CNPJ 17.499.529/0001-02 O Último dos Tropeiros© seu logotipo, nomes e todos os personagens, bem como as distintas características e todo conteúdo são marcas registradas de JD produções. Todos os direitos reservados. Os eventos mostrados neste livro, salvo quando indicado, são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor.
VÔ !
CADÊ OS BOIS?
UÉ! ONDE ?!
LÁ NA FRENTE, NUM TA VENDO !?
NÃO TEM MAIS BOI NEM BOIADA, MAS JÁ TEVE...
E TEVE MUITO... BOI, VACA, PERU, PORCO, MULA E CANGAIA.
MAS ELE É MUITO PEQUENO PARA ISSO. É APENAS UMA CRIANÇA
“e mais faceiro que égua de dois potrilhos”
EU FUI CAPATAZ E CONDUZI ALGUMAS BOIADAS. MAS ERAM VIAGENS PEQUENAS
No entanto, o sangue tropeiro continuava pulsando forte. Zé Bento tornou-se boiadeiro.
Passo Santa Vitória
Tropeiros iam do Rio Grande do Sul até São Paulo, carregando mulas. O boiadeiro tocava gado de um lugar pro outro.
Feira de Sorocaba
TROPEIRO E BOIADEIRO SÃO DUAS COISAS BEM DIFERENTES
r r
Tinha porco do mato, lagarto, coruja, veado e outros bichos
As vezes o caçador
Até os mais corajosos
também era caçado
fugiam das feras
Hoje, Zé Bento é o último dos tropeiros.
NA SEGUNDA VEZ, TIVE QUE SER O MADRINHEIRO DA TROPA
O QUE É UM MADRINHEIRO?
IA NA FRENTE COM O CINCERRO BATENDO PARA GUIAR A TROPA
AS MULAS OBEDECIAM AO BARULHO?
SIM, E ME SEGUIAM
Ao chegar nas vilas e povoados ia pela estrada gritando:
QUEM QUÉ COMPRAR?
A missão foi tão bem feita que durante muitas outras empreitadas ele continuou no posto.
Ao longo das viagens, quando pernoitavam nos acampamentos era crucial manter um peão acordado. Tinha uns lugares em que os bugres roubavam enquanto os tropeiros dormiam.
FIZ MUITO FOGO
POR CAUSA DOS BUGRES VÔ?
NEM SEMPRE
Sentado a beira do fogo, olhos cravados no fogo do chão Olhando a fumaça subindo pro céu Quebra de um tapa o chapéu na testa
FUI COZINHEIRO DA TROPA. EU IA NA FRENTE, ANTES MESMO DO MADRINHEIRO EU E MINHA MULA
LEVAVA AS CUMBUCAS CHEIAS DE PAÇOCA, UMA MISTURA DE CARNE SECA COM FARINHA DE MANDIOCA
Repara nos campos, lá vem a boiada
Aos 31 anos fez sua última viagem como tropeiro.
O transporte de carga em mulas arreadas chegara ao fim.
ACABARAM AS MULAS, VÔ?
NÃO!
VIERAM OS CAVALOS DE FERRO
CAVALO DE FERRO QUE LEGAL ! COMO ELES ERAM?
GRANDES
MUITO GRANDES! VALIA POR UMAS 30 MULAS
Mas como zé bento parecia ter nascido em cima de um cavalo, ele continuou...
JÁ TOQUEI VACA, BOI, PERU, GALINHA, PORCO, JÁ TOQUEI ATÉ GENTE, MAS O QUE MAIS TOQUEI FOI MULA!
BURRO NÃO! MULA
DESDE CRIANÇA EU OUVIA FALAR DUM LUGAR ONDE TINHA TUDO QUE EU IMAGINASSE
SEI! TIPO UM SHOPING, VÔ ?
NÃO GURI ! ERA MUITO DIFERENTE
O MUAR ERA O MOTOR DA ECONOMIA BRASILEIRA
QUEM TINHA UMA MULA TINHA UM PATRIMÔNIO. ERA DE GRANDE UTILIDADE
FEIRA DE SOROCABA O movimento tropeiro, que começou por volta de 1730, teve seu ápice em 1897.
Depois disso o volume de tropas reduziu, mantendo certa frequência até 1930 e rareando cada vez mais com o passar do tempo.
Surgiram as mรกquinas e motores
Parece que Zé chegou ao seu destino
ZÉ BENTO !? O QUE TU TÁ FAZENDO DE VORTA?
DESSA TERRA SÓ VEM COISA BOA! O QUE NÓIS PRANTA, NÓIS CÓI!
VOLTEI POR CAUSA DO QUE ME DISSERAM...
EU NASCI NESSA TERRA EU NÃO PRANTEI MUITA COISA, MAS JÁ LEVEI PRA MUITO LONGE O QUE VANCÊIS PRANTARAM AQUI. AGORA, TRAGO QUASE NADA NA BRUACA, MAS EU QUERO, PELOMENO, MORRER NA TERRA QUE ME DEU A VIDA
SINTA-SE EM CASA, MEU FIÔ.
Zé Bento trocou a mula, as bruacas e as andanças pela enxada Casou-se, teve uma grande família e durante muitos anos, em Bom Jesus, ele limpou lotes e cortou gramas, mantendo nossa cidade limpa e bonita Muitos ainda o conhecem como “Seu Bentinho”
Com a idade avançada, ele não pode mais trabalhar, mas sempre tem um sorriso nos lábios e uma boa história para contar... quando consegue se lembrar.
GLOSSÁRIO Andanças: jornadas, aventuras Arreada: encilhada com arreios Boiada: rebanho bovino
Gado: grupo de animais destinados ao serviço agrícola, doméstico ou pessoal Muares: relativo a mula
Bandas: refere-se a lugar, espaço
Mula: animal híbrido resultante do cruzamento de burro-choro ou jumento com égua
Bugre: índio nativo
Munáia: grande, enorme
Bruaca: mala de couro cru para fixar na Cangaia
Poncho: capa de lã, com uma abertura no centro
Caducando: envelhecendo, perdendo a memória
Potrilho: cavalo novo
Cangaia: peça do arreamento do animal de carga
Tropa: grupo de animais levados de um lugar para outro
Cargueiro: mulas arreadas com cangalha e bruaca
Tropeada: viagem do tropeiro
Cavalo de ferro: trem, meio de transporte
Tropeirismo: atividade exercida pelos tropeiros
Cincerro: pequeno sino de com badalo de ferro
Tropeiro: aquele conduz tropas de animais
Cumbuca: tigela de barro pequena
Trouxa: fardo que contém roupas
O Último dos Tropeiros seu logotipo, nomes e todos os personagens, bem como as distintas características e todo conteúdo são propriedades de JOSIAS SILVEIRA DA SILVA, CNPJ 17.499.529/0001-02. Todos os direitos reservados. Os eventos mostrados neste livro, salvo quando indicado, são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor.
DEDICATÓRIA
O Último dos Tropeiros é uma obra de ficção baseada nos relatos do meu avô paterno, Bento Rodrigues da Silva, que sempre gostou de contar histórias de suas andanças. Em 2018, com 90 anos de idade, meu avô está com mal de Alzheimer, doença que causa esquecimento, e para não perder essas memórias e valorizar as raízes de nossa cultura, assim, resolvi homenageá-lo contando através de desenhos em quadrinhos algumas dessas lembranças.
SOBRE O AUTOR Josias Silveira, é artista gaúcho, nascido em 28/04/1987, em Bom Jesus – RS. Formado em Licenciatura Plena em Educação Artística, com Habilitação em Artes Plásticas pela UCS – Universidade de Caxias do Sul, em 2010. Amante da 9ª Arte e Colecionador de Quadrinhos desde a infância.
Professor de Desenho Artístico na INFOLINE – Centro de Ensino, em Bom Jesus no período de 2014 a 2015. Tutor/Orientador de Estágio para Artes Visuais no Ensino Médio em 2012, pela REGESD (Rede Gaúcha de Ensino Superior a Distância) no Polo UCS em Caxias do Sul. Tutor Presencial do Curso de Artes Visuais em 2011, pela REGESD (Rede Gaúcha de Ensino Superior a Distância) no Polo UCS em Caxias do Sul. Professor de Desenho Artístico em Caxias do Sul de 2010 a 2011, no ITC - Instituto Tecnológico de Cursos Profissionalizantes. É o criador da Bandeira do Tropeirismo, para o munícipio de Bom Jesus, apresentada em 2014 no Seminário Nacional de Tropeirismo. Trabalhou também produzindo charges para jornais regionais e diversas HQ’s institucionais. Desenvolve produções artísticas com linguagens múltiplas e variadas, tais como: desenho, retrato, caricatura, pintura, gravura, fotografia, escultura, vídeo-arte, intervenções, história em quadrinhos (HQ), grafite, logomarcas, locuções e produções de áudios, bem como atividades de ensino na área de Arte e Cultura. facebook.com/ArtedeJosiasSilveira desenhosjssilva.blogspot.com josiass.deviantart.com contato: j.arte@hotmail.com Caxias do Sul, RS, Outubro de 2018.
Este livro tem por objetivo a valorização da vida humana, de pessoas comuns que viveram grandes aventuras e que através do tempo foram esquecidas e da grande maioria ainda são desconhecidas, mas que fazem parte da história do povo brasileiro. Um pouco dessa história: antes das estradas de ferro, e muito antes dos caminhões, o comércio de mercadorias era feito por tropeiros, nas regiões onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial para sua distribuição. As regiões interioranas, dependeram durante muito tempo desse meio de transporte por mulas. Desde o fim do século XVII, deu-se a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano. Inicialmente chamados de homens do caminho, os tropeiros passaram a ser fundamentais no comércio. Longe de serem comerciantes especializados, os tropeiros compravam e vendiam de tudo um pouco: escravos, ferramentas, vestimentas etc. A existência do Tropeirismo estava intimamente relacionada ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, e esse constante movimento não só viabilizou o comércio como também se tornou elemento chave na reprodução econômica do país. Os tropeiros transportavam uma grande variedade de mercadorias como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, queijo, manteiga, farinha, sabão, salame, tecido, marmelada, carne seca, algodão, sal, etc. Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre si, numa época em que existiam poucos meios de comunicação no Brasil. O Último dos Tropeiros apresenta curiosidades, poesia, prosa, datas históricas e textos informativos. Reúne diversas expressões culturais, vocábulos típicos da época e região. Uma obra que retrata as experiências de vida de uma figura (o tropeiro) que ajudou a construir a história da nossa gente.
JOSIAS SILVEIRA DA SILVA
O O último último dos dos TROPEIROS TROPEIROS