1 minute read

PÁG

GOTAS DE NANQUIM

Advertisement

“Ecos da sala vazia e o bouganville do jardim”

Por Marcelo Basbus Mourão

No canto da sala ainda restava uma caixa para a mudança.

Pude, por alguns minutos, perceber que o que acumulamos de genuíno e verdadeiro ao longo da vida são mesmo as nossas lembranças retratadas e fotografadas com o flash da alma.

Em alguns momentos, segurei as lágrimas que ameaçavam cair.

Olhei por alguns instantes toda a casa vazia e, de repente, um eco de nostalgia preencheu todo o espaço juntamente com o último raio de sol que, ao meio dia, fez sua despedida daquela janela. Um cenário, uma cena, um personagem e uma trilha sonora silenciosa. Uma fotografia invisível.

Nenhum barulho havia mais naquele lugar a não ser a batida do meu coração que ora pulsava de alegria, ora de saudade e ansiedade pela nova estrada; nova conquista misturada ao sentimento de saudade da casa que ficava e dos momentos felizes registrados. Futuro! Esse destino indecifrável!

Tranquei a porta da frente como fazia há tantos anos. Mas, naquele momento, foi diferente! Uma etapa da minha vida estava sendo encerrada. Ao descer a ladeira, senti uma profunda saudade do bouganville lilás plantado há quase um ano, juntamente com os coqueiros.

Foram as caixas, foram as lembranças, mas ficou algo vivo para perpetuar a natureza que nos envolve e que sobrevive à era tecnológica, digital e artificial. Senti saudades do bouganville naquele instante e, de vez em quando, ao passar em frente ao jardim, recordo todos os instantes emocionados que ficaram pairando naquele lugar junto com o orvalho da manhã e o brilho do luar. Um eco ficou na sala vazia!

MARCELO BASBUS MOURÃO é advogado, ator, autor e diretor de teatro. Instagram @marcelobasbusmourao | e-mail mbmourao@hotmail.com | Facebook Marcelo Basbus Mourão

This article is from: