Artigo de análise Antiga Fábrica da Companhia Antarctica Paulista

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Artigo de análise Antiga Fábrica da Companhia Antarctica Paulista Innocencio, Júlia Esteves, graduanda, juliainnocencio2002@gmail.com Resumo A Antiga fábrica da Antarctica revela a importância histórica, cultural e arquitetônica de uma fábrica, ressaltando a necessidade de intervenções em complexos industriais antigos, especialmente em técnicas de conservação e restauro.O apelo central é revitalizar esses patrimônios industriais em benefício do enriquecimento cultural e educacional do país. Abstract The Old Antarctica Factory reveals the historical, cultural and architectural importance of a factory, highlighting the need for interventions in old industrial complexes, especially in conservation and restoration techniques. The central appeal is to revitalize these industrial heritages for the benefit of cultural and educational enrichment from the country.


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APRESENTAÇÃO

Este trabalho trata-se de uma pesquisa feita sobre o edifício da Companhia Antarctica Paulista e de sua contribuição para a economia de São Paulo, que teve papel importante na economia brasileira durante o seu período de atividade, entre 1886 e 2000. Tendo como objetivo conhecer melhor sua história, seus impactos na sociedade, e sua arquitetura. E quais as mudanças que podem ser feitas para que este local contribua mais com nossa sociedade.


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CONTEXTO HISTÓRICO 1. CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................. 03 1.2. ANTARCTICA .............................................................................................. 1.3. O EDIFÍCIO ................................................................................................. 2. AUTORES DO PROJETO............................................................................... 05 3. DESCRIÇÃO DO IMÓVEL ............................................................................ .08 4. RESOLUÇÃO DO TOMBAMENTO ................................................................09 5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 10 6. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................11 7. ANEXOS..........................................................................................................12


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CONTEXTO HISTÓRICO

ANTARCTICA A Antarctica foi fundada em 1885 e era originalmente um abatedouro de suínos, de propriedade conjunta de Joaquim Salles com outros sócios, a intenção era montar um grande frigorífico próximo de duas importantíssimas linhas férreas: a E.F Railway, que buscava ligar o planalto paulista ao litoral e Sorocabana, importante mercado para o café paulista. A empresa tinha uma fábrica de gelo com capacidade ociosa, o que despertou o interesse do cervejeiro alemão Louis Bücher, que desde 1868 era dono da pequena Cervejaria Gambrinus, localizada na Rua 25 de Março. O frigorífico estava parando de funcionar por falta de matéria prima, então os dois empresários se juntaram e decidiram criar a primeira cervejaria do país com tecnologia de baixa fermentação em 1888, com capacidade de produção diária de 6.000 litros. Em março de 1889, a Antarctica teve seu primeiro anúncio no jornal "A Provincia de São Paulo" (atual "O Estado de S. Paulo") "Cerveja Antarctica em garrafa e em barril - encontra-se à venda no depósito da fábrica à Rua Boa Vista, 50".

Anuncio vinculado no jornal "A Província de São Paulo" Fonte: São Paulo Antiga


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Com a Proclamação da República, a indústria teve um grande apoio, principalmente desde do Decreto nº 164 de 17 de janeiro de 1890, que regulamentou e deu novas liberdades à existência das Sociedades Anônimas. Então em 9 de fevereiro de 1891, foi oficialmente fundada a "Companhia Antarctica Paulista" como sociedade anônima, com 61 acionistas.

O EDIFÍCIO O Edifício da Companhia Antarctica Paulista, é um extenso conjunto de edifícios industriais, localizado no bairro da Mooca, na Zona Leste da cidade de São Paulo, construído em 1982 quando funcionava como a Cervejaria Bavária. Adquirida a partir de 1920 pela Cia. Antarctica Paulista, empresa do ramo de bebidas, sua localização era estratégica para a chegada de matéria-prima e para a distribuição das bebidas, que teve papel importante na economia brasileira durante o seu período de atividade, entre 1886 e 2000. O edifício está desativado desde 1995, cinco anos antes da Companhia concluir o processo de fusão com a concorrente Brahma, que originou uma das

maiores

empresas

brasileiras,

a

Ambev.

Em

2016,

o

conjunto

arquitetônico foi tombado como parte do patrimônio histórico da capital paulista por decisão do Conpresp, órgão municipal de preservação.

Desenho Fabrica Antárctica Fonte: Valeria Waligora

Antarctica Paulista Fonte: São Paulo Antiga


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AUTORES DO PROJETO 1. Adegas Projeto de ampliação, 1912: Nicolas Von Hütschler, engenheiro responsável. 2. Galpões de Engarrafamento Dados Desconhecidos. 3. Fabrica De Licores Projeto de 1908: Augusto Fried, arquiteto.

1.

2.

3.

4. Girador Projeto e 1912: Nicolas Von Hütschler, engenheiro responsável. 5. Casa de Máquinas Projeto de 1913: Nicolas Von Hütschler, engenheiro responsável. Projeto de ampliação, 1930: Sociedade Commercial e Construtora LDA. 6. Casa de Fabricação e Depósito de Cevada Projeto de 1914: Nicolas Von Hütschler, engenheiro responsável. 4.

5.

6.


6

7. Portão Projeto de 1929: Sociedade Commercial e Construtora LDA. 8. Casa de Máquinas Dados Desconhecidos. 9. Depósito Dados Desconhecidos. 10. Ampliação do Prédio de Engarrafamento Projeto de 1949: Arnaldo Maria Lessa. 7.

8 e 9.

10.

11. Ampliação do Prédio de Engarrafamento Projeto de 1953: Arnaldo Maria Lessa. 12. Casa das Caldeiras Projeto de 1953: Luis Ferreira Góes, engenheiro civil responsável. 13. Galpões Projeto de 1972: Flávio Amarante, engenheiro civil responsável.

11.

12 e 13.


7

14. Adegas Dados Desconhecidos. 15. Silos Dados Desconhecidos. 16. Anexo à Casa de Máquinas Dados Desconhecidos. 14.

15 e 16.


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DESCRIÇÃO DO IMÓVEL

A sede da Companhia Antarctica Paulista se localiza no bairro da Mooca, na zona leste da cidade de São Paulo, é um conjunto arquitetônico de seis edifícios e uma série de construções menores, executadas a partir da expansão das atividades econômicas e empresariais e de necessidades administrativas da companhia. A Fábrica é elemento industrial marcante na paisagem e relevante para o desenvolvimento da Mooca. A topografia da região da várzea do Tamanduateí, e a ampliação feita durante o século XX das edificações, que compõem o conjunto arquitetônico, foram muito relevantes para a expansão da ocupação urbana e para o processo de industrialização da cidade de São Paulo. O edifício principal, que continha a administração da empresa, possui cinco pavimentos e foi construído com uma estrutura de tijolos. Possuía, também, um maquinário a vapor, que era conectado diretamente com o rio Tamanduateí, construção essencial para o sucesso dos processos da Companhia Antarctica. era um prédio vistoso construído de tijolos, na frente havia o escritório com um chalé e nos fundos um desvio da linha férrea da São Paulo Railway, contribuindo para o escoamento da produção e recebimentos dos produtos importados. A extensão da fábrica era de 250 metros de frente por 100 de fundos, tendo a parte mais alta do edifício 30 metros e a chaminé possuía 36 metros. (SOUSA, 2010. P.49)

Ao longo dos anos a cervejaria cresceu e adquiriu diversas outras empresas do ramo, no início da década de 1990 a fábrica da Mooca foi desativada, desde então a edificação está desocupada.


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RESOLUÇÃO DO TOMBAMENTO

O Edifício da Companhia Antartica Paulista foi tombado pelo Conpresp, se tornando patrimônio histórico da cidade de São Paulo através da Resolução nº 19, de 2016, elaborada em reunião no dia 23 de agosto e publicada no Diário Oficial da Cidade no dia 13 de setembro do mesmo ano. Foi determinada a preservação integral da chaminé e da arquitetura e elementos externos de seis edificações, localizadas nos números 251, 307 e 367 da Avenida Presidente Wilson e adjacências. Dentre os motivos apontados para o tombamento, está sendo levado em consideração o contexto histórico-cultural da cidade, e suas características arquitetônicas. Como está escrito na RESOLUÇÃO No 19 / CONPRESP / 2016: o edifício reúne "importantes valores históricos, sociais, tecnológicos e arquitetônicos, são testemunhos das técnicas construtivas tradicionais e dos processos produtivos dos primórdios da industrialização paulista." Dentre as decorrências da decisão de tombamento, determina-se que reformas e mudanças no terreno só possam ser feitos mediante aprovação de projeto de restauro enviado ao Conpresp e ao Departamento do Patrimônio Histórico, da Prefeitura de São Paulo. Também é proibida a construção de edificações com gabarito superior a 20 metros, pois saem do contexto do bairro e dificultam a visualização da construção de um logradouro histórico do bairro, a Rua da Mooca. Até o momento o imóvel está desocupado, embora existam projetos para ocupação, como um complexo cultural e comercial ou parte do futuro Parque Porto de Areia, proposto na Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí.


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CONCLUSÃO Diante do texto lido, podemos concluir que a fábrica escolhida tem uma

grande

importância

histórica,

cultural

e

arquitetônica.

Com

o

desenvolvimento desse trabalho pude pesquisar e compreender mais sobre as discussões atuais, sobre as possíveis intervenções em antigos complexos industriais, principalmente sobre técnicas de conservação e restauro. Na minha opinião a fábrica, como objeto de interesse cultural deveria, de forma respeitosa e coerente, ser utilizada para outros fins, dar novos usos aos prédios existentes e também a elaboração de projetos que valorizem seu entorno. Ela está inutilizada desde 1995, imagine quanta contribuição para a sociedade ela poderia ter feito, atualmente, caso lá houvesse um espaço cultural, educacional, esportivo entre outros. Tendo feito pesquisas em arquivos, e documentos, encontrei um trabalho feito por Marjorie Nasser Prandini, que fez um projeto de intervenção e transformou a fábrica inutilizada, em um espaço misto, onde é possível encontrar áreas comerciais, áreas educacionais e áreas cultuais, com salas de pintura, musica, escultura, cinema, teatro entre outras. Ela conseguiu fazer com que a fábrica não fosse apenas um patrimônio esquecido no tempo, mas um local onde pessoas visitariam e poderiam lembrar de sua história para sempre. Se nós transformássemos locais, como o da fábrica, em espaços culturais, científicos, educacionais, esportivos ou históricos, em todo o território brasileiro, isso seria um avanço para que a população tivesse acesso a esses meios de informação, sobre nossa história e cultura. Como disse Bob Marley "Um povo sem conhecimento de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes."


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BIBLIOGRAFIA

Disponível em: https://saopauloantiga.com.br/antarctica-paulista/. Acesso em: 23, set. 2021 Disponível em: https://issuu.com/marjorienasser/docs/tfg_marjorie. Acesso em: 27, set. 2021 Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/blog/sao-paulo-do-alto/cervejariaantarctica-mooca/. Acesso em: 28, set. 2021 Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/sao-paulo-antiga-fabrica-antarctica/. Acesso em: 28, set. 2021 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Companhia_Antarctica_Paulista. Acesso em: 28, set. 2021 Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/Re1916TombamentoedificacoesAn tigaFabricaAntarcticaPDF_1473786946.pdf Acesso em: 29, set. 2021


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ANEXOS

Projeto do Portão de 1929 Fonte: Arquivo Geral de São Paulo

Portão Avenida Wilson Fonte: Marjorie Nasser Prandini


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Implantação Fonte: Arquivo Geral da Prefeitura de São Paulo

Projeto de Galpão Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo


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Projeto da Casa de Fabricação e Depósito de Cevada Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo

Projeto da Casa de Fabricação e Depósito de Cevada Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo


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Implantação Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo

Projeto de Ampliação Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo


16

Projeto da Casa de Máquinas Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo

Projeto da Casa de Máquinas Fonte: Arquivo Histórico Municipal de São Paulo


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Desenho Perspectiva da Fábrica da Antártica Fonte: Júlia Esteves Innocêncio

Antiga Propaganda da Antarctica Fonte: São Paulo Antiga


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Planta do Edifício da Fábrica da Antarctica Fonte: iPatrimônio

Vista do Conjunto da Antarctica, sem data. Fonte: Ambev.com.br


19

Interior do Prédio da Casa de Fabricação, sem data. Fonte: Ambev.com.br

Prédio de Engarrafamento Construído na Década de 1950 Fonte: Marjorie Nasser Prandini


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