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Cabras e ovelhas a ajudar a prevenir incêndios rurais no concelho de Boticas
from Gazeta Rural nº 398
by Gazeta Rural
Um projeto da Cooperativa Agrícola de Boticas
No concelho de Boticas há cerca de 1.500 cabras e ovelhas que estão a ajudar a prevenir incêndios rurais no âmbito de uma candidatura submetida pela cooperativa agrícola local ao programa “Cabras Sapadoras” lançado pelo Governo.
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O projeto da Cooperativa Agrícola de Boticas (CAPOLIB) foi visitado pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, no âmbito do ciclo de conferências “Viver na Ruralidade”.
Em Boticas a iniciativa resulta de uma candidatura apresentada ao programa “Cabras Sapadoras” que contou com a adesão de 10 pastores, tem 1.500 ovinos e caprinos e uma área de cerca de 100 hectares. “As cabras foram durante muitos anos a forma de gerir combustíveis. É uma forma muito mais prática de controlar os matos”, afirmou o secretário de Estado. No terreno os animais pastam em zonas de risco de incêndios, fazendo a gestão de combustíveis e a limpeza de matos. Segundo João Paulo Catarino, no país estão a ser apoiados pelo programa cerca de 12.000 animais dispersos por 53 projetos.
O presidente da cooperativa, Albano Álvares, disse que, em Boticas, o projeto está “alicerçado nas novas tecnologias”, explicando que os rebanhos possuem um ‘kit’ de georreferenciação para seguir em permanência os trajetos dos animais e no terreno as cercas são alimentadas por energia solar.
Acrescentou que o financiamento de cerca de 50 mil euros vai ser distribuído pelos pastores ao longo dos cinco anos de duração do projeto, estando no segundo ano de implementação. “Os rebanhos estão a contribuir, aliás eles contribuíram toda a vida, mas depois com o abandono do mundo rural obviamente que cada vez vai havendo menos pastores. Mas se nós fizermos uma localização precisa dos locais onde há probabilidades de incêndio e se pusermos os animais a pastorear nesses territórios, obviamente que eles mitigam e muito os incêndios nesses locais”, salientou o dirigente. Albano Álvares adiantou ainda que gostaria de ver o projeto ampliado para outros territórios do concelho. O secretário de Estado disse que esta ida ao terreno vai permitir também “avaliar o programa”, referindo que estava previsto o lançamento de novas candidaturas em janeiro. Mas este é apenas um dos projetos e iniciativas da CAPOLIB que vão ser visitados na sexta-feira pelo membro do Governo.
Para João Paulo Catarino, a CAPOLIB é “um ótimo exemplo de como se pode e deve aproveitar um conjunto de instrumentos financeiros que têm estado a ser disponibilizados direta ou indiretamente pelo Ministério do Ambiente”, como o Fundo Florestal Permanente, o Fundo Ambiental, o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).
“Esta cooperativa tem praticamente à volta de cinco milhões de euros de investimento em curso. Estamos a falar de taxas de comparticipação entre os 85% e os 100% para projetos como as ‘Cabras Sapadoras’, faixas de gestão de combustível, arborizações e rearborizações e condomínios de aldeia, que é no fundo a transformação da ocupação do solo à volta dos aglomerados populacionais para ocupações agrícola para ajudar a defender as edificações dos incêndios florestais”, referiu. São, na sua opinião, “apoios muito significativos” e que “transformam o Alto Tâmega”.
João Paulo Catarino observou o trabalho que está a ser feito no âmbito do agrupamento de baldios, a nível da plantação, limpeza, ordenamento e de gestão florestal. “Estamos a ultimar um aviso que sairá nos próximos dias para 25 milhões de euros para intervenções apoiadas a 100% em áreas comunitárias e perímetros florestais”, aproveitou para anunciar o governante.
Esta verba, financiada pelo REACT-EU, o mecanismo de emergência de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa, criado para responder à crise provocada pela pandemia, destina-se a reflorestação de áreas ardidas, arborizações de áreas baldias e instalações de pastagens melhoradas onde existirem rebanhos comunitários ou privados.