Leia a edição 1376 do jornal Tempo Novo na íntegra

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P8 | TN | SERRA (ES), 20 a 26 de março de 2020 |

ESPECIAL CORONAVÍRUS

Empresas da Serra já operam com 50% da capacidade e devem parar FOTO: EDSON REIS

BRUNO LYRA

C

om o Brasil e outros países do mundo parando por conta da pandemia de Covid-19, a economia passará por uma crise sem precedentes. Na tarde da última quinta-feira (19), o presidente da Associação dos Empresários da Serra (Ases), Cícero Moro, disse que empresas instaladas no município, das grandes às micro, já operavam com metade da capacidade. E devem parar na próxima semana. “Será necessário para a contenção do coronavírus. O país precisa. Só devem continuar funcionando supermercados, farmácias e hospitais. O pequeno negócio de varejo deve ser o mais afetado. Alguns deles já têm crédito tomado. Quando voltarem a operar, vão precisar de mais. O problema é que os bancos já colocaram muito dinheiro na rua, o que deve encarecer o crédito depois”, explica Cícero. O líder empresarial, que possui uma importadora e distribuidora na Serra e que atua em todo o país, chama a atenção para uma segunda situação: a inadimplência. “Empresas de varejo fizeram compras a longo prazo e terão dificuldade para pagar, até porque as vendas irão cair em razão do recuo da renda das famílias”, avalia.

REFERÊNCIA no setor de metalmecânica, a Serra está sofrendo com a pandemia

Apesar do cenário crítico, Cícero destaca que os empreendedores não devem entrar em pânico. “O empreendedor não deve demitir neste momento, porque pode ter problema jurídico, e nem correr para fechar empresa. Por enquanto, ele deve seguir a determinação do governo. Está todo mundo muito assustado, mas a palavra é cautela”, frisa, lembrando que o dólar alto prejudica quem importa, mas pode favorecer a

indústria nacional. Segundo o presidente da Ases, a pandemia vai passar, mas é certo que haverá recessão depois. “As empresas terão que trabalhar para ficar vivas, além de cortar custos. Terão que se preparar, pois será uma nova realidade. Vai ser necessário estímulo por parte da União, do Estado e do Município, parceria do setor público para estimular a recuperação do setor privado”, aponta.

Sindicato diz que Vale está fazendo demissões generalizadas no ES e MG O Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo (Sindifer) publicou, na última quarta-feira (18), vídeo em sua página numa rede social na qual afirma que a Vale está fazendo demissões “crescentes, generalizadas e covardes” que têm atingido todas as áreas, principalmente as operações da ferrovia. O Sindifer acusa a mineradora de se valer da pandemia da Covid-19 “para criar cortina de fumaça” ao alegar

que as demissões estariam no padrão de turn-over. No entendimento do sindicato, as demissões são por conta do rompimento da barragem de Brumadinho e das restrições impostas pelos órgãos ambientais após o ocorrido. Na publicação, o Sindifer não informa a quantidade de demissões, mas diz que elas estão acontecendo tanto no Espírito Santo quanto em Minas Gerais. Por fim, o sindicato

critica a mineradora por não se esforçar em manter os empregos em um momento tão crítico da economia, provocado pela disseminação do coronavírus. O Sindicato prometeu denunciar a empresa a organismos internacionais e ao Ministério Público do Trabalho. A reportagem acionou a Vale por meio da assessoria de imprensa da mineradora. Até o encerramento desta edição, porém, não obteve retorno.

Pandemia já altera rotina das igrejas O coronavírus também está mudando a rotina de igrejas na Serra. Algumas já suspenderam suas atividades. A reportagem conversou com denominações espíritas, católicas e evangélicas. É o caso da Paróquia São José de Anchieta, em José de Anchieta, que suspendeu por duas semanas todas as atividades que envolvam reuniões, terços, formações e encontros. Quanto à reza da Via Sacra e às Santas Missas, permanecem mantidas até orientação do Arcebispo de Vitória. O padre Davidson Coelho disse para cada família intensificar suas orações e súplicas a Deus e a Nossa Senhora da Penha para o fim dessa epidemia com serenidade e fortaleza cristã. Na igreja evangélica Ceifeiros de Deus, em Laranjeiras, os cultos também estão suspensos. A pastora Patrícia Vidal disse que muitas pessoas estão com medo de sair de suas casas, pois, segundo ela, a doença é séria paraquemestánosgruposderiscoe,por isso, é necessário se prevenir. Também em Laranjeiras, a Igreja Evangélica Vida vai manter, por enquanto, seus cultos normalmente. O pastor Valteci Moreira disse que está avaliando a situação a cada semana. “Neste final de semana, teremos cultos normalmente, na sexta e no domingo. Estamos orientando os fiéis a se dividirem nos horários de culto para que evitem superlo-

tar o templo. Além disso, a idosos, a pessoas com doenças pulmonares e respiratórias, aos gripados e com sintomas de febre estamos pedindo para ficarem em casa. Outras orientações estão sendo dadas conforme divulgado pelo Ministério da Saúde. Gestos como abraços, apertos de mão e beijos, comuns dentro da igreja, estamos pedindo aos crentes para que sejam evitados. Estamos orando para superarmos essa pandemia e, caso seja necessário, faremos cultos online”, destaca. A Fraternidade Espírita de Laranjeiras (Feslar) emitiu um comunicado em seu site anunciando a suspensão de todas as suas atividades, como reuniões doutrinárias e mediúnicas, grupos de estudo, atendimento fraterno e evangelização infantil e da juventude. As atividades estão suspensas desde o dia 16 de março por tempo indeterminado. A União Espírita de Jacaraípe também suspendeu suas atividades até o dia 30 deste mês. Por meio de sua página no Facebook, a entidade disse que a deliberação poderá ser revista a qualquer momento, dependendo da evolução da pandemia do coronavírus. O TEMPO NOVO procurou a Prefeitura da Serra para saber se haviaalguma recomendação específica para igrejas,mas o Município disse que as medidas serão tomadas pelas próprias denominações.

Câmara da Serra suspende sessões e reduz atividades Na última quinta-feira (19), o presidente da Câmara da Serra, Rodrigo Caldeira (Rede), resolveu suspender as sessões na Casa. A medida visa coibir a proliferação do coronavírus no local. Além disso, outras restrições também foram determinadas. A nova portaria foi lida durante a sessão de quarta-feira (18) e os efeitos da determinação são válidos até o dia 1º de abril. Durante o período, o funcionamento da Câmara será das 12 às 18h. Já os gabinetes terão dois servidores, mas ficam dispensados do trabalho aqueles com mais de 60 anos, hi-

pertensos, diabéticos e outros. Outra portaria assinada por Caldeira proíbe viagens dos vereadores, cursos, reuniões de frentes parlamentares e os eventos também ficam suspensos. O documento proíbe o ingresso de pessoas com mais de 60 anos nas dependências da Câmara. Também serão barradas pessoas com problemas respiratórios graves e as grávidas. Procurado pela reportagem, Rodrigo Caldeira disse que as medidas adotadas são prioritárias, visando diminuir o risco de contágio.

Assembleia também toma medidas contra contágio O presidente da Assembleia Legislativa do ES (Ales), deputado Erick Musso (Republicanos), também decretou a suspensão das sessões ordinárias e das reuniões de comissões pelos próximos 15 dias, além do fechamento do acesso da Casa para o público externo. O quadro de servidores será reduzido de cerca de 1.300 para 150 durante esse período e o trabalho vai funcionar em modo de escala. Além disso, o

expediente será das 12 às 18h. O funcionamento dos gabinetes também será alterado. “Os deputados que quiserem fechar o gabinete por completo poderão fazê-lo. Os que mantiverem o gabinete funcionando terão que restringir o espaço a três funcionários”, decretou Musso. “Os parlamentares estarão de plantão, caso seja necessária uma convocação extraordinária”, ressaltou.


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