A Trote e a Galope - Poesia para a infância

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A trote e a galope . Poesia para a infância

Nuno Higino Poemas Alberto Péssimo Gravuras

A trote e a ga lope Poesia para a infância

Nuno Higino . Alberto Péssimo





A TROTE E A GALOPE POESIA PARA A INFÂNCIA



Nuno Higino Poemas Alberto PĂŠssimo Gravuras

A trote e a ga lope Poesia para a infância


Para a InĂŞs e o Dinis


O MENINO QUE NAMORAVA PAISAGENS E OUTROS POEMAS

Porto Campo das Letras Ilustração de José Emídio 2001



O DEGRAU Um degrau: subo, não subo? Se subo, não desço se não subo é mau porque o degrau é feito para subir. Mas como está dito se subo não desço e isso, repito, é mau porque o degrau é feito para descer. Como resolver? – Diga Nicolau! – É fácil, senhor: tira-se o degrau!

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OS VENTOS Os ventos tĂŁo suaves, pequeninos entraram pela casa de mansinho e embalaram tĂŁo meigos os meninos

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POEIRINHA Dança na luz, poeirinha, da mesinha p’rá janela da janela p’rá mesinha. De ouro é o teu cabelo de ouro as tuas tranças. Porque danças, poerinha, porque danças?

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CAVALO DE PAU Blau, blau cavalo de pau vai acima e abaixo p’ra comer do tacho Blau, blau cavalo de pau vai abaixo e acima p’ra fazer uma rima Blau, blau cavalo de pau agora parou o verso acabou

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MENINA Menina que está sentada numa nuvem sossegada. – Vai cair dessa frescura. – Não caio que estou segura! Menina que anda a correr na flor do malmequer. – Vai cair de tanta altura. – Não caio que estou segura! Menina que vai contente num cavalo reluzente. – Vai cair, ó formosura. – Não caio que estou segura!

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BAILARINA Tenho dentro da alma uma bailarina baila quando baila baila quando quer. Nos cabelos livres tem um malmequer baila quando baila baila quando quer

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VERSOS DIVERSOS

Porto Trinta por uma Linha Ilustração de Ana de Castro 2008


A MAGIA DAS LETRAS Era uma vez um senhor chamado p de pintor pintava números, letras e coisas à toa, tretas Com tanta arte o fazia que algumas ganhavam vida e saíam do caderno como se fosse magia O 1 adorava rum o 3 champanhe francês; o z pedia souflé o i comia kiwi e o m leite-creme; o magricela do j era doido por compota; o k bebia grappa o x preferia anis o e queria café e o a só tomava chá Agora digam-me lá como vai o senhor p governar o ateliê 40



UMA SEREIA Sou uma sereia vivo no mar alto tenho olhar azul, vestidos de tule que agito dum salto Venho à tua beira dizer-te um segredo: o mar é o meu mundo o mar é profundo o mundo é o meu medo

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BEATRIZ A Beatriz queria ser imperatriz mas pensou melhor e disse: que chatice! Imperatriz é que não meu império é o coração. Imperatriz? O que eu quero é ser feliz

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CRIANÇA TODOS OS DIAS

Leça da Palmeira Letras e Coisas Ilustração de José Emídio 2011


A CRIANÇA E O PEIXE Uma criança leva um peixe nos braços, um peixe generoso, prateado, leva-o para casa num braçado Aquele peixe teve muita sorte porque na criança há sol e mar: junto ao seu coração pode nadar

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DAQUI DO MAR EU VOU-TE CONTAR

Leça da Palmeira Letras e Coisas Ilustração de Maria Eduarda Leitão 2013



O CANTAR DO GALO Canta o galo já é dia. Toma banho em água quente ou prefere em água fria? Canta o galo é de manhã. Tomará café ou chá? Come pão ou croissant? Canta o galo Có-có-ró-có-có e o Gonçalo, pé ligeiro, vai soltá-lo do poleiro

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VERSOS A TROTE E A GALOPE

Inédito


O PALHAÇO O palhaço tem um laço no pescoço. O palhaço tem regaço de alvoroço. O palhaço tem um braço muito grosso. O palhaço tem um passo muito moço. O palhaço tem pão escasso p’ró almoço

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DEBAIXO DA MESA Debaixo da mesa está uma princesa, e em cima da lua uma catatua. Dentro do tonel está um coronel, fora do poleiro está o batoteiro. Longe da mão está o gavião, perto do riacho a rã faz coaxo. Em frente à vidraça está uma praça, atrás da montanha esconde-se uma aranha

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Um sozinho e um magote Uma serra e um serrote Uma gruta um archote Uma ferida um garrote Uma trave e um barrote Uma carta e um pacote Um velhinho e um velhote Um fortalhaço um frangote Uma noiva sem ter dote Um nó e um laçarote Um vestido com decote Um rapaz atrevidote: Quem não lê é um pexote Dá dois saltos e um pinote 115


CRAVOS DE ABRIL Dou-te um cravo dou-te um cento de flores do meu jardim. Dou-te um cravo, dou-te mil para celebrares Abril. Dou-te um cravo (e ajoelho) da cor do sangue, vermelho. Dou-te um cravo sem idade tem a cor da liberdade. Seu perfume espalha o vento pelas ruas em movimento. Liberdade, meu amor, sou teu servo e teu senhor 120



SÓ QUEM AMA HÁ-DE CHEGAR Gira a roda salta o arco vou ao mar não tenho barco Embarco sem embarcar nas ondas da minha infância À distância, todo azul, há um cavalo que me chama Só quem ama há-de chegar, mesmo parado caminha

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PUBLICADOS EM COLECTÂNEAS

Pág. 128-131 – Verso a Verso, 2011 Porto, Trinta por uma Linha. Pág. 132-134 – Barricadas de estrela e de luas (Antologia poética no centenário da Primeira Guerra Mundial), 2013. Tropelias & Companhia. Pág. 135 – Abril certo na hora certa, 2010, Porto, PCP/Sector Intelectual. Pág. 136-137 – Festa da Palavra, 2007, Guião, Felgueiras



INÉDITOS, DISPERSOS



REDACÇÃO SOBRE O OUTONO Eu gosto muito do Outono porque traz dióspiros e folhas pintadas de nostalgia, traz castanhas, magustos, vinho novo: alegria. Eu gosto muito do Outono traz o Inverno pela mão, fechado, irrequieto, e leva-o até ao Natal: parecem avô e neto. Eu gosto muito do Outono porque é triste e alegre como toda a gente deixa-nos à porta, pensativos, o mundo todo em frente

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CHUVA NO MEU CADERNO Desenho chuva com jeito com traço fino, perfeito, um e outro e outro mais em risquinhos verticais. Cai chuva no meu caderno, mas não é chuva de Inverno, chuva boa de Verão com saborzinho a limão Pinto a chuva a aguarela debruço-me na janela, e fico a ver como cai: – Olha como chove, pai! Chove chuva quando eu quero nunca por ela espero quando dela fico cheio sopro a nuvem p’ró alheio

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Chuva que só eu governo quem quiser que o comprove: não sei se é em mim que chove ou se é no meu caderno

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Índice O MENINO QUE NAMORAVA PAISAGENS E OUTROS POEMAS......................................5 Porto, 2001. Campo das Letras. Ilustração de José Emídio VERSOS DIVERSOS....................................................................................................... 35 Porto, 2008. Trinta por uma Linha . Ilustração de Ana de Castro CRIANÇA TODOS OS DIAS............................................................................................ 71 Leça da Palmeira, 2011. Letras e Coisas. Ilustração de José Emídio DAQUI DO MAR EU VOU-TE CONTAR..........................................................................79 Leça da Palmeira, 2013. Letras e Coisas. Ilustração de Maria Eduarda Leitão VERSOS A TROTE E A GALOPE.................................................................................... 105 Inédito PUBLICADOS EM COLECTÂNEAS............................................................................... 127 Verso a Verso, Porto, 2011. Trinta por uma Linha....................................................... 128 Barricadas de estrela e de luas (Antologia poética no centenário da Primeira Guerra Mundial), Porto, 2013. Tropelias & Companhia............................... 132 Abril certo na hora certa, 2010, Porto, PCP/Sector Intelectual....................................135 Festa da Palavra, 2007, Guião, Felgueiras................................................................... 136 INÉDITOS, DISPERSOS................................................................................................ 139


Título: A trote e a galope. Poesia para a infância Autores Nuno Higino (Poemas). Alberto Péssimo (Gravuras) Saídas da prensa de Tomás Dias Edição: Letras e Coisas, Lda. Livros, Arte e Design, Soc. Unipessoal, Lda Concepção Gráfica: www.josemiguelreis.com ISBN: 978-972-8908-92-8 Depósito Legal: 423012/17 Impressão: Rainho & Neves, Lda / S. Maria da Feira 1ª Edição / Março de 2017 © Autores e LETRAS E COISAS, Lda, 2017 LETRAS E COISAS, LDA. Livros, Arte e Design, Soc. Unipessoal, Lda Rua Padre Manuel Teixeira de Melo, 33. Bloco D - 1º C. 4455-161 Lavra. Portugal Telef.: +351 964 089 660 E-mail: email@letrasecoisas.pt www.letrasecoisas.pt





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Nuno Higino Poemas Alberto Péssimo Gravuras

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