Análise Conto Fronteira

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“ Fronteira”, Miguel Torga, in Novos Contos da Montanha

Miguel Torga - Biografia Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, nasceu a 12 de Agosto de 1907 em Vila Real e faleceu a 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra. Foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX. Durante a infância e a adolescência viveu em Lamego e no Brasil Aos 22 anos colaborou na revista “Presença”, folha de arte e crítica, com o poema “Altitudes”. Em 1933 concluiu a formatura de Medicina. Viveu e exerceu Medicina em Coimbra até ao fim dos seus dias.

1. Ação I. Sequências do conto “ Fronteira” Sequência 1 – Fronteira é uma localidade situada na fronteira entre Portugal e Espanha. É uma terra muito pobre, e devido a isso, os habitantes dedicam-se ao contrabando. Ou seja, durante a noite saem de suas casas, atravessam o ribeiro e vão a Fuentes buscar produtos para vender em Portugal (alguns contrabandistas são Rala, Valentim, Salta, Júlio Moinante, o rei da Fronteira, e a Isabel, a mais rápida e silenciosa de todos). Esta profissão, além de ser ilegal, é perigosa e muitos são apanhados pela Guarda que os prende ou mata. No entanto, os guardas acabam por aceitar essa vida e convivem pacificamente com os contrabandistas. Sequência 2 – Um dia, aparece o guarda Robalo que, quando descobre a vida de Fronteira, não concorda com isso e começa a perseguir incansavelmente os contrabandistas, pois acha que eles deveriam viver da agricultura. Sequência 3 – Em quinze, Fagundes e Albino foram apanhados por ele, que lhes acertou com dois tiros. Gaspar escapou por muito pouco. Sequência 4 – Robalo apaixona-se por Isabel, chegando a namorar com ela, mesmo sabendo que era traficante. Apesar disso, não abdica do seu trabalho, dizendo-lhe que se a apanhar a traficar não hesitará em baleá-la. Sequência 5 – Robalo e Isabel separam-se e não se vêem durante alguns meses, mas nem um nem outro desistem dos seus objectivos – ela do contrabando e ele da perseguição. Sequência 6 – Uma noite, enquanto guarda o ribeiro, Robalo ouve uns barulhos, o que o deixa curioso. Quando percebe que é uma pessoa, grita, mandando-a parar. Pouco depois, apercebe-se de que se trata da Isabel que atravessara o ribeiro. Haviam passado alguns meses sem se verem e ela tinha uma notícia importante. Estava grávida e quase a ter o bebé! Robalo não queria acreditar que iria ter um filho de uma contrabandista e ficou muito dividido. Sequência 7 - Isabel não aguenta as dores e acaba por ter o bebé. Depois de toda esta situação, Robalo fica com Isabel e torna-se contrabandista, acabando por ser derrotado pelo peso daquela aldeia e daquela vida.


2. Personagens Retrato físico

Retrato psicológico

Personagens

Relevo

Robalo

protagonista

Isabel

secundária

Ar inocente, sedutora, desafiadora

Rala

secundária

antipático e mal -educado

Salta

secundária

Penca

secundária

João

secundária

Júlio Moinante

secundária

Retrato social

Conceção

polícia

modelada

contrabandista

plana plana

parece um anão

plana plana filho de Júlio

plana

pensativo

rei de Fronteira

plana

Valentim

Nariz afilado, parece um rato, bate as secundária pestanas meia dúzia de vezes

fechado

marido de Joana

plana

Sabino

Nariz afilado, parece um rato, bate as secundária pestanas meia dúzia de vezes

fareja, hesita

plana

Félix

secundária

guarda

plana

Maximino

secundária

guarda

plana

Joana

secundária

mulher de Valentim

plana

Gregório

secundária

Carrapito

secundária

amigo de Robalo

plana

Samuel

secundária

amigo

plana

pertinente

plana

Fronteira – personagem colectiva – vive-se com dificuldades económicas e de contrabando

3. Tempo Tempo Histórico: Meados do século xx Tempo cronológico: Mais ao menos 11meses Tempo do discurso Analepse: “O Rala, de braço bambo da navalhada que o D.José, em Loivos, lhe mandou à traição” Resumo: “Em 15 dias foram dois tiros no peito do Fagundes, …por um triz”


Elipse: “E até ao Natal, a vida foi deslizando assim…o que já se esperava” Tempo psicológico:“As horas que medeiam entre o seu coração e Fuentes são tão fundas e carregadas que quase magoam”

4. Espaço Espaço social – “…do castelo de Fuentes…” “…de casas iguais e rudimentares, escondida do mundo nas dobras angustiadas e ossudas de uma capucham de granito…” “Desde que o mundo é mundo que toda a gente ali governa a vida na lavoura que a terra permite. E, com luto na alma ou no casaco, mal a noite escurece, continua a faina.” – Espaço social Espaço físico – “…Fronteira desperta.” “ Fronteira, contudo, podia mais do que uma absurda obstinação.” Espaço psicológico – “Saem outros, ainda. Devagar, pelas horas a cabo, os que parece terem-se esquecido, vão deslizando da toca. Só mesmo quando não existe mais corpo adulto e válido no povo é que Fronteira sossega.”

5. Narrador Neste conto o narrador é heterodiegético, omnisciente e imparcial – relata os acontecimentos sem revelar maior simpatia por um dos lados daquela “luta”.

6. Modos de expressão da narrativa Narração: “Quando a noite desce e sepulta dentro do manto o perfil austero do castelo de fuentes, Fronteira desperta. Range primeiro a porta do Valentim, e sai por ela, magro, fechado numa roupa negra de bombazina, um vulto que se perde cinco ou seis passos depois”. Descrição: “a terra veste-se de um sentido novo, assim deserta, á espera. Pequenina, de casa iguais e rudimentares, escondida do mundo nas dobras angustiadas e oussadas de uma capucha de granito, as horas que medeiam entre o coração e fuentes são tão fundas e carregadas, que quase magoam” Exemplos de Discurso Directo, Indirecto e Indirecto Livre do conto Discurso Directo – “– Esta gente que faz? – perguntou a um companheiro já maduro no ofício. – Contrabando. – Contrabando!? Todos!? E as terras, a agricultura? “ Discurso Indirecto Livre – “E quem havia de lhe entrar pelos olhos dentro ao natural, cobertinha da luz doirada do sol? “ Discurso Indirecto – “ E se por acaso se juntam na venda do Inácio uns e outros - guardas e contrabandistas -, fala-se honradamente da melhor maneira de ganhar o pão: se por conta do Estado a vigiar o ribeira, se por conta da Vida a passar o ribeiro.”


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