Da madrugada de 6 de dezembro de 1976 até às 16h30 da tarde do dia 7, quando o corpo do ex-presidente João Goulart repousou no jazigo da família, em São Borja, somaram-se horas de angústia e incerteza dos amigos e familiares para garantir ao líder trabalhista, pelo menos na morte, os direitos usurpados pela ditadura militar em 12 anos de exílio. Como Getúlio Vargas em 1954, Jango voltou para a lendária cidade trabalhista num caixão. O golpe que silenciou o trabalhismo e seus líderes populares cogitou até no impedimento da entrada do corpo em solo nacional. Da confirmação do ataque cardíaco na fazenda La Villa, em Mercedes, até a chegada do corpo à fronteira, na mesma segunda-feira, 6, as ordens militares estavam alinhadas com os impulsos que nos porões autorizados torturavam, matavam e desapareciam com os rebeldes atrevidos à resistência. Com Jango não foi diferente: ao presidente do Brasil de 1961 a 1964 que pretendia mudar o país pela igualdade através das Reformas de Base foi negado