06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

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Quarta-feira, 6 de julho de 2011

Interior

e Região Tradição Artesanato se transforma em cultura italiana página 7

História Segredo de longevidade de Ernesto Possamai página 3

Educação Escolas multisseriadas no interior

página 6

Social Nossa Senhora das Graças é celebrada página 8

Santa Tereza

Patrimônio sem novidades Mais de sete meses após o município ser tombado como patrimônio histórico, Santa Tereza encontra-se com poucas mudanças em sua estrutura física e nas paisagens naturais. Entraves políticos, como por exemplo, troca de admnistração federal, são alguns

dos motivos que justificam a demora para a aquisição de verbas ou reparos nos casarões centenários. Moradores questionam os benefícios que o título deu à cidade, mas aumento do fluxo de turistas já empolga população. páginas 4 e 5


2 Editorial Patrimônio parado Um município que foi tombado como patrimônio histórico do Brasil merece todo respeito e reconhecimento de sua população. Os casarões de Santa Tereza receberam o título em novembro do ano passado e, desde lá, surgiu a expectativa de que verbas federais seriam recebidas para melhorias e manutenção da localidade, junto aos casarões e paisagens naturais. Até agora, a única novidade da cidade são os moradores questionando o que o título trouxe realmente de bom - o que, na verdade, já acontecia em novembro. Apesar de não possuir centro de informações turísticas, pousadas que possam acolher ônibus de visitantes ou até mesmo secretaria de Turismo, o município é destaque no setor. Uma pequena visita pela cidade e a herança cultural deixada pelos imigrantes remetem à época em que o município era responsável por fornecer 75% da receita orçamentária do Rio Grande do Sul, em meados de 1900. Pode haver, sim, a falta de investidores públicos ou particulares, mas a situação é a mesma: nada mudou desde novembro de 2010. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela nomeação da cidade como patrimônio, afirma que diversos empecilhos estão pesando para que as obras iniciem - entraves políticos, como por exemplo, a troca de governos, fazem parte do repertório de justificativas. A esperança é de que até o final do ano, as obras iniciem e o título seja válido - e responda as perguntas da população de Santa Tereza.

Caderno

Interior e Região

Este caderno faz parte da edição 2735 de quartafeira, 6 de julho de 2011, do Jornal Semanário

Quarta-feira, 6 de julho de 2011

Interior e Região

A voz do interior Você percebeu mudanças após o tombamento de Santa Tereza? Não vi diferença nenhuma. Mas a gente espera que as mudanças venham.

Nenhuma mudança, só aumento de visitantes em épocas de feira em Bento.

Guilherme Ceriotti, 77 anos Aposentado Santa Tereza

FOTOS RAQUEL FRONZA

Apesar de sentir orgulho de morar aqui, ainda não vimos diferença na cidade.

Irina Caumo, 63 anos Guia Turística Santa Tereza

Ricardo Caumo, 41 anos Artesão Santa Tereza

CURTAS Feira da ACI inicia amanhã De 7 de a 31 de julho, Carlos Barbosa apresenta um pouco do que tem de melhor. Além da gastronomia típica e diversão do Festiqueijo, realizado no Salão Paroquial, a Rua Coberta fica tomada por produtos, shows, artesanato e muito mais durante a 15ª Edição da Feira de Compras da Associação do Comércio, Indústria e Serviços (ACI). Neste ano, o evento reúne 31 expositores do município, com preços atrativos e muita receptividade e aconchego para ajudar a esquentar a estação mais fria do ano na Serra Gaúcha. Estarão expondo empresas de confecções e vestuário em geral, gastronomia, turismo, artesanato, serviços de informática, utensílios para a casa, artigos esportivos e joias. Tudo comercializado com preços especiais, em um ambiente que deve aliar compras e programação cultural. No estande da ACI, que promove o evento, serão realizados shows durante todos os dias de funcionamento da feira, com artistas locais e regionais.

Edição: Raquel Fronza regional@jornalsemanario.com.br Revisão: Maiara Alvarez secretaria@jornalsemanario.com.br Foto de Capa: Raquel Fronza

Horários de funcionamento Quartas e quintas-feiras, das 14h às 19h Sextas-feiras, das 14h às 21h Sábados, das 10h às 22h Domingos, das 10h às 19h Quinta-feira, dia da abertura, das 18h30min às 19h30min

Supervisão: Rogério Costa Arantes Direção: Henrique Alfredo Caprara jornal.semanario@italnet.com.br

SEDE Wolsir A. Antonini, 451 Bairro Fenavinho Bento Gonçalves, RS 54. 3455.4500


Interior e Região

Histórias do Interior

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São Valentin

Receita de longevidade e de felicidade Com 90 anos, o agricultor Ernesto Possamai ensina como leva uma vida saudável, feliz e repleta de atividades em sua rotina Raquel Fronza

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le ainda pratica as mesmas atividades que iniciou aos nove anos na agricultura. A enxada é sua companheira em diversos momentos do dia, quando trabalha na roça como forma de diversão. Ernesto Possamai completou 90 anos no mês de junho e afirma que sua rotina é semelhante a de quando era jovem: ele ainda faz o que gosta. “Homem e mulher tem que trabalhar, ajudar quem está próximo e ser feliz”, ensina. A família de Possamai esteve presente em Bento Gonçalves desde o início da colonização italiana no município. Seu pai foi fundador de uma das primeiras cooperativas da cidade, o já extino Moinho Luiza, que era localizado onde hoje fica a Igreja Cristo Rei. Ele percorria a pé a distân-

cia de onde ainda reside, em São Valentin, até o bairro Cidade Alta, onde a cooperativa foi construída. Na época, as correspondências chegavam a demorar mais de um mês para chegar, pois eram enviadas a cavalo. Possamai não frequentou a escola por muito tempo. Estudou por três anos, mas afirma que a educação dada na época era muito superior a de atualmente. “A professora era mais rígida do que meu pai”, compara. O aposentado ainda ressalta que sabe ler e escrever com perfeição. “Meus pais me cobravam muito. Minha matéria preferida era português”. “Eu nunca imaginei chegar a essa idade com saúde, tão bem assim”. Ele superou a febre tifoide e também a uma picada de cobra venenosa, quandoprecisou levar 63 injeções para sobreviver. “Tem

que ter fé para superar todos esses desafios. Santo Antônio é meu padroeiro e me ajudou nesses momentos”, conta Possamai.

RAQUEL FRONZA

Alimentação

Ele troca o café pelo vinho e não se arrepende. A sua variedade preferida é a rosé, e o ensinamento sobre a bebida veio de seu avô. “Ele tomava três garrafas de vinho por dia. Eu consumo uns três copos por dia e não vivo sem”, conta. Na alimentação, ele afirma não ser seletivo: come o que tem vontade e a hora em que deseja. “Como os alimentos que colocam à mesa”.

Amor

Possamai é solteiro e afirma só ter tido um amor durante sua vida. Dorvalina era sua

Possamai afirma que consome vinho pelo menos três vezes ao dia

namorada quando jovem, e ele enche os olhos de lágrimas ao lembrar-se da história que os dois construíram. O jovem casal descobriu que Dorva-

lina estava doente, com uma infecção no sangue, e mesmo com a ajuda de Possamai, que procurou os melhores médicos do estado, ela não sobreviveu. “Os homens, hoje em dia, trocam mais de mulher do que de roupa”. Ela foi o único amor da vida do agricultor. “Quando você constrói uma casa e depois precisa destruí-la, isso não te deixaria triste? Foi assim que me senti”. Mas o aposentado afirma que os amigos proporcionaram os melhores momentos de sua vida e com isso, se considera uma pessoa feliz. “Quando temos Deus acima de tudo e respeitamos os dez mandamentos, estamos no caminho certo. Também recomendo que se reze o Pai Nosso todos os dias” encerra Possamai. regional@jornalsemanario.com.br


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Interior e Região

Santa Tereza

Patrimônio histórico sem avanços Mais de sete meses após a cidade ser tombada, nenhum projeto ou verba federal foram recebidos ou implantados FOTOS RAQUEL FRONZA

Raquel Fronza

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notícia movimentou os quase 1,8 mil moradores do município de Santa Tereza no mês de novembro do ano passado. O tombamento da cidade como patrimônio histórico consagrou os prédios centenários e as paisagens naturais do município, transformando-as de propriedades da cidade do interior para propriedades de todos os brasileiros. Porém, a promessa de que o título traria benefícios na aquisição de projetos e verbas federais ainda não foi concretizada, mantendo a cidade nas mesmas condições encontradas no ano passado. Santa Tereza se localiza a 35km de Bento Gonçalves e recebeu o título do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que assegurou a preservação de 26 prédios centenários. Além da garantia de que as belezas naturais do município devem ser mantidas intactas, verbas públicas para implementos turísticos e melhorias na infraestrutura da cidade eram aguardados. Porém, de acordo com o prefeito, Diogo Siqueira, todos os investimentos que a cidade recebeu desde 2010 foram realizados pela prefeitura, com dinheiro municipal. “Nos próximos meses estaremos terminando o calçamento de todas as ruas, mas tudo com verba municipal. Todas as verbas que buscamos com o governo estadual ou federal, que se somadas ultrapassam R$1 milhão, foram captadas de ministérios ou secretarias sem relação alguma ao Ministério da Cultura, que é o que controla o Iphan”, revela. Segundo Siqueira, a administração municipal iniciará nos próximos dias obras de sinalização no centro e no interior, mas mais uma vez, com dinheiro da prefeitura.

Turismo sem secretaria

Apesar do município possuir um forte apelo turístico, não existe uma secretaria na admi-

26 prédios históricos e centenários foram assegurados após determinação do Iphan

Paisagens naturais e casas são consideradas patrimônio desde novembro do ano passado

nistração municipal que responda pelo setor. Atualmente, a secretária de Educação, Maristela Titton Prezzi, é quem atende pelo departamento de turismo, e confirma a falta de recursos vindos dos ministérios que deveriam dar assitência ao município. “Nenhuma residência recebeu ma-

nutenção por parte do Iphan, mas o município está envolvido no projeto de ligação asfáltica até Muçum”. O projeto a que Maristela se refere diz respeito a obra que ligará Santa Tereza ao Vale do Taquari. “Santa Tereza teria um papel geográfico estraté-

gico para a conexão entre serra e vale do Taquari”, afirma o prefeito. O projeto envolve, além de Santa Tereza, os municípios de Anta Gorda, Muçum, Roca Sales, Encantado e Doutor Ricardo, e entidades das cidades que buscam apoio estadual para o início das obras.

Empecilhos que atrasam De acordo com a arquiteta do departamento técnico do Iphan de Antônio Prado, que responde também à unidade de Santa Tereza, Terezinha Buchebuan, diversos entraves são responsáveis pela demora no início da elaboração e aplicação dos projetos turísticos no município. “Não existe nenhuma ação específica devido à troca de governos, já que inúmeras verbas foram retidas”, explica a arquiteta. “Uma das ações mais importantes que o Instituto propõe é o ato de proteção ao patrimônio cultural, que refere-se a proteção do patrimônio material e também da paisagem, maior valor da cidade”. Mesmo assim, Terezinha conta que o instituto trabalha junto à comunidade fornecendo assessoria, e procura visitar o município com frequência. “Realizamos reuniões com a prefeitura e com os moradores. Não só para esclarecer dúvidas, mas para aprovar e elaborar projetos e dar auxílio no Plano Diretor”. Mesmo com ações nem tão visíveis para os moradores, o município está sendo submetido ao Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), um projeto conjunto ao tombamento histórico. De acordo com Terezinha, a comunidade tem sido entrevistada para responder às perguntas necessárias para que seja feito o mapeamento do patrimônio do município. “Alguns convênios também não foram concretizados e impediram ações como, por exemplo, no camping”. O espaço de acampamento deverá ser requalificado, mas ainda se mantém intacto devido a falta de documentos de posse da área, que denominavam quem era o proprietário do espaço, que já é de uso público, além do licenciamento ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).


Interior e Região

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Dúvidas cercam moradores Os moradores de Santa Tereza comemoraram o tombamento histórico do município, mesmo sem ter pleno conhecimento do que o título traria de benefícios para a cidade. Sete meses após, as mesmas dúvidas ainda os cercam, mas agora com um tom de incerteza. Augusto Agenor, de 59 anos, natural de Santa Tereza, revolta-se ao saber que os casarões históricos não poderão sofrer qualquer alteração na estética. “Não sei pra que serve esse tal de patrimônio histórico. A gente vai parar no tempo. O que que tem de bom nisso?”, questiona. De acordo com o morador, diversas casas estão se deteriorando e necessitam com urgência de reparos. Enquanto isso, Irina Caumo, guia turística do município, ressalta os benefícios que o título trouxe à Santa Tereza, definindo como um dos melhores acontecimentos que o municí-

pio já teve. “O patrimônio é relacionado a tudo o que aconteceu no município e o que está presente”, define. Ela ainda ressalta que, para o título ser completo, o município precisa de um centro de informações, já que a movimentação de turistas aumentou nos finais de semana em que ocorrem feiras em Bento Gonçalves. “Faltam investidores, grandes empresas que apostem no nosso município”. Além da falta de um centro de informações turísticas, o município apresenta precariedade hoteleira. De acordo com a secretária de Educação, o município conta com apenas dois locais para turistas repousarem, e que devem ser consultados sobre sua disponibilidade. “Possuímos duas pousadas que precisam ser reservadas com antecedência. Uma com quatro suítes e dois quartos comuns, e a outra

O patrimônio

Guilherme Ceriotti se sente orgulhoso por morar em Santa Tereza

pousada com quartos comuns, 2 de casal e 3 de solteiro”. Guilherme Ceriotti se sente orgulhoso por morar em Santa Tereza. “Uma vez, em Caxias do Sul, não precisei explicar

onde eu morava. Todos lembravam do meu município por ser patrimônio histórico. É um orgulho”, comenta. regional@jornalsemanario.com.br

Casa de Dianei Ferri Antiga Fábrica de Alambiques e máquinas de sulfatar Casa de saúde do Dr. Francesco Settinéri Prédio da Prefeitura Municipal (Casa Stringhini) Casa Mielle Antigo Hotel Central Casa Casagrande (Ricieri Casagrande) Residência de João Finatto Residência de João Ferronatto Casa Prezzi Casa de Fermino Bolesina Casa Lahude Prédio da Brigada Militar (Casa Laude) Casa de Inácio Casagrande (Irdes Casagrande) Secretaria Municipal de Educação e Biblioteca Pública Municipal Antiga Casa de Saúde (Casa Picinini) Câmara de Vereadores Praça Maximiliano Cremonese Campanário Casa paroquial Salão paroquial Casa Erminio Baggio Primeira escola e Casa do professor Casa Remus Antiga fábrica de refrigerantes (Irmãos Dalla Laste) Alexandre Danielli Ponte pênsil Moinho Valduga Casa da Cooperativa Moinho da Cooperativa de Santa Tereza


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Interior e Região

Educação

Compartilhando o aprendizado Ensino multisseriado faz com que alunos de diferentes séries dividam sala, conteúdo e professor, simultaneamente Raquel Fronza

RAQUEL FRONZA

locam em dúvida a qualidade do ensino transmitido. “Meu filho de dez anos não istoricamente, o êxosabe nem fazer uma soma, do rural fez com que as escolas do interior de Ben- estudando na quinta série”, to Gonçalves contassem com lamenta o pai de um dos alupoucos estudantes para fre- nos da escola de Pinto Banquentar as aulas. Desde 1970, deira, Emílio Meyer. O pai, mais de 60 prédios escolares que prefere não se identififoram nos cinco distritos da car, contam que as notas do cidade, e algumas escolas de filho apresentadas no bolepequeno porte ainda lutam tim são excelentes, mas na para se manter, mesmo que hora de fazer os temas, o jocom poucos alunos. Uma das vem não consegue se quer alternativas encontradas pe- contabilizar simples cálculo poder público é o ensino los. “Eu fico nervoso”, conmultisseriado, que reúne na fessa o pai. A falta de correção dos temesma sala de aula alunos de diferentes séries do en- mas é um dos motivos que sino fundamental. Em Pinto os pais culpam pelo baixo Bandeira, a situação tem de- desempenho dos filhos. Posagradado os pais de uma es- rém, a situação é comentada Em Pinto Bandeira, a falta de professores é um dos motivos para a escolha da turma conjunta cola que utiliza o método e co- por toda a comunidade escolar. Odacir de Toni, pai de um “tema gerador” discutiA explicação um aluno da segunda série, do, que depois é aprofundaafirma que as notas do filho O diretor da instituição de do por série e dificuldade de são boas, no entanto, prefe- ensino, Everton Luis Dieter, cada aluno. ria que o filho frequentas- é, hoje, o único professor a As escolas se uma turma somente com lecionar na escola, que é a multisseriadas colegas da mesma idade. “A mais distante do centro de mãe dele também ajuda bas- Bento Gonçalves. Localizada De acordo com a secretária tante em casa e reforça o en- a 30 km, a falta de professores sino”, explica. que se disponham a trabalhar de Educação de Bento GonOutro pai de um aluno da no colégio é uma dificuldade çalves, Jaqueline Fávero, exisprimeira série, que tam- frequente, de acordo com tem seis escolas no munibém prefere não se identi- Dieter. Ele é responsável cípio que seguem o modelo ficar, afirma que o filho não pela turma multisseriada, multisseriado. Duas destas aprendeu nem a ler nem a que contempla as turmas da estão localizadas na zona ruescrever na escola. “Minha primeira à quinta série, e, a ral, ambas no distrito de Pinesposa que ensinou tudo a partir deste mês, também to Bandeira: além da Emílio ele”, revela. Alunos da 1ª à 5ª série estudam juntos na escola Emílio Meyer lecionará para o maternal, no Meyer há também a Escola turno da manhã. “Estamos Municipal de Ensino Fundacom uma professora que mental Barão de Mauá. “A avaliação é um procesestá em laudo médico há 42 so de ensino e aprendizagem dias, e a outra professora que que acontece de forma conlecionava para o maternal está se aposentando. É uma tínua e sistemática, assim, a sobrecarga, sem dúvidas, e aprendizagem não será uma a qualidade do ensino acaba simples transmissão de memorização de informações prejudicada”, explica Dieter. Dieter explica que a forma prontas”, explica Jaqueline. de ensino utilizada na turma Ela conta que as classes mulé semelhante a um atendi- tisseriadas não prejudicam o mento individual, onde as di- ensino nem os alunos, e que, ficuldades de cada estudante desde 2009, a Secretaria Musão esclarecidas. A institui- nicipal de Educação (SMED) ção conta com sala de infor- acompanha as escolas mulmática, laboratório de ciên- tisseriadas com assessoria cias, biblioteca com mais de direta e personalizada e tam1500 exemplares e outros es- bém oferece formação contípaços que os alunos podem nua através do Programa Esusufr uir. O professor explica cola Ativa, em parceria com o que cada aula acontece com Governo Federal.

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Interior e Região

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Talento

Entalhando a história da imigração Ricardo Caumo transforma madeira em artesanato cultural da região do vinho, elaborado com cuidado e carinho Raquel Fronza

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tradição veio dos avós, imigrantes italianos, e o aprendizado o transformou em um renomado artesão. As encomendas não param de chegar, vindas de turistas e empresas que desejam ter objetos que lembram a imigração italiana a sua volta. Ricardo Caumo, de 41 anos, fez do artesanato sua profissão, e corresponde a um dos atrativos turísticos do município de Santa Tereza. Com dez anos, ele esculpia seus próprios brinquedos. Desenhava nas aulas de educação artística objetos que remetessem ao turismo e, especialmente, o campanário de Santa Tereza. O talento para o mundo artístico despertava a atenção de quem Caumo conhecia, e o fez ser conhecido no ramo, assim como seus pais e avós.

O local onde hoje está instalado o ateliê de Caumo era utilizado pela família para produzir carroças e, no local, também estava instalada uma serraria. Essa era a forma que o avô de Caumo encontrava para sobreviver, e fez perpetuar a arte no sangue de seus filhos e netos. Ricardo começou a trabalhar em 1990 com móveis sob medida e, paralelamente, confeccionando troféus personalizados. Em 1998, ele foi contemplado – graças ao dom artesanal – com um estágio no Centro di Specializzazione per Arte Del Legno , em Bovolone Verona, na Itália. Caumo afirma que a experiência só acrescentou em sua vida profissional. A partir de 2000, Caumo eliminou o trabalho no ramo moveleiro e partiu para o artesanato. O retorno financeiro era mais satisfatório e fez com que

RAQUEL FRONZA

Caumo faz quatro modelos de peças que remetem à cultura italiana

ele priorizasse as lembranças artísticas. “A venda é maior e o investimento financeiro é menor”, compara Caumo.

Os modelos

Quatro modelos são comercializados pelo artesão, em madeira cinamon. Torcio (Moenda)

é a versão da tradicional moenda de madeira, movida à tração animal, que era utilizada na região para moer cana-de-açúcar. Maio del Nono (Malho do Avô) é construído em madeira resistente com martelo de ferro temperado especial, geralmente acionado por moinho d’água, na laminação de barras de ferro

para artigos de cutelaria. Já Forno del Pan (Forno de Pão) é o forno caseiro, ainda utilizado por algumas famílias, na produção de pães. Torcio della Uva (Moenda para Uva) traz a versão primitiva após o esmagamento das uvas pelos pés, que servia como produção caseira de pequenas quantidades de vinhos. O empreendimento de Caumo cresceu. Ele conta com a ajuda de mais dois aprendizes que executam os serviços iniciais. “Sou eu quem faz a finalização, para dar um acabamento perfeito”. Até 25 peças são produzidas diariamente por Caumo e sua equipe, que apresenta grande identificação com o público que compra as peças. “Os turistas lembram-se da região que visitaram e levam o objeto para recordar”, conta Caumo. regional@jornalsemanario.com.br


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Sociais do Interior

Interior e Região FOTOS RAQUEL FRONZA

8 da Graciema Festa em honra a Nossa Senhora das Graças No domingo, 3, mais de 500 pessoas compareceram na festa da linha 8 da Graciema, no Vale dos Vinhedos. A festa em honra à Nossa Senhora das Graças contou com celebração religiosa com a participação do coral da comunidade e almoço. Os festeiros desta edição foram Ademir e Ivone Cestonaro, Carlos e Angelita de Bacco, Márcio e Denise Brandelli.

Equipe de jovens que auxiliou na copa durante a festa na comunidade 8 da Graciema

Equipe de cozinheiras da festa em honra à Nossa Senhora das Graças

José Carlos Azenha, Luiza Lazzarotto de Almeida e Julia Almeida Azenha

A pequena Gisele Leonardi, de sete anos

O casal Angela Rizzardo e Miguel Milani

Santa Tereza Corpus Christi uniu comunidade O dia de Corpus Christi fez a diferença na comunidade de Santa Tereza. Mais de 1,5 mil pessoas de cidades da região prestigiaram os mais de 50 tapetes de serragem que os moradores do município produziram.

Mais de 50 tapetes foram confeccionados pelos moradores para o tradicional o evento que reuniu mais de 1,5 mil visitantes


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