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Município de Sever do Vouga aposta em qualificar e valorizar o turismo
from Gazeta Rural nº 383
by Gazeta Rural
Um investimento superior a 350 mil euros Município de Sever do Vouga aposta em qualificar e valorizar o turismo
A Câmara de Sever do Vouga está apostada em criar atrativos para chamar turistas em concelho.
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Para atingir tal desiderato, o município aposta no projeto Nature dades do seu executivo ao longo dos anos e faz menção Storytelling, que se destina a qualificar e valorizar o turismo, inter- ao “Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico” que pretando a natureza e a cultura de Sever do Vouga, na tipologia de “va- está na sua fase de conclusão. lorização do património natural”, através da oferta de atividades turísticas que concorram para a fruição sustentável desse património e para Plano estratégico de desenvolvimento turístico será o posicionamento de Portugal como destino competitivo para a prática apresentado em breve dessas atividades.
Este projeto consta da requalificação do antigo troço da ex-linha de O Município de Sever do Vouga vai dar a conhecer em vagonetes do complexo das ruínas das Minas do Braçal para percurso breve o “Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico” pedonal/ciclável, como troço complementar de ligação à Ecopista do do concelho. iniciado em Janeiro deste ano, em colaboraVouga, assim como a valorização e interpretação turística do patrimó- ção com o iPDt – turismo e consultoria, o plano tem como nio industrial e natural da Ecopista do Vouga. tem como pressuposto objetivo delinear uma estratégia estruturada para este seca dinamização turística, no sentido de aumentar a atratividade con- tor de atividade, alinhada com a oferta de todo o território e celhia e supramunicipal, potenciando a prática desportiva ao ar livre, alicerçada nos seus elementos diferenciadores. em complementaridade com o contacto estreito com o património no passado mês de Fevereiro foi realizada a primeira sessão industrial, histórico e cultural. Este projeto tem uma comparticipa- online de apresentação do diagnóstico preliminar do território ção do turismo de Portugal de 70%, no valor de 336.632,85 euros, face ao setor do turismo. Nesta sessão, bastante participativa, num investimento total de 351.392,85 euros. foi possível recolher propostas de alguns intervenientes locais,
Para o presidente da câmara de Sever do Vouga, “este é mais um por forma a contribuir para a construção deste plano que se dos projetos em execução no concelho, entre muitos, que preten- deseja transversal na perspetiva do desenvolvimento territorial. de atingir, acima de tudo, a valorização do nosso território, pro- Paralelamente, foram realizadas entrevistas a entidades locais e curando dinamizar o que de melhor o concelho tem, investindo regionais ligadas ao setor, bem como inquéritos online aos agenem estruturas e circuitos que potenciem o concelho e o tornem tes e operadores turísticos locais para recolher contributos sobre atrativo para quem nos visita e sobretudo para quem aqui reside”. a situação atual e futura do turismo no concelho. António Coutinho lembra que o turismo tem sido uma das priori- O plano de desenvolvimento terá que prever os investimentos
necessários a fazer no concelho nos próximos anos para alavancar as atividades turísticas, com vista a aumentar a circulação de visitantes no concelho, construindo uma nova oferta para públicos diferenciados, aproveitando a beleza natural do concelho ou investindo em novas atrações que posicionem o concelho como destino principal das rotas turísticas, oferecendo também ao nível da restauração e do alojamento um serviço de qualidade, enaltecendo a excelente gastronomia e a arte de bem receber do povo severense. O presidente da câmara de Sever do Vouga refere que este plano estratégico “já é complementar a outros que o município tem sabido dar prioridade nos últimos anos, bem como a programas em curso neste momento e que representam investimentos de largas centenas de milhares de euros no concelho, tais como “A Rota do Megalitismo” ou mesmo o programa “Nature Storytelling At Sever do Vouga”, que vem dar um grande impulso a um tipo de turismo que o concelho não tinha muito e em que é urgente apostar-se, por forma a atrair a Sever do Vouga mais rotas turísticas e um novo tipo de turista. Para António Coutinho, este plano pretende, acima de tudo, “fazer uma radiografia do nível turístico atual do concelho e projetar o futuro de uma forma sustentada e em que se possa assegurar que Sever do Vouga possa crescer nesta área tão sensível e importante para a economia local”.
A primeira de 2021, nos dias 8 e 9 de maio, na cidade do Porto Mercado Ferreira Borges recebe uma Feira de Vinhos Portugueses
A cidade do Porto vai receber uma Feira de Vinhos Portugueses, produzida pela INSPIRE, dedicada aos apreciadores e a quem gosta de comprar vinho. O Wine Market será realizado no Mercado Ferreira Borges, um ex-libris da cidade, em pleno centro histórico do Porto. Dentro do espaço Hard Club, este evento vínico privilegia o contacto entre visitantes e produtores, junta apreciadores de vinhos e partilha novidades.
num espaço amplo e ambiente descontraído, das 14,30 às 21 horas Reynolds, Herdade do Peso, Quinta do Encontro, Quinta no sábado e das 15 às 21 horas no domingo, 40 produtores, de da Biaia, Ribafreixo e Adega Mayor. variadas regiões do país, irão mostrar mais de 350 referências. Desde os Os visitantes têm a possibilidade de falar com os profantásticos vinhos do Douro e do Porto, continuando para os Vinhos Ver- dutores, conhecer novos vinhos, e adquirir vinhos a predes, com reinterpretações do Alvarinho e Loureiro, abordagens distintas ços especiais. Estarão presentes pequenos produtores, dos vinhos da Bairrada, ótimos e premiados vinhos do Tejo e de Óbidos, produtores independentes, novos vinhos, de facto Vinhos passando pela excelência da Beira Interior até ao fantástico Alentejo. a Descobrir! haverá muitas surpresas e lançamentos de novos vinhos! Para uma melhor experiência de harmonização com o via Quinta da Lameira irá lançar a sua marca no Wine Market, com nho, haverá ótimos produtos regionais e gourmet da Rissovinhos, espumantes e azeite, a que se junta a Quinta de Serzeda, que laria Tradicional, Queijo Bornes de Trás os Montes e gelados também irá lançar os seus vinhos, com combinações de castas irreve- artesanais da Wine on ice. tudo num só local, animado por rentes no Douro. A By Élio Lara vai também lançar os seus vinhos, com DJ, para um ambiente cool e descontraído. as suas três reinterpretações do alvarinho. No domingo o Get Together Profissional abre mais cedo as
Juntam-se a casa de cello; Quinta do Roncão; Sapateiro Wines; portas aos profissionais do sector, para uma partilha e descoThe Portuguese Winery; Pedro Milanos; Reguengos de Melgaço; berta dos muitos vinhos a conhecer. companhia agrícola Sanguinhal e as suas três Quintas; Vinhos d’avó; Será assegurado o cumprimento das regras de segurança e ceira Wines; Vinisicó com seis produtores de terras de Sicó: casa saúde exigidas pela DGS, assegurando que o Mercado de Vid´alfafar, Encosta da criveira, aperto, Fundação aDFP, tapada de nhos cumpre os requisitos exigidos. torres de desinfeção à enSabogos, Vale da Brenha; Vinhos Quinta do Paúl; Douro Prime; trada e saída, desinfeção das mãos à entrada, medição de temQuinta de Folgorosa; Vale de cortém; Quinta Vale do armo; Mon- peratura corporal antes de entrar, uso de máscara obrigatório tel Wine e os seus vinhos biológicos; Quinta da Vinha; e Vinhas exceto durante o consumo de vinho e produtos regionais, entre Velhas Garrafeira, que levará 15 excelentes produtores: Quinta outras. O pé direito bastante elevado do edifício permite uma Vale D. Maria, Maçanita, Fitapreta, tiago cabaço, casa Ferreiri- circulação de ar excelente, assegurando assim um maior conforto nha, Quinta Vale D’aldeia, churchills, conceito, Quinta do Paral, para todos.
Vai decorrer de 28 de maio a 25 de julho Concurso Beira Interior Gourmet alargado a restaurantes de todo o país
O segundo Concurso Beira Interior Gourmet vai decorrer de 28 de Maio a 25 de Julho e abrangerá, pela primeira vez, restaurantes de todo o território nacional, anunciou a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI). O concurso, que é organizado pelo segundo ano consecutivo, tem como objetivo dar a conhecer as criações gastronómicas dos restaurantes harmonizadas com vinhos da Beira Interior.
Oprimeiro Beira Interior Gourmet - Concurso de Gastronomia e Vinhos O concurso abrange as categorias de restauranda Beira Interior decorreu entre 10 de Julho e 10 de Agosto de 2020 te ‘Cozinha Tradicional/Regional’, ‘Cozinha Criativa/ em mais de três dezenas de restaurantes da região e, este ano, a organiza- Evolutiva’ e ‘Cozinha Europeia e do Mundo’. O menu ção decidiu alargá-lo “a todo o país”. “Vamos ter na mesma o concurso na a concurso, composto por entrada, prato principal e região, mas vamos alargá-lo a todo o país, porque também pretendemos sobremesa, deverá ser acompanhado por vinhos da colocar os vinhos da Beira Interior nos grandes centros urbanos”, disse o Beira Interior certificados inseridos na carta de vinhos presidente da CVRBI. de cada restaurante.
Segundo Rodolfo Queirós, o objetivo será “manter e reforçar a [parti- O Beira Interior Gourmet atribui, dentro da região, os cipação] da restauração de âmbito regional” e alargar o concurso “aos prémios (diplomas) ‘Espaço’, ‘Melhor carta de Vinhos’, grandes centros, onde há mais pessoas e um maior consumo”. Aquele ‘Melhor Cozinha Criativa/Evolutiva’, ‘Melhor Cozinha responsável disse que o concurso, para além de valorizar e dar a co- Europeia e do Mundo’, ‘Melhor cozinha tradicional/Renhecer a qualidade e a criatividade dos restaurantes e dos vinhos da gional’, ‘Melhor Entrada’, ‘Melhor harmonização Vinho e Beira Interior, também pretende “dar um bocadinho de foco” aos res- Comida’, ‘Melhor Integração de Produtos da Beira Interior’, taurantes que têm sido afetados no seu funcionamento pela pandemia ‘Melhor Prato Principal’, ‘Melhor Promoção’, ‘Melhor Servide covid-19. O presidente do júri, Fernando Melo, crítico de vinhos e ço de Vinhos’, ‘Melhor Sobremesa’, ‘O Melhor Restaurante’ e de gastronomia, que participou na conferência de imprensa por vi- ‘Revelação’. Aos restaurantes de fora da área da CVRBI serão deoconferência, lembrou que o primeiro concurso teve um resultado atribuídos os diplomas de ‘Melhor Restaurante’, ‘Melhor En“absolutamente extraordinário”. trada’, ‘Melhor Prato Principal’ e ‘Melhor Sobremesa’.
Este ano, com o alargamento a restaurantes de todo o país, as ex- O período das inscrições decorre até 16 de Maio e cada respectativas aumentam, por considerar que os vinhos produzidos na taurante definirá um menu a preço controlado, que irá estar Beira Interior podem associar-se a um grande número de pratos. disponível ao público durante o concurso. “Nós temos naturais da Beira Interior espalhados pelo país intei- A CVRBI abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Piro. ao abrirmos o leque para o país inteiro, vamos ter inscrições nhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Bransurpreendentes e vamos ter uma adesão muito grande. Eu conto co, que correspondem a uma área de 20 municípios. com isso”, admitiu.
Os quatro ‘Reserva’ estarão no mercado no início de Maio Quinta dos Monteirinhos lança novos vinhos para um desconfinamento seguro
A Quinta dos Monteirinhos vai lançar, no início de Maio, quatro novos vinhos com a designação ‘Reserva’, “para um desconfinamen-
to seguro”. Os dois tintos (‘Manel Chaves’ e ‘Menino Afonso’) são da O outro tinto é um vinho de lote da vindima de 2018, vindima de 2018 e os dois brancos (‘Avô António’ e ‘Avó Fernanda’ da com as castas touriga nacional (60%), tinta Roriz (20%) e vindima de 2019. Miguel Ginestal, à Gazeta Rural, diz que são vinhos Jaen (20%), com a referência ‘Menino afonso’, que pela prique “vão ajudar a posicionar um degrau acima a oferta da Quinta dos meira vez ostenta a designação ‘Reserva’. O primeiro ‘MonMonteirinhos”. teirinhos’ da sétima geração é um tinto macio e complexo, com aromas de frutos vermelhos e estagiou 15 meses em
O‘Manel chaves’ é um vinho 100% touriga nacional, da vindima barrica de carvalho francês. Deve acompanhar pratos de carde 2018, feito com uvas provenientes exclusivamente da parcela ne ou peixe no forno e ser consumido a uma temperatura de da vinha do topo da Quinta da Barroca, junto à adega, em Moimenta 16 a 18ºc. de Maceira Dão, no concelho de Mangualde. Este vinho tem a particu- a Quinta dos Monteirinhos vai lançar também dois vinhos laridade de ser uma homenagem que hugo chaves Sousa, enólogo da brancos da vindima de 2019 e são duas referências habituais. O quinta, faz ao seu pai, que faleceu muito novo e que era grande amigo ‘avô antónio’ é um 100% Encruzado, que estagiou nove meses de Miguel José Monteiro albuquerque, pai dos atuais proprietários em barrica de carvalho francês. tem aromas cítricos e minerais, da quinta. é equilibrado na acidez, volume e estrutura. O ‘avó Fernanda’ é
Este touriga nacional tem aromas de fruta preta, eucalipto, cacau um blend tradicional, feito com as castas Encruzado (45%), Male tabaco. Com uma textura sedosa, fina e elegante, estagiou 15 me- vasia Fina (35%), Cerceal-Branco (10%) e Bical (10%). É um vinho ses em barrica de carvalho francês e é excelente para acompanhar com toques de baunilha e fruta acabada de colher. pratos de carne e peixe no forno. Deve ser consumido a uma tem- Estes dois brancos são excelentes para acompanhar peixes, maperatura de 16 a 18ºC. O ‘Manel Chaves’ “é um vinho elegantíssi- riscos, queijos e saladas. Devem ser consumidos a uma temperatumo, que acreditamos vai marcar a qualidade dos vinhos do Dão da ra de 4 a 10°c. colheita 2018”, diz Miguel Ginestal.
O último ano, devido à pandemia, foi complicado para a economia em geral, mas particularmente difícil para os produtores de vinhos, que viram o mercado cair, com o canal Horeca praticamente fechado. À Gazeta Rural, Miguel Ginestal diz que, face ao cenário criado, “tivemos de encontrar soluções para manter a ligação aos nossos clientes”.
Gazeta Rural (GR): Como têm sido os últimos tempos para a Quinta dos Monteirinhos?
Miguel Ginestal (MG): Têm sido tempos muito difíceis, exigentes, e um desafio diário para estabelecer parcerias com todos os operadores do canal horeca, que têm sofrido bastante desde Março do ano passado e cujas atividades têm estado muito condicionadas ou, na maioria dos casos, encerradas. Por opção não vendemos em supermercados. É nas horas difíceis que se vê a solidez das parcerias.
Procurámos estar junto aos nossos clientes. Se foram para casa, nós fomos bater-lhes à porta.
GR: Este é um tempo novo que apela à criatividade?
MG: claro. Os clientes não desapareceram, simplesmente deixaram de estar nos restaurantes e de consumir vinhos nos locais habituais. naturalmente, que sendo Portugal um país turístico, deixou de ter milhões de visitantes que consumiam muitos dos nossos produtos, designadamente o vinho. naturalmente, que o facto de as fronteiras estarem fechadas, ou muito condicionadas, no último ano, isso afectou as exportações. O que não invalida que não tivéssemos encontrado forma de chegar aos nossos clientes habituais, o que conseguimos fazer, de braço dado com os restaurantes e os nossos distribuidores.
Foi um ano de aprendizagem e estamos preparados para novos desafios.
Estamos convencidos que o Dão vai conseguir dar a resposta necessária para a retoma económica no pós-covid.
Família Monteiro Albuquerque produz vinhos no Dão há sete gerações
A Quinta dos Monteirinhos está na mão da família Monteiro Albuquerque há mais de 100 anos e vai na sétima geração. Os membros mais novos da família eram chamados, de forma carinhosa, de “Monteirinhos” pelos conterrâneos da aldeia.
Na origem da Quinta dos Monteirinhos está António Monteiro Albuquerque, um homem que esteve na fundação, em Mangualde, da Adega Cooperativa, Grémio da Lavoura, Cooperativa da Maçã e Lagar de Azeite. Miguel José Monteiro Albuquerque, pai dos atuais proprietários, foi um homem que durante cerca de 30 anos se dedicou a ‘fazer’ vinhos em várias adegas da região do Dão.
Em 2006, a quinta geração da família tomou a decisão de alterar o modelo de negócio agrícola tradicional. A Quinta dos Monteirinhos decidiu criar uma marca própria, reestruturou as vinhas da família e construiu uma nova Adega para produzir vinhos de referência no Dão, com a assinatura de Hugo Chaves de Sousa, um dos enólogos em destaque na região.
Primeira fase do Concurso decorrerá de 17 a 19 de maio, em Santarém Concurso Vinhos de Portugal conta com um leque de especialistas de renome
Os melhores vinhos portugueses vão ser colocados à prova junto de reputados especialistas nacionais e internacionais. A edição de 2021 do Concurso Vinhos de Portugal volta a contar com um leque de especialistas de renome no Grande Júri da iniciativa, com destaque para a estreia de Adrian Gardoph, director executivo do Institute of Masters of Wine (IMW), e Eric Boschman, sommelier da Bélgica.
natural do Reino Unido, adrian Gardoph é um profundo conhecedor do cialistas do Canadá (Élyse Lambert MS, sommelier sector a nível global. Para além da direcção do iMW, Gardoph conta consultora, vencedora do título de Best Sommelier no seu currículo com a criação de uma agência global de negócios especia- of Americas 2009, Best Sommelier of Canada 2015, e lizada em vinhos da África do Sul, uma empresa de consultoria do sector com a quinta posição do Best Sommelier of the World, (BlackrockWines), a primeira escola da Wine&SpiritEducation Trust locali- Argentina 2016); dos Estados Unidos da América (Pezada na Rússia e a única empresa importadora de vinhos de excelência na ter Granoff MS, co-proprietário de várias empresas de Jamaica. restauração na área dos vinhos em São Francisco e cali-
Eric Boschman é outro dos jurados estreantes no Concurso. Sommelier fórnia), e do México (claudia treviño, com 12 anos de exbelga, é fundador de La Food and Wine Academy, autor de livros sobre periência enquanto sommelier e consultora na indústria vinho e presença regular em meios de comunicação social onde partilha vinícola e Embaixadora de Vinhos de Portugal em 2017). o seu conhecimento sobre a área dos vinhos. a primeira fase do concurso decorrerá de 17 a 19 de
À semelhança das edições anteriores do concurso Vinhos de Portugal, Maio, no cnEMa, em Santarém, na qual os vinhos inso Grande Júri volta a contar com a participação de Dirceu Vianna Junior, critos serão avaliados pelo Júri Regular. O Grande Júri irá o primeiro Master of Wine brasileiro e o único de língua portuguesa, reunir-se nos dias 20 e 21 de Maio para a selecção dos Bento Amaral, Diretor de Serviços Técnicos e de Certificação do Institu- Grandes Ouros e os Melhores no ano. Os vencedores serão to dos Vinhos do Douro e do Porto, e Miguel Pessanha, Chief Operating divulgados na cerimónia de Entrega de Prémios, no dia 21 Officer da Sogrape Vinhos. O Grande Júri é presidido por Luís Lopes, de Maio, em Setúbal. fundador e diretor da revista Vinhos Grandes Escolhas.
São também conhecidos os nomes de mais especialistas internacionais que vão integrar o painel de avaliação do Júri Regular, responsável por avaliar os vinhos na primeira fase do concurso, que O Concurso Vinhos de Portugal é uma iniciativa da Videcorrerá no CNEMA, em Santarém. Destaque para profissionais da niPortugal que pretende ser um ponto de encontro e de Estónia (Rain Veskimae, sommelier e gestor do restaurante Mantel troca de experiências entre produtores e especialistas &Korsten, onde o foco é a gastronomia mediterrânea e vinhos, e de todo o mundo, reafirmando a aposta na produção naVernerLepp, distinguido o prémio de Segundo Melhor Sommelier cional de vinho de qualidade com o intuito de se afirmado seu país) e Reino Unido (Emily Rowe, premiada com o Wines of rem enquanto produtos de excelência nos mercados de Portugal Prize pela sua prestação no curso da Wine & Spirit Edu- exportação. cation Trust).
O continente americano está fortemente representado no Júri Regular do concurso Vinhos de Portugal 2021, através de espe-
Um trabalho da equipa de Jorge Canhoto, professor da Universidade de Coimbra Micropropagação “é uma ferramenta biotecnológica que permite obter plantas geneticamente iguais”
Com a micropropagação de plantas é possível fazer clonagem e obter variedades uniformes, de qualidade fitossanitária superior e que podem ser utilizadas em larga escala. É com esta ferramenta que a equipa do professor da Universidade de Coimbra, Jorge Canhoto, desenvolve estudos com o tamarilho e outras espécies arbóreas, com resultados “muito interessantes” do ponto de vista da produção. Para este investigador, que lidera o Laboratório de Biotecnologia Vegetal do Centro de Ecologia Funcional da UC, – o primeiro a clonar o medronheiro -, esta ferramenta pode ajudar a aumentar a produtividade do setor hortofrutícola nacional.
Texto: Margarida Paredes (CiB) Fotografia e vídeo: Joaquim Miranda
Gazeta Rural (GR): Que trabalho desenvolve aqui no Laboratório de Biotecnologia?
Jorge Canhoto (JC): Basicamente, fazemos investigação em biotecnologia vegetal, desde cultura in vitro de plantas a análises de biologia molecular e de proteómica, para tentar perceber os mecanismos que sustentam a propagação das plantas in vitro.
Fazemos também transformação genética, não para aplicação prática (porque na UE a produção de plantas geneticamente transformadas não é viável do ponto de vista económico), mas fundamentalmente para descobrir como é que as plantas funcionam. Estudamos muito embriogénese somática, um método de clonagem de plantas que permite obter plantas geneticamente iguais umas às outras. é um método muito interessante dado que permite uma produção mais uniforme. Em colaboração com a Faculdade de Farmácia, estamos também a caracterizar alguns compostos químicos das plantas com eventual interesse para as indústrias farmacêutica e da cosmética. Também desenvolvemos muito trabalho na área da conservação, no sentido de preservar plantas que estão em perigo ou ameaçadas de extinção. óleos essenciais, estamos agora a tentar descobrir como é que a modificação do número de cromossomas das plantas se reflete nas estruturas que produzem os próprios óleos. com o tamarilho fazemos essencialmente clonagem para perceber como é que as plantas funcionam in vitro, procurando identificar proteínas ou genes que sejam reguladores dos processos de clonagem.
O trabalho com o medronheiro é desenvolvido em colaboração com o FitoLab - Laboratório de fitossanidade do Instituto Pedro Nunes, em coimbra, e consiste na análise de microbiomas associados às plantas, porque queremos entender qual é o papel de alguns compostos químicos do medronheiro nas defesas da planta contra fungos e bactérias.
GR: Com que plantas trabalha?
JC: com o medronheiro, o tamarilho (um fruto originário da américa do Sul, mas cada vez mais popular nos nossos mercados), feijoa, kiwi, lavandulas...
GR: Por que escolheu a micropropagação como foco principal de investigação?
JC: Não foi planeado. Durante o curso de Biologia [na Universidade de coimbra], que na altura era da responsabilidade do Departamento de Botânica e do Departamento de Zoologia, gostei sempre mais de Botânica. Penso que o professor Gil Cruz, que foi um excelente professor de Fisiologia Vegetal, terá tido alguma influência na minha escolha.
Depois de concluir o curso, pedi para fazer o estágio com ele em micropropagação e cultura in vitro do quiwi (actualmente estamos a estudar este fruto num projeto sobre o pólen do quiwi). Um ano depois de terminar o estágio, em 1986, tornei-me assistente estagiário aqui na Universidade de coimbra, onde segui sempre a área da
Biotecnologia muito ligada à cultura in vitro como uma ferramenta para perceber o funcionamento das plantas. Penso que o meu interesse por esta área foi aumentando à medida que fui tendo contacto com outras pessoas e outras técnicas.
GR: Conseguiu chegar a descobertas interessantes?
JC: Penso que sim, mas a ciência nem sempre é aquela coisa que as pessoas pensam que é, que de repente faz-se uma descoberta e isso altera a ciência toda. algo assim acontece apenas algumas vezes. Estou a lembrar-me, por exemplo, da reação do PCR (a amplificação do DNA) e mais recentemente da edição genética.
GR: E no seu caso, que conquistas destaca?
JC: Digamos que fizemos pequenos avanços na ciência que nos deixam satisfeitos. No trabalho já desenvolvido com o tamarilho, obtivemos plantas poliplóides, que têm o dobro do número de cromossomas. Geram frutos diferentess e por essa razão podem ser mais interessantes.
Numa investigação conjunta com o ITQB NOVA em Oeiras e o centro de neurociências em coimbra, uma investigadora que trabalha comigo aqui no Laboratório de Biotecnologia [do Centro de Ecologia Funcional do Departamento de ciências da Vida da UC], a Sandra Correia, conseguiu identificar uma proteína que parece ter um papel importante na regulação do desenvolvimento embrionário. Relativamente ao medronheiro, fomos pioneiros na clonagem desta espécie, o que é também uma conquista muito interessante do ponto de vista científico.
tecidos?
JC: Sim, também se designa de cultura in vitro por causa dos recipientes em vidro que são usados. No entanto, “cultura in vitro” é uma designação mais ampla, que pode ter um significado diferente de micropropagação; por exemplo, quando se fazem culturas de células para produção de compostos químicos de interesse.
GR: A micropropagação consiste exatamente em quê? Como funciona?
JC: O termo micropropagação é utilizado por oposição a macropropagação. Penso que qualquer pessoa já deve ter tido uma experiência de macropropagação, a de enraizar um pequeno ramo de uma planta para obter uma nova planta ou a de colocar um ramo num porta-enxertos.
Mas a macropropagação apresenta algumas limitações importantes e depende muito da estação do ano e da compatibilidade das enxertias. Já a micropropagação, além de poder ser feita em qualquer altura do ano, tem a vantagem de produzir plantas com uma qualidade fitossanitária mais interessante do que as plantas obtidas por estacaria - isto deve-se essencialmente à manutenção das condições asséticas no ambiente em que as plantas se desenvolvem; no método por estacaria, por serem muito grandes, as plantas são mais suscetíveis a vírus, fungos ou bactérias.
Para além disso, a micropropagação permite uma propagação em larga escala, conseguindo-se aumentar a quantidade de plantas produzidas num espaço de tempo relativamente curto, o que para os produtores de plantas é um aspeto importante.
GR: Como esse tubo de ensaio que tem na mão, com uma planta dentro?
JC: trouxe-o comigo para lhe explicar como funciona a micropropagação. aqui dentro temos um rebento caulinar (sem raiz, apenas tem a parte aérea da planta). numa fase posterior, antes de passar a planta para o solo para enraizá-la, temos que lhe aplicar um tratamento com uma hormona.
Está a ver o sítio onde as folhas se inserem no caule? Se cortarmos cada uma destas secções e voltarmos a colocá-las num meio de cultura como este, ao fim de algum tempo obteremos um rebento igual a este. E podemos cortar outra vez e voltar a produzir. as plantas que vamos obter desta forma vão ser todas iguais.
GR: Vão ser geneticamente iguais?
JC: Exatamente. E se esta for uma planta muito interessante, todas elas vão ter essas mesmas características. Uma das grandes vantagens da micropropagação é essa. Já as plantas que se propagam por semente, pelo contrário, são todas diferentes, não têm uma uniformidade genética.
GR: O rebento dessa planta está mergulhado numa solução que parece gelatina. Contém o quê?
JC: é um meio de cultura que tem incorporado elementos minerais de que a planta precisa, como cálcio, potássio e outros, além de água e das tais hormonas com compostos químicos que vão permitir que a planta responda em função daquilo que pretendemos. Se queremos que a planta cresça mais aplicamos um tipo de hormonas, se queremos que ela forme raízes aplicamos outro tipo de hormonas. Além disso, o meio tem agar, o que permite formar este gel.
“além de poder ser feita em qualquer altura do ano, a micropropagação permite a clonagem e produz plantas com uma qualidade fitossanitária superior”
GR: “A clonagem de plantas in vitro através de embriogénese somática” foi tema de um estudo que coordenou durante vários anos e que permitiu identificar um dos imensos caminhos do processo de clonagem de plantas. Esta identificação é tão importante porquê?
ferase], as hormonas e os hidratos de carbono são interacções importantes para percebermos ainda melhor os processos de desenvolvimento in vitro.
JC: Esse estudo é o que referi há pouco, que foi realizado, em grande parte, pela investigadora Sandra Correia. Do ponto de vista prático, sabemos quais são as condições que levam as plantas a responderem de uma determinada maneira - por isso é que utilizamos as hormonas -, mas a nível celular e molecular quisemos perceber quais são os mecanismos que regulam esses processos de regeneração. aqui no laboratório estudamos muito a embriogénese somática nessa perspectiva, quer com o tamarilho, quer com o medronheiro, quer com outras plantas.
Esse estudo foi muito importante porque permitiu identificar uma proteína do grupo das RNA metiltransfrases, que pensamos ser um regulador negativo do desenvolvimento embrionário. O desenvolvimento embrionário é fundamental, porque a nossa alimentação é muito à base de sementes (uma semente não é mais do que um revestimento para o embrião que está no interior). Se compreendermos melhor os processos que levam à formação dos embriões somáticos, podemos transportar esse conhecimento para o desenvolvimento dos embriões zigóticos e, desse modo, aumentar a produtividade.
GR: E agora? Identificada essa proteína, o que falta descobrir?
JC: Uma proteína é um elemento de uma rede muito complexa de sinais. Identificada a proteína, o que estamos a tentar perceber é como ela interatua com outros componentes do sistema, nomeadamente as hormonas vegetais e os hidratos de carbono, vulgarmente designados de açúcares.
Como as plantas aqui dentro [aponta para no tubo de ensaio que tem na mão] não são muito eficientes a realizar a fotossíntese, temos de adicionar um açúcar ao meio de cultura para que elas tenham possam crescer de de maneira mais eficaz. As interações entre esse suposto iregulador [a proteína RNA metiltrans-
GR: A clonagem de plantas vai ter alguma expressão prática? A exploração comercial é uma possibilidade?
JC: Mais do que uma possibilidade, é já uma realidade. atualmente há muitas empresas por esse mundo fora que estão a fazer propagação de plantas, não pelos métodos tradicionais de enxertia, de estacaria ou de semente, mas por micropropagação/cultura in vitro. Faz-se no Brasil, Estados
Unidos, itália, Espanha e inclusive em Portugal, embora em muito menor escala.
Muitos dos protocolos que são desenvolvidos nos laboratórios de investigação são depois usados por algumas empresas em Braga e Coimbra. Como não temos patentes, qualquer pessoa pode ir à bibliografia e fazer propagação de plantas com base nesses métodos.
GR: Comparada com outras ferramentas disponíveis, qual é a grande vantagem da clonagem?
JC: a propagação de plantas pode ser feita basicamente de três maneiras. Uma é por semente (muitas pessoas recolhem as sementes e voltam a semear). é um método muito eficaz, porque a semente é essencialmente o órgão natural de propagação das plantas, mas tem um problema: quando produzimos sementes, elas são todas geneticamente diferentes umas das outras e, portanto, um produtor que compra as sementes vai ter no campo plantas um pouco diferentes nas suas características (imaginando que produzem frutos, os frutos não vão ser produzidos na mesma altura, o que impede que a colheita seja feita de uma vez só). Relativamente ao método por semente, a principal desvantagem é não haver uniformidade genética. Existem também as técnicas de que falamos há pouco: a macropropagação, a estacaria e a enxertia, muito utilizadas em árvores, mas apresentam alguns problemas. na estacaria as taxas de sucesso são, muitas vezes, reduzidas, porque é condicionada pelas condições ambientais (no inverno as plantas estão dormentes), a qualidade fitossanitária das plantas não é muito elevada por serem mais fáceis de contaminar e o enraizamento é difícil, como na oliveira ou no eucalipto. A enxertia é uma técnica muito morosa e requer pessoal especializado. como referi há pouco, a micropropagação permite taxas de multiplicação mais elevadas e uma qualidade fitossanitária superior. Para além disso, permite eliminar, como acontece no caso da videira.
GR: Que outros projetos de investigação tem em curso?
JC: Iniciámos há pouco tempo alguns grandes projetos financiados pela comissão de coordenação da Região centro. Um é o projeto ‘Cultivar’, que envolve várias instituições e tem como
foco os recursos endógenos da região centro, em em colaboração com a Neiker (um instituto de investigação do País Basco, em particular da zona do Fundão (Castelo Branco), Vitória), o medronheiro e o já referido tamarilho. como cerejeiras, marmeleiros, nogueiras e amen- Muitos destes estudos são realizados no âmbito de cooperações nacionais, doeiras. O nosso trabalho consiste em identificar como com o CNC (Centro de Neurociências de Coimbra), o CEBAL ou o ITQB e inalguns recursos para os viveiristas, que estão a ternacionais, como a rede de Biotecnologia de países ibero-americanos (BIOAcomprar muitos materiais do estrangeiro que não LI) ou a IUFRO (International Union of Research Organizations) ou acções Cost. são propriamente adaptados às nossas condições “Para fazer face às alterações climáticas, estamos a utilizar as ferramentas da climáticas e de solo. Portanto, o que pretendemos cultura in vitro de plantas para selecionar as mais tolerantes ao stress hídrico e é identificar materiais de cultura que sejam endóge- ao stress de temperatura” nos do nosso país e que possam ter valor comercial, propagá-los in vitro e fornecê-los aos produtores. GR: As alterações climáticas tornaram-se uma preocupação comum a
O outro grande projeto chama-se ‘F4F - Forest For muitos laboratórios de investigação. Desenvolve algum trabalho nesse senthe Future’, mais direcionado para espécies florestais tido? de interesse para a zona centro, quer do ponto de JC: Não é propriamente o nosso foco, mas temos algumas linhas de investivista da produção de frutos (medronheiro), quer do gação mais direcionadas para os efeitos das alterações climáticas, até porque ponto de vista da produção de madeira (carvalhos). vivemos num país que provavelmente vai ser muito afetado - espera-se para
Estamos também a desenvolver juntamente com o Portugal um aumento da temperatura média e uma diminuição da disponibiDepartamento de Engenharia civil da Universidade de lidade de água em algumas zonas. coimbra e o SerQ - centro de inovação e competências Para fazer face a este cenário, estamos a utilizar as ferramentas da cultura da Floresta, na Sertã, um projeto para a valorização in vitro de plantas para tentar selecionar as plantas mais tolerantes ao stress da biomassa vegetal designado ‘Value2Prevent’. neste hídrico e ao stress de temperatura. Vamos iniciar em breve um projeto com caso, o nosso envolvimento consiste na utilização de lavandulas para perceber até que ponto o aumento de temperatura e conalguns fungos do apodrecimento da madeira para ca- dições de stress hídrico influenciam a composição dos óleos essenciais. O racterizar compostos químicos de interesse resultantes mesmo faremos com o Quiwi e com o medronheiro. no caso do medronheida digestão da parede celular. ro, temos verificado que os compostos químicos que produz, em particular no caso do medronheiro, estamos a determinar o a arbutina (que a indústria farmacêutica usa muito para clareamento da papel de compostos químicos, como a arbutina, nos pele), parecem estar envolvidos nos mecanismos de tolerância ao stresse mecanismos de defesa da planta enquanto no tamari- hídrico. lho e na feijoa continuamos a estudar os processos de clonagem e a tentar obter genótipos pais interessantes GR: Não trabalha com edição do genoma? para os produtores. JC: ainda não. temos um projeto com o tamarilho e com arabidopsis a amendoeira e o marmeleiro, no âmbito do projecto onde eventualmente iremos utilizar a edição genética, para estudar asCultivar, são outras espécies com que estamos a traba- petos particulares da clonagem. Fazemos alguma modificação genética, lhar. Do ponto de vista mais de ciência aplicada conti- não para produzir plantas geneticamente transformadas, mas como uma nuamos os estudos de caracterização, a nível molecular, ferramenta, para perceber como é que as plantas se comportam quando dos processos de embriogénese somática em plantas ar- determinados genes são modificados ou silenciados. Esta é um aspecto bóreas, utilizando o pinheiro-do-Alepo (Pinus halepensis), importante da utilização das ferramentas moleculares, do qual normal-
mente não se fala muito, mas que tem sido essencial para obter plantas cada vez mais produtivas. agroquímicos, que permitem produções mais elevadas, e, por outro, continuar a não permitir ferramentas que poderiam compensar essa diminuição da produção. Estas técnicas - primeiro a transformação genética e agora a edição do
GR: A edição genética permitir-lhe-ia chegar a genoma - permitem de facto obter plantas mais tolerantes à falta de água e resultados com maior rapidez e eficiência do que a que crescem melhor em solos mais marginais. além disso, são ferramentas clonagem? essenciais para que possamos lidar com as doenças e pragas que diminuem a
JC: São técnicas diferentes, mas a transformação produção em cerca de um terço. genética e a edição genética têm muito a ver com a Se a Europa mantiver a política atual, daqui a pouco teremos uma agricultuclonagem. Para obtermos plantas geneticamente ra como no tempo dos nossos avós, muito artesanal e muito pouco produtiva. transformadas ou plantas genticamente editadas te- Noutros países, estas tecnologias estão a ser utilizadas de uma maneira muimos também de ter bons protocolos de regeneração de to eficaz. Estamos a ficar para trás na utilização destas tecnologias e isso tem plantas em condições laboratoriais, porque de contrário vários problemas: as companhias vão investir noutros locais, os melhores esnão funciona. A edição genética é uma ferramenta muito tudantes destas áreas vão para outros países por falta de condições, vamos importante. perder competitividade e capacidade produtiva... Se queremos manter uma
Enquanto na transformação genética aquilo que fa- Europa produtiva e mais ou menos autónoma do ponto de vista da seguranzemos é inserir ou inativar um ou mais genes, a edição ça alimentar, não podemos abdicar de todas as tecnologias que permitem genética permite-nos ser tão precisos que podemos ganhos de produtividade. Se alguma coisa positiva a actual crise pandémica modificar uma única base (letra), fazendo uma mutação mostrou foi que a ciência, muitas vezes desacreditada, pode ajudar a resolpontual (às vezes basta isso para alterar ou silenciar uma ver problemas societais complexos. Quando se abdica da ciência corremos característica da planta). É muito mais precisa, sabemos o risco de ficar nas mãos de terceiros e, no caso concreto da agricultura, exatamente que isto vai fazer aquilo num determinado lo- de vermos a nossa segurança alimentar, depender de países e de grandes cal do genoma. empresas fora do espaço europeu. Parece óbvio que isto não é bom.
O resultado final não é muito diferente do que se faz O Concurso Vinhos de Portugal é uma iniciativa da ViniPortugal que por mutagénese com radiações ou compostos químicos, e pretende ser um ponto de encontro e de troca de experiências entre que serve de base para a obtenção de novas variedades, produtores e especialistas de todo o mundo, reafirmando a aposta na principalmente nos cereais, mas é muto mais preciso, pois produção nacional de vinho de qualidade com o intuito de se afirmarem sabe-se exatamente onde ocorreu a alteração do Dna. Já no enquanto produtos de excelência nos mercados de exportação. caso das mutações químicas ou físicas, existe uma grande aleatoriedade. Veja a entrevista em vídeo em: https://youtu.be/wgCmHOzliWE
GR: Num cenário de alterações climáticas e de crescimento global da populacão, como é que a edição genética de plantas pode ajudar a minimizar os efeitos previstos na produção de alimentos?
JC: é mais uma ferramenta. na Europa, a agricultura é vista numa perspetiva mais ambiental, o que tem coisas boas e más. O lado bom é que pode levar a uma agricultura mais sustentável e mais limpa, o problema é que não sabemos muito bem se uma legislação já anunciada em que se reduz drasticamente a aplicação de agroquímicos não vai ter impactos negativos na produção. a União Europeia não pode, por um lado, querer eliminar osa
Jorge Canhoto é Professor no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, é responsável pelo Laboratório de Biotecnologia Vegetal do Centro de Ecologia Funcional. É licenciado em Biologia, doutorado em Biologia (Fisiologia) e com agregação em Botânica (Biotecnologia). Possui experiência na propagação in vitro e em técnicas de microscopia e biologia molecular. Tem artigos publicados sobre micropropagação e apresentações em inúmeros congressos nacionais e internacionais. Publicou o livro Biotecnologia Vegetal. Tem como áreas de investigação a biotecnologia vegetal, melhoramento de plantas, desenvolvimento de Plantas e recursos florestais.
Com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra Equipa da Universidade de Coimbra cria embalagens comestíveis a partir de resíduos da indústria agroalimentar
Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), desenvolveu um conjunto de embalagens comestíveis a partir de diferentes resíduos do setor agroalimentar e da pesca, uma alternativa sustentável ao plástico.
na prática, estas embalagens comestíveis são quer na forma de película quer na forma de spray (aplicado na fase líquida e filmes obtidos a partir de resíduos de diferen- seca no alimento), a equipa, que juntou vários grupos de investigação da UC tes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de e da ESAC, teve de superar várias fases. “O maior desafio é encontrar os mamarmelo, fruta fora das características padronizadas e teriais ideais para que as formulações tenham as características desejadas. cascas de crustáceos, que, além de revestirem os ali- Por isso, foi necessário estudar os filmes do ponto de vista físico, como por mentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do exemplo as propriedades mecânicas, de forma a servirem de embalagem/ supermercado, também podem ser ingeridos. revestimento; estudar as propriedades bioativas dos filmes, ou seja, se al-
As embalagens desenvolvidas pelas investigadoras guns compostos apresentam benefícios para a saúde quando ingeridos; Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra, avaliar as reações quando se juntam diferentes compostos; análise microdo Centro de Investigação em Engenharia dos Proces- biológica e sensorial dos filmes selecionados; e avaliar a compatibilidade sos Químicos e dos Produtos da Floresta (ciEPQPF), da do alimento com o sistema comestível produzido”, resumem as três inFaculdade de ciências e tecnologia da Universidade de vestigadoras da FCTUC. coimbra (FctUc), foram pensadas essencialmente para Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra consideram revestir frutas, legumes e queijos, incorporando na sua que a solução proposta pela sua equipa pode ser “muito vantajosa tanto matriz compostos bioativos/nutracêuticos, tais como an- para indústria como para o consumidor. é uma abordagem centrada na tioxidantes e probióticos, com potenciais efeitos benéficos economia circular. Não só aumenta a vida útil do produto na prateleira, para a saúde. como também evita o desperdício, reduz a produção de lixo plástico,
Podemos imaginar, por exemplo, cozinhar brócolos ou es- um grave problema ambiental, e gera um novo produto que confere pargos sem ser necessário retirar a embalagem, uma vez que um adicional nutritivo ao alimento”, concluem. a película que os envolve é composta por nutrientes naturais Iniciada em 2018, no âmbito do projeto ‘MultiBiorefinery’, financom benefícios para a saúde. ciado pelo COMPETE 2020, esta investigação foi recentemente dis-
“Produzimos composições diferenciadas de filmes, usan- tinguida com um prémio de 20 mil euros pelo programa ‘Projetos do os resíduos quase integralmente, que contêm compostos Semente de Investigação Interdisciplinar - Santander UC’, atribuído com propriedades diferentes. Por exemplo, a casca de batata a equipas multidisciplinares lideradas por jovens investigadores tem mais amido e a casca de marmelo mais pectina, ou seja, na Universidade de coimbra. Foi ainda premiada no concurso de temos dois materiais poliméricos estruturais que, combinados, ideias LL2FRESh, que visa procurar novas soluções de embalagem, vão gerar um filme simples, sem processamentos complexos”, métodos de tratamento de alimentos e aditivos de última geração. explicam Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra. No âmbito deste projeto foi publicado um artigo científico na
No entanto, antes de conseguir obter filmes/revestimentos revista ‘FoodPackagingandShelfLife’.
Investigador do CITAB da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro João Santos é um dos investigadores mais influentes do mundo em alterações climáticas
A Reuters, a maior agência internacional de notícias do mundo, com sede em Londres, elaborou um ranking com os mil cientistas climáticos “mais proeminentes do mundo”. Nesta lista constam seis portugueses e João Santos, investigador do CITAB da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ocupa a 4ª posição, entre estes.
Segundo a Reuters, esta “Hot List” reúne três rankings: dimensão (trabalhos/ensaios publicados sobre o tema), rácio de citação (as vezes em que são citados por outros cientistas) e atenção (alcance junto da opinião pública, através de menções na imprensa, redes sociais).
Nesta lista, o primeiro cientista português é da Universidade de évora e ocupa a 57ª posição, seguido de dois investigadores da Universidade de Lisboa, em 441 e 671 lugares e, em quarto, surge João andrade Santos, na 887ª posição. Os dois outros investigadores são das universidades de Coimbra e Aveiro nas 929 e 976 posições, respetivamente.
João Santos é Coordenador da Tarefa 1.1 do CITAB - Integrated monitoring of climate and environmental impacts e vê agora o seu nome incluído nesta lista, “reconhecimento do trabalho de mais de 25 anos dedicados ao estudo do impacto do clima nos ecossistemas agroflorestais”. A título de exemplo, o trabalho Performance of seasonal forecasts of Douro and Port wine production é um dos seus artigos com maior relevância, publicado em 2020, em coautoria com investigadores do Joint Research Centre (Comissão Europeia) e do Barcelona Supercomputing Centre.
Notas Biográficas:
João carlos andrade Santos é atualmente Professor associado com agregação no Departamento de Física da Escola de ciência e tecnologia da Universidade da UtaD. Graus académicos: agregação em Física em 2012; Doutoramento em Física/Meteorologia, na Universidade de Lisboa em 2005; Licenciatura em Ciências Geofísicas na Universidade de Lisboa em 1995.
Áreas de especialização: ciências atmosféricas, climatologia, alterações Climáticas e os seus impactos, nomeadamente nos recursos hídricos e agricultura. Centros R&D: Membro Integrado do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB).
Projetos: Membro de 30 projetos de investigação, 8 dos quais internacionais, incluindo a coordenação do projeto europeu h2020 – “clim4Vitis - Climate change impact mitigation for European viticulture: knowledge transfer for an integrated approach”. Publicações: autoria em >100 artigos com indexação SCOPUS, 9 livros/capítulos, > 250 publicações no âmbito de congressos científicos e orador convidado em >70 encontros científicos. Editor em 6 revistas científicas, revisor em >40 revistas indexadas. Atividades Pedagógicas: Docência de >60 unidades curriculares em diversos cursos superiores de 1º, 2º e 3º ciclos. Orientação de 6 teses de doutoramento, 17 dissertações de mestrado e 28 bolsas de investigação. Membro de >50 júris de provas académicas. Outras atividades relevantes: Organização de >20 eventos científicos. Investigador principal da tarefa “Monitorização integrada dos impactos climáticos e ambientais: estratégias de adaptação e mitigação” do CITAB.
Para minimizar o risco e a severidade, através da gestão agro-silvo-pastoril Universidade de Évora reforça investigação para prevenção e extinção de incêndios florestais
A Universidade de Évora (UÉ) vai reforçar os sistemas transfronteiriços de prevenção e extinção de incêndios florestais e identificar as zonas estratégicas de gestão para minimizar o risco e a severidade destes incêndios através da gestão agro-silvo-pastoril. Ao abordar aspetos relacionados com a adaptação às alterações climáticas através da prevenção e gestão da paisagem suscetível a grandes incêndios, pretende-se ainda adaptar os recursos para gerar empregos rurais no pós-Covid-19.
“Que impactos podem resultar das alterações climáticas na Península Ibérica nas próximas décadas? Quais as áreas mais propensas à ocorrência de grandes incêndios rurais? De que forma estes eventos extremos afetam as comunidades locais?” Estas são algumas das questões a que os investigadores da Universidade de Évora querem responder no âmbito do projeto FIREPOCTEP, recentemente aprovado e financiado pelo programa intERREG.
Coordenado por Rui Salgado, investigador do Instituto Ciências da Terra da Universidade de Évora, a equipa de investigadores envolvidos neste projeto recorrerem a projeções climáticas obtidas através do Couple Model inter-comparison Project – cMiP5, da análise de dados do European
Forest Fire Information System (EFFIS), e dos índices de perigosidade de incêndio rural calculados pelo Global ECMWF Fire Forecasting model (GEFF). Durante o projeto os investigadores pretendem ainda formalizar conhecimento sobre a diversidade microbiana dos solos afetados pelos fogos ocorridos durante o período de maior severidade meteorológica e pelas queimas prescritas, de modo a constituir-se como bioindicador do efeito do fogo no solo. O fogo prescrito é uma das soluções mais eficazes a curto prazo para a redução do combustível existente na paisagem. No entanto, existem muitas dificuldades dos operacionais na implementação desta técnica e falta de confiança na sua aplicação. Estudar o impacto do fogo prescrito nos sistemas ecológicos e, particularmente, o impacto sobre a componente microbiológica do solo (diversidade microbiana), assim como comparar estes resultados com os obtidos em incêndios ocorridos em pleno verão, é essencial para a avaliação desta solução e para ajustar as “janelas de prescrição”. através da seleção de áreas recentemente queimadas e do uso de inovadoras ferramentas moleculares que permitem a caracterização dos perfis filogenéticos de bactérias e fungos nas zonas selecionadas, e através do sequenciamento massivo (next Generation Sequencing “NGS”), serão determinadas ainda as correlações entre a diversidade microbiana e parâmetros físicos e químicos dos solos estudados. as sequências do nGS serão depositadas nas bases de dados internacionais do National
Center for Biotechnology Information.
A par da investigação científica a produzir, o projeto aposta ainda na formação e sensibilização da população rural através de cursos de formação e de cooperação entre todos os agentes envolvidos no sistema de prevenção e supressão de fogos rurais no sentido de ampliar a capacitação da população e potenciar as sinergias criadas, assim como na formalização de um espaço de encontro entre Universidades, investigadores e outros especialistas possam colaborar e impulsionar projetos comuns.
O FiREPOctEP pretende ainda capacitar e dotar de materiais os agentes operativos para facilitara intervenção em ambos os lados da fronteira e desenvolver um sistema de acreditação para a formação dos dispositivos que normalize procedimentos de segurança pós cOViD-19.
Este é um projeto de colaboração transfronteiriça entre Portugal e Espanha para fortalecer os sistemas comuns de prevenção e extinção de incêndios rurais e para melhorar os recursos para a criação de emprego em espaço rural pós cOViD-19 contando a Ué com um orçamento que ascende a 126.900€ sendo a contribuição do FEDER de 95.175€.
A equipa de investigação Universidade de Évora integra professores e investigadores do Instituto de Ciências da Terra (ICT), Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Laboratório HERCULES e Centro de Investigação em Matemática e Aplicações (CIMA). a aprovação deste projeto vem dar força à aposta que a Universidade de Évora está a fazer nesta importante área de investigação, somando-se a outros projetos em curso, 3 deles financiados pela Fundação para a ciência e tecnologia, ao centro ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais (CILIFO) que tem um pólo na Universidade de Évora financiado pelo Interreg POCTEP e à contratação de recursos humanos altamente qualificados.
Numa região com intensa atividade agrícola e baixos índices de precipitação Águas Públicas do Alentejo lidera projetos para reutilizar água na agricultura
A empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA) lidera dois projetos-piloto de produção de água para reutilização (ApR) em atividades agrícolas na região, caracterizada pela intensa atividade agrícola e baixos índices de precipitação.
Os projetos, designados REUSE II e AQUA VINI, são financiados pelo Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente e Ação Climática, e “pretendem promover a utilização de ApR em atividades agrícolas no Alentejo”, explica a AgdA.
“A urgência de adaptação às alterações climáticas, o uso eficiente da água e a valorização dos recursos numa ótica de economia circular, entre outros, são desafios fundamentais no setor da água e assumem especial relevância na área de atuação da AgdA”, refere a empresa.
Por isso, a AgdA procura “encontrar soluções para estes desafios” que lhe permitam “ser mais resiliente e capaz de dar respostas eficientes e sustentáveis aos seus clientes”.
Nesse sentido, o programa REUSE II integra um sistema de produção de apR que incide na Estação de tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Beja. O projeto-piloto consiste na desinfeção solar das águas residuais tratadas nesta ETAR para utilização por um agricultor da região, indicou.
A água resultante da desinfeção solar será reutilizada na rega de um pomar de romãzeiras, para estudar o impacto da sua utilização no desenvolvimento das plantas e frutos, assim como o balanço de nutrientes, a eventual poupança na dosagem de fertilizantes minerais e o impacto da apR nos recetores ambientais água e solo.
O impacto dessa água no sistema de rega da exploração agrícola onde será utilizada é também um dos elementos em estudo neste projeto, que resulta de uma parceria da agda com a adP VaLOR, a Empresa de Desenvolvimento e infraestruturas do alqueva (EDia), o Instituto Superior de Agronomia (ISA), a EFACEC e o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR).
Por sua vez, o projeto aQUa Vini pretende contribuir para o “aumento do conhecimento técnico sobre a reutilização da água na atividade de regadio” e promover a utilização de ApR na ati-
vidade vitivinícola do Alentejo, através do estudo da sua utilização na vinha do Monte da Ravasqueira, no concelho de arraiolos (évora). O aQUa Vini vai estudar “os efeitos desta aplicação no desenvolvimento das culturas irrigadas”, bem como o seu impacto nos recetores ambientais solo e recursos hídricos, além dos sistemas de rega. “Permitirá ainda a avaliação do eventual impacto da apR, que será produzida na EtaR de arraiolos Poente, na qualidade da água da charca, origem de água para a rega da vinha e a avaliação da eficácia das barreiras naturais existentes. Será ainda avaliada a possibilidade de regar diretamente com ApR uma parcela da vinha”, explica o comunicado da agda.
O consórcio responsável pelo aQUa Vini integra também a AdP VALOR, a Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo, o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) e os produtores do Monte da Ravasqueira.
Em ambos os projetos “serão realizadas as avaliações de risco das opções de utilização estudadas”, além das “soluções de tratamento complementar em função do esquema de utilização em causa”, explica a empresa.
Segundo um estudo do Instituto Superior de Agronomia Agricultura intensiva tem influenciado declínio de sobreiros e azinheiras no país
Um estudo do Instituto Superior de Agronomia (ISA) analisou o “enorme declínio” de sobreirais e azinheirais no país nos últimos 50 anos e concluiu que a agricultura intensiva tem tido influência no decréscimo de ambas as espécies.
aequipa identificou também uma relação entre o mais como um montado aberto, com muita utilização do subcoberto para a aumento da temperatura média anual e a perda agricultura”. “Há um limite em relação à intensidade de gado que se pode de coberto de sobreiros, e um decréscimo de azinheiras pôr numa determinada área. A partir desse limite, são demasiadas cabeças em áreas onde há uma maior exploração de gado bovi- e o pisoteio compacta e estraga o solo”, explicou, realçando que o declínio no, afirmou a investigadora do Centro de Ecologia Aplica- dos montados de azinho vem desde a segunda metade do século XX, em da do iSa responsável pelo estudo, Vanda acácio. que a árvore deixou de ter importância económica face à peste suína que
O estudo analisa o período de 1965 a 2015 e demons- dizimou a população de porco preto no alentejo, que se alimentava da tra que há uma perda enorme das duas espécies ao longo bolota da azinheira. dos últimos 50 anos, com um declínio ainda mais acentua- Em relação às variáveis climáticas, o estudo notou que “o sobreiro dido a partir dos anos 1990. minuiu com o efeito do aumento da temperatura média anual”, ao passo
O artigo, publicado recentemente, centra-se na evolu- que com a azinheira passou-se “o oposto”. “Pensámos que era muito ção das áreas onde os sobreiros e azinheiras são as espé- estranho e corremos os modelos várias vezes e os dados são robustos. cies florestais dominantes e cruza a perda com diversas a explicação para que haja mais azinheiras em zonas com maior temvariantes, como a densidade de gado bovino, densidade peratura e mais secas é a de que nessas zonas o ambiente é mais difícil populacional, declive do terreno e indicadores relacionados para a agricultura. Em todas as outras zonas, ela desaparece, porque com o clima, como o índice de secas, temperatura média a agricultura instala-se. é como se fosse empurrada para a zona mais anual ou intensidade de precipitação na Primavera e Verão. difícil para a agricultura”, frisou a investigadora.
Entre 1990 e 2015, em mais de 70% das áreas analisadas Segundo Vanda acácio, apesar de a proteção destas duas espécies registou-se uma redução das duas espécies, podendo esta de árvores ter aumentado ao longo dos anos, “elas estão a morrer” aceleração de perda ser explicada em parte pela entrada de e continuam a perder terreno no país. “Faltam políticas que permiPortugal na União Europeia e o consequente incremento de tam ao pequeno proprietário ter algum investimento para o restauro intensificação do gado, face aos subsídios na altura disponí- ecológico. Era importante haver investimento público também assoveis, e pelo aumento da temperatura motivado pelas altera- ciado ao pagamento de serviços de ecossistemas, porque os ecosções climáticas, aclarou. “Verificámos que, em relação às duas sistemas são muito importantes em termos de biodiversidade, mas espécies, o declive era importante para as duas. há mais de- também economicamente, culturalmente e socialmente”, realçou. clínio em zonas mais planas, que são zonas com mais agricul- A investigadora apontou ainda para a necessidade de se avançar tura e onde o montado é explorado de forma mais intensiva”, com a certificação de florestas e com a aposta na investigação das salientou Vanda acácio. duas espécies, nomeadamente em relação a agentes patogénicos
Já relativamente ao gado bovino, a sua influência é particu- que poderão estar relacionados com a mortalidade das árvores. larmente relevante para a azinheira, que “tem sido gerida muito
Ovinos Serra da Estrela estão em maior número Portugal tem 61 raças autóctones
Portugal tem 61 raças autóctones, entre ovinos, bovinos, caprinos, suínos, galináceos, equídeos e canídeos, destacando-se, em número, os ovinos Serra da Estrela com 20.341 animais, segundo dados da DGAV e da CAP.
“Para além das raças autóctones das espécies pecuárias - 15 raças de bovinos, 16 de ovinos, seis de caprinos, três de suínos, seis meas e 688 machos em 187 criadores. ainda dentro desta categoria encontram-se as raças Bravia (10.143), Serpentide equídeos e quatro de galináceos, incluem-se também onze raças de na (5.377), algarvia (2.607), charnequeira (2.085) e Preta canídeos portugueses, por serem intrinsecamente ligados ao mundo de Montesinho (1.251). rural e às atividades agropecuária e cinegética e fazerem parte deste Já entre os suínos, o maior número de animais verificavaliosíssimo património genético nacional, que urge salvaguardar e dar -se na categoria alentejana (5.025 -- 4.501 fêmeas e 524 a conhecer”, lê-se numa nota da Direção-Geral de Alimentação e Vete- machos em 352 criadores), seguindo-se a Bísara (3.686) e a rinária (DGaV) e da confederação dos agricultores de Portugal (caP). Malhado de alcobaça (507).
Estes números fazem parte do catálogo das Raças autóctones, um nos equídeos, a raça Lusitana totaliza 9.562 cavalos, dos inventário lançado pelas duas entidades, que tem por objetivo “divul- quais 5.893 machos e 3.669 fêmeas em 13.969 criadores. gar, promover e valorizar” os animais. Seguem-se as raças Garrana - cavalo (2.682), Burro de Mi-
De acordo com este documento, entre as raças identificadas desta- randa (362), Sorraia (112), Pónei da Terceira (89), Burro da cam-se os ovinos Serra da Estrela com 20.341 animais de raça pura, Graciosa (36). nomeadamente, 19.239 fêmeas e 1.102 machos em 211 criadores. na categoria dos galináceos, destaca-se a pedrês portunesta categoria encontram-se ainda as raças churra da terra Quen- guesa com 6.223 animais em 271 criadores, nomeadamente, te (13.888), Merina Preta (13.039), Churra Galega Bragança Branca 5.213 fêmeas e 1.1010 machos, seguidos pela Preta Lusitânica (12.157), Merina Branca (8.846), Campaniça (7.908), Churra do Mi- (5.561), Amarela (5.178) e Branca (2.606) nho (4.656), Merina da Beira Baixa (4.453), Churra Galega Mirande- no que concerne aos canídeos, o número de exemplares sa (4.917), Bordaleira de Entre o Douro e Minho (4.520), Churra Ga- não é contabilizado, mas são identificadas as raças Cão Barbalega Bragança Preta (2.777), Saloia (2.875), Churra badana (2.540), do da terceira, Serra da Estrela, Água Português, castro LaboMondegueira (2.044), churra algarvia (1.690) e churra do campo reiro, Fila de São Miguel, Gado transmontano, Serra de aires, (321). Barrocal Algarvio, Perdigueiro Português, Podengo Português e
Por sua vez, entre os bovinos, destaca-se a raça alentejana com Rafeiro do alentejo. 8.562 animais puros em 133 criadores, nomeadamente, 8.362 fê- “Este catálogo é um instrumento importante de divulgação meas e 200 machos. incluem-se também nesta categoria as ra- das raças nacionais”, considerou o presidente da CAP, Eduardo ças Mertolenga (8.565), Barrosã (7.130), Brava de Lide (6.413), Oliveira e Sousa, acrescentando que “manter e proteger” estas cachena (6.126), Minhota (6.076), Mirandesa (4.797), Maronesa raças é uma forma de “participar na continuação da história e (3.879), arouquesa (3.814), Preta (1.844), Marinhoa (975), Ramo respeitar o passado que é nosso”. Grande (763), carvonesa (607), Jarmelista (218) e algarvia (qua- Por sua vez, a diretora geral da DGaV, Susana Guedes Pombo, tro). afirmou que este catálogo é “um elemento fundamental para a
Dentro do grupo dos caprinos, o maior número de animais en- sistematização e divulgação das nossas raças” e que divulgando-as contra-se entre a raça Serrana com 13.771, dos quais 13.083 fê- se está “a contribuir para a sua conservação”.