SERMÃO 4º Domingo de Advento pelo
Bispo Josep Rosselló
Quarto Domingo de Advento A Coleta. Senhor Jesus Cristo, que na tua primeira vinda mandaste teu mensageiro para preparar caminho para 7; concede que os ministros e servos da tua verdade possam igualmente assim preparar e dispor o teu caminho, tornando os corações de desobediência à sabedoria dos justos, para que em tua segunda vinda para julgar o mundo, possamos ser achados um povo aceitável aos teus olhos; Tu que vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.
A Epístola:
Filipenses 4:4 - 7
O Evangelho: João 1.19 - 28 A Coleta é uma oração pela graça e misericórdia de Deus, que possamos estar fortalecidos para correr a jornada cristã. Os obstáculos no caminho são todos nossos, devido ao pecado ou a maldade que existe no nosso coração. Somente a graça pode remover os mesmos, e nos permitir terminar a carreira. A EPISTOLA de hoje começa com um chamado apostólico para que continuemos a alegrar-nos. Isto não pode ser realmente o que o apóstolo Paulo esteja tentando dizer, inclusive pode parecer uma petição impossível de levar adiante, 2
porque quem pode sempre estar alegre em meio de tantas dificuldades, sofrimento e tragédias humanas e, também, pessoais? Como será possível estar alegre em todas as circunstâncias? Se comparamos estas palavras com Fp 3.1, “ Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança,” observamos que o próprio Paulo estava preso, e perto de que sua vida fosse colocada em jogo. E, contudo, ele é capaz de alegrar-se e, não só isso, mas animar outros a regozijar-se, mostrando o poder do evangelho para confortar aqueles que tem feito Cristo TODO em tudo. Mas Paulo não é o único exemplo que encontramos nas Escrituras. Habacuque, o profeta do Antigo Testamento, nos ensina de uma forma bem pessoal e real através do seu exemplo de vida e obediência, como um cristão pode regozijarse sempre no Senhor. Ele escreveu, “Ouvindo-o eu, o meu ventre se comove, ao seu ruído tremem os meus lábios; entra a podridão nos meus ossos, vacilam os meus passos; em silêncio, pois, aguardarei o dia da angústia que há de vir sobre o povo Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (Hab 3:16-18).
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Habacuque recebeu uma visão da destruição que está chegando das mãos de Babilônia, na qual Judea sofrerá de forma terrível. Também, recebeu a revelação que será punida, devido aos seus pecados na forma em que respondeu ao chamado de Deus, como seu instrumento de julgamento. Diante de tal devastadora imagem, Habacuque sofre fisicamente, e se encontra em um estado de choque, tremendo e comovendo-se, pelo que estava pronto para acontecer. E, todavia, foi capaz de responder em louvor a Deus. Esta adoração não é causada porque não há nada mais que possa fazer, mas é um ato de louvor diante do fato evidente de que em todas estas coisas está a mão de Deus para salvar o seu povo. Portanto, aqueles que se alegram sempre são aqueles que são capazes de discernir o propósito de Deus em todas as coisas, e diante de qualquer circunstância. Existem certas marcas de um crente que verdadeiramente se regozija no Senhor. A primeira marca é que sua “moderação” (amabilidade) é conhecida por todos. Se observamos o texto percebemos que Paulo expressa isto na forma verbal passiva, em vez de usar uma forma ativa, mostrando que é um chamado na vida cristã. Esta idéia começou em Filipenses 3:1, mas a questão dos falsos mestres fazem que somente o apóstolo Paulo volte agora de novo a esta questão. Outros textos que nos inspiram a levar
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uma vida de moderação, são I Tim. 3:3; Titus 3:2; Tiago 3:17; I Pe. 2:18. A verdadeira amabilidade não se impõe, ou chama atenção de forma forçada, mas é aparente pela sua própria presença. A moderação é capaz de perceber a presença de Deus no meio da pior das tormentas, e manter o coração calmo na certeza de que o Senhor está aí. A moderação surge da sabedoria de ser capaz de discernir e julgar cada situação à luz das Escrituras. Em outras palavras, a capacidade de reconhecer o que é bom para si mesmo, bem como o que não é recomendável, discernindo os tempos e as ações de Deus na vida de um cristão. Nossa moderação deve ser conhecida de todos os homens, (1) porque devemos ser exemplos de como devemos tratar aos irmãos em Cristo para que os incrédulos possam conhecer ao Senhor (Mt. 5:16), e (2) esta moderação deve ser para todas as pessoas, independentemente, da sua relação com o Senhor, como um testemunho do seu poder transformador nas vidas dos redimidos e, também, como um elemento de dissuasão a crítica injusta (Rom. 12:17; Rom. 14:18; II Cor. 8:21; 1 Pe. 2:12, 15; 1 Pe. 3:16). Não devemos esquecer que o maior problema de falta de moderação na vida de um cristão, são os extremismos que constituem, sem dúvida alguma, um grande perigo. E para fugir desse fantasma é preciso buscar a paz e a fortaleza no Senhor e o conforto nas Sagradas Escrituras, onde o Espírito poderá orientar-nos a um sinal de advertência ou de aprovação. 5
Acredito ser esta razão pela qual precisamos nos encher do Espírito Santo (Ef 5.18), para que todo o nosso ser (corpo, mente, força e espírito) sejam plenamente dominados por Deus. Somente o Espírito Santo nos pode capacitar para combater contra o pecado e as tentações, contra o diabo e a iniquidade no mundo. O texto parece indicar que, também, um dos motivos para mostrar “moderação” é devido a que “perto está o Senhor.” Isto pode ser uma boa lembrança de que nosso Senhor, Jesus Cristo, observa tudo o que pensamos e fazemos, como também está presente na vida dos cristãos em cada momento (Mt 28.20; Rom 10.8). Ainda que o texto, possivelmente, é uma referência à segunda volta de Cristo. A palavra “perto” é usada em relação a um período de tempo (veja Mt 24.32-33). A segunda vinda é um tema bem presente na epístola de Filipenses. Esta palavra tem semelhança à palavra aramea “maranatha” (veja I Cor. 16:22; Ap. 22:10). Ao mesmo tempo a segunda volta de Cristo sempre deve ser um tema presente na vida cristã para seguir o exemplo e ensino do nosso Senhor (veja Rom. 13:12; Tiago 5:8-9), sempre devemos lembrar que seu retorno é iminente, ainda que isto não significa, necessariamente, que nós vamos ver seu retorno. Este versículo nos motiva para que nosso comportamento seja igual à nossa esperança no Senhor, Jesus Cristo, e não esqueçamos que assim foi na igreja primitiva. A segunda marca é que não andamos ansiosos. Devemos entender que a igreja de Filipos estava sobre uma grande tensão, dentro dela e ao seu redor. Contudo, observamos que 6
estar ansiosos não é uma das características dos cristãos e uma vida cristã saudável (veja Ma. 6:25-34 e 1 Pe. 5:7). Nada deveria preocupar aos cristãos, exceto buscar a face de Deus e ser fiéis discípulos dEle. Pode ter certeza de que um dos maiores inimigos da paz interior é a ansiedade, ela nos rouba a nossa paz e faz que as emoções mais diversas tomem controle da nossas vidas. Nós não devemos estar ansiosos, devido a que confiamos na Palavra de Deus e temos certeza da esperança na qual temos confiado. Alguns poderão pensar que vivemos em um mundo irreal, ou temos mentes que têm sido manipuladas, mas seja nossa esperança e fé maior testemunho que as palavras vazias daqueles que não vêem o que Deus tem feito nas nossas vidas. De fato, a ansiedade nos deve levar a orar, e a oração transforma nossa ansiedade em paz interior, porque colocamos nossas preocupações no Senhor, Jesus Cristo, que somente Ele pode tomar cuidados dos nossos temores e dar a resposta certa em todas as circunstâncias. As orações e súplicas devem sempre ir acompanhadas de ação de graças. Este parece ser um tema no apóstolo Paulo (veja Ef. 5:20; Col. 4:2; I Tess. 5:17-18; I Tim. 2:1). Paulo nos ensina três elementos importantes da nossa comunhão com Deus: a oração é quando abrimos nossa alma a Ele; a súplica compartimos nossos desejos e pedidos, e ação de graças quando agradecemos a Deus pelo que tem feito por nós. Sempre devemos ir até Deus, não com um espírito de demanda, mas com ação de graças pelas suas muitas misericórdias. 7
Nossas orações não devem ser simplesmente petições, mas devem incluir louvor e ação de graças, como evidência tanto da nossa confiança de que nosso Pai celestial responderá às orações, e como reconhecimento que já tem feito o mais importante, nos tem libertado do pecado, da morte e da escravidão. Assim, poderemos construir nossas orações em uma fundação segura e certa. Por certo, observem o claro contraste entre “por coisa alguma” e “em tudo.” Às vezes, parece que colocamos os dois no lugar oposto, estando em tudo ansiosos e não oramos, nem damos graças ou louvor, por coisa alguma. Outro ponto essencial na oração é a perseverança nela (veja Mt. 7:7-11; Lc 18:2-8). Possivelmente, ação de graças e perseverança sejam dois elementos esquecidos pelos cristãos. Deus conhece o que nos é realmente necessário, mas deseja manter uma autêntica comunhão e confiança conosco através da oração. Deus não tem limitações, mas não tem atuado nas nossas vidas, porque espera nossas orações (veja Tiago 4.2). Com esta certeza, observemos como estes versículos mencionam a paz de Deus, enquanto o Deus da paz, quem dá tal paz, é mencionado no vv. 9. Assim vemos que no primeiro lemos sobre o que Deus dá e no segundo sobre Seu caráter. A Paz é mencionada de várias formas diferentes no Novo Testamento:
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1. pode ser usado no sentido de título (Is. 9:6; Rom. 15:33; Rom. 16:20; II Cor. 13:11; Fp. 4:9; I Tess. 5:23; II Tess. 3:16) 2. pode ser usado a paz do evangelho em um sentido objetivo (Jo. 14:27; Jo. 16:33; Col. 1:20) 3. pode ser usado a paz do evangelho no sentido subjetivo (Ef. 2:14-17; Col. 3:15) 4. Às vezes pode significar tanto no sentido objetivo como subjetivo (Rom. 1.5) Esta paz vêm da grande realidade de que os caminhos de Deus vão além dos nossos caminhos (Is. 55:8-9). Um exemplo disto é que estamos chamados a confiar nos caminhos de Deus (Pv. 3.5-6). Paulo é um exemplo de que ele vive aquilo que ele escreve, como vemos em Filipenses 4.11-13, “Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” Este pensamento nos lembra que a paz de Deus atua, como um soldado guardando os cristãos. Em 1 Pe 1.4-5, encontramos a mesma verdade de que a paz de Deus guarda nossos corações e mentes. Os termos gregos para coração (kardia) e mente (nous)
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são sinônimos para falar da pessoa toda (emoções e pensamentos). Finalmente, se existem umas palavras que se repetem constantemente nas epístolas de Paulo é em Cristo Jesus. Este é sem dúvida um dos pontos fortes na teologia Paulina. Todos os benefícios e bênçãos de Deus fluem nas nossas vidas através do ensino, vida, morte, ressurreição, Segunda Volta e união pessoal com Jesus Cristo. Os cristãos estão unidos vitalmente com Cristo. Deste modo, aqueles que se regozijam, são moderados, sempre oram e respondem em ação de graças diante de Deus, conhecerão a paz de Deus, tal paz excede todo entendimento. Não há uma explicação que o mundo é capaz de dar pela alegria e contentamento dos cristãos, e, inclusive, se às vezes temos dificuldades para explicar tal alegria por nós mesmos. Mas conhecemos a causa dela, que Deus por causa de Jesus nos mantém até o dia que Jesus Cristo volte, como Rei e Juiz de todas as nações. O EVANGELHO Se consideramos o evangelho à luz da leitura da Epístola talvez nos perguntemos que tem em comum os dois textos bíblicos do dia de hoje. Será que existe uma conexão entre os mesmos?
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Se desejamos responder tal pergunta, precisamos tomar um tempo para ver mais de perto os textos e o que podemos aprender dos mesmos. O tempo de Jesus tinha chegado, Jesus cresceu e está pronto para inaugurar seu ministério público, assim agora se entrelaça com a missão de João o Batista, onde os Evangelhos nos ensinam que no encontro dos dois no batismo de Jesus, o Pai o reconhece publicamente como filho enquanto o Espírito descende sobre Jesus. É evidente que o ministério de João o Batista causa comoção e chama atenção aos Judeus 1 que enviam uma delegação oficial formada por levitas2 e sacerdotes para fazer uma série de perguntas. João o Batista era de descendência sacerdotal (Lc
No evangelho de João, o termo Judeus se refere principalmente àqueles que são contrários a Jesus e, também, aos líderes religiosos de Israel (cf. Jo 2:18; Jo 5:10; jo 7:13; Jo 9:22; Jo 12:42; Jo 18:12; Jo 19:38; Jo 20:19). Ainda que também é usado em um sentido geral (veja Jo 2.6 e Jo 4.22). Neste contexto, é uma menção ao Sanedrim, um conselho ou tribunal formado por setenta e um (71) membros que governavam Israel, e estava formado principalmente por fariseus. 1
A termo “Judeu” é usado, basicamente, para referir-se a alguém da tribo de Judea. Depois de que as doze tribos se dividiram no ano 922 a.C., Judea foi o nome adotado pelas três tribos do sul. Os dois reinos de Israel, Israel e Judea, foram levados ao exílio, mas somente uns poucos, principalmente pessoas de Judea, voltaram a Israel com o editor de Ciro em 538 a.C.. A partir desse momento, o termo “Judeu” será usado para os descendentes de Jacob que viviam na Palestina e, também, estavam dispersos por todo o Mediterrâneo. O termo “levita” no evangelho de João, somente, é mencionado nesta ocasião. Os Levitas eram membros da tribo sacerdotal de Levi, mas não da família de Arão; portanto, não podiam ser sacerdotes. O senhor ordenou a Moisés separar a tribo de Levi (os levitas) para servir o tabernáculo (Nu 1.47-50) . O Senhor escolheu toda a tribo de Levi em vez de simplesmente o primogênito de cada família (Nu 3.5-13). Em Números 16, Deus disciplinou fortemente alguns Levitas que tentaram ser aquilo que não eram no seu desejo de ser sacerdotes (Nu 16.8-11; Nu 16.31-33). 2
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1.5-25). Os sacerdotes e levitas eram geralmente saduceus, enquanto os escribas eram usualmente fariseus (veja Jo 1.24). Ambos grupos estavam envolvidos nos seus questionamentos ao ministério de João o Batista. Aqueles que se encontravam em conflito, se unem por uma causa comum, (1) João o Batista e (2) Jesus e seus discípulos. Assim, podemos observar que a delegação tinha como objetivo averiguar a respeito do ministério de João e indagar sobre o seu caráter. Assim, observamos a primeira conexão entre as leituras de hoje, sempre se levantam vozes que questionam a autoridade e, inclusive, o caráter dos ministros de Deus. Isto pode ser feito de formas diferentes, mas devemos estar prontos para discernir as motivações daqueles que questionam os Ministros, porque precisamos perceber se são fariseus e impostores, ou são verdadeiramente enviados por Deus. Eles questionam a João o Batista, perguntando, “Quem es tú?” Imediatamente, sem pensar duas vezes, João declara, “Eu não sou o Cristo.” Isto mostra que existiam vozes que se perguntavam se o Messias tinha chegado. Precisamos entender que a aparição do Messias era o sinal aos olhos do Judeus que seriam libertados e o Reino restaurado. E, certamente, não estavam errados, mas a libertação não era aquela que esperavam, nem o Reino teria a forma que eles desejavam. Eles continuam o questionando, desejam uma resposta, precisam de uma resposta para ser levada àqueles que os enviaram. Assim, perguntam se ele era Elias (Ml 4.5-6). Afinal, 12
não tinha que ser difícil considerar a possibilidade de que João fosse Elias pela sua personalidade. Se ele era o precursor do Messias, então seria Elias? De certo modo, observamos João ministrando no ofício e espírito de Elias (Mt 11.13-14; Mc 9.11-13). Diante da sua negativa, perguntam de novo “Tu és o profeta?.” Esta pergunta se refere à promessa de Deus a Moisés (Dt 18.15), prometendo um profeta que virá. Assim, os Judeus estavam esperando outro Profeta que estava por chegar. Não à toa, o ministério de João tinha umas características únicas que não se podiam negar. Se João não era o Messias, estava preparando a nação para a chegada dEle. As perguntas constantes permitem que João mostre a moderação para que esta seja vista pelos sacerdotes e levitas. As respostas gentis e firmes de João desafiam o espírito ansioso dos interrogadores. Finalmente, ele declara quem ele é diante da persistência deles. João responde usando um texto de Isaías (40.3), “Eu sou a voz que clama no deserto: endireita o caminho do Senhor.” Este texto bíblico indicava o sinal de uma profecia que declarava a chegada da liberdade ao povo eleito. Com esta declaração, João lembra a conexão entre Isaías e Malaquias 3.1. Ao mesmo tempo, coloca seu ministério em meio do Cântico do Servo (Is 40 - 54). A idéia transmitida era claramente a chegada do Rei, endireita o caminho do Senhor. Endireita lembra da justiça e retidão do caráter deste Rei e seu Reino (veja 1 Jo 2.29).
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João o Batista, o mensageiro, vem com uma palavra de esperança de Deus às nações, declarando que a obra de preparação tem começado, e tal preparação finalizará quando se manifeste o Autor da salvação. À diferença das mensagens anteriores, esta é única, porque é final. Se Deus prepara o caminho, não tem como voltar atrás. Esta é a missão de transformar os corações e mentes do povo de Deus para viver a realidade do Reino presente. Os obstáculos para obedecer, que observamos na Coleta, desapareceram. A obediência será novamente a marca do povo de Deus. A resposta de João causa certa confusão aos levitas e sacerdotes. A pergunta não trata sobre a questão do próprio batismo, mas sobre a autoridade que João tem para fazer tal batismo. Se ele fosse o Cristo, ou Elias, ou “o profeta,” poderiam entender porque ele estava estabelecendo um novo rito religioso, mas se ele não era nenhum deles, porque estava fazendo isso? Afinal, o rito do batismo não era para os Judeus, mas era um rito para os gentios que se convertiam ao Judaísmo e entravam no Pacto entre Deus e o seu povo. Que João requeresse do povo de Israel ser batizado, era uma clara afirmação de que ele considerava os mesmos como fora do Pacto, como Gentios. Tal julgamento só podia ser próprio do Messias, ou Elias, ou o Profeta. Então, João aponta em direcção ao nosso Senhor, Jesus Cristo, quando declara “”aquele que vem depois de mim, de que não sou digno de desamarrar as correias das sandálias.”
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Tal afirmação de João mostra grande humildade, já que sua declaração é uma referência à função dos escravos quando o seu senhor chegava em casa. Tal função era considerada o trabalho inferior e servil na época. O Judaísmo rabínico ensinava que um discípulo de um rabino deveria estar disposto a fazer todas as coisas que um escravo estava disposto a fazer com a exceção de desamarrar as correias das sandálias. Deste simples modo, João mostra sua total humildade e submissão ao Senhor. O ponto de João é claro. ele batiza em àgua, mas Aquele que vem depois, batizará no Espírito. Ele é o Cristo, o Rei. A CONCLUSÃO João fala àqueles que o questionam que o Senhor está perto. Ele faz isso com moderação. Deste modo, mostra a ênfase que é o que Ele faz o que importa, e não o que os homens fazem. Aqueles que duvidam e perguntam não tem paz nos seus corações, por isso estavam ansiosos em saber e conhecer quem João era. Se desejamos conhecer a paz verdadeira, poderemos conhecer somente através de Jesus Cristo. Os Judeus eram incapazes de entender o que Deus estava fazendo através de João. Logo, teriam a mesma dificuldade com Jesus, que tiveram com João. Temos paz somente quando trazemos todas as coisas a Deus em oração, por Jesus Cristo. A Encarnação é um mistério maravilhoso que encontramos face a face quando o Espírito nos 15
dรก vida e voltamos a Deus em Cristo. Assim, temos nEle tudo o que precisamos e somos. Tenhamos certeza de que conhecemos ao Senhor, Jesus Cristo, verdadeiramente, assim encontramos uma causa real para regozijarmos eternamente.
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