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MUSEU DO CAIS DO VALONGO

ANIELLE FRANCO DIZ QUE MUSEU NÃO SERÁ ‘DA ESCRAVIDÃO’ E QUE NOME AINDA SERÁ DECIDIDO

Ministras e primeira-dama estiveram em local que foi declarado pela Unesco em 2017 com o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. Encontrado em escavações feitas durante as obras de revitalização da região, o local guarda parte da história da escravidão.

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Eliane Santos

As ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a primeira-dama

Janja Lula da Silva e o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, visitaram o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, na tarde desta quinta-feira (9).

Durante a visita, Anielle explicou que um museu que deve ser erguido na região não vai ser chamado Museu da Escravidão e terá o nome decidido por toda comunidade. Em consultas, o nome tinha sido rechaçado por amplo consenso da sociedade civil envolvida.

O evento marcou a retomada do Comitê Gestor do Cais do Valongo,que tem o papel de estruturar ações de ocupação, sinalização e qualquer outro tipo de intervenção no sítio arqueológico que, em 2018, foi declarado pela Unesco Patrimônio Histórico da Humanidade.

Anielle Franco afirmou que em maio será anunciado um projeto para aumentar a frequência turística no Cais do Valongo. Já existe um projeto de um museu na frente do cais em andamento, que deve ser impulsionado agora.

O prédio que era do Comitê da Fome, construído por André Rebouças - pri - meiro engenheiro negro do Brasil-, deve ser a sede do museu ou centro de referência para a cultura negra no Rio de Janeiro, mas esses detalhes ainda vão ser decididos nas datas mencionadas pelas ministras e presidente do BNDES.

“[A visita] é um marco desse movimento, esse museu, esse memorial, para trazer esse respeito a memória, respeito a história do povo afro-brasileiro a partir do Rio de Janeiro desse lugar tão emblemático e tão grandioso para todos nós”, disse Margareth Menezes. Uma promessa que estava na candidatura do Cais do Valongo ao título de Patrimô- nio da Humanidade era ocupar um armazém com uma exposição permanente sobre a ancestralidade africana é de 2017. A promessa que foi adiada várias vezes. Atualmente, o galpão abriga mais de um milhão de achados arqueológicos da região e está fechado para a visitação pública.

O cais

Encontrado em escavações feitas durante as obras de revitalização da região, o local guarda parte da história da escravidão. De acordo com o antropólogo Milton Guran, as ruínas do Cais do Valongo são os únicos vestígios materiais de desembarque de africanos escravizados nas américas. O Valongo possui cerca de 350 metros de comprimento e vai da Rua Coelho e Castro até a Sacadura. Ele começou a ser construído no no fim do século XVIII e ficou pronto em 1811. A região era desabitada na época e o acesso era difícil. Por isso, foi escolhida para sediar o porto de desembarque de escravos. A área deixa de funcionar como ponto de entrada de escravos por volta de 1831, quando leis contra a escravidão começaram a ser assinadas. Nessa época, o tráfego passou a ser clandestino e acontecia no período noturno.

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