TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE • FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
SÃO PAULO • 2022
Júlia Akemi Maq uino Victor
Orientadora: Prof. Dra. Daniela V. Getlinger
AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho aos meus pais, Celina e Marco, e aos meus avós, Seu Minoru e Dona Amélia, que apesar de não entenderem nada do que eu fazia, sempre se disponibilizaram a me ajudar quando precisei.
Gostaria de agradecer a todos que cruzaram o meu caminho nesses 5 e intensos anos, e em especial aos meus amigos sempre presentes:
Giovanna Mayumi, Renato Peluso, Pedro Leote e Caterina Olivi.
Ao Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura Mackenzie - DAFAM e a Atlética Arquitetura Mackenzie (Chapa Joia), que além dos bons momentos, foram ambientes que agregaram e ensinaram além da arquitetura.
Á minha orientadora, Daniela Getlinger, que me viu dar “cabeçadas” a beça, mas sempre esteve lá para me direcionar quando estive mais do que perdida.
Ao meu professor de projeto, Daniel Corsi, que também me ajudou e me guiou com ótimas referências, ideias e se mostrou presente nesse processo estressante porém gratificante.
Obrigada :)
ABSTRACT
This work addresses the issue of the exacerbated and injudicious demolition of the city and the possibility of transforming places that no longer fulfill a social function, into spaces for public use, benefiting the community.
The territorial cut is the Parque Dom Pedro II, more specifically, the Quartel Tabatinguera (also known as 2º batalhão de Guardas), a building that today is in a state of total abandonment. From the survey of the existing infrastructure and the buildings that are already - or that are in the process of becoming - focal spaces, it is proposed the revitalization of the ruins of the barracks and the construction of new buildings, in order to house a program of public use, aiming to contribute to the existing “cultural ring” formed by buildings such as the Mercado Municipal, Sesc Parque Dom Pedro II, Casa das Retortas, entre outros.
The inhospitable area, partially walled and in ruins, would be transformed into a space for permanence in the center of the city, housing a center for the production and research of vegetation, a museum, temporary housing for researchers and space for street markets.
RESUMO
Este trabalho aborda a temática da demolição exacerbada e pouco criteriosa da cidade e da possibilidade de transformar locais que deixaram de cumprir uma função social, em espaços de uso público, beneficiando a comunidade.
O recorte territorial é o Parque Dom Pedro II, mais especificamente, o Quartel Tabatinguera (também conhecido como 2º Batalhão de Guardas), edifício que hoje encontra-se em estado de total abandono. A partir do levantamento das infraestrtuturas existentes e das edificações que já são - ou que estão em processo de vir a ser - espaços focais, propõem-se a revitalização das ruínas do Quartel e a construção de novos edifícios, de forma a abrigar um programa de uso público, visando contribuir para o já existente “anel cultural” formado por edifícios como o Mercado Central, o Sesc Parque Dom Pedro II, a Casa das Retortas, entre outros.
A área inóspita, parcialmente murada e em ruínas, seria transformada em um espaço de permanência no centro da cidade, abrigando um centro de produção e pesquisa de vegetações, um museu, moradia temporária de pesquisadores e espaço para feiras livres.
“
Espero mudar o paradigma, levar as pessoas a sonhar e arriscar.
Não é porque você é rico que você deve desperdiçar material. Não é porque você é pobre que você não deve tentar criar algo de qualidade, [...] Estamos interligados e as preocupações com o clima, a democracia e a escassez são preocupações de todos nós. ”
- Francis Keré Vencedor do Prêmio Pritzker de Arquitetura 202201.1
Entendendo o processo de [des]uso
O ciclo de vida arquitetônico pode ser resumido de forma bem simples. Concepção, construção , uso, desuso e demolição. Nos últimos tempos, surgiram tendências alternativas desse roteiro, com a inclusão de pensamentos contemporâneos como retrofit, formas construtivas sustentáveis, bioarquitetura, modularidade, vernicularidade, efemeridade, conceitos esses, que foram pensados a partir de projeções climáticas feitas pelos cientistas do mundo, percebendo que os recursos naturais do planeta estão se esgotando cada vez mais rápido.
investimentos (de iniciativas privadas) para sua manutenção; e os que são apenas deixados a degradação do tempo, o que torna evidente o fator catalisador de abandono do local ou a falta de intersse de preservação.
Estes resíduos urbanos arquitetônicos são esquecidos ou ignorados e viram o alvo principal de vandalismos, ocupações ilegais ou de descarte indevidos. Mas porque não há senso comum de preservação do patrimônio coletivo na cidade?
Doravante, é possível repensar a demolição desgovernada que atinge São Paulo sob comando do Mercado Imobiliário e das novas necessidadades (a partir da nova experiência pós pandemia), gerando um extenso e quase invisível apagamento da memória e arquitetura histórica dos bairros da cidade e subistituindo-a por uma estética genérica, atualmente muito repetida e pensada para ser obsoleta.
Ao fazer trajetos rotineiros, podemos perceber que alguns pontos da cidade permanecem “congelados no tempo”, sendo existentes duas vertentes: patrimônios urbanos que recebem
Fonte: BBC News Brasil / out2021
Notícias sobre a demolição de bairros tradicionais de São PauloNotícias sobre a demolição de bairros tradicionais de São Paulo
Fonte: G1 - Estadão - Estadão Imóveis - Notícias R7 - Casa e Jardim
O capitalismo na arquitetura se aplica como o conceito de vendas comum: consumismo irracional a curto-prazo. A excessiva produção de novos imóveis para abastecer uma população cada vez mais gananciosa é realidade na atualidade, onde o antigo é visto como obsoleto ou muito caro para ser “retrofitado” de forma correta.
De acordo com David Harvey, os estilos arquitetônicos não deveriam competir, e sim conviver entre si, harmoniosamente, mantendo claro a diferença entre o antigo e o novo, como uma forma de respeito. O autor descreve o processo de transformação do bairro de Les Halles emParis, que foi inteiramente demolido e reprojetado, apagando e gerando um sentimento de perda por parte da população que residia ali.
Na atualidade paulista, enfrentamos demolições em massas de bairros historicamente operários, que continham casas geminadas e na maioria das vezes térreas para abrigar as famílias dos trabalhadores, para dar espaço á grandes condomínios murados, com todos os aparatos de uma pseudosegurança e lazer destinado apenas a moradores. Desse modo, criamos a distopia dos conceitos citados e indicados por diversos urbanistas, que sugerem fachadas ativas, conexão com a vegetação, permeabilidade, relação de visões entre interior e exterior (respeitando a privacidade, é claro) para uma cidade que seja de aproveitamento público e coletivo.
Desenho ilustrando a padronização, produção em massa e apagamento histórico das cidades na era moderna. Fonte: Harvey, David, 1989 “The condition od post modernity an enquiry into the origins of cultural change”, Oxford Basil BlackWell, p.18
Estes conceitos de aproveitamento da cidade como convivência urbana são abordados em diversas obras da Jornalista Jane Jacobs, que analisa os porquês de uma cidade ter “vida ou morte”. Uma cidade necessita de parques, áreas comerciais e residenciais, que seja acessível e caminhável. Atualmente podemos perceber estes atributos em apenas partes nobres da cidade, que estão cotadas em valores altos, não acessíveis para grande parte da população.
01.2
A escolha do abandono urbano
Os abandonos urbanos são muito presentes no dia a dia do habitante da cidade , em especial, no centro de São Paulo , transformando este, em um cenário tão comum, que passa a não ser tão incomodo. A organização cultural “São Paulo Antiga”, através de registros fotográficos e iconográficos, registra e cataloga os edifícios que hoje se encontram em estado de abandono.
O Quartel Tabatinguera (ou 2º Batalhão de Guardas) é uma das construções esquecidas da cidade, que possuí localização privilegiada, dentro do Parque Dom Pedro II. Assim, somatizando com seus atributos favoráveis, foi escolhido como projeto.
Mapa de levantamento - Mapa metropolitano de São Paulo Fonte: São Paulo Antiga
Legenda para os mapas
Fonte: São Paulo Antiga
Mapa de levantamento - Parque Dom Pedro II
Fonte: São Paulo Antiga
02.1
O Parque como mosaico
Atualmente, o parque se encontra fragmentado, devido a inúmeros rasgos viários, sendo os “cacos” deste mosaico, locais ociosos resultando em canteiros inutilizados por falta de espaço para um programa permanente. Vias contornantes que servem somente para passagem rápida, devido ao medo e a insegurança no centro, tornam o parque pouco convidativo enquanto local de permanência, contrariando totalmente o sentido comum de “parque”.
Como adição e fechamento deste anel, este trabalho propõe um novo uso para o Quartel Tabatinguera ou Segundo Batalhão de Guardas. A presença de tais equipamentos no território faz com que a área possa ser considerada um polo cultural da cidade, onde o anel viário constituído ao longo da história, passe a se tornar uma rota cultural.
No entanto, apesar da presente fragmentação urbana, observa-se na área do Parque Dom Pedro II, uma série de equipamentos culturais, que juntos formam um anel. São eles:
• Comgás (Gasômetro), que conta com um pequeno museu cultural sobre a história do gás na cidade;
• Catavento (antigo Palácio das Indústrias), que é um museu educacional interativo de ciências;
• Mercado Municipal, que é um grande polo turístico e comercial no centro; e os futuros programas a serem concluídos:
• Museu de História do Estado de São Paulo (Casa das Retortas) cujo obra está parada há anos;
• SESC Parque Dom Pedro II (Una arquitetos) que se encontra em construção;
O retrofit proposto no presente trabalho, seria a adição de mais um equipamento de uso público que viria a complementar uma tendência já observada na área, contribuindo assim para a mudança da percepção do usuário, que atualmente entende o bairro como de passagem, que passaria a entende-lô como um local de permanência a apreciação.
02.2
História da fragmentação urbana
Nos primórdios de São Paulo, a Várzea do Carmo poderia ser considerada como área periférica “rural”, onde a população local usufruía do Rio Tamanduateí para lavar roupas, tomar banho e até mesmo, despejo de dejetos, o que o tornou insalubre com o passar do tempo. A construção e urbanização do lado leste, mais especificamente, dos bairros operários: Brás, Pari e Mooca, que foram importantes distritos industriais e pontos de produção industrial, implicando na necessidade de urbanização da várzea. (BARBOSA, 2019)
Lavadeiras, população atravessando e gado bebendo á água do Rio. Várzea do Tamanduateí, foto de Militão Augusto Azevedo, c.1862. Acervo PSP/SMC/DPH/DIM
Em 1848, foi iniciada a primeira intervenção de canalização do rio, alterando seu curso, aterrando sinuosidades, na esperança de um rápido escoamento das águas, assim, criando novas áreas para construções, como o antigo Mercado Caipira, conhecido atualmente como Mercado Municipal. (BARBOSA, 2019)
Detalhe de planta de Affonso A. de Freitas, destacando intervenções sobre o trecho do Rio Tamanduateí no século XIX. FREITAS, Affonso A. de. Tradições e Reminiscências Paulistanas. 3. edição.
São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, [s.d.]. (Coleção Paulística, v.IX).
Logo após, as tendências e teorias higienistas tornaram-se populares, e com isso, a necessidade urgente de saneamento básico, surgindo assim o Plano Geral de Melhoramento da Cidade, que visava edificar praças e alargar ruas até a região do Cambuci, que incitaram o aparecimento sequente de Boulevares. E assim, nasceu o Parque Dom Pedro II, homenagem dada ao antigo Imperador, cujo os restos mortais retornavam ao Brasil.
Ainda no Séc XIX, a Várzea foi pouco a pouco se modificando, e num primeiro momento, se mostrava com influências europeias contando com a Ilha dos Amores em uma de suas partes ainda alagadas. Esta ilha era principalmente, um espaço de lazer e permanência, com casas de banho, quiosques, espaços de descanso e afins para o uso da população.
No ano de 1867, é inaugurada a estação ferroviária do Brás, no Largo da Concórdia, simultaneamente com a linha SantosJundiaí, criando um movimento pendular e expandindo o centro da cidade para a zona leste. A partir do desenvolvimento da produção cafeeira, até 1900, houve um grande boom no cenário comercial paulista, que passou a ser o grande centro de exportação e importação, recebendo a elite cafeeira, os barões do café, famílias ricas que controlavam a vida social, econômica e política do país, além de milhares de imigrantes que chegavam ao Brasil nas próximas décadas para trabalhar nas indústrias.
Em 1870, haviam cerca de 30 mil habitantes, 15 anos depois, 50 mil, em 1889, 100 mil habitantes e em 1900, 240 mil. Devido ao crescimento exorbitante da população, houve a preocupação de urbanizar, sanear e modernizar a cidade. (DUARTE, 2005)
Devido á inúmeras enchentes que afetavam o local (graças a sua parcial retificação), a ilha foi sendo inutilizada e foi apagada na segunda retificação do Rio Tamanduateí. A situação da ilha apesar de boas intenções, era constrastante pois, apesar de receber tratamento paisagístico, o entorno continuava a receber despejos da cidade. (DUARTE,2005)
Cartão postal da Ilha dos Amores. Autor desconhecido. 1920. Imagem acervo: Blog “quando a cidade era mais gentil” Registro de Vicenzo Pastore, da lavadeira às margens do Tamanduateí, entre 1900/1910 –Acervo Instituto Moreira Salles. Fonte: Sampa HistóricaO governo passou a a elaborar e executar o projeto de canalização do Tamanduateí (por meio da Comissão de Saneamento do Estado) de 1889 até 1892.
No início do século seguinte, o entaõ prefeito Raymundo Duprat convida o arquiteto francês, Joseph Antoine Bouvard, com a função de embelezar a cidade, onde foram sugeridos dois parques, o Vale do Anhangabaú e o futuro Pq Dom Pedro II, sob a Várzea do Carmo. Neste último, o arquiteto propôs caminhos irregulares e sinuosos, que contornavam e criavam canteiros abertos e um único equipamento, o Palácio das Industrias, com claras referências inglesas e francesas, no estilo “paysager”. O projeto acabou sendo desenvolvido e apresentado pelo arquiteto E. F. Couchet.
Houve duas etapas no plano de Bouvard, o loteamento da área para viabilização em meados de 1906, e anos depois a área pública sendo transformada em parque. No desenvolvimento da proposta havia a previsão de demolição do Quartel Tabatinguera que posteriormente, foi revogada. Nos anos 30, com o Plano Prestes Maia, o parque doi desmembrado pelo novo fluxo viário, mesmo sendo uma das diretrizes, a preservação do parque.
Imagem do Parque Dom Pedro II, década de 1920. Fotografia tirada do Palácio das Indústrias. No plano intermediário direito, o antigo Mercado dos Caipiras, que ficava no final da Rua General Carneiro. No meio do Parque, o coreto da Ilha dos Amores – Acervo do Museu da Imigração
Em 1918, foram iniciadas as obras, porém houve um embargo devido a epidemia de gripe na cidade. Através da Lei Municipal nº2360, de 4 de fevereiro de 1921, o Parque da Várzea do Carmo recebeu oficialmente seu novo nome, Parque Dom Pedro II. Durante as décadas seguintes, a cidade passaria por um grande desenvolvimento econômico e aumento populacional contínuo, que acarretaria em intervenções drásticas na sua paisagem.
O “Plano de Avenidas” desenvolvido por Prestes Maia e Ulhoa Cintra,foi publicado em 1930, com 3 grandes males: “ A exiguidade de área, a dificuldade de acesso, e o cruzamento de correntes externas” e propondo como solução, um sistema radial-perimetral. O “Perímetro de Irradiação” foi o elemento principal pois ele produziria uma dilatação do centro, atraindo assim, circulação e comércio. Sua forma final era composta por largas avenidas de cerca de 45m de largura, incluindo um centro novo e o Parque Dom Pedro II. Nesta época também, a ideia de “rodoviarismo” começou a surgir entre desenvolvedores da cidade. (DUARTE, 2005)
Desenho do projeto do Parque Várzea do Carmo (E.F. Couchet - 1918)“ A remodelação dos centros urbanos se baseava na eliminação das habitações populares e demais usos considerados inconvenientes e insalubres, substituindo-os por usos comerciais, institucionais ou residenciais, voltados a classes de alta renda. Amplas avenidas de taçado reto e edifícios monumentais de arquitetura eclética completavam essa remodelação” (DUARTE, 2005, p.36)
O “Perímetro de Irradiação” começou a ser implantado durante o período de mandato de seu criador, entre 1938 e 1945. Na década seguinte, começaram novos planos de desenvolvimento urbano para a cidade sempre promovendo o comércio e a mobilidade. (DUARTE,2005)
No final dos anos 80, com iniciativa da então prefeita Luiza Erundina, começam a surgir projetos de revitalização do Parque Dom Pedro II, com a intenção de transferir a prefeitura para o Palácio das Indústrias, que havia sido recentemente restaurado pela arquiteta Lina Bo Bardi. Em 2007, o Governo do Estado de São Paulo dedicou a estrutura ao museu Catavento. (Barbosa, 2019)
Concluindo, toda a trajetória histórica da Várzea estava fadada ao eminente parque framentado, que atualmente, não consegue ser modificado para um uso mais digno devido ás profundas cicatrizes urbanas. Porém, podemos gerar novas estratégias que possam melhorar a situação contemporânea, não resolvendo o emaranhado de complexidades mas amenizando-os. (DE BEM, 2006)
Planta da primeira versão do “Projeto de Avenida de Irradiação” Fonte: Carlos Fatorelli Blogspot Esquema teórico do Plano de Avenidas - estruturaçaõ radial-perimetral Prestes Maia Fonte: Vitruvius“INUNDAÇÃO DA VÁRZEA
Benedito Calixto de Jesus | AcervoVÁRZEA DO CARMO”
Acervo do Museu Paulista da USP
SARA 1930 VASP CRUZEIRO 1930 VEGETATIVO 1988
Parte do Plano Prestes Maia executado - Primeira intervenção parcial da retificação - Criação do “parque” - Ilha dos Amores e semi-lagoa não retifcada
Segunda intervenção - Retificação total do rioCriação dos primeiros viadutos - Criação da Av. Alcântara Machado
Construção de ainda mais viadutos - Terminal de ônibus aumentando o fluxo - Estação e linha de metrô dividindo a área - Criação da Escola Estadual de São Paulo
ORTOFOTO MDC 2004 ORTOFOTO PMSP RGB 2017
Maior fluxo de carros - Novo desenho de praçaExistência do Ed. São Vito e Ed. Mercúrio
Menor fluxo de carros - Criação da Linha Tiradentes de ônibus - Demolição dos ed. São Vito e Ed. Mercúrio - Embargue da obra do Museu da Casa das RetortasImplementação do Sesc Provisório
02.3
O Quartel como resquício de outra época
No início do Séc XVIII, foi construída a Chácara da Fonseca, uma pequena estrutura em Taipa de Pilão, Tabique e pau-a-pique, e com o passar do tempo , foram construídos anexos
para acomodar as necessidades dos usos que o edifício passaria a abrigar: O Convento das Irmãs Duarte (1852); o Seminário das Educandas (1861); e o Hospício dos Alienados (1862). A partir do início do Séc XIX, a edificação é reformada e totalmente adaptada para receber a força pública.
Com o golpe militar de 1964, o edifício é tomado pelo exército e passa a receber renomeações com fins militares. Trinta anos depois, em 1995, começa a sua história de degradação, mesmo tendo sido tombado em 1981 pelo CONDEPHAAT (e cerca de dez anos depois, tembém é tombado pelo Conpresp) para a sua futura transformação em museu militar.
Desde então o Quartel se encontra num estado de abandono, com suas aberturas (janelas e portões) cobertas por uma lona azul, para impedir invasões e tentar preservar as poucas janelas existentes, e uma tela de tecido comum de obra, para impedir que destroços caiam sobre possíveis pedestres na calçada e nos carros da Avenida do Estado. A partir do metrô, é possível ver parte da construção sem o telhado e com carros da polícia de choque estacionados, além de vegetações de grande porte crescendo no terreno e nos resquícios de edificação.
O surgimento do atual 2º Batalhão de Guardas, conhecido popularmente como Quartel Tabatinguera, aconteceu gradualmente. Ao lado, há uma linha do tempo gerada pelo Estúdio Sarasá e CIAP (Centro de Informações Patrimoniais da Polícia) sobre o desenvolvimento construtivo:
O local em 1881. Fonte: São Paulo Antiga O Quartel em cerca de 1905. Fonte: desconhecidoEsquema do edifício principal, separado em pavimentos, destacando as diferentes técnicas construtivas empregadas. Fonte: Estúdio Sarasá (BARBOSA,2019)
Linha do Tempo Fonte: CIAP - TFGTempo construtiva
TFG Julia Barbosa
03.1
Estudos de Caso: Praça Victor Civita
O projeto é fruto da parceria da Prefeitura de São Paulo com o Instituto Abril, assessorado pelo Levisky Arquitetos, e foi iniciado em 2006. O maior desafio era a situação
de degradação, teor tóxico do solo devido á presença de resíduos provenientes do uso do antigo incinerador e a conexão desta nova praça com o bairro.
A grande estratégia do escritório de arquitetura foi adotar um deck de madeira certificada que corta o terreno, suspendendo e impedindo o contato direto com o solo, além de permitir a captação de águas pluviais para o reuso. O desenho curvo permite visualização e contemplação da área verde ao redor, que em determinados pontos se amplia, se transformando em praças secas ou pontos de descida para acesso á edifícios.
Desta forma, este projeto foi estudado, em função da proposta da plataforma elevada, uma vez que, no terreno do Quartel, há o risco eminente de alagamentos em temporadas de chuva, trazendo a elevação como aliada de quem precisa se conectar com as vias do metrô e terminal de ônibus. Também houve a questão da conectividade e aproximação com a natureza, caso que devido a vegetação existente no Quartel, seria benefico para espaços de permanência dos usuários. A existência de um museu (Museu da Sustentabilidade) também foi um faotr importante para a escolha deste projeto, já que no retrofit do Batalhão, é proposto um museu similar
Mapa programático Fonte: Levisky Arquitetos
Deck suspenso do solo Fonte: ArchDaily Deck suspenso do solo com estruturas anexadas Fonte: Levisky Arquitetos Maquete 3d isométrica Fonte: ArchDaily Conexão das wetlands com o parque Fonte: Vitruvius03.2
Estudos de Caso: Matadero Madrid
Primeiramente, devemos falar sobre o Madrid Río. Em 2005 após um projeto de revitalização urbana (Madrid Calle 30), a prefeitura realizou o enterramento de 6km de autoestradas, liberando 50
hectares de terra livres, e assim, foi criado um novo concurso para projeto na área. A equipe do arquiteto Ginés Garrido, utilizou a paisagem urbana como principal aliado do projeto, com áreas de lazer, permanência, mobilidade e afins, conciliando a necessidade de mobilidade rápida através de uma cidade cada vez mais densa e a necessidade de espaços públicos para a qualidade de vida das pessoas, e costurando o que antes era um rasgo significativo.
O Matadero Madrid conversa diretamente com oMadrid Río, sendo estes projetos complementares. O retrofit do antigo matadouro de animais foi pensando para ser construído e ocupado em etapas, sendo assim sujeito a eventuais mudanças programáticas e sujeito a uso do público.
Contando com mais de 17 atividades programáticas culturais, o projeto conta também com um serviço de habitações temporárias para artistas nacionais ou internacionais, num sistema trimestral, assim estimulando novos artistas, atualizando suas exposições e se tornando um polo de produção artística contemporânea na cidade.
Mapa aéreo de relaçaõ entre projetos Fonte: produção própria
Uso coletivo das áreas abertas para diferentes propostas - Festival Fonte: Gacetín Madrid
Parque linear que acompanha o Rio Fonte: Mataderomadrid.org/visita
Cantina
Estúdio dos residentes de arte Fonte: Archdaily ocupando a antiga sala das caldeiras perto da nova Cinemateca Fonte: Mataderomadrid.org/visitaAs principais motivações para a escolha do Matadero foi a forma que o retrofit aconteceu, em etapas, já que é um terreno muito amplo, como é no caso do terreno do Quartel, onde é proposta uma intervenção em etapas: primeiro a adição de um novo corpo (marquise e adjacentes) e, depois, o edifício do museu.
A parte de residência de artistas também inspirou a criação de residência de pesquisadores, já que no local está sendo proposto um museu de vida natural voltado a flora, e produção de
de vegetação (comestível ou apenas estético). Dessa forma, os produtores ou pesquisadores não precisariam se deslocar (de outras cidades por exemplo), e passariam uma temporada no local.
A variedade de programas que acontecem nas praças também foi uma grande inspiração para o projeto do Pq. Dom Pedro II, pois atrai um grande número de famílias e turistas, diversificando e trazendo mais movimento á área.
Mapa Programático do Matadero Madrid
Fonte: Mataderomadrid.org
Mapa de Densidade Demográfica
Fonte: GEOSAMPA04.1
O anel cultural e seu entorno imediato
O anel cultural identificado no Pq. Dom Pedro II é um importante fator turístico, educacional e institucional para o centro. Neste capítulo, iremos identificar fatores que irão influenciar nas decisões tomadas. O primeiro aspecto a ser estudado é o público que irá ser atendido e que utilizará o projeto como passagem para outros itinerários.
Ao lado, temos o mapa de densidade demográfica, mostrando que grande parte dos usuários do itens culturais (Catavento, Mercadão, Sesc, entre outros) são pessoas de outras regiões da cidade. Podemos notar que a região mais densa é a região do Glicério, que também poderá aproveitar o uso do futuro parque e museu como espaço de aproveitamento da comunidade.
até 92 hab/HA 92 - 146 hab/HA 146 - 207 hab/HA 207-351 hab/HA 351-30346 hab/HA
Mapa de Topográfico e Hidrográfico
Fonte: GEOSAMPA
Curva Mestra Áreas Inundáveis Massa dágua Acima, o mapa topográfico e hidrográfico, demonstrando que a área do Quartel ainda sofre com inundações nos tempos de cheia, além de receber todas as águas pluviais provenientes do bairro da sé e Glicério, devido á topografia do morro, dando sentido ao projeto ser elevado e contar com um sistema de filtragem.
Mapa de Verde/ REcursos Naturais
Fonte: GEOSAMPA
média a alta cobertura Baixa cobertura arborização viária
Neste mapa de áreas verdes e recursos naturais, podemos perceber a presença de grandes áreas de cobertura média para alta no terreno, porém pouca área de permeável, sendo uma diretriz do projeto, preservar e ampliar a vegetação existente.
Mapa de Equipamentos Culturais
Fonte: GEOSAMPA
Teatro/Cinema/Shows Bibliotecas Museus Espaços Culturais
Neste mapa, é possível observar a relação dos espaços culturais e a conectividade com os itens de mobilidade presentes na área, ainda que os espaços embargados ou em atual construção ainda não constem. Dessa forma, é possível analisar a possibilidade de chegada até o terreno do Quartel Tabatinguera, assim como seria mobilidade entre os pontos culturais identificados.
Parque Dom Pedro II | Anel Cultural
Org ânicosFeiraLivre -Fontede Renda Lúdico -Ciência - Oficinas - Patrimônio
Aprendizado - Educação Exposição -PatrimônioReuso LazerPermanência
Diagrama Ilustrativo do anel cultural Fonte: Elaboração própria
04.2
Situação atual do Quartel
O Quartel se encontra em situação de abandono desde a metade dos anos 90, apesar de ter sido tombado na mesma época. Diversas reportagens demonstram preocupação quanto ao estado de conservação, pois oferece risco aos transeuntes. Assim, é possível disgnosticar (por imagens), partes a serem demolidas, como os muros em ambos os lados do Quartel, onde já houve demolição parcial. Também vem acontecendo a invasão da área para desmonte de partes das viaturas e da edificação.
Em 2012 foi anunciado pelo então governador, Geraldo Alckmin a recuperação do Quartel para ser tranformado em um grande complexo cultural que abrigaria um Museu Histórico da Polícia Militar e uma Fábrica de Cultura, no intuito de também criar um circuito cultural. Porém desde que foi anunciado, nenhuma medida foi tomada, e o Quartel se encontra em grave declínio, necessitando de urgente intervenção.
A seguir, fotos atuais do Quartel, e linha do tempo de algumas partes, mostrando a grave degradação pelo tempo na última década. Detaque aos últimos 3 anos, os anos de pandemia, que parecem ter impactado diretamente no estado de conservação, devido ao esquecimento e também a invasões frequentes.
Foto mostrando a atual degradação. 2022.
Fonte: São Paulo Antiga
Foto mostrando a atual degradação. 2022. Fonte: São Paulo Antiga
Antiga foto mostrando como era o Quartel em 1986.
Fonte: São Paulo Antiga
Foto aérea, com ênfase na rede de proteção dos transeuntes, a parte desabada da fachada posterior e a altura da vegetação existente. Fonte: @drone.cyrillo no Instagram
Foto aérea, onde conseguimos ver parte do telhado da fachada principal com lonas devido a buracos, ao fundo, os carros da polícia abandonados e parte da construção apenas com as alvenarias. Fonte: @drone.cyrillo no Instagram
Foto aérea da fachada principal, também com a loca de proteção e o telhado esburacado, em constraste á calçada recentemente reformada. Fonte: @drone.cyrillo no InstagramEvolução da fachada principal onde notamos o fechamento das janelas com lona (na tentativa de preservação e proteção dos transeuntes), o deterioramento das paredes, e o crescimento da vegetação, que passa dos 10 metros de altura.
JANEIRO 2010 NOVEMBRO 2013 AGOSTO 2017 JANEIRO 2022 LINHA DO TEMPO - Fachada Principal - AV. do Estado, 4100 Fonte: GOOGLE MAPSLINHA DO TEMPO - Muro estacionamento - BR-050 (4300)
Fonte: GOOGLE MAPS
MARÇO 2020 NOVEMBRO 2021
Evolução da fachada posterior, próxima á passarela de acesso ao metrô, onde o parte do telhado caiu há quase 10 anos, e a presença atual de tapumes com escoras para impedir o desabamento e invasões através de buracos nas paredes.
JANEIRO 2010 JANEIRO 2015LINHA DO TEMPO - Fachada posterior - BR-050 Fonte: GOOGLE MAPS
Evolução da fachada posterior, onde parte da construção recentemente desabou, porém se encontra deste jeito desde então, apenas com a lona de segurança. Também é possível notar que no local há muito e frequente despejo de entulho.
JANEIRO 2010 JANEIRO 2015 JANEIRO 2019 NOVEMBRO 2021Programa e Desenhos
Ao fazer uma análise da área, é diagnosticado que grande parte de transeuntes são aqueles em direção aos pontos de transporte público, vindos de sentido bairro. O Quartel funcionada como barreira tanto visual quanto física com seus muros altos e degradados, que trazem insegurança ao pedestre. Abaixo, o mapa de fluxos apreenta a direção dos caminhos mais utilizados (em laranja), e também, mostra a intenção de diretriz de cursos do próprio projeto, com um forte propósito de conectar as pontas mais distantes do terreno, criando uma linha que corta o lote (em verde).
Em laranja, sentido do fluxo das pessoas. Em verde fluxo proposto para a área.
Com base no levantamento fotográfico mostrado anteriormente, foi pensada a demolição das partes mais irremediáveis do Quartel, como as estruturas-galpão, localizadas á esquerda, que já não possuem um telhado e parte das alvenarias desabou. Do lado direito, o campinho de terra pouco utilizado e seus adjacentes (acredita-se ser um vestiário e um depósito). Também é desmontado o muro envoltório, que tinha a serventia de “segregar” espaços. Dessa forma, podemos ganhar mais área a ser focada no novo projeto, além de um maior reflorestamento e dar ênfase ao corpo principal: o Quartel.
SETORIZAÇÃO
O projeto foi dividido em setores para melhor aprofundamento. Assim, foram criados 5 áreas:
ÁREA 1: Setor das wetlands. Incluso em todos os desenhos das demais áreas, é usado para especificar os 5 caimentos em formato de espelho d’água no sentido direita-esquerda (sentido do rio), com propósito de captar e filtrar as águas poluídas do Rio Tamanduteí e captar também ao longo do projeto, águas pluviais dentro do terreno e de áreas próximas através de um sistema de bombeamento interno.
ÁREA 2: Sendo a primeira ponta do projeto, nela fica localizada a praça de contemplação em terra batida e uso livre para aproveitamento do usuário. Marcada pelo começo da marquise, possui vegetação mais densa.
ÁREA 4: O Projeto será retrofitado em etapas, como dito anteriormente, do qual o Quartel abrigará um museu, centro de pesquisa vegetativa e um programa de residências trimestrais para pesquisadores. Dessa forma, além de possuir um “parque”, também haverá um equipamento público de ensino, fechando o anel cultural do Pq. Dom Pedro II.
ÁREA 3: Primeira praça seca do projeto, que conecta o principal fluxo de usuários, que estão á caminho do terminal de ônibus ou metrô. Devido ao seu caráter público e livre, é passível de diferentes usos (como por exemplo, feiras livres, exposições, apresentações, shows, etc) sendo representado no projeto, uma feira livre. Também é apresentado um Salão de Eventos, sendo representado como auditório. Por fim, temos um café, que se abre a uma pequena praça que abriga um playground para crianças, de forma a sempre privilegiar a visão aberta do parque.
ÁREA 5: A última ponta do projeto apresenta a segunda praça seca, que como sua irmã, também é passível de diversos usos (como por exemplo quadras poliesportivas, doca para transporte de produtos provenientes da estufa, festivais, etc) sendo nesse caso deixado aberto. Aos fundos tempos uma quadra fixa, de forma a atender os moradores do Glicério. Ao longo da marquise temos uma repetição da mesma, em sentido perpendicular ao corpo principal, de forma a criar outro ponto de acesso e uma doca diminuta em alguns dias da semana. Por fim, temos a Estufa, da qual são plantadas, embaladas, e armazenadas hortaliças e plantas ornamentais para transporte (doca) e revenda, gerando lucro destinado á manutenção do parque.
A área 1 apresenta um grande recorte no terreno, paralelo a fachada posterior do Quartel, sendo dividido em 5 seções. Cada uma delas exerce um papel diferente na filtração das águas do Rio Tamanduateí e nas águas pluviais recolhidas de toda a área do projeto. Para isso, foi estudado o sistema e tema: “Wetland horizontal de fluxo superficial para o tratamento de águas residuárias” (1º simpósio brasileiro) onde são tratados: esgoto doméstico, efluentes de agroindustrias, lixiviado de aterros sanitários e outras aplicações similares que são presentes no rio.
Vista superior do projeto e das wetlands a partir da passarela do metrô-expresso tiradentes.
A Área 2, primeira vista de quem passa pela bifurcação da Av. do Estado, é a primeira impressão dos usuários de veículos, apresentando grande parte de área verde, sendo uma quebra visual em comparação ao resto do Bairro. Com a presença de uma pequena clareira, de forma a se tornar um espaço de contemplação, possui vista á seção mais limpa das wetlands, a lagoa. Nela também se inicia a marquise, com mobiliários para enfatisar a vista para as laterais e estimular a permanência.
Estrutura de madeira com mobiliários para permanência e utilização para comes e bebes da feira ou afins.
A Área 3 é o principal trajeto para os transeuntes que precisam chegar ao metrô e ao terminal de ônibus, tornando a praça seca um antro de grandes fluxos de pessoas, tornando possíveis e bem-vindas, programações diferentes, como exposições e feiras. As escadas de acesso á marquise também foram pensadas como arquibancadas para pequenos eventos. Seguindo a marquise em direção ao Quartel, temos o Salão de Eventos, que é produzido em CLT e MLC, além de possuir uma parede com fechamento de janelas reutilizadas de demolições, criando uma espécie de colagem. Bem em frente, temos o café, que é aberto a uma pequena pracinha que abriga um playground, trazendo lazer e distração ás crianças.
Vista da entrada da praça seca de acesso ao metrô, com vista ao playground e o café ao fundo.
Vista a partir do playground. Aos fundos, marquise e Salão de eventos.
Praça seca área 3. Relação da marquise com os eventos sediados na praça.
Vista destacando a estrutura da marquise. Detalhe da escadaria com arquibancada, para utilização livre.
Vista interna so Salão de Eventos como auditório. Destaque ás janelas de reuso de demolições. Forro em madeira para esconder cobertura e infraestrutura.A Área 4 apresenta a intenção de uso do Quartel, como museu voltado á equipamento cultural, voltado á exposição, ensino e pesquisa, assim se relacionando diretamente com o o parque e o anel cultural. No segundo pavimento são pensadas as habitações para os residentes trimestrais, voltadas ao interior do Quartel para uma maior privacidade e segurança noturna.
Visão de dentro do Quartel para o núcleo, na parte térrea.
Relação da marquise com o jardim interior (núcleo) do Quartel.Na Área 5, temos a segunda praça seca de acesso, da qual pode ser aproveitada de diversas formas. Uma de suas previsões principais é a Doca, que funcionará em alguns dias da semana, para descarga e revenda de produtos. A praça também conta com uma quadra poliesportiva fixa, mas seu espaço livre também pode ser utilizado para atividades esportivas. Á direita, como ultimo programa, temos a estufa, onde haverá um sistema de plantio e pesquisa de diversos vegetais.
Aproximação com os espelhos d´água - Relação das wetlands com o parque urbano.
Quadra fixa e a marquise, com as escadarias servindo ocasionalmente de arquibancadas.Destaque á doca, que fundionará´em alguns dias da semana para a distruibuição de alimentos produzidos na estufa.
Relação da marquise com a estufa, com parede em policarbonato para entrada de iluminação natural.
Vista interna da estufa, com enfoque nas estações de plantio.Perspectiva com entorno
Paisagismo | Vegetações a serem introduzidas
CORTE B.B | SALÃO DE EVENTOS E CAFÉ
CORTE C.C | RELAÇÃO MARQUISE - QUARTEL
Experimentação
A estrutura utilizada para o projeto foi inspirada no Haras Polana, do arquiteto Mauro Munhoz. Executada pela Ita Construtora em 2010, o exemplo se trata de uma estrutura
de madeira laminada colada, com juntas metálicas e cobertura em placa cimentícia Alwitra.
“O pavilhão é um espaço onde ficará concentrado o escritório, a biblioteca e o recinto de leilões dos cavalos Polana. Com a utilização da estrutura de madeira em laminado colado foi possível a execução da cobertura com balanço de mais de 12 metros.”
- ITA Construtora
Esquema de aplicação e junção de peças.
Fonte: ITA Construtora
Neste esquema, podemos identificar a semelhança nas grandes espraiadas em alguns momentos do projeto do Haras assim como é gerado no Quartel.
Fonte: ITA Construtora
imagem do projeto e exemplo de como foi feito o transporte e instalação.
Fonte: ITA Construtora
MADEIRA LAMINADA COLADA (MLC)
A Madeira Laminada Colada conhecida pela sigla MLC OU GLULAM, é um material concebido a partir da técnica de colagem aliada à laminação, no qual as lâminas de madeira coladas num mesmo sentido constituem uma única peça.
Para conseguir peças ainda maiores de até 25 metros de comprimento, é feita uma união de topo de lamelas, chamada de finger, que aumenta a superfície de contato garantindo a resistência estrutural. Mais indicado para sistemas estruturais (pilar e vigas).
As colas utilizadas tanto nos finger joints como na união das lâminas são especificadas de acordo com o tipo de madeira e as condições que a estrutura estará submetida.
Ilustração das fingerjoints coladas. Fonte: Rewood
As espécies de madeira mais utilizadas na produção do MLC, são pinus e eucalipto, ambas de reflorestamento. Porém vale lembrar que qualquer madeira pode ser utilizada. (REWOOOD)
Mi
Terminal urbano praça Marechal Deodoro - Arquitetura: Sotero Arquitetos MLC tipo eucalipto. Fonte: Rewood casa - Arquitetura:Mk27 MLC tipo pinus autoclavado. Fonte: RewoodCROSS LAMINATED
Desenvolvido inicialmente na Alemanha e Áustria, o Cross Laminated Timber ou Laminado de madeira cruzada, pode suportar grandes cargas através de painéis com distribuição de força ao longo das fibras de madeira em ambos os sentidos, o que elimina quaisquer deformações nos painéis.
Sua matéria prima é a madeira de Pinus Taeda seca em estufa, com 12% +/= 2% de umidade, tratada em autoclave CCB ou imersão em solução de Boro; ou em casos específicos, madeira de Eucaliptos Grandis, com tratamento superficial com Cipermetrina (inseticida). O adesivo utilizado para colar as ripas é certificado estruturalmente e à prova d’água.
A dimensão utilizada neste trabalho é a de 3mx12m no sentido transversal, com os recortes necessários. (Crosslam)
Linha de fabricação do CLT simplificado. Fonte: CROSSLAM
A estrutura maciça oferece um bom isolamento térmico e acústico, além de um desempenho impressionante em caso de incêndio. Madeira de origem e produção sustentáveis podem ajudar a atender aos requisitos de compensação de carbono e reduzir seu impacto ambiental. Não são resistentes á água, por isso é sugerido um fechamento metálico a seguir.
Imagem da produção dos painéis, com detalhe as ripas em diferentes sentidos. Painéis CLT tipo
Edifício Carianos - Arquitetura: Baixo Impacto Painéis de CLT tipo pinus. Fonte: CROSSLAM pinus. Fonte: CROSSLAM TIMBER (CLT) MADEIRA LAMINADA CRUZADAEsquema de fechamento dos painéis. Fonte: CROSSLAM
Ao lado, o esquema de fechamento de fachada mostra como são feitas as fixações de elementos metálicos. No projeto, são aplicada no sentido horizontal, chapas metálicas Mini Wave da Hunter Douglas. Com dimesões de 6,0x1,20m, estas apresentam desenho ondulado no alumínio, e pequenas perfurações.
Esquema de “laje” com CLT utilizadas nos platôs das escadarias. Fonte: CROSSLAM
Esquema de fixação das chapas metálicas e tamanho dos furos. Fonte: Hunter Douglas
Exemplos de aplicações
Fonte: Hunter Douglas
REUSO DE MATERIAIS DE DEMOLIÇÃO
Com as demolições das áreas definidas no projeto, foi pensado em alternativas que pudessem reaproveitar estes elementos. O principal objeto em questão é o tijolo cerâmico, que podemos retirar inteiros ou em pedaços (brita).
De acordo RIBEIRO (2020), comprovou-se que podemos utilizar detritos de demolições misturados em certa quantidade com concreto para produção de peças ornamentais. Logo, no projeto foi pensado que o piso intertravado das praças secas pudessem ser produzidos com estes detritos, de forma a trazer a ideia de reuso em grande parte do projeto.
Outra forma pensada, foi a retirada de tijolos inteiriços, para utilização nas bases da marquise (para evitar contato direto no solo) e fundações, de forma a baixar custos.
Á esquerda, mostra das diferentes texturas obtidas nos experimentos. Á direita, o produto da pesquisa de RIBEIRO, em bancos e abóbodas.
Fonte: O início, fim e meio. Guilerme Trevizani Ribeiro
Peças produto dos diferentes testes produzidos no trabalho.
Fonte: O início, fim e meio. Guilerme Trevizani Ribeiro
Exemplificação da paginação do piso intertravado, imagem mostrando a relação na praça seca, e o tijolo inteiriço na base da marquise.
Fonte: elaboração própria
APLICAÇÃO NO PROJETO
APLICAÇÃO NO PROJETO
DETALHE MARQUISE - CORPO PRINCIPAL
Considerações Finais
Podemos concluir que, para alterarmos uma área preveamente abandonada, não é preciso sua total demolição ou total gentrificação, de forma a afetar a população que
ali vive. Ao projetar um equipamento urbano público, podemos usar o retrofit de edifícios abandonados que ainda possuem interesse histórico, assim, não mudando drásticamente uma paisagem urbana ou todo um histórico, mas modificando a paisagem existente remodelando o dia-a-dia do usuário local.
O recorte do Quartel Tabatinguera possuia muitas adversidades, como estado de preservação, seu entorno fragmentado e a não “porosidade” e transparência do seu lote, trazendo empecílios aos poucos transeuntes. Dessa forma, com este projeto podemos criar novas alternativas de trajetos, além de conseguir fechar uma rota como anel cultural no Pq. Dom Pedro II, de forma a se tornar um grande ambiente de lazer e educação.
reuniu propostas e programas que alterassem e criassem novas paisagens urbanas, além de melhorar toda a qualidade de vida e ensino para uma área que atende á vários bairros e a cidade como um todo.
O projeto teve enfoque em protragonismo e consciêntização da população, de forma a utilizar os espaços abertos a seu favor e aproximar alternativas sustentáveis e ambientais aos seus frequentadores, além de se tornar um parque, aumentando a qualidade de vida local.
Concluindo, o projeto final se tornou não apenas a requalificação um abandono como era o intuito inicial, mas a criação de um equipamento público que
Bibliografia, Artigos e Trabalhos Finais de Graduação
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