gestantes e puérperas e a população privada de liberdade.

Para quem faz parte do público-alvo, é necessário ter completado o ciclo vacinal para receber a dose de reforço bivalente, respeitando um intervalo de quatro meses da última dose recebida. Já quem ainda não completou o ciclo vacinal ou está com alguma dose em atraso, pode procurar uma unidade de saúde para se vacinar, mesmo que não esteja no grupo prioritário.

Na segunda etapa, prevista a par-

tir de março, o reforço da vacinação contra COVID-19 será focado em toda a população acima de 12 anos e para as crianças e adolescentes. Já em abril, começa a quarta etapa com campanha da in uenza e, a partir de maio, a quinta etapa terá chamamento para atualização da caderneta de vacinação com as vacinas de todo o Calendário Nacional de Vacinação, com ações nas escolas de todo o País. A meta é atingir 90% de cobertura vacinal em todos os grupos.

Nos últimos anos, a queda na cobertura vacinal em diferentes faixas etárias aumentou o risco da reintrodução de doenças que há décadas não eram registradas no Brasil, como a poliomielite.

Fonte: Ministério da Saúde e Conass

da Eucaristia, os bispos re etirão sobre a própria missão na Igreja e terão formações sobre o Direito Canônico, relações institucionais, o Projeto Comunhão e Partilha, Fundo Nacional de Solidariedade, gestão eclesial, assuntos jurídicos, proteção de menores e Liturgia.

Fonte: CNBB

Jovens já podem fazer o download de guia diário para a Quaresma

A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elaborou um guia diário para auxiliar os jovens na vivência da Quaresma.

O chamado “Meu Planner Quaresmal” está dividido em blocos que ajudam a organizar as ações. Duas partes são reservadas para anotações, tanto para iniciar o dia quanto no seu término, chamados de “Manhã” e “Noite”, nos quais o jovem irá anotar o que fez o seu dia mais próximo de Deus e dos irmãos e seus agradecimentos.

Outros três blocos são reservados à oração e re exão. Há, ainda, espaço para o jovem colocar suas intenções de oração do dia, qual passagem do Evangelho irá ler e o que esta lhe disse ao coração.

E como bônus, há a seção “pequenos passos” diários, da Quarta-feira de Cinzas até a missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa), com propósitos para que os jovens consigam amar bem e melhor a Deus e aos outros.

A proposta, segundo a Comissão, é “ajudar a juventude do Brasil a ter uma vivência mais íntima neste tempo litúrgico que nos prepara para a Semana Santa e Páscoa e que nos estimula à conversão, à melhoria de nós mesmos, e isso não é possível sem revermos a qualidade das nossas relações fraternas”.

O download do “Meu Planner Quaresmal” pode ser feito pelo link encurtado a seguir: https://bityli.com/BF0Ne

18 | Pelo Brasil | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Fontes: CNBB
Luiz Lopes Jr. /CNBB

Papa: na Quaresma, voltar ao essencial e reconciliar-se com Deus

Deixar para trás aquilo que pesa e voltar às verdades fundamentais da vida. Nas palavras do Papa Francisco, essa é uma das principais dimensões do período quaresmal. Durante a missa da Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, ele disse que a Quaresma é “o tempo favorável para retornar ao essencial” e reconciliar-se com Deus, para deixar “reavivar o fogo do Espírito Santo que vive escondido entre as cinzas da nossa frágil humanidade”.

“Quantas vezes nos concentramos sobre as nossas vontades, sobre aquilo que nos falta, afastando-nos do centro do coração, esquecendo de abraçar o sentido do nosso ser no mundo”, declarou. “A Quaresma é um tempo de verdade, para fazer cair as máscaras que usamos todos os dias para parecer perfeitos aos olhos do mundo; para lutar, como nos disse Jesus no Evangelho, contra as falsidades e a hipocrisia: não aquela dos outros, as nossas.”

A Quaresma, acrescentou o Pontíce, “é um tempo de graça, para colocar

em prática o que o Senhor nos pediu”, conforme a Carta de São Paulo aos Gálatas, quando diz “Voltai para mim com todo o coração” (Jl 2,12). Voltar para o essencial, portanto, é “voltar para o Senhor”, disse o Papa. Trata-se de um percurso que envolve, também, voltar para “a verdade de nós mesmos”, reconhecendo que cada pessoa é obra da criação divina. “É ele o Criador, enquanto nós somos frágil argila que das suas mãos é transformada”, comentou

Diante das tentações, Jesus resiste a romper a unidade com o Pai

Francisco, na celebração realizada anualmente na Basílica de Santa Sabina, uma das mais antigas de Roma.

As cinzas, depositadas na cabeça ou na fronte dos éis na Quarta-feira, são um símbolo importante que nos recorda que “com Deus ressurgiremos das cinzas, e que sem Ele somos pó”. Por isso, “com humildade, inclinamos a cabeça para receber as cinzas, trazendo à memória do coração esta verda-

de, somos do Senhor, pertencemos a Ele”.

É, novamente, um lembrete para nós mesmos de que não somos autossucientes, mas que precisamos de Deus.

Esmola, oração e jejum são os caminhos clássicos do período quaresmal, e não se trata de “realizar ritos exteriores”, mas de fazer gestos que expressam “uma renovação do coração”, explicou o Papa. É preciso praticá-los de forma a “nos reconhecermos como lhos de Deus e, entre nós, como irmãos”.

Corresponsabilidade: leigos e sacerdotes unidos na missão

A formação dos éis leigos, indispensável para que vivam um espírito de corresponsabilidade com os pastores, “deve ser orientada à missão”, disse o Papa Francisco, em evento organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em 18 de fevereiro. Isso quer dizer que não basta uma orientação teórica sobre a fé e a vida na Igreja, mas também prática missionária, disse ele.

“O apostolado dos leigos é sobretudo

testemunho! Testemunho da própria experiência, da própria história, testemunho da oração, testemunho do serviço a quem precisa, testemunho da proximidade aos pobres, proximidade às pessoas sozinhas, testemunho de acolhida, sobretudo por parte das famílias. E assim se forma à missão: indo em direção aos outros”, a rmou.

O leigo, disse ele, mais do que um “não clérigo” ou “não religioso”, deve

ser considerado como um batizado. Isso é o que comporta a unidade entre todos na Igreja e, mais ainda, forma uma visão unitária da Igreja. “Somos batizados, cristãos, discípulos de Jesus. Todo o resto é secundário”, disse. O clericalismo “é uma peste” que deve ser combatida com a “irmandade”, em que todos são considerados irmãos e irmãs, cristãos batizados “pertencentes a Jesus”. (FD)

Durante a oração do Angelus do domingo, 26 de fevereiro, o Papa Francisco re etiu sobre o Evangelho do 1º Domingo da Quaresma, que sempre retoma a narrativa sobre as tentações de Jesus no deserto (cf. Mt 4,1-11). Francisco disse que “diabo signi ca ‘divisor’” e comentou o fato de que o diabo, em seu encontro com Jesus, procura tentá-lo criando divisão, enquanto Cristo se apresenta como a mais plena unidade com o Pai.

“O diabo quer se aproveitar da condição humana de Jesus, que está fraco porque jejuou por 40 dias e está com fome”, lembrou o Pontíce. “O maligno tenta inserir nele três venenos poderosos, para paralisar a sua missão de unidade. São eles o apego, a descon ança e o poder.”

Esses três “venenos”, na re exão de Francisco, se referem ao excessivo apego às coisas, às necessidades materiais, além da descon ança em relação a Deus Pai e ao poder conforme os critérios do mundo.

“São as três tentações de Jesus. E também nós vivemos essas tentações, sempre”, comentou o Papa. “O diabo as usa para nos dividir do Pai e não nos sentirmos mais irmãos e irmãs entre nós, para nos levar à solidão e ao desespero.”

Jesus resiste às tentações, disse o Papa, evitando discutir com o diabo e respondendo com a Palavra de Deus. “Não se dialoga com o diabo”, declarou o Santo Padre. “O diabo, nós o vencemos nos opondo a ele com fé na Palavra divina. Desse modo, Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor”, disse. (FD)

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FILIPE DOMINGUES ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA
Vatican Media

Rádio 9 de Julho tem programa especial sobre música e liturgia na Quaresma

“Eis o tempo de Conversão: Música e Liturgia na Quaresma.” Este é o programa que a rádio 9 de Julho, da Arquidiocese de São Paulo, com o apoio do Centro Universitário Assunção (Unifai), leva ao ar (AM 1.600 kHz) e pelo site www.radio9dejulho.com.br aos sábados, às 18h, com reprise aos domingos, às 17h, neste período quaresmal.

Ao todo, são seis episódios – com duração aproximada de uma hora cada – também disponibilizados nas plataformas digitais da rádio (acesse os links no box ao lado), com produção e apresentação do maestro Delphim Rezende Porto, doutor em Música, diretor da São Paulo Schola Cantorum, responsável pela música litúrgica na Catedral da Sé e membro da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de São Paulo.

A proposta é divulgar o repertório do folheto Povo de Deus em São Paulo, bem como explicar o signi cado dos textos musicais contidos nele, oferecendo aos ouvintes uma visão mais ampla e contextualizada sobre a música litúrgica.

“O programa é particularmente relevante durante a Quaresma, já que neste período nós, católicos, renovamos nossas convicções, e a música pode ser uma via facilitadora para o processo de conversão, sobretudo para os já iniciados. O programa também oferece um panorama litúrgico que convida ao aprofundamento. A Quaresma é um tempo de re exão e penitência, e as músicas litúrgicas desempenham um papel importante na criação do ambiente adequado para a celebração. E o podcast ajuda os ouvintes a entenderem melhor o signi cado dessas músicas, e como elas se encaixam no contexto geral deste tempo de conversão”, explicou o maestro ao O SÃO PAULO.

EPISÓDIOS

Os seis episódios temáticos seguem os fascículos do folheto Povo de Deus

em São Paulo para o tempo da Quaresma, abordando um tema especí co relacionado à música litúrgica do dia.

O programa de estreia foi ao ar em 21 de fevereiro, com o enfoque na Quarta-feira de Cinzas. Os outros cinco trazem uma visão pormenorizada e ilustrada, a partir da escuta das peças que estão no folheto, sobre cada um dos cinco domingos da Quaresma.

“Cantar a Quaresma é cantar a conversão, a penitência, mas não só. E quem vai dizer o que devemos cantar é a própria liturgia, que, domingo a domingo, vai nos oferecer um panorama diferente”, explicou o maestro Delphim no segundo episódio do programa, que foi ao ar no último m de semana. Neste, o Padre Luiz Eduardo Baronto, Cura da Catedral da Sé, falou sobre o sentido do tempo quaresmal; o Frei José Moacyr Cadenassi comentou a respeito do canto de apresentação das oferendas “Sê bendito, Senhor, para sempre”; e o maestro Clayton Dias, encarregado da música litúrgica na Arquidiocese de Campinas (SP), apresentou algumas referências sonoras da música sacra católica.

Aos seis episódios se somarão mais dois especiais sobre a música na liturgia do Domingo de Ramos e do Tríduo Pascal.

UM CONTEÚDO PARA TODOS

De acordo com o maestro Delphim, por meio de uma linguagem simples e acessível, o programa despertará o inte-

resse de diferentes pessoas, não apenas de músicos: “A música, por sua natureza, é uma arte agradável e convidativa, mas muitas vezes pode parecer intimidante ou difícil de entendimento para aqueles que não têm experiência musical. O objetivo do podcast é desmisti car a música litúrgica e torná-la acessível a todos”. Esse processo de compreensão é ainda mais facilitado por meio das entrevistas com compositores, letristas e maestros. “As entrevistas também oferecem uma oportunidade para que eles expliquem suas intenções ao criar a música e como ela se encaixa no contexto da celebração litúrgica. Ao fazer a música litúrgica mais acessível e compreensível para todos, o podcast ‘Eis o tempo de Conversão: Música e Liturgia na Quaresma’ oferece uma oportunidade para os ouvintes se conectarem mais profundamente com a música e com a fé cristã”, destacou o maestro.

O PAPEL DA MÚSICA LITÚRGICA

O diretor da São Paulo Schola Cantorum também enfatizou que a música litúrgica não deve ser vista como elemento decorativo e de entretenimento na celebração religiosa.

“Ela possui uma missão especí ca de conectar os éis ao mistério celebrado, sendo uma expressão da fé católica. Nesse sentido, a interpretação correta da música é essencial para que ela cumpra sua missão. E durante a Quaresma, período

Você Pergunta

Eis o tempo de Conversão: Música e Liturgia na Quaresma Pela rádio 9 de Julho: aos sábados, às 18h (reprise aos domingos, às 17h)

Nas plataformas digitais da rádio (acessíveis pelos links encurtados a seguir):

Spotify: https://bityli.com/4CJiN

YouTube: https://bityli.com/U9rEu

de re exão para os cristãos, é especialmente importante uma revisão das nossas práticas litúrgicas. Certamente este é um momento oportuno para os músicos e éis re etirem sobre a música na celebração e sobre como ela pode ser aprimorada para melhor servir à comunidade reunida”, enfatizou o doutor em Música. O maestro lamentou que ainda haja equipes de músicos na Igreja que não estejam plenamente integradas à equipe litúrgica: “Quando a música é feita em favor dos cantores e instrumentistas, em vez de estar a serviço da assembleia, há um descompasso entre a missão e o objetivo da Igreja em relação à música litúrgica. Por isso, é necessário que os músicos compreendam que estão a serviço da comunidade e que a música é ritual e deve ser executada com sensibilidade e compromisso, levando em conta sua função de elevar os éis. A identidade católica também é expressa no repertório litúrgico, por isso é importante que ele seja selecionado e interpretado com cuidado e responsabilidade”.

“Nosso objetivo é formar músicos que entendam a importância do serviço à comunidade e que trabalhem para entregar a ela uma música de qualidade que possa contribuir para o culto. Durante esta Quaresma, devemos nos reinventar e buscar melhorar nossa prática para que possamos melhor desempenhar nosso papel dentro da comunidade”, concluiu.

Como são escolhidos os temas da Campanha da Fraternidade?

Essa foi a dúvida enviada pela Maria do Carmo, de Guarulhos (SP). Gostei da pergunta, Maria! E eu começo a responder lembrando a você que a Campanha da Fraternidade é um jeito muito bonito que a Igreja no Brasil descobriu para nos ajudar a viver o tempo da Quaresma, estes quarenta dias em que nos preparamos para a Páscoa do Senhor, que é a festa mais importante do calendário cristão.

Na Páscoa, celebramos a vitória de Je-

sus sobre a morte, sua Ressurreição gloriosa na qual Ele passou para nós um documento com rma reconhecida de que Ele é Deus, que Ele quis ser Deus conosco e continua sendo pela vida afora.

A Quaresma nos prepara para a Páscoa, momento em que vivenciamos uma experiência linda de Jesus ressuscitado. E como a Igreja propõe esta preparação para os cristãos de todo o mundo? Por três meios: a oração, a penitência e o amor fraterno. Na oração, entramos em comunhão profunda com Deus; com a penitência, exercitamos nossa vontade a

querer só o que Deus quer; e com o amor fraterno, nos reconhecemos irmãos e vamos ao encontro de Deus presente nos pequenos e pobres.

A Igreja no Brasil quis ajudar-nos a viver melhor ainda a Quaresma, canalizando a nossa oração, a nossa penitência e o nosso amor fraterno para a transformação da realidade triste das parcelas do povo que carregam no corpo as marcas da cruz de Cristo. Assim, depois de alguns anos com a Campanha da Fraternidade re etindo sobre o que é ser Igreja, o que é ser discípulo de Cristo, a

Igreja passou a focalizar a cada ano um aspecto da realidade do povo que revela sofrimento, discriminação, dor, clamor de justiça.

Neste ano, nossa oração e re exão, nossa penitência e renúncia a algum bem legítimo e nosso amor serão dirigidos à questão da fome. Participar da Campanha da Fraternidade se torna, então, um grande gesto de inclusão e de comunhão da Igreja, que tornará muito mais forte a experiência com o Cristo ressuscitado. É isso aí, Maria do Carmo. Que Deus abençoe você e sua família.

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PADRE CIDO PEREIRA osaopaulo@uol.com.br Reprodução
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Argentina Governo investiga alto número de grávidas russas que chegam ao país

“Ajudamos as pessoas a se mudarem para a Argentina e obterem residência permanente e passaporte, o que permite a entrada sem visto em 170 países ao redor do mundo”, anunciou o site RuArgentina.com, que oferece um pacote que inclui hospedagem em Buenos Aires, capital do país, assistência médica, ajuda com tradutor e gestão de documentos, entre outros serviços para grávidas.

Atualmente, os principais destinatários são mulheres russas grávidas que estão sendo ‘encorajadas’ a fugir da guerra que já dura mais de um ano entre a Rússia e a Ucrânia.

O governo da Argentina a rmou em 21 de fevereiro que nenhum cida-

dão russo que tenha ido ao país no ano passado obteve passaporte argentino, em meio à investigação realizada pela Justiça sobre as milhares de grávidas russas que viajam para o país com o objetivo de dar à luz e presumivelmente obter esse documento.

A Justiça argentina investiga se foi montada uma rede para antecipar o nascimento de lhos de mães russas no país para que adultos tenham acesso ao passaporte argentino em tempo recorde. A criança nascida na Argentina tem direito a passaporte, mas os pais devem iniciar um processo legal que “leva anos”, lembrou o ministro das Relações Exteriores argentino, Santiago Ca ero.

Desde o início da guerra na Ucrânia, 10,5 mil russos viajaram para a Argentina, sendo que 5.819 eram mu-

China

Celebrações eucarísticas solenes com grande participação do povo de Deus, escrutínios dos catecúmenos em preparação para o Batismo, mandato missionário de leitores e ministros extraordinários da Sagrada Comunhão: nas comunidades católicas chinesas, o 1º Domingo da Quaresma foi marcado por encontros e ocasiões pastorais que acompanham, segundo a tradição, o início do caminho quaresmal, tempo propício para pedir perdão dos pecados, fazer obras de caridade e se preparar pela alegria da Páscoa.

Na Arquidiocese de Pequim, muitas paróquias adaptaram as celebrações litúrgicas às necessidades de muitos trabalhadores. Na catedral, no domingo, 26 de fevereiro, Dom Joseph Li Shan presidiu o rito de escrutínio dos catecúmenos e também conferiu o mandato missionário a 11 ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, que serão enviados às casas dos idosos, enfermos e de cientes para levar a Eucaristia.

Em muitas paróquias de Pequim, o rito de imposição das Cinzas também foi celebrado durante as missas no domingo, 26. Na paróquia dedicada à Medalha Milagrosa, foi celebrado o sacramento da Unção dos Enfermos, além dos ritos do escrutínio dos catecúmenos e o mandato missionário dos leitores das celebrações litúrgicas.

A comunidade católica de Shenzhen, além de celebrar os ritos quaresmais relativos aos catecúmenos, ministros da Eucaristia, enfermos e leitores, também viveu o 1º Domingo da Quaresma como uma oportunidade para sensibilizar todos os éis para as questões ecológicas e a proteção da Criação. O dia começou com uma caminhada ecológica após a missa. Os éis, liderados pelos párocos, promoveram também uma extraordinária coleta de lixo, sob o lema “Shenzhen cará mais bonita e seu povo mais feliz graças à minha contribuição”. Assim, seguindo o ensinamento da Igreja rea rmado pelo Papa Francisco

Filipinas

Número de católicos cresce para mais de 85 milhões

lheres grávidas. O país não exige visto para turismo e as vítimas são seduzidas com a promessa de que, assim que derem à luz na Argentina, elas e seus maridos, como pais, poderão obter a cidadania em pouco tempo.

O passaporte argentino dá acesso a mais de 170 países sem visto e permite obter um visto de 10 anos nos Estados Unidos, em um contexto em que a Rússia enfrenta sanções pela invasão à Ucrânia.

Os investigadores identi caram a primeira linha da “organização criminosa” que “lucrou com famílias russas de alto poder aquisitivo, que para entrar no país pagaram de 20 mil a 35 mil dólares” e designaram um hospital para o nascimento de seus lhos, segundo fontes policiais.

Fonte: Agência Fides e Gazeta do Povo

O censo realizado nas Filipinas revelou que o país continua predominantemente católico. De acordo com o levantamento estatístico, entre os anos de 2015 e 2020, a população católica local cresceu cerca de 5 milhões.

Esse impressionante aumento no número de católicos em todo o país asiático representa 78,8% dos mais de 108 milhões de lipinos. No total, são mais de 85 milhões de pessoas que relataram se identicar com o catolicismo e sua doutrina.

Apesar de o censo de 2015 ter divulgado um número maior (79,5%) na porcentagem de católicos em comparação com o de 2020, é preciso ter em conta o aumento de quase dez milhões no número de habitantes entre estes anos.

A Igreja Católica nas Filipinas conta atualmente com 72 dioceses em 16 províncias eclesiásticas. Além disso, o país possui a terceira maior população católica do mundo, depois do Brasil e do México. (JFF)

Nicarágua Procissões públicas da Via-Sacra estão proibidas

Em mais uma investida contra a Igreja Católica e os opositores de seu governo, Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, proibiu as tradicionais procissões públicas da Via-Sacra em todas as paróquias do país. Agora, o tradicional ritual poderá ser celebrado apenas no interior dos templos ou ao redor da Catedral.

A medida foi tomada no contexto da crescente repressão do presidente Ortega contra a Igreja na Nicarágua, no qual se inclui a recente condenação de Dom Rolando Álvarez, Bispo de Matagalpa, a 26 anos de prisão, e a deportação para os Estados Unidos de 222 opositores políticos.

Na semana passada, em um discurso pelos 89 anos da morte do herói nacional nicaraguense, Augusto Sandino, o presidente Ortega novamente atacou a Igreja, acusando o Vaticano de ser uma organização ma osa, de ter apoiado vários ditadores, entre eles Mussolini e Somoza, deposto pela Revolução Sandinista em 1979.

na encíclica Laudato si’, os católicos de Shenzhen também quiseram mostrar como a preocupação dos cristãos pela proteção da Criação pode oferecer uma preciosa contribuição à convivência urbana e ao bem comum de todos os cidadãos. (JFF)

“Não acredito em Papas nem em reis: quem escolhe o Papa? Se queremos falar de democracia, o povo deve primeiro eleger os padres, os bispos e até o Papa deve ser eleito por voto direto e não pela má a organizada no Vaticano”, a rmou o governante nicaraguense. (JFF)

22 | Pelo Mundo | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Fonte: Gaudium Press
O intenso início da Quaresma nas comunidades católicas chinesas
Fonte: Agência Fides Arquidiocese de Pequim

QUE BRILHE PARA VÓS A LUZ ETERNA

Padre Roque Schneider, SJ, ex-diretor nacional do Apostolado da Oração

REDAÇÃO

A Província dos Jesuítas do Brasil comunicou no domingo, 26 de fevereiro, o falecimento do Padre Roque Schneider, SJ, aos 90 anos de idade. Desde 2013, ele vivia na comunidade dos Jesuítas na zona Sul da capital paulista. Padre Roque nasceu em Cerro Largo (RS) em 1933 e foi ordenado sacerdote em 7 de dezembro de 1964, tendo realizado seus estudos de Letras Clássicas, Filoso a e Teologia com os Jesuítas. Também estudou Jornalismo e Cinema, tendo ampla atuação nos meios de comunicação. Escreveu inúmeros artigos e aproximadamente 160 livros. Também foi membro da Academia Cristã de Letras e do Instituto Histórico, em São Paulo.

Ganhou notoriedade pelos programas que apresentou na Rede Vida de Televisão e nas rádios Aparecida,

Evangelizar é Preciso e Imaculada Conceição Padre Roque foi diretor nacional do Apostolado da Oração (AO) de 1978 a 1984 e de 1992 a 2006, épocas em que visitou muitas cidades no Brasil e no exterior.

Em março de 2013, por ocasião do 7o Encontro Nacional do Apostolado

Liturgia e Vida

2º DOMINGO DA QUARESMA 5 DE MARÇO DE 2023

é bom

da Oração, realizado na capital paulista, Padre Roque Schneider, à época Assistente Espiritual do Apostolado na Arquidiocese, conversou com a reportagem do O SÃO PAULO e destacou algumas atitudes que jamais devem deixar de ser feitas pelos membros do AO, tais como assumir as ações com criatividade, aprofundar a re exão bíblica e teológica do Sagrado Coração de Jesus, dar atenção aos enfermos e idosos e atrair a juventude.

“Ter conteúdo é importante, bem como ser um cristão alegre, um cristão criativo, e não que repete a mesma coisa, que sempre se forma. Hoje, mais do que nunca, para levarmos a Palavra de Deus, temos que ter conteúdo para sermos apóstolos e missionários de maior profundidade”, disse à reportagem.

O Sacerdote foi sepultado na tarde do domingo, 26 de fevereiro, no Cemitério Santíssimo Sacramento, no Sumaré.

Padre Jaime Crowe teve destacada ação evangelizadora na periferia de SP

A Diocese de Campo Limpo, do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), informou, em 20 de fevereiro, o falecimento do Padre Jaime Crowe, SPS, aos 77 anos, em decorrência de um infarto. O Sacerdote irlandês estava em seu país de origem, onde retornou em denitivo em 2021, por questões de saúde.

Pertencente à Sociedade São Patrício (SPS), Padre Jaime chegou ao Brasil em 1969 e atuou em diversas localidades da Diocese de Campo Limpo.

Em 1986, iniciou trabalhos pastorais na Paróquia Santos Mártires, no Jardim Ângela, na periferia da zona Sul

de São Paulo. Padre Jaime denunciou as violações de direitos humanos e a violência que ceifava a vida de inúmeros jovens.

Padre Jaime criou a Sociedade

Santos Mártires, uma associação civil sem ns lucrativos com a nalidade de abrigar as demandas da população do Jardim Ângela. Promoveu passeatas e inúmeras outras iniciativas para cobrar as autoridades públicas de melhorias na região. Na Sociedade, cerca de 10 mil pessoas recebem assistência, com trabalhos que vão desde creches até atendimento psicológico para mulheres agredidas.

Em 2005, Padre Jaime recebeu o Prêmio USP de Direitos Humanos, e em 2016 a Prefeitura de São Paulo lhe concedeu o Prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns.

Irmã Devani Maria de Jesus, pioneira na congregação fundada por Dom Paulo Evaristo

“Uma Irmã carismática que sempre manifestou amor e dedicação à vida consagrada e aos familiares das irmãs; muito atuou em prol das vocações e no pastoreio de Dom Paulo Evaristo, o Cardeal Arns. Nos últimos tempos, em prol das irmãs idosas e enfermas. Uma Franciscana feliz.”

É assim que a Irmã Ivaldete Rodrigues, ministra-geral da Congregação das Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral, refere-se à Irmã Devani Maria de Jesus, que morreu no sábado, 25 de fevereiro, aos 74 anos.

Irmã Devani nasceu em Anicuns (GO), em 10 de abril de 1948.

Ela se tornou aspirante à vida religiosa consagrada em 1962, em Goiânia (GO), sendo aluna e colaboradora do Colégio Santa Clara, tendo atuado

em várias pastorais na Arquidiocese de Goiânia, bem como na alfabetização de adultos, e cursos pro ssionalizantes na Secretaria de Educação de Goiás.

Em 30 de março de 1973, começou o Noviciado na Fraternidade do

Colégio São Francisco de Assis, em São Paulo, tornando-se a primeira noviça da recém-fundada Congregação das Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral, iniciada por Dom Paulo Evaristo Arns. Fez a pro ssão temporária em 15 de abril de 1974 e professou os votos perpétuos em 4 de fevereiro de 1978, em Taboão da Serra (SP).

Juntamente com as outras irmãs da congregação, cuidou de modo zeloso de Dom Paulo em sua fase nal de vida. O “Cardeal da Esperança” faleceu em dezembro de 2016.

A missa de 7o dia em sufrágio da Irmã Devani Maria de Jesus acontecerá na sexta-feira, 3, às 10h, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto (Rua Serra do Japi, 1.146, Tatuapé).

PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Depois de anunciar a sua Paixão e Morte, Jesus disse aos discípulos que deveriam tomar a própria cruz e garantiu que “alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu reino” (Mt 16,28). Então, levou Pedro, Tiago e João “a um lugar à parte, sobre uma alta montanha” (Mt 17,1) e lhes mostrou em que consistiria tal “vinda em seu reino”: trans gurou-se, com “o rosto brilhante como o sol e as roupas brancas como a luz” (Mt 17,2). Os apóstolos saborearam um lampejo do que será o Céu, a visão beatí ca. Moisés e Elias – representando a Lei e os Profetas do Antigo Testamento – falavam com Jesus. Manifestaram-se também o Pai e o Espírito Santo: “Uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado’” (Mt 17,5). Desse modo, o Senhor quis con rmar o que pouco antes Pedro confessara - “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Além disso, dava aos discípulos um grande conforto para que, no momento da Paixão, ao verem Jesus des gurado e morto, não perdessem a fé. Não à toa, João seria o único apóstolo a permanecer com o Senhor no Calvário. No prólogo do seu Evangelho, recordaria: “Nós vimos a sua glória, como de um Unigênito do Pai cheio de graça e verdade” (Jo 1,14). São Pedro também justicaria sua autoridade apostólica pelo fato de que “nós ouvimos a voz de Deus Pai quando ela foi dirigida do Céu, ao estarmos com Cristo na montanha santa” (2Pd 1,18).

A Trans guração marcou de tal modo os três Apóstolos que se pode dizer que foi determinante para que suportassem as tribulações e trabalhos que os esperavam. Assim também em nossas vidas, o Senhor nos reserva alguns momentos de doçura e de clareza espiritual para que, nas di culdades, nos sirvam de sustento e nos recordem do caminho a seguir. O Senhor é tão bom e solícito que, prevendo os momentos de escuridão e dor, prepara-nos previamente com a sua luz.

Temos, porém, a oportunidade de receber cotidianamente um pouco da luz fortalecedora de Cristo, por meio dos momentos diários de oração. Podemos nos colocar em “um lugar à parte” com Jesus, fazendo silêncio diante de uma imagem, visitando uma igreja para orar, rezando o Terço ou visitando o Santíssimo Sacramento. Nesses momentos, o Senhor nos ilumina, aumenta-nos a fé e fala-nos ao coração sem ruído de palavras. Empregar tempo para estar a sós com Deus, sobre a “alta montanha” da oração, é algo necessário para que permaneçamos éis ao Senhor, mesmo que tudo se torne difícil. Por isso, Santo Afonso de Ligório dizia a famosa frase: “Quem reza se salva, quem não reza se condena”. A oração deve ser ainda mais intensa na Quaresma! Por meio dela, Deus nos con rma na fé. Sem ela, perdemos a direção, a esperança e a caridade. Sem ela, ainda que queiramos fazer o bem, erramos! No início, a oração é difícil. Depois, com um pouco de prática, passamos a amá-la e a dizer “Senhor, é bom carmos aqui” (Mt 17,4)!

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‘Senhor,
Luciney Martins/O SÃO PAULO Luciney Martins/O SÃO PAULO Arquivo Jesuítas

Cardeal reflete com o clero arquidiocesano sobre o caminho pós-sinodal

FERNANDO GERONAZZO ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realizou na quinta-feira, 23 de fevereiro, o seu encontro anual com o clero arquidiocesano, atividade que marca o início do ano pastoral.

O evento, realizado no Colégio Santo Antônio de Lisboa, no Tatuapé, reuniu os bispos auxiliares, padres e diáconos que vivem e atuam na Igreja em São Paulo, para re etirem sobre a caminhada percorrida em 2022 e sobre os principais destaques do ano que se inicia.

Nessa ocasião, também foram acolhidos os clérigos que assumiram encargos e ofícios pastorais na Arquidiocese desde março de 2022. Dom Odilo recordou, ainda, os sacerdotes e diáconos idosos e enfermos, além daqueles que morreram no último ano.

SÍNODO ARQUIDIOCESANO

O Cardeal dedicou a maior parte do encontro para tratar com os clérigos sobre a conclusão dos trabalhos do sínodo arquidiocesano de São Paulo, cuja

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Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Santa Sé con rma viagem do Papa Francisco à Hungria em abril https://bityli.com/6kZkv

Brasileiro Aloísio Sebastião Boeing declarado venerável https://bityli.com/dGlI6

Papa reza pelas vítimas de naufrágio na costa da Calábria https://bityli.com/Wqkf0

Mais de 1 bilhão de pessoas em 43 países correm risco de contrair cólera https://bityli.com/zQ8qJ

Estudantes de escolas municipais plantam quase 10 mil árvores nativas da Mata Atlântica https://bityli.com/8lHUE

Instituto apontou, há 4 anos, alto risco em 161 casas de São Sebastião (SP) https://bityli.com/c7d5

assembleia sinodal aconteceu ao longo de 2022. No próximo dia 25 acontecerá a celebração de encerramento.

Dom Odilo ressaltou que o caminho não se conclui com o m dos trabalhos sinodais. “Agora, começa a etapa pós-sinodal, para assimilar, agir e traduzir em práticas aquilo que foi re etido e proposto pelo sínodo”, explicou, informando que, no dia 25 de março, será publicada sua carta pastoral, na qual serão compartilhadas as propostas elaboradas na assembleia e as diretrizes pastorais para a Igreja em São Paulo.

Nesse sentido, o Arcebispo apresentou algumas “questões transversais” para serem mais bem aprofundadas, como: a vivência da comunhão eclesial; o crescimento no senso de pertencimento à Igreja e à identidade católica; a promoção da conversão e a renovação missionária; a motivação para a participação na vida e na missão da Igreja; a valorização do domingo como dia do Senhor e da comunidade; a priorização da Catequese e da formação; a promoção da caridade organizada; a realização de uma comunicação evangelizadora; a reorganização da pastoral para melhor servir à vida e à missão da Igreja, entre outras questões.

Dom Odilo explicou que em breve serão constituídas comissões para estudar essas questões para que elas se traduzam em diretrizes concretas para a vida e a missão da Igreja na cidade de São Paulo.

“Entramos, assim, no processo de recepção do sínodo arquidiocesano.

De pouco adiantaria se zéssemos todo esse esforço se não houvesse o empenho para colocar em prática”, completou o Arcebispo.

SINODALIDADE

Ao falar sobre os destaques da vida da Igreja em âmbito universal, o Cardeal Scherer ressaltou a realização da etapa continental do caminho sinodal convocado pelo Papa Francisco em 2020, que tem como tema a sinodalidade da Igreja. Essa etapa antecede a primeira parte da assembleia do Sínodo dos Bispos, que será realizada em outubro, no Vaticano, seguida de uma segunda parte, prevista para 2024.

“Este Sínodo é, na verdade, um sínodo sobre a própria a Igreja. Chama à re exão sobre o que é e como deve ser a Igreja... Sinodalidade signi ca a Igreja como um povo que caminha junto, em comunhão, participação e missão”, a rmou o Cardeal.

“Este é um grande momento da vida da Igreja, que não vai mudar a sua essência, mas, sim, retomá-la”, completou o Arcebispo.

ANO SANTO

Ainda no âmbito universal, o Cardeal Scherer destacou a preparação para o Ano Santo de 2025, que retomará as intuições dos três grandes documentos do Vaticano II: as constituições Lumen gentium, Dei verbum e Gaudium et spes Embora mais distante, a Igreja já tem no seu horizonte a celebração do Ano Santo do bimilenário da Redenção, em 2033, que, como enfatizou Dom Odilo,

“será oportunidade para a retomada da evangelização sobre a redenção e a centralidade da vida de Cristo para a Igreja e para a humanidade”.

Além desses eventos, o Arcebispo destacou a realização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, Portugal, em agosto, considerando-a uma grande oportunidade para a evangelização dos jovens. Para isso, recomendou aos padres que motivem a juventude a participar do evento, seja presencialmente, seja a distância, por meio de iniciativas que valorizem a ocasião.

AMÉRICA LATINA E BRASIL

Na América Latina, além da repercussão das re exões da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, a Igreja no continente prepara para a celebração dos 500 anos da aparição da Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina.

Para a Igreja no Brasil, Dom Odilo recordou que, em abril, acontece a 60ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), que este ano elegerá a nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e aprovará as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o próximo quadriênio.

Por m, o Cardeal Scherer agradeceu a todos os padres e diáconos pelo trabalho realizado nas paróquias e comunidades da Arquidiocese, motivando-os a seguirem rmes na missão de serem testemunhas de Deus e da Igreja na metrópole, animando e apascentando o povo de Deus.

24 | Geral | 1º a 7 de março de 2023 | www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
O SÃO PAULO
Luciney Martins/
Ao lado dos bispos auxiliares, Dom Odilo fala ao clero na abertura do ano pastoral da Arquidiocese, na quinta-feira, 23 de fevereiro

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