NOTAS PARA IMPRENSA – ACNUR: Julho
DESNUTRIÇÃO
DE
REFUGIADOS
SOMALIS
PREOCUPA
ACNUR
GENEBRA, 5 de julho (ACNUR) – A agência das Nações Unidas para Refugiados está preocupada com a alta incidência de desnutrição entre os refugiados somalis que fogem para a Etiópia e para o Quênia. Atormentada por conflitos há meses, a Somália agora enfrenta a pior seca dos últimos 60 anos. A violência implacável, agravada pela seca, forçou mais de 135.000 somalis a fugirem até agora. Somente em junho, 54 mil pessoas deixaram o país e ultrapassaram as fronteiras etíopes e quenianas, número três vezes superior ao registrado em maio deste ano. “O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) está preocupado com níveis de desnutrição jamais vistos entre os recém-chegados – especialmente entre crianças refugiadas”, disse a porta-voz chefe do ACNUR, Melissa Fleming, nesta terça-feira. “Mais da metade das crianças somalis que chegam à Etiópia estão seriamente desnutridas, e, entre as que chegam ao Quênia, de 30 a 40 por cento apresentam um quadro de desnutrição”, acrescentou. Segundo Fleming, o ACNUR estima que atualmente um quarto da população da Somália – 7,5 milhões – está internamente deslocada ou vive fora do país como refugiados. Ela acrescentou que a seca e a violência prevalecentes em algumas partes do sul e centro do país estão “transformando uma das piores crises humanitárias do mundo em uma tragédia humana de proporções inimagináveis”. Leia a íntegra desta notícia em www.acnur.org.br
CRISE NO CHIFRE DA ÁFRICA SUPERA CAPACIDADE DE AJUDA HUMANITÁRIA NA FRONTEIRA SOMÁLIA-ETIÓPIA DOLLO ADO, Etiópia, 8 de julho (ACNUR) – Com muita poeira soprando no deserto e em meio a uma das piores secas já registradas, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, liderou uma pequena missão à remota região do sudeste da Etiópia, onde há um intenso esforço para ajudar os milhares de refugiados somalis recém chegados, muitos deles gravemente desnutridos.
Por várias horas, Guterres e sua equipe visitaram áreas de acolhida e trânsito próximas a Dollo Ado, conversando com os refugiados e trabalhadores humanitários. Posteriormente, se dirigiram a uma localidade a 60 quilômetros ao oeste de Dollo para visitar um novo campo de refugiados em Kobe, o qual foi aberto há apenas algumas semanas, mas que, devido às novas chegadas, já está atingindo sua capacidade máxima de acolhida - 20 mil pessoas. “2011 tem sido um ano de muitas crises, mas acho que na Somália encontramos o pior desastre humanitário do ano”, disse Guterres aos jornalistas que o acompanhavam. “Nosso coração fica partido ao escutar mães relatando que, após caminharem por dias em busca de um local seguro, perderam seus filhos ao longo do caminho, vendo-os morrerem e a ajuda médica chegando tarde demais”. O que Guterres viu durante sua visita revela tanto o impacto da última crise da Somália em seus próprios deslocados – que agora já somam um quarto de toda a população – quanto as dificuldades que as organizações humanitárias enfrentam para responder à situação. Estresse a exaustão podem ser vistos nos rostos dos refugiados recém chegados, os quais aguardavam na fila para serem registrados e receberem cartões de racionamento e outros itens. A maioria é oriunda da região de Bay, a oeste de Mogadishu, e alguns afirmam ter caminhado por quase 30 dias para chegar ao campo. “Meu pai está criticamente doente, mas eu tive que partir com meus seis filhos por causa da insegurança”, disse uma mulher. “Não podemos viver lá”. Outras pessoas falaram sobre crianças morrendo ao longo da jornada. Para a Somália, que já estava em estado de falência por suas longas décadas de conflito, a seca levou a um aumento dramático do deslocamento. A produção de alimentos caiu, a ajuda alimentar conta com recursos escassos, e consequentemente os preços dos alimentos aumentaram acentuadamente. Para agravar a situação, em fevereiro houve uma ofensiva das forças pró-governo contrárias aos insurgentes Al-Shabaab, nas cidades próximas às fronteiras do Quênia e da Etiópia. Desde então o número de refugiados chegando a Dollo Ado sobe a cada mês: cerca de 54 mil pessoas chegaram em 2011, em uma média de 1,7 mil por dia. Ou seja, observa-se que as pessoas tiveram que se refugiar para conseguir ajuda. Entre os recém chegados a Dollo Ado, as taxas de desnutrição e mortalidade são muito altas. Ao menos 50% das crianças estão desnutridas ou severamente desnutridas. Taxas similares estão sendo registradas no Quênia.
Enquanto isso, trabalhadores humanitários e seus parceiros governamentais estão sobrecarregados. O grande número de chegadas está ultrapassando a capacidade de registro; os sistemas para satisfazer as necessidades alimentares e médicas estão prestes a colapsar; a eletricidade para bombear água para os campos está em falta, já que os painéis solares não funcionam bem devido ao mau tempo e às tempestades de areia. Além disso, há um problema de espaço. O campo de refugiados de Kobe é o terceiro aberto aqui até agora, mas mesmo tendo sido aberto há poucas semanas já está atingindo sua capacidade máxima de acolhida – 20 mil pessoas. No caminho para o campo, a equipe de Guterres ultrapassou um comboio com centenas de outros refugiados que se dirigiam a Kobe, onde filas e filas de tendas do ACNUR se estendem em direção ao horizonte. Novos campos são urgentemente necessários – e poderão ser montados se houver apoio da comunidade internacional. Para os jornalistas que acompanhavam sua visita, Gueterres falou sobre a necessidade de ajuda humanitária também dentro da Somália, para que as pessoas não tenham que cruzar fronteiras em busca de sobrevivência. Atualmente, a insegurança impede ou limita o grau de acesso que os agentes humanitários têm ao país. Em Dollo Ado, os trabalhadores humanitários constatam diariamente o drama humano– as famílias que chegam exaustas, as crianças que morrem ao longo do caminho, aparentemente toda uma população em movimento. “É uma situação que parte o coração das pessoas”, afirma Gueterres.Por Adrian Edwards, em Dollo Ado, Etiópia. Leia mais em: www.acnur.org.br
ACNUR LEVA AJUDA A MILHARES DE DESLOCADOS NA FRONTEIRA DO PAQUISTÃO ISLAMABAD, Paquistão, 12 de julho (ACNUR) – Enquanto o exérico paquistanês expande suas operações anti-insurgentes no noroeste do país, dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas na região de Kurram. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) intensificou os esforços de ajuda humanitária após uma missão de avaliação da ONU na semana passada. A ofensiva militar começou no final de junho no centro do distrito tribal de Kurram, uma das ete regiões que compôem o cinturão tribal
paquistanês, na fronteira leste do Afeganistão. As autoridades locais dizem que o conflito poderia levar 12 mil famílias – cerca de 84 mil pessoas – a deixar suas casas em oito aldeias através de uma área de 80 quilômetros quadrados, no centro e ao redor de Kurram. Nas últimas duas semanas, 700 famílias buscaram refúgio em um novo campo em Durrani, na cidade de Sadda, no baixo Kurram. Conhecida como Novo Durrani, o campo foi criado pela Autoridade de Gestão de Desastres locais, a 30 km da zona de conflito. Alguns de seus residentes disseram à missão da ONU que queriam ficar perto de casa. Autoridades locais registraram outras 8 mil famílias deslocadas que estão em áreas urbanas. Outras 200 famílias estão abrigadas em uma escola na cidade de Sadda. Provavelmente, alguns daqueles que permanecem com famílias de acolhida se mudarão para o acampamento em breve. "Embora as autoridades locais tenham se articulado rapidamente para fornecer tendas, alimentos e água potável ao acampamento, há uma necessidade urgente de melhorar a infra-estrutura por meio da disposição adequada de barracas, da construção de latrinas, banheiros e cozinhas, além da realização de processos de registros eletrônicos confiáveis”, disse o representante do ACNUR no Paquistão, Mengesha Kebede. "É por isso que estamos enviando, com urgência, profissionais especializados para ajudar as autoridades locais a gerir esta situação." O ACNUR está enviando planejadores e gestores de campos para Novo Durrani. A agência também vai financiar e prestar apoio técnico a um processo de registro computadorizado das pessoas deslocadas que ficam dentro e fora do campo. A agência já havia fornecido 700 tendas, 200 kits com suprimentos de emergência, e um armazém portátil. Sua equipe continuará distribuindo tendas e outros itens de ajuda humanitária para os moradores do campo. O ACNUR também irá trabalhar com as autoridades locais e organizações não-governamentais para armar barracas, fornecer refeições quentes, construir cozinhas, e distribuir lenha. Esta não é a primeira vez que pessoas foram forçadas a fugir do distrito de Kurram, que há vários anos enfrenta conflitos causados por tensões sectárias e pelo influxo de militantes das áreas vizinhas. Em 2010, cerca de 130 mil pessoas fugiram do baixo Kurram e refugiaram-se nos distritos de Peshawar, Kohat e Hangu na província vizinha de Khyber Pakhtunkwa. A maioria ainda é incapaz de retornar devido à tensão latente em suas áreas de origem.
Nos últimos três anos, sucessivas ondas de conflito entre forças do governo e militantes no noroeste do Paquistão deslocaram mais de 4 milhões de pessoas. A grande maioria já voltou para casa, mas cerca de 400 mil pessoas das áreas tribais do Waziristão do Sul, Orakzai, Kurram, Khyber, Mohmand e Bajaur continuam deslocadas. Cerca de 57 mil vivem em quatro campos de refugiados, mas a maioria vive em comunidades de acolhida em Dera Ismail Khan, Kohat, Peshawar, Tank e nas áreas de Hangu, na província de Khyber Pakhtunkwa. Por Ariane Rummery e Duniya Leia mais em: www.ancur.org.br
Khan
em
Islamabad,
Paquistão
VÔOS DO ACNUR AJUDAM REFUGIADOS SOMALIS NO QUÊNIA E NA ETIÓPIA NAIROBI, Quênia, 18 de julho (ACNUR) – O primeiro de uma série de vôos de emergência levando tendas do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) já chegaram à Etiópia e ao Quênia. Suas cargas estão sendo rapidamente transportadas às fronteiras com a Somália para abrigar milhares de refugiados que fogem do conflito e da seca no país. Nesta segunda-feira, o Boing 747 fretado pelo ACNUR chegou à capital etíope, Addis Ababa, trazendo 2,100 tendas do depósito do ACNUR em Dubai. Outros vôos trarão mais tendas, além de veículos e geradores para a operação da agência em Dollo Ado, no sul da Etiópia - onde 75 mil somalis buscaram refúgio desde o começo deste ano. No Quênia, o primeiro vôo chegou a Nairóbi no domingo com 100 toneladas de tendas provenientes do depósito do ACNUR no Kuwait. As 2,3 mil tendas familiares foram transferidas para caminhões e transportadas até o complexo de refugiado de Dadaab, no leste do Quênia, aonde 60 mil somalis chegaram desde janeiro. “Cerca de três mil pessoas por dia estão chegando à Etiópia e ao Quênia”, disse o porta-voz do ACNUR em Nairóbi, Ron Redmond. “Dadaab está completamente abarrotado, abrigando atualmente quatro vezes mais pessoas do que a sua capacidade inicial. Outros 1,5 mil refugiados continuam chegando diariamente”. Muitos dos refugiados chegam ao país em condições precárias devido à seca e à insegurança na Somália, e exaustos após semanas de caminhada em busca de ajuda. Eles recebem imediatamente tratamento e assistência, mas o ritmo acelerado de chegadas está superando a capacidade de resposta
dos países de abrigo, os quais também estão sofrendo com a pior seca que afeta a região em 60 anos. Entretanto, na semana passada o governo do Quênia anunciou a expansão de Dadaab, com a abertura do campo Ifo II, com a intenção de diminuir a concentração de refugiados no complexo. Autoridades na Etiópia também estão construindo um novo campo, Hilowen, para abrigar os refugiados somalis recém chegados. Além dos vôos levando itens de ajuda humanitária, o ACNUR também está enviando equipes de emergência para trabalhar com planejamento, administração do campo, proteção, prestação de serviços comunitários e assistência médica. A agência fez um apelo por US $136.3 milhões para atender às necessidades de sobrevivência dos refugiados em Djibouti, Etiópia e Quênia até o final deste ano. Leia mais em: www.acnur.org.br
ACNUR INTENSIFICA AJUDA HUMANITÁRIA NO INTERIOR DA SOMÁLIA GENEBRA, 19 de julho (ACNUR) – O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) está intensificando a ajuda humanitária emergencial no sul e oeste da Somália, enquanto monitora o deslocamento de pessoas para países vizinhos em busca de assistência. Trabalhando com parceiros locais, o ACNUR distribuiu kits humanitários para 90 mil pessoas em Mogadishu, Belet Hawa e Dobley, no noroeste da Somália. Os kits continham lonas plásticas, cobertores, utensílios de cozinha e galões de água, entre outros artigos. A partir de terça-feira, outros kits serão distribuídos para mais de 125 mil pessoas em outras localidades das regiões de Gedo e Lower Juba. A assistência também será entregue em Mogadishu, no corredor de Afgooye e em Lower Shabelle, no sudeste do país. Vinte anos de conflito trouxeram caos e anarquia para várias regiões da Somália, especialmente nas áreas centro-sul. “Atualmente, a situação para está longe do ideal”, disse o uma coletiva de imprensa em acesso e garantias de que o respeitado”.
os trabalhadores humanitários na Somália porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, em Genebra nesta terça. “Precisamos ter maior caráter humanitário do nosso trabalho seja
As negociações acerca do acesso humanitário ao país estão sendo
conduzidas coletivamente pela ONU, disse Raouf Mazou, vice-diretor da divisão do ACNUR para o Leste e o Chifre da África, Chade e Sudão. “Algumas garantias foram dadas, mas precisam ser testadas”. A violência crônica, associada a desastres naturais e ondas de secas, deslocou mais de um quarto da população somali de 7.5 milhões. Neste ano, mais de 160 mil somalis fugiram para países vizinhos, como Djibouti, Etiópia e Quênia, enquanto cerca de 1,5 milhões de pessoas se deslocaram internamente. Tukaay Siyaadow Isaak, de 47 anos e mãe de oito filhos, fugiu de Baidoia, no centro da Somália, e viajou por 20 dias até chegar a Galkayo, mais ao norte. A família se estabeleceu no campo de deslocados internos de Bulo Kontrol. “Decidimos partir quando todos nossos animais morreram com a seca. Viemos para cá porque precisávamos sobreviver. A jornada foi longa e terrível. Tivemos que depender da boa vontade das pessoas para sobreviver”, disse. “Alguns foram para Dadaab [Quênia] enquanto outros foram para outros locais na Somália. Escolhi vir para cá porque Dadaab não fica no meu país. Mesmo assim, eu não conheço ninguém aqui. Estou totalmente perdida. Não sei o que irá acontecer”. Somalis que cruzaram para países vizinhos estão sendo acomodados em campos de refugiados superlotados. O Dr. Paul Spiegel, que coordena o departamento de Saúde Pública e HIV do ACNUR, esteve recentemente na área fronteiriça de Dolo Ado na Etiópia. Ele disse aos jornalistas baseados em Genebra, que os recém chegados ao campo de Kobe estão em péssimo estado. “Em junho, a taxa de mortalidade diária no campo era de 7.4 a cada 10 mil pessoas – 15 vezes a taxa normal da África Subsaariana”. Mais da metade da população do campo sofre de desnutrição aguda. Ele disse ainda que as condições de saúde melhoraram durante o mês de julho, “provavelmente devido ao fato de que os refugiados não estão esperando a situação ficar crítica para deixar seus locais de origem”, e ao foco nos tratamentos de crianças com menos de cinco anos que se encontram gravemente desnutridas. Outros desafios na área de Dolo Ado, incluem uma severa escassez de água e latrinas para a maior parte dos refugiados recém-chegados. Enquanto isso, o ACNUR está fortalecendo seus mecanismos de monitoramento dos movimentos populacionais e de proteção nas rotas que levam aos campos de refugiados de Dolo Ado e Dadaab, na Etiópia e no Quênia respectivamente. Espera-se que relatórios regulares permitam
ao ACNUR e outras agências ssidade deintervenções humanitárias.
humanitárias
informar
a
nece
“Considerando o grave estado de saúde de vários refugiados que chegam aos campos, o ACNUR acredita ser fundamental que as pessoas na Somália consigam encontrar ajuda no lugar onde estão”, disse Edwards. “Pode ser que isso contribua para diminuir a necessidade de deslocamento para países vizinhos, onde os campos de refugiados já estão abarrotados. Continuamos buscando todas as formas de intensificar nosso trabalho no interior da Somália”. Leia mais em: www.acnur.org.br
FAMÍLIA ERITRÉIA DEIXA CAMPO NA TUNÍSIA PARA RECOMEÇAR VIDA NA BÉLGICA CAMPO DE CHOUCHA, Tunísia, 20 de Julho (ACNUR) - Filmon nasceu na Eritréia, nunca sonhou ou desejou sair de seu país e afirma que seu coração permanece lá. Nesta semana ele e sua família embarcaram em um avião rumo a uma nova vida a mais de cinco mil quilômetros de distância. “O sentimento de liberdade, a segurança e uma oportunidade de continuar aprendendo é tudo o que eu sempre quis”, disse o pai de dois filhos, de 29 anos. Sua sede por liberdade e conhecimento tem sido uma força impulsora em sua vida. Forçado a se juntar ao exército eritreu aos 19 anos, conseguiu completar um curso de gestão na Universidade de Asmara e começou a trabalhar como funcionário público no Ministério de Transporte. Porém quando se negou a espiar as inclinações políticas de seus colegas, Filmom foi detido. Meses mais tarde, após sua libertação, decidiu deixar seu país, temendo que sua próxima detenção não terminasse tão rapidamente. Durante os quatro anos seguintes, Filmon e sua esposa Belaynesh fizeram uma perigosa jornada através de Etiopia, Sudão e Líbia. Em cada país, eles tentaram se estabelecer e começar de novo. Porém por não conseguir se registrar, acabava sendo impedido de usar suas habilidades e qualificações, e submetido a exploração e constante risco de deportação.
Após mais de um ano lutando em Tripoli, Filmon, Beaynesh e seus filhos gêmeos, Ebin e Ezer, foram registrados como refugiados pelo Acnur, na capital Libia. Nove meses depois, o conflito Líbio levou a família a fugir mais uma vez, agora para campo Choucha na Tunísia, junto com centenas de milhares de outros estrangeiros que viviam na Líbia. Desde o inicio do influxo massivo de refugiados para a Tunísia, em fevereiro de 2011, muitos residentes de Choucha originários da Ásia e da África Ocidental puderam ir para casa. Mas milhares de solicitantes de refúgio e refugiados, como Filmon, não têm a opção de retornar, já que isso colocaria suas vidas em perigo. A vida em Choucha é dificil. O campo é completamente dependente de ajuda humanitária, submetido ao esmagador calor do verão e tempestades de areia. Um incêndio em maio quase destruiu por completo o campo. Cerca de quatro mil refugiados estão perdendo a esperança, o que levou o Acnur a apelar à comunidade internacional a agir mais rapidamente. “Estamos fazendo um apelo aos países de reassentamento para que forneçam mais oportunidades para esses refugiados, pois o reassentamento é uma ótima solução para eles e faz parte de um marco de divisão de responsabilidades, especialmente com a Tunísia, que abriu suas portas para as pessoas que fugiam da guerra na Líbia apesar de também estar enfrentando um momento delicado”, disse Nasir Fernandes, Coordenador Senior de Emergência no sul da Tunísia. A Bélgica foi um dos primeiros países a dar uma resposta. A partir da decisão do gabinete ministerial em março, o Secretário de Estado para Migração e Asilo, Melchior Wathelet, anunciou a transferência de 25 refugiados de Choucha para a Bélgica. “Essas pessoas precisam de proteção, eu estou orgulhoso de que a Bélgica, assim como outros países Europeus, esteja assumindo suas responsabilidades,” disse. “Fornecer proteção para aqueles que necessitam representa, além de uma obrigação internacional, uma obrigação moral.” De volta a Choucha, a perda da esperança traz a tentação de medidas desesperadas. Filmon admitiu ter pensado em atravessar o Mediterrâneo com contrabandistas. “Eu pensei nisso, embora eu tenha muitos amigos que morreram no mar. Mas eu não podia deixar minha família correr esse risco,” ele disse. Mesmo poucos dias antes de seu vôo para Bruxelas, Filmon ainda estava muito ocupado para pensar no futuro. Ele estava se certificando se sua partida não afetaria os colegas refugiados que
ele havia ajudado – tanto como líder comunitário quanto como intérprete trabalhando com o Acnur em entrevistas e registros de refugiados, ajudando-os a encontrar um caminho fora do campo. Agora, Filmon e sua família, juntamente com outras seis provenientes da Eritréia, República Democrática do Congo e Somália, partiram para começar uma nova vida. Em breve, mais familias de refugiados partirão para a Noruega. Talvez, suas partidas tragam um pouco de esperança para aqueles que ainda definham nas tendas de Choucha. Leia mais em: www.acnur.org.br VÍTIMAS DA FOME NA SOMÁLIA SE DIRIGEM A MOGADISHU ENQUANTO CAMPOS REGISTRAM MORTES Genebra, 22 de Julho (ACNUR) – Deslocados pela fome e pelos conflitos, mais de 20 mil pessoas desesperadas buscaram refugio na capital Somali, Mogadishu, ainda neste mês. Milhares de pessoas, algumas à beira da morte, continuam fugindo para a região. “Diariamente, uma média de mil pessoas chegam a Mogadishu buscando ajuda,” disse a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, nesta sexta-feira em Genebra. “A maioria vem de áreas atingidas pela fome, como o sul de Shabelle e Bakool.” Na quarta-feira, o Alto Comissariado da ONU para refugiados (ACNUR) distribuiu por meio de seus parceiros pacotes de assistência de emergência beneficiando 15 mil deslocados internos no distrito de Dharkenley, sudoeste de Mogadishu. Um adicional de 7,5 mil pacotes será distribuído nas próximas semanas – cada pacote contém uma lona para abrigo, três cobertores, uma esteira de dormir, dois galões de gasolina e um conjunto completo de utensílios de cozinha. “Estamos tentando levar a ajuda para as pessoas na própria Somália, evitando que elas tenham que realizar uma difícil jornada até o Quênia ou a Etiópia,” disse Fleming. Levados ao desespero, muitos somalis ainda estão fazendo essa viagem. O campo de Dadaab, no Quênia, está recebendo cerca de 1,5 mil novos refugiados somalis diariamente, enquanto centenas chegam todos os dias à área de Dollo Ado, na Etiópia. Mais da metade deles vem das regiões de Gedo, Bay e Bakool, no centro-sul da Somália. Eles dizem que eram pastores e fazendeiros que
fugiram da persistente seca, assim como da violência que os forçou a abandonar suas terras e gado. Muitos refugiados estão chegando em péssimas condições devido a meses de privação e à longa viagem em busca de ajuda. “Esta é uma situação de emergência nutricional,”disse Fleming, observando que 15 mortes por desnutrição e outras doenças já foram reportadas na terça-feira no campo Kobe, em Dollo Ado. Funcionários do ACNUR em Dadaab também estão relatando um aumento no número de mortes por desnutrição aguda, principalmente entre crianças. Crianças menores de cinco anos são as mais vulneravéis, mas o ACNUR também está preocupado com a desnutrição entre os refugiados com idade entre 5 e 18 anos. “Se tratada precocemente e corretamente, a maioria das crianças desnutridas pode se recuperar fisicamente", disse o Dr. Paul Spiegel, chefe de Saúde Pública e do Departamento de HIV do ACNUR. "Mas os recém-chegados, com desnutrição grave, estão levando mais tempo do que o normal para se recuperar, às vezes de seis a oito semanas – provavelmente devido às terríveis condições em que chegam aos campos." Todos os recém-chegados aos campos são registrados e passam por exames de saúde. Os desnutridos e as pessoas com complicações médicas são encaminhadas para clínicas, inclusive para uma seção de nutrição terapêutica. Em Dollo Ado, centro de trânsito na Etiópia, o Acnur está fornecendo duas refeiçoes quentes por dia para mais de 11 mil recém-chegados que vivem em tendas improvisadas. O número de chegadas está superando a capacidade de acolhida desta área seca e remota. O campo de Kobe, aberto no mês passado, já está lotado, com mais de 25 mil refugiados. Um novo campo, Hilaweyn, está quase concluído e receberá até 60 mil pessoas. A acolhida dos refugiados neste campo está prevista para começar em duas semanas. "A superlotação é um problema tanto em Dadaab quanto em Dollo Ado", disse Fleming. "Para diminuir a super lotação, o ACNUR continua realizando vôos de emergência com ajuda humanitária, incluindo tendas para mais de 75 mil pessoas." Quênia e Etiópia receberam três vôos cada, sendo que cada um trouxe 100 toneladas de suprimentos de socorro e tendas. Dos aeroportos das capitais, esta ajuda é imediatamente enviada para as regiões fronteiriças que recebem os refugiados em Dadaab e Dollo Ado.
Desde janeiro deste ano, o Quênia já recebeu mais de 100 mil somalis este ano, 60 mil na área Dadaab; a Etiópia mais de 75 mil, 74 mil na região de Dollo Ado; e Djibouti mais de 2,3 mil. O ACNUR enviou 60 equipes de emergência para a região para assistir os refugiados recém-chegados, e outras 11 equipes estão a caminho. A agência precisa de fundos emergenciais no valor de U$136 milhões para responder a esta emergência até o final do ano. Leia mais em: www.acnur.org.br ACNUR comemora 60 anos da Convenção de 1951 para Refugiados Genebra, 28 de Julho de 2011- A Convenção para Refugiados de Genebra comemora hoje seu 60°aniversário enquanto o fenômeno do deslocamento forçado se torna cada vez mais complexo e os países em desenvolvimento lutam para acolher a grande maioria dos refugiados do mundo. A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados foi formalmente adotada em 28 de julho de 1951 para resolver os problemas dos refugiados na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Esse tratado global proporciona define quem vem a ser um refugiado - uma pessoa com um fundado temor de perseguição por motivos de raça, nacionalidade, religião, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política - e esclarece os direitos e deveres entre os países de acolhida e os refugiados. O fundamento legal que está nos pilares do trabalho do ACNUR permitiu que, nos últimos 60 anos, a agência ajudasse milhões de pessoas deslocadas a recomeçar suas vidas. Atualmente, a Convenção continua sendo a pedra angular da proteção a refugiados. Sofreu adaptações e resistiu a seis décadas de grandes mudanças, mas hoje enfrenta desafios sem precedentes. “As causas de deslocamento forçado estão se multiplicando,” disse o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres. “Pessoas são deslocadas não apenas por conflitos e perseguições, mas também pela extrema pobreza e pelo impacto das mudanças climáticas. Esses fatores estão cada vez mais inter-relacionados." Na Somália, mais de 170 mil pessoas fugiram desde janeiro para países vizinhos, sendo a seca, a fome e a insegurança algumas das razões para partir. Até um milhão de pessoas deixaram a Líbia, entre elas,
refugiados e solicitantes de refúgio, mas também migrantes econômicos que buscavam uma vida melhor em outro lugar. “Precisamos ter fronteiras sensíveis à proteção, para que as pessoas que temem por suas vidas ou liberdade possam encontrar segurança”, disse Guterres. “Ao mesmo tempo necessitamos encontrar formas inovadoras para preencher as crescentes lacunas no sistema de proteção internacional e promover os valores de tolerância e inclusão, em vez de medo e desconfiança.” Quatro quintos dos refugiados do mundo vivem em países em desenvolvimento, e as recentes crises na Somália, Líbia e Costa do Marfim têm aumentado esse número. Com a África Oriental lutando para lidar com a pior seca em 60 anos, Quênia, Etiópia e Djibouti estão acolhendo aproximadamente 450 mil refugiados somalis - e os números crescem diariamente. Tunísia e Egito têm recebido a maior parte do êxodo da Líbia em meio à turbulência da primavera árabe. Ainda sem se recuperar de anos de conflito civil, a Libéria oferece refúgio a mais de 150 mil marfinenses, que fugiram da violência pós-eleitoral e da situação ainda incerta em seu país. Comparativamente, os 27 países da União Européia receberam juntos aproximadamente 243 mil pedidos de refúgio no ano passado, cerca de 29% do total mundial. “A Europa deve isso a essas pessoas, a todos os refugiados, e a ela mesma em defesa dos valores da Convenção de 1951 para Refugiados,” disse o Alto Comissário, observando que a UE tem capacidade para aumentar a sua quota de responsabilidade em relação aos refugiados e solicitantes de refúgio. “Atualmente, a criação de um sistema comum permanece improvável, já que ainda persistem diferenças significativas entre os Estados-Membros frente à acolhida e tratamento dos solicitantes de refúgio. Esperamos que o 60 º aniversário da Convenção para Refugiados possa dar um impulso à criação de um verdadeiro Sistema Europeu Comum de Refúgio. A Europa também poderia fazer mais para reassentar refugiados", disse Guterres, referindo-se ao processo pelo qual os refugiados em um país, geralmente em desenvolvimento, são realocados em novos países, em geral no mundo desenvolvido. A Dinamarca foi o primeiro estado a ratificar a Convenção de 1951. Sessenta anos depois, 148 estados (três quartos das nações do mundo) são signatários da Convenção e/ou do Protocolo de 1967. Nauru é o mais recente, signatário desde junho deste ano. Porém ainda há partes do
mundo - sobretudo no Sul e Sudeste da Ásia e no Oriente Médio- onde a maioria dos estados ainda não ratificou a Convenção. Em dezembro, a Agência das Nações Unidas para Refugiados convocará uma reunião ministerial dos estados signatários da Convenção de 1951. Os estados poderão reafirmar seu compromisso com a Convenção como instrumento fundamental de proteção dos refugiados e garantir ações concretas para resolver os problemas desta população e dos apátridas. A reunião também buscará soluções para as lacunas de proteção existentes no cenário do deslocamento forçado. Para comemorar o 60 º aniversário da Convenção, o ACNUR lançou na América Latina e na Espanha a campanha “Vamos calçar os sapatos dos refugiados e dar o primeiro passo para compreender sua situação”. Ao contar histórias pessoais de refugiados e outras pessoas forçadas a se deslocar, esta campanha pretende ressaltar a dimensão humana de um tema freqüentemente dominado por números e estatísticas. Para mais informações acesse: http://www.unhcr.org/do1thing