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O DIREITO AO CORPO
from Edição 307
Se os homens engravidassem o direito ao aborto estaria inscrito em todas as constituições do mundo. Essa frase com pequenas alterações já foi dita várias vezes. No Brasil, inclusive, por um ministro do STF. Sim, uma gestação longa de nove meses, um parto difícil que muitas vezes é uma cirurgia, uma amamentação diária que muitas vezes se prolonga por um ano, os cuidados diários com um recém-nascido, não são coisas fáceis de enfrentar. Principalmente pelos homens que
*Walter Cezar Addeo prezam sua liberdade e autonomia antes de tudo. Mas, as mulheres fazem isso desde que surgimos neste planeta e através delas a humanidade existe. Os bebês nascem, são cuidados, alimentados e sobrevivem envoltos no carinho de suas mães. Entretanto, a maternidade, imposta à mulher como um castigo bíblico, começou a ser repensada a partir das teses feministas sobre quem pode legislar sobre o corpo feminino.
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Os homens fizeram isso durante toda a história, deci - dindo por elas e na maioria das vezes, contra elas. Interditos foram colocados sobre sua sexualidade, sua liberdade de escolha, seus deveres conjugais e, principalmente, sobre a obrigatoriedade de gestarem mesmo que elas não tenham condições econômicas, psicológicas e vontade para isso. Tardiamente as mulheres conquistaram o direito parcial de não prosseguir com uma gravidez em caso de estupro, de malformação do feto ou nos casos em que a gestação do bebê coloca em risco a vida da mãe. Mas, a luta feminista continua. Chegou a hora de aprofundar a questão da maternidade e o direito das mulheres em decidir livremente sobre seus corpos e suas funções. Maternidade deve ser uma escolha e não uma obrigação ditada pelas religiões e pelos homens. Nenhum homem, seja magistrado ou não, pode legislar sobre o corpo feminino. Isso é uma questão só delas. Elas decidirão sobre isso livremente.
A tecnologia tem vindo paulatinamente livrar as mulheres desse imperativo biológico. Começou com a chegada das pílulas anticoncepcionais, libertando as mulheres do sexo meramente reprodutivo. Segue com a fecundação “in vitro”. Mas, a ciência já sonha com um útero artificial (ectogêne -