BAZEArt
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Junho 2014
BAZEART BazeArt é uma revista contemporânea e moderna, que busca tratar do mundo das artes de forma ampla e diversa, tendo como público alvo jovens e artistas. Nesta edição,na seção de Programação informamos as melhores exposições de arte que estão acontecendo na cidade de São Paulo. Na seção Curiosidade desvendamos “Como um quadro pode valer milhões?” , fazendo um ranking das obras de arte mais caras do mundo. Na seção Perfil falamos sobre as incríveis fotografias submarinas de Alexander Semenov e sua paixão por seres marinhos. Na seção de Entrevista, conversamos com o anônimo mais famoso do mundo: Banksy, que nos fala sobre seu trabalho polêmico . E o Artista dessa edição é Agnes-Cecile, que faz trabalhos com aquarela.
EDITOR Julia Bazzi CONSELHO EDITORIAL Julia Bazzi, Mayra Lye, Gustavo Kondo, Tales Hidequi, Raphael Borges, Gabriel Regateiro, Vinicius Valpereiro
DIRETOR FINANCEIRO Julia Bazzi DIRETOR DE REDAÇÃO Julia Bazzi DIRETORA DE ARTE Julia Bazzi DESIGNER Julia Bazzi COLABORAÇÃO Mayra Lye,
Gustavo Kondo, Tales Hidequi,
Raphael Borges, Gabriel Regateiro, Vinícius Valpereiro, Luccas Antonio
Esse é um trabalho proposto e realizado no terceiro semestre do curso de Design Gráfico do Centro Universitário Senac, nas aulas de Projeto Editar em Maio de 2014.O objetivo era criar um projeto gráfico para uma revista fictíciacom um tema escolhido pelo aluno. Escolhi fazer minha revista sobre artes e ter como público alvo jovens e artistas, que se interessam por esse tema. Por ser uma revista com caráter contemporâneo, procurei fazer um projeto editorial que seguisse essa mesma linha. A revista busca tratar de temas gerais no mundo das artes, tendo mais ênfase nas artes contemporâneas e independentes. Ao mesmo tempo que expõe novos e famosos artistas, busca informar os leitores.
TEXTOS DAS MATÉRIAS
Programação: catracalivre.com.br Curiosidade: revista Super Interessante (fev. 2013)
Perfil: noticias.terra.com.br
Entrevista: revistastatus.com.br Perfil: juztapox.com
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PROGRAMAÇÃO Exposições em SP
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CURIOSIDADE Como um quadro pode valer milhões?
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PERFIL Alexander Semenov
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ENTREVISTA Bansky
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ARTISTA Agnes-Cecile
PROGRAMAÇÃO
“OBSESSÃO INFINITA” DE YAYOI KUSAMA Depois de passar por Brasília e Rio de Janeiro, a exposição da mestre em arte japonesa Yayoi Kusama, “Obsessão Infinita”, chega à cidade com mais de 100 obras. Com curadoria de Philip Larratt-Smith e de Frances Morris, a exposição revela trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel, além de pinturas originais caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, esculturas psicodélicas, cheias de luz e muito mais.
De 22/05 a 27/07 Terças, Quartas, Quintas, Sextas, Sábados e
Domingos das 11:00 às 20:00 Instituto Tomie Ohtake: Rua Coropés, 88
Pinheiros, São Paulo. Entrada gratuita.
MARIANA PABST MARTINS NA CHOQUE CULTURAL “Arabesque” apresenta uma série de trabalhos inéditos, produzidos nos últimos meses pela artista. A série reforça elementos sempre presentes na sua pesquisa: a caligrafia e a colagem. Mas traz resultados de experiências com novos materiais e processos. Mariana está preparando para a exposição, uma grande intervenção na fachada, espelhando em escala urbana, seu processo de trabalho com colagem.
Abertura 10 de maio, das 11h às
14h. Horário de funcionamento: segunda-feira a sábado das 11h às 18h.
Choque Cultural: Rua Medeiros de Albuquerque, 250, Vila Madalena, São Paulo
Entrada gratuita.
“TAUROMAQUIA” A mostra reúne diversas obras e séries que totalizam 300 imagens, entre desenhos originais e gravuras das mais importantes personalidades da arte, incluindo Picasso, Dalí e Goya. Os artistas evidenciaram o fascínio pelo universo da corrida de touros e desenvolveram trabalho consistente e relevante em torno do tema, tão intrinsecamente ligado à cultura Ibérica.
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BASEART / JUNHO 2014
De 11/05 a 22/06. Terças, Quar-
tas, Quintas e Sextas das 10:00 às 21:00, Sábados e Domingos, das 13:00 às 18:00
FAAP: Rua Alagoas, 903 Higienópolis, São Paulo Entrada gratuita
“A CULPA NÃO FOI SUA” DE NEGAHAMBURGUER
De 27/05 a 10/06 Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 14:00 às 18:00
Espaço Húmus: Rua Rússia, 53 Jardim Europa - Sul, São Paulo Entrada gratuita.
Depois de lançar o livro “Beleza Real” a partir de uma campanha de financiamento colaborativo, a artista paulista Evelyn Queiroz, aka Negahamburguer, terá sua 1ª exposição. Em sua nova fase produtiva, a artista se debruça sobre o estupro em três fases: infância, dor e superação, de modo que as personagens retratadas liberam o grito que muitas vezes é sufocado pelo panorama repressivo ao qual a mulher foi historicamente inserida.
“OAK APAIXONADO POR NARCISAS” DE CHARLES OAK
De 5 a 15/06, Terças, Quartas,
Quintas e Sextas das 13:00 às 20:00, Sábados e Domingos das 14:00 às 20:00
Galeria Amî: Rua Aspicuelta, 259 Vila Madalena, São Paulo Entrada gratuita.
Fazendo uma alusão aos personagens mitológicos Eco e Narciso, a exposição “Oak apaixonado por Narcisas”, do artista plástico Charles Oak, mostra a inquietante busca pela retratação de pessoas, com ênfase na figura feminina.Em sua primeira exposição individual, com 22 obras, Charles Oak apresenta a expressividade do olhar como foco central de suas criações, junto com diversas experimentações visuais.
“ESSE TRECO” DE DECO FARKAS
De 05/06 a 19/07, Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 19:00, Sábados das 11:00 às 17:00
Galeria Virgílio: Rua Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros, SP Entrada gratuita.
O graffiteiro Deco Farkas é conhecido por utilizar os muros e paredes da cidade como uma grande tela para o seu trabalho. A exposião “Esse Treco” reune obras de realizadas entre 2013 e 2014. Na mostra, o público pode conferir diversos graffitis e pinturas que Deco Farkas realizou sobre madeira e parede, além de vídeos que revelam a composição de seus trabalhos. BASEART / JUNHO 2014
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CURIOSIDADE
Como um quadro pode valer milhões? A arte movimenta uma das economias mais estranhas do mundo, com bolinhas coloridas e pinturas com esterco valendo milhões de reais. Entenda as regras do mercado dos artistas. TEXTO Luiz Romero EDIÇÃO Julia Bazzi
"63 milhões de dólares. É um aviso. Estou vendendo", ameaçou o leiloeiro, "64 milhões de dólares. Ainda em tempo", continuou. Os lances, que elevavam o preço do quadro em US$ 1 milhão a cada três segundos, eram sinalizados por placas levantadas no auditório da Sotheby's. A cena durou poucos minutos, tempo suficientes para que um recorde fosse quebrado: a venda de um quadro de Mark Rothko por US$ 72 milhões, ou R$ 144 milhões, representava, até aquela noite de 2007, o maior preço na carreira do pintor. E, mesmo com tanto dinheiro flutuando pelo lugar, o leiloeiro parecia entediado. Com o corpo apoiado num gabinete de madeira, o alemão Tobias Meyer recitava as cifras quase que com desdém. Aqueles milhões eram rotina.
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Como explicar o preço do quadro de Rothko? E como explicar que, no mesmo leilão, Meyer venderia uma jaqueta de couro, jogada no canto de uma galeria pelo americano Jim Hodges, por R$ 1,3 milhão? Parece estranho, mas apenas à primeira vista, porque o mercado possui regras. E elas até que funcionam na hora de decifrar o aspecto quase surreal dos preços. Para começar, é importante encarar uma informação tão incômoda quanto verdadeira: o valor tem pouca relação com a complexidade da obra. Tome como exemplo as icônicas flores de metal do americano Jeff Koons. Mesmo simples, elas chegam a custar R$ 50 milhões. Também é preciso entender que as cifras não remetem muito à habilidade do artista. O inglês Damien
Hirst, por exemplo, delega a produção de seus famosos quadros de bolinhas a assistentes, que são instruídos sobre as cores e a ordem dos círculos. Mesmo assim, uma obra dessas já foi vendida a R$ 1,3 milhão. Tampouco importa o valor dos materiais que o artista usou. Basta olhar (ou cheirar) as criações do inglês Chris Ofili, feitas com esterco de elefante (e vendidas por mais de R$ 5 milhões). Então, eliminados o toque do criador, a complexidade do quadro e o requinte dos materiais, quais fatores elevam o preço de uma obra? O principal critério é o renome do artista, a marca que sua assinatura atribui ao quadro. Para entender, pense que quando compra cadernos Moleskine ou cafés Starbucks, você não adquire apenas um bloco de papel ou um copo de bebida, mas a inclusão num grupo e o reconhecimento dos integrantes deste círculo. Segundo Don Thompson, economista, colecionador e autor de O Tubarão de 12 Milhões de Dólares, o mesmo vale para os grandes consumidores do mercado de arte. Com a diferença de que eles possuem milhões para gastar. E que as marcas que eles consomem - um Koons, um Hirst ou um Ofili - ficam penduradas na parede. "Quando um artista se torna uma marca, o mercado tende a aceitar como legítima qualquer coisa que ele apresente", conta Thompson. Isso explica o fato de uma escultura de Michael Jackson custar mais de R$ 11 milhões. Ela pode até não ser das mais agradáveis de ter na sala. Mas, com a etiqueta Koons, vira um objeto precioso. Este poder da marca explica muita coisa no mercado de arte. Como o fato de que utensílios de um restaurante fundado por Hirst, depois que o lugar fechou, custaram tão caro em leilão. Dois copos de martíni, por exemplo, saíram por R$ 16 mil, enquanto seis cinzeiros foram vendidos por R$ 6 mil. Ou seja, quando viram marca, os artistas adquirem o toque de Midas, capaz de transformar qualquer coisa, de esterco de elefante a cinzeiros de restaurante, em ouro.
A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA Mas, como esses nomes acabam virando uma grife? Os artistas não nascem sozinhos. Precisam do suporte de gente especializada em lançar marcas e gerenciar valores. Além disso, contam com pessoas dispostas a valorizar seus trabalhos. Hirst, por exemplo, recebeu ajuda do inglês Charles Saatchi, o grande colecionador da nossa época. De tão reconhecido, ele consegue transferir prestígio aos produtos que consome. >>
MARK ROTHKO
White Center (Yellow, Pink And Lavender On Rose) Pintada em óleo sobre tela, assinada em 1950.
144 milhões de reais JEFF KOONS
Balloon Flower (Magenta) Criada entre 1995 e
2000, possui cópias em azul, laranja,
amarelo e vermelho.
50 milhões de reais
CHRIS OFILI
Balloon Flower (Magenta) Feita com tinta óleo e acrílica, glitter e
esterco de elefante
sobre tela, assinada e datada em 1998.
5,6 milhões de reais
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"Um artista pode ser citado em artigos na imprensa como 'colecionado por Saatchi' ou 'cobiçado por Saatchi'", explica Thompson, "e cada uma dessas referências provavelmente aumentará o preço de suas obras". Como aconteceu com a inglesa Jenny Saville, que pintou sustentada por Saatchi e vendeu suas criações para ele. Uma delas , adquirida por R$ 50 mil, dois leilões e duas décadas depois, valeria R$ 5 milhões, muito devido ao impulso que Saatchi deu à pintora. E como ele conseguiu valorizar tanto a artista? Saatchi tem duas táticas muito espertas. Na primeira, ele investe em novatos e compra sua produção enquanto os preços ainda estão baixos. Depois, quando a notícia de que Saatchi está comprando aquele artista se espalha, devido ao seu prestígio, os valores aumentam e ele vende as obras por um preço mais alto. A segunda estratégia consiste em emprestar os quadros para museus e galerias, que ajudam a aumentar os preços com exposições. "Os museus são independentes do processo do mercado e por isso raramente têm seus juízos questionados", conta Thompson. "Considera-se que o artista e a obra mostrados numa dessas instituições tenham 'qualidade de museu'". Ainda existem outros jeitos de fazer um quadro custar milhões. O artista pode controlar a quantidade de obras que coloca no mercado. E, quanto menos produz, normalmente, mais caro elas custam. Além disso, pode batizar a criação de forma a explicar seu significado, facilitando a vida de todos que encaram o mistério. Hirst, por exemplo, é especialista nesta arte. Criou A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo e Algum Conforto Ganho pela Aceitação das Mentiras Inerentes a Tudo. Mesmo que Impossibilidade Física seja um tubarão num tanque e Algum Conforto, uma vaca aos pedaços, as criações ganham mais significado e ficam mais densas quando acompanhadas pela etiqueta na galeria. Depois do nascimento e do batismo, uma parte da produção será mandada diretamente para colecionadores e instituições.
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E são essas transações, distantes do martelo do leiloeiro, que lideram a lista de mais caras da história. Entre a primeira e a quarta posição, do francês Paul Cézanne ao austríaco Gustav Klimt, todas foram vendas privadas. Depois, aparece o primeiro recorde de leilão: uma das quatro versões de O Grito, vendida pela Sotheby's por R$ 240 milhões. O nome do comprador ninguém sabe: ele deu o lance por telefone e nunca foi identificado. Essas compras a distância são comuns. E não apenas com estrangeiros, mas com gente que está sentada no próprio auditório, a metros de distância do produto. Isso porque alguns compradores, para não aumentar a competição, preferem não aparecer para não dar na cara que desejam uma obra.
JEFF KOONS
Michael Jackson and Bubbles Produzida em
porcelana coberta
por folhas de ouro por assistentes e
lançada em 1988
A DESCONSTRUÇÃO DO MERCADO Todos estes preços, além de impressionantes, fazem do mercado de arte um dos mais movimentados do mundo. Para ter uma ideia, no final do ano passado, em apenas dois leilões, Sotheby's e Christie's arrecadaram R$ 750 milhões e R$ 820 milhões, respectivamente. Recorde nas duas casas. Junto com os lances, o segmento continua crescendo: em 2011, o movimento de pinturas e esculturas entre ateliês e paredes gerou R$ 22 bilhões, ou R$ 4 bilhões a mais que no ano anterior. Num setor que produz tanto dinheiro, as transações que acontecem às sombras também impressionam. A Interpol conta cerca
11 milhões de reais
DAMIEN HIRST
The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living Tubarão-tigre mergulhado em formol.
24 milhões de reais JENNY SAVILE
Branded
Criada e assinada no
verso em 1992.
5 milhões de reais
JIM HODGES
No-One Ever Leaves Feita em 1992 com correntes de prata
sobre uma jaqueta de
couro.
1,3 milhão de reais
de 40 mil obras roubadas, pouco mais que o número de objetos em exibição no Louvre, sendo que apenas cinco mil foram recuperadas nas últimas duas décadas. Tantas peças saqueadas geram até R$ 12 bilhões, num mercado paralelo e muito lucrativo. Além dos roubos, a falta de regulação das transações e os preços que não precisam ser explicados facilitam a lavagem de dinheiro e o pagamento de propinas com obras de arte. Um dos aspectos mais impressionante do mercado de arte é sua capacidade de crescimento, mesmo em época de crise econômica, como agora. Uma explicação para isso é que esse setor fica alheio à economia global, porque tem entre seus jogadores uma minoria muito, muito rica. E, mesmo com o mundo em crise, eles continuam apenas um pouco menos milionários. Fora isso, artistas aproveitam os novos compradores que surgem no mercado, vindos, principalmente, da China e da Rússia. Na visão de Thompson, os preços das obras não param de crescer porque um negociante nunca deve diminuir o preço de uma criação. "Cada mostra deve ter preços mais altos que a anterior", explica o economista. "Num mundo onde a ilusão de sucesso é tudo, a diminuição do preço de um artista sinalizaria que ele foi rejeitado." Esse fenômeno implica o "efeito catraca". "A catraca gira em apenas uma direção", ou seja, os preços "não podem voltar, mas estão livres para avançar". Isso ajuda a explicar os milhões das vendas, os bilhões do mercado e a cara de tédio do leiloeiro Tobias Meyer, que abriu esta reportagem. Afinal, cinco anos depois do Rothko de R$ 144 milhões, aquele recorde seria superado. Meyer comandou o leilão que vendeu outro quadro do pintor por R$ 150 milhões, em novembro do ano passado. Ele estava um pouco mais empolgado, mas ainda não parecia achar nada daquilo impressionante. Ele deve saber que, enquanto existir criatividade na cabeça dos artistas, haverá arte. E, enquanto houver gente com paredes vazias e dinheiro no bolso, ela será vendida. B BASEART / JUNHO 2014
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PERFIL
ALEXANDER SEMENOV Fotógrafo: fundo do mar é universo paralelo habitado por aliens TEXTO Matheus Pessel EDIÇÃO Julia Bazzi
Destaque em publicações internacionais, como a revista americana Time e a agência britânica BBC, por causa de suas fotos, o russo Alexander Semenov nasceu em uma família de biólogos. Contudo, foi somente quando mergulhou pela primeira vez em uma estação científica do Mar Branco, aos 19 anos, que se apaixonou pelo mundo marinho. "Quando você lê sobre a vida marinha, é interessante, mas é apenas conhecimento teórico. Mas,
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quando você vê toda essa vida com seus próprios olhos, é uma experiência incrível - e, a partir desse ponto, eu me tornei um biólogo 'marinho' real", conta o cientista e fotógrafo. Semenov explica que gostou tanto de mergulhar e tirar fotos do fundo do mar que se especializou e se aprimorou na área. Hoje, cinco anos depois, ele é chefe dos mergulhadores da estação científica e vê suas fotos viajarem o mundo em jornais, sites, e exposições.
"Às vezes, eu ainda me maravilho ao ver outro molusco ou água-viva. No oceanos vivem tantas criaturas absolutamente incríveis que mesmo pesquisadores experientes se chocam com uma delas. E, de vez em quando, você tenta adivinhar o que é quando uma criatura sobe das profundezas. Este é um mundo enorme, você pode dizer que é um universo paralelo o qual temos a oportunidade de olhar. E neste universo os habitantes parecem para nós como aliens. Claro que os oceanos foram muito estudados, mas ainda não o suficiente. Há muitas surpresas para serem exploradas." Semenov conta que, além do Mar Branco, já mergulhou e fez fotos no Mar Vermelho e no do Japão (na parte russa) - sendo este o seu preferido. "É realmente incrível, é a pérola dos mares da Rússia e agora eu vou para lá sempre que posso. Bem, eu espero que no futuro próximo eu visite muitos outros mares. Eu realmente quero ir para todo lugar", conta o fotógrafo, que afirma ainda que quer visitar o Brasil, que só conhece por livros, revistas e outras mídias, mas, mesmo assim, afirma que aqui "toda natureza é simplesmente incrível".
Cyanea capillata Cyanea capillata alimenta-se de Aurelia aurita
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ENTREVISTA
O MISTERIOSO BANKSY Ninguém sabe como é seu rosto e muito menos sua identidade. Mas conseguimos entrevistar o artista mais poleêmico da atualidade.
TEXTO Alessandra Mattanza/MAX DESIGN Julia Bazzi
Chalk Farm, Londres, 2006
Será ele ou não será? Esse é o problema. Quem sabe exatamente quem é Banksy? A sua identidade nunca foi revelada e tampouco será com esta entrevista, porque o mais famoso grafiteiro britânico, ativista político, diretor e pintor, não quer. No momento, suas obras são vendidas a 25 mil, 90 mil, 100 mil e até mais de 300 mil libras esterlinas (US$ 465 mil). A estrela e os colecionadores não chegam a um acordo a respeito dos valores. Seus fãs ficam de olho nas ruas, nos zoológicos, nos parques e nos muros, onde Banksy ama “impressionar”. Onde e quando, porém, não se sabe: Banksy é totalmente imprevisível. Entre os seus clientes, se orgulha de ter Christina Aguilera, Kate Moss, Angelina Jolie, Brad Pitt, Jude Law, mas também, diante da oferta de prêmios ou grandes reconhecimentos, decidiu permanecer anônimo. “Faz parte da minha arte esconder a minha identidade, confundir as pessoas, obrigá-las a se perguntar se sou eu mesmo aquela pessoa diante delas”, diz. Como faz no seu documentário-filme “Exit Through the Gift Shop”, candidato ao Oscar. No filme, Banksy é um homem com a face escondida e escurecida de propósito no computador e tem a voz alterada para não ser reconhecido. Mesmo para fazer esta entrevista, eu tive que passar por mil pessoas: seus amigos, outros artistas, manager, galeristas, um verdadeiro pesadelo… Antes de aceitar a entrevista, um amigo seu me telefonou muitas vezes para entender quem eu era. “Deve ser paciente e esperar”, me dizia. Ok, eu respondia, estou disposta a esperar todo o tempo necessário. No final, consegui. Banksy tem uma energia particular. Conquistou a mim também, com a sua arte de rua, sua escrita subversiva que mistura o humor dark com grafites realizados com uma única e inconfundível técnica de impressão. Os seus assuntos: grandes raptos, crianças, policiais, soldados, velhos, macacos e gorilas… A sua ideologia? Anárquica, existencialista, pacifista, anti-imperialista, anticapitalista, antiautoritária, antifascista. O “fenômeno Banksy” se tornou contagioso, apareceu em
Menina e soldado
ruas, pontes, edifícios de todo o mundo, incluindo o muro do israelita West Bank, durante uma viagem de Banksy pelos territórios palestinos. Dizem que o artista nasceu em 1973 e cresceu em Bristol, mas ele não confirma. Os primeiros grafites são de 1992 e a primeira mostra é de 2002, em Los Angeles. A consagração chega com Turf war, o grande show de 2003 no qual, entre outras coisas, pinta animais vivos, provocando protestos dos defensores dos direitos dos animais. Depois, se pôs a produzir “pinturas subvertidas”, inspirando-se em clássicos do passado como Monet e Hopper. Não diz nada a respeito de Barely legal, em Los Angeles, em que se apresenta com um elefante em carne e osso, todo pintado! Ele o chama de Elephant in the room, expressão inglesa para indicar uma verdade óbvia que foi ignorada e direcionada para o lado errado. Banksy ama jogos de palavras. Ele conta sua visão do mundo no livro Wall and piece (Century, 2006), dedicado à sua arte. Diz: “Quem governa as cidades não entende os grafites porque pensa que nada tem o direito de existir se não dá lucro. Dizem que os grafites assustam as pessoas e são o símbolo do declínio da sociedade. Mas quem realmente destrói os nossos bairros são as grandes companhias que pregam gigantescos slogans em edifícios e ônibus para nos fazer sentir inadequados se não comprarmos seus produtos ou serviços. Querem “disparar” mensagens de qualquer superfície disponível, mas não querem nos deixar responder. Eles que começaram a luta, e os muros são a arma que escolhemos para a nossa resposta. Algumas pessoas se tornam policiais porque querem que o mundo seja um lugar melhor. Outras se tornam “vândalos” porque querem fazer do mundo um lugar melhor de se ver”. >> BASEART / JUNHO 2014
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“Se grafite mudasse alguma coisa, seria ilegal”
Um dia caiu nas minhas mãos uma latinha de spray de tinta e
Chamaram-no de o Andy Warhol inglês. O que você acha?
tinta saiu. Assim me tornei um artista.
mo preguiçoso). Dá para ver que não conseguiram nada mel-
Como você decidiu se tornar um artista? eu a apontei para uma parede. Apoiei o dedo no aplicador e a
O que o inspira?
E você, o que acha? Eu chamo isso de lazy reporting (jornalishor para dizer.
Um por cento é inspiração, 99% é transpiração e trabalho
Você ainda tem um sonho?
o gênio é o resultado de trabalho duro, mais que de um flash
seria uma má ideia…
duro (é uma famosa frase de Thomas Edison, significa que de inspiração).
Na noite passada tive um: eu criava um pedaço da lua. Não
Você disse: “Nem sempre os grafites estragam os edifícios. Às vezes, é o único modo de melhorá-los.” Por que então muita gente os considera ainda uma forma de vandalismo? Existem os grafites e existe o vandalismo. São duas
coisas diferentes. O problema é que frequentemente são confundidas erroneamente.
Você reproduz as imagens com uma técnica especial de estampa, usando papel recortado para obter as formas com as cores dentro. Como você desenvolveu essa técnica? É difícil pintar boas fotografias à mão livre. Então, decidi pegar um “atalho”, mesmo assim, mantive a
disciplina férrea para pintar e desenvolver a minha arte, para experimentar e aprender continuamente.
É difícil criar em segredo? Você nunca sente medo de ser descoberto? “Never worry, never hurry” (“Nunca preocupar-se, nunca ter pressa”), esse é meu mote. É assim que eu
gosto de trabalhar. Se tem um problema e não posso
trabalhar no dia estabelecido, volto no dia seguinte. Não tenho prazos. “Time moves. A building stays still” (o tempo se move, um edifício permanece).
Qual a importância da música na sua produção? Escuto frequentemente a rádio quando trabalho, exatamente como faria um decorador em uma obra, em sua atividade cotidiana.
Você tem alguma obra preferida? Neste momento tenho muito orgulho do meu filme
Exit through the gift shop. Foi candidato ao Oscar
e viajou pelo mundo. Foi visto por milhões de pessoas, não podia desejar mais que isso.
Você é muito amado pelas estrelas de Hollywood e pelo mundo todo. O que pensa disso? Tornar-se famoso é como começar uma viagem.
Você não sabe como é até ter feito, e não pode voltar atrás e recomeçar do começo.
Você pode provar que é o verdadeiro Banksy? Os seus leitores que decidam! Mas quem me conhece sabe que sou eu mesmo.
B
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ARTSITA
Coldberry
AGNES-CECILE Silvia Polissero é uma pintora e ilustradora Italiana, mais conhecida como agnes-cecile. Nasceu em Roma em 1991, onde frequentou uma escola de arte no ensino médio, focando-se em seus empreendimentos criativos. Continuou como uma artista auto-didata, criando maravilhosos retratos em aquarela delineados por tinta branca, fazendo dessa, sua assinatura. Desde criança, Agnes sempre se dedicou ao desenho e seu interesse por esse ramo só foi aumentando com o tempo, até que fez desse robby sua profissão. Seu processo de criação consiste em fazer anotações e skecthes em um caderno, e depois caderno, e em seguida, ir para a tela.
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Miss Violence