Tapeteoriental

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ALBERTO ALMEIDA

Kerman Lavar


Tapete Oriental Autor: Alberto Almeida C 2010 por Alberto Almeida Edição do autor lemos.almeida@gmail.com Imagem da capa: Kerman Lavar Impressão e acabamento; Graficonde Rua António José de Almeida, 1030 2975-316 Quinta do Conde Geral@graficonde.pt Depósito legal 000 000/10 ISBN: 000-000-00-0000-0

Mesquita em Isfahan

Dedico este livro a Levy Kelaty, um grande homem, cuja obra é continuada pelos seus filhos. Um agradecimento especial ao El Corte Inglés - Portugal pela sua importante ajuda no lançamento deste livro.

Sha Abbas / Dinastia Safávida


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INTRODUÇÃO Este livro não é dirigido ao especialista em tapetes e tapeçarias orientais, a minha intenção é fornecer uma ferramenta àqueles que amam esta arte mas não têm uma ideia real do seu valor. Espero que este livro ajude todos os que tencionam começar a aprender as bases desta arte antiga. Tenciono mostrar os principais países de produção alguns dos mais notáveis tapetes produzidos e fornecer informação básica sobre a técnica, materiais usados, símbolos, tipos de teares, tingimento e história. Existem muitos mais tapetes a serem produzidos nestes países e em muitos outros que não estão representados neste livro. Para aqueles que necessitem de uma informação mais detalhada, existem muitos livros especializados com um trabalho mais extensivo. Espero, contudo, que este esforço os ajudem a perceber o porquê de esta arte ser tão apreciada tanto por nobres como por pessoas comuns. Tentei apresentar a informação de uma maneira simplificada para que o leitor absorva a informação facilmente mesmo sem possuir nenhum conhecimento na tecelagem de tapetes. Após a leitura deste livro, uma visita a um negociante de tapetes para comparar a informação com os tapetes disponíveis é aconselhável. Espero que apreciem o livro.

Pastor Afegão e o seu rebanho

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PARTE 1

INFORMAÇÃO GERAL Embora ninguém saiba precisamente quando e onde a técnica de tecer tapetes tenha começado, não existem dúvidas que a arte de tecer, tapetes, tenha começado na Ásia Central. A explosão demográfica obrigou os habitantes daquela área a migrar para locais mais ocidentais da Ásia de forma a encontrar terra mais próspera. Estas tribos eram chamadas de Yuroks ou tribos nómadas. Durante as suas migrações os nómadas, que eram expostos às mais variadas condições climáticas, aprenderam a usar o pêlo de cabra para construir as suas tendas. O pêlo de cabra é mais longo e rígido que o pêlo de ovelha. A técnica de kilim “tapete sem pelo” era utilizada para fazer as tendas dos nómadas.

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TEAR E FERRAMENTAS ORIENTAIS


Tapetes Célebres

Pazyryk

Um facto interessante é o da arte de tecer tapetes ter florescido no século XV na Pérsia e Turquia. Seguiu-se a Índia no início do século XVI e depois a China no século XVII. Ainda que a arte de tecer fosse comum a toda a humanidade, o resultado final de cada grupo étnico era bem diferente. Adicionalmente, centros urbanos de tecelagem, nómadas e aldeões, continuaram o seu ofício ancestral de tapetes com nós com os exemplares sobreviventes mais recentes a datarem do século XVIII. Durante este século, os tapetes foram primeiramente usados no chão assim como coberturas de mesas e em paredes. Durante a Exposição Centenária em 1876, na Filadélfia, os tapetes orientais foram apresentados à América. Esta exposição provocou uma impressão duradoura nos americanos que a visitaram O fundador de W.J. Sloan, William Sloan, comprou a colecção inteira e abriu a primeira grande loja de venda ao público de tapetes orientais na América. Foi na Europa, no século XIX, que os tapetes orientais foram inicialmente estudados. A primeira grande exposição de tapetes orientais na Europa foi em Viena em 1891. As mais importantes colecções de tapetes Persas estão actualmente no Museu Metropolitano de Arte em Nova Iorque, no Museu Nacional em Teheran e no Museu de Belas-artes de Boston. A arte de fazer tapetes remonta à pré-história. A maioria das peças disponíveis hoje em revendedores, leilões, lojas de antiguidade, departamentos comerciais e mesmo em museus são na sua maioria produtos dos séculos XIX e XX. De forma a ir encontro das necessidades do mercado ocidental, novos materiais e processos de tingimento foram iniciados para acelerar a produção dos tapetes após a segunda metade do século XIX. Embora os métodos de produção tenham-se tornado mais organizados e estandardizados, muitos aspectos da tecelagem permaneceram inalterados em muitos locais tradicionais de tecelagem de tapetes. A sobrevivência do tapete como o Pazyryk, deve-se à preservação pelo gelo siberiano nas montanhas Altai perto da fronteira exterior da Mongólia. Este tapete, descoberto pelo arqueologista soviético S.J. Rudenko em 1949, estava coberto pelo gelo numa câmara enterrada e foi preservado dessa forma por mais de 2500 anos. Não se conhece a origem do tapete Pazyryk. Mede cerca de 6 por 5 pés, tecido com o nó turco. O desenho é dominado por um motivo central em cadeia rodeado por bordas com conjuntos de renas e cavaleiros.

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Tapetes Célebres

Ardebil - V&A Museum, Londres

Já no século VIII AC as famílias mais abastadas decoravam as suas casas com magníficos tapetes. O grande período de criatividade na tecelagem de tapetes teve lugar na Pérsia durante o período Safavid (1499-1722) sob os reinados do Xá Tahmasp e Xá Abbas. Deste período criaram-se os tapetes mais belos e ilustres, de importância histórica. Tabriz, Kashan, Herat e Kerman tornaram-se centros de grande actividade de produção de tapetes. Sob o reinado do Xá Tahmasp no final do século XVI, foi tecido o famoso tapete Ardebil. Actualmente, esta exemplo de arte de valor inestimável está preservado no Museu Vitória e Alberto em Londres. O Ardebil é considerado como um dos mais magníficos tapetes do mundo. Mede aproximadamente 5,18m por 10,36m (17 por 34 pés) com mais de 32 milhões de nós.

A Primavera de Khosrow A primavera de Khosrow, tapete de inverno - BAHÃR-E KESRÃ um enorme tapete real do Sassânida tardio. O tapete terá medido mais de 700 metros quadrados (cerca de 27 m x 27 m), e pode ter coberto o chão do grande hall de audiência (Ayvãn-e Kesrã) na capital de inverno de Madã´en. Existem contudo informações de que este tapete poderá ter medido 150 m x 27 m. Os dados disponíveis, não nos permitem ter certezas. Representações de caminhos e riachos foram bordadas no tapete com pedras preciosas contra um fundo de ouro. A sua borda foi bordada com esmeraldas de forma a representar um campo de cultivo verde onde estavam a florescer plantas de primavera, com frutos bordados com pedras preciosas de diferentes cores em hastes de ouro, com flores de ouro e prata e folhagens de seda. Foi utilizado como um espaço para convivência dando a impressão que se estava na primavera, quando la fora os ventos invernais se faziam ouvir. Quando Madã'en foi derrotada pelos muçulmanos em 637, este tapete era demasiado pesado para os persas o levarem, acabou sendo levado pelos Muçulmanos como parte do saque. Os muçulmanos chamaram-no de al-qetf “o escolhido” e, uma vez que foi deixado para Sad´b. Abī Waqqãṣ este ao dividir o saque enviou-o para Omar em Medina. Embora a assembleia tenha acordado que Omar devia utilizar o seu próprio julgamento em relação à disposição do tapete, Ali estava preocupado que alguém ficasse privado de uma parte legítima no futuro, pelo que Omar cortou-o em pedaços e dividiu-o entre os muçulmanos. Ainda que Ali não tenha recebido um dos melhores pedaços, ele vendeu-o por 20,000 dirhans. Até ao momento de escrever este livro, não foram descobertas imagens deste fabuloso tapete. Aguardemos que neste novo mundo de comunicação global algum fragmento possa submergir

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História do Tapete Oriental

Apesar de os historiadores não serem capazes de apontar uma data exacta de quando os tapetes com nós foram tecidos pela primeira vez, parece possível que tenha sido em torno do início da civilização. O homem começou por usar o pêlo animal para se vestir e para ôr no chão. Mas à medida que os animais foram sendo domesticados e a agricultura aumentou, começou-se a utilizar a lã tosquiada e a seda para a tecelagem. Existem teorias sobre a origem da tecelagem dos tapetes com os Egípcios, Chineses e mesmo Maias. É sabido, contudo, como a maioria das coisas na vida monádica, que as origens foram baseadas no vestuário e abrigo, não na decoração. Os povos nómadas terão usado a lã de seus próprios rebanhos de ovelhas para tecer revestimentos para pavimentos, cobertores e mesmo coberturas para tendas. O estilo destas coberturas mudaram pouco ao longo dos milhares de anos mas os desenhos mudaram dramaticamente. A tecelagem do tapete oriental como forma de arte pode ser agora confirmada até pelo menos ao século V antes de Cristo. Arqueológicas russos que escavavam no vale de Pazyryk, perto da fronteira externa da Mongólia no sul da Sibéria, descobriram um tapete duma câmara enterrada que pertencia a um líder Cita. Estava enterrado no gelo e apresentava-se em notáveis condições. Datação por carbono confirmou que este tapete tem 2,500 anos de idade. O mesmo se encontra, actualmente, no Museu Hermitage em S. Petersburgo, Rússia. Possui um motivo simétrico de nós feitos à mão que ainda é utilizado nos tapetes actuais. O desenho representado no tapete indica que o mesmo foi tecido por Citas não sendo proveniente da Pérsia. Tal é representado pelo grupo de 7 cavalos na margem, típico de tradições Citas em que enterravam 7 cavalos com um líder juntamente com uma rena que normalmente não é encontrada na Pérsia. O Antigo Testamento (Êxodo, Capítulo 36, versos 35, 37) considera os tapetes como artefactos preciosos no edifício do Templo do Rei Salomão (1014 - 985 a.C.), fala também de uma bonita cortina de vermelho, roxo e azul com querubins tecidos por um artesão especializado. A história do Reinado de Nebuchadnezzar (605 - 562 a.c.) é também rica em imagens da tecelagem de tapetes. Ele governou a Babilónia e grande parte do Oriente Médio. Cada uma das suas conquistas resultou numa generosa recompensa de tapetes e carpetes. Infelizmente, os tecidos de lã oxidam e desintegram-se com a passagem do tempo. Existem fragmentos que datam do século V que foram encontrados por todo o Médio Oriente. Isto parece indicar que a arte de tecer foi muito aperfeiçoada naquela época. É obvio que os Citas não eram os únicos tecelões.

Casal da antiga Citia

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História do Tapete Oriental

Na China, a tecelagem de tapetes datam do período da Dinastia Sung (960 - 1279 a.C.). Os Chineses produziam os tapetes em oficinas de fábricas controladas pelos imperadores. Os desenhos eram característicos do Budismo e do Taoísmo. Marco Polo foi o descobridor de alguns exemplares mais antigos enquanto viajava pela China e Turquia no século XIII. Ele era um grande admirador dos tapetes Chineses. A arte de tecer tapetes atingiu um alto nível nas oficinas das cortes reais em Deli, Índia durante o Império Indiano Moghul no século XVI. Os Romanos decoravam os seus palácios com tapetes, tanto no chão como nas paredes. Eram bastante valorizados e eram inclusive utilizados como pagamento de impostos, sendo vistos como uma riqueza maior que o dinheiro. Está bem gravado na história a rainha Cleópatra apresentar-se a César enrolada num tapete. César acabou rodeado com dois bonitos tesouros. Um dos mais belos exemplares de tecelagem de tapetes pode ser encontrado no Museu Vitoria e Alberto em Londres. É um tapete feito a partir da mistura de lã e seda, medindo cerca de 11.28m por 5.18m (37 pés x 17 pés), e foi encontrado num mosteiro em Ardebil, Pérsia, em 1947. Possui um “destaque” num canto, contendo a data Ah947 referente ao calendário islâmico, que se traduz no ano de 1540 DC no calendário cristão. O “destaque” diz-nos que o tapete foi feito por ordem de Xá Tahmasp por um tecelão de nome Maksud al Kashani e foi utilizado no Shayka Safi Shrine, em Ardebil. As Cruzadas introduziram os Europeus aos tapetes do Médio Oriente. Os tapetes tornaram-se símbolos de status para os mais ricos. Hans Holbein the Younger (c. 1497 - 1543) tornou os tapetes Turcos populares ao inclui-los nas suas pinturas. Também se tornaram populares com “A Family Group” que foi pintado em 1547 por Lorenzo Lotto (c. 1480 - 1556), mostrando um tapete de nome “Kufic”. Paris, em França, possui imensos exemplares da história dos tapetes. O Museu do Louvre mostra uma escultura em pedra de um tapete de hall com um padrão que é ainda utilizado nos dias de hoje. A estátua Apus, também no Louvre, mostra Deus com um tapete por detrás. A história dos tapetes em França começou com Louis IX (1226 - 1270). Era o líder da Guerra Santa das Cruzadas. Conquistou os Mouros que haviam migrado de Espanha para França. Como parte da sua recompensa recebeu belos tapetes. No fim do século XV, Louis XII (1498-1515) trouxe muitos artesãos italianos para ajudar a treinar os seus trabalhadores franceses. Francis I (1515-1547) continuou esta tradição ao trazer artistas como Leonardo Da Vinci e Andreia de Sarto para trabalhar para a família real. De 1547 a 1589, o artesanato “arrefeceu” . Em 1589 Henry IV (1589-1610) iniciou uma fábrica de tapetes no seu palácio para criar tapetes para o mercado francês. Gostava tanto dos tapetes que não os partilhava com a população. Louis XIII (1610-1643), o seu sucessor, deu início a uma oficina exterior para as pessoas chamadas de "Savonneries". Contudo, não eram tão populares quanto os do Médio Oriente. “A Family Group” foi pintado em 1547 por Lorenzo Lotto (c. 1480 - 1556),

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História do Tapete Oriental

A história documentada dos tapetes aumentou consideravelmente a partir do século XVII em diante. É fácil ver as mudanças uma vez que as mudanças no século XVI são relativamente menores, embora os padrões, em termo geral, tenham mudado. No conjunto de livros Tapetes de Eric Aschenbrenner, é-nos falado na questão das barreiras geográficas para transporte e nas barreiras etnográficas e como as mesmas afectam a tecelagem de tapetes. Estas barreiras são a maior razão de os tapetes Persas serem considerados uma forma de arte enquanto que os tapetes Indianos e Paquistaneses nunca atingiram o mesmo status. Os tapetes orientais alcançaram a América no fim do século XVII. Eram usados tanto para cobrir o chão como para pendurar nas paredes. No século XIX, durante a era Vitoriana, houve um aumento considerável na procura dos tapetes. As cores fortes e os desenhos complementavam os móveis escuros e pesados da era Vitoriana. Um tapete Oriental Indiano, propriedade de Cornelius Vanderbilt, foi vendido por $950,000. O mercado Americano tem sido sempre bastante poderoso para estas belas obras de arte. As barreiras geográficas e etnográficas criadas marcaram uma grande diferenciação de tapetes entre diferentes distritos de tecelagem. As áreas urbanas suportavam fábricas onde as técnicas de tecelagem podiam ser refinadas. Mas o distrito de tecelagem não estava apenas limitado à cidade. Na verdade, as famílias que viviam em condições mais primitivas em áreas vizinhas da cidade fizeram a maior parte da produção. Heriz é uma pequena cidade no noroeste do Irão - ainda assim, a produção de tapetes é enorme. Isto porque muitas famílias fizeram os tapetes de acordo com as normas estabelecidas na área. Contudo, estas normas sem sempre eram aplicadas rigorosamente. Se não havia algodão para a fundação eles utilizavam lã. Se havia pouco garança utilizavam outros tipos de corantes vermelhos. Assim, mesmo dentro da mesma área, existe uma diferenciação de produtos. Por exemplo, na cidade de Bidjar, muitos tapetes foram tecidos com o padrão de fundação específico, sendo chamados de Bidjars. Mas outros tapetes foram tecidos nas áreas circundantes nas casas dos chamados “subcontratados” e também eram chamados de Bidjars. O controlo sobre os contratados no lado do campo era mais fraco que o controlo sobre os tecelões das fábricas. Como resultado, um Bidjar pode variar consoante a localização. A sudeste de Bidjar existe uma área montanhosa habitada por uma tribo chamada de QuashQai. Os tapetes provenientes desta área são designados de “Shiraz” e são tecidos por um número de tribos nómadas vagueando pelo deserto. Os QuashQai são uma dessas tribos. Apesar da distância, em milhas, entre QuashQai e Bidjar não seja muita, a diferença etnográfica é imensa, assim como a diferença nos tapetes. Tendo isto em conta e prosseguir-mos para nordeste de QuashQai, encontramos as Montanhas Zagros. A norte está Isfahan. Existe uma grande diferença entre os tapetes Isfahan e os tapetes Shiraz, devido a, provavelmente, às condições ambientais em que as pessoas vivem. Olhem para o mapa e encontrem o Nordeste da Pérsia. A área de tecelagem de Heriz é a mais representativa do nordeste da Pérsia. Um tapete Bakshaish, mesmo a sul de Heriz, tem o mesmo aspecto geométrico deste último mas possui cores pasteis. Meshkin, perto de Heriz mas para leste, usa octógonos angulares ao invés da seta Heriz, mas é feito a partir de lã tosquiada de uma ovelha morta e esta lã segura a tinta de uma forma diferente da lã tosquiada de uma ovelha viva. Ardebil, a norte de Meshkin, estiliza a angulosidade dos tapetes Heriz. Karaja, a nordeste de Heriz, utiliza um padrão modificado do padrão Heriz. Ahar, a norte de Heriz, suaviza a angulosidade do padrão Heriz e torna-os mais curvilíneos, como os padrões utilizados nas áreas urbanas.

Nómadas transportando tapetes no camelo

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História do Tapete Oriental

A cidade de Tabriz não reflecte nenhum padrão de tecelagem similar às outras cidades na área. A história explica isto. Tabriz foi estabelecida no pé do vulcão Sahand. A cidade nunca foi devastada por desastres naturais. Foi governada por várias vezes por Genghis Khan, Timur, e Xá Ismael I que começou a lendária dinastia de tecelagem Safávida. Este período de governação, de 1501 a 1736, foi destacado pelo reinado de Xá Abbas the Great (1586 - 1628) que cultivava as artes ao pináculo da perfeição. Ficou conhecida como a Idade de Ouro da tecelagem de tapetes. Quando o Império Safávida terminou nos anos 1700´s, a arte de tecer decaiu. O reacender da grandeza da tecelagem começou no início de 1900 e continuou durante os dias de hoje. Os tecelões de Tabriz são conhecidos pela sua rapidez e pelo desenvolvimento de uma ferramenta especial que lhes permite tecer e cortar os nós a uma taxa de aproximadamente 20 por minuto. É bastante superior à média de 10 por minuto para um tecelão de outras regiões. Hoje, ainda resistem as mesmas tradições de tecelagem, com a lã a ser fiada por pessoas locais a partir de ovelhas locais e com alguns corantes ainda a serem feitos a partir de plantas. O que é certo é que a tradição morra no futuro é imprevisível uma vez que ainda existem grupos de nómadas errantes (como os QashQai no Irão) que continuam com as suas tradições antigas enquanto houver terras para eles viverem nelas. O povo semi-nómada das vilas ainda continuam a tecer os mesmos padrões e estilos como sempre fizeram e os famosos centros de produção de belos tapetes, como Kashan, Isfahan, Qum e Tabriz e muitos outros sítios no Irão também mantêm a produção. Hereke na Turquia embora ainda produza tapetes, os mais finos de seda são produzidos na China. Mesmo na devastada guerra do Afeganistão, a produção de tapetes continua, e belos tapetes podem também ser encontrados na Rússia, Paquistão, Índia e China. Tem havido, contudo, um movimento recente de tecelões que vão trabalhar em fábricas das grandes cidades à medida que o Oriente Médio se torna mais ocidentalizado. Isto pode levar a um vazio em alguns distritos de tecelagem. À medida que entramos no novo Milénio, estes tesouros únicos do Oriente e Oriente Médio continuam a ser elogiados por sua incrível e magnífica beleza. É a nossa missão manter estes tapetes de maneira adequada, porque desta forma, estamos a ajudar a preservar um pedaço da história.

Tabriz Antigo

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TEAR VERTICAL

ROLO SUPERIOR

ROLO DE ALTERNAR ”Frequentemente utilizado em vez da correia de alternar mostrada abaixo”

CORREIA DE ALTERNAR

FIOS DE URDIDURA

LANÇADEIRA

TRAMA

Proximo conjunto de nós vai aqui

TRAMA (Colada entre um conjunto de nós))

OURELA (Acabamento lateral)

ROLO INFERIOR

FRANJA (Fios de urdidura)


Ferramentas

Pente O pente é utilizado para deslizar para baixo a trama entre as fileiras de nós. Depois é movido para cima e para baixo na trama pressionando os nós de forma a comprimir-los antes de uma nova fila ser iniciada.

Faca com gancho O gancho encontra-se na extremidade de uma faca de forma estreita . O gancho è utilizado com dois propósitos - os tecelões usam a ponta para separar os fios da urdidura enquanto fazem o nó e depois puxam o fio através dos fios da urdidura; o lado da faca, é usado para cortar o fio depois de cada nó ser atado..

Tesoura Tesouras especiais são usadas para cortar e uniformizar o pelo à medida que o tapete é tecido.

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Ferramentas

Roca O fuso usado para fiação da lã

1 Polegada quadrada 14 nós 2,51 cm

A densidade de nós pode ser um dos factores de valorização de um tapete, mas nem sempre isto é verdade. Nalguns tapetes nómadas e de aldeias, a densidade de nós normalmente não é um factor de valorização. Isto porque estes tapetes são julgados por diferentes normas daqueles provenientes de oficinas. Os nómadas e os grupos de aldeia não possuem as mesmas ferramentas sofisticadas como outros grupos de tecelagem provenientes de cidades. Os seus aspectos são valorizados por serem desenhados de memória as suas tintas e materiais serem provenientes do meio natural que os rodeia e mais importante, por a vida dos tecelões ser expressa nos tapetes.

14 nós

Densidade de nós 2,51 cm

Densidade de nós 196 Polegadas quadradas

Normalmente, estes tapetes têm uma densidade de 25 a 100 nós por polegada quadrada. Tapetes com uma densidade de nós maior demoram mais tempo a ser tecidos e, uma vez que os nómadas migram consoante as estações do ano, se os tapetes não são terminados a tempo da migração, terão que carregar os teares com eles. Assim, os tapetes dos nómadas têm uma tendência a ter uma menor densidade de nós que os tapetes provenientes de oficinas. O valor destes tapetes reside no seu património e simplicidade. Possuem um grande valor artístico. Contudo, em muitas cidades e oficinas, a densidade de nós é vital para determinar o preço de um tapete. Um tecelão hábil é capaz de atar um nó em apenas 10 segundos, o que equivale a 6 nós por minuto e 360 nós por hora. Significa que um tecelão demoraria cerca de 6480 horas para tecer um tapete com cerca de 2,74m por 3,66m com uma densidade de 150 nós por polegada quadrada. Dividindo este número por 8 (um dia tem 8horas de trabalho), o tecelão demoraria 810 dias (aproximadamente 2 anos e meio) para tecer um tapete com estas dimensões. Um tapete destas dimensões normalmente é tecido por dois ou três tecelões para que o tempo possa ser reduzido para metade ou um terço, contudo os preços de custo aumentam. Cada País ou região tem a sua forma de contar a densidade de nós. A forma mais comum é a contagem simples dos nós no sentido vertical e horizontal e multiplicar os números resultantes. Isto pode ser feito por centímetro quadrado, polegada quadrada ou por metro quadrado. Nesta contagem, um tapete com baixa densidade de nós tem mais ou menos 60 a 90 000 nós por metro quadrado. (Esta densidade de nós é normalmente encontrada em tapetes nómadas, ou de aldeias semi-nómadas). O valor médio encontrado na maioria dos tapetes é entre os 130 a 250 000 nós por metro quadrado. Os tapetes especiais, Isfahan, Ghoum, Tabriz, Nain (Irão) e os Hereke de seda e Kum Kapi de seda (Turquia) e as réplicas chinesas de seda (300 linhas) atingem densidades de 1 000 000 de nós por metro quadrado. Algumas peças especiais podem atingir valores acima de 1 600 000 nós por metro quadrado. Na china não se contam os nós mas sim as linhas de urdidura, assim um tapete de baixa densidade leva 90 linhas, média densidade 150 linhas e de alta qualidade (Normalmente tecido com seda) é de 300 linhas. Em Tabriz, Isfahan e Ghoum, utiliza-se a medida Raj, 30 Raj é densidade baixa, 50 Raj boa densidade e 70 Raj o melhor que se produz. Nain tem ainda outro padrão. Os tapetes de baixa qualidade são chamados Tabas. Em seguida usa-se a nomenclatura La, sendo 4L (sharla) o de mais alta densidade, 6L (shishla) alta densidade e 9L (Ninela) o de mais baixa densidade.

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Teares

TEAR VERTICAL DE ALDEIA

TEAR HORIZONTAL NÓMADA

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Teares

TECER UM TAPETE ISFAHAN NUM TEAR VERTICAL DE CIDADE

PEQUENO TEAR VERTICAL

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Nós

Uma faca para cortar a linha, um pente para ajustar a linha e tesouras para ajustar o pelo são as ferramentas básicas para tecer um tapete.

Existem basicamente dois tipos de nós Nó simétrico ou Turco conhecido como nó Ghiordes (a amarelo) Nó assimétrico ou nó Persa conhecido como Senneh (a vermelho) Os nós são atados na trama e mantidos juntos por duas linhas de urdidura. Existem mais três tipos de nós usados menos frequentemente (não mostrados), o nó Tibetano, o nó Espanhol e o nó em Cruz (Arraiolos, Portugal)

Urdidura

Trama

Nó Ghiordes

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Nó Senneh


Formatos

Rectangular

Passadeiras

Os tapetes rectangulares, também chamados de tapetes regulares, são os tapetes mais comuns no mundo e estão disponíveis em diversos formatos. Assim sendo, os tamanhos padrões foram atribuídos aos tapetes rectangulares de forma a tornar a selecção de tapetes mais fácil. Contudo, os tamanhos padrões não são exactamente tamanhos. Na indústria de tapete, um tapete com medidas de 8 pés e 4 polegadas de largura e 10 pés e 4 polegadas de comprimento é ainda chamado de 8 por 10 (8x10).

As passadeiras são o segundo tipo de tapetes mais comuns. São rectângulos muito compridos e estreitos. A maioria das passadeiras, hoje em dia, mede cerca de 2.5 a 3 pés de largura e 6 a 20 pés de comprimento, sendo que podem ser mais compridos ainda nalguns casos. São usados para cobrir o chão em corredores, entradas e escadas. Por esta razão são designadas também de tapetes de corredor.

Existem dois conjuntos de tamanhos padrões, a Norma Britânica Imperial e o Padrão Métrico. Abaixo, está uma lista de tamanhos padronizados no sistema imperial, e em seguida uma lista de tamanhos métricos padrões.

A utilização destes tapetes em escadas é mais comum nos Estados Unidos que na Europa. Até há cerca de 60 anos atrás as passadeiras eram utilizadas em decorações estilo Persa. Muitas salas Persas eram cobertas com um tradicional conjunto de tapetes, incluindo uma peça principal Mianfarsh ou tapete central, de aproximadamente 6 a 8 pés de largura e 16 a 20 pés de comprimento. No topo da sala era colocada uma passadeira Kellegi. Este tapete media entre 4 a 6 pés de largura com um comprimento do dobro ou triplo da largura. Em cada lado do tapete central eram colocadas duas passadeiras muito estreitas e compridas designadas Kenareh. Estas mediam entre 2.5 e 5 pés de largura e entre 5 e 40 pés de comprimento. A comida era colocada num pano em cima do tapete central. Os mais velhos e o anfitrião sentavam-se no topo da peça e os restantes sentavam-se nas laterais do tapete. Todas as 4 peças eram vendidas como um conjunto. Um conjunto destes é raro de se encontrar hoje em dia.

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Formatos

Tapetes Redondos O comprimento e a largura são iguais num tapete redondo, sendo as suas dimensões iguais ao diâmetro do tapete, por isso, quando estiver à procura de um tapete deste tipo, procure tamanhos como 4x4, 8x8, etc. Os tapetes redondos são únicos e raros. O tapete redondo mais antigo é um Mameluk do século XVI. Os tapetes Mameluk foram tecidos no Egipto e possuem complexos desenhos geométricos com grandes medalhões. Estes tipos de tapetes também foram tecidos nos estilos Franceses Aubusson e Savonnerie nos séculos XVII e XVIII. Os tapetes redondos Chineses foram tecidos, pela primeira vez, em Tientsin e Pequim no início do século XIX. Tanto os tapetes mais antigos como os mais recentes ainda estão disponíveis no mercado. Nos últimos 40 anos, os tapetes redondos tornaram-se mais populares no Irão e são maioritariamente tecidos nas cidades de Tabriz, Isfahan e Nain. O motivo da maioria destes tapetes tende a ser um medalhão.

Tapetes Ovais Os tapetes ovais são únicos e raros no que diz respeito à sua forma. Desta forma, não existem padrões de tamanho estabelecidos para estes tapetes. Contudo, os tapetes ovais são medidos da mesma maneira que os tapetes rectangulares. O diâmetro maior é considerado o comprimento e o diâmetro mais pequeno é considerado a largura. A sua história e desenho são similares aos dos tapetes redondos. Tiveram origem nos estilos chineses e franceses Aubusson e Savonnerie. Nos últimos 40 anos, tornaram-se populares no Irão. São maioritariamente tecidos nas cidades de Tabriz, Isfahan e Nain. O traçado é usualmente um medalhão.

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Formatos

Tapetes Quadrados Os tapetes quadrados são muito raros e únicos. Como o seu nome indica, têm o mesmo comprimento e largura. Sendo assim, quando se procura um tapete deste género, procura-se tamanhos do tipo 4x4, 8x8, etc. São ideais para salas quadradas

Formas Raras Por vezes podem-se encontrar tapetes exagonais, octogonais e mesmo triângulares. São a excepção e não a regra.

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Designação de tamanho

Designação dos tamanhos de tapetes Orientais É muito comum na indústria dos tapetes dar nomes aos mesmos de acordo com os seus tamanhos. Em baixo está uma lista dos nomes mais comuns em Persa, Turcomano e Turco relativas ás medidas inglesas ao lado. Zar-o-nim (Persa) Um tapete de aproximadamente 3x5 pés (Um ZAR e meio de comprimento). Do-zar (Persa) Tapetes de aproximadamente 7pés (Dois Zars) de comprimento e por volta de 4.5 pés de largura. Pushti (Persa), Yastik (Turco) Pushti é o tamanho de uma almofada coberta com um tapete de aproximadamente 3x2 pés. Estas almofadas são colocadas contra a parede nas salas de estar. Nestas salas, onde as pessoas se sentam no chão, as principais peças de mobília são os tapetes no chão e os Pushti. Qali, Ghali (Persa) Qualquer tapete maior que 6x10 pés. Qalin (Turcomano): Um tapete maior do que 6x9 pés.

Tingimento

Cores da India

Cores naturais

Cor

Cor de fundo

Quando se cria uma forma de arte, os dois elementos mais importantes são o desenho e as cores. Até podemos dizer que a cor é o elemento mais importante pois é devido aos contrastes de cores que o desenho é criado, quer sejam retratos a preto-e-branco ou tapetes manuais coloridos.

É a cor dominante do tapete. É a cor de base de todo o tapete excepto as bordas. Em alguns casos, contudo, a cor de fundo e das bordas podem ser a mesma. Os tapetes manuais contêm imensos motivos diferentes tecidos com cores requintadas. Os motivos são tecidos sobre um fundo de cor sólida. As cores mais amplamente utilizadas são o vermelho, o azul, o bege e o amarelo. Essas cores vêm em diversos tons e matizes.

Nos tapetes feitos à mão, os motivos coloridos são tecidos no tapete contra a cor sólida do fundo e do bordo, criando ainda mais contraste de cor. Todos os tapetes manuais são identificados pela sua cor de fundo e cor da borda. As cores são também um factor importante na determinação da origem de tapetes artesanais. Diferentes áreas de produção de tapetes usam diferentes combinações de cores e diferentes tipos de corantes. As cores são escolhidas de acordo com as melhores tintas disponíveis no ambiente, quer sejam naturais ou sintéticas, e por vezes, de acordo com seus valores simbólicos (significados tradicionais e religiosos).

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Cor no tapete

Deste material

Notas

Vermelho a laranja

Raiz de garanço

Rubia Tinctoria

Salmão

Garanço desvanecido

As cores ficam mais claras com o uso multiplo dos corantes

Vermelho vivo a escuro

Cochonilha Carapaça de insecto seca

Frequentemente da Dactylopius Coccus

Azul avermelhado a purpura

Goma Laca Resina secretada por insectos Frequentemente da Coccus Lacae

Azul claro a escuro

Indigo (Anil)

Anil

Amarelo palido a acastanhado

Espora planta com flores

Deelphinium Sulpureum or Reseda Luteola

Castanho

Casca de árvore de carvalho

Quercus

Preto

Tanino, galhas carvalho, Ferro

Este corante pode danificar o tapete (Oxidação)

Verde

Tingimento duplo de goma laca e anil

Cor no tapete

Corantes vegetais comuns Os corantes vegetais mais comuns são o índigo (Anil) (originalmente obtidos por extracção e fermentação das folhas da planta índigo), garança (produzido através da ebulição de raízes secas em blocos da planta garança no pote de tintas) e espora (produzido através da ebulição de folhas, caules e flores esmagadas da planta espora). Estas tintas produzem, respectivamente, azul-marinho escuro, vermelho escuro oxidado e ouro pálido. Há muito tempo atrás os tintureiros perceberam que, quanto mais lã fosse tingida num único pote de tinta, mais as cores se tornavam cada vez mais fracas. Os tintureiros usaram esta noção em sua vantagem. O primeiro processo de tingimento produz uma côr forte, profunda. Tingimentos subsequentes no mesmo pote produzem cores mais claras e suaves (como as três matizes de índigo, garança e amarelo aqui ilustradas)

INDIGO

GARANÇO

ESPORA

1º banho de tinta

1º banho de tinta

11º banho de tinta

2º banho de tinta

2º banho de tinta

2º banho de tinta

3º banho de tinta

3º banho de tinta

3º banho de tinta

Os tintureiros também aprenderam rapidamente a combinar cores para produzir tonalidades diferentes. Não existe, por exemplo, nenhum material corante vegetal que tinja verde (uma cor importante se estiver interessado em tecer um tapete com motivos florais!). Se primeiro se tingir a lã com azul e de seguida com amarelo produz-se a cor verde. Se olhar de perto para um tapete tingido com cor verde vegetal irá reparar muitas vezes que a cor é irregular, mais azul-verde nalgumas áreas e mais amarelo-verde noutras. Isto deve-se à técnica de tingir duplamente:

Tingimento duplo Cria uma cor nova

INDIGO + ESPORA = VERDE 1º banho de tinta

+

+

2º banho de tinta

+

+

3º banho de tinta

+

+

Assim, ao usar a noção que cores desvanecidas produzem diferentes tonalidades, e ao combinar algumas tintas através de tingimentos sucessivos, os tintureiros conseguem produzir uma grande palete de cores de uma variedade muito limitada de materiais. Estas pessoas são inteligentes! Abrash Este nome refere-se à mudança de tonalidade ou mesmo da cor nos tapetes mais antigos, sobretudo aqueles feitos por tribos nómadas, resultantes de tingimento com corantes naturais. Para o apreciador de tapetes, o Abrash não é um defeito, mas sim uma garantia do uso artesanal de corantes naturais.

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Motivos

Arabesco

Gul Bokhara

Boteh

Pendentes

Islimi

Zell-i-sultan

Xá Abbas

Árvore da vida

Herati

As descrições dos tapetes Persas podem soar como uma língua estrangeira. De seguida é apresentado um glossário de termos sobre motivos que espero que seja útil. Arabesco Um motivo que consiste em entrelaçar ramos, folhas e flores. Estas podem ser tecidas em padrões geométricos ou curvilíneos. O motivo Islimi é uma versão do motivo Arabesco. Boteh Uma figura em forma de pêra normalmente utilizado no desenho sequencial. Existem diversas versões do boteh, desde formas geométricas a formas curvilíneas, de simples a formas complexas. Tem sido atribuído diferentes símbolos ao Boteh: uma folha, um arbusto, uma pêra ou uma pinha. Islimi Medalhão-e-canto O campo deste desenho é coberto com um motivo designado de Islimi que é baseado em formas Arabesco (ramos, folhas e flores intrincadas). Muitas vezes o motivo Islimi é utilizado em conjunto com o motivo Xá Abbas, sendo designado de Xá Abbas e Islimi Medalhão-e-canto; o motivo Xá Abbas pode ser usado como parte do medalhão e também no campo e nas bordas. Xá Abbas Um motivo central nos tapetes Persas que consistem nos motivos arabesco, palmeiras e flor-de-lotus com formato elegante, o que obriga a uma alta densidade de nós. Estes motivos são comuns nos tapetes de Kashan, Isfahan, Mashad e Nain. Gul Bockhara Este motivo tem uma forma octogonal usada nos tapetes Turcomanos. Normalmente, um Gul é repetido em todo o desenho. Pendentes Um grupo de Palmeiras (Palmeiras) que podem ser vistas no desenho sequencial assim como nas bordas. Este motivo é frequentemente visto em tapetes de Kashan, Isfahan, Mashad, Nain, e em tapetes de países que imitam os tapetes persas como a Índia, China e Paquistão. Toranj o nome Persa para medalhão. Zell-i-sultan Um desenho que consiste em vasos repetitivos com arranjos florais. Este motivo pode ser encontrado em tapetes Qum. A árvore da vida Mostra a ligação da vida mortal e o mundo espiritual, retratando a imortalidade da alma humana Herati Este motivo consiste numa flor dentro de um diamante com folhas curvilíneas do lado de fora, sendo paralelas em cada lado do diamante. Este motivo é normalmente utilizado no desenho sequencial. Por vezes as folhas tomam o aspecto de peixes. Existem diversas versões do padrão Herati, desde formas geométricas a formas curvilíneas, de simples a formas complexas.

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Motivos

Desenhos de tapeçarias

Curvilíneo

Na indústria de tapetes, o padrão é dividido em 3 categorias: geométrico, curvilíneo, e Pictórico Os dois primeiros referemse a tapetes com motivos convencionais que são tecidos com linhas curvas (curvilíneo) ou linhas direitas (geométrico). O terceiro, um grupo bem mais pequeno, refere-se a tapetes que representam pessoas e/ou animais. Ao dividir os tapetes nestas 3 categorias podemos eliminar aquilo que não queremos rapidamente e escolher de uma forma mais rápida o tapete que queremos comprar. É importante mencionar que estas 3 categorias não são necessariamente 3 categorias distintas e que, por vezes, se sobrepõem. Os tapetes são sempre categorizados pelas suas características dominantes; assim, mesmo que todos os tapetes pictórico sejam curvilíneos ou geométricos, não são categorizados nestes dois padrões porque as suas características dominantes são a representação de pessoas e/ou animais. Também podemos encontrar tapetes que consistem em ambos os padrões curvilíneo e geométrico. Caracterizamos estes tipos de tapetes de acordo com o tipo de linhas mais dominantes utilizadas para criar o desenho representado no mesmo.

Os padrões criados com linhas curvas são designados de curvilíneos. Os padrões deste tipo podem ser encontrados em todos os 3 layout de desenho sequencial, medalhão e direccional. Para criar curvas é necessário, normalmente, uma maior densidade de nós. Contudo, uma maior densidade de nós não resulta automaticamente num padrão curvilíneo. Em tapetes com padrões curvilíneos, o padrão é normalmente desenhado num papel quadrado nó a nó. Estes desenhos extremamente detalhados são designados de esboço. Depois o padrão é copiado cuidadosamente do esboço para o tapete. Esta técnica é mais utilizada em oficinas. Os estilos Kerman, Kashan, Isfahan, Nain e Qum são um bom exemplo do padrão curvilíneo

Geométrico Padrões criados a partir de linhas direitas são designados de geométricos. Os seus desenhos são criados maioritariamente com ângulos rectos, diagonais, triângulos e outras formas geométricas. Os padrões deste tipo podem ser encontrados em todos os 3 layout de desenho sequencial medalhão e direccionais. Com algumas excepções, os tapetes com padrões geométricos são tecidos, na sua maioria, por tribos nómadas e aldeões. Os tapetes tecidos pelos nómadas tendem a ser simples enquanto que os tapetes tecidos pelos aldeões ou nas oficinas podem ser simples ou ter motivos geométricos complexos como os encontrados nos tapetes de estilo Heriz (Persa), que são muito intrincados. Os estilos Baluchi, Turcomano, Turco e Caucasiano são um bom exemplo do padrão geométrico.

Geométricos

Pictorico Os tapetes Pictóricos representam pessoas e/ou animais e são, normalmente, baseados em história e mitologia. A representação naturalista e realista de pessoas e animais não é muito comum no Oriente e, portanto, este tipo de padrão é especial e muito menos comum. Às vezes representam uma ou mais figuras (geralmente famosos), e podem também mostrar um famoso evento histórico. Apesar de haver alguns grupos nómadas, como os Baluchi, que ocasionalmente tecem este tipo de padrão, eles são normalmente tecidos em oficinas através de bons esboços. As oficinas do Irão (particularmente Kerman, Tabriz, e Kashan), Índia, e Paquistão encontram-se entre os maiores produtores deste tipo de tapetes. Desde o início do século XIX que muitos tapetes pictóricos são tecidos na China. A Turquia, Afeganistão e Cáucaso não se encontram entre os tradicionais tecelões deste tipo de tapetes. Os tapetes pictóricos não devem ser confundidos com as cenas de caça presentes nos tapetes de desenho sequencial. Nos primeiros, as pessoas e os animais são o desenho principal, nos segundos são motivos decorativos suplementares.

Curvilíneos

Medalhão

Sequencial

Direccionais

Oração

Pictorico

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Motivos

Cor da borda Em muitos tapetes, a cor da borda não é facilmente distinguida da cor de fundo. Uma das razões é que há sempre desenhos coloridos e padrões na borda do tapete, ofuscando a cor real da borda. Mas se examinar a borda cuidadosamente irá conseguir distinguir uma cor dominante. As cores mais usadas nas bordas são o vermelho, o bege, o amarelo e o verde. Estas cores vêm em vários tons e matizes. Layout é o arranjo dos motivos ou objectos tecidos num tapete. O motivo é qualquer forma ou grupo interligado de formas que fazem parte do desenho geral. Todos os tapetes podem ser divididos em 3 grandes layout de no desenho sequencial medalhão ou direccional.

Desenho sequencial Neste layout não existem desenhos dominantes ou centrais. Os motivos presentes estão espalhados pelo tapete, estando ligados nalgumas vezes, noutras vezes separados. Normalmente, um motivo único ou um grupo de motivos são repetidos pelo tapete. Os motivos podem ser pequenos e repetidos diversas vezes ou maiores e repetidos apenas algumas vezes. O nome Persa afshan, que significa disperso, tem sido atribuído no layout do desenho sequencial. Alguns desenhos comuns que se encontram nestes layout são repetitivos, infinitivamente e também em painel. Num desenho repetitivo, que é um exemplo comum do desenho sequencial, um motivo simples ou grupo de motivos são repetidos pelo tapete como mencionado acima. Numa repetição infinita, os motivos não acabam e são interrompidos pelas bordas. Alguns dizem que este desenho é simbólico da eternidade. Num desenho em painel o fundo é dividido em compartimentos. O mesmo motivo pode ser repetido em todos os compartimentos ou diferentes motivos podem ser repetidos em diferentes compartimentos. Alguns motivos comuns usados no desenho sequencial são o Boteh, Gul, Herati, latisse, mina-lhe, Mir-i-boteh e Lotto.

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Motivos

Medalhão Neste layout, uma grande peça central, designada de medalhão, é o ponto focal do desenho. O layout medalhão é, de longe, o layout mais frequentemente encontrado em qualquer país de produção de tapetes manuais. As formais mais comuns da peça central são o oval, o circular, o diamante, o octógono, o hexágono e as estrelas. Um caso especial de medalhão é o layout designado de Medalhão-ecanto, que foi originalmente inspirado por encadernações, especialmente as do livro sagrado do Islão, Corão. Este medalhão é distinguido pelos seus medalhões divididos em 4 nos quatro cantos do tapete em adição ao medalhão completo central. Os elementos nos cantos são designados de Rins ou lachak em Turco. O Medalhão-e-canto também é conhecido por lachak-o-toranj (uma palavra Persa-Turca). Por vezes existem umas extensões florais pequenas no topo e no fundo do medalhão designadas por pendentes. Normalmente estes pendentes consistem em duas partes: a parte mais perto do medalhão é designado de Katibeh e a parte mais afastada do medalhão é designada de Kalaleh em persa.

Direccional Neste layout, o desenho é tecido apenas numa direcção. Assim, o tapete só pode ser visto correctamente apenas numa direcção, similar a uma fotografia. Por esta razão também é conhecido por unidireccional. Tapetes de oração e pictóricos enquadram-se nesta categoria. Um desenho usual de tapete de oração é o mihrab (o nicho de oração construído numa parede de mesquita que indica a direcção de Meca); tapetes pictóricos retratam pessoas, animais e lugares. É essencial que os tapetes direccionais sejam vistos na posição correcta, ao contrário perdem muito do seu efeito visual. Assim, devem ser colocados em lugares que não possam ser vistos invertidos. Por exemplo, o topo do tapete ser colocado contra uma parede ou ser usado na parede.

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Materiais e Técnicas

Lã A lã é o material mais frequentemente utilizado nos tapetes manuais porque é suave, duradoura, fácil de usar e não muito cara. Esta combinação de características não é encontrada noutras fibras naturais. A lã é proveniente do pêlo das ovelhas. As fibras de animais como a cabra ou o camelo são considerados pêlos e, ainda que a utilização de alguns pêlos nos tapetes acrescente algum brilho ao mesmo, o seu uso extensivo não é aconselhado uma vez que não tingem bem. A lã mais grossa de ovelha utilizada moderadamente é mais durável que a lã mais fina, e as ovelhas que produzem este tipo de lã podem ser encontradas no Médio Oriente. Em geral, a lã proveniente de ovelhas que pastam em grandes altitudes é de qualidade superior, e lã de alta qualidade pode ser encontrada em altitudes elevadas das montanhas do Cáucaso e nas regiões montanhosas do Irão. A lã proveniente da China, Austrália e Nova Zelândia também é bastante boa. A lã natural vem em cor branca, castanha, bege, amarelo e cinzento, sendo por vezes utilizadas directamente sem passarem pelo processo de tingimento. Seda A seda é uma fibra dispendiosa e, portanto, é menos utilizada nos tapetes manuais. A seda provém dos casulos dos bichosda-seda que desenvolvem em folhas de Amoreira. A seda originalmente veio da China e foi, posteriormente, cultivada noutros países como o Irão, a Turquia, a Índia e alguns países da ex União Soviética.

Tapete com pelo ou nós refere-se ao método de tecer tapetes mais utilizado na maior parte dos tapetes. Nesta técnica, o tapete é tecido através da criação de nós. Um pequeno pedaço de fio é amarrado em torno de dois fios de urdidura vizinhos cirando um nó na superfície do tapete. Depois da criação de cada nó, um ou mais fios da trama são passados através de um conjunto de linhas de urdidura. Em seguida, os nós e os fios de trama são empurrados para baixo com um pente, de forma a garantir que fiquem no lugar. Apesar de todos os tapetes com pelo serem tecidos com nós, diferentes grupos de tecelagem utilizam diferentes tipos de nós. O processo de tecelagem começa na parte inferior do tear e move-se para cima à medida que as linhas horizontais de nós e tramas são adicionados. Cada nó é atado à mão. Um tapete pode ter de 25 a mais de 1000 nós por polegada quadrada. Um tecelão habilidoso consegue tecer em média um nó em 10 segundos, o que significa 6 nós por minutos e 360 nós por hora. Significa que um tecelão habilidoso demora 6480 horas para tecer um tapete de 9 pés por 12 pés com uma densidade de 150 nós por polegada quadrada. Se dividir-mos este número por 8 horas diárias de trabalho, significa que um tecelão levaria 810 dias (aproximadamente 2 anos e meio) para tecer esse tapete. Um tapete tão grande como 9x12 é normalmente tecido em oficinas por dois ou três tecelões, de forma a que o tempo acima mencionado possa ser reduzido para metade ou para um terço. Imagine se a densidade de nós fôr ainda maior! Os tapetes manuais são peças de arte funcionais e excepcionais criados com grande paciência. Urdidura

A melhor qualidade de seda vem da China e de uma área do Irão na costa sul do Mar Cáspio. A seda tem duas características dificilmente encontradas noutras fibras naturais: espessura fina e resistência. A seda pode ser utilizada sozinha ou em conjunto com lã. Devido à sua espessura fina, os tapetes de seda puros requerem um maior cuidado. Assim, normalmente são utilizados como peças decorativas, ou pendurados nas paredes ou ainda, se usados no chão, são colocados em salas com menor tráfego.

A urdidura é constituída por fios verticais que vão desde o topo até ao fundo do tapete. É uma componente muito importantes uma vez que os nós são atados na urdidura e a trama passa é tecida na urdidura. Tensão constante é essencial em todos os fios da urdidura para que o tapete não tenha dobras. As franjas dos tapetes são extensões dos fios da urdidura. As franjas são atadas nas extremidades para assegurar que as tramas e os nós não se desmanchem.

Algodão

Trama

O algodão é usado principalmente na fundação dos tapetes. No entanto, alguns grupos de tecelagem, como os Turcomano, também utilizam o algodão para tecer pequenos detalhes em branco no tapete, a fim de criar contraste.

As tramas são fios de fibra horizontais que passam (são tecidas) pela urdidura. Ao contrário da urdidura, as tramas não são estruturadas antes da tecelagem do tapete. São adicionadas depois e entre as linhas de nós para assegurar que os nós sejam mantidos no lugar. Cada lado do tapete, onde as tramas começam e terminam, é chamado de ourela (acabamento lateral).

Os tecelões referem-se a técnicas utilizadas na produção dos tapetes manuais. Existem 3 grandes técnicas: com pelo, planos e tufados.

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Corantes Naturais


Materiais e Técnicas

Material de Base (fundação)

Aldeias

Geralmente é utilizado o mesmo material tanto para a urdidura como para a trama, sendo utilizado frequentemente o algodão. A lã é utilizada como material de base em alguns tapetes nómadas e de aldeia porque está rapidamente disponível para estes grupos de tecelões. A seda é normalmente utilizada na base dos tapetes com pelo de seda. Estes tapetes são, geralmente, muito especiais e caros, sendo muito leves, com nós muito finos. A seda é um bom material de base uma vez que é bastante forte e mantém a sua forma.

Os tapetes de aldeia são tecidos por aldeões. Neste caso, normalmente todos os membros da família são responsáveis por tecer os tapetes e as suas casas são o seu local de trabalho.

Os tapetes manuais são produzidos em diferentes enquadramentos designados de categorias. Normalmente são tecidos pelos nómadas, aldeões, em oficinas e/ou em oficinas mestres. Nómadas Os tapetes nómadas são tecidos por tribos que são na sua maioria pastores, vivem em tendas e migram para as pastagens de montanhas no verão. Dentro desta categoria podemos encontrar os Lurs, QuashQai e Bakhtiaris do Irão, Turcomanos do Afeganistão, Uzbequistão, Turquemenistão e da área do noroeste da China (conhecida como Turquestão em tempos mais antigos), e outras tribos da Turquia. Tecer tapetes faz parte da sua cultura e da sua vida em vez de ser uma ocupação, utilizando-os no seu dia a dia. As mulheres são as únicas que tecem os tapetes dentro das tribos nómadas. A sua experiência em tecer tapetes é um factor importante em determinar o seu status social. As raparigas aprendem esta habilidade desde uma tenra idade e, na maioria das tribos, mostram os seus primeiros trabalhos como prova de que estão prontas para casar. As tribos nómadas utilizam teares pequenos que podem ser facilmente desmontados na altura das migrações. Como tal, os tapetes nómadas são geralmente pequenos. Também possuem uma gama de cores limitada uma vez que utilizam as cores naturais disponíveis no seu ambiente. Estes normalmente possuem padrões geométricos com motivos simples. Os tapetes nómadas que chegam ao mercado ocidental são originalmente tecidos para uso pessoal. A beleza dos tapetes nómadas encontra-se no seu património e simplicidade

Os aldeões são os que tecem uma maior variedade de estilos uma vez que foram influenciados tanto pelos nómadas como pelas cidades vizinhas. A influência dos nómadas pode ser encontrado nos motivos simples utilizados pelos aldeões. Muitos nómadas estabeleceram-se nas aldeias e trouxeram consigo os seus estilos e técnicas tradicionais. Por outro lado, muitos tecelões das aldeias aceitam encomendas de comerciantes ou escolhem os seus padrões de acordo com a demanda do mercado nas cidades mais próximas, e esta influência pode ser vista na utilização de motivos mais elaborados e complexos. Os tapetes de aldeia contemporâneos são tecidos, na sua maioria, na Turquia, Irão e, com um menor grau, no Afeganistão. Oficinas Nas oficinas, tantas mulheres como homens são empregados e os mais habilidosos podem, inclusive, tornarem-se mestres das oficinas e receber um amplo reconhecimento e recompensas financeiras. As oficinas são bastante mais sofisticadas que as categorias anteriores. Possuem ferramentas mais sofisticadas, como teares permanentes de grandes dimensões, e utilizam uma maior quantidade de tintas. Trabalham normalmente a partir de um esboço em papel (um desenho do tapete esboçado numa folha quadriculada) ou trabalham sob a supervisão de um tecelão mestre que dita tanto o tipo de nó a ser tecido como a cor de cada nó. Como resultado, os tapetes provenientes das oficinas são tecnicamente muito exactos e podem ser produzidos em vários tamanhos, incluindo tamanhos muito grandes. Para além de tecerem estilos próprios da sua área podem também tecer outros estilos. Oficinas Mestre As oficinas mestres são oficinas especiais geridas por um designer ou artista bem conhecido. Os tecelões são estudantes talentosos e são dirigidos pelo designer mestre. Neste enquadramento são tecidos tapetes únicos. Alguns são de esquemas tradicionais persas, como pinturas em miniatura, outros são de esquemas abstractos que retratam a vida contemporânea, e outros ainda são uma combinação. Muitos destes tapetes parecem-se com pinturas. Os tapetes provenientes destas oficinas são tecnicamente perfeitos, com excelentes nós, padrões, tons de cores uniformes e os melhores materiais. As oficinas-mestres prestam mais atenção ao aspecto artístico do tapete do que à demanda do mercado. Estes tapetes são criados com o propósito de criar arte. Muitos são dispostos em galerias e museus. Dois dos mestres designers mais conhecidos do Irão são Serafian e Arabzadeh, e alguns dos mestres mais conhecidos do Irão estão localizados nas cidades de Teerão, Isfahan e Tabriz.

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Definição de Antiguidade

O atributo idade indica a antiguidade de um tapete. Existem 3 grandes linhas temporais: antigo, semi-antigo e contemporâneo. Por vezes a data da manufactura é tecida no tapete. Antigo Tapetes com mais de 60 anos são considerados antigos. A condição de um tapete é importante pois afecta a beleza e o valor de um tapete. Os tapetes manuais são classificados de acordo com a sua condição geral. Na indústria de tapetes manuais, as condições são classificadas de bom, mediano e desgastado. Bom Um tapete bom possui uma excelente forma sem manchas, rasgos ou buracos, e sem qualquer tipo de reparação anterior. Como os tapetes manuais são muito resistentes, a maioria dos tapetes encontram-se em perfeitas condições. É muito fácil manter um tapete em boas condições. Para algumas sugestões, por favor dirija-se ao segmento de manutenção.

Desgastado Um tapete desgastado é um tapete que pode apresentar descoloração, desbotamento, danos causados por insectos ou na fundação. Contudo, tapetes sem danos com apenas um uso intenso são também considerados desgastados. Tapetes deste tipo não devem, contudo, ser dispensados porque podem ainda ter um bom valor de revenda. Alguns são, inclusive, considerados antiguidades valiosas. Reparação É importante manter em mente os seguintes pontos quando se refere à reparação de um tapete: Quase qualquer tapete pode ser reparado ou restaurado à sua condição original. Reparar um tapete manual, no que diz respeito ao consumo de tempo e intensidade de trabalho, é similar ao tecer um tapete de novo; como resultado, a reparação pode ser dispendioso. Assim, quando se pretende reparar um tapete, se o custo da reparação for demasiado alto em relação ao valor do tapete em si, talvez seja melhor nem reparar o tapete.

Mediano Um tapete mediano é um tapete que pode ter sofrido ou poderá precisar de pequenos reparos devido a pequenos rasgões na urdidura, nós ou franjas. Se for necessário reparação, esta só pode ser feita por um profissional de tapetes.

Reparação Repair

Restaurar a cor

Refazer um pedaço

Reparar as franjas

Por vezes, é melhor deixar que os tapetes coleccionáveis permaneçam no seu estado original do que restaurá-los porque pode diminuir o seu valor. O melhor é pedir a opinião de um profissional. Se as franjas ficam desgastadas ou danificadas o valor do tapete não irá diminuir mas será melhor repará-las profissionalmente para evitar que hajam mais danos. Se for necessária reparação é melhor levar o tapete a um especialista e repará-lo profissionalmente. Muitos revendedores profissionais de tapetes manuais conceituados oferecem serviços de reparação. Um especialista irá tentar utilizar o mesmo tipo de fio e tinta utilizados no tapete original, o que pode ser dispendioso. Assim, mesmo que seja oferecido a melhor das reparações, o custo deve ser sempre comparado ao valor do tapete, como mencionado antes.

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Manutenção

Antes de apresentar as diferentes formas de manter um tapete, é importante mencionar que, apesar de um tapete manual ser uma forma de arte, o mesmo é produzido para ser usado e ser pisado. Tradicionalmente, os tapetes manuais, principalmente no Médio Oriente, eram o único tipo de mobília; as pessoas dormiam, comiam e sentavam-se neles. É normais os tapetes mais antigos terem um aspecto desgastado. Com o uso, à medida que as camadas superficiais do tapete (na sua maioria lã) vão-se quebrando, vão-se tornando mais brilhantes e suaves, e com a exposição à luz, as cores parecem mais harmoniosas. Com o devido uso, os tapetes manuais normalmente tornam-se mais valiosos com o passar do tempo. Lembre-se que os tapetes manuais não são facilmente danificados, por isso desfrute do seu tapete sem preocupações.

Em caso de derramamento de refrigerantes ou bebidas alcoólicas aplique sal ou bicarbonato de sódio por alguns minutos para absorver a cor da bebida, e aspire de seguida. Depois utilize uma toalha molhada (com água normal ou carbonatada) para limpar suavemente a mancha na direcção do pêlo. Faça-o de forma suave, não esfregue o tapete. Para manchas mais antigas, leve o tapete a um profissional. Não tente limpar manchas mais antigas pessoalmente.

Entretanto pode seguir os seguintes passos, fáceis de cumprir, para ter a certeza que o seu tapete está a envelhecer com elegância: - Aspire ou varra o seu tapete como o faria com uma alcatifa. Só tem que ter cuidado com as franjas do tapete para que não sejam aspiradas ou danificadas pelo aspirador. - Rode o tapete em 180º a cada poucos meses dependendo da intensidade de tráfego. Esta rotação é importante para que as cores vão-se desvanecendo de forma igual. Quando as cores são expostas ao sol uniformemente, tornam-se mais harmoniosas e o tapete envelhece de uma forma mais bonita; ao contrário, se as cores se vão desvanecendo de forma desigual, um lado pode tornar-me demasiado brilhante e o outro lado demasiado desbotado. Outra razão importante para a rotação do tapete é o tráfego. Todas as partes do tapete devem ser expostas à mesma quantidade de tráfego de pessoas ou animais para que sejam desgastadas da mesma maneira.

Fraguemento de um tapete antigo

- A cada 2 ou 3 anos leve o seu tapete a lavar por profissionais. É importante que o faça porque devido ao uso, as poeiras, porcarias e fibras partidas se vão enfiando na base do tapete (fundação). Os profissionais tratam do tapete com equipamentos especiais de forma a remover estes elementos da base do tapete antes de o lavarem. Após este tratamento, normalmente lavam o tapete à mão com sabão natural. Depois irão ter a certeza que o tapete é secado correctamente, desde as camadas mais superiores às camadas inferiores na base do tapete, antes de o mesmo ser utilizado novamente. É importante que pergunte sobre o método de limpeza do tapete antes de escolher o local onde vai deixar o tapete para limpar. Não leve o tapete a companhias de limpeza de tapetes gerais porque as técnicas e os químicos utilizados para alcatifas podem não ser os mais apropriados para os tapetes manuais. Se o tapete vai ser armazenado por um longo período de tempo num local sem exposição solar ou sem ar, primeiro aspire-o ou varra-o. Em seguida, coloque naftalina (às vezes o tabaco também é usado), a fim de protegê-lo contra os estragos provocados por insectos. É melhor colocar as bolas de naftalina no meio do tapete e enrolá-lo de forma apertada contra a direcção do pêlo, de forma a que se pareça com um cilindro. Depois, o tapete deve ser guardado num local seco. Em caso de derramamento de água, seque imediatamente o local com um secador com uma temperatura morna. Tente secar ambos os lados do tapete, se possível.

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Principais Centros Produtores

Espanha A tecelagem de tapetes foi apresentada à Europa através da Espanha durante o controlo dos Mouros Muçulmanos que governaram desde o século VIII ao século XIII. Os Mouros que ficaram em Espanha depois do século XIII teceram tapetes em 2 estilos: uma mistura de motivos islâmicos e cristãos e cópias dos motivos turcos. Por exemplo, alguns tapetes do início do século XV tinham brasões (motivo cristão) e outros tinham bordas Kufic (motivo islâmico). Tapetes de influência turca, que se tornaram mais dominantes nos séculos XVI e XVII, tinham grandes medalhões octogonais ou eram tecidos com desenhos Holbein ou Lotto. Nos séculos XVIII e XIX, os estilos Aubusson Francês e Savonnerie tornaram-se dominantes na Espanha. Hoje, os tapetes espanhóis são tecidos em diversos estilos, incluindo os estilos europeus modernos, e nos estilos Persa e Anatólia. As cores dominantes utilizadas nestes tapetes contemporâneos espanhóis são o azul claro, o amarelo e o verde.

Savonnerie (França)

Inglaterra

Tapete Espanhol Antigo

França Pode-se dizer que os estilos mais importantes na história dos tapetes europeus incluem os estilos franceses Savonnerie e Aubusson dos séculos XVII e XVIII. Os tapetes Savonnerie eram principalmente tecidos para palácios e por encomendas especiais. Estes desenhos, produzidos sob a direcção de artistas da corte real, consistiam em motivos naturalistas florais, brasões e elementos heráldicos e alguns motivos arquitectónicos. Muitos tapetes representavam os elegantes tectos dos quartos para os quais foram comissionados. O melhor período dos tapetes Savonnerie foi entre 1650 e 1789.

Os primeiros tapetes Ingleses com pelo datam de 1570, sendo a maioria dos quais eram cópias dos tapetes turcos. Alguns tapetes mais antigos feitos por medida também incluíam desenhos de brasões de armas e dispositivos heráldicos. Por volta de 1765 até 1790 a arquitectura Adam e o desenho de interiores tornaram-se moda. Durante este tempo, também foram tecidos tapetes com pelo que utilizavam os desenhos Adam. Alguns motivos comuns do desenho Adam incluíam formas ovais e octogonais, para além de leques grinaldas e grinaldas Mais uma vez, os desenhos dos tapetes espelhavam os painéis dos tectos das salas para as quais os tapetes eram encomendados. As principais cores utilizadas nestes desenhos eram cinza, azul claro e alguns tons de vermelho. Outro nome associado aos tapetes ingleses é William Morris, um artista, escritor, designer e activista social. Os seus desenhos incluíam motivos florais com arabescos influenciados pelos estilos persas. As cores dominantes utilizadas nos seus desenhos eram os azuis e os vermelhos. Os seus desenhos foram feitos entre 1878 e 1881, no entanto, ainda se encontram entre os desenhos europeus copiados actualmente pela China, o Paquistão e a Índia. Por volta do final do século XIX, os tapetes tufados foram substituir os tapetes com pelo na Inglaterra.

Os tapetes Aubusson foram tecidos pela primeira vez na França por volta de 1665. Os desenhos iniciais eram uma cópia dos tapetes turcos, contudo, os desenhos mais recentes eram versões simples dos desenhos Savonnerie, que consistiam de medalhões florais com flores naturalísticas e alguns motivos arquitectónicos no campo. Por volta de 1870 a produção de tapetes parou em Aubusson. Hoje, os estilos Savonnerie e Aubusson são copiados na Índia, Paquistão e China. Distingue-se mais fácilmente um tapete anodado de um mecánico, pelas franjas que são parte integrante da estrutura do tapete

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Tapete William Morris


Principais Centros Produtores

Anatólia Portugal Desde o século VIII até ao fim do século XV Lisboa teve uma produção próspera, feita principalmente pelos fabricantes muçulmanos. Desse momento em diante os tapetes turcos, importados através de Veneza, se tornaram muito populares na Europa. Com a descoberta da passagem marítima para a Índia, e consequente chegada de tapetes persas e indianos, com a sua beleza e alta qualidade, cobiçados pelas principais famílias europeias, a produção nacional caiu e eventualmente desapareceu. No início do século XVII, a vila de Arraiolos tornou-se o principal centro de produção de tapetes em Portugal com o mesmo nome. A produção de tapetes de Arraiolos foi quase extinta no século XIX para ser reavivada no século XX. Hoje, a maioria dos Arraiolos (ponto de agulha português) são feitos na China. A produção na China é tão bem feita que, são difíceis de distinguir do original. O nó de Arraiolos difere do nó oriental, é chamado, justamente de "nó de Arraiolos" e é mais como ponto cruz . O desenho é muito atraente e as cores são discretas e suaves. Alguns dos exemplos mais antigos de valor inestimável destes tapetes, incluindo um feito em seda, podem ser vistos na Casa Museu dos Patudos (Casa de José Relvas, Embaixador de Portugal em Espanha), em Alpiarça, Portugal.

Os tapetes da Anatólia (Turcos) normalmente são de tamanho pequeno com a excepção dos tapetes Oushak. A maioria destes tapetes é tapetes de oração com desenhos muito distintos. As passadeiras também são comuns. A maioria dos tapetes Anatolian, com a excepção do Herekee Ushak, tende a ser geométricos e bastante influenciados pelos desenhos caucasianos. Os dois sub-estilos mencionados anteriormente tendem a ser mais curvilíneos e foram influenciados pelos estilos curvilíneos persas como o Kerman. A maioria da população turca é muçulmana sunita e por causa de certas crenças religiosas, motivos naturalistas vivos como seres humanos ou animais e a cor verde sagrada não têm sido usados nos tapetes da Anatólia mais antigos. Contudo, hoje em dia, tantas criaturas vivas e a cor verde podem ser encontrados nestes tapetes. Outra característica dos tapetes da Anatólia é a sua palete rica e colorida semelhante aos tapetes caucasianos. Alguns sub-estilos incluem o Hereke, Bergama, Kula, Melas (milas), Konya, Kirshehir, Kayseri, Sivas, Kurd, Yuruk, Oushak, Ghiordes e Sparta. As bordas dos tapetes da Anatólia tendem a ser bastante largas com muitas bordas mais pequenas. Muitas vezes, a largura do campo é menor que a largura das duas bordas. Como resultado, o campo tende a ser bastante estreito. As bordas são bastante amontoadas, muitas vezes mais amontoadas que o campo. Caligrafia Kufic também pode ser encontrada nas bordas. Muitos mihrab nos tapetes de oração tendem a ser sólidos sem qualquer motivo. Alguns desenhos mihrab comuns incluem o mihrab duplo, o arco em forma de ferradura, o triplo arco, o arco de três curvas, o mihrab suportado por duas ou quatro colunas, o mihrab em forma de V e o mihrab em escada. Outro desenho inclui tulipas no pé do tapete. Às vezes possui uma ou algumas lâmpadas penduradas no topo do nicho de orações. Muitas vezes um gancho chamado kotchak também é ligado ao topo do arco, como uma coroa. Arménia Arménia faz fronteira com a Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e a Turquia a oeste e a sul. Arménia tem uma população de 3,5 milhões de pessoas (estimativa de 1998) e cobre uma área de 29, 800 quilómetros quadrados. Erevan é a capital da Arménia. Azerbaijão

Seteais (Arraiolos, Portugal) Azerbaijão faz fronteira com a Rússia no norte, com a Geórgia no noroeste, com o Mar Cáspio a leste, com o Irão no sul e com a Arménia a oeste. O Azerbaijão tem uma população de aproximadamente 8.000.000 de pessoas (estimativa de 1998) e abrange uma área de 86.600 quilómetros quadrados A sua capital é Baku (Baku). Geórgia A Geórgia está limitada a oeste pelo Mar Negro, a norte e a leste pela Rússia, e a sul pelo Azerbaijão, Arménia e Turquia. Tem uma população de 5.000.000 pessoas (estimativa de 1998) e abrange uma área de 69.700 quilómetros quadrados. A capital da Geórgia é Tbilisi.

Arraiolos (Portugal) / Motivo Oriental

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Principais Centros Produtores

Quando pensamos em tapetes Persas normalmente pensamos em desenhos curvilíneos intrincados; contudo, o estilo persa é o mais variado em todo o mundo...

Cáucaso Os tapetes caucasianos são tecidos por tecelões tribais na zona sul da Rússia, perto das Montanhas do Cáucaso, entre os mares Preto e Cáspio. Esta área inclui os países da Geórgia, Arménia e Azerbaijão. Existem nesta área, aproximadamente, 350 tribos diferentes que falam 150 dialectos diferentes. Estes tapetes, apesar de serem tecidos por diferentes grupos, mantêm características comuns. Alguns estilos caucasianos incluem o Kazak, Karabagh, Gendje, Talish, Shirvan, Baku, Kuba e Daghestan. Os tapetes caucasianos têm sido influenciados pelos estilos Persa, Anatólia Turcomanos e Chineses. Uma característica comum a estes tapetes é a posição de formas similares em diferentes tamanhos próximas umas das outras. Outra característica comum é a sua palete colorida e brilhante. Azul, vermelho, roxo, amarelo, verde, marinho, preto e bege podem ser combinados num único tapete. Os padrões são bastante geométricos. Os desenhos mais comuns tendem a ser riscas, cruzes, quadrados, diamantes, hexágonos, triângulos, Boteh, formas derivadas de desenhos antigos de dragões, algumas figuras animais geométricas como o caranguejo ou a tarântula, e ainda algumas figuras geométricas humanas. As figuras de caranguejo são maioritariamente tecidas nas bordas. As figuras tendem a ser tecidas umas dentro das outras. Por exemplo, um diamante pode ser colocado dentro de outros diamantes maiores ou outras figuras. O layout pode consistir em apenas um grande medalhão, vários medalhões grandes ou pode ser sequencial. É muito comuns as escadas e os ganchos formarem a borda externa dos motivos. Muitos tapetes tendem a ter várias bordas mais pequenas que são preenchidas com motivos. Por vezes, o fundo é bastante preenchido e outras vezes é de uma cor sólida. Muitos tapetes de oração são tecidos nesta área. São únicos uma vez que têm um mihrab geométrico de seis lados (nicho de orações), com ângulos bem definidos. O fundo é usualmente preenchido com um motivo repetido sequencial como o Boteh, a flor ou latisse. O mihrab não é facilmente reconhecido contra o fundo bastante preenchido.

O famoso tapete de oração árvore-da-vida tem várias bordas mais pequenas e tiras de protecção. O mihrab é de cor de camelo, normalmente pêlos de camelo não tingidos, que se assemelha a um tronco humano geométrico muito estreito e longo com uma cabeça quadrada. Por cima do arco mihrab, no campo, existem dois cantos quadrados muito semelhantes ao desenho e cor do interior do mihrab em si. O desenho interior do mihrab consiste numa árvore com muitos troncos com folhas de carvalho. Cada folha é dividida em 4 quartos. Os quartos em frente um do outro são da mesma cor; dois são azul e dois são vermelho. Dentro da cabeça (topo da árvore) as folhas tornam-se mais semelhantes ao Gul Turcomano. As bordas são geralmente vermelhas, marinhas e pouco branco com pequenas formas geométricas que se parecem com os ganchos do Gul Turcomano. Nos sequenciais com motivos floridos repetitivos, um desenho comum consiste em linhas de flores vermelhas quadradas com flores brancas mais pequenas entre as primeiras. O fundo é geralmente azul-escuro e as flores encontram-se normalmente dentro de um latisse de uma forma qualquer, muitas vezes de diamante. As bordas principais são geralmente vermelhas. As bordas mais pequenas possuem um desenho em ziguezague branco. Estes desenhos são, muitas vezes, designadas de Minakhani.

Belouch (Baluchi, Balushi) Os tapetes Baluchi são tecidos maioritariamente no sudoeste do Paquistão, nordeste do Irão e noroeste do Afeganistão e são maioritariamente geométricos. O tapete de oração Baluchi árvore-da-vida é o mais conhecido de todos os desenhos Baluchi. Entre outros desenhos podemos encontrar sequenciais com motivos florais ou sequenciais repetidos com criaturas vivas abstractas como animais (as aves são comuns) e humanos. As principais cores usadas nestes tapetes são o vermelho, azul-escuro, camelo, bege e branco. Um desenho comum na borda é o ziguezague também visto em bordas Turcomanas e da Anatólia. Os tapetes Baluchi são feitos geralmente em tamanhos pequenos. Embora algumas vezes os tapetes Baluchi sejam vendidos com o nome da tribo que o teceu, como Mushwani, Nishapur, Dokhtar-e-Ghazi, Koudani e Haft-Bolah e a aldeia de Chichaksu, muitas vezes os mesmos são marcados com os nomes Mashad ou Herat Baluchi. Os tapetes Herat Baluchi são feitos no Afeganistão e são maioritariamente tapetes de oração. Os tapetes Mashad Baluchi são feitos no Irão e são, geralmente, repetições sequenciais.

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Pintura a óleo Holbein mostrando um tapete


Principais Centros Produtores

Turquia

Turquemenistão

A Turquia está localizada no sudoeste Asiático. Faz fronteira com a Bulgária e a Grécia a noroeste, com o Mar Negro a norte, com a Geórgia e a Arménia a nordeste, com o Irão a este, com o Iraque, Síria e o Mar Mediterrâneo a sul e com o Mar Egeu a oeste. Ocupa uma área de 779, 452 km ², com uma população de aproximadamente 65 milhões de pessoas. A capital da Turquia é Ancara.

O Turquemenistão é delimitada pelo Cazaquistão e pelo Uzbequistão a norte e nordeste, pelo Afeganistão a sul e sudeste, pelo Irão a sul, e pelo Mar Cáspio a oeste. Abrange uma área de 488.100 km ², com uma população de 4,3 milhões de pessoas. A capital do Turquemenistão é Ashgabad. Uzbequistão

Os tapetes manuais da Anatólia (Turquia) mais antigos remontam ao século XIII. Muitos exemplares destes tapetes podem ser vistos em pinturas europeias de 1350 a 1450. Os tapetes têm sido tecidos na Turquia, pelo menos desde que têm sido tecidos no Irão. Os tapetes tecidos hoje em dia são geralmente muito bonitos e de grande qualidade. No fim dos anos 70, o governo iniciou um programa para aperfeiçoar a qualidade e a rentabilidade da indústria de tapetes. O programa reintroduziu a utilização de corantes naturais e métodos de tecelagem tradicionais. Assim, foi criada a DOBAG (um acrónimo turco que significa Projecto de Pesquisa e Desenvolvimento de Corantes Naturais). A Turquia produz uma grande variedade de tapetes provenientes de aldeias e oficinas, especialmente em Hereke, que também produz um dos melhores tapetes de seda do mundo e, em menor grau, em Kayseri. Apesar de a Turquia não exportar, nem de perto, tantos tapetes como o Irão, a Índia ou a China, é ainda considerada uma grande exportadora de tapetes manuais. Dados estatísticos dos países exportadores são difíceis de obter, uma vez que alguns dos países podem não controlar os dados ou divulgá-los. No entanto, através de embaixadas estrangeiras, especialistas da indústria, e artigos de revista, a estimativa de exportação de tapetes para a Turquia, em 1998, é de 150 milhões de dólares. Afeganistão O Afeganistão está situado no sul da Ásia. Faz fronteira com o Turquemenistão Uzbequistão e Tajiquistão a norte, China e Jammu-e-Kashmir a este, Paquistão a este e a sul e com o Irão a oeste. Abrange uma área de 652.225 km ², com uma população de cerca de 25 milhões de pessoas (estimativa de 1998). A capital do Afeganistão é Cabul. O Afeganistão produz tapetes feitos à mão tanto para o mercado local como para exportação; no entanto, devido aos problemas políticos ao longo dos últimos vinte anos, não existem informações actualizadas sobre o estado de exportação de tapetes do país. Muitos dos tapetes são exportados através de países vizinhos como o Paquistão. Mesmo sem números exactos, sabe-se que o Afeganistão não produz tantos tapetes manuais como o Irão, a China ou a Índia.

O Uzbequistão faz fronteira com o Cazaquistão a norte e oeste, com o Kyrgyzstão a este, com o Tajiquistão a sudeste e com o Turquemenistão e Afeganistão a sul. Possui uma área de 447.400 km ² com uma população de aproximadamente 23,8 milhões de pessoas. A capital do Uzbequistão é Tashkent. Os tapetes destes dois países são conhecidos como Turcomanos A arte e cultura Turcomana foram originalmente influenciados pelas artes e culturas mongol e turca. Os tapetes Turcomano são facilmente distinguidos de todos os outros tapetes, especialmente porque a sua aparência não mudou em séculos. São únicos uma vez que são quase sempre vermelho, e o motivo principal utilizado é chamado de Gul. Perto do final do século XIX, à medida que os Turcomanos ficavam sob o controle da Rússia, a tecelagem de tapetes Turcomanos tornou-se cada vez mais comercializada. Deixou de ser fundamentalmente uma ocupação local e tornou-se numa exportação comercializável. A tecelagem de tapetes para o mercado ocidental tornou-se uma parte importante de sua economia no final do século XIX e início do século XX. Apesar de, no passado, os tapetes Turcomanos terem sido principalmente de natureza nómada, são actualmente tecidos em oficinas, aldeias, e ainda por algumas tribos diferentes. Os tapetes Turcomanos do Turquemenistão e Uzbequistão são geralmente comercializados como Bokhara ou Beshir.A produção de tapetes nestes países não é menor nem maior que a produção de tapetes no Irão, Índia ou China. Índia A Índia está localizada no sul da Ásia. Faz fronteira com a China, o Nepal e o Butão a norte, Bangladesh e Myanmar (Birmânia) a este, a Baía de Bengala a sudeste, o Estreito de Palk, o golfo de Manar e o Oceano Índico a sul, e o Paquistão e o Mar da Arábia a oeste. Ocupa uma área de 3.165.596 km ²

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Principais Centros Produtores

Índia

Irão

A tecelagem de tapetes foi introduzida na Índia durante o século XVI durante a época do imperador mogol Akbar. As oficinas índianas prosperaram na mesma época que os fabricantes reais de tapetes persas da Dinastia Safávid nos séculos XVI e XVII. Muitas das oficinas estavam sob a supervisão de tecelões iranianos. Por conseguinte, os desenhos indianos foram fortemente influenciados pelos do Irão.

O Irão está localizado no sul da Ásia e faz fronteira com a Arménia, Azerbaijão, Mar Cáspio e Turquemenistão a norte, Afeganistão e Paquistão a este, Iraque e Turquia a oeste e Golfo de Oman, Estreito de Ormuz e Golfo Pérsico a sul. Possui uma área de 1,648,000 km² com uma população de aproximadamente 69 milhões de pessoas. O Irão era chamado de Pérsia antes da conquista Muçulmana no século VII d.C.; Contudo, continuou a ser conhecido como Pérsia até aos anos 30. A sua capital e maior cidade é Teerão. Durante 2500 anos o Irão foi uma monarquia, mas tornou-se uma Republica islâmica depois da revolução de 1979.

A tecelagem de tapetes na Índia quase parou no final do século XVII, e não foi até cerca de 1850 que as grandes fábricas, geridas pelos britânicos e posteriormente, por empresas americanas, começaram novamente a produzir uma grande quantidade de tapetes. Desta vez, porém, os tapetes eram produzidos em grande parte para exportação. Muitos são cópias dos desenhos persas e franceses do século XVIII. Os grandes centros produtores de tapetes da Índia estão nas cidades de Srinagar, Amritsar, Jaipur, Agra, Bhadohi, Mirzapur, Khamariah e Ellora. Muitos tapetes indianos são marcados com nomes do estilo persa dos quais são copiados. Por exemplo, um tapete pode ser vendido sob o nome de Indo-Isfahan que significa um estilo Isfahan produzido na Índia. Actualmente, a Índia é um dos grandes produtores dos tapetes manuais. Estatística dos países exportadores é difícil obter uma vez que alguns países podem não controlar os dados ou disponibilizá-los. Ainda assim, é possível saber através de embaixadas estrangeiras, especialistas da indústria e artigos de revistas, que a estimativa da exportação de tapetes em 1998 para a Índia foi de 500 milhões de dólares. A Índia produz tapetes manuais principalmente para exportação. Paquistão O Paquistão está localizado no sul da Ásia. Faz fronteira com o Afeganistão a norte e noroeste, com a China a nordeste, com a Índia a este e sudeste, com o Mar da Arábia a sul e com o Irão a oeste. Ocupa uma área de 796.095 km² e tem uma população de 135 milhões de pessoas (estimativa de 1998). Islamabad é a capital do Paquistão. O Paquistão ganhou sua independência do Império Britânico em 1947. Tal como acontece com a Índia, a arte de tecer tapetes no Paquistão começou durante o reinado de Xá Akbar no século XVI. Durante esse período, mestres tecelões persas foram trazidos para Lahore, e a partir daí, a produção de tapetes desenvolveu-se rapidamente. Actualmente, dois tipos básicos de tapetes são produzidos no Paquistão: o Paquistanês e o Mori. A maior parte dos paquistaneses copiam os estilos persas, especialmente Kerman e Tabriz. O Mori copia os estilos Turcomano Bokhara, que são caracterizados pelos Gul repetitivos.

Até há poucos anos o Irão era o país com a maior indústria de tecelagem de tapetes do mundo. Estima-se que o Irão produzia cerca de três quartos de todos os tapetes feitos à mão no mundo. O Irão tem o maior número e a maior diversidade de grupos de tecelagem, desde oficinas a tribos nómadas e, como resultado, produz os mais diversos estilos a nível mundial. Os tapetes são produzidos em quase todos os locais do Irão, de norte a sul e de este a oeste. Como exemplo de cidades que produzem tapetes manuais temos a noroeste as cidades de Tabriz e Heriz (influenciadas por tapetes do Cáucaso), a nordeste a cidade de Mashad (influenciada por tapetes de Turcomanos no centro as cidades de Isfahan, Qum, Kashan e Nain, e no sul as cidades de Kerman e Shiraz. Os estilos persas Têm sido copiados em máquinas de tapetes pelo Ocidente e pela maioria dos países de produção de tapetes do Oriente, como a Índia, o Paquistão e a China. Embora não se saiba ao certo quando tenha começado a tecelagem de tapetes no Irão, nos manuscritos persas mais antigos do século VI, durante o reinado de Khosrow I (Rei da Pérsia de 531 a 579), existe uma alusão a um tapete designado O Tapete da primavera de Khosrow, feito de lã, seda, ouro, prata e pedras preciosas e semi-preciosas. Também, em 1295, Marco Polo mencionou que os tapetes Tabriz eram superiores a qualquer outro tapete que ele tenha visto anteriormente. A tecelagem de tapetes, como uma arte, atingiu o seu pico durante o reinado de Xá Abbas (1586-1628) na Dinastia Safavid e durante o fim dos anos 60 e início dos anos 70, a produção de tapetes aumentou no Irão para cumprir as demandas do Ocidente e da população doméstica. A indústria de tapetes continuou a ser extremamente bem sucedida. Estatística dos países exportadores é difícil obter uma vez que alguns países podem não controlar os seus dados ou não disponibilizá-los. Ainda assim, sabe-se através de embaixadas estrangeiras, especialistas da indústria e artigos de revista, que a estimativa de exportação para o Irão, em 1998, foi de 800 milhões de dólares. O Irão também produz um número grande de tapetes para o mercado local. Tradicionalmente, os Iranianos compravam tapetes como investimento.

Actualmente, o Paquistão produz os tapetes manuais essencialmente para exportação. É o quarto maior exportador de tapetes do mundo. Estatística dos países exportadores é difícil obter uma vez que alguns países podem não controlar os seus dados ou não disponibilizá-los. Ainda assim, sabe-se através de embaixadas estrangeiras, especialistas da indústria e artigos de revistas que a estimativa de exportação para o Paquistão, em 1998, foi de 250 milhões de dólares.

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A Viagem de Marco Polo


Principais Centros Produtores

História do Tapete Chinês Com 2200 anos de História, tem as suas origens no noroeste do país na área ao redor de Xingiang. Infelizmente não existem registos que nos indiquem sem dúvidas sobre quando os tapetes foram criados e usados pela primeira vez. É contudo significante que em 1978 um arqueologista de Xingiang descobriu um fragmento de tecido de lã que se acredita ter cerca de 3000 anos e que pode ser o predecessor do tapete tufado. Descobertas posteriores indicam que tapetes tufados com desenhos coloridos eram produzidos na china há 2500 anos. Pesquisas indicam que em seguida à Dinastia Han (206 BC - 24 AD) a técnica de manufactura de tapetes ao longo da rota da seda estendendo-se de Quingai, Gansu, Nigxia, Shenmu e Yulin até à Mongólia interior e Shanxi. A manufactura de tapetes estendeu-se posteriormente para outras paragens tais como Beijing (anteriormente Pequim) Tianjing Hebei e Shandong, onde se criaram estilos próprios. Nos últimos anos do Século XIX os tapetes chineses atingem a maturidade. Após este período as máquinas e corantes industriais entram na China, e os tapetes sofrem uma mudança drástica. Tapetes, sobretudo os de grande dimensão feitos em lã não eram habituais na China até aos tempos modernos. Tapetes para cobrir o Kang (Plataforma de tijolos aquecidos) típica do norte da China eram comuns na Dinastia Ming. Os modelos incluíam tapetes com espaço para uma mesa central ou cobriam todo o Kang .A maioria destes tapetes eram confeccionados com feltro e acabados com pelo de camelo nas cores preto e vermelho nas bordas. Os registos históricos indicam que não existiam teares de lã em Pequim até meados do séc. XIX. Em 1860 um padre Budista chamado Ho Chi-qing iniciou uma escola de tecelagem para a população pobre de Beijing, em Paoku. A escola foi um sucesso e foi dividida em duas partes, o portão ocidental e o portão oriental. Mais tarde o portão ocidental deslocou-se para Tientsin onde criou a tradição de tapetes duráveis de pelo de camelo decorados com desenhos em vermelho, azul e castanho. No final do século a qualidade decaiu completamente com a queda da Dinastia Qing. Nos anos 30 do Século XX esta indústria renasceu em Tientsin e Xangai com a ajuda de capital ocidental. Em 1949 esta tradição foi transplantada em Hong Kong e outros lugares asiáticos onde a tradição continua a embora com métodos mais modernos.

Tapete Chinês

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PARTE 2

Tapetes por PaĂ­s Russian Khalyk

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AFEGANISTÃO

‫أﻓﻐﺎﻧﺳﺗﺎن‬

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AFEGANISTÃO

Apesar do Afeganistão partilhar a sua fronteira com o Irão, os seus tapetes têm mais em comum com a tecelagem tribal da Ásia Central em termos de cor, desenho e a própria tecelagem do que com os seus homólogos persas mais sofisticados. Os afegãos são uma população nómada tribal que estão em constante movimento. Os seus tapetes, tecidos em teares pequenos, são tecidos principalmente para uso caseiro, nomeadamente para decoração das suas tendas. Assim, não é de admirar que os seus tapetes estejam disponíveis em pequenas quantidades e, geralmente, em pequenos tamanhos. A maioria com lã afegã tingida com corantes naturais. Estão disponíveis várias qualidades de tapetes com pelo, desde tramas médias a tramas mais grossas, para além dos Kilims. Os afegãos seguem estritamente os princípios do islão que proíbe a representação de formas animais e humanas. Assim, os tapetes afegãos são caracterizados pelos seus padrões geométricos facilmente identificáveis. Existem diversos tipos de tapetes afegãos. O que mais prevalece é o “Afegão Bokhara”, caracterizado pelo motivo Gul, um grande octógono dividido em quartos, também designado de “pé de elefante”, geralmente dispostos em colunas ou linhas, rodeado de uma borda. De todos os tipos de tapetes disponíveis hoje em dia, os tapetes afegão são, provavelmente, a expressão mais autêntica da cultura de um tecelão. Eles transmitem um apelo especial para os compradores que procuram uma expressão étnica verdadeiramente original em tapetes orientais.

Gull Bokhara Grande

Killim Afegão

Também populares são os tapetes Belouch nómadas, normalmente tapetes de oração com motivos geométricos. A maioria dos tapetes afegãos possuem tonalidades vermelho escuro (ocasionalmente azul) com motivos pretos ou azuis e, às vezes com toques de marfim ou verde. Os tapetes Baluchi são mais variadas no estilo do que os afegãos, mas a maioria possui desenhos geométricos de castanho-escuro, ferrugem, carvão e preto como as cores principais. Os tecelões Baluchi produzem muitos tapetes de oração em tamanhos diversos. Na última década tem havido um fornecimento maior e mais interessante de tapetes Afegãos e Baluchi do que nos últimos anos. Os tecelões no Afeganistão produzem alforges e tapeçarias de parede puramente decorativas, além de uma grande variedade de “Pushti” pequenos e médios. Os melhores tapetes afegãos são muito desejáveis com nó apertado e pesados, com uma construção extremamente densa e sólida. A maioria dos afegãos usa desenhos derivados dos desenhos antigos dos Turcomanos e tecem-nos em urdiduras e tramas de lã. As cores utilizadas são geralmente vermelho garança marfim e preto com detalhes de ferrugem e às vezes verde. Alguns dos melhores tapetes com desenho do sul da Pérsia feitos nos campos de refugiados no Paquistão, são mais coloridos e de padrão mais elaborado.

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AFEGANISTÃO

PERSPECTIVA HISTÓRICA O Afeganistão, estrategicamente localizado na antiga “Rota da Seda”, e geograficamente situado entre o Médio Oriente e o sub continente Indiano no cruzamento da Ásia central, oeste e sul, foi descrito pelo historiador britânico Arnold Toynbee como “uma rotunda do mundo antigo.” - e dessa região fértil e bastante viajada, se bem que turbulenta, surgiu um rico mosaico de grupos étnicos e linguísticos.

Belouch Afegão

Apesar do seu terreno robusto e proibido, e da ameaça da feroz resistência militar em nome do seu povo, o Afeganistão tem, ainda assim, sofrido numerosas invasões durante séculos - história recente incluída. Este fenómeno não pode ser mais bem ilustrado do que, talvez, pelo chamado “Grande Jogo” (Great Game” enquanto a Rússia (Czarista) e os britânicos (Império) disputavam pela influência e controlo do Afeganistão por mais de 100 anos.

Belouch Afegão

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AFEGANISTÃO

A sua história recente, especialmente no fim do século XX e no início do século XXI - tem sido marcada tanto pela instabilidade política como religiosa, também pela controvérsia e pela guerra civil e ocupações militares. Tais desenvolvimentos forçaram muitos tecelões habilidosos de tapetes a tentar exercer a sua profissão nos campos de refugiados, levando outros ao ponto do desespero de encontrar novas formas de comercializar os seus produtos, enquanto tentavam compensar uma taxa de inflação perto de 200%. Não é surpreendente que os tecelões afegãos tenham produzido, recentemente, uma interessante selecção de “tapetes de guerra” que exibem representações estilizadas de apetrechos militares como tanques, granadas e armas, que são uma reflexão vívida do ambiente de conflito que reinou durante os anos 80. Tais tendências, contudo, são ditadas principalmente por um mercado onde, muitas vezes adquiridos como uma novidade por oficiais militares , este tipo de tapetes são relativamente mais procurados do que os outros tapetes nacionais.

Tapete de guerra Afegão

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AFEGANISTÃO

Tapetes de tecelões afegãos modernos produção em Peshawer (Paquistão)

Ziegler Castanho

Kazak Afegão

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CAUCASO

Кавказ

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CAUCASO

Tekke O nome correcto é Teke, mas é comum o uso de Tekke. Os Teke faziam parte do Salyr (Salor) dos turcos Oguz. O Teke surgiu novamente no século XVI, como parte do Khan Sayin Khan-Salor. Nesta altura, ocorreu a separação Salor / Salyr. O Teke Salor permaneceu no Turquestão sob a dominação dos mongóis Usbeque Mongóis. Uma parte significativa da Salyr foi para o leste, sob a protecção dos Khan Mogholistan. Eles estão agora na China, com o nome de Salar.

Tekke Bokhara / Turcomanistão

No final do século XVII, a confederação Salor rompeu-se o que obrigou as três principais tribos da confederação, os Salyr, os Saryk e os Teke sair da Península Mangyshlak e das Montanhas dos Balcãs. As tribos mudaram-se para o leste e sul. este jogo fora de uma série de incidentes onde o Saryk usurpou o Salyr e depois o Tekke / Teke usurpou o Saryk. Os Tekke / Teke foram a tribo dominante do sul do Turquemenistão, quando os russos anexaram esta região O Gul Bokhara é o desenho mais comum dos tapetes Tekke. Uma pista importante para estimar a idade é a altura a largura do Gul. Aqueles com uma altura superior à largura são normalmente mais velhos. A produção moderna tende a usar o desenho sequencial de pequenos Gul Bokhara. As cores são tradicionalmente tonalidades de vermelho, a fundação é de lã tal como o pelo, que nas melhores versões é cortado muito rente, valorizando estes tapetes.

Tapetes Daghestan Daghestan está localizado no canto nordeste do Cáucaso, e as várias tribos, incluindo Kuba, Shirvan, etc., são na sua maioria muçulmanas. Os distritos específicos são descritos separadamente.

Azeri Chul (Karabagh)

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CAUCASUS CAUCASO

Kazak Águia Tapetes Karabagh Os tapetes Karabagh, nos séculos XIX e XX, foram influenciados por requisitos de concepção da Europa, incluindo o desenho "Gul-Franki". A cruz é um ornamento comum e é frequentemente encontrado em tapetes de oração muçulmanos! A qualidade dos tapetes Karabagh pode variar muito desde super finos a muito grosseiros. Os desenhos, corantes, tipos de lã e técnicas de atar nós variam de acordo com a área tribal específica.

Kazak Quando falo de tapetes Kazak Refiro-me aos tapetes do antigo Kazak. Kazak é uma cidade de cerca de vinte mil pessoas no noroeste do Azerbaijão. No Cáucaso, as pessoas vivem nos vales e as montanhas e picos são as fronteiras naturais. Kazak era uma cidade importante, pois controla uma série de vales que se estendem desde o Azerbaijão moderno para a Arménia e a Geórgia. As pessoas desta região são turcos azeris, arménios, albaneses e norte do Cáucaso. Os tapetes desta região são idênticos aos de Karabagh

Tapetes Kuba Os tapetes Kuba vêm em muitas qualidades mas nunca de qualidade inferior. Os padrões podem repetir temas dos vizinhos Perpedil, Konagkend e Seichur, mas um Kuba tem, normalmente, uma variante do “running-dog”, estrelas, cravos e/ou flores. O campo é normalmente índigo escuro. A urdidura é normalmente de cor clara ou castanho claro, as tramas e as Ourelas são duplas e claras.

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Kuba Antigo


CAUCASUS CAUCASO

Tapetes Shirvan Shirvan é uma das principais áreas de tecelagem do Cáucaso, que se estende desde a costa leste central, cerca de 400 km para o interior, e que engloba cidades que produzem variações de desenhos, comuns ao grupo Shirvan. Estes incluem Bidjov, Marasali, Surahani, Baku e Saliani. Os tapetes Shirvan são apontados como alguns dos mais belos tapetes caucasianos. São geralmente finos e com uma grade densidade de nós. Os fios da urdidura são geralmente de lã de ovelha clara e castanha, não tingida, fiadas em conjunto. As tramas são claras e finas, e as Ourelas são geralmente brancos com fios duplos ou triplos. São também vistas tramas de algodão e seda.

Tapetes Soumak ou Sumak Quando se fala num tapete kilim, quase sempre se ouve falar de Kilims de Soumak. Distinguem-se pelo fato de que o padrão é visível apenas de um lado - com o inverso a ter muitas vezes fios de 2-4 cm de comprimento, pendurados na parte de trás. Os Kilims Soumak são pesados e firmes, e fazem um bom tapete de chão. São encontrados a cobrir animais, e têm sido utilizados como cortinas e colchas. Os desenhos são quase sempre de desenhos fortes e coloridos e empregam muitos dos padrões dos desenhos dos tapetes caucasianos.

Tapetes Talish Borda típica Talish em Azerbaijão Persa. Estes tapetes são conhecidos pela sua forma alongada - muitas vezes em forma de passadeira. Um motivo comum é a cruz de S. André, separada por medalhões octogonais. Ocasionalmente, o motivo Lenkoran de tartarugas substitui a cruz de S. André. A urdidura é uma mistura de lã bege e castanha, não tingidas, as tramas são usualmente 2 fios de algodão cinzento.

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CAUCASUS CAUCASO

Daghestan Antes da chegada dos Russos, Daghestan era uma simples zona montanhosa e a área baixa cerca do mar era Derbent. Quando os russos configuram os seus distritos administrativos, combinaram os dois e chamaram-no de Daghestan. Os tapetes Daghestan podem ser muito semelhantes aos tapetes Shirvan ou mesmo Marasali... A chave para identificação é que os tapetes Daghestan têm a parte de trás cheia de nervuras. Num tapete Kuba procure uma depressão na urdidura de cerca de 45 a 70 graus, enquanto que nos tapetes Daghestan procure uma depressão com mais de 70 graus.

Yamout Também conhecido comoYomudo o Yamout é uma das principais tribos turcomanas. Frequentemente o Gul dyrnak, kepse e o Gul muska tauk são usados em tapetes antigos Youmut.

Passadeira Daghestan

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CAUCASUS CAUCASO

Kazak

Tecelão Turcomano

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CHINA

中国

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CHINA

Os tapetes de seda são dignos representantes da arte Chinesa. Um país muito antigo, a China é exemplar nos objectos de arte e artesanato. Não é por acaso, que a arte Chinesa tenha encontrado aderentes em todos os cantos do mundo. A seda chinesa seguiu a rota conhecida como a Rota de Seda, que atingiu o distante Império Romano, ao longo do Mediterrâneo na Dinastia Han (206 AC a 220 DC) e Tang (618 a 907 DC) e o país tinha a fama de ser o país da seda do oriente. A manufactura de tapete de seda não era uma tradição na China. Embora existam exemplos de tapetes feitos há dois mil anos, a tradição actual começou nos meados do séc. XVIII. Os tapetes Chineses são diametralmente opostos aos tapetes orientais, usando motivos Budistas e Taoistas e as cores de Azul-marinho dourado e amarelo como cores principais. O embargo americano aos produtos do Irão, levaram a um aumento de produção de réplicas deste país na china, onde hoje se podem encomendar tapetes como Isfahan, Nain e Hereke, (entre outros) com uma qualidade idêntica aos originais e a preço bastante inferior.

Tapetes tradicionais Chineses

A China, tal como a Índia e o Paquistão, além de produzirem os seus tapetes tradicionais, são os principais centros de produção de todo o tipo de tapetes com ênfase nos tapetes modernos. Na China, as oficinas de tapetes usam todos os tipos de tear e técnicas de produção, desde os tapetes anodados aos tufados e mecânicos.

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CHINA

Desenhos e estilos do tapete Chinês Ao contrário dos tapetes orientais os chineses não unem os motivos para criar um desenho. Eles estão normalmente isolados. Além do mais os desenhos são mais literais que decorativos, alguns deles têm significados muito específicos. Os tapetes chineses tradicionais anodados foram feitos de lã de tribos nómadas do norte, que tembém usavam pelo de cabra e de camelo. Os primeiros tecelões descobriram que a seda tinha qualidades muito especiais, principalmente aa nuances das cores conforme a iluminação. Esta qualidade deu origem ao famoso tapete mágico. Os desenhos inspirados nas tradições Taoistas e Budistas são simbólicos tal como o desenho Yin e Yang. Poder ser observados símbolos religiosos tais como: a flor de Lotus simboliza a pureza e o sagrado; as nuvens significam auspicioso. Podem ser encontrados animais no desenho dos tapetes: O morcego (fu) com o mesmo nome que a palavra Chinesa da sorte era um símbolo particular para a boa fortuna. Dragões que são o símbolo da força; Fénix indica imortalidade. A letra chinesa Shou é usada com frequência e significa longevidade e carácter. O hábito de esculpir os motivos dando a sensação de tridimensional, faz destes tapetes uma verdadeira obra de arte. As cores principais incluem o preto, azul, vermelho, branco, bege e amarelo. Muitos museus guardam tapetes chineses, especialmente os antigos, como verdadeiros tesouros. Não há dúvida que os tecelões chineses estão entre os melhores do mundo.

Tapete Tracicional de seda Chinês

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CHINA

Replica do Hereke Turco

A alta qualidade das réplicas chinesas tornaram este país como lugar de excelência para a manufactura de cópias dos melhores tapetes (tal como o Hereke Turco ou Isfahan Persa), já que nos países de origem, ou já não são manufacturados (Hereke) ou são demasiado caros (Isfahan).

Replica do Isfahan Iraniano

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A arte da Tapeçaria A arte da Tapeçaria é uma das mais expressivas formas de arte que o mundo conheceu. A Ilíada e a Odisseia, chegaram aos gregos através de tapeçarias. De facto, as Tapeçarias contaram muitas histórias dos Gregos, Romanos, Velho e Novo Testamento além do período renascentista. A nobreza possuía incontáveis tapeçarias manuais feitas na França, Flandres, Inglaterra, Alemanha e Itália produzidas entre os Séculos XIII e XIX. As tapeçarias de hoje são feitas em teares mecânicos, teares manuais Jacquard e apenas na China, se utilizam os sistemas antigos de bordar à mão.

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Réplica Chinesa de uma tapeçaria Antiga


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Bordado ChinĂŞs

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Tapetes do Nepal LĂŁ Nepalesa de alta qualidade

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INDIA

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A Índia recuperou desde os tempos assinalados ao lado e é hoje um dos maiores produtores de tapetes do mundo,

Tapetes Indianos A fibra substituiu o algodão na base do tapete, e a decadência geral do produto nativo estava completa. Num artigo do ano de 1891, no “A decadência do Gosto na Arte Indiana”, Georgiana Kingscote, falando da indústria nativa espontânea, diz: “Há algum tempo, havia mais de duzentas casas, onde agora existem duas e três, e os habitantes famintos não podem sequer dar-se ao luxo de manter um stock de tapetes e logo que um está terminado, é vendido, mesmo com prejuízo, simplesmente como meio de subsistência. O comércio está em tão baixa maré que, se você quer um tapete indiano, tem que adiantar o dinheiro e esperar até o tapete ser feito, uma vez que não se podem dar ao luxo de empregar muitos trabalhadores. A coloração dos tapetes Indianos veio originalmente da Pérsia, e estas cores, especialmente os vermelhos e os azuis, são tão bonitas como as da Pérsia. Agora, infelizmente, o renascimento da produção de tapetes é principalmente exercida nas prisões, sob supervisão Inglesa, e os padrões são, decididamente, ingleses, e a textura é grossa, perdendose assim a tradição do tapete bem feito como o dos tapetes persas. Aqui, novamente, a magenta, uma cor inglesa barata, desempenha um grande papel, estragando a harmonia da coloração. Uma gota de água é o suficiente para estragar o tapete ao fazer com que a magenta escorra para o fundo branco. Tapetes franceses e ingleses feitos à máquina e tapetes de Bruxelas estão a invadir a Índia, e o comércio de tapetes está a afundar mais depressa que qualquer outro”.

embora os seus tradicionais tapetes de seda de Kashmir, ou os famosos Agra e Jaipur, já não sejam fáceis de encontrar, uma vez que a Índia fabrica tudo o que o ocidente necessita, graças à sua mão de obra barata. Tal como no Paquistão, a Índia produz tapetes anodados, tufados, mecânicos e de nó mecânico. A maior produção que sai das suas oficinas ou fábricas representa desenhos modernos ale da cópia de tapetes famosos como Tabriz, entre outros. As cores usadas na Índia provêem de corantes industriais conhecidos como cromáticos. São de boa qualidade, embora tratando-se da Índia, as cores tendem para um excesso de brilho quase fluorescente, tão tradicional neste país. A fibra sintética é a principal matéria-prima na manufactura de tapetes, embora ainda se use a lã, o algodão e também a seda, nas cópias de tapetes persas ou na manufactura dos seus melhores exemplares próprios como o Kashmir.

Jaipur Estrela

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INDIA

Na Índia, as mulheres não tecem. Este trabalho está reservado a rapazes e homens. A Índia adaptou os motivos e estilos Persas, mas anos de manufactura própria criou uma adaptação ao estilo local, que embora com origem nos desenhos Persas, quase não se parecem com eles. Além do mais, a Índia produz tapetes que são ditados pelos compradores ocidentais e que já nada têm a ver com as origens. Devido à mão-de-obra barata, a Índia é um lugar de excepção para a produção de tapetes baratos em que em cada fábrica se podem ver; tapetes com nós (anodados), tufados, tecidos em tear manual (Jacquard) e a última novidade, o nó mecânico. Esta nova forma de tecer tapetes veio dar um grande impulso à tapeçaria da Índia, uma vez que para o leigo, os tapetes parecem anodados, mas são feitos na realidade em teares especiais que lhes conferem esse aspecto. É claro que a rapidez da confecção é totalmente distinta dos tapetes com nós manuais e embora o aspecto seja parecido, ainda é cedo para saber da sua durabilidade.

São cada vez menos os tapetes com características Persas, seja em desenho ou qualidade, que são produzidos na Índia. A forma de anodar tapetes e sobretudo a sua terminação, é quase exclusiva da Índia e difere muito da forma de tecer noutros países do oriente médio. Por exemplo, o ajuste da tensão da estrutura, é feita após terminar o tapete em vez de ser feita durante a colocação dos nós, como seria normal. É também um hábito dos tecelões da Índia, removerem as pontas de lã que se infiltram no tapete com fogo em vez de usaram uma vara para o efeito. (O normal é bater os tapetes com uma vara grande, de forma a soltar as pontas de lã e tornar ao mesmo tempo o tapete mais maleável. Existem contudo entre os tapetes Indianos de hoje, alguns de alta qualidade, tecnicamente e artisticamente. Sobretudo os Kashmir, Jaipur e Agra. Nas oficinas da Índia, cada tapete produzido, é controlado por um responsável, que analisa o trabalho dos vários tecelões sob o seu cuidado e sempre que vê um erro na confecção, obriga o tecelão a desfazer os nós necessários e repetir a tarefa para corrigir o erro.

A grande maioria da produção da Índia contemporânea é de tapetes modernos que são cada vez mais usados na decoração ocidental. Cores e preço são os principais factores que contribuem para a grande produção de tapetes na Índia.

Agra Situa-se na Índia e tem uma antiga tradição de confeccionar tapetes. Tapetes de qualidade eram (e são) feitos em Agra, na sua maioria com desenhos indo-persa ou apenas persa

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Agra Os tapetes Agra são tecnicamente dignos sucessores da manufactura antiga. São sólidos e robustos e têm uma ascendência Mongol. Antigamente eram usadas basicamente duas cores, verde ou azul sobre cor creme. Hoje utilizam-se os castanhos e púrpura. Os desenhos modernos lembram o desenho dos tapetes persas de Khorassan.

Agra Antigo

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Jaipur Grandes elogios foram feitos aos nossos tapetes, como a outras grandes obras de arte ao longo da história. Da música à escultura, da arquitectura à poesia, a grande arte tem um poder único que preenche a mente, transcende a consciência, toca na alma, e assume uma vida própria: assim começa uma obra de arte própria de uma história grande. Os Tapetes Jaipur representam uma arte requintada que os coleccionadores de todo o mundo têm buscado ao longo dos séculos. Técnicas apuradas que resistem à idade, materiais de precisão que vão resistirem ao teste do tempo. Em cada tapete Jaipur, o mestre artesão cria manualmente uma obra de arte em cada tapete. Um tapete, uma história.

Jaipur

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Kashmir Acredita-se que o estilo do tapete Kashmir será oriundo da Pérsia. Por isso o tapete Kashmir Indiano reflecte o estilo Persa, sobretudo aqueles com o motivo da árvore da vida. A produção destes tapetes pode ser feita com pêlo de lã, mas os mais cobiçados têm o pêlo de seda. Estes tapetes são produzidos em de Srinagar uma zona de Kashmir pelos homens da família, embora recentemente já existam mulheres a tecê-los. As cores embora mais suaves que a restante produção Indiana, são cores cromáticas, uma vez que esta área não utiliza cores naturais há mais de cem anos. Os desenhos são típicos da região e muito equilibrados. O acabamento é idêntico ao que melhor se produz no Irão.

Kashmir de Seda

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‫اﯾران‬

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O TAPETE PAZYRYK Um tapete manual foi descoberto no vale Pazyryk num túmulo datado do século V AC. Esta peça de arte única parcialmente estragada pela idade e oxidação, mas protegida dentro de um bloco de gelo que a protegeu durante 25 séculos. Embora encontrado num cemitério Citia, a maioria dos peritos acreditam que seja um tapete persa. A descoberta do Pazyryk leva nos a pensar que em uma época muito mais remota que o século XVI do período Imperial a manufactura do tapete teve uma fase brilhante aonde se atingiram altos níveis técnicos e decorativos. Infelizmente existe um vazio entre a descoberta deste tapete e o seguinte. Isso não significa que não tenham havido outros, apenas que se perderam por razões naturais ou devido a guerras. CIRO E A DINASTIA AQUEMÊNIDA É credível que os nómadas Persas conheciam o uso do tapete anodado (Tapete com pêlo feito com nós) mesmo antes do tempo de Ciro, mas não se crê que houvesse um mercado deste produto e a função destes tapetes tenham tido um sentido mais prático, que artístico. Ao tempo da conquista de Sardis (546 AC) e da Babilónia (539 AC) a cultura da Dinastia Aquemênida estava a despontar. A confirmação deste facto é que Ciro impressionado com o esplendor da Babilónia, recusou que fosse saqueada. Pode ter sido ele que introduziu a arte de fazer tapetes na Pérsia. Diz-se que o túmulo de Ciro, que morreu em 529 AC e foi enterrado em Pasargade, estava coberto de magníficos tapetes. DINASTIA SASSÂNIDA (224 - 641DC)

PERSIA SOB O CALIFADO DE BAGDAH (661 - 861 DC) À Dinastia Sassânida segue-se um longo período no qual a Pérsia esteve sob o domínio dos Califas de Bagdad. Não existem documentos que comprovem a manufactura de tapetes anodados nesta época. Como não existiu uma dinastia local poderosa, é quase certo que não foram produzidos tapetes de qualidade durante este período. Por outro lado, o testemunho de Historiadores Árabes confirma que este ofício não foi extinto e existem probabilidades de que se tenham produzido tapetes de alto valor artístico. Este período influenciou o futuro deste artesanato. A integração das culturas Islâmicas e Persas pode ser vista nos desenhos dos tempos áureos dos governantes Safávidas. AS DINASTIAS MENORES (861-1037 DC) Ao domínio dos Califas de Bagdad seguiram-se dois séculos durante os quais algumas dinastias Persas conseguiram obter uma independência relativa e repor algum poder próprio na sua terra. Não existem informações deste artesanato durante estes dois séculos. A PÉRSIA SOB OS TURCOS SELJÚCIDAS (1037 l194 DC) Após o período de domínio e controlo pelos Califados Árabes, a Pérsia foi conquistada pelos Seljúcidas, um povo Turco cujo nome provém do seu fundador. O domínio Seljúcida foi de enorme importância para a história dos tapetes persas. Os Seljúcidas eram muito sensíveis a todo o tipo de arte. As mulheres eram peritas na manufactura de tapetes e usavam o nó turco. Nas províncias de Azerbaijão e Hamadan onde a sua influência era mais forte e foi mais duradoura, o nó Turco (Ghiordes) é usado até hoje. Não existem tapetes desta época que nos possam compreender melhor este período.

Existe documentação da existência de tapetes durante a Dinastia Sassânida. A produção de tapetes na Pérsia é mencionada em textos Chineses desse período. Mais ainda, o Imperador Heradius em 628 DC, trouxe vários tapetes do saque a Ctesifonte a capital Sassânida. Entre os despojos trazidos pelos Árabes que conquistaram Ctesifonte em 636 DC haviam muitos tapetes, entre os quais o famoso e magnífico tapete jardim chamado “ A Primavera de Khosrow”. Historicamente este tapete é considerado o mais precioso de sempre. Feito durante o reinado de Khosrow I (531- 578 DC) um rei Sassânida conhecido como Anushirvn. A primavera de Khosrow era excepcional. O desenho como um todo representa um jardim para permitir ao monarca sentir a primavera em pleno inverno e foi assim descrito por historiadores Árabes: A borda era um magnífico canteiro de flores em azul, vermelho, branco, amarelo e verde, feito com pedras preciosas; o fundo a cor da terra era feita com ouro; pedras preciosas como diamantes davam a sensação de água; as plantas foram tecidas de seda e os frutos eram pedras preciosas coloridas.

Table Carpet - V&A Museum, Londres

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DINASTIA MONGOL (1220-1449) Na última parte do séc. XII o poder Seljúcida foi definhando e a Pérsia ficou sob o domínio do Xá de Khiva que reinou sobre Kharesm, um estado da Ásia central situado ao longo das margens do rio Amudária. Este foi um período curto porque em 1219 a Pérsia foi devastada pela invasão de Genghis Khan. Os Mongóis eram um povo selvagem e nada sabiam da arte Persa. É Provável que nesta época, apenas as tribos nómadas tivessem tecido tapetes. Contudo com o tempo, os Mongóis foram influenciados pela terra que conquistaram. O palácio de Tabriz pertencente ao líder Gazhan Khan (1295-1304) que foi o último líder Mongol a converter-se ao Islão, tinha o chão coberto por tapetes. Não restaram tapetes desta época.

Em 1590 o Xá Abbas mudou a capital para Isfahan onde, ao redor de uma praça grande (Midane Sha) construiu um palácio magnífico (Aali Gapo) e duas mesquitas esplêndidas. Sha Abbas também criou um centro real de produção de tapetes onde se concentraram os melhores artistas e artesões que criaram tapetes magníficos. Estes eram quase sempre de seda e alguns incluíam fios de prata e ouro. Com a morte do Sha Abbas (1629) Xá Safi (1629-1642) subiu ao trono. Foi substituído por Xá Abbas II, Xá Suleiman e Sultão Hussein. Neste período travou muitas guerras contra os Turcos e consequentemente as artes sofreram um declínio considerável. Em 1722 os Afegãos invadiram a Pérsia, ocuparam e destruíram Isfahan. Acabaram com a Dinastia Safávida e a tapeçaria real. DA INVASÃO AFEGÃ À DINASTIA PAHLEVI

A DINASTIA SAFÁVIDA (1499 -1722) Na Segunda parte do séc. XV, a Dinastia Mongol gradualmente perdeu o controlo da Pérsia. Na região ocidental foram superados pela tribo Turcomana “ovelha branca” e o seu Emir Uzon Assan estabeleceu-se em Tabriz num palácio cujo chão estava coberto de tapetes. Nesta época os restantes governantes Mongóis embelezavam os palácios de Herat com tapetes. Esta foi uma fase determinante para os Persas que após setecentos anos de domínio estrangeiro, estava em condições de controlar o seu próprio destino. De facto em 1499 o Xá Ismail I (1499 - 1524) expulsou a tribo ovelha branca e fundou a Dinastia Safávida. Em apenas alguns anos, expedições enviadas a partir de Tabriz sucederam em conquistar quase toda a Pérsia que voltou a ser governada por uma dinastia local. A libertação do poder estrangeiro criou um fervor em todo o país e as artes persas viram um período de renascença. O Xá Ismail foi sensível a este movimento e facilitou o renascimento das artes além de ganhar a simpatia do povo. Os grandes miniaturistas como Bihzad e outros, viviam no palácio como se fossem altos dignitários. Nas cidades, centros de artesanato foram criados para a tecelagem de tapetes. Os melhores artesãos foram convidados para estes centros e debaixo do controlo dos miniaturistas, teceram tapetes que tornaram a Pérsia famosa. A ascensão dos Safávida ao poder é portanto de grande importância para a história dos tapetes persas. Mais ainda, é deste período que temos a prova concreta da manufactura de tapetes. Mais de 1500 tapetes preservados em museus e colecções privadas são desta época. O Xá Ismail foi sucedido pelo seu filho Xá Tahmasp que na altura tinha 12 anos de idade. Dedicado totalmente ás artes, o Xá Tahmasp teve o seu palácio, primeiro em Tabriz e em seguida em Kasvin que eram frequentados por miniaturistas e pintores. O Xá Tahmasp reinou até 1576. Após um período turbulento que durou cerca de dez anos, Xá Abbas o grande (1587-1629) tomou o poder.Durante o reinado deste Xá, a Pérsia viveu um período de calma e unidade nacional. O comércio e artesanato prosperaram e foi iniciado o comércio com os grandes estados europeus. Com as ofertas a governantes, a embaixadores e o comércio, os tapetes persas ganharam muita fama.

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O domínio Afegão durou dez anos e terminou com a vitória de um líder esperto, nativo de Khorassan, Nadir Ghali, que em 1736, foi nomeado Xá da Pérsia. O reino de Nadir Sha durou dez anos, durante este período as forças existentes foram utilizadas em campanhas vitoriosas contra os Turcos, os Russos e Afegãs. Na sua morte (1747) seguiram-se tempos turbulentos até que o príncipe da tribo Luri, Karim Khan Zand assumiu o poder, estabelecendo a capital em Shiraz. Durante o reino de Karim Khan (1750-1779) não foram produzidos tapetes de grande qualidade e a tradição só foi mantida pelos nómadas. Após a morte de Karim Khan, o país atravessou um período de desordem até que Agha Mohammed Khan Qajar (1786) tomou o poder e fundou a Dinastia Qajar que durou até 1925. A capital foi mudada para Teerão. Durante o reinado de Qajar, o comércio e o artesanato voltaram a ganhar importância. Os comerciantes de Tabriz foram os principais responsáveis com as suas exportações para a Europa através de Istambul. Em 1925 o Sha Reza tomou o poder dos Qajar e fundou a Dinastia Pahlevi (1925-1979). Ele encorajou o artesanato de tapetes e criou oficinas imperiais. Estas oficinas produziram obras-primas para os seus palácios de Teerão que são consideradas verdadeiras peças de museu. O seu filho Sha Reza Pahlevi seguiu a política de seu pai e promoveu esta arte abrindo o museu de tapeçarias de Teerão e facilitou o comércio deste produto. A administração Pahlevi terminou em 1979 pela revolução Islâmica no Irão. O actual governo no Irão tenta manter esta tradição organizando seminários anuais sobre tapetes, convidando directores dos grandes museus a participar destes seminários que são muito bem organizados. O museu de tapetes em Teerão é fantástico e todos os que tiveram a oportunidade devem visitá-lo.


IRÃO

Killim Afhar antigo

Afshar Os tapetes Afshar são tecidos por nómadas e aldeões residentes entre Shiraz, Kerman e Yazd no sudeste do Irão. Estes tapetes são geralmente pequenos. Os tapetes Afshar são semelhantes aos tapetes Caucasianos em estilo e cor. O motivo é geralmente geométrico. Os modelos mais comuns consistem em medalhões com formato diamante, hexágono ou octógono e em alguns casos um hexágono gigante, cobrindo todo o campo. Desenho sequencial Gul farangi (rosas), Boteh e galinhas (Afhar-eMorghi em Persa), também são comuns. As cores mais comuns incluem vermelho escuro, castanho avermelhado, castanho, azul-escuro avermelhado, laranja escura, ocre, areia, branco, marfim e amarelo. O nó Turco (Ghiordes) é o mais frequente, mas o nó Senneh (Persa) também é usado. A fundação é frequentemente feita com lã embora os tapetes mais modernos usem o algodão

Bidjar Os tapetes Bidjar são tecidos na cidade de Bidjar e redondezas. Bidjar está localizada na província de Curdistão no noroeste do Irão. Estes tapetes são considerados tapetes de aldeia, porque embora sejam feitos na cidade ou redondezas, eles são tecidos em casas e não em oficinas próprias. O motivo Bidjar é uma combinação de desenhos curvilíneos e geométricos com predominância do primeiro. As cores predominantes são Azul-marinho, cereja, castanho, azul claro, cor-de-rosa, amarelo, ocre, bege e marfim. É usado principalmente o nó Turco. O motivo mais comum é o motivo Herati. Este motivo pode ser visto em desenho sequencial e em medalhões. A assinatura do desenho dos tapetes Bidjar é o medalhão e cantos Herati. Adicionalmente ao motivo Herati, podem ver-se em alguns tapetes o motivo Boteh, Mina-khani, Zell-i-sultan e Gul farangi. É comum nestes tapetes, o uso de muitas bordas e o motivo frequente nas bordas é o Sha Abbas. Outra característica destes tapetes é o hábito de bater a trama frequentemente, de forma a tornar os tapetes muito compactos. O resultado é que são tapetes muito densos, pesados e excepcionalmente duradouros. Devido a este facto, os tapetes não devem ser dobrados (pode danificar a estrutura), mas sim enrolados Bidjar

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IRÃO

Ghoum Os tapetes Ghoum (Kum, Qum) são tecidos nas oficinas de da cidade de Ghoum no centro noroeste do Irão. O início de produção de tapetes nesta cidade iniciou-se em 1930, pelo que estes tapetes não têm tradição nem desenhos próprios. Os tapeceiros desta cidade preferem usar os melhores desenhos existentes no país e ajustá-los ao seu gosto pessoal. É Comum confundir estes tapetes com Isfahan ou Kashan em termos visuais, mas não com os tapetes Tabriz, uma vez que estes usam o nó simétrico (Ghiordes ou Turco). Geralmente são tecidos com 100% de seda, embora possam ter mistura de lã e seda. Normalmente quando é usada a lã na composição do tapete, a escolhida é Kork (lã muito fina da barriga das ovelhas). A fundação é de seda ou de algodão muito fino. A maioria dos tapetes Ghoum usa motivos curvilíneos e motivos florais muito complexos. Com folhas e ramos de videira. Alguns dos desenhos usados nos Ghoum consistem do vaso Moharramaat, mir-i-boteh, Zell-i-sultan, jardins, caçadas, árvore da vida, pictóricos, Xá Abbas Medalhão-e-canto, sequencial, oração, etc. Não há dúvidas que os Ghoum são tapetes muito variados em desenho. As cores são tão variadas como o desenho. A aparência geral poder ser clara com bordas de marfim, champanhe, turquesa e verde pálido ou, escura com o campo em azul-escuro, verde e por vezes vermelho. O vermelho, o verde e o azul são também usados nos motivos. Outras cores usadas com frequência são o rosa, amarelo, ocre, e laranja. Por vezes os motivos são realçados com dourados.

Ghoum de seda

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IRÃO

Tabriz Os tapetes de Tabriz são tecidos na cidade com o mesmo nome e cidades vizinhas. Tabriz é a capital do leste da província do Azerbaijão no nordeste do Irão. Tabriz é um dos principais centros de produção do Irão. Os seus desenhos são normalmente curvilíneos, mas também se fazem tapetes com desenhos geométricos. Embora Tabriz seja uma cidade do Irão, o nó simétrico (Turco) é predominante nesta região. Os desenhos de Tabriz são os mais variados no Irão. Os tecelões de Tabriz usam muitos dos motivos universais persas na confecção dos seus tapetes. A diferença é que não os copiam, usam a sua própria interpretação dos desenhos, tal como a interpretação do Medalhão-e-canto Herati de Bidjar. Tal como em Ghoum, todos os motivos curvilíneos são utilizados em Tabriz (Ver página anterior). A única diferença está na forma própria com que os tapeceiros de Tabriz interpretam estes desenhos tornando-os exclusivos e característicos. As cores são tão variadas quanto os desenhos. As tonalidades usadas podem ser vivas ou claras dependendo do mercado aonde se destinam. Uma característica destes tapetes é a grande quantidade de tonalidades usadas em cada tapete. O realce em seda à volta dos motivos é uma característica de alguns destes tapetes. Os tapetes de Tabriz com desenho sequencial tem como fundo e motivos, cores escuras mais fortes. Os de medalhão são geralmente mais claros, com fundo creme ou marfim.

Tabriz de seda

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IRÃO

Tabriz A arte de tecer tapetes em Tabriz foi passando de geração em geração a partir do Séc. IX-X e sempre foi considerada como de grande valor. Muitos dos tapetes foram inspirados nos trabalhos de grandes poetas e mostram falcões e leões. Também se produziram muitos tapetes pictóricos com imagens de palácios e mesquitas, cenas de batalhas e rostos de pessoas. Alguns dos últimos são de uma qualidade tão tecnicamente perfeita que parecem fotos de pessoas. Capas de livros antigos também serviram de modelo para a manufactura de tapetes de Tabriz. A densidade de nós nos tapetes de Tabriz, pode nas melhores qualidades ultrapassar um milhão de nós por metro quadrado. A medida da densidade de nós em Tabriz, Isfahan, Nain e Ghoum é o Raj. Os melhores tapetes destas regiões têm o valor de 70 Raj. Os mais simples são de 40 Raj. A estrutura quase sempre de algodão fino, pode em alguns casos ser de seda. O pelo é de lã de alta qualidade, realçada com detalhes em seda, ou nos melhores exemplares totalmente de seda.

Tabriz com desenho sequêncial

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Tabriz com medalhão


IRÃO

Isfahan Isfahan está localizado na zona centro ocidental do Irão. Os tapetes aqui tecidos têm sido e continuam a ser famosos em todo o mundo. Como Isfahan foi a capital de muitos governantes incluindo o famoso Sha Abbas o Grande da Dinastia Safávida, muitas mesquitas, palácios e outros monumentos foram construídos aqui especialmente no reinado do Sha Abbas entre os Séculos XVI e XVII, quando Isfahan foi um dos mais importantes centros de arte. Estes monumentos inspiraram grandemente os desenhos dos tapetes Isfahan. Um desenho comum é baseado num medalhão grande redondo parecido com o mosaico do interior da abóbada da mesquita do Xeque Lotfollah. Outros desenhos incluem o medalhão e canto de Sha Abbas, árvores e animais. Desenho sequencial e pictóricos de pessoas e animais, por vezes baseados em miniaturas Safávidas. Uma característica destes tapetes é que dificilmente se encontram espécimes com menos de 15 cores. O campo é completamente distinto das bordas, que podem ser em número de 5. A densidade de nós é normalmente muito alta (70 Raj) e existem exemplares de seda que atingem densidades ainda maiores. A seda e o algodão são usados para a fundação e a lã de alta qualidade ou seda, ou uma mistura das duas para o pelo, que é geralmente cortado muito rente. Os tapetes de Isfahan são dos mais lindos e valiosos de todo o Irão.

Isfahan de seda 70 Raj

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Kashan Os tapetes Kashan são tecidos nas oficinas de Kashan no centro norte do Irão. Os estilos de Kashan são tal como muitos outros estilos Persas, copiados de outras áreas do país assim como de outros países, tais como a Índia, China e Paquistão. O desenho é normalmente curvilíneo. Um desenho tradicional é o diamante alongado e o medalhão com pendentes Xá Abbas. Mas a característica mais conhecida do desenho de Kashan são os tapetes pictóricos, sobretudo de caça. São utilizadas várias cores na confecção deste tipo de tapetes, que chegam a ter (sobretudo os "Mohtashem Kashan") qualidade técnica e artística equivalente aos Isfahan. É utilizado o nó assimétrico (Senneh ou Persa) na manufactura destes tapetes.

Kashan

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IRÃO

Kashan A partir dos finais do Século XIX aos inícios do Século XX, os melhores tapetes desta zona eram chamados Mohtashem oriundos das oficinas com o mesmo nome. Hoje acredita-se que este nome indicava a produção de alta qualidade de tapetes Kashan e nada tinha a ver com este tapeceiro. Existem todavia tapetes assinados por este tapeceiro o que indica que a sua oficina existiu. Os primeiros tapetes Kashan foram tecidos com lã de merino muito fina conhecida como lã de Manchester. A lã era mais fina e suave que a lã local. O colapso financeiro que levou à grande depressão e a queda do mercado de acções pôs o término ao mercado destes tapetes. As maiores empresas Inglesas e Alemãs, faltaram aos seus compromissos e o Sha Reza foi obrigado a nacionalizar as principais manufacturas de tapetes. Em virtude disso, o uso de lã importada de qualidade terminou e com isso terminaram os tapetes conhecidos como Mohtashem Kashan. A produção moderna já não atinge a técnica e a beleza da produção de Isfahan, Nain ou Tabriz e embora os tapetes modernos de Kashan sejam de qualidade, não se podem comparar aos antigos.

Silk Kashan

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IRÃO

Kerman Lavar O nome Lavar é usado para descrever dois tipos de tapetes. Os primeiros são tecidos na cidade de Lavar, localizada a nordeste de Kerman que produz tapetes no estilo Kerman. Os segundos são um desenho especial de Lavar chamado de “Mil flores”conforme o nome indica. O nome de Lavar ou Lavé (a forma europeia de designar este nome) é também usada para descrever tapetes de alta qualidade feitos em e ao redor de Kerman, mesmo que não sejam feitos na cidade de Lavar. A produção dos tapetes desta região eram destinados principalmente para o mercado americano e os desenhos, cores e altura do pelo, muito apreciados no mercado americano, nunca foi bem aceite no mercado europeu. O modelo abaixo, seque o estilo persa, mais apreciado no mercado europeu.

Kerman Lavar

Tapete Kerman Lavar antigo

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IRÃO

Heriz Os tapetes Heriz foram durante muito tempo considerados como Hamadan. Alguma produção mais grosseira era parecida com a de Hamadan, mas a produção de qualidade de Heriz, nada tinha a ver com esses tapetes. Os Heriz de alta qualidade técnica e artística conhecidos como Serapi ou Gorevan, não podiam ser confundidos com os tapetes grosseiros que são a produção mais comum em Hamadan. A zona de manufactura de Heriz fica no Azerbaijão, a leste de Tabriz na estrada que leva através de Ardebil a Astara e outros portos no mar Cáspio. É totalmente dissociada da produção de Hamadan porque entre os dois existe um longo troço de terra Curda onde se produzem tapetes totalmente distintos. A sua relação com Tabriz não é mais próxima, embora usem algumas técnicas deste estilo e é claro, a produção de Heriz é comercializada na capital Tabriz.

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IRÃO

Nain A cidade de Nain está localizada na província central de Isfahan. Antes dos anos 30, as capas usadas pelos homens (Abbas) eram confeccionadas nesta cidade. Com a queda em desuso destas capas, passaram a usar a lã de alta qualidade para produzirem tapetes que são distintos de qualquer outros produzidos no Irão. A cor predominante nos tapetes Nain é o azul sobre o bege ou o inverso. Embora se use a mesma nomenclatura de Raj para a medida da densidade de nós como os tapetes de Tabriz ou Isfahan, Nain tem uma designação própria. Os mais simples e grosseiros são os Nain Tabas. Em seguida vêm os 4L (quatro fourla) até aos mais finos 9L (nove fourla). A densidade destes tapetes, sobretudo os de seda chega a ultrapassar um milhão de nós por metro quadrado. A fundação dos Nain pode ser de algodão fino ou seda. O pelo de lã de alta qualidade com destaques de seda ou totalmente de seda. É usado o nó Senneh. Embora sejam parecidos com os Isfahan tanto na construção quanto no desenho, têm uma característica própria que é a sua cor azul. O vermelho é usado por vezes, mas a cor predominante é o azul, seja com motivos azuis sobre um campo branco ou marfim, ou motivos de cor clara sobre um fundo azul. As outras cores existentes são discretamente colocadas de forma a não retirar a sensação equilibrada do azul do tapete.

Nain 9L Medalhão

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Nain 9L Desenho sequencial


IRÃO

Belouch Os tapetes Belouch (Balushi, Baluchi) são tecidos por tribos Nómadas do Afeganistão e do Irão. Ambos se parecem, embora os produzidos no Irão tem uma estrutura mais regular. Económicos, com desenhos simples, combinam uma autenticidade com um charme primitivo. Os Belouch ou Baluchi são uma grande tribo que percorrem uma zona entre o leste do Irão e o leste Afegão e não como o nome indica a província de Baluchistão do sudeste do Irão, e algumas tribos foram avistadas no Paquistão. A maioria dos Belouch são feitos pelas tribos nómadas mas uma pequena parte são feitas em aldeias à volta de Firdaus na zona central de Khorassan por pessoas de extracção árabe. Estes são contudo tecidos da mesma maneira e são considerados tapetes nómadas. A fundação é de lã, embora recentemente se venha a utilizar o algodão. A densidade de nós está entre os oitenta e os cento e os cento e quarenta mil nós por metro quadrado. O pelo é de lã, que embora não seja muito lustrosa é de boa qualidade. O desenho é normalmente de oração ou geométrico. As cores predominantes são o ocre e o azul com vermelho ferrugem, amarelo-torrado, bege e branco. Lã não tingida nas suas cores naturais incluindo o preto. Existe um número de outras tribos dentro da tribo Baluchi que comercializam os seus produtos sob o seu nome, tais como; Mushwani, Nishapur, Dokhtar-e-Ghazi, Koudani e Haft Bolah. Contudo a maioria dos tapetes é vendido como Mashad ou Herat Baluchi.

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IRÃO

Shiraz Os tapetes Shiraz têm normalmente motivos nómadas e cores vegetais. São uma escolha adequada para pisos de madeira. Devido à proximidade das tribos QuashQai, os desenhos são muito parecidos. A grande diferença é que os QuashQai têm uma estrutura mais sólida e o nó um pouco mais denso que os de Shiraz. Sendo tapetes de concepção tribal, são extremamente resistentes e adequados para zonas de muita passagem. Os tapetes tribais são normalmente mais resistentes que os tapetes feitos nas cidades. As cores principais incluem o vermelho, vermelho ferrugem e castanho. O azul índigo é também frequentemente usado. A densidade de nós não é muito alta, e o pelo é cortado um pouco alto. A fundação poder ser feita de lã ou de algodão (na produção moderna).

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IRÃO

Sarouk Sarouk é uma aldeia situada a 40 km ao norte de Arak (antigo Sultanabad) no centro do Irão. Esta região tornou-se um dos maiores centros de produção desde o séc. XIX até à primeira guerra mundial. O principal desenhista destes tapetes chamava-se Ferahan. Para competir com os tapetes de Kashan Ferahan desenhou tapetes com um motivo de medalhão central. Hoje são conhecidos como tapetes Ferahan Sarouk. Contudo no início do séc XX, um grande número de tapetes Sarouk foram exportados para os Estados Unidos com um desenho diferente chamado Mahajaran Sarouk, conhecidos como Sarouk americano. Este consistia em padrões repetitivos florais com cores mais intensas. Os tapetes Sarouk são feitos à volta desta aldeia nas casas e em oficinas. Geralmente estes são tapetes de grande qualidade com a fundação em algodão e desenhos normalmente curvilíneos, mas também existem alguns com desenhos geométricos.Com uma alta densidade de nós, estes tapetes antigos podem valer mais de cinquenta mil euros para um tamanho de 240x160.O pelo era de lã de alta qualidade e as cores vegetais. As cores principais consistem de vermelho, azul, laranja escuro, ocre e champanhe. Por vezes os motivos são realçados com um vermelho pálido, amarelo pálido ou turquesa, para criar um contraste entre o campo e os motivos. A produção moderna é muito inferior à produção do início do século vinte.

Sarouk antigo

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IRÃO

Ferahan Ferahan é uma aldeia da província de Markazi no centro do Irão. Os Ferahan antigos eram muito famosos no ocidente. A maioria dos Ferahan têm um desenho geométrico embora existam Ferahan com desenhos curvilíneos. Estes tapetes de alta qualidade são normalmente tecidos usando o nó assimétrico (Senneh) numa fundação de algodão. Existem basicamente dois desenhos, o sequencial e o medalhão. O medalhão chamado explosão solar, é um medalhão grande que lembra a radiação do sol. O campo deste desenho não é muito sobrecarregado. Uma parte central do medalhão é colocada nos cantos, interrompida pelas bordas. As cores são azul índigo, várias tonalidades de verde, amarelo e laranja. O preto e azul-escuro são utilizados para realçar os motivos. O tamanho mais comum é o do-zar (150 x 210 cms)

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IRÃO

Mashad Mashad é a capital da província de Khorassan no nordeste do Irão. Esta cidade santa é famosa pelo Santuário do oitavo Iman Chiita, Iman Reza. Outro facto de dá uma predominância a esta cidade é a sua localização a leste do Irão. Além de ser um dos mais importantes centros de manufactura de tapetes, Mashad comercializa também de outras regiões, especialmente Baluchi e Turcomanos do Irão, Turquemenistão, Afeganistão e Paquistão. O nó é predominantemente o Senneh. O desenho é quase sempre curvilinear e o desenho mais comum é o desenho parecido com o de Kashan, o medalhão com o motivo Sha Abbas e canto. Uma característica que os torna diferente dos tapetes de Kashan é que o motivo medalhão e canto são tão alongados que quase se encontram. As cores usadas nos Mashad são também distintas das usadas em Kashan. Vermelho escuro para o campo e azul para o medalhão, cantos e bodas. São contudo usadas outras cores na combinação do desenho. Além do desenho Sha Abbas, são também usados como motivos Herati e Boteh geralmente em sequência. Os Mashad com motivos Herati são por vezes comercializados sob o nome Khorassan. Estes desenhos não usam as cores vermelhas e azul, mas sim o bege, amarelo-torrado e castanho. Mashad também produz tapetes pictóricos.

Mashad Pictórico

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IRÃO Kellims (Kilims) Os Kilims embora façam parte dos tapetes orientais, pertencem a um classe própria. Nos tapetes com pelo (anodados) o desenho é feito com as diferentes cores de lá usada para fazer os nós, enquanto nos Kilims é a cor da trama e urdidura que criam os motivos e por isso os Kilims são conhecidos como tapetes lisos. O Kilims são mais leves e manejáveis que os tapetes com nós e consideravelmente mais económicos. Existem contudo alguns tapetes kilim Caucasianos ou Russos que pela sua qualidade artística e antiguidade custam uma pequena fortuna.

Killim Hamadan

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Killim Curdo

Killim Senneh

Killim Shiraz


Paquistão

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Paquistão

Bockhara Paquistão tradicional

Em 1947 o Paquistão tornou-se independente da Índia e nos últimos tempos tornou-se um dos maiores centros produtores de tapetes, sobretudo com o êxodo dos Afegãos para Peshawar. Antigamente os tapetes do Paquistão eram feitos em casa e limitados a poucos desenhos e qualidades. A principal produção do Paquistão até há 20 anos eram os Bokhara e Karachi (Desenhos caucasianos). Hoje o Paquistão tem oficinas que produzem réplicas de quase qualquer tapete orienta, assim como a Índia, manufacturam todos os tipos de tapetes modernos, incluindo os que são feitos em fibras artificiais.

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Paquistão

Ziegler (Paquistão) Estes tapetes estão em grande moda. Produzidos em regiões fronteiriças do Paquistão, são uma réplica dos genuínos “Ziegler” que foram criados nos finais do século XIX na Pérsia por uma companhia Suisso-Inglesa chamada Ziegler & Cia. Os padrões provêm de tapetes do antigo Mahal, Oushak e Sultanabad. Em vez dos desenhos minúsculos, típicos dos persas, eles seguem as tradições europeias de desenhos florais grandes. Sem serem demasiadamente preenchidos, eles dão a ideia de espaço aberto e elegância. Estes tapetes usam a lã Afegã e cores vegetais. Em seguida são sujeitos a uma lavagem especial que realça as cores e dá um toque mais sedoso aos tapetes. De volta à moda, as novas produções estão em harmonia com a decoração moderna com a vantagem adicional de parecerem originais.

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Paquistão

Tapete Peshawar

Produção actual no Paquistão

Lahore

Chuby (Ziegler)

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Turquia

Türkiye

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Turquia

Dosemealti-Antalya Estes tapetes são tecidos por tribos semi-nómadas Yuruk que habitam perto do oceano em planícies de temperatura moderada nos meses de inverno. As aldeias ao redor de Antalya na costa mediterrânea são os principais centros produtores deste tipo de tapetes cuja lã e corantes são produzidos por eles. As cores predominantes são o vermelho vivo, azul-escuro e um pouco de branco. O desenho é geométrico e representa símbolos do dia a dia. Quando o desenho representa a árvore da vida, esta é normalmente representada por cravos, “as flores do povo”. A densidade de nós é em media cerca de 160 000 nós por metro quadrado. Tal como a maioria dos tapetes Turcos, o pêlo é aparado meio alto. As franjas de um lado são terminadas em tranças. Do outro lado, são cortadas rente à trama.

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Turquia

Kayseri Bunyan Estes tapetes têm normalmente os desenhos curvilíneos típicos dos tapetes orientais. A estrutura é de algodão e a lã tingida com corantes naturais. Os tamanhos são variados e chegam aos 16 metros quadrados. Os tapetes Kayseri de lã têm as propriedades dos Bunyan, mas menos tonalidades. As cores mais usadas são o branco, creme, castanho claro e escuro, ocre e por vezes preto. A Densidade de nós é média.

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Turquia

Kayseri A cidade de Kayseri, situada na zona centro da Turquia é um centro de produção de tapetes à séculos. Existem muitos tipos de tapetes e Kilims desta região. Tapetes de seda, seda artificial e lã tingida e natural (não tingida) e os Bunyan são a sua maior produção. Os Kayseri são tecidos em casa e em oficinas. Frequentemente os artífices compram a lã num armazém e vendem a sua produção ao mesmo armazém. Alguns destes tapetes tecidos com fibras naturais com acabamento brilhante imitam os tapetes de seda e são muito procurados pelo comprador ocidental. Os Kayseri são muito semelhantes aos Bunyan, embora o seu tamanho é consideravelmente menor. Quando se usa fibra a imitar a seda, o tingimento é feito com corantes cromáticos, uma vez que estas fibras não aceitam corantes naturais. A estrutura é feita com algodão e os nós são de lã, seda e seda artificial. Alguns destes tapetes de seda têm uma densidade que chega aos 700 000 nós por metro quadrado.

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Turquia

Hereke Existem na Turquia tapetes para todos os gostos e todas as bolsas, mas os melhores são produzidos numa cidade perto de Istambul chamada Hereke. Os tapetes produzidos nesta cidade poder ser confeccionados com lã sobre algodão, mas a sua fama provém dos tapetes Hereke cem por cento de pura seda. Estes chegam a ter 1 200 000 nós por metro quadrado e estão considerados entre os melhores do mundo. Os Hereke de lã, embora de boa qualidade com lã fina, não ultrapassam os 360 000 nós por metro quadrado. Os motivos são florais e a maior parte destes tapetes têm designação própria como: Estrela-Seljúcida, Seven-Montain-Flowers, Polonaise, 101-Flowers e Tulipa. As flores e a harmonia das cores tornam estes tapetes muito apetecidos. Infelizmente, a produção de Hereke de seda está condenada a desaparecer. O custo da mão-de-obra na Turquia actual não permite a continuação da manufactura destas verdadeiras obras-primas. Hoje em Hereke, o comerciante vende as réplicas feitas na China, que ainda é um dos poucos países capazes de os reproduzir com alta qualidade a um preço aceitável.

Hereke de seda antigo

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Turquia

Kum Kapi A parte Armena de Istambul era uma zona muito pobre nos finais do séc. XIX e início do séc. XX. O termo Kum Kapi (Portão de Areia) refere-se tanto a esta zona como aos magníficos tapetes feitos durante este período. Kum Kapi situava-se na proximidade de Top Kapi com os seus esplêndidos monumentos, que influenciaram os desenhos destes tapetes. Uma fluorescente indústria de seda na cidade próxima de Hereke, contribuiu para a criação de oficinas de tapetes em Kum Kapi. Os Kum Kapi são feitos com seda e nó Ghiordes. Uma técnica de incluir fios de ouro e prata na estrutura do tapete realçava o seu desenho. Os motivos foram inspirados em obras-primas da dinastia Safávida Persa. Os artesões dos tapetes Kum Kapi eram essencialmente Armenos Turcos que migraram para a zona oeste de Istambul. Aqui produziram tapetes extraordinários os famosos mestres Hagop Kapuciyan, conhecido como Hagop o gordo e Zareh Penyamin, entre outros. O início da Segunda Guerra Mundial em 1939, acabou abruptamente com a tecelagem de tapetes em Istambul, Mehmet Ocevik tentou restabelecer a produção de Kum Kapi, mas após a sua trágica morte num acidente em 1971 estes tapetes deixaram definitivamente de ser produzidos. Os poucos tapetes de qualidade existentes hoje valem várias centenas de milhares de euros, cada.

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Turquia

Milas (Melas) Milas é o centro de proÇução de tapetes na zona oeste da Turquia perto de Izmir. Os tapetes produzidos nesta região levam o seu nome. Quatro subtipos constituem a família de Milas. O tapete de oração, com um nicho em losango, o tapete de medalhão vermelho vivo, o Milas antigo tecido em tonalidades de vermelho acastanhado e amarelo e o Ada Milas com desenho simples. Os tapetes de oração são o subgrupo mais importante com o seu Mirab (Nicho) terminando em losango e que representa a imortalidade da alma. Este desenho é único e não se reproduz em nenhum outro lugar. A densidade de nós é típica da região, cerca de 160 000 nós por metro quadrado.

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Turquia

Yagcibedir Os tapetes Yagcibedir são produzidos nas montanhas das regiões do Egeu nas aldeias nómadas do Mazilar, Islamlar, Karakecili, Ienikoy, Karaoba e Kokaoba (a terminação oba significa tenda nómada). De acordo com a lenda, Yagcibedir era um vendedor de manteiga de Kayseri que para compor o seu orçamento, fazia tapetes de qualidade. Ao compartir os seus conhecimentos nas aldeias que visitava, e quando nelas se criaram manufacturas, os tapetes aí tecidos levaram o seu nome. A fundação e pêlo são de pura lã de ovelha e o pêlo é cortado rente de forma que o desenho seja visto de forma nítida. As cores dominantes são o azul índigo escuro e vermelho garança rico, com a inclusão de creme, castanho e tonalidades suaves de vermelho e rosa. Com a idade as cores tornam-se mais bonitas com os vermelhos escuros a transformarem-se em suaves vermelho acastanhado. Os desenhos e cores do Yagcibedir mantiveram-se os mesmos durante muitas gerações. Eles são muito distintos e fáceis de reconhecer. O azul-escuro tem motivos geométricos, estrelas, flores, pássaros estilizados e numerosas estrelas de Suleimão.

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Turquia

Ladik Ladik é uma cidade localizada a norte de Konya no coração da Anatólia. As principais fontes de receita desta região são a criação de gado e a manufactura de tapetes. Konya e Ladik são as mais antigas áreas de produção de tapetes na Turquia. Desde o séc. XV que a arte de tecelagem de tapetes florescia em Konya por ser a capital do Império Seljúcida e um importante centro político e de comunicação. Existem muitos centros de arte em Konya sendo talvez o mais famoso a Mesquita Verde. Da Arábia, Irão e outros países, muitos artesãos vieram a Konya praticar as suas artes. Os tapetes sobreviventes desta época demonstram todo o carácter Turco. Durante este período a qualidade de tecelagem propagou-se para outras partes da Anatólia. As cores dos Ladik são vivas e balanceadas. Os tapetes Ladik com cerca de 250 000 nós por metro quadrado são comparáveis em qualidade com os famosos tapetes Kula.

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Turquia

Konya kilim Este kilim foi tecido em Konya. O chefe de produção, Mehmet Ucar foi chamado o mestre do kilim Konya de cores naturais. Posto de forma simples, estes Kilims representam o melhor que se produz neste tipo de tapetes. Cores orgânicas naturais, lã bobinada à mão e desenhos tradicionais da Anatólia.

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Turquia

Taspinar Taspinar é uma pequena povoação na zona de tecelagem de tapetes do Nidge. Nidge é uma das principais estradas de acesso à montanhas de Tauros. Taspinar produz excelentes tapetes de pelo alto, anodados com lã de alta qualidade. Tem um campo com predominância de azul e vermelho realçados por delicados motivos de cores suaves. A lã é tingida com corantes naturais por métodos caucasianos. Os tapetes Taspinar estão entre os mais belos tapetes produzidos na Anatólia. Se bem tratados, os tapetes Taspinar antigos parecem sedosos. Conforme a lanolina chega à superfície, dá ao pelo um brilho aveludado. Os tapetes Taspinar modernos têm a mesma cor dos antigos, mas são mais ricos no seu desenho. Os motivos principais são caucasianos e nómadas. A densidade é de cerca de 140 000 nós por metro quadrado.

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Turquia

Kars Kars está localizada perto da fronteira Russa com a Turquia e produz tapetes em estilo caucasiano. A suave cor verde com um vermelho-acastanhado e tonalidades bege imprimem a estes tapetes um calor visual intenso. A lã proveniente de rebanhos da montanha, fiada à mão caracteriza estes tapetes que são cobiçados pelos conhecedores. A fundação é de lã não tingida. Desenho é geométrico caucasiano e inclui frequentemente o motivo da árvore da vida estilizada. Com os seus 200 000 mil nós por metro quadrado os tapetes Kars são considerados como uma fina obra de arte.

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Turquia

Karapinar Karapinar está localizada no meio de uma região árida a cem km de Konya. O nome Karapinar significa “A água negra da nascente”. Por estar distante das rotas comerciais ficou relativamente isolada das influências comerciais trazidas pelos ocidentais sedentos desta arte oriental, a partir do séc. XV. Desde Karaman no oeste às montanhas de Karacadag no leste, foram produzidos tapetes muito especiais, oriundos do período quando as tribos Karamanoglari Turcas tiveram controlo desta área entre 1250 e 1446 quando foram atacados pelos Otomanos. O Sultão Selim confirmou o seu poder ao construir a Mesquita-Sultão. Esta mesquita poder ser vista hoje no centro da parte velha de Karapinar. Os tapetes hoje designados como Karapinar foram provavelmente vendidos nesta cidade mas tecidos numa área entre Karaman e Karacadag.

Uma passadeira Karapinar, Anatolia Central, Séc XVIII

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Turquia

Tapete de Oração Turco

Turco (Cairo, Bursa ou Istanbul) Tapete de oração Finais do Sec XVI Fundação de seda, pelo de lã, 288 Nós por polegada quadrada (1.65 x 1.27 m) Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque

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Zennur Bor

Zennur Bor no El Corte Inglés de Lisboa Zennur Bor é uma artista, professora de arte da Universidade de Istambul e a única pessoa que o autor conhece capaz de não só desenhar mas tecer um tapete desde montar o tear até ao corte final. O trabalho completo de anodar um tapete envolve várias pessoas, por exemplo: o tear de madeira é montado por um equivalente ao nosso carpinteiro; outra pessoa (normalmente o mestre) prepara a urdidura; a tapeceira ata os nós e coloca a trama e no final o mestre apara o pelo antes de cortar o tapete. Zennur, a convite do autor esteve 3 vezes no El Corte Inglés de Lisboa, vinda da Turquia e trouxe com ela todo o material necessário para tecer um tapete, incluindo o tear, que montou nesta casa, colocou a urdidura e nestas 3 visitas teceu mais de um metro de tapete. Este trabalho foi documentado em vídeo e é incrível a destreza desta artista de arte que encantou a todos que pararam para apreciar o seu trabalho. Algumas das pessoas que nessa altura trabalhavam neste estabelecimento tiveram a oportunidade de aprender com ela como se atavam os dois nós principais, o Turco ou Ghiordes e o Persa ou Senneh. Para a memória futura, ficam imagens, e os nomes daqueles que aproveitaram para aprender a dar os primeiros nós num tapete Turco. À Zennur Bor o nosso agradecimento pela sua excepcional capacidade em demonstrar ao mundo esta magnífica arte. As imagens foram extraídas do vídeo que está legendado em Inglês

Showing how to weave António Alberto

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Joaquim Domingos

Paulo Piteira

Tiago Gouveia

Vitor Carvalho


Índice

Pág.

Filosofando Introdução Parte 1 - Informação Geral Tear e ferramentas orientais Tapetes Célebres História do Tapete Oriental Ferramentas Teares Nós Formatos Designação de tamanho/ Tingimento Motivos Materiais e técnicas Definição de antiguidade e reparação Manutenção Principais centros produtores Parte 2 - Tapetes por País Afeganistão Cáucaso China Índia Irão Paquistão Turquia Zennur Bor

1 2 3 4 5 7 12 14 16 17 20 22 26 28 29 30 37 39 45 53 61 69 89 95 110

Nascido no Porto, Portugal e registado em Rio Tinto, Alberto Almeida teve o primeiro contacto pelos tapetes orientais, quando trocou a direcção de um hotel em Manaus, Brasil nos finais dos anos 70, pela gestão de uma galeria de arte. Rodeado por preciosos tapetes, logo se tornou uma obsessão a procura das raízes desta arte magnífica. Após 30 anos de pesquisa, acredita que ainda está no princípio. Acha contudo que esta é uma boa altura para escrever um livro, que não sendo académico, tem contudo o mérito de ajudar os iniciantes a compreender e apreciar a técnica e história desta arte sem paralelo.

Os meus agradecimentos à Tina, Érika e Monica por me aturarem. Alberto Almeida Tapete Isfahan Seda Séc. XVII Aproximadamente (231 cm. x 170 cm.) Vendido pela leiloeira Christies por: $ 4 450 000 Dolares


TAPETES ORIENTAIS ALBERTO ALMEIDA

Tapete Xรก Abbas


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