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ESTRADAS PIONEIRAS E A FAZENDA SÃO JOÃO DA BARRA | PARTE 3
ser originalmente enrelhadas como as portas. Na fachada lateral esquerda, temos na área de serviço e cozinha os vãos fechados por barras verticais”.
O Inventário também registra que:
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“Temos no interior da casa a sala de jantar pintada na cor amarela. Nessa sala, à direita, há um acesso aos ambientes sociais, quarto de hóspedes e à escada que leva do porão aos ambientes sociais, além de uma sala-museu, com documentos e mobília de valor histórico, adquiridos pelo proprietário em leilões ou já encontrados na fazenda (...) À esquerda da sala de jantar, temos acesso à cozinha, serviços e dependências íntimas.”
ATESTADOS DE ALFORRIA, EQUIPAMENTOS DOS CASTIGOS
E NA DISCIPLINA DOS ESCRAVOS
Da sala principal alcança-se a escada de acesso ao porão, um ambiente social decorado com mobiliário de alto valor histórico adquirido em outras fazendas ou arrematado em leilões. Tal espaço, cujas paredes são revestidas de tijolos aparentes, compõe, na realidade uma sala-museu dotada não apenas de móveis típicos de séculos anteriores como principalmente, de uma admirável e valiosa coleção de documentos que se remetem aos antigos períodos coloniais e imperiais do Brasil. Expõem-se ali, de modo perfeitamente organizado e até mesmo cronologicamente correto, dezenas de certidões, títulos, cartas, manuscritos, convites, atestados de alforria, diplomas e moedas raras, além de equipamentos empregados nos castigos e na disciplina dos escravos, tais como correntes, gargalheiras, algemas etc.
ASSINATURAS DE D. PEDRO I E D. PEDRO II
Ressalte-se o fato de que todo o extraordinário acervo da sala-museu é bastante valorizado pela sua autenticidade e pelas assinaturas de D. Pedro I, D. Pedro II e de outros próceres do Império apostas em muitos dos documentos postos à vista do visitante de maneira clara e objetiva tanto por sobre mesas quanto pelas paredes daquela agradável e elucidativa ambiência histórica. Complementando a ornamentação, há uma interessante sequência de imagens ornadas relativas à época escrava, com destaque para figuras de Jean-Baptiste Debret e de Johann Moritz Rugendas, além de uma belíssima pintura emoldurada de D. Pedro I, elementos ornamentais que concluem com requinte e bom-gosto os cômodos inferiores da casa. Ainda no porão mostram-se bastante aparentes os fortes barrotes da construção, além de suas paredes de tijolos maciços envernizados, para o qual existe uma ventilação produzida por aberturas aos rés do chão existente nas paredes da fachada.
Antes da trágica morte de seu proprietário, em janeiro do presente ano, a fazenda aceitava visitações previamente agendadas pelo telefone (24) 2468-2029. O circuito, além de passagem pelos pátios e cômodos centenários da propriedade, podia incluir simplesmente um lanche ou então um substancial almoço, ambos servidos em louças brazonadas, copos de cristal, terrinas e bules de prata e talheres de época. O agendamento prévio fazia-se necessário para o perfeito detalhamento do número de pessoas, datas e valores do programa.
De qualquer maneira, a fazenda é o centro administrativo de um imenso latifúndio de 900 alqueires, territorialidade que interliga dezenas de unidades constitutivas espalhadas por vários logradouros dos municípios miguelense, vassourense e frontinense.
Na jurisdição de Miguel Pereira, destacam-se Santo Antônio ou Presidência, Deserto Feliz, Bomfim e Prosperidade (em Arcádia e bem próximas da própria São João da Barra); Bom Futuro e São João da Boa Vista (em glebas da localidade de Santa Branca) e Santa Rita (nos limites de Conrado, 3° Distrito), além de Floresta, Margarida e Bom Sossego, com braços infletidos diretamente para Miguel Pereira. Por seu turno, a área vassourense abriga as fazendas São José e Cara Santa, ao passo que Engenheiro Paulo de Frontin resguarda a chamada Serra de Botaes.
Na próxima edição: A Fazenda Rocha Negra