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Musical “Outras Marias” volta à cena no Teatro Glauce Rocha
No
mês das mulheres, legados de sete delas serão lembrados e interpretados
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DCom texto de Márcia Zanelatto e direção de Patrícia Selonk, o musical “Outras Marias” volta ao cartaz, no dia 3 de março, no Teatro Glauce Rocha, Av. Rio Branco, 179, Centro do Rio, no mês que homenageia as mulheres.
A temporada será: de 3 a 26 de março, de sexta a domingo, às 19h.
O projeto é da atriz e pesquisadora Clara Santhana, que leva à cena a trajetória de luta e liberdade de sete mulheres: Maria Padilha de Castela, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, Maria Doze Homens, Maria Bonita, Maria Navalha e Maria Mulambo. “O espetáculo leva à cena a história de sete Marias que deixaram legados de luta e transformação social”, explica Clara Santhana, conhecida por viver a cantora Clara Nunes no teatro há 10 anos. A cantora e atriz dá prosseguimento à sua pesquisa sobre mulheres libertárias. A peça, além de ser escolhida para a programação de reabertura do espaço, será apresentada no mês da mulher, para celebrar a força
Exposição reúne time de fotógrafas pretas em coletivo
Inédito! Comemorando o bicentenário da Independência do Brasil, a exposição “Olhares Plurais de Paisagens Regionais” reúne um coletivo inédito de fotógrafas negras de diferentes regiões do estado do Rio (foto: Higor de Souza). Cada uma delas, através da fotografia, mostra o próprio olhar, tendo como base de inspiração o poema “Canção do Exílio” (1843), de Gonçalves Dias, um marco no movimento romântico no Brasil. Sendo assim, elas ressignificam este poema a partir de um novo olhar dentro de suas respectivas regiões. A atriz e produtora Ester Freitas idealizou o projeto que tem abertura marcada para segunda-feira (6 de março), às 16h, quando as fotografias serão expostas na Escola de Teatro de Quintino, de segunda a sexta-feira. A diversidade, tanto regional quanto de estética fotográfica, é um elemento que caracteriza o projeto que tem no time Mariana Alves, Camila Bózeo, Esther Januário, Fernanda Dias, Izabelle Brum, Karoline Lima, Maria Eduarda Ramos e Marina Alves.
dessas personagens históricas. O espetáculo estreou com sucesso e elogios no ano passado, ganhou o Selo de qualidade, criado por Gilberto Batholo em 2022, e foi indicada em duas categorias no prêmio do site Musical Rio 2022 (Melhor atriz –Clara Santhana e Selo Musical.Rio). “Outras Marias” vai receber espectadoras atendidas por dois centros de apoio a mulheres em situação vulnerável: Redeh (Centro de De- senvolvimento Humano) e o Centro Cultural Tupiara, na Cidade de Deus. Além disso, estarão presentes alunos do Norte Teatral, projeto de ensino de Teatro para jovens de comunidade e estudantes de rede pública, com aulas no Teatro Miguel Falabella, sob a coordenação do professor Leandro Castilho, ator da Cia Atores de Laura. Após a sessão, haverá uma roda de conversas entre a equipe de criação, as mulheres e os jovens.
“Em comum, são mulheres transgressoras”, diz atriz
Clara Santhana começou a pesquisar quando notou a escassez de material de mulheres que tiveram a coragem de romper com padrões normativos, como Maria Bonita e Maria Felipa de Oliveira (que lutou pela independência da Bahia em 1823), Maria 12 Homens e as Marias que se tornaram divindades em cultos de origem brasileira e matriz africana, como as Marias Mulambo, Navalha, a portuguesa Quitéria e a mais conhecida delas, Maria Padilha – amante de um monarca no antigo reino de Castela e foi coroada depois de morta. “Essas sete mulheres têm em comum, além do nome, o fato de serem mulheres transgressoras. Elas são de povos diferentes, culturas diferentes, viveram em tempos diferentes, mas representam a mulher livre. São arquétipos de mulheres livres, que vão numa trajetória oposta à de Maria de Nazaré, que representa o arquétipo da grande mãe e da mulher casta, que é mais aceita na sociedade. As nossas Marias rompem com os padrões normativos”, explica Clara. >> Mulherada - “Além das personagens femininas, o projeto tem muitas mulheres na sua equipe de criação. Foi bom demais ter essa mulherada junta na sala de ensaio. Como diretora, optei por levantar algumas questões fundamentais e buscar possibilidades de resposta. As histórias de vidas dessas Marias sustentam a narrativa que, por sua vez, resulta da costura entre textos falados e cantados”, acrescenta Patrícia Selonk, diretora do espetáculo.
A primeira fase do Romantismo no Brasil serviu como mote de criação para as obras desenvolvidas para esta exposição, trazendo olhares atuais sobre diversos pontos do estado do Rio de Janeiro. “Os olhares plurais destas mulheres pretas reconstroem a História, valorizando e recuperando o lugar de protagonismo que lhes foi roubado. Neste projeto, elas se refletem com sensibilidade nas imagens captadas por suas lentes”, destaca Heloísa de Souza, professora e integrante do projeto. “Eu acho que qualquer trabalho, em qualquer área do conhecimento que viabilize narrativas pouco exploradas, pontos de vista de pessoas pretas, é importante à história deste país, visto que, não possuímos a dimensão merecida. Essa iniciativa acaba também sendo um movimento de reparação histórica”, ressalta Marina Alves, fotógrafa, operadora de câmera, diretora de fotografia e cientista social, que já participou de mais de vinte exposições fotográficas e que integra o time de mulheres deste projeto que conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.