CHOVE NO CAFEZAL DA DAFIGURA FIGURAÀÀABSTRAÇÃO ABSTRAÇÃO
Capa: Paisagem de Lins, 贸leo sobre tela, 50 x 60 cm, 1949. Foto M谩rcio Fischer
apresenta
CHOVE NO CAFEZAL
DA FIGURA À ABSTRAÇÃO
CAIXA Cultural São Paulo / Rio de Janeiro / Brasília / Salvador 2013
A CAIXA, uma das principais patrocinadoras da arte e cultura brasileira, destina anualmente mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, dando ênfase às exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional e artesanato brasileiro. Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para fazer mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todo o país como também dar mais transparência à utilização dos recursos da empresa. A exposição Chove no Cafezal – Mabe, da figura à abstração, traz a obra de um dos mais importantes nomes da arte visual brasileira, com enfoque em sua produção de meados dos anos 1940 até o final da década de 1950, que mostra os cafezais que coloriram sua vida e habitam suas telas. Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 152 anos de atuação no país e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação no presente, compromisso com o futuro do país e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 2
MABE, DA FIGURA À ABSTRAÇÃO “A vida era dura no cafezal. Trabalhávamos seis dias por semana. Meu pai respeitava minha inclinação para a arte, mas deixou claro que o trabalho no cafezal era prioritário, porque dele dependia o sustento da família numerosa. Por isso, eu só pintava aos domingos e nos dias em que chovia.” A declaração é de Manabu Mabe e foi feita em 1995, numa tarde de outono, quando conversamos longamente sobre sua vida e sua obra na ampla casa da rua das Canjeranas, no bairro de Jabaquara, em São Paulo. Mabe era então um profissional da pintura com carreira amplamente desenvolvida, o mais importante artista da abstração informal no Brasil. Alegre, jovial, atencioso, amava a arte e a vida. Para seu amigo e vizinho Wakabayashi, ele foi “um exemplo raro, entre os japoneses de sua geração, que não teve a experiência da guerra”. Estava no Brasil no período e, por isso, após o cessar-fogo, não se retraiu: conservou a expansividade e a alegria e expressou-as em sua arte. Mabe sempre teve uma relação especial com a beleza. Certa vez, afirmou: “O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo”. Com efeito, ele tinha uma visão singular da vida. E uma capacidade notável de transformar experiências vividas em matéria pictórica. As cores que ele via no cafezal reaparecem em suas telas em manchas que remetem ao gesto preciso do samurai ou à movimentação do agricultor que colhe e peneira café. Inquirido sobre o que a pintura representava para 4
ele, respondeu-nos: “Para mim, arte é brigar e brincar ao mesmo tempo. Brigar com as tintas, com as formas, com as cores e com as texturas; e brincar com elas ao mesmo tempo”. Para Mabe, o belo surgia do embate entre a reflexão e a ação, entre o tristitia e a laetitia, como acontece no barroco. O jornal Nihon Keizai Shimbum, do Japão, havia publicado, pouco antes, uma série de textos autobiográficos do artista, reunidos posteriormente no livro “Chove no Cafezal”. As duas publicações tornaram Mabe um dos imigrantes japoneses mais conhecidos e admirados em seu país de origem. O livro teve, em seguida, uma edição brasileira, o que ajudou a sedimentar seu forte prestígio junto à grande comunidade japonesa de São Paulo. Mabe fez os primeiros desenhos muito cedo, ainda no Japão. Emigrou com a família para o Brasil aos 10 anos de idade, dirigindo-se para fazendas de café no noroeste do Estado de São Paulo. Morou em Birigui, Guararapes e Lins, onde chegou, em 1940, com 16 anos de idade. Aos 18, morando na Colônia União, pensou pela primeira vez em tornar-se pintor. Na época, fazia desenhos com creiom, que trouxera do Japão, e paisagens com aquarela. Com 21 anos, entrou em contato com a tinta a óleo, com a qual começou a pintar sobre papelão. Recebeu então do fotógrafo Teisuke Kumassaka, que havia estudado pintura em São Paulo e no Rio de Janeiro, orientação sobre o preparo da tela e a diluição das tintas com terebintina e óleo de linhaça. Dois anos
depois, conheceu em São Paulo o pintor Tomoo Handa, do Grupo Seibi, e, em seguida, o pintor Yoshiya Takaoka, participante do Grupo Quinze. E, assim, Mabe foi se integrando ao ambiente artístico, tanto de Lins como de São Paulo, para onde mudou-se em 1957. Em 1950, Mabe iniciou trajetória artística excepcional, participando de exposições do Grupo Guanabara, do Salão do Grupo Seibi, do Salão Paulista de Arte Moderna (no qual conquistou a Medalha de Ouro em 1958), do Salão Nacional de Arte Moderna, da Bienal de São Paulo (1953 e 1955) e da Bienal de Tóquio. Mas foi em 1959 que sua estrela subiu às alturas. A presente mostra destaca pinturas e desenhos realizados por Manabu Mabe nos primeiros 15 anos de seu percurso artístico. Inclui desde naturezas mortas criadas em 1945, na Colônia Aliança, em Lins, até um desenho e uma obra abstrata produzidos em 1959, “the year of Manabu Mabe” segundo a revista Time. Por que 1959 foi cunhado como o ano de Manabu Mabe? Foi nesse ano que o artista projetou-se internacionalmente ao participar de coletivas na França, Alemanha, Áustria e Estados Unidos, conquistando um Prêmio Aquisição no Dallas Museum of Fine Arts e dois prêmios na Bienal de Paris (Prêmio Braun e Bolsa de Estudos). No Brasil, realizou nesse ano sua primeira exposição individual numa galeria do circuito comercial, a Barcinski, do Rio de Janeiro; participou do 8º Salão Nacional de Arte Moderna (Prêmio Isenção de Júri); do 8º Salão Paulista de Arte Moderna (Prêmio Governador do Estado); Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas; e da V Bienal de São Paulo,
na qual conquistou o Prêmio de Melhor Pintor Nacional, recebido das mãos do presidente Juscelino Kubitschek. Em 1959, Mabe produziu uma série notável de pinturas, aqui representadas por uma obra emblemática – “Ilusão de Azul”- que deu de presente a Aldemir Martins, um de seus amigos mais próximos. Em 1978, Mabe realizou importante exposição itinerante no Japão. O avião que transportava suas obras de volta ao Brasil caiu no Oceano Pacífico. Mabe perdeu, no desastre, 61 obras importantes de sua coleção pessoal. Vendo o amigo desolado, desfalcado de obras importantíssimas de sua lavra, Aldemir devolveu a Mabe o presente, com dedicatória. Esta exposição documenta o período de transformação da linguagem pictórica de Manabu Mabe, da figura à abstração, tendência que marcou a arte brasileira no final dos anos 50 e que teve na obra do pintor sua representação mais consistente. Na segunda metade dos anos 50, Manabu Mabe criou uma pintura abstrata que começou influenciada pelo geometrismo de representações estrangeiras das primeiras Bienais de São Paulo e de artistas construtivos brasileiros, e que evoluiu para um abstracionismo gestual e caligráfico que concilia vigor e delicadeza, oriente e ocidente, apolíneo e dionisíaco. Trata-se de obras belíssimas, corajosas, determinadas, frutos maduros de uma sensibilidade privilegiada, verdadeira orquestração de cores que permeia a sonoridade íntima da música de câmara e a vastidão de uma sinfonia. Enock Sacramento 5
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COLÔNIA ALIANÇA ÓLEO SOBRE TELA 30 x 40 CM 1947
PAISAGEM DE LINS ÓLEO SOBRE TELA 50 x 60 CM 1949 7
COLÔNIA ÓLEO SOBRE TELA 48 x 62 CM 1948
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RIO DE JANEIRO ÓLEO SOBRE TELA 38 x 46 CM 1953
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PAISAGEM ÓLEO SOBRE TELA 60 x 73 CM 1956
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FRUTAS ÓLEO SOBRE TELA 42 x 50 CM 1945
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NATUREZA MORTA COM BANANAS ÓLEO SOBRE TELA 33 x 43 CM 1945
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NATUREZA MORTA ÓLEO SOBRE TELA 40 x 50 CM 1948
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VASO COM FLORES ÓLEO SOBRE TELA 61 x 46 CM 1952
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VASO COM FLORES ÓLEO SOBRE TELA 61 x 46 CM 1953
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VASO COM FLORES ÓLEO SOBRE TELA 45 x 32 CM 1953
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VASO COM FLORES ÓLEO SOBRE TELA 60 x 73 CM 1956
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RETRATO ÓLEO SOBRE TELA 45 x 35 CM 1951-53
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RETRATO DE YOSHINO ÓLEO SOBRE TELA 40,5 x 30,5 CM 1956
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AUTORRETRATO ÓLEO SOBRE TELA 38 x 28 CM 1947
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AUTORRETRATO ÓLEO SOBRE TELA 50 x 40 CM 1949
AUTORRETRATO ÓLEO SOBRE MADEIRA 49 x 39 CM 1947
AUTORRETRATO ÓLEO SOBRE TELA 80 x 63,5 CM 1950
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PENEIRANDO CAFÉ HIDROGRÁFICA SOBRE PAPEL 14 x 8,8 CM DÉC. 1950
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PENEIRANDO CAFÉ HIDROGRÁFICA SOBRE PAPEL 14 x 8,8 CM DÉC. 1950
PENEIRANDO CAFÉ HIDROGRÁFICA SOBRE PAPEL 9,8 x 14 CM DÉC. 1950
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OIWAI MISTA SOBRE CHAPA 50 x 122 CM 1959
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SEM TÍTULO MISTA SOBRE PAPEL 21,5 x 24 CM DÉC. 1950
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NO CAFEZAL ÓLEO SOBRE TELA 60 x 73 CM 1956
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PAISAGEM DE SANTA TEREZA ÓLEO SOBRE TELA 46 x 55 CM 1955
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VIBRAÇÃO MOMENTÂNEA ÓLEO SOBRE TELA 60 x 73 CM 1955
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TERNURA ÓLEO SOBRE TELA 92 x 73 CM 1955
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PINTURA Nº 5 ÓLEO SOBRE TELA 129 x 78 CM 1957
VIVACIDADE ÓLEO SOBRE TELA 120 x 120 CM 1957
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SEM TÍTULO ÓLEO SOBRE TELA 50 x 60 CM 1957
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SEM TÍTULO ÓLEO SOBRE TELA 50 x 61 CM 1957
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SEM TÍTULO ÓLEO SOBRE CHAPA 51 x 62 CM 1958
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SEM TÍTULO MISTA SOBRE PAPEL 64 x 46 CM 1958
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SEM TÍTULO ÓLEO SOBRE MADEIRA 122 x 50 CM 1958
ILUSÃO DE AZUL ÓLEO SOBRE TELA 130 x 130 CM 1959
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Mabe pintando em seu ateliĂŞ
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CRONOLOGIA
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Navio La Plata-Maru, que transportou a família Mabe do Japão para o Brasil, em 1934.
1934 - Família Mabe no ano em que chegou ao Brasil.
1924 Manabu Mabe nasce na vila de Shiranui, município de Uto, província de Kumamoto, no dia 14 de setembro, filho de Soichi Mabe e Haru Mabe, proprietários de uma hospedaria. 1931 – 1934 Frequenta o curso primário inicialmente na escola de Shiranui; um ano depois transfere-se para a escola de Touno e, finalmente, em 1934, é novamente transferido, desta feita para a escola de Toyokawa, onde estuda durante o primeiro semestre. 1934 Emigra para o Brasil com seus pais e seus irmãos Satoru, Michiko e Hitoko. Desembarca no porto de Santos no dia 2 de outubro, depois de uma viagem de 46 dias no navio La Plata Maru. Dirige-se inicialmente para a fazenda Sakamoto, colônia Elísio, em Birigui, noroeste do Estado de São Paulo. 1937 Transfere-se para a cidade de Guararapes, SP. Nasce a irmã Yoshiko.
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1939 - Família Mabe: Satoro, Tetsuya, Manabu, Haru, Sunao, Soichi, Yoshiko, Hitoko. e Michiko.
1939 Nasce o irmão Sunao. 1940 Muda-se para Lins, fixando-se na Colônia União. 1942 Pensa em tornar-se pintor. 1945 Aprende com o fotógrafo e pintor Teisuke Kumassaka a preparar a tela e a diluir as tintas. 1946 Muda-se para a Colônia Aliança, em Lins. 1947 Viaja pela primeira vez a São Paulo, onde conhece o pintor Tomoo Handa, incorporando-se em seguida ao grupo de artistas japoneses que reunia-se, desde 1935, com o objetivo de trocar experiências e divulgar a produção artística da colônia japonesa
1949 - Família Mabe: Tetsuya, Sunau, Manabu, Soichi, Satoro, Haru, Michiko, Yoshiko e Hitoko.
1951 - Mabe e o Dr. Motomu Konda, amigo e incentivador.
em São Paulo. As atividades do grupo são interrompidas durante a guerra devido aos posicionamentos contrários do Brasil e do Japão no conflito. Mabe juntou-se ao grupo no momento em que ele passou a ser denominado Grupo Seibi ou, mais especificamente, Grupo Seibi-kai. (Sei - São Paulo; bi - artes plásticas; kai – agremiação). 1948 Compra um cafezal, em Lins. 1949 Falece seu pai. Mabe torna-se arrimo da família. 1950 Participa do 56º Salão Nacional de Belas Artes no MNBA, Rio de Janeiro, RJ. Participa da 1ª Exposição do Grupo Guanabara, na Galeria Domus, São Paulo, SP. 1951 Casa-se com Yoshino.
Kumassaka, década de 40 e em 1977.
Takaoka contribuiu para a formação artística de Mabe.
Participa do 1º Salão Linense de Artes Plásticas em Lins, SP. Medalha de Ouro. Participa do 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA, Rio de Janeiro, RJ. Participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Participa do 2º Salão do Grupo Guanabara, no Instituto dos Arquitetos do Brasil, São Paulo, SP. 1952 Participa do 17º Salão Paulista de Belas Artes, nos Salões do Trianon, São Paulo, SP. Menção honrosa. Participa do 1º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, no Clube Sakura, São Paulo, SP. Grande Medalha de Prata. 1953 Nascem seus primeiros filhos, Joh e Ken, gêmeos. Participa do 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA, Rio de Janeiro, RJ. Prêmio Aquisição. Participa da 2ª Bienal de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
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1954 - Mabe, com esposa Yoshino, a mãe Haru e os gêmeos Joh e Ken, em Lins, SP. 1959 - Reunião de integrantes do Grupo Seibi, em São Paulo. Da esquerda para a direita: Takahashi, Massuda, Okinaka, Tanaka, Handa, Kurihara e Manabu Mabe.
1954 Participa do 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Pequena Medalha de Prata. Participa da Bienal de Tóquio, Japão.
Primeira exposição individual. Clube Linense, Lins, SP. Vende o cafezal e transfere-se com a esposa e os três filhos, no dia 8 de outubro, para São Paulo, com o intuito de profissionalizarse como pintor. O início da vida como pintor não é fácil. Para reforçar o orçamento doméstico, Mabe pinta gravatas e placas. 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Pequena Medalha de Ouro.
1955 Nasce seu filho Yugo. Participa da 3ª Bienal de São Paulo, Parque Ibirapuera, São Paulo, SP. Participa do 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP.
1958 Participa do Salão A Mãe e a Criança, Rio de Janeiro, RJ. Participa da 4ª Exposição do Grupo Guanabara, na Associação Cristã de Moços – ACM, São Paulo, SP. Participa do 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Grande Medalha de Ouro.
1956 Participa do 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Pequena Medalha de Prata.
1959 Realiza exposição individual na Galeria Barcinski, Rio de Janeiro, RJ. Participa de exposição coletiva no Dallas Museum of Fine Arts, Dallas, EUA. Prêmio Aquisição.
Participa do 2º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, São Paulo, SP. Grande Medalha de Ouro.
1957
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1958 - Como protesto contra os critérios de seleção do júri da IV Bienal de São Paulo (1957), Isai Leirner organizou uma exposição dos principais recusados no saguão do edifício das Folhas de São Paulo. Criou, no ano seguinte, a Galeria de Arte das Folhas e o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Mabe recebeu, em 1958, este prêmio. Com a morte de Leirner, a galeria encerrou suas atividades em 1962. 1959 - Mabe recebe do presidente JK o Prêmio de Melhor Pintor Nacional, na V Bienal de São Paulo.
Participa da I Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, em Leverkusen, no Kunsthaus, em Munique, Alemanha e em Viena, Áustria. Participa da I Bienal de Jovens de Paris, França. Prêmio Isenção do Júri. Participa do 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ. Prêmio Isenção de Júri. Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas Participa do 8º Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ. Participa da V Bienal de São Paulo, no Parque Ibirapuera, São Paulo, SP. Prêmio Melhor Pintor Nacional. Participa da 5ª Exposição Do Grupo Guanabara, na Associação Cristã de Moços – ACM. Participa do 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP. Prêmio Governador do Estado.
Em 1960, naturaliza-se brasileiro e conquista o Prêmio Fiat na Bienal de Veneza. Em 1962, é destacado com o 1º Prêmio da I Bienal Americana de Arte, em Córdoba. Em 1972, morre sua mãe, Haru. Em 1986, é lançado pela Raízes Artes Gráficas, durante exposição retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo – MASP, o livro “Mabe”, em português, inglês e japonês, com 384 páginas, com textos de Pietro Maria Bardi, Jayme Mauricio, José Gómez Sicre, Theodore F. Wolff, Yasunari Kawabata, Taro Okamoto e Hideo Kaneko. Em 1992, pinta a cortina de fundo do Teatro Provincial de Kumamoto. Em 1994, publica sua autobiografia, em capítulos, no jornal Nihon Keizai Shinbum, de Kumamoto. Os textos são reunidos no livro “Chove no Cafezal”, no mesmo ano. Em decorrência de complicações provocadas por um transplante de rim, Manabu Mabe falece em 1997, em São Paulo. Os textos de sua autobiografia são traduzidos para o português e lançados, no Brasil, um ano após a sua morte.
1960-1997 Mabe desenvolve intensa atividade artística nesse período.
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FORTUNA CRÍTICA - 1959 Um jovem artista japonês desconhecido, Manabu Mabe, é o vitorioso (da V Bienal de São Paulo). Mal chegado do interior de São Paulo, onde fazia seu estágio obrigatório de imigrante. Mabe ganha instantânea notoriedade. De gosto inefavelmente japonês, as manchas de Mabe têm um poder emocional de fácil comunicabilidade, e com elas inaugura-se em definitivo a voga tachista no Brasil”. Mário Pedrosa, 1959 Bienal Ano a Ano, 5ª Bienal de São Paulo … Mabe é hoje um dos pintores de vanguarda do Brasil que oferece obras mais amadurecidas em relação à sua idade. Sem se desligar das suas legítimas origens japonesas, a obra de Mabe se enquadra na corrente mais profunda da pictografia simbológica (ou da arte signográfica) dos nossos dias. Sua família pictural é a mesma a que se filiam Soulages, Hartung, Mathieu, Kline, Vedova e outros de inspiração gráfica. Carlos Flexa Ribeiro, 1959 Catálogo da individual de Manabu Mabe na Barcinski Galeria de Arte, no Rio de Janeiro. Estamos, portanto, diante de um artista em plenitude de marcha sobre a sua desbordante visão da pintura contemporânea, recebendo e desenvolvendo influências e sugestões, com um tom absolutamente pessoal, na necessidade vital que o move e marca a sua produção. Geraldo Ferraz O Estado de S. Paulo, 5.4.1959 ...uma evolução pictórica entre as mais acentuadas, as mais fortes que podíamos assistir no Brasil. Wolfgang Pfeiffer Habitat, jan/fev. 1959 46
DEPOIMENTO DE MABE “O que é a arte”. Qual a finalidade de minha pintura?”. Um certo dia pensei sobre tudo isto e, desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou. Pescar lambaris e bagres em riachos do pasto, colher cocos e goiabas, brincar de correr atrás de pássaros são como poesias líricas inesquecíveis de minha infância. O fruto vermelho do café, as folhas verdes, o céu azul do interior ainda hoje são retratados sobre a tela e o sonho daquele jovem coberto de suor e poeira que cultivou a terra roxa ainda é o mesmo hoje aos sessenta anos, cuja alma produtiva e batalhadora pinta e apaga, raspa e torna a desenhar. Meu sonho é infinito e viajo pelo mundo da beleza. Aprender a manejar o belo e explorar a arte significa travar uma constante luta comigo mesmo. O sofrimento e alegria de produzir. O que será que me faz ficar assim tão absorto? É o belo. O belo surge diante de mim cada vez maior e mais amplo. Que porção dele ser-me-á possível apoderar até que esta vida se queime por completo? Aos sete anos de idade desenhei um guarda-chuva, aos dez, uma paisagem da colônia e, em 1953, passei a me preocupar com as cores e formas. Em 1958, explodiram as obras abstratas e as telas passaram a pulsar o sangue rubro da esperança e do excitamento. Sim, as obras são o registro de minha vida. A partir de então, minha vida foi toda talhada de obras. Tendo nascido no século XX, participo de alegrias e tristezas, de guerra e paz, dos desequilíbrios sócio-econômicos, ou de todos os acontecimentos do mundo como parte dele que sou. Como filho, fui abençoado pelo amor paterno e materno, coisa insuperável por qualquer bem material; como pai, tive alegrias e momentos de tristeza. Postado na eterna corrente histórica entre o céu e a terra deste imenso universo, esta pequena vida sonha alto em busca de um mundo ideal, e vive intensamente cada dia de sua vida. Manabu Mabe, 1985 47
CHOVE NO CAFEZAL - MABE, DA FIGURA À ABSTRAÇÃO CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 Centro CEP 01001-001 São Paulo SP Tel. (11) 3321-4400 De 18 de maio a 7 de julho de 2013 CAIXA Cultural Rio de Janeiro - Galeria 2 Avenida Almirante Barroso, 25 Centro CEP 20031-003 Rio de Janeiro RJ Tel. (21) 3980-3815 De 15 de julho a 8 de setembro de 2013 Terça a domingo, das 10h às 21h
Presidenta da República: Dilma Vana Rousseff Ministro da Fazenda: Guido Mantega Presidente da CAIXA: Jorge Fontes Hereda
CAIXA Cultural Brasília SBS Quadra 4, lote 3/4 CEP 70092-900 Brasília DF Tel. (61) 3206-9448 / (61) 3206-9449 De 17 de setembro a 17 de novembro de 2013 CAIXA Cultural Salvador Rua Carlos Gomes, 57 Centro CEP 40060-410 Salvador BA Tel. (71) 3322-0228 / (71) 3322-0219 De 10 de dezembro de 2013 a 16 de fevereiro de 2014
PRODUÇÃO
QSP 48
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FICHA TÉCNICA Curadoria: Enock Sacramento Cordenação Geral: Cláudia Lopes Produção Executiva: Ely Iutaka Produção Local: Simone Ajzental Assistente de produção: Joseph Motta Expografia: Cláudia Lopes Museóloga: Adriana Miyatake Iluminação: Floriano Van Tol Montagem: Kazuhiro Bedim e Wibeson Sallus Fotografias das obras: Márcio Fischer Revisão: Eliana M. F. Sacramento Transporte: Artquality AGRADECIMENTOS Família Mabe Instituto Manabu Mabe
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Distribuição gratuita. Comercialização proibida.
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